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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAS PROJETO A VEZ DO MESTRE
ATUAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE EM PORTADORES DE MÚLTIPLA DEFICIÊNCIAS
AUTORA ANGELA MARIA LYRA
ORIENTADOR PROF. MARCO ANTONIO CHAVES
Rio de Janeiro, RJ, agosto/2001
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAS PROJETO A VEZ DO MESTRE
ATUAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE EM PORTADORES DE MÚLTIPLA DEFICIÊNCIAS
AUTORA ANGELA MARIA LYRA
Trabalho Monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção
do Grau de Especialista em Psicomotricidade
Rio de Janeiro, RJ, agosto/2001
Agradeço a Helena Moniz de Aragão Fonoaudiologa-Coordenadora
Clínica Reabilitação Sodalício Sacra Família Andrea de Jesus Soares
Assistente Social Paulo Roberto dos Santos
Instrutor de Artes Érica Costa Pedrada
Terapeuta Ocupacional Helda Maria L. S. Diniz
Fisioterapeuta que direta e indiretamente contribuíram
para execução desta pesquisa
Dedico este trabalho de pesquisa In memória a minha mãe Laurelina A. Lyra pois sem ela não
teria chegado até aqui e a todos os pacientes da Clínica de Reabilitação da Instituição – Sodalício da Sacra Família, sem eles seria impossível realizar este trabalho e todos aqueles que estão
envolvidos nos ideais da educação
” Que os nossos esforços desafiem as impossibilidades. Lembrai - vos que as grandes proezas da História
foram conquistas do que parecia impossível.”
Charlie Chaplin
SUMÁRIO
P.
Resumo 1. Introdução ................................................................. .... 8 1.1 Formulação do Problema ............................ ................ 8 1.2 Justificativa ....... .......................................... ................ 8
1.3 Objetivo Geral ............................................................ 9 2. Discurssão Teórica ....................................................... 9 2.1 A Deficiência Visual e Construção do Conhecimento .. 9 3. Deficiência Mental ...................................................... 12 4. A Multideficiência ....................................................... 13 5. Estudo de Casos ....................................................... 14
Conclusão ......................................................................... 26 Referências Bibliográficas .................................................. 27 Anexos ................................................................................ 28
Resumo
Esta Pesquisa foi desenvolvida na clínica de Reabilitação da
Instituição Sodalício da Sacra Família, pois é um local com
atendimento especializado em multideficiência.
O objetivo central é o favorecimento do desenvolvimento global de
pessoas portadoras de Deficiência Visual e Mental, proporcionando
melhores condições, pois a Deficiência Visual pode, até certo ponto,
influenciar no crescimento e desenvolvimento mental da criança,
privando – a de uma das fontes mais importantes de impressões
sensoriais, pode retardar o desenvolvimento físico e resultar numa
incoordenação motora.
O trabalho psicomotor é proporcionar condições favoráveis de
desenvolvimento, de adaptação e de integração, onde a relação
interpessoal, corporal e efetiva colaborarão para sua comunicação e
integração permitindo – lhe conviver com independência e
autonomia.
É fundamental a atuação dos profissionais da área da saúde como :
• Fonoaudiólogos;
• Psicólogos;
• Terapeutas Ocupacionais;
• Fisioterapeutas;
• O Professor de Artes;
• Assistente Social;
• Nutricionistas;
• Neuropediatra;
• Oftalmologista,
Que direta ou indiretamente desenvolve a todo tempo a
Psicomotricidade.
Somente com a integração de um equipe multidiciplinar que
podemos chegar próximos do desejado, que é a independência com
autonomia.
A Fonoaudiologia trabalhando e desenvolvendo as etapas
neuroevolutivas não vivenciadas, a Psicologia trabalhando suas
emoções, a Fisioterapia desenvolvendo as etapas motoras, o
Serviço Social com os movimentos internos dos pais, trabalhando a
dificuldade social, a Terapia Ocupacional com as atividades da vida
diária para a independência destes pacientes. O Professor de Artes
desenvolvendo e apoiando todos os trabalhos, enfatizando os
movimentos e a criatividade e a Nutricionista orientando as
alimentações que é de suma importância nesta clientela. A
Neuropediatra e Oftalmologista, que são os responsáveis pelo
diagnóstico inicial do nosso trabalho multidisciplinar.
1 - INTRODUÇÃO
Entende - se pôr psicomotricidade, o conjunto de meios ou métodos
usados, para desenvolver as funções motoras e intelectuais da
criança, bem como a expansão de sua afetividade, considerando
todo o seu potencial no progressivo intercâmbio com o meio exterior.
Através da estreita relação entre motricidade, mente e afetividade a
Educação Psicomotora propicia o domínio do próprio corpo,
desenvolvendo as funções da inteligência e a expansão da emoção,
favorecendo o equilíbrio biopsicossocial da criança. Portanto, este
desenvolvimento e essa adaptação social dependem em grande
parte, das possibilidades que a criança adquire de mover - se e de
descobrir – se, bem como de descobrir o mundo que a cerca.
Sabe – se, entretanto, que a aquisição desse desenvolvimento é
espontâneo em crianças sem problemas, o mesmo não ocorrendo
naquelas que apresentam deficiências sensoriais ( cegueira ou
surdez ), problemas neurológicos, encefalopatias, falta de
experiências pôr pobreza do meio, carência de relações afetivas,
problemas emocionais, etc.
Diante dessa afirmativa, nossa abordagem será feita com crianças
portadoras de Múltipla Deficiência.
1 . 1 - Formulação do Problema
A expectativa em relação ao futuro desta criança, pois a
coordenação geral necessita de uma perfeita harmonia de jogo
muscular, em repouso e em movimento.
1 . 2 - Justificativa
É compreender a importância da atuação preventiva e a
necessidade da intervenção precoce de uma equipe multidiciplinar,
pois o desenvolvimento da criança faz – se pôr impulsões, de
maneira não unitária mas segmentar e diversificada. Portanto, e
necessário levar em conta as relações mantidas entre os diversos
elementos do desenvolvimento, uma aquisição rápida pode ser
compensada pôr um atraso, progressos muito nítidos ( ex.: do andar
) podem ser acompanhadas de uma lenta evolução. Enfim, a
evolução da criança não se realiza de um modo regular e
progressivo.
1 . 3 - Objetivo Geral
E da integração do deficiente mental e visual dar e proporcionar a
oportunidade de socialização e o desenvolvimento máximo de sua
possibilidade, dar a oportunidade para adquirir experiência sensório
– motoras integradas, noções de espaços – tempo pela vivência
corporal, favorecer a construção do sistema, significação e
representação simbólica através de atividades funcionais e lúdicas, e
principalmente, poder desenvolver autonomia e independência.
2 - Discurssão Teórica
2 . 1 - A Deficiência Visual e
Construção do Conhecimento
Temos encontrado na literatura que a deficiência visual limita as
possibilidades de apreensão do mundo externo, interferindo no
desenvolvimento e aquisição dos esquemas cognitivos e na
adaptação ao meio.
Para podermos compreender como a criança portadora de
deficiência visual constrói o seu conhecimento, e importante
refletirmos sobre com se processa o desenvolvimento cognitivo e as
condutas de interação com o meio.
Na concepção piagetiana, a inteligência consiste na capacidade de
adaptação as novas situações. Isso de dá pôr dois processos
complementares:
• Assimilação;
• Acomodação.
Responsáveis pela adaptação ao meio.
O bebê já nasce filogeneticamente programado, com estruturas
reflexas que a partir da interação com meio do exercício e da função,
vão gradativamente se transformando em ação.
Da integridade de sistema perceptivo – motor: Sugar, Ouvir, Ver e
Sentir é que provêm o conhecimento do meio ambiente e a
possibilidade de assimilação.
A Assimilação consiste em conferir significações. As coisas é fato
que adquirem significações pelo vivido.
Já o processo de Acomodação é modificação de um esquema pela
ação do sujeito. O esquema se adapta – acomoda para se
transformar num outro mais adequado, pôr exemplo: o esquema de
pegar é modificado pelo sujeito em ação de puxar. A transformação
interna do sujeito em função da experiência chama – se
Acomodação.
Aprendizagem depende portanto, da capacidade do sujeito de se
acomodar ao objeto do conhecimento e assimilá – lo, isto é
internalizá – lo, torná – lo parte de si mesmo.
Podemos observar então, que a construção do conhecimento não é
algo adquirido de fora para dentro, algo que podemos ensinar. Tem
origem no orgânico e na troca bioquímica entre o organismo e meio.
Depende da integração das ações sensório – motoras, que,
coordenas, ativam, organizam e estruturam o sistema nervoso do
organismo humano.
As estruturas mentais vão ser construídas pela criança através de
suas possibilidades de interação e ação sobre o meio e pela
qualidade de solicitação do ambiente.
A formação dos esquemas sensório – motoras, permite organização
e estruturação da realidade através das experiências motoras e da
capacidade de percebê – las, utilizando os órgãos sensórias. O
conhecimento é construído através do vivido, do sentido e do
significado que os objetos adquirem.
Essas experiências significativas devem levar ao conhecimento das
propriedades dos objetos que possibilitaram à criança, estabelecer
relações entre as suas ações, entre as ações e objetos entre si.
Deste modo, ela poderá construir seu sistema de significação,
organizando as suas ações no contexto diários, formando assim as
noções de tempo – espaço e causalidade.
Portanto cada criança tem sua forma particular de organizar e
estruturar o conhecimento de forma individual e única, alcançando
níveis diferenciados de desenvolvimento em ritmo e tempo próprios.
Temos observado, entretanto, que a ação do sujeito portador de
Deficiência Visual e sua capacidade de construir conhecimentos
ficam muitas vezes prejudicadas, não apenas pela limitação do
déficit visual em si, mais, principalmente, pela qualidade de troca
com meio.
Assim, pelo trabalho de intervenção precoce, tentamos compreender
as necessidades, facilitar a construção do conhecimento com um
todo, através da interação e comunicação com outro. Procuramos
despertar a curiosidade, o interesse pela descoberta do mundo,
estimulando as iniciativas e autonomia da criança portador de
Deficiência Visual.
A Deficiência Visual pode ser definida como a incapacidade total ou
diminuição da capacidade de ver proveniente da imperfeição do
sistema visual ou próprio órgão visual.
Torna – se necessária a estimulação dos outros órgãos dos
sentidos, visando desenvolver o hábito de observar e explorar o
ambiente e os objetos sob todos os seus aspectos: auditivo, tátil,
olfativo, gustativo e cinestésico.
Devemos sempre nos lembrar que ao apresentarmos a criança com
perda visual ou tátil – cinestésico, a informação verbal, em função do
objeto. E assim ela vai construindo seu sistema de significação
aprendendo a brincar.
A Psicomotricidade é básica na educação de criança, e parte
integrante do trabalho de reabilitação, que deve ser desenvolvido de
uma forma integrada e baseada em vivências.
3 - Deficiência Mental
“ A Deficiência Mental não é uma enfermidade única, não é possível
de ser prevenida pôr vacinas, é ou pôr medidas definidas. É um
vasto complexo de quadros clínicos, produzidos pôr etiologias
várias.”
Stamslau Krynski,1993. As causas do retardamento mental são hereditários e ambientais.
Alguns tipos raros de retardamento são causados pôr um gen
recessivo. As anomalias cromossômicas explicam certos tipos de
retardamento mental. O conceito de uma faixa de variação, dentro
da qual a hereditariedade ou o meio podem atuar, é sugerido como
um útil quadro de referência.
As causas ambientais desta deficiência são o trauma físico pré –
natal, as infecções nutricionais ou tóxicas, a incompatibilidade
sangüínea e a radiotividade.
As causas natais incluem a prematuridade, a asfixia e o trauma
físico. As causas pós – natais são trauma físico, infecções, privação
nutricional e extrema privação sensorial ou uma privação ambiental
geral.
A Deficiência mental possui diversas causas e acompanhamentos
físicos, e abrange uma gama bastante vasta de níveis mentais.
A imagem estereotipada do deficiente mental é socialmente
assimilada desde a infância e expressa – se através do uso de
termos como “ debilóide “, “ débil mental “, entre outros. Tais
expressões empregadas com a intenção de agressão e depreciação.
Termos com “ idiota “, “ cretino “ e “ imbecil “ eram antigamente
categorias referentes ao grau de deficiência mental, conforme
afirmação de Mac Millan, que agora são expressões populares.
É relevante a inserção de uma citação da psicóloga Rosana Glat :
“Temos então que exagerar,
aumentar as características destoantes ou desviantes delas. O
normal passa a ser sinal de negativo, ruim, doente, patológico,
deficiente.
Ou seja, tudo aquilo que a pessoa
tem diferente vai ficando cada vez mais acentuado até que o
indivíduo inteiro passa a ser anormal ”.
Muitos deficientes para fugir dessa situação refugiam – se através
do isolamento.
4 - A Multideficiência
A multideficiência não possui uma literatura específica e os assuntos
são tratados isoladamente. As combinações entre as deficiências
podem ser variadas e em alguns casos, uma deficiência pode vir a
acarretar um quadro mais complexo ( deficiência secundária ).
Como no exemplo, deficiência visual que pode ser acarretado e
favorecido pôr alguma deficiência motora que além de limitar
extremamente a locomoção do indivíduo, também causa isolamento
pela não aceitação em grupos e pouca interação com o meio,
trazendo dificuldades afetivas e relacionais, necessidades pessoais
e características individuais, estaremos cada vez mais em contato
com a complexidade da questão. Deve – se ressaltar porém, que
uma análise complexa e multifatorial de cada caso é um fator
primordial para o planejamento de atendimento desta clientela.
A Paralisia Cerebral, causada pôr uma hipoxia perinatal, costuma
apresentar quadros variados, de acordo com a extensão da lesão
cerebral. Podem ocorrer comprometimentos motores diversos,
comprometendo a fala, a audição, a visão e pode ser ou não
acompanhada de uma deficiência mental.
Para uma abordagem e atendimento mais satisfatórios e completos
deve –se considerar a multideficiência com um imperativo de multi
ou ainda melhor, interdisciplinariedade. Os recursos para o
atendimento desta demanda tão freqüente e desafiante devem ser
múltiplos e integrados, objetivando uma visão ampla e reflexões
conjuntas para lidar melhor com a questão.
5 - Estudo de Caso
Os menores em questão são atendidos pela equipe multidiciplinar,
onde cada profissional escreve seu atendimento.
A menor T. S. O. com seis anos de idade cronológica, e portadora
de Multipladeficiência ( DF + DV + DM ), Epilepsia, Hidrocefalia,
Cardiopatia congênita, reação à luz e nistagmo. Apresenta atraso
motor ( DF + DV + DM ) não sustenta a cabeça, não rola, não segura
e não senta.
Impressão diagnostica: DF + DV + DM, Tetraplegia distônica com
hidrocefalia e Cardiopatia congênita.
Proposta Terapêutica:
• Estimulação Essencial;
• Estimulação Motora;
• Padronização de Membros;
• Estimulação Visual;
• Exercício Oral e Intra – oral.
A menor K. S. S. com três anos de idade cronológica, é portadora de
Multipladeficiência ( DF + DV + DM ), Microcefalia, Hipertônica, Sem
controle do pescoço, Déficit motor importante, Padrão assimétrico
com movimento atetósico.
Impressão diagnostica: Multipladeficiência, Paralisa cerebral (
extrapirâmidal ), Encelopatia crônica.
Proposta Terapêutica:
• Estimulação sensório – motor;
• Trabalhar controle de tronco e cabeça;
• Estimulação visual.
A menor W. G. C. com dezessete anos de idade cronológica,
portadora de visão subnormal e paralisia cerebral devido acidente
com bola de gude aos três anos de idade ( asfixia e parada cardíaca
com coma e internação em UTI por cinqüenta de dois dias com
comprometimento no membro esquerdo )
Parto normal, gravidez desejada, filho único do casal. Freqüenta
escola especial no momento e atendido nos setores de
fonoaudiologia, fisioterapia, terapia ocupacional e oficina de arte.
Linguagem: Apresenta dificuldade em articular alguns fonemas
Impressão diagnostica: Paciente apresentando comprometimentos
psicomotores e intelectuais devido ao quadro de Paralisia Cerebral,
Lesão Piramidal.
Proposta Terapêutica:
• Estimulação Visual;
• Estimulação Sensorial;
• Estimulação Motora;
• Trabalhar pontos de Articulação e Linguagem
5 . 1 - O Serviço Social, a Família e Seu Movimento
O Serviço Social tem suas ações voltadas para atendimentos às
famílias dos indivíduos que apresentam dificuldades, problemas.
Neste trabalho nós referimos às famílias com filhos portadores de
Deficiência Visual.
O Assistente Social atua junto às famílias para obter a integração e
participação dessas nas ações terapêuticas propostas. Isto é, os
objetivos dessas ações são:
• Perceber a expectativa da família em relação à Instituição e à
criança;
• Identificar como a família pode contribuir para o desenvolvimento
da criança;
• Buscar parceria para garantir tratamento adequado;
• Aprofundar conhecimento da dinâmica familiar, com isso o
Assistente Social faz o seu movimento institucional, buscando
assim, o movimento desta família frente às suas dificuldades no
primeiro momento.
É importante ressaltar que o indivíduo, a criança portadora de
Deficiência Visual, não é um ser isolado, pois faz parte constante
das influências de seu meio social e em especial as de sua família, a
qual esta fará seu movimento de integração ou não, de aceitação ou
não, sendo de suma importância a atuação da equipe
multidisciplinar.
Para ilustrar o que fora descrito acima destacamos, alguns relatos
das famílias sobre o que representa sua vinda ao Sodalício da Sacra
Família :
“ Vir ao Sodalício representa o mesmo que o meu filho sente,
felicidade. Ele gosta de tudo o que faz.”
“ Vir ao Sodalício representa a melhora para o desenvolvimento da
milha filha. “
“ Vir ao Sodalício representa o desenvolvimento de meu filho, e para
mim a troca de experiências com outras mães. “
Andréa de Jesus Soares. Assistente Social.
5 . 2 - Oficina de Artes
W. G. da C. Este aluno iniciou seu trabalho em nossa Oficina de Artes no início
de mil novecentos e noventa e nove. Sua presença foi solicitada pela
equipe multidisciplinar com a finalidade de ampliar seus
conhecimentos e começar a vencer suas dificuldades no
desempenho das tarefas designadas pelo instrutor de Artes.
A primeira coisa a ser buscada, foi dar objetivos aos movimentos
que ele apresentava.
Em uma das tentativas, W. G. da C. utilizou a máquina de perfurar,
usada na confecção de cadernos com aspiral. A tentativa não teve
bons resultados devido ao aluno não ter boa memória e não reter as
informações que lhe era ensinado. Foi feito outra tentativa desta vez
com o pincel batedor. Desta vez os resultados foram bem
satisfatórios, tendo em vista que as pinturas executadas pelo
adolescente começaram a ser utilizadas nas capas de caderno, que
no início seriam perfuradas pôr ele.
As pinturas com pincel batedor permite ao W. G. da C. expandir seu
movimento criativo e estimula também que sua visão residual seja
utilizada. Com aprimoramento este tipo de pintura pode se tornar um
ofício, pois a mesma é utilizada em paredes, móveis e em vários
trabalhos artísticos.
Paulo Roberto dos Santos
Instrutor de Artes
5 . 3 - O Tratamento Fisioterapêutico
Aqui relato a história de três pacientes, que, morosamente porém de
maneira notória, vem respondendo ao tratamento fisioterapêutico
com desenvoltura.
A paciente K. da S. S., atualmente com dois anos e oito meses de
idade cronológica, a mesma é portadora de Paralisia Cerebral com
déficit visual. A criança não apresenta mais convulsões pôr serem
controlados pôr medicamento apropriado. Ao chegar aos meus
cuidados fisioterápicos a paciente em questão só conseguia virar de
prono / supino ( sem retirar os membros superiores que ficava
embaixo do movimento ) não sustentava a cabeça nem tão pouco se
mostrava a fazer trocas.
Hoje com o trabalho realizado pôr mim, pela fonoaudiologa e
terapeuta ocupacional desta, conseguimos resgatar um melhor
entusiasmo para o tratamento, e a mesma já está quase
sustentando a cabeça, já vira para ambos lados, já rola e faz trocas
expressando prazer.
Início ao tratamento fisioterápico em oito de março de dois mil e um,
o início ao tratamento fonoaudiológico em oito de março de dois mil
e um e o início ao tratamento terapêutico ocupacional em setembro
de dois mil.
Trabalho efetuado nesta paciente :
• Etapas do desenvolvimento evolutivo;
• Propriocepçãos
• Orientação familiar;
• PIR ( padrão de inibição reflexa ).
Obs.: Está mãe em especial precisou de apoio psicológico para
melhoria do tratamento, o que foi de grande valia para todos.
Agora vou relatar a história da segunda
criança.
T. dos S. O, atualmente com seis anos de idade cronológica, a
mesma é portadora de Hidrocefalia, colocou válvula com um ano e
três meses conforme relatado pôr sua mãe, depois deste episódio, a
paciente teve um decréscimo acentuado em sua mobilidade física (
motora ) também deu início a convulsões sendo estas controladas
pôr medicamentos.
Paciente também apresenta um quadro de escoliose à esquerda
onde é reedificada pôr cateter torácico, com menor movimento em
dimidio direito e diminuição de força também. Não rola, não senta,
não se arrasta, porém já consegue sustentar pôr alguns minutos a
cabeça, já vira para ambos os lados e maior a movimentação em
seu dimidio mais afetado e também aumentando a força deste
mesmo lado.
Faz – se necessário trabalhar à mesma em seu eixo corporal,
alongando a musculatura que está encurtada e fortalecendo a que
está fraca também dou ênfase a sua postura e propriocepção,
fazendo o trabalho de co – contração a fim de melhorar o quadro de
hipotônia e seus trofismos.
Início do tratamento ( comigo, pois já fazia com outro profissional em
oito de março de dois mil e um ).
• Trabalho sem etapas neuro evolutivas;
• Rolo;
• Bola;
• Calça ( para posturá – la );
• Atividades com brinquedos visuais e sonoros;
• Orientação familiar;
• Exercícios respiratórios.
Obs. : Paciente também apresenta quadro cardiorespiratório e
alterado.
Relato a história do paciente W. da C.
Atualmente com dezessete anos de idade cronológica, portador de
Paralisia Cerebral do tipo atóxica com o déficit visual.
O mesmo se apresenta com grande incoordenação motora, marcha
atóxica e tônus flutuante.
O trabalho realizado com este é mantê - lo o mais próximo possível
do seu eixo e plano postural afim de realizar um trabalho de
equilíbrio ( tanto estático com dinâmico ) também a realização
quanto à melhora da coordenação, alongamento de sua
musculatura encurtada e fortalecimento muscular.
Toda a equipe, tem como parâmetro e objetivo a independência e
melhoria da qualidade de vida do mesmo.
É atendido nesta, pôr fisioterapeuta, terapeuta ocupacional,
fonoaudiólogo e psicólogo.
Conclusão
Fico emocionada e radiante ao falar do meu trabalho, pois este é
feito com muito amor e respeito aos pacientes, gostaria de saber
mais e mais para melhorar poder atendê-las, acredito que isto
aconteça pois é um aprendizado bilateral. É importante frisar que
para que haja melhora e desenvolvimento no paciente é necessário
a interação e integração com toda a equipe quando atende o mesmo
e a participação resídua e significativa desta família.
A vida de um profissional da área de saúde, requer criatividade,
conhecimento, boa vaidade e bastante mão na massa.
Helda Maria de L. S. Diniz
Fisioterapeuta
5 . 4 - Relatório Terapêutico Ocupacional
K. de L. S. – DN : vinte e dois de outubro de mil novecentos e
noventa e oito
Diagnóstico: Múltipla Deficiência ( PC + DV + DM )
Menor iniciou atendimento em quatorze de setembro de dois mil,
duas vezes por semana individualmente, com um ano e onze meses
de idade. Apresentava hipotônia generalizada nos quatro membros,
sem controle de tronco e cabeça, incoordenação motora global,
preensão voluntária sob o controle do tato momentaneamente.
Alteração de sensibilidade, resistente ao toque, padrão de RTCA,
sem reação de equilíbrio e proteção, voltada pra si. Dependente nas
AVD`S ( atividade de vida diária ).
Inicialmente família aparentemente participativa.
Objetivos Específicos Iniciais
Formação de vínculo, inibição dos reflexos patológicos,
conscientização corpórea ( imagem/esquema corporal ), estimular
equilíbrio de tronco e cabeça, estimulação sensorial, etapas de
preensão, trabalhar reação de proteção labiríntica e equilíbrio,
postura e posicionamento adequado, iniciar a verbalização de cada
ato nas AVD`S, orientação familiar.
Com boa freqüência, sua evolução foi lenta e observei a omissão da
mãe em seguir as orientação dadas. Nos atendimentos priorizei a
formação de vínculo, percepção de si outro usando. O meu corpo e
o da menor no espaço interagindo com o meio, toque, estimulação
sensorial com elementos facilitadores ( escova e creme ) para
trabalhar também a sensibilidade.
O brincar como atividade de preensão dos objetos e movimentos
passivos.
Orientação à família ( mãe ) quanto a importância da verbalização de
tudo que se faz com a criança nas AVD`S ( no banho o uso de
esponja para estimular a sensibilidade, verbalizando cada parte do
corpo ). Porém em revolução significativa.
Somente no início de março de dois mil e um, que sua mãe
percebeu e entendeu o real quadro da criança, suas deficiências e
eficiências e passou a seguir e a colaborar com as orientações
dadas ( verbalizando inclusive )
K. de L. S. apresentou ganhos significativos :
• Maior tonicidade;
• Movimentação voluntária dos membros superiores e inferiores
D/E, principalmente o braço D, segurando os objetos pôr mais
tempo com a mão direita;
• Levando as mãos à linha média;
• Maior percepção visual com as placas de contrastes;
• Maior equilíbrio de tronco e cabeça;
• Aceitação do toque;
• Maior percepção corpórea de si, do outro e auditiva.
Evoluções lentas, porém, significativas.
Com isso, pude perceber a importância da relação mãe/criança/meio
a aceitação da criança com suas dificuldades, o tocar. Esta
harmonia relacional que é extremamente importante para evolução
no tratamento.
Permaneci com os mesmos objetos iniciais priorizando uns e
readaptando outros sempre observando o quadro atual da criança.
T. dos S. O – DN : dezoito de junho de mil novecentos e noventa e
cinco
Diagnóstico: Hidrocefalia, Cardiopatia Congênita, Palidez papilar,
Déficit cortical visual.
A menor iniciou atendimento em novembro de mil novecentos e
noventa e oito, apresentando o seguinte quadro: hipotonia
generalizada, sem controle de tronco ( cabeça não respondendo
aos estímulos visuais ), sem expressão facial, voltada para si,
dependente nas AVD`S,
Respondendo somente aos estímulos sonoros, fazendo uso de calha
em membro superior e inferior D/E, ao estímulo sonoro respondendo
virando a cabeça lentamente para o lado do som.
Objetivos Específicos Iniciais
Formação de vínculo, percepção de si e do outro ( conscientização
corpórea imagem e esquema corporal ), trabalhar postura e
posicionamento adequado, equilíbrio de tronco, propiciar as trocas
posturais, estimulação sensorial e orientação familiar.
Como menor entrou em novembro de mil novecentos e noventa e
oito, mãe recebeu as orientações iniciais em dezembro antes das
férias, com relação a postura adequada, o uso de esponja no banho,
bem como estimulá-la sonoramente e verbalizar tudo o que está
sendo feito com ela.
Em fevereiro de mil novecentos e noventa e nove fiz reavaliação de
retorno de férias e percebi que T. dos S. O estava mais atenta ao
meio e aos estímulos sonoros.
O que se confirmou no decorrer do ano e no final de mil novecentos
e noventa e nove a mesma só havia apresentado evolução no seu
quadro, já demonstrado prazer e desprazer pôr expressões faciais,
percebendo o outro e aos poucos melhorando sua postura.
No ano de dois mil com boa freqüência seus maiores ganhos foram :
• Maior vocalização;
• Expressão facial de prazer e desprazer;
• Percepção do meio;
• Sorriso ao ouvir vozes conhecidas;
• Maior controle de tronco e cabeça;
• Permanecendo levantada pôr mais tempo;
• Iniciou resposta voluntária de retirada do braço D/E guando não
queria ser estimulada pela escova;
• Iniciou lentamente a preensão sob o controle do tato e a reclamar
guando contrariada.
No ano de dois mil e um, está continuando uma evolução
progressiva, fazendo mais vocalização, segurando o objeto
voluntariamente com a mão E mesmo que momentaneamente.
Diante deste relato, concluo que um trabalho voltado diretamente
para a criança sendo vista como um todo só faz evoluir. A relação
terapeuta – paciente iniciando no toque corpóreo, formação de
vínculo, até o manuseio dos objetos, permeando à postura e o
posicionamento adequado priorizando a harmonia do indivíduo, faz
com que a criança evolua. E e´necessário ressaltar a contribuição da
família que participa, no caso da T. dos S. O de forma atuante e
significativa. E mais uma vez comprovo como é importante a família
está consciente do quadro da criança.
E hoje, venho priorizando um trabalho ( dentro dos meus ganhos
anteriores ), de estimulação sensorial, percepção corpórea (
formação da imagem/esquema corporal ), etapas de preensão,
postura e posicionamento adequado, equilíbrio de tronco e cabeça,
reações de proteção e equilíbrio e orientação familiar.
W. G. da C. – DN : três de fevereiro de mil novecentos e noventa
quatro
Diagnóstico : Paralisia Cerebral mais Visão Subnormal, devido a
acidente com bola de gude aos três anos ( asfixia e parada cardíaca
com coma )
Freqüenta a Instituição desde outubro de mil novecentos e noventa e
quatro e iniciou com nova terapeuta em agosto de mil novecentos e
noventa e oito onde apresentava o seguinte quadro, flexão de punho
D/E, grande dificuldade de preensão fina, posicionamento do lápis,
dificuldade e ao segurá-lo, faz flexão de punho, discrimina cores,
separa pôr cor, reconhece formas.
Semi – dependente nas AVD`S, déficit visual, faz uso de óculos,
reconhece as partes visíveis e não visíveis do corpo.
Objetivos Específicos Iniciais
Estimular a senso/percepto/cognição, imagem e esquema corporal,
trabalhar coordenação motora fina/ampla e destreza manual,
estimula maior independência nas AVD`S, estimular
atenção/concentração, estimulação visual, maior equilíbrio
estático/dinâmico.
Durante o ano de mil novecentos e noventa e nove, foi priorizado o
trabalho de coordenação motora fina, estimulação visual, maior
segurança para trabalhar as AVD`S, atenção e concentração.
Apresentou dificuldade nos atendimentos pôr apresentar
dissimulação como mecanismo de defesa o que permaneceu no ano
de dois mil.
No início de dois mil e um percebeu – se grande dificuldade afetiva
do W. dos G. C. de enfrentar a mãe, e a equipe solicitou que
priorizasse as AVD`S para que o mesmo obtivesse segurança para
enfrentar a mãe. E até o presente ( julho/01) vem sendo trabalhado
nas atividades de alimentação com os objetos de maior
independência nas AVD`S, uso de colher, garfo, copo, estimulação
visual e coordenação motora e hoje o adolescente vem dando
respostas significativas, aos poucos está mais seguro em realizar as
atividades de vida diária e usando mais a visão.
E com isso, concluo que é importante uma boa troca entre a família
verso terapeuta verso paciente verso equipe, pois juntos
alcançaremos os objetivos específicos de cada área numa perfeita
harmonia trabalhando o indivíduo como um todo e W. G. C. está
mais consciente desse corpo no meio, usando mais a visão, mais
independente nas AVD`S e mais consciente do seu corpo no
espaço.
Érica Costa Pedrada
Terapeuta
Ocupacional
Conclusão
As crianças de um modo geral, portadora ou não de diferenças, são
sobretudo aquelas que apresentam características básicas de
crescimento e desenvolvimentos. E através do trabalho psicomotor
que proporcionará condições favoráveis do desenvolvimento, de
adaptação e de integração, onde a relação interpessoal, corporal e
afetiva colaborarão para sua comunicação e integração a esse
mundo extremamente visual e supostamente normal, permitindo –
lhe conviver com independência e autonomia.
Devido a complexidade da clientela é que existe a integração de
uma equipe multidiciplinar, para que todos os profissionais tomem
parte do processo de formação de vínculo com a criança, havendo
uma melhor distribuição da importância e participação entre todos as
áreas da saúde como assistência social, fonoaudiologia, fisioterapia,
pedagogia, psicologia e terapia ocupacional.
Temos que considerar a motricidade, o movimento humano, a
gestualidade como modo de comunicação e modo de ser, que são
as manifestações primeiras da vida, e também os sinais de
sociabilidade do indivíduo e de sua adaptação ao mundo em que
tem de – se viver.
Por tudo isso, é inteiramente coerente que se procure aperfeiçoar
uma técnica apropriada de reeducação que se apoie no gesto, no
movimento, na motricidade.
BIBLIOGRAFIA BRUNO, M.M.G. O Desenvolvimento Integral do Portador de Deficiência Visual Da intervenção Precoce à Integração Escolar. SP: Newswork,1993 --------------------- e outros. O Deficiente Visual na classe comum. SP: Cenp,s e Se,1989 Cruickshank, W. M. Educação de Excepcionais. RJ: Globo,1982 FERREIRA, C.A M. A Psicomotricidade da Educação Infantil à Gerontologia RJ: Lovise,2000 Jean,C.C. Psicomotricidade 4ª Ed. RJ: Guanabara Koogan,1989 LE BOULCH. O Desenvolvimento Psicomotor. PA: Artes Médicas,1985 MURAHOSCHI,J. Pediatria: Diagnóstico mais Tratamento. SP: Sarvier,1978 Piaget, J. A Formação do Símbolo na Criança 3ª Ed. RJ: Zahar,1987
ANEXOS