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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
AS PUBLICAÇÕES JORNALÍSTICAS ORGANIZACIONAIS
NA ERA DIGITAL
Confrontos, linguagens e aConfrontos, linguagens e aConfrontos, linguagens e aConfrontos, linguagens e aplicaçõesplicaçõesplicaçõesplicações
Por: Daniel Henriques MarinhoPor: Daniel Henriques MarinhoPor: Daniel Henriques MarinhoPor: Daniel Henriques Marinho
Orientadora: Adélia Araujo
Rio de Janeiro 2007
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU
AS PUBLICAÇÕES JORNALÍSTICAS ORGANIZACIONAIS
NA ERA DIGITAL
Confrontos, linguagens e aplicações
Apresentação de monografia à
Universidade Cândido Mendes como
condição prévia para a conclusão do
curso de pós-graduação latu sensu de
Comunicação Empresarial.
Por: Daniel Henriques Marinho
Turma: K066
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À Mariana e aos meus pais.
4
“Eu não tenho filosofia: tenho
sentidos”.
Fernando Pessoa
5
RESUMO
Este presente estudo visa à análise e ao estudo das publicações
jornalísticas organizacionais. Nele, essas ferramentas são abordadas não de
forma isolada, mas inseridas na nova visão da chamada comunicação
organizacional integrada.
A postura atual do setor de comunicação nas organizações - condizente
com as novas demandas e exigências da era da informação - é abordada como
causa de uma série de novos posicionamentos que geram conseqüências nos
modos de se produzir, criar e manter uma publicação jornalística
organizacional. Assim, diversos autores e estudiosos são aqui reunidos para a
elucidação, exposição e análises dos novos usos e aplicações dessas
ferramentas.
Do mesmo modo, junto a um exame detalhado das tradicionais
publicações impressas, e das modernas de suporte digital, é proposto um
confronto entre ambas para uma melhor compreensão de suas singularidades
e especificidades, á luz da atual tendência à segmentação da comunicação,
com foco na capacitação dos gestores para a compreensão do ambiente sócio-
cultural dos seus diversos públicos.
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METODOLOGIA
O presente estudo baseia seu levantamento de informações em um
procedimento metodológico calcado, sobretudo, na pesquisa exploratória, de
modo a buscar fontes de referências precisas para orientação a respeito do
assunto tratado. Serão estudados as proposições, estudos e análises de
conceituados teóricos e estudiosos da área em livros, periódicos, impressos
diversos, textos de internet, documentos digitais, etc, e as informações
levantadas no próprio campo da comunicação organizacional por meio de seus
profissionais atuantes.
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SUMÁRIO
As publicações jornalísticas organizacionais na era digital Confrontos, linguagens e aplicações.
Introdução Capítulo I - A comunicação nas organizações
1.1- Conceitos e estrutura. 1.2 - O contexto das publicações na comunicação interna e na comunicação institucional.
Capítulo II - As Publicações jornalísticas organizacionais
2.1 - Histórico e consolidação 2.2 - A visão estratégica
Capítulo III - Publicações Impressas
3.1 - Emissores e receptores 3.2 - Conteúdo 3.3 - Linguagem 3.4 - Meios 3.5 - As variáveis temporais: Atualidade e periodicidade 3.6 - Os efeitos: avaliação e controle 3.7 - Exemplos de veículos impressos
Capitulo IV - Publicações Digitais
4.1 – NTIC - As Novas Tecnologias da Informação e Comunicação 4.2 - As NTIC na comunicação organizacional 4.3 - Uma nova linguagem, novas aplicações. 4.4 - Exemplos de publicações digitais.
Conclusão
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Introdução
Em tempo algum, as organizações atuaram em um cenário de tamanha
interdependência econômica, política e social. Ao confrontarem-se diariamente
com um fluxo intenso de informações, as organizações precisam, mais do que
em qualquer outra época, comunicarem-se eficientemente entre si, consigo, e
com a sociedade, para operarem eficientemente em seus nichos.
Esse fenômeno já está de tal forma estabelecido que o próprio sistema
organizacional hoje, só se torna viável mediante o sistema de comunicação
nele inserido, que como num movimento cíclico, realimenta-se continuamente e
reivindica-se como o pressuposto para sobrevivência de todo o sistema.
Um processo que se potencializa ainda mais, com a consolidação do
uso das novas tecnologias de informação e comunicação (NTIC), nos últimos
anos, como a Internet e as mídias digitais interativas. Desde então, as
organizações precisam buscar alternativas ainda mais eficientes e criativas
para mobilizar suas estratégias de comunicação a um público muito mais
reativo, pró-ativo e exigente.
Para suprir essa demanda por uma comunicação mais informativa,
interativa e estratégica, fruto da necessidade de as organizações
estabelecerem uma nova relação com a sociedade, as publicações jornalísticas
organizacionais – sobretudo as impressas e digitais – estabeleceram-se como
um dos instrumentos precípuos, e mais utilizados, para este diálogo
imprescindível entre as organizações e seus públicos.
Esta monografia visa entender a consolidação do uso das publicações
jornalísticas organizacionais no contexto das novas demandas da
contemporaneidade digital, associada à adoção de uma comunicação
organizacional gestora de planejamentos, procedimentos e execuções
sistêmicas e estratégicas.
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Para tanto, após uma breve apresentação dessa nova proposta de
comunicação integrada na primeira parte, será demonstrado, no capítulo dois,
como a mesma alterou, e vem alterando, a concepção, produção e distribuição
das publicações jornalísticas nas organizações. Abordar-se-ão as
classificações, o histórico e a exposição da nova situação e dos amplos
objetivos dessas ferramentas na comunicação organizacional.
Os terceiro e quarto capítulos serão os responsáveis por uma análise
mais detalhada e minuciosa das publicações impressas e digitais,
respectivamente. Neles serão descritos e avaliados os novos usos, aplicações
e linguagens das ferramentas, bem como o confronto da atuação dessas
diferentes mídias, no contexto das demandas da nova era da comunicação.
Por fim, esse estudo apresentará suas conclusões - embasadas em
estudos, citações e constatações dos teóricos e autores, expostos no decorrer
do trabalho - nas páginas reservadas à mesma.
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CAPÍTULO I - A Comunicação nas Organizações
Este capítulo visa a uma breve introdução nos fundamentos e nas
estruturas da comunicação organizacional, bem como a contextualização
desses processos comunicacionais à gestão das publicações.
1.1 – Conceitos e estrutura
Comunicação organizacional é a terminologia utilizada para designar
todo o conjunto dos trabalhos de comunicação exercido pelas organizações em
geral. Abarca o sistema, o funcionamento e os processos comunicacionais
entre a organização e seus diversos públicos.
Específica, porém abrangente, a terminologia é atualmente utilizada por
teóricos de referência no estudo da comunicação, como Francisco Gaudêncio
Torquato do Rego (1987/ 2002) e Maria Margarida Krohling Kunsch (2003),
para substituir as especificidades e limitações de outros termos usados
indistintamente no Brasil como: comunicação corporativa, comunicação
institucional e comunicação empresarial.
Para Kunsch (2003, p. 149-150), a comunicação organizacional - um
fenômeno inerente aos agrupamentos de pessoas que integram uma
organização ou que a ela se ligam - é mais abrangente, aplicando-se a
qualquer tipo de organização: pública, privada, autárquica, fundacional,
empresarial, sem fins lucrativos, associativa, sindical, não-governamental etc.
Não se restringindo, assim, a uma empresa ou corporação. Ela se configura na
soma das diferentes submodalidades que permeiam sua atividade:
comunicação administrativa, comunicação interna, comunicação mercadológica
e comunicação institucional.
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A convergência dessas modalidades específicas de comunicação,
focadas nos objetivos gerais da organização e em sua política global gerou o
conceito de comunicação integrada. Uma resultante da atuação sinérgica, e
estratégica, entre as diversas subáreas da comunicação:
“Ela [a comunicação integrada] pressupõe uma junção da
comunicação institucional, mercadológica, administrativa e
interna, que formam o composto da comunicação
organizacional. Este deve formar um conjunto harmonioso
apesar das diferenças e das especificidades de cada setor
e dos respectivos subsetores. A soma de todas atividades
redundará na eficácia da comunicação nas organizações”.
(KUNSCH, Apud CURVELLO, 2002, p.122).
É justamente a adoção de uma visão estratégica, própria da
comunicação organizacional integrada, que a alça a condição de partícipe das
decisões e planejamentos estratégicos da alta administração nas organizações
de grandes empresas. Casos de sucesso na implantação desse modelo em
empresas como Volkswagen e Rhodia, entre outras, somados ao apoio de
instituições como a Aberje - Associação Brasileira de Comunicação
Empresarial, selaram, por fim, a adoção da comunicação organizacional,
integrada e de caráter estratégico, como o modelo de comunicação mais
trabalhado com vistas à eficácia para as organizações contemporâneas.
“Comunicação Empresarial [organizacional] é uma
atividade sistêmica, de caráter estratégico, ligada aos mais
altos escalões da empresa (...) sistêmica quer dizer
permanente –que se faz sempre, constantemente. Não é
coisa para resolver problemas momentâneos, para apagar
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incêndio, “quebrar um galho” (...) estratégica, porque
contribui para estratégia global da empresa [organização].
(CAHEN, 2005, p. 29-30)
Essa percepção global, integrada e estratégica da comunicação nas
organizações, estará presente no decorrer das análises de todo o presente
trabalho que, no entanto, focará prioritariamente suas análises na atuação da
comunicação interna e da comunicação institucional, no que concerne às
publicações jornalísticas produzidas no âmbito da atividade das mesmas.
1.2 – O contexto das publicações na comunicação interna
e na comunicação institucional.
O Setor de comunicação de uma organização subdivide-se em sub-
setores: administrativa, institucional, publicitária e interna. Haja vista a maior
demanda por publicações jornalísticas nos setores de comunicação interna e
institucional, dar-se-á foco a estas subdivisões.
1.2.1 – Comunicação Interna
A comunicação interna é o esforço de comunicação levado a efeito por
uma organização para estabelecer canais que possibilitem o relacionamento,
ágil e transparente, da direção com o público interno e entre os próprios
elementos que integram este público.
É importante salientar desde já, que essa relação não deve
simplesmente ocorrer de forma verticalizada ou descendente - da direção aos
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empregados. Mas sim estimular o fluxo de informações, a comunhão de idéias,
o estabelecimento do diálogo regular entre os próprios públicos – comunicação
horizontal - e a relação dialogal entre a direção e os funcionários através do
feedback – comunicação ascendente.
“O publico interno é um público multiplicador. Na sua família
e no seu convívio profissional e social, o empregado será o
porta-voz da organização, de forma positiva ou negativa.
Tudo dependerá do seu engajamento na empresa, da
credibilidade que esta desperta nele e da confiança que ele
tem em seus serviços e produtos”. (KUNSCH, 2003, p. 159)
Para Rego, quando uma publicação é dirigida ao público interno de uma
organização, seu elemento básico, o funcionário, deve ser visto antes de tudo
como o que é: um indivíduo, um ser humano com todo o seu complexo de
necessidades, desejos, carências, vontades, sonhos, ambições, humor,
preguiça, talentos e, sobretudo, vontade de fazer do seu trabalho algo de
proveitoso para si. (1987)
Uma organização ciente dessas realidades estimula uma relação
participativa por meio de todo o instrumental de publicação disponível: intranet,
jornais, boletins, murais, rádio, blog, vídeo etc, na perspectiva de um fluxo
dialogal e interativo de comunicação, “compatibilizando os interesses dos
funcionários e da organização ao contribuir para o exercício da cidadania e
valorizar o funcionário como indivíduo”. (RHODIA, Plano e Comunicação
Social, 1985)
14
1.2.2 - Comunicação institucional
Para o professor e especialista em Relações Públicas, Abílio da
Fonseca, comunicação institucional é o “conjunto de procedimentos destinados
a difundir informações de interesse público sobre as filosofias, as políticas, as
práticas e os objetivos das organizações, de modo a tornar compreensíveis
essas propostas” (1999, p. 139).
Em outras palavras, cabe a comunicação institucional gerir, formar e
trabalhar a identidade e a imagem positivas de uma organização. Ela precisa
lançar mão de aspectos definidores de uma identidade corporativa ao
identificar a missão, a visão, os valores, a política e a filosofia de uma
organização.
Para isso, não faltam instrumentos e veículos de publicação
organizacional. O chamado “jornalismo empresarial” é uma subárea pioneira e
significativa da comunicação organizacional. Presente nas mais diversas
publicações nas mídias impressa, eletrônica e digital, o jornalismo empresarial
não pode ser visto como uma função menor quando relacionada a grande
imprensa (KUNSCH, 2003). Tem se consolidado como um mercado
profissional de demanda crescente e uma atividade especializada da atividade
jornalística, atuante como área de produção, mediação e difusão de conteúdo
informativo.
15
CAPÍTULO II - As Publicações Jornalísticas
Organizacionais
No “Dicionário da Comunicação” (BARBOSA e RABAÇA, 2005), são
atribuídas duas acepções ao termo publicação. A primeira relaciona-se ao
aspecto verbal da ação de tornar uma informação pública (publishing) e a
identifica a com “o momento em que uma comunicação deixa de ser particular,
individual ou pessoal e torna-se pública”. A segunda acepção descreve-a como
“a própria coisa publicada” (the publication).
As publicações organizacionais podem classificar-se segundo suas
mídias, ou seja, seus suportes. Na classificação da Aberje há a publicação em
mídia impressa – jornal mural, revista, outdoor, busdoor, boletim, etc; eletrônica
– vídeo institucional, TV corporativa, rádio etc; digital – intranet, hot site, boletim
digital, blog corporativo, podcast etc. Outra classificação é dada segundo os
seus objetivos: publicitários, educativos, jornalísticos, didáticos, promocionais
etc.
Esse estudo dará atenção às publicações organizacionais informativas,
sobretudo as de caráter jornalístico, oriundas do termo “jornalismo
empresarial”.
2.1 - Histórico e consolidação
Costuma-se a situar o surgimento das primeiras publicações jornalísticas
empresarias em países da região central européia, como a Alemanha e a
Suíça, entre as décadas de 1830 e 1840. Esses veículos só começariam a ser
adotados com maior freqüência, no entanto, a partir da última década do século
XIX, na Europa e nos Estados Unidos, para fazer frente à imprensa sindical e
oferecer referências que facilitassem a integração de operários vindos do
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campo ao ambiente cada vez mais complexo das fábricas (REGO, 1987, p. 17-
22).
O Brasil só as adotaria muito depois dos europeus e norte-americanos,
devido ao seu tardio processo de industrialização. Somente na década de 60
as organizações atuantes no Brasil alcançam um número significativo de
publicações. Nesta época, um estudo feito pela então recém-criada Aberje -
Associação Brasileira de Comunicação Empresarial - estimou o número de
publicações empresariais periódicas em duzentas, concentrados, sobretudo, na
região sudeste.
Mas o processo de redemocratização e a organização dos trabalhadores
nos fins da década de 70 e início das de 80, somados à abertura econômica do
país na década seguinte remodelariam definitivamente não só a comunicação
organizacional, como toda a gestão das organizações. Entravam em cena os
esforços de modernização de gestão empresarial, qualidade e produtividade.
Por outro lado, a sociedade passava a demandar às organizações informações
sobre sua atuação em áreas como meio ambiente, sua atuação social a
qualidade de seus serviços e produtos, o seu relacionamento com o cliente/
usuário etc. (LEMOS, 1997).
Inicia-se, por parte das organizações uma busca por relações mais
estáveis com seus públicos. Termos como gestão de pessoas, gestão de
comunicação, e gestão do conhecimento, passam a fazer parte da literatura
empresarial contrariando o período Fordista de relações de produção calcadas
predominantemente na instrumentação e eficiência técnica.
“O mundo do trabalho passa a incorporar definitivamente a
variável comunicação como uma de suas competências
essenciais (...) O melhor gerente passa a ser o que, além de
saber informar, sabe-se manter informado, criando
oportunidades diversas de interação entre diferentes níveis
hierárquicos dentro da empresa. Para o trabalhador, a
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capacidade de se comunicar, de se fazer compreender num
ambiente que subitamente lhe assegura o direito à
expressão, transforma-se em verdadeiro diferencial”
(GÁUDIO e LEMOS, 2002, p. 258).
Por outro lado, as organizações ao depararem-se com a concorrência e
o aumento da competitividade, passam a se utilizar cada vez mais de
estratégias e técnicas relacionais de comunicação institucional e marketing
dirigidas a públicos cada vez mais específicos e segmentados. Dentre as
diversas ferramentas utilizadas, as publicações jornalísticas caracterizam-se
como uma opção perfeita para atender às demandas de uma comunicação
mais informativa, fruto da necessidade de as organizações estabelecerem uma
nova relação com a sociedade, diante das exigências dos direitos do
consumidor, das questões ambientais e dos posicionamentos juntos aos
agentes sociais, econômicos e políticos tão inter-relacionados no mundo das
novas tecnologias da informação (LEMOS, 1997).
Para ilustrar, segundo dados da Aberje, aquelas 200 publicações
jornalísticas organizacionais estimadas em 1967, saltaram de 624 em cerca de
300 organizações em 1987, para mais de 10.000 publicações de organizações
por todo o país atualmente (ABERJ, 2007).
2.2 - A Visão estratégica
Algo que os estudiosos da comunicação organizacional vem afirmando,
quase em unanimidade, é a necessidade dissociar a imagem e as funções de
uma publicação a de atividades técnicas isoladas de um contexto de gestão do
planejamento da organização. Segundo eles, há de se pensar, criar, executar e
avaliar as publicações de uma forma estratégica. Associá-las ao um
planejamento global e a um plano de comunicação organizacional integrado
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que leve em consideração os objetivos, a visão, a missão, os valores, as
políticas e os objetivos mercadológicos e institucionais da organização.
Igor Ansoff, um dos primeiros autores a introduzir o conceito de
administração estratégica nas organizações, explica que essa atividade:
“Preocupa-se com o estabelecimento de metas e objetivos
para a organização e com a manutenção de um conjunto de
relações entre a organização e o ambiente, (a) que lhe
permitam conseguir seus objetivos, (b) sejam compatíveis
com as potencialidades organizacionais e (c) lhe possibilitam
continuar a ser sensível às exigências do meio ambiente”
(1993, p.553).
Uma publicação é gerida a partir de um órgão estratégico, gerenciador
da gestão de comunicação. Esta gerência deve estar antenada ao
relacionamento da empresa com seu ambiente, à gestão das mudanças, à
perseguição de seus objetivos e metas mediante o desenvolvimento de suas
possibilidades organizacionais na valorização da flexibilidade, do poder de
inovação e da criatividade. (KUNSCH, 2002, p.239)
Ao assumir um caráter estratégico, dada a sua capacidade difusora das
informações, concernentes à organização, a sociedade, a capacidade de
amplificação do sentimento de pertencimento dos funcionários, seu
estreitamento de laços relacionais com os seus mais diversos públicos e o seu
alcance de trabalho institucional, as publicações jornalísticas organizacionais
passam a ocupar um lugar cada vez mais importante no contexto estratégico
das organizações atuais.
“Apoiada por suportes técnicos, como jornais, intranet,
Internet, etc., a comunicação pode efetivamente vir a
cumprir seu papel de agente propulsor da interação entre os
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diversos públicos de uma organização” (GÁUDIO e LEMOS,
2002, p.260).
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CAPÍTULO III – AS PUBLICAÕES IMPRESSAS
Não é o objetivo desta monografia dissecar as características mais
específicas da produção e de cada publicação, contudo abordar-se-á nas
seções subseqüentes uma série de características e considerações, apontados
pelos mais renomados estudiosos e profissionais do assunto, para a
consecução de uma publicação jornalística organizacional. Apesar de muitas
dessas particularidades se aplicarem a todo tipo de publicações, neste capítulo
será dado certa ênfase aos veículos impressos.
Para tanto, será utilizado o modelo de comunicação proposto por um
dos teóricos pioneiros no estudo dos processos comunicacionais, o cientista
Harold Lasswell (1948). O famoso modelo de Lasswell, “Quem diz o que, em
que canal, para quem e com que efeitos?” servirá de referência para análise
das afirmações de um corpo conceituado de profissionais da comunicação no
que tange ao estudo dos emissores, conteúdos, meios, receptores e efeitos
em uma publicação jornalística organizacional, somadas à análise particular da
variável temporal da periodicidade e atualidade, princípios consagrados e
indissociáveis de uma publicação jornalística.
3.1 - O estudo dos emissores e receptores
Segundo Jorge Duarte, toda publicação deve ser planejada a partir do
interesse do público a que é destinada. Esse princípio é significativo para
ressaltar a importância de associar o sucesso da publicação ao interesse e a
boa recepção de seu público. Muitos empregados, por exemplo, ressentem-se
de não verem abordadas questões que de fato os interessem, mas sim um
excesso de informações institucionais a respeito da empresa. “Quando uma
publicação é programada de tal forma que enfatiza principalmente as
comunicações descendentes, provoca o desinteresse da comunidade”(2006).
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Sobretudo quando a publicação é voltada para o público interno, a
pauta deve voltar-se para uma programação que atenda mais de perto os
funcionários, através de reportagens de cunho humano, entrevistas com os
empregados, a busca de uma interação através de promoções e ações que
favoreçam um feedback, etc.
Para J.B. Pinho, é necessário entender a difusão de informações em um
contexto participativo, onde o receptor da informação passa a fazer parte
também, em alguma margem, do processo de emissão. Mais que isso, que
processo informativo também possa ser exercido, entre os próprios
“receptores” (2002, p. 31). Um comitê editorial representado pelos diversos
setores e hierarquias de uma organização, os espaços para as dúvidas e
sugestões de todo o corpo funcional e as seções abertas para a publicação de
contribuições e colaborações são instrumento que certamente demonstrariam
os reais interesses de uma organização na proposição de um diálogo regular
entre e com o seu meio.
No livro “A Opinião Pública”, os pesquisadores Robert Lane e David
Sears afirmam uma premissa oriunda da área de gestão de pessoal que pode
ser facilmente adaptada no contexto das publicações organizacionais. “Quanto
mais os indivíduos participam na formulação de decisões, tanto maiores as
probabilidades de aceitação das decisões”. Em outras palavras, quanto mais os
leitores participem, ou tenham a chance de participar, de uma publicação, mais
provável será a aceitação do resultado, visto que passará a fazer parte do
mesmo.
3.2 – O estudo do conteúdo
De maneira geral, uma publicação organizacional oferece aos leitores
um relato organizado dos acontecimentos atrelados à realidade e ao cotidiano
da organização e de seus públicos – em consonância com os seus objetivos
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estratégicos e seus públicos alvos específicos: internos, externos,
stakeholders, etc. Ao selecionar alguns fatos, destacados do fluxo contínuo do
cotidiano, e divulgá-los em intervalos fixos, o comunicador ajuda a atribuir
sentido aos acontecimentos e à passagem do tempo (GÁUDIO, 2003, p. 256).
Para Rego, o conteúdo deve ter uma variedade temática para
tornar a publicação mais dinâmica frente aos múltiplos interesses do leitor:
informações a respeito de atividades extrafuncionais da empresa ou de eventos
absolutamente externos a mesma, mas que influenciam seus cotidianos. Há
uma diversidade de interesses e curiosidades por parte do leitor de uma
publicação institucional que não sejam necessariamente as atividades e os
projetos grandiosos da instituição (1987, p. 56).
Para ilustrar, em uma pesquisa feita pela revista Idéia Comunicação,
verificou-se que, no que tange a uma publicação interna, os funcionários
buscam, em primeiro lugar, por informações que afetem o seu dia-a-dia na
organização (1998).
No caso de uma publicação interna, por exemplo, o conteúdo há de ser
atual e abrangente, equilibrando assuntos que dizem respeito diretamente ao
empregado e ao que a organização pretende divulgar. O conteúdo de uma
publicação busca a harmonia entre os seus públicos através de um discurso
unificador
“Se elas emanam apenas da diretoria, são a expressão de
certa forma de paternalismo, se são programadas apenas
com base nos interesses dos empregados, podem prestar-se
a várias reivindicações conflitantes com os interesses da
organização. Quanto mais se alargarem as distâncias entre
uma categoria e outra, tanto maiores perturbações poderão
provocar.” (REGO. 1987, p.55)
23
As publicações, assim, terminam por criar para seus mais diversos
públicos - funcionários, usuários, clientes, acionistas, comunidade, imprensa -
uma espécie de agenda da instituição, em que mesmo os temas mais
conflituosos podem ser tratados em abordagem que privilegie os aspectos
unificadores. Essa agenda, muitas vezes, servirá de fonte a esses públicos
quando o assunto for a organização, o que ressalta a importância estratégica
dessas publicações.
3.3 - O estudo da Forma ou Linguagem
O conteúdo geralmente se organiza no formato objetivo da notícia, o que
gera a credibilidade do distanciamento do enunciador. Tal qual reza a cartilha
básica do jornalismo informativo, o discurso deve buscar a impessoalidade da
terceira-pessoa do singular; as matérias devem ser leves, bem harmonizadas e
estruturadas; os períodos curtos e em ordem direta e o texto claro e conciso
em linguagem simples e de fácil compreensão. O lead cumprirá bem o seu
papel procurando, no primeiro parágrafo, respostas às suas clássicas
questões: o quê, quem, como, quando, onde e por quê (LAGE, 2006).
Torquato Rego alerta, contudo, para os limites de um discurso
excessivamente formal-informativo que possa distanciar-se demais do leitor
tornando a leitura pouco atraente.
“Para atingir um grupo bastante heterogêneo, a publicação
deve escolher um certo ponto hipotético central, algum
denominador comum (...) Ora, a impessoalidade, apregoada
por todos os autores de jornalismo, pode alongar as distâncias
entre a publicação e o público interno da empresa. (...) Somos
favoráveis a uma linha de maior participação do redator nos
textos e do afastamento da total impessoalidade das
informações nas publicações institucionais”.(1987, pg. 89).
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Também para isso, deve-se buscar uma divisão adequada dos gêneros
jornalísticos – informativo, interpretativo e opinativo – e do espaço reservado ao
entretenimento. “O enriquecimento editorial deverá apoiar-se numa divisão
entre os gêneros jornalísticos, de forma a estabelecer um tratamento específico
e adequado para cada tipo de matéria”.
A legibilidade e a compreensão textual não podem ser prejudicadas
pelo uso de termos técnicos e jargões das atividades fim de uma empresa ou
organização – certamente inacessíveis aos funcionários de outras áreas – que
podem ser facilmente amenizados e resolvidos, com a exemplificação de
casos, analogias e explicação, com o uso de texto, legendas e infográficos.
Ainda segundo o autor, há de se ater a qualquer ruído na comunicação advindo
de um tecno-vocabulário que precise ser trabalhado de modo a tornar-se
inteligível ao leitor-médio alvo da publicação.(Op. Cit, pg 66)
Para criar uma “noção de continuidade” entre publicações consecutivas,
a presença de suítes na cobertura de eventos importantes é recurso
aconselhável para assegurar à publicação, uma característica muito própria
dos jornais diários: a cobertura e o acompanhamento regular dos assuntos de
interesse de seus leitores gerando nestes uma expectativa que se alongam por
mais de uma edição.
Quanto à esquematização morfológica, recursos como a ilustração,
fotografia e os espaços em branco não podem ser desprestigiados. Quando
perguntados pelo Instituto Gallup dos Estados Unidos em 1996, sobre o que
chamava mais atenção numa publicação, a resposta foi positiva para 96% das
fotografias, 63% das legendas, 61% dos títulos e, apenas, 19% dos textos.
John Peter, Editor do caderno internacional do New York Times, afirmou
certa vez:
“Eu só leio as chamadas, os títulos e as legendas, além do
texto de alguns artigos, e tenho a sensação de ter lido o
jornal inteiro”. (Apud Duarte, 2006).
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Para Jorge Duarte, um texto sempre pode ser reduzido, e quando muito
grande pode se transformar em dois textos menores, porque é importante dar
flexibilidade e agilidade a diagramação para uma perfeita distribuição e
equilíbrio, segundo as especificidades do projeto editorial, das fotos e
ilustrações e textos, títulos, antetítulos, olhos, etc. na mancha gráfica.
3.4 - O estudo dos meios
Não poderia haver aqui melhor aforismo que a célebre frase cunhada
pelo filósofo canadense McLuhan: “o meio é a mensagem”(1971, pg 21). De
fato, no caso das publicações organizacionais impressas, há uma influência
direta, quanto a conteúdo e mensagem, do meio, em que o material é
veiculado. O tipo de veículo informativo, seu material, sua disposição gráfica,
seu número de páginas, seu formato, tamanho, tipo de papel, processo de
impressão etc., são mensagens que complementam o conteúdo. Uma
interlocução harmônica entre o meio e a mensagem é um pressuposto para
uma comunicação mais clara.
“Quanto mais harmonia existir entre meio e mensagem, ou
ainda, quanto mais as mensagens complementares se
aproximarem do conteúdo semântico da publicação, maior
inteligibilidade terá” (REGO, 1987).
Esses elementos técnicos são importantes para criação da informação
como um todo. A natureza da publicação é definidora de certas formatações:
um boletim ou uma newsletter impresso, por exemplo, são mais sucintos e não
comportam os mesmos tipos de mensagens que poderão ser apresentados
numa revista. Esta se utiliza com freqüência do gênero interpretativo e matérias
26
mais longas; tem um padrão estético mais elevado, com papel de maior
qualidade e fotografias grandes e coloridas.
A diferença entre a natureza dos veículos, entretanto, não representa
algum mérito ou demérito. Para Lemos, nem sempre um veículo
tecnologicamente avançado ajusta-se ao público ou aos recursos com que se
pode contar. Entre o público de uma organização complexa, sempre haverá o
empregado que prefira o jornal mural ao correio eletrônico, a intranet ao jornal
impresso, a reunião de equipe ao informativo, ou o cliente que prefira a
newsletter impressa ao CD-ROM e vice versa (2003, p. 268).
“A definição dos formatos a serem empregados devem ser
feita em cada situação, de acordo com os objetivos
buscados, o público, os recursos disponíveis, a cultura
organizacional e a evolução dos processos de comunicação
na empresa” (Ibid.).
3.5 - As variáveis temporais: atualidade e periodicidade
Para Luiz Beltrão atualidade é tudo que diz respeito à história do
presente. “É a vivência do cotidiano, do presente, do efêmero. O jornalismo
procura nele penetrar e dele extrair o que há de básico” (1960 p. 66). Já nas
palavras de um dos repórteres mais respeitados do Brasil, Ricardo Kotscho,
esse conceito ganha uma maior extensão. ”Qualquer assunto serve se
pudermos por meio dele, mostrar algo novo que está acontecendo, ainda que o
tema seja antigo”. Kotscho, ao discorrer sobre as pautas em seu livro, A Prática
da Reportagem, ressalta que a atualidade - um dos princípios básicos do
jornalismo tradicional somado à periodicidade, universalidade e difusão –
apesar de se ater às variáveis de nosso cotidiano, pode ir “beber” da rica fonte
de acontecimentos da história a ela sempre atrelados (2000).
27
A atualidade, contudo, não se restringe a um valor absoluto, e está
condicionada à “periodicidade” (DUARTE, 2006). Em curta explicação, a
periodicidade é o estabelecimento e a execução de um intervalo regular entre a
veiculação de uma publicação. Ela aplica-se perfeitamente ao contexto das
publicações jornalísticas impressas de uma organização, e de modo um pouco
mais flexível no caso das publicações digitais, dadas as características
peculiares do canal – as propriedades instantâneas do conceito de “tempo real”
num site informativo, por exemplo. Seu mérito vem da sua capacidade de
regularizar uma apresentação informativa organizando-a num contexto
temporal. O leitor se situa ao participar do processo informativo de seu tempo e
sabe que contará com um novo na próxima edição, atualizada segundo suas
próximas referências. Para Torquato do Rego, o estabelecimento e o
cumprimento de prazos devem ser leis das mais vigorosa na escala dos
procedimentos editoriais.
“Nenhuma publicação é capaz de criar o hábito no leitor se
não tiver periodicidade regular e obedecida rigorosamente. A
observância de prazos é fator importante para a sua
informação e credibilidade junto ao público. A irregularidade
amortece o interesse pela leitura” (1987, p. 89).
3.6 - Os efeitos: avaliação e controle de qualidade
Já foi descrito nessa monografia, a importância – apregoada pela série
de estudiosos citados - da adoção de uma visão estratégica em uma
publicação e de sua associação a um planejamento global consubstanciado
nos objetivos gerais da organização. Toda e qualquer planejamento eficiente,
contudo, deve pressupor a avaliação de seus resultados para sua aferição e
controle de qualidade (KOTLER, 2003).
28
O controle de qualidade das publicações exercido através de avaliações
regulares e permanentes são atores importantes no processo de integração da
comunicação organizacional e da consecução de sua nova política estratégica.
Ele propiciará a detecção de falhas e verificar a relação entre o que estava
previsto e o que está efetivamente ocorrendo. Para isso é importante a adoção
de um conjunto de indicadores que permite auditar de forma comparativa os
dados recentes com os anteriores (TAVARES, 2000 p.387)
Pesquisas feitas junto aos públicos receptores das publicações poderão
ajuizar uma direção mais ou menos conveniente da administração para a
atingir seus objetivos de comunicação com mais eficiência
3.7 – Exemplos de veículos impressos
3.7.1 - Boletim / Informativo
O Boletim é apropriado para informações mais imediatas na forma de
notas, notícias e textos curtos. Costuma a ter um número de paginas mais
reduzidos e menor variedade temática do que o jornal e a revista institucional.
Geralmente é utilizado para comunicar-se com os empregados e circula em
intervalos curtos, exigindo assim, o meio mais rápido para a sua difusão.
3.7.2 – Newsletter
Publicação sobre tema específico, voltada para um público
determinado. O conteúdo é especializado e sua distribuição é feita em
intervalos regulares a um grupo de pessoas cadastradas.
29
3.7.3 – Jornal
Tem uma periodicidade mais estendida que a do Boletim, devido a seu
conteúdo mais genérico e mais rico de gêneros informativos. Suas pautas são
uma síntese dos acontecimentos que influenciam a organização e seus
públicos em determinado período. O jornal dispõe uma gama mais variada de
gêneros jornalísticos do que o Boletim. Nele encontramos o gênero informativo
somado ao opinativo, interpretativo e de entretenimento. Sua organização
gráfica e diagramação também são mais elaboradas. È geralmente voltado
para o público interno e formadores de opinião.
3.7.4 - Jornal-mural
Veículo jornalístico empresarial basicamente informativo em que
notícias são afixadas em espaços específicos nas paredes, divisórias ou em
cavaletes estrategicamente disponibilizados. A facilidade de acesso direto
pelos funcionários, sobretudo quando esses não utilizam um terminal de
computador é sua maior vantagem. As notícias são curtas e apresentadas em
letras grandes, apropriadas para uma leitura rápida, por quem está de
passagem. O local de sua veiculação deve obviamente ser muito bem avaliado.
Segundo Rozália Del Gáudio é importante não desdenhar essa forma de
comunicação tão rudimentar e frisar o quanto o valor e a capacidade de
comunicação de um veículo tão simples de comunicação como este é eficaz, e
única, mesmo em tempos da revolução da comunicação digital. (GAUDIA,
2002, pg 274)
3.7.5 – Revista
É um veículo organizacional que circula entre intervalos mais
espaçados. De custo de produção mais alto, eu tratamento gráfico é mais
30
apurado, seu suporte em geral é de papel de alta qualidade. A diagramação
utiliza cores, imagens, boxes e infográficos, tudo moderado pelo bom-senso
profissional. Apesar de haver uma variedade de gêneros a revista preza o
gênero interpretativo explorando e aprofundando temas sem cair na armadilha
de se tornar uma publicação defasada. Apresenta, portanto, um conteúdo de
interesse permanente e um grande volume temático. Em geral é também
utilizada para a comunicação institucional da organização com o público
externo.
31
CAPÍTULO IV – PUBLICAÇÕES DIGITAIS
Não há como ignorar a revolução por que passamos com o advento das
mídias digitais e o estabelecimento de uma nova era da informação. Esta tem
dentre suas características fundamentais o crescimento contínuo de nossa
habilidade de trocar informações mais rapidamente e mais amplamente
propiciadas pelas chamadas novas tecnologias da informação e da
comunicação.
4.1 – NTIC – Novas tecnologias da comunicação e da informação
As NTIC são os meios e métodos de comunicação surgidos no contexto
da chamada “Terceira Revolução Industrial” ou “Revolução Informacional’’
desenvolvidos gradativamente desde a década de 70 do século passado. Sua
peculiaridade é poder dispor de um conteúdo de comunicação menos palpável,
muito mais ágil, multimidiático e com uma capacidade de armazenamento de
informações exponencialmente maior. Através das NTIC, as informações –
sejam de texto imagem, vídeo ou som - podem ser facilmente comprimidas,
codificadas, editadas ou reproduzidas por meio de digitalização; e captadas,
transmitidas, distribuídas através da comunicação por redes. Para citar alguns
exemplos, esse fenômeno é o que ocorre em todos os equipamentos
constituídos de semicondutores que processam suas informações no formato
binário (0,1) dos "bytes” como os computadores, celulares, impressoras,
Internet, ou seja, os novos equipamentos digitais em geral.
As novas tecnologias da informação transformaram-se num verdadeiro
paradigma das sociedades modernas afetando, inclusive, as maneiras pelas
quais os indivíduos experimentam as características de espaço e tempo da
vida social.
32
J. B. Thompson cunhou o termo “Historicidade Mediada” para nomear o
processo pelo qual nosso sentido do passado - e de como ele nos alcança - se
torna cada vez mais dependente da expansão crescente de um reservatório de
formas simbólicas mediadas pelas novas tecnologias da comunicação e da
informação. Nesse processo, surge ainda o conceito de “mundanidade
mediada” que se explica pela constatação de que nossa compreensão do
mundo já está fora do alcance de nossa própria experiência pessoal, de nosso
lugar dentro dele, e está sendo modelada cada vez mais pela mediação de
formas simbólicas.
“Ao alterar a compreensão do lugar e do passado, o
desenvolvimento das mídias modificou o sentido de
pertencimento dos indivíduos, a compreensão dos grupos e
das comunidades a que eles sentem pertencer (...) o
crescimento de múltiplos canais de comunicação e
informação contribuiu significativamente para a
complexidade e imprevisibilidade de um mundo já
extremamente complexo e para a criação de novos regimes
de visibilidade dentro da sociedade” (THOMPSON, 2002).
As Novas Mídias vêm se envolvendo ativamente nessa construção de
nosso mundo social criando acontecimentos que poderiam não ter acontecido
com a ausência delas. E criando, sobretudo, novos espaços para produção e
reprodução dessas novas realidades. Esses novos espaços se multiplicam a
cada dia, não por acaso, mas por uma demanda já existente e retro-
alimentadora da informação digital. Esse processo gera, para o estudioso da
comunicação Roberto de Camargo Penteado Filho, a transformação da
informação em um commodity com valor (2002). Assim a informação pode dar
uma vantagem competitiva a indivíduos e a organizações, e é “cotada”
segundo a sua credibilidade e utilidade tanto para fonte como também para o
receptor.
33
4.2 – As NTIC na Comunicação Organizacional
Naturalmente as organizações contemporâneas precisam saber lidar
com as referidas demandas de informação digital, compreendendo suas novas
linguagens e aplicações não só para delas tirarem o maior proveito, mas, acima
de tudo, para sobreviver ante a mercados e públicos cada vez mais
“digitalizados”.
A informação gerada e produzida através da WWW (World Wide Web)
em micro computadores pessoais espalhados em rede pelo mundo inteiro
tornou-se símbolo de uma nova era e síntese da utilização das novas
tecnologias da informação.
A formação de públicos, por exemplo, através dos antigos meios de
comunicação e de veículos e publicações tradicionais - mais desarticuladas e
lentas - acelera-se com a Internet. As massas podem ultrapassar suas
características de “estar espacialmente separadas”, achar interesses
convergentes na rede e formar, instantaneamente, públicos motivados e bem
maiores, contudo específicos e segmentados, como nas infinitas salas de
discussão, fóruns e listas cada vez mais focados em um assunto particular
(FILHO, 2002, p.341).
Mais do que o tradicional e limitado papel de consumidores de
informação, as audiências agora podem interagir e articular-se entre si e com
as organizações de seus interesses por meio dessas novas tecnologias.
Os paradigmas que os comunicadores conhecem a tempo
passam por “mudanças irrevogáveis” em função das NTIC,
ultrapassando a forma de comunicação tradicional de
“poucos para muitos” para “muitos para muitos”.
(FILHO,2002 , pg 348 )
34
Para as publicações internas e institucionais de uma organização, essas
peculiaridades das NTIC emancipam o contato emissor-receptor ao gerar um
amplo espectro de novas possibilidades de comunicação – e, sobretudo,
relação - com seus públicos através das chamadas: Publicações Digitais.
Essas publicações em nada diferem das publicações tradicionais no que
diz respeito a seus objetivos e conteúdos, ao menos no âmbito geral. O que as
diferencia são as funções singulares propiciadas por seus suportes, ou meios –
no caso o suporte digital - que as distinguem das demais por gerarem novas
linguagens, acessibilidades, formatos e um composto multimidiático não linear.
As Publicações Digitais Organizacionais aqui estudadas usam como suporte o
meio digital, não–linear, da Hipermídia, articulado junto a Internet.
4.3 – Uma nova linguagem, novas aplicações.
J. B. Pinho - em seu trabalho a respeito das Relações Públicas na
Internet (2002, p. 27) - enumerou alguns aspectos críticos que diferenciam a
Internet das mídias tradicionais. Esses devem ser mais bem conhecidos e
corretamente considerados para a produção, reprodução e utilização
adequadas das publicações digitais. A seguir eles serão descritos
acompanhados das análises e conclusões de seu estudo:
a)Não-linearidade – O papel e os suportes físicos conhecidos têm uma
estrutura linear. São lidos a partir do canto superior esquerdo de cima para
baixo numa sucessão de capítulos ou retrancas pré-determinadas. Mesmo que
o leitor opte por iniciar a leitura a partir de um determinado ponto não há como
vincular outros textos dentro deles através de links. Assim ele tende a seguir
uma ordem linear. Já na informação alojada numa publicação digital, o
35
hipertexto permite que o usuário se movimente pelas estruturas da informação
sem uma ordem pré-instituída. E como a capacidade de armazenamento dos
veículos digitais é muito grande, são inúmeros os caminhos e as diferentes
ordenações que podem ser trilhadas pelo receptor. O leitor pode saltar
especificamente entre os dados e as informações que o convém.
b) Fisiologia – A tela do computador afeta a visão humana de modo
diferente do suporte do papel. Nossos olhos piscam menos do que dezesseis
vezes por minuto com a vista relaxada, o que esta abaixo do normal, quando
comparado com a leitura em um suporte tradicional. Isso pode levar a fadiga
visual (visão embaraçada, ardência e até dores de cabeça). A distância da
leitura também não é tão facilmente regulável como no papel. Um estudo
realizado pela instituição de pesquisa americana Sun Microsystems revelou
que devido a esses fatores o internauta lê 25% mais devagar na tela do
monitor, por isso a recomendação é a de que o texto produzido para um
veículo digital seja ao menos 50% mais curto que o escrito para o papel.
c) Instantaneidade – A Internet transmite mensagens e arquivos quase
no mesmo instante dos acontecimentos. Não há deadline, nem uma notícia
precisa esperar o início de um telejornal para ir ao ar. Num veículo de
publicação interna como um House-Organ Digital, o deadline da publicação é a
cada minuto do dia de trabalho.
d) Dirigibilidade – A Internet propicia ampla gama de possibilidades para
direcionar as mensagens a alvos específicos. Uma informação dada pode ser
enviada diretamente a um cadastro de clientes, fornecedores, ou um grupo de
interesse em particular.
e) Qualificação – Os usuários de Internet são em sua maioria um público
qualificado, com alto nível de escolaridade e formador de opinião.
f) Baixo custo de produção - As despesas para a produção e, sobretudo,
distribuição de uma publicação digital são baixas e demandam mão de obra de
36
menor quantidade quando comparadas as despesas das publicações
tradicionais.
g) Interatividade – O meio digital e a Internet permitem inúmeras formas
de interação. Essa característica está de tal forma associada a estes meios,
que um conteúdo on-line carente dessas características é desprestigiado pelo
leitor. “Na Internet, a organização não está falando para uma pessoa, mas
conversando com ela” (PINHO, 2002, P. 31).
h) Pessoalidade – Conseqüência direta da interatividade, a comunicação
digital é de caráter pessoal, por isso a produção e distribuição de conteúdo
devem buscar ao máximo a mensagem segmentada e personalizada.
i) Acessibilidade – O telejornal termina, a publicação impressa eterniza-
se na sua edição, mas a publicação digital pode ser atualizada 24 horas por dia
em sua disponibilidade permanente.
Para Bruno Rodrigues (2004, p.26), a Internet reavivou o contato do
cidadão com as instituições e, por isso, é importante que se estimule a cada
instante a opinião do usuário, tomando-a como referência.
Por isso numa publicação digital os principais benefícios e
características de seu meio merecem ser lembrados aos usuários de modo que
estes os exerçam sempre que possível: acesso imediato, conforto, atualização
constante, abrangência das informações oferecidas e rapidez no contato.
O redator (webwriter) deve trabalhar com a idéia de camadas,
oferecendo aos poucos os aspectos da informação. Para isso listam-se
anteriormente todos os aspectos da informação que serão abordados,
esgotando-os até onde for possível para a produção de uma informação
completa (Rodrigues, 2004, pg 26).
Segundo o pesquisador, é importante que o produtor da publicação
saiba romper os limites textuais lineares, para se abrir à natureza da
composição hipertextual e multimídiática. A não linearidade deve ser
37
aproveitada de modo eficaz e a disposição de outras mídias corretamente
distribuídas. As imagens jamais devem repetir uma informação já anunciada.
Estas, bem como os demais componentes – texto, áudio e vídeo – devem ser
entendidos como complementares, fechando o cerco à informação. A utilização
do vídeo e áudio, quando possível, não pode ser dispensada; garante
transparência e credibilidade à comunicação e gera empatia.
O usuário espera encontrar nas páginas virtuais todo o detalhamento
que precisa através do conteúdo expandido no caminho hipertextual. Logo não
há limites para a informação, mas há limites para o texto que deve ser dividido
em pequenos blocos acessados por links da própria página.
Links do próprio sítio devem complementar a informação, já os links para
outros sítios devem ser acompanhados de uma orientação que identifique o
que o usuário irá encontrar (idem , ibidem).
4.4 – Exemplos de Publicações Digitais
4.4.1 - Portal Corporativo
Apesar de ser considerado uma publicação digital, o portal é na
realidade o centro convergente para a veiculação de inúmeras outras
publicações digitais. A partir dele, que é acessado através do endereço de IP
ou de rede interna (intranet), podem-se criar diversas formas eficazes de
comunicação com públicos distintos e segmentados por intranet, extranet ou
mesmo pela grande rede. Clientes, fornecedores, imprensa, formadores de
opinião, público interno, stakeholders, cada um desses públicos são atingidos –
de forma segmentada e direcionada - através de publicações digitais a baixo
custo e grande praticidade. Para isso combinam-se as vantagens de estratégia
de entrega (push) e disponibilização (pull) da informação, através ou não de
senhas de acesso específicas.
38
A comunicação através das publicações digitais de um portal corporativo
é uma tarefa estratégica. Nele devem estar disponibilizadas - e a partir dele
distribuídas - as informações mais demandadas por seus públicos. Seus
produtos informativos devem estar integrados, sempre que possível. Todo
material e toda publicação impressos para o trabalho de comunicação
institucional deve dispor de versões digitais para serem acessadas. O mesmo
serve para vídeos, fotos, relatórios de atividades, balanços financeiros e
balanço social, entre outras publicações.(FILHO, 2002 p. 350)
As informações e publicações digitais direcionadas à imprensa
costumam a organizarem-se num link comumente chamado de “sala de
imprensa”. Uma página em que estejam reunidas informações como notícias,
eventos, posicionamentos, informações sobre produtos e serviços, um banco
de imagens e fotografias, acervo dos boletins digitais e de releases, relatórios,
balanços, etc - além dos dados e contatos dos assessores de comunicação
(idem, ibidem)
Um exemplo a ser citado é o da Sala de Imprensa do site da Embrapa
“Uva e Vinho” (http://enpuv.embrapa.br/). Após pesquisa do departamento de
comunicação, as informações mais procuradas pelos jornalistas passaram a
ser disponibilizadas. Listagens e relações de entidades e centros de pesquisa e
parceiros do setor vinícola brasileiro; estudos sobre o mercado de uvas e
vinhos; uma seção específica para os estudos e pesquisas realizadas pela
Embrapa com o respectivo contato de seus pesquisadores – disponibilizando-
os como fonte - e do jornalista que produziu o texto; vídeos informativos;
imagens, quadros-sínteses e fluxogramas interativos e explicativos, dentre
outros.
4.4.2 – House Organ Digital – Intranet
A intranet é uma rede utilizada apenas no ambiente privativo das
empresas. Uma mini-internet. Muitas organizações, sobretudo as com um
39
grande número de funcionários, vêm reconhecendo vantagens no uso das
intranets para algumas publicações internas com o House Organ digital: a
atualização constante das informações, redução dos custos de distribuição, etc.
Ele permite a comunicação entre o público interno; a consulta a
informações técnicas, comerciais, de recursos humanos ou qualquer outra de
interesse funcional, profissional ou pessoal do funcionário; a comunicação
entre a direção e os empregados de uma forma interativa e participativa, dentre
outras. E como a plataforma digital possibilita uma capacidade de
armazenamento de informações muito grande, o House Organ Digital pode
tanto disponibilizar o noticiário do dia atualizado – que geralmente é
configurado para a “página Inicial” de todos os computadores da organização -
como manter arquivos grandes e detalhados a respeito de assuntos de
interesse do funcionário em espaços reservados, facilmente acessíveis pelo
menu da Intranet.
A Caixa Econômica Federal, por exemplo, adotou a estratégia do House
Organ Digital no ano de 2003. Esse veículo não substituiu os veículos
impressos usados anteriormente. Apenas redistribuiu melhor as tarefas. Afinal
em uma empresa com mais de 60 mil funcionários a praticidade e a redução de
custos afirmadas por um veículo digital, deixou a cargo deste a veiculação do
noticiário e das informações de interesse imediato. Já os veículos de
comunicação impressos , como a Revista “Gente da Caixa”, voltaram-se para o
gênero interpretativo, opinativo e de entretenimento, com uma bela
diagramação e uma apresentação de grande qualidade, grandes reportagens
de conteúdo variado voltadas para os públicos internos e externo, segundo as
estratégias da organização.
4.4.3 – Boletim Digital
O Boletim - ou Informativo – tem os mesmos objetivos do similar
impresso. Organizações, porém, vêm adotando o chamado Boletim Digital
40
(Informativo Digital, Virtual, ou mesmo, Boletim Virtual, a nomenclatura muda,
mas a ferramenta é a mesma) devido a sua agilidade, direcionabilidade e baixo
custo de produção e distribuição de informações imediatas de caráter mais
informativo. Podem-se dividir os Boletins Digitais em dois tipos: os enviados por
e-mail - entrega/ push - e os disponíveis no site – disponibilização/ pull -
(FILHO, 2002, p. 352).
O Boletim Digital é rápido e direto e costuma a ser utilizado para a
comunicação com públicos dispersos e segmentados como empregados de
diferentes unidades, clientes, fornecedores ou mesmo o público externo que,
uma vez interessado, pode cadastrar-se para recebimento da “mala-direta
virtual”.
O acesso, quando por e-mail, pode ser feito através de links para a
Edição com as chamadas das principais matérias do informativo,
disponibilizadas no corpo da mensagem, a todos os funcionários da Empresa
e, do mesmo modo, aos interessados que se cadastraram no sítio da mesma.
Desse modo não há a necessidade do arquivamento de anexos em PDF
pesados junto à mensagem.
4.4.4 - Vídeos corporativos (streaming media)
Não há como prescindir de uma ferramenta de vídeo a tão baixo custo
em plena era das imagens. A produção de vídeos institucionais e corporativos
hoje é simples e barata e sua disponibilização através da técnica de streaming
media possibilita a utilização por parte de qualquer usuário. Com o streaming
media o usuário não precisa mais esperar o arquivo ser baixado por inteiro
para acessá-lo. Essa ferramenta permite que o receptor assista ao vídeo ao
mesmo tempo em que o baixa em seu computador. Por ser uma mídia que
desperta muito interesse devido ao seu dinamismo, o vídeo embutido em
plataforma digital é hoje um sucesso na Internet – vide o fenômeno youtube
41
(www.youtube.com) – e pode ser um grande diferencial de publicação de
material institucional.
O site da Câmara do Deputados (www.camara.gov.br ) soube muito bem
aproveitá-los ao disponibilizar publicações em streaming media de vídeos, e
mesmo áudios, informativos que explicam ao usuário desde o funcionamento
do processo legislativo e do caminho percorrido por um projeto de lei, à
documentários sobre a história da política brasileira.
4.4.5 – Blog Corporativo
É a mais recente das publicações digitais. Blog vem do termo weblog,
web de internet, log do verbo inglês to log (registrar), ou seja, uma página de
internet pronta para se registrar alguma coisa.
Um Blog é uma página de internet atualizada freqüentemente composta
por pequenos textos, fotos ou vídeos, apresentados de forma cronológica e
seguidas de comentários dos internautas. É como uma página de notícias ou
um jornal que segue a linha do tempo com um fato após o outro.
Apesar de serem comumente descritos como diários eletrônicos
publicados na web - e de fato eles surgiram assim - essa acepção é atualmente
restrita por não abarcar seu significado e importância no contexto da
comunicação digital atual. Hoje em dia, há blogs dos mais diversos conteúdos,
pessoais ou corporativos, produzidos por formadores de opinião. Muitos deles
com um número de acesso maior que o de jornais on-line.
Seu diferencial é facilidade de sua produção e veiculação e a
possibilidade de interação jamais vista em outra publicação digital.
A utilização do blog no ambiente corporativo é uma tendência atual.
Segundo Patrícia Muller (2006), podemos classificar os Blogs Coorporativos
nos dois grupos que estão dispostos a seguir:
42
a) Blogs Corporativos externos: aqueles em que a organização publica
com o propósito de relação e interação com público externo, seja como canal
de comunicação, como iniciativa de reforço de marca, feedback para
desenvolvimento de produtos, gerenciamento de crises, relações públicas e
relacionamento com a mídia, posicionamento estratégico e assim por diante.
b) Blogs Corporativos Internos: aqueles que a empresa utiliza como
ferramenta de interação entre os funcionários na comunicação interna, base e
gerenciamento de conhecimento, acompanhamento de projetos e colaboração
interna, integração e reforço de iniciativas de recursos humanos, etc.
Para as organizações, o Blog Corporativo representa uma possibilidade
extremamente dinâmica de receber o feedback de seus públicos através dos
comentários dos usuários. Do mesmo modo, há uma inter-relação entre
diferentes blogs que se agrupam nos links de suas páginas. Através deles há
redirecionamentos constantes que multiplicam as possibilidades de
comunicação. É próprio da cultura do Blog um alto nível de interação - superior
ao de qualquer outra publicação digital. Conseqüentemente a disseminação
informações ganha um raio de alcance incomensurável a uma velocidade
extraordinária (CIPRIANI, 2006, P.33 -42).
43
CONCLUSÃO
No mundo de hoje, não há mais espaço para as organizações relegarem
a tarefa da comunicarem-se com seus públicos a uma série de atividades
táticas calcadas apenas na técnica de produção de ferramentas
comunicacionais. O tempo em que o departamento de comunicação de uma
organização era aquele responsável pelo “jornalzinho” já não existe mais. As
novas demandas da era da informação geraram a necessidade da adoção de
um complexo comunicacional estratégico baseado no planejamento e afinado
com a missão, a visão, os valores e os objetivos, não só da instituição, mas
também de seus públicos.
Funcionários, diretores, fornecedores, imprensa, stakeholders,
formadores de opinião, atualmente os diversos públicos têm uma capacidade
exponencialmente maior de interação, gerando influências diretas numa
organização.
Nesse contexto, a capacitação do setor de produção e distribuição de
publicações jornalísticas organizacionais é fundamental. Essas publicações
devem ser assimiladas segundo uma estratégia de planejamento global com
posicionamentos definidos e objetivos claros. São instrumentos indispensáveis,
que passam a ocupar um lugar cada vez mais importante na nova visão da
comunicação integrada. Seus resultados também devem ser objeto de
mensuração regular e o alcance de seus objetivos pré-estabelecidos devem ser
sempre avaliados, para um aprimoramento permanente.
Há, também, uma forte tendência rumo a segmentação das relações
comunicacionais. A comunicação dirigida deve ser adotada para buscar o
diálogo e a interação de públicos específicos de modo a estreitar e fortalecer os
elos da comunicação. Para isso, o gestor de publicações deve estar antenado
ao relacionamento da organização com o seu ambiente e suas mudanças,
44
adotando uma postura flexível, aberta à criatividade e à inovação. Deve
conhecer e compreender a esfera sócio-cultural de seus diferentes públicos.
Esse estudo permitiu concluir também como as novas tecnologias da
informação e da comunicação criaram um novo paradigma para a comunicação
nas organizações. A interação e o dinamismo propiciados pela plataforma
digital geraram conseqüências em todo campo relacional humano. Assim não
deixaria de ser com o departamento de comunicação organizacional. Mesmo
as publicações impressas passam por transformações para adaptarem-se às
demandas agora mais exigentes do público. Suas formas de composição e
produção adaptam-se a essas novas formatações até onde é possível, dadas
suas características físicas.
É importante ressaltar, porém, que as publicações digitais não surgem
para substituir as impressas. Estas, ainda que influenciadas pela nova
concepção de diálogo proposta por aquelas, permanecem e desenvolvem-se
para atender as peculiaridades e capacidades que só a elas são atribuídas.
Algumas características singulares como a portabilidade, o fácil manuseio, o
costume, a não-dependência da energia elétrica e, sobretudo, a ampla
utilização por parte do público - que ou não tem acesso aos veículos digitais,
ou por opção prefere uma plataforma impressa - fazem e farão com que as
mesmas apenas dividam mais espaço com os bytes.
O tipo e o suporte de publicações a serem adotados devem ser
escolhidos de acordo com os objetivos adotados, visto que cada uma é
composta de determinadas singularidades que são mais ou menos adequadas
a certos públicos, condições ou intenções. Um veículo moderno e
tecnologicamente avançado não será sempre o mais adequado. É importante
que o gestor de publicações tenha tato para reconhecer qual mídia ou veículo é
o mais conveniente.
Por fim, o estudo demonstra a necessidade de atualização permanente
do comunicador junto às novas tecnologias da informação e da comunicação.
Ferramentas digitais como blogs corporativos, a sala de imprensa de um portal
45
- e mesmo as diversas listas de discussão e fóruns da Internet - não podem
mais ser ignoradas pela organização. São ferramentas, que quando bem
utilizadas, potencializam muito a capacidade dialogal com os mais diversos
públicos. Quem já as está utilizando de modo eficiente, saiu na frente. Quem
não as utilizar daqui para frente perderá espaço. Os comunicadores precisam
trabalhá-las em seus cotidianos, mas também estarem sempre abertos às suas
inovações ainda não descobertas. Essa é a realidade da era da informação: o
profissional deve saber atualizar-se no dia-a-dia. As novidades de ontem
gerarão as novidades de hoje. Como se diz na gíria popular: “Não dá para
dormir no ponto”.
46
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estratégica. Tradução de Antônio Zoratto San Vicente e Guilherme Ary
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