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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO DA ESCOLA
MUNICIPAL PADRE CHIQUINHO E
DA COMUNIDADE DO BAIRRO AREAL:
OS PRINCÍPIOS DO CONHECIMENTO,
DA ÉTICA, E DA POLÍTICA.
Por: ANTONÉAS VIEIRA FROTA MENDES
Orientador(a): Prof (a). Mariana de Castro Moreira
Tutor: Prof. Leonardo Silva da Costa
Porto Velho/RO
2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO DA ESCOLA
MUNICIPAL PADRE CHIQUINHO E
DA COMUNIDADE DO BAIRRO AREAL:
OS PRINCÍPIOS DO CONHECIMENTO,
DA ÉTICA, E DA POLÍTICA.
Por: ANTONÉAS VIEIRA FROTA MENDES
Monografia apresentada ao Instituto a Vez do
Mestre – Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para a obtenção do título de
Especialista em Educação Ambiental.
Orientador: Prof. Mariana de Castro Moreira
Porto Velho/RO
2010
3
AGRADECIMENTOS
A todos que me ajudaram direta ou
indiretamente na confecção deste trabalho
torcendo sempre pelo meu sucesso.
4
DEDICATÓRIA
A todos professores, alunos e pessoas que
direta e indiretamente, contribuíram para a
confecção desse trabalho.
5
RESUMO
O objetivo desta pesquisa é analisar a relação da Escola Municipal Padre Chiquinho com a comunidade do Bairro Areal nos seus aspectos geográficos, sócio-econômicos e culturais diante da Educação ambiental. A fundamentação teórica está constituída de análises a respeito da Educação presente na formação de educandos e educadores. Demonstra-se os princípios básicos da educação ambiental através das abordagens do conhecimento, da ética e da política como princípios norteadores e formadores do ser humano. A metodologia empregada foi a pesquisa bibliográfica através de uma revisão de literatura em autores da área de Educação ambiental. Na pesquisa de campo foi feito um mapeamento da área do Bairro Areal, pesquisa documental e descritiva através de entrevistas na Escola Padre Chiquinho, além de entrevistas na Semed e Sema (Prefeitura de Porto Velho). Os resultados apontam que a Prefeitura municipal e o Estado de Rondônia através dos seus órgãos responsáveis devem realizar ações mais efetivas para com a Educação ambiental. Do mesmo modo, percebe-se que a Escola, a Universidade e as Faculdades sejam comprometidas com a formação de educandos nos valores sociais, políticos, éticos para o desenvolvimento eficaz da educação ambiental no respeito e cuidado com a natureza.
PALAVRAS CHAVE: Educação Ambiental. Relação Comunidade – Escola. Ética. Epistemologia. Política.
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METODOLOGIA
A metodologia empregada é a pesquisa bibliográfica através de uma
revisão de literatura com autores da área da Educação, tais como Severino e
Saviani. Na Educação Ambiental, Leff, Luiz Marcelo de Carvalho, Isabel de
Moura Carvalho, Tozzoni- Reis, Contreras.
Na pesquisa de campo foi feito um mapeamento da área do Bairro
Areal, pesquisa documental e descritiva através de entrevistas na Escola
Padre Chiquinho, além de entrevistas na Semed e Sema (Prefeitura de
Porto Velho).
Quanto os resultados apontam que a Prefeitura Municipal e o Estado
de Rondônia através dos seus órgãos devem realizar ações mais efetivas
para com a Educação ambiental. Do mesmo modo, percebe-se que a
Escola, a Universidade e as Faculdades sejam comprometidas com a
formação de educandos nos valores sociais, políticos, éticos para o
desenvolvimento eficaz da educação ambiental no respeito e cuidado com a
natureza.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...............................................................................................08
CAPÍTULO I - A EDUCAÇÃO NA FORMAÇÃO HUMANA..........................10
CAPÍTULO II - A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A QUESTÃO DO
CONHECIMENTO, A ÉTICA E A ESTÉTICA E
A DIMENSÃO POLÍTICA.......................................................14
CAPÍTULO III – RESULTADOS....................................................................25
3.1 - Relatos na Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SEMA)
de Porto Velho......................................................................25
3.2 - Relatos na Secretaria Municipal de Educação (SEMED)
de Porto Velho..........................................................................26
3.3 - O Bairro Areal e suas relações com a Escola Padre
Chiquinho...................................................................................27
3.4 - Relatos na Escola Municipal Padre Chiquinho..........................36
3.4.1 - A Escola Municipal Padre Chiquinho e o Diagnóstico da Comunidade Escolar...........................36
3.4.2 - Práticas Pedagógicas na relação com a Educação Ambiental................................................... .37
CONCLUSÃO............................................................................................ ..41
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................43
8
INTRODUÇÃO
A presente pesquisa tem a intenção de analisar a relação da Escola
Municipal Padre Chiquinho com a comunidade do Bairro Areal nos seus
aspectos geográficos, sócio-econômicos e culturais diante da Educação
Ambiental, quais as ações ambientais que a escola está comprometida para
formação de educando nos valores sociais, políticos e éticos.
Apresentaremos no primeiro capítulo - A Educação na Formação
Humana. A educação enquanto processo de formação humana constitui um
elemento fundamental para o desenvolvimento do ser humano no mundo.
Na esfera humana, a educação é o elemento primordial para que ocorra a
aquisição do conhecimento, na constituição dos valores presentes na Ética e
na Estética, além da participação política e da cidadania. Esta tríade tem sua
base na Epistemologia, na Ética e na Estética e na Política e pertence ao
campo filosófico. Apresenta-se assim, o campo da filosofia da educação
estabelecido pelas ações e práticas educativas.
Inicialmente estas três dimensões educacionais serão analisadas
configurando uma base teórica conceitual que compõe a primeira parte
desta pesquisa.
No segundo capítulo A Educação Ambiental e a questão do
conhecimento, a Ética e a Estética e a Dimensão Política. Analisaremos as
três dimensões da Educação ambiental, a saber: o conhecimento,
constituída pela Epistemologia; os valores éticos e estéticos e a participação
política e a cidadania. O objetivo é, pois, analisar esta tríade filosófica da
educação ambiental e sua relação com o trabalho educativo numa
abordagem introdutória. Para isso, utilizaremos o método dialético como
uma base epistemológica para fundamentar os conceitos de Educação e
Educação ambiental.
Trataremos no terceiro capítulo, Os Resultados, dos Relatos da
Secretaria Municipal do Meio Ambiente-SEMA, Relatos da Secretaria
9
Municipal de Educação SEMED, do Bairro Areal e suas relações com a
Escola Padre Chiquinho e Relatos da Escola Municipal Padre Chiquinho.
Onde os resultados apontam que a Prefeitura Municipal e o Estado de
Rondônia através de seus órgãos competentes devem realizar ações mais
efetivas para com a Educação Ambiental.
Que a Escola a Universidade e as faculdades estejam comprometidas
com a formação dos educandos e que as relações epistemológicas, éticas e
políticas são necessárias para o desenvolvimento da formação dos valores
sociais, políticos, éticos para o desenvolvimento da Educação Ambiental no
respeito e cuidado com a natureza.
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CAPÍTULO I
1 . A EDUCAÇÃO NA FORMAÇÃO HUMANA
Severino (2001) entende que o ser humano possui três dimensões da
ação apontadas como importantes ao desenvolvimento da sua vida: a
prática produtiva, a prática política e a prática simbólica mediadas pela ética.
O primeiro aspecto é compreendido pela existência prática; o segundo
refere-se à prática política; e o terceiro aspecto pertence à cultura simbólica.
Quanto à primeira dimensão, Severino (2001) estabelece a relação da
existência humana com o trabalho, caracterizando a relação
homem/natureza:
Por isso, a natureza é transformada de modo a se
adaptar e atender às necessidades do sujeito, não
sendo mais ele quem se adapta às imposições do
meio natural. Tal ação transformadora é viabilizada
pela prática simbolizadora, que insere numa intenção
subjetivada no processo, tornando-se trabalho, não
seja mera operação mecânica. (Severino (2001: 48)
A afirmação de Severino demonstra a intenção subjetiva nos seus
elementos de transformação do saber na sua dimensão prática que envolve
o ser humano. A prática produtiva está representada pelo trabalho como
elemento da transformação da natureza, pois o homem precisa da natureza
na sua condição de criador e possui na história o desenvolvimento da
atividade biológica perante a acumulação do capital. Diante da condição
humana, o trabalho se envolve na ação produtiva, e as ações concretizam-
se dialeticamente pelos atos criativos entre ele a natureza.
Do mesmo modo, Saviani (2005) entende que o homem é fruto das
condições históricas produzidas nas relações econômicas e sociais:
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[...] a essência do homem é o trabalho. Ou seja, os
homens são aquilo que eles próprios produzem em
sua ação sobre a natureza. Portanto, se o homem não
tem sua existência garantida pela natureza, mas
precisa produzi-la, ele necessita aprender a produzi-
la, ele necessita aprender a agir sobre a natureza.
Isso quer dizer, pois, que ele necessita ser educado.
(Saviani 2005: 246).
Na visão de Saviani, a educação é necessária para o ser humano
diante das condições éticas e sociais que envolvem o mundo. Dessa forma,
a realidade educativa é estabelecida pela construção histórica dos valores
presente na vida. Para isso, cabe analisar o trabalho enquanto uma
necessidade objetiva do ser humano refletida na vida em sociedade.
O segundo aspecto é a prática política compreendida pelas relações
humanas no contexto histórico-social. A perspectiva marxista envolve a
relação entre a teoria e a prática, desenvolvidas pela consciência histórica
construída ao longo de sua existência, e permite ao ser humano a vivência
nas transformações de vida, e conseqüentemente da educação. Entende-se,
com isso, que o homem, enquanto sujeito é um ser político e cultural
orientado em favor da sua evolução na busca pela construção do
conhecimento.
O existir humano é intrinsecamente social e implica uma existência
política que se explicita nas condições das relações entre os seres humanos.
O desenvolvimento das condições sociais dos seres humanos permite
através da política o desenvolvimento das necessidades humanas para com
o social. Por isso, a existência só se efetiva pelas construções históricas
voltadas para a ação no mundo.
O terceiro aspecto é a prática simbolizadora que representa as
relações da cultura e dos signos. Para Severino (2001) este é um contexto
que envolve o ser humano enquanto um ser constituinte da sua formação:
12
Os conteúdos do conhecimento e pensar humano são
constituídos a partir dos signos, símbolos e conceitos
prévios que formam o entorno cultural – as
sociedades. Nelas, ao se impregnar de seus
conteúdos, a pessoa se objetiva ao mesmo tempo em
que se expande numa rede de intersubjetividade. Ao
inserir se nessa comunidade de significações, o
sujeito implementa relações intersubjetivas e passa a
compartilhar significações objetivadas, prenhes de
universalidade. (Severino 2001: 61)
A atividade simbólica é a trajetória do ser perante os valores da ética
e da estética representados na dinâmica do mundo. Com isso, observa-se
que a prática social permite a construção do homem perante a sua própria
existência, e por isso, a existência só se efetiva na construção histórica no
mundo.
A partir destes três princípios que fundamentam a vida, a Educação
possui um papel importante na formação dos valores dos educandos. Assim,
na sua existência, o homem precisa da educação para aprender a se
desenvolver, ou seja, a relacionar-se com os outros e com o meio em que
vive. Saviani (2005: 21) afirma:
O trabalho educativo é o ato de produzir direta e
intencionalmente, em cada indivíduo singular, a
humanidade que é produzida histórica e
coletivamente pelo conjunto dos homens. Assim,
o objeto da educação diz respeito, de um lado, à
identificação dos elementos culturais que
precisam ser assimilados pelos indivíduos da
espécie humana para que eles se tornem
humanos e, de outro lado, e concomitamente, á
descoberta das formas mais adequadas de atingir
esse objetivo. (Saviani 2005: 21).
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O trabalho educativo é fundamental para a elaboração do
conhecimento, pois não basta formar indivíduos, é preciso formar educandos
comprometidos com a realidade como um ato histórico-social relacionado à
produção do conhecimento. Deste modo, a educação pressupõe o
desenvolvimento da consciência numa ação comprometida com a realidade.
Na visão marxista, ocorrem os processos contraditórios da sociedade
burguesa e o sistema escolar é o grande instrumento do capitalismo na
preparação da mão de obra, onde a finalidade do processo educativo é a
formação de um indivíduo completo, capaz de fazer face a diferentes
situações de trabalho.
14
CAPÍTULO II
2. A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A QUESTÃO DO CONHECIMENTO, A ÉTICA E A ESTÉTICA E A
DIMENSÃO POLÍTICA.
A epistemologia marca a sua presença na história, e assume um
significado importante direcionado ao conhecimento. Etimologicamente ela
representa um discurso (logos) sobre a ciência (episteme) que se preocupa
em investigar os processos do conhecimento, e possui um vínculo entre o
sujeito com o objeto.
Para Severino (2001: 11):
O conhecimento só se legitima como mediação para o
homem bem conduzir sua existência. Cabe-lhe o
compromisso de evidenciar a intencionalidade de
nossa existência, para orientá-la rumo a uma
qualidade de vida que esteja à altura de nossa
dignidade de pessoas humanas. É por isso que seu
compromisso fundamental é com a construção da
cidadania, entendida esta hoje como a única forma
decente de sermos plenamente humanos. (Severino
2001: 11).
O conhecimento é uma tarefa do ser na construção da racionalidade e
está presente no contexto dos saberes ambientais, e, para tal efetivamente
ocorre pelas mediações histórico-sociais que constituem a substância do
existir humano.
Na perspectiva do empirismo e do racionalismo há uma marca entre a
matéria e o espírito proporcionando uma ciência em que está presente a
dicotomia do sujeito frente ao objeto. Esse domínio é enfatizado por
Gonçalves (2005: 41) quando afirma que “o sujeito – o homem – dispondo
15
do domínio do método científico poderá ter acesso aos mistérios da natureza
e, assim, tornar-se senhor e possuidor desta, utilizando-a para os fins que
desejar”. Assim, a separação entre o espírito e a matéria relaciona à
condição de envolver-se com a natureza.
Tozzoni-Reis (2004: 35) compreende a epistemologia ambiental nos
pressupostos históricos do materialismo histórico. A primeira concepção é
romantizada e permeada pela concepção da subjetividade do “paraíso
perdido”. Já, na segunda tendência ocorrem as relações do homem-natureza
determinantes pela falta de conhecimento que o homem tem.
O conhecimento aparece mediado pela idéia de envolvimento do
homem para com a natureza. E, a terceira abordagem, os sujeitos são
envolvidos na relação da história e da cultura como condicionantes técnicos
envolvendo a compreensão homem-natureza no mundo histórico.
É necessário pensar o conhecimento pelo saber ambiental, conforme
afirma Leff (2001: 145):
O saber ambiental problematiza o conhecimento
fragmentado em disciplinas e a administração setorial
do desenvolvimento para constituir um campo de
conhecimentos teóricos e práticos orientado para a
rearticulação das relações sociedade-natureza. Esse
conhecimento não se esgota na extensão dos
paradigmas da ecologia para compreender a dinâmica
dos processos socioambientais nem se limita a um
componente ecológico nos paradigmas atuais do
conhecimento. Leff (2001: 145).
Leff analisa os saberes ambientais presentes na racionalidade
compreendida como um saber que necessita da linguagem e da
comunicação entre os sujeitos no mundo. Para isso, ele chama a atenção da
importância do conhecimento interdisciplinar voltado à transformação do
saber entre o sujeito e o objeto e que a partir das aproximações com o
marxismo e a teoria crítica, o meio-ambiente é estudado na relação dos
saberes com a vida das necessidades humanas.
16
Para esse autor, “a crise ambiental é a cima de tudo um problema de
conhecimento” (LEFF, 2001: 191), e como tal deve ser analisado sob a ótica
da cultura e da sociologia, onde a prática educativa está presente no
desenvolvimento da aprendizagem das questões ambientais na Escola e
fora dela. É por isso que Leff chama a atenção que o conhecimento não
pode ser determinado pelas imposições como foi na idade média, ou nos
regimes totalitários e ainda capitalistas marcados pela tecnologia destinada
à destruição da natureza: “A crise ambiental leva-nos a interrogar o
conhecimento do mundo, a questionar este projeto epistemológico que tem
buscado a unidade, a uniformidade e a homogeneidade; este projeto que
anuncia um futuro comum, negando o limite, o tempo, a história; a diferença,
a diversidade, a outridade” (LEFF, 2001: 194).
Para ele, há uma visão economicista, ou seja, uma ‘mania de
crescimento’, sendo necessário pensar que a luta por manter um ambiente
saudável é uma necessidade humana de manutenção do meio-ambiente
ainda em condições de ser habitado. O conhecimento possui como objetivo
formar os sujeitos comprometidos com o sentido ecológico e planetário. Para
tanto é preciso ensinar que o meio-ambiente é ainda o lugar que podemos
habitá-lo. Esta condição é determinante quando envolve a prática do
conhecer com a do pesquisar na busca pelo saber.
Para Luiz Marcelo de Carvalho 2006 afirma que:
As práticas pedagógicas relacionadas com o meio
natural não podem deixar de considerar, a partir das
proposições ambientalistas, outros aspectos além dos
estritamente referentes à natureza. Nesse sentido,
uma das questões mais complexas levantadas pelos
movimentos ambientalistas é que abrange a relação
dos seres humanos organizados em sociedade, com a
natureza e por mais complexa que seja tal questão,
ela não pode deixar de ser considerada em nossas
propostas educativas. (Luiz Marcelo de Carvalho
2006: 30).
17
Dessa forma, o caminho é a educação ao meio-ambiente enquanto
proposta que envolve os saberes ambientais através das práticas
educativas.
Assim, o processo do conhecimento interdisciplinar da Educação
Ambiental é analisado por Isabel de Carvalho (2006):
[...] a EA desperta enorme expectativa renovadora do
sistema de ensino, da organização e dos conteúdos
escolares, convidando a uma revisão da instituição e
do cotidiano escolar mediante os atributos da
transversalidade e da interdisciplinariedade. Essa é a
tarefa bastante ousada. Trata-se de convidar a escola
para a aventura de transitar entre saberes e áreas
disciplinares, deslocando-a de seu território já
consolidado rumo a novos modos de compreender,
ensinar e aprender. (Isabel de Carvalho 2006: 125)
Carvalho entende que a Escola deve ter o compromisso entre os mais
diversos saberes permitindo a realização do trabalho educativo pelo
educador ambiental, sendo os educadores envolvidos e comprometidos com
a educação ambiental que são denominados por Isabel de Carvalho (2002)
como “sujeitos ecológicos” que envolvem o comprometimento do ser na
trajetória de vida. Assim, é importante que o trabalho educativo esteja
presente no projeto pedagógico, enquanto proposta política. A idéia de que o
educador ambiental seja comprometido com o conhecimento, com os
saberes ambientais, e assim para com os alunos. A este respeito Carvalho
(2006: 25) afirma:
Enquanto ação educativa, a EA tem sido importante
mediadora entre a esfera educacional e o campo
ambiental, dialogando com os novos problemas
gerados pela crise ecológica e produzindo reflexões,
concepções, métodos e experiências que visam
construir novas bases de conhecimento e valores
ecológicos nesta e nas futuras gerações. Isabel
Carvalho (2006: 25).
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Para Carvalho a Educação Ambiental implica numa educação
transformadora e exige práticas que conduzam às ações mediadas pelo
saber e pelas experiências na busca para o desenvolvimento da ciência, e
para isso, o saber é observado na sua compreensão intelectual, moral e
física, isto é, o saber, a virtude.
Martha Tristão (2002) analisa a valorização do conhecimento na
educação ambiental, pertencente a esfera da sociedade na diversidade das
culturas:
O momento atual suscita uma articulação dos
princípios teóricos filosóficos da educação ambiental
de forma contextualizada e congruente com o
pensamento contemporâneo. O respeito às
diversidades cultural, social, biológico é o fio condutor
das relações estabelecidas com o contexto
contemporâneo seja esse momento de transição
paradigmático considerado uma nova fase do
modernismo, seja uma outra realidade denominada
pós-modernidade ou modernidade tardia. (Martha
Tristão 2002: 169).
Nesse aspecto, os desafios da educação neste século de modo geral
correspondem a busca pelo conhecimento perante as intenções dos sujeitos
no mundo.
O segundo aspecto da educação ambiental apresentado por Luiz
Marcelo de Carvalho são os valores éticos e estéticos que são analisados
quanto o seu significado histórico perante a sociedade na sua visão
ecológica e natural.
Henrique C. de Lima Vaz (1999: 13) entende que “éthos designa o
conjunto de costumes normativos da vida de um grupo social representando
o comportamento do indivíduo cuja vida é regida pelo ethos-costume”.
Sócrates, Platão e Aristóteles concebem a Ética na valorização da formação
do homem grego na busca do bem. Através da maiêutica, Sócrates foi o
pensador do ethos do cidadão, e para isso utilizou a Filosofia para
desenvolver o questionamento no diálogo investigativo, às perguntas, ao
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exame dos valores e ao modo de conduzir o conhecimento. Assim, a
essência da ética grega constrói-se através dos valores e as virtudes são
necessárias para a formação do homem grego através da prática das
virtudes.
Na modernidade, Hegel que buscou na ética o desenvolvimento da
consciência moral para alcançar a liberdade, entendendo que se pode
aprimorar a autonomia do sujeito (educandos e educadores) no mundo, e
colocando na história a superação dialética da ação. Já, para Marx a Ética é
necessária para o desenvolvimento da consciência social, considerado como
uma práxis.
A Ética é desafiadora na formação dos valores dos educandos na
Escola, na família e na sociedade diante dos problemas presentes na esfera
social, filosófica e antropológica. Ela abrange as constantes transformações
planetárias, culturais, sociais no desenvolvimento de ações concretas que
permitam trabalhar com as diversidades culturais, afetivas, espirituais dos
educadores e educandos. Nesse aspecto, o educador e o educando
enquanto humanos possuem valores representados no contexto escolar e
como agentes transformadores na melhoria da educação ambiental.
Assim, o conceito de natureza é analisado por Gerd Bornheim (1985:
17) diante da construção histórica e nas transformações do homem que
possui um ponto de partida na estrutura social pertencente às
transformações sociais e coletivas presentes nos atos coletivos. Nesse caso,
todo o problema ambiental se estabelece pelas três estruturas da ética, da
política e do conhecimento.
Dessa forma ressalta Luiz Marcelo de Carvalho (2006: 34) entende
que “considerados aqui em suas dimensões éticas e estéticas o que se
coloca por um lado é a necessidade de compreender melhor o nosso
compromisso ético com a vida e com as futuras gerações e também de se
criar uma cultura que conduza novos padrões de relação sociedade-
natureza”. Assim, a relação do homem para com a natureza é importante,
pois se estabelecem compromissos éticos com a vida, com o mundo e,
sobretudo na efetivação dos valores sociais, os quais se pode manter com
equilíbrio o meio-ambiente.
20
Nesse aspecto, a educação ambiental é analisada sob o ponto de
vista da manutenção dos valores no campo da ética e da estética, conforme
ressalta Luiz Marcelo de Carvalho. Para isso, a educação é necessária, pois
é nela que são incorporados os valores e atitudes dos alunos e professores
na Escola. Assim, os valores éticos e estéticos, as crenças, as atitudes
podem ser compreendidas como processos educativos e atitudes positivas
na Educação ambiental e representam o envolvimento do educando para
com a comunidade escolar na prática educativa.
A ética ambiental envolve as relações entre os educandos e
educadores na Escola, pois cabe ao educador entender os processos de
contradições sociais, das lutas pelas garantias para que os valores éticos e
estéticos sejam desenvolvidos numa relação com o meio-ambiente. Assim,
ao tratarmos do meio-ambiente devemos fazê-lo sob a condição da ética e
da competência política na prática educativa ambiental.
É possível, então que a Escola seja o caminho mais adequado para a
realização de teorias e práticas condizentes com a realidade natural, pois
nela passa a ser demonstrada o elemento que reflete a condição reflexiva do
homem para com o meio-ambiente, pois os valores éticos não estão
separados do conhecimento ambiental,
Dansereau (1999: 47) entende deste modo que “Uma ética do meio-
ambiente deveria, portanto, na minha opinião constituir o andar superior do
edifício onde este “renascimento” passaria, daqui para frente, a submeter a
economia e a política à perspectiva ecológica” [...] .
A relação dos valores se estabelece como necessária para o
desenvolvimento do conhecimento na condição epistemológica, sendo
possível o envolvimento da razão e da ciência numa atitude ética que
envolve o ser perante a natureza. Entende-se, pois, que o problema
ecológico é um problema ético e implica na liberdade nas relações entre a
natureza e sociedade remetendo a uma racionalidade ética na valorização
da vida. Assim, a formação do sujeito ético é o ponto fundamental na
educação ambiental.
De acordo com Tozzoni-Reis (2004: 71) “o papel do educador é
garantir a reflexão dos alunos acerca dos temas relacionados ao ambiente”.
21
Desse modo, ao desenvolver os valores na escola e na sociedade, o objetivo
é o de educar para a manutenção da vida, que para ela ocorre pelas
representações éticas no campo da educação ambiental:
Contemplar a dimensão ética nos problemas
ambientais e na educação ambiental significa
considerar a articulação das ações referentes ao
ambiente- natural e construído – com os interesses de
todos os habitantes do planeta, não apenas os atuais,
mas também os interesses das futuras gerações.
Nesse sentido, são indissociáveis ética ambiental e
ética democrática. A relação entre conhecimentos e
valores só tem sentido se tomada pela educação
ambiental para a mediação da relação homem-
natureza (TOZZONI-REIS, 2004: 99).
A tese é de que através da ética ambiental se podem conhecer os
valores na realização de ações educativas envolvendo a relação homem-
natureza. A conscientização é demonstrada na articulação entre os
conhecimentos, valores e atitudes para que ocorra o equilíbrio entre homem
e natureza na formação e na constituição do ser ético.
As atitudes dos valores éticos que se apresentam aos educandos
devem ser analisadas sob o aspecto da responsabilidade ambiental. Deve-
se ressaltar que a busca do equilíbrio dos saberes e da ética devem
envolver os cuidados que devemos ter para com o ambiente. O primeiro
deles é o respeito e cuidado com a comunidade de vida, o segundo, a
integridade ecológica; o terceiro, a justiça social e econômica; o quarto, a
democracia, a não-violência e a paz. Estes quatro valores são
representativos na condição de que seja necessário a relação entre o
homem e a sociedade, o homem e a natureza.
O terceiro aspecto da educação ambiental é a condição política. Na
antiga Grécia, a pólis era o espaço reservado para a discussão da relação
entre os indivíduos e a realização do meio social. Foi a partir de Sócrates
que a Filosofia contribuiu para com o questionamento no que se refere ao
22
diálogo investigativo, às perguntas, ao exame de valores e ao modo de
conduzir a aula, bem como a postura do professor.1
Gerd Bornheim (1985) ao analisar as questões a respeito da condição
política destaca os elementos filosóficos políticos reflexivos no seu aspecto
ecológico. Num outro texto, Bornheim (2001: 7) afirma que “a política é
fundamental para a análise das questões ambientais e desses problemas
todos”. Em outras palavras, pode-se dizer que a riqueza do homem está em
refletir e agir perante os fatos presentes no contexto social e econômico
refletindo-se numa perspectiva real e frente nos aspectos presentes nas
contradições do mundo capitalista. Assim, na questão ecológica, a política
faz parte da condição da vida na busca pela compreensão do mundo. O
biós, enquanto natureza vinculada ao meio ambiente se estabelece na polis
enquanto determinação da realidade. Assim, a ciência política é
demonstrada como um elemento fundamental que reflete a relação entre a
técnica e a episteme.
Carvalho (2002: 176) entende que a natureza enquanto elemento
significativo da vida frente a pólis: “Contudo, se podemos falar de uma
politização da natureza pelos movimentos sociais e lutas ecológicas
emancipatórias também se pode observar a tênue fronteira que aponta uma
biologização da política, ou seja, a afirmação de uma suposta ordem natural
– bios – sobre a polis. “ Assim, do ponto de vista da organização social do
mundo capitalista, as lutas em defesa ao meio ambiente transformam-se
necessárias para o desenvolvimento da vida.
O sentido da ecologia no mundo globalizado representa a condição de
desenvolvimento do ser humano manifestada por um jogo do poder em que
a natureza é afetada, pois a lógica do capital sobrepõe ao equilíbrio do ser e
da natureza, todos acabam sofrendo perante os impactos de destruição do
ser humano no mundo. Enfim, a lógica de manter o ser humano vivo implica
na sociedade capitalista e no mundo globalizado, ocupa a natureza de tal
modo que ela deva ser destruída.
1 Com Sócrates, o mestre é aquele que ensina a perguntar, tendo a maiêutica um caminho do aprender na busca pela sabedoria, sendo a Ética responsável para o desenvolvimento moral dos seres humanos na sociedade.
23
Este é o entendimento de Bornheim (1985: 21) “Os processos de
manipulação, que tudo pretendem pôs a serviço do homem, encontrem a
sua situação limite – o que já vem se verificando em muitos setores na
destruição da natureza”. Percebe-se que as ações políticas estabelecidas ao
longo do capitalismo através da Revolução Industrial proporcionaram o
fortalecimento do Estado perante a sociedade estabelecida pelos valores
econômicos apresentados pelas condições de rentabilidade e acúmulo do
capital, pois as relações se estabelecem na acumulação do capital e
conseqüentemente a destruição do meio-ambiente enquanto processo
social, isto é, que afeta a todos.
Assim, a educação ambiental nesta perspectiva que envolve o ser
humano na sua condição ética, política é observada pela contextualização
histórica. Leff (2001) compreende bem esta relação:
Assim, as estratégias políticas orientadas para a
solução da problemática ambiental e para a geração
de um desenvolvimento sustentável, fundado num
aproveitamento integrado de recursos, requerem uma
análise teórica das causas profundas das crises ao
capital e de suas próprias estratégias de
sobrevivência [...] . (Leff 2001: 61).
Embora, o ser humano deseja que aconteça o desenvolvimento e o
conforto para si a problemática da natureza constitui ainda num desafio para
manter o equilíbrio na construção de uma racionalidade ambiental. Assim, na
configuração do ambiente transformado pela Revolução Industrial e
conseqüentemente o desenvolvimento do capitalismo, a relação entre o
homem, sociedade e natureza passa a ser analisada pelo pressuposto de
uma racionalidade ambiental.
Deste modo, Hannah Arendt (1993) analisa a condição humana
pautada pela consciência e participação da liberdade e da possibilidade de
fazer a história no contexto educacional vivenciada nas relações do
educador e do educando diante do meio-ambiente. Assim, a participação
política representa uma relação com a educação ambiental na medida que
24
ocorre o envolvimento com os conteúdos e temas que norteiam a vida e o
meio-ambiente. Por isso que os contextos ambientais são necessários na
perspectiva da racionalidade ambiental resultante dos interesses, valores,
significados que não se dão fora da natureza, mas dentro da gestão dos
recursos naturais e como tais implicam em políticas comprometidas com
ações que permitam a construção dos valores ambientais próprios dos
saberes econômicos, políticos, ecológicos para a manutenção da natureza.
Carvalho (2006) enfatiza que a relação do compromisso ético e
político como sendo possível desde que se utilize decisões racionais
baseados nas ações voltadas para as condições sociais e humanas. Assim,
os aspectos da teoria crítica devem ser analisados como elementos
fundamentais e necessários para a compreensão da natureza, e ao pensar a
natureza como uma externalidade e fonte de matéria-prima, além de ser um
efeito, é uma condição para que o trabalho assalariado (expropriação do
trabalhador) seja legitimado e possa ocorrer na geração de lucro.
25
CAPÍTULO III
3.RESULTADOS
Na pesquisa de campo foi feito um mapeamento da área do Bairro
Areal, pesquisa documental e descritiva através de entrevistas na Escola
Padre Chiquinho, além de entrevistas na Semed e Sema (Prefeitura de
Porto Velho).
Os resultados apontam que a Prefeitura Municipal e o Estado de
Rondônia através dos seus órgãos responsáveis devem realizar ações mais
efetivas para com a Educação ambiental.
3.1 - Relatos na Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SEMA) de
Porto Velho
Segundo dados fornecidos por Carla Denise Alves dos Santos-Diretora
do Departamento de Manejo, Proteção e Educação Ambiental existe vínculos
de parceria entre a SEMA-Secretaria Municipal do Meio Ambiente e SEMED-
Secretaria Municipal de Educação de Rondônia.
A parceria entre SEMA-Secretaria Municipal do Meio Ambiente e
escolas municipais ocorriam inicialmente com a oficialização de documentos
expedidos pelas escolas solicitando a participação de técnicos objetivando a
ministração de palestras, de acordo com as faixas etárias dos educandos no
que se refere a temática ambiental.
Atualmente a parceria entre SEMA- Secretaria Municipal do Meio
Ambiente e escolas municipais consolidou-se através do PROJETO SEMA
VAI A ESCOLA. Vários temas são abordados na escola por equipe
multidisciplinar composta por pedagogos, biólogos, arquitetos, engenheiros
26
sanitaristas, como: Destruição da Amazônia, Ecologia e Meio Ambiente, Os
Animais da Amazônia. A exposição dos temas ocorre através de
metodologias diversificadas com a utilização de recursos como músicas,
cartilhas sobre reciclagem, teatro, slides e vídeos como a Era do Gelo.
O Projeto Sema Vai a Escola atende as diversas faixas etárias e
preferencialmente as crianças que apresentam uma melhor receptividade com
a temática ambiental, sendo assim o resultado imediato. O objetivo do Projeto
é formar e conscientizar multiplicadores de educação ambiental a população
em geral.
O currículo voltado a educação ambiental adotado pelo PROJETO
SEMA VAI A ESCOLA encontra-se organizado de acordo com a realidade dos
alunos, com linguagem apropriada ao público-alvo residente tanto na zona
urbana como na zona rural. Para a divulgação do Projeto encontra-se sendo
realizado a nível municipal pits-tops, campanhas educativas. O respectivo
Projeto atende (três) escolas por semana, com uma estimativa de pelo menos
1(uma) visita anual por equipe multidisciplinar da SEMA –Secretaria Municipal
do Meio Ambiente em cada escola .
3.2 - Relatos na Secretaria Municipal de Educação (SEMED) de Porto
Velho
Conforme Profª Fátima Moreira, Coordenadora do Programa de
Educação Ambiental, trabalhando com essa temática desde 1989, a
Educação Ambiental no Município de Porto Velho encontra-se em processo
de reorganização e com a participação de diversas parcerias no que se refere
a essa temática e implementação de vários projetos, dentre estes:
a) Projeto Semusp voltado à conservação e limpeza das escolas
objetivando ensinar a preservar o que temos tornando um ambiente
agradável;
b) Projeto Escola Verde visando à arborização das escolas;
c) Projetos desenvolvidos conjuntamente com a Emater- horta
comunitária e plantas ornamentais e medicinais visando a geração de renda;
27
d) Projeto com apoio da Petrobrás, desde 2005, voltado à saúde
pública e educação ambiental nos Bairros Nacional e Belmont com a
realização de subprojetos objetivando atingir a comunidade escolar e em
geral;
e) Projeto Três Marias tendo como objetivo levar as crianças das
escolas municipais a conhecerem a garagem de empresa de ônibus
estimulando-as a preservar os coletivos. As visitas acontecem mensalmente.
f) Projeto Coletivo Jovem objetivando formar grupos para serem
multiplicadores da temática ambiental, assim sendo são realizadas palestras,
oficinas pedagógicas, Conferências Infanto-Juvenil.
A metodologia de projetos a ser realizada na escola no que tange a
educação ambiental é norteada pelos parâmetros curriculares e através de
reuniões ministradas por equipe pedagógica da SEMED (Secretaria Municipal
de Educação) com o intuito de orientar, dar suporte, oferecer subsídios aos
docentes para trabalharem essa temática, de maneira transversal de acordo
com legislação vigente.
Atualmente, o Projeto atende 47 escolas municipais são atendidas na
zona urbana pela Coordenação de Educação Ambiental em parceria com
vários órgãos públicos, instituições particulares. Segundo os relatos da
entrevistada, as Escolas que têm se destacado realizando projetos voltados a
educação ambiental são a Escola municipal de Ensino Fundamental Pe
Chiquinho e a Escola municipal de Ensino Fundamental Joaquim Vicente
Rondon, com a participação de alunos envolvidos na elaboração de
atividades ambientais com o apoio das equipes gestora das unidades
escolares.
3.3 - O Bairro Areal e suas relações com a Escola Padre Chiquinho
Nesta parte demonstraremos os aspectos físicos (geográficos) do
Bairro relacionando com os aspectos culturais e da saúde.
28
Figura 1 – Área física do Bairro Areal
O Bairro Areal Limita-se ao norte com o igarapé das lavadeiras a
partir da sua intersecção com a Rua Prudente de Moraes, seguindo o
sentido Foz/nascente até sua intersecção com a rua Brasília. A leste com a
Rua Brasília, até o ponto de deflexão com a Rua Goiás e, seguindo até sua
intersecção com o Igarapé Grande. Ao Sul, com o Igarapé grande, seguindo
no sentido nascente /foz até sua intersecção com a Rua Prudente de
Moraes, a Oeste com a Rua Prudente de Moraes até o ponto inicial,
intersecção com o igarapé das Lavadeiras. Está localizado na zona oeste,
área urbana do município de Porto Velho, e a sua população é de
aproximadamente 5.876 habitantes. As principais vias públicas do bairro são
asfaltadas e com sinalização.
29
Devido à implantação de faculdades hoje se tornou conhecido como
um bairro universitário recebendo alunos de outros estados e municípios.
Observamos que o número de espaços disponibilizados para aluguel também
cresceu muito nos últimos dois anos.
Em relação aos dados da comunidade do Areal fomos até o IBGE e,
infelizmente os dados são do ano de 1996, e, portanto não incluímos nesta
pesquisa. Contudo, resolvemos incluir aspectos do destino do lixo no Bairro
Areal. Já no ano de 1996.
Tabela 1 – Destino do Lixo no Bairro Areal – 1996
Domicílios particulares 1477
Lixo coletado 1394
Serviço de limpeza 1392
Caçamba/ serviço de limpeza 02
Queimadas na propriedade 41
Lixo enterrado na propriedade 01
Lixo jogado em terrenos baldios 13
Lixo jogado nos igarapés 14
Outros destinos 14
Fonte: IBGE, 2007.
Percebe-se nesta tabela que a comunidade do Areal, ainda não
conseguiu desenvolver a Educação Ambiental em relação ao lixo, pois há
muitas queimadas na propriedade, além de jogar lixo nos terrenos baldios e a
não conservação dos igarapés, tornando o bairro ainda muito sujo. Embora,
os dados sejam de 1996, a realidade ainda parece ser a mesma, pois o nível
educacional aliado à educação não tenha se desenvolvido muito. É
importante ressaltar a este respeito que embora haja o esforço na Escola
Padre Chiquinho, nota-se que o problema do lixo e do esgoto no Bairro Areal,
bem como na cidade de Porto Velho é cultural.
Deste modo, quanto ao perfil sócio econômico da comunidade do
Areal, apresentamos um perfil da comunidade escolar Padre Chiquinho, e que
30
está apresentado na Tabela 1, a qual demonstra a composição e estrutura
Familiar.
Tabela 2 - Composição e estrutura Familiar dos alunos da
Escola Padre Chiquinho Classe Social
Renda Familiar Moradia Estrutura das casas
Composição das famílias
Religião
*Baixa 55,94% -recebem mais de 1(um) salário mínimo 26,98%- recebem de 1 a 3 salários mínimos 17,08%- possuem renda acima de 3 salários mínimos
64,36%-possui casa própria 14,85%-residem em casas alugadas 19,6%-em moradias (emprestadas) 1,73%-em outras condições
56,95%- das residências são edificadas em alvenaria; 38,12%- em madeira; 2,23% em outras condições
83,17%-por mais de três habitantes 12,87% composta por três habitantes 3,96%-por até dois habitantes
69,31%- são católicos 18,81%- são evangélicos 5,20%- frequentam outras religiões
Fonte: Questionários aplicados para 404 membros da comunidade de 2007- Escola Padre Chiquinho
De acordo com a tabela 1 pode-se verificar que a maioria dos pais
são de classe baixa: 54,94 % e que recebem um salário mínimo e que
trabalham como diaristas, pedreiros, serviços prestados e outros fazem
pequenos trabalhos, como a limpeza de quintal, e sobrevivem do bolsa
Escola.
Quanto à moradia 56,96% residem em residências edificadas como
alvenaria Segundo constatamos essas residências muitas vezes passam de
pai para filho, pois a questão familiar no bairro Areal é muito forte e
tradicional. Nesse aspecto, 56, 95% das casas são de alvenaria, 38,12%
ainda são de casas de madeira e 2, 23% são de outras edificações. É
importante ressaltar aqui, as condições sociais dos moradores, pois mantêm
construções simples, pois não conseguem melhorar suas casas.
Quanto aos habitantes das casas, percebe-se que 83,17 têm mais de
três moradores; 12,87% são de 3 moradores e 3,96 são de até dois
31
habitantes. Nesse caso, pode-se constatar que as famílias não são tão
pequenas, pois alguns filhos que também casaram acabaram ficando em
casa constituindo uma nova família no mesmo terreno. Há casos de 3 famílias
morarem no mesmo terreno.
Tabela 3 – Dados dos alunos da Escola Padre Chiquinho Alunos/residentes Estrutura Familiar Nível de escolaridade
das famílias 53,47%- residem no Bairro Areal 9,41%- residem em bairros próximos 10,54%- residem em bairros afastados 1,25%- residem fora da cidade
48,02%-vivem com os pais 2,72%- somente com o pai 19,31% - somente com a mãe 2,23%- com os tios 11,87%- em outras condições
41,09% dos responsáveis possuem o ensino fundamental 12,62% possuem o ensino fundamental completo 26,49% possuem o ensino médio completo 4,70% já concluíram o ensino superior
Fonte: Dados dos Questionários aplicados para 405 Alunos, julho de 2007- Escola Padre Chiquinho A tabela 2 apresenta os dados dos alunos da Escola. Percebe-se que
53,47% residem no bairro Areal, 9,41% em bairros próximos, 10,54% em
bairros afastados e 1,25 são alunos que residem próximo da BR 364- Km. 51
– sentido Rio Branco. É importante salientar que a Escola é necessária para
o bairro, pois “ela é a propriedade deles” (Relato de uma Entrevistada). Na
realidade é a prática como eles se posicionam, e como chegam à Escola,
pois existe uma tradição familiar muito grande, onde estudaram o avô, o pai,
o filho e os netos. Assim, a Escola vai completar 34 anos.
No que diz respeito a estrutura familiar percebeu-se que 48,2% vivem
com os pais, 2,72 com o Pai, 19,31 com a mãe, e 2,23 com os tios, e 11,87
em outras condições, o que significa que há alunos que moram em abrigos,
com os tios e tias, primos e avôs. Nesse aspecto, há 7 casos de
alunos/alunas que moram em abrigos determinados pela justiça, pois houve
maus tratos por parte dos pais.
32
A nível da Escolaridade, 41,09% possuem o ensino fundamental,
12,62% possuem o ensino fundamental completo, 26,49% possuem o ensino
médio completo, 4,70% já concluíram o ensino superior. Nesse caso, o que
se pode observar é que poucos concluíram o ensino superior, embora com o
crescimento das Faculdades muitos ex-alunos já estão estudando.
Quanto a segunda variável investigada, são os aspectos culturais, e
que Contreras (1994) chama de fator C: “Desenvolvimento Cultural para a
participação do indivíduo na comunidade”.
É importante a análise de Contreras Manfredi2 (1994: 154) a respeito
do desenvolvimento cultural:
Assim mesmo, as culturas que tem desenvolvido mais
as atitudes e capacidades – ainda que não sempre os
valores humanistas – se apresentam como
dominantes inibindo o de outro povos cujo caminho
fundamental está, pois em fortalecer sua cultura e
permitir que os componentes de suas comunidades
impulsionam ao máximo de suas capacidades e
aportem, adequadamente motivados, como entes
pensantes, como seres com direitos a participar e
como responsáveis de seu destino, contribuindo sem
sentir-se alheio ou desprezado por ele. Cabe assim, o
direito para todo ser humano a ter aceso a cultura e a
desenvolver suas potencialidades intelectuais tanto
para benefício próprio como da comunidade.
(Contreras Manfredi 1994: 154)
2 No original: “ Assimismo, lãs culturas que han desarrolladoo más las aptitudes y capacidades-aunque no siempre los valores humanistas -se presentam como dominantes inhibiendo el de otrospueblos cuyo camino fundmental está, pues, em fortalecer su cultura y permitir que los componenetes de sus comunidades impulsen al Maximo sus capaciades y aporten, adecuadamente motivados, como entes pensantes, como seres com derecho a particpar y co-responsables de su destino, contribuyendo sin sentir-se ajenos e desplazados de ello. Cabe asi, el derecho para todo ser humano a tener acesso a la cultura y a desarrollar sus potencialidades intelectuales tanto para beneficio própio como de la comunidad”. (CONTRERAS MANFREDI, 1994: 154).
33
Desse modo, é importante compreender que o trabalho produtivo se
caracteriza pela cultura, como sendo importante e fundamental para
estabelecer a participação da comunidade. Assim, a variável cultural é
importante para ser analisada diante do contexto social e cultural. Este
trabalho torna-se coletivo na medida que os grupos se organizam e
participam da comunidade e para tanto, a relevância do ser trabalhador se
faz presente na relação com a cultura e a sociedade capitalista.
A respeito desta variável pode-se dizer que existe uma interação
cultural da comunidade, ressaltando aspectos da música, da religião e do
esporte. Os pontos de encontro dos amigos ressaltam que existe um resgate
da história de nossa cidade através dos grupos folclóricos como Boi Corre
campo, Veludinho, o Grupo de amigos “O canto da Coruja” idealizador por
intelectuais do bairro.
As atividades desportivas são desenvolvidas no campo da AFA
(Associação de Futebol do Areal) através do Campeonato de Futebol
Interbairros cuja participação dos moradores é grande. Também, a Escola
Padre Chiquinho vem realizando um trabalho de atividades esportivas
através do Projeto Segundo Tempo. 3 Assim, por dias na semana, os alunos
utilizam o campo da AFA para a prática esportiva. No inicio, alguns pais
ficaram resistentes à idéia devido ao histórico do espaço físico em que já
ocorreu casos de homicídios, usos de drogas, e pequenos furtos.
A terceira variável significativa nessa pesquisa é a relação da
comunidade escolar e o sistema de saúde está demonstrada pela
importância de realizar ações, com ênfase na promoção da saúde e na
prevenção de doenças, com intervenções associadas à construção do saber
em saúde através de práticas intersetoriais. Devido a isso os gestores da
Escola fizeram uma parceria com a Policlínica Oswaldo Piana, localizada ao
lado da Escola. Com essa parceria muitos alunos passaram a ser atendidos
pelos profissionais que atendem no Posto melhorando as condições de
saúde escolar.
3 Projeto do Ministério dos Esportes cujo objetivo é o de promover atividades esportivas em escolas públicas, garantindo dessa forma a maior permanência do aluno na Escola.
34
Segundo Contreras Manfredi4 (1994: 79-80)
A saúde é um conceito completo, integrado por
aspectos biológicos, psíquicos e sociais. Os que são
determinantes na qualidade de vida que influenciam
na capacidade funcional no seu estado fisiológico
alterando a eficiência para realizar atividades físicas e
intelectuais. (Contreras Manfredi 1994: 79-80).
A afirmação de Contreras é importante no aspecto de que a saúde
interfere nas condições vitais do ser humano na comunidade. A importância
da localização do Posto de saúde e da Escola na Avenida Campos Sales
possibilita os acessos da comunidade, além de favorecer as parcerias entre
a saúde e a educação.
Contudo, no bairro Areal, a questão do saneamento básico é bastante
precária em épocas de fortes chuvas quando há uma proliferação dos casos
de Dengue ele chega a ocupar o 3º lugar na classificação das áreas mais
afetadas, acreditam que seja pelo fato de no bairro Areal existirem muitas
valas a céu aberto, água empossadas, falta de uma consciência ecológica
por parte dos moradores, o que tem permitido um descaso tanto a nível da
Prefeitura, como dos próprios moradores que se acomodam em relação ao
meio-ambiente em que vivem.5
A Escola também está preocupada com a infância que é uma das
fases da vida onde ocorrem as maiores modificações físicas e psicológicas.
Essas mudanças caracterizam o crescimento e desenvolvimento infantil, e
precisam ser acompanhadas de perto, pois indicam as condições de saúde e
vida da criança, visando a promoção e manutenção da saúde, bem como
intervindo sobre fatores capazes de comprometê-la (SIGAUD, 1996). No que
se refere a crianças sempre foi meta a triagem de problemas de saúde em
4 No original: “La salud es um concepto complejo integrado por aspectos biológicos, psíquicos y sociales, los que son determinantes em la calidad de vida por cuanto influyen em la capacidad funcional o estado fisiológico, alterando la eficiência par realizar actividades físicas e intelectuales”. (CONTRERAS MANFREDI, 1994: 79-80). 5 Contudo, as condições de sujeira, e da falta das condições mínimas de saneamento básico pertencem a uma realidade da cidade de Porto Velho, não sendo exclusividade do Bairro Areal.
35
idade precoce. Hoje em dia a promoção vai, além disso, e inclui extensos
esforços para que os indivíduos desde muito cedo se sintam encorajados a
desenvolver atitudes de saúde positivas.
Para tanto a SEMED criou a equipe de gestores escolares da saúde
para ajudar no atendimento a estas crianças que estão em situação de risco,
inclusive um dos gestores da escola Padre Chiquinho faz parte desta
equipe que tem como um dos objetivos oficializar parcerias com 80% das
policlínicas e intuições que atendem na área da saúde.
Conforme consta nos registros da escola só no ano de 2006 foram
atendidos cerca de 35(trinta e cinco) alunos sendo 20(vinte) casos de
pequenos curativos, 10(dez) consultas com médicos pediatras e 05(cinco)
atendimentos para mães de alunos. No ano de 2007 até a presente data
03(três) consultas para Pediatra, 02(duas) para Mães de alunos, e 08(oito)
pequenos curativos e todos são feitos através de ofícios para depois constar
nos registros da escola.
Também a escola conta com uma parceria da Faculdade São Lucas
na Clinica de Fonoaudiologia onde são atendidos principalmente os alunos
portadores de necessidades especiais, esta parceria já ajudou muitos alunos
principalmente nas faixa etárias de 06,07 e 08 anos. No ano de 2006 foram
atendidos 20(vinte) alunos que ainda continuam com atendimento. No ano
de 2007 foram encaminhados somente 08(oito) alunos para triagem e
tratamento.
Na escola foi implantada uma sala de apoio Pedagógico para atender
os alunos portadores de necessidades Especiais, esse trabalho é feito em
parceria com a Divisão de Educação Especial (DIEES), Médicos
Neurologistas, Psiquiatras, Pediatras e Psicólogos. Além disso a equipe da
Casa dona Cotinha que fazem trabalho especializado com crianças em
situação de risco promove sempre na ultima sexta feira de cada mês uma
reunião com todas as famílias que recebem o bolsa escola o objetivo é
ajudar alguns pais a terem mais diálogos com os filhos e também as
reuniões são elaboradas conforme a solicitação dos Pais.
36
3.4 - Relatos na Escola Municipal Padre Chiquinho
3.4.1 - A Escola Municipal Padre Chiquinho e o diagnóstico da Comunidade Escolar
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre Chiquinho,
localizada à Av.Campos Sales, nº 881, Bairro do Areal , foi criada pelo
decreto nº 76 de 19 de outubro de 1973, pelo então Prefeito Jacob de
Freitas Atallah que a denominou inicialmente com o nome de Grupo Escolar
Municipal de Padre Chiquinho. A denominação da Escola deu-se em
homenagem a Padre José Francisco Pucci, o Padre Chiquinho como era
carinhosamente conhecido por toda parte por onde andava. Durante toda a
sua existência dedicou-se principalmente aos humildes, sentia o sofrimento
do próximo mais do que ele mesmo.
Atualmente a Escola Padre Chiquinho conta com sala da direção, sala
de vídeo, sala de apoio pedagógico, sala dos funcionários, sala da fanfarra,
gabinete odontológico, sala da coordenação Pedagógica, biblioteca, uma
quadra coberta, cozinha e 10 salas de aula.
A Escola oferece o ensino fundamental do 1º ao 5º ano, no turno
matutino e do 6º ao 9º ano no turno vespertino e Educação de Jovens e
Adultos-EJA /1º segmento (1º ao 5º Ano) e 2º segmento (6º ao 8º Ano) à
noite que são turmas distribuídas nos três turnos perfazendo um total de 948
alunos no ano de 2007.
De acordo com o P.P.P (Projeto Político Pedagógico), a missão da
escola é proporcionar meios para garantir o acesso e permanência dos
alunos na escola, oferecer uma educação de qualidade, ao mesmo tempo
em que conscientiza o alunado sobre o exercício da cidadania, incentivando-
os a se tornarem capazes na transformação da sociedade. A Escola
Municipal de Ensino Fundamental Padre Chiquinho encontra-se norteada
pelos seguintes objetivos:
a) Promover um ensino de qualidade buscando com o educando a
construção de um cidadão realizado e realizador;
37
b) possibilitar o crescimento integral do ser humano nas relações intra
e inter pessoais;
c) proporcionar a construção do conhecimento elaborado, tendo como
referência a realidade do aluno enquanto sujeito de seu processo de
aprendizagem;
d) possibilitar ao aluno a aquisição de uma visão de mundo, capaz de
dar-lhe condições de fazer uma leitura interpretativa dos fatos sociais;
e) buscar desenvolver no aluno o interesse pela pesquisa, a
criatividade, a autonomia, o desejo de aprender e a coragem de participar da
sociedade como sujeito crítico e consciente.
3.4.2 - Práticas Pedagógicas na relação com a Educação Ambiental
No que se refere à relação pedagógica, o professor é visto como um
mediador do processo de conhecimento do aluno deve ser dinâmico, preciso
saber relacionar com diferentes tipos de pessoas, saber administrar
conflitos, ter domínio de conteúdos e metodologias de ensino, flexibilidade e
boa disposição. Os alunos precisam ao longo do seu processo de
aprendizagem serem um sujeito ético, participativo, crítico, consciente de
seu papel na sociedade. O conteúdo a ser ministrado além dos conteúdos
básicos para cada série e disciplina deve ser flexível constantemente
analisado, revistos e enriquecidos com conhecimentos que favoreçam o
desenvolvimento cognitivo e social.
Existem diversos procedimentos metodológicos permeando a prática
pedagógica dos docentes da Escola Municipal de Ensino Fundamental
Padre Chiquinho, entre estes a metodologia de projetos, oferecendo aos
educandos a oportunidade de compreender problemas que afetam a sua
vida, a de sua comunidade, a de seus pais e a do Planeta. Assim sendo são
desenvolvidos ações pedagógicas envolvendo temáticas sobre a educação
ambiental, como:
a) Projeto a Horta na Escola objetivando oportunizar aos alunos do 5º
ano e responsáveis que tenham disponibilidade de tempo momentos de
38
vivência com a horta escolar, desenvolvendo realizações de atividades
produtiva do cultivo de cheiro verde, quiabo, couve e outros.
b) Projeto Lixo no Lixeiro visando entender porquê o lixo não pode ser
jogado em qualquer ambiente, modificando, a partir daí, sua atitude,
depositando o lixo no lugar adequado, exercendo dessa forma sua
cidadania, de maneira crítica e consciente.
c) Momento Literário da Educação de Jovens e Adultos com a
finalidade de promover a utilização das linguagens verbais e não verbais
(texto escrito; teatro; expressões corporais) como meio de produção,
expressão e comunicação de idéias, interpretação e usufruto de produções
culturais, Também foi abordada a questão da Educação Ambiental,
Reciclagem brinquedos de sucata, e pontuar as questões relacionadas ao
debate atual acerca da educação ambiental no caso os das usinas do Rio
Madeira.
39
Figura 2 – Aluno expondo trabalho de Educação ambiental na conferência
do meio -ambiente
Foto : Domingas Luciene,- Escola Padre. Chiquinho, setembro de 2006.
Na figura 2 temos o registro da Conferência do Meio Ambiente
realizada na escola no mês de Setembro de 2006. Inicialmente a professora
de Geografia participou de capacitações para organizar o evento na escola.
Os alunos participaram através de pesquisas e posteriormente exposição
dos trabalhos para escolher um que representaria a escola no Ministério do
meio Ambiente em Brasília. Os alunos da 5ª Série apresentaram o tema “Os
poluentes do meio Ambiente”, a 6ª Serie “Os Agrotóxicos”, 7ª série, turma
vencedora da conferencia “ A biodiversidade na Amazônia” e a 8ª série as
“Usinas Hidrelétricas do Rio Madeira “.
Foram cerca de dois meses de pesquisa para apresentar e organizar
a Conferência na Escola Padre Chiquinho, para selecionar os trabalhos a
equipe de gestores convidou duas técnicas da SEMED, a coordenadora da
Educação ambiental da SEMED, dois representantes da Universidade
Federal de Rondônia, dois representantes da Faculdade São Lucas
(Parceira da Escola), representantes da comunidade do Areal, Professores
da Escola , inclusive a coordenadora da Conferência (professora de
Geografia).
40
Figura 3- Alunos da Escola Padre Chiquinho votando a escolha do trabalho para representar a Escola junto ao Ministério do Meio-Ambiente
Foto : Domingas Luciene,- Escola Padre. Chiquinho, setembro de 2006.
Na figura 3 verificamos a participação dos alunos na votação do
trabalho para representar a Escola junto ao Ministério do Meio-ambiente em
Brasília. Os alunos tiveram orientações quanto à parte dos critérios de
escolha do trabalho que foi escolhido. Deste modo, houve uma participação
democrática envolvendo toda a comunidade escolar, demonstrando, assim a
construção da cidadania.
Deste modo, através de algumas práticas educativas, a Escola Padre
Chiquinho está se desenvolvendo no contexto da Educação Ambiental, o
que se pode perceber nas relações das aulas e da participação com a
comunidade.
41
CONCLUSÃO
Esta pesquisa chega a algumas conclusões importantes, as quais
passamos a relatar frente as questões teóricas estudadas e a realidade
investigada na Escola Padre Chiquinho.
A educação ambiental deve ser vista como uma prática social, e pode
ser entendida pelos três aspectos desenvolvidos nesta pesquisa. O primeiro
é o conhecimento, sendo este necessário e importante para a compreensão
dos saberes ambientais e, portanto se revela nas relações e nas práticas
educativas. Na perspectiva ambiental, a condição pedagógica através do ser
e do agir é que se desenvolve a ética de responsabilidade (o segundo
aspecto) diante das condições sociais e políticas (terceiro aspecto) diante do
papel e do significado da racionalidade presente no agir do ser humano no
mundo.
Na condição ética, é importante que os educadores pensem a
educação ambiental diante das condições intrínsecas permeadas pelos
valores estabelecidas como compromissos para entendermos a natureza
frente o trabalho, a sociedade e a cultura.
Enquanto prática política, a educação ambiental estabelece os
processos que norteiam a formação de um sujeito comprometido com a
natureza e a sociedade. É no plano da política que o ser humano constrói a
sua autonomia perante os outros seres e conseqüentemente mantêm o
desenvolvimento com a natureza. Assim, a educação ambiental pode ser
vista como um processo permanente de aprendizagem em que valoriza as
diversas formas de conhecimento, formando cidadãos com consciência local
e planetária. A educação ambiental na prática política é entendida nos seus
processos educativos que norteiam a formação de um sujeito ético e político
diante da natureza e da sociedade na construção da autonomia humana
perante os diversos desafios que são apresentados para a preservação do
meio-ambiente.
42
Na pesquisa realizada percebeu-se a necessidade de analisar a
temática ambiental a nível Municipal em Porto Velho. E nesse contexto,
observou-se que os gestores procuram desenvolver práticas educativas
ambientais através do Projeto Político Pedagógico na Escola, mas as ações
pedagógicas desenvolvidas são esporádicas, isoladas, desassociadas de
um projeto de educação ambiental consistente, contínuo e articulado com as
questões econômicas, culturais e sociais da comunidade.
O bairro Areal apresenta uma infra-estrutura que contempla Posto de
Saúde, Campo de Futebol, Escolas, Padaria, Supermercados, Associação
Futebolística, Faculdades, Igrejas de diferentes denominações e Creches é
importante afirmar que existe a necessidade de ampliação de ofertas desses
serviços públicos visando o atendimento dos moradores do respectivo bairro
e adjacências.
Em relação a questão cultural várias atividades são realizadas com a
participação da comunidade, valorizando assim seus costumes, crenças e
tradições familiar. Partindo desses pressupostos percebe-se que os
aspectos culturais, econômicos e de saúde são ainda separados na sua
organização, afetando a qualidade de vida dos moradores.
Portanto, as relações epistemológicas, éticas e políticas são
necessárias para o desenvolvimento da formação dos valores para o efetivo
exercício da cidadania na Escola e na sociedade. Por isso, o exercício da
cidadania é o de perceber que educadores e educandos sejam pessoas
comprometidas com o mundo que os cerca. Por isso percebemos que a
Prefeitura municipal e o Estado de Rondônia através dos seus órgãos
responsáveis cumpram suas ações para com a Educação ambiental. Do
mesmo modo, é preciso que as Escolas, as Universidades e Faculdades
sejam fundamentais e necessárias para a formação de educandos cada vez
mais comprometidos com os valores sociais, políticos, éticos para o
desenvolvimento eficaz da educação ambiental na Escola e na comunidade.
43
BIBLIOGRAFIA
ARENDT, Hannah. A condição humana. Trad. de Roberto Raposo. 6 ed., Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1993.
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