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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A RELAÇÃO ENTRE A PSICOMOTRICIDADE E A PSICOPEDAGOGIA Por: Márcia Machado Schrir Ferreira Orientador Prof. Maria da Conceição Maggioni Poppe Rio de Janeiro 2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A RELAÇÃO ENTRE A PSICOMOTRICIDADE E A

PSICOPEDAGOGIA

Por: Márcia Machado Schrir Ferreira

Orientador

Prof. Maria da Conceição Maggioni Poppe

Rio de Janeiro

2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A RELAÇÃO ENTRE A PSICOMOTRICIDADE E A

PSICOPEDAGOGIA

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de pós-graduado em

psicopedagogia.

Por: Márcia Machado Shcrir Ferreira

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AGRADECIMENTOS

A Prof Maria da Conceição Maggioni

Poppe, orientadora, pela excelência

dos conhecimentos transmitidos e

distinta colaboração no resultado final

deste trabalho.

As minhas colegas de Curso, pelo

incentivo e pelas trocas de

conhecimentos.

A minha família, razão principal de

minha existência, meu afeto e eterna

gratidão.

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DEDICATÓRIA

Ao meu esposo, filho e mãe uma

homenagem como recompensa pela

execução deste trabalho diante da

grandeza de suas pessoas.

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RESUMO Ao tratarmos de psicomotricidade e psicopedagogia, estamos falando do

indivíduo em desenvolvimento, que para se comunicar no meio em que está

inserido necessita de movimentos, o mesmo necessita do movimento como

forma de sobrevivência, desde bebê. Quando bebê o indivíduo possui

movimentos reflexos, posteriormente passa a ter movimentos voluntários, os

quais tem um objetivo, por isso a importância de se desenvolver a

psicomotricidade.

A psicomotricidade tem um histórico, primeiramente a pesquisa baseou-

se no desenvolvimento motor da criança, depois se falou na relação entre o

atraso motor e o atraso intelectual da criança. A psicomotricidade pode ser

dividida em áreas como: Comunicação e expressão; percepção; coordenação

motora; orientação; esquema corporal; lateralidade; pré-escrita e habilidades

conceituais.

Independente de estar dividida em áreas, sabe-se da importância da

psicomotricidade quando se trata das dificuldades escolares, bem como sua

relação com a psicopedagogia.Todos os indivíduos envolvidos com o processo

de ensino-aprendizagem são preocupados com as dificuldades de

aprendizagem, entre elas podem estar fatores psicomotores, sendo assim é de

suma importância estarmos atentos ao desenvolvimento psicomotor da criança.

É notório, que não basta identificar problemas, é necessário aplicar atividades

que estimulem a psicomotricidade, não esquecendo da parte cognitiva,

emocional, relacionando com a psicopedagogia.

A psicopedagogia tem ações preventivas, trabalha com o

desenvolvimento do indivíduo, tem o objetivo de sanar, minimizar dificuldades

no desenvolvimento.

A psicomotricidade e a psicopedagogia estão relacionadas, a primeira

trata do corpo (desenvolvimento motor, habilidades), a segunda trata da mente

(pensamentos, emoções). Sabe-se da importância de ambas para o

desenvolvimento do indivíduo, cada uma com a sua originalidade, mas

relacionadas.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada foi, estudo teórico através de bibliografias que

tratam do assunto, as mesmas serviram de referência para o desenvolvimento

e conclusão do trabalho.Tendo em vista, que não houve parte prática, foi

necessário um maior aprofundamento em pesquisas e leituras que abordassem

informações necessárias para o trabalho.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - Definição de Motricidade e Psicomotricidade 10

1.1 Histórico da psicomotricidade 14

1.2 Elementos básicos da psicomotricidade 16

CAPÍTULO II - Aspectos psicomotores frente às dificuldades escolares 28

2.1 O desenvolvimento psicomotor global da criança de 6 à 12 anos 37

CAPÍTULO III - Definição de psicopedagogia 40

CAPÍTULO IV - Relação entre psicopedagogia e a psicomotricidade 43

CONCLUSÃO 47

BIBLIOGRÁFIA CONSULTADA 49

BIBLIOGRÁFIA CITADA 50

FOLHA DE AVALIAÇÃO 51

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INTRODUÇÃO

As dificuldades de aprendizagem são abordadas de forma preocupante

por todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, ou seja, pais,

educadores, escolas e todos os profissionais ligados à educação e, também os

próprios educandos, os quais na maioria das vezes não conseguem ver os

resultados de seus esforços para aprender.

Muitos são os fatores que contribuem para o desenvolvimento das

dificuldades de aprendizagem, entre eles podemos citar: os fatores

neurológicos, os psicomotores e sensoriais, os cognitivos, os condutuais e os

de linguagem.

Pretende-se com este trabalho, apresentar a relação existente entre as

dificuldades de aprendizagem e um destes fatores, que é o psicomotor,

estabelecendo uma relação teórica e prática com relação a psicomotricidade e

às dificuldades de aprendizagem. O objetivo é contribuir para que os

profissionais envolvidos na área situem-se diante da psicomotricidade, levando

ao conhecimento de seus alunos recursos que contribuam para que as

dificuldades da aprendizagem sejam sanadas. Espera-se ainda, contribuir para

novos estudos específicos e extensivos à área da psicomotricidade e da

psicopedagogia.

O movimento é parte integrante e indissociável do ser humano, pois o

mesmo pensa, sente e logo age, expressando-se assim de forma a realizar

determinados movimentos.

Por ser fator relevante no crescimento e no desenvolvimento da criança,

o movimento determina certos comportamentos que estão intimamente

relacionados ao processo de aprendizagem como um todo, particularmente no

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Ensino Fundamental, contribuindo para o desenvolvimento dos domínios

cognitivo, afetivo social e relacional. Esses domínios estão intimamente ligados

à função motora do desenvolvimento intelectual e afetivo, cabendo à

psicomotricidade educar ao mesmo tempo que envolve as funções de

inteligência.

A psicomotricidade é uma área relativamente nova, que engloba várias

outras áreas e tem como maior referencial o estudo do homem.

O trabalho desenvolvido foi baseado em um estudo teórico através do

levantamento de bibliografias que contribuíram para o desenvolvimento do

estudo, distribuído em capítulos.

No capítulo 1, é fundamentada a diferença entre os conceitos de

motricidade e psicomotricidade e de que forma os mesmos contribuem para as

ações motoras e psicomotoras do indivíduo. Aborda-se também o histórico da

psicomotricidade, através da sua evolução e da maneira como vem sendo

abordada nos diferentes momentos da história. Além de serem colocados os

elementos básicos que compõem a psicomotricidade e que contribuem para o

desenvolvimento da escrita, linguagem, da leitura e da matemática.

No capítulo 2, serão abordados os aspectos motores frente às

dificuldades escolares, como os mesmos têm influência no desenvolvimento do

indivíduo e devem ser observados pelos profissionais envolvidos nesse

processo.Também será abordado o desenvolvimento global da criança de 6 à

12 anos, caracterizando suas fases através do desenvolvimento cronológico.

No capítulo 3, tem-se a definição de psicopedagogia, onde ficará

evidente a importância da mesma e que tem o objetivo de minimizar, sanar

dificuldades encontradas no processo ensino-aprendizagem.

Já no capítulo 4, será abordada a relação entre psicomotricidade e

psicopedagogia. Em suma, será mostrado que uma está ligada à outra, pois

um individuo é corpo e mente, tenha ele dificuldades ou não, deve ser

observado como um todo.

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CAPÍTULO 1

DEFINIÇÃO DE MOTRICIDADE E PSICOMOTRICIDADE

Ao abordarmos o conceito de psicomotricidade, é necessário

fundamentar a diferença entre motricidade e psicomotricidade.Tal diferença nos

leva a escrever sobre o movimento como um todo, já que o mesmo implica nas

ações motoras e psicomotoras do indivíduo.

O movimento é, portanto, um ato motor caracterizado por uma ação e

um significado, é considerado o principal fator relevante no crescimento e no

desenvolvimento da criança. Mesmo em seus estágios mais primitivos, como a

fase dos movimentos reflexos, em que esses são executados independentes

da nossa vontade e muitas vezes sem que deles tenhamos conhecimento (nos

aspectos cognitivos e sócio-afetivos), é necessário que um estímulo gere essa

ação e só por essa condição coloque o ser humano sempre em relação a algo,

qualquer que seja o estímulo.

Serão as respostas que propiciarão a interação do bebê com o meio e

sua forma de sobrevivência, sendo precursores dos atos voluntários do futuro.

São os atos reflexos, os caracterizantes futuros dos atos voluntários. GANONG

(1977) refere-se a alguns reflexos citando os reflexos tônico-labirínticos, os

reflexos tônico-cervicais e os reflexos de endireitamento, os quais atuam para

manter sua posição normal em pé e conservar a cabeça levantada. O reflexo

de preensão da mão deve também ser citado, pois será uma das bases para o

desenvolvimento da pegada com intenção, bem como para a adoção da

postura ereta futura. Esses movimentos reflexos são involuntários e

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subcorticalmente controlados, formando a base para todo o desenvolvimento

motor posterior.

Através da atividade reflexa, a criança ganha informações sobre o meio

ambiente externo, reagindo ao toque, à luz e ao som com movimentos

primeiramente involuntários. Porém, esses movimentos involuntários

imprimirão nesse corpo sensações prazerosas e desprazerosas, as quais

contribuirão para a aprendizagem futura de novos conceitos desse corpo e do

mundo que a cerca.

Já os movimentos voluntários referem-se às ações controladas e que

tem por objetivo realizar a satisfação dos desejos e objetivos ali impressos. São

também reações a determinados estímulos, os quais podem ser escolhidos,

repetidos e o movimento aprendido. Geralmente não envolvem uma única

ação, sendo a maior parte psicomotores. Os movimentos automáticos acabam

sendo intermediários entre as atividades reflexas e as voluntárias. Eles não são

inatos nem inteiramente independentes da nossa vontade como os reflexos,

pois podem ser modificados ou interrompidos a qualquer momento.

Enquanto executados, muitas vezes não necessitam de nossa atenção

cognitiva. Partindo do princípio que nem todo movimento é consciente e o que

sentimos reflete muitas vezes nas nossas ações sem que percebamos tais

mudanças, esse também é um ato psicomotor.

O movimento, segundo alguns autores, é visto como facilitador dos

desenvolvimentos (afetivo, cognitivo, social e relacional) e alguns fundamentam

o comportamento humano como sendo:

- Vertente motora: nos situa sobre a evolução motora no

desenvolvimento, onde Harrow (1993) desenvolveu uma taxionomia

do domínio psicomotor, dividindo os níveis em movimentos reflexos,

movimentos básicos e fundamentais, habilidades perspectivas,

habilidades físicas, movimentos especializados e comunicação não-

verbal.

- Vertente cognitiva: Bloom (1972) desenvolveu uma taxionomia de

objetivos do domínio cognitivo, ordenando as operações mentais

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gradativamente, partindo do simples para o mais complexo. Já Jean

Piaget considerou a inteligência como sendo a ferramenta mestre

que permite a um indivíduo interagir com o seu meio.

- Vertente afetiva e social: Alguns estudiosos transferem as emoções

à “raiz” da ação, isto é, decifram a emoção como o fator de

organização e o meio de comunicação com o mundo. Já Vygotsky,

com sua visão interacionista e social, acredita que o sujeito evolui na

interação com o social, em que o papel do outro é fundamental para

seu desenvolvimento.

Segundo a definição do dicionário Aurélio Buarque (1995), motricidade é

“a propriedade que tem certas células nervosas de determinar a contração

muscular “.

Motricidade é, portanto, o mesmo que motilidade, domínio do corpo,

agilidade, destreza, locomoção, faculdade de mover-se voluntariamente.

Possibilidade neurofisiológica de realizar movimentos.

A psicomotricidade é uma área relativamente nova que, por ter o homem

como objeto de estudo, engloba várias outras áreas, como por exemplo: a

educacional, pedagógica e de saúde. Está intimamente ligada à função motora

do desenvolvimento intelectual e do desenvolvimento afetivo e, tem por

finalidade destacar a relação existente entre motricidade, a mente e a

afetividade, por meio de técnicas que envolvam a aprendizagem global da

criança. Desta forma, psicomotricidade, como ciência da educação, procura

educar, ao mesmo tempo em que envolve as funções de inteligência.

Há, portanto várias definições de psicomotricidade segundo os autores

mencionados a seguir:

É a ciência que assegura o desenvolvimento funcional,

considerando as possibilidades da criança, ajudando a sua

afetividade a expandir-se a equilibrar-se através do

intercâmbio com o meio ambiente. (Le Boulch, 1992, p.21).

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A psicomotricidade deve esforçar-se em desenvolver

a sua própria originalidade, que é a do corpo e da ação

corporal, como linguagem fundamental na comunicação

criança-mundo. O corpo não é um símbolo, nem um objeto

ou instrumento, ele subtende a presença no mundo. (Pierre

Vayêr,1985,p. 02 )

Não deve ser vista como a leitura das condutas

motoras. Mas sim como a elaboração a partir de práticas

que repercutem sobre o mundo que nos circunda e este,

por sua vez, fornece uma orientação e um significado aos

comportamentos motores dos indivíduos. (Guillarme J.J,

1983, p. 04 )

Sabe-se que a psicomotricidade deve buscar um desenvolvimento global

do indivíduo, portanto deve buscar a sua originalidade. A mesma, é de

fundamental importância no desenvolvimento motor do indivíduo, pois o

indivíduo para relacionar-se com o meio necessita de movimentos motores.

O termo psicomotricidade evoluiu seguindo uma trajetória primeiramente

teórica depois prática, até chegar a um termo entre essas duas. Dentro da

evolução da psicomotricidade, no início deste século, a sua noção fixou-se

sobre tudo no desenvolvimento motor da criança. Depois, foi estudada, a

relação entre o atraso no desenvolvimento motor e o atraso intelectual da

criança. Seguiram-se estudos sobre o desenvolvimento da habilidade manual e

de aptidões motoras em função da idade, até se chegar à posição atual da

psicomotricidade; ultrapassar os problemas motores e trabalhar também a

relação entre o gesto e a afetividade e a qualidade de comunicação por

intermédio dos mesmos.

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Essa abordagem globalizante vem atingindo cada vez mais os

profissionais de diversas áreas. Contudo, existe uma dificuldade muito grande

desses profissionais em assumir totalmente essa abordagem, visto que, implica

eterno estudo das áreas psicológica, neurológica, social, emocional e motora.

Atualmente, existe a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade a qual

vem lutando para que os profissionais atuantes caminhem de forma séria e

estruturada. Ela define a psicomotricidade como “uma ciência que tem por

objetivo o estudo do homem por meio do seu corpo em movimento, nas

relações com o seu mundo interno e externo”.

O estudo de psicomotricidade, também vai além da conceituação de

problemas motores que seriam as ligações com a lateralidade, a estruturação

espacial e a orientação temporal por um lado e, por outro, as dificuldades

escolares de crianças de inteligência normal.

É fundamental, que no processo educativo, se lance mão de

conhecimentos de psicomotricidade, para que tanto as crianças da pré-escola,

como as das séries iniciais do Ensino Fundamental, obtenham, segundo

Chazaud (1987):

- Domínio do equilíbrio e do tônus da postura;

- O controle e a eficácia das diversas coordenações globais

segmentares;

- A consciência do próprio corpo, a organização do esquema corporal;

- Uma estruturação espaço-temporal correta, uma boa orientação e

lateralização.

1.1 - Histórico da psicomotricidade

Antes de abordarmos o histórico da psicomotricidade torna-se

necessário fazer um paralelo da evolução do corpo, objeto e sujeito de estudo

da psicomotricidade, com seu percurso histórico.

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As civilizações americana e européia foram as mais marcantes nesse

processo evolutivo, destacando-se a escola francesa, que teve marcante

influência nos rumos que a psicomotricidade vem tomando.

Quando falamos de corpo, podemos destacar alguns filósofos que

através de seus estudos contribuíram para essa área, como Platão e

Aristóteles.

Seguindo a evolução do estudo do corpo, encontramos a influência do

americano Bérgson (1964), século XIX, começando a fazer a união dessas

duas esferas (alma e corpo) quando afirma que: “O cérebro imprime ao corpo

esses movimentos e as atitudes que desempenham o que espírito pensa”.

Charcot, psiquiatra famoso na época, é quem aponta as evidências do

psiquismo sobre o corpo e vice-versa, quando estuda o fenômeno “membro

fantasma”, referindo-se a um indivíduo que conserva impressão da existência

do membro que perdeu, mas ainda negligenciando os conceitos de

inconsciente e imagem do corpo, os quais eclodem com a influência da

psicanálise, onde Freud passa a analisar que papel desempenha o corpo, o

provedor de todas as funções, e o centro das relações com a figura materna

que se acham “motrizadas” nesse corpo, mas nem sempre nos chegam à

consciência e à palavra. É claro que houve a influência da neurologia e da

motricidade.

Porém, a palavra psicomotricidade só veio a ser criada, de acordo com

alguns autores, como, por exemplo, Ernest Dupré em 1909, quando descreve a

síndrome da debilidade motora e relaciona-a com a debilidade mental, isolando

perturbações como os tiques e as alterações motoras correspondentes,

dizendo que existe uma união tão íntima entre as debilidades que parecem

construir verdadeiras paralelas.

Por se tratar de um assunto recente, no início deste século era

abordado de forma excepcional. O estudo foi se afirmando de forma gradativa,

contribuindo assim para que diversos aspectos atualmente voltassem a se

agrupar.

Primeiramente a pesquisa teórica fixou-se principalmente no

desenvolvimento motor da criança. Depois passou a estudar a relação

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existente entre o atraso no desenvolvimento motor e o atraso intelectual da

criança. Estudos seguiram-se referentes ao desenvolvimento da habilidade

manual e algumas aptidões motoras próprias da idade em que as crianças se

encontram.

A terapia psicomotora passou a ter duas correntes, onde uma refere-se

a psicanálise, que partindo da hipótese de que tentando ajudar o indivíduo a

resolver seus problemas afetivos, os problemas funcionais desaparecem e a

outra refere-se à terapia comportamental, a qual segundo Skinner, é menos

importante saber como o comportamento foi adquirido no passado, mas saber

como e quais as variáveis que o mantém atualmente. No Brasil, a história da

psicomotricidade vem acontecendo de maneira semelhante à história mundial.

Os primeiros documentos registram seu nascimento na década de 50, quando

Gruspun já mencionava atividades psicomotoras indicadas no tratamento de

distúrbios de aprendizagem. No Rio de Janeiro, eram criados cursos de

formação de professores na área de ensino especial, sendo o ritmo um dos

caminhos encontrados para a estimulação de deficientes. Na década de 60,

surgiu o questionamento sobre qual era a área de atuação profissional da

psicomotricidade: a Psicologia, a Educação Física, o Ensino Especial, a

Fonoaudiologia etc. Contudo, foi na década de 70, que realmente eclodiu a

psicomotricidade no Brasil, com duas correntes distintas: profissionais que

aplicavam métodos vindos do exterior ou pelas bibliografias estrangeiras e

profissionais que, por meio da prática corporal na reeducação, generalizavam

tudo como sendo psicomotricidade.

Nos dias de hoje, a psicomotricidade não se restringe apenas a

conceituação dos problemas motores, estuda também as relações existentes

entre à lateralidade, à estrutura espacial e à orientação temporal, que reflete na

aprendizagem dos alunos do Ensino Fundamental.

1.2 - Elementos básicos da psicomotricidade

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Subdividiremos a psicomotricidade em áreas que, embora citadas

isoladamente, agirão quase sempre relacionadas umas as outras. Pode-se

afirmar que uma prática psicomotora envolve todas as atividades que visam

estimular as diferentes áreas que serão citadas a seguir:

1.2.1- Comunicação e Expressão

Comunicação e expressão estão intimamente relacionadas, pois, é

através das mesmas que o indivíduo aprende a expressar-se corporalmente,

assume sua identidade e se relaciona com o outro e com o mundo.

A linguagem é uma função de expressão e comunicação do

pensamento, permitindo ao indivíduo sociabilizar-se, trocando experiências e

atuando de forma verbal e gestual. Como a linguagem verbal está intimamente

ligada à articulação e à respiração podemos incluir nesta área os exercícios

fono-articulatórios e respiratórios.

As comunicações não-verbais, linguagem do corpo e da ação, são as

únicas que permitem de forma verdadeira restabelecer o diálogo com as

crianças e também com os adultos, quando estes se encontram em

dificuldades consigo mesmo, pois cada indivíduo tem uma forma diferenciada e

ímpar de se comunicar corporalmente sendo está modificada de cultura para

cultura.

1.2.2- Percepção

A percepção é a capacidade de reconhecer e compreender estímulos

recebidos. É o meio de que o indivíduo dispõe para organizar a estimulação

que o ambiente lhe oferece. Assim, ao perceber supõe as sensações

acrescidas dos significados que são atribuídos como resultado da experiência,

relacionada à atenção, à consciência e à memória.

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A percepção depende dos estímulos sensoriais captados pelos órgãos

do sentido e das sensações sinestésicas interceptivas, sensações essas que

são originárias no ambiente interno, tais como, sede, fome etc.

Estimular a percepção permite à criança registrar suas impressões,

classificá-las e associá-las com outras, faz ainda com que a criança adquira

consciência de tudo que está sob domínio de seus sentidos, forme seu juízo e

atue segundo a conclusão destes, realizando de forma inconsciente

comparações e associações.

A percepção se apresenta em diversos aspectos, tais como:

- Percepção auditiva: é a habilidade para interpretar estímulos

auditivos, associando-os a estímulos anteriores percebidos e

discriminando-os entre si.

- Percepção visual: ela está presente em quase todas as nossas

atividades. Nós a utilizamos quando manipulamos talheres, andamos

numa sala, utilizamos um lápis, quando conhecemos e diferenciamos

objetos, cores, tamanhos e símbolos. Com a discriminação visual

prepara-se, para uma posterior fase da discriminação de símbolos

abstratos, como : diferentes letras, sílabas, palavras etc.

- Percepção tátil: o sentido tátil é o mais velho dos sentidos, pois

desde o ventre materno as sensações de contato são quase as

únicas que a criança recebe. Na percepção tátil exploramos a

percepção de variação de pressão, de temperatura, de pesado e

leve, de seco, úmido e molhado, de objetos, formas e volumes, sem

ajuda da visão.

- Percepção olfativa: envolve a capacidade de distinguir odores,

associando-os à origem. Ela muito influencia na percepção do

paladar. Contribui para discriminação e memorização de alguns

alimentos. Contudo, é um sentido menos evoluído no homem em

relação aos animais inferiores.

- Percepção gustativa: envolve a capacidade de distinguir valores

associando-os à origem. O paladar é função principalmente dos

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botões gustativos localizados na boca, mas associados aos

receptores sensoriais táteis também localizados na boca. Sua

importância se dá ao fato de permitir ao indivíduo selecionar os

alimentos de acordo com seu desejo e necessidade nutricional.

1.2.3- Coordenação motora

A coordenação motora é mais ou menos instintiva e está ligada ao

desenvolvimento físico do indivíduo. Pode ser entendida como a união

harmoniosa de movimentos, supõe integridade e maturação do sistema

nervoso. De modo genérico, significa a capacidade de integrar diversas ações

musculares (contrações, descontrações, alongamentos) simultâneos e

sucessivos, de modo a produzir determinado movimento ou uma seqüência de

movimentos com eficiência e economia de esforço.

Subdividiremos a coordenação motora em coordenação dinâmica global

ou geral, viso-manual ou fina e visual:

- Coordenação dinâmica global ou visual: é considerada como a

possibilidade de controlar os movimentos amplos de nosso corpo.

A coordenação geral é tratada de uma forma mais global de

coordenação, presente nos movimentos de locomoção e outros que não

precisam ser guiados necessariamente pela visão.

A coordenação geral apresenta-se sob dois aspectos: coordenação

estática, a qual se realiza em repouso e que, resulta “do equilíbrio entre a ação

dos músculos antagonistas, estabelecendo-se em função do tônus permitindo a

conservação voluntária de atitudes” (Dalila,1983,p.02); e a coordenação

dinâmica que “é a colocação em ação simultânea dos grupos musculares

diferentes, com vista à execução de movimentos voluntários mais ou menos

complexos” (Idem,p.03). Refere-se as ações nas quais somente intervém os

membros inferiores ou em simultaneidade com os membros superiores : correr,

saltar, trepar, arremessar bola etc.

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A coordenação estática está subordinada a um bom controle postural,

que depende de uma adequada coordenação dinâmica.

- Coordenação viso-manual ou motora fina: a coordenação

visomotora é definida como um tipo de coordenação que acontece

num movimento manual e corporal, que responde a um estimulo

visual e se adequa positivamente a ele, envolvendo a orientação

espaço-temporal e esquema corporal.

É considerada como a capacidade de controlar os pequenos músculos

para exercícios refinados como: recorte, perfuração, colagem, encaixes,

escrita, pintura e etc que envolve a coordenação visomotora ou óculomotora, a

coordenação visomanual ou óculomanual e a coordenação musculofacial.

A coordenação viso-manual engloba movimentos dos pequenos

músculos em harmonia na execução das atividades utilizando os dedos, mãos

e pulsos. A coordenação musculofacial refere-se aos movimentos refinados da

face propriamente ditos e é fundamental na aquisição da fala, da mastigação e

da deglutição.

- Coordenação visual: refere-se a movimentos específicos com os

olhos nas mais variáveis direções.

Podemos dizer que, na vida cotidiana, utiliza-se todas essas formas de

coordenação variando a proporção em que cada uma é utilizada, dependendo

das atividades realizadas pelo indivíduo. Nas atividades motoras em geral, e

principalmente nas atividades esportivas, a coordenação viso-motora é a mais

utilizada, uma vez que a prática esportiva envolve sempre situações espaço-

temporais delimitados, com obstáculos fixos e móveis a atingir, sempre

dependente da medida da visão.

1.2.4- Orientação

A orientação ou estruturação espacial/temporal é importantíssima no

processo de adaptação do indivíduo ao ambiente, já que todo corpo, animado

ou inanimado ocupa necessariamente um espaço em um dado momento.

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- Estruturação espacial : é a orientação, a estruturação do mundo

exterior referindo-se primeiro ao eu referencial, depois a outros

objetivos e pessoas em posição estática ou em movimento. O

aspecto espacial encontra-se ligado às funções da memória que

pode ser definido como sendo a possibilidade da pessoa organizar-

se perante o mundo que a cerca, de organizar as coisas entre si, de

colocá-las em um lugar, de movimentá-las. Envolve o

desenvolvimento da noção de direção como : acima, abaixo, à frente,

atrás, ao lado, e de distância ( longe, perto, curto, comprido ) e

integração.

Piaget estudou a evolução do espaço na criança e constatou que nos

primeiros meses de vida a organização espacial é muito restrita, limitando-se

ao campo visual e as suas possibilidades motoras. Posteriormente, quando a

criança começa a andar, seu espaço de ação amplia-se e multiplicam-se suas

possibilidades de experiência, aprendendo a deslocar-se no espaço, captar

distâncias, direções e demais estruturas espaciais elementares, sempre em

relação ao seu próprio corpo .

- Estruturação temporal : é a capacidade de situar-se em função :

• da sucessão dos acontecimentos ( antes, durante, após ) ;

• da duração dos intervalos ( hora, minuto, aceleração, freada, andar,

corrida ) ;

• renovação cíclica de certos períodos ( dias da semana, meses,

estações ) ;

• do caráter irreversível do tempo ( noção de envelhecimento, plantas

e pessoas )

As noções temporais são muito abstratas e muitas vezes bem difíceis de

serem adquiridas pelas crianças, pois está intimamente ligada a noção de

espaço. O tempo é, no entanto, uma noção material que, não podendo ser

objetivada, pode apenas ser expressapelo som. Assim, situamos o presente, o

passado e o futuro em relação ao antes e ao depois e avaliamos o movimento

no tempo, distinguindo o rápido do lento, o sucessivo do simultâneo.

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A estruturação espacial e temporal corresponde à organização

intelectual do meio e está ligada à consciência, `a memória e às experiências

vivenciadas pelo indivíduo.

1.2.5- Esquema Corporal

A criança percebe seu próprio corpo através de todos os órgãos do

sentido. Seu corpo ocupa espaço no ambiente em função do tempo, capta

imagens, recebe sons, sente cheiros e sabores, dor e calor, movimenta-se.

O esquema corporal está sempre em desenvolvimento, visto que inclui

todas as experiências vividas pelo sujeito e que afetam seu corpo. Contudo é

nos primeiros dez anos de vida ( e mais intensamente até os 06/07 anos de

idade ) que se constitui o arcabouço fundamental da imagem do corpo, que

possibilitará ao indivíduo a assimilação de novas experiências de movimentos.

Na puberdade, devido às rápidas e internas transformações orgânicas, o

esquema corporal passa por reestruturações que envolvem, muitas vezes, um

desequilíbrio momentâneo da motricidade. Movimentos desordenados,

desajeitados, tropeços, dificuldades com as novas proporções corporais, são

comuns em adolescentes – fato que reflete em suas relações sociais e em sua

afetividade. Quanto mais rica a experiência motora anterior e quanto maior

forem os estímulos para utilizar suas novas possibilidades de movimentos,

mais rápido o adolescente superará suas dificuldades em relação a sua

maturidade.

O esquema corporal é portanto, um elemento básico indispensável para

formação da personalidade da criança, pois reflete o equilíbrio entre as funções

psicomotoras e sua maturidade.

Para Marianne Frostig (1980), o conhecimento corporal abrange :

- a imagem corporal, que é a impressão que a pessoa tem de si

mesma, é a representação visual do corpo ( baixa, gorda, etc. )

- e o esquema corporal, que é o conhecimento intelectual sobre as

partes do corpo e sua funções.

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Podemos dizer que, a estruturação espaço-temporal é fundamentada

nas bases do esquema corporal sem o qual a criança, não reconhecendo a si

mesma, muito dificilmente poderia aprender no espaço que a rodeia. Sendo

assim podemos citar várias condutas psicomotoras que dependem do esquema

corporal como: o equilíbrio, a coordenação visomotora, a percepção de

movimentos e de posição do espaço e a linguagem.

Contudo, o desenvolvimento do esquema corporal depende, portanto, da

diversidade de movimentos e de situações que o indivíduo vivência em seu

processo de vida. Nesse sentido, toda a experiência de movimento acrescenta

algo ao esquema corporal. O trabalho pedagógico intencional para o

desenvolvimento do esquema corporal deve privilegiar a integração de

sensações tátil-cinesticas, auditivas e visuais em relação ao corpo. Nisto

incluem-se as experiências relativas ao próprio corpo e à observação e

compreensão dos corpos e movimentos de outras pessoas.

1.2.6- Lateralidade

A lateralidade é a capacidade motora de percepção integrada nos dois

lados do corpo: direito e esquerdo e considerada como o elemento fundamental

da relação e orientação com o mundo exterior. A lateralidade está ligada ao

desenvolvimento do esquema corporal.

Durante todo o processo de crescimento da criança, de forma natural

define-se uma do lado esquerdo ou do lado direito. A lateralidade corresponde,

portanto a aspectos neurológicos, mas também é influenciada por alguns

hábitos sociais.

Para se descobrir e trabalhar a dominância lateral das crianças é

imprescindível que se trabalhe nos diferentes níveis dos membros abaixo

citados:

• A nível dos membros inferiores, segue :

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- Do ponto de vista da força, deve-se desenvolver atividades onde se

perceba a dominância lateral de forma significativa, ou seja, pedir a

criança que percorra um trajeto com um pé e depois com o outro.

- Do ponto de vista da precisão : são utilizadas atividades como, fazer

com que a criança leve com um pé uma bola ou uma lata a um lugar

determinado .

• A nível dos membros superiores : é solicitado à criança que faça

diversos gestos do dia-a-dia, podendo se observar assim, qual é a

mão mais utilizada, devendo ficar claro que o material apresentado

não influencie na escolha da mão . Sendo assim:

- do ponto de vista da força : com uma mão lançar uma bola ao cesto ,

pentear-se ou até mesmo recortar papel com tesoura .

• A nível dos olhos : por meio do caleidoscópio, fazendo olhar pelo

buraco da fechadura, por meio do visor de uma máquina fotográfica.

Podemos classificar a lateralidade em:

- Lateralidade homogênea: consiste na dominância destra ou canhota

a nível de todas as observações ( membros superiores, inferiores,

olhos e ouvidos ).

- Lateralidade cruzada: destra da mão, canhota do pé, do olho e do

ouvido e vice-versa.

- Ambidestra: é tão hábil do lado esquerdo quanto do direito.

A definição do nosso lado dominante está relacionada a vários fatores

(culturais, ambientais, neurológicos etc). Estes fatores referem-se à coação de

alguns professores no uso da mão esquerda, à imitação dos colegas de classe,

a maturação fisiológica etc.

Alguns estudiosos concluíram que a lateralidade apresenta um fator

hereditário, não se desprezando o valor do meio social e educativo.

Podemos citar que existe uma grande diferença entre lateralidade e o

conhecimento que a criança tem com relação a direita e esquerda . A

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lateralidade é à dominância de um lado em relação ao outro a nível da força e

da precisão e do conhecimento de esquerda e direita.

O conhecimento esquerda-direita é conseqüência da noção de

dominância lateral, onde esse conhecimento será mais facilmente aprendido

quanto mais acentuada e homogênea for a lateralidade da criança. O

conhecimento estável de esquerda e direita só é possível aos cinco ou seis

anos de idade e a reversibilidade ( possibilidade de reconhecer a

mão direita ou a mão esquerda de uma pessoa a sua frente ) não pode ser

tratada antes dos seis anos de idade.

1.2.7- Pré –Escrita

Domínio do gesto, estruturação espacial e estruturação temporal são os

três fundamentos da escrita. Com efeito a escrita supõe :

- Uma direção gráfica: escrevemos horizontalmente da esquerda para

direita;

- As noções de em cima e em baixo ( n e u ), de esquerda e direita ( 37

e não 73 ), de obliquas e curvas ( g e q ) ;

- A noção de antes e depois, por exemplo, para escrever “q”, a criança

traçará a linha da direita antes de formar o circulo e, antes da

primeira ( “ap” para “pa” ) mesmo que tenha decomposto as sílabas

corretamente.

Portanto os exercícios de pré – escrita e de grafismo são necessários

para a aprendizagem das letras e dos números, pois sua finalidade é fazer com

que a criança atinja o domínio do gesto e do instrumento, a percepção e a

compreensão da imagem a reproduzir. Esses exercícios dividem-se em :

- exercícios puramente motores ;

- exercícios de “grafismo” : exercícios preparatórios para escrita na

lousa e no papel ;

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Contudo eles não devem reprimir o trabalho espontâneo de expressão

gráfica da criança, pois esta cria seu próprio desenho que lhe possibilita a

expressão de sua visão de mundo, a passagem do sonho à realidade, com

formação ou não aos ensinamentos recebidos.

Podemos afirmar que os exercícios motores são necessários para

criança dominar o gesto da escrita, através do equilíbrio entre as forças

musculares, flexibilidade e agilidade de cada articulação do membro superior.

Portanto é indispensável fixar as bases motoras da escrita antes de

ensinar a criança a dominar seu lápis. Caso não se tenha atingido a

motricidade, o desenho não corresponderá à expectativa da criança que se

desinteressará desta forma de expressão dizendo: “desenhe-o para mim, eu

não consigo fazê-lo”.

Entretanto, o programa dos exercícios motores têm por base:

- Uma mobilização do ombro, do pulso, de cada um dos dedos;

- Um trabalho de plasticina: esta brincadeira atraente para a criança

fortalece os músculos de cada dedo e desenvolve a destreza manual.

Também podemos afirmar o grafismo como sendo necessário para o

domínio do gesto e da escrita, onde por meio de diferente gestos em um plano

vertical ( ou pelo menos inclinado ), a criança aprende a segurar corretamente

o giz e o lápis. Para que a criança adquira um traçado regular precisará

trabalhar, com certa rapidez, sobre uma grande superfície colocada à sua

altura. A criança que não domina bem seu gesto será solicitada a trabalhar

sobretudo com o ombro e o cotovelo: fará então desenhos grandes. Somente

mais tarde, quando os movimentos à altura do ombro e do cotovelo se

tornarem desenvolvidos faremos diminuir as proporções dos desenhos,

exigindo assim da criança um trabalho mais específico do punho e dos dedos.

Quando a criança adquirir o hábito de começar seus exercícios da

esquerda para a direita, esta poderá praticar exercícios mais variados, como

por exemplo, desenhar um “quadrado” sem levantar o lápis, portanto ir uma vez

da esquerda para a direita e uma vez da direita para a esquerda .

“fig.” 1.2.1 – Exercício Motor

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1.2.8- Habilidades Conceituais

A matemática pode ser considerada uma linguagem cuja função é

expressar relações de quantidade, espaço, tamanho, ordem, distância e etc.

Segundo Johnson (1983) a medida em que a criança brinca com formas,

quebra-cabeça, caixas ou panelas a mesma adquire uma visão dos conceitos

pré-simbólicos de tamanho, número e forma. Ela será capaz de encaixar

contas no barbante ou colocar figuras em quadros, aprender sobre seqüência e

ordem e aprender a estruturar frases: “acabou”, “não mais”, “muito”, o que

amplia suas idéias de quantidade.

Sabe-se que a criança progride na medida do conhecimento lógico-

matemático, pela coordenação das relações que anteriormente estabeleceu

entre os objetos. Para que construa o conhecimento físico (referente à cor,

peso e etc), a criança necessita ter um sistema de referência lógico-matemático

que lhe possibilite relacionar novas observações com o conhecimento já

existente, como por exemplo: para perceber que um peixe é vermelho, ela

necessitará de um esquema classificatório para distinguir as outras cores e

outro esquema classificatório para distinguir o peixe de todos os demais

objetos que conhece.

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CAPÍTULO 2

ASPECTOS PSICOMOTORES FRENTE ÀS

DIFICULDADES ESCOLARES

Podemos considerar distúrbios psicomotores as dificuldades

apresentadas na execução de determinados movimentos e deficiências

perceptuais. Geralmente, estão associadas aos distúrbios psicomotores,

distúrbios do comportamento, que podem ser entendidos como desvios das

normas de conduta que uma criança apresenta em relação ao ambiente que se

relaciona e que tem uma significação para si própria. Os distúrbios de

comportamento podem ser considerados como mecanismos para aliviar

tensões que a criança utiliza, ou seja, é uma luta entre as forças internas

(ansiedade) e externas (cobrança social e familiar), podendo ser os causadores

dos distúrbios psicomotores.

Esses distúrbios, quando se apresentam em ambiente escolar, devem

receber interferência do educador através de estimulação e educação

psicomotora. Algumas vezes, ainda é possível fazer interferência a nível de

reeducação psicomotora.

Uma criança cujo esquema corporal é mal constituído, não consegue

coordenar muito bem seus movimentos. Pode-se perceber um atraso, por

exemplo, quando se despe, pois as habilidades manuais são realizadas com

dificuldade. Na escola, sua caligrafia é feia e a leitura expressiva não é

harmoniosa, ou seja, o gesto vem depois da palavra, a criança não segue o

ritmo da leitura ou então faz um pouco de pausa na leitura no meio da palavra.

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Uma criança cuja lateralidade não está bem definida encontra problemas

de ordem espacial, não percebe diferença entre seu lado dominante e o outro

lado, não distinguindo a diferença entre esquerda e direita, sendo incapaz de

seguir a direção gráfica (leitura da esquerda para a direita). Na maioria das

vezes não consegue reconhecer a ordem escrita em um quadro negro;

certamente nessas condições, poderia ler um quadro em dupla entrada e

colocar de forma incorreta um título ou a data em seu caderno.

Já diante de problemas relativos à percepção espacial, uma criança não

é capaz de distinguir um “b” de um “d”, um “p” de um “q”, “21” de “12”, caso

não perceba a diferença entre esquerda e direita. Se não distingue bem o alto

de baixo, confunde o “ b” e o “p”, o “n” e o “u”, o “ou” e o “on”.

Os problemas quanto à orientação temporal e a orientação espacial,

como por exemplo, a noção “antes-depois”, causam principalmente muita

confusão na ordenação dos elementos de uma sílaba. A criança sente

dificuldades em reconstruir uma frase cujas palavras estejam misturadas,

sendo a analise gramatical um quebra-cabeça para ela.

A má organização espacial e temporal acarreta fracasso também na

matemática. Com efeito, para calcular a criança deve ter pontos de referência,

colocar os números corretamente, possuir noção de “fileira”, de “coluna”, deve

conseguir combinar as formas para fazer construções geométricas.

Podemos citar alguns direcionadores e atividades motoras que

contribuem para a identificação dos distúrbios psicomotores, podendo ser

usados a partir dos 5 anos de idade:

Coordenação dinâmica global

- Causas: podem ser devidas a atrasos neuromotores, à debilidade

intelectual, a problemas psicológicos etc.

- Sinais : dificuldade no controle motor e psicológico, não faz fila,

empurra, dificuldade de ritmo, dificuldade de realizar movimentos

finos, como pintura e limite de

recorte.

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“fig.” 6.1 – Atividade de Coordenação Dinâmica Global

Levantar os braços e simultaneamente

levantar o joelho esquerdo.

Idem com o joelho direito.

Dobrar os joelhos levantando os braços

simultaneamente.

Mão esquerda no ombro esquerdo, braço

direito estendido lateralmente, cabeça para a

direita.

Inverter.

Coordenação Motora Fina

- Causas: devidas aos atrasos neuromotores ( como por exemplo,

sensibilidade do cerebelo ) e funcionais ( atenção / memória ),

debilidade intelectual, dificuldades psicológicas ( insegurança,

ansiedade, etc. )

- Sinais: rigidez e tensão nos dedos, dificuldades no manejo de

objetos escolares como, apontador e caderno, dificuldade para

mecanizar sublinhados, uso insuficiente da mão subordinada,

dificuldade de afinamento da atividade gráfica, dificuldade no

freio motor : colorir, recortar, picar problemas no controle motor

ocular, cópia de letras do campo amplo, imprecisão de traçados

retos e curtos, inabilidade na letra cursiva, mal uso do lápis,

aprendizagem lenta das letras, dos números com formas

irregulares, disgrafia.

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- Exemplo de atividade:

Pede-se à criança que pinte ou até mesmo caminhe com o lápis

sobre o desenho, até chegar ao final da linha, conforme os desenhos

seguintes:

“ fig.” 6.2 – Atividade de Coordenação Motora Fina

Equilíbrio

- Causas : dificuldade no esquema corporal, de integração

espaço-temporal associada à deficiência mental ou imaturidade

cerebral, problemas emocionais e psicológicos e lesão

neurológica ( exemplo : do cerebelo )

- Sinais : ansiedade, angústia, equilibro frágil, busca permanente

de apoio corporal estando em pé ou sentado, posições e

posturas assimétricas e ambíguas, moleza no manejo corporal,

insegurança, dispersão e falta de atenção e concentração,

quedas freqüentes, dificuldade de ritmo corporal, postura

inadequada.

- Exemplo de atividade:

Andar sobre um banco, passar de uma cadeira para as outras, andar de

quatro por baixo de bancos, pular com um pé, ficar equilibrado em um pé.

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Como: espalham-se pela sala aparelhos de ginástica ou móveis,

para que a criança possa executar um circuito completo sem colocar os pés no

chão.

Exemplo: Rastejar sobre as mesas, saltar sobre o tapete, subir na

escrivaninha, descer na cadeira, chegar saltando sobre o primeiro quadrado do

piso, passar andando de um piso para o outro, e por fim rastejar sob duas

pequenas mesas.

“ fig.” 6.3 – Atividade de Equilíbrio

Organização Espacial

- Causas: má integridade do esquema corporal, perturbação na

lateralidade, dificuldade psicológica (poucas experiências com

espaço fantasia, etc.)

- Sinais: ignora os termos espaciais (frente, lado, etc.), conhece

os termos, mas não percebe as posições (esquerda, em cima,

em baixo, etc.), percebe bem o espaço, mas orienta-se com

dificuldade, não apresenta organização espacial, não assimila

reversibilidade (transposição - tabuada), dificuldade para

compreender relações espaciais (simetria), não consegue

progressão, não apresenta discriminação visual, dificuldades na

aprendizagem da leitura (sucessão e progressão de letras

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orientadas) e escrita (troca de fonemas), dificuldade de

construção e organização gramatical, dificuldade de organizar-se

em fila, dificuldade de organizar seus materiais, derruba muito os

objetos, troca ( p-b, n-u, d-b, p-q ), não compreende organização

de números e combinações geométricas, apresenta dificuldades

na coordenação motora fina.

- Exemplo de atividade :

Criação de um cenário, de uma paisagem.

Apresenta-se à primeira criança para colocar o papai na primeira

ranhura horizontal. A segunda criança colocará uma galinha na terceira ranhura

vertical, e assim por diante. Será pedido por exemplo, que o bico da galinha

esteja apontado para uma determinada direção e assim por diante.

“ fig.” 6.4 – Atividade de Organização Espacial

Organização Temporal

- Causas: motoras (associadas ao ritmo), psicológicas, etc.

- Sinais : incapacidade de descobrir ordem e sucessão dos

acontecimentos ( 12, 21 ), não percebe intervalos ( leitura sem

pausa ), não possui ritmo regular, não assimila noção de hora,

não consegue organizar seu tempo, interrompe as atividades no

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meio, confusão na ordenação de elementos de uma sílaba,

dificuldades em matemática ,etc.

Exemplo de atividade:

As crianças são dispostas em círculos: são os escultores; uma

criança no meio do círculo é a estátua. Um após outro os escultores expressam

um detalhe da posição que a estátua deverá tomar.

“ fig.” 6.5 – Atividade de Organização Temporal

Lateralidade

- Causas: neurológicas, morais, espaciais ou psicológicas.

- Sinais: não sabe qual mão escolher, desajeitada, recorta com a

mão direita e paratonia com a esquerda, exercícios de precisão

só com uma mão e força só com a outra, lateralidade

heterogênea (não define lado direito ou esquerdo),

desorganização das funções da linguagem (exemplo : afasia,

agnosia, aproxia), problemas de indecisão lateral, dificuldade de

seguir uma direção gráfica, lateralidade cruzada, etc.

- Exemplo de atividade:

Aquisição da Direção Gráfica

É preciso que a criança se habitue à nossa direção gráfica: não

podemos esquecer que ela deverá ler da esquerda para direita e de cima para

baixo. Nos exercícios abaixo, não se trata de “ler” verdadeiramente, mas de ver

os desenhos percorrendo a folha da mesma forma como o fazemos ao ler.

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As crianças lerão o quadro 1 : uma garrafa, um menino, um lápis,

um pássaro, etc.

Tomar cuidado para que as crianças não omitam figura e nem

pulem de linha.

Este exercício deve ser repetido o mais freqüentemente possível.

É necessário utilizar quadros diferentes.

“ fig.” 6.6 – Atividade de Lateralidade

Esquema Corporal

- Causas: podem ser orgânicas, por lesões adquiridas (exemplo:

membros amputados) e do SNC ( exemplo : má formação

congênita ) e psicológicas .

- Sinais: não conhece bem as partes do corpo, não situa bem

seus membros ao gesticular, não coordena bem seus

movimentos , não consegue imitar o movimento observado,

gestos não-harmônicos, lentidão, distrai-se no meio dos

movimentos, imagem corporal deformada, dificuldades na

discriminação visual, psicologicamente apresenta dependência,

conduta infantilizada, comportamento agressivo, os reflexos

persistem por mais tempo, dificuldade em amarrar, se despir e

vestir, não consegue ritmo na leitura, não ordena sílabas na

leitura, dificuldade de abstrair, dificuldade de transpor do plano

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vertical para o horizontal, atenção prejudicada, postura

inadequada e atitudes viciadas, não para quieta na posição

sentada, dificuldade no manejo de objetos e cadernos.

- Exemplo de atividade:

Associar o objeto ( à esquerda ) `a parte do corpo ( à direita )

conveniente.

Exemplo: óculos-olho

“ fig.” 6.7 – Atividade de Esquema Corporal

Existem ainda os distúrbios escolares diretamente ligados aos

distúrbios psicomotores que relacionamos abaixo de forma didática e resumida:

• Disgrafia: dificuldade de integração viso-motora

- Causas: problemas psicomotores, prioritariamente visual e

auditiva.

- Sinais: símbolos invertidos, escrita feia e disforme, rabisco,

acréscimo e omissões, dificuldade para escrever, copiar letras e

números, deformação de letras (por exemplo: um ditado popular

“subir a serra”), ou seja, não acompanha linha do caderno.

• Inversão: troca o p-q, b-d, u-n, 3-E

- Causas: dificuldade espacial, percepção visual, figura - fundo,

memória visual e/ou sinestésica.

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• Troca de letras visualmente semelhantes: u por v, n por m, o por d,

n por h, ch por nh ou lh, n por r ou l.

- Causas: percepção visual, constância de percepção, memória visual

e/ou sinestésica.

• Acréscimo e omissões de letras: cozinha por cozinha; de sílaba: a

menina toma o café, café com pão, ma por mamãe; de palavras: vovó

vê a sacola por vovó vê sacola.

- Causas: percepção visual, constância percepção, figura fundo,

memórias visual e auditiva.

• Mudança de lugar: letras e números: cecola por escola, 52 por 25;

sílabas: macoca por macaco; frase: cozinha é grande da mamãe por

cozinha da mamãe é grande.

- Causas: percepção visual, espacial, constância da percepção,

análise-síntese, visual e auditiva, memória visual, sinestésica,

auditiva etc.

• Contaminação e dissociação: já pescou por jápescou, em bora por

embora.

- Causas: tempo-espacial, memória visual e auditiva, percepção

visual, coordenação viso-motora etc.

• Deformação das letras: de tamanho, de espaço e direção.

- Causas: memória visual, sinestésica, espacial, coordenação viso-

motora, constância de percepção, figura fundo.

Podemos afirmar, que a psicomotricidade pesa de forma considerável

sobre o rendimento escolar. O professor que analisa os erros de seus alunos

geralmente, descobrirá a causas e as perturbações psicomotoras, podendo

sanar essas dificuldades na medida do possível, baseando seu curso através

da manipulação, fazendo regularmente exercícios psicomotores em diversas

atividades, tais como, despir-se, fazer aulas de ginástica, nas aulas de

matemática, de cantos, em habilidades manuais etc.

Independente de termos como base algumas atividades para

identificação de distúrbios motores, o que se espera de qualquer indivíduo

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envolvido no processo é que ao mínimo sinal de dificuldade motora a criança

seja observada, analisada e sem dúvida estimulada.

Para a grande maioria das crianças que são diagnosticadas com

dificuldades de escolaridade, a causa principal do problema não está no nível

da classe escolar a que pertencem, mas bem antes disso, está no nível das

bases.Em suma existem muitas atividades para se fazer com um indivíduo que

possua dificuldades no seu desenvolvimento, é notório que existem aspectos a

serem analisados ,os quais tem grande influência no processo de

desenvolvimento.

Qualquer indivíduo envolvido no processo deve estar atento às

dificuldades escolares, portanto deve levar em consideração o

desenvolvimento psicomotor da criança.

2.1 O desenvolvimento psicomotor global da criança de 6 a 12

anos

O desenvolvimento humano pode ser considerado não apenas por

classificações cronológicas, mas por etapas ou estágios que apresentam

características de um processo relacional não fixos, segundo a maturação do

indivíduo. Esse desenvolvimento humano ainda segue alguns princípios

básicos que merecem ser ressaltados, pois referem-se a qualquer indivíduo de

todas as faixas econômicas e culturais :

6 anos

Nesta fase a criança:

- Salta, corre, pula etc.

- Desenha pequenas gravuras

- Reconhece grupos de cinco elementos, sem contar.

- Conhece seu endereço

- Vocabulário de até 2.500 palavras

- Participação em grupos variados ( escola, clube, igreja etc )

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- Favorece situações de competição, despertando conflitos

(inferioridade x produtividade)

- Fase crítica para coordenação motora

- Início da alfabetização

- Início da prática esportiva

7 a 8 anos

Nesta fase a criança:

- Apresenta plena integração do corpo, aperfeiçoamento das

habilidades adquiridas anteriormente.

- A dissociação estende-se para todo o corpo

- Reconhece lateralização no outro

- Noção de temporalidade bem definida (passado, presente e futuro)

- Sabe ver a hora e não os minutos

- Instala-se fortemente a conduta ética; importância dos valores e

normas

- Procura contatos fora de casa

- Aparece a reprodução rítmica

9 a 10 Anos

Nesta fase a criança já apresenta:

- Automatização dos movimentos habituais até se tornarem ágeis,

mais relaxado na postura, levanta alternativas para solução de

problemas.

- Relaciona-se cooperativamente com a comunidade

- Explica conceitos abstratos

- Caracteriza grupos de amigos

- Sabe comprar pequenas coisas sozinha

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- Fala e age ao mesmo tempo

11 a 12 Anos

Nesta fase a criança:

- Combina simultaneamente os movimentos dos membros inferiores e

superiores

- Equilibra força muscular e habilidade

- É reflexiva e espontânea

- Apresenta movimentos expressivos tanto faciais quanto corporais

- Atividades com diferenciação dos sexos e desenvolvimento muscular

maior nos meninos

- Contato maior com atividades esportivas

Início da adolescência

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CAPÍTULO 3

DEFINIÇÃO DE PSICOPEDAGOGIA

Ao tratarmos de psicopedagogia, falamos em ações preventivas

adequadas a sanar ou minimizar dificuldades detectadas.

Dentro dessa definição, temos a relação da psicopedagogia com o termo

prevenção.

“ O termo prevenção, no presente ensaio, assim como no vocabulário

corrente na psicopedagogia, refere-se a atitude do profissional no sentido de

adequar as condições de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos

nesse processo. A partir da análise dos fatores que podem promover como dos

que podem comprometer o processo de aprendizagem. BOSSA (1984)

(Bossa,1984,p.32)

É evidente o papel da psicopedagogia como forma preventiva, pois o

psicopedagogo é o mediador entre a dificuldade detectada e a solução da

mesma.

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A psicopedagogia recebeu influencia de diversas áreas como psicologia,

sociologia, antropologia, psicolingüística. Sendo assim, vem renovando seu

campo de atuação.

Quando tratamos da psicopedagogia, a teoria Piagetiana está presente

em alguns segmentos do desenvolvimento infantil. Também estão presentes

estudiosos como Ferreira (1985), que aborda novas concepções para a

construção da leitura e da escrita, da uma nova dimensão para a concepção de

problemas de aprendizagem. Temos a contribuição de Vygotski para

redimensionar a concepção de problemas de aprendizagem, quando fala que o

desenvolvimento da criança é inicialmente determinado por processos

biológicos e guiado por interações sociais.

A psicopedagogia está sempre atuando no processo de aprendizagem,

então é importante destacar.

“Para Paim, a aprendizagem possui três funções (Pain, 1985).

Socializadora, porque a partir do momento em que o individuo aprende,

ele se submete a um conjunto de normas identificando-se com o grupo social

do qual pertence, transformando-se em um ser social.

Repressora, porque pode significar uma forma de controle, com o

objetivo de garantir a sobrevivência especifica do sistema que rege a

sociedade.

Transformadora que deve direcionar a atuação dos psicopedagogos,

permitindo ao sujeito uma participação na sociedade, não na perspectiva de

reproduzi-la, mas de transformá-la”. (Machado, 2007, p. 06)

A influência de diversos autores é grande para a formação da

psicopedagogia, colocações como de Sara Pain, Vygotski, devem servir para o

psicopedagogo, mas também para outros profissionais que estejam de alguma

forma relacionados e preocupados com o processo de ensino-aprendizagem.

“Por volta dos séculos XVIII e XIX (Scoz, 1994), relembra que nesta

época surgia o enfoque orgânico que orientou a reflexão dos educadores e

terapeutas que lidavam com problemas de aprendizagem. Nesta época, com o

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desenvolvimento das ciências médicas e biológicas, impulsionaram-se grandes

descobertas, nas áreas da psiquiatria, neurologia, neurofisiologia e

neuropsiquiatria”.

(Machado, 2007, p.3).

Depois,as pesquisas passaram de laboratórios para as escolas. Isto é,

os rótulos e conceitos foram transferidos para a sala de aula. Mas na década

de 60, os psicopedagogos começam a investigar as causas do fracasso

escolar, investigando, sondando aspectos do desenvolvimento físico e

psicológico.

Os diagnósticos dados para os problemas de aprendizagem eram

reforçados por médicos e assim pais e educadores não faziam nada para

mudar, apenas concordavam com a idéia de serem crianças anormais que

tinham problemas neurológicos. Mas profissionais da área médica como

Ajuriaguerra e Marcelli (1986) destacam a importância de entre os conceitos de

normalidade e patologia na aprendizagem escolar.

Dentro das investigações vários problemas podem ser detectados, isto

é, a dificuldade escolar pode estar relacionada a diversos fatores, então surge

a psicopedagogia que é considerado um método preventivo ou solucionador de

dificuldades detectadas. Dentro desse vários problemas podem estar os de

ordem motora, surge então a relação entre psicopedagogia e psicomotricidade.

Fica evidente a importância do psicopedagogo quando falamos em

dificuldades de aprendizagem, em psicopedagogia. Pois, uma dificuldade pode

ser originada por uma patologia ou não e cabe ao psicopedagogo observar

isso, o mesmo deve ter cuidado para dar um diagnóstico, pois pode rotular o

individuo ou ajudá-lo no processo de desenvolvimento.

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CAPÍTULO 4

RELAÇÃO ENTRE PSICOPEDAGOGIA E A

PSICOMOTRICIDADE

Sabe-se que em qualquer área que o indivíduo atue encontrará a relação

entre psicopedagogia e psicomotricidade, isto é, relação entre mente e corpo.

Partindo da visão de que a psicomotricidade é a relação do individuo com o

corpo e que a psicopedagogia é a relação com a mente teremos ai uma

abordagem da relação entre a psicopedagogia e a psicomotricidade.

“A primeira idéia está ligada ao histórico da noção de corpo, buscando

na filosofia de Descartes, que no século XVII, estabelece “princípios

fundamentais” a partir dos quais é acentuada a dicotomia corpo e mente

(LEVIN, 1985). Ao corpo fica a idéia de ser algo externo, que não pensa. A

alma, substância pensante por excelência e que não participa daquilo que

pertence ao corpo. O dualismo cartesiano radicaliza-se, minha alma é

inteiramente distinta de meu corpo, mas não pode existir sem ele.”

(Machado ,2007, p. 07)

De acordo com alguns estudos e a partir da concepção de alguns

teóricos, temos a afirmação da relação de alguns mecanismos com o corpo

humano. O ser humano se desenvolve como um todo, ele é corpo e mente e

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ambos necessitam ser trabalhados para um melhor desenvolvimento no

processo de aprendizagem.

É possível ratificar a relação da psicomotricidade com a psicopedagogia

quando:

“Negrine (1995) refere-se a três impulsos que a psicomotricidade recebe na

França. O primeiro, nos anos trinta, recebe a influência psicobiológica de

Wallon. Os testes de Ozeretzki-Guilmain são utilizados para diagnósticos pela

psicopedagogia. O final desta etapa é considerada como dirigida para uma

vertente reeducativa e os testes servem de instrumento de avaliação do perfil

psicomotor da criança.

O segundo impulso da psicomotricidade na França, ocorre nos anos sessenta,

com Le Camus recebendo influência de Wallon e da noção de esquema

corporal. Termos que se originam na patologia, através dos neurologistas e

psiquiatras.

O terceiro impulso ocorre na década de setenta, quando os pedagogos

realizam um deslocamento do corpo instrumental para um corpo relacional.

Esta nova aproximação da psicomotricidade influenciará também no ensino da

educação física, principalmente nos países latino-americanos.”

(Machado ,2007, p.08)

É notório que em todas as afirmações o diagnóstico tinha uma vertente

psicológica que influenciava uma situação do desenvolvimento motor. A

relação entre psicológico e motor existe há muito tempo a até os dias de hoje é

possível utilizar essa relação para trabalharmos com o desenvolvimento do

individuo.

As duvidas que existem entre a relação entre a psicomotricidade e a

psicopedagogia podem ser somadas pelo simples fato de que o individuo é

corpo e mente, ao corpo cabe o movimento, ao cérebro o pensar.O individuo é

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um só, formado por essas duas parte individuo esse que tem problemas,

dificuldades de aprendizagem e cabe ao psicopedagogo sanar ou minimizar

tais dificuldades. Independente de qual área o psicopedagogo atue, ele não

pode esquecer que o seu trabalho é de forma preventiva. Sendo assim, sejam

quais forem as dificuldades do indivíduo, motoras, psicológicas ou ambas,é o

profissional dessa área que primeiro deverá fazer a relação de corpo e mente.

“No momento, em que a psicomotricidade amplia sua concepção para

uma psicopedagogia geral, ela não mais dá conta sozinha do recado que lhe é

incumbido.”

(Machado, 2007, p.15)

Em suma, existe uma psicomotricidade que está muito relacionada com

a psicopedagogia. A mesma é impulsionada pela psicopedagogia, usa

embasamentos psicopedagógicos para desenvolver-se.

Sabendo que a psicomotricidade e a psicopedagogia estão relacionadas,

deve-se trabalhar com estímulos motores e psicológicos,os quais

proporcionarão desenvolver um trabalho mais amplo e completo.

Dentro da concepção de que a psicomotricidade educa o movimento e

ao mesmo tempo as funções intelectuais,é possível perceber a importância de

ambas serem analisadas juntamente,mesmo que cada uma com a sua

originalidade.Quando tratamos da psicomotricidade, falamos em movimentos,

ações,reações.Já quando tratamos da psicopedagogia, falamos em

pensamento,consciência, emoção, tudo nos leva a um único ponto, o de que

assim como outros aspectos a emoção e ação fazem parte do indivíduo.

Para sanar, amenizar qualquer problema de aprendizagem, devemos

trabalhar com a psicomotricidade e a psicopedagogia de forma preventiva,

objetivando o desenvolvimento do indivíduo , usando estímulos que venham ao

encontro de um indivíduo que é corpo e mente.

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É possível, mais uma vez tratarmos da psicomotricidade como algo que

não se dissocia da psicopedagogia, quando:

¨Psicomotricidade é a ciência da educação que enfoca a unidade

indivisível do homem, educando o movimento ao mesmo tempo

que põe em jogo as funções intelectuais¨.

(Costalla, 1983, p.01)

É evidente, que o psicopedagogo está envolvido em diversas áreas,

entre elas a psicomotricidade, deve trabalhar sempre com o cognitivo,

psicomotor e afetivo, esse profissional tem grande influência no

desenvolvimento do individuo.

O indivíduo para se comunicar ele precisa se expressar, seja de forma

verbal ou motora, no meio social necessita de ambos, portanto não se pode

tornar divisível um pensamento que ocasiona uma ação,mas sim trabalhar

juntas todas as funções.Em suma a alma não vive sem o corpo e vice-versa.

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CONCLUSÃO

Através dos estudos realizados por diversos autores e pela nossa

revisão bibliográfica, podemos concluir que o sucesso dos alunos

principalmente nas primeiras séries do Ensino Fundamental se deve às

habilidades psicomotoras desenvolvidas, que muito contribuem para o

desenvolvimento integral do indivíduo.

Dentre as habilidades psicomotoras, podemos citar as que são de

fundamental importância para o processo de alfabetização e para as primeiras

séries do Ensino Fundamental, no que diz respeito à leitura e à escrita:

Domínio manual já estabelecida (área da lateralidade); conhecimento numérico

suficiente para distinguir quantas voltas existem nas letras m e n, ou até

mesmo quantas sílabas formam uma palavra (área de habilidades conceituais);

movimentação dos olhos da esquerda para a direita, domínio dos movimentos

delicados adequados à escrita, acompanhamento das linhas de uma página

com os olhos ou com os dedos, preensão adequada para segurar o lápis e o

papel (área de coordenação visual e manual); discriminação de sons (área de

percepção auditiva), adequação da escrita às dimensões do papel;

reconhecimento das diferenças dos pares b/p, q/d, p/q etc.; orientação da

leitura e da escrita da esquerda para a direita; manutenção da proporção de

altura e largura das letras, manutenção de espaço entre as palavras e escrita

orientadas pelas pautas áreas de percepção visual, orientação espacial,

lateralidade, habilidades conceituais; pronúncia adequada de vogais,

consoantes, sílabas e palavras (área de comunicação e expressão); noção da

linearidade da disposição sucessiva de letras sílabas e palavras (área de

orientação tempo-espacial); capacidade de decompor palavras em sílabas e

letras (análise) e possibilidade de reunir letras e sílabas para formar novas

palavras (síntese).

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Constatamos o quanto é importante desenvolver as fases psicomotoras

da criança, sendo que bem trabalhadas, certamente repercutirão de forma

positiva no processo ensino-aprendizagem do Ensino Fundamental, evitando

as possíveis dificuldades que possam surgir futuramente.

Depois, de perceber a importância das habilidades psicomotoras para o

desenvolvimento do individuo, também foi possível perceber a importância e a

relação dessas habilidades com o psicológico, o pensamento. Dentro de todos

os itens, a conclusão de se chega é que assim como a psicomotricidade, a

psicopedagogia tem sem papel fundamental no desenvolvimento do individuo e

que ambas devem trabalhar de forma preventiva. Uma está para o corpo e a

outra está para mente, sendo que corpo e mente não estão separados, e o

individuo é um ser completo quando está em pleno desenvolvimento de suas

habilidades motoras e psicológicas.

Em suma a intenção é estar contribuindo para a formação e atuação

dos profissionais envolvidos na área, servindo ainda de apoio e estimulo para

novos estudos relacionados à Psicomotricidade e psicopedagogia.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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Pedagógicos. 6ª ed. São Paulo: Ed. Loyola, 1990.

- BUENO, J. M. Psicomotricidade – Teoria e Prática. São Paulo: Ed. Lovise,

1998.

- COSTE, J.C. A Psicomotricidade. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 1978.

- FLINCHUN, Betty M. Desenvolvimento Motor da Criança. Rio de Janeiro:

RJ. Ed. Interamericana.

- FONSECA, V. Psicomotricidade. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1978.

- MACHADO, Maria Lúcia Salazar – A psicomotricidade e a psicopedagogia,

www.google.com.br, 2007.

- MAGILL, Richard A . Aprendizagem Motora. Conceitos e Aplicações. Ed.

Edgard Blucher.

- OLIVEIRA, Sônia Grubts Gonçalves. A Construção da Identidade Infantil.

São Paulo: Casa do Psicólogo, 1996.

- PAPARELI, Profª. Neusa. Psicomotricidade Infantil. Secretaria de Esportes

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- STAES, L, MEUR, De A. Psicomotricidade. Educação e Reeducação. Ed.

Manole, Ltda.

- TANI, MANOEL, KOKOBUN, PROENÇA. Educação Física Escolar.

Fundamentos de uma Abordagem Desenvolvimentista. Ed. EPV / EDUSP.

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BIBLIOGRAFIA CITADA

- BLOOM, BENJAMIN, Samuel . Taxionomia de Objetivos Educacionais:

Domínio Cognitivo e Afetivo. Porto Alegre: Ed. Globo, 1973.

- BOSSA, Nádia – A psicopedagogia no Brasil, contribuições a partir da

prática. Porto Alegre, Artmed, 2000.

- COSTALLAT, Dalila M. Psicomotricidade. 5ª ed. Porto Alegre: Ed. Globo,

1983.

- DAMASCENO Leonardo Graffius. Natação, Psicomotricidade

Desenvolvimento. Brasília: Secretaria do Desporto da Presidência da

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- FROSTIG, Marianne. Figuras e Formas. Programa para o Desenvolvimento

da Percepção Visual. São Paulo: Pan-americana, 1980.

- GANONG, W.F. Fisiologia Médica. 3ª ed. Atheneu, 1977.

- GUILLARME, JJ . Educação e Reeducação. Porto Alegre: Ed. Artes

Médicas, 1983.

- HARROW, A taxionomia do Domínio Psicomotor. Porto Alegre: Globo,

1993.

- JOHNSON, D. Distúrbios de Aprendizagem. São Paulo: Edusp, 1983.

- LE BOULCH, Jean . Educação Psicomotora. A Psicocinética na Idade

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- VAYÊR, Pierre. Educação Psicomotora e Retardo Mental. Madrid: Científico

Médica, 1985.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

DEFINIÇÃO DE MOTRICIDADE E PSICOMOTRICIDADE 10

1.1 - Histórico da psicomotricidade 14

1.2 - Elementos básicos da psicomotricidade 16

CAPÍTULO II

ASPECTOS PSICOMOTORES FRENTE ÀS DIFICULDADES ESCOLARES 28

2.1 O desenvolvimento psicomotor global da criança de 6 à 12 anos 37

CAPÍTULO III

DEFINIÇÃO DE PSICOPEDAGOGIA 40

CAPÍTULO IV

RELAÇÃO ENTRE PSICOPEDAGOGIA E A PSICOMOTRICIDADE 43

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CONCLUSÃO 47

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 49

BIBLIOGRAFIA CITADA 50

ÍNDICE 51

FOLHA DE AVALIAÇÃO 52

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Instituto A Vez do Mestre

Título da Monografia: A relação entre a psicomotricidade e a psicopedagogia

Autor: Márcia Machado Schrir Ferreira

Data da entrega: 30 de março de 2007.

Avaliado por: Conceito: