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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM Qualidade do atendimento prestado aos pacientes renais crônicos no Hospital Municipal Drº Moacyr Rodrigues do Carmo Por: Carla Ignez da Silva Orientador Prof.ª Ana Paula Ribeiro Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

Qualidade do atendimento prestado aos pacientes renais crônicos no Hospital Municipal Drº Moacyr Rodrigues do Carmo

Por: Carla Ignez da Silva

Orientador

Prof.ª Ana Paula Ribeiro

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

Qualidade do atendimento prestado aos pacientes renais crônicos no Hospital Municipal Drº Moacyr Rodrigues do Carmo

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista Administração e

saúde.

Por: Carla Ignez da Silva.

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AGRADECIMENTOS

A minha família e ao meu noivo pela

compreensão e paciência. Amo vocês.

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DEDICATÓRIA

Ao meu Deus por que para Ele e por Ele

são todas as coisas. Obrigado pela graça.

E a todos que torceram para realização

de mais esta etapa da minha vida.

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RESUMO

Este estudo é resultado de uma pesquisa participante, fruto de reflexões

processadas através da experiência vivenciada como profissional da área de

saúde, atuando diretamente com pacientes que fazem tratamento de

hemodiálise no Hospital Municipal Drº Moacyr Rodrigues do Carmo.

A Insuficiência Renal Crônica é considerada um grande problema de

saúde pública. Embora à realidade de nosso município seja de um projeto e/ou

programa de prevenção ou sócio-educativo para esclarecimento de como

podemos nos prevenir e ou cuidar melhor de nosso rim, este está voltado para

qualidade do atendimento aos pacientes renais internados no Hospital

Municipal Drº Moacyr Rodrigues do Carmo, cujo quadro clínico é de

insuficiência renal crônica, e que por este motivo passa pelo tratamento de

hemodiálise dentro na unidade. Percebemos que a insuficiência renal crônica

não atinge apenas o estado físico dos pacientes, mas acarreta problemas

emocionais e sociais ao paciente e sua família. Vivenciando uma brusca

mudança no seu viver, convivendo com limitações, com tratamento doloroso

que é a hemodiálise, com o pensar na morte, tornando desanimados,

desesperados e, muitas vezes, por estas razões ou por falta de orientações,

acabam abandonando o tratamento ou não dando importância aos cuidados

constantes que deveriam ter.

Este tem por objetivo construir uma proposta de trabalho com uma ação

conscientizadora levando os pacientes a descobrirem maneiras de viver dentro

de seus limites e a conviverem com a doença e o tratamento de hemodiálise,

bem como identificar suas necessidades, auxiliá-los e conscientizá-los que os

próprios são responsáveis por si mesmo e pelo seu tratamento

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METODOLOGIA

Pesquisa significa a produção crítica e autocrítica de

caminhos alternativos, bem como a inquerição sobre

caminhos vigentes e passados. (DEMO, 1995, P.59)

De acordo com Minayo (1994), é a pesquisa que alimenta a atividade de

ensino e a atualiza frente à realidade do mundo, vincula pensamento e ação.

Sendo assim podemos dizer que pesquisa é um processo que utilizando

metodologia científica, permite a obtenção de novos caminhos.

Desse modo conduziremos nossa pesquisa, como uma pesquisa

formulada através da observação participante com enfoque na análise

qualitativa, realizado com pacientes renais crônicos internados no Hospital

Municipal Drº Moacyr Rodrigues do Carmo, cuja finalidade caminha para

produção de novos conhecimentos, aumentando nossa consciência enquanto

profissional de saúde e a capacidade desses para iniciativas transformadoras.

Pesquisa participante se faz apenas de forma

aproximativa, já que, na sua compreensão assemelha-se

a um projeto de vida. Mesmo com estratégia aproximativa

faz sentido, porque traz a preocupação com tratamento

mais honesto da população, com a devolução das

informações colhidas, com a coerência entre teoria e

prática... (DEMO, 1995, p.241).

Nosso interesse não é de limitar a constatar como pensa, fala ou vive o

paciente renal dentro da unidade de saúde Moacyr Rodrigues do Carmo, mas

captar a lógica dinâmica e contraditória do discurso, do ator social, e de seu

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relacionamento com outros profissionais, visando despertar o desejo de

mudanças.

Contudo não nos preocupamos somente em explicar os fenômenos

acontecidos no âmbito da unidade, mas favorecer com isso um conhecimento e

uma consciência crítica do processo de construção sendo um participante

ativo.

Para esta análise, utilizo a observação participante, como já foi descrito,

como sendo um instrumento que nos possibilita uma compreensão maior do

fenômeno investigado, através das diferentes maneiras de conhecer.

Neste projeto a pesquisa exige um estudo de campo exploratório, cuja

finalidade é esclarecer conceitos, sendo necessário levantamento bibliográfico

e documental, além de entrevistas não padronizadas e observação participante

visto que se limitará aos pacientes internados no Hospital Municipal Drº Moacyr

Rodrigues do Carmo.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................. 10

CAPITULO I - Hospital Municipal Dr° Moacyr Rodrigues do Carmo, a Doença

Renal e os Pacientes Renais Renais Crônico.................................................. 13

1.1- Conhecendo o Hospital Municipal Drº Moacyr Rodrigues do

Carmo............................................................................................................... 13

1.1.2- O Rim e sua Função ............................................................................. 14

1.1.3- A Doença Renal Crônica ....................................................................... 15

1.1.4 - Alternativas de Tratamento ................................................................... 16

1.2- Os pacientes Renais no Hospital Municipal Dr° Moacyr Rodrigues no

Carmo .............................................................................................................. 17

1.3- Como é Realizado o Ingresso nos Programas de Diálise ....................... 25

CAPÍTULO II – A Realidade Vivenciada dos Pacientes Renais Crônicos no

Hospital Municipal Dr° Moacyr Rodrigues do Carmo ....................................... 26

CAPITULO III – Proposta de Intervenção ........................................................ 29

1.1 - Organização, Direção e Gestão do SUS ................................................ 31

1.2 – Atualidade .............................................................................................. 34

1.3 – Um Olhar sobre o problema renal no Hospital Municipal Drº Moacyr

Rodrigues do Carmo ....................................................................................... 38

Considerações Finais ..................................................................................... 40

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Bibliográfica Consultada ............................................................................ 42

Bibliografia Citada .......................................................................................... 44

Anexos ............................................................................................................ 45

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INTRODUÇÃO

A doença Renal Crônica vem sendo considerada hoje, como um

problema de saúde pública mundial. Embora não disponhamos de dados

definitivos sobre a mesma, no Brasil estima-se que afeta cerca de 10 milhões

de brasileiros, cujos fatores de risco mais comuns são Diabetes Millitus e a

Hipertensão Arterial. (BARROS: 1998).

O curso clínico da Doença Renal Crônica é caracterizado pela

ocorrência de várias complicações e comorbidades que se identificadas

precocemente e corrigidas, alteram a evolução da doença.

Hemodiálise: é um procedimento no qual o sangue é

removido do corpo articulado através de um aparelho (dialisador) exige o

acesso repetido à corrente sanguínea promovendo a retirada das substâncias

tóxicas, água e sais minerais do organismo. Para tanto é realizado o processo

de hemodiálise três vezes por semana em seções cuja duração média é de 3 a

4 horas dentro de clinicas especializadas neste tratamento. Assim sendo é um

tratamento que visa repor a função dos rins.

O desejo de estudar e aprofundar nosso conhecimento ao atendimento

prestado aos pacientes renais se deu através de nossa experiência enquanto

profissional de saúde – Serviço Social, que em visita constantes aos pacientes

percebemos que a condição crônica e o tratamento de hemodiálise, têm sido

fonte de estresse para o paciente representando desvantagem por ocasionar

problemas, como: isolamento, perda do emprego, dependência da Previdência

Social, parcial impossibilidade de locomoção e passeios, diminuição de

atividade física, dentre outras, um sentimento ambíguo entre o medo de viver e

de morrer. Desencadeando uma sucessão de situações conflituosas, que

comprometem não só o seu meio de vida, mais também de seus familiares.

Entende-se assim que um paciente que precisa realmente passar por

este tratamento necessita de clínicas especializadas. O Hospital Municipal

Moacyr Rodrigues do Carmo é uma unidade de emergência e embora tenha

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suporte para esse tratamento, nosso atendimento não é ambulatorial, aqui os

pacientes recebem o atendimento adequado e esperam por vagas em clinicas

especializadas para o tratamento.

Percebemos que a insuficiência renal crônica não atinge apenas o

estado físico dos pacientes, mas acarreta problemas emocionais e sociais ao

paciente e sua família, vivenciando uma brusca mudança no seu viver, convive

com limitações, com tratamento doloroso que é a hemodiálise, com o pensar

na morte, tornando desanimados, desesperados e, muitas vezes, por estas

razões ou por falta de orientações, acabam abandonando o tratamento ou não

dando importância aos cuidados constantes que deveriam ter.

Portanto, estaremos em nosso estudo/pesquisa num primeiro momento,

conhecendo o Hospital Municipal Moacyr Rodrigues do Carmo, identificando os

pacientes renais dentro da e esclarecendo como os mesmos chegam á nossa

unidade e são acolhidos.

Num segundo momento estaremos relatando as dificuldades vivenciadas

pelos pacientes renais, que servirão, portando, para subsidiar a elaboração de

propostas de intervenções sócio-educativa a ser utilizada na prática.

Verificando limites e possibilidades, permitindo a conscientização dos pacientes

quanto à sua situação, tendo em vista uma ação transformadora desta

realidade.

O terceiro momento está voltado precisamente para análise do material

coletado, ou seja, voltado para experiência vivenciada, buscando uma

articulação e reflexão crítica com a teoria que embasa o estudo. A partir desta

reflexão produzida esperamos conhecer e entender esta realidade, para então

propor meios que possam vir modificar essa realidade. Levando os pacientes a

descobrirem maneiras de viver dentro de seus limites e a conviverem com a

doença e o tratamento de hemodiálise, bem como identificar suas

necessidades, auxiliá-los e conscientizá-los que os próprios são responsáveis

por si mesmo e pelo seu tratamento.

Por fim, estaremos tecendo considerações finais, como resultado

alcançado, precarizando alguma sugestões, para que a experiência positiva e

significativa venha ser reconhecida e em um movimento de mobilização venha

ser exemplo. Visto que trabalhar com renais crônicos incide em lidar com a dor,

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o sofrimento e perdas constantes. Cabe pensar esta prática de forma

interdisciplinar, cuja possibilidade venha ser qualidade de vida para essas

pessoas, indo além das práticas rotineiras, implantando ações com as legitimas

demanda da população atendida.

Hemodiálise movimenta milhões por mês. Cabe-nos olhar esses

pacientes não como números ou estatísticas, mas como indivíduos que querem

simplesmente ter uma vida normal.

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CAPITULO I

1. HOSPITAL MUNICIPAL MOACYR RODRIGUES

DO CARMO, A DOENÇA RENAL E OS PACIENTES

RENAIS CRONICOS.

1.1 – Conhecendo o Hospital Municipal Drº Moacyr

Rodrigues do Carmo

O Hospital Municipal Dr. Moacyr Rodrigues do Carmo, foi inaugurando

em 13 de setembro de 2008 com capacidade aproximadamente de 282 leitos

para internação, oferecendo a população tratamento intensivo e semi intensivo,

considerado a primeira Unidade Hospitalar de Urgência e Emergência no

Município de Duque de Caxias, constituído o segundo maior hospital da

América Latina, que coloca o seu nome em homenagem a um dos mais

respeitados médicos e também ex- prefeito de Duque de Caxias, com sua

localização na Rodovia Washington Luiz ( BR 040) N° 3200, Bairro: Vila São

Luiz.

Esta Unidade Hospitalar foi desenvolvida na concepção de prestar seus

serviços com uma assistência humanizada, oferecendo um melhor atendimento

para a população dos municípios abrangentes como Belford Roxo, Nova

Iguaçu, São João de Meriti, Magé, ficando a mesma responsável pelos

atendimentos de alta e média complexidade e responsável a dar assistência

secundaria e terciária.

Em seu quadro de funcionários o Hospital conta com funcionários

públicos municipais, contratados, além dos serviços terceirizados como

segurança, administrativos, serviços gerais, nutrição e clínicas satélites, que

são as especializadas em hemodiálise.

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Toda Instituição que se configura em uma unidade de saúde tem que ter

suas ações pautadas e orientadas pela Constituição Federal de 1988, que no

Capitulo VII da Ordem Social na Seção II Artigo 196 consta que a “saúde e

direito de todos e dever do Estado, o mesmo fica responsável em promover

ações mediante as políticas sociais para promoção, proteção e recuperação da

saúde de forma universal” para que todos que dela necessitar possam fazer

uso, buscando sempre pela melhoria na condição de vida da população e da

coletividade.

Com o processo da constituição de 1988, estabelece que o Sistema

Único de Saúde (SUS) na vigência da Lei Orgânica da Saúde (LOS) N°8080/90

e 8.142/90, composto pelo sistema universal e por um conjunto de ações e

serviços de saúde prestados por órgãos e instituições públicas federais,

estaduais e municipais, com objetivo de modificar a situação de desigualdade

na assistência a saúde da população, proporcionado para a mesma um

atendimento publico, oferecendo serviços de qualidade as suas necessidades,

sendo qual for o poder aquisitivo da população usuária, propondo a

propagação de ações preventivas a doenças e promovendo informações de

seus direitos e aos riscos a saúde mediante a responsabilidade e atenção do

SUS, que tem suas principais atribuições na Constituição Federal art. 200 a

prevenção e o tratamento de doenças; a formulação de políticas publica; a

execução de ações de saneamento básico; o controle e a fiscalização de

elementos de interesse para a saúde; a saúde do trabalhador; entre outros.

1.1.2- O Rim e sua função

O ser humano possui dois rins que se localiza nas costas um de cada

lado da coluna e são protegidos pelas últimas costelas. Os rins são os

principais órgãos responsáveis pela eliminação de toxinas e substâncias, que

não são mais importantes para o organismo. Entre as muitas funções do rim

salientam-se as seguintes:

• O rim é responsável pela eliminação dos resíduos tóxicos

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.

produzidos pelo nosso organismo como a uréia e o ácido úrico. É a sua função

de filtração, de limpeza ou de depuração.

.

• O rim controla o volume dos líquidos, portanto qualquer excesso

de água no corpo é eliminado pela urina; é o chamado efeito diurético.

.

• O rim exerce controle sobre os sais de nosso corpo, eliminando

os seus excessos ou poupando-os nas situações de carência.

.

• A partir do controle do volume (líquidos) e dos sais, ele exerce

grande influência sobre a pressão arterial e venosa do nosso organismo.

1.1.3- A doença renal Crônica

É conhecido atualmente que cerca de um em cada 10 adultos é

portador de doença renal crônica. A maioria destas pessoas não sabe que tem

esta doença porque ela não costuma ocasionar sintomas, a não ser em fases

muito avançadas.

Os rins são dois órgãos que funcionam como filtros naturais e são

responsáveis pela eliminação das impurezas e do líquido no nosso organismo.

Quando os rins param de funcionar por algum problema, surge a insuficiência

renal. Esta doença pode se instalar de forma aguda ou crônica. Algumas

doenças conhecidas podem alterar a função dos rins e as mais comuns são a

Hipertensão Arterial Sistêmica e a Diabetes Mellitus.

Uma vez instalada a doença renal, se faz necessário a retirada das

impurezas do organismo através de uso de máquinas para filtrar o sangue por

um processo chamado Diálise.

A equipe médica do hospital após a avaliação da cada paciente irá

iniciar o tratamento para retirar estas impurezas através de máquinas de

diálise com sessões programadas de acordo com as necessidades diárias.

Cabe esclarecer que o Sistema Único de Saúde irá custear todo tratamento.

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1.1.4 - As alternativas de tratamento

Hemodiálise

É uma forma de tratamento que serve para retirar por filtrações do

sangue todas as substâncias indesejáveis acumuladas pela Insuficiência

Renal, é realizada em clínicas especializadas e ou em hospitais, através de

maquinas em algumas sessões.

Na hemodiálise o sangue é removido para fora do corpo, passa por

dentro de um dialisador, que exerce a mesma função dos rins, devolve o

sangue para o organismo sem as impurezas. Para que o tratamento seja

realizado é necessário a utilização de um cateter conhecido como Cateter

Dupla Lúmem, instalado em um vaso sanguíneo, que é o local onde o sangue

irá entrar e sair do organismo.

O local de entrada e saída do sangue do organismo por onde o

cateter é colocado é chamado de acesso vascular que pode ser temporário ou

definitivo.

O acesso vascular definitivo é chamado de Fístula Artério-Venosa

(FAV), que consiste em uma ligação de vasos sanguíneos através de uma

cirurgia em um dos membros.

Na utilização de acessos vasculares temporários com a colocação

de cateter, são necessários alguns cuidados no local.

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1.2 - Os pacientes renais no Hospital Municipal

Moacyr Rodrigues do Carmo

Agora que conhecemos o hospital e entendemos a doença renal,

vamos buscar identificar esses pacientes dentro desta unidade de saúde, cuja

característica é de uma unidade emergencial – alta e baixa complexidade e

que não consiste em unidade ambulatorial cujo atendimento se dá pelo

Sistema Único de Saúde –SUS.

O SUS é definido pela constituição Federal de 1988, no

artigo 198, como:

“ As ações e serviços públicos de saúde integram uma

rede regionalizada e hierarquizada e constituem um

sistema único”. Organizado de acordo com as seguintes

diretrizes:

I. Descentralização com direção única em cada esfera

de governo;

II. Atendimento integral, com prioridades para as

atividades preventivas;

III. Participação da comunidade.

O SUS é concebido como um conjunto de ações e

serviços de saúde prestados por órgãos e instituições

públicas, federais, estaduais e municipais, da

administração direta e indireta e das fundações mantidas

pelo poder público, cujos princípios doutrinários são;

• Universalidade: acesso às ações e serviços deve

ser garantido a todas as pessoas, independentemente de

sexo, raça, renda, ocupação ou outras características

sociais ou pessoas;

• Eqüidade: e um princípio de justiça social que

garante a igualdade da assistência à saúde, sem

preconceitos ou privilégios de qualquer espécie. A rede de

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serviços deve estar atenda às reais necessidades da

população a ser atendida;

• Integridade: significa considerar a pessoa como um

todo, devendo as ações de saúde procurar atender a

todas as necessidades.

Entendo que à realidade de nosso município é de um projeto e/ou

programa de prevenção ou sócio-educativo para esclarecimento de como

podemos nos prevenir e ou cuidar melhor de nosso rim, esta pesquisa estará

voltada para os pacientes internados cujo quadro clinico é de insuficiência

renal crônica, e que por este motivo passa pelo tratamento de hemodiálise

dentro na unidade de saúde.

Entende-se assim que um paciente que precisa realmente passar por

este tratamento necessita de clínicas especializadas e como já pontuamos

nossa unidade trata-se de um hospital de emergência e embora tenha suporte

para esse tratamento, nosso atendimento não é ambulatorial, aqui os

pacientes recebem o atendimento adequado e esperam por vagas em clinicas

especializadas para o tratamento. Cabe ressaltar que esta clinica

especializada é alcançada através de um cadastro via Secretaria Municipal de

Saúde do município de origem do paciente, e a espera é muitas vezes

angustiante e demorada.

Temos casos de pacientes que se encontram internados em nossa

unidade à oito meses aguardando vaga pela secretária. Às vezes recebem

autorização médica para passar finais de semana em casa, porém ainda

assim o maior período é vivenciado dentro da unidade hospitalar.

Assim percebemos que a insuficiência renal crônica não atinge apenas

o estado físico dos pacientes, mas acarreta problemas emocionais e sociais

ao paciente e sua família. Vivenciando uma brusca mudança no seu viver,

convive com limitações, com tratamento doloroso que é a hemodiálise, com o

pensar na morte, tornando desanimados, desesperados e, muitas vezes, por

estas razões ou por falta de orientações, acabam abandonando o tratamento

ou não dando importância aos cuidados constantes que deveriam ter.

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(CESARINO/CASAGRANDE 1998).

A condição crônica e o tratamento de hemodiálise têm sido fonte de

estresse para o paciente e representam desvantagem por ocasionar

problemas, como: isolamento, perda do emprego, dependência da Previdência

Social, parcial impossibilidade de locomoção e passeios, diminuição de

atividade física, dentre outras, um sentimento ambíguo entre o medo de viver

e de morrer.

Infelizmente, uma grande parcela dos pacientes chegam em nossa

unidade em estágio muito avançado, tornando imperativo o início imediato da

diálise para sua vida.

Atendemos em média um quantitativo de 30 á 35 pacientes renais ao

mês. Em abordagem ao leito a maioria referem ser hipertensos e diabéticos, e

que não realizam tratamento assíduo á doença, outros referem ainda descobrir

hipertensão somente quanto chegam á unidade. Esses dados sugerem

deficiências na atenção primária á saúde, levando aos mesmos o diagnóstico

tardio da doença renal, o que também vem a refletir em seu tratamento e para

um internamento prolongado, sem contar na mortalidade dos pacientes que

iniciam o tratamento de diálise.

De fato estamos trabalhando com uma população que só passa a ter

consciência de sua doença renal , quando esta prestes a iniciar o tratamento

dialítico, iniciando o tratamento emergencialmente com cateter temporário e

com péssimo controle metabólico, não tendo tempo muitas vezes para uma

avaliação com nefrologista para investigação diagnóstica.

Em acompanhamento realizado durante o primeiro trimestre deste ano,

podemos acompanhar melhor o perfil desses pacientes, através dos gráficos

abaixo.

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Quantitativos de atendimentos realizados mensal

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Janeiro Fevereiro Março

2440

480

16

28

0

24

20

Novos

Perman.

Total

Observações: Durante esses três meses acompanhamos um total de

112 pacientes entre os que permaneciam e os novos.

Neste gráfico buscamos descrever o quantitativo de pacientes que

chegam, a nossa unidade com diagnóstico de renal crônico. Em media

recebemos mensalmente de vinte (20) a trinta (30) pacientes por mês. Porém

o que nos chama atenção para este gráfico é que estes já chegam com

quadro fechado, demonstrando deficiências na atenção primária á saúde,

levando-os ao diagnóstico tardio da doença renal e dificuldades a referência

destes pacientes para o nefrologista em tempo hábil.

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Quantitativos de atendimentos realizados por gênero

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Janeiro Fevereiro Março

1119

2913

21

19

Fem.

Masc.

Observações: Esta contagem foi realizada de acordo com o total de

pacientes mensal.

Em se tratando de gênero temos um percentual equilibrado, visto que

cinqüenta e nove (59) pacientes são do sexo feminino e cinqüenta e três (53)

do sexo feminino.

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Quantitativo de atendimentos realizados por

ida

21 à 30 anos 31 à 40 anos 41 à 50 anos 51 à 60 anos acima de 60 anos

1 49

15

39

Observações: Estes quantitativos foram calculados pelo número de

pacientes novos.

A média de idade é variável, a faixa etária de 51-60 e acima de 60 foi a

que apresentou um maior número de pacientes.

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Quantitativos de pacientes hipertensos e diabéticos

Metade dos pacientes e ou maior parte referem algum outra doença,

dentre as mais comuns esta á Diabetes Millitus (DM) e a Hipertensão Arterial

Sistêmica (HAS) que como já vimos anteriormente são as principais

causadoras da Insuficiência Renal Crônica – IRC. Prevalecem um número

maior que referem possuir a doença e fazer tratamento assiduamente, porém

embora em número menor alguns refiram não saber, ou ainda desconhecer

qualquer problema, pelo falta de habito que tem de ir ao médico, acham que

só devem procuram atendimento médico quando estiverem doentes. Dentre

esses a relatos da dificuldade de transporte – falta de dinheiro para passagem

e distância, e ainda referem demora na marcação para um atendimento pelo

SUS.

Cabe ressaltar ainda que a maioria dos pacientes utilizam os serviços

de emergência como local primário de atenção á saúde e apenas alguns

pacientes utilizam os postos de saúde. Este pode explicar a discrepância entre

o acesso aos serviços de saúde refletindo na precária condição de saúde do

paciente ao iniciar o tratamento dialítico.

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Quantitativos de Obitos e de pacientes que recuperaram

função renal entre os meses de Janeiro á Março de 2011.

Obitos

Recuperou Função- RF

9

6

TOTAL

Infelizmente o número de óbitos tem sido relevante, porém esclarecidos

diante da realidade que já descrevemos, pois é através e ou durante o

tratamento ambulatorial regular em postos de saúde é que estes pacientes

podem receber tratamento adequado, visando controle de riscos e melhoria na

qualidade de vida. Quanto aos pacientes que recuperam função renal seguem

em tratamento assíduo com nefrologista em unidades básicas de saúde.

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1. 3 - COMO É REALIZADO O INGRESSO NOS PROGRAMAS

DE DIÁLISE

Após iniciar o tratamento no Hospital Municipal Drº Moacyr Rodrigues

do Carmo, verificando-se a necessidade de continuar com as sessões de

diálise e com a melhora clínica da doença, os pacientes são encaminhados

para tratamento fora do hospital. Este tratamento será realizado em clínicas

especializadas em diálise, chamadas Clínicas Satélites, localizadas no

município de origem de cada paciente, através de um cadastro.

Para realizar este cadastro, são necessários Xerox dos seguintes

documentos:

-Carteira de Identidade

- CPF – Cadastro de Pessoa Física

- Cartão do SUS – Sistema Único de Saúde

-Comprovante de Residência

Esses documentos junto com resultados de exames e a ficha de

cadastro são encaminhados pela equipe de nefrologia para a Secretária de

Saúde do Município de residência do paciente para cadastro e liberação de

vaga para clínica especializada.

Durante a fase de cadastro o paciente continuará internado na unidade

hospitalar até a liberação da vaga, quando será comunicado pela equipe de

nefrologia o local e dia de apresentação na clínica. Cabe ressaltar que esta

espera vária de dois a três meses.

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CAPÍTULO II

1. A REALIDADE VIVENCIADA DOS PACIENTES

RENAIS CRÔNICOS NO HOSPITAL MUNICIPAL DRº

MOACYR RODRIGUES DO CARMO

As alterações na vida dos pacientes são particularmente incômodas e

contínuas para eles, que em maioria sentem-se diferentes e excluídos, por

terem uma vida limitada, tornando necessária realizar atividades sócio-

educativas para que eles tenham maior conhecimento sobre sua doença renal

e seu tratamento, e adquiram segurança e subsídios para o autocuidado,

tendo melhor adesão ao tratamento.

Percebemos freqüentemente na prática e no dia a dia com esses

pacientes, a carência que existe de um modo geral, de um enfoque educativo,

construído com a participação dos pacientes, priorizam apenas as ações

terapêuticas e medicamentosas.

Cabe ressaltar que todos os pacientes renais internados em nossa

unidade recebem visita individual ao leito de uma equipe multiprofissional (

médicos, enfermeiros, assistentes sociais e psicologia quando o médico

visitador avalia necessário), onde cada qual no seu fazer e saber profissional

ira contribuir para qualidade de vida desses pacientes em tratamento de

diálise. Essas visitas são diárias e é um momento que nos permite escutar os

pacientes e quando sim orientá-los.

Mediante a estas visitas podemos perceber que a grande maioria chega

á unidade sem saber informar se é Diabético ou Hipertenso, entendo que

estas são uma das principais doenças que levam ao tratamento de diálise.

Após receber o diagnóstico de Insuficiência Renal Crônica, os pacientes são

encaminhados para terapia substitutiva – hemodiálise.

Em abordagem a grande maioria não sabia de fato o porquê estavam

dialisando, o que é a hemodiálise e ainda que o tratamento é inevitável para

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suas vidas. Isso nos gera insatisfação e indignação, mas também nos convida

a pensar e agir de modo a modificar esta realidade.

Começamos então a ouvir as necessidades desses pacientes,

percebendo que estavam além de um tratamento que se quer conheciam,

muitos retratam dificuldades entre o saber popular e o saber científico dos

profissionais, nos levando a perceber o distanciamento entre o profissional e o

paciente. As manifestações ouvidas servirão para subsidiar um trabalho

voltado para os próprios.

Conforme coloca SILVA (2002), o processo de aceitação da doença tem

diferentes momentos e a vida dos pacientes renais não é um processo

simples, envolve culpa, medo, imaturidade, luta e muitos nunca aceitam a

doença apenas toleram.

A doença renal promove alterações diversas, levando-os a viver e

conviver na dependência, interferindo em seu trabalho e em sua capacidade

de ganhar a vida, trazendo dificuldades financeiras, econômicas e socais.

Percebemos através da escuta, em visitas realizadas ao leito que esses

pacientes sofrem alterações em sua auto-estima, são dominados muitas vezes

por sentimentos como tristeza, desânimo, desmotivação, nervosismo,

insegurança, insatisfação e até ausência de amigos e familiares. Isso nos leva

a buscar um trabalho multidisciplinar, onde cada qual com seu saber e fazer

profissional irá contribuir para qualidade de vida desses pacientes, sem conta

que a família desempenha um importante papel na vida desses pacientes.

Dentre as escutas destacamos algumas que vem refletindo diretamente

no tratamento desses pacientes, tão logo precisam ser trabalhadas:

• Falta de informação;

• Relação familiar;

• Situação trabalhista

• Dependência da previdência social

• Necessidade de transporte

Sem duvida nosso papel junto a esses pacientes caminha em

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orientações e acompanhamento, além de informações necessárias para o

tratamento, buscando medidas que possam auxiliá-los á continuidade do

tratamento, medidas educativas que conduzam mudanças do estado de vida,

criando uma relação de empatia e credibilidade entre nos profissionais e os

pacientes.

Diante do exposto fica evidente a necessidade de um trabalho

educativo que venha informar, esclarecer e orientar, esses pacientes a fim de

possibilitar mudanças.

O paciente renal crônico em tratamento de diálise padece de uma

patologia que diminui sua capacidade física, lhe impondo uma rotina de

tratamento que modifica todo seu viver e influencia em sua qualidade de vida,

tornando-se dependente de uma tecnologia para sobreviver sem que tenha

tido a oportunidade de se preparar física e psicologicamente.

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CAPITULO III

1. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Diante do exposto percebemos que a realidade de nosso município é de

um projeto e/ou programa de prevenção ou sócio-educativo para

esclarecimento de como podemos nos prevenir e ou cuidar melhor de nosso

rim, porém este está voltado para qualidade do atendimento realizado aos

pacientes internados, cujo quadro clínico é de insuficiência renal crônica, e que

por este motivo passa pelo tratamento de hemodiálise dentro de nossa unidade

de saúde.

Desse modo nossa atuação impõe um desafio, o de construir uma

intervenção qualificada enquanto profissional da saúde, com uma atuação

interdisciplinar, com ações inovadoras para realidade, indo além das práticas

rotineiras, implantando ações com as legitimas demandas da população

atendida.

Acreditamos assim que melhor qualidade de atendimento prestado á

esses pacientes, que seja criado um projeto voltado para os mesmos, cujo

objetivo geral venha ser a ressocialização desses pacientes renais crônicos, no

sentido de uma ação socioeducativa e/ou conscientizadora. Levando os

pacientes a descobrirem maneiras de viver dentro de seus limites e a

conviverem com a doença e o tratamento de hemodiálise, bem como identificar

suas necessidades, auxiliá-los e conscientizá-los que os próprios são

responsáveis por si mesmo e pelo seu tratamento. Dentro desta proposta que

seja realizado um trabalho de:

• Orientação quanto aos procedimentos para cadastro em clínicas

de hemodiálise - documentações, aonde o paciente venha não só entregar

documentação solicitada, mas entender a importância da entrega deste

documento bem como do cadastro.

• Realização de atividades de grupos com pacientes e suas

famílias, educando-os por meio de palestras, filmes e conversas com equipe

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que envolve o tratamento sobre hemodiálise, buscando esclarecer que o

mesmo pode levar uma vida normal basta ter aderência ao tratamento.

• Orientações e apoio sócio-familiar, na busca de ações mútua e de

melhor convivência familiar.

• Esclarecimentos e conscientização de familiares e

acompanhantes sobre a insuficiência renal crônica.

• Orientações quanto aos direitos previdenciários e sociais, tais

como: auxilio doença, aposentadoria por invalidez, benefícios, isenção do

imposto de renda, dentre outras.

• Sensibilização aos pacientes e seus familiares sobre a

importância do tratamento.

Além dos trabalhos acima citados, cabe como proposta uma campanha

de prevenção cujo objetivo venha ser de fornecer informações sobre Doença

Renal Crônica para população, visando o aumento da consciência dos

mesmos, sobre os aspectos globais e as principais formas de prevenção.

Estendendo esta campanha para as unidades básicas de saúde, e despertando

sobre a importância de um acompanhamento ambulatorial, bem como da

inserção em programas de saúde.

Também cabe a elaboração de uma cartilha como um instrumento

didático, facilitador para educação em saúde com base nas necessidades dos

pacientes. Buscamos, contudo, identificar questões que possam intervir no

tratamento, viabilizando o acesso aos direitos sociais, com a preocupação em

informá-los melhor, considerando que a informação é um grande instrumento

que visa o fortalecimento e a defesa do conhecimento dos seus direitos.

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1.1. Organização, Direção e Gestão da Saúde

Com a instituição da Constituição Federal de 1988, temos no Brasil a

extensão dos direitos sociais e o conceito de seguridade social estabelecido

como um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da

sociedade destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e

à assistência social; e que ao poder público compete, organizar a seguridade

social (Art.194).

No que tange a saúde, o texto constitucional acolhe grande parte das

reivindicações do movimento sanitário. Determina a saúde como direito de

todos e dever do Estado, garantida através de políticas sociais e econômicas

que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso

universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e

recuperação. Cabendo ao poder público dispor, nos termos da lei, sobre sua

regulamentação, fiscalização e controle (Art.196 e 197).

A Constituição estabelece um Sistema Único de Saúde (SUS), composto

por um conjunto de ações e serviços de saúde prestados por órgãos e

instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e

indireta e das fundações mantidas pelo poder público. A iniciativa privada

participa do SUS em caráter complementar. Este sistema é regulamentado pela

Lei Orgânica da Saúde (LOS) N° 8.080/90 e 8.142/90, que dentre outros trata

da organização e funcionamento dos serviços e da participação popular na sua

gestão.

Concernente a organização, direção e gestão do SUS, a Lei N° 8.080

dispõe sobre os mesmos no capítulo III, que no Art. 8 que declara as ações e

serviços de saúde, executadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), seja

diretamente ou mediante participação complementar da iniciativa privada,

serão organizados de forma regionalizada (planejamento integrado, de acordo

com a territorialidade, identificando as demandas da população) e

hierarquizada (divisão dos serviços de saúde em: primário, secundário, terciário

e quaternário) em níveis de complexidade crescente.

Entende-se por serviços Primários os prestados pelas Unidades Básicas

de Saúde (UBS), Centros e/ou Postos de Saúde, tais como: consultas simples

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(Clínica Geral, Pediatria, Ginecologia e Saúde Bucal); serviços de enfermagem,

atividades de educação em saúde, vacinação e vigilância epidemiológica e

sanitária; outras atividades clínicas (Oftalmologia e Psiquiatria), Programas

Preventivos e algumas unidades contam com Psicologia e serviço Social. Os

Secundários são constituídos pelos ambulatórios de especialidades e pelos

hospitais de baixa complexidade e resolutividade, capazes de realizar partos,

internações clínicas que exijam menos cuidados especializados e cirurgias

simples. É o maior apoio para os serviços de atenção primária. Os Terciários

são constituídos pelos hospitais de maior complexidade e resolutividade da

região ou do Estado. E os Quaternários são constituídos pelos hospitais

altamente especializados e com alto nível tecnológico e que, em geral, são

instituições de ensino e pesquisa. Possuem equipamento de ponta e pessoal

tecnicamente qualificado para tratamentos intensivos e normalmente envolvem

hospitalização e atendimento de profissionais pós-graduados. Atendem

questões de alta complexidade.

Tais serviços se dividem entre os entes da federação da seguinte forma:

Primários e Secundários – Municípios; Terciário – Estado e Quaternário -

União.

A direção do Sistema Único de Saúde é única, de acordo com o inciso I

do Art.198 da Constituição Federal. Único porque segue as mesmas regras e

princípios organizativos em todo território nacional, sendo exercidos em cada

esfera de governo – União (Ministério da Saúde), Estados, Distrito Federal e

Municípios (em suas respectivas Secretárias de Saúde). Caracterizando os três

níveis de gestão do Sistema – o Federal, o Estadual e o Municipal.

Estes possuem competências e funções comuns e específicas, em

virtude da descentralização enquanto princípio do SUS, compreendida como a

redefinição e a distribuição de funções a serem executadas por cada nível de

governo.

A perspectiva da Reforma Sanitária quanto à descentralização está para

além da transferência de competências e atribuições aos entes da federação,

admitiu ser “(...) um instrumento adequado para o uso e a redistribuição mais

eficiente dos orçamentos públicos, (...), reafirmada como meio de reduzir as

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desigualdades sociais e promover a equidade no acesso aos serviços sociais.”

(BRAVO, apud SOUZA (Orgs), 2006. p. 70-71).

Quanto às atribuições comuns registradas no Capítulo IV da Lei 8080/90

– Da Competência e das Atribuições, Seção I – nas diferentes esferas de

governo ser gestor do SUS, compreende a atividade e responsabilidade de

comandar um sistema de saúde, exercendo as funções de coordenação,

articulação, negociação, planejamento, execução, acompanhamento, controle,

avaliação e auditoria.

As especificas confere à direção federal a formulação e implementação

de políticas nacionais de saúde; o planejamento, a normalização, a avaliação e

o controle do SUS em nível nacional; O financiamento das ações e serviços de

saúde por meio de transferências de recursos públicos aos Estados e

Municípios. À direção estadual participação da formulação da política e da

execução de ações de saneamento básico, bem como a regulação

complementar e controle do SUS em nível estadual, colaborar com a União na

execução da vigilância sanitária, dar apoio técnico e financeiro aos municípios,

entre outros.

E a direção municipal executar a política de insumos e equipamentos

para saúde, controle e prestação de serviços de saúde diretos ou por meio de

consórcios administrativos intermunicipais. Financiamento com recursos

próprios e com recursos transferidos pelo gestor federal e estadual do SUS.

Nos últimos vinte anos a descentralização da saúde tem dado nova

forma a política setorial, visto que, “desde suas origens no pós-30 a

intervenção governamental na esfera social tem sido realizada em meio à

centralização política e à concentração de poder decisório no Executivo

federal”. (BRAVO, apud SOUZA (Orgs), 2006. p. 70).

Como resultante do processo de descentralização/municipalização da

gestão das políticas sociais, surgem os conselhos que se apresentam como

mediador na relação Estado/sociedade civil, na qualidade de instrumentos de

expressão, representação e participação popular, que segundo a Constituição

se dará na elaboração, implementação e fiscalização das políticas sociais.

No que se refere à saúde a participação popular é garantida

constitucionalmente e regulamentada pela Lei 8.142/90 que dispõe sobre sua

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participação na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), essa participação

popular/controle social fora concebida com o movimento de reforma sanitária, a

partir do processo de redemocratização da sociedade brasileira.

Os Conselhos de Saúde existem nos três níveis de gestão do SUS,

sendo formados por representantes do governo e da população usuária,

prestadores de serviços e profissionais de saúde, distribuídos de forma

paritária, ou seja, 50% de usuários e 50% de gestores, prestadores de serviços

e profissionais de saúde. Seu principal objetivo é debater, elaborar e fiscalizar a

política de saúde em cada esfera do governo. Para definir as prioridades e as

ações de saúde são realizados a cada quatro anos a Conferência de Saúde

com a representação dos vários segmentos sociais, visando influenciar as

discussões travadas nos Conselhos de Saúde.

1.2 – Atualidade

A partir dos anos 90 temos o redirecionamento do papel do Estado sob a

influência da ideologia Neoliberal. O grande capital ataca os avanços sociais

contidos na Constituição de 88, propõe uma reforma da Previdência e não da

Seguridade Social, com o intuito de desmontá-la. A idéia é – “Seguridade virou

previdência e previdência é considerada seguro”.

A Reforma do Estado/Contra-Reforma se constitui um meio de

desresponsabilizar o Estado quanto o desenvolvimento econômico e social,

para se tornar regulador, transferindo para o setor privado atividades que antes

eram suas. Conseqüentemente temos a redução dos direitos sociais e

trabalhistas, desemprego, precarização do trabalho, desmonte da previdência,

sucateamento da saúde e educação.

Com a vinculação da saúde ao mercado, a sociedade civil é

responsabilizada e obrigada a assumir o custo da crise como parceira do

Estado, causando uma refilantropização que se utiliza de agentes comunitários

e cuidadores que realizam atividades profissionais para reduzir os custos.

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No que diz respeito ao Sistema Único de Saúde (SUS), ocorre um

descumprimento da ordem constitucional e uma inércia do Governo Federal na

regulamentação e fiscalização, comprometendo a possibilidade de avanço do

SUS como política social, visto que com a precarização dos serviços, ocorre

um desrespeito ao princípio da eqüidade na alocação dos recursos públicos

pela não unificação dos orçamentos federais, estaduais e municipais. A

Reforma do Estado no setor da saúde propõe a separação do SUS em

hospitalar (de referência) e básico (através de programas focais).

Dois projetos vivenciam momentos de tensão nesse período: o Projeto

de Reforma Sanitária (construído na década de 1980 e inscrito na Constituição

Brasileira de 1988) que tem como uma de suas estratégias o Sistema Único de

Saúde (SUS), que foi resultado da mobilização dos profissionais de saúde e da

articulação com os movimentos populares. O Projeto de Reforma Sanitária tem

como principal preocupação assegurar a atuação do Estado na sociedade a

partir da concepção de um Estado democrático e de direito que se

responsabilize pelas políticas sociais e pela saúde; e o Projeto de Saúde

Articulada ao Mercado ou Modelo Médico Assistencial Privatista que está

relacionado a Política de Ajuste, tendo como principal estratégia a contenção

dos gastos com racionalização da oferta e a descentralização com isenção de

responsabilidade do poder central, propondo o atendimento focalizado através

dos pacotes básicos para o atendimento da população vulnerável, ampliação

da privatização com o estímulo do seguro privado e descentralização dos

serviços ao nível local. Esse Projeto tem como preocupação a garantia de um

mínimo aos que não podem pagar ficando para o setor privado o atendimento

dos que têm acesso ao mercado.

No primeiro mandato de Lula, a esperança era de que se reafirmasse o

Projeto de Reforma Sanitária, contudo com o questionamento deste nos anos

90, temos a consolidação do Projeto Privatista. Neste governo as políticas

sociais mantêm-se fragmentadas e submetidas à lógica econômica, o conceito

de seguridade social não se amplia, conservando as características das três

políticas do tripé. (Previdência – contributiva; Saúde – universal e Assistência

Social – focalizada).

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No atual governo Lula a disputa entre os dois projetos se mantêm, oras

se fortalece propostas do Projeto de Reforma Sanitária, oras se mantém as

ações do Projeto Privatista, como o reforço a focalização e o desfinanciamento

da saúde.

Contudo a política de saúde atual inova quando:

(...) retorno da concepção de Reforma Sanitária que, nos anos 90, foi totalmente abandonada; a escolha de profissionais comprometidos com a luta pela Reforma Sanitária para ocupar o segundo escalão do Ministério; as alterações na estrutura organizativa do Ministério da Saúde, sendo criadas quatro secretarias e extintas três; a convocação extraordinária da 12ª Conferência Nacional de Saúde e a sua realização em dezembro de 2003; a participação do ministro da saúde nas reuniões do Conselho Nacional de Saúde e a escolha do representante da CUT para assumir a secretaria executiva do Conselho Nacional de Saúde. (BRAVO, apud MOTTA (Orgs), 2006. p. 102)

Com as mudanças na organização do Ministério da Saúde foi criada a

Secretaria de Gestão do trabalho em Saúde a fim de formar recursos humanos

para atuar na saúde, como também regulamentar as profissões e o mercado de

trabalho deste setor. Pois se faz necessário enfrentar a questão de recursos

humanos para o SUS, visto ser este um grande problema para o sistema.

Criou-se a Secretaria de Atenção à Saúde para unificar as ações de

atenção básica, ambulatorial e hospitalar incorporando as atribuições das

antigas secretarias (Política de Saúde e de Assistência à Saúde). E também foi

formada a Secretaria de Gestão Participativa, destinada a corroborar o controle

social, constituir as conferências de saúde e estabelecer a ligação/contato do

Ministério da Saúde com as demais esferas de governo e com a sociedade.

Realizou-se a 12ª Conferência Nacional de Saúde (CNS), com o

propósito de determinar orientações para o plano plurianual de saúde do

governo e as principais diretivas a serem incluídas no sistema de saúde. A

expectativa era que esta fosse um marco expressivo para Saúde, como a 8ª

Conferência realizada em 1986, fato que não ocorreu, visto que, a mesma não

ampliou o número de participantes, o investimento no fortalecimento da

Reforma Sanitária, como também no da concepção de Seguridade Social.

Assim como ocorreram algumas ações do atual governo voltadas para o

Projeto da Reforma Sanitária, houve também a continuidade da política de

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saúde dos anos 90, dirigidas a focalização, precarização, terceirização dos

recursos humanos, desfinanciamento, falta de interesse em viabilizar a

concepção de Seguridade Social como já mencionado. Bravo (BRAVO, apud

MOTTA (Orgs), 2006. p. 104) demonstra alguns exemplos desta continuidade:

(...) Como exemplo de focalização podem ser destacados a centralidade do Programa Saúde da Família (PSF), sem alterá-lo significativamente para que se transformem em estratégia de organização da atenção básica em vez de ser um programa de extensão de cobertura para as populações carentes. (...) Outro aspecto que está relacionado mais diretamente com a precarização e terceirização dos recursos humanos refere-se à ampliação da contratação de agentes comunitários de saúde e a inserção de outras categorias que não são regulamentadas: auxiliar e técnico de saneamento, agente de vigilância sanitária, agentes de saúde mental (...). (BRAVO, apud MOTTA (Orgs), 2006. p.. 104)

O desfinanciamento da saúde configura-se grave problema para o setor,

visto estar articulado ao gasto social do governo que tem a responsabilidade de

planejá-lo e prove-lo. Tal feito estimula a manutenção da política focal e da

precarização e terceirização dos recursos humanos proposto pela política de

saúde dos anos 90.

Vários são os problemas que o SUS enfrenta com relação ao seu

financiamento, desde sua desvinculação do CPMF da receita do setor saúde a

ameaça de desvinculação de recursos providos pela União, Estado e

Municípios, determinado na Constituição, obrigando a cada esfera de governo

destinar parte de todo dinheiro arrecadado para saúde.

Enfim temos no atual governo o fortalecimento das idéias focalista, a

defesa do papel do Estado na saúde atendendo os segmentos mais pobres da

população, a universalização cada vez mais distante de ser alcançada. O

Projeto Privatista tem prevalecido sobre o Projeto de Reforma Sanitária.

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1.3.Um olhar sobre o problema Renal no Hospital Municipal Drº

Moacyr Rodrigues do Carmo

A hemodiálise é um procedimento complexo que exige matérias

específicos, equipamentos precisos e profissionais capacitados. A limitação

dos recursos tem sido um problema sério que tem atingido não só os setores

públicos, como também o privado. A maioria das unidades demonstra um

imenso esforço em equipar suas unidades para realizar o tratamento com

qualidade. Porém o maior problema no custo da diálise tem sido o crescente

número de pacientes renais.

O número de centros de diálise aumentou, estima-se que o gasto com a

compra de máquinas também, porém a sobrevivência dos pacientes tem sido a

mesma. No Brasil tem se preocupado muito com materiais importados.

É evidente que o tratamento dialítico teve melhoras e grandes

investimentos em sua qualidade, com organização e adequação, porém os

centros de diálise vive situações financeiras precárias, sendo pressionados a

prestar serviços cada vez mais sofisticados sem remuneração adequada para

fazer frentes a esses gastos de avanços.

No Hospital Municipal Drº Moacyr Rodrigues do Carmo esse tratamento

é financiado pelo SUS, através de parcerias com clínicas particulares

especializadas em diálise. Como já descrevemos trata-se de uma unidade de

alta complexidade, ou seja, nosso atendimento é emergencial e imediato,

porém devemos refletir por se tratar da longa espera que os pacientes

vivenciem aguardando na unidade vagas para clínicas satélites.

Podemos dizer que nosso problema em se tratando dos renais em nossa

unidade, refere exatamente na qualidade do atendimento prestado. Torna-se

relevante suscitar reflexões sobre o cotidiano dos pacientes em tratamento de

olhar o renal não como um doente, mas pensar em sua saúde de um modo

geral ( doença x saúde), ou seja, ir além de vê-los como doentes, mais buscar

qualidade de vida mesmo neste momento.

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Nesta dependência real da diálise, o paciente se vê impotente perante

ele mesmo, perdendo sua liberdade e independência em função do tratamento,

cabendo-lhe pensar em uma nova forma de adaptação de vida. Neste

momento qualidade de vida depende também do empenho de familiares junto

ao paciente, amparando-o e não negligenciando ou fragilizando-os.

Através de nosso cotidiano com esses pacientes percebemos que além

das necessidades patológicas e tecnológicas, exige-se também um cuidado

especial diante da permanência prolongada, a necessidade de priorizar o

tratamento humanizado, de criar espaços para oficinas, sala de espera, com

espaços interdisciplinares centrados no paciente, espaços que possam

colaborar para sua autonomia.

Cabe ressaltar que uma cultura humanizada leva tempo para ser

construída, envolve valores, conscientização e sensibilização, sendo primordial

o envolvimento de todos do sistema: paciente, direção, profissionais e

gestores.

O maior problema encontrado dentro da unidade dentre outros, esta na

crescente população que vem chegando á unidade em perfil crônico, e como já

sinalizamos a necessidade de se investir nas unidades básicas e em

campanhas de prevenções, concomitantemente pensar nestes pacientes

dentro na unidade, sua instalação. Surge com esse crescente numero a

necessidade de se criar espaços apropriados para este, ou seja, um setor de

diálise, onde possamos trabalhar humanizadamente. Normalmente o

tratamento é feito nas enfermarias, podemos então começar a pensar em

ampliar esse espaço e deixá-lo mais confortável

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho foi proposto com base em conhecimentos acumulados

durante nossa atuação com pacientes renais. Por meio desta podemos

conhecer um pouco mais sobre a vida do renal crônico em hemodiálise no

Hospital Municipal Moacyr Rodrigues do Carmo.

Percebe-se que as necessidades diante de todas as complicações e

limitações que a doença proporciona ao portador,

os pacientes renais crônicos têm sua qualidade de vida prejudicada devido seu

tratamento contínuo, o qual possui rotinas desconfortáveis, e por vez, até

dolorosas.

Trabalhar com renais crônicos incide em lidar com a dor, o sofrimento e

perdas constantes, cabe-nos pensar esta prática de forma interdisciplinar, cuja

possibilidade venha ser qualidade de vida para essas pessoas. A hemodiálise

movimenta milhões ao mês, precisamos olhar esses pacientes não como

números ou estatísticas, mas como indivíduos que querem ter simplesmente

uma vida normal.

É possível dizer que os pacientes renais crônicos em hemodiálise não

possuem satisfatoriamente uma qualidade de vida. Neste ínterim, tal visão

ratifica-se nas situações: falta assistência medica; falta mais atenção dos

profissionais; falta conhecimento, educação continuada; faltam mais máquinas

de hemodiálise, remédio, comida; melhor atenção do governo para renal

crônico.

Falar em qualidade de atendimento, em uma unidade de alta

complexidade, que não tem como referência tratar de renais, é complicado,

visto que seu suporte a estes pacientes vem sendo emergencial, ou seja, a

passagem desses pacientes em nossa unidade é rápida, assim temos um

atendimento e ações imediatas. Porém esse pouco tempo vem sendo

suficiente para nos despertar enquanto profissionais de saúde, e perceber um

alto índice de pacientes que já chegam crônicos em nossa unidade. Reflexo

que pode ser calculado pela deficiência na atenção primária á saúde, o que

consequentemente leva ao diagnóstico tardio da doença.

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Notamos com isso que um expressivo percentual de pacientes utiliza os

serviços de emergência como local primário de atenção á saúde.

Mediante contato com esses pacientes, ficou clara a importância do

profissional de saúde na busca de soluções das limitações provocadas pela

IRC e pelo árduo tratamento.

Enquanto profissionais atuando diretamente com os pacientes renais,

devemos buscar ajudar os pacientes a desenvolverem sua alto- imagem,

levando-os a descobrirem novas maneiras de viver e a conviver com suas

limitações e a desenvolverem um novo estilo de vida, que lhes permitam

assumir responsabilidades pelo seu tratamento e sua vida, sendo ativo á

sociedade.

Cabe ressaltar a necessidade de se trabalhar não só com os pacientes

em suas comodidades, mas também com a famílias, visto que as mesmas tem

capacidade de prover necessidades de seus membros, e as fragilidades nos

laços familiares atinge importantes raízes da vida dos indivíduos.

Percebemos também uma necessidade de se investir em educação em saúde,

promoção na saúde por meios de ações educativas que possam gerar redução

de riscos. Precisamos também capacitar profissionais para uma melhor

compreensão á esses pacientes.

Cabe-nos buscar estratégias que possam favorecer e ampliar as

perspectivas de uma vida melhor com o compromisso, o engajamento e a

responsabilidade em campanhas junto á sociedade para conscientização de

que prevenir é melhor do que remediar.

Espera-se que este trabalho possa despertar nos e incentivarmos na

realização de estratégias de mudanças. Visto que temos enquanto profissionais

da saúde, que pensar uma pratica que nos leve a modificar a realidade

apresentada. Já que partimos do princípio de que a “ saúde é direito de todos

e dever do estado, garantido mediante políticas sociais.” Implantando ações

com as legitimas demandas da população atendida.

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ANEXOS

Índice de anexo

ANEXO 1 >>> PORTARIA Nº 1168/GM Em 15 de junho de 2004

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ANEXO I

PORTARIA Nº 1168/GM Em 15 de junho de 2004

Institui a Política Nacional de Atenção ao Portador de Doença Renal, a ser implantada em todas as unidades federadas, respeitadas as competências das três esferas de gestão.

O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso de suas atribuições, e

Considerando a Constituição Federal, no capítulo saúde, em seus artigos 196 a

200 e as Leis Orgânicas da Saúde nºs 8.080 de 19 de setembro de 1990, e

8.142 de 28 de dezembro de 1990;

Considerando a importância epidemiológica das doenças renais e da

insuficiência renal crônica no Brasil;

Considerando a magnitude social da doença renal na população

brasileira e suas conseqüências;

Considerando o quadro de morbidade do País, composto por elevada

prevalência de patologias que levam às doenças renais;

Considerando as condições atuais de acesso da população brasileira

aos procedimentos de Terapia Renal Substitutiva;

Considerando a possibilidade de êxito de intervenção na história natural

da doença renal por meio de ações de promoção e prevenção, em todos os

níveis de atenção à saúde;

Considerando os custos cada vez mais elevados dos procedimentos de

diálise;

Considerando a necessidade de estruturar uma rede de serviços

regionalizada e hierarquizada que estabeleça uma linha de cuidados integrais e

integrados no manejo das principais causas das doenças renais, com vistas a

minimizar o dano da doença renal no País, melhorar o acesso dos pacientes ao

atendimento especializado em nefrologia e melhorar o acesso do paciente à

Terapia Renal Substitutiva;

Considerando a necessidade de aprimorar os regulamentos técnicos e

de gestão em relação ao tratamento de diálise no País;

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Considerando a necessidade da implementação do processo de

regulação, fiscalização, controle e avaliação da atenção ao portador de doença

renal, com vistas a qualificar a gestão pública a partir de Centrais de Regulação

que integrem o Complexo Regulador da Atenção, conforme previsto na Portaria

nº 356/SAS/MS, de 22 de setembro de 2000, e na Norma Operacional da

Assistência à Saúde - NOAS-SUS 01/2002;

Considerando a responsabilidade do Ministério da Saúde de estimular a

atenção integral às patologias que, com maior freqüência, levam à doença

renal, por meio da implantação e implementação de medidas de prevenção e

controle, nos três níveis de atenção; e Considerando a necessidade de

promover estudos que demonstrem o custo-efetividade e analisem a qualidade

dos procedimentos de Terapia Renal Substitutiva,

R E S O L V E:

Art. 1° Instituir a Política Nacional de Atenção ao Portador de Doença

Renal a ser implantada em todas as unidades federadas, respeitadas as

competências das três esferas de gestão.

Art. 2° Estabelecer que a Política Nacional de Atenção ao Portador de

Doença Renal seja organizada de forma articulada entre o Ministério da Saúde,

as Secretarias de Estado da Saúde e as Secretarias Municipais de Saúde,

permitindo:

I - desenvolver estratégias de promoção da qualidade de vida, educação,

proteção e recuperação da saúde e prevenção de danos, protegendo e

desenvolvendo a autonomia e a eqüidade de indivíduos e coletividades;

II - organizar uma linha de cuidados integrais (promoção, prevenção,

tratamento e recuperação) que perpasse todos os níveis de atenção,

promovendo, dessa forma, a inversão do modelo de atenção;

III - identificar os determinantes e condicionantes das principais patologias

que levam à doença renal e ao desenvolvimento de ações transetoriais de

responsabilidade pública, sem excluir as responsabilidades de toda a

sociedade;

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IV - definir critérios técnicos mínimos para o funcionamento e avaliação

dos serviços públicos e privados que realizam diálise, bem como os

mecanismos de sua monitoração com vistas a diminuir os riscos aos quais fica

exposto o portador de doença renal;

V - ampliar cobertura no atendimento aos portadores de insuficiência

renal crônica no Brasil, garantindo a universalidade, a eqüidade, a

integralidade, o controle social e o acesso às diferentes modalidades de

Terapia Renal Substitutiva (diálise peritoneal, hemodiálise e transplante);

VI - ampliar cobertura aos portadores de hipertensão arterial e de

diabetes mellitus, principais causas da insuficiência renal crônica no Brasil;

VII - fomentar, coordenar e executar projetos estratégicos que visem ao

estudo do custo-efetividade, eficácia e qualidade, bem como a incorporação

tecnológica do processo da Terapia Renal Substitutiva no Brasil;

VIII - contribuir para o desenvolvimento de processos e métodos de

coleta, análise e organização dos resultados das ações decorrentes da Política

Nacional de Atenção ao Portador de Doença Renal, permitindo que a partir de

seu desempenho seja possível um aprimoramento da gestão, disseminação

das informações e uma visão dinâmica do estado de saúde das pessoas com

doença renal e dos indivíduos transplantados;

IX - promover intercâmbio com outros subsistemas de informações

setoriais, implementando e aperfeiçoando permanentemente a produção de

dados e garantindo a democratização das informações; e

X - qualificar a assistência e promover a educação permanente dos

profissionais de saúde envolvidos com a implantação e implementação da

Política de Atenção ao Portador de Doença Renal, em acordo com os

princípios da integralidade e da humanização.

Art. 3° Definir que a Política Nacional de Atenção ao Portador de Doença

Renal, de que trata o artigo 1º desta Portaria, deve ser instituída a partir dos

seguintes componentes fundamentais:

I - atenção básica: realizar ações de caráter individual ou coletivo,

voltadas para a promoção da saúde e prevenção dos danos, bem como as

ações clínicas para o controle da hipertensão arterial, do diabetes mellitus e

das doenças do rim que possam ser realizadas neste nível. Tais ações terão

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lugar na rede de serviços básicos de saúde (Unidades Básicas de Saúde e

Equipes da Saúde da Família). De acordo com a necessidade local, o gestor

poderá instituir uma equipe de referência da atenção básica com a função de

tutoria e, ou referência assistencial à rede de serviços básicos de saúde, cuja

regulamentação será definida em portaria da Secretaria de Atenção à Saúde;

II - média complexidade: realizar atenção diagnóstica e terapêutica

especializada garantida a partir do processo de referência e contra referência

do portador de hipertensão arterial, de diabetes mellitus e de doenças renais.

Essas ações devem ser organizadas segundo o Plano Diretor de

Regionalização (PDR) de cada unidade federada e os princípios e diretrizes de

universalidade, eqüidade, regionalização, hierarquização e integralidade da

atenção à saúde. Para desempenhar as ações neste nível de atenção, o gestor

poderá instituir um Centro de Referência especializado em hipertensão e

diabetes, cuja regulamentação será definida em portaria da Secretaria de

Atenção à Saúde;

III - alta complexidade: garantir o acesso e assegurar a qualidade do

processo de diálise visando alcançar impacto positivo na sobrevida, na

morbidade e na qualidade de vida e garantir eqüidade na entrada em lista de

espera para transplante renal. A assistência na alta complexidade se dará por

meio dos Serviços de Nefrologia e dos Centros de Referência em Nefrologia,

cuja regulamentação será definida em portaria da Secretaria de Atenção à

Saúde;

IV - plano de Prevenção e Tratamento das Doenças Renais, que deve

fazer parte integrante dos Planos Municipais de Saúde e dos Planos de

Desenvolvimento Regionais dos Estados e do Distrito Federal;

V - regulamentação suplementar e complementar por parte dos Estados,

do Distrito Federal e dos Municípios, com o objetivo de regular a atenção ao

portador de doença renal;

VI - a regulação, a fiscalização, o controle e a avaliação de ações de

atenção ao portador de doença renal serão de competência das três esferas de

governo;

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VII - sistema de informação que possa oferecer ao gestor subsídios para

tomada de decisão para o processo de planejamento, regulação, fiscalização,

controle e avaliação e promover a disseminação da informação;

VIII - protocolos de conduta em todos os níveis de atenção que permitam

o aprimoramento da atenção, regulação, fiscalização, controle e avaliação;

IX - capacitação e educação permanente das equipes de saúde de todos

os âmbitos da atenção, a partir de um enfoque estratégico promocional,

envolvendo os profissionais de nível superior e os de nível técnico, em acordo

com as diretrizes do SUS e alicerçada nos pólos de educação permanente em

saúde;

X - acesso aos medicamentos da assistência farmacêutica básica e aos

medicamentos excepcionais, previstos em portaria do Ministério da Saúde,

disponibilizados pelo SUS.

Art. 4º Criar uma Câmara Técnica, subordinada à Secretaria de Atenção

à Saúde, com o objetivo de acompanhar a implantação e implementação da

política instituída pelo artigo 1º desta Portaria.

Art. 5º Determinar à Secretaria de Atenção à Saúde, isoladamente ou em

conjunto com outras áreas e agências do Ministério da Saúde, que, no prazo

de 90 (noventa) dias, adote todas as providências necessárias à plena

estruturação da Política Nacional de Atenção ao Portador de Doença Renal

instituída por esta Portaria.

Art. 6º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação,

Art. 7º Ficam revogadas as Portarias nº 82/GM, de 3 de janeiro de 2000, publicada no DOU nº 27-E, de 8 de fevereiro de 2000, Seção 1, página 13, e nº 1.654/GM, de 17 de setembro de 2002, publicada no DOU nº 181, de 18 de setembro de 2002, Seção 1, página 43.

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