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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA A LOGÍSTICA COMO FORMA DE SATISFAÇÃO DO CLIENTE Ivan Vandui de Araujo Orientador: Prof. Nelsom Magalhães RIO DE JANEIRO 2012

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Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · ECR - EFFICIENTE ... Além do que, a utilização das ... CAPÍTULO 1. A LOGÍSTICA E SUA FUNÇÃO NAS EMPRESAS Segundo Ballou

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AVM FACULDADE INTEGRADA

A LOGÍSTICA COMO FORMA DE SATISFAÇÃO DO CLIENTE

Ivan Vandui de Araujo

Orientador:

Prof. Nelsom Magalhães

RIO DE JANEIRO

2012

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AVM FACULDADE INTEGRADA

A LOGÍSTICA COMO FORMA DE SATISFAÇÃO DO CLIENTE

Apresentação de monografia à Universidade Cândido

Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Engenharia da Produção

Por: Ivan Vandui de Araujo

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AGRADECIMENTOS

Primeiro a Deus, meu eterno companheiro

Aos meus familiares pelo apoio e incentivo

A todos os professores, em especial ao Prof.

Nelsom Magalhães, pela orientação deste

estudo

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DEDICATÓRIA

Aos meus amigos

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RESUMO

Este estudo tem por objetivo analisar a adoção de uma política logística de

abastecimento, visando o estoque zero e, consequentemente, a minimização de

custos. Aborda em primeiro lugar as questões referentes à função da logística dentro

das empresas; logo a seguir analisa a importância da gestão de estoques,

mostrando que o controle de estoque é fundamental para um bom sistema

logísticos; numa terceira abordagem o estudo comenta como deve proceder o

sistema logístico especificamente para a cadeia de suprimentos.

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METODOLOGIA

O estudo foi desenvolvido através da metodologia de pesquisa bibliográfica,

usando livros e artigos científicos pertinentes ao tema. Para o primeiro capítulo

foram usados autores que discutem sobre as questões básicas que envolvem a

logística dentro da empresa, como: Ballou (2001), Martins e Alt (2000), Caxito (2011)

e Christopher (1998). No segundo capítulo os autores escolhidos para analisar sobre

a importância da gestão de estoques foram: Novaes (2007), Ching (2001) e Fleury et

al (2000). No terceiro capítulo para abordar as questões referentes ao

gerenciamento da cadeia de suprimentos, foram utilizados os seguintes autores:

Fleury et al (2000), Bertaglia (2009), Ching (2001), Novaes (2007) e Christopher

(1998).

Todo o material foi coletado em bibliotecas universitárias, em sites da Internet

que abordem o tema e através de aquisição própria.

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LISTA DE SIGLAS E VERBETES

BENCHMARKING – marketing interno

ECR - EFFICIENTE CONSUMER RESPONSE – Responsabilidade de consumo

eficiente

EDI - Sistema Eletrônico de Pagamento

GRÁFICO DENTE DE SERRA – representação da movimentação (entrada e saída)

de uma peça dentro de um sistema de estoque

LEAD TIME – tempo de espera

PDV – Ponto de Vendas

SCM - Supply Chain Management – Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos

SOFTWARES – sem tradução

TRADE-OFFS – sem tradução

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I. A logística e sua função nas empresas 11

CAPÍTULO II. Gestão de estoques 17

CAPÍTULO III. Logística integrada e gerenciamento de cadeia de

suplementos

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CONCLUSÃO 39

REFERÊNCIAS 41

ÍNDICE 42

FOLHA DE AVALIAÇÃO 44

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INTRODUÇÃO

Nos últimos anos a logística vem evoluindo constantemente, sendo hoje

considerada um dos pontos-chave na estratégia competitiva das empresas. No início

era confundida com o transporte e a armazenagem de produção. Hoje, é o centro da

cadeia produtiva integrada, atuando de pleno acordo com a forma de gerenciamento

adotada atualmente na cadeia de suprimento.

Dizer que um produto tem um histórico de venda significa dizer que ele é

constantemente procurado pelos clientes. Desta forma é muito importante que ele

sempre esteja exposto nas gôndolas da loja, sempre disponível para o consumidor.

A presença continua do mix de produtos cadastrados no ponto de venda, evita que o

cliente procure os itens do seu interesse nas lojas concorrentes. Ter no mínimo 99%

dos produtos cadastrados, representa respeitar e atender os clientes e atingir a

excelência.

Assim, entende-se que a logística de varejo, nada mais é, que uma forma de

colocação e distribuição da mercadoria para que o consumidor tenha um grande

leque de opções e desperte nele o desejo de comprar. Além do que, a utilização das

ferramentas de reposição rápida são de extrema importância para manter o nível

médio de estoque. Para isso é fundamental que se trave um relacionamento com

fabricantes e fornecedores de forma que a reposição de mercadoria ocorra sempre

que necessário.

A partir do momento em que todos os produtos cadastrados estiverem

presentes nas gôndolas, a satisfação dos clientes aumentará, e por consequência, o

valor médio comprado na loja será maior, fazendo com que o giro do estoque não

seja mais lento. Daí, justifica-se a escolha do tema, pois a satisfação do cliente é a

meta principal de qualquer empresa.

Na busca de se obter um maior equilíbrio entre os estoques de todos os

produtos cadastrados, assim, como é reduzido o desabastecimento, o excesso de

estoque concentrado em determinados itens também é evitado, mantendo o mesmo

nível total de inventário em capital, com uma melhor distribuição.

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Diante dessas colocações, o presente estudo pretende responder ao seguinte

questionamento: Quais as vantagens das ferramentas de reposição no ponto de

vendas (PDV) para manter o equilíbrio no tempo médio do giro do estoque?

Em resposta ao questionamento do estudo, tem-se por objetivo geral mostrar

as vantagens das ferramentas de reposição no PDV, fazendo a ponte entre a

indústria e o varejo, evitando assim a ruptura na reposição do estoque. Na forma de

objetivos específicos pretende-se conceituar logística descrevendo suas funções na

empresa; discutir sobre gestão de estoques e analisar logística integrada e

gerenciamento de cadeia de suprimentos.

A linha limite que regula este estudo está na discussão sobre a importância

de uma política de reposição de estoque visando à satisfação do cliente.

O estudo será desenvolvido em três capítulos, assim apresentados:

O primeiro capítulo conceitua logística e discorre sobre suas funções na

empresa; o segundo capítulo discute sobre a gestão de estoques; o terceiro capítulo

analisa a logística integrada e gerenciamento de cadeia de suprimentos.

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CAPÍTULO 1. A LOGÍSTICA E SUA FUNÇÃO NAS

EMPRESAS

Segundo Ballou (2001), o objeto de estudo da logística empresarial é a forma

como a administração pode melhorar a rentabilidade nos serviços de distribuição

aos clientes e consumidores, através de planejamento, organização e controle

efetivo para as atividades de movimentação e armazenagem que visam facilitar o

fluxo de produtos.

Ballou (2001, p.38) diz:

Num sistema de economia livre é de responsabilidade dos empresários proverem os serviços logísticos necessários, e, nos Estados Unidos, as empresas enfrentaram esta responsabilidade com notável grau de eficácia e eficiência, apesar das empresas operarem dentro de um ambiente que muda constantemente, devido aos avanços tecnológicos, às alterações na economia e na legislação, e à disponibilidade de recursos. Portanto, a filosofia da administração se altera com o tempo, de forma a se adaptar às novas exigências de desempenho para as firmas. Ainda, a logística assim representa uma nova visão empresarial - uma nova ordem das coisas.

Segundo Martins e Alt (2000, p.46), a logística tem três dimensões principais:

dimensão de fluxos que cuida das questões do suprimento, transformação,

distribuição e serviço ao cliente; dimensão de atividades que é responsável pelo

processo operacional, administrativo, de gerenciamento e de engenharia e, por fim,

a dimensão de domínios que cuida da gestão de fluxos, tomada de decisão, gestão

de recursos e modelo organizacional.

Essas três dimensões representam as etapas por que passam os produtos

desde a matéria-prima até sua saída ao cliente. Os autores citados acima dizem

que:

A importância de se introduzir o conceito de dimensões é fazer lembrar, a cada passo dado na análise de um sistema logístico, que nunca se pode pensar de forma reducionista de causa e efeito: há muitas variáveis independentes que integram para provocar um efeito, e deve-se utilizar todas as ferramentas disponíveis par analisá-las (MARTINS; ALT, 2000, p.57).

1.1 A concepção de logística empresarial

Segundo Ballou (2001, p.58), “a concepção logística agrupa, conjuntamente,

as atividades relacionadas ao fluxo de produtos e serviços para administrá-las de

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forma coletiva constitui uma evolução natural do pensamento administrativo”. As

atividades de transporte, estoques e comunicações iniciaram-se antes mesmo da

existência de um comércio ativo entre regiões vizinhas. Hoje, as empresas devem

realizar essas mesmas atividades como uma parte essencial de seus negócios, a fim

de prover seus clientes com os bens e serviços que eles desejam. Entretanto, a

administração de empresas nem sempre se preocupou em focalizar o controle e a

coordenação coletiva de todas as atividades logísticas. Somente nos últimos anos é

que ganhos substanciais nos custos foram conseguidos, graças à coordenação

cuidadosa destas atividades. Os ganhos potenciais resultantes de se rever a

administração das atividades logísticas está transformando a disciplina numa área

de importância vital para uma grande variedade de empresas.

Assim, segundo o mesmo autor, definir logística empresarial é uma questão

de visão, pois ela não possui o mesmo significado para todas as pessoas, depende

do contexto onde se está incluído.

Segundo Caxito (2011), a logística empresarial associa estudo e

administração dos fluxos de bens e serviços e da informação associada que os põe

em movimento. Caso fosse viável produzir todos os bens e serviços no ponto onde

eles são consumidos ou caso as pessoas desejassem viver onde as matérias-primas

e a produção se localizam, então a logística seria pouco importante. Mas isto não

ocorre na sociedade moderna. Uma região tende a especializar-se na produção

daquilo que tiver vantagem competitiva para fazê-lo. Isto cria um hiato de tempo e

espaço entre a disponibilidade de matérias-primas e produção e entre produção e

consumo. Vencer tempo e distância na movimentação de bens ou na entrega de

serviços de forma eficaz e eficiente é a tarefa do profissional de logística. Ou seja,

sua missão é colocar as mercadorias ou os serviços certos no lugar e no instante

corretos e na condição desejada, buscando sempre a melhor rota para transportá-

las, visando sempre o menor custo possível.

Segundo o Conselho Nacional de Administração da Distribuição Física (apud

Ballou, 2001, p.64) foram propostas muitas definições para logística empresarial.

Como por exemplo:

A logística empresarial trata de todas as atividades de movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, assim como dos fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razoável (BALLOU, 2001, p.64)

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A definição anterior identifica aquelas atividades que são de importância

primária para o alcance dos objetivos logísticos de custo e nível de serviço. Essas

atividades são consideradas primárias porque ou elas contribuem com a maior

parcela do custo total da logística ou elas são essenciais para a coordenação e o

cumprimento da tarefa logística.

Assim, Ballou (2001) diz que dentro das atividades primárias encontram-se as

atividades de: transporte, manutenção de estoques e processamento de pedidos. O

transporte é a atividade logística mais importante simplesmente porque ela absorve,

em média, de um a dois terços dos custos logísticos. É essencial, pois nenhuma

firma moderna pode operar sem providenciar a movimentação de suas matérias-

primas ou de seus produtos acabados de alguma forma. Sua importância é sempre

destacada pelos problemas financeiros colocados para muitas empresas quando há

uma greve ferroviária nacional ou quando carreteiros autônomos paralisam suas

atividades devido a aumentos de combustíveis. Não é raro denominar tais eventos

de desastres nacionais, os mercados não podem ser atendidos e produtos

permanecem no canal de distribuição para deteriorarem-se ou tomarem-se

obsoletos.

Os modos de transporte, segundo Ballou (2001) são rodoviário, ferroviário,

marítimo e aéreo e o duto-viário, e envolve a decisão quanto ao método de

transporte, aos roteiros e a utilização da capacidade dos veículos.

A manutenção de estoque é outra atividade primária, pois, geralmente, não é

aconselhável a produção ou a entrega instantânea, ou seja, no momento da

solicitação dos clientes. Para se atingir um grau razoável de disponibilidade de

produto, é necessário manter estoques, que agem como "amortecedores" entre a

oferta e a demanda. Por outro lado, manter um nível de estoque muito alto resulta no

fato de que, em média, eles são responsáveis por aproximadamente um a dois

terços dos custos logísticos, o que torna a manutenção de estoques uma outra

atividade importante da logística.

Uma outra atividade, também primária, segundo Ballou (2001), são os custos

de processamento de pedidos, que tendem a ser pequenos quando comparados aos

custos de transportes ou de manutenção de estoques. Sua importância deriva do

fato de ser um elemento crítico em termos do tempo necessário para levar bens e

serviços aos clientes.

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Além disso, estas três atividades primárias de logística podem ser colocadas

em perspectiva quanto a sua importância dentro do ciclo crítico de atividades

logísticas. Como o resultado final de qualquer operação logística é prover serviço

por conseguir mercadorias para os clientes quando e onde eles quiserem, estas três

atividades são centrais para cumprir esta missão. Por isso, elas são chamadas de

atividades primárias.

Ballou (2001) diz ainda que além das três atividades primárias, existem as

seguintes atividades de apoio: armazenagem, manuseio de materiais, embalagem

de produção, obtenção, programação do produto e manutenção de informação. A

atividade de armazenagem refere-se à administração do espaço necessário para

manter estoques, como: localização, dimensionamento de área, arranjo físico,

recuperação do estoque, projeto de docas ou baias de atracação e configuração do

armazém.

A atividade de manuseio de material está associada com a armazenagem e

também apoia a armazenagem. É uma atividade que diz respeito à movimentação

do produto no local de estocagem, por exemplo, a transferência de mercadorias do

ponto de recebimento no depósito até o local de armazenagem ou até o ponto de

despacho. São problemas típicos de manuseio de material: a seleção do

equipamento de movimentação, procedimentos para formação de pedidos,

procedimentos para amarração de cargas, instruções de embarque e

balanceamento da carga (BALLOU, 2001)

A embalagem de proteção visa à proteção dos bens quanto aos riscos de

danos, garantindo a movimentação sem quebras e, consequentemente, sem

prejuízos financeiros. Além disso, dimensões adequadas de empacotamento

facilitam o manuseio e armazenagem. A atividade de obtenção é que deixa o

produto disponível para o sistema logístico. Trata da seleção das fontes de

suprimento, das quantidades a serem adquiridas, da programação das compras e da

forma pela qual o produto é comprado. É importante para a logística, pois decisões

de compra têm dimensões geográficas e temporais que afetam os custos logísticos.

A obtenção não deve ser confundida com a função de compras (BALLOU, 2001).

Enquanto a obtenção trata do suprimento, ou seja, do fluxo de entrada das

mercadorias, a programação da produção lida com a distribuição especialmente o

fluxo de saída. Refere-se primariamente às quantidades agregadas que devem ser

produzidas, quando e onde devem ser fabricadas.

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Caxito (2011) diz que a manutenção das informações é fundamental para as

empresas, sem ela atualmente nenhuma função logística poderia operar

eficientemente. As informações logísticas são essenciais para um correto

planejamento e controle das suas atividades. Manter uma base de dados com

informações importantes, como, por exemplo, localização dos clientes, volumes de

vendas, padrões de entregas e níveis dos estoques, tais informações apoia a

administração de forma eficiente e efetiva as atividades primárias e de apoio.

1.2 Vantagens da adoção de um sistema logístico nas empresas

Sob a ótica de vantagens para a economia, observa-se que “um sistema

logístico faz com a empresa tenha um desempenho muito melhor, mais estruturado,

mais produtivo e menos oneroso” (BALLOU, 2001, p.67). As facilidades de

operação, estocagem e distribuição são as primeiras sentidas quando se adota um

sistema logístico de acordo com as necessidades da empresa. É sempre bom

ressaltar que a força de vendas trabalha com muito mais segurança quando sabe

que a produção tem um sistema logístico a ser seguido, pois assim, existe a certeza

da entrega, no prazo previsto, das mercadorias vendidas.

Christopher (1998) diz que a adoção de um sistema logístico na empresa

possibilita a produção acompanhar as variações na quantidade e natureza dos

produtos procurados, as vantagens na área do controle e da distribuição da

mercadoria são visíveis e, ainda, permite o aperfeiçoamento contínuo. Quanto à

competitivo a grande vantagem é encontrada, primeiramente, na capacidade da

empresa diferenciar-se de seus concorrentes aos olhos do cliente e, em segundo

lugar, pela sua capacidade de operar a baixo custo e, portanto, com lucro maior.

Procurar uma vantagem competitiva que realmente atue no mercado tem sido a

maior preocupação de todo gerente. Nunca se deve relaxar com o mercado

pensando que seus produtos serão sempre os melhores e os mais vendidos.

Quando se tem um sistema logístico que realmente funciona, o sucesso

comercial é conquistado, além do prazo de entrega do produto, através da vantagem

de custo. Isto é tão simples como o concorrente que obtém maior lucro, em qualquer

setor da indústria, tende a ser o que produz a custos menores ou aquele que oferece

um produto com maior diferença perceptível de valor. Visto de forma simples, as

companhias bem-sucedidas ou têm vantagem pela alta produtividade, ou têm

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vantagem de valor ou uma combinação das duas. A vantagem de produtividade

proporciona um perfil de custo mais baixo e a vantagem de valor proporciona ao

produto ou à oferta um diferencial extra sobre as concorrentes.

Na visão de Christopher (1998) a curva da experiência é um fenômeno que

tem suas raízes na noção antiga da curva de aprendizagem. Os pesquisadores

descobriram, durante a última guerra, que era possível identificar e prognosticar

melhorias no rendimento dos operários, à medida que eles adquiriam mais

habilidade nos processos e tarefas em que estavam trabalhando. Além disso, é

geralmente reconhecido que este declínio de custos somente é aplicável ao valor

agregado, ou seja, custos que não sejam aqueles dos materiais comprados.

Christopher (1998, p.118), diz que um antigo axioma em marketing estabelece

"clientes não compram produtos, eles compram satisfação”. Em outras palavras, não

se compra o produto pelo que ele é, mas pela promessa do que ele proporcionará.

Estes benefícios podem ser intangíveis, quer dizer, eles se relacionam não com as

características específicas do produto, mas com outras coisas, tais como a imagem

ou a reputação. As prioridades e objetivos da fabricação sempre foram concentrados

na eficiência operacional, alcançada através de grandes lotes de produção, tempos

mínimos para preparação de máquina e troca de ferramentas, além de padronização

do produto. Por outro lado, a atividade de marketing procurou alcançar a vantagem

competitiva através da variedade, altos níveis de serviços e frequentes modificações

no produto.

Christopher (1998) diz que é fácil observar que o sucesso no mercado

somente virá através da liderança em custos, ou diferenciação, ou uma combinação

das duas. A fabricação e o marketing formam o passo perfeito para a realização

destes dois objetivos. Para tornar-se um líder em custos, é necessário não somente

uma produção a baixo custo como também sistemas eficientes de marketing e

distribuição. Desta forma, as estratégias de fabricação e de marketing, que

trabalham juntas para alcançar posições de baixo custo baseadas no volume,

podem proporcionar uma fonte maior de vantagem competitiva.

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CAPÍTULO 2. GESTÃO DE ESTOQUES

Controlar o estoque dentro de uma organização engloba diversos objetivos

específicos que, de acordo com Novaes (2007, p.92), são assim definidos: “objetivos

de custo e objetivos de níveis de serviços”.

a) Objetivos de custo - Estabelecer os níveis de estoque e a sua localização é

apenas uma parte do problema global de planejamento logístico. Considerando este

objetivo mais amplo, o controle de estoques é uma questão de balancear os custos

de manutenção de estoques, de aquisição e de faltas. Estes custos têm

comportamentos conflitantes. Por exemplo, quanto maior a quantidade estocada,

maior serão os custos de manutenção. Será necessária menor quantidade de

pedidos, com lotes maiores, para manter os níveis de inventário. Lotes maiores

implicam menores custos de aquisição e de faltas. Quando somados todos os três

tipos de custo, obtém-se a curva de custo total, que tem forma de “U”. O objetivo é

encontrar um plano de suprimento que minimize o custo total (NOVAES, 2007)

b) Objetivos de nível de serviço - Às vezes, a dificuldade em estimar os custos

de faltas leva ao estabelecimento de um objetivo ligeiramente diferente para o

controle de estoques. Ao fixar a disponibilidade conforme a política de que,

aproximadamente, noventa e cinco por cento das vendas de um item qualquer

devem ser atendidas diretamente pelo estoque disponível, devem-se ajustar os

custos de aquisição e de manutenção de estoque de modo que sua soma seja

minimizada (NOVAES, 2007).

Deve-se ter grande cautela para fixar o nível de serviço do estoque. Aumentar

a disponibilidade em apenas alguns pontos percentuais, por causa de pressões da

área de marketing ou por julgamento apressado, tem efeito dramático no capital

investido em inventario. Uma vez que o nível de estoque cresce explosivamente com

disponibilidades elevadas, o nível de serviço utilizado, na maioria das vezes, é

inferior a totalidade da disponibilidade de serviços oferecidos.

2.1Características básicas do controle de estoque

Segundo Novaes (2007), existem certas características que são comuns a

todos os problemas de administração de estoques, não importando se são matérias-

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primas, material em processo ou produtos acabados. É preciso compreender estes

traços básicos antes de estudo dos diversos métodos de controle de estoques. Eles

são: os custos associados, os objetivos do inventário e a previsão de incertezas.

Quanto aos custos de manutenção do estoque, há três categorias diferentes

de custos na administração de estoque. Eles são: os custos de manutenção, os

custos de requisição ou compra e os custos de falta de estoques.

Os custos de manutenção de estoque estão associados a todos os custos

necessários para manter certa quantidade de mercadorias por um período de tempo.

Na realidade, é uma expressão usada para representar uma série de custos

diferentes. Há em primeiro lugar, o custo de oportunidade do capital. Estoque

imobiliza capital que poderá ser empregado de forma diferente dentro ou fora da

empresa. Qual custo de capital deve ser usado é uma questão sempre em debate e,

na prática, adota-se um valor assumido pela administração da empresa como o real.

Assume-se desde a taxa de juros preferenciais empregadas no sistema bancário até

a taxa esperada de retorno para oportunidades alternativas de investimento,

variando de oito a quarenta por cento ao ano.

Novaes (2007) diz que, em segundo lugar, existem custos associados aos

impostos e aos seguros. Existem, na maioria dos estados dos Estados Unidos,

impostos associados às mercadorias guardadas em armazéns dentro dos limites

estaduais. Estas taxas variam desde percentuais muito pequenos até vinte e cinco

por cento. Elas são aplicadas normalmente sobre o valor estocado numa data

determinada, apesar de alguns estados taxarem as vendas realizadas de estoques

que foram ali armazenados. No Brasil não há incidência de tributos sobre o valor

estocado. Os custos de seguros contra incêndio e roubo são indiretamente

relacionados com a quantidade de mercadoria mantida. Entretanto, são

tradicionalmente lançados como custo de manutenção de estoque.

Os custos da armazenagem física propriamente dita são o terceiro tipo, são

aqueles relacionados com a quantidade de estoque mantido. Para depósitos

públicos, os custos de armazém são cotados com base em toneladas por mês e, por

isso mesmo, refletem o total armazenado. Para depósitos próprios, o rateio do total

despendido para armazenagem deve ser cuidadosamente determinado para cada

nível de estoque. Existem, finalmente, os custos associados ao risco de manter o

estoque. São os custos de perdas devidas a deterioração, obsolescência, dano e

furto (NOVAES, 2007)

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O custo total de manutenção de estoques surpreende muitos administradores.

Tradicionalmente, nos Estados Unidos, costuma-se assumir um custo de vinte e

cinco por centro do valor médio dos produtos ao ano. Os resultados de uma

pesquisa detalhada, feita em seis empresas, indicaram que o custo pode ser

ligeiramente superior. Talvez o fato mais interessante seja o de os administradores

tenderem a subestimar bastante seus custos de estoque.

Segundo Novaes (2007), os custos de compra estão associados ao processo

de aquisição. Quando uma ordem de compra é despachada para o fornecedor,

incorre-se numa série de custos resultantes do processamento do pedido e da

preparação do mesmo. Especificamente, os custos de aquisição incluem: o custo

emissão da requisição para compras, o processamento de pedidos nos

departamentos de compras, recebimento de mercadorias, processamento de

pagamento entre outros.

Os custos de falta são aqueles que ocorrem caso haja demanda por itens em

falta no estoque. Conforme a reação do cliente potencial a uma situação de

carência, podem ocorrer dois tipos de custos de falta: custos de vendas perdidas e

custos de atrasos. Já os custos de vendas perdidas ocorrem quando um cliente

cancela seu pedido caso o produto desejado esteja em falta. Este custo pode ser

estimado como o lucro perdido na venda agregado de qualquer perda de lucro

futuro, devido ao efeito negativo que essa falta possa ter na boa vontade do cliente.

Produtos facilmente substituíveis, tais como cigarros, alimentos e comprimidos de

aspirina, incorrem em custos de vendas perdidas. Na verdade, é um tipo de custo de

oportunidade, onde não há desembolso direto. É também de difícil mensuração, uma

vez que exige a capacidade de prever as intenções futuras do cliente quanto a

novas compras do produto (NOVAES, 2007)

Os custos de atrasos são de medida mais fácil, pois resultam em gastos

diretos da empresa. Quando o cliente aceita atrasar sua compra até que o estoque

tenha sido reposto, certos custos adicionais acontecem no atendimento deste

pedido. O atraso pode acarretar gasto adicional devido a custos administrativos e de

vendas no reprocessamento do pedido, além de custos extraordinários de transporte

e manuseio, caso o suprimento deva ser realizado fora do canal normal de

distribuição. Produtos que podem sofrer atrasos são aqueles considerados bastante

diferenciados pelo cliente. Automóveis e eletrodomésticos são exemplos de produtos

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que consumidores costumam esperar, na eventualidade de eles não estarem

imediatamente disponíveis (NOVAES, 2007)

Quanto à previsão num ambiente de incertezas, segundo Novaes (2007)

controlar o nível de estoque é como apostar num jogo de azar. Nunca se tem

certeza da quantidade demandada para armazenagem. Para complicar ainda mais a

situação, não é possível conhecer com exatidão quando chegarão os suprimentos

em abastecer o estoque. Portanto, uma das primeiras questões consideradas na

gestão de estoques é a previsão de vendas, a estimativa dos tempos de

ressuprimento desde a colocação do pedido até a chegada do material.

Prever qual a quantidade de produto que os clientes deverão comprar é

assunto vital para todo planejamento empresarial. Por isso, grande esforço tem sido

dedicado ao desenvolvimento de métodos de previsão.

Para Ching (2001), as pesquisas de intenção realizadas por correio, por

telefone ou por entrevistas pessoais podem dar uma indicação do que e quanto os

consumidores pretendem comprar. Estes dados podem ser acumulados e traduzidos

em informações de previsão de vendas. Apesar de este método parecer o ideal, uma

vez que adquire informação diretamente dos clientes, ele tem algumas limitações.

Em primeiro lugar, se o produto analisado tiver muitos compradores, o método pode

ficar muito caro. Por exemplo, é o que ocorre com goma de mascar e cigarros. Além

disso, nem sempre os clientes estão dispostos a cooperar, principalmente se eles

tiverem restrições quanto a divulgar informações de sua empresa. Finalmente, a

exatidão da informação fornecida pode ser questionável, pois nem sempre os

clientes agem conforme se explicitam em pesquisa.

Outro enfoque possível é solicitar a opinião de pessoas com grande

conhecimento do assunto, que podem sei desde vendedores da empresa até

especialistas. Consegue-se assim reunir dados de forma relativamente rápida e

barata, mas eles podem estar distorcidos, como ocorre com qualquer opinião. Este

método é particularmente adequado para produtos que têm relativamente poucos

clientes e cuja experiência está concentrada em poucas pessoas. É o caso de

produtos como máquinas, ferramentas e produtos químicos industriais.

Ching (2001) explica que no caso de métodos que servem estritamente para

controle de estoques, a projeção de vendas passadas a técnica de previsão mais

comum. Porém, a gestão de estoque, de muitos itens da empresa necessita da

previsão para apenas um ou dois meses. A possibilidade de as vendas desviarem

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significativamente de um comportamento estabelecido num horizonte tão curto é

mínima. Além do mais, pode-se combinar técnicas matemáticas e informática para

gerar previsões de milhares de itens com periodicidade semanal ou mensal. Isto

tornou procedimentos usuais de gestão de estoques em oitenta e cinco por cento

das empresas americanas.

O mesmo autor diz que existe uma série de técnicas para previsão de curto

prazo estão disponíveis. São métodos como média móvel, média com suavização

exponencial, regressão múltipla, séries temporais e análise espectral. A técnica mais

empregada é a média com suavização exponencial. Isto acontece porque ela tem

algumas qualidades especiais. Além disso, necessita de relativamente poucos

dados, o que é particularmente importante quando se deve armazenar informação

alguns milhares de itens. E, finalmente, ela é adaptável, ou seja, ela se autocorrige

conforme haja alterações no comportamento das vendas, por isso, merece uma

atenção extra.

Conforme explica Ching (2001) o valor “a” é chamado de constante de

suavização exponencial. Na prática, “a” tem geralmente um valor entre 0, 1 e 0,3.

Supondo que se deseja prever as vendas de um produto específico para o próximo

mês, dever-se seguir o seguinte raciocínio:

se a demanda real do item neste mês foi de 100 unidades, a previsão calculada previamente para este mês foi de 120 unidades e o de a foi fixado em 0,2. A previsão para o próximo mês é de: previsão = 0,2(100) + (1-0,2)(120) = 116 unidades (CHING, 2001, p.80).

Assim, de acordo com o mesmo autor, as previsões são continuamente

atualizadas à medida que os valores reais vendas mensais são obtidos. O

comportamento real das vendas para este item e previsões suavizadas

exponencialmente formam um padrão. Como se pode observar, os valores da

previsão suavizam pela média os v de vendas muito elevados ou muito baixos, que

não representam a tendência de prazo dos dados.

O mesmo autor explica que quanto ao tempo de ressuprimento, pode ocorrer

falta de mercadorias por causa de atrasos na entrega dos pedidos e não devido a

incrementos inesperados da demanda. Às vezes, os estoques estão em níveis

excessivos por razões opostas. Da mesma forma que a demanda, os tempos de

ressuprimento não são conhecidos com exatidão para a maioria dos itens de

estoque e, portanto, também devem ser previstos. Segundo Ching (2001, p.82) a

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“previsão do tempo de ressuprimento tende a ser menos sofisticada que a previsão

de demanda”. Por exemplo, ao invés de usar uma técnica como a suavização

exponencial, pode-se simplesmente montar uma amostra de tempos passados e

calcular o tempo médio e sua variabilidade.

Muitas empresas não mantêm registros atualizados do tempo de reposição

para todos os itens de sua linha de produtos da mesma forma como fazem com suas

vendas. Caso necessite-se de informações sobre esse tempo, pode-se montar uma

experiência e recompensar alguns pedidos à medida que eles percorrem o canal de

suprimento. Os tempos. resultantes podem ser usados como estimativas dos tempos

de ressuprimento para todos os outros itens.

Naturalmente, todas as técnicas empregadas na previsão de vendas podem

ser utilizadas na previsão do tempo de reposição. Caso dados históricos dos tempos

de carência sejam usados para projetar os valores futuros, estes devem ser

coletados de forma periódica. Poucas organizações o fazem e, é claro, a qualidade

da sua gestão de ataques sofre com isso.

2.2 Aspectos fundamentais na cadeia de suprimentos

Segundo Wanke (apud Fleury, et al, 2000, p.142), a logística de suprimentos

pode ser analisada de forma menos tradicional no momento que deixa de focar uma

única empresa da cadeia de suprimentos. Para explicar essa nova visão, analisar-

se-á duas ferramentas básicas: modelagem do consumo através de gráficos “dente

de serra” e análise dos trade-offs. Uma outra discussão será sobre as formas de

reduzir os níveis de estoque e o porquê de fazer isso.

2.3 Ferramentas básicas de gestão de estoque

De acordo com Wanke (apud Fleury et al, 2000, p.142), existem duas

ferramentas básicas utilizadas para a gestão de estoque. A primeira delas é

representar a dinâmica do consumo de materiais em determinado elo da cadeia

usando os gráficos denominados “dente de serra”. A utilização desses gráficos

permite saber exatamente quando o nível de estoque chegará a zero, qual o

momento exato que deve ocorrer o reabastecimento, o momento certo de pedir.

Entendendo que no mundo real a taxa de consumo dos produtos não é totalmente

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previsível, podendo variar consideravelmente ao redor do consumo médio. Além

disso, o tempo de espera (lead time) de ressuprimento também pode variar,

ocasionando atrasos na entrega.

O outro elemento da dinâmica da gestão de estoques que permanece

inalterado, independentemente dos motivadores à redução dos níveis de estoque, é

o trade-off de custos existentes entre os estoques e outras funções logísticas.

Wanke (apud Fleury et al, 2000, p.143), diz que o que se pode observar é que

“o objetivo das cadeias de suprimento com relação à gestão de estoques deve ser a

determinação do tamanho de lote de ressuprimento mais apropriado a seu nível de

eficiência no processo de movimentação de materiais”.

Todas essas questões práticas são muito difíceis de se realizar, pois, as

empresas nem sempre conseguem avaliar adequadamente em que ponto do gráfico

situa-se sua atual política de estoques. Entretanto, é possível, por meio de geração

de cenários e de análises nos custos de estoques e movimentação de materiais,

determinar se uma alternativa de operação acarretará menor custo logístico total que

o incorrido pela operação atual.

Dessa forma, conforme coloca Wanke (apud Fleury et al, 2000, p.143), é

possível evitar a percepção de que reduções isoladas nos níveis de estoque, sem

serem levados em consideração impactos em outras funções logísticas, como

transporte, armazenagem e processamento de pedidos, propiciam uma operação de

ressuprimento de menor custo total.

2.4 Por que e como reduzir os níveis de estoque?

Cada vez mais as empresas estão buscando garantir disponibilidade de

produto ao cliente final, com o menor nível de estoque possível. Wanke (apud Fleury

et al, 2000, p.144) afirma que são diversos os fatores que vêm determinando esse

tipo de política, conforme descrição a seguir:

a diversidade crescente no número de produtos, que torna mais complexa e trabalhosa a contínua gestão dos níveis de estoque, dos pontos de pedido e dos estoques de segurança. Vale exemplificar o caso das cervejas brasileiras que em 1985 ofereciam um único sabor (pilsen) numa única embalagem a garrafa de 600ml), e atualmente oferecem diversos sabores (bock, draft etc) em outros tipos de embalagens (lata de 350 ml, long neck etc);

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- o elevado custo de oportunidade de capital, reflexo das proibitivas taxas de juros brasileiras, tem tornado a posse e a manutenção de estoques cada vez mais onerosas; - o foco gerencial na redução do Capital Circulante Líquido, uma das medidas adotadas por diversas empresas que desejam maximizar seus indicadores de Valor Econômico Adicionado (WANKE, apud FLEURY et al, 2000, p.144).

Por outro lado, diversos fatores têm influenciado a gestão de estoques na

cadeia de suprimentos a fim de aumentar a eficiência com a qual as empresas

operam os processos de movimentação de materiais. Wanke (apud Fleury et al,

2000, p.147), destaca três fatores que têm contribuído substancialmente para a

redução dos custos unitários de movimentação de materiais, sejam nas atividades

de transporte, armazenagem ou de processamento de pedidos: formação de

parcerias entre empresas na cadeia de suprimentos, surgimento de operadores

logísticos e adoção de novas tecnologias de informação para a captura e troca de

dados entre empresas.

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CAPÍTULO 3. LOGÍSTICA INTEGRADA E GERENCIAMENTO

DA CADEIA DE SUPRIMENTOS

Neste capítulo serão abordadas as questões referentes às vantagens de

adoção de uma política integrada e gerenciamento logístico como uma política

estratégica de marketing.

3.1 Logística integrada

Na visão de Fleury et al (2000, p.137), o conceito de logística integrada está o

entendimento de que a “logística deve ser vista como um instrumento de marketing,

uma ferramenta gerencial, capaz de agregar valor por meio dos serviços prestados”.

Para aprofundar o entendimento desse conceito, nada melhor do que examinar dois

exemplos reais, um de empresa nacional, outro de empresa estrangeira, ambas

reconhecidas pela eficácia de suas operações logísticas, que funcionam como

instrumento central de suas estratégias competitivas.

No Brasil, um dos exemplos mais marcantes do uso da Logística como

instrumento da estratégia de marketing o atacadista Martins, de Uberlândia, Minas

Gerais, que, em pouco mais de três décadas, transformou-se de um pequeno

comércio, restrito a uma cidade de porte médio no interior do país, no maior e mais

conhecido atacadista distribuidor do Brasil, com uma cobertura em todo o território

nacional, e faturamento anual na casa de R$ 1,5 bilhão (1988). Um conjunto de

conceitos ajuda a explicar o modelo adotado por essas duas empresas na utilização

da logística como instrumento gerencial, capaz de agregar valor à atividade de

marketing (FLEURY, 2000).

Fleury et al (2000, p.138) diz que o primeiro conceito é o de “marketing mix,

ou composto mercadológico, onde a estratégia de marketing é definida com base na

ênfase relativa dada a cada uma de quatro variáveis, ou seja, produto, preço,

promoção e praça”. Decisões sobre praça dizem respeito ao estabelecimento de

uma política de canais de distribuição que implica, entre outras coisas, a

formalização de padrões de serviços, para cada um dos canais utilizados no

processo de distribuição. Por padrões de serviço entende-se um conjunto de

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variáveis como disponibilidade de produtos, prazos de entrega, consistência dos

prazos, flexibilidade do serviço, serviço pós-venda etc. Uma vez estabelecidos os

canais de distribuição e seus respectivos padrões de serviço, cabe à logística a

missão de estruturar-se para garantir seu cumprimento. Portanto, a política de

serviço ao cliente deve ser vista como um componente central da estratégia de

marketing, que sob o ponto de vista operacional se transforma em uma missão a ser

cumprida pela organização logística.

Com os recursos hoje em dia disponíveis, é possível, em princípio, atender a

qualquer nível de serviço, desde que não haja limitações de recursos ou

preocupações com custos. Basta, por exemplo, consignar grandes volumes de

estoque junto aos clientes, manter uma frota de veículos em constante prontidão, e

possuir recursos abundantes de informação e comunicação. No entanto, a não ser

em situações muito especiais, tal política é economicamente inviável. O atual clima

de competição exige que se atinja um dado padrão de serviço a menor custo

possível. Surge aí o segundo conceito importante para o entendimento da logística

integrada, ou seja, o conceito de sistema.

Para que possa ser gerenciada de forma integrada, explica Fleury et al

(2001), a logística deve ser tratada como um sistema, ou seja, um conjunto de

componentes interligados, trabalhando de forma coordenada, com o objetivo de

atingir um objetivo comum. Um movimento em qualquer um dos componentes de um

sistema tem, em princípio, efeito sobre outros componentes do mesmo sistema. A

tentativa de otimização de cada um dos componentes, isoladamente, não leva à

otimização de todo o sistema.

Segundo Bertaglia (2009), a logística deve atender aos níveis de serviço ao

cliente, estabelecidos pela estratégia de marketing, ao menor custo total de seus

componentes, ou seja, o somatório dos custos de transporte, armazenagem,

processamento de pedidos, estoques, compras e vendas. Tentativas de atuar sobre

qualquer um dos componentes isoladamente podem representar aumento de custos

de outros componentes, ou deterioração do nível de serviço. Pode-se ver, por

exemplo, o resultado de uma política cujo objetivo seja minimizar o custo de

transporte, independentemente dos outros componentes. Tal objetivo poderia ser

alcançado mediante uma política de consolidação de cargas, que teria negativos

sobre a quantidade de estoques e sobre os prazos de entrega, que ficariam

dilatados. Uma outra alternativa poderia ser utilização de um modal mais barato,

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mas que em compensação seria mais lento e menos confiável, resultando portanto

num nível inferior de serviço obrigando o cliente a trabalhar com um maior nível de

estoque de segurança. Da mesma maneira, uma política voltada para a minimização

do custo de compras pela aquisição de grandes lotes resultaria num aumento dos

custos de armazenagem e de estoques.

Fleury et al (2000), diz que para alcançar a excelência logística, torna-se

necessário conseguir ao mesmo tempo redução de custos e melhoria do nível de

servido a cliente. A busca simultânea desses dois objetivos quebra um antigo

paradigma segundo o qual existe um trade-off inexorável entre custos e qualidade

de serviços, ou seja, a crença de que melhores níveis de serviço implicam

necessariamente maiores custos. As empresas que conseguem alcançar a

excelência logística tendem a quebrar esse paradigma.

A primeira dimensão da excelência logística está relacionada com a forma

como a empresa enxerga seu relacionamento com os clientes. As empresas

excelentes em Logística entendem que seu sucesso depende do sucesso de se

clientes, pois ambos fazem parte de uma mesma cadeia de suprimento. Dentro

dessa visão, as empresas que buscam a excelência logística se esforçam para

conhecer o negócio de seus clientes, a fim de prestar um serviço customizado que

contribua para o sucesso dos mesmos. Um bom exemplo é conseguido observando

a filosofia da Souza Cruz. Ao manter bases de dados sobre vendas e estoques de

cada um de clientes, e utilizar um modelo de previsão para fazer sugestões sobre a

quantidade a ser pedida de cada um de seus produtos, a Souza Cruz contribui

melhorar a gestão de estoques do pequeno varejista, racionalizando dessa maneira

o uso do capital de giro (FLEURY, 2000).

A integração interna, outra das dimensões de excelência logística, significa

desenvolver relacionamentos cooperativos com os diversos participantes da cadeia

de suprimentos, baseados na confiança, capacitação técnica e troca de informações.

A integração externa permite eliminar duplicidades, reduzir custos, acelerar o

aprendizado e customizar serviços. Exemplo marcante de esforço de integração

externa é o movimento Efficiente Consumer Response – ECR originado nos EUA na

década de 80, que chegou ao Brasil em meados da década de 90, e que tem como

participantes redes de supermercado, fabricantes de produtos de consumo não

duráveis e prestadores de serviços logísticos (FLEURY, 2000).

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No mundo incerto e dinâmico dos dias atuais, a velocidade de resposta é um

fator determinante para a construção de vantagem competitiva. Por essa razão,

empresas excelentes em logística procuram desenvolver processos baseados no

tempo, ou seja, processos que permitem oferecer respostas rápidas às exigências

de mercado. Capacidade de resposta rápida é importante no desenvolvimento e

lançamento de produtos, no atendimento de pedidos, na produção por encomenda,

na recuperação de falhas, na adaptação às mudanças no mercado. Ou seja,

capacidade de resposta rápida representa flexibilidade, um atributo fundamental no

mundo volátil em que vivemos (FLEURY, 2000).

Bertaglia (2009) diz que a mesma dinâmica que torna importante o

desenvolvimento de processos baseados no tempo faz com que se torne

fundamental a adoção de sistemas de mensuração de desempenho que sejam

ágeis, abrangentes e consistentes. A Logística opera num ambiente de grande

diversidade, seja em termos de produtos, clientes, mercados, ou áreas geográficas.

Portanto, para acompanhar as operações de forma adequada, e tomar decisões

corretas e a tempo, é fundamental desenvolver sistemas de monitoramento de

desempenho. As empresas de excelência logística possuem verdadeira obsessão

com a mensuração de desempenho.

Assim, a busca pela melhoria contínua, num ambiente em constante mudança

tecnológica, faz dos programas de benchmark uma prioridade para as empresas que

buscam a excelência logística. A identificação das melhores práticas, estejam elas

onde estiverem, e sua adaptação para as condições do próprio negócio, tem-se

revelado um procedimento fundamental para manter competitividade no longo prazo.

Segundo Fleury et al (2000), embora razoavelmente conhecidos, os fatores

que determinam a excelência logística exigem grande esforço e criatividade para

serem implementados. Diferentemente da moderna visão sistêmica baseada na

lógica da integração, a tradição logística sempre foi a da fragmentação. Por quase

um século, as organizações produtivas vêm sendo dominadas pelo paradigma

taylorista da especialização funcional. Dentro dessa visão, cada área da organização

funciona como um órgão especializado, no qual objetivos funcionais são

determinantes no processo decisório. A maioria dos sistemas de avaliação de

desempenho reforça esse comportamento. Compradores são incentivados a

comprar pelo menor preço unitário, muitas vezes em detrimento do custo total de

aquisição. A implementação do moderno conceito de logística integrada exige

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substanciais mudanças culturais e organizacionais, assim como significativos

investimentos em tecnologia da informação. O sucesso dependerá, em última

instância, de persistência, paciência, habilidade de negociação e conhecimento dos

responsáveis pelo processo.

3.2 Conceito de gerenciamento da cadeia de suprimentos

Fleury et al (2000, p.138), afirmam que:

para melhor compreender o conceito de Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos ou Supply Chain Management - SCM, é fundamental entender primeiro o conceito de canal de distribuição já bastante consolidado e há muito utilizado por marketing. Instrumento fundamental para a eficiência do processo de comercialização e distribuição de bens e serviços, o conceito de canal de distribuição pode ser definido como o conjunto de unidades organizacionais, instituições e agentes, internos e externos, que executam as funções que dão apoio ao marketing de produtos e serviços de determinada empresa.

Os mesmos autores dizem que entre as funções de suporte ao marketing

incluem compras, vendas, informações, transporte, armazenagem, estoque,

programação da produção, e financiamento. Qualquer unidade organizacional,

instituição ou agente que execute uma ou mais funções de suporte ao marketing é

considerado um membro do canal de distribuição. Os diversos membros

participantes de um canal de distribuição podem ser classificados em dois grupos:

membros primários e membros especializados.

Membros primários são os que participam diretamente, assumindo o risco

pela posse do produto, e incluem fabricantes, atacadistas, distribuidores e varejistas.

Já os membros secundários são os que participam indiretamente, basicamente por

meio da prestação de serviços aos membros primários, não assumindo o risco da

posse do produto. Exemplos mais comuns são as empresas de transporte,

armazenagem, processamento de dados e prestadoras de serviços logísticos

integrados (FLEURY et al, 2000).

Com a evolução do conceito de marketing e, mais especificamente, das

práticas de segmentação de mercado e do lançamento continuo de novos produtos,

juntamente com o surgimento de novos e variados formatos de varejo, os canais de

distribuição vêm-se tornando cada vez mais complexos. Por outro lado, o aumento

da competição e a cada vez maior instabilidade dos mercados levaram a uma

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crescente tendência à especialização, por meio da desverticalização e terceirização.

O que muitas empresas buscam nesse processo é o foco em sua competência

central, repassando para prestadores de serviços especializados as operações não

relacionadas ao seu negócio principal. Uma das principais consequências desse

movimento foi o crescimento da importância dos prestadores de serviços logísticos

(FLEURY et al, 2000)

Fleury et al (2000) dizem que a combinação de maior complexidade com

menor controle, consequência da desverticalização tem levado ao aumento dos

custos operacionais nos canais de distribuição. O crescente número de participantes

trabalhando num ambiente competitivo e de pouca coordenação é a principal razão

para o crescimento dos custos. A solução para esse problema passa

necessariamente pela busca de maior coordenação e sincronização, mediante um

processo de cooperação e troca de informações. O avanço da informática,

combinado com a revolução nas telecomunicações, criou as condições ideais para

implementar processos eficientes de coordenação. É exatamente esse esforço de

coordenação nos canais de distribuição, por meio da integração de processos de

negócios que interligam seus diversos participantes, que está sendo denominado de

SCM. Em outras palavras, o SCM representa o esforço de integração dos diversos

participantes do canal de distribuição por meio da administração compartilhada de

processos-chave de negócios que interligam as diversas unidades organizacionais e

membros do canal, desde o consumidor final de produtos até o fornecedor inicial de

matérias-primas.

Em suma, o SCM e uma abordagem sistêmica de razoável complexidade que

implica alta interação entre os participantes, exigindo a consideração simultânea de

diversos trade-offs. O SCM vai além das fronteiras organizacionais e considera tanto

os trade-offs internos quanto os inter-organizacionais, relativa mente a quem se

deve responsabilizar pelos estoques e em que estágio do as diversas atividades

deveriam ser realizadas.

Por outro lado, conforme Bertaglia (2009), um fabricante que oferece uma

baixa disponibilidade de tempos de entrega inconsistentes tende a forçar o

atacadista a manter mais estoques de segurança a fim de ser capaz de oferecer um

nível aceitável de serviço para o varejista. Nesse caso, um menor custo logístico

para o fabricante seria alcançado à custa de outros membros do canal, resultando

provavelmente numa cadeia de suprimento menos eficiente e eficaz. Uma maneira

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de evitar esse trade-off indesejado entre os membros do canal seria por meio da

mudança da estrutura, ou por meio da adoção de novos procedimentos ou

tecnologias. Por exemplo, a adoção de um sistema de processamento de pedidos

automatizado em substituição a um sistema tecnologicamente defasado poderia

permitir uma melhoria do nível de serviço, redução de estoque, redução nos custos

de transporte e armazenagem, aceleração do ciclo de caixa e aumento do retorno

sobre o investimento.

A adoção do conceito de SCM incentiva, mediante o processo de

coordenação e colaboração, a busca e identificação de oportunidades desse tipo e

sua implementação conjunta.

Para Ching (2001, p.63), Suplly chain Management - SCM é todo esforço

envolvido nos diferentes processo e atividades empresariais que criam valor na

forma de produtos e serviços para o consumidor final. Assim, a gestão do SCM é

uma forma integrada de planejar e controlar o fluxo de mercadorias, informações e

recursos, desde os fornecedores até o cliente final, procurando administrar as

relações na cadeia logística de forma cooperativa e para o benefício de todos os

envolvidos.

Conforme as palavras de Ching (2001, p.68):

A gestão do supply chain management é um conceito mais amplo e estrategicamente mais importante, que se inicia na saída das matérias-primas dos fornecedores, passa pela produção, montagem e termina na distribuição dos produtos acabados aos clientes finais. Inclui considerações estratégicas que passam por focalizar a satisfação do cliente; formular e implementar estratégias baseadas na retenção dos clientes atuais e obtenção de novos e gerenciar a cadeia de forma eficaz.

Dessa forma, Ching (2001) diz que o desempenho do supply chain

management depende principalmente de quatro fatores, as saber: capacidade de

resposta às demandas dos clientes; qualidade de produtos e serviços; velocidade,

qualidade e timing1 da inovação nos produtos e, efetividade dos custos de produção

e entrega e utilização de capital.

Novaes (2007) pondera dizendo que embora seja um conceito em evolução,

cuja utilização ainda se restringe a um conjunto de empresas mais avançadas, o

SCM já está na agenda da maioria dos gerentes das grandes empresas

internacionais. Artigos na imprensa especializada, como a Fortune, estão

1 Tempo gasto

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anunciando o SCM como a nova fonte de vantagens competitivas. Nos encontros de

profissionais, o conceito passou a ter um destaque especial. Das mais de 200

sezões do congresso do CLM de 1997, cerca de 25% das apresentações

incorporavam as palavras Supply Chain Management. O enorme interesse pelo

tema é totalmente justificado em função tanto dos exemplos de sucesso já

conhecidos, quanto do nível de complexidade e descoordenação da grande maioria

dos canais de distribuição hoje existentes.

Assim, o mesmo autor, dá o exemplo da Miliken, maior produtora de tecidos

dos EUA e uma das primeiras empresas a adotar o conceito de SCM ainda nos anos

80, conseguiu extraordinários resultados em seu projeto com a Seminal, fabricante

de confecções, e Wal-Mart, maior rede varejista mundial. Em pouco mais de seis

meses do início do processo de colaboração, baseado na troca de informações de

vendas e estoque entre os membros do canal, a Miliken conseguiu aumentar suas

vendas em 31%, ao mesmo tempo em que aumentava em 30% o giro de estoques

dos produtos comercializados naquele canal. A troca de informações permitiu

eliminar as previsões de longo prazo, os excessos de estoque e o cancelamento de

pedidos.

Novaes (2007) explica que a Wal-Mart, por seu turno, tem obtido excelentes

resultados em termos de crescimento e rentabilidade, em grande parte devido à

alavancagem que tem conseguido com sua estrutura diferenciada de relacionamento

na cadeia de suprimentos. A Dell Computers é outra empresa que, por meio da

reconfiguração de sua cadeia de suprimentos, vem conseguindo responder quase

imediatamente aos pedidos customizadas de seus clientes. O resultado tem sido um

crescimento e lucratividade extraordinários. O sucesso da Dell é tão grande que a

empresa foi classificada como a de melhor desempenho no setor de tecnologia de

informação pela revista Business Week em 1998.

3.3 Organização logística em empresas da cadeia de suprimentos de alimentos

Christopher (1998, p.123) afirma que “o sucesso empresarial é resultante de

uma série de decisões estratégicas que transcendem as questões mercadológicas e

operacionais”.

Um dos desafios gerenciais da atualidade é encontrar uma forma de

organização que dê agilidade e qualidade ao processo decisório, indo além dos

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aspectos de hierarquia e poder. Assim, o monitoramento do desempenho e a

adoção de novas tecnologias de informação apresentam-se como sustentação à

estrutura organizacional das empresas, permitindo atingir nível de flexibilidade

operacional necessário ao sucesso dos negócios.

3.3.1 Avaliação do processo logístico aplicado à cadeia de suprimento de alimentos

Conforme Fleury et al (2000), a cadeia de suprimentos do setor alimentício

tem sofrido significativas mudanças, em função do aumento da competição que lhes

foi imposta pela abertura comercial e pela estabilização econômica.

Por um lado, segundo Bertaglia (2009), a estabilização econômica reduziu as

possibilidades de ganhos inflacionários, forçando as empresas a focar os negócios

em suas atividades-fins, por outro lado, com a chegada no mercado dos importados,

a competição aumentou ainda mais. As empresas têm reagido a isso com mudanças

gerenciais e operacionais e com a busca de relacionamentos mais estreitos entre

empresas comerciais e industriais, mediante operações logísticas. A integração da

cadeia de suprimentos está sendo vista com uma das maiores oportunidades de

ganho de produtividade. Por parte do comércio, empresas normalmente centradas

em preços, passam a considerar os serviços de distribuição como fator importante

de diferenciação competitiva. É sempre válido a empresa sempre preocupar-se em

adotar ações que a coloquem à frente no mercado. Além do que, a distribuição

correta significa maior lucro para a empresa.

Fleury et al (2000), chama atenção para o fato de que o elo produção e

comercialização do setor alimentício vem passando por grandes mudanças, com a

introdução de novas tecnologias de informação e comunicação e de abordagens

gerenciais voltada para a logística, que são capazes de impactar profundamente na

forma de fazer negócios.

No comércio, a complexidade do processo logístico é menor, já que lida com

a distribuição de produtos acabados, porém, por outro lado o processo logístico do

comércio ganha amplitude devido às múltiplas transações associadas ao grande

número de itens comercializados, comparados à indústria. Se essas diferenças não

forem devidamente consideradas, podem se tornar obstáculos para os movimentos

de integração da cadeia de suprimento (FLEURY et al, 2000).

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3.3.2. Modelo conceitual

Segundo o modelo conceitual, desenvolvido por Bowersox (apud Fleury et al,

2000, p.190), empresas de vanguarda destacam-se pelo alto nível de flexibilidade

em seu sistema logístico visando atendimento de exigências de clientes-chaves e

situações contigenciais. A capacidade de ser flexível é resultante da sofisticação da

organização logística, que pode ser decomposta em três dimensões: formalização,

monitoramento de desempenho e adoção de tecnologia de informação.

A análise dos resultados visa responder às seguintes perguntas:

a) Como as empresas industriais e comerciais do setor de alimentos estão

estruturando a organização dos seus sistemas logísticos?

b) Existe um padrão no desenvolvimento da organização logística no comércio e

indústria de alimentos?

c) Quais as perspectivas de desenvolvimento da organização logística nas

empresas que pertencem à cadeia de suprimentos de alimentos?

3.3.3. Complexidade logística

A análise visa estabelecer o nível de complexidade logística entre empresas

comerciais e industriais. O resultado final para a dimensão de complexidade

operacional, verifica que as empresas industriais são logisticamente mais complexas

do que as comerciais. As empresas comerciais apresentam maior número de

fornecedores nos seus estoques, as industriais servem uma base maior de clientes,

com mais produtos perecíveis, por meio de um número maior de armazéns. Ao

contrário do comércio, a indústria tem, uma complexa logística de apoio à

manufatura que faz interface entre o processo de suprimento e o processo de

distribuição. (FLEURY et al, 2000)

Tabela1. Complexidade operacional entre comércio e indústria:

COMPLEXIDADE COMÉRCIO INDÚSTRIA

Nível - +

Número de fornecedores 650 246

Número de SKU 6.000 160

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Número de Armazéns 1 6

Número de Clientes/Lojas 110 7.000

Perecibilidade 39% 58%

Fleury et al, 2000, p.229

Nota-se que segundo o modelo adotado, que as empresas industriais

comparadas com as comerciais possuem maior complexidade operacional e,

espera-se que estas busquem desenvolver maior nível de flexibilidade em seus

sistemas logísticos, mediante uma organização logística mais sofisticada.

3.3.4. Sofisticação da organização logística

O nível de sofisticação da organização logística foi obtido com base na

resultante das dimensões formalização, monitoramento de desempenho e adoção

de tecnologia, de acordo com, o modelo conceitual adotado. A dimensão

formalização foi apurada com base em duas variáveis: o nível de controle que é

atribuído às unidades responsáveis pela logística sobre os componentes logísticos e

o nível de estruturação organizacional formalizada.

De acordo com Fleury et al (2000), em cinquenta por cento das empresas

comerciais, o principal executivo da logística está localizado no primeiro escalão da

estrutura organizacional, respondendo diretamente ao presidente, enquanto nas

indústrias, isto foi verificado em apenas vinte e nove por cento dos casos este

profissional ocupa essa mesma posição. Com relação ao nível de participação nas

decisões estratégicas, o principal executivo da logística tem participação direta de

oitenta por cento das empresas comerciais e 72% das empresas industriais. O

percentual de empresas com planejamento logístico formalizado é similar para os

dois conjuntos de empresas. No cômputo geral as empresas comerciais

desenvolvem um nível de estruturação organizacional formalizada da logística

superior às empresas industriais.

O nível de controle da unidade funcional da logística sobre os componentes

logísticos é maior nas empresas industriais do que nas comerciais. O comércio

concentra seu controle nas atividades de armazenagem e transporte, enquanto na

indústria o controle sobre as atividades logísticas é mais homogêneo. Tanto as

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empresas comerciais quanto as industriais apresentam nível semelhante de

formalização de logística.

Bertaglia (2009) explica que a dimensão de monitoramento de desempenho

foi avaliada segundo nível médio de insatisfação com sistema de indicadores. Os

resultados indicam que o nível de insatisfação com o sistema é de aproximadamente

trinta por cento tanto para o comércio quanto para a indústria. Altos níveis de

insatisfação estão associados a todas as classes de indicadores, sendo que o

comércio percebe maiores carências no benchmarking e qualidade, e a indústria

aponta benchmarking e o serviço ao cliente. A dimensão tecnológica de informação

foi avaliada com base em seis medidas: insatisfação com softwares, insatisfação

com qualidade da informação, insatisfação com processo de implementação de

softwares, insatisfação hardware operacional, insatisfação hardware computacional,

nível de utilização de EDI (Sistema Eletrônico de Pagamento). Com relação à

utilização de EDI, o número de aplicações é sessenta por cento maior nas empresas

industriais, indicando maior nível de adoção de tecnologia nas empresas industriais.

Não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos de empresas

ao avaliar as demais variáveis. Vale ressaltar que com relação aos softwares, o nível

de insatisfação no que diz respeito à qualidade da informação disponível e ao

processo de implementação é bastante alto. A análise geral dos resultados indica

um alto grau de insatisfação com o fluxo de informações logísticas nas empresas.

Esses níveis de insatisfação são coerentes com os níveis encontrados na dimensão

monitoramento do desempenho.

Bertaglia (2009) diz que é importante considerar que existem vários

obstáculos internos e externos às empresas, que dificultam o processo de adoção

de novas tecnologias que contribuem para os altos níveis de insatisfação

observados. No caso da indústria, a incompatibilidade com sistemas já implantados

aparece como principal obstáculo para a adoção de novas tecnologias de

informação, o que evidencia a maior tradição no uso de tecnologias de informação

por parte das empresas industriais.

Tanto o comércio como a indústria já despertaram para a importância do

conceito de logística integrada. Olhando sob a perspectiva de cadeia de suprimento,

verificamos que, se por um lado, a indústria apresenta um maior conteúdo

tecnológico do que o comércio, este último é que está puxando a sua

implementação, ou seja, as exigências por melhores níveis de serviço e eficiência

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operacional, por parte do comércio, funcionam como fator motivador para um maior

grau de adoção de tecnologia, por parte da indústria.

Segundo Fleury et all (2000), a análise geral demonstrou que as empresas

industriais, por serem mais complexas, buscam um maior nível de flexibilidade em

suas operações, que por seu turno, é alcançado por meio de uma maior sofisticação

da organização logística. Por outro lado, as perspectivas de desenvolvimento da

organização logística na cadeia de suprimentos de alimentos aponta para avanços

no desenvolvimento de uma maior integração entre as empresas industriais e

comerciais.

3.3.5. Diminuição do desabastecimento dos pontos de venda ao consumidor

Conforme coloca Fleury et al (2000), o programa de reposição contínua

substitui em alguns casos o processo convencional, em que o cliente gera o pedido

para o parceiro comercial, no caso o fornecedor. Trata-se de um processo de

trabalho conjunto, em que o fornecedor determina as quantidades de reposição com

base nas informações de estoque e vendas recebidas do cliente.

O objetivo desse modelo é diminuir os níveis de estoques, melhorar a

disponibilidade dos produtos em todos os pontos da cadeia de suprimentos e, ao

mesmo tempo, permanecer o mais próximo possível da demanda do consumidor.

Tudo isto somente é possível quando se estabelece, com grande dose de sinergia,

uma relação de parceria entre cliente e fornecedor, que deixa de ser apenas aquele

que atende a um pedido e se torna um agente fundamental.

Fleury et al (2000) explica que para que o programa de reposição contínua

funcione de forma harmônica, deve existir cooperação e colaboração entre os

parceiros comerciais, pois o cliente deverá enviar informações estratégicas ao

fornecedor, para que este seja capaz de calcular o ponto de suprimentos baseado

em parâmetros adequados. O fornecedor, por sua vez, deverá gerenciar de forma

correta o estoque do cliente para evitar o desabastecimento. Assim, sinergia e

confiança mútua são elementos indispensáveis ao sucesso de uma parceria capaz

de agregar imenso valor às relações comerciais no âmbito da cadeia de

suprimentos.

O importante nessa questão é planejar o abastecimento de forma que nada

falte no local de exposição para o cliente nem, tampouco, que nada fique estocado

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por muito tempo. Pois, quando isso acontece, o giro de capital torna-se muito lento

e, financeiramente, para a empresa, não é um bom negócio.

Assim, é importante frisar da necessidade de um planejamento de compra

baseado em pesquisas realizadas nas lojas, para identificar quais as preferências e

necessidades do público-alvo. Há de se comentar ainda, que de loja para loja, esse

planejamento pode modificar, dependendo do tipo, do nível econômico, das

necessidades e desejos do consumidor da determinada loja que se está

abastecendo.

Essa logística de abastecimento, quando bem planejada, vai fazer com que

as gôndolas de exposição do mercado varejista nunca estejam vazias, pois sempre

estarão com as mercadorias em proporção de sua procura.

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CONCLUSÃO

Após este estudo o que foi possível observar é que a logística oferece um

vasto campo de pesquisa que pode ser analisado sob várias óticas, considerando o

ambiente interno e externo da organização.

Todo e qualquer processo logístico envolve uma totalidade de ações

estratégicas que começam com o fornecedor até o momento que a mercadoria ou

serviço atinge o cliente/consumidor.

As políticas de atendimento ao cliente devem ser prioritárias no sentido de

servirem de intermediária entre o mercado e a empresa, ou seja, através do

relacionamento do cliente com a empresa é que será possível saber sobre a

demanda e preparar-se em termos de estoque. Essa é mais uma vantagem do bom

relacionamento entre o cliente e a empresa.

A logística de desabastecimento é compatível com a política de estoque que

preza pelo oferecimento de todas as mercadorias sem, no entanto, precisar fazer

grandes estoques. É justamente para não precisar reter grande quantidade de

estoque é que se aplica a logística, assim, através do planejamento logístico é

possível oferecer todas as qualidades de mercadorias e de todas as marcas na

quantidade considerada ótima. A quantidade ótima é a aquela em que não falta, mas

também não sobram mercadorias.

Além de ter como objetivo atender ao cliente em sua totalidade de

mercadorias, a logística de desabastecimento visa diminuir a quantidade de capital

parado. Pois, como não possui praticamente estoque, o capital está sempre girando

e se multiplicando.

Dessa forma, a expressão “desabastecimento’ significa investir para que as

gôndolas de mercadoria estejam sempre abastecidas para serem apreciadas pelo

consumidor, sem no entanto, reter uma grande quantidade de estoque.

Vale comentar ainda que a quantidade de mercadorias expostas vai depender

da demanda do local, muitas vezes determinada mercadoria é bastante procurada

numa filial e na outra não tem quase saída. Assim, com as informações colhidas no

relacionamento com o cliente, ser á possível abastecer conforme a demanda e,

consequentemente, nunca estar desabastecida de uma mercadoria que é bastante

procurada.

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Finalmente, tendo em vista a importância da logística para a competitividade

das empresas do setor do comércio varejista e carência de estudos específicos,

sugere-se aprofundamento de pesquisa nessa área.

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REFERÊNCIAS

BALLOU, Ronald H. Logística empresarial; transportes, administração de material, distribuição física. São Paulo: Atlas, 2001. BERTAGLIA, Paulo Roberto. Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento. 2.ed. Rio de Janeiro: Saraiva, 2009. CAXITO, Fabiano. Logística: um enfoque prático. Rio de Janeiro: Saraiva, 2011. CHING, H. Y. Gestão de estoques na cadeia de logística integrada – suplly chain. 2ed. São Paulo: Atlas, 2001. CHRISTOPHER, M. Logística e gerenciamento de cadeias de suprimentos. São Paulo: Thomson, 1998. FLEURY, Paulo Fernando et al (org.) Logística empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas, 2000. MARTINS, P.G. e ALT, Paulo Renato C. Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais. São Paulo: Saraiva, 2000. NOVAES, Antônio Galvão. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição; estratégia, operação e avaliação. 3.ed. Rio de Janeiro: Campus, 2007.

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INDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

LISTA DE SIGLAS E VERBERTES 07

SUMÁRIO 08

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO 1

A LOGÍSTICA E SUA FUNÇÃO NAS EMPRESAS 11

1.1 A concepção logística empresarial 11

1.2 Vantagem da adoção de um sistema logístico nas empresas 15

CAPÍTULO 2

GESTÃO DE ESTOQUES 17

2.1 Características básicas do controle de estoque 17

2.2 Aspectos fundamentais na cadeia de suprimentos 22

2.3 Ferramentas básicas de gestão de estoque 22

2.4 Por que e como reduzir os níveis de estoque 23

CAPÍTULO 3

LOGÍSTICA INTEGRADA E GERENCIAMENTO DA CADEIA DE

SUPRIMENTO

25

3.1 Logística integrada 25

3.2 Conceito de gerenciamento da cadeia de suprimentos 29

3.3 Organização logística em empresas da cadeia de suprimentos de

alimentos

32

3.3.1 Avaliação do processo logístico aplicado à cadeia de suprimento

de alimentos

33

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3.3.2. Modelo conceitual 34

3.3.3. Complexidade logística 34

3.3.4. Sofisticação da organização logística 35

3.3.5. Diminuição do desabastecimento dos pontos de venda ao

consumidor

37

CONCLUSÃO 39

REFERÊNCIAS 41

ÍNDICE 42

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Universidade Cândido Mendes

A logística como forma de satisfação do cliente

Ivan Vadui de Araújo

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