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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE QUALIDADE NA ÁREA EDUCACIONAL VERÔNICA DE ARAÚJO OZÓRIO ORIENTADOR Prof. Antônio Fernando Vieira Ney Rio de Janeiro, RJ,Nov./2002

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO A VEZ DO MESTRE

QUALIDADE NA ÁREA EDUCACIONAL VERÔNICA DE ARAÚJO OZÓRIO ORIENTADOR Prof. Antônio Fernando Vieira Ney Rio de Janeiro, RJ,Nov./2002

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO A VEZ DO MESTRE

QUALIDADE NA ÁREA EDUCACIONAL VERÔNICA DE ARAÚJO OZÓRIO Trabalho monográfico apresentado como requisito parcial para a obtenção do Grau de Especialista em psicopedagogia. Rio de Janeiro, RJ,Nov./2002

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Aos meus queridos pais Joél e Bilga Ozório, pelo apoio e incentivo para que eu pudesse obter mais uma vitória.

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Soli Deo Gloria – “A Deus, e só a Ele, seja toda a Glória”

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RESUMO Este trabalho apresenta a História da Educação brasileira desde 1985 até 2001, as decisões

tomadas dentro da área educacional que tentaram melhorar a qualidade do ensino

associada a isso a influência de grandes educadores na educação mundial, todos lutando por

uma qualidade educacional em seu determinado tempo na História e com esta rápida

análise, partimos para estudarmos a qualidade da educação no setor das escolas públicas as

quais apresentam excesso de alunos em sala de aula, falta de recursos pedagógicos e muitos

outras dificuldades. Ao final analisamos a atuação da psicopedagogia e também a saúde

vocal dos professores.

iiii

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SUMÁRIO Resumo......................................................................................iiii Introdução....................................................................................01 CAPÍTULO I – HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO...........................03 1.1 Grandes influências na educação...........................................10 1.2 Lev Semyonovitch Vygotsky..........................................…..20 CAPÍTULO II – QUALIDADE NA EDUCAÇÃO......................24 2.1 Excesso de alunos em sala de aula..........................................30 2.2 Atuação da psicopedagogia.....................................................34 2.3 Voz ativa..................................................................................38 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................... 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................44 v

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INTRODUÇÃO

Todos desejam ter uma escola de qualidade, pois é a partir dela que a criança tem

uma grande porta para o mundo.

A partir da escola a criança desenvolve o senso crítico e resgata valores que o torne

cidadão competente e adequado ao seu meio, este papel deve ser desenvolvido junto com a

família, pois ela também tem uma grande parcela de contribuição na formação de todos.

As exigências são muito maiores agora, na globalização e a escola não pode ficar

alheia a uma série de acontecimentos diários, ela precisa ser informatizada, estruturada e

que todos dentro da escola busquem uma qualidade funcional e real.

A qualidade educacional não aparece de uma hora para outra, ela deve ser

conquistada a cada dia, planejando cuidadosamente e implementando a inovação.

Percebe-se através da História da educação o quanto se tem feito para se ter uma

educação melhor em nosso país, mas muito ainda tem que ser realizado, principalmente

com relação a valorização do professor, pois ele é uma das principais alavancas dentro da

qualidade educacional e muito tem feito para que seus alunos tenham o mínimo de

qualidade e muitas vezes não a tendo em seu local de trabalho.

Muito tem exigido do professor, mas pouco tem lhe dado na complexa tarefa da

aprendizagem.

Deve-se parar de pedir para o professor atuar em mil funções, deve sim ajudá-lo

com melhores ferramentas de trabalho e também condições para que ele as utilize dentro da

escola, não sozinho, mas tendo a participação de todos envolvidos no processo educativo.

Grandes educadores buscaram solucionar as dificuldades na aprendizagem em suas

épocas, estas soluções e estudos são usados hoje nos nossos dias, na busca da qualidade

educacional.

Qualidade não é uma “receita pronta”. Não é um plano de ações burocráticas. Ela se

constrói no cotidiano escolar, mas a escola tem que receber recursos para que ocorra

melhora no ensino e assim a escola possa desenvolver atividades atraentes para os alunos.

O importante não é o controle de qualidade e sim “produzir qualidade”.

Além de tudo isso, deve se ter vontade de melhora, de conquistar a qualidade.

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O conhecimento das dificuldades e comprometimento formam a base do sucesso.

A qualidade de ensino depende de todo ciclo da educação. Inclui a pesquisa das

necessidades dos clientes: estado, comunidade, família, educando, educador, administração

escolar de todos.

Os políticos neste ano de eleições trazem em seu discursos dois pontos que estão

presentes em todas as eleições, melhoria na área da educação e da saúde, tantos discursos

mas pouco de real foi feito.

Os sindicatos de professores estão freqüentemente reportando á sociedade as

necessidades da Educação, como por exemplo, melhores condições de trabalho, aumento no

piso salarial dos professores, plano de carreira, excesso de alunos em sala entre outros.

A partir do momento em que as reivindicações dos professores forem ouvidas de

forma concreta, a sociedade começará a ter uma educação melhor, pois os professores

conhecem e sentem na pele as dificuldades que enfrentam nas escolas para ministrarem as

suas aulas.

Dentro do âmbito da qualidade educacional não se pode deixar de falar sobre a

qualidade para o corpo docente com a atuação da Fonoaudiologia. pois a partir de estudos

constatou-se que o professor precisa receber conhecimentos de como utilizar melhor a sua

voz e prevenir doenças nas pregas vocais.

Vygotsky através de seus estudos feitos têm dado outros caminhos para a melhoria

do processo de aprendizagem

A qualidade educacional deve ser muito discutida mas também medidas têm que

ser tomadas para que ocorra uma mudança visível para todos que estão envolvidos no

sistema educacional, não se pode negar as grandes dificuldades que os professores

encontram dentro da escola, principalmene com o excesso de alunos em sala de aula e

alunos que apresenam problemas no processo ensino-aprendizagem e não tem a ajuda de

um psicopedagogo para que junto com o professor e toda a escola possam minimizar as

dificuldades e dar assistência aqueles alunos que precisam e propocionar qualidade para

todos que estejam dentro do vasto mundo da educação.

c CAPÍTULO I d

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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL (1985 – 2001) “Compreender as questões ocorridas no passado e que ainda são presentes hoje é ter a possibilidade de intervir no futuro.”

Deve-se lembrar que pensar o passado não deve ser visto como saudosismo.

O passado não está morto, nele as raízes do presente estão fundadas.

Compreendendo o passado é que podemos dar sentido ao presente e projetar

o futuro.

Através da História o homem reconstrói o passado, relatando e

interpretando os acontecimentos em uma ordem cronológica e por meio da seleção de fatos

considerados relevantes, assim ele começa a ver o que deu certo e o que pode ser feito de

forma diferente, com a finalidade de crescer e assim construir uma qualidade educacional

para todos.

Ä1985 O Movimento Brasileiro de Alfabetização - MOBRAL é extinto e criado

o Projeto Educar. · É criado o Conselho Nacional dos Direitos das Mulheres - CNDM.

· São Ministros da Educação no Governo José Sarney: Marco Maciel, Jorge Konder

Bomhauser, Hugo Napoleão Rego Neto e Carlos Corrêa de Menezes Sant'Anna. · O Parecer

no 99 do Conselho Federal de Educação expõe a inconveniência de acrescentar ao currículo

matérias por via legislativa.

Ä1986 É realizada a Conferência Brasileira de Educação em Goiânia, Estado de

Goiás.

· O Parecer no 785 do Conselho Federal de Educação reformula o núcleo comum para o

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ensino · A Resolução no 6 do Conselho Federal de Educação reformula o núcleo comum

para os currículos do ensino de 1o e 2o graus, revogando a Resolução no 8/71 do próprio

CFE, dando novas diretrizes.

Ä1987 Apenas 13,1% do total dos gastos da União foram destinados à Educação.

· O educador Lauro de Oliveira Lima denuncia que na Assembléia Nacional

Constituinte não tem educadores.

· É extinta a Coordenação de Educação Pré-Escolar - COEPRE e o Programa Pré-Escolar

passa a ser coordenado pela Secretaria de Ensino Básico do Ministério da Educação e

Cultura.

Ä1988 A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo implanta em todo o

Estado diversos Centros Específicos de Formação e Aperfeiçoamento do Magistério -

CEFAMs.

. Depois de sete meses de greve os professores da rede pública estadual do Rio de Janeiro

voltam ao trabalho sem que nenhuma das exigências sejam atendidas.

. É realizada a Conferência Brasileira de Educação em Brasília, Distrito Federal.

. Segundo dados do INEP 22,8% dos dos alunos repetiram a 1a série do 1o grau e 22,5%

repetiram a 5a série; as taxas de evasão foram de 15,2% na 1a série e 18,9% na 5a série.

Apenas 32,21% dos alunos completam o 1o grau.

. É encaminhado à Câmara Federal pelo Deputado Octávio Elisio um Projeto de Lei, que

propõe fixar as diretrizes e bases para a educação nacional.

. Apenas 10,6% do total dos gastos da União foram destinados à Educação.

Ä1989 O Tribunal Superior Eleitoral - TSE, divulga uma pesquisa em que 68%

dos eleitores são analfabetos, semi-analfabetos ou não completaram o 1º grau.

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· Apenas 4,6% do total dos gastos da União foram destinados à Educação.

· O Deputado Jorge Hage envia a Câmara um substitutivo ao Projeto que propõe fixar as

diretrizes e bases para a educação nacional.

Ä1990 É Ministro da Educação no Governo Fernando Collor de Mello: Carlos

Alberto Gomes Chiarelli.

· É criado o Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania com o objetivo de reduzir em

até 70% o número de analfabetos até 1995.

· É lançado o projeto de construção de Centros Integrados de Apoio à Criança - CIACs, em

todo o Brasil, inspirados no modelo dos Centros Integrados de Educação Pública - CIEPs,

do Rio de Janeiro.

· Sob a coordenação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – INEP é

implantado o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica - SAEB que conta com a

participação e o apoio das Secretarias Estaduais e Municipais de Educação das 27 Unidades

da Federação.

· Apenas 2,4% do total dos gastos da União foram destinados à Educação.

Ä1991 O eixo Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais concentram 55% do

total de estudantes universitários.

· O índice de analfabetismo no Brasil é de 18%.

Ä1992 O político e ex-deputado federal Carlos Chiarelli, ainda como Ministro da

Educação, declara que no Brasil "os professores fingem que ensinam, os alunos fingem que

aprendem e o governo finge que controla".

· O padrinho de casamento do novo Presidente da República, Murílio Hingel, é o Ministro

da Educação, no governo Itamar Franco.

· As disciplinas de Organização Social e Política do Brasil - OSPB e Estudos de Problemas

Brasileiros - EPB deixam de ser obrigatórias, no ensino de 2o grau e superior.

· Os Centros Integrados de Apoio à Criança - CIACs passam a se chamar Centros de

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Atenção Integral à Criança e aos Adolescentes - CAICs.

· Alguns educadores criticam esse tipo de projeto (CIEPs e CAICs) dizendo que seria mais

eficaz gastar-se recursos no modelo da rede escolar já existente, atendendo-se um maior

número de crianças.

· O Senador Darcy Ribeiro apresenta na Câmara um novo Projeto que propõe fixar

as Diretrizes e Bases para a Educação Nacional.

· A população analfabeta com dez anos ou mais é de 16,5%.

Ä1993 No Espírito Santo os alunos ficaram sem aulas por 109 dias letivos em

função de uma greve de professores. Em Minas Gerais os professores ficaram parados por

76 dias e em São Paulo por 79 dias.

· O Conselho Estadual de Educação do Rio de Janeiro - CEE/RJ aprova projeto da

Secretaria Estadual de Educação - SEEC que acaba com a reprovação dos alunos nas cinco

primeiras séries do 1o grau.

· Segundo o Relatório do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica cerca de 59%

dos professores não prestaram concurso público, foram indicados por políticos ou técnicos.

· Nos últimos 45 dias do Ministro Murílio Hingel à frente do Ministério da Educação e

Cultura, foram aprovados 172 novos cursos superiores e quatro novas universidades.

· Uma pesquisa realizada pela Ordem dos Advogados do Brasil mostrou que de 89 cursos

de Direito, apenas sete formam bons advogados.

· É criado o Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras - PAIUB

· O Senador Darcy Ribeiro retira seu Projeto que propõe fixar as Diretrizes e Bases

para a Educação Nacional.

· As mulheres com idade média de 33,6 anos constituem 83,3% do contigente de

professores do 1o grau.

· É criado o Projeto de Educação Básica para o Nordeste com apoio do Banco

Interamericano de Desenvolvimento –BIRD

î1994 Nas regiões Norte e Nordeste do Brasil ainda é muito freqüente a figura do

professor leigo, algumas vezes sem o 1o grau completo.

· A Medida Provisória de 18 de outubro de 1994 extingue o Conselho Federal de Educação

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e cria o Conselho Nacional de Educação, vinculado ao Ministério da Educação e Cultura.

Esta mudança torna o Conselho menos burocrático e mais político.

î1995 É Ministro da Educação no Governo Fernando Henrique Cardoso: Paulo

Renato de Souza.

· A Universidade de Brasília cria o Programa de Avaliação Seriada - PAS, para ingresso na

universidade, que acaba com o exame vestibular. A avaliação do aluno é feita durante a

realização do 2º grau.

· Entra no ar a TV Escola, um canal exclusivo, via satélite, para promover a atualização dos

professores, que poderão gravar os programas e apresentá-los aos seus alunos, patrocinado

pelo MEC.

· O Governo Federal envia ao Congresso uma emenda constitucional que propõe a criação

do Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Professor -

FUNDEF.

· O Ministro Paulo Renato de Souza cria um sistema de avaliação de alunos formados nos

cursos superiores. O objetivo é avaliar a eficácia das faculdades. Inicia com os cursos de

Medicina, Engenharia e Direito. Através da Lei 9131 é criado o Exame Nacional de Cursos

- ENC

î1996 · O Presidente sanciona a Lei no 9394, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

(LDB) que ficou oito anos em discussão no Congresso.

· O Ministério da Educação institui o telefone número 0-800-616161, permitindo contato

gratuito de qualquer educador com este Ministério.

· Os estudantes universitários protestam com violência contra o "Provão" como método de

avaliação das Universidades.

· A população analfabeta com dez anos ou mais é de 13,8%.

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Ä1997 Morre Darcy Ribeiro.

As escolas de 2º grau também são avaliadas pelo “Provão”.

Ä1998 É instituído pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais -

INEP o Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM, para ser aplicado aos alunos

concluintes e aos egressos deste nível de ensino.

Ä1999 O ministro Paulo Renato Soares é mantido no comando do Ministério da

Educação durante o segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso.

Ä2000 Nenhuma medida foi encontrada.

Ä2001 O Programa Nacional de Renda Mínima vinculada à educação "Bolsa

Escola" é criada pela Medida Provisória 2.140, de 13 de fevereiro de 2001, aprovado pelo

Congresso Nacional em 27 de março e sancionado pelo presidente da República, através da

Lei 10.219, de 11 de abril de 2001.

Percebe-se ao longo dos anos que muitas medidas têm sido tomadas na área

educacional, sempre com o desejo de melhorar a educação no Brasil, mas será que todas

estão dando certo? ou devem ser mudadas?

Através de estudos observa-se que o Ministro Paulo Renato de Souza à

frente do Ministério da Educação tem sido atuante. Logo no início de sua gestão, através de

uma Medida Provisória extinguiu o Conselho Federal de Educação e criou o Conselho

Nacional de Educação, vinculado ao Ministério da Educação e Cultura, com isto o

Conselho se tornou menos burocrático.

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Reconhece que em toda a História da Educação no Brasil, se for contada a

partir do descobrimento, jamais houve execução de tantos projetos na área da educação

numa só administração.

Todos sabem que muito ainda tem que ser feito para que tenhamos uma

qualidade real na área educacional do Brasil, é preciso galgar muitos degraus em direção à

qualidade de ensino, que é hoje tão discutida.

O importante é não desistir e sempre tentar fazer o melhor.

: 1.1 Grandes influências na educação Quando é analisado a obra de grandes educadores, deve-se levar em conta o tempo e o

espaço em que viveram, as influências que receberam ao longo de suas vidas.

Não se pode negar que estes educadores influenciaram a época que viveram e

atualmente continuam influenciando nossa época, oferecendo uma contribuição para o

desenvolvimento do complexo processo de aprendizagem.

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Muitos de seus estudos são usados por muitos educadores, mas não se pode perder de

vista a nossa realidade e assim tentar adaptar estes estudos a nossa vivência dentro do

possível.

Dentro de suas épocas e realidades estes estudiosos tentaram buscar a qualidade

educacional, detectando as dificuldades e procurando soluções para elas.

1. Jean Jacques Rousseau nasceu em Genebra, Suíça, em 28 de junho de 1712 e

faleceu em 2 de julho de 1778. Entre suas obras destacam-se: Discurso sobre a origem da

desigualdade entre os homens; Do contrato social, e Emílio ou Da Educação (1762).

A " educação natural" preconizada por ele, encontra-se retratada na obra O Emílio,

na qual, de forma romanceada, expõe suas concepções, através dos relatos da educação de

um jovem, acompanhado por um preceptor ideal e afastado da sociedade corruptora.

Essa educação naturalista, não significa retornar a uma vida selvagem, primitiva, isolada,

mas sim, afastada dos costumes da aristocracia da época, da vida artificial que girava em

torno das convenções sociais. A educação deveria levar homem a agir por interesses

naturais e não por imposição de regras exteriores e artificiais, pois só assim, o homem

poderia ser o dono de si próprio.

Outro aspecto da educação natural está na não aceitação, por Rousseau, de uma educação

intelectualista, que fatalmente levaria ao ensino formal e livresco. O homem não se

constitui apenas de intelecto pois, disposições primitivas, nele presentes, como: as

emoções, os sentidos, os instintos e os sentimentos, existem antes do pensamento

elaborado; estas dimensões primitivas são para ele, mais dignas de confiança, do que os

hábitos de pensamento que foram forjados pela sociedade e impostos ao indivíduo.

Rousseau trouxe novas idéias para combater aquelas que prevaleciam há muito tempo em

sua época, principalmente a de que a educação da criança deveria ser voltada aos interesses

do adulto e da vida adulta.

Introduziu a concepção de que a criança era um ser com características próprias em suas

idéias e interesses, e desse modo não mais podia ser vista como um adulto em miniatura.

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Com suas idéias, ele derrubou as concepções vigentes que pregavam ser a educação o

processo pelo qual a criança passa a adquirir conhecimentos, atitudes e hábitos

armazenados pela civilização, sem transformações.

Considerava cada fase da vida como tendo características próprias.Tanto o homem como a

sociedade se modificam, e a educação é elemento fundamental para a necessária adaptação

a essas modificações. Se cada fase da vida tem suas características próprias, a educação

inicial, não poderia mais ser considerada uma preparação para a vida, da maneira que era

concebida pelos educadores à época.

Rousseau afirmou que a educação não vem de fora, é a expressão livre da criança no seu

contato com a natureza. Ao contrário da rígida disciplina e excessivo uso da memória

vigentes então, propôs serem trabalhadas com a criança: o brinquedo, o esporte, agricultura

e uso de instrumentos de variados ofícios, linguagem, canto, aritmética e geometria.

Através dessas atividades a criança estaria medindo, contando, pesando; portanto, estariam

sendo desenvolvidas atividades relacionadas à vida e aos seus interesses.

Rousseau, no contexto de sua época, formulou princípios educacionais que

permanecem até nossos dias, principalmente enquanto afirmava: que a verdadeira

finalidade da educação era ensinar a criança a viver e a aprender a exercer a liberdade. Para

ele, a criança não é educada para Deus, nem para a vida em sociedade, mas sim, para si

mesma: " Viver é o que eu desejo ensinar-lhe. Quando sair das minhas mãos, ele não será

magistrado, soldado ou sacerdote, ele será, antes de tudo, um homem".

Podemos afirmar que as idéias de Rousseau influenciam diferentes correntes pedagógicas,

principalmente as tendências não diretivas, no século XX.

2. João Pestalozzi nasceu em Zurique, Suíça, em 1746 e faleceu em 1827.

Exerceu grande influência no pensamento educacional e foi um grande adepto da

educação pública.

Democratizou a educação, proclamando ser o direito absoluto de toda criança ter

plenamente desenvolvidos os poderes dados por Deus. Seu entusiasmo obrigou governantes

a se interessarem pela educação das crianças das classes desfavorecidas. Podemos dizer que

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ele psicologizou a educação, pois quando ainda não havia a estruturação de uma ciência

psicológica e embora seus conhecimentos da natureza da mente humana fossem vagos, viu

claramente que uma teoria e prática corretas de educação deviam ser baseada em tal tipo de

conhecimentos.

Em 1782, em seu primeiro livro: Leonardo e Gertrudes, expressa suas idéias educacionais,

mas, a obra não foi considerada como um tratado educativo pelas figuras importantes da

época.

Pestalozzi decide ser mestre-escola, e vai então, em sua escola, procurar aplicar suas

idéias educacionais. Para ele a escola deveria aproximar-se de uma casa bem organizada,

pois o lar era a melhor instituição de educação, base para a formação moral, política e

religiosa.

Em sua escola, mestres e alunos ( meninos e adolescentes ) permaneciam juntos o dia todo,

dormindo em quartos comuns.

J Organização da escola:

º as turmas eram formadas com os menores de oito anos, com os alunos entre oito e onze

anos e outra turma com idades de onze a dezoito anos.

º as atividades escolares duravam das 8:00 as 17:00 horas e eram desenvolvidas de modo

flexível; os alunos rezavam, tomavam banho, faziam o desjejum, faziam as primeiras

lições, havendo um curto intervalo entre elas.

º duas tardes por semana eram livres, e os alunos realizavam excursões.

º os problemas disciplinares eram discutidos à noite; ele condenava a coerção, as

recompensas e punições.

Situação educacional vigente enquanto Pestalozzi introduzia suas reformas educacionais

A igreja controlava praticamente todas as escolas e não havia preocupações com a

melhoria da qualidade; as classes privilegiadas desprezavam o povo, os professores não

possuíam habilitação, existiam pouquíssimos prédios escolares e a ênfase educacional era

dada à memória. A revolução suíça ocorrida em 1799 havia liberado a classe desfavorecida

e, segundo Pestalozzi, somente a educação poderia contribuir para que o povo conservasse

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os direitos conquistados, isto é, a educação poderia mudar a terrível condição de vida

do povo.

Princípios Educacionais e Contribuições de Pestallozzi

⁄ o desenvolvimento é orgânico, sendo que a criança se desenvolve por leis definidas; a

gradação deve ser respeitada; o método deve seguir a natureza; a impressão sensorial é

fundamental e os sentidos devem estar em contato direto com os objetos; a mente é ativa; o

professor é comparado ao jardineiro que providência as condições propícias para o

crescimento das plantas.

⁄ crença na educação como o meio supremo para o aperfeiçoamento individual e social.

⁄ fundamentação da educação no desenvolvimento orgânico mais que na transmissão de

idéias memorizáveis.

⁄ a educação começa com a percepção de objetos concretos e conseqüentemente com a

realização de ações concretas e a experimentação de respostas emocionais reais.

⁄ o desenvolvimento é uma aquisição gradativa, cada forma de instrução deve progredir

de modo lento e gradativo.

⁄ conceituação de disciplina baseada na boa vontade recíproca e na cooperação entre

aluno e professor.

⁄ introdução de novos recursos metodológicos.

⁄ deu impulso à formação de professores e ao estudo da educação como uma ciência.

3. Maria Montessori nasceu na Itália, em 1870, e morreu em 1952. Formou-se em

medicina, iniciando um trabalho com crianças anormais na clínica da universidade, vindo

posteriormente dedicar-se a experimentar em crianças sem problemas, os procedimentos

usados na educação dos não normais.

Os princípios fundamentais do sistema montessori são: a atividade, a individualidade e a

liberdade. enfatizando os aspectos biológicos, pois, considerando que a vida é

desenvolvimento, achava que era função de educação favorecer esse desenvolvimento.

Os estímulos externos formariam o espírito da criança, precisando portanto ser

determinados.

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Assim, na sala de aula, a criança era livre para agir sobre os objetos sujeitos a sua ação,

mas estes já estavam preestabelecidos, como os conjuntos de jogos e outros materiais que

desenvolveu.

A pedagogia de Montessori insere-se no movimento das Escolas Novas, uma oposição

aos métodos tradicionais que não respeitavam as necessidades e os mecanismos evolutivos

do desenvolvimento da criança. Ocupa um papel de destaque neste movimento pelas novas

técnicas que apresentou para os jardins de infância e para as primeiras séries do ensino

formal.

O material criado por Montessori tem papel preponderante no seu trabalho educativo

pois pressupõem a compreensão das coisas a partir delas mesmas, tendo como função a

estimular e desenvolver na criança, um impulso interior que se manifesta no trabalho

espontâneo do intelecto.

No trabalho com esses materiais a concentração é um fator importante. As tarefas são

precedidas por uma intensa preparação, e, quando terminam, a criança se solta, feliz com

sua concentração, comunicando-se então com seus semelhantes, num processo de

socialização.

A livre escolha das atividades pela criança é outro aspecto fundamental para que exista a

concentração e para que a atividade seja formadora e imaginativa. Essa escolha se realiza

com ordem disciplina e com um relativo silêncio.

O silêncio também desempenha papel preponderante. A criança fala quando o trabalho

assim o exige, a professora não precisa falar alto.

Pés mãos tem grande destaque nos exercícios sensoriais(não se restringem apenas aos

sentidos), fornecendo oportunidades às crianças de manipular os objetos, sendo que a

coordenção se desenvolve com o movimento.

Em relação à leitura e escrita, na escola montessoriana, as crianças conhecem as letras e

são introduzidas na análise das palavras e letras; estando a mão treinada e reconhecendo as

letras, a criança pode escrever palavras e orações inteiras.

Em relação à matemática os materiais permitem o reconhecimento das formas básicas,

permitem o estabelecimento de graduações e proporções, comparações, induzem a contar e

calcular.

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4. Comenius foi o criador da Didática Moderna e um dos maiores educadores do

século XVII; já no século XVII, ele concebeu uma teoria humanista e espiritualista da

formação do homem que resultou em propostas pedagógicas hoje consagradas ou tidas

como muito avançadas. Entre essas idéias estavam : o respeito ao estágio de

desenvolvimento da criança no processo de aprendizagem, a construção do conhecimento

através da experiência, da observação e da ação e uma educação sem punição mas com

diálogo, exemplo e ambiente adequado. Comenius pregava ainda a necessidade da

interdisciplinaridade, da afetividade do educador e de um ambiente escolar arejado, bonito,

com espaço livre e ecológico. Estão ainda entre as ações propostas pelo educador checo:

coerência de propósitos educacionais entre família e escola, desenvolvimento do raciocínio

lógico e do espírito científico e a formação do homem religioso, social, político, racional,

afetivo e moral.

Jan Amos Komenský, nome original de Comenius, nasceu em 28 de março de 1592, na

cidade de Uherský Brod (ou Nivnitz), na Moravia, região da Europa central pertencente ao

antigo Reino da Boêmia (atual República Tcheca). Com a morte dos pais, vence muitas

adversidades e estudou Teologia na Faculdade Calvinista de Herbon (Nassau) onde foi

aluno de Alsted e se familiarizou com a obra de Ratke sobre o ensino das Línguas.

Começou nessa época a elaboração de um Glossário Latino-Checo no qual trabalhou cerca

de 40 anos e que perdeu quando Leszno, cidade em que então vivia (1656) foi invadida por

um exército católico e incendiada.

Com 26 anos de idade, regressa à Morávia. Foi professor na sua antiga escola e tornou-

se pastor religioso em Fulnek. Assume então o encargo de dirigir as escolas do Norte da

Morávia. Mas a insurreição da Boemia, que praticamente dá início à guerra dos 30 anos, vai

marcar em definitivo a sua vida.

A guerra político-religiosa e que foi também uma guerra civil com brutal perseguição

aos não católicos, obrigou Comenius a deixar a sua igreja e a entrar em clandestinidade. As

perseguições religiosas acentuam-se e Comenius trabalha para ajudar os seus irmãos na fé.

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Expulso da Boemia em 1628, refugiou-se em Leszno, na Polonia. A partir daí, e durante

42 anos, percorre a Europa (não católica) trabalhando sem descanso pelo seu país e pelos

projetos científicos e educacionais que o movem. Alimenta e divulga o seu sonho

reformista de, por meio da Pansophia, promover a harmonia entre os indivíduos e as

nações. Desenvolve então suas principais idéias sobre educação e aprofunda um dos

grandes problemas epistemológicos do seu tempo – que era o do método. Escreveu a Janua

Linguarum Reserata e a Didactica Magna (1633-38), sempre buscando seus objetivos

fundamentais "de uma reforma radical do conhecimento humano e da educação" – unidos e

sistematizados numa ciência universal.

Alguns amigos tentaram fazê-lo sair de Leszno e fizeram chegar o seu trabalho ao

conhecimento de Luis de Geer, filantropo sueco de origem alemã. Foram esses mesmos

amigos que publicaram uma obra sua, com o título Prodomus Pansophiae, livro esse que

mereceu a atenção do próprio Descartes. Em 1641, vai para Londres com a missão de

estabelecer algum entendimento entre o Rei e o Parlamento, e fundar um círculo de

colaboração pansófica. Aí permaneceu durante um ano.

Em 1642 recebe um convite de Luís de Geer e do governo de Estocolmo para

promover a reforma do sistema escolar da Suécia, onde permaneceu por seis anos, porém,

sua missão na Suécia não teve o êxito esperado, pois suas idéias, particularmente as

religiosas, não foram bem aceites pelos luteranos suecos. Em 1648 estabelece-se em

Elbing, na Prússia oriental, (então território sueco) e escreve o Novissima Linguarum

Methodus, publicado em Leszno. Começou nova obra com vistas à reforma universal da

sociedade, trabalho este que o autor não chegou a concluir e que era o De rerum

humanorum emendatione Consultatio catholica; sendo que segundo muitos autores esta

obra inacabada é a que mostra de modo mais claro a grande consistência entre o seu

pensamento filosófico, educacional e social.

Continuou a ter uma vida bastante atribulada e movimentada, produzindo cerca de 200

títulos, vindo a morrer no dia 15 de novembro de 1670, em Amesterdam.

Comenius foi o pai da Didática Moderna, uma voz quase solitária em seu tempo, defendia a

escola como o "locus" fundamental da educação do homem, sintetizando seus ideais

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educativos na máxima: "Ensinar tudo a todos", e que para ele (1997, p.95), significava os

fundamentos, os princípios que permitiriam ao homem se colocar no mundo não

apenas como espectador, mas, acima de tudo, como ator.

O objetivo central da educação comeniana era formar o bom cristão, o que deveria ser sábio

nos pensamentos, dotado de verdadeira fé em Deus e capaz de praticar ações virtuosas,

estendendo-se à todos: os pobres, os portadores de deficiências, os ricos, às mulheres.

Suas concepções teóricas apresentavam consistência na articulação entre suas diversas

facetas: do filosófico ao religioso, passando pela organização e divulgação do saber, pelo

processo educativo de todos, e pela reforma da sociedade; mas, nem por isso pode garantir

que fossem postas em prática de uma maneira mais ampla ou que obtivessem à sua época

um maior reconhecimento de seus pressupostos inovadores; logicamente no contexto

histórico da época e também da trajetória de vida do autor. Não podemos desvincular o que

uma pessoa faz, da sua filosofia de vida, seus ideais, sonhos, frustrações e experiências. Sua

obra deve ser analisada no contexto em que surgiu: o Renascimento e a Reforma religiosa.

No que diz respeito à Educação o ideal pansófico evidencia-se no desejo e possibilidades de

ensinar tudo e todos. Esta necessidade se forjava e se sustentava na crença de que Deus, em

sua infinita bondade, colocara a redenção ao alcance da maioria dos seres humanos, mas

para tanto era necessário educá-los convenientemente. Dizendo em outras palavras, para o

autor, negar oportunidades educacionais era antes ofender a Deus do que aos homens. A

Pansophia constitui uma forma de organização do saber, um projeto educativo e um ideal

de vida. Para que se obtenha esse ideal o processo a ser desenvolvido é a Pampaedia , ou

educação universal através da qual se conseguirá a reforma global das "coisas humanas" e

um mundo perfeito ou Panorthosia.

Comenius aponta como necessária a constante busca do desenvolvimento do indivíduo e do

grupo, pois um melhor conhecimento de si mesmo e uma melhor capacidade de autocrítica

levam a uma melhor vida social, assim como deve haver a solidez moral que pode ser

conseguida por meio da educação. Para ele, didática é ao mesmo tempo processo e tratado.

É tanto o ato de ensinar como a arte de ensinar.

A arte de ensinar é sublime pois destina-se a formar o homem, é uma ação do

professor no aluno, tornando-o diferente do que era antes. Ensinar pressupõe conteúdo

a ser transmitido, e eles são postos pela própria natureza: são a instrução, a moral e a

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religião. O conhecimento que temos da natureza serve de modelo para a exploração e

conhecimento de nós próprios. Mas não é a natureza "natural" o exemplo a ser imitado, mas

a natureza "social". Sua proposta pedagógica dirige-se sobretudo à razão humana,

convocando-a a assumir uma atitude de pesquisa diante do universo e de visão integrada

das coisas. Pretendia que o homem deve ser educado com vistas à eternidade, pois, sendo

Espírito imortal, sua educação deveria transcender a mera realização terrena.

Salientava a importância da educação formal de crianças pequenas e preconizou a criação

de escolas maternais por toda parte, pois deste modo as crianças teriam oportunidades de

adquirir desde cedo as noções elementares das ciências que estudariam mais tarde.

Comenius defendia a idéia de que a aprendizagem se iniciava pelos sentidos pois as

impressões sensoriais obtidas através da experiência com objetos seriam internalizadas e,

mais tarde, interpretadas pela razão. Seu método didático constituiu-se basicamente de três

elementos: compreensão, retenção e práticas. Através delas se pode chegar a três qualidades

fundamentais: erudição, virtude e religião, a quais correspondem três faculdades que é

preciso adquirir: intelecto, vontade e memória.

O método deve seguir os seguintes momentos:

‚tudo o que se deve saber deve ser ensinado;

‚qualquer coisa que se ensine deverá ser ensinada em sua aplicação prática, no seu uso

definido;

‚deve ensinar-se de maneira direta e clara;

‚ensinar a verdadeira natureza das coisas, partindo de suas causas;

‚explicar primeiro os princípios gerais;

‚não abandonar nenhum assunto até sua perfeita compreensão;

‚dar a devida importância às diferenças que existem entre as coisas.

A obra de Comenius constitui-se num paradigma do saber sobre a educação da infância e

da juventude, através de uma "nova tecnologia social": a escola. A Didática Magna

apresenta as características fundamentais da instituição escolar moderna. Entre elas

podemos apontar: a construção da infância moderna já como forma da uma pedagogização

dessa infância por meio da escolaridade formal; uma aliança entre a família e a escola por

meio da qual a criança vai se soltando a influência da órbita familiar para a órbita escolar;

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uma forma de organização da transmissão dos saberes baseada no método de instrução

simultânea, agrupando-se os alunos e, não menos importante, a construção de um lugar de

educador, de mestre, reservado para o adulto portador de um saber legítimo.

Tal plano se desenvolve tendo em vista a evolução do homem da infância à juventude já

antecipando ROUSSEAU.

: 1.2 Lev Semyonovitch Vygotsky

Os estudos apresentados por ele, vêm contribuir para a qualidade

educacional, auxiliando os educadores a compreender e atuarem de forma correta no

processo de aprendizagem e assim ajudar o educando a adquirir o que está sendo ensinado.

É interessante conhecer a vida e o trabalho de um psicólogo que a muitos

anos atrás fez novas descobertas e hoje nos nossos dias, elas têm sido trabalhadas,

pesquisadas e colocadas em prática por vários educadores.

As descobertas de Vygotsky vem ajudar o professor no complexo mundo da

aprendizagem, mas por motivos políticos, suas obras foram censuradas e chegaram ao

Ocidente apenas nos anos 60(sessenta) – no Brasil, só no início da década de 80(oitenta).

Ele nasceu na cidade de Orsha, na Bielo-Rússia, no dia 5 de novembro de

1896, mas com cerca de um ano de idade sua família mudou-se para a cidade de Gomel

nesse mesmo país.

Gomel situava-se dentro do chamado “Pale”, um território delimitado, onde

eram confinados os judeus na Rússia Czarista. Ali passou sua infância recebendo educação

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primária de Salomn Ashpiz, um matemático judeu que regressara há pouco de seu exílio na

Sibéria.

Vygotsky entrou na faculdade de Medicina, mas após um mês de aulas,

trocou-a por Direito, mas a medicina voltou quando já era um psicólogo de renome porque

queria bases neurofisiológicas para o estudo da mente que vinha desenvolvendo.

Em 1917, graduou-se na Universidade de Moscou na especialização de

literatura, lecionando essa disciplina e também psicologia em Gomel.

Foi considerado um visionário, ele se posicionou contra as correntes de

pensamento que eram aceitas em sua época.

Trouxe para a educação a mais extraordinária revolução do século XX, com

a ajuda de seus discípulos russos, assim ele começa a pesquisar a mente humana mostrando

que não mais se busca comprendê-la através de comportamentos, mas pela ação dos

neurônios e suas sinapses, posto que os comportamentos são tímidas manifestações destas.

Ele defendeu a idéia de que o indivíduo não nasce pronto nem é cópia do

ambiente externo. Em sua evolução intelectual há uma interação constante e ininterrupta

entre processos internos e influências do mundo social.

Vygotsky se contrapôs ao pensamento inatista, segundo o qual as pessoas

já nascem como um copo vazio e são formadas de acordo com as experiências às quais são

submetidas.

Ele entende que o desenvolvimento é fruto de uma grande inflluência das

experiências do indivíduo, mas cada pessoa dá um significado particular a essas vivências.

O jeito de cada um aprender o mundo é individual. Para ele, desenvolvimento e

aprendizado estão intimamente ligados: nós só nos desenvolvemos se (e quando)

aprendemos.

A idéia de que quanto maior for o aprendizado, maior o desenvolvimento

suscitou erros de interpretação, com isso muitas escolas passaram a difundir um ensino

enciclopédico, imaginando que quanto mais conteúdo passassem para os alunos mais eles

se desenvolveriam, mas Vygotsky afirma que para as informações serem assimiladas elas

precisam fazer sentido.

Sabe-se que aprender não é copiar ou reproduzir a realidade, aprendemos na

escola também, quando somos capazes de formar uma representação pessoal sobre um

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objeto da realidade ou conteúdo que desejamos aprender. Quando um aluno ouve que “A

Princesa Isabel assinou a Leia Áurea, e que os escravos foram a partir daí libertos da

escravidão’, ele reproduz essa afirmação de maneira mecânica como um papagaio o faria,

sem ter o mínimo entendimento do que está falando, o aprendizado não se torna

significativo, mas se ele elabora uma representação pessoal desse conteúdo, aproximando-

se do mesmo, com a finalidade de “retê-lo”, não se trata de uma aproximação a partir do

nada, mas a partir de experiências, interesses e conhecimentos prévios que possam dar

sentido a essa aproximação. “A Princesa Isabel assinou a Lei Àurea” ou será frase dita sem

sentido e, por esse motivo, jamais assimilada, ou ganhará sentido porque essa criança

possui alguns saberes sobre o que é uma lei, o que significa assinar, ela já experimentou e

aplicou diversas vezes o verbo assinar em seu viver com os outros e sabe que as pessoas

possuem nomes e que uma delas chamou-se “Isabel”. Ao “reter” o conteúdo da afirmação e

associar aos seus saberes, é possível apreender-se que realmente a Lei Áurea foi assinada

por uma princesa chamada Isabel. Nesse processo não só modifica o que já possuía, mas

também consegue interpretar o novo de forma especial, e assim compreendendo e retendo

o que foi estudado.

Quando ocorre tal processo, dizemos que a criança aprendeu

significativamente, construindo um sentido próprio e pessoal para um objeto do

conhecimento já existente.

Com muita pesquisa e estudo Vygostky identificou a zona de

desenvolvimento proximal(ZDP), que é a distância entre aquilo que a criança sabe fazer

sozinha(o desenvolvimento real) e o que é capaz de realizar com ajuda de alguém mais

experiente( o desenvolvimento potencial)

Pode-se dizer que a ZDP seria o espaço no qual, graças á interação e

à ajuda de outros, uma determinada pessoa pode realizar uma tarefa de uma maneira e em

nível que não seria capaz de alcançar individualmente.

Para Vygotsky é exatamente na ZDP que pode surgir novas

maneiras de pensar e onde, graças à ajuda de outras pessoas, pode ativar o processo de

modificação de esquemas de conhecimentos que se tem, construindo-se novos saberes

estabelecidos pela aprendizagem escolar.

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É importante destacar que a ZDP não é propriedade deste ou daquele

aluno e , menos ainda, deste ou daquele professor, mas é um espaço teórico gerado na

própria interação entre o educador e o educando em função dos esquemas de conhecimento

sobre a tarefa a ser realizada.

De acordo com Vygotsky o que cria a ZDP é um traço essencial da

aprendizagem, ou seja, a aprendizagem desperta uma série de processos evolutivos internos

capazes de operar apenas quando a criança está em interação com as pessoas de seu meio e

em cooperação com outra pessoa. Uma vez que esses processos tenham se internalizado,

tornam-se parte das conquistas evolutivas independentes das crianças.

O agente gerador da ZDP é o professor e ele é responsável pela

aprendizagem significativa.

Assim ele trouxe novas descobertas para ajudar o professor no

complexo mundo da aprendizagem, assim o aluno passa de receptor a construtor(como

centro do processo) e o professor, de transmissor a mediador. O conhecimento, por sua vez,

deixa de ser visto como um conjunto de verdades absolutas e passa a ser considerado como

o conjunto de verdades variáveis, de acordo com a época. Estas são, aliás, condições

fundamentais para que o ensino seja significativo e atenda ás necessidades de formação em

uma sociedade dinâmica e complexa.

A1 Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre organizou o

ensino com base numa pesquisa socioantropológica feita na comunidade a cada início do

ano. Nas falas dos moradores, a cultura do grupo é detectada, o que será estudado toma

como ponto de partida as vivências coletivas. Assim, tornam-se significativas para todos os

alunos.

Percebe-se assim os estudos de Vygotsky sendo usados nos nossos

dias, para que haja um aprendizado real por parte dos alunos e todos possam ganhar dentro

deste processo.

1 Nova Escola – Janeiro/Fevereiro, 2001

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c CAPÍTULO II d

Qualidade na educação “ Nenhuma mudança se justifica, até que mudamos a educação. Sem qualidade na educação jamais teremos qualidade nos demais setores da sociedade.” Lloyd Dobyns

Ao longo de muitas décadas a educação foi ignorada e o Brasil tem colhido

resultados nada satisfatório junto à sociedade, culminando com um alto índice de

analfabetismo, repetência e muita evasão escolar.

Esta situação se deve à falta de formulação de uma estratégia de desenvolvimento

dentro da área educacional.

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Nosso país deve adotar uma concepção de qualidade no ensino, não se deve fazer

meras cópias de modelos já existentes de países desenvolvidos, mas estudarmos

profundamente as necessidades de cada comunidade escolar e a partir daí se realizar

mudanças reais que possam gerar qualidade na área educacional, não somente para o corpo

discente mas para o corpo docente.

Hoje em dia há uma busca na qualidade na área educacional. Todos anseiam por

uma educação real e sempre construtiva na qual o aluno cresça e seja um cidadão melhor.

Sabe-se que a escola perfeita não existe, existem sim pessoas que lutam por uma

real qualidade de aprendizagem dentro da escola que trabalha.

As idéias de melhorias na educação crescem, graças a quantidade de informação e

conhecimento que se tem, principalmente com o uso da Internet.

Atualmente temos influências de grandes pedagogos e estudiosos que estiveram

lutando para terem qualidade na educação, qualidade esta tanto para o corpo docente quanto

para o corpo discente.

O mestre em Ciência Política, doutor em Economia professor Valter Duarte F. Filho

em 2 entrevista dada lembra que

”o Rio de Janeiro já teve um dos melhores ensinos do mundo, ele define como o maior problema da educação pública a falta de preocupação dos governantes com a qualidade.”

Muitos afirmam que não podemos ficar só esperando que o governo faça, temos que

agir, mas muitos desconhecem as atividades do corpo docente que trabalha em várias

escolas e lutam por uma educação de qualidade onde os alunos construam não só

intelectuamente mas também de forma prática. Exemplo disto é os prêmios que a revista

Nova Escola tem dado ao Professor Nota 10, aquele que apresenta uma experiência de

ensino/aprendizagem de boa qualidade. Observa-se que há profissionais que desejam uma

qualidade na área educacional.

Não se pode esquecer que deve haver também qualidade humana para todos os

profissionais que direta ou indiretamente atuam no processo educacional e também

oportunizar as pessoas de utilizarem plenamente suas capacidades.

2 Folha Dirigida – 21 a 27 de março de 2002

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Nesse envolvimento com as pessoas, existem algumas vantagens colhidas, quando

se possibilita que cada indivíduo se sinta responsável pelo processo que executa.

O estímulo ao trabalho em grupo também é vantajoso, devido a união das

competências e forças para melhoria do serviço.

Deve haver a melhoria contínua das Atividades da Escola – movimento permanente

de repensar e revisar o trabalho.

A construção da melhoria das atividades é permanente em busca de novos

patamares. Os critérios padrões(indicadores) definidos para O Prêmio Nacional de

Qualidade(Brasil),permitem avaliar a escola, e a partir dessa avaliação, transformá-la em

uma Escola de Qualidade.

Deve-se enfatizar a necessidade de aperfeiçoar a rotina de trabalho. É óbvio que o

resultado final depende diretamente de como as atividades ocorreram no dia-a-dia. A partir

do sistema atual , é importante aperfeiçoá–lo, planejando cuidadosamente e

implementando a inovação.

Outro aspecto que se deve analisar cuidadosamente é as necessidades de cada escola

e da comunidade onde ela está inserida.

A qualidade deve ser buscada em cada setor da escola e não somente junto a um

grupo.

Não se pode esquecer que a competitividade é marcante e por isso aumentou o grau

de exigência. Entre os cuidados necessários, está o preparo adequado do indivíduo para

competir em condições de igualdade na sociedade capitalista.

Infelizmente poucas escolas públicas oferecem condições aos seus alunos de

competirem e saírem vencedores.

Será benéfico para toda sociedade quando houver uma união entre as escolas, no

sentido de uma escola compartilhar com a outra o que está melhorando a qualidade de

ensino da sua escola, exemplificando, em uma determinada região onde exista vinte

escolas, essas escolas se reúnem e cada uma mostra as técnicas administrativas e

pedagógicas que estão gerando qualidade de ensino naquela instituição. Temos assim uma

troca construtiva dentro da área educacional e não uma competitividade entre elas, assim

ocorre um momento no qual todos buscam juntos a qualidade, toda sociedade ganha com

esta atitude.

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Infelizmente o Brasil não entendeu de uma forma real o que é Qualidade(com Q

maiúsculo).

Não adianta capacitar o professor com vários cursos e palestras, se ao voltar para a

escola ele não encontra condições para colocar em prática tudo que aprendeu, ao contrário

o professor se sente frustrado em não poder crescer com os seus alunos e juntos

construírem o entendimento de uma determinada matéria.

Diversas medidas têm sido tomadas, muitas mudanças têm ocorrido para que haja

melhora no sistema educacional, muitos falam sobre este assunto . A conselheira Guiomar

Namo afirma que 3”O que melhora o ensino é o professor dentro da sala de aula”. A

posteriori o principal é dar ao professor condições de trabalho(biblioteca na escola, recurso

audiovisual, material didático, e quantidade equilibrada de alunos em sala)para que ele

possa realizar um bom trabalho junto com os seus alunos, isto sim melhora o ensino.

A escola não é só professores e alunos, os professores dependem de uma equipe que

seja ativa e realmente atue em suas funções, é necessário a presença de psicopedagogos,

fonoaudiólogos, orientadores educacionais e pedagógicos para que todos atuem unidos para

identificarem e solucionarem os desvios de aprendizagem tão presentes em nossas escolas,

tudo pela qualidade educacional.

A4 Professora Doutora Margot Madeira considera que “a preocupação com a educação só existe em discursos. Todos dizem que ela

será uma prioridade mas não vejo as políticas se encaminharem para isso. Podem até argumentar que várias escolas foram criadas. Mas e o processo pedagógico dessas escolas? Será que é de qualidade? A boa educação deveria ser uma prioridade de verdade e não só um discurso.”

É muito difícil obter a qualidade educacional, não por causa dos professores, como

alguns gostam de dizer, mas o que se enfrenta é a falta de real compromisso e empenho

para que mude esta situação.

O jornalista 5Fritz Utzeri em um dos seus artigos percebe a terrível crise no ensino brasileira e de forma inteligente escreve:

”Houve um fato novo no final dos anos 50(cinqüenta), um investimento maciço em educação. Como faze-lo? Valorizando a profissão de professor, buscando atrair as melhores cabeças, pagando muito bem aos mestres, incentivando a sua formação e o aperfeiçoamento e cobrando resultados. Não parece complicado.

3 Folha Dirigida(especial)-Agosto de 1998 4 Folha Dirigida – 18 a 24 de julho de 2002 5 Jornal do Brasil – 07 de janeiro de 2002

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Qual seria o político brasileiro que ousaria defender uma proposta simples como

esta: que tal tornar a carreira do magistério a mais valorizada(e bem paga) do serviço

público? Será que quando pensamos em professor ou professora temos que associar a sua

atividade a um contracheque miserável que não permite ao mestre sequer a compra de

livros para se atualizar? Nas estatísticas vamos bem, temos 94% das crianças na escola, mas

que escola?

O que ensina de fato a escola brasileira? Ela prepara cidadãos e profissionais

qualificados? Por que estes assuntos não são discutidos?

Janet Reno, ex-procuradora geral dos Estados Unidos, disse na revista To Teach –

The Journey of a Teacher de novembro de 2000:”Podemos mandar homens à Lua...

Pagamos uma enorme quantia aos nossos atletas. Por que não podemos pagar os

professores?

Não se pode deixar de mencionar que dentro da área de qualidade educacional é

fundamental que se valorize o professor com melhores salários e melhores condições de

trabalho. Muito é exigido do professor, mas pouquíssimo é dado para este profissional. Não

existe outra profissão que exija tanto da pessoa e em que a compensação financeira seja tão

pequena.

J Qualidade tem que estar presente no setor da educação, da seguinte forma:

Biblioteca nas escolas

Laboratório de informática

Videoteca

Menor quantidade de alunos em sala(hoje há até 50 alunos)

Remuneração salarial melhor para os educadores

Mobiliário escolar em boa condição e em número suficiente para os alunos e

professores

Atuação democrática da direção dentro da escola(sempre conversando com os

professores sobre as decisões que devem ser tomadas)

O grande educador Comenius pregava a necessidade de um ambiente escolar

arejado, bonito,com espaço livre e ecológico para uma qualidade educacional.

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A qualidade já existe – qualidade de vida, qualidade de educação, qualidade de

saúde, mas apenas para alguns. Boa e muita qualidade para uns e má qualidade para

outros.

A qualidade na escola pública é inócua se não se mexer na estrutura de distribuição

de riquezas e recursos.

Sabe-se que as dificuldades são muitas e também bastante árduas, mas não podem

ser ignoradas, devem ser enfrentadas e modificadas.

O grande presidente americano Roosevelt dizia: ”Os desafios são muitos e são complexos, mas importa muito mais estar no caminho, cair e se levantar, do que ficar à beira, não cair, e não ter nunca o mérito de vencer.” É visível que a caminhada é longa, deve haver uma grande conscientização do

poder público, para que ocorra uma qualidade educacional, mas não deve ficar só no campo

da conscientização, mas que se atinja o campo da prática. De nada adianta a consciência

sem ação.

Ter consciência de que é preciso oferecer uma educação que propicie o indivíduo a

transformar a realidade e a sobreviver no mundo atual.

Contudo, só ter consciência não transforma o indivíduo nem a sociedade. Ter

consciência de estar doente não cura ninguém.

“Visão sem ação, não passa de um sonho.

Ação sem visão é só um passatempo.

Visão com ação, pode mudar o mundo.”

Joel Artur Barter

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: 2.1 Excesso de alunos em sala de aula

Todos querem uma educação de qualidade, com isso várias teorias da

aprendizagem são estudadas e ensinadas aos professores, mas muitos que ensinam estas

teorias não tocam em um ponto muito importante que influência grandemente na qualidade

da educação, que é o excesso de alunos em sala de aula, problema este enfrentado por

vários professores.

Constata-se nos parâmetros6 Curriculares Nacionais (1998,página 21)que

o processo de aprendizagem de uma língua estrangeira é muito difícil nas escolas públicas

principalmente devido as classes superlotadas, que inviabiliza o ensino das quatros

habilidades comunicativas.

O professor enfrenta muitas dificuldades em uma turma com mais de

trinta alunos, pois observamos que o processo educativo não se realiza plenamente,

principalmente por não dar atenção a cada aluno, isto acontece não só com o professor de

idiomas, mas com relação as outras disciplinas estudadas pelos alunos.

Não se pode esquecer que para termos uma boa qualidade não se deve

exagerar na quantidade de alunos em sala de aula.

6 Parâmetros Curriculares do MEC

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O professor muitas vezes não consegue realizar um bom trabalho em

sala, pois a sua turma esta superlotada e muito menos manter um vínculo com seus alunos.

É muito difícil se formar um cidadão consciente sem se dar a atenção a

ele, sem conhecê-lo de forma concreta.

Há uma evasão muito grande de alunos no Brasil, mas como o professor

pode ir ao encontro de todas as necessidades de seus alunos em uma turma que possui

excesso de alunos?

A cada dia percebe-se que a prática educativa não é apenas uma

exigência da vida em sociedade, mas ela deve ser um processo que possibilite aos alunos

conhecimentos e experiências culturais que os tornam aptos a atuar no meio social e a

transformá-lo em função de necessidades econômicas, sócias e políticas dentro da sua

comunidade. Como o professor pode participar nesta prática educativa de uma forma

concreta, desenvolvendo atividades significativas em uma classe superlotada?

O objetivo primordial da escola pública é a preparação das crianças e

jovens para que possam ter uma participação ativa na vida social em seu país. Esta palavra

preparação tem um grande peso, o professor junto com a família tem esta responsabilidade

de aos poucos promover o crescimento de novas vidas.

Hoje em dia muitas pessoas têm a forma incorreta de colocar a

responsabilidade somente em cima da escola para que os alunos tenham uma boa educação,

não podemos deixar de mencionar a responsabilidade pertence também aos pais dos alunos,

sem os quais a escola terá muitas dificuldades para ajudar o aluno.

Percebe-se que o excesso de alunos em sala é um grande problema

enfrentado por vários professores ao longo dos anos, o grande professor e pedagogo francês

Célestin Freinet ao longo da sua vida profissional enfrentou este problema e tentou dividir

as suas classes em grupos de alunos.

“Em se tratando apenas de instruir crianças, talvez se pudesse

aceitar, em certos casos, que elas fossem muitas.”

Célestin Freinet

Sabe-se que hoje se deseja muito mais que apenas instruir crianças, a criança

merece toda atenção e o professor fica perdido não tendo condições de utilizar as sua

técnicas educacionais de forma satisfatória a fim de que possa assim ajudar os seus alunos

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no crescimento e desenvolvimento de sua inteligência. O professor Bruno Pucci, diretor da

Faculdade de Educação da Universidade Metodista de Piracicaba(SP) diz

7 ”Eu acredito que o professor possa fazer de suas aulas um espaço de debate,reflexão e aprofundamento, no qual os alunos, aos poucos, adquirem ferramentas para pensar mais, dar uma dimensão rica e inovador às palavras. Ou seja, educar as pessoas não só para raciocinar, mas também para serem receptivas e sensíveis às outras pessoas e aos acontecimentos.”

Uma exigência feita a escola, desenvolver o pensamento crítico , ensinar a

pensar, como este processo primordial da educação pode ocorrer em uma sala de aula que

muitas vezes apresenta mais de 40(quarenta)alunos em sala? Como dar a oportunidade a

todos se expressarem e ensinar a eles como transmitir as suas idéias?

Quando alguém se comunica com outra pessoa, não se transmite apenas uma

informação. Essa pessoa passa o que pensa, o que sente. E o outro percebe isto.Torna-se

impossível estabelecer relação com 40(quarenta)alunos na sala de aula. Educação é um

processo que pressupõe relação. Se a turma é muito grande, como o professor pode

acompanhar a evolução de cada aluno?

Torna-se muito difícil para o professor atuar de forma satisfatória indo ao

encontro dos ansêios dos seus alunos, tirando as dúvidas que apareçam e junto com os

alunos encontrarem a solução.

Escola de sucesso – os docentes podem acompanhar o desenvolvimento dos

alunos nas atividades, corrigir e orientar as lições de casa, assegurando a compreensão dos

conteúdos, com incentivo à participação do estudante. O professor pode conhecer todos os

alunos pelo nome.

Lev Vygotsky apresenta os seus estudos fazendo a seguinte observação, que a

pessoa só aprende quando as informações fazem sentido para ela, como o professor pode

aplicar de forma real este estudo em uma turma com excesso de alunos?

Muito tem se falado sobre qualidade na educação, mas deve-se haver uma

maior atuação para que se conquiste a qualidade em nossas escolas.

A professora X trabalha em duas escolas, em uma delas ela tem uma turma

com 25(vinte e cinco)alunos e na outra turma em outro colégio ela tem uma turma com

40(quarenta)alunos, não é só uma turma que esta professora leciona, são seis turmas em

cada colégio, na escola onde ela tem 25(vinte e cinco)alunos,esta professora consegue fazer 7Nova escola on line – 08/08/01 às 13h

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um bom trabalho, conhece os alunos pelos seus nomes, há uma interação professor e

alunos, consegue detectar as dúvidas dos alunos e ajudá-los, já com as turmas de

40(quarenta)alunos ocorre o contrário, o trabalho se torna muito mais complicado, não há

uma interação com todos os alunos e não e consegue fazer um trabalho satisfatório.

A qualidade na área da educação, não é apenas apresentar estatísticas, mas

ela deve ser buscada na forma real da palavra, sem excesso de alunos em sala de aula. A

qualidade na escola deve ser centrada no aluno e não em estatísticas que ao final do ano

mostram que houve grande número de aprovação sem qualidade real.

Maria Ângela Barbato Carneiro professora de Política da Educação da PUC – SP em entrevista dada a Nova Escola on-line diz:”

8 que não adianta educar as crianças em unidades sem estrutura. Ela acusa o governo brasileiro de colocar todas as crianças na escola “a toque de caixa”para cumprir acordos internacionais que tem objetivos estatísticos.”

Outro ponto de destaque é a configuração espacial nas salas de aula

brasileiras, pode-se comparar as salas de aula como um ônibus – todos os alunos sentados

virados para o professor que dirige o ônibus. Esse tipo de arranjo espacial é estranho já que

se busca uma educação de qualidade e o envolvimento diretamente dos alunos no processo

de aprendizagem.

Quando o professor tem oportunidades para trabalhar com a turma em

grupos ou em círculos os alunos têm a chance de participar muito mais e a partir daí o

professor pode fazer uma avaliação real dos seus alunos, mas tudo isso pode acontecer

desde o momento que seja dado condições de trabalho favoráveis ao corpo docente.

Constata-se que muito se tem falado e escrito sobre os estudos de Vygotsky.

Ele tem como questão central a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o

meio, será que com o excesso de alunos em sala de aulas, impossibilitando que as mesas e

cadeiras da sala possam ser movidas, poderemos colocar isto dito por Vygotsky em nossas

salas de aula?

8 Nova escola on line – 08/08/01 às 14h

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Não adianta dar palestras para os professores sobre os estudos realizados na

área educacional e trazer teorias, há necessidade que as escolas tenham estrutura para que

depois sejam feitas as modificações necessárias na organização do ensino brasileiro.

:2..22 Atuação da psicopedagogia

A cada dia é apresentado a todos nós que os alunos precisam de ajuda para o

seu desenvolvimento escolar, muitas vezes as famílias não conseguem detectar o problema

e outras não dão a mínima atenção as crianças para perceberem que seus filhos estão tendo

dificuldades nos estudos.

O professor sente-se perturbado pois aquele aluno não consegue progredir nos

estudos, ele usa de todas as técnica pedagógicas mas nada muda, então este professor busca

o auxílio de um psicopedagogo para que ele possa ajudá-lo a modificar a situação.

O movimento da Psicopedagogia no Brasil remete ao seu histórico na

Argentina. Devido à proximidade geográfica e ao acesso fácil à literatura(facilidade da

língua), as idéias dos argentinos muito têm influenciado a prática brasileira.

Como nas primeiras décadas os psicólogos argentinos não tinham permissão

de clinicar, a educação surgiu para eles como uma área efetiva de trabalho. Devido a esta

dedicação, quase exclusiva, foram levados a produzir toda uma metodologia sobre a

chamada dificuldade de aprendizagem, dando origem a atual Psicopedagogia.

Houve uma transferência desses valores argentinos para o Brasil, através de

estudantes e professores pós-graduandos que acabaram estabelecendo-se aqui.

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Muitos trabalhos de autores argentinos são encontrados aqui, os quais

constituem os primeiros esforços no sentido de sistematizar um corpo teórico próprio da

Psicopedagogia por exemplo: Sara Paín(Diagnóstico e Tratamento dos Problemas de

Aprendizagem, Psicopedagogia Operativa e A Função da Ignorância), Jorge Visca(Clínica

Psicopedagógica e Psicopedagogia:Novas contribuições), Alicia Fernández(A Inteligência

Aprisionada).Essas obras constituem, em geral, a bibliografia básica das disciplinas que

apresentam os fundamentos teóricos da Psicopedagogia nos cursos de formação da área.

Através de pesquisas constata-se que a origem do pensamento argentino

acerca da Psicopedagogia está fortemente marcada pela literatura francesa, autores como

Jacques Lacan, Janine Mery, Maud Mannoni e outros, são freqüentemente citados nos

trabalhos argentinos.

Devido aos estudos pode-se dizer que a Psicopedagogia não nasceu aqui

nem na Argentina, observa-se que a preocupação com os problemas de aprendizagem teve

origem na Europa, ainda no século XIX, no pós-guerra.

Pode-se dizer que a Psicopedagogia nasceu de uma necessidade:contribuir

na busca de soluções para a difícil questão do problema de aprendizagem. É complexa a

rede de fatores que interferem no processo de aprendizagem. A Psicopedagogia vem

caminhando no sentido de contribuir para a melhor compreensão desse processo vital para

o ser humano, ela é um salto adiante na busca de soluções para problemas antigos, é um

novo paradigma surgido neste final de século, buscando integrar o homem à sociedade por

meio de suas possibilidades de aprender.

A Psicopedagogia no Brasil tem hoje uma história de 30(trinta)anos e já

conta com um corpo teórico próprio, porém muito há o que se pesquisar.

A complexidade do seu objeto de estudo e as demandas da vida atual

representam um verdadeiro desafio aos estudiosos da Psicopedagogia.

Para Kiguel, que tem contribuído no processo de construção do saber psicopedagógico,

9 “historicamente a Psicopedagogia surgiu na fronteira entre a Pedagogia e a Psicologia, a partir das necessidades de atendimento de crianças com distúrbios de aprendizagem, consideradas inaptas dentro do sistema educacional convencional.”(1991, p.22)

9 BOSSA,Nadia A. A psicopedagogia no Brasil.2ª edição Porto Alegre, Artmed editora, 2002

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Ele também diz que o objeto central de estudo da Psicopedagogia está se

estruturando em torno do processo de aprendizagem humana: seus padrões evolutivos

normais e patológicos – bem como a influência do meio(família, escola, sociedade) no seu

desenvolvimento. De acordo com Maria M.Neves a psicopedagogia estuda o ato de

aprender e ensinar, levando sempre em conta as realidades interna e externa da

aprendizagem, tomadas em conjunto.

A psicopedagogia focaliza as possibilidades do aprender, num sentido amplo.

Não se deve restringir a uma só agência como a escola, mas ir também à família e à

comunidade.

O psicopedagogo, segundo Janine Mery(1985) 10 “ respeita a escola tal como é, apesar de suas imperfeições, porque é através da escola que o aluno se situará em relação aos sseus semelhantes, optará por uma profissão, participará da construção coletiva da sociedade à qual pertence. Este fato não impedirá que o psicopedagogo colabore para melhoria das condições de trabalho numa determinada escola ou na conquista de seus objetivos. Mas, em seu trabalho, ele deverá fazer com que a criança enfrente a escola de hoje e não a de amanhã. Esse enfrentamento, no entanto, não significaria impor à criança normas arbitrárias ou sufocar-lhe a individualidade. Busca-se sempre desenvolver e expandir a personalidade do indivíduo, favorecendo as suas iniciativas pessoais, suscitando os seus interesses, respeitando os seus gostos, propondo e não impondo atividades, procurando sugerir pelo menos duas vias para a escolha do rumo a ser tomado, permitindo a opção.”

A psicopedagoga Cristina Carvalho11 que trabalha em uma escola no Rio de Janeiro

diz

” que o professor é o profissional mais direto com o aluno e percebe quando ele não está avançando no processo de aprendizagem e quando está com problemas comportamentais, como tristeza, agressividade, isolamento.O diálogo entre o psicopedagogo e o professor é fundamental para que se possa ajudar o aluno que apresenta dificuldades.

Primeiramente, há toda uma abordagem do problema, para então, chegar a um

consenso com professores e coordenadores do que pode ser feito. Chama a criança para

conversar e, depois, a família, se for necessário. Muitas vezes, com uma conversa o aluno

evolui. Há várias maneiras de cercar o problema. Ao ouvir o que a família nos traz,

confrontando com a situação do aluno na escola, chega-se a uma conclusão.”

10 BOSSA, Nadia A. A psicopedagoria no Brasil.2ª edição Porto Alegre,Artmed editora,2002 11 Folha Dirigida – 30 de maio de 2000

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Pode-se dizer que a proposta da Psicopedagogia é numa ação preventiva, é

adotar uma postura crítica frente ao fracasso escolar, numa concepção mais totalizante,

visando propor novas alternativas de ação voltadas para a melhoria da prática pedagógica

nas escolas.

O trabalho psicopedagógico na área preventiva é de orientação no processo

ensino-aprendizagem, visando favorecer a apropriação do conhecimento no ser humano, ao

longo da sua evolução. Esse trabalho pode se dar na forma individual ou na forma grupal,

na área da saúde mental e da educação.

‘ Na sua função preventiva, cabe ao psicopedagogo:

Z detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem;

Z participar da dinâmica das relações da comunidade educativa, a fim de

favorecer processos de integração e troca;

Z promover orientações metodológicas de acordo com as características dos

indivíduos e grupos;

Z realizar processos de orientação educacional, vocacional e ocupacional, tanto

na forma individual quanto em grupo.

Dentro da esfera da qualidade educacional a presença e o trabalho de um

psicopedagogo dever ser atuante e muito presente, pois através do trabalho deste

profissional os professores são ajudados para desenvolverem uma aprendizagem de

qualidade.

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: 2.3 Voz Ativa

“ A voz é o meio mais comum através do qual expressamos nossos sentimentos,

nossas emoções, nosso estado afetivo e nossa personalidade.”

Leny C. R. Kyrillos

Não se pode deixar de mencionar que a qualidade educacional deve ser adquirida

em todos os níveis da educação, abrangendo não somente o corpo discente mas o corpo

docente deve ser respeitado e ter as suas necessidades supridas.

A voz é um dos componentes mais importantes da comunicação do ser humano.

Pela voz, os indivíduos podem transmitir tanto as suas intenções comunicativas, no

enunciado, como também as intenções emocionais, transmitidas pela projeção vocal e

entonações, emitidas no momento da produção de um enunciado.

As condições de produção da voz podem favorecer ou prejudicar a emissão de

voz de boa qualidade. As emissões vocais produzidas com ajustes motores inadequados da

laringe ou de forma a comprometer o aparelho fonador podem levar ao aparecimento de

uma disfonia.

A classe profissional dos professores é uma das mais acometidas pelas disfonias,

tendo como causas a jornada de trabalho, que é extensa, como também a falta de

conhecimento de técnicas vocais adequadas. Os transtornos da voz limitam o professor na

habilidade de transmitir sua mensagem aos alunos, podendo até comprometer o ensino.

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Os professores utilizam a voz como instrumento de trabalho, e a têm como

principal veículo na transmissão de seus conhecimentos. Apesar disso, o curso de

Magistério não oferece curso de orientação vocal e muito menos os prepara para a demanda

vocal que a profissão exige.

Os educadores estão submetidos constantemente a esforço vocal, sob tensão

permanente, sem terem passado por um algum tipo de preparo prévio.

Dentro da qualidade educacional é importante dar ao professor qualidade

vocal, deve-se apresentar ao educador cursos de Saúde Vocal para que ele receba

informações de como evitar problemas em suas pregas vocais, além de orientações sobre

higiene vocal Vários fonoaudiólogos têm estudado sobre a disfonia funcional que ocorre

com os professores, mas infelizmente pouco tem sido feito para ajudar o professor, pelo

contrário exige-se muito do educador, mas poucos recursos é dado a ele para que realmente

possa oferecer a seus alunos qualidade e para que ele possa também ter qualidade na sua

vida profissional.

É de conhecimento de todos que o professor tem que trabalhar dentro de uma

carga horária muito grande e usando de forma ininterrupta a sua principal ferramenta de

trabalho, a voz.

O 12Jornal do Conselho Federal de Fonoaudiologia(CFFa) apresentou uma

pesquisa sobre a disfonia vocal que o professor sofre devido ao excesso de aulas que tem

que dar para que tenha um salário digno no final do mês e também o excesso de alunos em

sala, que obriga ao professor falar alto, forçando em demasia suas pregas vocais, ou seja,

alta demanda vocal.

A fonoaudióloga Adriana Feijó, especialista em voz e mestrando do Curso de Pós-

graduação em Medicina-Clínica Médica-UFRGS, ela frisa que os músculos da voz têm

baixa potência e, por isso, apresentam tendência a fadigar mais facilmente. Com isso, as

pessoas que usam a voz profissionalmente, com intensidade mais forte e projeção

diferenciada, acabam forçando um pouco mais a musculatura, seja pelo mau uso seja pelo

uso intensivo da voz.

Outro estudo apresentado na Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia

diz que na prática clínica, constata-se que as vozes dos professores pioram no decorrer dos

12 Conselho Federal de Fonoaudiologia – Brasília – Janeiro/Fevereiro nº 4/2002

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anos, sofrendo inúmeras modificações, em que a queixa maior é sempre a dificuldade em

falar por longos períodos, o enfraquecimento da voz e as crises constantes de perda da voz.

Constata-se que o aumento contínuo do esforço vocal por um longo período de

tempo deve levar a uma inabilidade para o controle da produção vocal, sendo que a voz se

deteriora rapidamente e/ou demonstra sinais de uma disfonia mais severa.

Infelizmente pouco tem sido feito para mudar esta situação.

Vários professores não recebem das escolas recursos audiovisuais, ainda são

insuficientes, pois todos deveriam poder usufruir de matérias de tal natureza. Além de

proporcionarem aulas mais atrativas, podendo melhorar a atenção e motivação dos alunos

para o aprendizado, a utilização destes materiais permitem que o professor intercale voz e

período o aprendizado, a utilização destes materiais permitem que o professor intercale voz

e período de descanso vocal, evitando longos períodos de fala, que é uma das propostas

básicas de higiene vocal.

Estudos experimentais em laboratórios mostram que os músculos das

pregas vocais entram em fadiga após 45(quarenta e cinco) minutos de estímulos freqüentes.

Os músculos da voz têm baixa potência e, por isso, apresentam tendência a fadigar mais

facilmente.

Muitas vezes o educador tem que competir com ruídos ambientais, horas de

fala ininterruptas ou ainda intervalos poucos usados como descanso vocal são fatores que

podem causar desgaste em suas vozes. Alguns professores tentam realizar compensações

vocais para superar dificuldades, mas na maioria das vezes, fazem isso de forma

inadequada,levando a problemas de voz que interferem ou que acabarão limitando sua

produtividade.

Um fonoaudiólogo ao analisar um grupo de 75(setenta e cinco)

professores, afirma que 68% deles trabalham na presença de poeira e de ruído externo

interferindo nas aulas, durante mais de 5h/dia. Como se vê, deve-se registrar que nas

escolas municipais, a arquitetura dos prédios não proporciona um ambiente tranqüilo de

sala de aula(classes numerosas com janelas par o pátio do recreio ou para ruas

movimentadas)o que leva à competição vocal. Hoje se tem os Cieps que apresentam uma

arquitetura desfavorável para o professor, pois as paredes das salas não são até o teto

causando uma alta demanda da voz do professor,ou seja, ele precissa de um maior volume

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de voz, o que é prejudicial pois, não tem as condições facilitadoras de monitoração auditiva

da proópria voz, o que pode leva-lo ao abuso vocal por hiperfunção.

A deputada Maria Lucia Prandi apresentou na Assembléia Legislativa de

São Paulo um projeto de lei número 497, de 1988, dispondo sobre a criação do Programa

estadual de saúde do professor da rede Estadual de Ensino. O objetivo deste projeto foi

prevenir as disfonias em professores da rede estadual de ensino, que possui cerca de

200(duzentos)mil docentes.

O uso inadequado da voz nas salas de aula causa processos de disfonia,

calos nas cordas vocais e, em alguns casos, leva a cirurgias. Muitas vezes, os problemas

acabem sendo diagnosticados erradamente como gripe, pneumonia, etc.

Classes numerosas, ruídos excessivos de avenidas movimentadas e o

próprio alarido da criançada também contribuem para que o professor fale acima do tom

natural. Com problemas vocais, muitos deles acabem sendo readaptados para funções

burocráticas, o que encarece os custos públicos com a contratação de novos docentes.

A orientação fonoaudiológica foi realizada com 12(doze)professores que

se submeteram à avaliação de voz – 9 mulheres e 3 homens. Teve como proposta explicar a

produção e higiene vocais e alertar para os abusos e cuidados com a voz.

Ao término da orientação, foi pedido para que escrevessem a respeito do que foi orientado, assim responderam:

13 ” Puxa como abusava da voz sem perceber, pura ignorância. Só o fato de entender o porquê de beber água já me faz enxergar um novo modelo. Que coisa louca que é nossa prega vocal, que delicada...”(Professora Y)

Outra professora, comentando o que aprendeu, disse: 14 ”Muito interessante o que aprendi aqui hoje. Nem imaginava o quanto

minhas vitaminas, antes das aulas, me prejudicavam. Como abusamos de nossas cordas vocais!”(Professora J)

Para prevenir todos estes transtornos, inclusive de ordem psicológica, o

projeto de lei prevê a realização de, no mínimo, um curso teórico-prático anual, objetivando

orientar so professores sobre o uso adequado da voz. Uma vez detectado alguma disfonia,

13 FERREIRA,P.Leslie;COSTA, O Henrique. Voz ativa – Falando sobre o profissional da voz.1ª edição.São Paulo,Editora Roca,2000 14 FERREIRA,P.Leslie;COSTA, O. Henrique. Voz ativa – Falando sobre o profissional da voz.1ª edição.São Paulo, Editora Roca,2002

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será garantido ao professor o pleno acesso a tratamento fonoaudiológico e médico na rede

pública de saúde.

A opção pela atuação preventiva é ainda um caminho longo a ser seguido,

principalmente no Brasil, onde o acesso ao atendimento fonoaudiológico clínico nos

serviços de Saúde Pública ainda é restrito e os serviços privados não estão ao alcance

financeiro de grande parte da população.Mas deve ser priorizado já que se deseja tanta

qualidade na educação.

A qualidade educacional tem que ser concreta, para que todos sintam e não

apenas planos que não saem dos papéis.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O escopo deste estudo é contribuir para uma melhor compreensão da qualidade

educacional no Brasil, pois as dificuldades são muitas dentro das escolas públicas.

Pode ser lido nos jornais as notícias sobre a crise na educação brasileira e pouco se

tem feito para amenizar esta crise.

Encontra-se hoje muitos professores desestimulados, carga horária excessiva, com

isso o professor não tem um tempo reservado para a pesquisa e extensão, excesso de alunos

em sala de aula, o qual constitui sempre um erro pedagógico, ausência de material didático

para desenvolver um bom trabalho, enfim falta de uma boa condição de trabalho.

Torna-se difícil entender a razão de tanto descaso com a educação pública no Brasil.

O professor é cobrado mas dificilmente, ele recebe ferramentas para que possa usar

as técnicas usadas por grandes educadores.

Várias pessoas desejam um país melhor, mas isto não poderá ocorrer enquanto a área

educacional não tiver o primeiro lugar nas pautas das reuniões do governo e que ocorra

soluções para as dificuldades enfrentadas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTUNES, Celso.Vygotsky, quem diria?! Em minha sala de aula. Fascículo 12. Petrópolis, Vozes, 2002. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda.Filosofia da educação.2° edição ver.atual., São Paulo, Moderna, 1996. BOSSA, Nadia A. A psicopedagogia no Brasil. 2ª edição, Porto Alegre, Artmed Editora, 2002. ELIAS, Marisa Del Cioppo. Célestin Freinet, Uma pedagogia de atividade e cooperação.5ª edição, Petrópolis, Vozes, 1997. FERREIRA, P. Leslie; COSTA, O. Henrique. Voz ativa – Falando sobre o profissional da voz. 1ª edição. São Paulo, Editora Roca, 2000. UTZERI, Fritz. Atmosfera de Vênus. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 07 de janeiro de 2002, Caderno B, p.10. Revista Nova Escola. São Paulo. Editora Abril. Janeiro/Fevereiro 2001. MEC. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental:língua estrangeira. Brasília,1998. Folha Dirigida, Rio de Janeiro,30 de maio 2002.Educação-Psicólogo ou Pedagogo? Folha Dirigida, Rio de Janeiro, 18 de julho de 2002. Educação – O prazer de aprender. STEMPLE JC..Management of the professional Voice. In: Voice Therapy clinical studies.Most Year Book;1993.p.155-71.