crenças - dilts

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PNL

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  • ROBERT DILISIM IIALLBOM E SUII1MI1H

    CHENCAScaminhos para a sade e o bem-estar

    aummusoditorini

  • CRENQAScaminhos para a sade e o bem-estar

  • Dados Internacionais de Catalogacao na Publicacio (CIP)(Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)Dilts, Robert. ~

    Crencas : caminhos para a sade e o bem-estar / RobertDilts, Tim Hallbom, Suzi Smith; [traduclo de Heloisa Martins-Costa]. - Sao Paulo: Summus, 1993.

    Bibliografa.ISBN 978-85-323-0432-2

    1. Programacao neurolingstica I. Ttulo. II. Hallbom,Tim. III. Smith, Suzi.

    93-2*36 CDD-158.1ndice para catlogo sistemtico:1. Programacao neurolingstica : Psicologa aplicada 158.1

    Compre em lugar de fotocopiar.Cada real que voc d por um livro recompensa seus autores

    e os convida a produzir mais sobre o tema;incentiva seus editores a encomendar, traduzir e publicar

    outras obras sobre o assunto;e paga aos livreiros por estocar e levar at voc livros

    para a sua informaco e o seu entretenimento.Cada real que voc d pela fotocopia nao autorizada de um livro

    financia o crimee ajuda a matar a produelo intelectual de seu pas.

  • CRENgAScaminhos para a sade e o bem-estar

    Robert DiltsTim Hallbom e

    Suzi Smith

    summuseditorial

  • Do original em lingua inglesaBEUEFSPathways to health & well-beingCopyright 1990 by Robert Dilts, Tim Hallbom e Suzi Smith

    Direitos desta tradugo adquiridos por Summus Editorial.

    Tradugo: Heloisa Martins-CostaCapa: Ricardo de Krshna

    Summus EditorialDepartamento editorial:Ra Itapicuru, 613 - 7- andar

    05006-000 - SIo Paulo - SPFone: (11) 3872-3322

    Fax: (11) 3872-7476http://www.sumtnus.com.bre-mail: [email protected]

    Atendimento ao consumidor:Summus EditorialFone (11) 3865-9890

    Vendas por atacado:Fone (11) 3873-8638

    Fax (11) 3873-7085e-mail: [email protected]

    Impresso no Brasil

  • Dedicatoria

    A minha mae, Patricia,que me ensinou a vivera meu pai, Robert,

    que me ensinou sobre a vidaa minha mulher, Anita,

    que me ensinou sobre o amore a meu jlho, Andrew,

    que me ensinou a ser.

    Robert Dilts

  • Sumario

    Introdujo 13

    1. Credas: identificafo e mudanza 15Um modelo de mudanca com a PNL 16

    A frmula de mudanza 17Como reconhecer e trabalhar com as interferencias 18Resumo 19Outros elementos que influencian! a mudanca 20

    Fisiologa 20Estrategias 21Congruencia 22

    Crencas e sistema de crencas 24Expectativa de reaco e o efeito placebo 25Como mudamos nossas crencas 27Tipos de crencas 28

    Crencas sobre causas 28Crencas sobre significado 28Crencas sobre identidade 29Armadilhas na identificaco de crencas 30

    Peixe nos sonhos 30Tentativa de mudar de assunto 31

    A cortina de fumaca 31

  • Identificado de crencas 32A estrutura das crencas e a realidade 33

    2. Estrategias de realidade 37Demonstraco da estrategia de realidade 38Exerccio da estrategia de realidade 44

    Discusso 45Perguntas 46

    3. Estrategias de crencas 51Demonstraco da estrategia de crenca 52Exerccio para identificar estrategias de crenca 60

    Discusso 60

    4. Reimpressao 63O que e como ocorre urna impresso 64Modelagem e adoco do ponto de vista da outra pessoa 66A identificaco e o trabalho com impresses 68

    O "branco" impasses 68Mudanca da historia pessoal sem o uso de modelos 69Experiencias de impresso com o uso de modelos 70Demonstraco da reimpresso 71Perguntas 85Resumo do processo de reimpresso 90

    5. Incongruencia e crencas confutantes 93Causas da incongruencia 94

    Impresses 94Modelagem 94

    Hierarquia de criterios 95Transicoes de vida 95Identificaco de conflitos 96Como trabalhar com crencas confutantes 97Demonstraco de confuto de crencas 99

    Nota do editor 99Resumo 109Perguntas 110Resumo do modelo de integraco de conflito 112

  • 6. Criterios \\5Hierarquia de criterios 116Grau u6Tamanho do segmento H6

    Identidade e criterios 116Conflitos de criterios 117Demonstracao de conflito de criterios 117

    Resumo da hierarquia de criterios 1337. Mais sobre PNL e sade 135

    Mtodos de visualizaco e ecologa 135Para que a visualizaco funcione 136Frmula para mudanca comportamental 138

    Metfora 139Linguagem orgnica !>"A metfora como contexto para mudanca 140Perguntas ^2

    8. Alergias 151Exemplo de cura rpida de alergia 152

    Perguntas J57Resumo do processo de cura rpida da alergia 159Resumo do processo de cura de alergia com tres ancoras 160Primeiro plano/segundo plano 160Demonstracao da tcnica primeiro plano / segundo plano .... 161

    Resumo do processo de primeiro plano/segundo plano 164Resumo do processo do mapeamento cruzado desubmodalidades 164

    Eplogo 167Exerccio 1W$

    Bibliografa 171Glossrio 173Anexo 1 177

  • Agradecimentos

    A lista de pessoas a quem agradecer em um trabalho desta na-tureza ampia e profunda. As pessoas que contriburam tanto intelectual como operacionalmente para o material aqui apresentado nao

    apenas fazem parte da minha historia pessoal, como da historia como um todo. Pessoas como Aristteles, Sigmund Freud, Konrad Lo-

    renz, Fritz Perls e outros, que lancaram a base para a nossa atualcompreenso da psique humana, esto entre os que merecen meus

    agradecimentos. John Grinder e Richard Bandler, os dois criadoresda Programaco Neurolingstica, contriburam de maneira impar

    para o trabalho que segu: nao so como criadores de muitos dos principios e tcnicas a partir dos quais os processos aqui descritos se ori-

    ginaram, mas tambm como mentores e amigos pessoais. Dentre asoutras pessoas cujo trabalho influenciou o material constante deste

    livro encontram-se Milton Erickson, Gregory Bateson e TimothyLeary. Tive o menso privilegio de estudar com eles diretamente.

    Gostaria de agradecer ainda Virginia Satir, cujo trabalho tambm contribuiu para o material aqui apresentado. A meu colega, Todd

    Epstein, que funciona como primeiro filtro de todas as minhas idias,por ter me ajudado constantemente. Gostaria de agradecer ainda aos

    meus colegas da PNL, a todos os nstrutores e a todas as pessoasa quem tive oportunidade de ajudar, com quem pude aprender em

    meu trabalho com crencas e em minha luta para entender e aprofun-dar o processo de bem-estar, escolha e criatividade do ser humano.

    Por ltimo, mas sem dvida nao menos importante, minha mae,11

  • a principal guia para a compreenso vivencial e intuitiva e para odesenvolvimento do material deste livro.

    Robert Dilts

    Gostaramos de acrescentar outros agradecimentos. A DaveYoung, que contribuiu com a transcrico do captulo sobre alergias-a Michael e Diane Philips, da Anchor Point, que ajudaram a sele-cionar as varias sugestoes que recebemos; a Paula Walters, que nosapoiou desde o inicio; ao Eastern Institute of NLP, que nos ofere-ceu transcricoes de seminarios; e a Steve e Connirae Andreas, da NLPComprehensive, que nos emprestaram fitas de udio e de vdeo dosseminarios realizados por Robert e ainda nos ajudaram na edicodas fitas. E anda a Dale L. Longworth, que nos ajudou no ndiceremissivo, e Lynn Turner, na datilografia. Tambm gostaramos deagradecer a todos os nossos amigos, alunos e colegas, que nos incentivaram a continuar este trabalho.

    Suzi Smith e Tim Hallbom

    12

  • Introdugao

    A mudanza um processo em varios nveis... Fa-zemos mudanzas no ambiente em que vivemos. Faze-mos mudanzas nos comportamentos, com que inte-

    ragimos com o ambiente em que vivemos. Fazemosmudancas em nossas capacidades e as estrategias,com que dirigimos e guiamos nosso comportamento.

    Fazemos mudanzas em nossas cren?as e nos sistemas de valores, com que motivamos e reforcamos nossos sistemas e mapas deorientaco.

    Fazemos mudancas em nossa identidade, com a qual seleciona-mos os valores e crengas que orientam nossas vidas.

    Fazemos mudanzas em nosso relacionamento com as coisas maio-res do que nos, aquelas que a maioria das pessoas chama de coisasespirituais.

    Este livro trata da obten?o de mais escolhas em um nivel especfico de mudanca o nivel das crencas. O objetivo deste livro

    fornecer as ferramentas conceituais e nterativas necessrias com-preensao e obtengo de mais escolhas dentro do sistema de crengas

    que orienta nosso comportamento no mundo em que vivemos.Comecei a estudar mais profundamente o processo de mudangade crencas em 1982, quando minha me teve urna recidiva de um cn

    cer de mama, com urna metstase profunda e poucas chances de re-cuperacao. Foi enquanto a ajudava no dramtico e heroico caminhoda recuperaco, do qual descrevo alguns elementos neste livro, que

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  • me liguei intimamente aos efeitos das crencas sobre a sade e a ou-tros nveis de mudanza necessrios para que urna mudanza compor-tamental seja completa e duradoura.

    O primeiro seminario sobre "crencas e sade" foi realizado emdezembro de 1984. A maioria dos conceitos e tcnicas descritas nes-te livro o resultado desse programa, dos programas que se segui-ram e tambm do trabalho que fiz com pessoas que cstavam passan-do por mudancas que afetavam sua sade e transformavam sua vida. Embora as razes dos conceitos e tcnicas apresentados neste livro tenham tido urna repercusso profunda e ampia, eles baseiam-sefundamentalmente nos principios e tcnicas da Programaco Neu-rolingstica. As fontes do material aqui incluido foram principalmente seminarios ayancados de PNL, nos quais a questo das eren-gas estava sendo apresentada e tratada como um conhecimento denivel avancado.

    Este livro foi escrito de forma que o leitor possa se sentir umparticipante de um seminario real. Imagine-se presente, vendo osexemplos, ouvindo as perguntas e respostas e participando dos debates e exerccios.

    O objetivo principal deste livro fornecer a maneira de criarurna mudanca de crenca embora eu espere que o leitor tambmpossa se inspirar nos conceitos e exemplos das pessoas que fazem partedo livro.

    Tambm gostaria de avisar que a PNL est se desenvolvendocom tal rapidez que j temos atualizacoes e novas tcnicas, suficientes para a publicaco de um segundo volume. Portanto, recomendque o leitor veja neste livro urna forma de expandir suas prpriascrencas a respeito das responsabilidades e mtodos envolvidos no pro-cesso de mudanca duradoura, e nao apenas urna descrico de tcnicas ou procedimentos.

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  • 1Crencas:identificado e mudanca

    Em 1982, a vida da minha me chegara a um pontode transico. Muitas coisas estavam mudando para

    ela. Com o fho mais novo saindo de casa, ela estava sendo obrigada a encarar o que isso significavapara a sua vida. A firma jurdica em que meu paitrabalhava estava fechando, e ele decidir abrir seu prprio escritorio. A cozinha, o coraco da casa, havia se queimado, e ela sentia-sefrustrada e chateada, porque aquele era "o seu lugar", representavade certa forma sua identidade dentro do sistema familiar. Alm dis-

    so tudo, ela estava trabalhando muito como enfermeira para variosmdicos e "morrendo de vontade de tirar urnas ferias".

    Em meio a todo esse estafante processo de mudancas, ela teveurna recada de cncer de mama, o que criou urna metstase parao crnio, a espinha dorsal, as costelas e a pelvis. O prognstico dos

    mdicos nao era nada bom: eles bsicamente disseram-lhe que fa-riam o possvel para "lhe dar o mximo de conforto".

    Minha me e eu passamos quatro longos dias trabalhando suascrencas sobre si mesma e sobre sua doenca. Usei todas as tcnicasde PNL que me pareceram adequadas. Era um trabalho muito can-

    sativo para ela. O tempo em que nao estvamos trabalhando, ela co-mia ou dormia. Ajudei minha me a modificar algumas crencas limitadoras e a integrar conflitos importantes, causados por todas asmudancas que haviam ocorrido em sua vida. Como resultado do tra-

    15

  • balho que fizemos com suas crencas, ela teve uma melhora formid-vel era sua sade e decidiu nao mais seguir o tratamento quimioter-pico, de radiaco ou qualquer outro tipo de terapia tradicional. Nomomento em que comecei a escrever este livro (setc anos mais tarde), sua sade estava excelente, sem nenhum sntoma de cncer. Ela

    nada um quilmetro varias vezes por semana e vive uma vida plenae prazerosa, que inclui viagens Europa e papis em comerciis pa

    ra a televiso. Tornou-se fonte de inspiraco para todos os que so-frem de doencas consideradas fatais.

    O trabalho que fiz com minha me foi essencial para o desen-volvimento dos modelos de PNL no trabalho com a sade, crencase sistemas de crenca. Os modelos que uso atualmente evoluram con-sideravelmente nos ltimos sete anos e sero tratados neste livro.

    Mesmo antes de trabalhar com minha me, eu estava curiososobre os sistemas de crenca, percebia que, mesmo depois de um trabalho "bem-sucedido" de PNL, algumas pessoas nao mudavam. Aoexaminar as causas disso, com freqncia descobria que as pessoastinham crencas que de certa forma negavam a mudanca que deseja-vam obter. Um exemplo tpico aconteceu durante uma palestra para

    professores de educaco especial. Uma professora levantou a moe disse: "Sabe, acho que a estrategia para soletrar corretamente tima, e eu a uso com todos os meus alunos. Mas para mim ela nao

    funciona". Fiz um teste com ela e descobri que na verdade a estrategia de PNL funcionava com ela. Podia ensin-la a soletrar umapalavra corretamente, de tras para a frente e de frente para tras. Entretanto, como nao acreditava que podia soletrar, ela depreciava suanova capacidade. Essa crenca fazia com que ela anulasse todos osindicios de que realmente podia soletrar.

    Os sistemas de crenca sao a grande moldura de qualquer trabalho de mudanca. No momento em que as pessoas esto vivas e po-dem assimilar informales, possvel ensin-las a soletrar. No en-

    tanto, se elas acreditarem que nao podem fazer uma coisa, vo des-cobrir uma maneira inconsciente de evitar que a mudanca ocorra.

    Vo encontrar uma forma de interpretar os resultados de modo quepossam conform-los s suas crencas. Para fazer com que aqueta pro

    fessora usasse a estrategia para soletrar corretamente, era preciso,antes de mais nada, trabalhar sua crenca limitadora.

    Um modelo de mudanga com a PNLAo trabalhar com qualquer crenca limitadora, o objetivo , par-tindo do estado atual, chegar ao estado desejado. O primeiro e mais

    16

  • importante passo identificar o estado desejado. preciso ter urnarepresentaco clara do objetivo final. Por exemplo, quando traba-lhamos com um fumante, preciso fazer com que ele pense no que

    far com seus amigos e conhecidos, com seu trabalho, seu lazer etc.quando parar de fumar. Quando ajudamos a pessoa a estabelecerseu objetivo, estamos iniciando o processo de mudanca, porque ocerebro um mecanismo de ciberntica. Isto significa que, a partirdo momento em que ela tenha certeza do seu objetivo, seu cerebro

    ir organizar seu comportamento inconsciente para poder atingi-lo.Ela comecar automticamente a obter informaces autocorretivas,que a mantero no caminho em direco ao objetivo desejado.

    H pouco tempo, tomei conhecimento de urna pesquisa que confirma esse fato. Em 1953, numa tese de mestrado apresentada numauniversidade do leste dos Estados Unidos sobre a fixacao de objetivos,

    um pesquisador descobriu que apenas 3% dos alunos tinham colocado por escrito seus objetivos de vida. Em 1973, os ex-alunos daturma de 53 foram entrevistados, e descobriu-se que os 3% que ha-

    viam colocado por escrito seus objetivos tinham ganho mais dinhei-ro do que todo o resto da turma. Este um exemplo de como o cerebro pode organizar o comportamento para atingir um objetivo.

    Aps identificar o que se deseja, necessrio reunir informaces sobre a situaco atual, isto , o estado atual em que a pessoa

    se encontra. Ao comparar o estado atual com o estado desejado, possvel determinar que habilidades e recursos sao necessrios paraatingir o estado desejado.

    A frmula de mudanza

    Apresento minha frmula simples de mudanca na PNL:

    Estado alual (problema) + Recursos = Estado desejado

    Este bsicamente o processo usado em todas as tcnicas especficas que a PNL desenvolveu ao longo dos ltimos dezessete anos.

    As vezes temos dificuldade em acrescentar os recursos ao estado atual.Algo no pensamento da pessoa interfere. Entao, obtemos o seguintemodelo:

    Estado atual + Recursos = Estado Desejado

    T T TInterferencias(inclusive as crencas limitadoras)

    17

  • Como reconhecer e trabalhar com as interferencias

    Costumo brincar que as interferencias sao "terroristas internos"que sabotam nossos melhores esforcos. Infelizmente, nao possvelprender esse "terrorista" porque ele um lado da pessoa que precisa ser desenvolvido e incorporado, e nao simplesmeme destruido. De-vemos considerar a interferencia como uma mensagem de que outroconjunto de recursos necessrio antes que possamos ir em direcoao estado desejado.

    Uma tpica interferencia aquela que existe dentro do individuo.s vezes, vemos a pessoa tentar atingir um estado desejado sem se darconta conscientemente de que est obtendo beneficios do problema quetenta superar. Vou dar alguns exemplos de como isso funciona.

    Pode ser que uma mulher tenha dificuldade em perder peso porque tem medo de que as pessoas se sintam atradas ^.exualmente porela. Perder peso criara ansiedade, porque ela nao sabe se ser capazde lidar com esse tipo de situacao.

    Quando um homem fica doente e recebe uma atencao especialde sua familia, o que nao habitual, esta situacao pode tornar-seuma motivacao para continuar doente. Quando est com sade, elenao recebe a atencao que deseja.

    Lembro-me de um rapaz que tinha cncer no ligado. Quandolhe perguntei se algum lado seu se opunha sua recuperaco, ele de-monstrou uma certa hesitaco. Um lado seu estava preocupado, poisele j tinha dado uma festa de despedida para os amigos, onde todos

    haviam chorado. Esse lado seu achava que, se ele recuperasse a sade, nao conseguira sobreviver aquela mensa emoco. A partir dalinada valia a pena, pois j tinha tido a maior experiencia da sua vida,a da cerimnia do adeus. Sua incapacidade de ultrapassar essa experiencia excepcional era uma interferencia. Eu tinha de lidar com elaantes de poder acrescentar outros recursos.

    As interferencias podem ser de tres tipos. O primeiro ocorre quando algum lado da pessoa nao deseja a mudanca. Em geral, a pessoanao tem conscincia desse seu lado. Trabalhei com um homem quequera deixar de fumar. Todos os seus lados conscientes concorda-vam com isso. Entretanto, havia um lado inconsciente de "15 anosde idade" que achava que deixar de fumar seria um ato de conformismo. Caso deixasse de fumar, nao seria mais ele mesmo. Preciseicuidar dessa questo de identidade antes de lhe ofereccr maneiras ade-quadas para se tornar uma pessoa independente. Para criar mudan-cas, deve-se desejar mudar de maneira congruente.

    Um segundo tipo de interferencia ocorre quando a pessoa naosabe como criar uma representacao da mudanca ou como agira se

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  • mudasse. preciso saber como passar do estado atual ao estado de-sejado. Certa vez, trabalhei com um menino que tinha urna estrategia auditiva de ortografa e por isso nao consegua escrever correta-

    mente. Ele tentava resolver o problema falando em voz alta as letras. obvio que nao consegua escrever direito, pois para faz-lobem necessrio "enxergar" a palavra e ter urna sensacao de fami-

    liaridade ou de falta de familiaridade. Eu lhe ensinei a estrategia ortogrfica de memoria visual da PNL, e isso lhe deu a possibilidadede escrever corretamente.

    Isto nos leva ao terceiro tipo de interferencia. Urna pessoa precisa se dar a chance de usar o que acabou de aprender. Existem mui-tas maneiras pelas quais as pessoas nao se do a chance de mudar.

    Urna pessoa geralmente precisa de tempo e espago para que amudanca aconteca. Se algum tentou urna estrategia efetiva para per

    der peso e nao viu resultados em poucos dias, nao se deu a "chance" de mudar. Portanto, s ao se dar tempo a pessoa estar criandoa oportunidade de que necessita.

    Outro exemplo dessa falta de oportunidade foi demonstradoquando Tim Hallbom e Suzi Smith conversavam certa vez com urnaprofessora de faculdade sobre como ajudar as pessoas a criarem mu-

    dancas em suas vidas. A professora disse: "Li sobre a tcnica paracurar fobias em Usando a sua mente, mas nunca a utilizei porqueacho que 'rpida' demais". Ela achava que, para ser efetiva, a mu

    danca deveria ser um processo longo e doloroso. Tim e Suzi disse-ram: "J usamos este processo muitas vezes e temos provas de queele dura muito tempo". Ela respondeu: "Pouco me importa se dura. Anda assim, rpido demais". A professora era urna pessoa quequera ajudar os outros de maneira mais eficiente, mas nao sabia co

    mo, pois nao se dava a chance de aprender devido sua crenca rgida e limitadora sobre a maneira como a mudanca deveria ocorrer.

    Resumo

    Em resumo, podemos criar mudancas:1. identificando o estado atual;2. identificando o estado desejado;

    3. identificando os recursos adequados (estados internos, fisiologa,informacoes ou habilidades) necessrios para passar do estado atualao estado desejado;4. eliminando quaisquer interferencias por meio do uso desses recur

    sos.

    19

  • preciso querer mudar, saber como mudar e se dar a chancede mudar.1

    Outros elementos que influencian! a mudancaExistem quatro elementos adicionis relacionados ao fato de sedesejar mudar, saber como mudar e se dar urna chance de mudar.Esses elementos sao: (1) fisiologia, (2) estrategias, (3) congruenciae (4) sistema de creneas. Qualquer mudanca ser de alguma forma

    influenciada por esses elementos. Vamos dividi-los da seguinte ma-neira:

    A fisiologia e as estrategias tm a ver com o 'saber como fa-zer a mudanca". Como a pessoa executa um comportamentoespecfico? A congruencia e as crencas tm a ver com o "querer fazer"

    ou com o "se dar a chance" de fazer. A pessoa tem de assu-mir um compromisso pessoal pleno, sem lutar contra si mes-ma ou contra outras pessoas, para ser capaz de atingir seu objetivo. Tem de acreditar que possvel conseguir o que quer.

    fl. Fisiologia

    A fisiologia, no sentido em que estou usando o termo, tem a vercom o acesso aos estados corporais corretos, com atingir os proces-sos fisiolgicos na modalidade adequada (viso, audicao e tato) para fazer urna determinada coisa. Vou dar alguns exemplos. Estudeileitura dinmica durante alguns anos e descobri que as pessoas quelem rpido usam totalmente a fisiologia.

    Um homem que observei faz o seguinte para se preparar paraler: pega um livro, coloca-o sobre a mesa e depois se afasta, como

    que se preparando para mergulhar nele. Volta a se aproximar, pegao livro, vira-o rpidamente as mos e afasta-se novamente. Ento,realmente se prepara. Estala os dedos, afrouxa o colarinho, respiraprofundamente, pega novamente o livro, senta-se e passa a ler rpidamente. Sugiro que o leitor experimente... parece um tremor de trra.

    Depois de se passar pelo processo inteiro de preparavo, imposs-vel ler devagar! Por outro lado, quando queremos ler rpido e... (suspiros...) nos sentamos muito a vontade, vai ser um pouco mais difcil ler rpidamente.

    Um outro exemplo. Quando ensinamos algum a fazer visuali-zacoes, como parte do processo de mudanca, devemos fazer mais do

    20

  • que simplesmente dizer-lhe para criar urna imagem. preciso tam-bm que a pessoa adote a fisiologa adequada. Por exemplo, se urnamulher diz que nao sabe por que nao consegue criar urna imagem,devemos observar sua postura. Se est sentada vontade, respirando profundamente, em urna postura cinestsica, ou deixa a cabecapender para baixo e esquerda, nao de surpreender que ela nao

    possa criar urna imagem visual, j que seu corpo est numa posicaoassociada a sentimentos e a audico, e nao viso.

    Minha metfora para a fisiologa (que chega a mudancas fisiolgicas sutis, como os olhos voltados para cima para criar imagense para baixo no caso de sentimentos e sons) a de um receptor deteleviso ou radio. Existem varios cais que transmitem ondas deteleviso. O televisor tem urna configuraco fisiolgica que permite

    que essas ondas sejam captadas. Quando ligamos a televiso no canal 7, ela pega a freqncia dessas ondas, com pouqussima interferencia por parte das demais ondas.

    As pessoas funcionam mais ou menos da mesma maneira. Sequero criar imagens internas, olho para cima e para a direita, minharespiraco torna-se superficial e meu corpo fica mais ereto. Entao

    sou capaz de criar urna imagem.As vezes, quando ligamos a televiso no canal 3, temos interferencia do canal 4. Isso tambm acontece com a nossa mente. Criamos a imagem que queremos, mas ela vem acompanhada de urnavoz que nao combina... Urna voz que diz: "Voc nao capaz de fa-zer isto". Portanto, temos o som de outro canal o canal auditivo.

    Se usarmos a fisiologa de maneira correta, podemos nos comportarcomo queremos e chegar ao resultado desejado.

    2. Estrategias

    Em PNL o termo "estrategias" usado para descrever comoas pessoas colocam em seqncia suas imagens internas e externas,

    sons, sensacoes, paladar e olfato, a fim de produzir urna crenca, umcomportamento ou um padro mental. (Referimo-nos aos cinco sentidos como representacoes ou modalidades. Nunca vivenciamos o

    mundo de maneira direta nos o "representamos" para nos mes-mos, atravs de imagens, sons, vozes e sensacoes cinestsicas.) Urnaestrategia eficiente usa as representaces mais adequadas na seqncia mais apropriada para atingir um objetivo.

    Por exemplo, quando o objetivo escrever corretamente urnapalavra, as pessoas que tm urna boa ortografa quase sempre criamurna imagem lembrada da palavra e depois verificam suas sensacoes

    21

  • para certificarem-se de que a imagem que criaram est "correta".As pessoas que nao sabem escrever corretamente usam estrategiasineflcazes, como por exemplo tentar lembrar a palavi a fonticamenteou criar urna imagem da palavra a partir do som. Nenhuma dessasestrategias d certo para se aprender bem ortografa.

    No caso da leitura dinmica, enquanto a pessoa repetir o quele em voz baixa, a velocidade da leitura estar limitada a velocidadecom que ela consegue falar. Independentemente do estado fisiolgico em que se encontra, em algum momento ela ir atingir um limitena velocidade de leitura. Se a pessoa repetir em voz baixa o que estlendo, em vez de visualizar as palavras, lera mais devagar, pois aspalavras vm em seqncia. Para aumentar a velocidade de leitura, necessrio visualizar as palavras e formar imagen $ diretas do seusignificado.

    Um dos elementos que faz de urna pessoa um bom atleta suacapacidade de observar o desempenho de outra pessoa e "entrar"nos movimentos dla. H quem pense que essas pessoas sao boas porque tm urna coordenaco motora melhor do que outras. Mas o que

    lhes permite essa boa coordenaco? o mapa mental que utilizam a seqncia de representaces e as submodalidades que usam? (Sub-modalidades sao qualidades ou pequeos elementos dentro de cada modalidade. Por exemplo, algumas das modalidades dentro dosistema representacional visual incluem a luminosidade, a claridade,o tamanho, a localizaco e o enfoque; no sistema auditivo, o volume,a cadencia, a localizaco do som; no cinestsico, pressao ou duracodo toque. Mudando as submodalidades ou a seqncia das representaces, estaremos mudando a experiencia subjetiva de qualquer acon-tecimento, muitas vezes de maneira profunda.)

    Todos nos temos "talentos", nao porque somos mais inteligentes ou possumos genes de melhor qualidade, mas porque consegui

    mos construir representaces fortes de urna habilidadc ou de um com-portamento rpida e eficientemente. Para exemplificar o que estou

    dizendo, peco ao leitor que pense em alguma materia escolar queaprendeu rpida e fcilmente, alguma materia para a qual tinha talento. Em seguida, pense em outra materia na qual tinha dificulda-de. Observe a diferenca na maneira como cada urna representada.A diferenca de "talento" est na estrategia utilizada.

    3. Congruencia

    A congruencia ocorre quando assumimos um compromisso plenamente consciente e inconsciente para atingir um objetivo ou com-

    22

  • portamento especfico. Comer de maneira correta e manter um pesoadequado ser fcil se todos os nossos "lados" assim o desejarem,se usarmos a fisiologa adequada e tivermos boas estrategias paraselecionar e ingerir os alimentos. Ser muito difcil, porm, se acre-ditarmos que, comendo de uma maneira saudvel, estaremos elimi

    nando um prazer de nossas vidas. Podemos adotar a melhor das fisiologas e aprender estrategias eficientes, mas nao conseguiremoscomer de uma maneira saudvel se nao o desejarmos de maneira congruente.

    A incongruencia geralmente explica por que to difcil modificar alguns comportamentos. Questes como fumar, beber demais,emagrecer etc. sao problemticas porque, enquanto um lado nosso

    quer mudar, outro lado (em geral, um lado inconsciente) obtm umganho positivo do comportamento que queremos modificar.

    Certa vez, ao trabalhar com uma mulher que queria emagrecer,lhe perguntei: "Pode me dizer como voc seria se voltasse a ser magra?". Ela respondeu: "Sei exatamente como eu seria. Seria como

    era quando me consideravam uma rainha da beleza e eu nao gostavade mim". Nao de admirar que ela tivesse tentado emagrecer du

    rante anos, sem resultado. Quando ela era uma rainha da beleza, naotinha controle sobre sua vida. Ser capaz de comer o que quisesse,

    quando quisesse, significava para ela ter controle sobre sua vida. Sermagra significava ter algum controlando tudo o que fazia e julgando-a o tempo todo. Para ela, isso tinha muito mais importancia do que

    "apenas perder peso".Quando colocamos nossos recursos e nossa energa num objetivo sobre o qual nao temos congruencia, h sempre um lado nossoque lutar contra a mudanca e provavelmente evitar que ela acn

    tela. J me refer a esse lado como o nosso "terrorista interno". Seformos congruentes com aquilo que queremos, ser muito mais fcilencontrarmos maneiras de atingir o objetivo desejado.

    Caso estejamos num sistema mais ampio, numa empresa, porexemplo, e houver algum tipo de incongruencia entre os objetivose valores dos colegas de trabalho, qualquer projeto que tentemos im

    plantar criar uma possibilidade de conflito. Quando nao existe congruencia, podemos ter os melhores funcionarios, os melhores consultores, o melhor equipamento, o melhor material de consulta, eanda assim nao conseguiremos atingir os resultados desejados.

    Os conflitos internos (incongruencias) podem assumir varias formas. Pode haver incongruencia entre o que se devefazereo que se de-sejafazer. Por exemplo, uma pessoa pode pensar que deve deixar de

    fumar por uma questo de sade, mas o que ela realmente deseja continuar fumando, por ser a nica coisa que consegue fazer por si mesma.

    23

  • Pode haver incongruencia sobre o que se pode ou nao se podefazer. Sabemos que podemos pedir um aumento de salario porqueo merecemos, mas simplesmente nao conseguimos pedi-lo. maisdifcil identificar as crencas sobre "nao poder" porque a pessoa diz:

    "Sim, quero fazer isso, mas nao consigo". Pode parecer que a pessoa est sendo congruente (especialmente para si prpria), mas algoa impede de fazer o que realmente deseja. Em geral, a pessoa tema mpresso de estar sendo internamente sabotada. (O "terrorista"emerge.) As crencas sobre "nao poder" geralmentc vm de impres-soes inconscientes. Falaremos mais sobre impresses no captulo 4.

    4. Crencas e sistema de crenqas

    As crencas representam urna das estruturas mais importantes docomportamento. Quando realmente acreditamos em algo, nos com

    portamos de maneira congruente com essa crenca. Existem variostipos de crencas que precisam estar no seu devido lugar para que apessoa possa atingir o objetivo desejado.

    Um tipo de crenca a chamada expectativa do objetivo desejado. Isto significa que acreditamos que nosso objetivo alcancvel.

    No campo da sade, isto significa que acreditamos ser possvel urnapessoa curar-se de um cncer. Quando nao acredita que um objetivopossa ser atingido (como se curar de urna doenca, por exemplo), apessoa sente-se sem esperanca. E quando se sent sem esperanca, nao

    faz o necessrio para se curar. Portanto:

    Nenhuma expectativa de atingir o objetivo = Desesperaba

    Outro tipo de crenca a chamada expectativa de auto-eficcia.2Isto significa que a pessoa acredita que o objetivo seja possvel e temo que preciso para atingi-lo. Relacionando esta al irmaco com o

    campo da sade, isto significa que acreditamos ter os recursos ne-cessrios para a cura (mesmo sabendo que necessrio reorganizaresses recursos).

    Urna pessoa pode acreditar que um objetivo, por exemplo, curarse de um cncer, possvel para os outros, mas nao para si prpria.Quando algum acredita que nao possui o necessrio para se curar,enfrenta um sentimento de desamparo. Nenhuma expectativa de auto-eficcia equivale a urna sensaco de desamparo, e esta tambm leva inaco. Da que:

    Nenhuma expectativa de auto-eficcia = Desamparo

    24

  • Ambas as crencas sao essenciais para nos levar a agir em dire-cao aos objetivos desejados. Quando sent ao mesmo tempo deses-peranca e desamparo, a pessoa se torna aptica. Isto pode reapre-sentar um grave problema quando se est trabalhando com doencas

    fatis. Quando o terapeuta est fazendo um trabalho de crenca comalgum, talvez precise trabalhar com urna ou ambas dessas crencas.

    Quando pedimos a urna pessoa que determine sua expectativade objetivo e/ou de auto-eficcia, com freqencia verificamos urnaincongruencia. Por exemplo: diante da pergunta "Acredita que vai

    se curar da doenca?", a resposta verbal ser com freqncia "Claro", acompanhada, no entanto, de um movimento de cabeca que indica urna negaco nao-verbal. Se trabalharmos com a pessoa somente

    baseados no que ela diz, perderemos metade da mensagem. Quandoalgum nos manda urna mensagem incongruente dessa natureza,

    interessante trabalhar com as partes confutantes usando a "Estrutu-ra de Negociaco" (que veremos no captulo 5) para estabelecer eren-gas adequadas de expectativa de auto-eficcia e de objetivo desejado.

    Expectativa de reagao e o efeito placeboOutra crenca que vale a pena conhecer a chamada expectativade reagao* A expectativa de reacao aquilo que esperamos que

    aconteca, seja positiva ou negativamente, como resultado das atitu-des que tomamos em determinada situacao. O efeito placebo umexemplo de expectativa de reacao.

    O efeito placebo acontece quando a pessoa reage positivamentea urna "droga" fisiolgicamente inativa urna plula de acucar ou

    qualquer outro ingrediente inerte. Quando damos um placebo a algum dizendo que produzir um certo efeito, com freqncia ele ocor-

    re. Os placebos tm urna alta taxa de xito. Na media, funcionamto bem quanto as drogas verdadeiras em aproximadamente um terco dos casos.

    Alguns anos atrs, revi urna quantidade considervel de pesquisas porque Bandler e Grinder queriam comercializar os placebos. Pen-

    savam em engarraf-los e rotul-los como "placebos". Acompanhan-do a garrafa, um folheto explicaria que aquele determinado placebotinha se mostrado eficaz no tratamento de diferentes enfermidadesem "x" nmero de casos. A pessoa olharia a lista e descobriria suas

    possibilidades de sucesso com base as estatsticas.Minha pesquisa mostrou algumas estatsticas interessantes. Nocaso da dor, foi demonstrado em pesquisa que os placebos podem

    funcionar to bem quanto a morfina em 51 a 70% dos pacientes.425

  • Outro estudo analisou os placebos do ponto de visia oposto.5 Nes-se estudo, os pesquisadores queriam descobrir se as pessoas que rea-giam bem a placebos reagiriam igualmente bem aos medicamentos

    verdadeiros, e portanto lhes deram morfina. Descobriram que 95%das pessoas que reagiam bem ao placebo tambm rcagiam positivamente a morfina. Em comparaco, apenas 54% das pessoas que naoreagiam aos placebos sentiam alivio com a morfina verdadeira urna diferenca de 41 %. Portanto, aqueles que tinham alta expectativa de reaco para o alivio tiveram alivio. Com esse tipo de dadosem mos, ficamos pensando sobre a eficacia de certos medicamentos.

    Outro estudo interessante demonstrou que a expectativa de reaco (a crenca sobre o que o remedio far) era o fator que mais in

    flua nos resultados.6 Tratava-se de um estudo sobre a reaco in-gesto de lcool; os sujeitos foram divididos em quatro grupos:

    1. pessoas as quais foi dito que iam receber lcool e realmente rece-beram;2. pessoas as quais foi dito que iam receber lcool e nao receberam;

    3. pessoas as quais foi dito que nao iam receber lcool e receberam;4. pessoas as quais foi dito que nao iam receber lcool e realmente

    n receberam.Os dois grupos que julgavam ter ingerido lcool apresentaramreacoes praticamente idnticas, muito diferentes da das pessoas as quais

    foi dito que nao iam receber lcool, mas receberam. As pessoas queacreditavam ter ingerido lcool comecaram a querer inaiores quanti-dades. Os homens que julgavam estar recebendo lcool (quer rece-bessem realmente ou nao) tendiam a apresentar urna diminuico donmero de batimentos cardacos quando eram colocados em situa-ces "produtoras de ansiedade sexual". Os grupos que julgavam naoestar recebendo lcool (quer recebessem realmente ou nao) apresentaram, as mesmas situaces, um nmero de batimentos mais elevado.

    Os pesquisadores concluram que, alm do efeito farmacolgico causado pela droga, ocorre tambm um efeito causado pela ex

    pectativa. O estudo tambm indicou que a expectativa de reaco o elemento mais importante, pelo menos nos comportamentos afe-tados pelo lcool. Outro estudo revelou que homens e mulheres reagiam de forma diferente em termos fisiolgicos. Os pesquisadores

    disseram que nao podiam explicar essa diferenca simplesmente a partirdos efeitos farmacolgicos causados pelo lcool ou das diferencas

    fisiolgicas existentes entre homens e mulheres. Concluram que asreaces eram decorrentes das crencas.7

    Em essncia, esses estudos apontam na mesma direco. O efeito placebo (a expectativa de reaco da pessoa) um componente importante de comportamento e de mudanca.

    26

  • Muitas crencas tm a ver com a expectativa. Se nao esperamosficar curados, nao fazemos tudo o que pode nos ajudar a melhorar sobretudo as coisas mais difceis. Em outras palavras, se nao nos

    acreditamos capazes de resolver nosso problema, ou se nao acreditamos que temos o necessrio para atingir nosso objetivo, nao fare-

    mos o que necessrio para atingi-lo.

    Como mudamos nossas crengas?As crencas nao se baseiam necessariamente numa estrutura lgica de idias. Ao contrario, todos sabemos quao pouco elas reagem

    lgica. Nao se pode esperar que elas coincidam com a realidade.Como nao sabemos na verdade o que real, temos de formar urnacrenca urna questo de f. muito importante entender isso quandose trabalha com algum que quer mudar suas crencas limitadoras.

    Urna velha historia contada por Abraham Maslow serve comoilustraco disso que acabo de dizer. Um psiquiatra estava tratandode um homem que pensava ser um cadver. Apesar de todos os ar

    gumentos lgicos do psiquiatra, o homem persista em sua crenca.Em um momento de inspiracao, o psiquiatra perguntou ao homem:

    "Um cadver sangra?" O paciente respondeu: "Que pergunta ridicula! claro que nao!" Aps lhe pedir permisso, o psiquiatra fezum furo no dedo do paciente, de onde saiu urna gota de sangue. O

    paciente olhou para o sangue com nojo e surpresa e exclamou: "Ora,e nao que sangra!"

    apenas urna anedota, mas j trabalhei com pessoas que temalgo em comum com o homem da historia. Isso ocorre sobretudo

    no caso de doen?as consideradas fatais. A crenca "J sou um cadver j morri e nenhum tratamento poder me ajudar. A coisamais inteligente a fazer parar de lutar contra o inevitvel". E urna

    crenca errnea, porque, no atual estgio da ciencia mdica, ningumpode afirmar se algum vai se curar ou nao.

    Li h alguns anos um estudo interessante do qual nao lembroa fonte exata. Urna mulher entrevistou cem "sobreviventes do cn

    cer" na esperanca de descobrir o que eles tinham em comum. Elacaracterizou o sobrevivente de cncer como algum que havia rece-

    bido um diagnstico terminal de cncer, com poucas possibilidadesde sobrevida, mas que dez ou doze anos aps o diagnstico ainda

    estava vivo e com sade, desfrutando sua vida. O interessante queela nao conseguiu estabelecer nenhum padro comum no tratamen

    to recebido por essas pessoas. Eram pessoas que haviam recebido tra-tamentos diferentes, incluindo quimioterapia, radiaco, programas

    27

  • nutricionais, cirurgia, cura espiritual etc. Entretanto, todos tinhamalgo em comum: todos acreditavam que o mtodo de tratamento queestavam recebendo iria dar bons resultados. A crenca, nao o trata-ment, foi fundamental.

    Tipos de crengas

    1. Crencas sobre causas

    Pode-se ter urna crenca sobre a causa de algunia coisa. O quecausa o cncer? Qual a causa de urna pessoa ser criativa? O que fazcom que um negocio seja bem-sucedido? O que fa/. com que urnapessoa fume? O que faz com que algum nao consiga perder peso?A resposta urna declaraco de crenca.

    Urna pessoa pode dizer: "Sou mal-humorada porque sou de ori-gem irlandesa. Ou "Todos na minha familia sofrem de lcera", ouainda "Se voc sair sem casaco, vai pegar um resfriado". A palavra

    "porque" (implcita ou explcita) geralmente indica urna crenca sobre a causa.

    Tenho amigos que estavam dando consultoria para urna empresa cujos funcionarios viviam atormentados por resfriados e gripes.O presidente da empresa informou meus amigos que estavam reformando o sistema de ar-condicionado e refrigeraco porque achavamque era um possvel defeito na ventilaco que estava causando a doen-ca dos funcionarios. Meus amigos descobriram mais tarde que o departamento onde todos os funcionarios estavam doentes tinha pas-sado por quatro reestruturacoes de grande porte nos ltimos sete meses. O que fez com que tantas pessoas num nico departamento so-

    fressem de gripe? Seria a tenso provocada pela reorganizaco, o sistema de ventilaco ou os germes? Crencas sobre a causa passam pe

    los filtros da nossa vivencia. Se acreditamos que "x"a causa dealguma coisa, nosso comportamento vai ser direcionado para fazercom que "x" aconteca ou impedir que aconteca, no caso de conse-qncias negativas.

    2. Crenqas sobre significado

    Pode-se ter crencas sobre o significado. O que determinado acon-tecimento significa, ou seja, o que importante ou necessrio? Oque significa para algum ter cncer? Se urna pessoa tem cncer,28

  • ser que isso significa que uma pessoa ruim e est sendo punida?Isso significa que ela precisa fazer modificaces no seu estilo de vida?

    O que significa nao poder parar de fumar? Significa que a pessoa fraca? Significa que ela um fracasso? Significa que ainda naointegrou dois lados de sua personalidade?

    As crencas sobre o significado causaro comportamentos congruentes com a crenca. Se acreditamos que a dificuldade de parar

    de fumar tem a ver com lados nossos que ainda nao foram integrados, faremos tudo para integr-los. Se acreditamos que somos fra-

    cos, nao faremos nenhum esforco para integr-los.

    3. Crencas sobre identidade

    As crencas sobre a identidade incluem causa, significado e limites. Qual a causa de voc, leitor, fazer alguma coisa? O que significa o seu comportamento? Quais sao seus limites pessoais? Ao modi

    ficar suas crencas sobre sua identidade, a pessoa muda, de algumamaneira. A seguir, dou alguns exemplos de crencas limitadoras de

    identidade: "Nao valho nada", "Nao mereco ter sucesso" ou, ainda, "Se conseguir o que quero, vou perder alguma coisa". Crengassobre a dentidade podem nos impedir de mudar, sobretudo porque

    nem sempre estamos conscientes dlas.Vamos fazer uma comparaco entre identidade e fobia. Fobia em geral comportamento que nao se coaduna com a nossa identidade. E por isso que geralmente to fcil eliminar uma fobia.

    Richard Bandler trabalhou certa vez com uma mulher que tinha umafobia de pegar minhocas. Richard lhe perguntou: "Voc tem sempre de pegar minhocas? Voc criadora de minhocas, por acaso?".

    Ela respondeu: "Nao, que o fato de ter medo de minhocas naocombina com a pessoa que sou". Richard pode ento ajud-la a eli

    minar rpidamente o seu medo.Aquele medo estava fora da sua definico de identidade. Issofaz com que seja mais fcil lidar com esse tipo de problema do quecom outro que seja parte da identidade da pessoa. J perd a contade quantas vezes, ao perceber que est prestes a fazer a mudanca quedeseja, diz: "Nao posso fazer isso, pois deixarei de ser eu mesma".

    O efeito da crenca sobre a identidade pode ser considervel. Porexemplo, num seminario na Europa eu estava fazendo um trabalho

    de mudanca com uma mulher que sofra de problemas serios de alergia. Quando quis verificar se a mudanca seria ecolgica, ela gelou.

    Ela era mdica alergista. Modificar sua alergia por meio de um simples processo de PNL significara acabar com sua identidade como

    29

  • mdica. Seria necessrio urna mudanca maior em sua identidade pro-fissional.

    Resumindo, as crencas podem ser renlas de significado, de identidade e de causa.

    Como sao em sua maioria padres inconscientes, nao fcil iden-tific-las. Existem tres principis armadilhas as quais precisamos estar atentos quando tentamos identificar as crencas cu os sistemas decrenca de algum.

    Armadilhas na identificaqao de crengas

    1. Peixe nos sonhos

    A primeira das tres armadilhas o fenmeno de "sonhar compeixe". Esse conceito nasceu de um programa de humor transmitido por urna radio de Los Angeles, que me foi cortado por DavidGordon (autor, criador e instrutor de PNL, bastante conhecido). Umator encarnava um psicanalista que acreditava que sonhar com peixe estava na origem de todos os problemas psicolgicos. Quando ospacientes comecavam a falar sobre seus problemas, o psicanalista osinterrompia com perguntas:

    Psicanalista'. Desculpe-me interromp-lo, mas por acaso nao teriatido um sonho ontem noite?

    Cliente: Nao sei... Pode ser que sim.Psicanalista: Nao sonhou com peixe?

    Cliente: Nao... nao.Psicanalista: Sonhou com o qu?

    Cliente: Eu estava andando pela ra.Psicanalista: Havia alguma poca d'gua na sarjeta?

    Cliente: Nao sei...Psicanalista: Ser possivel que houvesse algn a?

    Cliente: Acho que talvez houvesse alguma, sim.Psicanalista: Acha que poderia haver algum peixe na agua?

    Cliente: Nao... acho que nao.Psicanalista: Havia algum restaurante na ra do sonho?

    Cliente: Nao.Psicanalista: Mas poderia haver um. Voc estava andando pelara, nao estava?

    Cliente: Bem, acho que poderia haver um restaurante.Psicanalista: O restaurante estava servindo peixe?

    Cliente: Bem, acho que um restaurante servira peixe.

    30

  • Psicanalista: Ah! Eu sabia. Voc sonhou com peixe.Portanto, um dos problemas na identificaco de crencas queo terapeuta tende a encontrar substanciado para as suas prpriascrencas no paciente. Conhego urna terapeuta que sofreu abuso sexual quando crianca e estava sempre tentando descobrir sinais de

    abuso sexual nos seus clientes. Ela consegua encontrar sinais desseproblema na maioria das pessoas com quem trabalhava indepen-dentemente do fato de o problema existir realmente ou nao.

    2. Tentativa de mudar de assunto

    Quando as pessoas nos falam de suas crencas, muitas vezes criamargumentos lgicos para tentar entender os comportamentos que tm.

    Freud chamava a isso ansiedade de flutuacao livre (ansiedade causada por um confuto inconsciente). Segundo Freud, a nica coisa deque a pessoa tem apenas conscincia do sentimento de ansiedade.

    Ento, inventa razoes lgicas para explicar por que se sent assim,mas suas razoes lgicas nada tm a ver com o sentimento de ansiedade.

    Chamo a essas construcoes lgicas "tentativas de mudar de assunto". Quem j trabalhou com urna pessoa "obssessiva-compulsiva"deve conhecer esse fenmeno. Por exemplo, urna mulher pode saberexplicar muita coisa sobre microbios e por que ela se sent mal, massuas explicaces geralmente nada tm a ver com a origem dos seussentimentos. Freud dizia que esses sentimentos eram conseqnciade impulsos sexuais reprimidos. Mas eu acho que os sentimentos queessa mulher vivencia resultam de conflitos internos realmente inconscientes, mas que, em geral, nada tm a ver com sexo.

    3. A cortina de fumaca

    H um comportamento anda mais problemtico que impede aidentificaco de urna crenca: costumo cham-lo de "cortina defumaca".

    Em geral, quando trabalhamos com urna crenca, sobretudo quando ela tem a ver com a identidade da pessoa (ou com um problema

    doloroso), ela estar escondida atrs de urna cortina de fumaca. Podemos identificar a cortina de fumaca quando a pessoa comeca a ter

    um branco ou passa a falar de algo irrelevante para o processo queest em curso. como se ela tivesse entrado em urna nuvem de con-

    fusao. importante notar que a pessoa tem esse tipo de "branco"no exato momento em que estamos chegando a um ponto realmente

    31

  • importante. Como um polvo ou uma lula que joga uma nuvem detinta para escapar de um predador, a pessoa geralmente tem um bran-co, porque ela ou algum lado dla tem medo. Ela est lidandocom uma crenca que tem a ver com sua identidade uma crencadolorosa que nao quer admitir, nem mesmo para si mesma.

    Geralmente, a pessoa diz: "Simplesmente tenho um branco quan-do voc me faz essa pergunta". Se usarmos um sentimento para ir

    buscar no tempo uma experiencia gravada na sua mente, ela podedizer: "Posso me lembrar dessa antiga experiencia, mas ela nao tem

    nada a ver com o meu problema". Outras vezes, a pessoa comecaa falar sobre alguma experiencia sem nenhuma relaco com o queest sendo tratado. Ou ento fica confusa e simplesmente nao con-segue responder.

    Resumindo, os tres principis problemas na identificaco de eren-cas sao:

    1. o fenmeno de sonhar com peixes, que nada nuiis do que verno outro o reflexo de nossas prprias crencas;2. a mudanca de assunto, que criar uma explicado para nossos

    sentimentos por nao termos certeza do que os est causando;3. a cortina defumaga, na qual a estrutura de crenca bloqueada

    ou dissociada, a fim de nos proteger da confrotitaco.

    Identificagao de crengasDepois de aprender a evitar armadilhas, como identificar as eren-cas? claro que, quando lidamos com uma crenca inconsciente, nao

    podemos perguntar pessoa com a qual trabalhamos: "Qual a crenca que est limitando voc?", porque ela nao saber a resposta. Elater uma das seguintes reaces: vai responder ou nc. Se responder,talvez o faca mudando de assunto ou criando uma cortina de fuma-ca. Se nao responder, a pessoa ter chegado a um impasse, porque

    nao tem idia do que possa ser. Geralmente difcil definir as eren-cas porque elas fazem parte da experiencia cotidiana da pessoa. difcil dar um passo atrs e identific-las claramenie.

    Podemos descobrir crencas limitadoras atravs da cortina de fu-maca. Quando surge um impasse, recebemos respostas do tipo: "Naosei...", ou "Sinto muito, tive um branco", ou ainda "Isso loucu-

    ra, nao faz o menor sentido". Paradoxalmente, sao respostas dese-jveis, porque nos indicam que estamos chegando perto de eliminar

    uma crenca limitadora.As crengas limitadoras geralmente sao expressas para violar ometamodelo.8 Os padroes mais comuns de linguagem que indicam32

  • crencas sao os operadores de modo e as nominalizacoes. Podem estar relacionados com o que a pessoa pode ou nao pode fazer; deve

    ou nao deve fazer, ou ainda tem ou nao tem de fazer. Tambm podemos ouvir: "Eu sou assim mesmo", "Nao sou bom em ortogra

    fa", "Sou urna pessoa gorda". Essas declaraces indicam crencasde identidade que limitam o pensamento da pessoa sobre si mesmae o que podem fazer para mudar.

    As crencas tambm podem ser expressas como fenmenos de causa e efeito, colocados em termos de "se isso... ento aquilo": "Se

    nao fizer minhas oracoes, serei punida"; "Se defender meus direi-tos, serei rejeitado"; "Assim que comeco a ter sucesso, tudo vira

    de cabeca para baixo".E, por fim, as crencas podem ser geralmente identificadas emsituaces que a pessoa vem tentando mudar sem sucesso, medianteurna variedade de mtodos incluindo a PNL. Quando pergunta-mos: "O que significa para voc o fato de nao ter conseguido modi

    ficar esta situaco?", as vezes a resposta expressa urna crenca de identidade. Podemos ento perguntar: "O que voc deseja em lugar dis-

    so e o que a impede de conseguir o que deseja?". Podemos ancorara resposta obtida (urna sensaco ruim, um branco, ou o que quer

    que seja) e tentar encontrar na experiencia passada a base daquelacrenca. As diversas maneiras de identificar urna crenca ficaro mais

    claras medida que demonstrarmos algumas das varias formas detrabalhar com crencas usando a PNL.

    Para mudar urna crenca de identidade ou limitante:1. preciso saber como proceder;2. preciso ser congruente sobre o objetivo desejado;

    3. tambm preciso acreditar que possvel mudar.Se qualquer um desses elementos estiver faltando, a mudancanao ser completa. Pode-se querer fazer alguma coisa, acreditar que possvel faz-la, mas sem saber como, sem a fisiologa e a estrate

    gia adequadas, ser difcil obter bons resultados. Alm do mais, podemos ter todas as habilidades, todo o treinamento e tudo o que fornecessrio para ser eficiente, mas, se formos incongruentes a respei-to do que desejamos ou se nao acreditarmos que podemos faz-lo,

    nao seremos capazes de obter a mudanca desejada.

    A estrutura das crengas e a realidadeComo saber como urna pessoa acredita em algo? Ser que elaacredita por meio de sensacoes? Se for o caso, como ela obtm essas

    33

  • sensagoes? Urna sensaco seria o resultado de algo que ela v ou ou-ve?9 Qual a orientaco bsica da sua estrategia?

    J perdi a conta do nmero de pessoas que me procura e diz:"Nao sei, j disse a mim mesmo milhoes de vezes que nao vou mesentir assim quando enfrentar novamente esta situaco", ou "J mepromet que, quando for conversar com aquela pessoa, nao vou fi-car tenso, mas quando me vejo diante dla assim que me sinto".

    O fato de a pessoa prometer que nao vai se sentir daquela maneiranao funciona porque sua estrategia para obter a sensaco nada tema ver com o que ela diz a si mesma. Tem a ver com a sua auto-imageme com a sensaco, com urna comparacao entre duas iniagens, ou aindacom qualquer outra estrategia. Outras pessoas dirao: "Bom, tenteivisualizar muitas e muitas vezes, mas algo me diz que nao vai funcionar. Nao entendo isso, porque sou muito bom em criacao de ima-gens, posso me ver obtendo urna promoco e tendo sucesso, mas al

    go me diz que vou falhar". Se soubermos observar e escutar essasligaces internas, saberemos como a pessoa estruturou suas crencaslimitadoras.

    Muitas vezes as pessoas obtm sensacoes a partir de imagens internas que criam. til saber que as vezes a coisa niais importante o tipo de imagem obtida. s vezes, h urna "diferenga que faz adiferenca", urna diferenca muito sutil as submodalidades que determina se a pessoa vai ter urna sensaco forte a respeito de algo ounao. (O captulo 3 contm urna demonstraco de como trazer tonaessas diferencas.) importante reunir informagoes de alta qualida-de (comportamentais) para saber exatamente como intervir.

    Muitos instrutores de PNL chegam a um beco sem sada porque trabalham acreditando que a PNL tem de ser to rpida que,se levarem mais de vinte minutos, esto fazendo alguma coisa errada. Esta crenca pode faz-los aumentar sua velocidade, mas s vezesvale a pena gastar algum tempo para descobrir os elementos maiscrticos de urna crenca limitadora. Nao h nada necessariamente importante em como acrescentar recursos. O processo de acrescentar

    recursos, a despeito da tcnica usada, menos importante do quesaber o que mudar. Os dois captulos seguintes explicam como descobrir a maneira como a pessoa construiu sua realidade e suas eren-cas. A habilidade de identificar a estrutura de pensamento de urnapessoa permite ao terapeuta saber exatamente como intervir de maneira eficiente.

    34

  • Notas

    1. Joseph Yeager, conhecido autor e instrutor de PNL, definiu os trescomponentes necessrios para mudancas efetivas: (a) querer mudar; (b) saber como mudar; (c) ter a possibilidade de mudar.

    2. A. Bandura, "Self efficacy: Toward a unifying theory of behavio-ral change" (Auto-eficincia: em dire?o a urna teora unificadora de mu-

    danta comportamental), Psychologkal Review 84 (1977), pp. 191-215.3. Irving Kirsch, "Response expectancy as a determinant of experienceand behavior" (Expectativa de reaco como determinante de experiencia ecomportamento), American Psychologist (novembro de 1985), pp. 1189-1201.

    4. (a) F. J. Evans, "The placebo control of pain" (O controle da doratravs do placebo), em J. P. Brady et al., Psychiatry: reas ofpromiseand advancement (Nova York, Spectrum, 1977).

    (b) "The power of a sugar pill" (O poder da plula de acucar), Psycho-logy Today (1974, 1977), pp. 55-59.

    (c) "Placebo response: relationship to suggestibility and hypnotizabi-lity" (A reaco do placebo: correla?o entre a capaddade de sugesto e dehipnose), Atas da 77? Convenco Anual da APA (1969), pp. 889-890.

    5. L. Lasagna, F. Mosteller, J. M. von Felsinger & H. K. Beecher, "AStudy of the placebo response" (Um estudo da reaco placebo), AmericanJournal of Medicine, 16 (1954), pp. 770-779.

    6. (a) G.A. Marlatt et al., "Cognitive processes in alcohol use" (Pro-cessos cognitivos no uso do lcool), em Advances in substance abuse: beha-

    vioral and biological research (Greenwich, CT: SAI Press, 1980), pp. 159-199.(b) Bridell et al., "Effects of alcohol and cognitive set on sexual arou-sal to deviant stimuli" (Efeitos do lcool e do conjunto cognitivo sobre estmulo sexual a partir de estmulos divergentes), Journal of AbnormalPsychology, 87, pp. 418-430.

    (c) H. Rubin & D. Henson, "Effects of alcohol on male sexual res-ponding" (Efeitos do lcool sobre a resposta sexual masculina), Psycho-pharmacology, 47, pp. 123-134.

    (d) G. Wilson & D. Abrams, "Effects of alcohol on social anxiety andphysiological arousal: cognitive vs. pharmacological processes" (Efeitos dolcool sobre a ansiedade social e o estmulo fisiolgico: processos cognitivosversus processos farmacolgicos), Cognitive Therapy and Research, 1 (1977),

    pp. 195-210.7. Ibid.

    8. Vide John Grinder e Richard Bandler, The Structure of Magic I,para urna descricao do metamodelo.

    9. Vide John Grinder e Richard Bandler, The Structure ofMagic II.

    35

  • Estrategias de realidade

    Urna experiencia comum na infancia julgar que algo aconteceu no campo da experiencia sensorial,quando na verdade foi apenas um sonho ou fantasa. Muitos adultos nao sabem ao certo se urna forteexperiencia que tiveram quando criancas foi real ouimaginaria. Outra experiencia comum a seguinte: estamos certosde ter contado algo a algum e a pessoa afirma que nao; mais tarde,

    nos damos conta de que chegamos a ensaiar mentalmente o que iramos dizer, mas nunca chegamos a verbalizar.

    Nos, seres humanos, nunca saberemos exatamente qual a realidade, porque nosso cerebro nao sabe de verdade a diferenca entreurna experiencia imaginada ou lembrada. Usamos as mesmas clu

    las do cerebro para representar ambas as experiencias. Por causa disso,temos de ter urna estrategia que nos indique que a informaco foi re-

    cebida atravs dos sentidos, e nao da imaginaco. A informacorecebida atravs dos sentidos passa por certos testes nos quais a informaco imaginada nao se confirma.

    Vamos tentar urna pequea experiencia. Pense em algo que po-deria ter feito, mas que nao fez. Por exemplo, voc poderia ter ido

    fazer compras ontem, mas nao foi. Depois, pense em algo que sabeque fez como ter ido trabalhar ou conversar com um amigo. Compare as duas experiencias mentalmente. Como pode saber que naofez urna coisa e fez a outra? A diferenca pode ser sutil, mas as quali-dades de suas imagens internas, sons e sensaces cinestsicas sero

    37

  • diferentes. Ao comparar a experiencia imaginada com a verdadeira,verifique sua experiencia interna elas esto localizadas no mesmo

    local, dentro do seu campo de viso? Urna mais clara que a outra?Urna um filme e a outra um instantneo? Existem diferencas entreas qualidades de suas vozes internas? A qualidade de informaco re-cebida em nossos sentidos codificada de maneira mais especfica

    no caso da experiencia verdadeira do que no caso da experiencia imaginada, e isto que faz a diferenca. Portanto, existo urna "estrategia de realidade" que nos permite saber a diferenca.

    Muitas pessoas tentaram mudar ou se reprograniar por meio davisualizaco de si mesmas tendo sucesso. Para aquelas que usam naturalmente esta estrategia, isso vai funcionar. Mas para aqueles queouvem urna voz que diz "Voc pode fazer isso", essa programacovisual nao dar resultado. Se eu quiser tornar algo real para outra

    pessoa ou convenc-la de algo, tenho de fazer com que isso se adapte aos seus criterios de estrategia da realidade. Tenho que tornar issoconsistente com as qualidades das suas imagens, sons e sensacoes internas. (Essas qualidades sao chamadas submodalidades.) Ento, seeu quiser ajudar urna pessoa a modificar algum comportamento, te

    nho de ter certeza de que essa mudanca se adaptar a ela. Ao identificar sua estrategia de realidade, a pessoa poder determinar de quemaneira precisar pensar para se convencer de que algo legtimoo suficiente para ser feito.

    Demonstragao da estrategia de realidadeRoberf. Joe, gostaria de vir at aqui, para pdennos demonstrar como trazer tona e trabalhar com a estrategia de realidade?O que queremos descobrir no caso de Joe urna seqiincia de repre-sentaces ou verificaces internas que ele atravessa para determinaro que verdadeiro. Enquanto voces estiverem observando esta de-

    monstraco, gostaria que se lembrassem de algumas regras gerais parafazer surgir a estrategia. A primeira regra manter a pessoa o maispossvel no aqui e agora enquanto estiver extraindo sua estrategia.Vou colocar Joe dentro de um exemplo atual da sua estrategia derealidade em vez de pedir a ele que se lembre de algo. Vou usar opresente para mant-lo associado experiencia.

    A segunda regra envolve a comparaco. Quero comparar urnaexperiencia que Joe sabe ser verdadeira com outra que ele sabe serimaginada. Usando a comparaco, posso identificar o que diferenteno seu processo mental nao me preocupo com o que igual. Parasaber que temos sua estrategia de realidade, e nao qualquer outraestrategia, o que podemos testar sao as diferencas.

    38

  • {Para Joe): Vamos comecar pedindo que pense em algo simples,sem nenhum contedo emocional. O que fez ontem, alguma coisaque sabe ter feito com certeza?

    Joe: Peguei o trem e o nibus para chegar at aqui.Robert: Agora, pense em algo que poderia ter feito, mas nao fez.Joe: Podia ter tomado um sorvete.

    Robert: Voc poderia ter tomado um sorvete, mas nao tomou.Isto se enquadra dentro das possibilidades da realidade.

    Joe: Ah, espere um momento...Robert: Voc chegou a tomar, nao foi? (Risos.) O que foi quecolocou como cobertura no sorvete?

    Joe: Apenas granla.Robert: Granla como cobertura. O que poderia ter colocadocomo cobertura, mas nao colocou?

    Joe: Podia ter colocado calda quente como cobertura.Robert: Voc poderia ter colocado calda quente. Urna das coisas boas sobre as estrategias que pouco importa o contedo. Po-dem crer que, quando comecarmos a determinar o que ou nao ver-dadeiro para Joe, a diferenca entre calda quente ou granla ser taoimportante quanto qualquer outra identificaco da realidade. Colocar calda de chocolate quente ou brigar com urna pessoa de quem

    gostamos nao faz diferenca o contedo tem pouco peso. O pro-cesso ser o mesmo.

    (Para Joe): Como sabe que tomou o trem e o nibus e que colocou granla em vez de calda quente. Como sabe que fez urna coisae nao a outra?

    (Para o grupo): Observem. Ele est nos dando a resposta.Joe: Sei que coloquei granla porque passei pelo processo deme lembrar e, depois de ter lembrado, sei que devo ter feito isso.

    Robert: O que ele est fazendo interessante, porque extra mui-tas estrategias de realidade em pessoas e normalmente ouco esse tipo

    de resposta mais tarde no processo de extracao. Ele disse: "Eu pen-sei primeiro na granla, portante lgicamente, devo ter colocadoa granla".

    (Para Joe): Como sabe que passou por esse processo? Isto ,estando aqui, agora.

    Joe (olhos para cima e para a esquerda): Quando voc me pe-diu para lembrar algo que fiz ontem...

    Robert: Voc visualizou...Joe: Isso mesmo. (Olhospara cima e esquerda, novamente.)Robert (para o grupo): Como disse antes, h urna seqncia deprocessos. Vi Joe fazer algo mais alm de criar urna imagem, embo-ra este tenha sido o ponto de partida. Em geral, nao contestamos

    39

  • a primeira verificaco de realidade porque, quando pensamos no quefizemos, algo logo surge em nossa mente e parece que a nica coisaque existe. Nao questionamos urna imagem na mente, mas podemosquestionar a realidade se obtivermos duas imagens diferentes.

    (Para Joe): Vou perguntar o que realmente fez ontem, e dessavez quero que visualize a calda de chocolate queme.

    Joe: Mas nao coloquei calda quente.Robert: Certo. Mas estou pedindo que imagine que sim. as-sim que voc "sabe" a diferenca. No inicio, quando lhe pergunteio que tinha feito ontem noite, voc enxergou granla, em vez decalda quente. Vou pedir-lhe que retome todo o processo, porque achoque poder fazer mais verificaces mentis do que apenas a imagemda granla em cima do sorvete. Quero que crie duas imagens urnado sorvete com granla e outra com calda de chocolate quente e faca com que ambas se parecam. Vou perguntar de novo o que co-meu ontem e quero que visualize a calda de chocolate quente comas mesmas qualidades visuais internas da imagem da granla.

    Joe: J fiz isso enquanto voc estava falando.Robert: Vamos l. O que comeu ontem?Joe (deforma incongruente): Ah... tomei sorvete com... caldade chocolate.

    Robert: Foi mesmo?Joe: Nao.Robert: E como sabe que nao?Joe: Boa pergunta, porque posso criar urna imagem clara dosorvete com a calda de chocolate. J comi isso varias vezes. Nao urna imagem que inventei do nada. De certa forma, faz parte demim.

    Robert: Ainda assim, voc sabe o que realmente comeu. Isso importante. Agora, voc possui duas imagens igualmente claras.

    Voc pode ver tanto urna como a outra. Se eu disser "O que comeu?",voc poder ver qualquer urna das imagens. Como sabe qual das duascoisas voc realmente comeu?

    Joe: Boa pergunta. Nao depende s da imagem. Pelo menos,acho que nao.

    Robert: Pense um pouco mais. Voc tem certeza do que comeu?Joe: Claro.Robert: Perfeito. (Risos.) O que lhe d essa certeza?Joe: Posso colocar em um contexto.Robert: Isso bom tambm.(Para o grupo): Temos outro elemento. Em geral, a primeiraresposta o que vem em primeiro lugar na associaco pergunta.Mesmo quando falamos de algo trivial, como neste caso, podemos

    40

  • colocar isso no contexto das crencas. Perguntamos a algum: "Sabesoletrar direito?".

    "Nao, nao sei soletrar direito.""Como sabe disso?"

    "Nunca consegu soletrar direito."A primeira associacao a que aparece. O que Joe disse depoisfoi: "Nao se trata apenas da imagem. H tambm um contexto ao

    redor dla".Vamos ver o que significa este contexto. Acho que vamos verque se trata a julgar pelas pistas visuais de Joe da imagem deum filme.

    {Para Joe): Talvez voc tenha se visto tirando a granla. A granla nao vai se transformar em calda de chocolate s porque vocconsegue ver um quadro fixo ou a imagem da calda de chocolate quen-

    t.e. Nao isso?Joe: Sem dvida. Acertou na mosca.Robert: Tudo bem. O que est vendo quando olha para cima?(Apona para a esquerda de Joe, para onde ele movimenta os olhos.)

    Joe: A hora do jantar, dentro do contexto dos outros alimentosque comi. Minha mulher estava presente, mas nao havia nenhumacalda de chocolate quente no contexto.

    Robert: Pode colocar calda de chocolate quente na experiencia?Joe: Tudo bem.Robert: Est imaginando?

    Joe: Dentro da minha cabeca.Robert: O que colocou no seu sorvete aps o jantar de ontem noite?

    Joe: Granla.Robert: Como sabe? Quando fiz a pergunta, conseguiu ver ambas as imagens? Como tomou a deciso?

    Joe: Porque me ouvi dizendo isso.Robert: Porque se ouviu dizendo. Interessante. H urna voz emsua cabeca que lhe diz o que real.

    (Para o grupo): Vou um pouco alm neste assunto e chegare-mos a um ponto onde veremos que urna mudanca vai ocorrer. Voces

    podero observar urna confuso momentnea.(Para Joe): Voc ouve urna voz...Joe: Agora mesmo eu disse a voc... (Joe d nfase a palavra"disse", indicando com isso que h urna voz interna.) mais umhbito do que outra coisa. J lhe disse que comi granla e portante..

    Robert: um hbito?Joe: Devo ter dito isso pelo menos urnas dez vezes.Robert: O que tornara falar sobre calda de chocolate tao habitual quanto falar de granla?

    41

  • Joe: O fato de falar isso. Eu teria lembranca de ter feito isso.Robert: A repetico urna forma de tornar algo verdadeiro efamiliar. Quantas vezes voc precisara ver e repetir para si mesmoque comeu realmente? Urnas dez vezes?

    Joe: Nao sei.Robert: Vou lhe perguntar urnas dez vezes o que colocou no seusorvete ontem e gostaria que visualizasse a imagem de calda quentee dissesse "calda quente". Quer experimentar?

    Joe: Claro.Roberl: O que comeu ontem na cobertura do sorvete?Joe: Calda quente.

    Robert: Estava gostoso?Joe: Muito gostoso!

    Robert: O que foi mesmo que comeu ontem?Joe: Calda de chocolate quente.Robert: Vamos esperar um pouco...Joe: Na verdade, parece mais urna calda de manteiga de amen-doim. (Risos.)

    Robert: Estava bem quente ou...Joe: melhor deixar esfriar um pouco, para que nao derretao sorvete. Estava muito gostoso.

    Robert: Certo. De que forma as duas imagens se parecem? Oque foi que comeu mesmo?

    Joe: Calda quente.Robert: Muito bem. (Risos.)(Para o grupo): Fizemos apenas algumas tentativas. a mesmaestrategia usada em fitas de auto-afirmaco. Se repctirmos algumacoisa muitas vezes, ela se tornar verdadeira para nos.

    (Para Joe): O que comeu ontem noite?Joe: Comi granla.Robert: Como sabe disso agora?Joe: As imagens sao diferentes...

    Robert: Pense na granla. Pense realmente nela. Quero que avisualize. Perfeito. Agora, visualize a calda quente. De verdade.

    (Para o grupo): Observei algo diferente na fisiologa de Joe.(Para Joe): Enquanto v as duas imagens, quero que coloque urnaao lado da outra. Elas estao lado a lado ou urna est por cima da outra?

    Joe: At agora s tinha pensado em cada urna separadamente.Robert: Quando visualiza a granla, onde ela aparece no seucampo visual interno?

    Joe: Mais ou menos aqui. (Faz um gesto para o centro, ligeira-mente esquerda.)

    Robert: Mais ou menos aqui (repetindo o gesto de Joe). E ondefica a imagem da calda quente?

    42

  • Joe: Acho que fica quase no mesmo lugar.Roberf. Aqui? {Gesticula levemente para o lado direito do centro.) H alguma coisa diferente, do ponto de vista qualitativo, sobreas duas imagens? Compare as duas.

    Joe: Acabei de passar por um processo que as torna iguais portanto, a resposta nao.

    Roberf. Quero que voc olhe para aquele lado e visualize a calda quente. {Gesticulapara o lado esquerdo do centro.) Certo? Ago

    ra, pegue a granla e a coloque aqui. {Gesticula para o lado direitodo centro.) Entendeu? Qual das duas est vendo? {Longo silencio,Joe revela urna expressao confusa e o grupo cai na gargalhada.)

    Joe: Era a... granla.Roberf. timo.

    {Para o grupo): A questo aqui que estamos comecando a per-ceber urna confuso neste processo. Claro que podemos levar isso

    ao extremo, mas nao isso que quero fazer. Nao estou querendo confundir Joe em relacao realidade, quero descobrir quais sao as com-paraces. Digamos que quero que Joe mude alguma coisa, e convncelo de que se trata de urna verdadeira mudanca. Se quiser que Joe

    tenha escolhas sobre um novo comportamento, da mesma forma quetinha a respeito de um antigo comportamento, preciso identificar suascomparacoes de realidade.

    A nica coisa em que Joe precisa confiar para determinar a realidade sao as representacoes (imagens, sons e sensacoes) que estoarmazenadas na mente.

    Como o cerebro nao sabe a diferenca entre urna imagem criada(urna imagem inventada) e urna imagem lembrada, pode-se imaginar quanta confuso isto capaz de causar quando lidamos com fa-

    tos ocorridos h dez anos. Ou quando estamos lidando com um so-nho, sem ter certeza de que sonhamos de verdade ou apenas imagi

    namos. Como saber o que real?Joe: As diferengas de submodalidades sao muito importantespara que eu possa determinar a distinco. O meu filme contextualda calda quente nao tao brilhante, nao est tao em foco e...

    Robert {para o grupo): Ele est nos dizendo quais os prximospassos a tomar. Em vez de continuar essa demonstraco, Joe tera oportunidade de ir mais a fundo neste contexto durante o prximoexerccio. . ,

    Vou pedir que facam o prximo exerccio, porque muito utuexplorar a estrategia de realidade de urna pessoa quando se trabalha

    com suas crencas. Joe se apia em imagens, sons e sensacoes que ex-plodem em sua mente numa fraco de segundo. Sempre que toma

    mos decisoes sobre alguma coisa em que acreditamos, nao nos43

  • sentamos para analisar o que est acontecendo em nosso cerebro.De que forma esto as submodalidades? um filme ou h uma voz?Um filme pode trazer sentimentos embutidos, e outro nao. Nao serpossvel analisar conscientemente esses processos mentis flutuantes.Em geral, observamos a primeira imagem ou voz que vem nossamente e que parece real... aquela que est mais fortemente impressaem nos. por isso que acho importante que cada pessoa conhecaa sua prpria estrategia de realidade... Nem todo mundo tem a mes-ma estrategia de realidade de Joe. til descobrir como determinamos o que real.

    Exerccio da estrategia de realidadeQuero que voces facam o exerccio da seguinte forma:

    Parte I:

    (a) Escolham algo que fizeram e algo que podiam ter feito, masnao fizeram. Verifiquem se o que nao fizeram, mas poderiam ter feito,est dentro das suas possibilidades de comportamento. Se algum dizque podia ter colocado manteiga de amendoim no sorvete, mas nemgosta de manteiga de amendoim, pouco provvel que tivesse feito

    isso. Escolham um exemplo como o de Joe. bom que voces j te-nham feito algumas vezes as duas coisas escolhidas. A nica dife-renca estara no fato de "realmente" terem feito uma dlas ontem.

    (b) Determinem como sabem a diferenca entre o que foi feitoe o que poderia ter sido feito. A primeira coisa que surgir ser umaverificacao de realidade bastante obvia. Talvez voces obtenham umaimagem de uma coisa e nenhuma da outra. Depois de criar uma imagem, voces poderao perceber outras coisas sobre ela. Joe observoudiferencas de submodalidade. Ele fez um filme e preencheu anda

    outros vazios. Uma das imagens era mais brilhantc, segundo ele.

    Parte II:

    (c) Escolham duas coisas que aconteceram durante a infanciae determinem como sabem que sao verdadeiras. Voces perceberoque um pouco mais difcil determinar o que aconteccu h tanto tem-po. No caso de Joe, escolhemos algo que havia acontecido h menosde 24 horas e conseguimos mudar a realidade. Quantlo lidamos comalgo que aconteceu h 24 anos, o processo de deciso ainda maisinteressante, pos as imagens nao serao to claras e podem estar at

    44

  • distorcidas. As vezes, as pessoas sabem o que realmente aconteceuporque as imagens dos acontecimentos sao mais indistintas do queas que criaram em sua imaginacao.

    (d) Comecem por tornar o acontecimento que nao aconteceu igualao que realmente aconteceu. Depois de tornar as imagens bem pare

    cidas, mudem para os sistemas representacionais auditivo ou cines-tsico. Por exemplo, Joe passou para o contexto presente. Ele disse:

    "Posso verificar porque, h poucos minutos, quando voc me per-guntou qual das duas experiencias era verdadeira, eu lhe disse queera a da granla, e posso me lembrar disso". Ainda nao havamosmodificado aquela lembran?a.

    Cuidado quando comecarem a modificar aquilo que nao foi feito,na tentativa de represent-lo, da mesma maneira que aquilo que foi

    feito. Gostaria que ao menos chegassem a pensar realmente qual dasexperiencias real, como no caso de Joe.

    O objetivo nao confundir as estrategias de realidade, e sim des-cobrir que tipo de verificacao de realidade existe para cada pessoa.

    Lembrem-se de que estamos extraindo uma estrategia, e nao tentando destru-la. Observado: a pessoa que estar passando pela experiencia poder interromper o processo sempre que desejar. Se o pro-cesso comecar a ficar assustador (pode acontecer), a pessoa podeescutar um som agudo ou sentir-se tonta. (Existem varios tipos de

    sinais.) Quando permitimos que outra pessoa traga tona nossas estrategias de realidade e jogue com elas, temos o direito de pedir queparem quando nos sentirmos desconfortveis.

    Discussao

    Vou contar um processo que me foi ensinado por John Grindere Richard Bandler quando comecei a aprender PNL. Eles fizeramcom que o grupo escolhesse uma serie de experiencias vivenciadasnum determinado dia (bem-sucedidas ou nao), e localizasse o pontoem que a deciso foi tomada. Depois, escolhemos tres comportamen-tos de recursos que poderamos ter tido em cada uma das experiencias e os passamos pelas nossas estrategias de realidade, tornando

    cada escolha comportamental tao plena, radiante e emocionante (usando as mesmas submodalidades) quanto nossas estrategias de realidade.

    Independentemente do fato de o comportamento ter sido ou naobem-sucedido, desenvolvemos mais escolhas comportamentais. Se foiuma experiencia negativa, descubrimos que uma coisa simples pode-

    ria nos ter dado mais recursos. Recomend esse processo para experiencias negativas. Revejam a experiencia negativa, do inicio ao fim,

    45

  • fazendo com que tudo ocorra de maneira positiva. Da prxima vezque se encontrarem na mesma situaco, em vez de se ligarem inconscientemente ao que fizeram da ltima vez (e das vezes anteriores),

    haver um ponto de deciso que engloba novas escolhas. A reacoser diferente.

    Uma das coisas que gosto de dizer : "O sucesso tao limitantepara a criatividade quanto ofracasso". Isto ocorre porque, quando

    nos lembramos de algo que deu certo, a lembranca geralmente muitoforte e nos d uma sensacao agradvel. Portanto, passamos a repetir o que deu certo, sem levar em considerado outras opces. Che-gamos a um ponto onde deixamos de ser criativos e ficamos empa

    cados, porque nos vemos diante de uma nova situaco na qual osantigos comportamentos nao funcionam, e nao possumos novasescolhas.

    A industria automobilistica americana um bom exemplo. Foimuito bem-sucedida durante muitos anos, mas parece incapaz de rea-gir com rapidez e eficiencia s novas necessidades do mercado e concurrencia estrangeira. Algum j disse que, se a industria auto-

    mobiistica tivesse involudo tanto quanto a industria da informtica, um Cadillac estara custando menos de tres dlares e faria doismilhes de quilmetros com um tanque de gasolina. A industria decomputadores mudou e ficou mais refinada para se adaptar s novas realidades e necessidades do mercado, enquanto a renovaco daindustria automobilistica americana tem passado por um processolento, que se baseou apenas no seu prprio sucesso durante tempodemais.

    Perguntas

    Homem: Quando estava trabalhando com Joe, voc pediu a eleque visualizasse estar comendo calda quente varias vezes. Poderia

    falar mais sobre a repetico?Robert: Vou lhe responder contando o caso do uma cliente.Trabalhei com uma enfermeira que estava to deprimida que quera envenenar a si mesma e aos dois filhos. Ela me disse que fariaqualquer coisa para se sentir melhor. Eu respond: "Primeiro, que

    ro que mude o seu estado. Vamos descobrir se tem aipurnas boas lem-brancas". claro que, como a maioria das pessoas deprimidas, eladisse que nao tinha nenhuma boa lembraca. Note que nao lhe pediuma lembranca, mas uma deciso. Em essncia, eu disse: "Procureas suas lembrancas e descubra uma que voc acha que positivae me cont como foi". uma pergunta difcil de responder e nada46

  • tem a ver com falta de memoria. Implica julgar e tomar decisoes sobreo que positivo. Como queria modificar o estado de espirito daquelamulher, eu disse: "O que acha de respirar de maneira diferente, sentarse, olhar para cima e para a direita e imaginar algo positivo?".

    Ela olhou para cima e come?ou a visualizar algo positivo. Ob-servei urna mudanga em sua fisiologa que me pareceu bastante po

    sitiva. Mas, de repente, ela parou, voltou a olhar para baixo e en-trou no estado depressivo. Eu lhe perguntei: "O que aconteceu?

    Lembrou-se de algo ruim ou alguma outra coisa surgiu?". Ela res-pondeu que nao. Ento lhe perguntei o que a havia feito parar. Ela

    respondeu: " estranho olhar para cima, nao estou acostumada".Pensem um pouco nesta resposta. Temos urna mulher que se sentto desesperada a ponto de envenenar os prprios filhos. Ainda as-

    sim, ela interrompeu urna experiencia que a fazia sentir-se bem porque nao estava acostumada a ela. Entao, perguntei-lhe como ela sabia a sensaco que nao lhe seria familiar. Ela disse: "Eu j teria feito isto antes". Pedi que olhasse para cima, urna, duas, tres vezes.

    Depois de dez vezes, a sensaco lhe pareceu familiar. Foi um importante passo adiante em sua terapia. Ter feito algo antes um forte

    elemento para confirmar a realidade de experiencia positiva ou negativa. A repetico urna forma que as pessoas utilizam para tornar

    algo verdadeiro e familiar.Urna parte de Joe que pode determinar qual das suas experiencias verdadeira, porque, no contexto presente, durante o processo

    de trazer a tona sua estrategia (e isto nao tinha mais nada a ver como dia anterior), ele contou que comeu granla mais vezes do que calda quente. Portanto, a repetico muito convincente.

    O que significa algum nos dizer que nao consegue fazer algo,como por exemplo cantar no tom certo, h mais de trinta anos? Isso

    prova que nao pode faz-lo? Nao. Apenas significa que vem tentando de maneira errada h muito lempo. Nao significa que nao possafaz-lo. Estou enfatizando este aspecto porque a repetico da expe

    riencia muito importante. Urna das rzoes por que to importante que todos passamos por um processo chamado de limite. O limite pode ser aplicado a crencas, estrategias de realidade ou de apren-

    dizado. Se pegarmos um tubo de metal e o dobrarmos urna vez, elevoltar posico anterior, mesmo que fique um pouco amassado.Mas, se eu dobrar o tubo de metal repetidamente, no final ele vai

    se quebrar. E, quando se quebrar, nada mais poderei fazer para queele volte a ser como era antes. Isto porque o tubo de metal ultrapas-

    sou um limite. Nada poder reconstituir sua forma, a nao ser queeu o sold. Ao torcer repetidamente o tubo de metal, eu o fiz passarpor urna mudanca radical. O mesmo acontece quando urna pessoa

    47

  • passa por urna mudanca to profunda que seu passado parece menos real do que era at ento. assim que nosso cerebro funciona.

    Mulher: De que forma as estrategias de realidade se relacionamcom o Gerador de Novos Comportamentos, por exemplo?

    Roberf. No Gerador de Novos Comportamentos, a pessoa se vfazendo algo com novos recursos e depois entra dentro da imagemvisualizada. Se nao filtrar a nova experiencia atravs da sua prpriaestrategia de realidade, a pessoa estar apenas fingindo. Por outrolado, qual a diferenca entre fingir e mudar de verdade? Se fingirmos

    urna situaco durante bastante tempo, ficaremos convencidos de queela to verdadeira quanto qualquer outra coisa.

    Homem: Para mim, foi importante agarrar-me a minha "realidade", sem modific-la.

    Roberf. J teve alguma experiencia na qual duvidou da realidade?Homem: J.Roberf. O objetivo neste caso nao se confundir em relaco estrategia de realidade. Se quiser modificar a sua estrategia, podemos voltar ao momento em que duvidou da realidade e fazer comque voc reviva aqueia experiencia com os recursos adequados. Muitasde nossas crencas foram adquiridas quando tnhamos cinco anos deidade, transmitidas por nossos pais, por outras pessoas importantespara nos ou, talvez, pela mdia. Essas pessoas nem sempre sabeminstalar boas estrategias de realidade. Grande parte das nossas eren-gas instala-se em nosso cerebro antes de termos desenvolvido estrategias de realidade. Quem conseguiu adquirir boas estrategias de realidade ou teve sorte ou teve experiencias ruins com as alternativas,at que finalmente aprendeu a instalar boas estrategias.

    Embora a maioria das pessoas tenha certeza sobre a realidade,voc ficaria surpreso ao ver quanto da realidade elas prprias cons-troem. Em algum momento, voc acreditou em Papai Noel, mas depois deixou de acreditar. Voc ainda pode estar lidando com crencase realidades programadas numa poca em que nao tinha recursos parajulgar informaco de alta qualidade. Por exemplo, a crianca com fre-

    qncia confunde sonho e realidade. s vezes, as pessoas tm estrategias de realidade to fortes que isso as impede de usar sua imagi-

    naco como um recurso. um equilibrio delicado, mesmo quandosabemos o que estamos fazendo.

    De vez em quando, pessoas "apagam" experiencias desagrad-veis, fingindo que elas nao aconteceram. Elas ignoram essas expe

    riencias. Outras vezes, exageram algumas experiencias.O que acontece quando pegamos um incidente que h vinte ecinco anos fez com que a pessoa tomasse urna dire

  • trabalhar com a crenca "Perdi vinte e cinco anos da minha vida porcausa das minhas crencas pessoais".

    Por exemplo, urna senhora com quem trabalhei havia passadopor problemas fsicos e emocionis to profundos que eles se torna-ram a razo de sua sobrevivencia. Seu problema era provocado porurna "voz" interna que lhe causava todo o tipo de perturbacoes. Noslhe oferecemos recursos referentes a urna experiencia passada paramodificar sua imagem corporal, dando ao seu lado interno respon-svel pela "voz" novos recursos. Quando integramos todos esses re

    cursos, ela ficou muito triste, como se tivesse perdido alguma coisa.Quando lhe perguntei o que tinha acontecido, ela disse: "A minhavida inteira, tive por objetivo sobreviver. A sobrevivencia sempre foi

    um desafio. Agora, com todos esses recursos, parece que um ladomeu desapareceu. Para que vou viver, de agora em diante?". Nao ruim que o paciente chegue a esse ponto, pois assim podemos

    perguntar-lhe: "Para que deseja viver? O que teria valor para voc6?O que seria bom fazer, em vez de apenas sobreviver?".

    Quando fazemos um bom trabalho e ajudamos a pessoa a criarurna mudanca profunda, essa questo da finalidade de vida prova-velmente surgir. E nem sempre possvel prever o que ser. Se tra-

    balharmos com essa possibilidade antes de estudar outras questes,fazendo urna ponte para o futuro com as novas possibilidades, o trabalho ficar facilitado.

    Quantas pessoas lutam contra sua estrategia de realidade e de-pois nao sabem o que fazer quando tentam modificar o seu comportamiento? J ouvi pessoas dizerem: "Daria tudo para ser diferente,

    mas nao quero me engaar". O que elas realmente esto dizendo :"Se eu filtrar esta nova crenga de comportamento atravs da minhaestrategia de realidade, de tal forma que se torne to real para mim

    quanto o resto das coisas que faco, estarei me engaando". Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come... Cria-se um vnculo duplo.

    Mesmo que esteja verificando a realidade de algo muito comum, como, por exemplo, se comeu granla ou calda quente, a pessoa estarconfrontando crencas ou conflitos realmente importantes.

    A importancia de compreendermos as estrategias de realidadenao est em determinar o que aconteceu realmente em nossa vida.Ao contrario, isto nos permite configurar urna serie de verificaces

    (exames) de decisao ou de comportamento antes de acreditar que algo novo verdadeiro, ou antes de querer realmente agir. A pessoa

    nao vai agir a nao ser que veja o que est acontecendo de maneiraclara, a menos que esse elemento se coadune com a viso geral queela tem da sua identidade.

    49

  • Estrategias de cren
  • que possamos modific-las em seus nveis mais