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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
LIXO HOSPITALAR E MEIO AMBIENTE
Por: Solange Cristina Coelho Marques
Orientador
Prof.ª Ana Paula Alves Ribeiro
Rio de Janeiro
2011
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
LIXO HOSPITALAR E MEIO AMBIENTE
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Administração
em Saúde.
Por: Solange Cristina Coelho Marques
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AGRADECIMENTOS
A Deus, pois ele criou tudo de bom que
há no mundo.
O incentivo da família, o empenho dos
professores e o apoio dos colegas.
E a professora Ana Paula, pelo carinho
e paciência.
4
DEDICATÓRIA
Dedico ao meu marido Benedito e minhas
filhas Camila e Sarita, que sempre
contribuem com palavras de incentivo aos
meus projetos.
Aos meus pais, que me trilharam no
caminho do bem.
“Você deve ser a mudança que quer ver
no mundo”.
Gandhi
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RESUMO
O mundo preocupado com as mudanças climáticas, devido ao uso
excessivo dos recursos retirados do meio ambiente, começa a olhar de forma
mais conscientes para um dos mais graves problemas do nosso século, o que
fazer com o lixo, buscando soluções urgentes que possam estabelecer
melhorias reparadoras, e sustentáveis ao que até então era visto como fonte
inesgotável, hoje começa a definhar e dar sinais de esgotamento.
Infelizmente agravando ainda mais a situação do lixo, temos os
hospitais, que não descartam o seu lixo de acordo com os padrões
estabelecidos. Muitos se limitam a encaminhar a totalidade de seu lixo para
sistemas de coleta especial dos departamentos de limpeza municipal, quando
estes não existem, lançam diretamente em lixões ou simplesmente “incineram”
seus resíduos.
Quando os resíduos dos serviços de saúde são descartados
inadequadamente no meio ambiente provocam alterações no solo, na água e
no ar, além de causarem danos a diversas formas de vida. Com a
possibilidade de resultar em sérios problemas ambientais, sanitários e sociais,
os resíduos sólidos são maximizados de acordo com o risco que cada um
representa.
Palavra chave: meio ambiente, lixo, saúde.
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METODOLOGIA
Para realização deste trabalho, foram feitas pesquisas bibliográficas, e
pesquisa a periódicos científicos, tais como Scielo e New Lab, a pesquisa dos
livros,os principais autores foram Ogenis Magno Brilhante e Luiz Querino de A.
Caldas; Giselle Rocas, Rose Mary Latini; Arlindo Philippi Jr; sites do governo,
relacionados a saúde; uma reportagem do Fantástico, e, em textos publicados
nos Manuais da Vigilância Sanitária e Gerenciamento dos Resíduos de Serviço
de Saúde deram embasamento para essa monografia.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - LIXO 09
CAPÌTULO II – O MEIO AMBIENTE 16
CAPITULO III – LIXO HOSPITALAR E O MEIO AMBIENTE 21
CAPITULO IV - O LIXO HOSPITALAR NO RJ 24 CONCLUSÃO 27
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BIBLIOGRAFIA CITADA (opcional)
ANEXOS
ÍNDICE
FOLHA DE AVALIAÇÃO
8
INTRODUÇÃO
O tema é de suma importância, pois, o lixo que produzimos em um
hospital é resultado de procedimentos para promoção ou prevenção da saúde,
e se jogarmos esse lixo na natureza, estamos contribuindo para um meio
ambiente mais deteriorado, consequentemente, teremos mais pessoas
doentes.
A pesquisa que foi feita quer mostrar que com descarte consciente,
diminuiremos a destruição do meio ambiente (rio, água e florestas), e se
reciclarmos o lixo, ainda, contribuirá com vários ONG de reciclagem.
O capítulo inicial, será sobre o lixo hospitalar, historia definição e
normas para o seu descarte e o que pode ocasionar o lixo desprezado em
qualquer lugar, os riscos que corremos e as doenças que podem advir.
No capítulo dois, o meio ambiente, será definido e o que esta
realmente acontecendo com ele e quais os danos que estamos presenciando
nos dias de hoje, as mudanças climáticas.
No terceiro, será um dialogo entre o lixo hospitalar e o meio ambiente,
o que tem sido feito e o que pode ser melhorado. Como fazer para que as
normas e os regulamentos existentes sejam respeitados; dando uma ênfase
mais aprimorada do descarte consciente.
O epílogo é uma breve história do que uma das cidades mais lindas do
mundo, o Rio de Janeiro, faz com o seu lixo.
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CAPÍTULO I
LIXO
Segundo Velloso1, o lixo é descrito como o resíduo desprezado e
temido pelo homem, representa o resto da atividade humana ou a sobra
indesejada de um processo de produção, que tanto pode estar associada à
eliminação de microorganismos patogênicos veiculados pelos fluidos e dejetos
corporais como ao descarte de resíduos atômicos, radioativos e industriais
poluentes.
1.1 – História do Lixo
Na idade média , segundo Velloso, a maioria dos restos resultantes da
atividade do homem estava diretamente relacionada aos resíduos excretares
do ser humano, também havia restos de alimentos – carcaças de animais,
cascas de frutas e hortaliças.
O homem, começou a sentir medo, segundo Velloso, quando os restos
foram associados ao sofrimento físico e psíquico. Esse sofrimento ficou bem
marcado na ocasião do surto manifestado pelas epidemias e pandemias de
algumas doenças na Idade Média, mais precisamente pela peste negra no
continente europeu durante o século XIV.
1.2 – Lixo Hospitalar
O lixo hospitalar ou como é chamado atualmente, resíduo de serviço de
saúde, é definido como:
Resíduo de serviço de saúde é todo aquele gerado por prestadores de assistência médica, odontológica, laboratorial,
1Velloso, Marta Pimenta publicado na revista Ciência e Saúde Coletiva pg 1953, ano 2008
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farmacêutica, instituições de ensino e pesquisa médica,relacionados à população humana, bem como veterinário, possuindo potencial risco, em função da presença de materiais biológicos capazes de causar infecção, produtos químicos perigosos, objetos perfuro cortantes efetiva ou potencialmente contaminados e mesmos rejeitos radioativos, necessitando de cuidados específicos de acondicionamento, transporte, armazenamento, coleta e tratamento. (OMS, 2003)
1.2.1 – Classificação e sua periculosidade
O lixo de acordo com a RDC ANVISA n. 306/04 e Resolução n. 358/05,
os RSS são classificados em cinco grupos: Grupo A - Risco Biológico; Grupo
B - Risco Químico; Grupo C - Rejeitos Radioativos; Grupo D - Resíduo
Comum; e Grupo E –Perfurocortantes.
Resíduos biológicos - culturas de microrganismos de laboratórios de
análises clínicas; bolsas de sangue ou hemocomponentes; descarte de
vacinas; órgãos, tecidos e líquidos corpóreos; agulhas, lâminas de bisturi,
vidrarias de laboratórios;
Resíduos químicos - Medicamentos de risco, vencidos ou mal
conservados; produtos químicos usados em laboratórios de análises clínicas;
efluentes de processadores de imagem.
Rejeitos radioativos - Material radioativo ou contaminado com
radionuclídeo, usado na medicina nuclear, laboratórios de análises clínicas e
radioterapia.
Resíduos comuns que se equiparam aos domiciliares - Restos de
refeições de pacientes sem doenças contagiosas; sobras do preparo de
refeições; fraldas e papel de uso sanitário, absorventes; papéis, plásticos e
material de limpeza.
Resíduos perfurocortantes - materiais perfurocortantes ou
escarificantes, tais como agulhas, lâminas e vidros.
1.2.2 – Identificação
Conforme a ANVISA 306 (2004), a identificação deve ser feita nos
locais de acondicionamento, coleta, transporte e armazenamento. Esta
identificação deve ser em local de fácil visualização e com simbologia
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conforme a NBR 7500 da ABNT. A simbologia de identificação dos cinco
grupos de resíduos é explicada.
Fonte: Site Limpurb
1.2.3 – Coleta e transporte
De acordo com as normas NBR 12810 e NBR 14652 da ABNT, a
coleta deverá ser feita diariamente ou no mínimo três vezes por semana
para o armazenamento externo, com o objetivo de manter a integridade das
embalagens.
As pessoas envolvidas na coleta e transporte dos RSS devem
observar rigorosamente a utilização dos EPIs e EPCs adequados. O transporte
pode ser feitos por diferentes tipos de veículos, de pequeno até grande porte,
dependendo da concessionária de limpeza pública.
1.2.4 – Tratamento e Disposição Final
SIMBOLOGIA
ORIENTAÇÃO
O grupo A é identificado pelo símbolo de substância infectante, com rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos.
O grupo B é identificado pelo símbolo de risco associado e com discriminação de substancias químicas e frase de risco
O grupo C é representado pelo símbolo internacional de presença de radiação ionizante (trifólio de cor magenta) em rótulos de fundo amarelo e contornos pretos, acrescido da expressão REJEITO RADIOATIVO.
O grupo D é identificado pelo símbolo de material reciclável. Caso haja reciclagem, a identificação adotada deve usar códigos, cores e nomeações baseadas na Resolução CONAMA 275/01.
O grupo E é identificado pelo símbolo de substância infectante constante, com rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos, acrescido da inscrição de RESÍDUO PERFUROCORTANTE, ou INFECTANTE, indicando o risco que apresenta o resíduo.
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Entende-se por tratamento dos resíduos sólidos, de forma genérica,
quaisquer processos manuais, mecânicos, físicos, químicos ou biológicos que
alterem as características dos resíduos, visando à minimização do risco à
saúde, a preservação da qualidade do meio ambiente, a segurança e a saúde
do trabalhador.
O tratamento pode ser feito no estabelecimento gerador ou em outro
local, observadas, nestes casos, as condições de segurança para o transporte
entre o estabelecimento gerador e o local do tratamento. Os sistemas para
tratamento de RSS devem ser objetos de licenciamento ambiental, de acordo
com a Resolução CONAMA nº 237/97, e são passíveis de fiscalização e de
controle pelos órgãos de vigilância sanitária e de meio ambiente.
A COMLURB explica que:
Os EAS localizados na malha urbana só poderão instalar equipamentos individuais de tratamento de resíduos infectantes mediante autorização prévia dos órgãos ambientais responsáveis e de acordo com o licenciamento ambiental previsto para tais.
1.2.5 - Tecnologias de Tratamento dos RSS:
Existem várias formas de tratamento, as mais usadas são:
Autoclavagem
É um tratamento que consiste em manter o material contaminado em contato
com vapor de água.
Fonte:cheiroverdeambiental
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Microondas
É uma tecnologia relativamente recente de tratamento de resíduo de serviços
de saúde e consiste na descontaminação dos resíduos com emissão de
ondas de alta ou de baixa freqüência, a uma temperatura elevada (entre 95 e
105ºC). Após processados, esses resíduos tratados devem ser
encaminhados para aterro sanitário licenciado pelo órgão ambiental.
Incineraçao
É um processo de tratamento de resíduos sólidos que se define como a
reação química em que os materiais orgânicos combustíveis são gaseificados,
num período de tempo prefixado.
Fonte: cheiroverdeambiental
1.3 – Legislação brasileira
No Brasil conta com diversas leis, resoluções, decretos, portarias,
normas, que por si só não suprem a necessidade de solucionar os problemas
do descarte dos resíduos sólidos de saúde, mas já orienta e cobra do
responsável uma postura sobre o destino do lixo.
Os órgãos principais que regulamentam o gerenciamento dos resíduos
de serviços de saúde são ANVISA, CONAMA, respectivamente ligadas ao
Ministério da Saúde e ao Sistema Nacional do Meio Ambiente.
1.4 – Problemática dos resíduos de serviços de saúde Segundo, Garcia2, os grandes geradores possuem maior consciência a
respeito do planejamento adequado e necessário para o gerenciamento dos
2 GARCIA, Leila Posenato and ZANETTI-RAMOS, Betina Giehl. Gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde: uma questão de biossegurança. Cad. Saúde Pública [online]. 2004, vol.20, n.3, pp. 744-752.
14
resíduos de serviços de saúde. Enquanto que os pequenos geradores muitas
vezes não possuem essa consciência e os conhecimentos necessários
No mesmo texto, condena o descarte nos domicílios, de resíduos de
saúde indevidamente. Por exemplo, pacientes diabéticos que administram
insulina injetável diariamente e usuários de drogas injetáveis, geram resíduos
perfurocortantes, que geralmente são dispostos juntamente com os resíduos
domiciliares comuns.
De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico,
realizada pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
são coletadas diariamente 228.413 toneladas de resíduos no Brasil. Em geral,
estima-se que 1% desses corresponda aos resíduos de serviços de saúde,
totalizando aproximadamente 2.300 toneladas diárias.
1.5 – Riscos decorrentes de descarte indevido
No nosso país, uma pequena parte obedece ao descarte consciente,
isto é, dentro das normas estabelecidas; logo, uma grande parte dos resíduos
de saúde, vai parar nos lixões ou será depositado em aterros sanitários
indevidamente.
Silva3, apresenta algumas doenças relacionadas aos microrganismos
patogênicos presentes nos resíduos de saúde.
3 SILVA, Aída Cristina do Nascimento; BERNARDES, Ricardo Silveira; MORAES, Luiz Roberto Santos and REIS, Joana D'Arc Cad. Saúde Pública [online]. 2002, vol.18, n.5, pp. 1401-1409,
15
Fonte: caderno de saúde pública
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CAPÍTULO II
MEIO AMBIENTE
Ao contrario do homem da idade média, o homem atual, retira da
natureza, insumos para sua sobrevivência, excede da utilização desses
recursos interferindo no meio ambiente, ocasionando grande desequilíbrio ao
nosso planeta.
2.1 – Definição
Fogliatti4, considera Meio Ambiente como o conjunto de elementos
constituído pelas águas interiores ou costeiras, superficiais ou subterrâneas,
subsolo, ar, flora, fauna e comunidades humanas e os seus inter-
relacionamentos. Assim, ele pode ser pensado como a união de três
subconjuntos: o meio físico composto pelas águas, o solo e o ar, o meio biótico
composto pela flora e fauna e o meio antrópico composto pelos seres
humanos e seus relacionamentos entre si e com os demais elementos.
2.2 – Impactos Ambientais
São alterações que ocorrem nas propriedades físicas, químicas e/ou
biológicas do meio ambiente, provocada direta ou indiretamente por atividades
humanas podendo afetar a saúde, a segurança e/ou a qualidade de vida.
Segundo Fogliatti, os principais impactos ambientais podem ser:
2.2.1 – Desmatamento de florestas
As principais conseqüências do desmatamento são: Destruição da
biodiversidade; Genocídio e etnocídio das nações indígenas; Erosão e
empobrecimento dos solos; Enchente e assoreamento dos rios; Diminuição
4 Maria Cristina Fogliatti, livro Avaliação de Impactos Ambientais, ed Interciência, 2004
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dos índices pluviométricos; Elevação das temperaturas;
Desertificação;Proliferação de pragas e doenças.
2.2.2 – Poluição do ar Provocada por elementos como monóxido de carbono,
hidrocarbonetos, óxidos de nitrogênio, de enxofre, ozônio, compostos de
chumbo, fuligem e a fumaça branca que produz diversos danos a saúde.
2.2.3 - Efeitos sobre os solos
Como erosão, inundação, etc., provocados, por exemplo, por
desmatamento de áreas.
2.2.4 - O efeito estufa O efeito estufa é talvez o impacto ambiental que mais assusta as
pessoas, pois, pode ocasionar a elevação da temperatura do planeta.
2.2.5 - Destruição da camada de ozônio A destruição da Camada de Ozônio, é um dos mais severos problemas
ambientais da nossa era. As conseqüências mais conhecidas são: o câncer de
pele, problemas oculares, diminuição da capacidade imunológica, etc.
2.2.6 - Chuva ácida
A queima de carvão e de combustíveis fósseis e os poluentes
industriais lançam dióxido de enxofre e de nitrogênio na atmosfera.
2.2.7 – Alterações climáticas
Decorrentes da destruição da vegetação natural.
2.3 – Vigilância ambiental
18
A OPAS5 diz que A Vigilância Ambiental em Saúde é um conjunto de
ações que proporcionam o conhecimento e a detecção de qualquer mudança
nos fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente e que interferem
na saúde humana, com a finalidade de identificar as medidas de prevenção e
controle dos fatores de riscos ambientais, relacionados às doenças ou outros
agravos à saúde.
A Vigilância Ambiental em Saúde, segundo o site da Saúde do Rio de
Janeiro, se divide em:
- Fatores de Riscos Biológicos: Têm por objetivo prevenir e monitorar
riscos à saúde humana decorrentes de vetores e reservatórios e acidentes com
animais peçonhentos
- Fatores de Riscos Não Biológicos: Têm por objetivo prevenir e
monitorar riscos à saúde humana decorrentes de contaminantes ambientais
que interferem na qualidade do solo, do ar e da água, assim como, dos
desastres de origem natural e acidentes com produtos perigosos.
2.4 – Tempo de Decomposição de materiais
O quadro a seguir, apresenta-se o tempo médio de decomposição dos
materiais na natureza. MATERIAL TEMPO DE DEGRADACAO
Aço Mais de 100 anos
Esponjas Indeterminado
Luvas de Borracha Indeterminado
Plásticos (embalagens, equipamentos) Ate 450 anos
Sacos e sacolas plásticas Mais de 100 anos
Vidros indeterminado
Papel e papelão Cerca de seis meses
Fonte: site ambiente brasil.com. br
5 Organização Pan-Americana de Saúde, 2011-08-11
19
2.5 – Proteção Ambiental
A proteção legal brasileira mostra-se alinhado aos princípios do
desenvolvimento sustentável, englobando conjunto de políticas públicas
consistente: Política Nacional de Meio Ambiente (1981), Constituição Brasileira
(1988), Política Nacional de Recursos Hídricos (1997), Política Nacional de
Educação Ambiental (1999), Lei de Crimes Ambientais (1999), Estatuto da
Cidade (2000). Soma-se a esse conjunto uma extensa lista de leis nos âmbitos
estaduais e municipais, favorecendo o desenvolvimento de ações de controle
ambiental, de responsabilização de agentes poluidores e de priorização no
processo de educação ambiental. (Philippi Jr)
(extraído do site limpurb.salvador.ba.gov.br em 27/07/2011 as 17:40 hrs)
20
CAPITULO III
LIXO HOSPITALAR E MEIO AMBIENTE
O consumidor é cada vez mais consciente do peso ecológico e social
de suas próprias escolhas. Assim, para a empresa garantir a satisfação dos
consumidores ela terá, cada vez mais, que fornecer respostas coerentes a
estes assuntos, reconhecendo a crescente sensibilidade do mercado às
temáticas como a sustentabilidade e empenhando-se a atingir resultados
positivos a favor do ambiente. (wwf.org.br).
3.1 – Conscientização mundial
A preocupação com tudo o que está acontecendo no meio ambiente,
pode-se dizer, mundialmente, falando, deve ênfase a partir dos anos 70, entre
várias conferências das Nações Unidas sobre o meio ambiente, a que foi
realizada no Rio de Janeiro, é que foi um marco inicial para a conscientização
da preservação do meio ambiente, ECO-92.
Desta conferência nasceu a Agenda 21, que é um programa de ação,
visando ao desenvolvimento conciliado a métodos de proteção ambiental,
justiça social e eficiência econômica.
3.2 – O que existe para descarte consciente
3.2.1 - PGRSS
A partir de 1993, com a publicação da ABNT, sobre RSS e a
Resolução do CONAMA n. 5, os órgãos de controle ambiental passaram a
exigir o tratamento diferenciado para os RSS.
O Plano de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde
(PGRSS) é o documento que aponta e descreve as ações relativas ao manejo
21
de resíduos sólidos. Deve considerar as características e riscos dos resíduos,
as ações de proteção à saúde e ao meio ambiente e os princípios da
biossegurança de empregar medidas técnicas administrativas e normativas
para prevenir acidentes.
A finalidade deste, segundo a Zeltzer6, é estabelecer em cada etapa do
sistema procedimentos detalhados de ações para um manejo seguro, quais
sejam: geração, classificação, segregação, acondicionamento, transporte,
armazenamento, tratamento e disposição final, bem como, treinamento e
utilização adequada de equipamentos de proteção individual (EPI).
3.2.2 - CCIH
É a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar é um dos setores
responsáveis pela elaboração, implantação e desenvolvimento, juntamente
com o setor de higienização e limpeza do PGRSS.
3.3 – Biossegurança
A Biossegurança, de acordo com Sthefano7é a condição de segurança
alcançada por um conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar,reduzir
ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam comprometer a saúde
humana, animal e vegetal e o meio ambiente.
O artigo que Neves8 escreveu, leva a crer, que a reação é trocada para
precaução, pois, o que esta sendo preservado é a segurança da vida, e ela,
têm sempre que vir na frente de todas as normas, manuais ou regulamentos
que seja.
E ainda, exemplifica com - O caso do amianto é exemplar nesse
sentido: nas primeiras décadas do século XX vários indicadores apontavam
para o perigo do uso desse material, mas a inexistência de provas científicas
6 Zeltzer, Rosine, Pós-Graduada em MBA UFF – editado em 2004 pela NewLab – edição 64 7 Sthepano, Marco Antonio, prof. Dr da USP 8Tatiana Pereira das Neves Mestranda em Saúde Pública – ENSP/Fiocruz Fiocruz); Bolsista de Mestrado CNPq Saúde Soc. São Paulo, v.16, n.3, p.158-168, 2007
22
de suas características cancerígenas foi o argumento adotado para sua ampla
difusão.
O uso da precaução nesse período teria impedido a ocorrência de milhares de
mortes que ainda hoje ocorrem devido à exposição a esse agente cancerígeno
em vários países, sendo que em diversos, como o Brasil, o seu banimento
ainda não ocorreu.
3.4 – Educação Ambiental
O INEA pratica os princípios de uma educação ambiental crítica que se
propõe transformadora e emancipatória, trabalhando como sujeitos educativos
diferentes grupos sociais como escolas, populações tradicionais (pescadores,
quilombolas, caiçaras, indígenas etc.), produtores rurais, populações
residentes em unidades de conservação e no seu entorno, grupos sociais
afetados por empreendimentos potencialmente impactantes, técnicos e
gestores ambientais, entre outros. Tendo como meta, apoiar o exercício da
cidadania na elaboração e execução de políticas públicas, por meio da
participação dos cidadãos na gestão dos recursos ambientais e nas decisões
que afetam a qualidade do meio ambiente.
3.5 – Agenda 21
A Agenda 21 é provavelmente o resultado mais importante da
Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento,
realizada no Rio de Janeiro, em 1992. É a mais ambiciosa e completa tentativa
de especificar quais ações serão necessárias, em nível global, para reconciliar
o desenvolvimento com as preocupações ambientais. O princípio dos três Rs,
surgiu desta criação, o qual significa a redução, advinda do uso de matérias-
primas e energia, e do desperdício nas fontes geradoras; reutilização, que é o
reaproveitamento direto de um produto; e reciclagem, que é o
reaproveitamento de matérias-primas. (Agenda21 Local)
A partir de sua adoção por todos os países representados na ECO 92,
ela guiará as ações na direção no desenvolvimento sustentável nos próximos
23
anos e será o texto-chave para todos os implicados na formulação de políticas
e práticas para a sustentabilidade. (Agenda21 Local)
Um dos de seus principais temas é a necessidade de erradicar a
pobreza, dando aos pobres acesso aos recursos que necessitam para viver
sustentavelmente. A Agenda 21 não é uma agenda ambiental: é uma agenda
para o desenvolvimento sustentável, que prevê ações concretas a serem
implementadas pelos Governos e sociedade civil, em todos os níveis (federal
estadual e local).(Agenda21 local)
3.6 – Sustentabilidade
Desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as
necessidades da geração atual, garantindo a capacidade de atender as
necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os
recursos para o futuro.
Essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de
harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação
ambiental. Augusto9, escreveu uma definição de sustentabilidade:
... que não esgota mas conserva e realimenta sua fonte de recursos naturais, que não inviabiliza a sociedade mas promove a repartição justa dos benefícios alcançados, que não é movido apenas por interesses imediatista mas sim baseado no planejamento de sua trajetória e que, por estas razões, é capaz de manter-se no espaço e no tempo...
Sustentabilidade e Responsabilidade Social Corporativa
9 Augusto, Lia Giraldo da Silva – Epidemiologia e Serviços de Saúde, pág 178 vol 12 n. 4 – out/dez de 2003
24
Fonte: site wwf.org.br
3.7 – Ecoeficiência
Uma forma de redução da geração de resíduos e desperdícios em
estabelecimentos de saúde, seria usar a ecoficiência, segundo Sisinno10, é o
fornecimento de bens e serviços a preços competitivos que satisfaçam as
necessidades humanas e que tragam qualidade de vida.
De acordo com os princípios da ecoeficiência, o gerenciamento dos
resíduos deveria privilegiar, em ordem de prioridade, a não geração, a redução
da geração, a reciclagem, e finalmente o tratamento ou disposição final. Nesse
sentido, a identificação das fontes geradoras é uma etapa de extrema
importância quando o enfoque é a não geração ou a redução da geração. Esse
enfoque pode ser ressaltado nas próprias resoluções da ANVISA e CONAMA .
3.8 – Programas de Qualidade
Uma das metas a ser atingidas é alcançar a qualidade de atendimento
ao paciente, Arouca, enfatiza isso, e diz ainda que muitas tem investido na
participação de programas como os de Controle de Infecção Hospitalar e
Acreditação Hospitalar. Além disso, vários estabelecimentos de saúde vem
almejando também os certificados da ISO 9000 que trata dos requisitos para
boas práticas de manejo que pretendem assegurar que a organização possa
10 Sisinno, Cristina Lucia Silveira, e Moreira, Josino Costa – Cad. Saúde Publica, RJ 1893-1900 nov-dez, 2005
25
oferecer produtos ou serviços que atendam as exigências de qualidade dos
clientes.
26
CAPÍTULO IV
O LIXO HOSPITALAR NO RIO DE JANEIRO
4.1- Breve história dos RSS no RJ:
No município do Rio de Janeiro, a preocupação com os Resíduos dos
Serviços de Saúde existe há décadas. A partir de 1989, a Comlurb, Companhia Municipal de Limpeza Urbana,
foi chamada para intervir na higiene e gerenciamento interno dos resíduos dos
RSS dos três maiores hospitais municipais do RJ, o Lourenço Jorge, Miguel
Couto e Souza Aguiar. Em 1993, a mesma empresa coletora inicia a
implantação do PGRSS nestes hospitais, inicialmente o Souza Aguiar e em
seguida Miguel Couto e Lourenço Jorge, respectivamente.
Em 1998, a Comlurb realiza nos EAS, por meio de peça teatral e
palestras, campanhas para a conscientização dos profissionais de saúde
quanto ao correto descarte, acondicionamento e armazenamento dos RSS.
Em novembro de 2001, é publicado o Decreto 20.738, que institui o
Programa Emergencial de Fiscalização do Lixo Hospitalar, atribuindo à
Comlurb a função de fiscalizadora.
Em dezembro de 2001, é formado um Grupo Técnico, tendo por
objetivo uniformizar conceitos e ações para a fiscalização dos RSS no
município do Rio de Janeiro, composto por: Vigilância Sanitária Estadual e
Municipal, Secretaria de Meio Ambiente, Comissão de Controle de Infecção
Estadual e Municipal, Secretaria Municipal de Saúde e Comlurb.
Em janeiro de 2002, são treinados 300 orientadores ambientais da
Comlurb, com o objetivo de orientar os responsáveis dos EAS quanto ao
cumprimento da legislação vigente.
Em 28 de janeiro de 2003, é publicada a Norma Técnica COMLURB
42-60-01, que estabelece os procedimentos para a segregação na fonte,
acondicionamento, estocagem, coleta, transporte, tratamento e destinação final
27
dos Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) gerados no Município do Rio de
Janeiro.
Quanto ao tipo de gerador de RSS, ficou assim definido:
1. Pequeno Gerador – é o estabelecimento público ou privado, com
atividades comerciais, industriais ou assistenciais de saúde, que produz,
diariamente, até 120 (cento e vinte) litros ou 60 (sessenta) quilogramas de
resíduos que possam ser classificados como lixo domiciliar.
2. Grande Gerador – é o estabelecimento público ou privado, com
atividades comerciais, industriais ou assistenciais de saúde, que produz,
diariamente, mais de 120 (cento e vinte) litros ou 60 (sessenta) quilogramas de
resíduos que possam ser classificados como lixo domiciliar.
3. Pequeno Gerador de Lixo Infectante – é o Estabelecimento
Assistencial de Saúde que produz, diariamente, até 50 (cinqüenta) litros
resíduos que possam ser classificados como Lixo Infectante.
4. Grande Gerador de Lixo Infectante – é o Estabelecimento
Assistencial de Saúde que produz, diariamente, mais do que 50 (cinqüenta)
litros resíduos que possam ser classificados como Lixo Infectante.
4.2 – Responsabilidades das EAS para com os seus RSS: Cabe à administração dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde
ou dos condomínios de edificações de uso misto a gestão dos resíduos sólidos
de serviços de saúde (lixo infectante, lixo químico, lixo radioativo e lixo comum)
gerados nos locais sob sua responsabilidade, incluindo a segregação na fonte,
acondicionamento, estocagem, coleta, transporte, valorização, tratamento e
disposição final.
A administração dos EAS ou dos condomínios de edificações de uso
misto poderá realizar a coleta, transporte, tratamento e destinação final do Lixo
Infectante e do Lixo Comum por meios próprios, desde que devidamente
credenciada pela Comlurb, ou optar pela contratação de empresas
especializadas credenciadas pela Comlurb ou ainda contratar diretamente a
Comlurb mediante pagamento dos preços estipulados na Tabela de Serviços
Especiais.
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A administração dos EAS ou dos condomínios de edificações de uso
misto deverá realizar a coleta, transporte, tratamento e destinação final do Lixo
Químico de acordo com as normas e especificações da Fundação Estadual de
Engenharia de Meio Ambiente – FEEMA e da Secretaria de Meio Ambiente da
Cidade do Rio de Janeiro – SMAC.
A administração dos EAS deverá realizar a coleta, transporte,
tratamento e destinação final do Lixo Radioativo de acordo com as normas e
especificações da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN.
Nas edificações de uso misto, cabe aos geradores dos resíduos
promover a segregação na fonte e o correto acondicionamento dos mesmos,
de acordo com os procedimentos estabelecidos no item 6.01.
Cabe à Comlurb, à SMAC e à Vigilância Sanitária Municipal
fiscalizarem o cumprimento às disposições desta Norma Técnica, reservando-
se o direito de realizar inspeções periódicas nas áreas internas dos
Estabelecimentos Assistenciais de Saúde e das edificações de uso misto.
Cabe à Comlurb realizar a remoção gratuita dos resíduos infectantes
de pessoas físicas portadoras de doenças infecto-contagiosas graves, como
AIDS e outras, bem como dos indivíduos que efetuem hemodiálise em sua
própria residência.
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CONCLUSÃO
As atividades de um estabelecimento de saúde têm que fazer coleta
seletiva, visando à redução do lixo que realmente deverá receber tratamento
especializado.
Apesar de haver uma extensa legislação, manuais e programas sobre o
assunto, acontecem coisas que não deveriam existir.
E onde o trabalho é realizado em condições adequadas, sempre
fazendo palestras e dando cursos sobre o assunto, a garantia de que os rss
serão separados, acondicionados e identificados de forma correta a fim de
serem transportados interna e externamente para armazenagem em local
seguro, e posteriormente levado para um lugar definido e ecologicamente
correto; da ao funcionário, satisfação e confiança em saber que estar
contribuindo para a diminuição ou a não agressão ao meio ambiente.
E quando ao gestor, terá a consciência de dever cumprido, pois, estará
cumprindo a legislação, valorizando os seus funcionários, respeitando seus
clientes, reduzindo custos e pensando nas gerações futuras.
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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MONTEIRO, José Henrique Maria Cristina; FILLIPPO, Sandro; GOUDARD, Beatriz – Avaliação de Impactos Ambientais - Editora Interciência, 2004. Penido;ZVEIBIL, Victor Zular Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Rio de Janeiro: IBAM, 2001.
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31
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ABNT NBR 12809:1993 Manuseio de resíduos de serviços de saúde - procedimento
ABNT NBR 12807:1993 esíduos de serviços de saúde – Terminologia
ABNT NBR 12808:1993 Resíduos de serviço de saúde - Classificação
ABNT NBR 12810:1993 Coleta de resíduos de serviços de saúde – Procedimento
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de agosto de 1993 – dispõe sobre o gerenciamento de resíduos sólidos
gerados nos portos , aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários.
http://ww.mma.gov.br/port/conama/legiabre.dfm
CONAMA –RESOLUÇAO CONAMA N.358 de 29 de abril de 2005, dispõe sobre o tratamento e a destinação final dos resíduos dos serviços de saúdehttp://ww.mma.gov.br/port/conama/legiabre.dfm
CONAMA – LEIS N. 12705/2010 Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências
http://www.saude.gov.br, acesso 20/07/2011 http:// www.portalsaofrancisco.com.br/ acesso 20/07/2011 http://www.lixohospitalar.vilabol.uol.com.br acesso 20/07/2011
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ANEXOS
Anexo 1 – Reportagem do Fantástico do 17/07/2011 - 36
Anexo 2 – Grupamento de Operações com produtos perigosos
oferecem treinamento 35
Anexo 3 – RESPONSABILIDADE SOCIO AMBIENTAL 36
Anexo 4 - Lixo Hospitalar em local irregular é recolhido 37
Anexo 5 – Pesquisa IBGE – PRIORIDADE 38
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Anexo 1
Reportagem do Fantástico do dia 17/07/2011
Lixo hospitalar é descartado de maneira inadequada Para conseguir os flagrantes, viajamos para cidades do Sudeste, do Centro-Oeste e do Nordeste. Encontramos resíduos médicos queimados, sem tratamento, lixo hospitalar enterrado em uma vala comum.
Uma reportagem especial mostra um escândalo que ameaça a saúde pública, causado justamente por quem deveria cuidar dela. O repórter Maurício Ferraz denuncia uma ameaça à saúde pública e encontra uma grande quantidade de seringas e agulhas em lixo comum. São áreas de alto risco de contaminação, por onde passam muitas pessoas e animais. Para conseguir os flagrantes, viajamos para cidades do Sudeste, do Centro-Oeste e do Nordeste. Encontramos resíduos médicos queimados, sem tratamento, lixo hospitalar enterrado em uma vala comum. Na maior cidade do Brasil, uma denúncia grave: lixo hospitalar misturado com lixo comum no Hospital São Paulo, um centro de referência na rede pública da capital paulista. Em um mês de investigação jornalística, flagramos todo o caminho da irregularidade: da origem, nos hospitais, ao destino final, nos lixões.
• Em todo o Brasil, 72% das cidades jogam o lixo em lugares inadequados
• Lixo atômico produzido em Angra 1 permanece na usina
Em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, o lixo do hospital regional, o maior da rede pública do estado, fica em um depósito, onde há resíduos do Grupo A. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), lixo do Grupo A é o que apresenta risco de infecção pela possível presença dos chamados agentes biológicos - ou seja, vírus e bactérias. O caminhão roda cerca de 10 quilômetros, entra no lixão e joga tudo lá, sem nenhum tratamento.
Nós fomos conferir e encontramos frascos de remédios e seringa. Um catador afirma: “jogaram lixo residencial para tampar o lixo hospitalar”. Outro caminhão descarrega material hospitalar. Os funcionários da empresa usam máscaras. Um córrego passa dentro do lixão de Campo Grande, e há animais por todo lado. Mostramos as imagens para o professor Arlindo Philippi Júnior, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). Ele diz que o risco de contrair doenças não se limita aos catadores. Bactérias e vírus podem ser levados por insetos e animais domésticos. “Se ele entra na sua casa, há algum risco de ele levar aquele tipo de contaminante para esse seu espaço doméstico. Existem estudos epidemiológicos mostrando os problemas de saúde relacionados à questão da disposição inadequada de resíduos”, aponta Arlindo. A empresa que faz a coleta do lixo hospitalar em Campo Grande disse, por telefone, que foi a prefeitura que indicou para onde os resíduos devem ser levados. Segundo o secretário de obras, o problema será resolvido até o fim do ano, com a construção de um aterro. “Vai existir a usina de beneficiamento de lixo hospitalar, de acordo com as normas da Anvisa, de todas as
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normas que envolvem isso”, afirma João Antonio de Marco, secretário de obras de Campo Grande. Em Santo Antônio do Descoberto, em Goiás, a 45 quilômetros de Brasília, o lixo dos 61 mil habitantes vão para um lixão que fica praticamente dentro da cidade. Flagramos crianças e adolescentes trabalhando. Um menino de 11 anos ajuda os funcionários da prefeitura a descarregar o lixo. Registramos o momento em que um caminhão da prefeitura chega, com lixo comum e lixo hospitalar, tudo junto. No meio dos resíduos hospitalares, encontramos muitos cachorros. “Eu posso te garantir que não é lixo proveniente da Secretaria Municipal de Saúde, ou seja, dos postos de saúde bem como do hospital”, explica secretário de Saúde, Geraldo Lacerda. Não foi o que constatamos no lixão. No local, não encontramos nenhum papel de clínica particular, só do hospital da prefeitura. “Vou comunicar ao prefeito e pedir à Policia Civil que investigue para saber de onde está vindo esse lixo”, diz Geraldo Lacerda. No Brasil, a maior parte do lixo hospitalar vai parar em lixões. “Cerca de 60% dos resíduos de saúde coletados hoje são descartados de maneira inadequada, em locais impróprios, trazendo um grande problema, um grande risco à saúde pública", explica o diretor executivo da Associação Brasileira de empresas de Limpeza Pública, Carlos Silva Filho. Nossa equipe registra outro flagrante em Luziânia, Goiás, também no entorno de Brasília, com 160 mil habitantes. O Instituto Médico Legal da cidade atende oito municípios da região. Segundo os catadores do lixão, uma vez por semana chega o lixo do IML. “É ponta de agulha, calça, camisa, calçado”, conta Valdevino Rodrigues. Também encontramos muito resíduo de hospitais e clínicas. No local, havia ainda o filtro usado em sessões de hemodiálise. Encontramos também uma grande quantidade de seringa e agulha. O material é infectante, só que é jogado junto com o lixo comum. A máquina vem e mistura tudo. Sem saber que era gravado, um funcionário do hospital municipal de Luziânia confirma. Fantástico: Fica tudo misturado? Funcionário: Tudo misturado. Fantástico: Inclusive de cirurgia, de centro cirúrgico? Funcionário: Tudo. E depois vai lá para o lixão. À noite, o risco de se machucar é bem maior. No meio do resto de lixo hospitalar, tem várias agulhas, e o catador fica bem próximo, sem luva, sem nenhuma proteção. Entre os resíduos hospitalares, há um plástico considerado valioso. “É a chamada mangaba branca. É o produto mais caro que tem aqui”, conta um catador. Ele revela que vende a R$ 2 o quilo e quem compra são as empresas de reciclagem. As normas de saúde proíbem que esse tipo de material seja reciclado sem antes ser desinfectado. Para ser reciclado, o plástico é derretido. Esse processo elimina a contaminação. “O resíduo é submetido a um processo de altas temperaturas. Nessas altas temperaturas, as bactérias e os vírus são exterminados”, diz o diretor executivo da Abrelpe, Carlos Silva Filho. “O resíduo já tratado está triturado e não permite a reutilização na função original dele. Está completamente descaracterizado”, aponta diretor da empresa de tratamento de resíduos, Celso Guido Braga. “A coleta do lixo hospitalar é separadamente. Provavelmente, por falta de equipamento. O nosso trator ficou de 10 a 15 dias estragado e ficou fora do lixão. Pode ter acontecido de ter sido misturado”, declara o secretário de Meio Ambiente de Luziânia, Télio Rodrigues. Sobre o lixo do IML, o secretário de Meio Ambiente de Luziânia diz que não tem o que fazer:
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“Infelizmente, o único local para acomodar o lixo é irregular”. Agora vamos para o Sudeste e para o Sul do Brasil. No mês passado, em Tapejara, no Paraná, a polícia descobriu um depósito clandestino com quase 100 toneladas de lixo hospitalar. A empresa que armazenava os resíduos foi multada em R$ 150 mil. Também no mês passado, um caminhoneiro foi preso em flagrante quando descarregava lixo hospitalar em Belford Roxo, no Rio de Janeiro. “Peguei nos hospitais”, revela o motorista. Perto do lixão há um rio. “É um crime ambiental pertinente a essa conduta é punido com reclusão de um a quatro anos. Está sendo alimentado com investigação que pretende estabelecer quem está se aproveitando do dinheiro público que deveria ser investido ao descarte regular desse lixo hospitalar”, afirma o delegado Fábio Pacífico. Em nota, a prefeitura de Belford Roxo disse que não autoriza o despejo de lixo hospitalar no aterro e que está averiguando as irregularidades. “Não deve chegar em lixões. O resíduo deve chegar em aterro sanitário devidamente e previamente tratado e acondicionado”, afirma a gerente de tecnologia em serviços de saúde da Anvisa, Diana Carmem Oliveira. Queimar resíduos hospitalares apenas com álcool comum não é suficiente para eliminar a contaminação. Mas foi o que nossa equipe encontrou no Nordeste, em Itabaiana, no estado de Sergipe, com 86 mil habitantes. “São coisas que acontecem às vezes, que fogem da gente, mas a gente tem a obrigação de corrigir”, declara o prefeito de Itabaiana, Luciano Bispo. Foi em Aracaju, a capital sergipana, que flagramos lixo hospitalar sendo enterrado, sem nenhum tratamento. Registramos tudo, passo a passo. Primeiro, os resíduos saem do Hospital Estadual de Urgência, um dos principais de Sergipe. Depois, tudo é jogado no lixão da cidade. “Totalmente ilegal. Não existe licença dos órgãos ambientais responsáveis e é uma atividade que está se tornando pior e medidas precisam ser adotadas”, aponta a promotora de Justiça Adriana Ribeiro Oliveira. Em nota, a empresa que faz a coleta do lixo hospitalar em Aracaju disse que foi contratada apenas para recolher e transportar os resíduos até o aterro. O lixão de Aracaju fica a cerca de 4,5 quilômetros do aeroporto. A lei determina que, por segurança, aterros e aeroportos devem ficar separados por pelo menos 20 quilômetros. Nossa equipe sobrevoou a área e viu o perigo de perto. Há muitos urubus. Desde 2005, o Ministério Público pede o fechamento do lixão. Desse período até agora, houve 26 colisões entre aviões e aves na região. Só este ano, foram 12. A prefeitura de Aracaju diz que tem um projeto pronto de um novo aterro, mas falta a licença ambiental. A presidente da Empresa Municipal de Serviços Urbanos, Lucimara Passsos, afirma que, se o lixão for fechado, não tem onde por lixo. “O que não dá para permanecer são as duas situações no mesmo local. Ou fecha o aeroporto ou fecha o lixão”, afirma o promotor de Justiça Carlos Henrique Siqueira Ribeiro. O destino agora é São Paulo. Durante a apuração dessa reportagem, nossa equipe esteve em cinco dos principais hospitais públicos da capital paulista. Encontramos irregularidades no Hospital São Paulo, um dos mais importantes da rede pública, ligado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Em uma área, fica o lixo contaminado, que depois é recolhido em caminhões próprios. Até então, está tudo aparentemente correto. Já no depósito de lixo comum, havia um saco com líquido, aparentando ser sangue. Nossos produtores conversam com um funcionário da limpeza do Hospital São Paulo. Eles mostram o soro sendo descartado no lixo comum. E o funcionário diz está surpreso.
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“Ele tem características de lixo hospitalar. Ele tem seringas e cateteres. Não deveria estar no lixo comum”, aponta o professor Arlindo Philippi Junior, da Faculdade de Saúde Pública da USP. Procuramos a direção do Hospital São Paulo. Em nota, disse que não existe descarte de lixo infectante com o comum e que esse tipo de resíduo é acondicionado em local apropriado e isolado. Diante de tantos riscos para a saúde pública, qual seria a solução? Para o Ministério do Meio Ambiente, a nova Política Nacional de Resíduos Sólidos, que entrou em vigor em dezembro passado, pode ajudar. Até 2014, os lixões devem ser substituídos por aterros sanitários devidamente organizados e fiscalizados. “É um problema histórico que, para ser resolvido, vai levar alguns anos. Certamente, há contaminação do solo, do subsolo e do meio ambiente de uma forma mais geral. Portanto, é um problema ambiental bastante grave”, destaca o secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Nabil Bonduki.
Em todo o Brasil, 72% das cidades jogam o lixo em lugares inadequados
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No Piauí, a situação é mais grave. A capital Teresina não tem um único aterro sanitário, só lixão.
Você acha que na Inglaterra a moça enterraria o cigarro na areia? “Não, em Londres não tem praia”, debocha a turista inglesa. A amiga tenta consertar e diz que pode recolher, mas achar a guimba não é fácil. Agora imagine o trabalho dos garis no fim de um dia de praia lotada? Quer saber o quanto esta sujeira toda pesa? O Fantástico fez o teste em quatro regiões do Brasil, medindo o volume de lixo recolhido ao longo de um quilômetro de praia, em um domingo de sol. Os trechos escolhidos são os mais badalados do litoral. Começamos lá em cima no mapa, Fortaleza, no Ceará. A imagem não combina nada com a beleza da Praia do Futuro. No local, os garis recolheram 800 quilos de lixo. O mais comum é a casca de coco. Nossa equipe encontrou uma "salada de frutas" na Praia da Redinha, em Natal, Rio Grande do Norte. No local, o pessoal fica tão acomodado que nem ouve o aviso. O alto-falante avisa: "banhista, por favor, não jogue lixo na praia". Somando pernas de caranguejo e o que ficou pela areia, foram 1,55 mil quilos de lixo. Na capital pernambucana, os recifes, que deram nome à cidade, são agredidos pelos copos plásticos. Em um quilômetro da Praia de Boa Viagem, foram recolhidas 2,5 toneladas de resíduos. E agora um salve para Salvador. No teste feito pelo Fantástico no ano passado, Piatã tinha ficado com o título de praia mais suja do Brasil. Foram 7,5 toneladas de lixo. Desta vez, os baianos tiveram um desempenho muito melhor: 2 toneladas e 390 quilos. E o domingão na Baixada Santista? O rap está animado, mas é preciso guardar fôlego para juntar 2.150 quilos de lixo que os banhistas deixaram para trás. “É horrível entrar no mar e não conseguir andar de tanta sujeira”, comenta a estudante Aline Pires. “Nasci e me criei aqui. A gente lamenta muito a sujeira e a falta de consciência”, critica o aposentado Adilson Masagão. Nós também lamentamos. No Sul, encontramos praias mais limpas. Canasvieiras, no norte da ilha de Florianópolis, está cheia de turistas nessa época, e encontramos mais gente com o péssimo hábito de enterrar o lixo. De lixinho em lixinho, foram 800 quilos de resíduos. E olha que a cada 30 metros tem uma lixeira. Mas o volume que pesamos foi só do lixo que estava na areia. Capão da Canoa é a praia preferida dos gaúchos. Estreante no teste, foi a que se saiu melhor. Foram recolhidos 700 quilos de lixo em um quilômetro. E qual é a praia que melhor representa o Brasil? A primeira que vem à cabeça é Copacabana. Nós pulamos o Rio de Janeiro no mapa de propósito, porque a sede da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016 ganhou medalha de ouro em lixo na praia. Foram 2,8 mil quilos. Mais que triplicou em relação ao ano passado, quando foram coletados 870 quilos de lixo. As lixeiras existem. O problema é que o povo não parece disposto a andar até elas, mas quem gosta de limpeza, dá um jeito. “Trouxemos uma bolsinha, e estamos colocando na bolsinha”, revela a professora Alina dos Santos. “O cidadão precisa entender que cuidar do espaço público para que todos possam frequentar esse espaço com qualidade, uma coisa limpa, e principalmente porque nós estamos vendendo turismo”, comenta o diretor da Comlurb, Luis Guilherme Gomes. A verdade é que nas praias apenas reproduzimos o comportamento que temos nas ruas. No
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Brasil o espaço público ainda é tratado não como sendo de todos, mas como terra de ninguém. No Rio de Janeiro, todos os dias, são recolhidos 3,2 mil toneladas de sujeira. Não é à toa que a Avenida Rio Branco, no centro da cidade, precisa ser varrida cinco vezes por dia. Para que pegar o panfleto, se vai jogar no chão? Haja gari para recolher meia tonelada de resíduos por dia. “Quanto mais gari a gente bota na rua, mais lixo aparece”, diz a presidente Comlurb, Angela Fonti. A região Sudeste é a que mais gera lixo. São 89 mil toneladas por dia - uma média de 1,2 quilo por habitante. Na cidade de São Paulo, a maior do Brasil, há ruas e calçadas transformadas em lixões. No centro da cidade, sem a menor cerimônia, eles vêm e jogam de tudo. Depois, vem a prefeitura e limpa. Ao todo, são 13 toneladas de restos de móveis, tábuas, pneus. A prefeitura lava o chão, e tudo fica limpinho, por alguns minutos. Às 16h, já está formado de novo o lixão. E isso acontece em 1,3 mil pontos da cidade já mapeados pela prefeitura de São Paulo. Só que saber o tamanho do problema não é a mesma coisa do que ter uma solução. “É importantíssimo que o cidadão que more ou use a cidade tenha espírito de cidadania no sentido de tratar o bueiro onde eventualmente um saco de lixo entupa, como o jardim da sua casa, como uma sala de visitas”, afirma o secretário municipal da coordenação das subprefeituras de SP, Ronaldo Camargo. Uma sala de visitas para a qual ninguém quer ser convidado. Com tanto lixo espalhado, chega a chuva. É a receita de desastre. Uma boca de lobo mostra bem o que acontece quando tem lixo na rua e chove. A água arrasta o lixo para dentro do esgoto, que funciona como se fosse um tampão. Se a água não tem para onde escorrer, a cidade enche. Só nesta operação, foram 300 quilos de lixo recolhidos. Um super jato de água foi usado para desentopir os bueiros. “Provoca a própria morte, para ele mesmo e para a família, jogando as coisas na rua, sem responsabilidade nenhuma. Sem pensar no amanhã”, ressalta o gari Rogério Ferreira Mas amanhã o lixo está nos córregos. O trabalho de limpeza do córrego Itaquera começou há três meses e, nesse período, as máquinas só conseguiram avançar 700 metros. Mas, em um trecho, já tiraram mais de 8 mil toneladas de lixo. Dá mais de oito milhões de quilos. “Quando a gente vê, a gente fala para não jogar, porque, quando alaga, são as nossas casas que enchem, não é a deles. Mas a gente não pode fazer mais nada do que isso. Eles viram a cara e não estão nem aí. Jogam mesmo”, revela a dona de casa Verusa Ferreira. Que diferença de Caxias do Sul, no Rio Grande, onde encontramos um córrego sem lixo. Coisa de cidade pequena? Não é. Caxias do Sul tem quase 500 mil habitantes e foi a primeira do Brasil a implantar a coleta mecanizada. Funciona assim: em vez de deixar o lixo na calçada, na frente de casa, os moradores caminham um pouco e deixam o lixo separado em dois contêineres. O verde é para lixo orgânico. O amarelo, para o reciclável. Depois, vem o caminhão e recolhe, sem que alguém precise tocar o lixo. Uma vez por semana, a coleta é acompanhada do caminhão de limpeza que junta o container, lava, e devolver bem limpinho para a rua. Assim, nunca tem cheiro. Sônia Bridi: não dá muito trabalho? Eledina Spadetto: Não, é melhor do que antes que ficava ali frente. Ficava ali um ou dois dias. Assim, a gente leva e põe lá. Pode chove e cachorro não rasga.Não faz sujeira nenhuma. “Nós acabamos de ver as cenas do lixo correndo para a boca de lobo provocadas pelas enxurradas. Essa cena na área dos contêineres felizmente acabou”, diz o diretor da empresa de coleta, Adiló Didomênico.
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“Adoro morar aqui, acho minha cidade muito limpa e muito linda”, comenta uma mulher. O lixo reciclável vai para cooperativasde catadores. Outra Caxias, outro mundo. Duque de Caxias, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O trabalho duro de homens e mulheres que tiram a vida do lixo inspirou o artista Vik Muniz. Ele documentou o processo em que os catadores trabalham com ele em uma série de retratos. O filme "Lixo Extraordinário" concorre ao Oscar de Melhor Documentário. Jardim Gramacho ganhou notoriedade, porque é o maior, não porque é raro. No Brasil inteiro, são 1.688 lixões, que recebem 22 milhões de toneladas de lixo por ano. O lixo é depositado em condições inadequadas, agredindo a natureza e a saúde da população. Em todo o Brasil, 72% das cidades jogam o lixo em lugares inadequados. No Piauí, a situação é mais grave. A capital Teresina não tem um único aterro sanitário, só lixão. Para ser chamado de aterro sanitário, precisa ser como o de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro. Ele só recebe o lixo que não pode ser reciclado. O chorume, aquele líquido que sai de matéria orgânica em decomposição, é tratado e volta a ser água limpa. E o gás metano, que tanto agride o planeta, é coletado e vira energia. Transformar lixões em aterros sanitários no Brasil seria um passo importante. Mas solução mesmo só com coleta geral, educação e fiscalização. “Então, acho que a sensação de impunidade que existe em outras áreas, no trânsito, até no crime comum, acaba indo para essa área da limpeza. Isso gera uma cadeia perversa de impunidade”, conclui o professor de Ciência Ambiental da UFF, Emílio Eigenheer.
ANEXO 2
O GLOBO (SERRA) DIA 30/07/2011)
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A luta de dois anos dos moradores de Córrego d’Antas, em Nova Friburgo, contra um vizinho muito incômodo está perto de chegar ao fim: a empresa Creamor, que faz incineração de resíduos hospitalares e cremação de animais, pode ser fechada pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) por descumprir exigências. A queima, que geralmente ocorre durante a madrugada, libera uma fumaça preta, extremamente tóxica, que afeta os vizinhos e o meio ambiente.
Segundo o Inea, a Creamor foi notificada e multada diversas vezes no último ano. Assessores informam que está sendo estudada a possibilidade de a incineradora ser fechada, já que, nas últimas visitas da fiscalização, as exigências não haviam sido cumpridas. Entre as principais demandas não obedecidas estão a instalação de filtros e a especificação do destino dos resíduos provocados pela cremação.
A prefeitura de Nova Friburgo parece distante do problema. Alheia à poluição e à reivindicação dos moradores, informa que a Creamor tem alvará para funcionar e licença ambiental emitida pelo Inea. A Secretaria municipal de Meio Ambiente esteve há três semanas no local e verificou a validade dos documentos, assim como a autorização para funcionar como crematório de animais e incineradora de resíduos hospitalares.Um comerciante que prefere não se identificar afirma que, após a chegada do lixo, um odor forte toma o ar:
— Fico preocupado pela minha família. De tanto a gente questionar, a empresa mandou construir um muro alto, e não sabemos mais o que eles queimam lá dentro. Todo dia tem fumaça. Para o presidente da Associação de Moradores de Córrego d’Antas, Sandro Schottz, a existência de uma incineradora ali é arbitrária, já que não foi feita uma consulta popular para saber se as pessoas eram a favor da atividade na região.
— O bairro fica num vale, e a fumaça se concentra toda aqui dentro. Além disso, temos famílias morando a apenas 300 metros do local, sem falar na saúde dos funcionários das fábricas e crianças dos projetos sociais do entorno — protesta Schottz.
Anexo 3 -
Exemplo a ser seguido:
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RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL Vanguarda no cuidado com o lixo hospitalar Além de rigorosamente dentro da lei, essa organização permitiu uma economia mensal de 20%a 30% em relação ao processo realizado antes.“Todos os pavimentos do hospital contam com recipientes específicos e também com uma sala de descarte, onde cada tipo de resíduo é armazenado até ser levado ao abrigo externo, local provisório de acondicionamento do lixo até seu recolhimento para descarte definitivo”, explica Robson, destacando a constante limpeza do abrigo externo, outro diferencial do Programa de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde (PGRSS). O descarte final do lixo hospitalar passa por um severo monitoramento, garantindo que toda a coleta vá para um aterro sanitário, manipulada por pessoas habilitadas e que utilizam equipamentos de proteção, como luvas, procedimentos exigidos pelo padrão internacional de Acreditação da JCI. “Nossa responsabilidade só acaba quando o lixo é descartado no aterro sanitário”, ressalta Martha. A reciclagem do lixo hospitalar – ainda rara nos municípios brasileiros – também faz parte do PGRSS do hospital. “O recolhimento dos resíduos gera risco e alto custo para o hospital. No entanto, a partir do correto descarte e de simples procedimentos, transformamos muitos desses resíduos infectantes em recicláveis e comuns, obtendo eficiência e gerando economia mensal para a instituição”, orgulha-se Robson. Brasil gera cerca de 150 mil toneladas de resíduos urbanos por dia. Desse montante, de 1% a 3% são resíduos de serviços de saúde (RSS), mais conhecidos como lixo hospitalar. Por sua crescente produção e pelos riscos de contaminação humana e degradação do meio ambiente, o lixo hospitalar é um desafio para administradores e autoridades de saúde. No HSVP, a preocupação com o lixo hospitalar é antiga. “Mesmo antes de receber a certificação de qualidade, conferida pela Joint Commission International (JCI) em 2008, o hospital já mantinha processos eficazes para tratar e descartar esse material”, conta a gerente de Qualidade, Martha Lima. Desde 2006, o HSVP desenvolveu um programa especial para tratar dos 312 mil litros de lixo hospitalar que produz mensalmente. O objetivo, segundo o coordenador de risco do HSVP, Robson Luiz Maciel, era reduzir a quantidade gerada e encaminhar os resíduos de maneira segura, protegendo colaboradores e preservando a saúde pública e os recursos naturais. O processo de segregação do lixo passou a ser iniciado dentro de cada setor do hospital, através da separação em cinco categorias: biológico, químico, radioativo, comum/ reciclável e perfurocortante
Anexo 3
Lixo hospitalar em local irregular é recolhido pela Semam
publicado 17/02/2011 às 15:59 - Atualizado em 17/02/2011 às 16:00
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Não foi possível identificar o infrator, que deixou seringas, frascos de medicamentos e resíduos nas margens da Avenida da Integração.
Da Redação [email protected] (Siga no Twitter)
A Secretaria de Meio Ambiente de Novo Hamburgo – Semam recebeu e apurou uma denúncia sobre lixo hospitalar depositado nas margens da Avenida Integração, em Lomba Grande, na última segunda-feira, 14.
Os agentes de fiscalização ambiental foram até o local e constataram a ação criminosa. Foram encontrados dois sacos de lixo cheios de resíduos hospitalares, seringas e frascos de medicamentos. O lixo foi vistoriado, mas não foi possível identificar o infrator. A equipe recolheu os detritos do local e encaminhou ao destino adequado.
De acordo com o gerente de Fiscalização Ambiental da Semam, Anderson Bertotti, a Lei Federal dos Crimes Ambientais 9605/1998 prevê pena de prisão de um a quatro anos, e multa de no mínimo R$ 5 mil e máximo R$ 50 milhões para esse tipo de infração.Bertotti esclarece que para relatar casos de lixo depositado irregularmente, a Semam disponibiliza o telefone (51)3594-9935, no ramal da fiscalização 9173. Os problemas também podem ser denunciados pelo e-mail [email protected] secretaria ainda conta com um celular de plantão para a fiscalização. O contato é (51)9645-7266. Este número funciona exclusivamente em quintas e sextas-feiras (das 19 horas às 23h30min), aos sábados (das 08 horas às 23h30min) e domingos e feriados (das 12 horas às 23h30min).
Informações de Imprensa da PMNH FOTO: divulgação / Anderson Berlotti-Semam
Anexo 4
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Resultados divulgados pelo IBOPE em 2007 deixam clara esta preocupação dos brasileiros com o aquecimento global e mostra que 68% acreditam que esta seja uma prioridade de todos e imediata. A pesquisa da Edelman Trust Barometer 2007 reforça que para 74% dos latino-americanos esta também deveria ser a maior preocupação das empresas.
ÍNDICE
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FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
Lixo 9
1.1 - História do Lixo 9
1.2 – Lixo Hospitalar 9
1.2.1 – Classificação e sua periculosidade 10
1.2.2 – Identificação 10
1.2.3 – Coleta e transporte 11
1.2.4 – Tratamento e Disposição Final 11
1.2.5 – Tecnologia de Tratamento dos RSS 12
1.3 – Legislação Brasileira 13
1.4 – Problemática dos RSS 13
1.5 – Riscos decorrentes de descarte indevido 14
CAPÍTULO II
Meio Ambiente 16
2.1 – Definição 16
2.2 – Impactos Ambientais 16
2.2.1 – Desmatamento de florestas 16
2.2.2 – Poluição do ar 17
2.2.3 – Efeitos sobre os solos 17
2.2.4 – O efeito estufa 17
2.2.5 – Destruição da Camada de Ozônio 17
2.2.6 – Chuva ácida 17
2.3 – Vigilância Ambiental 18
2.4 – Tempo de Decomposição de materiais 18
2.5 – Proteção Ambiental 19
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Capítulo III
Lixo Hospitalar e Meio Ambiente 20
3.1 – Conscientização Mundial 20
3.2 – O que existe de Descarte Consciente 20
3.2.1 – PGRSS 20
3.2.1.1 – CCIH 21
3.3 - Biossegurança 21
3.4 – Educação Ambiental 22
3.5 – Agenda 21 22
3.6 – Sustentabilidade 23
3.7 – Ecoeficiência 24
3.8 – Programas de Qualidade 24
Capítulo IV
O Lixo hospitalar no RJ 26
4.1 - Breve História dos RSS no RJ 26
4.2 - Das responsabilidades das EAS para com os RSS 27
CONCLUSÃO 29
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 30
WEBGRAFIA 31
ANEXOS 32
ÍNDICE 44