desenvolvimento psicomotor de crianÇas de 4 a 6 anos …

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1 DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DE CRIANÇAS DE 4 A 6 ANOS DE ESCOLA PARTICULAR EM LIMA CAMPOS MA. Flávia dos Santos Leite 1 RESUMO O presente estudo teve como objetivo avaliar o perfil psicomotor da criança de 4-6 anos no ensino infantil em escola particular. Foi abordada uma pesquisa de campo de abordagem quantitativa e análise comparativa, a amostra foi composta de 13 crianças do 1º, 2º período e 1º ano do ensino infantil, de ambos os gêneros. Para a análise do desenvolvimento motor das crianças, foi elaborada uma ficha de avaliação de cada habilidade motora a partir da Sequência de Desenvolvimento das Habilidades Fundamentais proposta por Gallahue e Ozmun (2005). Cada movimento fundamental foi avaliado e classificado em estágio inicial, elementar ou maduro. O Tratamento estatístico foi feito através do programa SPSS versão 18.0, para calcular frequências e valores percentuais. Com os testes realizados antes da prática de Educação Física verificou-se que a maioria das crianças encontrou-se no estágio inicial das habilidades motoras fundamentais, uma vez que, nas habilidades giro corporal, salto em distância, rolamento de bola, arremesso por cima e chute foi encontrado um percentual acima de 50% de crianças no estágio inicial. Com testes realizados após a prática de Educação Física, durante dois meses, constatou-se que com a prática de atividade física, a maioria subiu do nível inicial para o nível elementar, sendo que, nas habilidades giro corporal, equilíbrio em um só pé, salto em distância, rolamento de bola, arremesso por cima e chute foi encontrado um percentual acima de 50% de crianças no estágio elementar. Comprovou-se que dentre as habilidades avaliadas, os participantes do presente estudo obtiveram avanço das habilidades motoras estabilizadoras, locomotoras e manipulativas. Palavras-chave: habilidades motoras, educação física, infância. ABSTRACT The present study had objective to evaluate the psychomotor profile of children 4-6 years in kindergarten in a private school. A field survey of aspect quantitative and comparative analysis, the sample consisted of 13 children of the 1st, 2nd period and 1 st grade of kindergarten, of both genders. For the analysis of motor development of children, so an evaluation form for each motor skill from the Sequence central Skills Development proposed by Gallahue and Ozmun (2005). Each fundamental movement was assessed and rated in initial, elementary or mature stage. The Statistical analysis was done using SPSS version 18.0 to calculate frequencies and percentages. The tests performed before practice Physical Education it was found that most children found in the early stage of fundamental motor skills , since the body whorl skills , long jump , bowling ball , shot from above and kick found a percentage above 50 % of children in the early stages. With tests conducted after the practice of Physical Education, for two months, it was found that the practice of physical activity, most of the initial level rose for the elementary level, and in the body whorl skills, balance on one foot, long jump, ball roll, pitch shot went over and found a percentage above 50 % of children at the elementary stage. It was proved that among the skills assessed, the participants of this study had advancement of stabilizing, locomotors and manipulative motors skills. Keywords: motor skills, physical education, childhood. 1 Licenciada em Educação Física e Pós- graduada em Esporte, Fitnes e Saúde pela Faculdade de Educação São Francisco - FAESF

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1

DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DE CRIANÇAS DE 4 A 6 ANOS DE

ESCOLA PARTICULAR EM LIMA CAMPOS – MA.

Flávia dos Santos Leite1

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo avaliar o perfil psicomotor da criança de 4-6 anos no ensino

infantil em escola particular. Foi abordada uma pesquisa de campo de abordagem quantitativa e

análise comparativa, a amostra foi composta de 13 crianças do 1º, 2º período e 1º ano do ensino

infantil, de ambos os gêneros. Para a análise do desenvolvimento motor das crianças, foi elaborada

uma ficha de avaliação de cada habilidade motora a partir da Sequência de Desenvolvimento das

Habilidades Fundamentais proposta por Gallahue e Ozmun (2005). Cada movimento fundamental foi

avaliado e classificado em estágio inicial, elementar ou maduro. O Tratamento estatístico foi feito

através do programa SPSS versão 18.0, para calcular frequências e valores percentuais. Com os testes

realizados antes da prática de Educação Física verificou-se que a maioria das crianças encontrou-se

no estágio inicial das habilidades motoras fundamentais, uma vez que, nas habilidades giro corporal,

salto em distância, rolamento de bola, arremesso por cima e chute foi encontrado um percentual

acima de 50% de crianças no estágio inicial. Com testes realizados após a prática de Educação Física,

durante dois meses, constatou-se que com a prática de atividade física, a maioria subiu do nível

inicial para o nível elementar, sendo que, nas habilidades giro corporal, equilíbrio em um só pé, salto

em distância, rolamento de bola, arremesso por cima e chute foi encontrado um percentual acima de

50% de crianças no estágio elementar. Comprovou-se que dentre as habilidades avaliadas, os

participantes do presente estudo obtiveram avanço das habilidades motoras estabilizadoras,

locomotoras e manipulativas.

Palavras-chave: habilidades motoras, educação física, infância.

ABSTRACT

The present study had objective to evaluate the psychomotor profile of children 4-6 years in

kindergarten in a private school. A field survey of aspect quantitative and comparative analysis, the

sample consisted of 13 children of the 1st, 2nd period and 1st

grade of kindergarten, of both genders.

For the analysis of motor development of children, so an evaluation form for each motor skill from

the Sequence central Skills Development proposed by Gallahue and Ozmun (2005). Each

fundamental movement was assessed and rated in initial, elementary or mature stage. The Statistical

analysis was done using SPSS version 18.0 to calculate frequencies and percentages. The tests

performed before practice Physical Education it was found that most children found in the early stage

of fundamental motor skills , since the body whorl skills , long jump , bowling ball , shot from above

and kick found a percentage above 50 % of children in the early stages. With tests conducted after the

practice of Physical Education, for two months, it was found that the practice of physical activity,

most of the initial level rose for the elementary level, and in the body whorl skills, balance on one

foot, long jump, ball roll, pitch shot went over and found a percentage above 50 % of children at the

elementary stage. It was proved that among the skills assessed, the participants of this study had

advancement of stabilizing, locomotors and manipulative motors skills.

Keywords: motor skills, physical education, childhood.

1 Licenciada em Educação Física e Pós- graduada em Esporte, Fitnes e Saúde pela Faculdade de Educação São Francisco

- FAESF

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1. INTRODUÇÃO

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacional (1997), torna-se fundamental mudar a ênfase

na aptidão física e no rendimento padronizado, tendo a educação física que ser mais abrangente,

contemplando as dimensões de cada prática corporal, podendo sistematizar situações de ensino e

aprendizagem, garantindo aos alunos acesso ao conhecimento prático e conceitual, mostrando um

trabalho que incorpore a afetividade, o cognitivo e dimensões socioculturais dos alunos.

Uns dos termos trabalhados na educação física e de grande importância para o meio de

ensino da educação física é a psicomotricidade, que para Vítor da Fonseca (1999, p. 9), é a evolução

das relações recíprocas, incessantes e permanentes dos fatores neurofisiológicos, psicológicos e

sociais que intervêm na integração, elaboração e realização do movimento humano.

Nesse contexto, a infância é entendida como um período de grande importância para o

desenvolvimento motor, sobretudo porque é nessa fase que ocorre o desenvolvimento das habilidades

motoras fundamentais, as quais servem de base para o desenvolvimento das habilidades motoras

especializadas que o indivíduo utilizará nas suas atividades cotidianas, de lazer ou esportivas

(Gallahue e Ozmun 2005).

Gallahue e Ozmun (2005) destacam que a fase das habilidades motoras fundamentais se

estende dos dois aos sete anos de idade e é composta por três estágios de desenvolvimento das

habilidades motoras: estágio inicial, caracterizado pelas primeiras tentativas da criança de realizar

uma habilidade motora fundamental, no qual os movimentos são realizados com o uso exagerado do

corpo; estágio elementar, no qual os movimentos fundamentais envolvem maior controle e

coordenação rítmica, mas ainda são restritos e exagerados; e estágio maduro, caracterizado por

movimentos eficientes, coordenados e controlados.

É importante destacar que nem todos os indivíduos atingem o estágio maduro em todas as

habilidades motoras fundamentais, pois “a aquisição de novas habilidades está diretamente

relacionada não apenas à faixa etária da criança, mas também às interações vividas com os outros

seres humanos do seu grupo social” (SOARES; ALMEIDA, 2006, p. 1).

Dessa forma, faz-se necessário trabalhar a psicomotricidade desde os primeiros anos na vida

escolar, possibilitando as crianças de arriscar, errar, criar e experimentar atividades para adquirir

conhecimentos que complementarão suas aprendizagens e habilidades.

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Diante da premissa o presente estudo teve como objetivo avaliar o perfil psicomotor da

criança de 4-6 anos no ensino infantil em escola particular.

METODOLOGIA

No trabalho foi abordada uma pesquisa de campo de abordagem quantitativa e análise

comparativa. Segundo Richardson (1989), o método quantitativo caracteriza-se pelo emprego da

quantificação, tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento dessas através

de técnicas estatísticas, desde as mais simples até as mais complexas.

A análise comparativa é o que “estabelece procedimentos de comparação entre elementos, para

evidenciar lhes as semelhanças e/ou diferenças.” (OLIVEIRA NETTO, 2006, p.17).

A pesquisa aconteceu na Escola Evangélica Presbiteriana, sendo esta, da rede particular de

ensino, localizada no Município de Lima Campos, Maranhão. Foi realizada do dia 15 de Agosto a 15

de Outubro, utilizando um dia semanal, sexta- feira, sendo 45min o tempo para a aplicação dos testes

para cada faixa etária nos horário de 09h30min às 11h00. A avaliação ocorreu em dois momentos, à

primeira em agosto com a amostra selecionada e a segunda no final do mês de outubro, para assim

estabelecer a comparação dos indivíduos sorteados.

A amostra foi composta de 13 crianças do 1º, 2º período e 1º ano do Ensino Infantil, de

ambos os gêneros, com idade entre 4-6 anos, que foram selecionadas a partir da ordem alfabética

da chamada. Após a coleta e revisões dos dados, eles foram organizados, classificados e

armazenados em banco construído no programa MICROSOFT OFFICE EXCEL 2007, para

análise descritiva e estatística dos dados, distribuídos em tabelas e gráficos. O Tratamento

estatístico foi feito através do programa SPSS versão 18.0, para calcular frequências e valores

percentuais.

Os critérios de inclusão foram:

* Crianças com idade de 4 a 6 anos de idade; * Crianças que estudem no 1º, 2º período e 1º ano do ensino infantil da Escola Evangélica

Presbiteriana, em Lima Campos – MA;

* Crianças que os pais ou responsáveis concordem com a participação da mesma na pesquisa; * Crianças que não tenham alterações patológicas que contra-indique a realização dos testes

propostos.

Como critérios de exclusão foram estabelecidos: * Crianças que não tenham idade entre 4 a 6 anos de idade; * Crianças que não façam parte do 1º, 2º período e 1º ano do ensino infantil;

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* Crianças que os pais ou responsáveis não concordem com a participação da mesma na pesquisa; * Crianças que tenham alterações patológicas que contra-indique a realização dos testes.

Protocolo de Pesquisa

O primeiro foi à assinatura do Termo de Consentimento pelos pais ou responsável da

criança

Na segunda fase, ocorreu a aplicação de um questionário para traçar o perfil do

educador, em seguida à observação do comportamento motor e emocional através do exame de

atividade espontânea, onde a criança pôde se expressar espontaneamente, sendo assim verdadeira

em seus atos e atitudes. E por fim aplicação de testes para Habilidades Motoras Fundamentais -

Desenvolvimento Motor de Gallahue (2005). Os testes aplicados foram:

Movimentos Estabilizadores Fundamentais:

Giro Corporal

Os movimentos de giro corporal podem envolver rolar para frente, para os lados ou para trás.

Em cada um desses movimentos, o corpo é momentaneamente invertido e deve manter o

controle da posição à medida que, “viaja” através do espaço.

Equilíbrio em um só pé

Os movimentos para o equilíbrio em um só pé podem envolver o equilíbrio com os

participantes com os olhos abertos ou fechados e com os braços ao lado do corpo, flexionados

ou nos quadris.

Caminhada Direcionada

Na caminha direcionada será realizada utilizando barras para caminhada, variando em

comprimentos, largura e alturas acima da superfície de apoio.

Movimentos Locomotores Fundamentais:

Galope e deslizamento

O galope e o deslizamento envolvem a combinação de dois elementos fundamentais, a

passada e o salto, com o mesmo pé sempre na frente, na direção do movimento. Quando a

pessoa se move para frente ou para trás, o movimentos é chamado de galope; quando ele se

move para a lateral, é chamado de deslizamento.

Salto em distância

O salto à distância trata-se de um movimento padrão complexo. O impulso e o pouso deverão

ser feito com os dois pés em salto horizontal.

Corrida

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A corrida é uma forma exagerada de caminhada e deverá ser trabalhada em diferentes

velocidades. Movimentos Manipulativos Fundamentais:

Rolamento de Bola

A habilidade de rolar bola será avaliada pela precisão em derrubar pinos de boliche.

Arremesso por cima

O arremesso por cima deverá ser realizado com atenção centralizada na forma, precisão e

distância. Os componentes do arremesso variam conforme os três fatores enfatizados pelo

indivíduo e também conforme a posição inicial assumida.

Chute

Chutar é uma forma de bater, na qual o pé é usado para fornecer força a um objeto. As

variações precisas da ação de chutar serão realizadas por meio de ajustes com a perna que

chuta e com a inclusão de braço e tronco no desempenho.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A tabela 1 de testes realizados antes da prática de Educação Física demonstra a frequência

de crianças em cada estágio de desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais.

Verificou-se que a maioria das crianças encontrou-se no estágio inicial das habilidades

motoras fundamentais, uma vez que, nas habilidades giro corporal, salto em distância, rolamento de

bola, arremesso por cima e chute foi encontrado um percentual acima de 50% de crianças no estágio

inicial.

Verificou-se também que poucas crianças encontraram-se no estágio maduro das habilidades

motoras fundamentais. Segundo Gallahue e Ozmun (2005), por volta dos sete anos de idade, é

possível que a criança encontre-se no estágio maduro de desenvolvimento motor na maioria das

habilidades motoras, no entanto, percebeu-se que algumas restrições do ambiente e/ou inibição na

maioria dos participantes durante a realização das tarefas, por esses motivos os resultados de acordo

com a faixa etária não foram obtidos.

Os mesmos autores afirmam para que uma criança obtenha bons resultados nas realizações

das habilidades especializadas necessita-se que ela tenha as habilidades fundamentais desenvolvidas,

assim pode-se afirmar que, essas crianças encontraram maiores dificuldades para obter sucesso no

processo de habilidades motoras especializadas.

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Notou-se que dentre as habilidades avaliadas, os participantes do presente estudo

apresentaram um bom resultado das habilidades motoras estabilizadoras e locomotores, na qual a

maioria estava no estágio elementar ou maduro.

Com relação às habilidades motoras de manipulação verificou-se que os avaliados se

encontraram com grande prevalência no estágio inicial.

TESTES

INICIAL

(%)

ELEMENTAR

(%) MADURO (%) Não Realizou (%)

Giro Corporal 76,9 7,6 0 15,4

Equilíbrio em um 46,4 53,6 0 0

só pé

Caminhada 30,8 53,7 15,5 0

Direcionada Galope e 38,5 61,5 0 0

Deslizamento

Salto em Distância 69,2 30,8 0 0

Corrida 0 53,6 46,4 0

Rolamento de 53,6 38,7 7,7 0

Bola

Arremesso por 69,2 30,8 0 0

cima

Chute 69,2 30,8 0 0

Tabela 1: Testes realizados antes da prática de educação física

A tabela 2, de testes realizados após a prática de Educação Física, durante dois meses,

aponta o desenvolvimento de crianças em cada estágio de desenvolvimento das habilidades motoras

fundamentais.

Verificou-se que a maioria das crianças progrediu do estágio inicial para o estágio

elementar ou estágio maduro, das habilidades motoras fundamentais, uma vez que, nas habilidades

estabilizadoras Equilíbrio em um pé só; Rolamento do corpo; Caminhada direcionada, os resultados

apontam que mais de 60% evoluíram do estágio inicial, para o estágio elementar e/ou maduro, pode-

se afirmar que os participantes obtiveram resultados positivos nos testes acima apontados.

Quanto às habilidades manipulativas, Rolamento da bola; Arremesso por cima; e Chute, é

notório a evolução das crianças do nível inicial para o elementar.

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Nos estágios elementar e maduro os resultados apontam mais de 70% de resultados

significativos, dentre eles as habilidades locomotoras, Galope e deslizamento; Salto em distância; e

Corrida, onde os resultados mostram avanços, tanto do estágio inicial para o estágio elementar,

quanto do estágio elementar para o estágio maduro.

Gallahue e Ozmun (2005), afirmam que por volta dos quatro a cinco anos é possível que a

criança se encontre no estágio elementar, e por volta dos seis anos de idade, a criança encontre-se no

estágio maduro de desenvolvimento motor na maioria das habilidades motoras, assim pode-se

observar que as aulas de educação física proporcionaram resultados positivos nessas habilidades.

De acordo com o que foi avaliado e observado no presente estudo, foi possível observar

que na tabela 1 de testes, a maioria dos participantes se encontrou no estágio inicial. Durante as

aulas de educação física aplicadas na escola, foi possível perceber que o resultado inicial deu-se por

conta da falta de aulas de educação física na escola, e a inibição dos participantes no primeiro

contato com a experiência, ao decorrer das aulas de educação física, com aulas aplicadas de acordo

com as habilidades sugeridas, foram notórios os desenvolvimentos dessas habilidades. Esses

resultados vêm ao encontro da maioria dos estudos brasileiros feitos com crianças nessa faixa etária

TESTES

INICIAL

(%)

ELEMENTAR

(%)

MADURO

(%)

Não Realizou

(%)

Giro Corporal 30,8 61,5 7,7 0

Equilíbrio em

um 0 53,6 46,4 0

só pé

Caminhada 0 23,1 76,9 0

Direcionada Galope e 0 38,5 61,5 0

Deslizamento

Salto em

Distância 30,8 69,2 0 0

Corrida 0 23,1 76,9 0

Rolamento de 0 84,6 15,4 0

Bola

Arremesso por 0 69,2 30,8 0

cima

Chute 0 69,2 30,8 0

Tabela 2: Testes realizados após a prática de educação física

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(JUNIOR et al, 2010, p. 01) realizaram um estudo sobre as habilidades motoras

fundamentais, equilíbrio, salto horizontal, corrida, chute e arremesso com 24 crianças escolares com

idade entre oito e nove anos e verificaram que a maioria das crianças não se encontravam no estágio

maduro de desenvolvimento motor de algumas habilidades motoras fundamentais.

O estudo mostra que dentro das habilidades avaliadas, os participantes de forma geral,

apresentaram características do estágio elementar ou maduro em quase todas as habilidades motoras,

como rolamento da bola com a mão dominante e não dominante arremesso com a mão dominante,

chute com pé dominante, equilíbrio, corrida e salto horizontal, com exceção das habilidades

rolamento do corpo, salto vertical, arremesso com a mão não dominante e chute com o pé não

dominante, nas quais mais da metade dos avaliados apresentaram características do estágio inicial.

Assim, pode-se dizer que as avaliadas não se encontravam em sua maioria no estágio de

desenvolvimento motor proposto para sua idade.

AS FASES DO DESENVOLVIMENTO MOTOR

O desenvolvimento motor é um processo continuo e demorado e, pelo fato das mudanças

mais acentuadas ocorrem nos primeiros anos de vida, existe a tendência em se considerar o estudo do

desenvolvimento motor como sendo apenas o estudo da criança.

É necessário enfocar a criança, pois, enquanto são necessárias cerca de vinte anos para que o

organismo se torne maduro, autoridade em desenvolvimento da criança concordam que os primeiros

anos de vida, do nascimento até os seis anos, são anos cruciais para o individuo. As experiências que

a criança tem durante esse período determinarão, em grande extensão, que tipo de adulto a pessoa se

tornará (TANI, 2011, p. 65).

Entretanto, a capacidade de movimentar-se das crianças é muito importante para que ela

possa interagir melhor com o meio em que vive, e é sobre o desenvolvimento motor na infância que a

maioria dos estudos está concentrada. Como se pode observar que no inicio do século passado,

muitos estudos sobre a sequencia do desenvolvimento motor dos bebes foram realizados cujo

evidencias e observações são consideradas até nos dias atuais. Posteriormente, alguns estudos foram

conduzidos com o propósito de analisar e descrever padrões fundamentais de movimentos de pré-

escolas e escolares.

Fase motora reflexa

Segundo Gallahue e Ozmun (2005, p. 57) os reflexos são as primeiras formas de movimento

humano. Os reflexos são movimentos involuntário, controlados subcorticalmente, que formam a base

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para as fases do desenvolvimento motor a partir da atividade reflexa, o bebê obtém

informações sobre o ambiente imediato. As reações do bebê ao toque, à luz, a sons e a alterações na

pressão provocam atividade motora involuntária. Esses movimentos involuntários e a crescente

sofisticação cortical nos primeiros meses de vida pós-natal desempenham importante papel para

auxiliar a criança a aprender mais sobre seu corpo e o mundo exterior.

Os reflexos primitivos podem ser classificados como agrupamentos de informações, à

medida que auxiliam a estimular a atividade cortical e o desenvolvimento. São caçadores de

alimentação e protetores porque há consideráveis evidências de que sejam filogenéticos por natureza.

Os reflexos primitivos, como os reflexos de sugar e de procurar pelo olfato, são considerados

mecanismos de sobrevivência primitivos. Sem eles, o recém-nascido seria incapaz de obter alimento.

Os reflexos posturais compõem a segunda forma de movimento involuntário e são

notavelmente similares, na aparência, a comportamentos voluntários posteriores, mas são

inteiramente involuntários. Esses reflexos parecem servir como equipamentos de teste neuromotor

para mecanismos estabilizadores, locomotores e manipulativos.

Fase de movimentos rudimentares

As primeiras formas de movimentos voluntários são os movimentos rudimentares,

observados no bebê desde o nascimento até, aproximadamente, a idade de 2 anos. Os movimentos

rudimentares são determinados pela maturação e caracterizam-se por uma sequência de aparecimento

altamente previsível. Esta sequência é resistente a alterações em condições normais. O ritmo em que

essas habilidades aparecem, porém varia de criança a criança e depende de fatores biológicos,

ambientais e da tarefa.

As habilidades motoras rudimentares do bebê representam as formas básicas de movimento

voluntário que são necessárias para a sobrevivência. Elas envolvem movimentos estabilizadores,

como obter o controle da cabeça, do pescoço, e dos músculos do tronco; as tarefas manipulativas de

alcançar, agarrar e soltar; e os movimentos locomotores de arrastar-se, engatinhar e caminhar. A fase

de movimentos rudimentares do desenvolvimento pode ser dividida em dois estágios que representa

progressivamente ordens superiores de controle motor.

Estágio de inibição de reflexos: o estágio de inibição de reflexos da fase de movimentos

rudimentares inicia-se no nascimento. No nascimento, os reflexos dominam repertório de

movimentos do bebê. Dali em diante, entretanto, os movimentos do bebê são crescentemente

influenciados pelo córtex em desenvolvimento.

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O desenvolvimento do córtex e a diminuição de certas restrições ambientais fazem com que

vários reflexos sejam inibidos e gradualmente desapareçam. Os reflexos primitivos e posturais são

substituídos por comportamentos motores voluntários.

No nível da inibição de reflexos, o movimento voluntário é precariamente diferenciado e

integrado porque o aparato neuromotor do bebê está ainda em estágio rudimentar de

desenvolvimento. Os movimentos, embora intencionais, parecem descontrolados e grosseiros. Se o

bebê deseja entrar em contato com um objeto, haverá atividade global da mão inteira, pulso, ombro e

até do tronco. O processo de movimentar a mão para o contato com o objeto, apesar de voluntário,

apresenta alta de controle.

Estágio de pré-controle: por volta de um ano de idade, as crianças começam a ter precisão e

controle maiores sobre seus movimentos. O processo de diferenciação entre os sistemas sensorial e

motor e a integração de informações motoras e perceptivas, em um todo mais significativo e

coerente, acontecem. O rápido desenvolvimento dos processos cognitivos superiores e dos processos

motores encoraja rápidos ganhos nas habilidades motoras rudimentares nesse estágio. No estágio de

pré-controle, as crianças aprendem a obter e a manter seu equilíbrio, a manipular objetos e a

locomover-se pelo ambiente com notável grau de proficiência e controle, considerando-se o curto

período que tiveram para desenvolver essas habilidades.

Fase de movimentos fundamentais

As habilidades motoras fundamentais da primeira infância são consequências da fase de

movimentos rudimentares do período neonatal. Esta fase do desenvolvimento motor representa um

período no qual as crianças pequenas estão ativamente envolvidas na exploração e na experimentação

das capacidades motoras de seus corpos. É um período para descobrir como desempenhar uma

variedade de movimentos estabilizadores, locomotores e manipulativos, primeiro isoladamente e,

então, de modo combinado. As crianças que estão desenvolvendo padrões fundamentais de

movimento estão aprendendo a reagir com controle motor e competência motora a vários estímulos,

obtendo crescente controle para desempenhar movimentos discretos, em série e contínuo como fica

evidenciado por sua habilidade em aceitar alterações nas exigências das tarefas.

Uma das principais concepções erradas sobre o conceito desenvolvimentista d fase de

desenvolvimentos fundamentais é a noção de que essas habilidades são determinadas

maturacionalmente e são pouco influenciadas pela tarefa e por fatores ambientais.

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Embora a maturação realmente desempenhe papel básico no desenvolvimento de padrões de

movimentos fundamentais, não deve ser considerada como a única influência. As condições do

ambiente – a saber, oportunidades para a prática, encorajamento, instrução e ecologia (cenário) do

ambiente em si – desempenham papel importante no grau máximo de desenvolvimento que os

padrões de movimentos fundamentais atingem.

Estágio inicial: o estágio inicial de uma fase de movimentos fundamentais representa as

primeiras tentativas da criança orientadas para o objetivo de desempenhar uma habilidade

fundamental. O movimento é caracterizado por elementos que faltam ou que se apresentam em uma

sequência imprópria, marcadamente uso limitado ou exagerado do corpo e fluxo rítmico e

coordenação deficientes. Tipicamente, os movimentos locomotores, manipulativos e estabilizadores

da criança de 2 anos de idade estão no nível inicial. Algumas crianças podem estar além desse nível

no desempenho de alguns padrões de movimento, porém a maioria está no estágio inicial.

Estágio elementar: o estágio elementar envolve maior controle e melhor coordenação rítmica

dos movimentos fundamentais. Aprimora-se a sincronização dos elementos temporais e espaciais do

movimento, mas os padrões de movimento neste estágio são ainda geralmente restritos ou

exagerados, embora mais bem coordenados. Crianças de inteligência e funcionamento físico normais

tendem a avançar para o estagio elementar principalmente por meio de processo de maturação a

observação de crianças de 3 ou 4 anos de idade revela inúmeros movimentos fundamentais no estagio

elementar. Muitos indivíduos, tanto adultos como crianças, vão além do estagio elementar em muitos

padrões de movimento.

Estágio maduro: o estágio maduro na fase de movimentos fundamentais é caracterizado por

desempenhos mecanicamente eficientes, ordenados e controlados. A maioria dos dados disponíveis

sobre a aquisição de habilidades motoras fundamentais sugere que as crianças podem e devem atingir

o estágio maduro aos 5 ou 6 ano de idade.

As habilidades manipulativas que requerem acompanhamento e intercepção de objetos em

movimento (apanhar, derrubar, rebater) desenvolvem-se um pouco mais tarde, em função das

exigências visuais e motoras sofisticadas dessas tarefas. Até mesmo a observação casual movimentos

de crianças e de adultos revela que muitos deles não desenvolveram suas habilidades motoras

fundamentais até o nível maduro. Embora algumas crianças possam atingir esses estágios

basicamente pela maturação e com um mínimo de influências ambientais, a grande maioria precisa de

oportunidades para a prática, o encorajamento e a instrução em um ambiente que promova o

aprendizado.

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Sem essas oportunidades, torna-se virtualmente impossível um individuo atingir o estagio

maduro de certa habilidade nesta fase, o que vai inibir a aplicação e o desenvolvimento na fase

posterior.

Fase de movimentos especializados

As habilidades motoras especializadas são resultado da fase de movimentos fundamentais.

Na fase especializada, o movimento torna-se uma ferramenta que se aplica a muitas atividades

motoras complexas presentes na vida diária, na recreação e nos objetivos esportivos. Este é um

período em que ad habilidades estabilizadoras, locomotoras e manipulativas fundamentais são

progressivamente refinadas, combinadas e elaboradas para o uso em situações crescentemente

exigentes. Os movimentos fundamentais de saltar em um pé só e pular, por exemplo, podem agora

ser aplicados a atividades de pular corda, as desempenho de danças folclóricas e ao desempenho de

salto triplo no atletismo.

O aparecimento e a extensão do desenvolvimento de habilidade na fase de movimento

especializado dependem de muitos fatores da tarefa, individuais e ambientais. O tempo de reação e a

velocidade do movimento, a coordenação, o tipo de corpo, a altura e o peso, os hábitos, a pressão do

grupo social a que se pertence e a estrutura emocional são apenas alguns desses fatores. A fase de

movimentos especializados tem três estágios.

Estágio transitório: em algum período, nos seus 7 ou 8 anos de idade, as crianças geralmente

entram em um estágio de habilidade motoras transitório (Haubenstricker e Seefeldt, 1986 apud

Gallahue e Ozmun 2005, p.62). No período transitório, o indivíduo começa a combinar e a aplicar

habilidades motoras fundamentais ao desempenho de habilidades especializadas no esporte e em

ambientes recreacionais. Caminhar numa ponte de cordas, pular corda e jogar bola são exemplos de

habilidades transitórias comuns. As habilidades motoras transitórias comuns. As habilidades motoras

transitórias contêm os mesmos elementos que os movimentos fundamentais, mas com forma,

precisão e controle maiores. As habilidades motoras fundamentais, que foram desenvolvidas e

refinadas no estágio anterior, são aplicadas em brincadeiras, jogos e em situações da vida diária. As

habilidades transitórias são simplesmente aplicações de padrões de movimentos fundamentais em

formas mais específicas e mais complexas.

O estágio transitório é um período agitado para os pais e para os professores, bem como para

as crianças. Elas se encontram ativamente envolvidas na descoberta e na combinação de numerosos

padrões motores e, frequentemente, ficam exultantes com a rápida expansão de suas habilidades

motoras.

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Estágio de aplicação: aproximadamente aos 11 aos 13 anos, mudanças interessantes

acontecem no desenvolvimento das habilidades do indivíduo. No estágio anterior, as habilidades

cognitivas limitadas da criança, as habilidades afetivas a as experiências, combinadas com a avidez

natural desse ser ativo, fizeram que o foco normal (sem interferência adulta) sobre o movimento fosse

amplo e generalizado a “todas” as atividades. No estágio de aplicação, a sofisticação cognitiva

crescente e certa base ampliada de experiências tornam o indivíduo capa de tomar numerosas

decisões de aprendizado e de participação baseadas em muitos fatores da tarefa, individuais e

ambientais.

No estágio de aplicação, os indivíduos começam a buscar ou a evitar a participação em

atividades específicas. Há ênfase crescente na forma, habilidade, precisão e nos aspectos

quantitativos do desempenho motor. Esta é a época para refinar e usar habilidades mais complexas

em jogos avançados, atividades de liderança e em esportes escolhidos.

Estágio de utilização permanente: o estágio de utilização permanente da fase especializada

de desenvolvimento motor começa por volta dos 14 anos de idade e continua por toda a vida adulta.

O estágio de utilização permanente representa o auge de processo de desenvolvimento motor e é

caracterizado pelo uso do repertório de movimento adquiridos pelo indivíduo por toda a vida.

Interesses, competências e escolhas feitas durante a fases anterior são adquiridos e, mais tarde,

refinados e aplicados a atividades cotidianas, recreativas e esportivas ao longo da vida. Fatores como

tempo, dinheiro, equipamentos e instalações disponíveis, e limitações físicas e mentais afetam este

estágio. Entre outros pontos, o nível de participação de um indivíduo em certas atividades dependerá

de talento, oportunidades, condições físicas e motivação pessoal. O nível de desempenho permanente

de um indivíduo pode variar desde o status profissional e olímpico até competições universitárias e

escolares, passando pela participação em atividades esportivas organizadas ou não organizadas,

competitivas, cooperativas ou recreativas, até tarefas simples da vida diária.

Em essência, o estágio de utilização permanente representa o auge de todos os estágios e

fases precedentes. Ele deve, entretanto, ser considerada uma continuação de um processo

permanente.

FATORES QUE AFETAM O DESENVOLVIMENTO MOTOR

O desenvolvimento e refinamento de padrões motores e de habilidades motoras são

influenciados de maneira complexas. Tanto os processos como o produto do movimento de um

indivíduo estão enraizados em um ambiente experimental e genérico peculiar, conectados as

exigências específicas da tarefa motora. Qualquer estudo estaria incompleto sem a discursão de

vários desses fatores influenciadores. (Gallahue e Ozmun, 2005, p.30).

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O desenvolvimento motor representa um aspecto do processo desenvolvimentista total e está

intricadamente inter-relacionada às áreas cognitiva e a afetiva do comportamento humano, sendo

influenciado por muitos fatores.

Fatores intrínsecos ao indivíduo

Inúmeros fatores biológicos que afetam o desenvolvimento motor parecem surgir desse

padrão previsível que é responsável pela individualidade também pode ser responsável pela

similaridade de muitas maneiras ordenada e previsível.

Este comprometimento pode ocorrer tanto no período pré quanto pós-natal e são oriundos de

fatores internos e externos. Entre os fatores internos estão às influências genéticas e as condições

maternais do ambiente pré-natal. Já entre os fatores externos, a alimentação, o álcool, o tabagismo e

as drogas ganham destaque, pois se sabe que, embora o feto esteja protegido pela placenta, certas

substâncias podem penetrá-la e causar reações negativas como deformidades físicas e disfunções

comportamentais. Afirma: GALLAHUE e OZMUN, 2005, p. 74.

O processo de crescimento auto-regulador compensará os desvios mínimos no padrão de

crescimento, mas é frequentemente incapaz de compensar os desvios maiores, especialmente

no período neonatal e na infância. Por exemplo, bebês de baixo peso ao nascer, abaixo de 1,5

kg, e crianças que experimentam deficiências nutricionais severas e prolongadas

frequentemente sofrem de defict permanente na altura e no peso, bem como em seu

desenvolvimento cognitivo e motor.

Um agente causador de deformidades físicas ou, até mesmo, a morte de um feto é

denominado teratógeno. Para GALLAHUE & OZMUN (2001, p. 641), teratógenos são quaisquer

substâncias que possam fazer o bebê desenvolver-se de maneira anormal. Entre os fatores

teratogênicos estão, as drogas e medicações, as doenças maternas e a nutrição. Os maiores riscos para

o desenvolvimento pré-natal ocorrem entre a terceira e a oitava semana de gestação, uma vez que este

período é considerado como o momento em que o embrião está mais suscetível a possíveis danos

causados por fatores teratogênicos.

Com relação aos fatores externos, consideram que as infecções e doenças bem como as

drogas e as substâncias químicas como os fatores mais prejudiciais ao desenvolvimento. Entre as

infecções e doenças estão a citomegalovírus (que pode causar o nascimento de um feto morto, aborto,

baixo peso e irregularidade no sistema nervoso), microencefalia (cabeça excessivamente pequeno, e

baço e fígado maiores que o normal), diabetes (que aumentam em 50% a probabilidade de morte do

feto), sífilis (que ataca o sistema nervoso do feto).

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Fatores ambientais

Ao longo de vários anos passados, consideráveis questionamentos e pesquisas tem se

concentrado no período pré-natal e no início da infância. Na medida em que estes influenciam o

funcionamento subsequente das crianças em função da grande dependência dos bebês humanos de

seus protetores e por ser um período longo de inúmeros cuidados paternos e maternos influenciam o

desenvolvimento posterior da criança.

Portanto, o ambiente em que o a criança vive pode dar diferentes formatos ou moldar

aspectos do seu comportamento motor. O ambiente positivo age como facilitador do

desenvolvimento normal, pois possibilita a exploração e interação com o meio.

Graminha (1997, p. 10) a influência do ambiente na aquisição de habilidades motoras em

crianças pré-escolares, foi observada que o desenvolvimento de crianças saudáveis sofreu influências

negativas dos fatores de risco ambientais, tais como a utilização de brinquedos inadequados para a

faixa etária e a falta de orientação pedagógica em creches públicas. Gallahue, (2005, p. 81); afirma

que:

Uma pesquisa feita por Dennis (1960) examinou bebês criados em três instituições separadas

no Irã. Descobriu-se que os bebês em duas instituições estavam gradativamente atrasados em

seu desenvolvimento motor. Na terceira instituição havia pouco retardo motor. A

discrepância levou Dennis a pesquisar os estilos de vida das crianças em cada instituição. Os

resultados a quietude ambiental e a ausência geral de oportunidade motora ou de experiência

foram as causa do retardo motor nas duas primeiras instituição.

Entretanto, quando se procurou verificar que outros fatores de risco, além do biológico,

apareceram na vida das crianças, o que se encontrou foi que 36% haviam sido expostas a fatores do

contexto ambiental tais como bebê não desejado, dificuldades financeiras da família, gestação na

adolescência, criança adotada, insegurança e/ou inconsistência dos pais, superproteção,

indiferença/rejeição, agressividade e depreciação.

Fatores de tarefa física

O desenvolvimento motor não é um processo estatístico, não é somente o produto de fatores

biológicos, mas também é influenciado por condições ambientais e leis físicas.

Alguns fatores adicionais afetam o desenvolvimento motor. A influência da classe social, do

gênero e da bagagem cultural e étnica, todos esses fatores tem um impacto no crescimento e

desenvolvimento motores da criança.

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A interação dos fatores ambientais como biológicos modifica o curso do desenvolvimento

motor no período neonatal, na infância, na adolescência e na idade adulta.

Os fatores das tarefas pertinentes à área psicomotora são denominados fatores “físicos” e

“mecânicos”. Esses fatores tem impacto profundo sobre a aquisição, manutenção e a diminuição de

nossas habilidades motoras no decorrer da vida. (Gallahue e Ozmun, 2005. p.92).

Nosso nível de aptidão física e as exigências mecânicas de uma tarefa influencia

grandemente a habilidade de nos movimentarmos com controle, habilidade e segurança.

A aptidão motora de um indivíduo tem efeito decisivo no desempenho de qualquer

habilidade motora que requeira reações rápidas, velocidade de movimento, agilidade e coordenação

de movimentos, força explosiva e equilíbrio.

Além disso, o corpo humano é capaz de se mover de inúmeras maneiras. Aprender todas as

habilidades envolvidas na realização de uma brincadeira de criança, de um esporte ou de uma dança,

mas para algumas crianças essas tarefas podem parecer impossíveis.

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO DESENVOLVIMENTO DA

PSICOMOTRICIDADE

Estudos relacionados ao desenvolvimento motor não apresentavam grande expressão na área

da Educação Física até a década de 1970, no entanto o aumento do volume e da qualidade das

pesquisas durante as décadas de 1980 e 1990 fez do desenvolvimento motor uma área legítima de

pesquisa científica, com grande destaque internacional nos dias atuais (GALLAHUE; OZMUN,

2005).

Segundo Haywood apud Marques (1995) o ser humano adquire habilidades motoras

progredindo de movimentos simples e desorganizados, para execuções altamente organizadas e

complexas.

Keogh apud Marques (1995) comentou que este processo sequencial é caracterizado por um

conjunto de mudanças no padrão fundamental de movimento, ocasionando uma maior capacidade de

controlar os movimentos. Neto (1984) enfatiza que toda criança possui uma enorme necessidade de

se movimentar, e é da qualidade do seu comportamento motor que depende o seu processo de

desenvolvimento. Jersild apud Tani, Manoel, Kokunbun et al. (1988) comenta que é principalmente

por meio do desenvolvimento motor que a criança deixa de ser uma criatura frágil de primeira

infância, para se tornar uma pessoa livre e independente do auxílio alheio.

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Para Gallahue (1989) e Gallahue e Ozmum (2003) o processo do desenvolvimento motor

revela-se primeiramente através de mudanças no comportamento motor, onde todos nós estamos

envolvidos no processo de aprendizagem em um mundo em constante mudança. As diferenças de

desenvolvimento no comportamento motor podem ser causadas por fatores inerentes ao indivíduo

(biologia), ao ambiente (experiência) e a natureza da tarefa (física/mecânica).

É necessário conciliar experiências motoras apropriadas para cada nível de desenvolvimento

particular. Dessa forma, na fase de movimentos fundamentais (3 a 6 anos), segundo Gallahue (2003),

a criança percebe que o seu corpo é dotado de capacidades motoras e começa a explorar e

experimentar tais capacidades. É um período para descobrir uma variedade de movimentos

estabilizadores, locomotores e manipulativos. No estágio elementar (crianças de 3 ou 4 anos) ocorre

um maior controle e melhora nos padrões de movimento, contudo ainda são restritos, embora mais

bem coordenados.E no estágio maduro (crianças de 5 a 6 anos) os movimentos caracterizam-se por

desempenhos mecanicamente eficientes.

Deve ser trabalhadas nessa faixa etária atividades de manipulação (arremessar e apanhar),

estabilizadoras (andar com firmeza e o equilíbrio em um pé só) e locomotoras (correr e pular).

A estabilidade é o aspecto mais fundamental do aprendizado de movimentar-se. Por ela, as

crianças obtêm e mantêm um ponto de partida para as explorações que fazem no espaço. A

estabilidade envolve a habilidade de manter em equilíbrio a relação indivíduo/força de gravidade.

A locomoção é um aspecto fundamental no aprendizado do movimentar-se, efetiva e

eficientemente, pelo ambiente. Envolve a projeção do corpo no espaço externo, alterando sua

localização relativamente a pontos fixos da superfície.

A manipulação motora rudimentar envolve o relacionamento de um indivíduo com objetos e

é caracterizada pela aplicação de força nos objetos e a recepção de força deles.

Assim, a vivência e a exploração de movimentos locomotores, manipulativos e

estabilizadores influenciarão bastante o desenvolvimento das habilidades motoras das crianças.

Quando o assunto é o desenvolvimento de uma criança e adolescente, torna-se pertinente

aos professores de Educação Física e Desporto conhecerem as suas fases constitutivas, para lhes

fornecer corretos estímulos. As crianças são quanto ao seu desenvolvimento, imaturas e, por isso, é

necessário estruturar experiências motoras significativas apropriadas para seus níveis de

desenvolvimento particulares (GALLAHUE, 2003, p. 63).

Nos dias de hoje, reconhece-se a importância das brincadeiras com fins de auxiliar no

desenvolvimento infantil e na aprendizagem da criança.

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Ao jogar e brincar, a criança estará sendo estimulada a trabalhar o raciocínio lógico, a

aprender lidar com símbolos, a equilibrar-se, desenvolvendo os aspectos psicomotores, afetivos e

cognitivos. Para as crianças, as brincadeiras possuem um sentindo funcional, isto é, possibilitam

compreensão, geram satisfação e hábitos que se estruturam num sistema. Por isso a importância de

um profissional de educação física, afirma Ladan:

A responsabilidade dos profissionais da área de Educação Física que intervêm direta ou

indiretamente no desenvolvimento da criança não é só o de assegurar o crescimento físico

saudável, mas o de orientar os pais no sentido de que crescimento e desenvolvimento

envolvem independência e esta gera sentimentos de capacidade e segurança, levando-a a ter

iniciativas, a ser capaz de tomar decisões, participando ativamente do seu meio sociocultural,

aprendendo a utilizar-se de todas as suas capacidades. Para Piaget, “a criança estabelece

relação com o exterior através da circulação entre as percepções (assimilação) e os

movimentos (acomodação) e é o conjunto de adaptações que (na sua circulação materializada

pela motricidade) irá transformar a inteligência prática (sensório-motora) em inteligência

reflexiva (gnósica)”. (1978, p. 09)

O objetivo é alertar sobre a necessidade de garantir à criança o direito a um desenvolvimento

harmônico, trabalhando corpo e mente, dando-lhe espaço para que se desenvolva na área motora e

consequentemente na cognitiva, social e emocional. Assim, para que o trabalho do profissional de

Educação Física possa contribuir com a efetivação do processo de ensino e aprendizagem, devem-se

ampliar as dimensões do comportamento da criança, levando em conta seus interesses e necessidades

para que então haja o desenvolvimento psicomotor.

Diferenças entre os Desenvolvimentos

Quando se observa as habilidades motoras fundamentais de crianças, é possível observar os

vários estágios de desenvolvimentos que uma criança passa dentro de cada padrão de movimento,

observa-se que existem maneiras diferentes de habilidades dentro de cada padrão, entre uma criança e

outra. O fato de uma criança atingir ou não o estágio na sua faixa etária, depende basicamente do

ensino e das oportunidades da prática.

A falta de oportunidade de prática sistematizada e estruturada com objetivos de proporcionar

experiências motoras diversificadas, e a falta de instruções apropriadas têm sido indicadas como

razões para que crianças não alcancem níveis mais elevados de desempenho motor nas habilidades

motoras fundamentais (Cotrim et al., 2011; Lemos et al., 2012; Pang & Fong, 2009), ficando aquém

do nível esperado para as respectivas idades (e.g., Braga et al., 2009; Ferraz, 1992; Valentini, 2002).

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Para Gallahue; Ozmun (2005) as diferenças entre crianças, fazem lembrar o princípio

da individualidade de todo aprendizado. A sequência de progressão o longo dos estágios inicial,

elementar e maduro é a mesma para a maioria das crianças. O ritmo, entretanto variará, dependendo

tanto dos fatores ambientais, como dos fatores hereditários.

O PAPEL DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Pode-se afirmar que a educação física pode ser definida como uma disciplina que trabalha e

cuida do indivíduo ao todo, não somente corpo e mente (físico, psíquico e emocional), mas se

trabalha também o lado social e cultural, buscando trabalhar a realidade através da corporeidade.

O processo metodológico, das aulas de educação física não se restringe apenas, em exercitar

o lado técnico e esportivo ou tais habilidades e destrezas, e sim de capacitar o indivíduo a

desenvolver sua autonomia dentro das suas possibilidades corporais, para que se possa exercer de

maneira social e cultural de forma adequada.

Na educação, o papel do professor de educação física é familiarizar as crianças ao processo

de ensino-aprendizagem, pois ela terá contato com diferentes pessoas, costumes, a um diferente

espaço físico no qual elas não estão acostumadas. Professor deve saber quais as mudanças que

ocorrem nessa fase, tanto no intelectual, quanto no físico, como também no comportamento. Assim

será possível oferecer à criança atividades que desenvolvam o desenvolvimento total de suas

habilidades fundamentais, podendo assim ser trabalhado o lúdico, o movimento e a corporeidade.

(Flinchum 1982, Harrow 1983, Tani 1988, Gallahue 1989 e Eckert 1993). Para que estas

habilidades sejam desenvolvidas é necessário que se dê à criança oportunidades de desempenha-las.

O movimentar-se é de grande importância biológica, psicológica, social e cultural, pois, é através da

execução dos movimentos que as pessoas interagem com o meio ambiente, relacionando-se com os

outros, apreendendo sobre si, seus limites, capacidades e solucionando problemas. Os professores de

educação física devem se preocupar em adaptar como foco principal na educação física pré-escolar e

series iniciais os trabalhos que desenvolva as habilidades fundamentais. Vale ressaltar que o não

desenvolvimento dessas habilidades básicas, inicial, elementar e maduro, não se terá um bom

desenvolvimento nas habilidades especializadas.

Entretanto, em um processo educacional, a relação entre professores e alunos deve ser uma

relação dinâmica, como toda e qualquer relação entre seres humanos. Na sala de aula, os alunos não

deixam de serem pessoas para transformar-se em coisas, em objetos, que o professor pode manipular

jogar e de lado para outro. Afirma Piletti que:

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O aluno não é um deposito de conhecimentos memorizados que não entendem, como um

fichário ou uma gaveta. O aluno é capaz de pensar, refletir, discutir, ter opiniões, participar,

decidir o que quer e o que não quer. O aluno é gente, é ser humano, assim como o professor.

Na realidade, o que acontece numa relação não autoritária entre pessoas? Todas podem

crescer a partir desse tipo de relação (1995, p. 80).

Com esse tipo de relação em sala de aula, em quanto o professor ensina também aprende, e

enquanto aprende também ensina. O professor ouve os alunos, respeita seu ponto de vista; desta

forma, o professor deixará de ser mero instrutor ou treinador para transformar-se em educador.

A aprendizagem é um processo continuou, que dura toda a vida. Só crescemos e nos

desenvolvemos na medida em que estivermos dispostos a modificar nossas crenças, nossas

convicções. Se nos apegarmos as nossas ideias, sem disposição para discuti-las e para modifica-las,

permaneceremos parados no tempo, ou melhor, caminharemos para trás. (PILETTI, 1995, p. 80).

Um aluno se aproxima do professor quando se sente seguro e sente que essa aproximação é

agradável, e o professor se aproxima dos alunos juntos aos quais se sente bem. Professor não é

neutro, sem sentimentos, frio e distantes. É uma pessoa e, como tal, tem sentimentos, simpatias,

antipatias, amor, ódio, medo, timidez, etc.

Sabe-se que o professor desempenha um papel muito importante na vida escolar de seus

discentes, mas, que é preciso e necessário haver uma mudança em relação a forma de transmitir os

conhecimentos. O professor deve procurar melhorar e adequar o seu método de ensino-aprendizagem.

Um professor de educação física precisa motivar seus alunos a participar ativamente das

atividades propostas, no entanto, é necessário primeiramente “quebrar o gelo”, pois muitos, por

timidez ou falta de ambiente, ficam de lado e não participam. Utilizar joguinhos, brincadeiras, cantos

que tenham a função de criar um clima de descontração e alegria é uma ótima maneira de estimular a

socialização, afirma (Ferreira, 2003).

Cabe também ao professor avaliar as atitudes dos alunos, assessorado de informação com

base cientificas e completas, de como agem e se comportam na faixa etária trabalhada, de acordo

com suas características pessoais, biológicas e psicomotoras.

O aluno é reflexo de sua experiência no lar. Pode ser independente ou não, rítmico ou

arrítmico; e o professor deve estar preparado para atender a todos e a cada um, proporcionando-lhe

“crescer”.

O professor bem informado equilibrará as atividades de modo que, ao mesmo tempo,

despertem alegria e interesse, que contenham qualidades educativas para que, ao final da ação, o

aluno tenha adquirido experiência e habilidades, conscientização de possibilidade e valorização da

vitória nas atividades encontradas. (Ferreira, 2003).

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A verbalização do professor deve incidir sobre a valorização de características e

possibilidade dos brinquedos e possíveis estratégias de exploração. Enfim, o professor deve oferecer,

informações sobre diferentes formas de utilização de brinquedos, contribuindo para a ampliação do

referencial infantil.

A dimensão corporal não pode estar ausente. Na relação com objetos, solicitam-se o corpo e

os sentidos. O educador deve, também, brincar e participar das brincadeiras, demonstrando não só o

prazer de fazê-lo, mas estimulando as crianças para tais ações.

Ao propor uma brincadeira é importante que o professor brinque também. Assim, ele poderá

observar crianças e acompanha-las de perto de forma prazerosa.

CONCLUSÃO

Dentre os resultados obtidos, constatou-se que, em relação às habilidades motoras

fundamentais, maior parte das crianças, de forma geral, apresentou sucesso no processo de

desenvolvimento nas características do estágio elementar ou maduro em grande parte das habilidades

motoras, como rolamento da bola, equilíbrio, corrida, galope e deslizamento e caminhada

direcionada.

Nas habilidades rolamento do corpo, salto em distância, arremesso por cima e chute, nas

quais mais da metade dos avaliados apresentaram características no estágio inicial nos testes

aplicados antes das aulas de educação física. Foi notório o desenvolvimento satisfatório mostrado

entre as tabelas. Assim, pode-se dizer que as crianças avaliadas no primeiro teste não se encontravam

em sua maioria no estágio de desenvolvimento motor proposto para sua idade, uma vez que crianças

a partir dos 4 e 5 anos tem condições de apresentar características do estágio elementar e crianças a

partir dos 6 anos tem condições de apresentar características do estágio maduro na maioria das

habilidades motoras fundamentais.

Vale ressaltar a importância de se trabalhar essas fase de desenvolvimento motor infantil,

pois esse atraso na aprendizagem das habilidades motoras fundamentais pode dificultar o aprendizado

das habilidades especializadas, além de dificultar a realização das atividades da vida diária. É de

grande importância ressaltar que o desenvolvimento motor da criança também pode sofrer influência

da maturação, da condição socioeconômica, além das experiências realizadas fora do ambiente

escolar, como as brincadeiras com os amigos na rua ou em casa.

Os fatores que se enquadra fora do âmbito escolar não foram investigados neste estudo por

uma questão de limitação do tema da pesquisa, pois se resumem as aulas de educação física na

escola.

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Nos resultados obtidos após o período da aula de educação física na escola, verificou-se que

as aulas no ensino infantil contribuíram para um desenvolvimento satisfatório, no tempo que condiz

com cada faixa etária, onde consequentemente irá reduzir os níveis de dificuldades de aprendizado

nas habilidades especializadas.

São poucos os estudos no cenário científico brasileiro que relacionam as aulas de educação

física no ensino infantil como fator importante para o desenvolvimento motor infantil.

Desse modo, mostra-se necessário que sejam desenvolvidos mais estudos sobre esse tema

para que se estabeleçam mais parâmetros sobre a contribuição da iniciação das aulas de educação

física na educação inicial para o desenvolvimento motor infantil. Espera-se também que o presente

estudo contribua com os profissionais de Licenciatura em Educação Física, mostrando que a aula de

educação física na educação infantil é importante para o desenvolvimento motor, contribuindo para

que as habilidades motoras especializadas sejam desenvolvidas com sucesso, desde que os mesmo

sejam respeitados o nível de desenvolvimento, a faixa etária, os interesses e as necessidades de cada

criança.

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