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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE FUSÕES E AQUISIÇÕES: CONCEITOS, MOTIVAÇÃO E SUCESSO Por: Erik Bianchi Orientador Prof. Mário Luiz Rio de Janeiro /RJ

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

FUSÕES E AQUISIÇÕES: CONCEITOS, MOTIVAÇÃO E SUCESSO

Por: Erik Bianchi

Orientador

Prof. Mário Luiz

Rio de Janeiro /RJ

2

2010

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

FUSÕES E AQUISIÇÕES

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Gestão Empresarial.

Por: Erik Bianchi

3

AGRADECIMETOS

Agradeço aos meus avós e amigos, que me

apoiaram e motivaram para a conclusão

desse trabalho.

4

DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a família, amigos e

principalmente a Elaine Salema, Rafaela

Ferreira e Ton Ton Chen que sempre me

ajudaram e estiveram ao meu lado.

5

RESUMO

Fusões e aquisições estão entre as mais relevantes e dramáticas formas de

mudança organizacional. Entretanto, os mecanismos estratégicos e organizacionais

que contribuem para o sucesso de um processo de integração pós-fusão ou

aquisição não são bem entendidos. Por isso, muitas fusões e aquisições

transformam-se em processos traumáticos e destroem valor.

Por isso, devemos destacar o que diz respeito à identidade cultural entre as

empresas, cada empresa possui um modo de pensar, e agir, ou seja, quanto mais

acentuada for essa diferença, maior será a chance de fracasso mais a frente.

A compreensão desse problema é fundamental para administrar com sucesso

possíveis problemas de integração que possam vir a acontecer.

6

METODOLOGIA

A metodologia utilizada será feita através de livros, artigos, revista e internet,

todos os meios de comunicação e informação também serão de grande utilidade,

isso ajudará bastante o leitor na compreensão do trabalho.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I - Definições 11

CAPÍTULO II - Tipos de Fusões e Aquisições 13

CAPÍTULO III – Fatores Motivacionais

3.1 - Crescimento e Diversificação 15

3.2 – Sinergia 15

3.3 – Ganhos Fiscais 16

3.4 – Privatização 17

3.5 – Concorrência 18

3.6 – Aumento da Liquidez 19

3.7 – Defesa contra Aquisição Hostil 19

3.8 – Fronteiras Comerciais Fluídas 20

3.9 – Obtenção de Conhecimento 21

3.10 – Globalização 23

3.11 – Economia de Escala 24

3.12 – Concentração de Poder de Mercado 24

3.13 – Reduzir a Competição 25

CAPÍTULO IV – Processo de negociação e

Regulamentação

4.1 – Processos de Avaliação 26

4.2 – Compra de Participação “Private Equity” 26

4.3 – Auditoria Prévia “Due Diligence” 30

4.4 – O Papel do Cade 33

CAPÍTULO V – Problemas Pós Fusão e Aquisição

8

5.1 – O Encontro das Culturas Organizacionais 38

5.2 – O Encontro das Culturas Regionais 40

CONCLUSÃO 42

BIBLIOGRAFIA 44

9

INTRODUÇÃO

Conforme tem se verif icado durante as últ imas décadas, há

uma crescente mudança referente a fenômenos socioeconômicos

relacionados ao processo de internacionalização da economia mundial,

que afetou a condição de competição no mercado internacional. A part ir

de meados da década de 70, esse processo ganhou característ icas

inusitadas e um impulso enorme com o salto qualitat ivo ocorrido nas

tecnologias da informação, induzindo assim, a uma reformulação das

estratégias de produção e distribuição das empresas e à formação de

grandes networks (rede de relacionamentos), ou seja, a forma de

organização da atividade produtiva foi radicalmente alterada para além

da busca apenas de mercados globais, passando a ter uma lógica

global.

Também se nota que, a chamada revolução tecnológica atingiu

igualmente o sistema econômico mundial e que cada setor

(departamento) passou a funcionar em linha com todos os outros, em

tempo real. Qualquer operação, por mais restrita que fosse a um

mercado nacional, passou a ter como competidores concorrentes

internacionais em busca de ampliação de seu market share global

(compra de mercados no jargão empresarial).

Com isso, o mundo atual tem assistido, em todas as áreas

econômicas, a um violento processo de fusões e incorporações

motivado pela nova tendência competit iva que tem entre seus principais

objetivos reduzir custos e r iscos e elevar suas vantagens competit ivas

em torno de suas competências de mercado.

A partir da globalização, a mudança do perf i l internacional

introduziu uma variável nova na discussão da ef iciência econômica. A

necessidade de escalas crescentes, principalmente em função dos

invest imentos tecnológicos, exigiu concentração progressiva e redução

do número de fatores dinâmicos em cada setor. A regra atual do

capital ismo contemporâneo é a de poucos grandes grupos por setor,

10

operando em nível global e buscando a diminuição dos custos de seus

fatores de produção, através da economia de escala.

Recentes pesquisas demonstram uma forte concentração do

número de empresas l íderes no topo das cadeias globais, que envolvem

as corporações l íderes e seus fornecedores globais. Por isso, os

processos mais uti l izados para essa concentração são fusões,

aquisições, incorporações, joint ventures e acordos tecnológicos. No

Brasil, os números relat ivos aos processos de fusões e aquisições vêm

crescendo e muito nos últ imos anos, principalmente depois da

implementação do Plano Real, e mais tarde com a adoção do sistema

de cambio f lutuante. Esses fatos aliados a um bom desempenho do

Governo no quesito polít ica monetária propiciou o controle da inf lação,

possibil itando investimentos não só interno como estrangeiro. Com

isso, grandes multinacionais brasi leiras vem aproveitando essa boa

conjuntura econômica para usufruir essa onda de fusões e aquisições e

assim, ganhar “musculatura” para competir com grandes empresas

internacionais, como aconteceu recentemente com o grupo Gerdau,

Friboi e Vale só para citar alguns exemplos de empresas nacionais que

compraram grandes empresas no exterior e hoje, com essas compras,

são referências mundiais em suas áreas de atuação.

11

1-DEFINIÇÕES

Segundo Lawrence Gitman (2003), uma aquisição ou

incorporação ocorre quando duas ou mais empresas se unem e a

empresa resultante mantém a identidade de uma delas. Em geral, os

ativos e os passivos da empresa menor são incorporados aos da maior.

Já a fusão, por outro lado, envolve a junção de duas ou mais empresas

para formar uma sociedade completamente nova, que absorve os at ivos

e os passivos das empresas pelas quais é formada. Popularmente o

termo fusão é usado para se referir aos dois processos.

Existem também as empresas controladoras (holding

companies) que são sociedades que detém o controle acionário de uma

ou mais sociedades. As empresas controladas por uma holding são

chamadas de subsidiarias. O controle de uma subsidiaria é obtido com

a aquisição de mais da metade de suas ações.

Em outras palavras, Betania Tanure de Barros (2003, 19)

def ine que, fusão é um processo que envolve uma completa

combinação de duas ou mais empresas que deixam de existir

legalmente para formar outra, com nova identidade, geralmente sem

predominância de nenhuma das empresas anteriores e que a aquisição

determina o desaparecimento legal da empresa comprada. Barro

(2003/19) também define as outras formas de junções ou parcerias:

Alianças estratégicas ou parcerias são quando envolve um

esforço colet ivo de duas ou mais para alcançar um objetivo estratégico

comum. Enquanto a aliança é feita entre concorrentes, a parceria se

real iza entre a empresa e fornecedores ou cl ientes. As alianças

ocorrem a partir do momento em que as empresas tomam a forma de

um empreendimento completamente novo. Uma das características

essenciais das al ianças é a intenção de mover cada participante em

12

direção a um objetivo de longo prazo, o que provoca o

engrandecimento das posições competit ivas dos parceiros. Outras são

o comparti lhamento de objetivos e o comprometimento de recursos de

capital e administrativo das partes envolvidas. É bom observar que,

para se caracterizarem como alianças, as duas ou mais empresas que

se unem devem permanecer independentes depois da formação da

aliança.

- joint venture , acontece quando duas ou mais empresas se

reúnem para criar uma nova, formalmente separada das demais, com

governança, força de trabalho, procedimentos e cultura própria.

No quadro temos uma simplif icação da terminologia dos

diversos t ipos de uniões ou parcerias.

Fonte Barros (2003:79)

Tipologia Descrição Aliança Associação entre duas ou mais empresas que empenham recursos

comuns para juntamente desenvolverem uma nova atividade.

Joint venture Significa literalmente “união de risco”. É uma associação de empresas para o desenvolvimento e execução de projetos específicos sem caracterizar uma sociedade ou nova companhia.

Consórcio Grupo de empresas formado para aquisição de outra empresa, execução de uma obra ou financiamento de um projeto de grande envergadura.

Contrato de longa duração

Acordo, pacto ou convenção entre empresas para a execução de atividade comum.

Fusão União de duas ou mais empresas que forma uma nova empresa, geralmente sob controle administrativo da maior ou mais próspera.

Aquisição e Incorporação

Compra de controle acionário de uma empresa por outra. Na incorporação extingue-se a adquirida.

13

2 - TIPOS DE FUSÕES E AQUISIÇÕES

Existem quatro t ipos de fusões: horizontal, vert ical, congenérica e a formação de um conglomerado. Gitman def ine as quatro como:

§ Quando duas empresas pertencentes ao mesmo ramo de atividades se unem numa nova empresa.

§ Fusão vert ical: Fusão horizontal: ocorre quando uma empresa adquire um fornecedor ou um cliente.

§ Fusão congenérica: ocorre quando há uma aquisição por parte de uma empresa no mesmo setor genérico, mas não no mesmo ramo especif ico e que não seja nem fornecedor nem cl iente.

§ Conglomerado: envolve a combinação de empresas não relacionadas.

Abaixo, há uma simplif icação de metodologia de cada fusão:

Tipos Definição Possíveis objetivos

Horizontal Fusões dentro de uma mesma indústr ia ou segmento (que produzem o mesmo t ipo de bem ou serviço)

• Obter economias de escala • Elevação do market share • Penetrar mais rapidamente em

novas regiões

Vert ical Fusões de empresas que estão à f rente ou atrás da cadeia produt iva (fornecedores e cl ientes)

• Maior controle sobre as at ividades

• Proteção do invest imento principal

• Maior facil idade na distr ibuição dos produtos

• Assegurar matéria pr ima (eventualmente a custos mais baixos)

Congênere Fusão de empresas com produtos ou serviços não similares que apresentam algum t ipo de sinergia.

• Diminuição dos custos de distr ibuição

• Diversif icação do r isco • Adquir ir rapidamente o know-how

no setor • Ampliar a l inha de produto • Entrar em novos mercados

Conglomerado Fusão sem qualquer t ipo de sinergia, com empresas em setores totalmente diferentes.

• Diversif icação do r isco • Aproveitar as oportunidades de

invest imentos

Fonte: adaptado de Weston e Brigham (2000, p 886) e BNDES (1999)

14

Há um t ipo de aquisição bem comum que deve ser mencionado,

que é a aquisição alavancada (LBO). Este t ipo de aquisição envolve muito dinheiro de terceiros (geralmente de 80% a 90%) para a compra de uma empresa. Essas operações são um claro t ipo de fusão f inanceira realizada para criar uma empresa fechada com elevado índice de endividamento, visando aumentar seu f luxo de caixa. Na maioria dos casos, os ativos da empresa-alvo servem como garantia. Os f luxos de caixa da empresa-alvo são uti l izados para amortização dos emprést imos.

15

3- FATORES MOTIVACIONAIS

São vários os motivos que levam as empresas a praticar F&A.

Existem os motivos externos ou macroeconômicos e os internos ou

microeconômicos que levam as empresas a querer se fundir, mas os

principais motivos apontados por especial istas no assunto são de que

elas buscam crescimento, aumento de l iquidez, vantagens f iscais,

diversif icação, capacidade gerencial, tecnológica e sinergia. Tudo isso

sendo perseguido para que gere o principal objetivo de uma

organização capitalista que se preze: a maximização da riqueza. Além

disso, há que se registrar a ocorrência de decisões polít icas de reforma

do Estado, através de processos de privatização, onde o Governo se

associa ou transfere para a iniciativa privada o controle de empresas

estatais.

3.1-CRESCIMENTO E DIVERSIFICAÇÃO

A F&A é um poderoso instrumento para o crescimento e

expansão econômica de uma organização, evitando assim, o lento

processo de crescimento ou diversif icação pelos meios mais comuns,

permitindo uma rápida entrada no mercado em curto prazo.

3.2- SINERGIA

Conforme Gitman (2004: 608), a sinergia das F&A corresponde

às economias de escalas resultantes da diminuição de custos gerais na

nova empresa. Essas economias, com redução dos custos gerais

combinados elevam o lucro a um nível superior à soma dos lucros de

cada uma das empresas independentes.

As sinergias provem do compart i lhamento de recursos

aplicados em pesquisa, fabricação, venda, distribuição etc. Um dos

principais argumentos dos bancos varej istas para real ização de uma

fusão tem sido a economia, os ganhos assegurados pelas funções de

16

apoio. A consolidação da indústria farmacêutica é resultado de uma

escala crescente de pesquisa e desenvolvimento (P&D). As sinergias

também provem da transferência de habil idades e comparti lhamento

das melhores prát icas.

Segundo Barros (2003), a sinergia é um mundo mágico e a

imaginação das pessoas, inf inita. Qualquer coisa pode ser parte de uma

estratégia associada a alguma coisa maior. Elas são inf indáveis, e o

que as pessoas não compreendem é que há dois t ipos de sinergias:

sinergia posit iva (2+2= 5) e a sinergia negativa (2+2=3). Parafraseando

um ditado muito conhecido e verdadeiro: “o caminho para o inferno é

pavimentado com sinergia”.

3.3- GANHOS FISCAIS

Para Gitman (2004:608), isso acontece quando, o beneficio

f iscal geralmente resulta do fato de que uma das empresas tem um

prejuízo que pode ser transferido para o futuro, para f ins f iscais. Isso

quer dizer que o prejuízo f iscal pode ser lançado contra um volume

limitado de lucro futuro da nova empresa durante 20 anos ou até que o

prejuízo f iscal total tenha sido inteiramente recuperado, dependendo do

que ocorrer primeiro. Na verdade, podem ocorrer duas situações, uma

empresa que tivesse prejuízo poderia adquirir uma com lucro para

poder uti l izar o prejuízo. Nesse caso, a compradora elevaria o lucro da

entidade combinada após o imposto de renda, ao reduzir o lucro

tributável da empresa adquir ida. Um prejuízo pode ser úti l quando uma

empresa que tenha lucro adquire outra com esse prejuízo. Qualquer

que seja a situação, porem, a fusão deve ser justif icada não apenas

com base nos benefícios f iscais, mas em termos compatíveis com o

objetivo de maximização da riqueza dos proprietários.

Convém notif icar que, a Lei de Reforma Fiscal de 1986, para

impedir que as empresas se unam apenas para t irar vantagem da

possibil idade de transferir prejuízos para o futuro, impôs um l imite

17

anual ao volume de lucro tributável do qual esses prejuízos podem ser

deduzidos. Esse limite é determinado por uma fórmula e está vinculado

ao valor da empresa com prejuízo antes da combinação ser efetuada.

Embora não el imine completamente esse motivo para a realização de

uma fusão, a lei dif iculta bastante as fusões somente com base em

transferências de prejuízos para f ins f iscais. Alem do mais, os

benefícios f iscais descritos só podem ser usados em fusões, e não na

formação de holding companies (sociedade criada com o objetivo de

administrar um grupo de empresas, um conglomerado) porque somente

nesse caso os resultados operacionais são consolidados.

3.4- PRIVATIZAÇÃO

Em muitos paises, os governos decidiram privatizar setores

importantes da economia estatal, e esse processo deu inicio a

importantes at ividades de fusões e aquisições. Aqui no Brasil, com a

implementação do Plano Real, que pôs f im à ilusão dos ganhos

inf lacionários, tornou-se mais concreta a competição entre empresas. A

partir daí, da segunda metade dos anos 90, as privat izações ganharam

fôlego, a estabil ização representou um impulso inestimável na

construção de um ambiente produtivo. A desestat ização tirou a poeira

de setores vitais da economia, possibil itando uma reestruturação

completa em áreas como telefonia, siderurgia, metalurgia e transportes.

A disparada dos investimentos nas empresas agora pr ivadas foi uma

demonstração das possibi l idades abertas quando termina o mercado

cativo e começa a luta pelo bolso do consumidor.

3.5- CONCORRÊNCIA

“Quem não crescer corre o sério r isco de ser adquir ido por um

concorrente mais agressivo”. Quando af irma isso, Roger Agnell i ,

principal executivo da Vale resume à perfeição, a encruzilhada em que

se encontram algumas das maiores companhias brasi leiras na

18

atualidade: crescer ou morrer e esse morrer assume uma série de

signif icados, que vão da irrelevância no futuro à incorporação por um

concorrente mais forte e mais capitalizado.

Essa forte concorrência aumenta, expressivamente em toda

parte provocando um grau considerável de reestruturação em vários

setores, a part ir da desregulamentação, ao aparecimento de uma

clientela cada vez mais exigente e sof isticada e ao fácil acesso a

recursos.

Segundo Barros (2003), essa atual concorrência acirrada

ocorre por três motivos:

§ Muitas empresas que antes haviam diversif icado seu

campo de atuação abandonaram ou alienaram suas

atividades secundárias, concentrando-se naquelas que

lhes asseguravam um diferencial competit ivo.

§ As empresas, também, têm demonstrado uma

tendência de se consolidarem e ampliarem para que

possam tirar vantagem das economias de escala ou

para aumentar seu poder de atuação no mercado.

§ As empresas expandiram-se, incorporando novas

atividades, a f im de alavancar suas competências

básicas. Por exemplo, no setor de bens de luxo,

muitas delas como Gucci e a LVMH, incorporam

menores casas de moda, procurando tirar proveito de

suas capacidades de gerenciamento e de suas redes

de distribuição.

Assim como a Vale, que é uma “gigante” no mercado, várias

empresas grandes ou pequenas tem grandes e complicados desafios:

concorrer em pé de igualdade de condições com as principais empresas

do Brasil e do mundo. Isso faz com que empresas se sintam ameaçadas

por outras mais fortes em termos de poder aquisit ivo e comecem a

pensar em crescer para ganhar mais poder de competição, e a F&A é

19

uma maneira mais fácil e rápida de se conseguir isso do que do jeito

tradicional.

3 .6- AUMENTO DE LIQUIDEZ

A escassez de capital e de fontes alternativas de

f inanciamento de longo prazo são realidades do mercado brasi leiro que,

não raramente, levam empresas a enfrentar situações de aperto de

liquidez. Uma das possibil idades consideradas pelos empresários

nessas situações é buscar no mercado parcerias, ou opções de F&A,

que possam proporcionar uma combinação de estruturas patrimoniais

que reforcem o capital de giro.

Nessas ocasiões, pode ocorrer, também, a possibi l idade de

aumento do perf i l de crédito, não só face aos aumentos de escala, mas

também, ao aumento de ativos livres de ônus para garantias colaterais

de operações de f inanciamento.

3.7- DEFESA CONTRA AQUISIÇÃO HOSTIL

Essa é uma estratégia para se defender de empresas

concorrentes e com isso usar a F&A para se defender, principalmente

para não ser engolido pelo principal ou principais concorrentes, se

tornando assim, grandes demais para serem compradas. Recentemente,

a BHP Bil l i ton , não por acaso a maior concorrente da Vale, fez uma

proposta de compra pelo austral iano Rio Tinto, a terceira mineradora do

ranking mundial. A BHP se propôs a pagar inacreditáveis 100 bilhões

de dólares, o valor de mercado da própria Vale, pela rival. Ou seja,

ninguém está l ivre de ser engolido nesse embate. É por essa razão que

as empresas mais competit ivas resolvem sair “ás compras” e expandir

seus domínios. Recentemente, a Vale realizou a maior aquisição feita

por uma empresa lat ino-americana, comprando a canadense Inco, à

principal produtora de níquel do mundo, por 18 bi lhões de dólares. A

siderúrgica gaúcha Gerdau, um dos exemplos mais reluzentes de

20

internacionalização no Brasil, real izou 11 operações de compra de

empresas, todas no exterior, entre agosto de 2005 e março de 2007.

Esses exemplos ilustram o medo de ser comprada ou de deixar de

adquir ir perdendo aquisições para outras e assim perder espaço e força

no mercado. Segundo Gitman , essa estratégia de defesa contra as

aquisições host is costuma funcionar do seguinte modo: a empresa

originalmente visada assume dividas adicionais para f inanciar sua

aquisição defensiva; por causa da pesada carga de endividamento, ela

se torna muita alavancada, do ponto de vista f inanceiro, para se manter

interessante ao comprador. Para ter êxito, uma aquisição defensiva

deve criar mais valor para os acionistas que o valor que teria sido

obtido se a empresa tivesse sido comprada.

3.8- FRONTEIRAS COMERCIAIS FLUIDAS

Conforme Betania Tanure de Barros (2003; 45), até

recentemente, as indústrias eram relat ivamente bem definidas. Os

clientes podiam ser identif icados, contava-se com alguns fatores-

chaves de sucesso (key sucess factors), específ icos para cada

indústria, e os clientes tendiam a comportarem-se da mesma forma.

Hoje, em virtude do processo de desregulamentação e do efeito da

tecnologia de informação (T I), na quebra da cadeia de valores, a

def inição tradicional de “ indústria” desapareceu.

Os setores de Previdência Social, comunicações e Serviços

Financeiros estão envolvidos em um processo de redefinição. Os

concorrentes ut i l izam suas habil idades em TI, para penetrarem no setor

de Serviços Financeiros. Para sobreviverem, tradicionais part icipantes

do setor têm de adaptar e tornarem-se mais competit ivos. Nos setores

bancários varejistas e atacadistas, muitos bancos estão adquirindo

empresas da internet, pois a web está transformando-se, cada vez

mais, num dos principais canais de distr ibuição.

21

3.9- OBTENÇÃO DE CONHECIMENTO

O interesse por um determinado nicho do mercado,

normalmente emergente, e a rapidez em adquir ir capacitação para

estarem aptas à concorrência, faz com que várias empresas tenham

que incorporar o conhecimento detido por outras ao invés de

desenvolvê-la internamente.

Como o desenvolvimento do conhecimento necessário pode ter

um custo alto e requer tempo muitas vezes incompatível com a

oportunidade de inserção no mercado desejado, a aquisição de outra

organização que já tenha passado pelo processo de aprendizagem e

que dispõe de capacitação e de sucesso no mercado seria para quem

decide, por conseguinte, a solução ideal para enfrentar essas

dif iculdades.

Há vários, e não são poucos, desses casos, de pequenas e

grandes empresas que adquire outra, normalmente de outro ramo para

obter um conhecimento ou complementar aquele já existente na

adquirente. Esse encontro de formas de gestão, conhecimentos ou

culturas, geralmente provoca graves problemas organizacionais no pós-

fusão e aquisição. Mas esse assunto será abordado mais adiante.

Agora veremos alguns exemplos deste processo que apesar de estar

em alta ult imamente, não é recente:

§ Na década de 70 a General Motors adquir iu 34% da Isuzu

(Badaraco , 1991) como forma de agil izar o seu

conhecimento sobre o processo de fabricação de

pequenos caminhões desenvolvido por aquela empresa.

§ Na década de 90 observou-se uma onda de aquisições de

pequenas empresas de comunicação por grandes

corporações como Microsoft e IBM, que esperavam

garantir acesso aos produtos do futuro da internet

(Probst , Raub e Romhardt, 2002).

22

§ A absorção da TCI pela AT&T, da Turner Broadicast ing

pelo Time-Warner, as combinações geradas pela internet,

como fusão da MCI com a WordCom, a compra da Global

Network da IBM pela AT&T e, especialmente, o controle

da Netscape pela AOL, são alguns exemplos por Duguid

e Brown (2001).

§ Recentemente, a compra da Inco pela Vale.

Em processos como estes, o sucesso ou insucesso, é

geralmente determinado pela perspectiva do mercado, representado

pelos investidores externos, ou seja, o resultado é avaliado de acordo

com o retorno sobre o capital investido que a operação pode gerar

diretamente e, normalmente, no curto prazo.

É considerável que, mesmo nas situações consideradas como

mal sucedidas pelo mercado, o conhecimento agregado através da

aquisição, pode ter gerado ou estar gerando melhorias em processos e

práticas, novas possibil idades de negócio ou outras vantagens, dif íceis

de serem observadas pelos analistas de mercado, mas que adicionam

valor à organização.

3.10- GLOBALIZAÇÃO

Bil l Gates resumiu bem o atual estágio de competição global

quando disse que a Microsoft está sempre a 18 meses de falência. Sua

explicação foi de que se a Microsoft não vender em grande escala, não

terá lucro suf iciente para arcar com os custos de pesquisa e

desenvolvimento que o mercado exige permanentemente. Af inal, o

consumidor não para de receber informações da concorrência e de

comparar o seu produto com o dela. Esse é o cenário que obriga as

empresas a se agigantar. A busca por escalas, custos mais baixos e

maior inf luência nos mercados fez o número de fusões e aquisições

explodir. Para ser ter uma idéia, conforme pesquisa da Revista Exame,

23

enquanto em 1990 houve 2503 transações desse t ipo entre empresas

de países diferentes, em 2007 ocorreram quase 7000. Os montantes

negociados nas compras e fusões de empresas atingiram a

estratosfera. Em 2007, a compra do banco ABN Amro pelo consórcio

formado pelo espanhol Santander, pelo britânico Royal Bank of

Scotland e pelo belga Fort is ultrapassou os 100 bilhões de dólares,

valor próximo ao do produto interno bruto de países como o Peru e

Nova Zelândia. A transação só perde para a fusão da AOL com a Timer

Warner, que alcançou a cifra de mais alta da historia, de 165 bilhões de

dólares.

Aqui no Brasil , a situação não é diferente. “É a necessidade

que nos leva para fora e nos obriga a crescer”, af irma José Martins,

Vice-presidente do Conselho Administrativo da Marcopolo, fabricante de

ônibus com sede em Caxias do Sul. “Quem pára tende a desaparecer”.

A empresa expandiu-se, no exterior, através de aquisições. Atualmente,

ela possui fabricas em diversos lugares do mundo como Portugal,

México, Colômbia e África do Sul. Isso ilustra necessidade de crescer

por parte das empresas para poderem continuar expandindo e

competindo para não morrer.

3.11- ECONOMIA DE ESCALA

Aumentar a ef iciência por meio de ganhos de escala é talvez o

motivo mais freqüentemente alegado nas recentes fusões,

principalmente no caso das multinacionais. Às vezes, o conceito de

economia de escala é mal interpretado, vários casos apresentados

como de economia de escala, na verdade é busca de poder de

mercado, que será visto no próximo item.

Vale recordar que ter economia de escala não signif ica ser

“grande”. As economias de escala ocorrem por meio da diluição de

custos f ixos. Se uma parcela signif icativa dos custos de uma empresa é

f ixa, então o aumento de produção fará com que o custo unitário caia.

24

Uma fusão ou aquisição que tem como principal objet ivo, a

obtenção de economia de escala precisa, em primeiro lugar, ter bem

claramente def inida a presença do custo f ixo e como ele será di luído.

Existem dois casos para t irar proveito da economia de escala: o

invest imento f ixo que se deseja viabi l izar, ou seja, uma grande empresa

que já tenha uma boa parcela de mercado faz um grande investimento,

já sabendo através de um bom processo de Due Dil igence (Compreende

um conjunto de atos invest igativos que devem ser real izados antes de

uma operação empresarial), por exemplo, que, terá o seu investimento

de volta (payback).

3.12- CONCENTRAÇÃO DE PODER DE MERCADO

Esse motivo é freqüentemente confundido com a busca de

economia de escala, visto que também implica um raciocínio de

tamanho da empresa e, por ter conotação negativa é freqüentemente

como se fosse aquela.

Em termos prát icos, é a capacidade de impor aos clientes um

preço mais alto ou a fornecedores um preço mais baixo do que seria

possível em um mercado competit ivo. As fontes de poder de mercado

podem ser uma posição dominante em tamanho ou um poder de

monopólio sobre um recurso. Não é sempre ruim, considerando que

direitos autorais e patentes são mecanismos legais adotados no mundo

inteiro para proteger e conceder poder de mercado para os autores e

pesquisadores que desenvolvem novos métodos, medicamentos,

softwares etc. Sua capacidade de obter lucro mais alto é o próprio

incentivo ao trabalho de pesquisa e é isso que move o desenvolvimento

de novos produtos e serviços.

Existe outra forma de poder de mercado que é mais l igada às

aquisições que é o tamanho relativo ao mercado. Ao contrario do que

acontece nas economias de escala, o que interessa neste modelo não é

a ocupação de capacidade ou a di luição de custos, mas a relação de

25

dependência que o tamanho relativo impõe aos clientes ou

fornecedores. Este é um conceito dif ícil de entender porque concentra o

mercado, seja do lado da compra ou da venda, deixa o outro lado sem

alternat ivas. Esse tipo de domínio está sempre sob desconfiança do

publico, por meio da imprensa, e da autoridade antitruste, que no nosso

caso é o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).

3.13-REDUZIR A COMPETIÇÃO

Este é um dos principais motivos para o processo de fusões e

aquisições. A compra de empresas além de uma maneira mais fácil de

crescer ou diversif icar sua l inha de produtos é também um método

bastante interessante para reduzir ou eliminar a concorrência. Porém,

como veremos a seguir, existem certas restr ições legais ao

crescimento, especialmente quando se prevê a eliminação da

concorrência. As diversas leis antitrustes, aplicadas com rigor pela

Comissão Federal de Comercio e pelo Departamento de Just iça

proíbem combinações de empresas que eliminem a concorrência

quando a empresa resultante se transforma em monopólio.

4-PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO E REGULAMENTAÇÃO

26

4.1- PROCESSOS DE AVALIAÇÃO

Todo processo de fusão e aquisição tem uma estratégia, tem

todo um planejamento antes que concretize. Às vezes essas estratégias

são claras, às vezes é confuso, como a formação de um conglomerado,

onde podem exist ir empresas que não tem nenhuma ligação entre elas,

formando um conglomerado apenas para a maximização do capital do

proprietário.

Para todos os casos, é imprescindível ter uma estratégia antes

de uma compra para que depois de final izado o processo, não f ique a

sensação de uma expectat iva de mercado não atendida ou de um

negócio mal feito. Para isso, é importante um estudo, uma pesquisa que

devem ser levadas em considerações, questões que variam de acordo

com empresas, tais como:

a) Identif icar as opções.

b) Qual vai ser a sua importância em nossas estratégias?

Será que essa compra vai suprir com as nossas necessidades.

c) Será que é à hora certa de adquir ir? E se for, será que não

nos endividaremos demais por um negocio que não é

totalmente seguro?

d) Será que haverá uma sinergia posit iva resultante do

comparti lhamento de recursos, conhecimentos e

habil idades?

A disseminação dos programas e das estratégias de gestão

baseada em valor, que são caracterizadas pela busca da maximização

dos lucros e da r iqueza dos acionistas, e a necessidade de calcular o

preço justo das ações e das empresas são as principais razões para se

avaliar uma empresa.

A determinação do valor das empresas é o fator chave nas

negociações para que se chegue a uma faixa que sirva como base na

negociação. Muitas fusões e aquisições dão erradas, principalmente

27

porque começaram erradas, ou seja, quando se pagou caro demais pela

aquisição. O valor não deve ser confundido com o preço. Esse preço

não precisa necessariamente coincidir com o valor da empresa

determinado por um método de avaliação, até porque o comprador ou o

vendedor avalia cada um da sua forma.

Nenhum modelo segue um parâmetro estipulado ou fornece um

valor preciso e único para uma empresa, mas sim um valor aproximado,

até porque as decisões que afetam receitas, custos, despesas e

invest imentos, aliadas às mudanças ocorridas na conjuntura econômica,

inf luenciam os resultados da empresa e alteram seu valor.

Os vários modelos de avaliações podem ser usados em

conjuntos ou separados. Os métodos mais uti l izados para se avaliar

empresas são: método contábil/patrimonial, método do f luxo futuro de

caixa descontado a valor presente (discounted cash flow), método dos

múltiplos e o método de EVA/MVA.

O método contábil/patr imonial é indicado apenas para casos

específ icos, como por exemplo, para a l iquidação de uma organização

ou em situações em que os ativos possuem mais valor do que o valor

presente dos rendimentos futuros da empresa.

O método do f luxo de caixa descontado considera o que os

ativos, que foram analisados individualmente na abordagem do valor

patrimonial, geram caixa quando operados conjuntamente. Os

benefícios gerados pela posse dos ativos ocorrerão na forma de

entradas de caixa geradas deduzidas das saídas de caixa incorridas

pela empresa, o que comporá uma serie de f luxos de caixas futuros.

Já o método dos múltiplos, busca identif icar como as empresas

semelhantes são negociadas e uti l izar os parâmetros das negociações

envolvidas (múlt iplo valor/faturamento, valor/lucro l iquido, valor Ebtda)

para avaliar a empresa-alvo.

O método EVA/MVA (Economic Value Added/Market Value

Added) baseia-se na consideração do lucro econômico ou residual

28

como riqueza que é criada apenas quando as atividades empresariais

cobrem todos os seus custos operacionais e, também, os de capital.

Novos métodos estão sendo introduzidos nesse processo de

avaliação, há um novo chamado de opções reais, que é indicado

principalmente para avaliar projetos de invest imento de empresas

exploradoras de recursos naturais, sendo de dif íci l uti l ização para

avaliar empresas inteiras.

Qualquer que seja o método usado, o valor das empresas, a

opiniões de valor dos compradores e vendedores, os cenários

considerados inf luenciam num possível valor estimado.

4.2- COMPRA DE PARTICIPAÇÃO ”PRIVATE EQUITY”

Os fundos de private equity, ou fundo de participação nas

empresas está em alta no Brasil e no mundo. Aplicações em longo

prazo, o private equity são investimento de capital inst itucionais e

privados em empresas de capital fechado, como parte de composição

de suas carteiras. Em outras palavras, investem em empresas

promissoras ainda com um valor pequeno de mercado, e depois que

estão muito bem avaliadas no mercado, são vendidas as ações com um

preço bem mais alto do que o custo de aquisição. Os donos desses

negócios são fundos de pensão, seguradoras, grandes empresas,

fundos mútuos ou mesmo pessoas f ísicas com muito dinheiro para

aplicar. São grandes nomes do mercado de private equity as

americanas BlackStone , KKR e Carlyle Group , e aqui no Brasi l já temos

alguns destaques nessas áreas como o GP Investimentos, de um grupo

de investidores, dentre eles o banqueiro Jorge Paulo Lemann e a

Gávea Investimento dirigida pelo ex- Presidente do Banco Central

Arminio Fraga. Nos últ imos anos, esta atividade tem proporcionado a

economia mundial cifras astronômicas, são eles responsáveis por

alguns dos maiores negócios corporativos recentes no mundo,

29

canalizando o dinheiro de grandes investidores para projetos bil ionários

de consolidação de setores ou fusões.

O funcionamento das empresas de private equity é possível

graças ao lançamento de novos fundos a cada três anos ou cinco anos.

Se os fundos de uma empresa lançados anteriormente t iverem sido bem

sucedidos, ela poderá obter receitas mais altas com o novo fundo

f ixando tarifas mais altas, exigindo um volume maior de remuneração

variável e ampliando o capital disponível. Investem em média, em cinco

empresas por ano ao longo dos cinco primeiros anos de um fundo de

dez, sendo que o valor de cada investimento, no inicio, não costuma

passar de 100 milhões de dólares. Um levantamento feito pela

Pricewaterhousecoopers indica que esta é uma onda que ainda tem

muito que crescer, inclusive aqui no Brasil. Esta pesquisa mostra que

esses fundos estão cada vez mais atuantes nos processos de fusões e

aquisições. Outra pesquisa, feita pelo Centro de estudos em Private

Equity e Venture Capital da Fundação Getulio Vargas, revela que os

IPOs (abertura de capital) de empresas que receberam invest imentos

de fundos de Private Equity e Venture Capital t iveram mais sucesso que

a média. Entre 2004 e 2007, as ações dessas empresas subiram 117%

após a abertura de capital, enquanto a alta dos papeis de empresas

que não contaram com esse aporte de recursos foi de 46%.

A expectativa é de que, pelo bom momento em que passa o

mercado de fundos de investimentos em participações (ou FIPs), o

private equity se f irme como uma das formas de invest imento de medio-

longo prazo em alta no momento. Para o invest idor é uma opção de

risco com elevado potencial de retorno. Para as empresas, pode

representar uma fonte de capital necessária para at ingir planos de

crescimento.

4.3- AUDITORIA PRÉVIA “DUE DILIGENCE”

30

Essa é etapa inicial de um processo de fusão e aquisição, é um

processo minucioso de coleta de informações da empresa visada,

procurando verif icar a real situação dos registros contábeis,

societários, dos aspectos legais. Enfim, é como se fosse uma bateria de

exames para saber como estar à saúde do paciente, e em caso de

alguma irregularidade detectada prevenir ou remediar, é o mesmo

processo na Due Dil igence , só que no lugar do paciente, é a empresa a

ser comprada.

Para Marks e Mirvis (1998), o que é mais comum nesse

momento é focalizar as implicações f inanceiras decorrentes dos valores

relat ivos a taxas, impostos ou questões legais que inf luenciam na

estrutura da transação em si, com o objetivo de auxi l iar na def inição do

preço a ser pago. Geralmente é designada uma equipe de prof issionais

altamente qualif icados voltada para avaliar os r iscos do processo.

A verif icação da legalidade das praticas adotadas pela

empresa interessada permite, antes de uma possível compra, identif icar

previamente possíveis problemas ou contingências que possam

acontecer após a compra, e esse é um fato muito importante, já que ao

adquir ir uma empresa, o comprador não se torne responsável por uma

divida do vendedor, o que normalmente acontece. O processo de Due

Diligence é vasculhar os mínimos detalhes da situação jurídica, contábil

e f inanceira da empresa auditada. Essa rigidez, em alguns casos,

provoca certos atri tos entre as partes envolvidas na negociação porque

a empresa visada, quando com sérios problemas, vai tentar esconder

ou atrasar alguns fatos relevantes que possam vir a atrapalhar a

negociação.

O processo de Due Dil igence nas fusões e aquisições não tem

etapas ou procedimentos estabelecidos como os ingredientes de uma

receita de bolo, porém, existem alguns que são notados na grande

maioria do referido processo de auditoria. Veremos alguns abaixo:

31

• Titulação dos bens do ativo - consiste na verif icação da

situação dos at ivos, qual são os bens, se há

irregularidades ou pendências jurídicas em relação aos

contratos ou documentos do imobil izado, se t iver qual a

proporção e o custo para a correção das irregularidades,

tudo isso para evitar ou minimizar possíveis problemas

futuros.

• Aspectos tr ibutários - análise das rot inas f iscais,

processos administrativos e previdenciários.

• Aspectos trabalhistas - analisar eventuais problemas

trabalhistas como indenizações, sindicatos etc. Hoje em

dia este é um tema bastante relevante nos processos de

F&A, principalmente para as empresas que pretendem a

internacionalização. Para exemplif icar, há o caso da

Gerdau, que em uma de suas aquisições no exterior,

passou por uma das maiores provas de gerenciamento de

crises de sua imensa historia. Desde 1999, a empresa

adquir iu 12 usinas nos Estados Unidos. Como as unidades

se encontravam obsoletas em comparações com as demais

unidades do grupo, foi preciso promover varias mudanças

para atingir níveis mínimos de ef iciência, o que envolveu

um processo doloroso de demissões e redução de salários.

Os operários resistiram e a empresa iniciou uma longa e

dura batalha com o fortíssimo sindicato do setor. A Gerdau

só conseguiu resolver a situação depois de reverter

algumas das demissões e part ir para uma estratégia de

concil iação.

• Aspectos societários - análise dos livros societários, atos

constitut ivos, situação de tais atos no registro do

Comercio, ou na comissão de valores mobil iários no caso

das empresas de capital aberto.

32

• Processos contratuais - analise dos contratos f irmados

pela empresa, para verif icar possíveis contratos ou

cláusulas que não se adapte a forma de gerir da empresa

interessada.

• Questões ambientais - verif icar se a empresa está

envolvida em algum processo ambiental. Nos dias de hoje,

a ameaça do aquecimento global elevou def init ivamente ao

centro do debate público em todo o mundo. Nunca se falou

tanto sobre o assunto como agora, seja na esfera polít ica,

seja dentro das empresas. À parte os modismos, a

preocupação vem ganhando força nos últ imos anos, a

preocupação passou também a abranger aspectos socia is,

como a promoção de relações justas de trabalho,

sobretudo com o avanço das cadeias globais de produção.

Mais recentemente, a discussão convergiu para o conceito

de sustentabil idade, criado pelo inglês Jonh Elkington ,

fundador da consultoria SustainAbil ity, uma das mais

conceituadas nessa área. Para Elkington: “nenhuma

empresa é capaz de se perpetuar sem levar em

consideração três aspectos, o ambiental, social e

econômico-f inanceiro. Por isso tudo é que a questão

ambiental está tendo seu lugar garantido nos processos de

Due Dil igence . Em fusões e aquisições, quando o objet ivo

é o crescimento através da internacionalização adquir indo

uma empresa no exterior, isso não requer somente uma

alta competência em gestão de pessoas, mas também

habil idade de lidar com questões tão complexas como a

regulamentação ou controle ambiental por exemplo.

Citando mais uma vez a Vale, que gerencia atualmente

questões econômicas e ambientais na mina da Nova Caledônia, uma

possessão francesa na Oceania. Adquir ida após a compra da

33

canadense Inco, a mina de níquel, avaliada em 3 bi lhões de dólares,

transformou a Vale em alvo de protestos de grupos ambientalistas,

entre eles o Green Peace . A alegação deles é que a exploração da

mina, a segunda maior do mundo, estaria prejudicando a qualidade de

vida das comunidades de aborígines próximas ao local. Para adequá-

las aos mesmos padrões de excelência ambiental adotado em Carajás,

no Para, a Vale terá de gastar alguns milhões de dólares nos próximos

anos.

É de se observar que não existe um procedimento padrão para

a condução ef iciente de um processo de Due Dil igence . Porém os

condutores têm que zelar pelo bom senso, pela racionalidade e pelo

prof issionalismo. Os prof issionais têm que se orientar de acordo com as

leis ant itrustes existentes sempre supervisionados por uma entidade

designada para o controle de abusos de concentração ou formação de

cartéis, tudo que venha a ser contra os interesses da população.

4.4- O PAPEL DO CADE

Conforme foi visto anteriormente, as empresas que, com suas

just if icativas de crescer e conseqüentemente reduzir ou el iminar a

concorrência se transformam em monopólio e assim, impondo praticas

abusivas sobre os clientes (empresas ou população). Por causa disso,

é que existem leis que estão presentes em todos os países capital istas

para inibir tais praticas. Chamadas de antitruste, essas leis tem como

principal objetivo impedir a concentração e zelar pela l ivre

concorrência.

Aqui, no Brasi l, a Carta Constitucional de 1988 em seu artigo

170 determina que a ordem econômica observará, entre outros

princípios, a l ivre concorrência (art. 170, IV).

Na mesma Carta, a noção de proteção e de l ivre concorrência

foi ampliada, ao incluir em seu artigo. 173, § 4°, a exigência de lei

34

ordinária para que fossem criados mecanismos de garantia do interesse

público ao estabelecer que:

A le i repr im irá o abuso do poder econômico que v ise à

dominação dos mercados, à e l im inação da concorrênc ia e

o aumento arb itrár io dos lucros .

Mas têm que ressaltar que, em 1990 foi editada a Medida

Provisória n° 204, convertida na Lei 8.158/91 que trouxe um fato

importante. Esta Lei conferiu ao Conselho Administrat ivo de Defesa

Econômico (CADE), maior e mais ampla autonomia e independência e

l ivrando-o de pressões e inf luências pelas partes envolvidas inclusive o

Governo. Foi também naquele ano que a Lei retirou do CADE a

responsabil idade de registros dos atos e dos contratos previstos no art.

74 da Lei n° 4.137 e transferindo estas e outras de caráter

averiguatório à Secretaria de Defesa Econômica do Ministério da

Justiça.

O CADE foi criado pela Lei n° 4.137, de 1962 e foi

transformado em uma autarquia vinculada ao Ministério da Just iça pela

Lei n° 8.884 de 1994. Cabe ao CADE hoje atuar como uma agência

judicante, ou seja, zelar pela l ivre concorrência e decidir questões

relat ivas às infrações econômicas. O CADE recebe o auxi l io de duas

Secretarias que integram o Ministério da Justiça, a Secretaria de Direito

Econômico (SDE) que se encarrega da analise jurídica e legal do caso.

A segunda é a Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE), que

é o responsável pela parte dos estudos, pesquisas e levantamentos de

cada mercado envolvido nos estudos. Depois das Secretarias ter

cumprido as suas atividades, cada uma delas emite um parecer que é

destinado ao CADE que analisa e julga. O art. 54, §8°, aborda o

assunto:

O que vem acontecendo, atualmente, é que os

processos são inst ruídos três vezes: há uma instrução na

SEAE, outra na SDE e outra no CADE. O órgão

35

jud icante, normalmente, não tem qualquer contato com o

andamento processual, com a instrução probatór ia ,

enquanto o processo tramita pela SDE e pela SEAE.

Quando chega às mãos do conselheiro-re lator ,

normalmente há necess idade de real izarem-se novas

provas, ou porque as que eram necessár ias não foram

fei tas , ou porque o decurso de prazo do prazo entre as

provas colh idas e a data do ju lgamento é ta l que há

necess idade de atual ização, ou a inda porque as provas

já real izadas não são suf ic ientes para o convenc imento

do conselheiro-relator .

A Lei que transformou o CADE em uma autarquia, a de n°

8.884/94 determina a competência do CADE:

Art . 54- Os atos , sob qualquer forma

manifes tados, que possam l im itar ou de qualquer forma

prejudicar a l ivre concorrênc ia, ou resultar na dominação

de mercados relevantes de bens ou serv iços, deverão

ser submetidos à apreciação do CADE.

Para Werter Faria (1995:176) a interpretação do citado artigo

é:

A posição de domínio só pode ser determinada

pela anál ise da re lação de força entre empresas, real ou

potenc ia lmente concorrentes. Para isso, é necessár io

c ircunscrever o mercado quanto à área geográf ica e ao

produto ou serv iço em causa. Na apuração do mercado

geográf ico, inc luem-se todas as empresas em condições

operac ionais homogêneas, em comparação com as de

empresas que a legadamente exercem o poder de

controlar preços ou restr ing ir a concorrência. Na

aver iguação do produto ou serv iço, cons ideram-se as

suas carac ter íst icas, que tornam possível a sat is fação

das necess idades idênt icas e a subst i tu ição deles pelos

consumidores, bem como a e las t ic idade cruzada da

procura.

36

O CADE define na resolução n° 15/98 o domínio e a posição de

mercado relevante:

Um mercado re levante do produto compreende

todos os produtos/serv iços cons iderados subst i tu íve is

entre s i pe lo consumidor devido às suas carac terís t icas ,

preços e ut i l ização. Um mercado re levante do produto

pode eventualmente ser composto por um certo número

de produtos /serv iços que apresentam caracterís t icas

f ís icas, técnicas ou de comerc ia l ização que recomendem

o agrupamento( . . . )

Um mercado re levante geográf ico compreende a

área em que as empresas ofer tam e procuram

produtos/serv iços em condições de concorrênc ia

suf ic ientemente homogêneas em termos de preços,

preferênc ias dos consumidores, caracterís t icas dos

produtos/serv iços.

A def in ição de um mercado re levante geográf ico

ex ige também a ident i f icação dos obstáculos à entrada

de produtos ofer tados por f i rmas s ituadas fora dessa

área. As f i rmas capazes de inic iar a ofer ta de

produtos/serv iços na área considerada após uma

pequena, mas substanc ia l e levação dos preços

prat icados, fazem parte de um mercado re levante

geográf ico, de um modo gera l , todas as f i rmas levadas

em conta por ofer tantes e demandantes nas negoc iações

para a f ixação dos preços e demais condições comerc ia is

na área cons iderada.

Conforme vimos, o Conselho Administrativo de Defesa

Econômica (CADE) foi criado com o intuito de proteger principalmente o

consumidor de praticas econômico-f inanceiras abusivas por parte das

empresas, julgando infrações concorrenciais e se tornando em um

verdadeiro protetor da concorrência e da livre iniciat iva.

37

5- PROBLEMAS PÓS-FUSÃO E AQUISIÇÃO

Normalmente os empresários envolvidos nas negociações de

compra, têm como meta nesses processos alcançar os motivos citados

no presente estudo, qual seja o objet ivo de toda organização capitalista

38

que é a maximização da riqueza. Com isso, muito deles concentram

esforços nos planejamentos estratégicos, negociações e forças para a

compra, e esquecem o que vem depois. Acham que uma nova

organização já esta construída, e este desleixo, pode-se dizer assim,

pela parte envolvida pode custar muito caro tanto no sentido f inanceiro

como no sentido de comprometimento estrutural da nova empresa. A

seguir será estudado o principal problema encontrado nas empresas

após o processo de fusões e aquisições que é o problema de

integração (confronto de culturas diferentes).

5.1- O ENCONTRO DAS CULTURAS ORGANIZACIONAIS.

Detectar e equacionar o fator cultura antes das negociações é

praticamente garantia de sucesso nos processos do presente estudo.

Na maioria das vezes, é colocada em segundo plano, ou porque não é

tão facilmente mensurável como outros índices de desempenho e não

recebe, portanto, a mesma atenção, ou porque não tem impacto nos

resultados de curtíssimo prazo.

Para Betania Tanure de Barros (2003:126), para entender essa

questão, é necessário analisar o papel do l íder na gestão da cultura.

Segundo ela, “l iderança e cultura são dois lados de uma mesma moeda,

e não é possível pensar em um sem se considerar o outro”. Hoje,

apesar da evolução na área de comportamento organizacional, a cultura

nas empresas ainda não tem a importância devida, assim, é necessário

separar o conceito cultura l igado aos valores básicos daqueles

comportamentos observáveis que funcionam na perspect iva da

operacionalização desses valores. A cultura, independente da opinião

de quem quer que seja, inf luencia tanto a estrutura e a forma de gerir

como inf luencia o dia a dia dos funcionários trabalharem.

Quando é encerrada a negociação de uma fusão, normalmente

uma delas sai com o status de “ganhadora”, com uma posição de

superioridade, enquanto a outra se sente inferiorizada. E isso gera uma

39

tensão, desprest igio e descontentamento, por parte da empresa

comprada. Esse receio de perder a identidade e ter que se adaptar a

uma outra gestão ou cultura, que pode ser completamente diferente

daquelas habituadas o que geralmente ocorre quando as empresas

envolvidas na negociação são de paises diferentes, pode gerar um

bloqueio a entrada destes novos fatores ocasionando uma maior

resistência a integração cultural. Este problema de integração pode ser

ainda mais dif íci l quando a empresa comprada é adquir ida por sua

maior concorrente.

Para evitar que este comportamento se espalhe pela

organização, é preciso adotar uma polít ica de transparência e mostrar

que a inserção de uma nova cultura pode não ser ruim, que os novos

métodos de trabalho podem ser melhores para esse mundo em

constante mudança. Mas há casos de prof issionais que são tão

identif icados com a empresa antiga, que após o processo de F&A, não

conseguem se readaptar, assim procura-se alocar para outra

organização ou aposentam-se.

Há empresas que já pensam nos problemas de integração

antes mesmo da negociação ser fechada, elas colocam executivos com

experiência em fusões e aquisições ou contratam uma equipe de

prof issionais especial izado em gestão de pessoas para coordenar esse

processo e integração. Para exemplif icar um caso, o banco Itaú,

adquir iu há alguns anos o Bemge quando ele foi privatizado e comprou

o Banestado também quando este foi privat izado. O Itaú colocou uma

equipe que era do Bemge e que já havia passado pelos processos

anteriores, com o objetivo de reduzir o medo dos funcionários com

relação à extinção da empresa e sobre possíveis demissões.

O fator comunicação é de suma importância nesse assunto.

Uma empresa onde há uma comunicação clara, aberta e rápida, faci l ita

e muito a gestão da integração cultural em F&A. Dessa forma, uma

40

comunicação clara e objet iva impede que especulações ou boatos

sejam espalhados e atrapalhe a transição e pós-transição.

Existe também outra maneira possível, que ainda não é muito

uti l izada, e que já foi dito no item 4.3 deste trabalho, que é a inclusão

da cultura organizacional dos hábitos de trabalho da empresa visada no

processo de Due Diligence . Este é um procedimento muito ef icaz que

visa o adiantamento de uma polít ica de integração caso seja constatado

muitas diferenças na organização a ser adquirida.

5.2- O ENCONTRO DAS CULTURAS REGIONAIS.

Como se tem verif icado durante os últ imos tempos, a

globalização tem encurtado distancias, com isso, as empresas têm

invest ido em outros paises com bastante facil idade devido ao excesso

de capital, boa conjuntura econômica, internet, ou seja, tudo que

facil ita não só as empresas como também os cidadãos. A globalização

vem transformando o cenário constantemente, e vem ocasionando

impacto importante para a área empresarial. Um exemplo disto é a

mudança na forma de gerir as organizações, ao mostrar inef iciências e

a distância do padrão mundial em relação a preços, produtos e

costumes. Fica claro que a compreensão das diversas culturas

existentes incluindo a cultura do próprio país torna-se fundamental para

gerir com faci l idade as relações internacionais. Consciente desta etapa,

os executivos podem evitar futuros problemas na organização com

funcionários, consumidores ou clientes, fornecedores de diferentes

lugares.

A importância dada às pessoas, à cultura, às crenças e aos

valores principalmente as locais, não evoluiu com a mesma velocidade

dos planejamentos estratégicos.

Uma das pesquisas européias mostra que as diferenças

culturais são a maior dif iculdade na integração de aquisições na

Europa. Outra diz que 35% dos executivos pesquisados apontam as

41

diferenças culturais como o problema número um das aquisições feitas

no exterior, 20% como expectativas não realistas e 13% atribuídas à

incompetência gerencial (Barros 2000).

Muitos executivos que são transferidos para uma f i l ia l de sua

empresa no exterior se assustam com a gestão sendo inf luenciadas

pelas culturas e crenças regionais, encontram um chefe autoritário e

inf lexível que não goste de dialogar. No caso de uma F&A internacional

ou mesmo em um país de dimensões continentais como o nosso Brasi l,

é preciso ter consciência das característ icas próprias de cada região,

ou seja, é fundamental que as organizações considerem as

características locais, e depois acionar a polít icas de gestão de

pessoas a adequar-se ao local para que mais a frente não corra o r isco

de gastar muito dinheiro sem colher os frutos do investimento. Por tudo

isso, é fundamental que os prof issionais estejam cientes que precisam

dessa competência para interpretar as característ icas de cada região, a

participação da área de recursos humanos é necessária e importante,

além de fazer a sua função típica, fará outras como exemplo, executar

polít icas de gestão da integração. Obter a capacidade de reconhecer os

diversos tipos de culturas, hábitos e valores e adaptar-se ou adaptar

funcionários a estes fatores é o papel principal de um líder que busca

maximizar suas r iquezas através das fusões e aquisições. Compart i lhar

as diferenças de cada cultura em todas as suas etapas cria a

oportunidade única de crescimento e desenvolvimento consciente. O

líder com consciência cultural está mais preparado para enfrentar um

mundo globalizado e uma economia cada vez mais competit iva.

6-CONCLUSÃO

Neste estudo, procuramos discorrer como ocorre essa

sensação atual no mundo empresarial sob um prisma didático, tendo

42

como objetivo proporcionar uma visão mais clara de certos quesitos

relacionados às fusões e aquisições.

Não houve a pretensão de esgotar todas as questões relativas

ao assunto, até porque, se trata de um tema complexo. No

desenvolvimento do tema, foram selecionados aspectos pouco citados

em materiais didáticos, com escopo de conseguirmos um apanhado

sintét ico com l inhas essenciais, tendo em vista a sua relevância na

atual conjuntura econômica.

Fusões e aquisições estão entre as mais relevantes e

dramáticas formas de mudança organizacional. Entretanto, os

mecanismos estratégicos e organizacionais que contribuem para o

sucesso de integração pós-fusão ou aquisição não são bem entendidos.

Por isso, muitas fusões e aquisições transformaram-se em processos

traumáticos e destroem valor.

Uma hipótese a ser desenvolvida e ser mais destacada é o que

diz respeito à identidade cultural entre as empresas, ou seja, a

diferença cultural bem acentuada entre adquirente e adquir ida é

praticamente sinal de contingências pela frente, o que levará a um

possível fracasso da estratégia estabelecida.

A compreensão da divergência cultural o quanto antes é

fundamental para administrar com sucesso possíveis problemas de

integração que possam vir a acontecer. É por isto que esta questão

deve ser levada mais a sério na hora da negociação. Ela está sendo

mais pesquisada por prof issionais de diversas áreas, já que estes

chegaram a uma conclusão, seja pela experiência alheia ou própria, de

que essa compreensão é super importante para a organização como um

todo, não somente na integração, mas também em outras ocasiões, já

que sem o problema cultural, os prof issionais direcionam o seu foco

para um outro assunto.

Ao que tudo indica este fenômeno ainda não atingiu o seu

ápice, principalmente aqui no Brasil , apesar de crises econômicas que

43

de vez em quando assombra o cenário mundial. Mas para especial istas

no assunto, este processo vai dar uma “freada”, já que em alguns

setores já é visível a falta de oportunidade, como já está sendo visto

aqui no Brasil. O setor bancário, por exemplo, já está prat icamente

consolidado, restando apenas instituições f inanceiras de médio porte,

em especial aquelas que ainda não abriram o capital.

Mas independente de qual seja o futuro das fusões e

aquisições, na atualidade, este processo esta gerando cifras

gigantescas e ajudando a impulsionar a economia.

7 – BIBLIOGRAFIA

BADARACO JR. Joseph L.- The Knowledge l ink: how f irms compete

through strategic al l iances. Havard Business school Press, 1991.

44

BARROS, Betania Tanure de – Fusões e aquisições no Brasi l -

Entendendo as razões dos sucessos e fracassos. At las, 2003.

BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.

Informe setorial n° 15, 1999.

CASALI, Adriana Machado. Comunicação organizacional em fusões e

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48 (175-188), p.176, jan – jun. 1995

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Ver itens 1.6.1 e 1.6.2 do Anexo V da Resolução n° 15, de 19.08.98