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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
Assumindo a motivação no trabalho como desafio:
diferentes contribuições
Por: Marta Lewer Silva de Resende
Orientador
Prof. Vison Sérgio de Carvalho
Rio de Janeiro
2004
2
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
Assumindo a motivação no trabalho como desafio: diferentes
contribuições
Apresentação de monografia à Universidade
Cândido Mendes como condição prévia para a
conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato
Sensu” em Recursos Humanos.
Por: Marta Lewer Silva de Resende
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao orientador Vilson Sérgio de Carvalho pela ajuda e
direcionamento ao trabalho de conclusão do curso
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho, a minha família
pela compreensão e incentivo no período
do desenvolvimento do trabalho.
5
RESUMO
Este trabalho monográfico trata da questão da Motivação como
desafio. Baseado no título deste trabalho buscou-se descrever sobre: “como”
podemos pensar na questão da motivação das pessoas nas organizações,
como manter as pessoas motivadas e satisfeitas diante da realidade. De que
forma poderemos associar produtividade e motivação, sem deixar de lado a
qualidade de vida das pessoas? Este trabalho demonstra que esta
problemática não pode ser abordada sem a consideração das Teorias da
Motivação e seus respectivos teóricos.
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 7
CAPÍTULO I 11
A EVOLUÇÃO DAS TEORIAS ADMINISTRATIVAS 11
CAPÍTULO II 24
MOTIVAÇÃO 24
CAPÍTULO III 28
COMO MOTIVAR PESSOAS 28
CAPÍTULO IV 35
COMO TRABALHAR EM EQUIPE 35
CAPÍTULO V 41
AS TEORIAS DA MOTIVAÇÃO 41
CONCLUSÃO 59
BIBLIOGRAFIA 61
ÍNDICE 63
7
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, com as transformações que acontecem no mundo,
impactando nas organizações e na sociedade como um todo o que mais
floresce no mercado são publicações e atividades contendo roteiros voltados
para “Motivar Pessoas”. São verdadeiras receitas nas quais muitos se
apóiam e procuram seguir fielmente, esperando obter resultados
satisfatórios.
Acontece que, no mundo das pessoas, os acontecimentos não
seguem uma ordem previsível. O ser humano pela sua essência e
características peculiares tem uma natureza que o faz diferente e único. Não
é fácil prever suas reações nem estabelecer uma cadeia de atividade a ser
seguida como um autômato (pessoa inconsciente e incapaz de ação própria
e que se deixa dirigir por outrem).
Aí é que se apresenta de forma bem clara, a encruzilhada não
prevista nos manuais sobre “como motivar”. Falar qual o caminho a seguir é
muito fácil, mas seguir o exemplo apresentado, é onde reside o perigo: se
não há uma coerência entre o fazer o que digo e realizá-lo, cai-se no
descrédito e a empresa não passa credibilidade aos seus profissionais
O objetivo desta monografia é fazer uma leitura da questão das
Teorias Administrativas, da motivação dentro das empresas e seus teóricos,
visando a partir daí entender onde a Gestão de Recursos Humanos pode
somar agregando uma reflexão a respeito dos aspectos motivacionais.
Enfim, como gerar motivação nos profissionais? Que caminho deve
percorrer um Departamento de Recursos ou de Talentos Humanos, levando-
se em conta a necessidade de manter os empregados motivados por seu
trabalho?
8É com o objetivo de responder a estas perguntas que se busca o
conhecimento teórico que poderá servir de base para as idéias que se
propõe organizar e refletir buscando contribuir para que nas organizações o
homem cada vez mais possa se tornar o centro das discussões e das ações.
No primeiro capítulo cita que dentro da abordagem humanística, os
pesquisadores se deparam com a civilização industrializada que torna as
empresas preocupadas exclusivamente com sua sobrevivência financeira e
maior eficiência para o alcance dos lucros. Sendo assim, torna-se
indispensável conciliar e harmonizar as duas funções básicas da
organização industrial: a função econômica (produzir bens ou serviços para
grarantir o equilíbrio externo) e a função social (distribuir satisfações entre os
participantes para garantir o equilíbrio interno).
A rigor, o modelo burocrático facilita a atividade de supervisão do
trabalhador, que de antemão já possui todas as informações necessárias
sobre a sua tarefa e o comportamento desejado pela administração. Os
princípios da burocracia defendem o cumprimento dos objetivos
organizacionais de forma não apenas eficaz, mas eficiente.
A eficácia está relacionada ao cumprimento dos objetivos traçados, ênfase
nos resultados. A eficiência, contudo, está relacionada a fazer da melhor
maneira, ênfase nos meios.
Na teoria comportamental ou o behaviorismo descreve a relação
estabelecida entre a satisfação moral e o nível de produtividade que é vista
de forma simplista. Em função disso, as propostas da teoria são
consideradas por alguns administradores abstratas demais para que possam
resolver problemas práticos específicos. De qualquer forma, a teoria
behaviorista revela as crenças e a realidade do mundo empresarial, na
década de 50. Suas propostas contribuíram para a evolução do pensamento
administrativo, servindo de base para o surgimento de novas abordagens ao
estudo da administração.
Finalizando este capítulo a Teoria Estruturalista, revela as duas
principais críticas: quando foge da proposta de tentar compreender como o
trabalhador vê sua organização e seu ambiente, passando a ter como objeto
9de estudo a estrutura da organização em si; ampliação do estudo para
outros campos, quando normalmente as empresas pesquisadas pelos
estudiosos da administração eram as empresas industriais e os partidários
do estruturalismo tiveram o mérito de alargar esse campo, incluindo
organizações não-industriais e sem fins lucrativos.
Nos capítulos segundo, terceiro e quarto descreve sobre a motivação
como um processo individual e fruto do crescimento pessoal. A evolução que
impulsiona para o desejo de possibilidades maiores, em que nada é trivial e
tudo é útil para um significativo crescimento.
Mostra que a motivação humana, auxilia na abertura de novos
espaços, novas ferramentas para grandes descobertas, aprendizagens para
viver melhor e vencer de uma forma que alguns seres humanos ainda não
conhecem. Cada pessoa se motiva de uma forma diferente, mas algumas
premissas e características se igualam. A grande maioria das pessoas se
motivam com a possibilidade de ver os seus sonhos realizados. Esses
sonhos vêm moldados das mais diversas formas. Podem estar em palavras
ou gestos, no reconhecimento de um trabalho bem feito, num elogio, na
possibilidade de crescimento, numa palavra de compreensão e carinho, na
importância da equipe, entre outros.
A empresa é um todo, formada pelo somatório individual de idéias,
sentimentos, sonhos, angústias, expectativas e realizações.
Por essas razões, o maior investimento de uma empresa deve estar
nas pessoas, pois é nelas que está o poder da decisão em fazer ou não
fazer, em fazer tudo ou só uma parte, em fazer correto ou mais ou menos,
em fazer agora ou depois.
Finalizando no quinto capítulo descreve as teorias da motivação, busca-se
compreender quais os fatores capazes de levar os trabalhadores a caminhar
em direção aos objetivos da organização, tornando-os colaboradores
eficientes e eficazes. Ao longo de um século, vários estudos foram
realizados na tentativa de desvendar o fenômeno da motivação humana nas
10organizações a partir de uma análise das correntes que surgiram e que são
apresentadas esquematicamente
11
A EVOLUÇÃO DAS TEORIAS ADMINISTRATIVAS
A evolução das Teorias Administrativas será apresentada uma
revisão histórica e conceitual das principais teorias administrativas que se
consagraram até meados da década de sessenta, quando a perspectiva
estratégica dos negócios e o questionamento de alguns princípios da
administração científica conduziu os estudos e pesquisas da área para uma
maior participação e melhor preparação do elemento humano na gestão
empresarial.
O ponto de partida será com as Teorias Clássica e Científica,
surgidas com as novas necessidades industriais, cujo enfoque privilegia a
esfera produtiva e cujos princípios têm sido questionados ao longo do
tempo. Em seguida a esses primeiros embriões de um estudo sistemático e
científico da administração, será apresentado a Escola de Relações
Humanas, reação lógica a um sistema excessivamente mecanizado. O
estudo dos princípios da Burocracia, tal como surgiu, permitirá compreender
melhor o porquê de sua adoção ainda nos dias atuais.
Seguindo o desenvolvimento das ciências comportamentais,
especialmente da antropologia, psicologia e sociologia, a administração
adotou e adaptou conceitos recém-elaborados nessas áreas, tendo como
ponto central de pesquisa a motivação humana na empresa. É o que será
apresenta com o Behaviorismo ou Teoria Comportamental. Paralelamente, o
Estruturalismo se propôs a resolver os conflitos existentes entre a Teoria
Clássica, a Teoria das Relações Humanas e a Burocracia.
Já se aproximando de décadas recentes, será feita uma breve
incursão pela Teoria dos Sistemas, uma busca de síntese e integração das
teorias precedentes, através da aplicação de conceitos da Teoria Geral de
Sistemas à administração. Encerrando esta parte do trabalho, será visto o
12surgimento do Desenvolvimento Organizacional como resposta à
necessidade de um método adequado à promoção de mudanças, diante dos
desafios ambientais e das demandas internas dos recursos humanos.
1.1. Teoria Clássica e Teoria Científica
Frederick Winslow Taylor
Com a Revolução Industrial (primeira fase - 1780/1840 e segunda –
1840/1895), a economia deixa de ter uma base artesanal e manufatureira
para se firmar na produção industrial e mecanizada. Segundo Ferreira
(1997), a Revolução Industrial lançou a base de um novo tempo,
transformando profundamente não só o mundo das organizações mas toda a
sociedade.
Com o nascimento das fábricas, surgiu um primeiro paradigma de
administração, defendendo racionalização da produção, divisão de tarefas
em múltiplas etapas, supervisão cerrada e obediência hierárquica.
Neste momento, na virada do século XIX, Frederick Taylor (1856-
1915), americano de família enriquecida pelo comércio com a Índia,
interrompeu bruscamente seus estudos em Harvard e começou a trabalhar
como aprendiz em uma fábrica de amigos da família. Quatro anos depois
ingressou na Midvale Steel Co., desenvolvendo a carreira de mecânico
enquanto estudava engenharia. Taylor, obcecado por regras desde criança,
quem veio de uma família de princípios rígidos e foi educado em uma
mentalidade de disciplina, devoção ao trabalho e poupança, desenvolveu
estudos a respeito de técnicas de racionalização do trabalho do operário.
Suas idéias louvavam a prática da divisão do trabalho, defendida
anteriormente por Adam Smith já adotada na época. Em 1911, Taylor
publicou um estudo mais elaborado, a partir de sua experiência em fábrica,
13generalizando-a como um modelo para a prática da administração. A
característica mais marcante do estudo de Taylor é a busca de uma
organização científica do trabalho, enfatizando tempos e métodos e por isso
é visto como o precursor da Teoria da Administração Científica.
Taylor via a necessidade urgente de aplicar métodos científicos à
administração, para garantir a consecução de seus objetivos de máxima
produção a mínimo custo. Para tanto defendia os seguintes princípios:
Seleção científica do trabalhador – o trabalhador deve
desempenhar a tarefa mais compatível com suas aptidões; a perícia da
tarefa, resultado de muito treino é importante para o funcionário e para a
empresa.
Tempo-padrão – o trabalhador deve atingir no mínimo a produção-
padrão estabelecida pela gerência. É importante contar com parâmetros de
controle da produtividade, porque o ser humano é preguiçoso e se o salário
estiver garantido, ele certamente produzirá o menos possível;
Plano de incentivo salarial – a remuneração dos funcionários deve
ser proporcional ao número de unidade produzidas;
Trabalho em conjunto – quando o trabalhador produz muito, sua
remuneração aumenta e a produtividade da empresa também. Os interesses
dos funcionários (altos salários) e da administração (baixo custo de
produção) podem ser conciliados;
Gerentes planejam, operários executam – o planejamento deve ser
de responsabilidade exclusiva da gerência, enquanto a execução cabe aos
operários e seus supervisores;
Divisão do trabalho – quanto menor e mais simples a tarefa, maior
será a habilidade do operário em desempenhá-la. Ao realizar um movimento
simples repetidas vezes, o funcionário ganha velocidade na sua atividade,
aumentando o número de unidades produzidas e elevando seu salário de
forma proporcional ao seu esforço;
14
Supervisão – a função básica do supervisor é controlar o trabalho
dos funcionários, verificando o número de unidades produzidas e o
cumprimento da produção-padrão mínima;
Ênfase na eficiência - existe uma única maneira certa de executar
uma tarefa. Para descobri-la, a administração deve empreender um estudo
de tempos e métodos, decompondo os movimentos das tarefas executadas
pelos trabalhadores.
Embora Taylor é visto como um cientista insensível e desumano, que
tratava os operários como objetos de estudo isolados, em favor de estudos
que favoreciam a elite empresarial, não se pode deixar de ser observado
que, em época que ainda sofria os reflexos dos regimes feudal e
escravocrata, as idéias de Taylor representavam um avanço na forma de
encarar a participação do trabalhador no processo produtivo.
Como curiosidade dos acontecimentos da época, as constantes
críticas aos métodos por ele utilizados levaram o Congresso norte-
americano a convocá-lo a prestar depoimento à Câmara dos
Representantes, em 1912. Taylor foi forçado a se defender perante os
congressistas, que acreditavam que suas idéias conduziriam à exploração e
à demissão dos trabalhadores.
Por mais que se critique os estudos minuciosos de Taylor em tempos
e métodos do processo produtivo, a divisão do trabalho em tarefas mínimas,
por exemplo, estimulou o desenvolvimento de estudos de tecnologia e
automação industrial que, hoje, permitem que o trabalho humano seja
utilizado em tarefas menos entediantes, poupando o trabalhador de realizar
tarefas monótonas e pessoalmente pouco enriquecedoras.
Muitos outros autores e pesquisadores desenvolveram as idéias
defendidas por Taylor em seus estudos e práticas administrativas como:
Henry Ford, Frank Gilbreth, Lilian Gilbreth e Henry Gantt.
15Henry Ford
Contudo, foi Henry Ford (1863-1947), um dos responsáveis pelo
grande salto qualitativo no desenvolvimento da atual organização
empresarial. Filho de imigrante irlandês, Ford iniciou sua carreira como
aprendiz de mecânico. Fascinado pelo motor a combustão, fundou a Detroit
Automobile Company, que faliu dois anos depois. Em 1903 organizou, com
um grupo de pequenos investidores, a Ford Motor Company. Em 1908
lançou o “modelo T”, o primeiro carro popular americano produzido em
escala industrial, vendendo 10.000 unidades no primeiro ano e 250.000 em
1914. Aparentemente preconizando a futura participação dos funcionários
nos lucros da empresa, instituiu o salário mínimo de US$5 por dia para os
que cumprissem alguns requisitos básicos.
Além disso, Ford se mostrou adiante de seu tempo, quando
considerava os recursos humanos da empresa. Ele defendia a idéia de que
o segredo do sucesso está na habilidade de encarar os funcionários como
seres humanos. Ciente da importância do consumo de massa, lançou alguns
princípios que buscavam agilizar a produção, diminuindo seus custos e
tempo de fabricação como: produção integrada, da matéria-prima ao produto
final acabado; ao instaurar a linha de montagem e a padronização do
equipamento utilizado, Ford obtinha agilidade da produção e redução de
custos e dos estoques.
Henri Fayol
Paralelamente aos estudos de Taylor, o engenheiro francês Henri
Fayol defendia princípios semelhantes na Europa, baseado em sua
experiência na alta administração. Fayol (1841-1925), ingressou como
engenheiro de minas na Société Anonyme Commentry-Fourchambault em
1860, e foi nomeado seu diretor em 1888, com a missão de reverter o
16quadro de falência da empresa. Mais do que recuperá-la, Fayol a
transformou em um vasto complexo metalúrgico, aposentando-se em 1918.
Seu sucesso era atribuído à sua forma abrangente e completa de pensar a
empresa e os problemas básicos da administração prática. Sua obra básica,
Princípios Gerais da Administração, compila suas conclusões, abordando
tópicos como as características dos administradores, a importância de seu
treinamento, suas funções básicas e os princípios básicos da administração.
Buscou desenvolver a primeira teoria da administração, defendendo que seu
estudo teórico deveria preceder a prática da profissão. Em função disso,
dada sua percepção dos problemas básicos da administração moderna e a
universalidade de seus princípios gerais, alguns autores vêem em Fayol o
verdadeiro pai da administração. Contudo, sua obra só deixou de ser
ignorada em 1914, quando foi publicada nos Estados Unidos. O atraso na
difusão generalizada das idéias de Fayol fez com que grandes contribuintes
do pensamento administrativo desconhecessem seus princípios tais como:
divisão do trabalho, autoridade e responsabilidade, unidade de comando,
disciplina, remuneração, centralização, hierarquia, ordem, estabilidade dos
funcionários, iniciativa, entre outros.
1.2. Teoria das Relações Humanas
A abordagem humanística da administração surge como reação
lógica ao sistema excessivamente mecanizado proposto nas Teorias
Clássica e Científica, no momento em que os princípios econômicos
vigentes estavam passando por uma reformulação radical, conseqüente da
crise de 1929.
A crise de 29, como é chamada, foi um dos maiores choques que a
economia mundial atravessou. Até então, o capitalismo norte-americano
17seguia uma política liberal: os empresários pagavam salários baixos,
mantinham os preços elevados, aumentavam a produção e o Estado não
intervinha. Sem demanda suficiente para a produção, aumentava o estoque,
paralizava a produção, aumentava o desemprego e diminuía o consumo. A
crise se refletia na Bolsa, onde havia maior número de vendedores do que
de compradores de ações, negociadas a preços cada vez mais baixos. Após
a quebra da Bolsa, o governo assumiu uma postura intervencionista na
Economia, regulando a produção e fixando limites para preços e salários.
Surgiram, então, o salário mínimo, o limite máximo de trabalho diário, a
previdência social e a legalização das organização sindicais.
A crise funcionou como sinal de que o paradigma da administração
também necessitava passar por uma reformulação radical. A busca de uma
maior eficiência nas fábricas e empresas exigiu a reconsideração das
relações e aspirações dos elementos humanos na organização. A
humanização dos conceitos administrativos se apresentou como mais
adequada às novas exigências.
Assim, vários pesquisadores e estudiosos da psicologia do trabalho
permitiram compreender melhor o funcionamento da psicologia do trabalho,
ressaltando a importância da consideração conjunta dos fatores humano e
material para a avaliação da produtividade no trabalho. Os conceitos e as
experiências desenvolvidos por Kurt Lewin, Elton Mayo, Oliver Sheldon,
Alfred Marrow, Mary Follett entre outros, foram fundamentais para o
desenvolvimento desta teoria.
Integração e comportamento sociais – mesmo dotado de
excelentes condições físicas, o trabalhador socialmente desajustado terá
baixa eficiência. Isso porque os aspectos sociológicos, psicológicos e
emocionais são mais importantes do que os técnicos. O papel da integração
18grupal é primordial para o bem-estar psicoemocional dos trabalhadores. Eles
não agem individualmente, mas como membros de grupos. Desviando-se
das normas grupais, sofrem punições sociais ou morais dos colegas mais
severas do que as impostas pela organização, porque os marginalizam do
relacionamento com o grupo. A administração que busca a eficiência e o
aumento da produtividade deve então atentar à conciliação dos objetivos
empresarias com os interesses subjetivos dos trabalhadores, para obter os
resultados desejados.
Participação nas decisões – a participação de cada um no processo
decisório é fundamental, embora condicionada à situação e ao padrão de
liderança adotado. O trabalhador é um ser pensante; ele deve estar sujeito a
um controle de resultados mas não a uma supervisão estrita, principalmente
no que se refere ao modo de realizar sua tarefa. A participação nas
decisões, favorecida através de uma comunicação de “baixo para cima”,
estimula a iniciativa dos funcionários e aumenta a produtividade empresarial.
Homem Social – o comportamento dos trabalhadores está
condicionado não somente a aspectos bilógicos mas também a normas e
padrões sociais. Dada a importância atribuída aos fatores psicoemocionais,
a motivação econômica passa a ser secundária na determinação do
rendimento do trabalhador; são prioritárias a necessidade de
reconhecimento, aprovação social e participação.
Conteúdo do trabalho – trabalhos simples e repetitivos são
monótonos e negativos para a motivação do trabalhador e,
conseqüentemente, para o nível da produção. As tarefas devem ser
estimulantes, incentivando o trabalhador a se interessar pela produtividade e
qualidade do que desenvolve.
19
1.3. Teoria da Burocracia
A instabilidade das emoções e os comportamentos aleatórios, ênfase
da teoria das relações humanas, eram vistos como prejudiciais ao bom
desempenho empresarial. As limitações das teorias clássica, científica e de
relações humanas, fizeram com que alguns autores se voltassem às obras
de Weber.
Max Weber (1864-1920), sociólogo e economista alemão, se dedicou
ao estudo da história social. Ele foi um dos fundadores da sociologia
moderna. Contemporâneo das teorias científica e clássica, estudou a
organização como parte de um contexto social, influenciada pelas mudanças
sociais, econômicas e religiosas da época. Weber tinha um interesse
particular pelo fato de o capitalismo não ter surgido no Oriente. Para ele, sua
gênese ocidental poderia ser atribuída, entre outros motivos, as diferenças
de religião. Para o autor, os católicos denotam maior tendência para
permanecer no artesanato, tornando-se conseqüentemente muitas vezes
mestres-artesãos, enquanto os protestantes são mais atraídos pelas
fábricas, onde preenchem as camadas superiores da mão-de-obra
especializada e as posições administrativas.
A Teoria da Burocracia surgiu como uma proposta de estrutura
administrativa para organizações complexas, dotada de características
próprias, eficiente na sociedade industrial emergente, com a ênfase nos
princípios e normas formais da organização hierárquica, autoridade e
responsabilidade.
Segundo Ferreira (1997), interpretando tal teoria, observa que os
pressupostos da teoria saíam em defesa de aspectos coerentes com a visão
racionalista do ser humano:
20Ética protestante – Como princípios básicos, o protestantismo
defende a vida dedicada ao trabalho duro, à poupança e ao ascetismo. Os
que realmente se dedicam a essa conduta espartana e, portanto, seguem a
vontade de Deus, alcançam a prosperidade e ficam em paz com o destino
de sua alma. Com isso, quão mais rico, mais o indivíduo prova ser fiel e
recompensado por Deus;
Homem Organizacional – O tipo de personalidade adequada à
sociedade moderna é a do homem resistente às frustrações, dedicado de
forma irrestrita ao cumprimento de suas tarefas, o funcionário da
organização burocrática deve ser capaz de adiar as recompensas e o desejo
de auto-realização;
Racionalidade – Os objetivos devem ser atingidos da maneira mais
racional e, portanto, poupadora de esforços. Assim, como na Administração
Científica, a Burocracia defende a existência da melhor forma de se realizar
uma tarefa;
Divisão de Trabalho e Hierarquia – A divisão de trabalho deve ser
sistemática, coerente com os objetivos visados pela organização. Cada
pessoa deve ter uma tarefa específica e uma autoridade condizente com ela.
Forma-se assim uma hierarquia de atividade legítima, construída de acordo
com as funções dos trabalhadores dentre da empresa. A legitimidade da
cadeia hierárquica faz com que deva ser respeitada e aceita a qualquer
custo;
Autoridade, Poder, Dominação e Administração – Autoridade é a
“probabilidade de que um comando ou ordem específica seja obedecido”.
Poder é a probabilidade de impor a própria vontade à conduta dos outros,
contra qualquer resistência. Na dominação o governante tem o direito de
impor seu poder e o governado o dever de obedecer-lhe. Ao se exercer
sobre muitas pessoas, a dominação necessita de um aparato administrativo
que uma governante e governados;
21Promoção e Seleção – A consideração da competência técnica evita
favoritismos e o incentivo à promoção da incompetência. Seguindo a lógica
da racionalidade, o processo de seleção e promoção de um indivíduo deve
ser resultado de sua dedicação e competência no cumprimento das metas
organizacionais;
Separação entre Propriedade e Administração – Os
administradores devem ser profissionais, especialistas, assalariados, fiéis ao
cargo e aos objetivos da empresa. O trabalho que desempenham deve ser
sua principal atividade. Com isso, o trabalhador passa a ser encarado não
como um ser humano, dotado de personalidade e emoções, mas como o
ocupante de um cargo, que tem sob sua responsabilidade um conjunto de
atribuições;
Organização informal – Sendo imprevista, não é racional. Não
sendo racional, não é desejada nas organizações burocráticas.
1.4. Teoria Comportamental – “Behaviorismo”
O Behaviorismo ou Teoria comportamental surgiu como evolução de
uma dissidência da escola de Relações Humanas, defendendo a valorização
do trabalhador em qualquer empreendimento baseado na cooperação,
buscando um novo padrão de teoria e pesquisa administrativas.
Esta teoria, influenciada pelo desenvolvimento de estudos
comportamentais de várias ciências como a antropologia, a sociologia e a
psicologia, foi adaptada para a administração, propondo uma visão mais
ampla do que motiva as pessoas para agirem ou se comportarem no
trabalho.
Dentre os colaboradores desta abordagem, destacaram-se Barnard e
Simon, os quais ofereceram os principais pontos de referência para a
22formulação das propostas iniciais, e, posteriormente, essas idéias e
propostas foram complementadas pela Teoria X e Y de McGregor e pelas
teorias motivacionais de Herzberg e de McClelland e pelas pesquisas de
Likert sobre liderança.
1.5. Teoria Estruturalista
A Teoria Estruturalista surgiu como um desdobramento da
Burocracia, buscando resolver os conflitos existentes entre as Teorias
Clássica e Científica com uma abordagem mecanicista do homem
econômico, a Teoria de Relações Humanas, com sua visão ingênua do
homem social, e a própria Teoria Burocrática com um modelo organizacional
ideal e universal, mas inviável na prática.
Amitai Etzioni, crítico do Behaviorismo, um dos fundadores do
Estruturalismo, via a organização como uma unidade social grande e
complexa, onde interagem muitos grupos sociais. A idéia básica do
Estruturalismo é considerar a organização em todos os seus aspectos como
uma só estrutura, fornecendo uma visão integrada da mesma: analisar as
influências de aspectos externos sobre a organização, o impacto de seus
próprios aspectos internos, as múltiplas relações que se estabelecem entre
eles.
Características dos Estruturalismo:
Submissão do indivíduo à socialização – o desejo de obter
recompensas materiais e sociais como prestígio e reconhecimento faz com
que o indivíduo aceite desempenhar vários papéis sociais em seu trabalho;
Conflitos inevitáveis – os conflitos entre os interesses dos
funcionários e os objetivos da empresa são inevitáveis. Sua minimização
pode tornar o
23trabalho mais suportável, apesar de não satisfatório. Por outro lado, se forem
disfarçados, os conflitos se expressarão de outras formas como abandono
do emprego ou aumento do número de acidentes;
Hierarquia e comunicações – a hierarquia é considerada perniciosa
à comunicação dentro da empresa. Contudo, seguindo-se a suposição de
que ela é um pré-requisito funcional para a coordenação em uma
organização formal, suas disfunções são consideradas um custo inevitável
que pode ser reduzido mas não eliminado;
Incentivos mistos – os estruturalistas consideram que, também na
questão dos incentivos, tanto os clássicos – incentivo monetário – quanto os
humanistas – incentivos sociais – tinham uma visão parcial. Os indivíduos
sendo seres complexos precisam se realizar em diversos aspectos.
24
MOTIVAÇÃO
A motivação ainda é um grande desafio para as empresas, e cada
vez mais deve ser preocupação pois é o combustível que nos faz funcionar.
Por meio da motivação há melhoria nos processos internos, dos produtos,
envolvimento e comprometimento.
Quando a empresa realiza uma pesquisa de satisfação, é visível que
a produtividade aumenta, quando as pessoas são motivadas de forma
particular, através do desenvolvimento de suas capacidades, do
reconhecimento dos objetivos, das tarefas e de seu valor, tanto por parte da
chefia como pelo grupo que pertence. Não esquecendo da recompensa
através do seu salário, premiações, entre outras coisas etc.
Hoje o valor do trabalho está passando por transformações e
sofrendo uma quebra de seus paradigmas. Cada pessoa deve ser motivada
de forma diferente, pois cada qual tem necessidades e emoções distintas. O
homem é um ser insaciável, uma vez satisfeita uma necessidade,
automaticamente surgirá outra, por isso, é importante que a empresa
diversifique os benefícios, adequando-os de acordo com as necessidades
dos funcionários.
Muitos empresários acreditam que a motivação é obtida através de
salários, além disso, costumam dizer: “Aqueles que não estiver contente,
que vá buscar outra oportunidade melhor”. Isso é muito perigoso para a
empresa. Em uma dessas vezes, o funcionário sai, encontra e convida os
demais criando a ciranda da desmotivação interna.
Podemos dizer que o envolvimento e a motivação das pessoas com
seu trabalho, tem diminuído com o passar dos tempos ou vêm sofrendo um
pseudo aumento, principalmente, considerando o medo de perder o
emprego ou realizando atividades por obrigação, sem sentido.
25Antigamente, vivíamos num contexto diferente, onde as pessoas
dedicavam-se de corpo e alma ao trabalho e estavam dispostos a encarar
desafios. Com o passar do tempo, houve uma mudança. Um os aspectos
críticos da motivação é a redução ou o excesso na jornada de trabalho
levando a uma saturação psicológica do trabalhador.
Hoje o desafio do profissional de recursos humanos é motivar as pessoas a
crescerem, juntamente com a organização. Caso isso não aconteça, o caos
estará instalado. Não adianta somente oferecer panacéias de benefícios no
final do ano, como churrascos, cestas de natal ou outros benefícios. Com
esses recursos, o processo motivacional funcionará somente por um curto
período.
É preciso pensar no que o funcionário gostaria de ganhar e não o que
você gostaria de dar. Nessa situação temos que ser flexíveis para
mantermos competitivos, assim como os benefícios oferecidos pelas
organizações. A motivação precisa ser encarada como forma de valorizar o
funcionário, que deve se sentir parte integrante da empresa e não
simplesmente um seguidor de regras.
Para que a motivação funcione é preciso que o funcionário esteja,
também, disposto a se motivar, vontade de trabalhar, principalmente que
goste do que faz.
O papel da empresa nesse processo é o de propiciar condições e
incentivos. Neste momento devemos supor que as necessidades básicas,
tais como: moradia, alimentação, saúde, transporte, estão sendo supridas
satisfatoriamente, apesar de não garantirem a motivação, somente mas
evitando apenas a insatisfação.
Para garantir a motivação, é preciso outros estímulos, como
integração social, valorização pessoal e profissional. Isso será possível
através de treinamento que propicie seu desenvolvimento, a aquisição de
26novos desafios, possibilidade de criação de novos métodos de trabalho,
serviços, produtos, etc.
Cabe ressaltar que o relacionamento com os colegas de trabalho e
chefia é um fator importantíssimo na motivação.
Outro fator importante é o relacionamento com os colegas de trabalho e
chefia. O que percebemos, é que nem sempre os chefes ou líderes estão
preparados para motivar sua equipe, haja visto o que presenciamos durante
os treinamentos. Com pequeno investimento em treinamento, determinadas
atitudes podem ser modificadas, tanto por parte das chefias quanto da
equipe de trabalho.
Neste caso, os programas de incentivos poderão ser uma ferramenta
poderosa da motivação, possibilitando a melhoria na produtividade, o
aumento e o comprometimento dos colaboradores. Outro aspecto que se
sobressai no ambiente organizacional é a competição. Ela dará bons
resultados quando bem administrada.
A formação de líderes e a estimulação da criatividade também são
aspectos importantes para as organizações. Assim, é necessário dar
liberdade para o funcionário criar novas formas de trabalho, produtos e
serviços, proporcionando o comprometimento com a empresa.
Quando as organizações negam a possibilidade de criar o resultado é
o descomprometimento, desmotivação e a falta de conhecimento
generalizado.
Nos programas de treinamento, percebemos que há vários
funcionários que gostam de desafios e são criativos, mas muitas vezes são
desestimulados pela equipe de trabalho, chefias centralizadoras.
O medo de errar e da punição é predominante na maioria dos cenários das
organizações. É importante lembrar que o indivíduo criativo é regido pela
auto realização, está atento a tudo o que acontece. Além disso, busca
27desafios, cria o novo, busca soluções criativas para os problemas, tornando-
se motivante e auto motivador.
O desafio ao uso da criatividade no trabalho leva à motivação,
favorecendo a participação ativa. Quando se bloqueia a inteligência criativa
há o desinteresse de participar, opinar e envolver-se mais.
28
COMO MOTIVAR PESSOAS ?
3.1. Ser um bom líder
Considera-se um “bom líder” alguém que motiva e coordena sua
equipe aplicando de forma eficaz suas habilidades individuais e grupais,
seus conhecimentos e suas experiências de modo a alcançar as metas. Não
se pode começar a motivar e coordenar pessoas até que saibam
exatamente quais as metas a alcançar. Por isso precisa-se:
Assinalar claramente as metas;
Verificar se são realistas;
Informar a equipe
Assinalar claramente as metas
Ser capaz de identificar cada uma das etapas nas quais esteja
trabalhando com a equipe – pessoais, de departamentos e organizacionais,
bem como aquelas de curto, médio e longos prazos. Não basta apenas ter
uma boa idéia aproximada ou um insight: tudo isso parece muito vago e
abstrato, e possivelmente não terá o apoio ou o sentido de
comprometimento da equipe.
É preciso que se saiba exatamente aonde se quer chegar, como chegar e
quando chegar. Também é primordial que todas essas metas sejam
consistentes e se complementem. Em síntese: que todas estejam seguindo
na mesma direção.
Verificar se são realistas
Estará definindo metas pessoais a serem atingidas por indivíduos e
equipes, as quais, por sua vez, irão combinar-se de forma que o
29departamento e/ou a empresa alcancem as metas gerais. Para que a equipe
se sinta motivada em relação a essas metas, elas devem ser desafiadoras e
exigirem o suficiente para estimular as pessoas, a fim de proporcionar a
mais completa utilização de suas habilidades. Devem, também, ser
específicas, de modo que o progresso possa ser avaliado e verificado e,
quando necessário, as correções possam ser efetivadas. Igualmente
importante: elas devem ser atingíveis, mas somente dentro dos limites do
trabalho e desempenho, pois o fracasso é desmoralizante, podendo ter um
efeito desfavorável sobre o indivíduo e sobre os colegas de trabalho.
Informar a equipe
Uma vez ciente das metas e de quais serão direcionadas para quais
indivíduos. Deve-se certificar de que elas estejam bem explanadas e
claramente compreensíveis para todos os envolvidos. Cada pessoa e cada
equipe devem possuir metas a atingir. Da mesma forma, as pessoas
precisam ser informadas acerca dos padrões específicos a serem seguidos
– tipo: lei de saúde e segurança, tarefas concluídas no prazo definido, e
assim por diante. Convém explicar as razões de cada instrução e tentar
chegar a um acordo em todas as oportunidades: uma equipe informada e
envolvida estará sempre trabalhando melhor e com mais afinco do que o
fariam se houvesse um trabalho individual e disperso.
3.2. Liderar pelo exemplo
Um dos métodos para motivar as pessoas a trabalharem para atingirem
suas metas pessoais, departamentais e organizacionais é liderar dando o
exemplo. Essa é uma habilidade que pode ser desenvolvida com êxito
observando-se, em seguida, mesclando-se com três fatores:
30Qualidade de liderança
Estilos de liderança
Variação das situações
3.2.1. Qualidade de liderança
Todos os líderes de sucesso têm certos atributos pessoais em
comum. São auto disciplinados em tudo o que fazem: no atendimento, na
pontualidade, no cuidado com a aparência, lidando com o trabalho, etc. Se o
líder tira licença por causa de um resfriado, chega atrasado, parece
desleixado, não utiliza os equipamentos de segurança de modo correto ou
qualquer coisa assim, sua má postura e seus hábitos afetarão aqueles que
estão próximos, de modo que logo irão se tornar também desleixados e
desmotivados. Por outro lado, bons líderes demonstram comprometimento,
esforçam-se constantemente a fim de superarem suas capacidades de
trabalho e desempenho.
Senso de justiça é uma característica muito importante que todos os
líderes devem possuir de sobra, e em todas as ocasiões. Deve-se ser visto
agindo de modo justo em tudo o que faz, elogiando quando e onde for
devido, exercer a disciplina e corrigir na ocasião certa, e encorajando e
elogiando aqueles que fazem por merecer. Também é importante ter
coragem moral: é necessário ser valente para lidar com problemas difíceis,
admitir seus erros ou manter a disciplina sobre um funcionário mais
indolente ou negativo. Do mesmo modo, precisa estar apto a tomar decisões
criteriosas como demitir, se necessário, ou dispensar o excedente de
funcionários de meio período.
Líderes bem-sucedidos devem contrapor suas qualidades potenciais
mais fortes, como autodisciplina e coragem moral, com uma atitude de
preocupação. Deve-se mostrar interesse pelos funcionários, sabendo seus
31nomes, alguma coisa a seu respeito e compreendendo os bons ou maus
aspectos do trabalho deles, mostrando empatia frente às limitações que
eventualmente possuam, etc. Os melhores líderes são aqueles leiais à
equipe. Precisa demonstrar confiança, deixando que as pessoas cumpram
sua tarefas sem interferência. Dá-lhes crédito por seus êxitos, em vez de
tomá-los para si. Da mesma maneira, não culpá-los por erros que tenha
cometido. Demonstra publicamente apoio, ao invés de criticá-los pelas
costas.
3.2.2. Estilos de liderança
Pode-se adotar 2 tipos de liderança:
Autocrático – o líder identifica o problema, considera as soluções
possíveis e toma a decisão. Depois disso, ele informa a equipe sobre o que
fazer. A equipe não tem voz ativa diante da situação. Por outro lado o líder
pode tomar a decisão e, em seguida, tentar vendê-la à equipe destacando
todas as vantagens a ela ligadas. Esse líder reconhece que pode haver
alguma reação contrária a uma abordagem mais autocrática. Apesar disso, a
decisão já foi tomada e assim vai permanecer, não importando o que digam;
Democrático – o líder pode apresentar o problema à equipe,
adiantando as soluções potenciais e a decisão que poderá ser provisória,
pedindo opiniões e contribuições. Apesar disso, a decisão final é dele, mas
ele estará aberto a comentários e outras sugestões. Em um nível ainda mais
democrático, o líder expõe o problema, identifica as soluções mais prováveis
em conjunto com a equipe e, em seguida, todos chegam juntos a uma
decisão, de comum acordo. Presumindo-se que isto caiba em uma política
organizacional geral, todos irão aderir à decisão.
323.2.3. Variação das situações
Irá variar de acordo com as circunstâncias que surgirão em
determinadas situações. Existem três influências importantes: o líder, o
trabalho que o envolve e a equipe pela qual é responsável.
A natureza e a complexidade do trabalho são de grande importância.
Talvez seja ambígua, ou esteja além das capacidades (de tomada de
decisão), conhecimentos e habilidades da equipe, por isso é preciso assumir
o comando. Por outro lado, pode fazer parte das habilidades da equipe. Na
verdade, a equipe pode conhecer o assunto melhor que o líder, logo, devem-
se ter maiores recursos.
É evidente que a equipe tem grande influência sobre o estilo de
liderança que se deve adotar. Cada membro pode ter sua visão específica
sobre como pode ser liderado. Alguns querem que lhes digam o que fazer,
enquanto outros preferem um nível de escolha e liberdade. A equipe pode
querer envolver-se mais em assuntos que sejam de interesses próprios, e
menos nos que não lhes dizem respeito. Seus níveis de habilidades,
conhecimento e experiência em certas áreas são igualmente significativos:
se tem maior domínio sobre algo, é sensato recorrer a isso, adotando um
estilo mais democrático; e optar pelo inverso caso a equipe tenha
relativamente pouco conhecimento.
3.3. Como motivar os outros?
É de se esperar que, sabendo as metas a atingir e liderar dando
exemplo, irá persuadir as pessoas a seguirem e a trabalharem a fim de
alcançar as metas, sejam pessoais, de departamento ou da empresa. No
entanto, há muito mais que se pode fazer a fim de motivar as pessoas,
como:
33 Discutir e concordar
Incentivar e reconhecer
Reavaliar e corrigir
3.3.1. Discutir e concordar
Sempre que possível, deve-se definir as metas, os objetivos e os
padrões, com as equipes. É preciso dar oportunidade às pessoas para que
discutam as metas como um todo (em qualquer nível). As pessoas merecem
ser tratada como iguais, que se mostre algum respeito pelo que sentem,
pensam e têm a dizer. Tudo isso faz com que a equipe se mantenha mais
envolvida e se torne parte do processo. Infalivelmente os funcionários
trabalham com mais afinco e melhor, para alçarem as metas, objetivos e
padrões com os quais concordam, do que os outros, que simplesmente lhes
são impostos sem conduta – ainda que, na realidade, as metas, os objetivos,
os padrões possam ser os mesmos!
3.3.2. Incentivar e reconhecer
Isso é tão importante que os funcionários de tempos em tempos são
observados, embora de maneira discreta e incentivados a progredirem de
acordo com os padrões e manutenções das metas a serem alcançadas.
Cada avanço deve ser reconhecido, e todos os seus êxitos devem ser
elogiados e recebidos de modo animador.
Elogios sinceros e provas de apreço, até algo simples, como um
sorriso e um sinal de positivo com o polegar, dão às pessoas um senso de
vitória, fazendo com que sintam que deram uma contribuição de valor.
Apoiá-los, mesmo quando errarem apontando-os porque e onde cometeram
o erro, mostrando-os como melhorar, sem culpar e humilhar. Ao reconhecer
os pontos fortes da equipe, fazendo críticas honestas e construtivas sobre
pontos fracos, faz com que as próximas vezes façam com mais empenho.
343.3.3. Reavaliar e corrigir
Ao trabalhar com a equipe, deve-se avaliar e reavaliar
constantemente as metas e objetivos à luz das capacidades de trabalho e
desempenho dos membros da equipe. Deve-se certificar de que a equipe
tem a oportunidade de manifestar seus pontos de vista e desejos. Isso
significa tratá-los com respeito e como iguais. Quando for importante, é
melhor corrigir a fim de estabelecer determinadas metas, objetivos e padrões
que estejam ao alcance dos componentes. Falhas constantes no sentido de
buscar metas exageradamente ambiciosas vão trazer à tona frustrações e
desmotivarão os elementos do grupo, afetando não apenas a pessoa
relacionada, como também aqueles que trabalham com ela. Dominarão a
raiva, o ressentimento, bem como a sobrecarga de trabalho.
35
COMO TRABALHAR EM EQUIPE
Juntamente com uma liderança bem exercida, o trabalho em equipe
possui um papel de importância na motivação. Se comandar um time de
sucesso, é preciso estar apto a identificar suas características particulares,
reconhecer os componentes como indivíduos, com seus próprios direitos,
bem como partes do grupo. Deve-se saber empregar diversas táticas, de
forma que todos trabalhem em conjunto, buscando o êxito.
4.1. Como identificar as características de uma equipe
Uma equipe de sucesso pode ser descrita como um grupo de
indivíduos que trabalham em conjunto a fim de atingirem metas comuns. A
fim de desenvolver e motivar as pessoas sob seu comando precisa-se
conscientizar das características principais de uma equipe bem-sucedida.
Isso dá ao líder uma estrutura com base na qual poderá trabalhar.
Geralmente, uma equipe de sucesso destaca-se pela:
União
Organização própria
Apoio mútuo
Fato de ser pequena
4.1.1. União
Todos os membros de uma equipe de sucesso são unidos. Todos os
esforços vão a uma única direção para completar um trabalho específico
e/ou alcançar alguma meta comum a todos. Com freqüência, pode-se atingir
melhor o trabalho e/ou meta através da ação coletiva, em vez de ser
individual. Uma equipe eficiente tem sua identidade própria e exclusiva.
Seus componentes sentem-se participativos.
364.1.2. Organização própria
A tendência de uma equipe de sucesso é criar sua própria estrutura,
na qual seus componentes desempenham papéis diversos, dependendo da
ocasião, de acordo com as necessidades e aptidões. Um membro com
experiência em uma tarefa especial pode organizar as outras por um certo
período. Já um outro membro assumirá outra tarefa, com a qual familiariza
mais. Desenvolve-se assim, paralelamente a essa estrutura, um código
informal, sem palavras, que todos acatam. Como regras não-escritas pode-
se mencionar: sair do recinto para fumar, avisar aos colegas sobre a
conclusão de uma determinada tarefa, ou fazer uma análise com outro
membro da equipe antes de levar adiante um dever específico.
4.1.3. Apoio mútuo
Os componentes de uma equipe de sucesso invariavelmente
demonstram cooperação total uns com os outros na realização de um
trabalho e/ou cumprimento de uma meta, compartilhando tarefas de acordo
com as aptidões, orientando e direcionando quando se faz necessário,
coordenando deveres e atacando problemas conjuntamente. Todos se
apóiam mutuamente. Isso se observa quando um colega de serviço toma a
si certos encargos, quando alguém se encontra sobrecarregado de serviços
ou está atravessando algum tipo de dificuldade. É inevitável que um ajude o
outro.
4.1.4. Fato de ser pequena
De um modo geral, as equipes de sucesso são relativamente
pequenas, a fim de se ampliarem as capacidades de organização e de
administração por parte de seus componentes: as tarefas são divididas de
forma justa, as idéias e opiniões compartilhadas abertamente, a identificação
37dos problemas e suas soluções, mais rápidas. Cinco é o número mais
freqüentemente apontado como ideal, acima disso, as discussões levam
mais tempo, e enquanto dois ou mais participantes se destacam, os outros
não conseguem participar satisfatoriamente, além da possibilidade de se
formarem “panelinhas”. Abaixo de cinco, talvez haja habilidade,
conhecimentos e experiências disponíveis em número insuficientes para se
realizar adequadamente o trabalho. Qualquer que seja um número ímpar é
mais sensato, evitando empates quando devam ser tomadas decisões.
4.2. Reconhecer os componentes da equipe
É importante que não considere os membros da equipe da mesma
maneira, como se fosse padrão. São todos indivíduos com personalidades e
gostos diferentes, desejos e necessidades em constante mudança. E é
assim que devem ser aceitos. No entanto, alguns podem apresentar
características semelhantes às que se denominam “típicas” de membros de
equipe, relacionadas abaixo:
Pensador – pode ser chamado também de “cheio de idéias”. Está
preocupado com a visão de conjunto do que irá ser realizado e, geralmente,
traz uma série de idéias e sugestões. Contudo, o pensador talvez não seja
tão bom em detalhes! Pode ser uma pessoa artística e criativa, às vezes
tensa ou nervosa em determinadas situações. Esse membro da equipe
precisa ser, invariavelmente, tratado com cuidado, com elogios, incentivos e
mesmo com alguns agrados, para que não se torne emburrado e retraído;
Organizador – Esse pode estar trabalhando lado a lado com o mais
criativo dos pensadores. O organizador geralmente fica atento aos detalhes
práticos, organizando e coordenando as tarefas e encargos, traçando
cronogramas, listas de tarefas e afins. Sua tendência é ser calmo,
38disciplinado, metódico e eficiente se, e com freqüência somente se tudo
estiver planejado e estruturado. Ele, às vezes, pode ser acusado de ter uma
abordagem arrogante e superficial, e de ser dogmático e inflexível. O
organizador pode sentir dificuldades em trabalhar com eficiência sob
circunstâncias vagas ou mutáveis. É preciso estar apto a lidar facilmente
com ele, se for capaz de fornecer a ele uma boa quantidade de gráficos e
esquemas.
Realizador – Esse é o que faz as coisas acontecerem, aquele do
estilo “vamos pôr a mão na massa!”. É uma pessoa de ação, extrovertido,
impulsivo, impaciente com decisões e demoras. Com freqüência, o
realizador domina a equipe: ele faz primeiro e pensa depois. Pode ser um
tanto temperamental e briguento, e ficar frustrado caso as coisas não
ocorram conforme esperava. Talvez não seja fácil conter-lhe os ímpetos: é
preciso exercer a sobre o realizador uma influência calma, racional, a fim de
canalizar essas formidáveis energias na direção correta;
O que veste a camisa – Não é de surpreender, mas o que veste a
camisa quer manter o grupo unido, agindo de forma a dar apoio e coesão a
seus colegas, tentando desenvolver e realizar as tarefas dos outros em
detrimento das próprias. É uma pessoa preocupada, simpática, leal e amiga.
Detesta discussões e confrontações, algumas vezes é um tanto indeciso, por
não querer ofender a ninguém. Às vezes, nem se nota sua presença. O que
veste a camisa desaparece na paisagem. É provável que tenha que
encorajá-lo e persuadi-lo a expor seus comentários e suas sugestões e a ser
mais positivo.
O controlador – Gosta de manter intimamente ligado ao andamento
das coisas. Ele pode descrever as próprias características principais como
escrupuloso e meticuloso. Já os outros podem achá-lo compulsivo e
obsessivo. Qualquer que seja a descrição, o controlador tem um papel de
39destaque, ao recordar constantemente o grupo da necessidade de urgência,
ajudando na realização do trabalho dentro do cronograma. Uma vez ou
outra, poderá batalhar para atenuar as preocupações dele e manter os
ânimos calmos quando algum tipo de conflito surgir entre ele e outros
componentes, o que certamente irá ocorrer de tempos em tempos.
O analisador – Esse elemento da equipe é um bom contraponto
entre os pensadores e realizadores mais instintivos. Em geral, ele está
superficialmente isolado da equipe, talvez um pouco alheio ou distante,
tendendo a analisar todas as idéias, sugestões e ações de modo cuidadoso
e objetivo, antes de chegar a uma opinião. Embora o analisador não seja
uma pessoa de quem os outros gostem, são freqüentemente ouvidos com
respeito, e aceitos pelo resto da equipe. Ele é muito útil na hora de acalmar
os colegas mais impulsivos e na hora de vetar os planos mais extremos.
4.3. Como avaliar a satisfação no trabalho
Cada indivíduo em particular, não importa quem seja, quer desfrutar o
trabalho que realiza. As necessidades e desejos que se originam a partir
desse trabalho específico variam de acordo com cada pessoa, mas há áreas
fundamentais que geralmente são de interesse em comum:
Satisfação – Pode-se definir um “trabalho” como “um conjunto de
tarefas e obrigações”. Dessa maneira, a satisfação do funcionário dependerá
muito de se encontrar vantagens nesse conjunto específico que ocorre
dentro da posição de trabalho em que se encontra. É claro que as pessoas
são diferentes com relação àquilo que desejam, embora possuam a mesma
visão de tarefas e obrigações com relação a seus graus de dificuldade,
variedade e responsabilidade. Alguns desejam executar tarefas fáceis e
rotineiras, com pouca ou nenhuma responsabilidade. Outros preferem
40atividades mais difíceis, que exijam desafios, estejam em constante
mudança e os obriguem a várias responsabilidades. A maior parte da força
de trabalho pode estar em algum lugar intermediário entre esses dois
extremos;
Segurança – Os funcionários, que em sua maioria trabalham em
meio período ou período integral, acham poder confiar que seu emprego
seja seguro, no momento e dentro de um futuro previsível. Fica difícil quando
não praticamente impossível, motivar alguém cuja crença é a de que seu
trabalho pode encerrar-se a qualquer instante. Não é de estranhar que uma
pessoa esteja mais preocupada em encontrar outra colocação mais breve
possível do que empregar qualquer tipo de energia e empenho em sua atual
posição. Espera-se que uma pessoa apresente altos índices de
produtividade e desempenho apenas se ela sentir que está ali para ficar,
participando dos resultados de seus esforços direcionados ao trabalho e ao
sucesso;
Perspectivas – Aquele tipo de membro de equipe que quer
comparecer, fazer um serviço simples sem grandes responsabilidades e
depois ir para casa, ficará, de certo modo, feliz se acreditar que seu trabalho
é seguro. Por outro lado, qualquer funcionário que quiser tomar para si
tarefas mais difíceis, diferentes e que exijam responsabilidades não ficará
satisfeito por muito tempo. Ele irá se sentir motivado a trabalhar com afinco e
de forma correta somente se houver oportunidades palpáveis e distintas
para transferências e promoções para trabalhos que exijam ainda mais
desafios, e que se mostrem melhores. Caso não existam tais perspectivas, e
o funcionário perceber que já extraiu o máximo que pôde da empresa, é bem
provável que ele se sinta desmotivado e passe a procurar outra empresa,
que atenda a seus desejos e necessidades nessa área.
41
AS TEORIAS DA MOTIVAÇÃO
Durante muito tempo a preocupação estava fundamentalmente no
aspecto técnico das tarefas e praticamente não se tratava dos aspectos
humanos. Havia uma visão de que a eficiência e o desempenho no trabalho
era responsabilidade do capataz ou do encarregado daquela área ou setor.
O operário era uma peça descartável e facilmente substituível. Este
pensamento era uma herança do período da escravidão.
Quando as pessoas apresentavam atitudes negativas com relação ao
seu trabalho, aqueles empresários que tinham um enfoque eminentemente
técnico, tentavam resolver compensando com aumento de salários e
aperfeiçoamento dos métodos de trabalho. Quando estas medidas passaram
a não obter mais os resultados esperados, vimos emergir então teóricos que
vinham com as idéias humanistas e comportamentais na busca de agregar
novas possibilidades de tratamento dos problemas que em última análise
passavam sempre pela questão da motivação para o trabalho.
5.1. Elton Mayo
Na década de 20 do Século XX, Elton Mayo (1880-1849), um cientista
social Australiano, que emigrou para os Estados Unidos onde era professor
de Harvard, reuniu um grupo de estudiosos de administração, sociologia,
psicologia e outras áreas afins, para estudarem as variações no ambiente de
trabalho sobre a produtividade.
A sua carreira foi muito diversificada. Frequentou o curso de
Medicina, fez pesquisas na África e foi professor na Universidade de
Queensland. Ficou mais conhecido pelas experiências na fábrica da Western
Electric, em Chicago. O principal objetivo era a exploração das ligações
42entre a motivação e o resultado final do trabalho dos empregados. Concluiu
neste estudo que o fator humano deveria ser recuperado, numa época em
que a produção em massa desumanizante era mais apreciada.
O estudo básico foi o de experimentos relacionando as condições do
ambiente (iluminação, ventilação, etc) com a produção. Este estudo
descobriu que o desempenho das pessoas depende muito menos dos
métodos de trabalho, segundo a visão da administração científica, do que os
fatores emocionais ou comportamentais, destacando-se entre estes os
decorrentes da participação dos trabalhadores em grupos sociais. A fábrica
passa a ser vista como um sistema social e não somente como um sistema
econômico ou industrial, para melhor compreensão do seu funcionamento e
de sua eficácia.
5.2. Kurt Lewin
Kurt Lewin (1890-1947), um psicólogo nascido na Prússia, Foi um
psicólogo alemão, que lecionou Filosofia e Psicologia na Universidade de
Berlim até 1923, quando fugiu para a América devido às perseguições
nazista. Kurt Lewin foi professor de Psicologia Infantil na Child Welfare
Research Station, em Iowa, até 1944. Trabalhou no MIT, fundando o centro
de pesquisa National Laboratories for Group Dynamics.
A pesquisa mais famosa foi realizada em 1946, em Connecticut,
numa área de conflitos entre as comunidades negra e judaica. Ele concluiu
que reunir grupos de pessoas era uma das melhores formas de expor as
áreas de conflito. Estes grupos, denominados T-groups (o «T» significa
training, ou seja, formação), tinham como teoria subjacente o fato de os
padrões comportamentais terem que ser «descongelados» antes de serem
alterados e depois «congelados» novamente — os T-groups eram uma
43forma de fazer com que isto acontecesse que estudou na Alemanha, e viveu
na Inglaterra e nos Estados Unidos, deu uma importante contribuição para
provar que as atitudes das lideranças têm uma correlação direta com a
moral e a produtividade dos operários.
Lewin foi um dos pioneiros no estudo da dinâmica dos grupos de
trabalho. Ele acreditava que os grupos de trabalho sejam formais ou
informais, eram fundamentais para o atingimento das metas propostas. O
cientista trabalhava com pequenos grupos onde ele identificava motivação,
participação, padrões grupais e outros ítens próprios da dinâmica daqueles
grupos.
Ele afirmava que todo comportamento do indivíduo é motivado. O
corpo humano permanece em estado de equilíbrio até que receba um
estímulo, surgindo assim uma necessidade. Esta necessidade gera uma
tensão e levará o sujeito a um comportamento que busque a satisfação
desta necessidade, se a necessidade é satisfeita o indivíduo retorna ao
estado de equilíbrio psicológico.
A construção fundamental para Lewin é a chamada Teoria de Campo.
Campo é o espaço de vida de uma pessoa. O espaço de vida é
constituído da pessoa e do meio psicológico. O comportamento é função do
espaço de vida, depende da pessoa e do meio onde ele está em
determinado momento. Se o meio se instabiliza, esta ocorrência também
provocará instabilidade nos sujeitos.
O espaço de vida de um grupo consiste em elementos de um grupo e em um
meio tal como existe para o grupo naquele momento.
Como podemos ver para Lewin, o grupo não vive uma realidade estática,
vive um estado permanente de mudanças e especialmente os grupos de
trabalho em que estamos inseridos.
44A reflexão que agregamos a partir das idéias deste cientista foram à
respeito do meio em que vivemos onde estamos constantemente assediados
pelas mudanças que não permitem nem mesmo que os grupos cheguem a
um ponto estacionário, ou quase estacionário.
A constância com que as mudanças acontecem vão exigindo muita
flexibilidade para adaptar-se as variações de ritmo, que são implementadas
pelo meio.
5.3. Abraham Maslow
A teoria de Maslow (1908-1970), é conhecida como uma das mais
importantes teorias de motivação. Para ele, as necessidades dos seres
humanos obedecem a uma hierarquia, ou seja, uma escala de valores a
serem transpostos. Isto significa que no momento em que o indivíduo realiza
uma necessidade, surge outra em seu lugar, exigindo sempre que as
pessoas busquem meios para satisfazê-la. Poucas ou nenhuma pessoa
procurará reconhecimento pessoal e status se suas necessidades básicas
estiverem insatisfeitas.
O homem é um ser exigente. Mal uma das suas necessidades é
satisfeita, aparece outra no seu lugar. Este processo é interminável. Dura
desde o nascimento até à morte.
Maslow cita o comportamento motivacional, que é explicado pelas
necessidades humanas. Entende-se que a motivação é o resultado dos
estímulos que agem com força sobre os indivíduos, levando-os a ação. Para
que haja ação ou reação é preciso que um estímulo seja implementado, seja
decorrente de coisa externa ou proveniente do próprio organismo. Esta
teoria nos dá idéia de um ciclo, o Ciclo Motivacional.
45Quando o ciclo motivacional não se realiza, sobrevém a frustração do
indivíduo que poderá assumir várias atitudes:
a. Comportamento ilógico ou sem normalidade;
b. Agressividade por não poder dar vazão à insatisfação contida;
c. Nervosismo, insônia, distúrbios circulatórios / digestivos;
d. Falta de interesse pelas tarefas ou objetivos;
e. Passividade, moral baixo, má vontade, pessimismo, resistência às
modificações, insegurança, não colaboração, etc.
A Teoria das Necessidades Humanas que foi criada por Abraham
Maslow (1943), é um ponto de referência quando se quer discutir a questão
da motivação na gestão das pessoas.
O que é defendido por Maslow em sua teoria é que todas as pessoas
nascem com um conjunto de necessidades básicas, que começam pelas
fisiológicas, passando para as de segurança, depois para as sociais, e
finalmente, para as de auto-estima e realização pessoal.
As necessidades fisiológicas são fome, sede, sexo, sono e oxigênio,
que são relativamente dependentes entre si e que ele considerava básicas
para que as pessoas pudessem ser impulsionadas na direção de qualquer
outra necessidade.
As necessidades de segurança começam a surgir logo após terem
sido satisfeitas as fisiológicas e começam desde a mais tenra idade, são
necessidades de tranqüilidade, de proteção, de referências. Estas
necessidades vão desdobrar-se ao longo da vida transformando-se na
preferência por uma religião, por determinado tipo de conhecimento, ciência
ou filosofia que seja capaz de ajudar a organizar o seu mundo pessoal.
Em seguida passamos as necessidades sociais que passam pelo
reconhecimento e pelo amor, é a necessidade de laços afetivos, as pessoas
anseiam por obter um lugar no mundo ao lado das pessoas que gosta.
46Há ainda as necessidades de auto-estima que é o sentimento de
autoconfiança, força, status, prestígio, capacidade e utilidade. Quando as
pessoas são frustradas neste ponto poderemos ver aflorar os sentimentos
de inferioridade, fraqueza, desânimo, etc.
E por fim vêm as necessidades de auto-realização, ou realização
pessoal, que é o desejo de ser tudo o que pode ser mais do que aquilo que
se é, a criatividade, à vontade de criar outros projetos, a necessidade de
saber cada vez mais. Surgem então as idéias na direção da estética e do
belo e conseqüentemente a necessidade de preservação de tudo isso, da
auto-imagem.
Desta forma ele vai afirmar que estas necessidades são progressivas
e ocorrem em maior ou menor grau, com todo ser humano.
Maslow era um cientista e ele mesmo cuidou de criticar sua teoria e fez
reflexões a respeito da validação de suas idéias. De fato ele tinha clareza de
que sua fundamentação estava aberta uma vez que seu trabalho de
pesquisa sobre motivação vinha da área clínica, do estudo de pessoas
neuróticas. E para que estas idéias pudessem ser amplamente aplicadas à
situação industrial a teoria deveria ser alvo de uma constatação estatística
que pudesse de fato validá-la como tal. Ele acreditava também que para que
se pudesse ganhar universalidade, os seus experimentos precisavam ser
trabalhados em outras sociedades, denotando a importância que ele atribuía
aos aspectos culturais como importantes componentes na discussão da
problemática da motivação das pessoas.
Segundo Maslow, as necessidades humanas dividem-se em 5 grupos:
1. Necessidades Fisiológicas ou Básicas
Alimento
Abrigo (proteção contra a natureza)
47Repouso
Exercício
Bebida
Sexo
2. Necessidade de Segurança – Proteção contra ameaças
Estabilidade financeira, profissional (perda do emprego,
aposentadoria, falta de dinheiro)
3. Necessidades Sociais – necessidade endógena de amar e ser
amado
Amizade
Afeto, interação (intimidade; vínculos familiares)
Aceitação dentro do grupo e da sociedade
4. Necessidade de Estima
Auto-estima
Estima por parte dos outros (sentimento de reconhecimento; prestígio,
status)
5. Auto-realização – desejo dos indivíduos de renovar e reciclar seu
potencial
Auto desenvolvimento e realização pessoal (tarefas desafiadoras)
Foram feitas tentativas no sentido de relacionar a teoria de Maslow com
as exigências de funcionários dentro do ambiente de trabalho. As
necessidades fisiológicas seriam ligadas a salários e benefícios. As
necessidades de segurança estariam vinculadas a assuntos como
48segurança no trabalho, auxílio doença e planos de previdência, períodos de
folga suficientes, proteção contra injustiças e segurança física. As
necessidades sociais, associadas a um senso de participação, amizade e
prestatividade a colegas de trabalho e superiores hierárquicos. As
necessidades de auto-estima podem ser feitas pelo reconhecimento e elogio
por parte dos supervisores e gerente juntamente com perspectivas de
transferências de cargos e promoções. As necessidades de auto-realização
podem ser atingidas quando se proporcionam trabalhos gratificantes e
interessantes, nos quais as habilidades são utilizadas de maneira ampla.
5.4. Frederick Herzberg
É um psicólogo clínico norte-americano, que foi um dos primeiros
investigadores a tomar em consideração as opiniões dos trabalhadores nas
pesquisas acerca das condições de trabalho, tendo resumido as suas
conclusões no livro “The Motivation to Work”. Ele provou que a motivação
dos trabalhadores não tem origem apenas em fatores monetários, mas no
desenvolvimento e satisfação pessoais e no reconhecimento da sua
performance.
Fatores Higiênicos ou fatores extrínsecos se localizam no ambiente
que rodeia as pessoas e abrange as condições dentro das quais elas
desempenham seu trabalho. Como essas condições são administradas e
decididas pela empresa, os fatores higiênicos são: o salário, os benefícios
sociais, o tipo de supervisão que as pessoas recebem de seus superiores,
as condições físicas e ambientais de trabalho, as políticas e diretrizes da
empresa, o clima de relações entre a empresa e as pessoas que nela
trabalham, os regulamentos internos, etc. São fatores de contexto e se
situam no ambiente externo que cercam o indivíduo.
49Contudo, de acordo com as pesquisas de Herzberg, quando os
fatores higiênicos são ótimos, eles apenas evitam a insatisfação e, quando
elevam a satisfação, não conseguem sustentá-la elevada por muito tempo.
Porém, quando os fatores higiênicos são péssimos ou precários, eles
provocam a insatisfação dos empregados.
Fatores Motivacionais ou fatores intrínsecos estão relacionados com
o conteúdo do cargo e com a natureza das tarefas que o indivíduo executa.
Assim sendo, os fatores motivacionais estão sobre controle do indivíduo,
pois estão relacionados com aquilo que ele faz e desempenha. Os fatores
motivacionais envolvem os sentimentos de crescimento individual, de
reconhecimento profissional e as necessidades de auto-reavaliação e
dependem das tarefas que o indivíduo realiza no seu trabalho.
Os estudos de Herzberg levaram a conclusão que os fatores que
influíam na produção de satisfação profissional eram independentes e
diferentes dos fatores que levaram a insatisfação profissional. Assim, os
fatores que causavam satisfação estão relacionados com a própria tarefa,
relações com o que ele faz, reconhecimento pela realização da tarefa,
natureza da tarefa, responsabilidade, promoção profissional e capacidade de
melhor executá-la. Por outro lado, constatou-se que os fatores causadores
de insatisfação são fatores ambientais, isto é, externos à tarefa, tais como:
tipo de supervisão recebida no serviço, natureza das relações interpessoais
e a condição do ambiente onde o trabalho é executado.
Ainda que tenha recebido críticas, Herzberg teve um importante papel
na reflexão da questão das variáveis que produzem a satisfação das
pessoas vindo assim reforçar algumas idéias anteriores, que a partir dele
ganharam força de conceito.
50A separação dos fatores motivacionais dos de manutenção ajudaram
os gerentes a responder várias perguntas tais como por que políticas
salariais e de benefícios não aumentavam a motivação de seus
empregados. Desta forma pode-se concluir que os gerentes que concentram
sua atenção sobre os fatores extrínsecos (manutenção) geralmente contam
com resultados pobres.
O que deve ser lembrado é que os administradores devem
reconhecer que o modelo evidência apenas uma tendência geral, uma vez
que os fatores de manutenção podem ser motivadores para algumas
pessoas que sinceramente estejam desejando estas recompensas. O
inverso também é válido, isto é, alguns fatores motivadores podem ser
apenas de manutenção para outras pessoas.
Então, para Herzberg, a motivação das pessoas depende de dois
fatores:
Fatores Motivacionais
Referem-se ao conteúdo do cargo, às tarefas e aos deveres relacionados
com o cargo em si. Produzem efeito duradouro de satisfação e de aumento
de produtividade em níveis de excelência, isto é, acima dos níveis normais.
O termo motivação envolve sentimentos de realização, de crescimento, e de
reconhecimento profissional, manifestado por meio de exercícios das tarefas
e atividades que oferecem suficiente desafio e significado para o trabalho.
Quando os fatores motivacionais são ótimos, elevam substancialmente a
satisfação; quando estão precários, provocam ausência de satisfação. Por
isso, são chamados fatores satisfacientes, constituem o próprio conteúdo do
cargo. Incluem :
Delegação de responsabilidade;
Liberdade de decidir como executar o trabalho;
51Promoção;
Uso pleno das habilidades pessoais;
Estabelecimento de objetivos e avaliação relacionada com eles;
Simplificação do cargo (pelo próprio ocupante);
Ampliação ou enriquecimento do cargo (horizontal ou verticalmente).
Em essência, a teoria dos fatores afirma que:
1. a satisfação no cargo é função do conteúdo ou atividades desafiadoras
e estimulantes do cargo: são os chamados fatores motivadores.
2. a insatisfação no cargo é função do ambiente, da supervisão, dos
colegas e do contexto geral do cargo: são os chamados fatores
higiênicos.
Herzberg chegou à conclusão de que os fatores responsáveis pela
satisfação profissional são totalmente desligados e distintos dos fatores
responsáveis pela insatisfação profissional: o oposto de satisfação
profissional não seria a insatisfação, mas sim nenhuma satisfação
profissional; e, da mesma maneira, o oposto de insatisfação profissional
seria nenhuma insatisfação profissional e não a satisfação.
Para introduzir maior dose de motivação no trabalho, Herzberg
propõe o enriquecimento de tarefas (job enrichment), que consiste em
deliberadamente ampliar a responsabilidade, os objetivos e o desafio das
tarefas do cargo.
Fatores Motivacionais Determinantes
Realização O término com sucesso de um trabalho ou
tarefa; os resultados do próprio trabalho.
Reconhecimento pela Realização O recebimento de um reconhecimento
público, ou não, por um trabalho bem-feito ou
um resultado conseguido.
O Trabalho em si Tarefas consideradas agradáveis e que
provocam satisfação.
Responsabilidade Proveniente da realização do próprio
trabalho ou do trabalho de outros.
52
Desenvolvimento Pessoal Possibilidade de aumento de status, perfil
cognitivo ou mesmo de posição social.
Possibilidade de Crescimento Uma alavancagem dentro da estrutura
organizacional, em termos de cargo ou
responsabilidade.
Fatores Higiênicos
Referem-se às condições que rodeiam a pessoa enquanto trabalha,
englobando as condições físicas e ambientais de trabalho, o salário, os
benefícios sociais, as políticas da empresa, o tipo de supervisão recebido, o
clima de relações entre a direção e os empregados, os regulamentos
internos, as oportunidades existentes etc. Correspondem à perspectiva
ambiental. Constitui os fatores tradicionalmente utilizados pelas
organizações para se obter motivação dos empregados. Contudo, os fatores
higiênicos são muito limitados em sua capacidade de influenciar
poderosamente o comportamento dos empregados. A expressão "higiene"
serve exatamente para refletir seu caráter preventivo para mostrar que se
destinam simplesmente a evitar fontes de insatisfação do meio ambiente ou
ameaças potenciais ao seu equilíbrio. Quando esses fatores higiênicos são
ótimos, simplesmente evitam a insatisfação, uma vez que sua influência
sobre o comportamento não consegue elevar substancial e duradouramente
a satisfação. Porém, quando são precários, provocam insatisfação. Por isso,
são chamados fatores insatisfacientes. Incluem:
Condições de trabalho e conforto;
Políticas da organização e administração;
Relações com o supervisor;
Competência técnica do supervisor;
Salários;
Segurança no cargo; e
Relações com colegas.
53Herzberg afirmava que, se os Fatores de Higiênicos estiverem em
ordem e forem satisfatórios, cinco fatores-chave podem motivar a equipe:
trabalhos interessantes ou que apresentem desafio; responsabilidade pelas
tarefas e deveres realizados; sensação de se ter alcançado algo que valeu a
pena, reconhecimento pelo trabalho realizado, pelo empenho e pelo
desempenho; e a possibilidade de desenvolvimento pessoal, transferência
de cargo e promoção. Herzberg acreditava que o trabalho, em si, é o
principal motivador no ambiente de trabalho, e que todas as outras
influências possíveis são de importância secundária.
5.5. Douglas McGregor
Foi um dos pensadores mais influentes na área das relações
humanas. Douglas McGregor (1906-1964) nasceu em Detroit e licenciou-se
no City College. Doutorou-se em Harvard, onde lecionou Psicologia Social, e
foi professor de Psicologia no MIT. Em 1948 era presidente do Antioch
College, em Yellow Springs, e em 1962 lecionava a disciplina de Gestão
Industrial na Sloan Fellows.
Douglas McGregor criou a Teoria do “X” e Teoria do “Y” que foi
publicada primeiramente em 1960 sob o título The Human Side of
Enterprise. A Teoria do “X” parte do pressuposto de que os empregados não
gostam de trabalhar, são preguiçosos, irresponsáveis, não possuem bom
desempenho que seriam os indivíduos chamados “sem dominância” e que
necessitam de motivação, pois encaram o trabalho como um mal necessário
para ganhar dinheiro. A Teoria do “Y” parte do pressuposto que os
empregados gostam de trabalhar, são criativos, procuram ser responsáveis
e podem exercer auto-gestão que seriam os indivíduos mais independentes
e mais relacionados com a organização.
O que McGregor propôs, foram dois conjuntos alternativos de
suposições que os administradores têm sobre os seres humanos:
motivações – uma basicamente negativa, chamada Teoria X; e a outra,
basicamente positiva, chamada Teoria Y. Ele argumenta que as suposições
da Teoria Y são mais válidas do que as da Teoria X e que a motivação dos
54empregados seria maximizada concedendo-se aos trabalhadores maior
envolvimento e autonomia no trabalho.
Um argumento contra as teorias X e Y é o fato de elas serem
mutuamente exclusivas. Para o contrapor, antes da sua morte, McGregor
estava a desenvolver a teoria Z, que sintetizava as teorias X e Y nos
seguintes princípios: emprego para a vida, preocupação com os
empregados, controle informal, decisões tomadas por consenso, boa
transmissão de informações do topo para os níveis mais baixos da
hierarquia, entre outros.
A tese de Mc Gregor foi amplamente questionada e podemos afirmar
que a mesma não agregou nenhum componente novo. Mas ele próprio
admite que apenas uma parte de sua teoria poderia ser validada, justamente
aquela que reforça os conceitos humanistas de todas as outras teorias.
5.6. David McClelland
David McClelland, através da Teoria da Motivação pelo Êxito e/ou
Medo, destaca três motivos ou necessidades, que orientam a dinâmica do
comportamento humano: a primeira delas seria a necessidade de realização
cujo meio de satisfação é competir como forma de auto-avaliação; a
segunda necessidade é a de afiliação e o seu respectivo meio de satisfação
é um relacionamento cordial e afetuoso e a terceira necessidade é a de
poder cujo meio de satisfação é o próprio exercício da influência.
Esta teoria sustenta que diferentes indivíduos têm diferentes níveis de cada
uma dessas necessidades, mas nunca a inexistência de qualquer uma
delas, em especial a de realização (motivação pelo êxito), aprendida
inicialmente na infância.
A teoria de McClelland está intimamente ligada aos conceitos de
aprendizagem. Ele desenvolveu um conjunto descritivo de fatores que
refletem uma grande necessidade de realização, são eles:
55 A pessoa gosta de ter responsabilidade para resolver problemas;
A pessoa tende a traçar metas moderadas para a própria realização e
tende a correr riscos calculados;
A pessoa deseja feedback sobre o seu desempenho.
McClelland afirma que estas necessidades são apreendidas quando
se enfrenta o meio e têm uma relação íntima com a resolução de problemas.
Sendo assim, quando o indivíduo obtém sucesso, utilizando-se de
determinado meio (motivo), tenderá a repetí-lo para a solução de outros
problemas, o que caracterizará o estilo da pessoa.
A teoria de McClelland equivale aos níveis mais elevados da
hierarquia de Maslow e se aproxima dos fatores motivacionais de Herzberg
e, a exemplo deles, também não teve seus pressupostos comprovados
cientificamente.
McClelland obteve, no entanto, reconhecimento, à medida que suas
idéias têm auxiliado largamente para a definição de Clima Organizacional
(Escala para Avaliação do Clima Organizacional), como sendo um fator que,
ao ser monitorado aumenta a eficácia das empresas, na proporção em que
contribui para o alinhamento dos interesses individuais aos da organização.
Identificou e estudou três necessidades específicas que se encaixam
na proposta por Maslow ou acrescentam.
a. Necessidade de Realização;
b. Necessidade de Poder;
c. Necessidade de Associação/filiação;
Conceito Símbolo Definição
Necessidade de Realização
(achievement)
nAch A necessidade de sucesso avaliado
segundo algum padrão internalizado de
excelência.
Caracterizada pela busca de
oportunidades de crescimento e de desafios.
56
Necessidade de Filiação
(affiliation)
nAff Necessidade de relacionamento e
amizade
Caracterizada pela busca de proximidade
com outras pessoas e de reconhecimento.
Necessidade de Poder
(power)
nPow Necessidade de controlar ou influenciar
direta ou indiretamente outras pessoas.
Busca de controle e dominação sobre elas.
McClelland afirma que não nascemos com tais necessidades, elas
são adquiridas socialmente, isto é, são aprendidas.
5.7. Victor Vroom
Destacaríamos ainda a Teoria da Expectância de Victor Vroom que
desenvolveu um modelo contingencial de motivação, baseando-se na
observação de que o processo motivacional não depende apenas dos
objetivos individuais, mas também do contexto de trabalho em que a pessoa
está inserida.
Para Vroom, há três forças básicas que atuam dentro do indivíduo e
que influenciam seu nível de desempenho:
“Expectação, que é a soma entre as expectativas do
indivíduo (seus objetivos individuais) e a percepção que
o indivíduo tem de si mesmo, de sua capacidade de
atingir estes objetivos. Estes dois aspectos determinam
os esforços que cada um está pronto a empreender
numa situação de trabalho. Instrumentalidade, que é a
soma das recompensas que um indivíduo pode
conseguir em troca de seu desempenho. Não se trata
apenas da relação entre quantidade/qualidade do
trabalho e salário, condição de trabalho, benefícios
sociais”.
57Para Vroom a instrumentalidade é um fator subjetivo que varia de
acordo com a pessoa. Para muitos pode significar a autonomia, a
possibilidade de iniciativa e de expansão da criatividade. Valência, que
significa o valor real que o indivíduo dá a instrumentalidade percebida. Não
basta que o indivíduo perceba as recompensas que pode alcançar através
do seu desempenho; é preciso que estas recompensas tenham um valor real
para ele, que satisfaçam as suas expectativas. O sistema de recompensas
vigente pode não ter nenhuma importância para um sujeito, que não se
sentirá motivado, e, ao contrário, ter muita importância para outro sujeito,
que terá sua motivação reforçada.
Vroom agregou a questão das diferenças pessoais que devem ser
consideradas quando se pensa na questão da motivação. Uma teoria da
motivação não pode ser generalista, precisa inserir em suas reflexões os
fatores intrínsecos e os fatores extrínsecos articulados entre si.
Outra questão importante é à base de suas idéias para o entendimento da
variável que chamamos de perspectiva. Sabemos que a expectativa dos
sujeitos é individual e precisamos levar em conta a importância que cada um
atribui a determinados aspectos. Portanto, o que pode abrir novas
perspectivas e gerar motivação para determinadas pessoas, por outro lado
pode não ter nenhum significado para outras.
Esta teoria restringe-se exclusivamente à motivação para produzir.
Victor Vroom sustenta que a força da tendência para agir de determinada
maneira depende da força da expectativa de que a ação trará certo
resultado, e da atração que este resultado exerce sobre o indivíduo, ou seja,
um funcionário se sente motivado a despender um alto grau de esforço
quando acredita que isto vai resultar em uma boa avaliação de desempenho;
que a boa avaliação vai resultar em recompensas organizacionais, tais como
bonificação, aumento de salário ou promoção; e que estas recompensas vão
atender a suas metas pessoais.
58Para Vroom (1996), uma pessoa pode desejar aumentar a
produtividade quando três condições se apresentam:
A teoria, portanto, enfoca três relações:
a. Relação Esforço-desempenho – A probabilidade percebida pelo
indivíduo de que certa quantidade de esforço vai levar ao desempenho;
b. Relação Desempenho-recompensa – O grau que o indivíduo acredita
que um determinado nível de desempenho vai leva à obtenção de um
resultado que se deseja;
c. Relação Recompensa-metas pessoais – O grau em que as
recompensas organizacionais satisfazem as metas pessoais ou as
necessidades do indivíduo, e a atração que estas recompensas
potenciais exercem sobre eles.
A teoria da expectativa ajuda a explicar porque tantos trabalhadores
não se sentem motivados em seu trabalho e fazem o mínimo necessário
para continuarem empregados.
A crítica desta teoria pauta-se no fato de que nem sempre as
relações esforço-desempenho e desempenho-recompensa sejam
percebidos claramente pelo indivíduo. Como poucas pessoas percebem uma
clara relação entre esforço e recompensa em seu trabalho, a teoria é um
tanto idealista. Contudo, esta teoria explica porque um segmento
significativo da força de trabalho despende de tão poucos esforços na
realização de suas tarefas.
A motivação de produzir é
função de:
Objetivos Individuais
Relação percebida entre produtividade e alcance de objetivos individuais
Capacidade percebida de influenciar seu nível de produtividade
Expectativas
Recompensas
Relações entre expectativas e recompensas
59
CONCLUSÃO
É preciso rever a Gestão de Recursos Humanos. As organizações
querem profissionais motivados porque sabem que esta é a sua
possibilidade de sobrevivência, onde os profissionais vão, não para vender
sua força de trabalho, mas antes de tudo, para buscar realização pessoal,
onde possam ter um ritmo de trabalho adequado que seja responsável pela
retroalimentação diária de suas perspectivas de crescimento e de seus
sonhos mais significativos.
As novas tecnologias precisam estar a serviço do ser humano e para
tanto a aplicação delas nas organizações deve ser respaldada pela
possibilidade de renovar-se e rever-se todos os dias.
Neste contexto onde a velocidade das mudanças obriga as
organizações a renovarem-se constantemente, a melhor estratégia é a
manutenção da motivação das pessoas que sustentam seu sucesso, e
entendemos que o processo motivacional envolve aspectos intrínsecos e
extrínsecos que ao serem devidamente tratados refletem o movimento de
uma organização ética e cidadã.
O que move e continua provocar a pesquisar deste tema é a certeza
de que há um vasto campo a ser explorado nesta área da Gestão onde
pode-se contribuir agregando algumas reflexões que possam servir de base
para rediscutirmos o papel do RH nas organizações.
Precisa-se ousar e adquirir conhecimentos sobre a gestão do negócio
para que possamos fazer com que o Gestor de RH tenha um papel ativo nas
decisões da organização onde as pessoas não sejam apenas um item
contábil mas sim, o ponto de partida para que os investimentos se
convertam em resultados.
60Vive-se a era do conhecimento, onde o papel das pessoas começa a
ganhar relevância. As empresas de vanguarda já tratam do Capital
Intelectual com a mesma seriedade que todos os outros ítens de medição
dos fatores de sucesso do negócio.
Enfim, o assunto deste trabalho é apenas o ponto de partida para
uma pesquisa mais profunda que possa servir para a transformação da
cultura e do papel do gestor organizacional.
61
BIBLIOGRAFIA
CHIAVENATTO, Idalberto. Teoria Geral da Administração. Rio de Janeiro:
Campus, 2000.
DEJOURS, Christophe. (1995). O Fator Humano. Rio de Janeiro, Editora
FGV.
DRUCKER, Peter. Administrando em tempos de grandes mudanças. São
Paulo: Pioneira, 1995.
FERREIRA, Ademir Antonio. Gestão Empresarial: de Taylor aos nossos
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São Paulo: Pioneira, 1999.
MARTINS, Valdir B. Conceito de Administração. In:Organização de
Empresas. Curitiba. [s.d.] p. 18-19
MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Teoria Geral da Administração. São
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NEVES, Carlos e Neto, Dum De Lucca. (1999). “Quando motivar é a
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OLIVEIRA, Silvio Luiz de. (2002). Sociologia das Organizações, São
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Robbins , Harvey e Finley, Michael. Por que as Equipes não Funcionam
— O que não deu certo e como torná-las criativas e eficientes. Editora:
Editora Campus (1996) p: 253
62Rocha, J. A. Oliveira. Gestão de Recursos Humanos . Editora: Editorial
Presença (1997), p: 213
VROOM, Victor H . Gestão de Pessoas, Não de Pessoal — Os Melhores
Métodos de Motivação e Avaliação de Desempenho . Editora: Editora
Campus (1997) .p: 274
www.rh.com.br
Site de Recursos Humanos
63
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 7
CAPÍTULO I 11
A EVOLUÇÃO DAS TEORIAS ADMINISTRATIVAS 11
1.1. Teoria Clássica e Teórica Científica 12
1.2. Teoria Das Relações Humanas 16
1.3. Teoria Da Burocracia 19
1.4. Teoria Comportamental – “Behaviorismo” 21
1.5. Teoria Estruturalista 22
CAPÍTULO II 24
MOTIVAÇÃO 24
CAPÍTULO III 28
COMO MOTIVAR PESSOAS 28
3.1. Ser um bom líder 28
3.2. Liderar pelo exemplo 29
3.3. Como motivar os outros 32
CAPÍTULO IV 35
COMO TRABALHAR EM EQUIPE 35
4.1. Como identificar as características de uma equipe 28
4.2. Reconhecer os componentes da equipe 29
4.3. Como avaliar a satisfação no trabalho 32
CAPÍTULO V 41
AS TEORIAS DA MOTIVAÇÃO 41
5.1. Elton Mayo 41
645.2. Kurt Lewin 42
5.3. Abraham Maskow 44
5.4. Frederick Herzberg 48
5.5. Douglas McGregor 53
5.6. David McClelland 54
5.7. Victor Vroom 56
CONCLUSÃO 59
BIBLIOGRAFIA 61
ÍNDICE 63