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I
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
MARCELO CAMARÃO DUARTE
ORIENTADOR: PROF. Ms. MARCO ANTONIO LAROSA
RIO DE JANEIRO JANEIRO/2002
II
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
Apresentação de monografia ao Conjunto UniversitárioCandido Mendes como condição prévia para aconclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”em Marketing no Mercado Globalizado.
RIO DE JANEIRO JANEIRO/2002
EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
MARCELO CAMARÃO DUARTE
III
Agradecimento especial ao meu
professor-orientador Marco Antonio Larosa, que
com seu apoio e conhecimento colaborou para a
efetivação desta monografia.
Finalmente, expresso minha gratidão
aos meus familiares e principalmente a Deus.
AGRADECIMENTOS
IV
EPÍGRAFE
Um bom sistema educacional pode ser a flor do
desenvolvimento econômico, mas é também sua semente.
(Jerome B. Wilsner)
V
RESUMO
A educação em geral é princípio, meio e fim; não inicia no período
escolar e nem termina nesse período, sendo, portanto, um caminho de busca
de crescimento.
Formalmente, a educação deve dirigir suas propostas pedagógicas
de forma a equalizar as necessidades do homem e as do mundo que o cerca.
Nesse sentido o processo educacional deve ser democrático, permitindo livre
acesso a todos aqueles que caminham em busca do crescimento.
Paralelamente, a estratégia educacional quando corretamente
direcionado, é capaz de acelerar o processo de crescimento e
desenvolvimento, proporcionando melhores condições de vida.
VI
INTRODUÇÃO 07
CAPÍTULO I
Visão educacional 10
CAPÍTULO II
A educação no desenvolvimento econômico 23
CAPÍTULO III
O papel da educação junto ao desenvolvimento econômico 29
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA 38 ÍNDICE 39 ANEXOS 40 FOLHA DE AVALIAÇÃO 41
SUMÁRIO
VII
Para levar um país ao desenvolvimento, deve-se partir do princípio, qual
seja, a população que o habita. Um povo conhecedor de suas capacidades, intelectuais,
físicas e morais, torna-se um instrumento eficaz que a nação utiliza para alcançar ao
desenvolvimento econômico.
Um dos meios mais eficientes para levar ao povo o esclarecimento e a
consciência, é sem dúvida, através de um processo educativo que se inicia no ambiente
familiar, prosseguindo na comunidade a que pertence e aperfeiçoando-se na instituição
escolar.
As instituições escolares devem elaborar a educação com base em propostas
pedagógicas definidas e adaptá-las as necessidades e anseios da clientela que se quer
atingir.
Porém, apesar de existirem várias propostas pedagógicas elaboradas por
especialistas, elas são cada vez mais relegadas a planos secundários no atual sistema
educacional.
A escola descaracteriza-se a cada dia deixando de ser um meio de
integração, socialização ou participação, transmissora de valores ou criadoras de caráter
individual, para ser meio de promoção social e fonte de status.
Todavia, a relevância de um mundo mais justo de uma vida mais digna é
altamente exigido; cada vez mais preocupa-se com a qualidade de vida do homem. Esta
preocupação traduz-se em processo de desenvolvimento econômico.
INTRODUÇÃO
VIII
Há vários fatores que podem levar um país a um desenvolvimento
econômico, mas não há nenhum melhor que mobilizar aos próprios indivíduos, tanto na
elaboração, entendimento, como na utilização d mesmo. O capital humano engrandece e
viabiliza o desenvolvimento econômico.
Conseqüentemente nada melhor que utilizar a educação para formar este
capital, pois é através de mão-de-obra especializada e de profissionais de nível superior
que se aumenta a produtividade.
Partindo-se desta análise fica evidente o papel que a educação formal
desempenha na formação do capital humano, porém, é importante que se tenha
consciência que a educação não serve só para transmitir conteúdos programáticos, ela é
uma fonte inspiradora e aperfeiçoadora de idéias. As idéias não se encontram ao acaso;
elas são fruto de uma busca permanente, através de muito esforço e trabalho.
Idéias direcionadas e claras podem ser a base de qualquer processo de
desenvolvimento futuro. Pessoas desenvolvidas intelectualmente e moralmente geram
idéias produtivas e de fácil aceitação geral.
A educação é o caminho mais lógico para o aumento do nível de renda
individual; conforme aumenta-se o nível de escolaridade de um indivíduo pressupõe-se
um aumento no nível salarial.
Nesse sentido deve ser democrático, ou seja, garantir o livre acesso a todos,
pois as altas taxas de retorno dos investimentos em educação demonstram que os
benefícios que a educação proporciona, são maiores que os gastos que ela exige, desde
gastos com aluguel do prédio, material didático, até a renda sacrificada pelo estudante
para poder freqüentar a escola.
IX
Por conseguinte, todos ganham com a educação, o indivíduo os setores
econômicos e conseqüentemente o país.
Assim, a contribuição que a educação oferece ao produto interno bruto é
extremamente significativa para o crescimento do país, além, é claro, do bem estar
social, político e econômico que ela proporciona.
X
CAPÍTULO I
VISÃO EDUCACIONAL
1.1. A EDUCAÇÃO HISTÓRICA CONTEMPORÂNEA
No período contemporâneo cresce a atenção aos problemas da educação,
demonstrados por vários trabalhos publicados e isto só foi possível: em parte, ao
ressurgimento dos estudos filosóficos e psicológicos, de que muito se nutre a
Pedagogia; em parte ao desenvolvimento que esta alcançou por seu próprio impulso.
Na Pedagogia contemporânea podem-se distinguir as seguintes direções:
1) A Pedagogia Individual;
2) A Pedagogia Psicológica e Experimental;
3) A Pedagogia Ativa;
4) A Pedagogia Social;
5) A Pedagogia Filosófica.
1.1.1. A Pedagogia Individual
Pedagogia Individual tem origem na Renascença, quando rompe-se
o mundo fechado da educaçãoreligiosa e se reconhece o valor indiscutível da
personalidade. Alguns dos Pedagogistas que defendem esta direção:
X Ellen Key (1849-1926) – Para ela, o mais importante é a vida da
criança, que está acima da família, da sociedade e do Estado,
promovendo maior liberdade na educação, segundo as leis da
natureza e observando o desenvolvimento pessoal.
X Berthold Otto (1859-1933) – Representa a Pedagogia Naturalista
Alemã, acentuando também o valor da individualidade infantil e
da liberdade na educação.
XI
X Hugo Gaudig (1860-1923) – Para ele a educação deve estar a
serviço da formação da personalidade. E a escola não é mero
lugar de ensino, mas centro de vida, no qual se desenvolve a
personalidade do aluno. O mestre deve ser, antes de tudo, uma
personalidade formada, que está em íntima relação com a da
criança, por formar. O método deve estar subordinado à criança,
e não a criança ao método, como ordinariamente ocorre. A
escola deve estar em relação íntima com as esferas sociais e
culturais da vida, nas quais se há de introduzir a criança;
nenhuma delas, porém, deve adquirir predomínio sobre a escola,
que há de estar essencialmente a serviço da personalidade em
desenvolvimento e da comunidade cultural nacional.
X Willian James (1842-1910) – Para ele a educação é, sobretudo,
função de índole individual, baseia-se nos recursos biológicos e
na formação de hábitos de conduta. Apesar disto, a finalidade é a
tolerância, o respeito da individualidade e a formação da
consciência democrática.
X Percy Nunn (1873-1943) – Representa a direção individualista
inglesa. Para ele a educação deve limitar-se a assegurar a cada
indivíduo as condições de pleno desenvolvimento da
individualidade, capacitando-o a contribuir para a totalidade da
vida humana de modo pleno e característico quanto permita sua
natureza, deixada, a cada indivíduo, a forma de fazer essa
XII
contribuição por si mesmo. Percy diz que a escola é um ambiente
seleto onde as energias criadoras da juventude possam atuar no
sentido de individualidade nas melhores condições.
1.1.2. A Pedagogia Psicológica e Experimental
A Pedagogia Psicológica e Experimental consiste no estudo
psicológico e sistemático da criança e da aplicação desse estudo à educação.
Alguns pedagogistas defensores deste seguimento:
X Alfred Binet (1857-191) – Criador dos testes para medição da
inteligência nas crianças, testes que serviram de base para
melhor estudo e educação dos mesmos.
X Édoard Claparede (1873-1940) – Representa como poucos a
tendência psicológica em Pedagogia. Porém, por outro lado, é o
autor da idéia da “pedagogia funcional”, a pedagogia baseada
nas necessidades e interesses da criança. Para ele a infância é a
idade da plasticidade, do jogo, paulatinamente substituído pelo
trabalho, seu complemento natural. Claparede é um dos mais
ardentes defensores da “escola ativa” partindo da idéia de que a
atividade é sempre suscitada por uma necessidade.
X Jean Piaget (nascido em 1896) – Diretor do Bureau Internacional
de Educação. Piaget é defensor da escola ativa. Para ele, educar
é adaptar o indivíduo ao meio social, e através da educação deve
basear-se na psicologia da criança sempre em busca de
manifestações ativas, características da infância.
XIII
X Ernest Meumam (1862-1926) – A Pedagogia, segundo ele, deve
ter base empírica, através de observação e experimentação
comportamental.
X W. A. Lay (1862-1926) – Para ele, a Pedagogia tem como
características o emprego dos métodos exatos da investigação
científica, sobretudo a observação, a estatística e a
experimentação. Suas idéias baseiam-se no estudo das ações e
reações do meio sobre o educando, tanto o meio biológico
natural, como o meio social e cultural.
1.1.3. A Pedagogia Ativa
A Pedagogia Ativa é um movimento mais inovador da educação
atual. Alguns representantes do movimento são:
X John Dewey (1859-1952) – Como representante da Pedagogia
norte-americana, John liga educação a um tempo, a uma função
social e a uma função individual. Assim, por um lado, é a soma
do processo pelos quais uma comunidade transmite poderes e
fins com o propósito de assegurar sua existência e
desenvolvimento; e por outro, é também crescimento contínuo
através da reconstrução da experiência. A escola não é uma
preparação para a vida, senão a própria vida depurada na
escola, o aluno tem que aprender a viver.
Quanto ao método, Dewey o considera:
XIV
a) que o aluno tenha uma atividade contínua na qual esteja
pessoalmente interessado;
b) que se proponha um problema autêntico dentro dessa situação,
como estímulo para o pensamento;
c) que tenha a informação e faça as observações convenientes
para tratá-la;
d) que as soluções lhe ocorram e seja ele responsável e
desenvolvam de modo ordenado;
e) que tenha oportunidade para comprovar suas idéias, pela
aplicação, aclarando-lhes assim a significação e descobrindo-lhe
por si mesmo a validade.
X Willian H. Kilpatrick (nascido em 1871) – Para ele a educação é a
vida em seu processo evolutivo. Não é algo que esteja fora da
vida par impulsioná-la ou levantá-la mas está dentro dela, é parte
de seu próprio processo, sendo a reconstrução contínua da vida
em níveis cada vez mais altos. Neste sentido interessa
sobretudo, desenvolver personalidades que quanto mais forte se
façam mais autodiretoras serão. A base de toda a educação está
na atividade, ou melhor, na auto-atividade orientada e decidida.
X George Kerschensteiner (1854-1932) – É o criador da idéia da
“escola do trabalho”, ou “escola ativa”, onde destaca ao máximo
a relação entre a função educadora e as disposições individuais
dos alunos, mediante atividades constantes, o que, segundo ele,
ativa o processo educacional. Outro fator apontado por George
XV
refere-se as forças morais do aluno que impõe ao aluno auto-
exame dos trabalhos desenvolvidos na busca constante de
experiências e aprimoramento do próprio trabalho.
1.1.4. A Pedagogia Social
A Pedagogia Social é a que tem mais largo ancestralidade, pois vem
de Platão, que com a República, escreveu a primeira obra do gênero,
continuada, depois, por Pestalozzi e Fichte, dentre outros. Os defensores
dessa Pedagogia são:
X Paul Natorp (1945-1924) – Considera a Pedagogia Social o
reconhecimento de que a educação do indivíduo está
condicionada a sociedade, e por sua vez, a vida social é o fator
determinante da educação adequada dos indivíduos que hão de
fazer parte dela. Ttoda educação possui um lado social e outro
individual. Paul Natorp, considerava erro dedicar-se, em
demasia, à consideração individual da educação; a social
compreende a individual.
A comunidade social para Natorp não é simplesmente um fato
ou uma realidade histórica, antes é missão infinita com
aspiração e idéia. Não se trata, pois, de uma educação para
uma situação social, nacional ou política particular, mas de
educação para a humanidade. Por outro lado, essa comunidade
não é constituída intimamente por submissão a uma autoridade,
na medida que ela representa em conjunto, aspirações e idéias
na busca constante de direitos.
XVI
X Otto Willmann (1839-1920) – Inspirado nas idéias de Aristóteles,
a educação é, para ele, atividade de geração crescente que
regula os esforços da natureza juvenil e os configura
moralmente, dando-lhes os fundamentos do próprio conteúdo
vital e moral, ou, noutras palavras, a educação é um ato de
organismo social, por meio do qual não só ele se conserva e
frutifica, como também visa ao futuro, mediante transmissão dos
bens culturais adquiridos em seu desenvolvimento histórico.
X Paul Barth (1858-1922) – Para ele a educação sempre dependeu
dos fins ideais da sociedade em que viviam educando e
educador. As doutrinas, relativas à educação, não são absolutas,
na medida que valem diferenciadamente conforme o seguimento
da sociedade.
X Frederich Paulsen (1846-1908) – Para ele, a educação é
transmissão aos bens culturais ideais de geração adulta para a
seguinte.
X Émile Durkhein (1858-1917) – Para ele, a educação é a ação
exercida pelas gerações adultas sobre as que ainda não estão
maduras para a vida social. Seu objeto é suscitar e desenvolver
na criança certo número de estados físico, intelectuais e morais,
exigidos pela sociedade política no conhecimento e pelo meio
especial a que ela particularmente se destina.
A educação é, antes do mais, meio pelo qual a sociedade perpetua a
própria existência. Para Durkhein, a sociologia é que determina os
fins da educação.
XVII
1.1.5. A Pedagogia Filosófica
A Pedagogia Filosófica é a mais alta expressão da teoria da
educação. Possuindo algumas correntes:
a) a Pedagogia Idealista;
b) a Pedagogia dos Valores;
c) a Pedagogia Científica-Espiritual;
d) a Pedagogia Cultural;
e) a Pedagogia Idealista.
A Pedagogia Idealista tem os seguintes seguidores:
X Geovanni Gentile (1875-194) – Representante da Pedagogia
italiada. Para ele, a educação é “formação”.
X Gustav Wyneken (nascido em 1875) – Representante da
Pedagogia alemã. Considera a educação como a preparação na
consciência individual para participação na consciência total da
humanidade.
O órgão dessa educação é a escola. Sendo esta um centro onde se
insere a jovem humanidade, não é, pois órgão do Estado e ainda
menos de qualquer grupo social em particular, antes por ela fala a
própria humanidade ideal; recebe mandato unicamente da verdade.
A Pedagogia dos Valores tem como seguidores:
XVIII
X Jonas Colin (1869-1947) – Para ele, a educação é influência
consciente e contínua sobre a juventude dúctil com o propósito
de formá-la. Para Colin, os fins da educação dependem da
concepção total da vida, isto é, da opinião total sobre o valor e
sentido da vida humana.
X August Messer (1867-1937) – Para ele, o objetivo da educação é
o desenvolvimento do homem, em especial do jovem, com o fim
de convertê-lo em membro livre e intrinsecamente útil e apto da
coletividade cultural (família, povo, humanidade, capacitando-o
para participar do labor cultural e contribuir para seu
acrescentamento).
A Pedagogia Científica-Espiritual e seus seguidores:
X Wilhem Dilthey (1833-1911) – Do ponto de vista individual, a
educação, para o filósofo Dilthey, é a atividade planejada
mediante a qual os adultos tratam de formar a vida anímica dos
seres em desenvolvimento. Do ponto de vista social, a educação
tem dois fins essenciais: um, é a renovação social, que exige que
sejam desenvolvidos os membros que entram constantemente na
sociedade, para que possam substituir a geração presente; outro,
a conservação e transmissão dos bens culturais adquiridos no
decorrer da história. Na sociedade atuam diversos outros fatores,
como: família, comunidade local, estado e igrejas, os quais
também devem colaborar para determinar a estrutura da
educação, mas equilibradamente, sem predomínio.
XIX
X Dilthey considera a história da educação dependente de dois
fatores essenciais: o progresso da ciência, que influi em todos os
meios da educação; e o estado cultural de um povo ou de uma
geração, que determina o ideal educacional. Esse ideal se
relaciona intimamente com o ideal de vida da sociedade que
educa.
X Max Frischeisen-Kohler (1878-1923) – Para ele, conforme as
concepções dominantes no mundo e as relações entre o ser e o
valor, podem-se estabelecer três tipos de Pedagogia: a empírica,
a crítica e a especulativa. A Pedagogia empírica considera a
educação segundo a natureza do homem tal como é; a crítica,
segundo a idéia do que deve ser; e a especulativa trata de
estabelecer relações de validade universal entre indivíduos e o
envolver do mundo.
X Theodor Litt (nascido em 1880) – Para ele, a Pedagogia não é
mera tecnologia, nem ciência de natureza, mas ciência cultural.
Os fins da educação não podem ser havidos de realidade
externa, na medida que ela é parte integrante e própria do
sujeito, ou seja, da formação interior do educando. Assim, a
educação é relação de indivíduo a indivíduo, de educador a
educando, e essa relação é insubstituível.
A Pedagogia Cultural e seus seguidores:
X Edward Spranger (nascido em 1882) – Para ele, a cultura é
sempre criada e sustentada por homens que vivem juntos, seja
na forma de tribo, na de povoação ou na de Estado. A cultura
não é coisa morta, mas algo vivo e atual.
XX
X Spranger define a educação dizendo que ela é a atividade
cultural dirigida à formação essencial pessoal de sujeitos em
processo de desenvolvimento.
X Hermann Nolil (nascido em 1879) – Para ele, a educação
constitui uma grande realidade objetiva, que surge da vida, de
seus ideais e de suas necessidades, como a arte ou a economia,
o direito e a ciência, que constitui um sistema cultural
relativamente autônomo independentes dos sujeitos participantes
dele e regido por idéias próprias, atuante em toda ação
educativa, mas só perceptível no desenvolvimento histórico.
A partir da análise da história educacional contemporânea
detalhada, chega-se a conclusão de que a educação sempre foi alvo de
constantes estudos e, principalmente nos últimos séculos ela apresenta um
intenso movimento, que culminou em quatro segmentos, cada qual estruturado
a partir de idéias e obras literárias de pessoas especializadas e preocupadas
com o problema educacional; desde pedagogos, sociólogos e até filósofos, etc.
Não podemos negar a importância que cada um deles ofereceu a
história da educação, e principalmente a humanidade. Porque é alvo de todos
esses especialistas foi, sem dúvida, o indivíduo.
Todos reconhecem a educação como forma de levar o indivíduo ao
seu desenvolvimento pleno, formando pessoas capazes e auto-suficientes; a
partir de seus interesses e aptidões, e retirando da sociedade toda vida que a
escola, como organismo vivo precisa para efetuar tal educação. Por outro lado
a escola contribui para a formação de uma sociedade coerente e capaz. Esse
XXI
processo, na verdade, forma um mecanismo, onde a sociedade induz o
processo escolar e educacional e este influencia a formação da sociedade
evolutiva.
1.2. SISTEMA ESCOLAR BRASILEIRO
A análise do sistema educacional mostra contradições no que se
refere a democratização no ensino. A Constituição de 5 de outubro de 1988, no
art. 208, parágrafo I, diz que o ensino é obrigatório e gratuito, enquanto a lei
4024/61, no art. 2º, esclarece que a educação é direito de todos. Essas
afirmações deixam claro que todos podem e devem freqüentar a escola e que o
insucesso é culpa de sua incapacidade.
Na prática isso fica longe de acontecer; dados estatísticos mostram
que, “de cada três crianças, uma não consegue freqüentar a escola, e nas
áreas rurais piora a situação, a metade das crianças não conseguem entrar na
escola. No Nordeste, a situação é dramática, pois duas crianças em cada tr6es
nunca freqüentarão uma escola.
Os poucos que conseguem ingressar na escola deparam com um
processo educacional totalmente falido; a realidade educacional não integra,
em nível aceitável, o processo educação-trabalho. Os processos educacionais
são, via de regra, negativos, e, por isso mesmo, não permitem ao educando o
pleno desenvolvimento de sua capacidade, tornando-o mero expectador de
conteúdos ultrapassados. Muitos não entendem porque estão aprendendo e
outros porque estão ensinando. Tudo isso leva o educando a reprovações.
Tal situação agrava-se ainda mais quando se observa a falta de
integração do processo educacional aos modos sociais de cada região, ou
XXII
seja, a realidade imediata de aprendizagem sem dúvida, é fator fundamental
para evasão escolar, na medida que o indivíduo precisa trabalhar e a escola,
em vez de agilizar o processo educação-trabalho, perde-se em processos
educacionais globais que nada têm a ver com as necessidades de
aprendizagem específicas de cada setor social.
1.2.1. Ensino Superior
A situação do ensino superior, infelizmente, não é diferente das demais, na
medida que o ensino ministrado não vem acompanhando as reais
necessidades do mercado de trabalho, quer por deficiência das próprias
instituições de ensino, quer pela variação existente entre o 2º e o 3º graus.
A formação do ensino superior é, evidentemente, acadêmica, enquanto a
formação do segundo grau, que deveria ser técnica, limita-se apenas a
preparar o aluno para o ingresso no 3º grau.
Evidentemente, isto provoca um nivelamento por baixo dos que possuem
diploma acadêmico, pois eles são solicitados a preencher funções que
poderiam perfeitamente ser ocupadas pelos possuidores de nível técnico
formados pelo 2º grau.
A pouca atenção dada ao ensino técnico deixa explícito um quadro bastante
contraditório frente a realidade e as necessidades do país; a valorização do
ensino superior em detrimento do ensino técnico vem provocando um vazio na
formação de mão-de-obra qualificada tecnicamente, enquanto a demanda por
este tipo de mão-de-obra cresce. O resultado é que profissionais qualificados
pelo 3º grau são obrigados a preencher esta lacuna, evidenciando um quadro
de profissionais detentores de diploma universitário insatisfeito e,
conseqüentemente, produzindo muito pouco em relação a sua capacidade.
XXIII
CAPÍTULO II
A EDUCAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
2.1. FORMAÇÃO DE CAPITAL HUMANO
Uma das preocupações mais eminentes dos últimos anos é com o
processo de desenvolvimento global, envolvendo aspectos sociais, políticos e
econômicos, entretanto, há necessidade de se afirmar que os dois primeiros
são altamente dependentes do desenvolvimento econômico, na medida que ele
vai determinar o grau de bem-estar social e político.
Por outro lado, o processo de desenvolvimento mantém estreita a
relação de dependência com o crescimento econômico; pode-se afirmar que,
via de regra, não há desenvolvimento econômico sem crescimento.
Há vários elementos numa política de desenvolvimento econômico.
Um deles é a criação de uma atitude de consciência da necessidade do
desenvolvimento, por parte dos governos, dos lavradores, da comunidade
empresarial e dos diversos segmentos da população. Outro é a seleção de
finalidades ou objetivos específicos, bem assim como obter essas finalidades.
E, finalmente, há o difícil processo de implementar o curso de ação traçado e
obter a participação do povo no sentido de levá-lo a contribuir e usufruir do
desenvolvimento.
Uma política de desenvolvimento econômico deve obter a
diminuição dos níveis de desemprego, maior igualdade de renda, mais
educação, melhor saúde pública e cuidados médicos, e melhores residências.
XXIV
Todos os planejadores do desenvolvimento devem concordar que o plano seja
viável, capaz de realização através de razoável esforço. Os objetivos a serem
atingidos não devem entrar em conflito uns com os outros, de modo que a
consecução de um não impeça a do outro, os programas que visão ao
desenvolvimento devem ser intrinsecamente coerentes.
A ciência econômica sempre considerou o capital físico e os
recursos naturais, como meios para viabilizarem um processo de
desenvolvimento econômico. Os economistas esqueciam do potencial humano;
a construção de uma nação melhor e moderna depende do desenvolvimento
de seu povo. Que o problema em atingir ao desenvolvimento econômico
reflete, em última instância, a ambição do homem em atingir nível crescente de
progresso material e bem-estar. Além de necessitar do próprio homem para
mobilizar capital físico e explorar recursos naturais.
Visto sobre esse ângulo, o homem pode, e deve, ser considerado
um tipo de capital – capital humano. Assim, junto ao capital físico e aos
recursos naturais, o capital humano deve ser considerado como um fator a
conduzir ao desenvolvimento, mas ainda deve ser o principal fator; é a partir
dele que se pode atingir e aperfeiçoar os outros.
O filósofo e economista Adam Smith audaciosamente incluiu todas
as habilidades adquiridas e úteis de todos os habitantes de um determinado
país como parte de capital.
“A aquisição desses talentos,
pela manutenção do adquirente durante sua educação, estudo ou aprendizagem
XXV
na medida em que fazem parte da fortuna de seu possuidor, fazem, da mesma forma, parte da sociedade a qual ele pertence.” (Frederick Harbison e Charles A. Myers, s/d)
Aliás, deve-se lembrar que a economia é uma ciência que nasceu da
moral, e que trata de ordenar as coisas em função do homem, e não ao
contrário.
Encarar o homem como capital humano não degrada-o, pelo
contrário, quando fala-se em desenvolver capital humano, fala-se em aumento
de seus conhecimentos, de suas habilitações e da capacidade de todas as
pessoas numa sociedade.
Em termos políticos, o desenvolvimento em capital humano prepara
o povo para a participação adulta nos processos políticos. Do ponto de vista
sociocultural, o desenvolvimento em capital humano ajuda as pessoas a
levarem vidas mais plenas e mais ricas. E, em termos econômicos, o
desenvolvimento em capital humano engloba tanto o político como o social,
pois traduz-se em desenvolvimento econômico. Em suma, constitui-se num
indicador mais realista e fiel de modernização ao progresso do que qualquer
outra medida isolada.
A formulação de uma estratégia para o desenvolvimento do capital
humano, implica em determinação de prioridades para obter a melhor utilização
possível de recursos limitados. As prioridades, todavia, devem ser apuradas de
maneira responsável, de modo a refletir os objetivos mais amplos de uma
XXVI
sociedade, e não apenas suas metas econômicas. Sugerir soluções para
problemas econômicos que sejam politicamente ou socialmente inviáveis não
serve a qualquer finalidade útil.
A capital humano pode ser desenvolvido através, tanto da saúde e
nutrição como da educação.
Oferecer ao povo um sistema de saúde eficiente e moderno é
oferecer a erradicação de várias doenças, que os impedem de levar uma vida
melhor e realizar produtivamente suas atividades, principalmente, no campo
profissional.
O Departamento Nacional de Saúde estimava, há alguns anos, que
no estado de Minas Gerais, havia mais de um milhão de pessoas total ou
parcialmente incapazes para o trabalho ativo, em virtude de duas endemias
apenas, a moléstia de Chagas e o bacilo endêmico.
Todavia, a partir de uma alimentação mais equilibrada e correta,
pode-se oferecer a população uma vida mais saudável. Dando condições ao
povo de desenvolver suas potencialidades tanto mentais como físicas.
E, finalmente, a educação é uma outra estratégia de desenvolver o
capital humano, na qual se fundem as outras duas mencionadas.
Analisando globalmente, pode-se afirmar que os profissionais
especializados que são capazes de salvar os homens de doenças, bem como,
os que proporcionam ao homem uma alimentação saudável para que eles
possam usufruir de uma vida melhor e os instrumentos que são utilizados por
XXVII
estes homens para que eles tenham acesso ao conhecimento, são oferecidos
nas escolas e universidades, ou seja, são oferecidos a estes educação formal.
Assim é possível considerar educação em seu sentido global, como
mola mestra do processo, na medida que influencia os problemas de saúde e
nutrição.
O professor e ex-ministro da Fazenda Otávio Gouveia de Bulhões
relata um fato bastante interessante a respeito da importância da educação
como estratégia para desenvolver o capital humano:
“Volto da Assembléia que é anualmente promovida pelo Fundo Monetário e pelo Banco Internacional. Como de costume, além dos representantes dos países que participam dessas organizações, achavam-se presentes diretores das maiores instituições de crédito do mundo, compreendendo Bancos Centrais e diferentes bancos particulares, comerciais e de investimentos. Freqüentemente, o Presidente da República inaugura os trabalhos. Neste ano, porém, o Presidente Johnson compareceu à sessão de encerramento. E foi feliz na modificação protocolar porque seu tema essencial versou sobre a educação. Em vez de expor aos presentes o ponto de vista do
XXVIII
governo americano, sobre os importantes assuntos financeiros que o Fundo e o Banco devem enfrentar, o Presidente Johnson achou oportuno fazer um apelo aos representantes do governo e aos banqueiros. Pediu que ao reassumirem seus trabalhos meditassem melhor sobre a urgência da educação dos homens. Em futuro próximo; mais próximo do que se poderia imaginar, as Assembléias do Fundo e do Banco passariam a enfrentar problemas econômicos e financeiros menos complexos do que os atuais.”
(Humberto Bastos, 1972)
A propósito desta declaração, torna-se importante citar Pitágoras,
quando diz : “Eduquem-se os meninos e não será preciso punir os homens.”
A utilização da educação para o desenvolvimento do capital humano
e o aumento da produtividade é bastante elucidativo no caso do Japão, onde
há 100% de alfabetizados, e da Coréia onde há 50% de alfabetizados; o
resultado é que a produtividade rural da Coréia corresponde a 50% da
produtividade japonesa. E se formos para a Tailândia encontraremos 75% de
analfabetos, e a produtividade rural da Tailândia cai a uma quarta parte,
exatamente, da produtividade econômica. No meio rural a produtividade
coincide nesses exemplos, com os índices de alfabetização.
XXIX
CAPÍTULO III
O PAPEL DA EDUCAÇÃO JUNTO
AO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO 3.1. O IMPORTANTE PAPEL DA EDUCAÇÃO
Uma análise das políticas alternativas de desenvolvimento do capital
humano é, sem dúvida, parte indispensável da qualquer bom plano de
desenvolvimento. Os planos gerais para o desenvolvimento econômico,
evidentemente, sempre incluem algumas considerações sobre política de mão-
de-obra e educação.
Os problemas maiores do desenvolvimento em capital humano
enquadram-se em duas amplas categorias. Aqueles relativos a mão-de-obra de
alto nível, com habilitações e competência, e os relativos a mão-de-obra
subutilizados. Assim, o desenvolvimento dos recursos humanos ocupa-se com
o duplo objetivo de promover conhecimentos e habilitações e de proporcionar
emprego e oportunidades mais amplas para mão-de-obra não utilizada.
O país que visa ao desenvolvimento precisa de mão-de-obra de alto
nível, que inclui: pessoal de empresa, gerentes e administração; pessoal
profissional, cientistas, engenheiros, médicos, agrônomos, economistas,
artistas, etc.; professores qualificados possuidores de no mínimo 11 anos de
estudo; pessoal técnico subprofissional, assistentes agrícolas e de engenharia,
enfermeiras, técnicos, supervisores de operários qualificados, mão-de-obra
administrativa qualificada; e líderes políticos, líderes trabalhistas, juizes, oficiais
de policia e das forças armadas.
XXX
A importância dessa força de trabalho para os países em
desenvolvimento foi sucintamente expressa por Paul O. Hoffman, diretor-
gerente do Fundo Especial das Nações Unidas:
“Os países subdesenvolvidos
têm necessidade de mão-de-obra de alto nível tão urgente quanto necessitam de capital. Aliás, a menos que tais países sejam capazes de desenvolver os recursos humanos estratégicos exigidos, não podem efetivamente absorver capital. De todos os recursos requeridos para o desenvolvimento econômico, a mão-de-obra de elevado teor exige o mais longo “período inicial” de tempo para sua criação. Represas, usinas elétricas, fábricas têxteis e usinas siderúrgicas podem ser construídas em poucos anos, mas fazem-se precisos 10 a 15 anos para desenvolver gerentes, engenheiros e a administração que porá em funcionamento essas instalações. A existência dessa mão-de-obra, todavia, é essencial para que os países possam alcançar crescimento auto-propulsor.” (Frederick Harbison e Charles A. Meyrs, s/d)
A mão-de-obra de alto nível é formada a partir da educação formal
que se realiza através das escolas em todos seus níveis, tanto primário,
secundário como superior.
XXXI
É importante ter em mente que utilizar a educação formal para
preparação do capital humano, pode ser sintetizada na qualidade versus
quantidade, e embutida, a esta idéia, a necessidades e desejos do indivíduo
versus as necessidades e propósitos do Estado.
A escolha entre quantidade e qualidade no desenvolvimento
educacional pode assumir muitas formas. Construir escolas primárias para o
atendimento de um grande número de pessoas pode traduzir em desperdício.
Esta situação é comprovada pelo conhecimento de casos de analfabetismo
regressivo. As pessoas cursam a escola, aprendem a ler e escrever, e
esquecem tudo. Aconteceu com a cartilha o que acontece a qualquer trator
entregue a mão ignorante. Enferrujou. O alfabeto não tem sentido para um tipo
de homem que não sabe morar, não sabe comer, não sabe vestir, não sabe
utilizá-lo para fins produtivos.
Acontece com a educação primária o que pode acontecer com a de
nível superior, se o Estado sustentasse inúmeras universidades para que todos
os jovens de um país possuam diploma, pode parecer a primeiro plano muito
bom, pois o país terá excedente de mão-de-obra de alto nível, porém o que
fazer com este excedente frente a capacidade de absorção de mercado,
constituindo, assim, um saldo de capital subutilizado.
Possivelmente esta situação pode parecer incoerente com tudo que
já foi dito. Porém, não deve haver dúvidas quanto a utilização da educação
como estratégia para alcançar o desenvolvimento do capital humano.
XXXII
Deve-se, contudo, levar em consideração a qualidade oferecida de
educação formal, o alfabeto e os conteúdos programáticos têm de ser
introduzidos e apresentados como uma ferramenta a mais, como um
complemento indispensável no equipamento cultural do homem. Mas, é através
de estudos de propostas pedagógicas que mais se adaptem a realidade do
país, considerando as diferenças regionais, que se devem conduzir, ajudar e
levar o homem a utilizar suas potencialidades intelectuais, tornando-os
conscientes, responsáveis e esclarecidos de seus direitos bem como de seus
deveres. A educação deve estar a serviço da formação de sua personalidade,
aproveitando à racionalidade, a inteligência nata do indivíduo e os configurando
moralmente.
As escolas, de nível primário, secundário e superior, que transmitem
a educação formal, devem ser um mecanismo vivo onde as energias criadoras
da juventude possam atuar nas melhores condições, proporcionando ao
educando que efetue os seus conhecimentos de forma empírica, ou seja,
testando e experimentando sempre, através de atividades espontâneas e
produtivas com acompanhamento e direcionamento do educador.
Um homem conhecedor de suas potencialidades, direitos e deveres
utiliza seus conhecimentos intelectuais para aperfeiçoar-se cada vez mais. O
treinamento que as empresas oferecem, são, sem dúvida um mecanismo para
chegar a uma integração, que configura em processo pelo qual as pessoas
chegam a participar das atividades da empresa de maneira consciente.
O autodesenvolvimento é um outro meio para que as pessoas se
aperfeiçoem, adquiram maior experiência e habilitação, pela iniciativa própria,
XXXIII
por meio de cursos de correspondência, através de leituras, ou aprendendo
com outros em contatos informais.
Finalmente, há a escolha crucial entre os interesses dos indivíduos e
os interesses do Estado, em toda fase do desenvolvimento do capital humano.
Inclui-se a esta visão a idéia que o Estado deva fazer um estudo das forças de
mercado e através deste estudo determinar o número de médicos,
engenheiros, economistas e outros profissionais que desempenham diversas
funções, para o desenvolvimento do mercado.
Se fosse simplesmente assim, o sistema educacional não estaria
desempenhando sua verdadeira função, os homens estariam sendo obrigados
a exercer funções para as quais, não se sentem motivados a desempenhar.
Profissionais insatisfeitos, conduzem à capacidades limitadas e produtividade
baixa.
Por outro lado, as pessoas escolherem arbitrariamente suas
ocupações e profissões, seria até certo ponto injustiça com as mesmas e com
a sociedade.
Um balanço das exigências, quanto a mão-de-obra, demonstra um
problema sério que se configura em um vazio entre a procura de mão-de-obra
especializada e a procura por especialização.
Apesar do vazio, não existe nenhum estímulo a absorção de mão-
de-obra especializada, uma vez que, concretamente, não ocorre incentivo, por
parte do governo, à produtividade; o grau de liberdade nas negociações de
XXXIV
preços, via aumento de receita, configura-se com desestímulo ao aumento da
produtividade. Por conseguinte, este vazio é preenchido através de treinamento
superficial na própria empresa.
Por outro lado, a falta de estímulo está na própria deficiência da
estrutura educacional, que não proporciona, em nível desejado, ensino técnico,
e não cria nenhuma estratégia que incentiva o setor privado a construir uma
estrutura técnico-educacional voltada especificamente para este fim,
agregando, ainda, um programa ou intercâmbio escola-empresa.
Concomitantemente, a estrutura sociocultural, que estabelece o nível
superior e os restantes funciona como indutora a desmotivação dos níveis de
especialização técnica, fazendo com que aqueles que potencialmente
poderiam constituir-se em técnicos especializados transformem suas
aspirações para o nível superior, enquanto aqueles que tem potencial técnico e
não possuem condições financeiras para arcar com os gastos em nível superior
fiquem a mercê de algumas poucas propostas de emprego.
Assim, cabe ao governo equilibrar e compatibilizar programas que
visem minimizar este vazio. Estes programas podem ser feitos através de
incentivos fiscais, subsídios às empresas, bolsas de estudos, campanhas
educacionais, e esclarecendo a população a respeito do problema existente.
O desenvolvimento de capital humano pode ter como objetivo central
o favorecimento da liberdade, da dignidade e o valor do homem, mas este, por
sua vez, tem algumas obrigações, no sentido de ajudar a construção do tipo de
XXXV
economia capaz de proporcionar padrões de vida decente e proteção às
liberdades básicas. Em todas as sociedades, tem de haver certo compromisso,
ou talvez fusão de interesses do Estado e do indivíduo.
Há necessidades de tornar evidente que o indivíduo pode ajudar a
economia e a sociedade, mas para fazê-lo não precisa necessariamente de
diploma. Assim, o valor de uma pessoa para a sociedade depende daquilo com
que ela possa contribuir por meio de seu trabalho, de suas idéias e,
principalmente, de sua presença como ser humano.
A estratégia de desenvolvimento do capital humano, através da
educação, não é fácil de ser atingida, porém, não é impossível; requer mais do
que o conhecimento de economia e familiaridade com a educação. Requer
uma vasta experiência, boa vontade, dedicação, amor e capacidade de
aprender e reaprender o complexo conjunto de relações entre os fatores
sociais, políticos e econômicos.
XXXVI
CONCLUSÃO
A educação deve seguir um planejamento estratégico dirigido em função
dos diferentes segmentos, a fim de desenvolver o homem em todos os aspectos,
orientando, direcionando e ampliando seu horizonte, ou seja, fazendo com que sua
existência seja algo objetivo e com propósitos definidos bem como assim com
finalidades concretas.
Deve-se utilizar a capacidade intelectual, a inteligência nata dos
homens para configurá-los em benefícios para os próprios homens, como
também para o mundo em geral. É neste ponto específico que a educação
entra em discussão; só através da educação pode-se orientar o homem para
utilizar suas capacidades da melhor maneira possível.
O homem é capaz de modificar o meio em que vive e criar uma
grande variedade de formas inteligentes de organização social. Entretanto,
para que o potencial e a inteligência, fatores inerentes ao ser humano, fluam
normalmente em sentido crescente, é preciso saber explorar racionalmente
esses fatores. Nesse sentido o processo educacional reveste-se de
fundamental importância, na medida que mantém a forma inteligente de
organização transmitindo de uma geração para outra os conhecimentos
acumulados.
A civilização se mantém e se aperfeiçoa por meio da educação. A
mentalidade das pessoas pode e deve ser influenciada, porém, os objetivos e
meios devem ser moralmente aceitáveis.
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Se investir em educação proporciona mudanças positivas faz-se
necessário acelerar essas mudanças dando mais ênfase a educação.
Todavia, se a educação é direcionada especificamente para os
homens, deve-se, contudo, oferecer uma maior atenção aos mesmos para
melhorar a qualidade de vida do próprio homem. Esta política de melhoria de
qualidade de vida está intimamente ligada ao processo de desenvolvimento
econômico.
Logo, o homem, através desse raciocínio influencia e determina o
processo de desenvolvimento econômico e a educação é a estratégia que leva-
o a alcançar o mesmo.
Porém, não há intenção de formular uma teoria geral do
desenvolvimento, apenas encarar o desenvolvimento sob nova perspectiva, já
que uma análise do capital humano é talvez a área menos enfocada no
processo de desenvolvimento econômico.
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BIBLIOGRAFIA BASTOS, Humberto. Educação para o desenvolvimento. RJ, 1972.
BHAGWATI, Iagdesli. A economia em países subdesenvolvidos. RJ: Zahar,
1980.
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Desenvolvimento. Brasília: MEC, 1987.
BREJON, Moysés (org.). Estrutura e funcionamento de ensino de 1º e 2º
graus. SP: Pioneira, 1988.
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RJ: FENAME, 1976.
EBY, Frederick. História da educação moderna. Porto Alegre: Globo, 1970.
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desenvolvimento. SP: Saraiva, 1968.
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crescimento econômico. SP: Fundo de Cultura, s/d.
LANGONI, Carlos Geraldo. A economia da transformação. RJ: José Olympio,
1975.
_____________________. As causas do crescimento econômico no Brasil.
RJ: APEC, 1973.
LEVY, Herbert Victor. Economia e bem-estar. Brasília: Universal, 1971.
LUZURIAGA, Lorenzo. História da educação e da pedagogia. SP:
Nascimento, 1981.
NOVAES, Paulo. Educação e trabalho; o futuro dos recursos humanos. RJ:
MEC, 1970.
SANTOS, Theobando Miranda. Noções de história da educação. SP:
Nacional, 1960.
VERRY, Luís Antonio. Pedagogia Filosófica. Lisboa, 1950.
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO II AGRADECIMENTO III EPÍGRAFE IV RESUMO V INTRODUÇÃO 07
CAPÍTULO I
1. Visão educacional 10 1.1. A educação histórica contemporânea 10 1.1.1. A Pedagogia Individual 10 1.1.2. A Pedagogia Psicológica e Experimental 12 1.1.3. A Pedagogia Ativa 13 1.1.4. A Pedagogia Social 15 1.1.5. A Pedagogia Filosófica 17 1.2. Sistema escolar brasileiro 21 1.2.1. Ensino Superior 22 CAPÍTULO II 2. A educação no desenvolvimento econômico 23 2.1. Formação de capital humano 23 CAPÍTULO III 3. O papel da educação junto ao desenvolvimento econômico 29 3.1. O importante papel da educação 29 CONCLUSÃO 36 BIBLIOGRAFIA 38 ANEXOS 40 FOLHA DE AVALIAÇÃO 41
XL
ANEXOS
XLI
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
Instituto de Pesquisa Sócio-Pedagógicas Pós-Graduação “Latu Sensu” Título da Monografia
Data da Entrega: ___________________________ Avaliado por: ______________________________Grau: ________________
Rio de Janeiro, ______ de ______________________ de ________ _______________________________________________________________
Coordenação do Curso
FOLHA DE AVALIAÇÃO