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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA GESTÃO DEMOCRÁTICA: VALORIZAÇÃO DA DIMENSÃO HUMANA E DO ENSINO APRENDIZAGEM Por: Lucia Helena Bacellar de Assis Orientador Profª Mary Sue Pereira Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

GESTÃO DEMOCRÁTICA: VALORIZAÇÃO DA

DIMENSÃO HUMANA E DO ENSINO APRENDIZAGEM

Por: Lucia Helena Bacellar de Assis

Orientador

Profª Mary Sue Pereira

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

GESTÃO DEMOCRÁTICA: VALORIZAÇÃO DA

DIMENSÃO HUMANA E DO ENSINO APRENDIZAGEM

Apresentação de monografia a AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Administração e Supervisão

Escolar.

Por: Lucia Helena Bacellar de Assis

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, a minha mãe

uma mulher guerreira, ao meu amado

marido pelo carinho e as minhas filhas

queridas.

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DEDICATÓRIA

Dedico este estudo a todas as pessoas

que me apoiaram nessa caminhada e

principalmente a minha amiga Lucinda.

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RESUMO

O objetivo desta pesquisa monográfica é analisar e investigar

criticamente como se encontra a atual situação da gestão nas escolas, e

refletir sobre as metas de formação humana, conceitos e valores que devem

ser tratados com prioridade pelas equipes de gestão escolar, tendo como foco

a minimização das aprendizagens e das potencialidades afetivas de

convivência, com vista à qualidade do processo educacional democrático e

formação de indivíduos críticos.

Neste sentido uma gestão democrática deve buscar a disseminação de

valores tas como: o desenvolvimento da força humana e o resgate da auto-

estima, a amenização dos conflitos com estratégias pertinentes e a

compreensão das relações humanas com base na afetividade. Para tanto, é

necessário uma gestão de qualidade com pessoas dedicadas, abertas a

mudanças, que acreditam no que fazem, que acompanham, ajudam

compreendem e gerenciam os conflitos.

“A promoção de uma gestão democrática e participativa

está associada a compartilhamento de responsabilidades

no processo de tomada de decisão entre os diversos

níveis de segmentos de autoridade do sistema de ensino e

de escolas. Desse, modo as unidades de ensino

poderiam, em seu interior, praticar a busca de soluções

próprias para seus problemas e, portanto, mais

adequadas às suas necessidades e expectativas, segundo

os princípios de autonomia e participação”. (Jean Valérien,

1993)

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METODOLOGIA

O presente trabalho possui uma natureza bibliográfica, pautando-se

para isso em fontes primarias: livros, artigos e revistas. Trata-se, portanto, de

uma pesquisa monográfica do tipo bibliográfica, pois desenvolve uma densa

revisão teórica sobre a temática.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - GESTÃO DEMOCRATICA UM ALICERCE

PARA MUDANÇAS 11

CAPÍTULO II - GESTÃO DEMOCRATICA E A ENGRENAGEM

DO PROCESO ENSINO APRENDIZAGEM 22

CAPÍTULO III – GESTÃO DEMOCRATICA COM QUALIDADE

E AFETIVIDADE 34

CONCLUSÃO 43

BIBLIOGRAFIA 45

ÍNDICE 48

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INTRODUÇÃO

O cenário atual da educação tem sido marcado por profundas

mudanças, particularmente no tange as políticas sociais. São mudanças

oriundas dos processos de reestruturação capitalista e de internacionalização e

globalização da economia. Por essas e outras razões, os desafios que se

colocam para gestão da educação pública no atual contexto não são poucas.

O poder do estado tem sido corroído e desagregado, apresentando

conseqüências de longo alcance no que diz respeito aos mecanismos de

controle e nas políticas públicas em geral. No caso especifico da Educação,

este novo rearranjo de poder tem interferido e redimensionado a gestão do

sistema de ensino.

O sistema Educacional ao longo dos anos vem-se modificando a partir

de ações técnico-administrativas na busca de um alicerce concreto de

desenvolvimento político social. A democratização e a gestão participativa têm

sido um referencial no processo de reorganização do sistema de ensino.

A educação deve ser o alicerce para toda mudança, pois ela tem um

poder transformador, e esse poder alimenta a imaginação e perpassa para o

rel. Isto é aduzido por Giles (1983), quando diz que precisamos despertar

aquilo que a alma do educando já possui, a educação não poderá ser

padronizada, pois ela precisará se situar nos contextos sociais e históricos de

cada escola e comunidade.

Infelizmente, quando um gestor não é escolhido por seus atributos

profissionais e, sim por um capricho político, ele passa a ser um fantoche do

sistema e, por mais que tenha boas idéias, estas não serão seguidas de

ações, pois esses gestores não têm autonomia, ou seja, a eles não foi

delegado poder de decisão.

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Todavia, as propostas de democratização escolar apresentadas pelo

MEC e pela Secretaria de Educação previstas na Constituição Federal de

19881, mais precisamente em seu Art. 206, inciso VI, e na Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional ² de 20 de dezembro de 1996, em seus Artigos

14 e 15, na maioria das vezes são implementadas de forma utópica e

centralizada pelos gestores.

A descentralização deve ser aplicada e entendida como fortalecimento

da instituição escolar que, ao possuir maior autonomia, (re) define sua própria

identidade, o seu papel e os do diferentes segmentos envolvidos,superando os

processos burocráticos e centralizados até então vigentes.

Para uma gestão de qualidade é necessária pessoa dedicada, abertas

a mudanças e capazes de automudanças, que acreditem no que fazem, que

acompanham, ajudam, compreendem e gerenciam os conflitos entre os seus

pares profissionais. Pronto a servir, ouvir e discordar quando necessário.

Sempre focada no coletivo, a gestão de qualidade exige que os sujeitos sejam

em suma, habilidosos, característica esta que se aprende cotidianamente.

Nessa perspectiva, o tema a ser trabalhado no presente estudo é o

papel da escola no processo de democratização da gestão, a valorização da

dimensão humana e a qualidade do ensino aprendizagem. A gestão escolar

necessita da participação de todos os profissionais para que seja sempre

oferecida uma educação libertadora, como aquela almejada por Freire (1997).

A comunidade escolar deve ser pro ativa e cidadã, e buscar, por meio de uma

gestão integrada, a participação e o comprometimento de todos.

1 PRESIDENCIA DA REPUBLICA.Casa Civil. Subchefia para assuntos jurídicos. Constituição da Republica Federativa do Brasil. ²REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Lei de Diretrizes e Base da Educação. Lei nº 9.394. Brasília, 20 de dezembro 1996.

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Objetivou-se, neste trabalho, analisar e investigar criticamente como se

encontra a atual situação da gestão nas escolas de ensino fundamental e

médio, a partir de uma revisão de literatura especializada, buscando conhecer

e avaliar os métodos utilizados, pois se torna visível no campo educacional

uma grande dificuldade para se quebrar o paradigma da centralização e

autoritarismo que é evocado há anos na gestão da escola pública e a

dificuldade de abertura de espaços reais para uma maior participação da

comunidade nos processos decisórios, sejam administrativo, sejam

pedagógicos.

CAPÍTULO I

GESTÃO DEMOCRÁTICA: UM ALICERCE PARA

MUDANÇAS

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“É que a democracia, como qualquer sonho, não se faz

com palavras desencarnadas” (FREIRE, Paulo, 1998).

A experiência da escola pública brasileira é gritante no que diz respeito

aos vícios trazidos ao longo das décadas. Muitos educadores receberam o

cargo de gestor escolar mais por um “favor político” do que por competência. A

influência política determinista nomeia gestores (profissionais) de sua

confiança para dirigirem unidades escolares, enquanto os mesmos sem

competência necessária usam uma política “da retribuição”

Esses políticos, na maioria das vezes, esquecem-se e observar alguns

comportamentos necessários para fazer um bom gestor deve também exercer

uma liderança positiva sobre sua equipe e a comunidade escolar.

Nos últimos 20 anos, entrou-se em uma nova historia e, timidamente,

percebe-se que a educação pública vem dando alguns passos mais positivos.

È preciso que a participação na gestão democrática observe a

responsabilidade ética, a partir da qual se respeite as idéias de todos que

estejam inseridos na comunidade escolar, onde haja um processo de reflexão

sobre a gestão que norteia a instituição.

É imprescindível que numa gestão democrática a discussão sobre

poder não seja vista como uma conceituação histórica, ligada a grupos ou

pessoas, que não seja refletida como simples consentimento, proibição o

julgamento.

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Desta forma, a escola, através do exercício da gestão democrática,

sem sombra de duvidas, é uma das possibilidades de caminhar em direção à

democratização social justamente porque nela se trabalham relações de poder

e de serviço a comunidade. Além disso, a escola é, por definição, um espaço

de formação de pessoas e da cidadania.

Assim sendo, o desafio é buscar o sonho, a utopia, a esperança, numa

perspectiva do nosso “olhar” que vai envolvendo o nosso ouvir e a nossa ação.

Quer dizer, busca-se desta forma uma aproximação ao ideal da gestão

democrática, num processo em que indivíduos não percam sua identidade e

autonomia. A escola tem um papel fundamental ao lado da família e do meio

social mais amplo, a escola é uma das esferas de produção de capacidade de

trabalho. A escola, portanto, não pode mais permanecer nas franjas dos

mecanismos de controle social e econômico do sistema capitalista.

“A participação não se subordina funcionalmente à

gerência dos outros, não é uma participação fictícia e heterogênea, mas uma participação no poder de decisão, enquanto exercício livre e responsável de sujeitos autônomos, uma participação ingerência, capaz de nos conduzir a uma organização educativa e pedagógica auto determinada, autônoma, democrática”. (FREIRE, Paulo, 1991)

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Faz-se necessário a descentralização administrativa, inclusive dos

recursos financeiros, o que confere maior autonomia às unidades escolares,

permitindo a elas maior capacidade de adaptação às condições locais, sem

riscos de alterações substantivas ou perturbações indesejadas em todo o

sistema.

O controle exercido pela organização focal (Ministério da Educação ou

Secretarias) passa a realizar-se basicamente através da distribuição de

recursos, da definição e do controle dos meios de acompanhamento e

avaliação dos resultados, da definição dos padrões gerais de funcionamento

das unidades escolares, que estabelecem os limites em que elas devem

operar e promover as adaptações necessárias para o bom funcionamento do

sistema educacional como todo.

Paulo Freire destaca também que a democratização das organizações

educativas, escolares e não-escolares, representa um elemento crucial e que,

no caso da escola publica, tanto mais quanto essa democratização escolar

“não é puro epifenômeno, resultado mecânico da transformação da sociedade

global, mas um fator também de mudança” (FREIRE, Paulo, 1997, p.114).

Neste contexto, as escolas democráticas são consideradas espaços críticos de

educação, de cidadania democrática e participação, elementos de revitalização

da esfera pública. Enquanto tal, elas são forçosamente espaços abertos e

propiciados da participação de pais e mães, professores e alunos, e de outros

setores comunitários; não de uma participação formalista, encenada,

subordinada, ou rituais eleitorais que ciclicamente se repetem. São espaços de

uma participação verdadeira, real, interveniente no processo da tomada de

decisões, orientada não apenas para alcançar resultados ou produtos, mas

substantivamente, enquanto processo educativo e prática pedagógica, pois “é

decidindo que se aprende a decidir” (FREIRE, Paulo, 2001, p.119), e é a partir

da decisão que se alcança a autonomia.

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Uma minoria de pais, alunos e funcionários participam efetivamente

dos processos de gestão nas escolas. Assim a descentralização das decisões

se torna urgente e necessária, pois implicaria na melhoria da qualidade de

participação dos atores sociais nas ações desenvolvidas pela unidade escolar.

Presume-se daí que a participação torna-se mais significativa e obtém

melhores resultados a partir do exercício processual de uma vigência

democrática.

Vale ressaltar também a importância da instrução de cada membro

desta gestão democrática, bem como de suas bases de representação, para

que ocorra uma participação consciente, com intervenções responsáveis e

compromissadas com o encaminhamento e com o resultado de cada ação. É

preciso discernimento para participar, pois sem conhecimento acerca do que

se vai deliberar não é possível se apresentar alternativas, possibilidades e

sugestões.

Percebe-se, nesse contexto, quanto à questão da gestão, que a

flexibilidade foge aos parâmetros da legalidade no sentido de não promover

ações que configurem o exercício democrático. Obviamente, o andamento

autônomo não ocorrerá enquanto não se proceder em uma linha onde todos

compreendam o que seja gestão e participação.

“Democratizar a gestão na escola pública é compartilhar as decisões com a comunidade escolar, abrir espaço para a livre organização dos estudantes e fornecer recursos financeiros e materiais às escolas para que melhor possam exercer sua autonomia. Significa implementar pedagogicamente a reforma administrativa, contemplando a necessária descentralização e difundir ao público interno e externo informações que permitam seu acompanhamento”. (PAULO, Freire, 2007)

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A postura da gestão em relação aos recursos financeiros, e sua

tomada de decisão, não refletem uma conduta preocupada em alcançar uma

verdadeira participação democrática. Nesse âmbito, os princípios que servem

de base para a gestão das escolas pública não correspondem à regra

participativa, nem tampouco abrangem a democratização. È sabido que uma

gestão escolar democrática não acontece apenas pela imposição e criação de

atos normativos, mas será sempre uma conquista que a comunidade escolar

deverá obter.

Como todo e qualquer processo desenvolvido nas instituições públicas,

a democratização da gestão necessita de acompanhamento e ajuste

permanentes, adequando-se às demandas e expectativas do seu público-alvo,

ouvindo a demanda de cada segmento da comunidade escolar bem como

incentivando deliberadamente a participação. Isto traz como exigência

mudanças para quais as escolas públicas, quem sabe, ainda não estão

devidamente preparadas.

“As práticas e liderança em escolas altamente eficazes incluem: apoiar o estabelecimento de objetivos claros, propiciar a visão do que é uma boa escola e encorajar aos professores, auxiliá-los nas descobertas dos recursos necessários para que realizem seu trabalho. As escolas bem sucedidas são características pela delegação aos professores da gestão e tomada de decisões em salas, assim como pela integração profissional entre os mesmos”.(LUCK, Heloisa, 2000, p.13).

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Um líder sabe que o ser humano só age com sincera

motivação quando se ente respeitado, valorizado e envolvido na tarefa. Por

isso, sua prioridade não é dar ordens, mas encontrar meios para estabelecer

uma boa relação com a comunidade e com cada um de seus integrantes. Ter

consciência de que, para conquistar a confiança entre seus membros, terá que

demonstrar veracidade, honestidade, equidade e diálogo. As decisões são, em

geral, tomadas com a participação do grupo sem abuso da autoridade. Quando

o objetivo é dominar o outro, já se está na conhecida prática do autoritarismo.

No campo educacional torna-se visível uma grande dificuldade para se

quebrar o autoritarismo impregnado, durante anos, na gestão da escola

pública. Isso implica na abertura de espaços reais para participação popular

nos processos decisórios, tanto no âmbito administrativo quanto no

pedagógico, a exemplo da elaboração do Plano de Desenvolvimento da Escola

e Projeto Político Pedagógico, Instrumentos administrativo-pedagógicos que

deveriam representar os anseios e as necessidades reais da comunidade

escola.

“Na perspectivas de atenuar dificuldades, instrumentalizando a gestão da escola pública para o exercício da democracia, levantam-se alguns pressupostos básicos: 1º - Capacitar todos os segmentos; 2º - Consultar a comunidade escolar; 3º - Institucionalizar a gestão democrática; 4º - Lisura nos processos de definição da gestão; 5º - Agilização das informações e transparências nas negociações”. (PADILHA, Heloisa, 2002, p.28).

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Ocorre, porém, que certas mudanças começam a acontecer na

estrutura organizacional partindo do órgão central sem a devida mobilização e

articulação com as bases, o que dificulta a participação e o conseqüente

exercício da democracia. Nesse intervalo, a gestão fica sem uma identidade

própria, gerando certo conflito entre os fundamentos teóricos que sustentam os

processos de gestão e a prática que traduz os ranços do autoritarismo

internalizados em cada ator social envolvido na gestão pública.

A capacitação de todos os segmentos da comunidade escolar e as

relações interpessoais são fatores preponderantes que interferem diretamente

na gestão democrática e, na maioria das vezes, não se oferece meios para

que ela ocorra. Os compromissos burocráticos da escola e a falta de um bom

relacionamento com os setores sociais são empecilhos importantes para sua

devida implementação.

È necessário compreender como determinados aspectos interfere no

processo de democratização para que se possa intervir oferecendo a

capacitação nas decisões e na elaboração de planos e projetos.

“Buscar a Gestão Democrática requer conquistar a própria autonomia escolar, haja vista que, sua trajetória traz a descentralização, o crescimento profissional e a valorização da escola, da comunidade e conseqüentemente do Gestor e da equipe que está envolvida no processo, que precisa fundamentalmente, de parcerias sólidas e comprometidas com uma educação melhor e inovadora, no sentido de proporcionar maiores opções de elevar o conhecimento de seus alunos, com objetivos pautados em valores humanos que engrandeçam ações e ideais humanizadores”. (SOUZA, Célia; SANTANA, Yonara.)

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È preciso nesse contexto, conhecimento e discernimento para

participar e forma consciente e responsável, comprometendo-se com os

resultados e o encaminhamento de cada ação.

A gestão democrática passa pela natureza social e pela

democratização da escola, não se restringindo somente aos processos

democráticos correspondentes à função administrativa. Torna-se inviável uma

escola autoritária desenvolver um trabalho caracterizado como gestão

democrática. Desta forma, a gestão democrática possui duas vertentes: uma

interna e outra externa. Externamente encontram-se ligada à sua função

social, à sua vocação democrática, divulgando, produzindo e socializando o

conhecimento; internamente, defini-se pela forma de organização,

contemplado os processos administrativos, a participação da comunidade

escolar nos projetos pedagógicos, políticos e administrativos, ou seja, à forma

como é administrada a escola.

“Uma intervenção educativa que, de fato contribua no processo de emancipação humana corrobora a autonomização humana. A construção da autonomia sócio antropológica exige autonomia da escola e de seus agentes. Autonomia e democratização são dois aspectos indissociáveis do mesmo processo emancipador das pessoas e da humanidade. Dada a centralidade da aprendizagem, razão e sentido da escola, a gestão se redefine-se 4em função da proposta da escola, do currículo e do pluralismo cultural. A gestão escolar deve reinventar como lugar de pesquisa e liderança, com perspectivas teórico metodológicos que permitam repensar a organização do trabalho escolar “. (PAZETO, 2001, p.48).

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Para viabilizar a democratização na escola, tanto na estrutura

organizacional como nas ações pedagógicas, a vivência dos fundamentos do

modo de vida democrática é condição essencial. (PINTO, 1999, p.105)

Assim, a gestão democrática implica principalmente repensar a

estrutura de poder da escola, tendo em vista sua descentralização e

democratização. A socialização do poder propicia a prática da participação

coletiva, a qual atenua o individualismo; amplia a reciprocidade; elimina

gradativamente exploração; propicia a solidariedade, suprindo a opressão pela

autonomia, que anula a dependência dos órgãos intermediários os quais

elaboram políticas educacionais para que a escola seja mera executora.

A busca da gestão democrática inclui, inicialmente, uma ampla

participação dos representantes dos diferentes segmentos da escola nas

decisões e ações administrativo-pedagógicas ali desenvolvidas.

“[...] há quase duas décadas progressivamente, esta luta vem combinando as reivindicações puramente corporativas, a exemplo, da mobilização em torno do piso salarial nacionalmente unificado, com as lutas etico-politicas, a exemplo das bandeiras pela descentralização administrativa do Estado brasileiro, pela criação de conselhos municipais, pela participação da população na orçamentação das ações planejadas e pelas eleições diretas para diretores de escolas e conselhos deliberativos, mecanismos de democratização da gestão do Estado e do sistema educacional que, concomitante, podem contribuir para formação e o exercício da cidadania [...]”. (COSTA e SILVA, 1998, p.102).

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Neste discurso da gestão democrática escolar, o caráter de

determinante atribuído à representatividade, como destaca Fonseca, defende a

questão da escolha dos representantes que governarão a instituição dentro de

um horizonte “normativo” apreciado, valorizado a ponto de torná-lo política e

pedagogicamente “correto”.Entrecruzam-se, neste posicionamento, questões

politico-pedagógicas com questões éticas e morais. No entanto, no processo

de tornar esse esquema um vetor determinante, uma idéia-força da

democratização escolar tende-se a tirar de discussão as ambivalências e os

desacertos do mesmo em outros espaços institucionais, como os próprios

sindicatos e sistemas republicanos.

A gestão democrática, é que permite superar a limitação da

fragmentação e da descontextualizarão e construir, pela óptica abrangente e

interativa, a visão e a orientação de conjunto, a partir da qual se desenvolve

ações articuladas e mai consistentes, portanto constitui ação de trabalho

participativo em equipe.

“a concepção de gestão democrática não tem sido interpretada com base na sua totalidade do processo educativo e em seu significado político-social. Em muitos casos, a idéia de gestão fundamentada nos princípios e valores democráticos tem sido interpretada de forma parcial, ou seja, tomando fatos isolados do processo de gestão como determinante democrático. Um exemplo que se coloca é a forma de escolha de diretores escolares, por meio de eleições. Essa forma, sem duvida nenhuma, constitui um elemento importante de descentralização do poder da esfera central e de construção da autonomia da escola. O processo eletivo representa uma dimensão democrática importante. No entanto, não se pode tomar como determinante de gestão democrática apenas a forma de escolha do diretor por meio de processo eletivo”. (FONSECA, 1994, p. 85)

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Sem duvidas isto gera inquietações, todavia a esperança se infiltra e o

futuro pertence àqueles que estão construindo o hoje. Pra (re) iniciarmos a

caminhada da escola que temos para a que queremos, faz-se necessário um

plano de ação que nos norteie oriente. Um plano de ação que seja capaz de

mostrar que podemos como cidadãos ativos, solidários, participativos e que,

sobretudo, inclui, respeita e convive com as diferenças.

CAPÍTULO II

“A gestão da educação e a gestão da escola aparecem raras vezes como gestão democrática, e em alguns casos o próprio termo gestão pressupõe o adjetivo democrático (...). Nossa impressão sobre essa mudança de termo é de que ela não acontece por acaso, simplesmente porque ela vai ocorrer justamente naquele setor que ate o momento vinha defendendo a administração profissional e de carreira, o mesmo setor que durante muitos anos negou-se a analisar a questão da administração como poder e a organização no seu aspecto burocrático”. (UHLE, 1994, p.61).

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Gestão Democrática e a engrenagem do processo de ensino aprendizagem

O processo de desenvolvimento humano é bastante complexo e tem

levado, nos últimos anos às pesquisas de como o sujeito constrói

conhecimentos em vários períodos de formação de vida. Períodos esses que

permitem um olhar mais sensível e cientifico para o ato de aprender e de

compreender melhor o outro e de respeitá-lo enquanto ser em processo.

Segundo Piaget (1987, p. 15) para aprendermos algo, são necessárias

funções de coerência, de relacionamento etc., e isso é comum para toda e

qualquer construção intelectual. Por isso, não teria como apreender qualquer

dado exterior, visto que existe essa correlação. Piaget ainda reforça que a

“inteligência é uma adaptação”, o que equivale a dizer que ela é um caso

particular de adaptação biológica, ou seja, a inteligência é necessária em uma

“[...] não há forma de se dirigir à inteligência da criança, sem se dirigir à criança no seu todo. Temos de trabalhar o sujeito por inteiro no seu contexto social e histórico, e isso definirá a tênue matiz de uma educação com qualidade.” (WALLON, 1975, p.379).

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organização cujo objetivo é estruturar o universo tal como o organismo

estrutura o meio imediato.

Obviamente, para educar um aluno com disciplina não necessitamos

tolher sua liberdade. Jean Piaget alerta que, “sem liberdade, o ser humano não

se educa. Sem autoridade, não se educa para liberdade”, então precisamos ter

autoridade sobre nossos educandos, o que difere de um autoritarismo. Temos

que oferecer um misto de asas com raízes, ou seja, devemos fazer nossos

alunos voarem com a imaginação e a criação sem perder a disciplina. Para

isso, precisamos trabalhar com um dialogo por meio do qual nos tornaremos

apenas elos para a aprendizagem e, em momento algum, poderemos perder a

ternura.

Não é que a escola vai solucionar todas as questões tais como os

problemas humanos e os sociais, mais ira encaminhar os indivíduos a pensar

uma prática que não seja a viverem como ingênuos, não tendo consciência

das injustiças, disparidades e as diferenças aos quais vivemos. A escola como

espaço de reflexão deveria despertar nos alunos a capacidade de saber

discernir, o que lhe é necessário daquilo que os levam a destruição.

Ao gestor cabe uma postura em consonância com os fundamentos da

proposta da escola, pois não basta que ele seja teórico, pregando dogmas e

incorporando o papel de cobrança, e sim que tenha uma prática coerente com

o que enuncia.

Assim a comunidade escolar terá confiança e conseqüentemente

mostrará consistência em seu trabalho, além de estar aberto a aprender

sempre, tendo uma postura que ira mobilizar toda equipe. Pois, o que se

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espera do gestor emancipador é a criatividade, a percepção do em torno, o

saber trabalhar em equipe, que saiba resolver problemas e que seja um

intermediador.

A nova óptica de trabalho do gestor deve organizar e nortear as ações

educacionais, com objetivos de promover o desenvolvimento do ensino,

voltado para formação de aprendizagens significativas e formação do aluno,

lembra a necessidade e importância de que a decisão a respeito do processo

de ensino e das condições especifica para realizá-lo sejam tomadas na própria

instituição. O envolvimento tanto de quem vai realizar a pratica como de seus

usuários, na tomada de decisão, constitui-se em condição básica da gestão

democrática e autonomia da escola.

O educando deve saber o que o aguarda ao ingressar em uma escola. É

importante ele saber que, nessa escola existem regulamentos, e tais

“Explicitar a relação entre a aprendizagem e o saber, organizar as etapas que se busca desenvolver; convidar o aluno ao desafiante jogo da transformação e antecipar a alegria em suas conquistas”.(ANTUNES, Celso, 2001, p.56).

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regulamentos necessitam ser seguidos para que o processo de ensino

aprendizagem ocorra da melhor maneira.

Para uma formação humana, a gestão democrática da educação

necessita revalorizar o conhecimento de que nos fala e isso, significa,

transformar solidariedade em saber-poder hegemônico.

Por meio de uma educação voltada para a solução de problemas,

conseguiremos usar como norte os pensamentos de Freire (2003) quando

ressalta que precisamos trocar idéias, não ditá-las ou discursá-las. É por meio

dessa educação proporcionaremos um pensar autêntico de nosso educando,

porque não existem fórmulas e, tampouco, padronizações. É nessa educação

que conseguiremos trabalhar com o educando, mediante imposições. Nessa

educação, os educandos são eles mesmos.

“[...] a educação deve ser desinibidora e não restritiva. É necessário darmos oportunidade para que os educandos sejam eles mesmos. Caso contrário, domesticamos o que significa a negação da educação. Um educador que restringe os educandos a um plano pessoal impede-os de criar. Muitos acham que o aluno deve repetir o que o professor diz na classe. Isso significa o sujeito como instrumento” (FREIRE, Paulo, 1979, p. 72).

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O bem estar da escola necessita de competências emoções e valores,

assim como, a docência tem sua participação na construção e formação

destes indivíduos. A escola como um todo tem este papel e o gestor deve ser

este elemento articulador da instituição, ele deve ter a competência de ser

condutor e um regente para que a harmonia da instituição esteja em sincronia

ou ao menos que estejam todos com o objetivo de faze realizar o que a escola

está se propondo.

Nesse contexto uma gestão democrática deveria trilhar em comum

acordo com os objetivos gerais e específicos da escola, alem de avaliar os

desempenhos de seus alunos, docentes e de toda equipe escolar, oferecendo

treinamentos para que os decentes e as equipes escolares possam sempre

oferecer o melhor para os educandos.

O diretor deverá assumir o papel de articulador e líder. Segundo Hunter

(2004), o líder deverá influenciar as pessoas para trabalharem

entusiasticamente de maneira que se atinjam os objetivos e se alcancem

metas pleiteadas pela gestão; por isso, é necessário que ele tenha um vínculo

com a educação e não apenas com a política, pois a escola refletirá muito o

perfil do gestor atual. Embora muitos outros profissionais se esforcem para

oferecer o melhor de si, dependendo do gestor poderá ser um esforço

frustrado da equipe escolar.

Em toda a gestão escolar, o foco não deverá divergir do objetivo maior,

que é a educação do aluno. O aluno é a causa primária da existência de toda e

qualquer escola. A gestão tem de ser flexível para que possa sempre

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oferecer o melhor à sua comunidade escolar. Tais gestores não poderão ser

passivos a ponto de ficarem na inércia. Eles precisarão se relacionar com as

atividades de coordenação pedagógica e orientação educacional para que o

propósito de uma educação de qualidade se faça na constante.

A gestão escolar deve ser vista como a pedra fundamental para que a

escola ofereça à sua comunidade uma escola que atenda às exigências do

dia-a-dia. É sua função melhorar a compreensão da realidade de maneira

inclusiva, democrática e participativa, resgatando a ética e o civismo, por

muitos ignorados, e promover a apreensão de competências e habilidades na

comunidade de maneira que os cidadãos possam atuar como agentes de

transformação.

O gestor que exerce uma liderança consegue trabalhar sem grandes

complicações e motivação de seus educadores e, dessa maneira, faz com

persigam determinada meta ou objetivo com determinação para que a escola

busque a excelência em relação ao processo ensino-aprendizagem e que essa

excelência seja o cerne para os educadores se tornarem cidadãos críticos e

protagonistas de sua história.

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A gestão educacional é um empreendimento que desafia seus gestores,

organismos públicos e comunidades, com quem elas estabelecem constantes

interações. Os quadros de referência e a cultura organizacional geram

dinâmicas e ritmos próprios, Nem sempre sintonizados com as situações e

expectativas intrínsecas de cada instituição.

A formação dos gestores da educação é um processo que requer

qualificação e aperfeiçoamento continuados cuja eficácia do desempenho

corresponde à missão, propósitos e metas definidos pela instituição.

A escola é um espaço privilegiado para se aprender e conviver coma as

diferenças. No mundo do agir social e profissional, diante de um contexto

volátil, de transformações múltiplas, com perspectivas e limitações, o homem,

para ser sujeito no seu contexto, necessita constantemente desenvolver suas

aptidões intelectuais.

“A escola vai cumprir a sua missão política não quando se elabora no seu interior um discurso sobre política, mas quando, por meio de sua prática educativa, puder preparar o cidadão para a vida da polis, para a vida política, isto é, para a compreensão da totalidade social em que ele está inserido”.(RODRIGUES, 1994, p.72)

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È fundamental conhecer o grupo com que se trabalha seja para um

simples levantamento de perfil e necessidades, como para o estabelecimento

de contatos didáticos que visem à melhoria dos processos de relacionamento

humano, trabalho pedagógico e eficiência do ensino. É função do gestor

mobilizar pessoas e recursos para atingir objetivos previamente determinados.

2.1 – A participação da Família e Escola na aprendizagem do

educando.

Dentro da perspectiva de uma educação cidadã e democrática, a

participação da família é fundamental, não como adversários, mas sim

formando parceria que compartilhe com o sucesso da trajetória dos

educandos. Não adianta ignorar o que se passa fora do muro da instituição, é

necessário reinterpretá-lo à luz do caminho da sensibilidade e humanidade.

A escola deve considerar o que seus alunos já trazem enquanto seres

históricos e culturais situados num determinado espaço e tempo. È preciso

compreender o educando como um ser social que traz uma história de vida,

expectativas e experiências a partir das relações vividas no cotidiano,

construindo uma maneira de ver e entender o mundo, e a escola deve valorizar

isto.

Mudaram as necessidades e os interesses. Os valores foram

questionados e aos poucos sendo colocados em xeque. O acesso à

diversidade de informações, através dos mais diversos canais, colocou o aluno

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como um cidadão o mundo e começou a provocar crises nas famílias, nas

escolas e na sociedade como um todo.

Pois quando as pessoas vivem contextos em que os referenciais mudam

diariamente, em que as informações circulam de forma rápida não se pode

mais conceber que a escola apenas se preocupe com o repetir informações,

conteúdos. È preciso dar ao aluno a possibilidade de desenvolver habilidades,

e este conhecimento da escola e precisa proporcionar ao aluno a competência

de compreender o significado dos fenômenos e de solucionar os problemas do

seu tempo.

A educação não é só restrita a escola, a escola necessita preocupar-se

em difundir estes valores, esta educação é papel de toda sociedade, é

necessário haver uma ação, um esforço para que haja de fato esta

abrangência e uma benesse coletiva.

“O ideal democrático supõe cidadãos atentos à evolução da coisa pública, informados dos acontecimentos políticos, dos principais problemas, capazes de escolher entre as diversas alternativas apresentadas pelas forças políticas e fortemente interessados em formas diretas ou indiretas de participação” (FERREIRA, 1981, p.171).

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A engrenagem do processo ensino aprendizagem aqui no sentido

figurado, refere-se à organização e a disposição das rodas que endentam uma

nas outras, que fazem discorrer, girar sobre um carril denteado e que, se

houver o desgaste ou ruptura de um dos dentes da engrenagem já não

funcionará com a mesma potência, velocidade, capacidade, e, sobretudo,

produtividade.

È assim que uma equipe escolar deve pensar e reproduzir, como uma

engrenagem, e um gestor que busca desenvolver um trabalho em prol do

coletivo deve pensar e agir par articular e juntar cada vez mais o processo

ensino-aprendizagem com gerenciamento na humanização em prol da

qualidade.

A gestão democrática da educação, na complexidade do mundo atual,

implica colocar a educação a serviço de novas finalidades, a fim de se poder,

na tentativa de superar o que tem corroído a humanidade neste quadro de

caos e de barbárie em que nos encontramos, possamos construir um futuro

mais compromissado com toda humanidade. A responsabilidade está em criar

a possibilidade de haver responsabilidade. Criar possibilidades de

compreensões que possibilitem assumir compromissos.

Enfim que se tenham relações de confiança, embora não seja uma

tarefa fácil, uma gestão escolar deve valorizar e investir no capital humano,

conferir autonomia e responsabilidade aos profissionais envolvidos. Uma

escola que não lamente o que não fez e sim o que tentou fazer.

A construção da escola cidadã e a busca da melhoria da prática

educativa escolar perpassam a temática da democratização e autonomia da

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escola. As relações inter e intrapessoais trazem especialmente a troca de

experiências e confirmam um crescente processo de democratização da

educação e de sua gestão; assim como, o reconhecimento de sua

centralidade. Na escola a centralidade da aprendizagem e a busca de oferta de

uma escola de qualidade, que se revela o que uma escola deve ter como

gestão é a contribuição no processo de transformação social.

Urge reforçar e reconstruir incessantemente a gestão democrática da

educação, em todo o amplo espaço público e educacional, comprometido com

a formação de homens e mulheres competentes e capazes de construir,

através da participação, sua autonomia, como seres humanos, realizados.

A educação é muita mais que uma simples transmissão de

conhecimento: é um desafio. Trata-se de promover a realização definitiva dos

direitos e deveres, no sentido de uma convivência harmoniosa. Trata-se de

formar o cidadão integralmente, um individuo comprometido com a sociedade.

É importante lembrar que a educação é um processo que não se finda, mas

oportuniza caminhos de se construírem novas diretrizes de trabalho,

dependendo da época, dos interesses e dos grupos sociais envolvidos. Não se

pode ignorar que a formação educacional esteja diretamente relacionada com

o mecanismo de política social e econômica que perfaz as condições de se

construir um ensino de qualidade.

Nesse envolvimento com padecimentos e responsabilidades na escola,

percebo que a democratização vai se dando como ondas do mar que vêm e

vão, são movimentos constantes, não estáticos e, ao mesmo tempo,

descontínuos, que têm como base negociações de conflitos e de interesses

antagônicos, relações negociadas de poder e saber implícitas na própria

participação dos sujeitos na escola.

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Portanto estamos sempre em constantes mudanças, é claro que não

temos receitas para solucionar os problemas cotidianos que a escola tem

enfrentado, porém devemos ser profissionais que estejam prontos a estas

mutações, mas para nossa convivência e sobrevivência.

Não podemos esquecer que somos seres humanos e que se não houver

respeito e ética e se o bem comum não for estabelecido, não haverá condição

de estabelecermos relações saudáveis no espaço escolar ou em qualquer

outro ambiente.

CAPÍTULO III

Gestão Democrática com qualidade e afetividade

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Mais que socializadora, a escola deve ser o espaço privilegiado onde a

existência humana se processa com toda a sua riqueza, com toda a sua

complexidade, possibilitando ampliar o campo de ação do sujeito e sua

capacidade de redescobrir, visando à autonomia de cada um e solidificando a

sua identidade e autoconfiança.

A sociedade está gradativamente exigindo novos comportamentos que

viabilizem novas formas de relações e atuações. A escola é um espaço de

diversidade, onde as pessoas se encontram e passam boa parte de seu

tempo, local de trocar idéias e experiências, sempre existira afetividade, pois

desumanizar a escola é desumanizar o homem.

Atualmente, vive-se a gravidade de estarmos desenvolvendo relações

humanas distintas de sentimentos tais como amizade e solidariedade. È

fundamental do ponto de vista da gestão escolar que o ser humano esteja em

primeiro lugar e o educando no centro do processo educacional. Para tanto é

necessário que o gestor facilite e crie condições favoráveis ao aproveitamento

do educando.

“Tarefa de ensinar é uma tarefa profissional que, no entanto, exige amorosidade, criatividade, competência cientifica, mas recusa a estreiteza cientifica, que exige a capacidade de brigar pela liberdade sem a qual própria tarefa fenece”.(FREIRE, 1997).

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Neste sentido, não basta á gestão mudar e aperfeiçoar a escola, como

não é detentora da exclusividade da função de estabelecer relações

harmônicas e afetuosas no espaço escolar. Mas, como espaço de convivência

humana, é função de todos os profissionais que nela atuam e que realizam

suas funções com desejo, trabalharem nesta direção.

A escola é este espaço de reflexões e como estimuladora e

fomentadora de pensamentos, contribui para mudanças sociais. O gestor deve

estar presente e extrair o máximo de sua comunidade escolar; o gestor

constrói um sonho e sua equipe embarca nele. Um sonho nítido: uma escola

como ela deve ser.

Se o papel da educação é transformar, o gestor deve trabalhar para

que a escola entenda que ela pode realizar e transformar. Um gestor que

busca qualidade e afetividade traz a tona o potencial de cada pessoa e da

instituição. Um gestor direciona o seu olhar para a escola e demonstra a todos

que se interessa pela instituição. Esta forma de democratização oportuniza a

interatividade das relações nos âmbitos social e escolar, pois se constroem

caminhos, linhas de ação e de abertura para um mundo mais humanizado.

Uma gestão que estabelece a qualidade e a afetividade deve acreditar

na mudança. Desejar, querer, aprender e fazer com que todos da instituição

participem. É necessário sair do comodismo, é preciso estar aberto ao mundo

ao mundo externo, buscando habilidades para neutralizar ameaças e

potencializar oportunidades; trocar experiências; aprender; criar um ambiente

propício; desenvolver competências individual e coletiva para conduzir as

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questões internas. Portanto devemos ter um olhar especial e estar aberto às

mudanças (GOMES, 2000).

Toda mudança é difícil, mas mudar é necessário, pois é fruto do

inevitável curso da vida que a educação nos estimula a percorrer. Na

educação, a mudança constitui-se em buscar uma qualidade de ensino que o

associe às experiências socioculturais, traga conseqüências positivas à vida do

educando.

O ser humano possui um conjunto de sentimentos e podemos persuadir

e moldá-lo de acordo com os objetivos da escola, visando sempre o coletivo. A

escola na figura de seu gestor deve fortalecer uma consciência coletiva e

intercultural que promova o convívio entre as diferenças.

A escola deve ser este espaço feliz, de encontro e de crescimento

mútuo a partir das relações interpessoais que abrem as portas para troca de

experiências que levam o educando ao amadurecimento cognitivo, social e

afetivo.Nessa troca é que se vivencia uma educação pautada em valores para

dar sentido à vida, de forma responsável , oportunizando o crescimento das

dimensões humanas que estão diretamente ligadas à qualidade e de educação

para o exercício pleno deste sujeito ético.

O gestor deve ser este elemento articulador que cuida para que haja um

bem estar emocional entre todos, realizando o seu auto bem estar. A

conseqüência será a qualidade, o resultado de um trabalho realizado com

afetividade, apesar das tensões e do desgaste que a profissão ocasiona.

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Muitos profissionais que primam e buscam esta qualidade, e

possivelmente a encontram na arte de ensinar, é refletida muitas vezes em

suas expressões que vale a pena ensinar. Estes valores são refletidos com

relevância quando acompanhados de competência profissional e afetividade.

Neste sentido, a Gestão Escolar é aqui entendida como a coordenação

dos propósitos, ações e recursos que uma instituição empreende para alcançar

objetivos institucionais e sociais propostos. Sob está ótica e sem estabelecer

limites definidos, a idéia de Gestão Escolar tem uma dimensão mais ampla do

que a de administração enquanto significado de gerenciamento, pois esta

última expressão é mais especifica, ou seja, setorial.

A Gestão Escolar tem um caráter institucional, porém sua ênfase esta

centrada na intervenção em realidades especificas, através de programas,

condições, desempenho e resultados, nos quais o gestor centra sua atenção,

tendo presente a missão, as funções e a especificidade da instituição.

“O mérito da atividade docente está em que essa relação imposta, expressão das obrigações dos professores, alunos, e todos converta-se em uma relação construtiva, na qual a competência, a confiança, o afeto e o respeito mútuo constituam elementos principais” (MARCHESI, 2008, p. 62).

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A escola, a partir de agora denominada instituição, no sentido mais

amplo do termo, Não importando a modalidade de atuação, vem sendo

desafiada a assumir novas funções, papéis e interfaces para as quais ela não

adquiriu, ainda, consciência e condições suficientes.

A complexidade das relações políticas e sociais decorrentes das novas

demandas requer superação dos referenciais tradicionalmente

convencionados, sejam eles de ordem cultural, política ou social. No entanto,

as estruturas e padrões administrativos permaneceram verticais e monólogos.

O pluralismo cultural, o acesso ampliado ao conhecimento e às novas

tecnologias e a diversidade de meios de comunicação reduziram as barreiras

intra e interinstitucionais, e universalizaram expectativas e valores até então

marginalizados pelas estruturas vigentes.

O mundo contemporâneo é dinâmico, globalizado, cheio de

contradições e informações, com os avanços tecnológicos acontecendo de

forma frenética, e a avidez por buscar novos paradigmas em educação, que

possam dar conta dos entraves sócio-educacionais enfrentados atualmente.

Muitas organizações, em especial as que compõem o mercado de bens

de serviço, por estarem envolvidas com o dinamismo que lhes é peculiar,

impregnaram-se de novos valores, adotando parâmetros gerenciais mais

eficazes. Estruturas menos verticalizadas, trabalho em equipe, participação,

aproximação dos níveis de decisão nos níveis de execução, confiança e

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valorização das pessoas tomaram o lugar de modelos gerenciais técnico-

burocráticos, de comando centralizado.

As instituições educacionais, de um modo geral, ainda não tomaram

consciência da necessidade de criarem uma gestão ágil, dinâmica e

comunicativa para o empreendimento de seu plano de ação. As escolas

estruturam-se nos moldes formais de centralização e verticalização do

comando, associados ao domínio do conhecimento centrado na verdade e na

especialidade de cada professor.

As relações são individualizantes e dependentes, sem o cultivo do

diálogo, da interação e da aprendizagem recíproca. O comando da escola

centrou-se no legalismo e na burocracia, cujas bases emanavam

principalmente do Estado, acrescidas de normas organizacionais

complementares, com o intuito de firmarem suas verdades e sua autoridade.

Ante a esse panorama, é importante identificar os novos desafios,

exigências e implicações desse quadro, particularmente no que diz respeito à

formação e a qualificação dos gestores. As relações que se processam no

conjunto da sociedade geram dinâmicas e reações em todas as instituições

que a compõem.

A escola, tradicionalmente estruturada e dirigida a partir de parâmetros

burocráticos, não agregou ao seu modelo o novo conceito de gestão e dirigida

a partir de parâmetros burocráticos, não agregou ao seu modelo o novo

conceito de Gestão, mantendo-se moldada por parâmetros tradicionais de

administração. Esse modelo foi determinado pelo predomínio das leis e do

comando a partir das decisões centralizadas na instância superior da

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hierarquia, cabendo as instâncias intermediárias o controle e a base , o

envolvimento operacional.

Em contrapartida, o conceito de gestão traz consigo a idéia de

coordenação e de participação, ao invés de centralização e controle. Enquanto

na gestão centrada no comando, as decisões e a autoridade concentram-se na

instância superior.

3.1 – Educação: Afetividade e Humanização do educando.

Não basta trabalharmos a humanização de forma isolada. Precisamos

dar sentido ao que fazemos, adequar o conteúdo e a metodologia a cada

educando. Para Tavares (2007, p. 58), “faz-se necessário humanizar o

conhecimento, trabalhando assim com as diferenças em sala de aula” e fora

dela, “observando a realidade de cada aluno”, seus anseios e, frustrações e

medos.

[...] com uma educação que prime pela qualidade, nossos educandos terão desenvolvido a capacidade de se comunicar, de trabalhar com outras pessoas, de gerir e resolver conflitos que aparecerão em seu dia-a-dia, de respeitar culturas diferentes e pessoas com pensamentos adversos. (TAVARES, 2007, p. 74).

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A escola, não deve ignorar a cultura, os problemas e os anseios de

nossos educandos, visto que o efetivo e o cognitivo não se excluem, mas

coexistem. A função da educação não é padronizar homens nem adestrá-los,

mas educá-los, torná-los cidadãos ativos, críticos e humanizados.

Quando um educando se encontra inserido em uma educação de

qualidade, ele foge da cidadania tutelada e assistida. A primeira faz dos

educandos pessoas submissas e ignorantes, e a segunda, com que aceitem

apenas a assistência necessária. Com uma educação que prime pela

qualidade, o educando conquistará uma cidadania emancipada, tornando-se

crítico, ativo e humanizado.

O educando completa-se pela aprendizagem e na interação com outros

seres humanos no seu caminhar de ser histórico. Não seria justo marcar com

precisão seus limites e seus sucessos. Precisa-se acreditar que eles podem

caminhar e interagir, modificando-se e sendo modificados a todo instante.

A força transformadora da escola está justamente no fato de que nela

indivíduos de determinadas camadas sociais podem ter acesso ao

conhecimento formalmente organizado. Existe um movimento continuo dentro

da instituição, resultantes das forças existentes em uma determinada

sociedade e que repercutem continuamente no cotidiano da escola. Quando o

educando aprende e quando ele aprende a aprender as relações sociais se

modificam.

Apesar de haver resistência às mudanças, necessitamos rever os

nossos referenciais para a reconstrução do processo ao qual estamos

inseridos, não devemos temer o erro, erramos e acertamos todos os dias.

A experiência mostra que os grandes homens foram aqueles que, com

os pés no chão, ousaram, errando e acertando e, assim foram constituindo-se

como pessoas competentes, maduras.

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É preciso repensar as práticas, para que o erro possa a vir a fazer parte

do processo pedagógico e servir para solidificar a construção do

conhecimento. A sociedade depende de cidadania ativa e consciência clara

das responsabilidades sociais, e a escola é a instituição que pode melhor

cumprir esta tarefa. Deixando de lado a homogeneidade e a uniformidade.

Sabemos que há um distanciamento entre a teoria e a prática, mas se,

juntos num empenho coletivo podemos encarar os desafios que nos é

apresentados e vivido no chão da escola, e principalmente consigamos

suscitar o maior prazer do ser humano que é o de ser feliz, com toda

dificuldade existente, podemos então dizer que estamos no caminho certo, e

que apesar dos altos e baixos que nosso caminhar nos apresenta, podemos

afirmar que vale a pena ensinar,

A persistência fará com que nos empenhemos cada vez mais, e que

todos os problemas e desafios serão enfrentados, e possivelmente serão todos

solucionados, pois estamos, todos num esforço coletivo para uma gestão de

qualidade e afetividade para a formação dos indivíduos.

CONCLUSÃO

È necessário ser um gestor capaz de implementar projetos, com

ambição pelo sucesso no exercício da docência. Precisamos de uma gestão

que torne a escola capaz de aprender, de perceber a necessidade de mudança

e de renovar-se continuamente.

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A escola tornou-se um espaço de aprendizado não só para o aluno, mas

também para o corpo docente, e este precisa reconhecer este espaço como

grande contribuidor para o seu crescimento profissional, então juntos podemos

reconhecer este espaço como um lócus de conhecimento e formador de

indivíduos emancipados, e que podemos estimular e formentar ainda mais

estes indivíduos.

Constituirmos uma escola onde cidadãos possam ser estimulados a

conviverem com a diversidade, serem respeitados, que sejam tratados com

afeto, para que se tornem indivíduos que tenham consciência e

responsabilidade social, ou seja, emancipados.

Embora pareça utopia, necessitamos de motivação para conduzirmos a

nossa profissão, com esperança no poder de transformação que a educação

tem apresentado. Se conseguirmos fazer com que a escola se torne um

ambiente prazeroso, é sinal que já caminhamos e que certamente estamos

conduzindo nosso profissionalismo com responsabilidade e compromisso.

O bem estar da escola necessita de competências emoções e valores,

assim como, a docência tem sua participação na construção e formação

destes indivíduos.

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A escola como um todo tem esse papel; o gestor deve ser este

elemento articulador da instituição, ele deve ter a competência de ser um

condutor e um regente, para que a harmonia da instituição esteja em sincronia

ou ao menos que estejam todos com o objetivo de fazer realizar o que a escola

está se propondo.

No espaço da escola, pensar a democracia é fundamental para se

pensar a sociedade contemporânea.

A democratização da escola e construção da cidadania constitui-se de

uma tentativa de unir duas pontas que na literatura acadêmica parecem ser

antagônicas: uma relacionada ao afeto e a outra às práticas , como se não

fosse possível unir termos como afago e voto, Afeto e democracia, sorriso e

diálogo.

BIBLIOGRAFIA

“Ensinar exige querer bem aos educandos, como professor/gestor não me acho tomado por este outro saber, o de que preciso estar aberto ao gosto de querer bem,às vezes, à coragem de querer bem aos educandos à própria pratica educativa de que participo. Significa de fato, que a afetividade não me assusta, que não tenho medo de expressá-la. A afetividade não se acha excluída da cognoscibilidade. O que não posso permitir obviamente é que minha afetividade interfira no comprimento ético de meu dever de professor/gestor no exercício de minha autoridade. Não nego a competência, por outro lado, de certos arrogantes, mas lamento neles a ausência de simplicidade que, não diminuindo em nada seu saber, os faria gente melhor. Gente mais gente” (Freire, 1997, p.159).

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ÍNDICE

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FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 11

GESTÃO DEMOCRÁTICA: UM ALICERCE PARA

MUDANÇAS. 11

CAPITULO II 22

GESTÃO DEMOCRÁTICA E A ENGRENAGEM DO

PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM 22

2.1 – A participação da família e escola na

aprendizagem do educando 29

CAPITULO III 34

GESTÃO DEMOCRÁTICA COM QUALIDADE E

AFETIVIDADE 34

3.1 – Educação: Afetividade e humanização do

educando. 40

CONCLUSÃO 43

BIBLIOGRAFIA 45

ÍNDICE 48