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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA TERCEIRIZAÇÃO NAS EMPRESAS DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES Por: Jomerson da Silva Almeida Orientador Prof. Mario Luiz Niterói - RJ Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

TERCEIRIZAÇÃO NAS EMPRESAS DE SERVIÇOS DE

TELECOMUNICAÇÕES

Por: Jomerson da Silva Almeida

Orientador

Prof. Mario Luiz

Niterói - RJ

Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

TERCEIRZAÇÃO NAS EMPRESAS DE SERVIÇOS DE

TELECOMUNICAÇÕES

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Gestão Empresarial.

Por: . Jomerson da Silva Almeida

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar à Deus por

ser a base das minhas conquistas;

A minha esposa e meus familiares por

acreditar e me apoiar em minhas

decisões.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a minha esposa,

irmão, mãe, pai e todos os meus

familiares por terem interesse em minhas

escolhas, apoiando-me nas horas

necessárias.

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RESUMO

O material apresentado nesse trabalho visou abordar a terceirização de

serviços no ramo de telecomunicações, considerando, sobretudo o contexto

atual de grandes e importantes exigências mercadológicas, o avanço da

tecnologia e a necessidade de aumentar a rentabilidade das empresas. A

terceirização neste ramo de serviços surge como suporte de infra estrutura

para acompanhar o processo de globalização e as necessidades crescentes

desse mercado de alta concorrência, visando reduzir os custos operacionais. O

material pretende ainda apresentar os principais fatores e aspectos

considerados na terceirização dos serviços no mercado de telecomunicações e

também os fatores positivos e os restritivos desse processo, utilizando como

método materiais de literatura especializada, dados oficiais publicados sobre o

assunto e conhecimento prático.

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METODOLOGIA

O presente estudo está baseado em pesquisa bibliográfica e

documental. Apresenta-se, portanto, como limitação do método de trabalho o

fato de nem todas as fontes de estudos modernos sobre a especificidade do

assunto em telecomunicações estar acessíveis ao aluno brasileiro, o que

restringe a investigação bibliográfica aos autores disponíveis nas bibliotecas,

livrarias, além de pesquisas a artigos já publicados. Um instrumento muito

utilizado foi a minha vivencia profissional no mercado de telecomunicações,

onde atuo há aproximadamente 10 anos na maior empresa de

telecomunicações do país e tenho ampla experiência na parceria com

empresas terceirizadas prestadoras de serviços.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - A Origem da Terceirização 10

CAPÍTULO II - Importância das parcerias no processo

de Terceirização 17

CAPÍTULO III – Motivos que conduzem empresas aderirem

a Terceirização 22

CAPÍTULO IV – Vantagens e desvantagens com a

Terceirização de serviços 29

CONCLUSÃO 37

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39

ANEXOS 41

ÍNDICE 50

FOLHA DE AVALIAÇÃO 52

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INTRODUÇÃO

Com a globalização e o surgimento de novas tecnologias, com clientes

cada vez mais exigentes e conectados, a competitividade nos serviços de

telecomunicações aumentou significativamente nos últimos anos e as

empresas para se manterem ativas no mercado buscaram otimizar suas rotinas

operacionais através da terceirização de parte dos seus serviços, melhorando

sua eficiência, aumentando a sua rentabilidade e buscando especialistas em

serviços específicos para prestar um bom serviço aos seus clientes.

De uma forma geral, as empresas tiveram que se adaptar à abertura

dos mercados e aos novos rumos com o avanço da tecnologia. Dessa maneira,

a competição se tornou cada vez mais acirrada, principalmente, quando novas

técnicas e paradigmas passam a ser rapidamente disseminados e as empresas

precisam promover mudanças rápidas e eficazes para sobreviverem. Assim,

muitas empresas buscam diferenciais, como por exemplo, o preço de

mercadorias, serviços para assegurar seu faturamento, terceirização de

serviços ou incorporação de recursos tecnológicos que contribuam na redução

dos custos e aumento da qualidade.

No ramo de telecomunicações a terceirização é vista como outsourcing

de infra-estrutura, onde o terceiro realiza a execução das atividades, cumprindo

regras estabelecidas em contrato firmado entre as partes e autorizado pelo

órgão fiscalizador que é a Anatel (Agencia Nacional de Telecomunicações).

Além disso, há uma preocupação em focar seus esforços mais

especificamente para as atividades-fim, pretendendo, contudo, que as

atividades-meio sejam realizadas com excelência, principalmente pela

especialização dos prestadores de serviços. Esse processo fortalece a

proposta de terceirização, já que a empresa contratada para a prestação do

serviço passa a ter as atividades da contratante como principal atividade,

aumentando o interesse em especialização desse assunto, com investimento e

qualificação.

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Atividade-fim é quando a atividade faz parte do processo específico de

produção do bem ou da prestação do serviço, ou seja, a razão de ser da

empresa. Um exemplo é o mercado automobilístico no Brasil, que boa parte

das peças são produzidas por prestadores de serviços e a montagem final é

realizada pela própria fábrica e/ou montadora de veículos.

Atividade-meio é quando a atividade faz parte do processo de apoio a

produção do bem ou a prestação do serviço. Por exemplo, a limpeza de uma

montadora de veículos, a limpeza não é a razão de ser da montadora, porém

se faz necessário para o bom desenvolvimento e conclusão do trabalho. As

atividades-meio podem ser terceirizadas ou executadas pela própria empresa,

dependendo da estratégia adotada por cada uma.

No processo de terceirização a empresa contratante busca contratar

parceiros sólidos com experiência em prestação de serviço e que não seja

financeiramente dependente da primeira. Para o sucesso dessa parceria,

ambos as partes devem ter o mesmo objetivo, garantindo serviços de

qualidade aos clientes e retorno financeiros para as duas empresas. Com isso

é fundamental que as empresas, contratante e contratada, tenham um contrato

que permita esse relacionamento sadio e com objetivos claros.

O objetivo desse material é apresentar os fatores a serem

considerados na terceirização dos serviços de empresas do ramo de

telecomunicações, sendo os principais:

• A importância da parceria empresarial no processo de

terceirização;

• Os motivos que conduzem as empresas de telecomunicações a

aderirem a terceirização;

• Vantagens e desvantagens com a terceirização de serviços.

.

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CAPÍTULO I

A ORIGEM DA TERCEIRIZAÇÃO

A palavra terceirização, segundo o dicionário do Aurélio Beta (on line),

significa: “Contratação de terceiros, por parte de uma empresa, para a

realização de atividades que não lhe são essenciais, a fim de racionalizar seus

custos, economizar recursos e desburocratizar a sua administração”. Existem

inúmeros conceitos de vários autores, porém, todos acabam expressando o

mesmo significado, com palavras diferentes. Uma boa e simples definição para

terceirização se traduz como o processo pelo qual uma empresa deixa de

executar atividades realizadas por funcionários diretamente contratados,

transferindo essas atividades para outras empresas especializadas nas tarefas

determinadas.

No processo de terceirização a empresa que terceiriza parte de suas

atividades normalmente é chamada de “contratante” e a empresa que realiza o

trabalho da atividade terceirizada é chamada de “empresa terceira ou

contratada”. Ou seja, empresa contratante é aquela que contrata de outra

empresa a produção de um bem ou a prestação de um determinado serviço.

Empresa terceira ou contratada é aquela que executa a produção do bem ou

presta o serviço para a empresa contratante.

A terceirização pode ser realizada de duas formas, sendo a primeira

quando a empresa deixa de produzir bens ou serviços utilizados em sua

produção e contrata outras empresas para executar, provocando a

desativação, parcial ou total, das áreas internas envolvidas nessas atividades.

A outra forma é a contratação de uma ou mais empresas para executar tarefas

que não fazem parte do processo produtivo da empresa, porém eram

anteriormente realizados por funcionários da própria empresa, como, por

exemplo, área de limpeza e vigilância.

Um ponto importante e bem definido na terceirização é que terceirizado

é especificamente a atividade e/ou execução de alguma tarefa e não a

empresa ou o funcionário. Apesar do trabalhador, prestador do serviço, fazer

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parte do processo de terceirização, a responsabilidade com esses funcionários

são das empresas contratadas.

O termo terceirizar não é algo novo no mundo globalizado e altamente

competitivo como é a nossa situação atual. Há bastante tempo, em empresas

de países desenvolvidos e, até mesmo, no Brasil, se pratica a contratação de

serviços por terceiros, de empresas especializadas em atividades que não tem

o mesmo foco de atuação da empresa contratante e que não deveriam ser

desenvolvidas no ambiente interno da empresa por serem consideradas

atividades secundárias.

A terceirização teve sua origem nos Estados Unidos, logo após a

eclosão da Segunda Guerra Mundial, pois as indústrias bélicas tinham que se

concentrar no desenvolvimento da produção de armamentos. Naquele

momento, havia a necessidade de aumentar a produção de armamentos para

abastecer o mercado e suprir o aumento excessivo da demanda. Com isso, as

indústrias passaram a delegar algumas atividades da produção a empresas

prestadoras de serviços, e passaram a focar nas técnicas de produção e

aprimoramento dos produtos.

No Brasil, a terceirização foi gradativamente implantada com a vinda

das primeiras empresas multinacionais, principalmente as automobilísticas,

que, sendo montadoras de veículos, intencionalmente dependem da produção

de peças, entregue a várias outras empresas, guardando para si a atividade

fundamental da montagem dos veículos. As empresas que tem por atividade

limpeza e conservação também são consideradas pioneiras na terceirização de

serviços no Brasil.

Atualmente, este mecanismo se dá como uma técnica moderna de

administração que se baseia num processo que tem critério de aplicação

contendo início, meio e fim e uma visão temporal de curto, médio e longo

prazo, além de uma ótica estratégica, dimensionada para alcançar objetivos

determinados e reconhecidos pelas organizações. Os administradores buscam

formas de melhorar consideravelmente os custos, adequando-os à eficiência,

bom preço e qualidade. A terceirização constituiu-se em um fundamento

estratégico utilizado em suas práticas administrativas de gestão e articulação

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entre parceiros para melhor atender a clientes cada vez mais exigentes.

(Chiavenato, 1999)

Nesta nova administração as atenções são dirigidas para o cliente, que

se torna fator determinante, sendo que as pequenas e médias empresas foram

as primeiras a entrar neste novo processo, por serem menos complexas, mais

ágeis e por terem percebido a necessidade de mudança, conquistando espaço

neste mercado. Mas logo, as grandes organizações começaram a fazer uma

reflexão para continuar no mercado de forma competitiva, melhorando a

rentabilidade de seus produtos e serviços.

A organização empresarial é o ponto de equilíbrio com a mudança de

antigos paradigmas empresariais para uma nova política econômica que seja

mais identificada com a realidade das transformações no mundo da economia

e do trabalho, como é o caso da terceirização. A primeira tentativa de

mudança, conhecida como downsizing, foi a redução dos níveis hierárquicos,

enxugando o organograma, reduzindo o número de cargos e

consequentemente agilizando a tomada de decisões, que não implica,

necessariamente, com corte de pessoal. A partir daí, passou-se a transferir

para terceiros a incumbência pela execução das atividades secundárias. Surge

o outsourcing (terceirização), que foi adotada de forma plena pelas empresas.

Outsourcing é uma palavra inglesa cujo significado literal é “fornecimento vindo

de fora”. No Brasil a definição de Outsourcing mais utilizada é a contratação de

uma empresa para a realização de tarefas antes executadas internamente,

podendo, a equipe que realizava essa tarefa internamente ser descartada e/ou

demitida da organização.

Existem outros termos referentes a terceirização, que não são

necessariamente a terceirização do processo produtivo, porém que são bem

utilizados na relação entre empresas, normalmente são expressões em inglês,

como:

• Offshoring – realocação de uma empresa em outro país, porém

não se trata exatamente de terceirização, pois essa realocação

não é para atender o país que recebe a empresa, mantendo sua

produção destinada ao país de origem.

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• Nearshoring – transferência de uma empresa para um país

próximo. É muito comum na Europa e também entre Estados

Unidos e o Canadá.

• On-site offshoring – contratação de trabalhadores estrangeiros

por uma empresa local com remuneração inferior ao valor pago

ao trabalhador nativo. Há alguns meses atrás, o programa SBT

Repórter, da emissora SBT, exibiu uma reportagem mostrando

no Brasil a contratação de bolivianos com salários de miséria por

uma famosa rede de lojas da industria têxtil.

• International outsourcing – contratação de uma empresa no

exterior para realização de atividades antes realizadas por uma

empresa local. Um exemplo bastante conhecido é a Índia, que

se especializou em prestação de serviços de call center’s, com

uma mão de obra barata e tecnologia adequada, prestando esse

tipo de serviço para vários países no mundo, inclusive os

Estados Unidos.

• Core business – expressão muito utilizada nas empresas e

significa a razão de ser da empresa, seu produto principal.

Ainda existe um termo bem utilizado aqui no Brasil que é a

“Quarteirização”, porém, na maioria das vezes é utilizado de forma incorreta.

Por exemplo, quando uma empresa terceirizada, contrata uma empresa para

cuidar dos seus serviços de limpeza, ela está terceirizando essa atividade e

não a empresa “contratante mãe” está quarteirizando o serviço.

A quarteirização, de forma simplificada, ocorre quando o fornecedor de

serviços terceirizados transfere algumas de suas atividades em benefício do

seu tomador, que é o contratante. Mesmo transferindo uma parte da atividade,

a responsabilidade pelo contrato e entrega dos serviços continua com a

empresa prestadora do serviço (terceirizada).

O processo de quarteirização é a evolução da terceirização, permitindo

que empresas sejam criadas, a especialização aperfeiçoada, gerando mais

oportunidades de trabalho e melhor distribuição nas áreas econômica e social.

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No mercado de telecomunicações, a quarteirização surge como

alternativa das empresas terceirizadas para melhorar a qualidade de entrega

frente aos seus numerosos contratos de terceirização, seguindo um modelo

muito parecido com a própria terceirização, servindo para simplificar os fluxos

de comunicação, eliminar desperdícios e racionalizar as estruturas.

O mundo atual ficou pequeno frente aos sofisticados meios de

comunicação, com isso, a produção e a comercialização se traduz em mola

propulsora para o sucesso da economia de um país. Desse sucesso comercial

decorrerá em termos finais a criação de novos empregos, a sofisticação do

processo produtivo, a melhor distribuição de renda, desde que atrelada a

objetivo de valorização do trabalho do homem, ancorada em política social bem

direcionada e definida. Já se faz consenso ser a terceirização fator importante,

se bem engajada na escala produtiva. Daí a preocupação que deverá existir

por parte dos legisladores em encontrar o ponto de equilíbrio entre o trabalho

terceirizado e o trabalho vinculado à relação empregatícia, para que o

progresso e o sucesso da terceirização não venham compor fator de

enfraquecimento social.

De acordo com Dornellas (2003), as exigências do mundo moderno

solicitam dos gerentes das organizações um conjunto de novas habilidades, as

quais não podem ser desenvolvidas nem tampouco assessoradas por técnicas

padronizadas, sob o pressuposto de ser a empresa uma espécie de ilha.

Ao contrário, a empresa encontra-se cada vez mais envolvida e

dependente de uma cadeia complexa, constituída por um número cada vez

maior de agentes, que tomam decisões em processos interdependentes e

cujas consequências só podem ser entendidas dentro de uma conceituação

mais abrangente e dinâmica.

A terceirização surge em resposta da extrema competitividade que

caracteriza os mercados atuais, que precisa buscar alternativas que reduzam

custos sem comprometer a qualidade dos seus serviços e produtos. A

terceirização é fruto direto dos estudos e planos de qualidade e produtividade

que vêm adotando as grandes empresas, nas últimas décadas. Há, pois uma

razão científica de caráter básico, por trás dos movimentos de terceirização,

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que em si, traduz um avanço nos métodos de gestão. Só empresas que

mantêm uma cultura organizacional de certo nível estão aptas a usar esta nova

ferramenta de administração, sendo empresas dotadas da necessária

flexibilidade para se tornarem competitivas.

Desta forma, a terceirização oferece a possibilidade de conferir maior

flexibilidade às organizações. Carelli (2004) explica que o termo terceirização é

utilizado para indicar a existência de uma empresa que, por algum motivo,

venha a prestar serviços para outra, contratante, em razão da especialidade,

qualidade ou ainda de um melhor desempenho na realização de algum serviço

especializado.

A prática da terceirização não é novidade no mundo dos negócios. Nas

empresas de primeiro mundo e também no Brasil, utiliza-se este tipo de

contratação, por meio de prestação de serviços, e também através de

empresas especializadas em atividades específicas, que não cabem ser

desenvolvidas no ambiente interno da organização. Analisando a produção de

bens e a prestação de serviços no cenário mundial, a terceirização passa a

fazer parte de um processo de mudança significativa nas relações entre as

empresas.

No Brasil as privatizações, fusões e aquisições de grandes

corporações aceleraram esse processo, especialmente no setor de serviços,

por ser o principal alvo dos investimentos nacionais e internacionais. Um dos

grandes exemplos é o setor de telecomunicações, que após a privatização,

com a promessa e necessidade de ter maior eficiência em seu processo

produtivo e melhorar a qualidade dos serviços prestados ao consumidor

brasileiro, tornou-se um dos maiores contratantes de serviços terceirizados do

Brasil, proporcionando a criação de diversas empresas de prestadoras de

serviços de pequeno, médio, e, principalmente, grande porte. Um bom exemplo

é o setor de Telemarketing, que criaram corporações grandiosas e, nos últimos

anos impulsiona a economia como um dos principais empregadores do país.

Não apenas empresas do ramo de telecomunicações, mas

praticamente todos os segmentos industriais vêm recorrendo à contratação de

serviços terceirizados. A terceirização de serviços vem configurando-se como

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uma das tendências atuais para inúmeras empresas. Kotler (2000; p.49)

menciona que: “Algumas empresas estão tendendo a terceirizar tudo,

tornando-se empresas virtuais com pouquíssimos ativos e, portanto, obtendo

extraordinárias taxas de retorno”. Ou seja, faz parte da concretização do

objetivo de terceirizar, aumentando a lucratividade e rentabilidade das

empresas.

Levar as organizações a adotarem posturas modernistas é hoje um

grande desafio, porém, caso não o façam, ficarão na contramão da história. A

terceirização é um bom exemplo de adaptação ao mundo moderno e

globalizado, pois as empresas passaram a focar na satisfação do cliente,

dirigindo a ele todas as suas atenções, e tornado essa estratégia um fator

importante no cenário de competitividade. As grandes empresas passassem a

atentar mais para as suas atividades-fim, seus negócios propriamente ditos e

focando mais os resultados finais, passando a exigir excelência em todas as

etapas e fluxos operacionais de suas rotinas. O conceito da terceirização

passou por esse apelo, onde a busca da melhor forma de execução de

“atividades-meio” fez com que as empresas procurassem especialistas

externamente, com investimentos e capacidade de execução desses serviços.

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CAPÍTULO II

IMPORTÂNCIA DAS PARCERIAS NO PROCESSO DE

TERCEIRIZAÇÃO

Parceria e terceirização são conceitos estratégicos no contexto

empresarial moderno e revelam um conteúdo poderoso na gestão empresarial

moderna, na medida em que conduz ao foco total em melhores resultados. A

prática de terceirização continua avançando e produzindo impacto nas

empresas, sendo necessário estabelecer uma relação muito próxima entre as

empresas contratantes e contratadas, para que a prestação dos serviços

garanta o êxito da contratação. Outro ponto importante é a adequação das leis,

permitindo que as empresas, contratante e contratada, sejam e tenham uma

relação de parceria. Giosa (1997; p.35) menciona que: “A Terceirização só irá

dar certo se as empresas contratantes tiveram ao seu lado prestadoras de

serviços totalmente aliadas e integradas às suas necessidades”.

Para o mundo globalizado, totalmente conectado e com os mercados

cada vez mais competitivos, as empresas abordam a estratégia da

terceirização como processos de outsourcing, que podem ser totais ou parciais.

A ideia é buscar externamente competências que complementem as operações

internas. Nesse caso, a empresa concentra seus esforços, recursos e

potencialidades naquilo que somente ela pode fazer e que constitui uma

vantagem competitiva.

A terceirização vem a ser um novo estágio entre a empresa

fornecedora do serviço e a empresa que a contrata, sendo que esta união só

irá se concretizar se as parcerias forem completamente autônomas umas das

outras. É essencial que a empresa contratante busque na empresa prestadora

de serviços, na entrega da prestação desses serviços, um resultado no mínimo

igual, ou melhor, do que ele executa internamente. Também é exigido da

terceirização rapidez, qualidade, execução em tempo recorde, a empresa de

serviços contratada deverá realizá-lo exatamente como foi determinado pela

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sua contratante, mesmo que o pedido seja feito em cima da hora e com um

pequeno espaço de tempo para ser entregue. Estas características tornam

essencialmente necessárias para a concretização total do processo de

terceirização, tornando-se assim contratante e contratado totalmente parceiros.

Figura 1: Mudanças no Relacionamento com fornecedores

Fonte: Adaptada de Giosa (1997; p.40)

Para Pagnoncelli (1993) existem quatro condições básicas para

transformar o terceiro em parceiro, as quais chama de Degraus da Parceria:

• Primeiro degrau – Diálogo – é o momento de se estabelecer o

diálogo franco, honesto e sincero. Serve como condição para o

entendimento entre os parceiros, viabilizando a aproximação e o

conhecimento mútuo.

• Segundo degrau – Convivência – após terem os objetivos comuns

definidos, os parceiros iniciam uma convivência mais profunda.

• Terceiro degrau – Confiança – é conquistado com a convivência

frequente e consiste num principio básico para a parceria bem

sucedida. Favorece as decisões e ações em comum.

• Quarto degrau – Identificação Cultural – embora as empresas

tenham características próprias e este principio deve ser

respeitado, é essencial os parceiros possuírem culturas

semelhantes ou promoverem a aproximação de suas culturas.

Empresas que tem propostas antagônicas não conseguem

conviver em harmonia.

FORNECEDOR PARCEIRODesconfiança/Medo dos riscos ConfiançaLevar vantagem em tudo Política do "ganhar aos poucos"Ganhos de curto prazo Economia de escalaPluralidade de fornecedores Fornecedor único para a atividade TerceirizadaO preço decide Enfoque na qualidadeAntagonismo CooperaçãoPostura reativa Postura criativaFornecedor como adversário Fornecedor como sócio

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A terceirização pode ser feita entre contratante e ex-funcionários,

contratante com aproveitamento dos ex-funcionários junto ao fornecedor

parceiro e com fornecedor parceiro sem envolvimento funcional. No caso de

optar pela terceirização com ex-funcionário, tem sido uma saída estratégica

que a maioria das empresas está acolhendo, já que esses funcionários têm

conhecimento específico da empresa, bem como a sintonia esperada, pois

conhecem a cultura e a filosofia da organização.

No mercado de telecomunicações, pós-privatização, esse processo

ocorreu em diversas frentes de atuação operacional. Um bom exemplo foi a

terceirização da parte de consertos de telefones, chamados de reparo, onde as

empreiteiras contratadas para terceirizar esse serviço, alem de contratar boa

parte da mão de obra da própria contratante, adquiriu a experiência inicial

também da contratante. Outro exemplo bem conhecido nas empresas de

telecomunicações, pós privatização, foi a estratégia de terceirizar a parte dos

serviços de atendimento ao consumidor (SAC), onde boa parte da mão de obra

eram funcionários das próprias empresas e, na grande maioria dos casos,

foram demitidos e contratados pelas empresas que passaram a ser

prestadores desse serviço. O mercado de telecomunicações foi um dos

pioneiros na terceirização do serviço de atendimento ao cliente no Brasil e esse

mercado atualmente é um dos que mais geram empregos no país.

Giosa (1997) acrescenta que:

Muitas empresas estão optando por esta modalidade com interesse em preservar o mercado de trabalho dos seus funcionários, dentro das possibilidades e do tipo de trabalho que está atuando, e, também, pelas influências dos Sindicatos para certos segmentos. (p.38).

Com ou sem vínculo funcional da terceirização, é responsabilidade da

empresa que o contratou negociarem com precedentes de autonomia sem que

haja vínculo de dependência entre as partes, também deve ficar bem claro a

capacidade empreendedora da empresa contratante. O fornecedor de serviços

não pode ter no seu cliente sua única fonte de renda, sendo assim as partes

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devem se comportar como se fossem sócios, buscando sempre o equilíbrio

entre os melhores resultados para as duas empresas, contratante e contratada.

No processo de terceirização, principalmente das empresas do ramo de

telecomunicações, para que tudo aconteça com o menor risco possível, cabe

ao contratante estabelecer alguns pré-requisitos, que lhe permitem optar pela

melhor empresa terceirizadora de acordo com as suas necessidades. Como,

capacidade de absorver as atividades a serem terceirizadas, lista de clientes e

tipos de trabalho desenvolvidos, número de funcionários e técnicos habilitados

para a prestação de serviços, capacidade empreendedora, uso de tecnologia e

busca de aprimoramento.

Com relação as atividades terceirizadas. Marchalex; Rebelato;

Rodrigues (2007; p.2) mencionam que: “O relacionamento entre a empresa

contratante e a empresa contratada pode ser tão complexo quanto o

relacionamento entre dois seres humanos”.

Como nas empresas de telecomunicações os terceirizados, na maioria

das vezes, tem contato direto com o cliente final, é importantíssimo também

estabelecer regras e pré-requisitos como no treinamento e desenvolvimento do

seu pessoal, política de treinamento de funcionários do contratante,

metodologia de trabalho, com ênfase na transferência de tecnologia se for o

caso, processos e programas de qualidade e produtividade empregados em

atividades assemelhadas a serem controladas. Além disso, flexibilidade e

agilidade do prestador de serviços em adaptarem-se as condições do cliente,

principalmente no que tange as solicitações "de última hora", responsabilidades

no cumprimento de prazos, números de funcionários alocados, equipamentos e

materiais envolvidos, solicitados e comprovados através de atestados de

desempenho e/ou de visitas pessoais a clientes, flexibilidade na negociação de

preços dos serviços e condições de faturamento dos serviços prestados. Nesse

ramo a relação do prestador com o cliente final é, praticamente direta. Um bom

exemplo é o call center, que presta o serviço de atendimento ao consumidor,

ou seja, tem contato direto com o cliente e representa a empresa contratada

naquele momento.

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De acordo com Marchalex; Rebelato; Rodrigues (2007; p.5) em

relacionamentos altamente desenvolvidos, os riscos e as recompensas são

conjuntamente divididos entre as partes, numa base “ganha-ganha”.

Na construção da parceria, principalmente no ramo de

telecomunicações, que tem obrigações regulamentadas pela ANATEL (Agência

Nacional de Telecomunicações), para atuar na concessão dos seus serviços,

uma parte importante é a elaboração do contrato de prestação de serviços, que

após a definição do prestador de serviço, a empresa contratante deverá propor

a assinatura de um contrato que dará o aspecto formal na relação entre as

partes. Com a prática da terceirização, a formalização contratual se torna um

instrumento de apoio e suporte da operação, responsabilizando o prestador de

serviços, estabelecendo regras de relacionamento, e dando uma base

juridicamente adequada à relação.

O momento da escolha do parceiro é crucial para o sucesso de todo o

processo de terceirização, até porque, a parceria, na grande maioria dos casos

promove um compartilhamento de imagens e reputações. Se o parceiro não

apresenta uma estrutura compatível com a necessidade do contratante, ele

pode entregar um serviço e/ou produto abaixo da necessidade e prejudicar o

negócio do contratante.

Portanto, é fundamental avaliar previamente e de forma criteriosa as

condições da empresa que será contratada para terceirizar parte dos seus

serviços. Alguns aspectos importantes nessa avaliação são: idoneidade,

estrutura operacional e regularidade fiscal. Outro aspecto que deve ser

avaliado é a postura ética da empresa que será contratada perante o mercado

e a sociedade.

Apesar de a terceirização ser uma ferramenta importante para o

aumento da rentabilidade, transformação de custos fixos em variáveis,

aumento de desempenho e ajuste da atividade principal, permitindo o foco da

empresa no sua atividade essencial, pode frustrar as expectativas quando a

situação de parceria não é alcançada entre as partes, empresas contratante e

contratada.

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CAPÍTULO III

MOTIVOS QUE CONDUZEM EMPRESAS ADERIREM A

TERCEIRIZAÇÃO

A terceirização, ou o processo de transferência de suas atividades, por

parte das organizações, para terceiros, é uma prática utilizada há muito tempo

e que vem se tornando cada vez mais comum. O mesmo também ocorre

especificamente em relação às atividades da área de Telecomunicações.

Queiroz (1998) afirma que a terceirização é uma técnica saudável e

atual, imprescindível a qualquer empresa, diante da globalização, onde a

concorrência é um fator presente em todas as atividades empresariais.

Segundo o autor, já não existe precipitação na sua implantação.

Diversos são os motivos que levam as organizações a terceirizar, parcial

ou totalmente, suas diferentes atividades e serviços na área de

telecomunicações, sendo muitos deles associados à redução de custos,

melhoria de qualidade e foco nas atividades essenciais da organização. Em

telecomunicações um fator determinante na terceirização é o ganho em escala

e a especialização da mão de obra em assuntos específicos.

De acordo com Giosa (1997; p.21), pode-se considerar, de uma forma

ampla e geral, uma série de fatores que condicionam, de maneira efetiva e

determinante do sucesso, a implantação de processos de terceirização nas

Empresas. São eles: O Ambiente Estratégico, o Ambiente Político, o Ambiente

Organizacional, o Ambiente Econômico, o Ambiente Tecnológico, o Ambiente

Social e o Ambiente Jurídico Legal.

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Figura 2: Fatores Condicionantes da Terceirização

Fonte: Adaptada de Giosa (1997; p.21).

3.1 – A TERCEIRIZAÇÃO E O AMBIENTE ESTRATÈGICO

A visão estratégica é fundamental para se entender a correta aplicação

do conceito de terceirização, pois serão implantadas novas filosofias

organizacionais que facilitará os processos de mudanças decorrentes do

aperfeiçoamento da gestão que a introdução da terceirização irá deflagrar nas

companhias.

Pagnoncelli (1993) descreve que terceirização não deve ser um conceito

generalizado a todos os segmentos e indústrias. As empresas devem analisar

onde, por que e quando terceirizar, pois aquelas que optam pela terceirização

são efetivamente as que precisam responder às necessidades do ambiente

quanto à agilidade, flexibilidade, competitividade, etc.

Terceirização

Ambiente Estratégico

Ambiente Político Ambiente Econômico

Ambiente Organizacional

Ambiente Social

Ambiente Jurídico/Legal

Ambiente Tecnológico

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O processo de planejamento da terceirização deverá ser completo e

abordar os principais pontos, como os motivos da existência da empresa,

conhecendo e focalizando a sua verdadeira missão, os objetivos e as diretrizes,

as políticas gerias e setoriais, a aderência e compatibilidade do negócio, além

de um conhecimento amplo do mercado e formas de comercialização.

Como o ramo de telecomunicações é um contrato de concessão,

regulamento por órgão específico, é de suma importância que o prestador

conheça profundamente suas regras e obrigatoriedades.

Para reduzir o nível de conflitos é necessário e importante uma revisão

constante dos objetivos, diretrizes e políticas, deixando a empresa preparada

para se relacionar com todos os níveis hierárquicos e postos de trabalho, com

confiança e competência necessária para esta ligação. Giosa (1997; p.19)

comenta que: “Com a concentração dos esforços e energia no seu negócio

principal, a companhia necessitará de funcionários habilitados, comprometidos

com o novo conceito, e na quantidade ideal para suportar os novos desafios”.

Os efeitos positivos da disseminação da tecnologia nos programas de

terceirização utilizados pelo parceiro contratado, os novos concorrentes entre

as empresas prestadoras de serviços, novos empreendedores no mercado e a

modernização das empresas prestadoras de serviços, são vertentes

estratégicas secundárias que devem ser consideradas no processo de

planejamento da terceirização.

3.2 – A TERCEIRIZAÇÃO E O AMBIENTE POLÌTICO

Atualmente para os governos brasileiros, seja a nível municipal, estadual

ou federal a terceirização se coloca como uma forma adequada de promover

mudanças estratégicas e operacionais nos órgãos públicos. Um bom exemplo

foi à mudança radical após a privatização dos serviços de telecomunicações no

Brasil, que terceirizou parte significativa dos serviços da cadeia produtiva,

aumentando em grande escala a capacidade de produção e entrega dos

serviços. Em telecomunicações especificamente foram criados sindicatos fortes

e atuantes junto aos órgãos políticos, principalmente na parte operacional das

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empreiteiras, que são os conhecidos técnicos de rua que atuam na instalação e

conserto dos telefones e também nas áreas de telemarketing, que são os

famosos serviços de atendimento ao cliente, com leis específicas.

No âmbito Político a terceirização se tornou ferramenta importante para

parcerias entre o setor privado e o governo, pois através do uso da tecnologia e

transferência de conhecimento se tornou possível prestar um serviço público

com melhor qualidade e com redução de custos.

3.3 – A TERCEIRIZAÇÃO E O AMBIENTE ORGANIZACIONAL

A estrutura funcional das empresas muda significativamente após

terceirizar parte dos seus serviços. Nas empresas de telecomunicações

normalmente essa mudança apresenta alterações nos níveis hierárquicos,

extinção e criação de novos cargos nas áreas terceirizadas e nas áreas que

executam as atividades principais da empresa.

Outro aspecto importante é o espaço físico, que poderá ser alterado em

função de todas as movimentações realizadas no processo de terceirização. As

normas, sistemas e métodos operacionais passam por alterações e revisões

constantes para suportar as mudanças advindas da terceirização, ocorrendo

uma espécie de ruptura para um novo modelo de atuação.

A terceirização permite um Ambiente Organizacional mais flexível e

possível de realizar mudanças estruturais sem grandes impactos para o

negócio. Esse sistema com mais flexibilidade auxilia nas mudanças da

produção de acordo com as exigências do mercado. Deste modo, as empresas

podem rapidamente se adaptar às alterações do mercado, deixando de estar

sujeitas a apenas alguns poucos tipos de insumos e/ou tecnologias. Isso

representa, para as empresas, uma facilidade de alterar seus fornecedores

com grande agilidade, devido à independência de insumos produzidos

internamente.

3.4 – A TERCEIRIZAÇÃO E O AMBIENTE ECONÔMICO

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A estrutura de custos internos deverá ser adaptada ao novo sistema,

aplicando um novo conceito a nível contábil e operacional e avaliar com

frequência os custos terceirizados em relação aos custos despendidos pela

atividade interna.

A terceirização representa um menor volume de capital de giro, pois os

princípios adotados nos processos de terceirização fazem com que o custo fixo

(a manutenção de ambientes e ferramentas ou o pagamento de salários e

encargos sociais, por exemplo) seja transformado em custo variável, visto que

só significará custo quando houver uma real necessidade da utilização destes

serviços.

Além de representar um menor capital de giro, a terceirização

proporciona as grandes empresas a aproveitar melhor os recursos gerenciais,

focando os esforços nos processos maiores e mais importantes dentro da

cadeia produtiva, deixando os processos menores para os subordinados.

Nas empresas de telecomunicações, como as empresas especializadas

na prestação de determinados serviços normalmente apresentam resultado

superior ao realizado antes da terceirização, realizando as atividades com

maior eficiência e ganho em escala, é comum a revisão dos preços e tarifas

praticados após a introdução da terceirização, considerando sempre a

participação dos serviços que tem influência, direta ou indireta, na

determinação do preço final para o consumidor.

Outro ponto importante nas empresas de telecomunicações são os

investimentos em novas tecnologias na parte dos serviços terceirizados, que

normalmente ficam a cargo das próprias empresas terceirizadas, que buscam

aperfeiçoar sua tecnologia para melhorar a sua performance e

consequentemente sua própria rentabilidade.

3.5 – A TERCEIRIZAÇÃO E O AMBIENTE TECNOLÓGICO

Para uma empresa é, praticamente, inviável manter-se

permanentemente atualizada em todos os elos de sua cadeia produtiva. No

caso da terceirização, a modernização passa a ser uma constante, na medida

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em que a prestadora do serviço terá como foco exclusivo a atividade objeto do

contrato, devendo mantê-la totalmente atualizada em todos os sentidos,

principalmente, em relação aos recursos tecnológicos.

A rápida evolução tecnológica e a crescente competitividade fazem com

que as empresas prestadoras de serviços sejam fundamentais na adequação

das necessidades tecnológicas que agregam valor para o negócio do

contratante e, como consequência, acabam reduzindo o custo, gastando

menos tempo e recursos das empresas contratantes.

Nas empresas do ramo de telecomunicações é fundamental a

transferência de conhecimento da utilização da tecnologia entre contratado e

contratante. Um bom exemplo é a manutenção da Rede instalada para a

transmissão de dados e voz que todo conhecimento é da contratante, porém

como a terceirizada é responsável pela manutenção e melhoria da performance

desta rede, a contratada precisa adquirir detalhadamente o conhecimento

técnico da rede com a contratante.

3.6 – A TERCEIRIZAÇÃO E O AMBIENTE SOCIAL

A terceirização também passa pela questão social, já que pode existir a

necessidade de dispensa de pessoal. No processo de terceirização, faz-se

necessário uma revisão das funções decorrentes da sua aplicação,

principalmente quando ocorrem demissões. É papel da empresa contratante

tentar viabilizar junto ao fornecedor de serviços que será contratado, se

possível, o acolhimento parcial ou total desta mão de obra que será demitida.

Foi exatamente o que ocorreu na era pós privatização nas empresas de

telecomunicações, com a terceirização, grande parte dos trabalhadores que

faziam parte da cadeia produtiva foram contratados pelos prestadores daqueles

serviços.

Com a implantação da terceirização, sem atentar para os seus talentos

humanos, poderá levar as empresas a demitir, num determinado momento,

sem perceber que no instante posterior será necessário admissões, tendo em

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vista a expansão natural das áreas que compõem as atividades principais

decorrentes do aumento dos negócios.

No aspecto social um fator importante na terceirização é o aumento da

abertura de novos negócios. No mercado de telecomunicações, com a

competitividade cada vez mais acirrada, ocorre a rápida formação de novas

empresas no setor de serviços, acarretando numa oferta mais intensa de mão

de obra neste segmento, aquecendo o mercado e refreando naturalmente os

efeitos do desemprego.

3.7 – A TERCEIRIZAÇÃO E O AMBIENTE JURÍDICO LEGAL

As experiências iniciais de aplicação da terceirização trouxeram dúvidas

na conceituação jurídica, trabalhista e legal para as empresas. Atualmente está

claro que as relações são empresariais e de pessoas jurídicas. Mesmo com

essa definição de relação entre pessoas jurídicas, ainda existem muitas

lacunas legal, tanto que até hoje, existem muitos processos trabalhistas com

pedido de incorporação por parte das empresas que contratam os serviços

terceirizados.

No ramo de telecomunicações os sindicatos e os empresários, dentro

dos seus limites de relacionamento naturais, já avançaram muito na discussão

e na interpretação da utilização da terceirização, inclusive foram criados

sindicatos específicos para diversas frentes de atuação que tiveram seus

serviços terceirizados, como por exemplo o serviço de atendimento ao cliente

(SAC), que tem leis e sindicatos próprios. De acordo com Giosa (1997; p.28),

“a própria legislação, por ser omissa, inspira dúvidas, às vezes, inibindo

decisões dos empresários mais conservadores”.

Na prática, a terceirização se desenvolve a partir do contrato

estabelecido entre as empresas, contratante e contratada, que definem de

forma clara quais serão as tarefas a serem desenvolvidas e, a partir deste

momento, cada uma deverá ter autonomia plena para desenvolver o seu

trabalho, respeitando, obviamente, os objetivos da empresa contratante.

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CAPÍTULO IV

VANTAGENS E DESVANTAGENS COM A

TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS

A aplicação da terceirização como um instrumento de gestão inovadora,

capaz de alterar, de forma bastante ampliada, o desempenho das

organizações, traz uma série de mudanças estruturais, sistêmicas e

comportamentais que acabam refletindo numa eficácia administrativa

considerável.

A estratégia da terceirização consiste na focalização da atividade

principal, permitindo a contratação de outras atividades a empresas

prestadoras de serviços, que, como tem foco em determinada atividade,

consegue qualidade superior e maior flexibilidade. Portanto, terceirizar serviços

e/ou atividades secundárias torna-se uma vantagem competitiva para as

empresas.

Pagnoncelli (1993) afirma que as principais expectativas que são criadas

em torno de um processo de terceirização, como, por exemplo, mudança de

comportamento e aumento de performance, estão distribuídas por toda a

organização e por esse motivo somente poderão ser observadas a médio ou

longo prazo. A redução de custos não deve ser a finalidade principal da

terceirização. Deve ser buscada por meio de melhoria da qualidade,

produtividade e focalização naquilo que a empresa faz de melhor.

Para Pagnoncelli (1993) vários são os benefícios alcançados com a

terceirização:

• Concentração de esforços (focalização);

• Maior capacidade de adaptação às mudanças (flexibilidade);

• Agilização (desburocratização);

• Melhoria da qualidade do produto ou serviço;

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• Melhoria da produtividade, proporcionando maior

competitividade;

• Redução de custos;

• Redução do imobilizado;

• Liberação de espaço (físico);

• Criação de ambiente propício ao surgimento de inovações;

• Formalização de parcerias;

• Valorização profissional;

• Sinergia entre as empresas;

• Estabelecimento de novas micro, pequenas e médias empresas;

• Ampliação do mercado para micro, pequenas e médias

empresas já existentes;

• Redução da dependência da comunidade em relação a empresa

e vice e versa.

As empresas de telecomunicações, de uma forma geral, têm uma visão

parcial acerca das vantagens e riscos da terceirização. Dentre as ideias mais

aceitas para a escolha desta prática está à economia de recursos e

investimentos e o foco em atividades que configuram a competência essencial

da empresa. Um fator importante e com forte influência no processo de

terceirização é o enxugamento dos recursos humanos na empresa,

simplificando toda parte administrativa e reduzindo os custos fixos.

Argumentam que as vantagens quanto à terceirização podem ser tanto

operacionais como estratégicas. As vantagens operacionais em geral fornecem

soluções a problemas de curto prazo, enquanto vantagens estratégicas

oferecem contribuições em longo prazo e normalmente dependem de grande

investimento.

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Figura 3: Quadro Sinóptico (Vantagens e Desvantagens da Terceirização)

Fonte: Adaptada de Giosa (1997; p.85)

4.1 – VANTAGENS DA TERCEIRIZAÇÃO

Considerando todo o cenário de mudanças com a terceirização, é

possível identificar uma série de itens que se caracterizam como vantagens

competitivas advindas desse processo, sendo as principais:

4.1.1 – O desenvolvimento econômico

Refletido através da criação das novas empresas, aumentando a oferta

de mão de obra de diferentes níveis de qualificação e como consequência

aumenta o nível de emprego da economia. Em telecomunicações um bom

exemplo foi a criação das empresas de telemarketing, que atualmente faz parte

dos maiores empregadores do país e esse mercado apresenta forte

crescimento por vários anos consecutivos.

VANTAGENS FATORES RESTRITIVOS

- desenvolvimento econômico - desconhecimento da alta administração

- especialização dos serviços - resistências e conservadorismo- competitividade - dificuldade de se encontrar a

parceria ideal- busca da qualidade - risco de coordenação dos

contratos- controles adequados - falta de parâmetros de custos

internos- aprimoramento do sistema de custeio

- custo de demissões

- esforço de treinamento e desenvolvimento profissional

- conflito com os sindicatos

- diminuição do desperdício - desconhecimento da legislação trabalhista

- valorização dos talentos humanos- agilidade das decisões- menor custo- maior lucratividade e crescimento

IMPLANTAÇÃO DA TERCEIRIZAÇÃO

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4.1.2 – Racionalização dos recursos e redução dos custos

Racionalização da estrutura organizacional da empresa e a

consequente redução dos níveis hierárquicos e custos administrativos,

reduzindo os controles, aumentando a flexibilidade e a agilidade da

organização. Reduz as perdas, diminuindo o desperdício, oferecendo, por parte

do terceiro (pelo fato de ter estrutura mais enxuta, administração mais ágil e ser

mais especializada) de serviços mais baratos e de mais qualidade do que o

disponível dentro das empresas, contribuindo para a melhoria da qualidade do

produto final da contratante.

4.1.3 – Foco na atividade principal

Proporciona a concentração de recursos liberados para área fim,

melhorando a produtividade, a especialização e a eficácia empresarial. Com a

grande concorrência no mercado de telecomunicações é fundamental ter foco

nas atividades fim, como novas tecnologias, qualidade do serviço e ou produto

e preço final.

4.1.4 – Especialização por segmento

O mercado acaba abrindo oportunidades variadas em cada campo de

atuação, gerando maior concorrência e inteligência no tratamento das

especificidades. Para os serviços de telecomunicações, uma inspiração

constante é a criação de novas empresas prestadoras de serviços e a

competitividade constante das empresas atuais. Essa forte competitividade faz

com que as empresas busquem continuamente se aperfeiçoar para se

diferenciar pela qualidade frente a concorrência. Desde a privatização, em

1998, inúmeras empresas, com foco em segmentos diferentes, foram criadas

para prestação de serviços no ramo de telecomunicações.

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4.1.5 – Busca constante pela qualidade

A qualidade total será a chave de sustentação para as empresas

prestadora de serviços, principalmente no mercado de telecomunicações que

tem forte concorrência, tanto nas empresas de telecomunicações, quanto nas

próprias empresas prestadoras de serviços. Ou seja, para os prestadores de

serviços, a qualidade é uma das grandes armas na forte competição para o

fechamento da parceria nos numerosos contratos de prestação de serviço em

telecomunicações. Torna-se a principal alavanca de marketing das próprias

prestadoras de serviços, e é uma meta constante de aprimoramento. Giosa

(1997; p.82), comenta que: “A busca constante pela qualidade dos serviços,

deve ser o grande ensinamento que a terceirização estabelece como

instrumento de gestão”.

4.1.6 – Valorização dos recursos humanos

Com a terceirização nas empresas de telecomunicações, a empresa

investe mais no conhecimento especializado e ainda exige maior esforço de

treinamento e desenvolvimento profissional dos empregados das prestadoras

de serviço. Com a especialização, o aprimoramento é constante e essencial

para tornar o prestador de serviço aderente a estratégia da empresa

contratante.

4.2– DESVANTAGENS E/OU FATORES RESTRITIVOS DA TERCEIRIZAÇÃO

Ainda que a terceirização se constitua numa das principais estratégias

requeridas pelo atual contexto empresarial, sendo encarada como uma decisão

estratégica de suma importância, a sua análise deve levar em conta algumas

eventuais dificuldades e não devem ter somente o foco em redução de custos.

Segundo Queiroz (1998), várias vantagens apontadas no processo de

terceirização envolvem redução de custos, porém, o autor adverte que

terceirização não é:

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• Desobrigação ou redução dos encargos legais e sociais;

• Redução dos benefícios concedidos aos seus empregados;

• Redução salarial.

Os principais aspectos que dificultam a implantação da terceirização no

setor de telecomunicações são:

4.2.1 – Desconhecimento sobre o assunto

No ramo de telecomunicações, existe uma adversidade muito grande

de atividades que podem ser terceirizadas, porém o desconhecimento do novo

se reflete junto à alta administração e sobre áreas chaves da organização,

dificultando sua implementação. Um bom exemplo é o grande número de

reclamações em órgãos de defesa do consumidor referente ao serviços

prestados pelas ares de Serviços de Atendimento ao Cliente (SAC), que na sua

maioria são terceirizados e conhecem pouco da estratégia da empresa

contratante.

4.2.2 – Resistências Internas e conservadorismo

A terceirização lida com pessoas, cargos, salários, espaços de poder,

planejamento de carreira; enfim, com itens extremamente sensíveis, acrescidos

das questões sindicais e trabalhistas, que tendem a ser cada vez menos

agudas, mas que ainda têm importância. Para Giosa (1997; p.84) “As

resistências se sobrepõem ao novo, o conservadorismo inibe a aplicação de

técnicas modernas, caracterizando aspectos da cultura de algumas empresas”.

A definição clara das leis trabalhistas que regem a terceirização evoluiu muito

nos últimos anos, porém ainda tem lacunas que precisam ser exploradas para

garantir o sucesso das empresas. Um bom exemplo é que até hoje, existem

funcionários das empresas terceirizadas que pedem, judicialmente,

incorporação na empresa contratante e com ganho de causa em alguns casos

específicos.

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4.2.3 – Entraves no estabelecimento de parcerias

Devido às limitações e particularidades dos eventuais parceiros, esta

adversidade não deve ser fator impeditivo, mas necessariamente deverá ser

levada em conta. Por exemplo, uma parceria pode ser desfeita porque não

produziu os resultados esperados. Para as empresas de telecomunicações a

maior dificuldade é encontrar parceiros que possam atender às condições de

qualidade e produtividade, exigidas para determinadas atividades.

A antiga BRT (BRASIL TELECOM) em 2007 reverteu à terceirização do

seu setor de telemarketing (Central de Atendimento ao Cliente) com a

justificativa de que os parceiros contratados não atingiram a produtividade e

qualidade necessária para dar continuidade ao negócio, acarretando prejuízo

financeiro e, principalmente, de imagem para a empresa.

Existem outros aspectos importantes quanto aos fatores restritivos

como a dificuldade de gerenciar os contratados, os aspectos culturais das

empresas, a relação de conflitos com os sindicatos e o desconhecimento da

legislação trabalhista, que ainda precisa evoluir muito para tornar as regras da

terceirização mais claras e sem dupla interpretação.

Além dos pontos de atenção mencionados como desvantagem do

processo de terceirização, existem cuidados importantes que devem fazer

parte desse processo no mercado de telecomunicações. As principais

precauções são:

• Não terceirizar serviços relacionados diretamente com os

objetivos e razão de ser da empresa, ou seja, não terceirizar

suas atividades-fim;

• Colocar sob a responsabilidade do prestador de serviços

somente as atividades não essenciais, ou seja, terceirizar

somente as atividades-meio;

• Não pensar somente no baixo custo oferecido, pesquisando no

mercado empresas idôneas para prestação do serviço para sua

empresa. Importante lembrar, na maioria das vezes em

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empresas de telecomunicações, o prestador de serviço estará

direto com o cliente;

• Ter um contrato de prestação de serviços claro e contendo todas

as obrigações e responsabilidades de ambas as partes,

empresa contratante e contratada;

• Ter uma área e gestores específicos para se relacionar

comercialmente com as empresas prestadoras de serviços;

• Evitar contratos de exclusividade, é importante também que a

empresa contratada para a prestação dos serviços tenham

outras empresas como clientes.

• Aceitar e, até mesmo, incentivar o rodízio de funcionários na

empresa contratada, a oxigenação dos recursos humanos em

empresas prestadoras de serviços é, na maioria das vezes,

positiva.

A terceirização não é um processo de fácil aplicação, um modismo

passageiro, uma simples contratação de serviços ou remédio para todos os

problemas. Portanto requer reformulação de conceitos empresarias

desatualizados, envolvimento e interação entre as empresas, visão de

modernidade, confiança e convergência de interesses e, principalmente,

planejamento estratégico desse processo com apoio do corpo diretivo.

Na verdade, a empresa que terceiriza seus serviços, ao definir sua

estratégia competitiva deve contratar os terceiros da mesma maneira como

escolhe um parceiro para sócio. Importante ressaltar que ambas as partes

devem trabalhar em prol de idênticos objetivos, devendo, assim, fornecer aos

seus clientes acesso a serviços personalizados através de pessoal altamente

qualificado e tecnologia avançada.

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CONCLUSÃO

A prática de terceirização de serviços é uma realidade do mundo

globalizado e seus mercados cada vez mais competitivos. A contratação, via

prestação de serviços, de empresas especializadas em atividades específicas,

que não cabem ser desenvolvida no ambiente interno das organizações se

tornou uma técnica moderna de administração baseada num processo de

gestão de terceiros.

A terceirização dos serviços no mercado de telecomunicações tem

como objetivo principal atingir melhores resultados, otimizando as rotinas

operacionais das organizações, diminuindo a burocracia administrativa,

concentrando assim todos os esforços e energia da empresa para sua

atividade principal, focando em aumentar sua rentabilidade, participação no

mercado e expansão da empresa.

Para que uma empresa prestadora de serviços de telecomunicações

possa promover o progresso pelo serviço de terceirização e obter o sucesso é

necessário que a empresa terceirizada tenha os objetivos alinhados com a

contratante e que os contratos de prestação desses serviços sejam claros e

com regras definidas, buscando maximizar a qualidade e reduzir os custos

operacionais. Ou seja, as empresas contratante e terceirizada, através da

parceria, devem focar seus esforços para garantir a qualidade percebida pelos

seus clientes, que é quem vai determinar o sucesso dessa parceria. Como

esse mercado é extremamente competitivo, o foco no cliente, de ambas as

partes, contratante e contratada, deve ser total e será o divisor de águas para

parcerias de sucesso.

Especificamente na área de serviços, na grande maioria das vezes, a

terceirização surge como outsourcing de infraestrutura, passando a transferir

para terceiros a incumbência pela execução das atividades. Essa parceria

migra a posição do fornecedor tradicional para uma relação comercial de

confiança, onde o terceiro passa a ser praticamente um sócio do negócio, pois

representa a empresa contratante junto aos seus clientes.

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No processo de terceirização de serviços nas empresas de

telecomunicações torna-se possível enumerar várias consequências positivas,

sendo as principais a simplificação da estrutura organizacional, os ganhos com

a especificação e a redução dos custos fixos e dos investimentos em ativos. Os

principais pontos de atenção nesse processo são as resistências internas,

dependência de fornecedor e dificuldades de gerenciar os contratados. Para

obter o sucesso de uma terceirização nas empresas de telecomunicações, a

parceria entre as empresas é fundamental e torna-se um diferencial nas

empresas que conseguem alcançar maturidade nesse processo.

Na verdade, a empresa que terceiriza seus serviços, ao definir sua

estratégia competitiva deve contratar os terceiros da mesma maneira como

escolhe um parceiro para sócio. Ou seja, ambas as partes devem trabalhar em

busca dos mesmos objetivos, proporcionando aos clientes finais a maior

qualidade possível.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BRAND, F.C. Sistema de Apoio ao Processo de Decisão quanto a

Terceirização no contexto de uma Cadeia Produtiva. Disponível em

<http://www.producao.ufrgs.br/arquivos/publicacoes> Acesso em: 20 de

setembro 2011.

CAMPOS, J.G. Terceirização de Atividades Financeiras de Empresas de Micro,

Pequeno e Médio Porte na Grande São Paulo. Disponível em

<http://www.geldbrasil.com.br/down> Acesso em: 14 de outubro 2011.

CARELLI, Rodrigo de Lacerda. Terceirização e Intermediação de Mão de Obra.

Rio de Janeiro: Renovar, 2003.

CASARETTI, L.H. Terceirização. Disponível em:

<http://www.peakperformance.com.br/index.php?d=TEALui3> Acesso em :

14 de outubro 2011.

CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos. Rio de Janeiro:

Campus, 1999.

DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo corporativo. Rio de

Janeiro: Elsevier, 2003.

GIOSA, Livio A. Terceirização: Uma Abordagem Estratégica. São Paulo:

Pioneira, 1997.

ISAURA; JAIME; JAIRO. Afa Administração: Terceirização. Disponível em:

<http://www.geocities.com/WallStreet/Market/4702/textos/terceiriz.html> Acesso

em: 30 de outubro 2011.

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KOTLER, Philip. Administração de Marketing. São Paulo: Pearson Education

do Brasil, 2000.

PAGNOCELLI, Dernizo. Terceirização e parceirização: estratégias para o

sucesso empresarial. São Paulo: D. Pagnocelli, 1993.

QUEIROZ, Carlos Alberto Ramos Soares. Manual de Terceirização: Como

encontrar os caminhos para a competitividade, com flexibilidade empresarial e

atendimento do mercado, ganhando da concorrência e satisfazendo os anseios

e interesses dos consumidores. São Paulo: STS, 1998.

www.avm.edu.br Arquivo para monografia formatado. Acesso em 20 de

setembro de 2011.

www.teleco.com.br. Em debate, Terceirização. Acesso em: 12 de dezembro

2011.

www.teletime.com.br Revista, Discutindo a relação. Acesso em: 02 de janeiro

de 2012.

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Artigo de site especializado;

Anexo 2 >> Debate dos usuários sobre o artigo; Anexo 3 >> Internet; Anexo 4 >> Reportagem de empresa prestadora de serviço (internet); Anexo 5 >> Internet (Site Conarec).

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ANEXO 1

SITE ESPECIALIZADO EM TELECOMUNICAÇÕES

Site: www.teleco.com.br/emdebate/quadros09.asp “Terceirização no setor de telecomunicações” Juarez Quadros do Nascimento Sócio da Orion Consultores Associados e ex-ministro das Comunicações A terceirização nos serviços de telecomunicações no Brasil é um dos temas em evidência que aliado às interrupções, atendimento insatisfatório e falta de competição em alguns segmentos, como na telefonia fixa e banda larga, expõe o setor a riscos. A propósito, em maio/09, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) julgou ilegal a contratação de terceiros para atividade fim em “uma concessionária” do setor elétrico. No mesmo mês, sem analisar o mérito da terceirização, o TST decidiu se ater ao julgamento do processo que envolve “uma operadora” de telecomunicações e o MPF/RN. Em julho último, o TRT/MG manteve sentença contra “outra operadora”, considerando que o art 94, II, da Lei Geral de Telecomunicações (LGT) não se estende ao Direito do Trabalho, pois a Súmula 331, do TST, tem por ilegal a contratação de terceirizados para atividade fim. O entendimento é que o termo “inerente” (da LGT) pode ser interpretado como “atividade fim”. As decisões da Justiça do Trabalho abrem ampla discussão para o setor de telecomunicações, embora os Sindicatos e o Partido dos Trabalhadores, superatuantes no passado estatal, hoje se distanciem dos fatos. No presente, ocorrem interrupções na prestação dos serviços explorados em regime público (telefonia fixa) e privado (celular e banda larga). Falha recente de “uma operadora” em São Paulo teria sido causada por terceirizado. Por oportuno, abordo a “terceirização” emprestando considerações de Kotler e Caslione, e depois contextualizo a LGT no que se refere a contratar com terceiros, direito dos usuários e fiscalização dos serviços. No Livro “Vencer no caos” – Philip Kotler e John Caslione (Campus/Elsevier, 2009) – que trata de minimizar vulnerabilidades e explorar oportunidades, os autores citam no Prefácio que “A terceirização sempre teve defensores e detratores”. Não pretendo aqui defender, nem detratar a terceirização, mas alertar operadores e reguladores sobre dependência, riscos e responsabilidades, quando no setor de telecomunicações. No “Desenvolvimento de sistemas gerenciais para a resiliência” (Livro, Cap 4), Kotler e Caslione expõem, na forma de checklist, diversos ajustes para as diferentes áreas de uma organização, como “cortar/postergar”, “terceirizar” e “aumentar/acelerar”. A seguir, destaco alguns dos ajustes sobre “terceirizar” (com grifos meus) deixando de focar os demais. - Checklist de comportamentos estratégicos de ajuste ao caos para as áreas de finanças e tecnologia da informação (Livro, Fig 4.4 – pg 114): Terceirizar: - Todas as atividades de apoio não essenciais, ou o máximo possível. - Todas as atividades de TI, ou o máximo possível. - Todas as atividades de RH, ou o máximo possível. - Idem, porém para as áreas de fabricação e operações (Livro, Fig 4.5 – pg 123): Terceirizar: - Trabalhos de projetos e engenharia que não são fundamentais para a vantagem competitiva. - Produção que exige nova tecnologia ou novos equipamentos. - Produção de baixo valor. - Logística e gestão da cadeia de suprimentos. - Idem, porém para as áreas de compras e abastecimento (Livro, Fig 4.6 – pg 129): Terceirizar: - Trabalhos de projetos e engenharia que não são fundamentais para a vantagem competitiva. - Produção que exige nova tecnologia ou novos equipamentos.

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- Idem, porém para a área de vendas (Livro, Fig 5.2 – pg 164): Terceirizar: - Vendas a pequenos clientes não essenciais. - Busca de fontes de recomendações. - Serviços a clientes não essenciais. - Visitas técnicas. - Serviços sob garantia. - Atividades de desenvolvimento de negócios não essenciais. Do que se observa, ainda que não tratem especificamente do setor de telecomunicações, os autores avaliam comportamentos estratégicos de ajuste ao caos, com a terceirização de atividades em diversas áreas, mas sempre excluem aquelas consideradas essenciais, ou que são fundamentais para a vantagem competitiva. Abordando o setor de telecomunicações, a rigor e sem surpresas, a terceirização me causa curiosidade dada a falta de proximidade entre as ações correntes de operadoras, com as avaliações de Kotler e Caslione e as disposições a seguir (com grifos meus), contidas na LGT. Contratar com terceiros – Os escopos institucionais estabelecidos pelo Legislativo no que se refere a contratar com terceiros, reunidos na LGT, Livro III (da Organização dos Serviços de Telecomunicações), Título II (dos Serviços Prestados em Regime Público), Capítulo II (da Concessão), Seção II (do Contrato), dentre outros, dispõem que: - No cumprimento de seus deveres, a concessionária poderá, observadas as condições e limites estabelecidos pela Agência (LGT, art 94): - contratar com terceiros o desenvolvimento de atividades inerentes, acessórias ou complementares ao serviço, bem como a implementação de projetos associados (LGT, art 94, II). - Em qualquer caso, a concessionária continuará sempre responsável perante a Agência e os usuários (LGT, art 94, §1º). Direitos dos usuários – Já os escopos institucionais estabelecidos pelo Legislativo no que se refere aos direitos dos usuários, reunidos na LGT, Livro I (dos Princípios Fundamentais), dentre outros, dispõem que: - O usuário de serviços de telecomunicações tem direito (LGT, art 3º): - de acesso aos serviços de telecomunicações, com padrões de qualidade e regularidade adequados à sua natureza, em qualquer ponto do território nacional (LGT, art 3º, I); - à informação adequada sobre as condições de prestação dos serviços, suas tarifas e preços (LGT, art 3º, IV); - ao prévio conhecimento das condições de suspensão do serviço (LGT, art 3º, VIII); - de resposta às suas reclamações pela prestadora do serviço (LGT, art 3º, X); - à reparação dos danos causados pela violação de seus direitos (LGT, art 3º, XII). Fiscalização dos serviços – E os escopos institucionais estabelecidos pelo Legislativo no que se refere à fiscalização dos serviços, reunidos na LGT, Livro II (do Órgão Regulador e das Políticas Setoriais), Titulo II (das Competências), dentre outros, dispõem que: - À Agência compete adotar as medidas necessárias para o atendimento do interesse público e para o desenvolvimento das telecomunicações brasileiras, atuando com independência, imparcialidade, legalidade, impessoalidade e publicidade, e especialmente (LGT, art 19): - celebrar e gerenciar contratos de concessão e fiscalizar a prestação do serviço no regime público, aplicando sanções e realizando intervenções (LGT, art 19, VI); - expedir e extinguir autorização para prestação de serviço no regime privado, fiscalizando e aplicando sanções (LGT, art 19, XI); - reprimir infrações dos direitos dos usuários (LGT, art 19, XVIII). Dependência – Pelo que se vê, lê e escuta, as empresas operadoras no país estão cada vez mais dependentes de fornecedores terceirizados no provimento de serviços necessários para o andamento dos negócios no setor de telecomunicações, ao demitirem executivos e profissionais especializados. Riscos – À medida que as empresas aumentam a dependência de terceirizados ficam cada vez mais expostas a riscos operacionais, financeiros, trabalhistas e estratégicos. O uso, no limite máximo, do temerário expediente da terceirização dos serviços faz as empresas perderem a autonomia da decisão, ao perderem a competência em defini-la. Responsabilidade – As empresas operadoras que utilizam serviços terceirizados precisam avaliar os fatores de risco e responsabilidade a que estão expostas. As empresas terceirizam as atividades, mas não terceirizam o risco e a responsabilidade. É a regra legal, ainda que a terceirização para atividade fim seja questionada na

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Justiça do Trabalho. Pessoal próprio x terceirizado – A operação e manutenção de partes importantes dos sistemas de telecomunicações, quando nas mãos de pessoal próprio das operadoras, correm menos riscos, uma vez que a ação humana é exposta a falhas, mas se altamente especializada e supervisionada pode ser evitada, ou, contingenciada e controlada. Crises – Em qualquer organização crises financeiras, crises de gestão ou resultados afetam Capex, Opex e a Margem de Lucros. Via de regra, na busca de dividendos, o que fazem os acionistas? Em detrimento dos usuários, empregados e fornecedores, obrigam os diretores a reduzir despesas de capital (cortam/postergam investimentos) e operacionais (demitem, terceirizam, reduzem margens dos terceirizados, etc). Por fim, e não de forma diferente, atividades essenciais ou fundamentais para a desejada competição no setor de telecomunicações, com ou sem terceirização, adotando o esperado modelo de custos (inclusive os de capital), devem ser fiscalizadas em observância à ordem econômica e aos direitos dos consumidores. À União, por intermédio da Anatel, cabe a fiscalização, dada a obrigação legal que lhe é instituída. E a União necessita da Agência forte. Do contrário...

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ANEXO 2

DEBATE DOS USUÁRIOS SOBRE O ARTIGO (ACIMA)

Site: www.teleco.com.br/emdebate/quadros09.asp “Terceirização no setor de telecomunicações”

Comentário de Henrique J. G. Ulbrich

Reduzir custos, sim. É saudável para qualquer empresa. Porém, da forma como está sendo feito, é um grande equívoco: demissões de profissionais capacitados e produtivos, que são admitidos depois como terceirizados, com sensível redução de ganhos e, muitas vezes, sob condições humilhantes de trabalho! E o que é pior, para obter a máxima redução de custos, contratam iniciantes em detrimento de profissionais experimentados. É coisa do tipo: vamos arriscar para ver, se der certo estamos economizando. Se der errado, o assinante está pagando a conta do mesmo jeito!!! Senti tudo isso na pele. E continuo batalhando, dando murro em ponta de faca. E o que é pior, sendo maltratado em minha conta telefônica, com cobranças absurdas, pela empresa que poderia me acolher em seus quadros e se benefiar da minha experiência. É uma via de mão única! Para tudo há limite, inclusive racional. E esse limite já foi ultrapassado há muito tempo pelas "operadoras". Realmente, a análise feita no presente artigo é reveladora. Pena que a insensibilidade dos "executivos" das operadoras e a omissão verificada pelo lado do governo não estão contribuindo em nada para eliminar ou, pelo menos atenuar, essa distorção.

Comentário de João Batista Moreira Marques

Grande Juarez, bom dia. Vou dar minha opinião, mas antes faço uma pergunta. Quem criou a terceirização? Porque foi permitida a mesma, mesmo sabendo-se o preço que iriamos pagar? Antes que seja tarde demais, vamos criar uma lei proibindo a terceirização de uma vez por todas, e acabar essa exploração que só serve para elevar lucros e sucatear os sistemas de qualquer área. Grato pela sua atenção.

Comentário de Leandro da Silva

Em resumo, as operadoras focam no aumento de sua base de clientes e simplesmente o colocam de lado. Infraestrutura pobre e sem atualização, insatisfação e reclamação é o que mais se encontra em todos os cantos.

Comentário de Frank Akihiro Vieira Takeda

Como empresa contratada para terceirizar as vendas no porta-a-porta, deixo minha sugestão para que se haja um compromisso na absorção dos funcionário das contratadas sendo incorporado o INSS e FGTS na transferência no caso de uma reversão/cancelamento do contrato por motivos de exigência da Anatel/Aneel.

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ANEXO 3

INTERNET

Acesso em 11/09/2011

http://pt.wikipedia.org/wiki/Terceiriza%C3%A7%C3%A3o

A terceirização ou outsourcing é uma prática que visa a redução de custo e o aumento da qualidade. Pode ser usada em larga escala por grandes corporações e, observada principalmente em empresas de telecomunicações, mineração, indústrias etc. Pequenas e médias empresas também podem se beneficiar muito com essa prática, uma vez que elimina burocracias internas com as atividades-meio. Apesar das várias vantagens, a Terceirização deve ser praticada com cautela. Uma má gestão de terceirização pode implicar para as empresas um descontrole e desconhecimento de sua mão-de-obra, a contratação involuntária de pessoas inadequadas, perdas financeiras em ações trabalhistas movidas pelos empregados terceirizados, dentre outros problemas. O processo de terceirização em uma organização deve levar em conta diversos fatores de interesse, tais como a redução de custos e principalmente o foco na sua atividade-fim. A terceirização precisa estar em conformidade com os objetivos estratégicos da organização, os quais irão revelar em que pontos ela poderá alcançar resultados satisfatórios. O que não se deve terceirizar? Bom,o princípio básico é que não se terceirize a sua atividade-fim. Sendo assim, uma organização que desconhece a si mesma, em um processo de terceirização, corre sério risco de perder sua identidade e principalmente o seu diferencial competitivo. Mesmo na atividade-meio, só é permitido terceirizar quando não houver subordinação hierárquica, ou seja, locação de mão de obra é ilegal. A atividade-fim de uma empresa é a razão de existir dessa empresa. Dentro do serviço público, têm-se exemplos de terceirizações satisfatórias, como é o caso dos serviços de limpeza. Neste caso, a terceirização é indicada pois a atividade-fim do serviço público não é a limpeza de seu patrimônio. Para amenizar os problemas causados pela terceirização, estão sendo criadas por empresas de software algumas soluções de sistemas informatizados para promover de forma mais eficaz o controle e a gestão da mão-de-obra terceirizada, sendo uma importante ferramenta para o departamento de recursos humanos das empresas que praticam a terceirização.

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ANEXO 4

INTERNET

Site de empresa de prestação de serviços em telecomunicações, acesso em

29/10/2011.

http://www.siemens.com.br/templates/coluna1.aspx?channel=2738

Cresce o mercado de terceirização dos serviços de call center

A terceirização dos serviços de call center está se

consolidando de tal for-ma que as taxas de

crescimento supe-ram as previsões das empresas

que atuam no setor. A Associação Brasileira de

Tele-marketing (ABT)estima que este ano o

mercado movimente cerca de R$ 1,8 bi-lhão, 30%

sobre o faturamento do ano anterior. Para Roberto

Josuá, presiden-te do Grupo Softway, que recentemente adquiriu a Multiação, de

Florianópolis, "a expansão dos negócios ocorre porque as empresas têm uma

necessidade cada vez maior de terceirizar o telemarke-ting em vez de bancar as

despesas neces-sárias para manter o sistema".

A Multiação fechará este ano com cresci-mento superior ao apresentado pelo mer-cado:

"Calculamos crescer 100% neste ano", revela Topázio Neto, diretor co-mercial do grupo

e responsável pela uni-dade de Florianópolis. A empresa chega-rá ao final do ano com

500 PAs (posi-ções de atendimento), mais de 1.000 a-gentes e um faturamento de R$ 20

mi-lhões. A infraestrutura tecnológica da empresa conta com um sistema Hicom 300E -

HiPath Procenter, com capacidade para 1.270 portas. "É a solução mais adequada para

suportar nossos serviços de telemarketing que é 80% ativo", res-salta Topázio Neto.

De zero a100%

Um ano atrás, a OneCall inaugurava seu primeiro site, com 55 posições para atender um

Central de Atendimento da OneCall

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cliente. Hoje, tem motivos de sobra para comemorar: são 261 posi-ções de atendimento,

400 agentes e uma carteira de clientes que demandam serviços diferenciados. Até

dezembro, a empresa terá 500 PAs e o dobro de agentes.

Alex de Franco, seu fundador, diz que a Siemens foi um parceiro vital para que a

OneCall pudesse iniciar suas ativida-des na data programada, respondendo pe-la

implantação recorde de um sistema Hicom 300E - HiPath Procenter, com capacidade

para 5.000 portas. Segundo o executivo, a OneCall, que pratica-mente "saiu do zero

para crescer 100% em um ano", tem a filosofia de terceirizar as ações tradicionais de

telemarketing ativo e receptivo, como também as operações de atendimento a clientes

via web, dentro do conceito de web contact center e eCRM.

Melhor propaganda

Há três anos no mercado, a Telefutura, outra agência terceirizadora de serviços de call

center, tem dobrado de tamanho a cada ano.Hoje conta com três sites no Centro

Empresarial de São Paulo e está inaugurando um terceiro com 600 PAs na região central

da cidade, onde a Siemens acaba de implantar a última ver-são do Hicom 300H com

solução HiPath Procenter. Até o final do ano, a empresa terá um total de 1.500 PAs -

das quais 99% são Siemens. "A expansão ocorre para atender as demandas internas, ou

seja, de nossos clientes", revela Márcia Ricciardi, gerente de novos negócios.

Avessa a propagandas, a empresa tem como princípio investir em tecnologia de ponta

para manter a qualidade dos serviços prestados. "Nosso trabalho de marketing é feito

boca a boca pelos pró-prios clientes", diz a gerente. A empresa se prepara para oferecer

atendimento via internet, oferecendo servi-ços de VoIP e trabalhar focada em eCRM.

Atualmente 30% do volume dos serviços prestados pela empresa são feitos pela web. A

empresa faturou R$ 35 milhões no ano passado e a expectativa é crescer 40% neste ano.

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ANEXO 5

INTERNET (Site Conarec)

Acesso em 30/11/2011.

http://www.conarec.com.br/cobertura-conarec-2009/cuidados-na-terceirizac-o-dos-servicos-de-contact-center.html

Muitas pessoas já passaram por uma situação delicada ao ligarem para o Serviço de Atendimento ao

Cliente (SAC) de alguma empresa e ficar horas e horas esperando para ser atendido e, muitas vezes, não

receber um bom atendimento. Como o call center é uma das mais importantes áreas de contato com o

consumidor, é o cartão de visita das companhias, nos últimos anos as instituições passaram a dedicar

mais atenção à decisão de terceirizar a operação de contact center.

Na opinião de Rene Parente, lider LatAm of service transformation da Accenture e palestrante no

Congresso Nacional das Relações Empresa-Cliente (Conarec), muitas empresas optam pela terceirização

para reduzir custos, mas isso deveria mudar. “A Accenture pensa diferente. Dentro de um ciclo de

relacionamento, queremos ver o melhor para o nosso cliente. Nosso foco não é reduzir custos, e sim,

ajudar o consumidor”, afirmou durante o painel “As tendências da terceirização – modelos e gestão”.

Entretanto, para alcançar os resultados esperados, é fundamental que o modelo de terceirização

escolhido esteja alinhado com os objetivos estratégicos da empresa contratante. “A estratégia de

comunicação e marketing é vital dentro de uma operação de call center, por isso é importante sermos

transparentes com os clientes e adaptarmos a empresa a eles”, concluiu Parente.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

1 – A ORIGEM DA TERCEIRIZAÇÃO 10

CAPÍTULO II

2 – IMPORTÂNCIA DAS PARCERIAS NO PROCESSO

DE TERCEIRIZAÇÃO 17

CAPÍTULO III

3 – MOTIVOS QUE CONDUZEM EMPRESAS A

ADERIREM A TERCEIRIZAÇÃO 22

3.1 – A Terceirização e o Ambiente Estratégico 23

3.2 – A Terceirização e o Ambiente Político 24

3.3 – A Terceirização e o Ambiente Organizacional 25

3.4 – A Terceirização e o Ambiente Econômico 25

3.5 – A Terceirização e o Ambiente Tecnológico 26

3.6 – A Terceirização e o Ambiente Social 27

3.7 – A Terceirização e o Ambiente Jurídico Legal 28

CAPÍTULO IV

4 – VANTAGENS E DESVANTAGENS COM

A TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS 29

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4.1 – Vantagens da Terceirização 31

4.1.1 – O desenvolvimento econômico 31

4.1.2 – Racionalização dos recursos e redução de custos 32

4.1.3 – Foco na atividade principal 32

4.1.4 – Especialização por segmento 32

4.1.5 – Busca constante pela qualidade 33

4.1.6 – Valorização dos recursos humanos 33

4.2 – Desvantagens e/ou fatores restritivos da Terceirização 33

4.2.1 – Desconhecimento sobre o assunto 34

4.2.2 – Resistências internas e conservadorismo 34

4.2.3 – Entraves no estabelecimento de parcerias 35

CONCLUSÃO 37

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39

ANEXOS 41

ÍNDICE 50

FOLHA DE AVALIAÇÃO 52

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FOLHA DE AVALIAÇÃO