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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS CONSULTORIA EXTERNA E INTERNA: NOVOS CAMINHOS DO SERVIÇO SOCIAL PARA A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS FÁBIO XAVIER ZAMBERLAN ORIENTADORA PROFa. ADÉLIA ARAÚJO RIO DE JANEIRO JANEIRO DE 2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

CONSULTORIA EXTERNA E INTERNA:

NOVOS CAMINHOS DO SERVIÇO SOCIAL PARA A

GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

FÁBIO XAVIER ZAMBERLAN

ORIENTADORA

PROFa. ADÉLIA ARAÚJO

RIO DE JANEIRO

JANEIRO DE 2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

CONSULTORIA EXTERNA E INTERNA:

NOVOS CAMINHOS DO SERVIÇO SOCIAL PARA A

GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

FÁBIO XAVIER ZAMBERLAN

Trabalho monográfico apresentado

como requisito para obtenção do

Grau de Especialista em Gestão de

Recursos Humanos

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho às pessoas que ainda acreditam

nos seres-humanos, em especial, minha esposa,

Fabiana e às famílias Rangel, Carmo e Zamberlan.

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EPÍGRAFE

“As grandes histórias de sucesso foram criadas por pessoas que

reconheceram um problema e o transformaram em uma oportunidade”.

Joseph Surgarman

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RESUMO

O tema proposto para a pesquisa é a prática do Serviço Social no

campo empresarial. Este tema nos chama a atenção por ser o Serviço

Social uma profissão inserida na divisão sócio-técnica do trabalho sendo

perpassada pelas transformações do mundo contemporâneo.

A prática profissional do Serviço Social, como um trabalho

especializado, supõe que o assistente social “vende a sua capacidade de

trabalho para algumas entidades empregadoras, predominantemente de

caráter patronal, empresarial ou estatal, que demandam essa força de

trabalho qualificada e a contratam” (IAMAMOTO, 2000. p. 24).

Logo, o Serviço Social está inserido no universo da mercantilização

da força de trabalho, prestando serviços voltados ao atendimento de

necessidades sociais, atendendo às demandas institucionais específicas,

dentre elas as das instituições privadas.

O campo empresarial vem sofrendo impacto das inovações

tecnológicas sob duas ordens: no processo de trabalho e no gerenciamento

do trabalho, onde o RH por sua vez tem parte fundamental no processo de

mudanças, sejam elas intra ou extramuros à empresa. Por isso interessa-

nos contextualizar e reconhecer as novas formas de organização e gestão

do trabalho na área dos recursos humanos.

Este estudo torna-se relevante na medida em que poderá contribuir

para o avanço do conhecimento da prática profissional do Serviço Social no

campo empresarial, nos seus aspectos operacionais, político e

pedagógicos, no atual contexto das inovações gerenciais.

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METODOLOGIA

A metodologia proposta tem como embasamento teórico-

metodológico a perspectiva histórico-crítica e a opção pela pesquisa

qualitativa.

O processo para apreendermos as determinações presentes na

prática do Serviço Social empresarial contemplará sucessivas aproximações

junto a esta realidade, a fim de superar os conhecimentos fenomênicos,

buscando transcender a realidade fática.

Assim, estaremos realizando continuadamente a pesquisa

bibliográfica a fim de esclarecer os conceitos que se tornam ferramentas

para construção das análises posteriores, e, principalmente, coletando as

experiências do trabalho do Serviço Social em cada uma dos tipos de

consultoria, a externa e a interna.

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SUMÁRIO

RESUMO 4

METODOLOGIA 5

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO I

Consultoria como prestação de serviços profissionais 10

CAPÍTULO II

A prática do Serviço social organizacional 20

CAPÍTULO III

O Assistente Social como consultor externo e interno 26

CONSIDERAÇÕES FINAIS 30

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 32

ANEXOS 33

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INTRODUÇÃO

É sabido que a área organizacional é um dos campos de intervenção

do Serviço Social desde os seus primórdios. É notório também que as

várias transformações ocorridas no mundo do trabalho afetam, diretamente

e de forma significativa, as demandas postas ao Serviço Social, visto que a

essência da ação do assistente social é facilitar o acesso à cidadania, ou

seja, às condições para a melhoria da vida pessoal e profissional do ser

humano lidando com as relações sociais, trabalhando a cultura da

organização e, ao mesmo tempo, ocupando, na área de Recursos

Humanos, uma posição estratégica.

Marilda IAMAMOTO (2000) ao conceber que o Serviço Social é um

dos tipos de trabalhos presentes na sociedade, discute a influência das

modificações que ocorrem na mesma, e, “no interior das estruturas

produtivas, corporificadas em novas formas de organização e de gestão de

trabalho” (IAMAMOTO, 2000. p. 22).

Diante disso, estaremos perpassando as principais características

que determinam a inclusão da profissão em uma das áreas de atuação que

mais tem se expandindo nos últimos tempos, a empresa, mais

especificamente, o setor de recursos humanos.

Para tanto, estaremos no primeiro capítulo explorando o conceito de

consultoria de maneira a delinear seu processo de construção como uma

atividade profissional especializada.

No segundo capítulo desenvolveremos, portanto, a prática do Serviço

Social organizacional.

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Para MOTA (1998) a requisição do assistente social responde à

necessidade de se entregar a um técnico a administração racional e

científica dos serviços sociais geridos pela organização.

É evidente que a racionalidade se prende tanto ao caráter de

eficiência da administração de benefícios materiais como ao caráter

educativo dessa administração, instituído nas orientações de condutas

desviantes de empregado e sua família (MOTA, 1998, p.17)

No último capítulo apresentaremos algumas experiências

profissionais relacionadas ao tema proposto.

Dentre as práticas de gestão de Recursos Humanos adotadas pelas

empresas, estão os benefícios e serviços sociais, sistemas de premiação,

incentivos a participação, implantação ou implementação de sistemas de

avaliação, criação de programas de treinamentos.

Ao mesmo tempo em que a empresa dá legitimidade ao trabalho do

profissional de Serviço Social, devido a sua utilidade social, vai emergindo

um outro aspecto dessa prática que ultrapassa o caráter técnico operativo,

refere-se ao “componente político da requisição, identificado na

necessidade de mediar interesses de classe” (MOTA, 1998, p.17).

É a empresa que opta por contratar um profissional para administrar

os benefícios, não sendo uma opção dos trabalhadores tal contratação, isso

significa que a mediação do Serviço Social:

“É plasmada contraditoriamente, podendo servir ora ao

capital, ora ao trabalhador, dependendo das condições

objetivas e das opções políticas de seus agentes”

(MOTA, 1998, p.18).

Enfim depende da correlação de forças existentes em cada contexto.

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Como anexo, estaremos expondo uma determinada empresa que

possui em seu quadro de pessoal profissionais de Serviço Social inseridos

em programas de consultoria externa e interna.

É nesta teia de intencionalidades que estaremos nos debruçando

sobre a análise das práticas de consultoria externa e interna realizadas pelo

profissional de serviço social.

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CAPÍTULO I

CONSULTORIA COMO PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

PROFISSIONAIS

A Consultoria em RH tem emergido como única solução possível para

fazer frente a um processo de terceirização e enxugamento organizacional

que ora ocorre de forma veloz nas Empresas.

As Organizações tem se livrado muito rapidamente de suas estruturas

pesadas, terceirizando-as sempre que possível.

Assim, as pesadas estruturas de RH, consubstanciadas em setores

ou departamentos de: Recrutamento e Seleção, Treinamento /

Desenvolvimento, Cargos e Salários, Benefícios, Departamento Pessoal

etc., vão se desmontando ao longo da década de 90 - a década da

reengenharia - cedendo lugar às Empresas de Consultorias, reforçando

assim, o campo de consultoria em RH.

As Empresas se ativeram a consultores generalistas

que funcionavam como o cérebro de RH dentro da

Organização - os consultores internos - que, entre

outras funções, indicavam a Organização os programas

de Rh necessários e procediam as seleções de

Consultorias, controlando a qualidade das

implementações. (GUILLORY, Willian, 2000)

Contudo, nem sempre esses Consultores Internos possuíam os pré-

requisitos suficientes para diagnosticar e distinguir, o que era necessário

implementar-se na Empresa. Desta forma, algumas empresas tornaram-se

acéfala em termos de RH, passando e sobressaltando o processo de

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terceirização para o de pura extinção das atividades de RH. Por tal, o grande

incremento das atividades de consultoria em RH não foi o que se esperava.

Contudo, a nova acomodação pós-reengenharia tem começado a

demandar atividades de consultoria em RH, sobretudo impulsionadas pelos

processos de certificação das ISOs.

A Consultoria Organizacional ou simplesmente Consultoria, é uma

prestação de serviços profissionais. A atividade é exercida por um

profissional denominado Consultor.

Normalmente, em um trabalho de consultoria, existem etapas claras

de ação, são elas: a investigação ou levantamento de informações, a

identificação ou constatação de causas, o estudo de alternativas viáveis, a

proposição de soluções e, em alguns casos o acompanhamento e

assessoramento na implementação das medidas recomendadas para

solucionar os problemas existentes na organização.

O trabalho de consultoria pode ser realizado nas mais diversas áreas,

(Marketing, Finanças, Rh, Tecnologia, etc.), de maneira abrangente,

englobando a empresa como um todo, ou parcial, trabalhando em setores ou

problemas específicos.

De acordo com a sua abrangência, o trabalho de consultoria pode ser

desenvolvido por um consultor individualmente ou através de uma equipe

multidisciplinar.

Uma consultoria organizacional possibilita a indicação de métodos e

soluções a serem adotados pela organização contratante, bem como, orienta

a criação de condições para sua implementação. São diversos os motivos

que levam à contratação de um profissional para realizar um trabalho de

Consultoria em uma empresa, vejamos alguns dos principais:

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FONTE - Irlana P.A . Canutti, CRH SETEMBRO – 1998

- Necessidade de um especialista - Muitas vezes a organização precisa dos

serviços de um especialista, pois quando existem problemas que demandam

know-how específico, faz-se necessária a presença de um profissional que

detenha tal know-how.

“A grande vantagem dos serviços de consultoria para

as empresas, neste caso, é que não há necessidade de

contratação de um profissional a mais para o quadro

permanente da organização, ou seja, terminado o

projeto a empresa não necessita mais do consultor, o

problema é resolvido sem a necessidade de absorver

mais um custo fixo na folha de pagamento”.

Biblioteca Temática do Empreendedor – Sebrae

http://www.bte.com.br

- Projetos específicos - Existem ainda aqueles trabalhos para os quais os

funcionários existentes na empresa possuem a aptidão necessária para

realização.

Porém, face às atividades rotineiras do dia-a-dia da empresa, não

conseguem encontrar tempo para realizá-lo (esta é uma realidade crescente

no meio empresarial, principalmente na alavancagem de projetos, que

demandam bastante trabalho). Nestes casos o consultor assume o novo

projeto até que ele esteja pronto para ser incorporado na rotina operacional

diária da empresa.

Para que tenhamos condições de avaliar se a empresa está neste

perfil, devemos procurar sondar se frases como as seguintes se tornaram

comuns na organização: “nesta semana só apagamos incêndios” ou “o mês

acabou e, mais uma vez, não conseguimos fazer nada do que havíamos

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planejado” ou ainda “não sei mais o que faço! Gostaria que o dia tivesse 48

horas para fazer tudo o que está pendente”.

É comum percebermos, quando desenvolvemos trabalhos dentro de

certas empresas, que a carga de trabalho do dia-a-dia não possibilita, ao

pessoal interno, o desenvolvimento e execução de novos projetos, que são

sempre necessários para a oxigenação, modernização e fortalecimento das

organizações. Nesses casos, como o Consultor contratado para desenvolver

determinado projeto não irá participar da rotina diária da empresa, haverá

condições de viabilizar o projeto em um prazo bem menor, proporcionando

sensíveis ganhos à organização, conforme o impacto do projeto.

- Treinamento de pessoal interno e terceirizado da empresa – Muitas

empresas contratam profissionais que transfiram know-how ao pessoal

interno e terceirizado para que possam fazer o trabalho sozinho. Nestes

casos, o consultor treina uma equipe em novas técnicas ou abordagens ou

ainda repassa informações sobre novos produtos e depois dá

assessoramento complementar para implementação e consolidação.

- Parecer técnico Profissional - Outra necessidade comum nas organizações,

que concorrem para a contratação de um profissional de consultoria é a

necessidade de um parecer independente sobre determinado projeto ou

procedimento na empresa. Nestes casos, em especial, a expectativa do

empresário é minimizar as possibilidades de falhas no projeto, evitando-se

gastos futuros não previstos.

- Trabalhos de avaliação conjunta - Os consultores podem ainda ser

contratados para trabalhar, em conjunto, com os executivos da organização

para a avaliação de processos e/ou análise de dados estratégicos.

- Elaboração de Projetos – a elaboração de projetos, como por exemplo,

para obtenção de empréstimos, financiamentos de equipamentos, planos de

marketing, Programas de Relacionamento, Planejamento estratégico, etc.,

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também são normalmente delegados a consultores especializados que,

dado o conhecimento dos procedimentos e do sistema (conhecem o

“caminho das pedras”), conseguem viabilizar tais projetos em um prazo

significativamente menor que um leigo.

Certamente, existem mais possibilidades para uma empresa tirar

proveito de bons profissionais de consultoria, porém, baseado em minha

experiência profissional e na de amigos consultores, bem como, na leitura de

artigos e livros sobre o assunto, acredito que estas sejam as utilizações mais

usuais para este tipo de trabalho profissional.

Quais os vários tipos de Consultoria ?

Organizacional – Atividade que visa a investigação, identificação, estudo e

solução de problemas atinentes a estrutura, ao funcionamento e a

administração de empresas e entidades privadas ou estatais.

Autônoma – Profissional qualificado que atua em determinado projeto de

forma independente, não vinculado a uma estrutura organizacional.

Associada – Parceiros de empresas de consultoria empresarial, solicitados

para realizar determinados projetos.

Externa – Profissional não integrante da empresa a qual presta serviços.

Exclusiva – Profissional que se dedica a oferecer aconselhamento e a

conduzir projetos especiais de consultoria a determinada empresa.

Interna – Funcionário da empresa que, em geral, desempenha atividades

técnicas. É um facilitador. Elabora diagnóstico, busca soluções, sugere e

opina.

Consultoria Interna: É o conjunto de atividades desenvolvidas por um

profissional multidisciplinar da organização, como o objetivo de desenvolver,

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influenciar e assessorar de forma consistente e articulada os clientes

internos.

Intervenção

É a meta ou produto final obtido de uma atividade de consultoria.

Descreve quaisquer ações que se deva adotar em relação a um sistema do

qual você não faz parte.

Cliente Interno

É um profissional, um grupo de trabalho, um setor, departamento, que o

consultor quer influenciar, sem exercer controle direto.

Tipos de Consultoria Interna

Por Projetos - é o conjunto de atividades desenvolvidas pelo consultor, que

diagnostica a situação-problema e propõe alternativas de solução ao cliente.

Por Processos - é o conjunto de atividades desenvolvidas pelo consultor,

que ajudam o cliente a perceber, entender e agir sobre fatos inter-

relacionados que ocorrem no seu ambiente.

O processo de Consultoria Interna de Recursos Humanos

Objetivos

Uma área burocratizada, cheia de normas e regulamentos exige

inovação. Prover a organização de informações descentralizadas é um dos

principais objetivos da implantação de um projeto de Consultoria Interna de

Recursos Humanos.

As organizações que o fizeram estavam preocupadas, não apenas em

facilitar a tramitação da comunicação e informação, mas também em

oferecer melhor atendimento ao cliente interno, em ir ao encontro das reais

necessidades de seus funcionários e em aproximar-se dele. Isso permite

que se concentre o trabalho de desenvolvimento no atendimento das

necessidades e preferências do cliente interno.

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Cabe à Consultoria Interna de RH detectar esses interesses e

necessidades, empregar eficientemente as informações recebidas visando

ao desenvolvimento de estratégias, propondo soluções e aprimorando os

produtos oferecidos aos recursos humanos.

Esse modelo também tem como objetivo antecipar tendências de RH

e ter sua atuação alinhada com suas estratégias e as da organização.Todos

os treinamentos voltados para serviço total ao cliente mencionam a

importância de se oferecer excelência de serviços.

Paradigmas da Área de Recursos Humanos

RH mecanicista RH holístico

nível operacional e burocrático nível estratégico e por diretrizes

centralizados ( caixa-preta) todo servidor é um gestor de RH

visão voltada para dentro visão ampla da organização e de

seu ambiente de trabalho

Lento e controlador ágil e apoiador

carreiras especializadas/ mobilidade

vertical

carreira em “Y” / rotatividade de

tarefas

condições de trabalho qualidade de vida no trabalho

cargos pouco mutáveis/ avaliação do

conteúdo do cargo

cargos ampliados/ avaliação da

maturidade do ocupante

Riscos e Oportunidades no Processo de Consultoria Interna

Existem maiores oportunidades de se conquistar um melhor

gerenciamento de RH do que riscos para a organização que opte por sua

implantação.

Em todas as empresas onde houve a implantação desse processo, só

há menção de vantagens, e as mais citadas foram a proximidade e a

possibilidade de melhor atender às necessidade do cliente interno.

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Todo risco pode ser revertido em oportunidade. Para isso, alguns

cuidados devem ser considerados.

- A consultoria interna permite atender a maioria das necessidades dos

funcionários

- Proximidade entre cliente e consultor

- Multifuncionalidade do consultor interno

- Rapidez na resolução de problemas

- Maior interação e a geração de uma relação de confiança

- Envolvimento com colegas de trabalho

- Alteração da imagem da área

O Perfil do Consultor Interno de Recursos Humanos

Trata-se de funcionário da empresa, que até então ocupava alguma

função na área de recursos humanos. Este profissional que até então

desempenhava atividades específicas, passará a adquirir

multifuncionalidade, terá sua atuação extremamente fortalecida e ampliada.

Em algumas empresas, o Consultor Interno orienta quanto à forma

mais adequada de recrutamento, troca idéias com o seu cliente interno

quanto ao perfil profissional mais adequado para determinada função,

apresenta ferramentas mais apropriadas para avaliar o candidato à vaga,

acompanha todo o processo oferecendo Feedback para o seu cliente. Este é

só um exemplo de como profissionalizar a atuação. Ter a postura de um

Consultor é fazer o que é necessário com a maior eficiência e eficácia

possível, sem temer os resultados e o retorno do cliente.

Pode-se também intervir, por exemplo, em questões de treinamento,

acompanhamento da carreira e dos benefícios, propor soluções para

eventuais conflitos, estabelecer metas de RH para a área, adaptar os

produtos da administração de RH às necessidades dos servidores.

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Como se pode notar, é o Consultor interno do RH quem acompanha o

cliente interno muito de perto. Auxilia na solução de problemas elaborando

diagnósticos, submetendo recomendações, sugestões, opiniões e críticas,

sempre orientando para a solução.

A proposta então, é a de que esse profissional, até então especialista,

adquira uma maior gama de habilidades tornando-se multidisciplinar ou

multifuncional, ou seja, conhecedor de todas as atividades da área de RH. O

Consultor não precisa ser um profundo conhecedor das situações a serem

analisadas, mas tem que ter boa visão do que ocorre e o que passará a

ocorrer com as alternativas propostas.

A multidisciplinaridade é hoje uma exigência constante. Apresentando

essa visão generalista, o profissional poderá propor uma solução ampla e

abrangente, e nunca mais um cliente irá ouvir: “Isso não é comigo!”

Competências do Consultor Interno e o desafio de atuar no novo papel

As atividades do Consultor Interno de RH dentro das empresas, mais

do que qualquer outra exige, além da vocação de lidar com pessoas, a

predisposição de lidar com constantes desafios. Aliadas a isso, as

competências profissionais inerentes à função e a firme convicção de fazer

desse o seu futuro profissional.

Porque muitos profissionais não dão certo nesse papel?

Para estar apto a aceitar esse grande desafio de atuar como

Consultor Interno, esse profissional necessita ter, ou desenvolver, as

seguintes competências:

ser um agente de mudanças

estar comprometido com os resultados

mostrar racionalidade / isenção

ter bom nível de cultura geral

conhecer sua área de atuação

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agregar conhecimentos

ter facilidade de diálogo e relacionamento

estabelecer relação de confiança

ter perfil negociador

colocar ênfase nas pessoas

ter comportamento ético

ter disposição para assumir riscos

ter equilíbrio

ter pensamento estratégico

saber compartilhar responsabilidade

perceber e lidar com sentimentos

saber lidar com resistências

FONTE: Irlana P.A . Canutti

CRH SETEMBRO - 1998

Este é o papel do Consultor Interno: oferecer ao seu cliente o melhor

serviço, com qualidade e dentro de suas reais necessidades.

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CAPÍTULO II

A PRÁTICA DO SERVIÇO SOCIAL ORGANIZACIONAL

Ao considerarmos que a conjuntura atual é determinada pelo

processo de reestruturação produtiva, passa, então, a imprimir mudanças

nos modelos de gestão da força de trabalho no interior das empresas

capitalistas.

O desenvolvimento desses modelos implica em modificações nas

práticas das empresas e interfere nas demandas, nas competências e na

qualificação profissional dos assistentes sociais.

Para discutir o processo de qualificação profissional pontuamos os

processos macro sociais que especificam o atual momento histórico da

realidade brasileira, quais sejam: globalização e seus impactos na divisão

internacional do trabalho; a emergência do neoliberalismo e a reestruturação

produtiva. Pois são estes processos mais gerais que imprimem mudanças

nas práticas das empresas e interferem nos modelos de gestão da força de

trabalho, produzindo, conseqüentemente, modificações nas demandas e nas

competências profissionais.

Observamos que os padrões de qualificação dos assistentes sociais

vêm sofrendo inflexões determinadas pelo processo mais geral de

reestruturação produtiva.

As exigências desse processo têm implicado em mudanças nos

modelos de gestão da força de trabalho nas empresas. O desenvolvimento

desses modelos implica, por sua vez, no reordenamento das práticas

empresariais e interferem nas demandas e na qualificação profissional dos

técnicos de Serviço Social.

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As formas de adequação das empresas às chamadas exigências do

mercado provocam a emergência de novos processos de trabalho que, por

sua vez, redefinem a divisão do trabalho, as práticas de gerência do

trabalho, o perfil do trabalhador e as qualificações profissionais no interior da

empresa. Exige-se um maior conhecimento do processo de trabalho,

mobilidade, agilidade e participação ativa no cumprimento das metas de

produção.

O assistente social como parte do trabalhador coletivo também

participa dessas metamorfoses quando deles se exige domínio de diferentes

tarefas e funções dentro da empresa.

Dessa forma, as empresas vislumbram a formação de novas

competências adequadas às demandas organizacionais. Neste processo, as

competências políticas, não fazem parte da programática formadora,

materializada nos treinamentos realizados.

Para alcançar seus objetivos, as próprias empresas se encarregam de

patrocinar e promover os eventos de qualificação profissional, o que estimula

o afastamento dos técnicos de centros acadêmicos, onde tradicionalmente

há uma formação mais geral, cuja direção social não está necessariamente

vinculada às necessidades de reprodução do capital.

Observamos ainda, que o tipo de qualificação profissional oferecida

pelas empresas aos seus trabalhadores é de duração rápida e objetivo

preciso: adaptar o empregado às novas tecnologias, contribuindo para o

melhor desempenho.

Trata-se de qualificar o trabalhador para atingir os objetivos imediatos

das empresas, contribuindo para o aumento da produtividade. Nestes

termos, adquirem significado, a capacitação para a polivalência e a formação

de comportamentos que revelem comprometimento do trabalhador com as

necessidades da empresa.

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Por outro lado, podemos constatar que o mercado de trabalho tende a

substituir o conceito de qualificação pelo de competência. Assim, garantem

que a construção e a certificação de competências estejam voltadas para as

necessidades empresariais, deixando em segundo plano os saberes e

conhecimentos não diretamente ligados a essas demandas.

Neste sentido, o processo formativo do trabalhador restringir-se-ia à

dimensão informativa e instrumental, desprezando a dimensão

educativa/política.

Segundo Deluiz (1998), as competências exigidas pelo mundo do

trabalho ao trabalhador restringem-se:

“Ás competências intelectuais e técnicas;

organizacionais ou metódicas; comunicativas, sociais e

comportamentais”. (Deluiz, 1998)

Tais competências supõem um trabalhador multifuncional, capaz de

identificar e resolver problemas, antecipar circunstâncias, pensar e planejar

estrategicamente, além de desempenhar atividades polivalentes.

Mudam-se, dessa forma, os conteúdos da qualificação do trabalhador

que deixam de promover uma especialização e conhecimento em

profundidade de um ofício, para se constituir numa formação generalista,

complementada pelo desenvolvimento de competências, aplicadas às

necessidades de cada empresa.

É importante ressaltar que os assistentes sociais inseridos no quadro

funcional das empresas sempre participaram de atividades formativas

(cursos, seminários, treinamentos, etc.) promovidos pela própria organização

ou por instituições fora do âmbito empresarial. Essa participação pode ser

motivada por iniciativa do profissional ou da empresa. Há, ainda, situações

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em que o profissional solicita à empresa a sua participação nas atividades

de formação.

Vale destacar, entretanto, que independente da iniciativa - do

profissional ou da organização - as empresas, assumem em geral, o custo

financeiro da capacitação/atualização profissional, ou no mínimo dividem as

despesas com o profissional.

Os novos requisitos de qualificação profissional que apontam para

alterações nas condições e relações de trabalho dos assistentes sociais são

trabalho multidisciplinar, o trabalho polivalente ou multifuncional e o domínio

de novos conhecimentos técnicos operativos vinculados a novas questões

que surgem nas empresas em função das mudanças vivenciadas.

Um dos campos específicos do Serviço Social é o setor empresarial.

E o objeto de análise de nossa pesquisa é a prática do Serviço Social no

campo empresarial, mas especificamente como consultor interno e externo.

O campo empresarial vem sofrendo impacto das inovações

tecnológicas sob duas ordens: no processo de trabalho e no gerenciamento

do trabalho. Um dos focos de nossa pesquisa são as transformações dos

processos de gerência do trabalho, devido ao fato que, historicamente o

Serviço Social ocupa cargos dentro das estruturas de recursos humanos das

empresas.

Neste sentido cabe identificar e analisar quais são as demandas

colocadas ao Serviço Social, enquanto profissão inserida na estrutura de

recursos humanos, ou como vem sendo denominado, atualmente, no

desenvolvimento de pessoas, bem como apreendermos as respostas do

Serviço Social a estas demandas interna e externamente. Por isso interessa-

nos contextualizar as novas formas de organização e gestão do trabalho na

área dos recursos humanos nas empresas.

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As novas formas de gerenciamento aliadas a inovações tecnológicas

levam a redução de postos de trabalho, requerendo a constituição e

assimilação de uma cultura do trabalho que lhes sejam condizentes, para

que se obtenha o efetivo aumento da produtividade, o que segundo CESAR

(1998) tem conduzido a redução de postos de trabalho vivo, precarização

das condições de trabalho e, conseqüentemente, intensificação do ritmo na

execução das tarefas. Para o êxito das novas formas de gerência, o

consentimento dos trabalhadores é imprescindível. Por isso:

(...) “O discurso empresarial que enfatiza a qualificação,

as múltiplas competências, a adaptabilidade, a

participação e o envolvimento, é também o mesmo que

justifica a redução de postos de trabalho, a

empregabilidade e a adoção de padrões mais rígidos

de controle do desempenho do trabalhador.”(CESAR,

1998, p. 119)”.

Dentre as práticas de gestão de Recursos Humanos, adotadas pelas

empresas, estão os benefícios e serviços sociais, sistemas de premiação,

incentivos a participação, implantação ou implementação de sistemas de

avaliação, criação de programas de treinamentos. Para MOTA (1998):

“A requisição do assistente social responde à

necessidade de se entregar a um técnico a

administração racional e científica dos serviços sociais

geridos pela empresa. É evidente que a racionalidade

se prende tanto ao caráter de eficiência da

administração de benefícios materiais como ao caráter

educativo dessa administração, instituído nas

orientações de condutas desviantes de empregado e

sua família” (MOTA, 1998, p.17)

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Ao mesmo tempo em que a empresa dá legitimidade ao trabalho do

profissional de Serviço Social, devido a sua utilidade social, vai emergindo

um outro aspecto dessa prática que ultrapassa o caráter técnico operativo,

refere-se ao componente político da requisição, identificado na necessidade

de mediar interesses de classe. É a empresa que opta por contratar um

profissional para administrar os benefícios, não sendo uma opção dos

trabalhadores tal contratação, isso significa que a mediação do Serviço

Social:

“É plasmada contraditoriamente, podendo servir ora ao

capital, ora ao trabalhador, dependendo das condições

objetivas e das opções políticas de seus agentes”

(MOTA, 1998, p.18).

Enfim, depende da correlação de forças existentes em cada contexto.

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CAPÍTULO III

O ASSISTENTE SOCIAL COMO CONSULTOR

EXTERNO E INTERNO

Neste capítulo utilizaremos como referência bibliográfica o Caderno

temático nº 02 do Núcleo de Estudos e Assessoria ao Trabalho dos

Assistentes Sociais de Empresa, elaborado pelo conselho regional do

Serviço Social no Rio de Janeiro, em Abril de 2003.

Trabalharemos, portanto, com dois relatos distintos da atuação em

consultoria, um externo e outro interno.

Estaremos tratando primeiramente da consultoria externa,

exemplificada pela Assistente Social Teresinha de Jesus Ramos, atuante em

projetos sociais e gestão de pessoas para empresas como:

- FIRJAN/SESI/RJ,

- Laboratório GLAXO WELCOME S/A.,

- Prefeitura Municipal de Quissamã/RJ,

- ARACRUZ CELULOSE S/A, dentre outras.

Segundo RAMOS (2003) prestar consultoria não é uma tarefa fácil e

exige-se a interação entre dois processos contínuos:

1 – Ser o mais autêntico possível em todas as fases da consultoria

com o cliente;

2 – Atender diretamente, com palavras e ações, ao negócio de cada

uma das etapas do processo de consultoria.

Destaca também os passos básicos para um bom trabalho de consultoria:

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a) Primeiro contato com seu cliente para a realização de um contrato,

onde será demonstrado com clareza ao cliente os passos necessários

para a realização de seu pleito;

b) A seguir é de muito cuidado, realizar uma coleta de dados e

desenvolver um diagnóstico da real necessidade do cliente, buscando

identificar os pontos problemáticos aos passos da consultoria;

c) Realizar uma análise das informações obtidas conforme relatado no

item anteriores, tendo o consultor a opção em envolver seu cliente ou

não. É a fase do planejamento das ações necessárias ao atendimento

das demandas do cliente, para agir;

d) Implementação;

e) Avaliação do trabalho realizado, visando ao término ou mesmo

prosseguimento, caso seja solicitado ou sugerido pelo consultor.

A autora elenca ainda requisitos para que o consultor realize um

trabalho de qualidade:

1. Valorização de sua experiência adquirida ao longo de suas

habilidades;

2. Que seu parecer não venha se posicionar apenas como sugestão,

mas sim, como recomendação;

3. Entender que em uma consultoria, os resultados são esperados com

sucesso para os dois lados: cliente e consultor;

4. Comprometimento com o trabalho;

5. Viabilizar a influência que o consultor terá sobre seus clientes, e,

6. Manter relacionamento transparente com sua clientela.

Ao finalizar uma consultoria, Terezinha nos aponta a necessidade de

darmos e buscarmos do cliente o feedback em relação ao resultado do

trabalho.

Diante disso podemos afirmar que o assistente social necessita não

somente estar tecnicamente capacitado, mas também, exercer a sua

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confiança, criatividade, compaixão, contribuindo com algo valioso para a

sociedade.

Já na consultoria interna estaremos conhecendo a experiência da

Assistente Social Sandra Regina do Carmo, com 25 anos de experiência em

empresa.

A profissional se reservou o direito de não mencionar a empresa onde

trabalha, mas descreveu detalhadamente sua história desde seu ingresso,

em 1976, onde trabalhava num programa de acompanhamento social de

empregados, passando pela segurança do trabalho e intervenção no clima

organizacional. Na década de 90 passou a integrar a equipe de gestão

estratégica da área de recursos humanos.

Segundo CARMO(2003), a tendência que se configura até hoje traz

as seguintes premissas:

- a gestão da força de trabalho é atribuição do gerente;

- os profissionais de RH são responsáveis pela definição dos

mecanismos de gestão, construídos com a participação dos “clientes”

(entendidos como os gerentes), e, junto aos gerentes exercem o papel de

consultores internos.

Ao longo do período em que esteve alocada na empresa, Sandra

verificou o avanço no reconhecimento do profissional de Serviço Social

quanto à capacidade de desenvolver a função de consultor interno. Porém,

ressalta que são necessários alguns cuidados para que uma atuação seja

pautada em princípios ético-profissionais e políticos, que são:

- Entender a realidade em que se está imersa;

- Entender que se está inserido num processo de trabalho capitalista,

como assalariados, e, portanto, submetidos ao controle do nosso

empregador, logo as sugestões nem sempre serão aceitas na íntegra;

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- Entender a necessidade de instrumentalização para a negociação

com aqueles com quem iremos trabalhar, aumentando, assim, a chance de

sucesso quanto à aceitação de nossas propostas;

- Entender que a gestão de recursos humanos supõe,

necessariamente, de dois principais atores: de um lado, os trabalhadores e

de outro o empregador. Por outro lado, é o conhecimento em relação aos

trabalhadores e nossa facilidade de diálogo com os mesmos que nos habilita

ao exercício desse papel.

A autora ainda elenca passos que devem ser percorridos para realizar

uma boa consultoria interna:

- Atender a demanda apresentada através de contatos, entrevistas,

articulações, lembrando sempre da relação capital X trabalho;

- Conhecer bem a realidade da empresa, as políticas de RH

existentes, o contexto sócio-econômico e cultural, as demandas do

trabalhador, as bases técnicas do trabalho e a linguagem utilizada pela

administração;

- Avaliar as informações obtidas e elaborar propostas de ações que

atendam o que observamos como resultado esperado, e,

- Negociar com o “cliente” e ter a clareza de que vamos propor, mas

que, dentro da divisão do trabalho na qual estamos inseridos, nem sempre

somos responsáveis pela decisão.

A avaliação sobre o resultado do trabalho deve levar em conta o

sucesso ou fracasso quanto à possibilidade de influenciar as decisões,

avaliando as causas do insucesso para mudar estratégias.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A área de Recursos Humanos tem que antecipar as tendências,

pensar no que é preciso fazer hoje e também no que é preciso fazer daqui a

algum tempo.

Pensar no novo perfil dos profissionais e nas necessidades futuras da

organização. Não podemos esquecer que os colaboradores ingressam nas

organizações esperando que suas satisfações pessoais sejam maiores que

seus esforços pessoais. E a empresa espera que a contribuição de cada

indivíduo ultrapasse os custos de sua presença na organização.

Para que haja um congraçamento de todas essas expectativas e

ainda a conquista de bons negócios, a gestão de recursos humanos tem

como missão identificar competências, potencializar seus talentos humanos

e retroalimentá-los o tempo todo. O que exigirá clareza e acordo do que a

empresa espera do colaborador e o que ele pode esperar da empresa na

atuação do dia-a-dia.

Diante das turbulências destes tempos de mudanças velozes, os

profissionais de Recursos Humanos sairão fortalecidos, considerando a

tendência das empresas em dar um novo enfoque para esses profissionais:

o de Consultores.

A visão de que todos os colaboradores que lideram grupos são

Gestores de Seres Humanos, amplia a missão e a oportunidade de trabalho

dos profissionais especializados nesta área, dentre eles, o Assistente Social,

que migram do papel de especialistas que operacionalizam as atividades,

para consultores internos, que orientam, treinam e apoiam os gerentes das

várias áreas.

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Precisam de mais competência técnica e de excelente

relacionamento, para preparar, desenvolver e harmonizar, dentro da

empresa, os Talentos Humanos em situações de trabalho.

A consultoria interna ou mesmo externa deve desempenhar o papel

de desenvolver um trabalho específico com todos os líderes da empresa,

visando capacitá-los a mobilizarem seus colaboradores, em cada área, na

direção do perfil desejado, de acordo com a filosofia da empresa e definição

da visão, missão, valores, estratégias, metas e a maneira de acompanhar o

desempenho de cada um.

A área de Recursos Humanos passar a ser estratégica, uma vez que

os objetivos organizacionais são atingidos por meio da administração de

pessoas recrutadas, selecionadas, acompanhadas, orientadas e

desenvolvidas como colaboradores o que só se consegue com uma gestão

transparente, coerente e proativa.

A organização também deve se preocupar com os canais de

comunicação, com o relacionamento interpessoal e com a motivação das

pessoas. Nesse sentido o gestor deve ouvir, avaliar, aceitar críticas e

sugestões de seus colaboradores e canalizá-las para a competitividade da

empresa.

A maioria das organizações bem sucedidas compreende que a gestão

de sues profissionais, e a qualidade de seus produtos e serviços, são o

melhor meio de que dispõem para enfrentar os constantes desafios

propostos pelo mercado.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BLOCK, Peter. Consultoria: o desafio da liberdade. São Paulo: Makron,

MacGraw-Hill, 1991.

CESAR, Mônica de Jesus. Serviço Social e reestruturação industrial

requisições, competências e condições de trabalho profissional. In MOTA,

Ana Elizabete (org). A nova fábrica de consensos. São Paulo: Cortez, 1998;

FALEIROS, V. P. Metodologia e Ideologia do Trabalho Social. 8.ed. São

Paulo: Cortez, 1993.

___________.Desafios ao Serviço Social na Era da Globalização. Revista

Serviço Social e Sociedade. v.61, São Paulo: Cortez, 1999, p. 154,166-7.

GUILLORY, Willian. A Empresa viva. São Paulo: Cultrix, 2000.

IAMAMOTO, Marilda. O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e

formação profissional. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2000;

MOTA, Ana Elizabete (org). A nova fábrica de consensos. São Paulo:

Cortez, 1998.

NEAT. Consultoria. Caderno Temático nº2. Rio de Janeiro: CRESS 7ª, abril

de 2003.

SITES DE CONSULTORIA:

http://www.shibuyapratica.com.br

http://www.terraconsultoria.com.br

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ANEXOS

A PRÁTICA CONSULTORIA EMPRESARIAL LTDA. é uma consultoria em

RH, que tem como foco atuar na melhoria da qualidade de vida e bem-estar

de seus colaboradores, sempre alinhada à estratégia de sua Organização,

de forma a obter o aumento da produtividade, tornando-a mais competitiva.

Através de uma equipe multidisciplinar de profissionais especializados

atende na sede da PRÁTICA ou em sua empresa, de acordo com a cultura

da empresa e de forma personalizada.

Programas• Palestras/Workshops•Maturidade•Atendimento

Incidentes Críticos•Desenvolvimento de Produtos

Principais Referências •A Empresa • Atendimento

Previdenciário•Nosso diferencial• Dicas Viver Bem•Página Inicial•

Fale Conosco

Consultoria Social

(Serviço Social )

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Você conhece seus

colaboradores e quais os

problemas que eles têm

passado?

• O que têm interferido na

produtividade e no clima

organizacional de sua empresa?

• O que você tem feito para

reduzir os custos com saúde de

sua empresa?

• Você sabe o quanto a incidência

de dependência química

interfere no ambiente de trabalho

e na produtividade de sua

empresa?

Diversas situações de ordem social

interferem sensivelmente nas

dinâmicas das pessoas,

desencadeando estresse, queda de

produtividade,

além de repercutir no ambiente de

trabalho.

COMO ESTAS QUESTÕES

PODERÃO SER RESOLVIDAS?

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Através de nossa atuação junto a sua

empresa e seus colaboradores /

gestores podemos identificar e oferecer

alternativas que repercutem

positivamente na:

• Elevação da produtividade

• Melhoria do clima organizacional

• Redução de acidentes do trabalho

• Redução do absenteísmo

• Melhor utilização dos Benefícios oferecidos pela Empresa

• Melhor imagem positiva da

Empresa

COMO ?

• Atuando através de atendimento individual, grupal, palestras, dinâmicas e pesquisas

• Promovendo reflexões sobre a origem dos fatores, levando o cliente/colaborador a ser capaz de decidir sua própria vida e carreira.

• Mapeamento Social, Diagnóstico Social e Clima Organizacional

• Administração de Benefícios / Convênios / Auto-Gestão

• Sinistralidade de Convênios

• Terceirização: controles administrativos, implantação de rotinas, suporte à área de RH, de acordo com o perfil e necessidade do cliente

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Implantando o Serviço Social em sistema terceirizado ou redefinindo os objetivos e

abordagens já existentes, a Prática objetiva em total sintonia com as políticas e

estratégias contratantes subsidiar o gerenciamento de pessoas, criar e manter um

clima de colaboração e produtividade nas empresa, através de um quadro funcional

afinado, motivado e qualificado.

Através de uma equipe de profissionais, atendemos na Sede da Prática ou em sua

empresa, atendendo sempre de acordo com a política da Empresa, e de forma

personalizada.

SITE:

http://www.shibuyapratica.com.br

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ATIVIDADES EXTRACURRICULARES

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Pós-Graduação “Lato Sensu”

Título da monografia: Consultoria Externa e Interna – Novos caminhos do

Serviço social para a Gestão de Recursos Humanos

Data da Entrega: 29/01/05

Avaliado por:

Grau:

Rio de Janeiro, ____ de____________________de 2005.