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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE GESTÃO ESTRATÉGICA EM EMPRESAS FAMILIARES NO BRASIL: A IMPORTÂNCIA DE UM PROFISSIONAL CAPACITADO Autora: Evelin Rodrigues dos Santos Meyer Orientadora Profª. Aleksandra Sliwowska Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

GESTÃO ESTRATÉGICA EM EMPRESAS FAMILIARES

NO BRASIL: A IMPORTÂNCIA DE UM PROFISSIONAL

CAPACITADO

Autora: Evelin Rodrigues dos Santos Meyer

Orientadora

Profª. Aleksandra Sliwowska

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

GESTÃO ESTRATÉGICA EM EMPRESAS FAMILIARES

NO BRASIL: A IMPORTÂNCIA DE UM PROFISSIONAL

CAPACITADO

Projeto apresentado ao Instituto A Vez do Mestre

– Universidade Candido Mendes como requisitos da

disciplina de Monografia para a conclusão da

Especialização em Gestão Empresarial.

Autora: Evelin Rodrigues dos Santos Meyer

Rio de Janeiro

2011

3

Agradecimentos, a toda minha família e

amigos que são a minha fonte de energia,

aos Mestres, em especial a Professora

Aleksandra, pela orientação na

elaboração desse trabalho e a Deus que

possibilitou a realização de mais um

sonho.

4

Dedico este estudo aos meus Pais,

Gilson e Valdéa que me ensinando

os príncipios básicos da vida e

sempre torceram por mim e ao meu

esposo Fred pelo apoio e

compreensão. Evelin R S Meyer

5

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo apresentar as dificuldades de não ter um

profissional capacitado na administração de uma empresa familiar. São

inúmeras as vantagens e desvantagens das mesmas. Atualmente vivemos em

momentos de grande concorrência no mercado e só sobrevivem quem tem

uma gestão competente e produtiva. Procurou-se estudar o comportamento

destas organizações desde o início de sua criação, onde geralmente seu

fundador é um integrante de uma família cheio de idéias, mas sem capacitação

profissional, o que pode causar um prejuízo enorme a empresa, visto que, o

fundador, que está entrando no mercado, atua também como administrador.

Também estudamos sobre o empreendedorismo que é uma importante fonte

de emprego nos últimos anos. Abrir um novo negócio não é tão simples o

quanto imaginamos. O empreendedor tem que estar preparado e atento para

identificar todas as oportunidades e ameaças vindas do meio externo e

precisam monitorar os riscos, planejar, organizar, executar ou seja, elaborar

estratégias, ser inovadores e criativos, conhecer o mercado concorrente,

precisa ter foco, saber identificar o mercado-alvo, vender e cobrar, além de

definir onde e como buscar investimentos.

Palavras Chaves: Empreendedor; Empresas Familiares;

Profissionalização; Administrador

6

METODOLOGIA

Para esta pesquisa, baseado nos livros de Andrade(1998) e

Lakatos(2001), está sendo utilizado o método de procedimentos monográficos,

são utilizadas técnicas com a intenção de coletar dados para concretizar os

relatos mencionados neste projeto. As técnicas a serem aplicadas com o uso

desse método é a pesquisa bibliográfica, baseada em autores voltados para

administração geral e de empresas familiares.

A pesquisa bibliográfica envolve a leitura, análise e interpretação de

livros, artigos, documentos, mapas e fotos. É feito em todo o material recolhido

uma triagem, a partir desse momento estabelece um plano de leitura. Essa

leitura é atenta e sistemática. A partir dessa primeira leitura faz-se

fichamentos e anotações que poderão servir como fundamentos teóricos do

estudo.

A pesquisa bibliográfica auxilia em todas as etapas de qualquer tipo

de pesquisa, uma vez que também dá suporte na definição do problema e dos

objetivos, na criação de hipóteses, na fundamentação da justificativa da

escolha do tema e na elaboração do projeto final.

As etapas da pesquisa bibliográfica são classificadas como

identificação, localização, aquisição e avaliação. Na fase de identificação o

estudante procura indicar, selecionar as referências bibliográficas, livros, site,

artigo ou documentos relacionados com o seu projeto ou pesquisa.

Na etapa de localização o pesquisador busca encontrar onde estão

disponíveis as referencias bibliográficas. Na terceira fase que é a aquisição, o

estudante tem como meta adquirir, em bibliotecas, comprando ou por meio da

internet os livros, textos, artigos que o interessam.

A última etapa é a de avaliação, que tem como objetivo principal avaliar

se os dados coletados realmente são úteis para o projeto. Assim como verifica

a qualidade, se o material é recente, se não existe nenhuma versão mais

atualizada e se os dados são confiáveis.

7

A presente pesquisa, eminentemente qualitativa tem como o objetivo

proporcionar uma visão geral acerca dos aspectos relevantes sobre o momento

crítico da falta de um profissional capacitado para direcionar as empresas

familiares. Em busca da profundidade temática, optou-se pela utilização de

pesquisas bibliográficas e um estudo de caso da empresa Sthil. Assim, foram

relevantes dois critérios na seleção do caso: a gestão das empresas familiares

no Brasil e a importância de um profissional capacitado, que saiba liderar de

forma que alcance o sucesso.

8

SUMÁRIO

METODOLOGIA 06 INTRODUÇÃO 09 CAPÍTULO I: EMPRESAS FAMILARES 10 1.1 Surgimento da Empresa Familiar no Brasil 10 1. 2 Conceito da Empresa Familiar 10 1. 3 Características da Empresa Familiar 11 1.3.1 Desvantagens 12 1. 4 Índice de Natalidade e Mortalidade das Empresas Familiares 13 CAPÍTULO II: EMPREENDEDORISMO 17 CAPÍTULO III: A NECESSIDADE DE UM PROFISSIONAL CAPACITADO 25

CAPÍTULO 4: COMO OBTER O SUCESSO 27 4.1 Perfil ideal de um Administrador 27 4.2 Administrando a Empresa 31

4.2.1- Planejamento 32

4.2.2-Organização 33

4.2.3-Direção 33

4.2.4-Controle 34

CONCLUSÃO 44 BIBLIOGRAFIA 45

9

INTRODUÇÃO

Neste trabalho iremos desenvolver uma pesquisa onde compararemos

o real com o que se pretenda que seja, o ideal, a fim de que pequenas

empresas que são o sustento de suas famílias possam se profissionalizar para

que além de se manter no mercado consigam alcançar o sucesso.

Esse estudo tem como finalidade demonstrar a importância de se ter

um profissional capacitado para gerir empresas que foi criada por famílias e

que possuem ambição por crescimento.

No primeiro capítulo teremos um breve histórico do início dos pequenos

empreendedores familiares no Brasil, suas características e aceitação no

mercado brasileiro. Pretendemos mostrar a esses empresários que tem

grandes chances de alcançar o sucesso a partir do momento que estão

organizados.

Com base em pesquisas no segundo capítulo falaremos sobre o

empreendedorismo e como ser um empreendedor para conseguir sobreviver

neste ambiente competitivo.

No terceiro capítulo iremos enfatizar que um bom profissional precisa

está sempre se aperfeiçoando, que não basta abrir a empresa e colocá-la em

funcionamento, tem que trabalhar com boas estratégias, administrando de

forma eficiente e eficaz. Trataremos ainda, no quarto capítulo, a conceituação

do perfil ideal para ser um bom administrador e como administrar uma empresa

de modo eficaz.

Com isso, confirmamos da necessidade de gestores que além de ter

seu empreendimento, precisam se capacitar e especializar para permanecer no

mercado.

10

CAPÍTULO I

EMPRESAS FAMILIARES

1.1.Surgimento da empresa familiar no Brasil

Segundo Amaral e outros (1999) a empresa familiar está na origem da

formação econômica brasileira, visto que, as capitanias hereditárias foram os

primeiros tipos de empreendimento privado brasileiro. Apesar de ser

caracterizado pelo lado afetivo, esse modelo de organização empresarial foi o

responsável pelo crescimento brasileiro como país agro-exportador e pela

geração dos excedentes de capital que deram início à industrialização

brasileira.

Pode-se dizer assim, que a partir de então, iniciou uma caminhada

onde as empresas começaram a se formar em diferentes setores com a

execução das mias diversas atividades.

1.2. Conceito de Empresa Familiar

O conceito de uma empresa familiar é amplo, baseando-se em

características abordadas por diversos autores. Alguns autores vêem a

empresa familiar como um processo de sucessão entre gerações enquanto

outros visualizam como por empresas pertencentes e administradas por um

grupo de parentes.

A empresa é propriedade de uma família detentora da totalidade ou da maioria das ações ou cotas, de forma a ter o seu controle econômico, a família tem gestão da empresa, cabendo a ela a definição dos objetivos, das diretrizes e das grandes políticas. A família é responsável pela administração do empreendimento, com a participação, de um ou mais membros no nível executivo, mas alto. (GONÇALVES, 2000, p.8)

11

Ainda:

Alguns autores a identificam relacionando a uma passagem por um processo de sucessão entre gerações como critério para definição de uma organização familiar, entretanto para outros, basta simplesmente à divisão percentual de capital na referida empresa entre os membros a família para determinar se ela é familiar. (BORGES,2000 p .7)

Ao observamos as empresas o nosso meio, percebemos que a maioria

é administrada por um ou mais membros de uma família, que são os

responsáveis pelas tomadas de decisões. Esses empreendedores de

pequenas empresas familiares, muitas vezes sabem bastante da área, o ramo

da atividade que iniciam, mas tem dificuldades em geri-las e administrá-las,

afinal a grande maioria nasce somente de uma idéia empreendedora onde os

gestores são os próprios sócios não especializados.

Um dos motivos que mais incentivam a criação de uma empresa, com

base em pesquisas do SEBRAE( 2008), percebemos que é o desejo de ter o

seu próprio negocio.

1.3 Características da empresa familiar

A empresa familiar encontra a sua nascente nos princípios do

empreendedorismo, que segundo CUNHA (1992), tem princípio na palavra

empreender, imprehendere, que tem origem no latim por volta do século XV e

que significa tentar “empresa laboriosa e difícil”, ou ainda, “por em execução”.

A empresa familiar como qualquer outro tipo de empresa, também tem

como objetivos a busca por lucros, por crescimento, mas diferencia-se dos

demais modelos e estruturas organizacionais com caracter e cultura própria.

12

Segundo SILVA (1999), além de se formar a partir do princípio de

empreendedor a empresa familiar possui outras características:

-A família deve possuir propriedade sobre a empresa, podendo assumir

propriedade total, propriedade majoritária ou controle minoritário;

-A família deve influenciar nas diretrizes da gestão estratégica da

empresa;

-Os valores da empresa são influenciados ou identificados com a

família;

-A família determina o processo sucessório da empresa.

1.3.1 Desvantagens

O fato da maioria dos fundadores de uma empresa familiar não se

preparar, planejar para criação, pode gerar um desconforto. Onde será

necessário agir de forma rápida e eficaz para se manter no mercado. Grande

parte começa a gerir um negócio sem preparação, sem preocupação com o

processo administrativo o que é preciso para chegar ao resultado.

Empresas familiares apresentam algumas fraquezas evidentes no seu processo de desenvolvimento e cultura, quando comparadas com outras organizações. (Lodi, 1998, p 4)

A seguir algumas situações segundo Lodi (1998) que deixam as

empresas familiares em desvantagens diante das demais organizações não

familiares.

- As relações internas entre os participantes da organização são muito

pessoais, onde há interferência de fatores emocionais na tomada de decisão.

- Os erros cometidos dentro da empresa por descuidos ou por falta de

comprometimento não são tratados com punições, seja qual for a situação.

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- Funcionários membros da família proprietária aproveitando da

intimidade e do poder que possui internamente em sua maioria não são muito

dedicados à sua designada função.

- A facilidade que há dos sócios confundirem o patrimônio pessoal com

o da empresa.

- A promoção de pessoas sem qualquer requisito baseando-se apenas

no seu grau de confiança em muitas das vezes.

- A contratação de parentes e amigos no sentido de ajudar cada um

pessoalmente, se esquecendo de qualificá-los quanto a sua competência para

ocupar o cargo a ele destinado.

- A falta de planejamento para execução de afazeres internos tendo

como critério em muita das vezes apenas o ponto de vista dos familiares.

1.4 Índices de Natalidade e Mortalidade das Empresas

Familiares

Ultimamente uma grande quantidade de empresários luta contra um

inimigo comum, a falência. Esse fantasma, na verdade, já nasce com a

empresa como se fosse uma sentença, pronta a condená-la ao fracasso.

Sobreviver a toda sorte de dificuldades impostas pelo sistema vigente e

identificar os males que afligem a empresa é talvez o grande desafio, para o

qual bem poucos estão preparados. Problemas de capacitação gerencial vêm

impedindo que o país desfrute com plenitude do desenvolvimento econômico

gerado pela criação de empresas inovadoras de grande potencial.

Atualmente com o pensamento neoclássico dominante nas economias

do mundo, tornando cada vez mais globalizado o comércio ou o setor produtivo

dos mercados atuais, as mudanças tornaram-se extremamente rápidas,

impactando fortemente o posicionamento estratégico das instituições em seu

contexto de atuação. A gestão empresarial está impreterivelmente direcionada

14

ao consistente gerenciamento dos riscos e oportunidades, avaliando

corretamente os efeitos da nova capacitação estratégica empresarial, num

mercado cada vez mais competitivo. Ainda há no Brasil uma cultura

empreendedora equivocada, uma vez que, qualquer pessoa com posse de

algum dinheiro e algumas idéias em mente, julga-se apto a criar uma empresa.

Sendo que algum tempo depois, vem à falência e conseqüentemente a morte

destas, e, seu idealizador ao menos sabe justificar ao certo por que isso

aconteceu. Muitas vezes nem mesmo se atenta pelas causas do ocorrido

fracasso saem a culpar órgãos relacionados de apoio, a política dos governos e

etc.

O que vem ocorrendo é que empresas como estas na sua maioria são

iniciadas sem nenhum planejamento e por pessoas com sonhos

empreendedores e com vontade de crescimento, mas sem mínima experiência

para administrar sua criação da maneira correta para alavancar o negócio que

está investindo e se baseia apenas no seu ponto de vista, o que tende a

aumentar o índice segundo pesquisa do SEBRAE (2008) onde a média de 70%

de novas empresas fecham suas portas já nos seus primeiros anos de vida as

quais não conseguem chegar nem a maturidade.

Esses números tão fortes devem-se ao fato de que muitos dos nossos

empreendedores simplesmente aderem ao mundo dos negócios com pouco ou

nenhum conhecimento administrativo específico e sem um planejamento

detalhado e estratégias do que irá efetuar na caminhada durante sua nova

jornada empreendedora. Estas empresas em boa parte dos casos são

formadas porque seu idealizador que sequer possuía capacitação para ocupar

cargos em outras empresas já existentes no mercado e diante da necessidade

de renda para o sustento de sua família se torna um aventureiro se lançando

no mercado que, em poucos meses, se decepcionam e têm que se deparar

com a falência, o que é trágico para o empreendedor, sua família e para o país.

Uma vez que as pequenas empresas são as grandes geradoras de emprego e

renda na sociedade brasileira, ajudando a promover o desenvolvimento

econômico e social desta nação.

15

Há muitas maneiras de uma empresa quebrar, isto é, encerrar suas

atividades, mas uma que têm uma forte influência para a falência de uma

organização é a soma dos pequenos erros que se cometem desde a abertura,

inclusive uma gestão não qualificada para exercer esse cargo.

Conforme estatísticas do Cadastro Central de Empresas. Em 2004, surgiram

716.604 novas empresas, o que representou um aumento de 1.537.450

pessoas empregadas e foram extintas 529.587, correspondente a uma redução

de 991.387 pessoas empregadas, resultando em um saldo líquido positivo de

187.017 empresas e 546.063 pessoas empregadas na comparação com o ano

anterior. (IBGE,2008).

Diante da importância que se tem esse tipo de estabelecimento no país

justifica-se a preocupação que vem surgindo nos últimos tempos com essas

micro e pequenas empresas. Elas vêm atraindo interesse a algum tempo das

entidades como o Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas -

SEBRAE, que tem trabalhado com idéias neste segmento com a intenção de

apoiar e fortalecer o desenvolvimento e a continuidade destas no mercado,

apoiando-se na importância que elas têm para o país e pelo número de

empregos que vem gerando cada vez mais.

16

Na figura 1 pode se notar a características das empresas que surgem a

todo o momento no mercado. Se observar pela quantidade de funcionários que

elas empregam, nota-se que são micro e pequenas empresas as que mais

surgem e também fecham suas portas com maior rapidez. Isso se deve ao fato

delas surgirem diante a falta de planejamento e sem estrutura e condições para

sobreviverem a intempéries que poderão surgir ao longo dos seus caminhos.

Nota-se também que à medida que o investimento se torna maior, como mostra

os dados com uma contratação de um maior número de funcionários

caracterizando a dimensão do investimento, diminui consideravelmente os

investidores e também a margem das organizações desses moldes que vêm a

fechar suas portas.

Apesar de demonstrar um breve déficit de empregos entre as

empresas que possuem até quatro funcionários, na figura 2 tem-se a

comprovação de quanto à micro e pequena empresa é importante para

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economia de nosso país, sendo elas as grandes geradoras de emprego, e

responsáveis por mais de sessenta por cento das vagas que surgiram naquele

ano.

CAPÍTULO II

EMPREENDEDORISMO

O tema abordado neste capítulo é o empreendedorismo e

comportamento empreendedor de pessoas, grupos e organizações. Um

empreendedor é aquele que observa a existência de oportunidades e as

explora, criando novos negócios ou até mesmo inovando algo existente, sem

medo de assumir riscos.

No Brasil, devido a grande influência da globalização grandes

empresas há alguns anos tiveram que procurar meios para aumentar a

competitividade, minimizar os custos e continuar no mercado. Com isso, houve

um grande aumento do desemprego, o que levou aos ex-empregados, muitos

sem experiência na atividade, a investirem na criação de um novo negócio, o

que não é fácil. O ideal seria fazer um estudo, preparar-se para evitar

surpresas.

Atualmente, muitos empreendedores abrem seu negócio com intenção

de ganhar muito dinheiro, de ser seu próprio patrão ou por querer sair da rotina,

e esses são os maiores empreendedores, mas têm que ter cuidado com a

ambição e autoconfiança elas podem tanto ajudar como atrapalhar.

Muitos empreendedores de pequenas e médias empresas enxergaram

uma oportunidade e não tiveram receio de investir, como o camelô David que

fez sucesso com sua barraca e hoje em dia aplica palestras para grandes

empresários. Os brasileiros são conhecidos como um dos povos mais

empreendedores do mundo. E a maioria dos empreendedores criam empresas

familiares.

18

Ao entrevistar alguns empresários, eles afirmam que uma das maiores

dificuldades existentes é a questão burocrática. Para legalizar uma empresa há

várias exigências e um alto custo. Após a legalização começam as despesas

com impostos, salários de funcionários, contas de energia, luz, telefone e água,

aluguel, dentre outros, que têm que ser muito bem controlados e planejados

para evitar danos à empresa. A empresa tem que se preparar também para

resistir à concorrência, que é uma grande ameaça. Por esse motivo o

empreendedor, tem que ser criativo e se preocupar em inovar, em ter um

diferencial, que atraia os clientes. Os executivos que já atuam em empresas

também precisam ter papel empreendedor, têm que buscar formas de

continuar crescendo, inovações para não ficarem inferiores aos seus

concorrentes.

Alguns empreendimentos de pequeno, médio e grande porte, não

resistem ao mercado por não terem um plano de ação estabelecido, metas e

objetivos traçados ou por não terem estudado se a oportunidade era viável. A

falta de um planejamento eficaz resulta muitas vezes em empresas que

decretam falência logo nos primeiros anos de vida útil, em que a situação

financeira é mais difícil, visto que o retorno esperado dos investimentos

geralmente não é em curto prazo.

Visto que, muitos empresários almejam abrir um negócio próprio e

obter o sucesso, este artigo terá como seu principal propósito auxiliar nesse

processo desde a identificação e avaliação da oportunidade até sua fase final

que é o gerenciamento da empresa criada. Afinal a empresa tem que está bem

administrada para manter-se no mercado. Sendo que, para um

empreendimento ser bem sucedido, é preciso preocupar-se também com perfil

do empreendedor, não basta dar ênfase somente nas etapas de criação da

empresa.

Nesta etapa será desenvolvido um estudo com base em uma

bibliografia que tem como objetivo orientar a um empreendedor como funciona

o processo de criar seu próprio negócio e de informar quais são os pontos

19

fundamentais a serem seguidos para alcançar o sucesso e resistir às barreiras

do mercado.

Segundo Dornelas (2001) O termo empreendedor que tem origem da

palavra entreprendeu em francês, quer dizer pessoa que observa uma

oportunidade e que assume riscos calculados, tendo com principais

características a iniciativa para abrir um negócio, tem que gostar do que faz e

aceitar a possibilidade de fracassar.

O empreendedorismo surgiu quando Marco Pólo, que queria criar um

comércio com o Oriente, assinou contrato com um capitalista para vender suas

mercadorias. Marco Pólo era um empreendedor ativo, enquanto o capitalista

passivo.

Na Idade Média, a palavra empreendedor foi utilizada para nomear

aquele que gerenciava projetos mas não assumia grandes riscos. No século

XVII os empreendedores “começam” a assumir riscos.

Dornelas (2001) descreve que no século XVIII foi quando começou a

ser diferenciado os capitalistas (quem fornecia dinheiro e arriscava-se

passivamente) dos empreendedores (os que assumiam riscos ativamente),

devido ao início da industrialização. Richard Cantillon, escritor e economista

irlandês, é considerado como um dos criadores da palavra empreendedorismo,

visto que foi um dos primeiros a diferenciar o empreendedor do capitalista. No

final século XIX e início do XX, os empreendedores passaram a ser

confundidos com os administradores.

No Brasil, o empreendedorismo começou a ganhar força na década de

1990, quando foram fundadas instituições como Serviço Brasileiro de Apoio às

Micro Empresas e Pequenas Empresas (SEBRAE) e Sociedade Brasileira para

Exportação de Software (Softex). O Sebrae é uma entidade que auxilia novos

empreendedores na criação de seu negócio, oferecendo, por exemplo, vários

cursos e palestras. A Softex foi criada com a intenção de fazer a exportação de

softwares. Esses programas elaborados pela Softex, influenciaram o

desenvolvimento do empreendedorismo no Brasil.

20

De acordo com uma pesquisa realizada pela Global Entrepreneurship

Manager (GEM), é possível constatar que no panorama mundial do.

empreendedor, do ano de 2007, o Brasil manteve sua posição de um dos

países mais empreendedores do mundo, com uma taxa de empreendedores

em estágio inicial (TEA) de 12,72%, o que representa cerca de 13 empresários

por cada grupo 100 brasileiros. A Tabela 1.1 apresenta o desenvolvimento das

atividades empreendedoras no Brasil e no mundo.

Com esse TEA o Brasil, em uma disputa com 42 países, alcançou o

nono lugar entre os países mais empreendedores do mundo. Nos últimos seis

anos, o povo brasileiro vem mantendo o TEA acima de 10%, o que confirma a

sua posição entre os mais empreendedores. Entre os componentes do BRIC

21

(Brasil, Rússia, Índia e China) os brasileiros conseguirem a segunda colocação

perdendo somente para os chineses.

Atualmente para abrir o próprio negócio, o empreendedor tem que

enfrentar desafios, que já não são mais como há alguns anos. Antigamente,

por exemplo, era possível traçar metas para longo prazo. Hoje já não é mais

assim, é praticamente impossível prever como será o mercado daqui a algum

tempo, quais os serviços ou produtos que os clientes vão necessitar. Com isso

torna-se complicado elaborar um planejamento, pois antes mesmo de começar

a etapa de execução muitos itens de seu plano podem está ultrapassados, o

local que era ideal pode não ser mais, devido ao índice de violência que

aumentou, a oportunidade que era viável pode deixar de ser.

Há alguns anos atrás bastava colocar em prática uma idéia e fazer um

pouco melhor que o concorrente para alcançar o sucesso, hoje em dia é

essencial que tenha um diferencial, o básico todos os seus concorrentes

também oferecem. Para enfrentar essa grande concorrência, as empresas têm

que ter muita criatividade e inovação. Os executivos precisam agir rapidamente

para acompanhar as mudanças, a evolução do mercado, para não ficar atrás

em relação ao seu concorrente. Além de fazer um plano de ação é essencial

fazer a atualização do mesmo constantemente.

De acordo Dornelas (2001), para criar uma empresa de sucesso é

preciso que o empreendedor siga quatro etapas, a identificação e avaliação da

oportunidade, desenvolvimento do plano de negócios, determinação e

captação de recursos necessários e o gerenciamento da empresa criada.

Na fase de identificar e avaliar a oportunidade, é possível perceber as

oportunidades existentes e verificar e confirmar o tamanho do mercado, se o

produto vai realmente atender as necessidades dos clientes, se o

empreendedor está apto a modificar sua vida e, além disso, aqui é possível

fazer uma análise econômica.

A segunda etapa é desenvolver o plano de negócios. O plano de

negócio é muito importante no processo empreendedor. Um plano elaborado

corretamente aumenta a probabilidade de sucesso da empresa. Nessa etapa

22

trata-se de pessoas, oportunidades, do contexto, do mercado, risco e retorno.

Através do plano é possível estabelecer direções para o negócio, gerenciar

com eficácia observando a competitividade, controlar tarefas e corrigi-las,

dentre outras. O ideal seria que o empreendedor fizesse do plano o seu cartão

de visita. Mas lembrando de que, o plano de negócio tem que sempre ser

revisado, pois o mercado muda constamente.

A próxima fase é determinar e captar os recursos necessários para

abrir uma empresa. Para determinar os recursos fica fácil a partir o momento

que se tem o plano de negócios elaborado. Agora já para captar recursos pode

ser feito de várias formas. Antigamente para se obter recursos só era possível

através de bancos, amigos e família. Hoje em dia, com a globalização o Brasil

passou a ser visto como fonte de oportunidades, com isso começaram a surgir

os angels, investidores que preferem arriscar em novos empreendimentos.

Além dos investidores, existem outras formas de captar como empréstimos e

programas do governo.

A última fase do processo empreendedor é o gerenciamento da

empresa criada, embora pareça à parte mais fácil, não é bem assim. Esta fase

também tem seus desafios. È aqui que começam os problemas. O que fazer se

surgir um corrente forte? E se o cliente não aceitar bem o produto? Se um

funcionário importante pede demissão? Se uma máquina quebrar e não

existem outras que fazem à mesma função? Aqui que o empresário começa

realmente a gerir a empresa, ele precisa agir de forma que maximize os lucros

e diminua os custos.

Para progredir nessa carreira, é essencial que o empreendedor esteja

decidido a mudar de vida, a enfrentar e desafiar obstáculos. Segundo o

SEBRAE, para alcançar o sucesso o empreendedor precisa ter alguns traços

de personalidade bem desenvolvidos. Um empreendedor tem que ser corajoso

e determinado para assumir riscos, além de ter a capacidade para identificar

oportunidades, perceber as necessidades dos clientes e produzir bens que os

satisfaçam.

23

Um bom empreendedor é líder, persistente, criativo e inovador. Um

profissional com esse perfil estimula e orienta pessoas, é o modelo a ser

seguido, persiste pela realização dos objetivos diante das dificuldades

encontradas, além de ser umas pessoas que busca colocar novas idéias em

prática para está sempre à frente do concorrente. A inovação é à base das

empresas atuais.

Perante o SEBRAE (2007) é fundamental para o sucesso da empresa,

que uma organização defina suas metas e objetivos para serem atingidos a

curto e longo prazo. Mas para que esses objetivos sejam realmente

alcançados o empreendedor tem que ser organizado para trabalhar com a

equipe de forma que planejem como alcançar as metas, para definir os

métodos que vão utilizar, e para verificar se as tarefas estão sendo executadas

da maneira correta. O compromisso com o trabalho é fator muito importante.

Uma pessoa empreendedora além de ter recursos financeiros,

competência, criatividade, inovação e não ter medo de assumir riscos tem que

analisar se está apto há sacrificar um pouco sua vida pessoal, lazer, família.

Essa carreira exige do funcionário que muitas vezes trabalhe além do horário

ou que adie férias para cumprir com obrigações de sua responsabilidade.

Um empreendedor precisa tentar prever o futuro, tem que está

preocupado em enxergar para qual caminho que mercado está se direcionando

e preparar-se para atendê-lo. Um bom empreendedor hoje em dia, elabora um

produto ou serviço antes mesmo que o cliente perceba a necessidade por este

produto, ele cria um a demanda.

Infelizmente no Brasil existem muitas empresas que fracassam,

segundo SEBRAE (2007), antes dos primeiros anos de vida. Várias pesquisas

informam que o índice de mortalidade das pequenas empresas já no primeiro

ano atinge a 60%, e que até seu 5.º ano de vida alcança 90% dos

empreendimentos. Hoje em dia, são inúmeras as informações a respeito de

não criar o próprio negócio antes de ter feito um estudo, uma pesquisa de

mercado, mas são muitos os empreendedores que não dão importância a

essas etapas e que futuramente tem seus estabelecimentos prejudicados.

24

Para Brito (2003) é fundamental que o empreendedor não invista em

uma idéia, mas sim em uma oportunidade e para saber se está idéia realmente

é uma oportunidade é necessária que seja feito um estudo, uma análise de

mercado para verificar se o produto ou serviço será aceito pelo cliente, para

conhecer o perfil de dos consumidores e para entender a concorrência. O fato

de não existir um planejamento com base em dados confiáveis e conhecimento

de causa, gera chances mínimas de sucesso.

Ao fazer este estudo sobre o empreendedorismo no Brasil,

percebemos que o fato de abrir uma empresa tem sido visto como uma solução

para os funcionários que visam torna-se independentes, ao desemprego.

Segundo Dornelas(2001) para progredir nessa carreira, é essencial que

o empreendedor, além de ter competência, dedicação, talento, ele tem que

está decidido a mudar sua vida, a enfrentar e desafiar obstáculos. O

profissional tem que enxergar de maneira diferente, está apto a mudanças, a

trabalhar em equipe, explorando a criatividade e inovação.

Obstáculos vão existir, mas o bom empreendedor tem que agir de

forma perseverante e otimista. Saber conviver com o risco, enxergar nas

ameaças grandes oportunidades e a partir delas trabalhar para alcançar o

sucesso, também são características essenciais do perfil do empreendedor.

Grandes empreendedores já fracassaram, mas não desistiram.

Com base nas pesquisas elaboradas, concluímos que é fundamental

que seja feito uma pesquisa de mercado e um plano de ação antes de iniciar

um negócio, mas isso não basta, é necessário que exista uma preocupação

em mantê-los atualizados.

Com a pesquisa de mercado é possível analisar se o empreendimento

será viável ou não, e com o plano de ação consegue-se organizar, dirigir e

controlar melhor os passos das empresas, tendo a possibilidade assim, de

perceber com mais rapidez as ameaças e pontos fracos que surgirem.

Grande parte das empresas que não resistem às pressões do

mercado, é por falta de uma pesquisa de mercado e plano de ação eficaz. O

grau de mortalidade das empresas brasileiras, principalmente nos primeiros

25

anos, ainda tem sido alto. Fatores como o conhecimento do mercado em que

se atua, existência de um bom administrador à frente dos negócios, a utilização

de capital próprio ao invés de terceiros, são fundamentais para obter o

sucesso.

Ao criar uma empresa segundo os empreendedores as maiores

dificuldades que encontram são as obrigações legais com os empregados, os

impostos, a questão de legalização. Principalmente no início a empresa tem

que ser bem administrada para conseguir suprir os gastos com investimentos,

imobilizado, visto que só assim é possível obter retorno. Quando não bem

controlada pode gerar grandes problemas, que impactam no sucesso.

Com esta análise percebemos então, que até é possível colocar uma

idéia em prática sem criatividade, pesquisa de mercado, planejamento,

organização, visão e missão, mas quase nunca essas idéias se tornam em

oportunidade de sucesso.

CAPÍTULO III

A NECESSIDADE DE UM PROFISSIONAL

CAPACITADO

Com base nos estudos percebemos que o empresário começa a gerir a

empresa, as suas atividades como produção de bens ou prestação de serviços

baseando-se na sua visão de empreendedor. É no decorrer do tempo é que o

empreendedor pode se perder diante da falta de conhecimento técnico e

especializado para gerir o seu negócio.

Geralmente quando a empresa é dirigida por pessoa incapacitada para

tal função, isso levará a empresa a grande dificuldade.

Conforme a empresa cresce é percebido a necessidade de estarem se

aprimorando. Além de aperfeiçoar a gestão, estudos de procedimentos para

26

agilidade e padronização, corte de custos, marketing é necessário aprimorar

também a qualidade dos produtos e ou serviços.

Assim percebe-se a necessidade de agregar às organizações

profissionais da administração de empresas para que assim com uma visão

externa e especializada possa impulsionar o empreendimento da família de

forma que elimine as interferências familiares que impedem o crescimento da

empresa.

A cada dia que se passa o mundo dos negócios se torna mais rápido e

competitivo com lucros cada vez menores em diversos setores, por isso as

empresas para se manter no mercado não podem se estagnar a um modelo

ultrapassado de gestão.

Pois se observarem pequenas empresas pode-se notar que elas

surgem diante da idéia de um empreendedor que em sua maior parte criou

uma empresa para satisfazer a vontade de ter um negócio próprio, não se

preocupando em aperfeiçoar-se para gerir a empresa ou em contratar alguém

especializado.

Para uma boa administração é necessário que o empresário seja

consciente de quem irá assumir esta posição na empresa, e só permitir e

aceitar uma pessoa capacitada na direção, como estamos falando de empresa

familiar então pelo menos melhor é que o mais capacitado assuma esta

posição, os demais podem opinar sobre determinados assuntos, mas em

conjunto, porém na direção deve está o que realmente entende, mesmo que

seja por experiência prática, mas que haja resultados positivos, e que busque

as alternativas que a boa e adequada administração oferece para o bem da

empresa.

Porém, é de grande responsabilidade estar à frente da direção de uma

empresa, e muitos pequenos empresários não levam a sério esta condição,

porque requer raciocínio rápido e estudo das situações, para a tomada de

decisão.

27

Como vivemos num país de muitas mudanças rápidas, é necessários

que se pense na decisão a ser tomada com cautela, para não gerar graves

erros que conduza a empresa à situação de inadimplência ou insolvência.

Há alguns aspectos que devem ser tratados com zelo, e que a direção

deve ter o máximo de cuidado para evitar prejuízos financeiros na empresa.

Seria importante que as famílias trabalhassem em equipe, mas que

cada um ocupasse a posição na empresa que lhe conviesse de acordo com

sua capacidade de produção quer seja administrativa ou técnica e financeira.

Segundo Reinaldo Messias (2010), atualmente já se pode perceber

que os empresários buscam por conhecimento, mas a pouco evolui, mesmo

porque a pequena empresa nem sempre entende profissionalização como

investimento e sim como custos e despesa.

CAPÍTULO V

COMO OBTER O SUCESSO

Diante de tantas mudanças na atualidade, empresas não podem

absolutamente trabalhar como se nada estivesse acontecendo a seu redor,

seus gestores precisam estar atentos as transformações, as necessidades de

seus clientes e até mesmo as tecnologias disponíveis para melhor elaboração

em possíveis implantações.

Segundo Casarotto (1998), a pequena empresa, operando de modo

individualizado, não mais pode servir como um modelo empresarial para o

futuro. Ela deve, além de manter os fatores de sucesso experimentados e

utilizados até agora, dar um salto de qualidade equipando-se em um sistema

local aberto, para investir em velocidade e responsabilidade, inserindo-se em

redes relacionais.

28

Qualquer empresa que tenha planos para o futuro e procura se manter

no mercado acrescentando competitividade e conseqüentemente longevidade

ao negócio não deve ter dúvidas dos passos a serem seguidos se tratando do

tipo de gestão administrativa, uma vez que, se trata da base para todo o

processo de alavancagem de uma corporação chegar ao sucesso.

4.1 Perfil ideal de um administrador

Um bom administrador tem o perfil de líder. A liderança é uma

característica extremamente importante. Inquestionavelmente, em todo

seguimento da sociedade será encontrado indivíduos que se sobressai em

relação aos demais. Essa pessoa certamente exercerá um papel de liderança

sobre os outros membros do grupo e/ou equipe, e a liderança pode ser em

determinado seguimento, ou seja, naquilo que a pessoa mais domina ou

exerce mais destaque, por estar à frente das outras pessoas na eficiência do

que se propõe a fazer.

Em todos os grupos, existirão indivíduos com uma propensão ou capacidade maior que os demais de exercitar a liderança. Essa propensão ou capacidade pode dever-se tanto a tendências inatas no indivíduo quanto as oportunidades que ele pode aproveitar para exercer o comando de pessoas. (AMARU, 1986, p. 2)

O líder pode desempenhar seu papel por muito ou pouco tempo, o

grupo é quem determinará, também depende da missão a ser cumprida e do

tipo de desenvoltura e da experiência que o líder exerce no resultado de suas

ações.

Ser líder não é ser o "chefe" ou o "gerente", é muito diferente disto.

Gerentes gerenciam pessoas a fim de cumprir procedimentos. A liderança

influencia, conquista a confiança de um grupo. Para continuar líder de qualquer

tipo de grupo, a pessoa deve ter conhecimento e habilidade necessária para

29

poder guiar o grupo no cumprimento de suas tarefas. A liderança é um

processo no qual estabelecem relações de influência entre as pessoas.

Segundo Tourinho (1981) chefe é alguém que exerce o poder de

mando em virtude de uma autoridade oficial ou oficiosa. Líder é uma pessoa

que, graças à própria personalidade e não a qualquer injunção administrativa,

dirige um grupo com a colaboração dos seus membros. Para os que acentuam

o grupo, liderança pode ser sinônimo de prestígio, de manutenção de

determinado posto, de realização de atividades importantes para o grupo ou de

uma relação emocional entre o líder e o grupo. Inerente a isso, pode estar

associado ao cargo que a pessoa exerce ou não, tem que se verificar o grau de

influência que essa pessoa exerce sobre os demais e como isso se dá, isto é,

qual a forma. Certamente, não há um pareamento em encontrar um único

sentido para o termo líder, o que é incontestável é que o termo seja aceitável

para todos os interessados em liderança.

Maccoby (1977) define liderança com base em quatro grandes funções:

pôr em funcionamento uma política, conceber uma estratégia, mobilizar

equipes, fazer alianças criando uma cultura empresarial motivadora.

Kolb (1978) classifica como os principais problemas do cotidiano de um

líder a responsabilidade e a autoridade, a delegação, o estabelecimento de

objetivos, o controle, a avaliação de desempenho, a formação de equipes e o

manejo de conflitos.

Hollander( 1978) diz que a liderança não diz respeito somente ao

cargo, requer um processo de cooperação. A liderança como um processo de

dupla via entre líder e liderados.

De acordo com Beal & Bohlen & Raudabaugh (1965) a palavra é usada

não só para designar quem comanda (chefe) como para quem guia (líder). Na

prática há enormes diferenças nos tipos de liderança. Às vezes o chefe não

lidera e sim tem um poder autoritário sobre os liderados. Já o líder é a pessoa

que tem maior domínio sobre os membros do grupo ou equipe.

30

O líder da tarefa de um grupo é muito atraente, porque possui as perícias ou características a que o grupo dá alto valor, mas ele não é altamente acessível. [...] O líder-emocional é altamente acessível, porque os outros sentem que ele é uma pessoa à qual podem queixar-se, lamuriar-se, demonstrar afeição, ou, por quaisquer outros modos, demonstrar seus sentimentos; mais atraente do que outros membros do grupo, embora não tanto quanto o líder da tarefa. (SHEPHERD, 1969, p. 83)

De acordo com Parker (1995) o líder tem que ficar atento de vez que:

"entre as principais queixas a respeito dos líderes de equipe estão a inabilidade

desses elementos para coordenar boas reuniões, envolver todas as

discussões, resolver conflitos e utilizar eficazmente todos os recursos humanos

da equipe.

O líder é a pessoa que ajuda o grupo a atingir suas metas; possibilita a

satisfação das necessidades dos membros. Por exemplo, na relação familiar

essa liderança pode ser o pai, a mãe, o irmão mais velho ou um parente

próximo, visto que a liderança propriamente dita, significa o poder de influência

entre as pessoas.

Para tanto, será observada a afetividade, o carisma, até mesmo o

poder financeiro que a pessoa exerce sobre os demais parentes. Mas será

sempre aquela pessoa que está à frente na família, chefiando, encaminhando,

dirigindo-a, dando uma direção.

No entendimento de Katzenbach & Smith (2001) as equipes são

beneficiadas pela liderança múltipla na qual o papel de comando muda dentro

do grupo conforme a necessidade. O líder adapta-se a organização, contudo

deve ser capaz de impulsionar os seus gerenciados, com habilidade, respeito,

deferência e ainda, estimulá-los para que todos sigam num grupo coeso.

De acordo com Tourinho (1981) o melhor líder não é o que restringe o

bom relacionamento entre os liderados, é aquele que afora isso, consegue o

bom relacionamento dos liderados entre si.

31

Entretanto, Parker (1995) suscita ainda dentre outras atribuições do

líder de equipe, algumas habilidades de processo positivo como interagir com

idéias e estímulos a discussões, saber e ter argumentações, bem como saber

ouvir para uma melhor comunicação; incentivar os membros dos grupos que

são mais tímidos a participar mais e os mais falantes a não exceder aos limites,

criando um clima natural no qual os membros sintam-se à vontade para que se

expressem com sinceridade opondo seus pontos de vista. Utilizar de consenso

para se chegar a uma conclusão sobre determinado assunto no qual a equipe

esteja discutindo.

Proporcionar aos membros que desenvolvam suas metas e objetivos.

Fazer que todos tomem consciência de que devem respeitar-se uns aos outros

e que as contribuições de cada pessoa sejam valorizadas, alem de utilizar de

técnicas para motivar os membros da equipe.

Tourinho (1981) acentua diferentes formas de liderança, destacando-se

a priori a liderança Democrática; a liderança Autocrática e a Liderança Liberal.

Na liderança Democrática, o grupo dá o seu próprio direcionamento, sem que o

líder direcione o grupo a um seguimento, existindo porém o consenso nas

ações, entre os membros do grupo; na liderança Autocrática, o líder impõe ao

grupo a sua vontade e deliberações, ao seu comando, já na liderança Liberal

("Laissez-faire") o líder limita-se a fazer passivamente aquilo que o grupo

deseja.

A liderança apresenta-se ainda em outras formas como: carismática,

transformacional e transacional.

- Carismática (é a inspiração divina): confiança nos seguidores e a

similaridade de crenças. Os liderados apresentam aceitação incondicional dos

líderes, obediência espontânea, envolvimento emocional com a missão, alto

nível de desempenho e crença na capacidade de contribuição.

- Transformacional: líderes e seguidores elevam um ao outro a níveis

mais altos de moralidade e motivação. Estimula a busca da auto-realização.

- Transacional: o processo é compreendido como a ocorrência de

transações mutuamente gratificantes entre líderes e seguidores em um

32

contexto situacional. O líder guia seus seguidores na direção das metas e

esclarece as exigências de papel e da tarefa.

4.2 Administrando a empresa familiar

Primeiramente, antes de qualquer estudo, é preciso saber

corretamente o que é administração.

“Administração é um processo de tomar decisões e realizar ações que compreendem quatro processos principais interligados: planejamento, organização, execução e controle. Os processos administrativos são também chamados funções administrativas ou funções gerenciais. Outros processos ou funções importantes, como coordenação, direção, comunicação e participação, contribuem para a realização dos quatro processos principais.” ( Maximiano,p. 26)

Para um bom desempenho da empresa as funções básicas do

administrador, planejar, organizar, controlar e direcionar têm que estar

interagindo entre si. O processo administrativo tem que ser cíclico, dinâmico e

interativo.

Na seqüência, será melhor explicado cada uma das quatro funções:

4.2.1-Planejamento

O planejamento é considerado a primeira função administrativa, por

servir com base para as outras funções. Esta tem como finalidade definir

antecipadamente os objetivos que deverão ser atingidos e como se deve fazer

para alcançá-los.

No processo de planejar, de início é importante que estipule os

objetivos e em seguida que escolha os planos necessários para atingi-los.

Estipular os objetivos é saber onde se pretende chegar para saber

exatamente como chegar lá. O plano é produto do planejamento e todos os

33

planos têm por finalidade dizer o que deverá ser feito, quando, como, onde e

para quem.

O Planejamento pode ser classificado por três tipos:

-Estratégico - é em longo prazo, é designado pela cúpula da empresa e

procura atingir os objetivos do nível organizacional.

-Tático – é em médio prazo, é designado no nível intermediário e

procura atingir os objetivos departamentais.

-Operacional - é em curto prazo, é designado no nível operacional e

preocupa-se em alcançar as metas específicas.

4.2.2- Organização

Para Chiavenato(2003) organizar consiste em determinar as

atividades específicas necessárias ao alcance dos objetivos planejados

(especialização), agrupar as atividades em uma estrutura lógica

(departamentalização), designar as atividades as específicas posições e

pessoas. (cargos e tarefas). Além de que a organização pode ser vista nos

três níveis hierárquicos de uma empresa:

-Nível global - abrange a empresa como um todo.

-Nível departamental - abrange cada departamento da empresa.

-Nível de tarefas e operações – enfatiza cada tarefa, atividade ou

operação.

4.2.3- Direção

Está relacionado com a ação, com a execução, que é o processo de

realizar as tarefas e utilizar recursos para alcançar os objetivos.

Com está função tem como instruir pessoas na execução da tarefa.

“ O administrador como dirigente de pessoas

34

Para dirigir os subordinados, o administrador em qualquer nível da organização em que esteja situado precisa comunicar, liderar e motivar. Como não existem empresas sem pessoas, a direção constitui uma das mais complexas funções administrativas pelo fato de envolver orientação, assistência a execução, comunicação, motivação, enfim todos os processos por meio dos quais os administradores procuram influenciar seus subordinados para que se comportem dentro das expectativas e consigam alcançar os objetivos da organização.” (p.175, Chiavenato, Idalberto)

A direção também pode ser encontrada nos três níveis:

-Nível Global – corresponde a empresa ou áreas da empresa

-Nível Departamental – corresponde a cada departamento ou unidade

da empresa.

-Nível Operacional – abrange a cada tipo de pessoa ou tarefas.

4.2.4-Controle

É o processo de garantir a execução da atividade ou tarefa para atingir

o objetivo perceber a necessidade de modificá-lo.

A função de controle é composta por um ciclo de quatro fases que

estão listadas a seguir:

-Estabelecimento de padrões ou critérios – com estes tem como

estipular o que deverá ser feito e qual o resultado deverá ser aceito como o

normal.

-Observação do desempenho – verificar o resultado

-Comparação do desempenho com o padrão estabelecido –

geralmente feito por meio de gráficos, relatórios, porcentagem, etc.

-Ação corretiva – corrigir as variações, erros e desvios.

35

No caso das empresas familiares segundo Elismar(2003) o

entendimento é que a empresa moderna vive em constante mudança e a

necessidade de uma gestão empresarial, isso muitas vezes gera uma zona de

conflitos que deve ser bem administrada de forma que consiga alcançar o

sucesso.

Pessoas dentro ou fora das famílias têm desejos, expectativas

diferentes. Dentro de um ambiente empresarial esses integrantes, que podem

ser acionistas, herdeiros quando passam por momentos comuns na empresa

agem com estratégias claras, mas nem sempre que concordam com as

estratégias significa que estão atendendo suas expectativas individuais isso

gera uma possível zona de consenso. Essa zona é fundamental para encontrar

um mínimo de coesão. Consenso não é o que todos concordam, segundo

Elismar(2003) e sim é o mínimo de harmonia encontrado num grupo, é a

decisão cujo a qual todos acham que são capazes de conviver razoavelmente

porque reflete a melhor coincidência possível de opiniões.

A área de consenso é quando a harmonia do grupo é possível, portanto

quanto maior é essa região, maior a chance da empresa de superar momentos

difíceis. Quando essa zona é bem pequena é necessário reforçar com cada um

dos integrantes do grupo, o conceito do interesse comum.

Mas existem situações em que a conciliação torna-se impossível.

Quando se tem um histórico de questões familiares envolvidas na história

pode-se ocorrer de se ter indivíduos que tenham dificuldades de aceitação.

Elismar(2003) recomenda que nesse casos e tentar por meio de

conselheiros familiares ou consultores externos, para conseguir trazer o

indivíduo para uma zona mínima de consenso. Caso seja impossível o grupo

deve procurar uma solução para resolver a questão das singularidades sem

gerar um confronto.

São vários os espaços disponíveis para harmonização de interesses

entre sócios familiares e herdeiros, segundo Elismar(2003), lembrando que o

alargamento da zona do consenso é fundamental para garantir uma decisão de

qualidade.

36

Como exemplo de uma empresa familiar citamos a Empresa Stihl que

teve seu início na Alemanha, na cidade de Waiblingen. Hoje a mesma está

localizada em São Leopoldo, cidade vizinha de Porto Alegre-RS. Está empresa

nasceu da idéia do engenheiro Andreas Stihl que tinha a intenção de melhorar

as condições de vida e de trabalho dos outros homens.

Andreas Stihl era conhecido como o pai da motosserra, tinha uma forte

preocupação com as precárias condições de trabalho dos homens que

retiravam madeira nas florestas da Europa. Naquela época, a extração era

manual, baseada em força e habilidade com o machado ou com a serra. A

madeira era muito importante, pois era o principal combustível para o

abastecimento das carvoarias.

Andreas Stihl tinha como pensamento que o ideal “era tornar o

trabalho do homem sempre mais fácil”. A partir de então começa uma longa

história, conduzida por uma pessoa com uma visão incrível de futuro.

O presidente da Stihl hoje no Brasil, Harry, afirma que “se o pai

Andreas Stihl inventou a motosserra, seu filho, Hans Peter, fez dela um

negócio.”

Atualmente existe em São Leopoldo 16 hectares de área total e 65.000

metros quadrados de área construída, distribuída em prédios industriais,

escritórios e um refeitório, onde atuam 1.500 funcionários, em dois ou três

turnos, dependendo do setor o que poderia ser considerada normal por quem

não conhece sua história e os desafios da planta no Rio Grande do Sul.

O alemão Hans Peter Stihl, em 1973, alugou um prédio no centro de

São Leopoldo e iniciou a produção das motosserras que haviam revolucionado

o mundo. Cede Cases 6

A Stihl atualmente é líder nos mercados de ferramentas motorizadas

portáteis, presente em mais de 160 países, com atuação nos mercados

florestal, agropecuário, jardinagem e infra-estrutura.

Sua trajetória é marcada por constantes investimentos em pesquisas e

pela modernização de processos e avanços tecnológicos criando assim, uma

37

imagem de qualidade e excelência. O lançamento do modelo Stihl Contra em

1959 foi um exemplo disso, considerado um divisor de águas na história do

mercado florestal mundial e pesando apenas 12 kg, essa motosserra permitiu

uma produção de madeira bem maior em ralação ao trabalho com serras

manuais. O engenheiro ficou, então, conhecido como o “pai das motosserras”.

A Stihl é reconhecida por garantir o alto padrão de qualidade de seus

produtos e serviços no Brasil e no mundo, além de oferecer soluções

inovadoras para aprimorar a rotina de seus clientes.

Mas o engenheiro Kurduk com 30 anos de empresa afirma que nem

sempre foi assim:

“Éramos o lanterninha do campeonato se olhássemos para as demais

fábricas. Não tínhamos permissão nem para exportar para a América Latina.

Cheguei aqui no início, a empresa existia há seis anos apenas e precisávamos

melhorar muito. Éramos uma pequena montadora”.

A Matriz da empresa que se localiza na Alemanha, em 1980 exigiu

uma posição da Stihl Brasil: ou melhoraria seus índices, ou a fábrica seria

fechada. Neste momento a empresa resolveu contratar uma consultoria, com

filial no Brasil e iniciou o projeto produtividade. “Dividimos as fábricas em

minifábricas, começamos a usar os livros de Falconi com os conceitos do

PDCA e MASP e com estes movimentos passamos a ser inclusive benchmark

em alguns processos”, afirma o engenheiro. Com isso os índices melhoraram,

a eficiência aumentou de 50% para 85%, e os índices de sucata reduziram de

20 ou 30% para 2 ou 3%, segundo o engenheiro.

Um outro engenheiro e diretor da Sthil, Arno comenta: “sempre quando

o Sr. Bals, antigo presidente da STIHL Brasil, comentava com a matriz a

possibilidade do Brasil exportar, vinham perguntas sobre como andava a

qualidade”. E prossegue “as linhas de produtos para exportação recebiam um

trabalho com fundamentos de qualidade e depois generalizávamos para o

restante da fábrica. Na STIHL os produtos de exportação e de consumo interno

não têm diferenciação”.

38

Tiveram duas desgraças naturais que também contribuíram para

melhorar a imagem da empresa perante a matriz, houve um tornado nos

Estados Unidos e com isso eles ficaram sem produtos, o que gerou uma

oportunidade para a Sthil, afirma Kurdyk. A outra desgraça, lembrada por Arno,

foi um vendaval, onde ocorreu a queda de muitas árvores.

Assim a Sthil Brasil começou a exportar, o que começou a mudar a

imagem da filial brasileira diante das outras unidades do grupo, embora

permanecessem os resquícios de os verem como uma subcultura.

Existe outra situação preocupante para a empresa é a sazonalidade da

produção, de março a agosto.

A partir dessa melhoria nos resultados o grupo Sthil começou a

visualizar de outra forma a planta de São Leopoldo, permitindo que a filial

Brasil começasse a produzir outro produto: a roçadeira.Central de Cases 7

Kurdyk diz que isso foi um marco para a empresa, pois a partir desse

fato foi possível cobrir os períodos de baixa, ter continuidade de produção,

inclusive mantendo a força de trabalho.

“Um negócio novo demora a dar resultados e precisa de muitos

investimentos. A Stihl vinha fazendo seu “dever de casa”, investindo,

comprometendo as pessoas, buscando consultorias”. Tanto na Alemanha

quanto no Brasil, o ano de 2002 não foi fácil. Hans Peter Stihl, membro da

direção e da família, juntamente com a irmã, a Sra. Eva Mayr-Stihl e demais

irmãos, decidiram profissionalizar a empresa. Na Alemanha foi escolhido um

grupo escolhido de cinco executivos para gerir a empresa.

Já no Brasil, iniciou um processo sucessório entre o Sr. Bals, figura

querida na fábrica por ser “muito próximo da família” e o Sr. Harry Grandberg,

executivo de carreira, oriundo de multinacional de capital aberto, do setor

automotivo de São Paulo. As empresas precisam ter esse pensamento de

colocar como gestor uma pessoa capacitada e especializada, às o fundador

não é a pessoa preparada para gerir.

39

Harry fala sobre esse processo ressaltando que uma empresa gerida

pelo dono ou pela família apresenta um processo decisório típico. A transição

no Brasil durou em torno de um ano e meio e foi tranqüila.

Harry, assumiu oficialmente em julho de 2004 tendo como desafio

mudar a cultura da empresa, sem perder os valores de uma empresa familiar.

A empresa encontra-se em plena transição cultural. A modificação foi feita

lentamente, ora com grandes avanços, ora com a certeza de retrocessos. Com

a direção do grupo de executivos, no Brasil e na Alemanha, o processo

decisório não estava mais na mão do Sr. Stihl, como antes. Agora a STIHL

precisava verificar viabilidade financeira de projetos, retorno sobre

investimentos, mudança das formas de gerir o negócio para conseguir se

manter no mercado com sucesso.

Modificar uma empresa familiar com espírito paternalista para uma

empresa em busca de resultados e voltada para o mercado era uma grande

desafio. “O paternalismo permite erros, tentar de novo, etc., porém, quando a

busca é por resultados, há metas a serem cumpridas e quando isso não

acontece há consequências”, confirma Kurdyk. Para implementar o novo

modelo de gestão foi necessário mexer na cultura e consertar os erros.

Harry diz: “Em 2005 começamos um programa chamado

‘STIHL+Você!’. Esse programa permeou todas as áreas da organização e eram

grupos que sentavam e discutiam por alguns dias os problemas das fábricas,

tais como comunicação, trabalho em equipe, comportamentos necessários

dentro de uma organização”.

Tatiana Godoi era gerente de RH da Sthil. Ela começou em 2001 como

coordenadora de desenvolvimento organizacional e lembra: “em 2002, com a

entrada do board executivo houve uma percepção de que precisávamos mexer

com as pessoas: a Stihl sempre teve uma cultura típica alemã, isso quer dizer

segurança no emprego e a importância da hierarquia, o que resultava em

lentidão nos processos e controle excessivo, que bloqueava a iniciativa das

pessoas. O resultado era muita demora nas decisões e um sentimento de

paralisia no tempo. Na verdade, muita gente havia parado no tempo. A

40

resistência das pessoas era muito alta. O STIHL+Você foi um grande programa

de educação corporativa, que mexeu com a fábrica inteira. Precisávamos

preparar as pessoas para um novo modelo de gestão que seria construído a

partir das discussões e necessidades da organização”.

Com este programa não existia hierarquia, durante os encontros todos

deixavam seus crachás do lado de fora da sala. “Isso ajudou muito as pessoas,

mas ainda apareciam traços de medo e respeito”, comenta Tatiana. O objetivo

desse programa era gerar discussões, trazer à tona os problemas, fazer com

que as pessoas pensassem novamente e de outra forma. O Harry também

participou de várias vezes com a intenção buscando mudar a cultura da

organização e se aproximar das pessoas.de Cases 9

Um novo modelo de gestão começou em 2007, juntamente com o

Programa STIHL + Você. “Todos me perguntavam qual era esse novo modelo

de gestão? Eu dizia a verdade, ainda não sei, nós vamos construí-lo juntos”,

diz Harry.

No desenho desse novo modelo de gestão, aprender com o passado

se mostrou importante para conduzir a empresa no processo.

Em 2005, foi iniciado o modelo do kaizen essa era das ferramentas

usadas no modelo Toyota de produção, esse modelo ajudou a mexer mais com

as pessoas.

Primeiramente, um grupo de colaboradores fez benchmark em um dos

fornecedores da Empresa, que utilizavam muito bem a ferramenta de Kaizen.

|A metodologia do kaizen implica em sempre fazer o melhor, todo dia

tem que ter uma melhora e sem aumento da sinergia na equipe.

O kaizen permitiu várias melhorias, sendo uma delas no layout. “Nos

demos conta que um operador caminhava, em 50 m2, 2 km por dia por causa

da disposição das máquinas”, conta Harry, “mudando o layout, os 2 km viraram

200 m. Outras melhorias foram o material em elaboração, otimização do fluxo

de material dentro da fábrica, ganhos de produtividade e mais, “eram as

pessoas que estavam fazendo isto acontecer”. O primeiro kaizen foi

41

impressionante, foi uma comoção geral, todo mundo chorava, inclusive eu!”,

conta Harry.

Surgiu também a idéia do Lean Manufacturing. O desafio quanto ao

Lean inicia por ele funcionar “ao contrário”, ou seja, a produção é puxada pelo

cliente.

Estrategicamente, de saída, havia dois empecilhos:

-Conseguir convencer a Matriz na Alemanha da validade do processo.

-Modificar o modelo mental em vigor de que os brasileiros são

reconhecidos pela sua criatividade, não necessariamente pelo seu trabalho

eficaz. Japoneses e brasileiros são opostos, enquanto os brasileiros dão

jeitinho os japoneses passam muito tempo planejando e cuidando de executar

o planejado. Tem que se acabar com o pensamento de que o que é feito pelo

Brasil não tem qualidade.

A consultoria Lean Way tentou ajudar o processo: “Bom, aí sim,

podíamos trazer uma consultoria para ajudar, pois já havíamos envolvido as

pessoas no kaizen” conta Harry. Usar a experiência anterior ajuda, mas não

previne tudo. “Achamos que escolhendo um grupo de produtos e permeando

toda a empresa, alcançaríamos todas as pessoas com este processo. Então,

optamos em começar pela família de motosserra. Cometemos o primeiro erro”,

Diz Harry.

Outro erro foi que os líderes do setor da melhoria contínua teve uma

rotatividade de funcionários muito grande: “o RH tem razão, é verdade, temos

que buscar as pessoas certas, no lugar certo” afirmou o presidente.

A promoção do Engenheiro Kurdyk, para gerente da melhoria

Contínua, foi uma das melhores propostas para a implantação do sistema de

lean, ele já havia sido gerente de fábrica e da ferramentaria e manutenção, e

uma pessoa muito dedicada a empresa e a profissão.

O Kurdyk é descrito como uma profissional capacitado e interessado, lê

todos os livros e está sempre se aprimorando. Assim apareceu a segunda

proposta que era aplicar o sistema no processo mais estável da fábrica.e

42

A resolução do problema ficou em aplicar na fábrica do componente

Virabrequim, onde o processo produtivo estava mais estável, todas as

ferramentas do lean manufacturing. O objetivo era claro, era fazer com que as

pessoas pudessem ver todas as melhorias permitidas pelo sistema. Tratava-se

de convencer toda a planta pelo exemplo de uma célula da fábrica. Um avanço

e um retrocesso, enquanto podia dar os resultados pretendidos, a resistência

das pessoas continuava. E essa resistência vinha de todos os níveis, até

mesmo dos gerentes, operadores, diretores. As dificuldades e a má aceitação

foram tantas que o projeto era conhecido como “aquele projeto do Kurdyk!”.

Durante seis meses foram necessários perseverança, motivação da equipe

envolvida e confiança nos resultados possíveis.

Diferentemente das empresas de capital aberto, na qual a política de

manutenção do emprego baseia-se em resultados apresentados, a Sthil por ser

uma empresa familiar, as relações eram familiares, todos eram acostumados a

ter mais de uma chance, e isso permitia aos funcionários muito mais resistência

do que o esperado. A resistência maior estava nas lideranças intermediárias,

os gerentes e supervisores.

Devagar o chão de fábrica começou a aceitar a idéia, teve dedicação,

foi muito mais fácil, mas a supervisão e a gerência não queriam ouvir falar.

Com os resultados da célula-piloto que foram satisfatório, começaram a

convencer, quando se tornou perceptível que era possível eliminar 1 dos 3

turnos de trabalho com o sistema do lean, inclusive nos finais de semana e

com 30% menos pessoas. Esses 30% a menos de funcionários foram

treinados e realocados em outras áreas, já que a empresa estava em franca

expansão.

Muito devagar outras células começaram a perceber as melhorias e

começaram a procurar o pessoal do setor da melhoria contínua. Hoje é

realmente impressionante ver os supervisores, os gerentes, os funcionários

usando os termos do lean com naturalidade, cita o presidente lembrando as

dificuldades, no início o pensamento era de que eu tenho que produzir e

implantar o lean, as pessoas não enxergavam que tudo era parte do mesmo

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processo. Outro ponto era as pessoas se focavam muito nas ferramentas e não

entendiam o modelo de gestão, conta Kurdyk.

Contornar as resistências foi outro problema. Precisou de muita

conversa e muita discursão.

Com isso um aspecto ficou claro para Harry e dinheiro compra

máquinas, mas que qualidade e alta performance dependem de gente. Tatiana

Godoi, gerente de RH era uma grande aliada, Harry afirma que o RH tem

grande importância dentro de uma empresa.

Atualmente a Sthil tem outro cenário. É de solicitações para área de

melhoria contínua, que precisa se organizar para atender a demanda para

implantar o sistema.

As melhorias do lean foram e são muitas, tais como redução de

estoque, ergonomia, alta flexibilidade na produção de todas as linhas de

produtos e melhoria da produtividade.Com a modificação em sua estrutura

empresarial a Sthil foi capaz de alcançar o sucesso.

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CONCLUSÃO

Com essa pesquisa foi possível concluir a importância de se ter um

profissional capacitado dentro de uma empresa. Muitas vezes, a idéia de se

abrir um empreendimento surge do sonho do seu inventor de ter seu próprio

negócio, e geralmente o mesmo não é capacitado para gerir o negócio. Alguns

acabam fechando seu empreendimento por não ter especialização em gerência

e acabar não contratando um gestor preparado para isso. É de vital importância

que um empresário, seja ele de micro, média ou grande empresa, saber

delinear sua capacitação, até onde ele pode ajudar no crescimento do seu

negócio . A Sthil provavelmente acabaria decretando falência, se os seus

inventores não tivessem percebido a necessidade de mudança.

Os executivos atuais deve abordar a necessidade da gestão,

acompanhar o desempenho da empresa no seu ambiente interno e externo,

adotando ferramentas e procedimentos de controle que permitam o

gerenciamento estratégico de suas ações e que possibilitem uma visão clara

da sua situação e do seu desempenho junto aos clientes internos e externos.

Este estudo foi elaborado para ajudar aos empreendedores a manter

suas empresas no mercado e alcançar o sucesso e também para mostrar a

importância que é ficar a frente do comando dessas firmas, que é necessário

que um especialista, com um conhecimento, que saiba dominar os processos e

números de uma empresa, que saiba interpretar o cenário macroeconômico,

analisar o mercado, saber onde está e aonde quer chegar com seus objetivos.

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