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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA NO ESPAÇO ESCOLAR
Por: Luciete Cristina Alves da Silva Manhães
Orientador
Prof. Fabiane Muniz
Niterói (ou cidade de origem)
2009 (ano da finalização)
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA NO ESPAÇO ESCOLAR
Apresentação de monografia ao Instituto A
Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes
como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Psicopedagogia
Por: Luciete Cristina Alves da Silva Manhães.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente ao
Grandioso Deus por me dar saúde e a
força necessária para que eu possa
alcançar todos os meus objetivos. A
toda minha família pelo incentivo,
estímulo e apoio para que eu pudesse
chegar ao fim deste trabalho tão
importante para meu aperfeiçoamento
profissional. A todos os professores do
curso, pelos conhecimentos adquiridos.
A minha orientadora Fabiane Muniz. A
quem tenho uma profunda admiração.
4
À todas as pessoas que, direta
ou indiretamente, contribuíram com
ideias para o engrandecimento desta
monografia.
A todos, o meu muito obrigado!
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a Deus e a
Nossa Senhora pela força e coragem
para que eu pudesse vencer mais esta
etapa tão preciosa da minha vida.
Ao meu esposo Jorge por acreditar
na minha capacidade e pelo apoio
recebido de muito amor em todas as
horas.
Aos meus filhos Maycon e Thayná,
minhas jóias raras.
A minha mãe Alaíde por ser o início
de tudo.
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Ao meu pai Amaro (in memorian),
que mesmo tendo passado para o outro
lado da vida, com certeza, está olhando
por mim.
A minha única irmã Luciane e ao
meu sobrinho Adson.
Aos meus alunos por serem motivo
específico da busca deste curso.
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RESUMO
O tema deste trabalho surgiu a partir da necessidade de se refletir
sobre o processo de aprendizagem da criança no espaço escolar e como o
psicopedagogo pode orientar os profissionais da educação em relação aos
aspectos relevantes já existentes na estrutura de conhecimento de cada
indivíduo, já que a aprendizagem significativa é o oposto da educação
racionaria e violenta. Neste viés, a construção de seus valores teóricos reforça
a participação e as experiências do aprendiz. A compreensão, no sentido
amplo do conhecimento, propicia ao indivíduo a oportunidade de que as
vivências exteriores à sala de aula possam dar significado ao que é aprendido,
e não seja simplesmente a memorização de um conteúdo sem sentido, assim
como se mostra a realidade da maioria de nossas escolas, que continuam
sendo dominadas pela prática pedagógica tradicional, sem levar em
consideração e aproveitamento os conhecimentos prévios dos alunos.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I - Conceitos Básicos de Aprendizagem.
CAPÍTULO II - Teoria da Aprendizagem Significativa.
CAPÍTULO III – Psicopedagogia e Aprendizagem Significativa.
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
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INTRODUÇÃO
O objetivo deste trabalho é abordar a importância do psicopedagogo na
orientação dos profissionais da educação no processo de aprendizagem da
criança no espaço escolar.
Em todas as instâncias nas quais educadores reúnem-se para discutir
sobre educação, parece haver um consenso de que a educação básica deveria
visar, fundamentalmente, à preparação para o exercício da cidadania, cabendo
à escola formar o aprendiz em conhecimentos, habilidades, valores, atitudes,
formas de pensar e atuar na sociedade, através de uma aprendizagem que
seja significativa.
A despeito desse aparente consenso, em grande parte a realidade das
escolas brasileiras continua dominada por uma concepção pedagógica
tradicional, não chegando sequer a modificar as concepções espontâneas que
os aprendizes trazem de seu cotidiano.
Se queremos que os conhecimentos escolares contribuam para a
formação do cidadão e que se incorporem como ferramentas, como recursos
aos quais os aprendizes recorram para resolver com êxito diferentes tipos de
problemas, que se apresentem a eles nas mais variadas situações, e não
apenas num determinado momento de uma aula, a aprendizagem deve
desenvolver-se num processo de negociação de significados.
Por outro lado, se os aprendizes não pareciam o valor dos conceitos
escolares para analisar, compreender e tomar decisões sobre a realidade que
os cerca, não se pode produzir uma aprendizagem significativa. Não queremos
dizer, com isso, que todas as noções e os conceitos que os aprendizes
aprendem devem estar ligados à sua realidade imediata, queremos sim,
afirmar que os conteúdos que a escola veicula devem servir para desenvolver
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novas formas de compreender e interpretar a realidade, questionar, discordar,
propor soluções, formar leitores reflexivos do mundo que os rodeia.
Aprender é importante, faz parte do nosso dia a dia, mas, é preciso
repensar em como construir a cultura da escola em virtude de sua função
social, uma vez que, enquanto instituição, possui grande importância dentro de
uma comunidade social.
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CAPÍTULO I
CONCEITOS BÁSICOS DE APRENDIZAGEM
A aprendizagem é a modificação do comportamento frente a uma
situação, e implica em progresso e evolução.
A aprendizagem é gradual, isto é, vamos aprendendo pouco a
pouco durante toda a nossa vida. Portanto, ela é um processo constante e
contínuo. Cada indivíduo tem seu ritmo próprio de aprendizagem (ritmo
biológico) que, aliado ao seu esquema próprio de ação, irá constituir sua
individualidade.
Para Coelho (2003), a aprendizagem é o resultado da
estimulação do ambiente sobre o indivíduo já maturo, que se expressa, diante
de uma situação-problema, sob a forma de uma mudança de comportamento
em função da experiência.
É comum as pessoas restringirem o conceito de aprendizagem
somente aos fenômenos que ocorrem na escola, como resultado do ensino.
Entretanto, o termo tem um sentido muito mais amplo: abrange os hábitos que
formamos, os aspectos de nossa vida afetiva e a assimilação de valores
culturais. Enfim, a aprendizagem se refere a aspectos funcionais e resulta de
toda estimulação ambiental recebida pelo indivíduo no decorrer da vida.
O conceito de aprendizagem emergiu das investigações
empiristas em Psicologia, ou seja, de investigações levadas a termo com base
no pressuposto de que todo conhecimento provém da experiência. Ora, se o
conhecimento provém de outrem, externo ao indivíduo, isto significa afirmar o
primado absoluto do objeto e considerar o sujeito como uma tábula rasa, como
um ser vazio, sem saberes e com uma função única de depositário de
conhecimento.
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Este conceito inicial é baseado no positivismo que influenciou diferentes
conhecimentos, entre eles o behaviorismo. Neste, a aprendizagem se dá pela
mudança de comportamento resultante do treino ou da experiência. E se
sustenta sobre os trabalhos dos condicionamentos respondente e,
posteriormente, operante.
Para efetuar estes conceitos que determinam o ser humano como
passivo e não produtor, surge a Gestalt, racionalista. Neste momento histórico
não se fala em aprendizagem, mas em percepção, posto que tal corrente não
acredita no conhecimento adquirido, mas defende o conhecimento como
resultado de estruturas pré formadas , do biólogo ao indivíduo. (Giusta, 1990)
Por fim, há de se chegar à psicologia genética tendo como
representantes nomes como Piaget, Vygotsk e wallon e que segundo Giusta
(1990) levam a uma concepção de aprendizagem a partir do confronto e
colaboração do conhecimento destes três: empirismo, behaviorismo e
gestáltico.
Segundo Darsie (1996), a aprendizagem, como parte de um processo
social de comunicação - a educação – apresenta elementos para o seu
processo:
· O professor, como transmissor de informações e mediador do
conhecimento tem uma participação ativa no processo educativo, devendo
estar motivado e ter pleno conhecimento da mensagem que irá apresentar a
seus alunos.
· O conteúdo educativo deve ser adequado à idade mental do
educando. Deve ser claro e preciso para ser bem entendido e significado.
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· O aluno não deve ter um papel passivo; deve ser um receptor crítico e
ativo dos conhecimentos e informações que está recebendo.
· O meio escolar, familiar e social é onde se efetiva o processo de
ensino-aprendizagem e deve ser estimulador da aprendizagem e, portanto,
propício ao bom desenvolvimento do processo educativo.
Para Souza (1972), as diferenças individuais levam alguns
indivíduos a apresentarem lentificações no seu ritmo de aprendizagem,
enquanto outros podem apresentar-se mais rápidos. A aprendizagem é um
processo pessoal, individual, isto é, tem fundo genético e depende de vários
fatores, tais como:
· Dos esquemas de ação inatos do indivíduo;
· Do estágio de maturação de seu sistema nervoso;
· Do seu tipo psicológico constitucional;
· De seu grau de envolvimento , seu esforço e interesse.
Aprendemos por nós mesmos, num movimento onde recebemos
um signo ou sinal do outro e transformamos em conhecimento próprio. Não
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podemos aprender pelos outros, mas colocamos o outro no lugar do
conhecimento.
As novas aprendizagens do indivíduo dependem de suas
experiências anteriores. Assim, as primeiras aprendizagens servem de pré-
requisitos para as subseqüentes. Por esse motivo, dizemos que a
aprendizagem vai se juntar ao repertório de conhecimentos e de experiências
que o indivíduo já possui, indo constituir sua bagagem cultural.
Este processo de acumulação de conhecimentos não é estático. A
cada nova aprendizagem o indivíduo reorganiza suas ideias, estabelece
relações entre as aprendizagens anteriores e as novas, faz juízos de valor,
colocando seus sentimentos nesse julgamento. Trata-se, portanto, de um
processo integrativo e dinâmico.
Atualmente não só na área da educação mas também em outras
áreas, pensa-se no indivíduo como um todo – paradigma holístico. Parte-se de
uma visão sistêmica e, portanto, amplia-se o conceito de educação, o conceito
do processo de ensino aprendizagem.
O processo de ensino aprendizagem tem sido historicamente
caracterizado de formas diferentes que vão desde a ênfase no papel do
professor como transmissor de conhecimento , até as concepções atuais que
concebem o processo de ensino aprendizagem como um todo integrado que
destaca o papel do educando.
As reflexões sobre o estado atual do processo ensino aprendizagem
não permite identificar um movimento de idéias de diferentes correntes teóricas
sobre a profundidade do binômio ensino e aprendizagem. Entre os fatores que
estão provocando esse movimento podemos apontar as contribuições da
Psicologia atual em relação à aprendizagem, que leva todos a repensar a
prática educativa, buscando uma conceptualização do processo ensino
aprendizagem.
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A aprendizagem exige uma intensa atividade que envolve toda a
personalidade do aprendiz e exige um certo nível de conhecimento, ou seja,
crescimento e maturação adequados a cada etapa de desenvolvimento e nível
pedagógico.
1.1 - Crescimento
De acordo com Coelho (2003), quando se fala em crescimento, todo
mundo se lembra facilmente de aumento de estatura, de peso e outras
mudanças tanto estruturais como orgânicas que ocorrem na constituição física.
O termo crescimento, ou melhor, desenvolvimento, é muito mais amplo e
complexo. Ele define o processo ordenado e contínuo que principia com a
própria vida, no ato da concepção, e abrange todas as modificações que
ocorrem no organismo e na personalidade. Inclusive os comportamentos mais
sofisticados, resultantes do crescimento e amadurecimento físicos e da
estimulação variada do ambiente.
De acordo com a Psicologia do Desenvolvimento, a hereditariedade e
o ambiente, a maturação e a aprendizagem na perspectiva de Vygotsky (1991)
são fatores do desenvolvimento. Isto significa que, para determinar o processo
de desenvolvimento em todas as suas fases, as condições estruturais e
orgânicas atuam simultaneamente com os estímulos ambientais.
É imprescindível que o educador tenha sempre em mente os
princípios gerais do desenvolvimento:
- é um processo contínuo;
- segue duas direções:
céfalo-caudal – da cabeça para os pés;
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próximo-distal – das partes mais próximas do centro para as mais
distantes;
- procede das atividades gerais para as específicas;
- cada parte do corpo se desenvolve com velocidade própria;
- acontece de maneira unificada.
1. 2 – Maturação
Para Coelho (2003) é o desenvolvimento das estruturas corporais,
neurológicas e orgânicas. Abrange padrões de comportamento resultantes da
atuação de algum mecanismo interno.
A maturação conduz ao desenvolvimento do potencial do organismo
e independe de treino ou estimulação ambiental. Caracteriza-se por mudanças
estruturais influenciadas pela hereditariedade, que ocorrem em dado momento,
envolvendo a coordenação de numerosas partes do sistema nervoso.
É por isso que é ineficaz, por exemplo, ensinar uma criança a andar
aos 5 meses, ou a ler e escrever precocemente. Como Gesell (1976) afirma,
“a aprendizagem nunca pode transcender a maturação”. Isto é, para que a
aprendizagem se processe, é necessário que o organismo esteja
suficientemente maduro para recebê-la.
Toda atividade humana depende da maturação. Desde o mais
simples comportamento, como segurar um objeto, até as abstrações e
raciocínios mais complexos.
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CAPÍTULO II
TEORIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
A aprendizagem significativa é um processo em que as novas
informações ou os novos conhecimentos estejam relacionados com um
aspecto relevante, existente na estrutura de conhecimentos estejam
relacionados com um aspecto relevante, existente na estrutura de
conhecimentos de cada indivíduo.
David Ausubel ( 1963, 1968, 1978, 1980) investiga e descreve o
processo de cognição segundo uma perspectiva construtivista. Essa teoria
ficou conhecida como Teoria da Aprendizagem Verbal Significativa, por
privilegiar o papel da linguagem verbal. Foi o próprio psicólogo que optou por
nomeá-la de Teoria da Aprendizagem Significativa _ TAS.
O princípio norteador da teoria de Ausubel baseia-se na ideia de
que, para que ocorra a aprendizagem, é necessário partir daquilo que o aluno
já sabe. Ausubel preconiza que os professores/educadores devem criar
situações didáticas com a finalidade de descobrir esses conhecimentos, hoje
designados como conhecimentos prévios.
Os conhecimentos prévios seriam os suportes em que o novo
conhecimento se apoiaria. Esse processo, ele próprio nomeou de ancoragem.
Essa ideia foi expressa pelo pesquisador na seguinte frase: “O fator isolado
mais importante que influencia a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já
sabe. Averigúe isso e ensine-o de acordo”. (Ausubel, 1980).
Essa teoria procura elucidar os mecanismos internos que ocorrem na
estrutura cognitiva humana em relação ao processo de aprendizagem. Embora
já tenho sido classificada como uma teoria “condutivista”, a TAS focaliza e
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entende a aprendizagem de modo cognitivista e procura explicar também como
os conhecimentos estão estruturados na mente humana (estrutura cognitiva).
O foco principal de suas pesquisas foi a aprendizagem escolar. Por
esse motivo, acreditamos que as suas ideias sobre a aprendizagem podem
contribuir para melhorar o processo de ensino-aprendizagem escolar. Ausubel
propõe, portanto, uma teoria que enfatiza a aprendizagem que ocorre na
escola destacando a importância dos conhecimentos prévios para sua
construção.
Sua teoria baseia-se na premissa de que a mente humana possui
uma estrutura organizada e hierarquizada de conhecimentos. Essa estrutura é
continuamente estimulada e diferenciada pela assimilação de novos conceitos,
novas proposições e ideias. A TAS , por enfatizar os conceitos e preocupar-se
essencialmente com eles, com os conteúdos acadêmicos, com os aspectos
cognitivos da aprendizagem, enfim, tem sido vista como intelectualista e
criticada por não valorizar as outras dimensões da aprendizagem.
Coube a Novak (1978, 1980, 1983, 1998) desenvolver, refinar e
divulgar os pressupostos da TAS e acrescentar os aspectos que são de
domínio afetivo, dando um caráter mais humanista à teoria de Ausubel, ao
considerar que “a aprendizagem significativa subjaz à integração construtiva
entre pensamento, sentimento e ação, que conduz ao engrandecimento
humano”.
Para eles, as atitudes e os sentimentos positivos em relação à
experiência educativa têm suas raízes na aprendizagem significativa e, por sua
vez, a facilitam.
A aprendizagem significativa caracteriza-se pela interação de uma
informação com um aspecto relevante da estrutura cognitiva do sujeito, não
com qualquer aspecto. Uma informação é aprendida de forma significativa
quando se relaciona a outras ideias, outros conceitos ou outras proposições
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relevantes e inclusivos que estejam claros e disponíveis na mente do indivíduo
de modo que funcionem como âncoras.
A proposição de uma hierarquia na organização cognitiva do
indivíduo é de suma importância quando se trata da aprendizagem de
conceitos científicos, uma vez que o conhecimento científico é constituído por
uma rede de conceitos e proposições, formando uma verdadeira teia de
relações.
Quando uma informação não é aprendida de forma significativa, ela é
aprendida de forma mecânica. Ao contrário da aprendizagem significativa, na
aprendizagem mecânica, as informações são aprendidas praticamente sem
interagir com informações relevantes presentes na estrutura cognitiva. A nova
informação é armazenada de maneira arbitrária e literal.
No entanto, Ausubel (1980) não vê oposição entre a aprendizagem
mecânica e a significativa, mas as vê como um continuum. A aprendizagem
mecânica é inevitável no caso de conceitos inteiramente novos para o aluno,
mas, posteriormente, ela deverá transformar-se em significativa.
Somente no decorrer do tempo, com a aquisição das “ideias âncoras”
é que o conceito passará a ter significado para o aluno. Objetivando acelerar
esse processo, Ausubel sugere a manipulação da estrutura cognitiva do aluno
através do uso de organizadores prévios.
Novak (1980, p.61) salienta que a aprendizagem significativa
apresenta quatro grandes vantagens sobre a aprendizagem por memorização
ou mecânica:
. Os conhecimentos adquiridos significativamente ficam retidos por um
período maior de tempo.
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. As informações assimiladas resultam num aumento da diferenciação
das ideias que serviram de âncoras, aumentando, assim, a capacidade de uma
maior facilitação da subsequente aprendizagem de materiais relacionados.
. As informações que não são recordadas ( são esquecidas ), após ter
ocorrido a assimilação, ainda deixam um efeito residual no conceito
assimilado e, na verdade, em todo o quadro de conceitos relacionados.
. As informações apreendidas significativamente podem ser aplicadas
numa enorme variedade de novos problemas e contextos.
Muitas vezes, é exigido dos estudantes que aprendam uma gama de
conceitos, que não lhe são familiares, sem que antes tenham adquirido um
corpo adequado de subordinadores relevantes num nível adequado de
inclusividade.
Muitas vezes, os alunos possuem essas idéias de base, mas elas
não estão ativadas. Caberia, então, ao professor descobrir esses
conhecimentos prévios, ativá-los e, com base nisso, ensinar o novo tema.
Ausubel (1980) chama as idéias que proporcionam ancoragem de
subsunçores. O subsunçor é uma estrutura específica ao qual uma nova
informação pode se integrar ao cérebro humano, que é altamente organizado e
detentor de uma hierarquia conceitual que armazena experiências prévias do
aprendiz.
A aprendizagem significativa pode ocorrer por recepção ou por
descoberta. Na aprendizagem receptiva, a informação é apresentada ao aluno
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em sua forma final; já na aprendizagem por descoberta, o conteúdo a ser
aprendido necessita ser descoberto pelo aluno.
A aprendizagem por descoberta pressupõe que o próprio indivíduo
descubra o conhecimento dependendo de seus próprios recursos. Ausubel
considera que a relação custo benefício desse tipo de empreendimento é
pouco considerável.
Ele ainda destaca que, se o aluno tivesse de descobrir o
conhecimento o tempo todo, não haveria tempo suficiente para isso no
decorrer de sua vida escolar e haveria uma alto custo na implementação de
situações para que isso ocorresse. No entanto, em alguns momentos é
possível recorrer a esse tipo de aprendizagem como apoio didático para
determinadas aprendizagens.
As aprendizagens por descoberta ou por recepção podem ou não ser
significativas. Moreira (1999, p.17) destaca que pode ocorrer uma
superposição entre os conteúdos aprendidos por recepção e por descoberta,
uma vez que aqueles aprendidos por recepção são utilizados na descoberta
de soluções de problemas.
Ausubel considera que as aprendizagens por recepção e por
descoberta situam-se ao longo de um continuum de aprendizagens significativa
e mecânica. Quer o ensino se dê por recepção ou por descoberta, ambos
podem levar à aprendizagem mecânica ou significativa. (Joseph D. Novak,
Aprender, Criar e Utilizar o Conhecimento, 1998)
Nesse sentido é que Ausubel não vê uma relação direta entre a
aprendizagem por recepção e a mecânica, ou seja, pra ele, a aula expositiva
não gera necessariamente uma aprendizagem mecânica, assim como a
aprendizagem por descoberta não gerará sempre aprendizagem significativa.
Existem, no entanto, diversas formas de combinação desses elementos, de tal
maneira que podemos ter aprendizagem por recepção (aula expositiva) e
aprendizagem siginificativa. A mesma coisa acontece em relação à
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aprendizagem por descoberta (aprendizagem dirigida, induzida por problemas),
que pode gerar aprendizagem mecânica se restringir apenas à aplicação de
fórmulas.
Para ele, o máximo da aprendizagem significativa seria aquela que
se situa no extremo dos dois contínuos, ou seja, aquela que resulta, por
exemplo, da pesquisa científica, que advém da combinação entre
aprendizagem por descoberta autônoma e aprendizagem significativa.
Vale lembrar que a escola ainda hoje privilegia as aulas expositivas,
apesar de todas as críticas a elas endereçadas. Entretanto, Ausubel, não
descarta a possibilidade de ocorrência de aprendizagem siginificativa dentro
dessa perspectiva, desde que sejam obedecidos alguns pressupostos como,
por exemplo, a identificação de conhecimentos relevantes que sirvam de
âncoras à nova aprendizagem, na mente do aluno.
A aprendizagem receptiva significativa é importante para a educação
porque é o mecanismo humano, por excelência, de aquisição e
armazenamento de uma vasta quantidade de idéias e informações
representadas por algum campo de conhecimento.
É importante considerar também que a aprendizagem receptiva
significativa é um processo ativo, mas requer análise dos conhecimentos
prévios existentes, a fim de avaliar:
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· quais são os aspectos da estrutura cognitiva do sujeito que são os
mais relevantes para o novo material – potencialmente significativo – possa
interagir;
· qual o grau de harmonia entre as ideias existentes na estrutura
significativa – ou seja, a apreensão de ideias de mesma natureza ou que
apresentam diferenças e a resolução de problemas em que haja contradições
reais ou aparentes entre aqueles conceitos e proposições novos e os já
estabelecidos;
· a diferenciação do material aprendido em termos da experiência
pessoal de cada indivíduo. (Ausubel, 1980)
Trata-se de proporcionar ao aluno situações que sejam
potencialmente problemáticas e desequilibradoras, mas que estejam dentro
das possibilidades de resolução do aluno.
À medida que a aprendizagem significativa ocorre, mais e mais
aparecem conceitos integradores. Esse aperfeiçoamento dos significados
conceituais ocorre melhor quando se introduzem primeiro os conceitos mais
gerais e inclusivos e depois se diferenciam, progressivamente, esses conceitos
em termos de pormenores e especifidades.
Acredita-se que é através da aprendizagem significativa que as
novas ideias aprendidas ficarão por mais tempo disponíveis na estrutura
cognitiva do aluno. Sem receio de ser redundante, aprender de forma
significativa nada mais é do que aprender com sentido, ou com significado;
esse tipo de aprendizagem permite a evocação das ideias aprendidas quando
elas se fizerem necessárias, devido ao fato de serem mais estáveis e
disponíveis na mente do sujeito.
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É no decurso da aprendizagem significativa que o significado lógico
do material apresentado ao sujeito passa a ter significado psicológico. O
significado psicológico tem a característica de idiossincrasia, uma vez que é
próprio de cada sujeito aprendente. O significado que o sujeito dá ao material
aprendido tem a marca do próprio sujeito. Não basta que o material a ser
apresentado ao sujeito seja
compartilham muitos conceitos e muitas proposições que são similares,
permitindo a compreensão e a comunicação interpessoal. Assim, existem
muitos conhecimentos que são compartilhados significativo (a maioria dos
materiais escolares o são), mas é necessário que o sujeito tenha os
subsunçores necessários para “pendurar” os novos conceitos aprendidos.
Muito embora a aprendizagem seja idiossincrática, ou seja, depende
da disposição do indivíduo, que faz com que ele sinta de um modo peculiar a
influência de diversos agentes, numa determinada cultura, os diferentes
membros pelo grupo social.
2.1 CONDIÇÕES BÁSICAS PARA QUE OCORRA A
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
A concepção de ensino-aprendizagem de Ausubel de que os
significados são construídos a partir de interações entre as novas ideias e
aspectos específicos da estrutura cognitiva (Moreira, 1999), propõe algumas
condições básicas a ocorrência da Aprendizagem Significativa.
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· Não arbitrariedade do material – Entende-se por não arbitrariedade
quando o material potencialmente significativo, apresentado ao sujeito,
relaciona-se de forma não arbitrária com as ideias preexistentes em sua
estrutura cognitiva. O material é dito potencialmente significativo quando
apresenta a propriedade de ser relacionável com a estrutura cognitiva
preestabelecida do sujeito. Essa relação não ocorre com qualquer ideia , mas
com as ideias relevantes existentes. Esses novos conhecimentos aprendidos
ancoram-se em conhecimentos anteriores ditos subsunçores. Ausubel
considera ainda que o material é potencialmente significativo quando este se
encontra dentro da capacidade humana de aprender.
· Substantividade – Essa condição pressupõe que, ao se aprender de
forma significativa, retêm-se a substância das novas ideias, não as palavras
precisas usadas para sua expressão. Dessa forma, o mesmo conceito ou
proposição pode ser expresso de diferentes maneiras, mediante distintos
símbolos ou grupos de símbolos, que são equivalentes em termos de
siginificados.
· Disponibilidade do sujeito para a aprendizagem significativa –
Outra condição importante para que a aprendizagem significativa ocorra é a
predisposição favorável do sujeito para isso. A expressão predisposição
favorável do sujeito indica que é relevante o que o sujeito sente, Nesse
sentido, as contribuições de Novak & Hanesian (1980) à Teoria da
Aprendizagem Significativa conferem a ela uma visão mais humanista. Novak,
de certa forma, amplia a teoria ao defender que o sujeito pensa, sente e age e
que as experiências de aprendizagem potencialmente significativas são
aquelas que o levam a um engrandecimento pessoal, proporcionando, ao
mesmo tempo, um certo domínio conceitual que lhe permita o uso eficiente na
solução de problemas reais, do dia a dia (NOVAK, 1980).
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Entre o educador e o educando, entre aquele que quer ensinar e
aquele que se predispõe a aprender, se estabelece uma via de mão dupla.
Segundo Moreira (1999), qualquer evento educativo é , de acordo com Novak,
uma ação para trocar significados (pensar) e sentimentos entre o aprendiz e o
professor. Novak identifica os elementos envolvidos no processo ensino-
aprendizagem como sendo: o aprendiz, o professor, o conhecimento, o
contexto e a avaliação. Este último elemento não aparecia originalmente na
Teoria da Aprendizagem Siginificativa, e Novak foi o primeiro a introduzir a
avaliação como um dos elementos do processo ensino-aprendizagem.
Ao ensinar, o professor apresenta aos seus alunos os significados
que são aceitos por um grupo de pessoas (no caso, os cientistas) num
determinado período da história humana e que constituem os conhecimentos
reconhecidos como válidos num determinado contexto.
A fim de que o professor saiba que aquilo que o aluno aprendeu seja
o conhecimento por ora aceito pela comunidade científica, pede-se ao aluno
que exteriorize aquilo que aprendeu. Esta constitui a avaliação de
conhecimento.
O conhecimento aprendido de forma significativa tem a propriedade
de ser utilizado em diversos contextos. Não são exteriorizados de forma literal,
como foram aprendidos.
Para que ocorra a aprendizagem significativa, é necessário que
compreenda alguns princípios norteadores do TAS:
● Todo evento educativo envolve cinco elementos: aprendiz, professor,
conhecimento, contexto e avaliação.
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● Pensamentos, sentimentos e ações estão interligados, positiva ou
negativamente.
● A aprendizagem significativa requer: a) disposição para aprender, b)
material potencialmente significativo, c) algum conhecimento relevante.
● Atitudes e sentimentos positivos em relação à experiência educativa
têm suas raízes na aprendizagem significativa e, por sua vez, facilitam-na.
● O conhecimento humano é construído; a aprendizagem significativa
subjaz a essa construção.
● O conhecimento prévio do aprendiz tem grande influência sobre a
aprendizagem significativa de novos conhecimentos.
● Significados são contextuais; aprendizagem significativa não implica
aquisição de significados corretos.
● Conhecimentos adquiridos por aprendizagem significativa são muito
resistentes a mudanças.
● O ensino deve ser planejado de modo a facilitar a aprendizagem
significativa e a ensejar experiências afetivas positivas.
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● A avaliação da aprendizagem deve procurar evidências de
aprendizagem significativa.
● O ensino, o currículo e o contexto também devem ser avaliados.
● Mapas conceituais podem ser representações válidas da estrutura
conceitual/proposicional de conhecimento de um indivíduo; podem ser
instrumentos de meta-aprendizagem.
● “V” epistemológico pode ser útil para compreender a estrutura do
conhecimento; pode ser instrumento de metaconhecimento.
Mapas conceituais e diagramas “V” podem ser instrumentos efetivos
de avaliação da aprendizagem.
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Figura 3 – Mapa conceitual (modificado) com os cinco elementos de
Novak (Joseph Novak, 1998).
*Segundo Moreira (1990), Gowin propôs esse “V” como um instrumento
heurístico para análise da estrutura do processo de produção de conhecimento
ou para identificar sistematicamente conhecimentos documentados sob a
forma de artigos de pesquisa, livros, ensaios, a fim de tornar esses
conhecimentos adequados para propósitos instrucionais.
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2.2 TIPOS DE APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
Os seres humanos são capazes de aprender de forma significativa,
relacionando conceitos, ideias e proposições a ideias claras e disponíveis na
estrutura cognitiva. Para Ausubel, essas novas ideias são compreendidas,
modificando, por sua vez, as ideias que deram suporte ou funcionam como
âncora.
Através desse processo, novos subsunçores, com capacidade de
ancoragem para novas ideias, vão se desenvolvendo. Esse tipo de
aprendizagem, como já foi visto anteriormente, tem como característica básica
a possibilidade de ser evocada com maior facilidade pelo indivíduo, sendo,
portanto, mais duradoura.
Para Ausubel (1978), há três tipos de aprendizagem significativa: a
aprendizagem representacional, a aprendizagem conceitual e a
aprendizagem proposicional.
2.2.1 A aprendizagem representacional
Refere-se ao significado de palavras e símbolos unitários. Esse tipo
de aprendizagem constitui o tipo básico de aprendizagem da espécie humana.
O indivíduo relaciona o objeto ao símbolo que o representa. Esses símbolos
são convencionais e permitem ao indivíduo conhecer e organizar o mundo
exterior e interior. Nesse caso, nomear, classificar e definir funções constituem
exemplos de aprendizagem representacional. Ausubel considera que esse tipo
é o que mais se aproximada aprendizagem mecânica ou automática.
32
2.2.2 A aprendizagem conceitual
Os conceitos representam unidades genéricas ou ideias categóricas
e são representados por símbolos particulares. A aprendizagem
representacional é o ponto de partida para aprendizagem conceitual, e pode-se
afirmar que esses dois tipos de aprendizagem são interdependentes. Os
conceitos representam regularidades em eventos, situações ou propriedades e
possuem atributos essenciais comuns que são designados por algum signo ou
símbolo.
Cabe ressaltar que o sujeito pode aprender o símbolo do conceito
antes do conceito propriamente dito ou, então, o contrário. Aprende-se, por
exemplo, o conceito de bola e associa-se ao seu objeto, como se pode
também aprender o conceito de planta ou animal e a regularidade observada
em vários animais que se conhece. Para que não se confunda, a
aprendizagem conceitual é um tipo complexo de aprendizagem
representacional. Ela pode ser significativa a partir do momento que for
substantiva e não-arbitrária, ao contrário de quando é apenas nominalista ou
simplesmente representacional de um determinado objeto.
2.2.3 A aprendizagem proposicional
Refere-se aos significados expressos por grupos de palavras
combinadas em proposições ou sentenças. Ausubel ( 1978), destaca que, ao
se aprender o significado de uma proposição verbal, por exemplo, aprendemos
33
primeiramente o significado de cada um dos termos componentes. Esse tipo
de aprendizagem pode atingir formas mais complexas de aprendizagem
significativa. Nesse caso, a tarefa é aprender o significado que está além da
soma dos significados das palavras e dos conceitos que compõem a
proposição.
Ausubel considera que a aprendizagem significativa proposicional é
mais complexa do que as aprendizagens representacional e conceitual, no
sentido de que as representações e os conceitos podem constituir os
subsunçores para a formação de proposições.
Uma proposição potencialmente significativa para o sujeito, expressa
verbalmente por uma sentença, contendo tanto os significados denotativos
quanto os conotativos dos conceitos envolvidos, interage com as ideias
relevantes, estabelecidas na estrutura cognitiva e, dessa interação, surgem os
significados da nova proposição.
2.3 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
A avaliação do processo de ensino e de aprendizagem é
considerada como um elemento-chave. Novak (1998, p.15) defende o uso de
mapas conceituais no processo de avaliação do aluno, porém considera que
esse instrumento não deve ser o único, uma vez que a aprendizagem humana
é uma realidade que apresenta muitas dimensões. Para ele, o ser humano
apresenta uma mescla de pensamentos, sentimentos e ações; juntos, esses
elementos formariam os significados da experiência.
Uma educação bem sucedida é aquela que leva ao
engrandecimento humano e deve concentrar-se em muito mais do que o
pensamento do aluno: os sentimentos e as ações também são importantes.
Novak (1998, p.9) concebe três formas de aprendizagem:
34
● aquisição de conhecimentos (aprendizagem afetiva);
● alterações das emoções ou sentimentos (aprendizagem afetiva);
● aumento das ações físicas das pessoas ou do desempenho
(aprendizagem psicomotora).
Novak salienta que:
A preocupação central em relação à avaliação da aprendizagem
cognitiva deveria ser quanto à capacidade que o instrumento tem para avaliar
os quadros conceituais e proposicionais que o indivíduo possui ou até que
ponto o conhecimento é aprendido de forma substantiva ou não-arbitrária,
que é o caso da aprendizagem significativa (1998, p. 182).
O processo educativo envolve um conjunto de variáveis, obedecendo
a múltiplos determinantes. A avaliação da aprendizagem configura uma dessas
variáveis. A avaliação constitui um dos assuntos mais polêmicos da educação.
Existem várias concepções acerca de avaliação e dúvidas sobre qual será o
objeto dessa avaliação: se o sujeito aluno, o grupo ou todo o processo.
Zabala considera que:
As definições mais habituais da avaliação remetem a um todo
indiferenciado, que inclui processos individuais e grupais, o aluno ou a aluna e
os professores. Esse ponto de vista é plenamente justificável, já que os
processos que tem lugar na aula são processos globais em que é difícil, e
certamente desnecessário, separar claramente os diferentes elementos que os
compõem. Nossa tradição avaliadora tem se centrado exclusivamente nos
35
resultados obtidos pelos alunos. Assim, é conveniente dar-se conta de que, ao
falar de avaliação na aula, pode-se aludir particularmente a algum dos
componentes do processo de ensino/aprendizagem, como a todo o processo
em sua globalidade (1998, p.196).
Nesse sentido, acredita-se que a utilização de mapas conceituais
como um dos recursos de avaliação pode contribuir de forma eficaz para a
avaliação da aprendizagem significativa. Devido ao fato de serem
idiossincráticos, esses instrumentos possibilitam ao professor compreender,
quase que imediatamente, como o aluno está organizando os conteúdos
aprendidos e, ao mesmo tempo, sugerir novas organizações. Dessa maneira,
acredita-se que esses instrumentos podem demonstrar as mudanças na
compreensão conceitual de um aluno ou grupo de alunos.
Não se trata aqui de sugerir que sejam abolidas as avaliações já
consagradas – como, por exemplo, as provas, e testes, a auto-avaliação
através de portfólio e relatórios – uma vez que, bem elaboradas, podem
contribuir de forma satisfatória para a avaliação da aprendizagem, dada a sua
multidimensionalidade. Trata-se somente de apresentar mais um instrumento
que, acredita-se, se usado de forma criteriosa, pode contribuir eficazmente
para o processo de avaliação.
36
CAPÍTULO III
PSICOPEDAGOGIA E APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
Vivemos atualmente num período de perplexidades e incertezas, um
tempo de crises de concepções e paradigmas. Precisamos lançar os nossos
olhares sobre as várias teorias que permeiam a nossa vida e conduzem a
nossa prática para arriscarmos novas propostas.
Este novo olhar surge como um desafio necessário para
entendermos no campo das ideias aquilo que a prática apresenta e representa.
Para isto, precisamos romper como paradigma mecanicista e buscar uma
educação que perceba o homem em sua totalidade. Esta visão holística de
homem carece de uma prática que reflita sobre os fatores que fortalecem o
descaso pelo qual o sistema educacional enfrenta.
É necessário conhecer para criticar; interferir para modificar. Assim
estamos nós, psicopedagogos, buscando trilhas que tornem a nossa prática
coerente.
Romper com o pensamento fragmentado, de simples retenção,
reducionista e linear é um dos primeiros passos para a transformação, Morim
(1921). Os psicopedagogos que estão neste caminho de rupturas irão buscar
em várias fontes uma nova água que regue a sua prática dentro da instituição
ou dentro das clínicas onde atuam. Busca-se então a aprendizagem como
processo, como o vir a ser e não como algo pronto para ser engolido por
nossos alunos, sem a crítica de que tais conteúdos possam ou não ser
digeridos. Caímos num equívoco maior: rotulamos e carimbamos o bom e o
mau de acordo com o nosso juízo de valores.
Não há uma teoria única que dê conta de responder todas as nossas
dúvidas e inquietações. Mas quando buscamos novas teorizações, novas
37
definições, novas práticas,estamos tentando perceber o sujeito e o processo
de ensino-aprendizagem de maneira diferente. E que isto possa ser feito
através de uma análise histórica da escola e principalmente do homem.
O ponto nevrálgico da questão pedagógica foi muitas vezes atribuída
ao psicólogo. Assim as dificuldades de aprendizagem passaram a ser
investigadas com ênfase no aluno. Hoje sabemos que tal dificuldade decorre
de uma série de fatores que merecem uma análise de/em conjunto. As
dificuldades de aprendizagem aqui concebidas valorizam o erro significativo;
uma avaliação diagnóstica e contínua e acima de tudo investigar o que o aluno
já sabe ao receber ou trabalhar em um determinado conteúdo escolar.
Cremos numa aprendizagem significativa que provoque mudanças e
amplie o potencial do aluno.
Segundo Vygotsky (1998), numa abordagem sócio interacionista
teremos que considerar que aprendizagem ocorre frente a fatores extrínsecos
e intrínsecos ao homem, pois será tentando apreender o ser humano em sua
totalidade que uma educação se tornará verdadeira. Isto implica numa
aprendizagem para a vida, mas que considere o momento presente. Também
é fundamental que o educador resgate o auto conceito positivo do aluno,
assim, a criança encontrará motivação, satisfação e confiança para lidar com
novas situações de aprendizagem com as quais defrontará.
Ainda é muito comum em nossas escolas separar o normal e o
patológico antes de ouvir o aluno. Encaminha-se demais para os especialistas.
Muitas vezes a presença do psicopedagogo na instituição já é suficiente para
elaborar uma triagem daquilo que é caracterizado como problema ou distúrbio
ou apenas um pouco mais de atenção aquele aluno que chega à escola com
uma bagagem emocional e cultural que só teremos compreensão se pararmos
para ouvi-lo.
38
Poderemos nos indagar: qual a distância existente entre a escola que
temos e escola que queremos? Temos, pois, que perceber a escola enquanto
campo de lutas contra a hegemonia de pequenos grupos.
A escola que temos precisa de um novo sentido, precisa de um novo
significado e de educadores e alunos que pensem e executem projetos de
transformação (da micro para a macro estrutura).
A escola que queremos deve atender com responsabilidade aos
apelos qualitativos aos quais é conclamada. Deve privilegiar valores como a
liberdade, a igualdade de direitos, a ética e a humanização do ser.
Uma prática emancipatoria deverá coadunar a diversidade de fatores
e comportamentos que nos farão perceber que educação e sociedade andam
de mãos dadas. A primeira sempre atendendo aos interesses da última e a
ultima ditando regras para serem efetivadas no campo curricular.
Platão já adiantava que uma sociedade organizada e dirigida pelos
sábios é passível de ser corrompida pela mesma força da sabedoria dos
governantes. Pensando assim, a escola do século XXI ainda pratica o poder
para legitimar sua autoridade. Por isso as rupturas paradigmáticas são
importantes. Temos que sempre buscar o novo sem esquecermos das
contribuições passadas. Só se constrói a História com os olhos voltados para o
passado, pensando no futuro e construindo no momento presente.
Aos psicopedagogos cabe buscar nas várias teorias aquilo que
sustentará a sua nova prática. Ousar: este é o nosso verbo de ação.
39
3.1 A IMPORTÂNCIA DA PSICOPEDAGOGIA
INSTITUCIONAL NA CONTRIBUIÇÃO DE UMA APRENDIZAGEM
SIGNIFICATIVA
A psicopedagogia surgiu como norteadora dos procedimentos
necessários ao trabalho com crianças que apresentam dificuldades ou
barreiras à sua aprendizagem. Por meio de estudos nas áreas da psicanálise,
psicologia social e epistemologia genética, a psicopedagogia objetiva o
conhecimento das capacidades da criança, visando remover o obstáculo que a
criança impeça de aprender.
Segundo Bossa (2000), ao se preocupar com o desenvolvimento dos
sujeitos, a psicopedagogia possui como objeto de estudo as diversas
complexidades dos processos de aprendizagem, focando a prevenção, o
diagnóstico e os possíveis tratamentos quando, nestes processos, aparecem
as dificuldades.
Assim, a psicopedagogia estuda as causas do não aprender,
atuando com diagnósticos e tratamentos para com aqueles que, de um modo
ou outro, apresentam dificuldades no que concerne ao ato humano de
aprender, de conhecer. Desta forma, a psicopedagogia se preocupa com a
aprendizagem humana e com os sujeitos que, ao estarem em processo de
aprendências, demonstram dificuldades no aprender. Ainda de acordo com
Nádia Bossa (200), é neste movimento que surge a psicopedagogia, ou seja,
ela nasce com vistas a encontrar alternativas para as dificuldades de
aprendizagem.
40
3.2 A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NA PARCERIA
COM OS PROFESSORES
Historicamante, a terapia psicopedagógica vem assistindo o aluno
com transtornos do aprendizado, que nem sempre tem suas necessidades
atendidas pelo sistema escolar vigente.
Diante da proposta de educação inclusiva, as escolas e seus
professores deparam com uma nova realidade. Não é mais o aluno que
precisa se adequar a uma proposta de ensino, mas é esta que precisa ser
revista, redimensionada no seu fazer pedagógico, para que possam ser
abertos espaços que abriguem a diversidade de aprendizagens. Essa releitura
do projeto escolar é um desafio que não está apenas circunscrito à instituição:
é um convite a todos os especialistas em educação, tanto da área de ensino
quanto de aprendizagem.
Segundo Beuclair (2004), as ações dos profissionais da
psicopedagogia nos “espaçostempos” institucionais ou clínicos devem estar
voltados às mediações entre as histórias e as subjetividades dos que
apresentam traumas causadores das problemáticas vinculadas ao humano ato
de aprender.
Diferentemente de estar com dificuldade, o aluno manifesta
dificuldades, relevando uma situação mais ampla em que também se inscreve
a escola, parceira que é no processo de aprendizagem. Portanto, analisar a
dificuldade no aprender Inclui, necessariamente, o projeto pedagógico escolar,
as suas propostas de ensino, no que é valorizado como aprendizagem. A
ampliação dessa leitura por meio do aluno permite ao psicopedagogo abrir
espaços para que se disponibilizem recursos que façam frente ao desafio de
se efetivar a aprendizagem.
41
Para Gonçalves (2000) , nossas ações e práticas no campo
psicopedagógico exigem flexibilidade ante as mudanças, e a capacidade de
adaptação contínua diante dos caminhos teóricos e práticos em construção.
O estudo psicopedagógico atinge plenamente seus objetivos quando,
ampliando a compreensão sobre as características da aprendizagem daquele
aluno, estimula a escola no sentido de viabilizar recursos no atendimento das
necessidades de aprendizagem. Assim, o fazer psicopedagógico se
transforma, podendo se tornar uma ferramenta poderosa no projeto
terapêutico.
E é no desdobramento dessa nova condição do professor que o
estudo psicopedagógico pode adquirir um novo recorte, ampliando sua função,
que não se finaliza mais no aluno. De objetivo, o aluno passa a ser um meio.
De problema, ele se transforma numa oportunidade. Oportunidade de
aprendizagem para o professor. Refletindo acerca dos resultados, numa ação
conjunta com o psicopedagogo, o professor se sente desafiado a repensar a
prática pedagógica, inscrevendo a possibilidade de novos procedimentos.
Para o psicopedagogo, a experiência de intervenção com o
professor, num processo de parceria, possibilita numa aprendizagem muito
importante e enriquecedora.
3.3 A RELAÇÃO PSICOPEDAGOGO-APRENDENTE
A relação psicopedagogo-aprendente é dinâmica e, por isto,
imprevisível. Sendo um encontro de personalidades, cada um se aproxima do
outro como seres humanos que são,, com seus acertos e erros, seus conflitos
42
e emoções, sua particular percepção valorativa das experiências vivenciadas,
enfim, com o próprio EU e suas circunstâncias interagentes.
Atento a isso, é importante que o psicopedagogo se veja também
como aprendente. A identidade deste profissional em nosso país ainda está
em processo de construção. De acordo com Fantova (2005), a atividade
profissional de cada um de nós é fruto de processos interativos entre as
dimensões do sujeito, da profissão e da organização que presta seus serviços.
A ação preventiva do psicopedagogo no campo institucional escolar
deve estender-se também ao corpo docente. Neste sentido, o psicopedagogo
terá oportunidade de trabalhar junto aos professores, esclarecendo-os quanto
ao processo evolutivo cognitivo do aluno, interrelacionando-o aos aspectos
afetivos e ambientais capazes de influenciarem favorável ou
desfavoravelmente o ato de aprender.
Manter-se aberto ao acontecimento de cada encontro, que nunca se
repete, é um modo produtivo de lidar com o novo, frequentemente angustiante.
43
CONCLUSÃO
As escolas existem para agir no mundo, na sociedade e na história,
através da sistematização do conhecimento. Cabe a escola ensinar, isto é,
garantir a aprendizagem de certos conteúdos, conhecimentos e habilidades
que são desnecessários para a vida em sociedade, porém, hoje, o estado
capitalista pós-moderno, fruto da economia globalizada, exige das escolas
novas posições. As propostas pedagógicas tradicionais não correspondem
mais aos anseios e às necessidades de uma sociedade em mudança
acelerada e de comunicação constante.
A psicopedagogia tem um importante papel a desempenhar nesta nova
escola e deverá ser de velar, cuidar, organizar as relações comunicativas,
abrindo espaços de autoria, nos quais cada elemento da comunidade escolar
possa desenvolver bem o seu trabalho garantindo a qualidade da
aprendizagem própria e do outro.
A função do psicopedagogo é a de ser um mediador de informações e
reflexões, de ser aquele que indica caminhos possíveis para serem trilhados
pelo sujeito, sem imposições de qualquer natureza com o objetivo de
ressignificar a aprendizagem, tornando-a verdadeiramente conhecimento.
A intervenção psicopedagógica institucional tem como objetivo não só
“tratar” dos problemas de aprendizagem dos alunos, como também junto com
o professor realizar mudanças cabíveis em sua prática pedagógica para que a
aprendizagem seja efetivamente significativa e não apenas uma imposição de
conteúdos.
Falar de aprendizagem significativa é assumir que aprender possui um
caráter dinâmico que exige ações de ensino direcionadas para que os
aprendizes aprofundem e ampliem os significados elaborados mediante suas
participações nas atividades de ensino e aprendizagem.
44
Uma aprendizagem significativa está relacionada às possibilidades dos
alunos aprenderem por múltiplos caminhos e diferentes formas de inteligência.
Para que isso ocorra, o psicopedagogo irá orientar o professor a valorizar mais
os conhecimentos prévios da turma, onde o aluno irá participar das atividades
que o façam se aproximar cada vez mais dos conteúdos que a escola tem para
lhe ensinar, só que de uma forma realmente significativa dentro do espaço
escolar, não havendo mais a questão do que aprender e sim, como aprender.
Nesse sentido, evidencia-se que o processo de aprendizagem apresenta
múltiplas facetas, e uma única teoria não consegue explicar todas a suas
dimensões; por isso é que recorremos a outros estudiosos e teorias a fim de
compreendê-lo melhor.
45
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BEAUCLAIR, João. Para entender Psicopedagogia: Perspectivas
atuais, desafios futuros. Editora Wak, 2º edição. Rio de Janeiro, 2007.
47
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 4
DEDICATÓRIA 5
RESUMO 7
METODOLOGIA 8
SUMÁRIO 9
INTRODUÇÃO 10
CAPÍTULO I
CONCEITOS BÁSICOS DE APRENDIZAGEM 12
1.1 - Crescimento 16
1.2 – Maturação 17
CAPÍTULO II
TEORIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA 18
2.1 – Condições Básicas para que ocorra a aprendizagem
Significativa 25
2.2 – Tipos de aprendizagem significativa 31
2.3 – Avaliação da aprendizagem significativa 33
CAÍTULO III
PSICOPEDAGOGIA E APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA 36
3.1 – A importância da psicopedagogia institucional na
Contribuição de uma aprendizagem significativa 39
48
3.2 – A intervenção psicopedagógica na parceria com
os professores 40
3.3 – A relação psicopedagogo-aprendente 41
CONCLUSÃO 43
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45
ÍNDICE 47