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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A Importância do RH como Ferramenta de Estratégia nas Organizações Por: Rondinelli de Oliveira Orientador Prof (a). Mary Sue Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A Importância do RH como Ferramenta de Estratégia nas

Organizações

Por: Rondinelli de Oliveira

Orientador

Prof (a). Mary Sue

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A Importância do RH como Ferramenta de Estratégia nas

Organizações

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Pós Graduação em Gestão

Empresarial.

Por: Rondinelli de Oliveira

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3

AGRADECIMENTOS

Aos meus colegas de classe: Alex,

Andreza, Daniel, Irineu, Nilma,

Thatiana e Valéria que contribuíram

para a minha formação e em especial a

minha amiga Maria José.

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4

DEDICATÓRIA

Dedico a minha mãe que muito me

incentiva nos estudos, ao meu filho

Gabriel, a minha afilhada Jennifer e toda a

minha família.

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5

RESUMO

O setor de recursos humanos é fundamental para as organizações nos

dias atuais. O RH evoluiu consideravelmente nos últimos anos, deixando de ser

apenas um setor burocrático das organizações para se tornar um departamento

estratégico, ou seja, setor esse que planeja, define metas, propõe soluções

para conflitos internos, avalia, treina e integra os novos funcionários, recruta e

seleciona os profissionais, pesquisa e mede o clima da organização etc.

Este projeto tem por objetivo apresentar e esclarecer de forma clara e

objetiva a fundamental importância que o departamento de recursos humanos

desenvolve nas organizações tendo como responsabilidade o planejamento

estratégico de RH. Felizmente, as grandes corporações dos dias atuais

consideram o departamento de RH como um dos principais setores da

organização, ou seja, um dos setores de tomada de decisão e estratégicos da

empresa.

Quando a organização deseja contratar um profissional, recorre ao RH.

Quando pretende treinar ou qualificar uma equipe interna ou externa, é o RH

que está preparado para tal realização. Ou até mesmo quando é necessário

medir o clima da empresa, são os profissionais de RH que estão aptos para

realizar a pesquisa, ou quando ocorre uma avaliação de desempenho dentro

da empresa, é a equipe de RH que pode oferecer uma melhor avaliação e um

feedback dessa avaliação. Posso citar também uma pesquisa salarial ou de

escalonamentos dos cargos, o setor mais qualificado para a realização da

pesquisa é o de RH, mas precisamente com os profissionais de remuneração

ou de cargos e salários.

Dentro desse contexto e dos modelos exemplificados nesse projeto,

podemos entender o porque que o setor de recursos humanos pode ser

considerado uma ferramenta estratégica nas organizações. Aqui por diante,

vamos adquirir conhecimentos como por exemplos: a evolução do RH;

subsistemas de RH; o RH como ferramenta estratégica; motivação – um fator

fundamental e estrutura organizacional.

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6

METODOLOGIA

Foram utilizadas análises bibliográficas baseadas em alguns clássicos

e autores atuais relativos ao tema, cujos conhecimentos foram pesquisados

nos livros: Gestão de Pessoas – o novo papel dos recursos humanos nas

organizações, Administração de Recursos Humanos – fundamentos básicos,

Administração de Recursos Humanos – do operacional ao estratégico e

conhecimentos do livro: Gestão do Clima Organizacional.

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7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I – A EVOLUÇÃO DO RH - DO OPERACIONAL

AO ESTRATÉGICO 10

CAPÍTULO II – A IMPORTÂNCIA DOS SUBSISTEMAS

DE RH NAS ORGANIZAÇÕES 19

CAPÍTULO III – O RH COMO FERRAMENTA ESTRATÉGICA

NAS ORGANIZAÇÕES 43

CAPÍTULO IV – MOTIVAÇÃO - UM FATOR FUNDAMENTAL

NAS ORGANIZAÇÕES 51

CAPÍTULO V – ESTRUTURA ORGANIZACIONAL 58

CONCLUSÃO 66

BIBLIOGRAFIA 67

ÍNDICE 68

FOLHA DE AVALIAÇÃO 72

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8

I�TRODUÇÃO

A gestão estratégica de Recursos Humanos nunca foi tão pressionada

a acompanhar as exigências de cada organizações, sendo responsável por

formar funcionários altamente motivados e dotados de grande autonomia e

comprometidos com a missão da empresa. A Gestão de Pessoas é uma das

áreas que mais tem sofrido mudanças e transformações nestes últimos anos. A

visão que se tem hoje da área é totalmente diferente da sua tradicional

configuração, quando recebia o nome de Administração de Recursos Humanos

(ARH). O propósito central desse projeto é mostrar as novas características e o

novo perfil dessa tão gratificante área de atividade. O RH, e conseqüentemente

a Gestão de Pessoas têm sido a responsável pela excelência das organizações

bem sucedidas e pelo aporte de capital intelectual que simboliza, mais do que

tudo, a importância do fator humano em plena Era da Informação.

Com a globalização dos negócios, o desenvolvimento tecnológico, o

forte impacto da mudança e o intenso movimento pela qualidade e

produtividade, surge uma evidente constatação na maioria das organizações: o

grande diferencial, a principal vantagem competitiva das empresas, decorre

das pessoas que nelas trabalham. São as pessoas que mantêm e conservam o

status quo já existente, e são elas – e apenas elas – que geram e fortalecem a

inovação e o que deverá vir a ser. São as pessoas que produzem, vendem,

servem ao cliente, tomam decisões, lideram, motivam, comunicam,

supervisionam, gerenciam e dirigem os negócios das empresas. Dirigem

inclusive outras pessoas, pois não pode haver organizações sem pessoas.

Quando as organizações são bem sucedidas, elas tendem a crescer

ou, no mínimo, sobreviver. O crescimento acarreta maior complexibilidade dos

recursos necessários às suas operações, com o aumento de capital, atividade

de apoios, aumento do quadro de pessoal e etc; além disso, intensifica a

aplicação dos seus conhecimentos, habilidades, e destrezas indispensáveis à

manutenção e competitividade do negócio. O departamento de RH está em

constante aprendizagem e aperfeiçoamento (treinamento) sempre antenado

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9em todas as tendências do mercado. Pois, esse departamento tão importante é

uma ferramenta fundamental para os planejamentos estratégicos das

organizações. É de responsabilidade do Departamento de RH os setores de

recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento, cargos e salários,

avaliação de desempenho, pesquisa do clima organizacional, administração de

pessoal, relações trabalhistas e sindicais, planejamento estratégico e etc...

Até um certo tempo atrás, o relacionamento entre pessoas e

organizações era considerado antagônico e conflitante. Acreditava-se que os

objetivos das organizações – como lucro, produtividade, maximização da

aplicação de recursos físicos e financeiros, reduções de custos – eram

incompatíveis com os objetivos das pessoas – como melhores salários e

benefícios, conforto no trabalho, lazer, segurança no trabalho e no emprego,

desenvolvimento e progresso pessoal. A solução empregada era a do ganhar-

perder: se uma parte ganha mais, ela o faz à custa da outra. Sem dúvida, era

uma solução limitada, estreita e com pouca visão. Verificou-se que, se a

organização quer alcançar os seus objetivos da melhor maneira possível, ela

precisa saber canalizar os esforços das pessoas para que também, estas

atinjam os seus objetivos individuais e que ambas as partes saiam ganhando.

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10

CAPÍTULO I

A EVOLUÇÃO DO RH – DO OPERACIONAL AO

ESTRATÉGICO

Tudo começou com a necessidade de ‘contabilizar’ os registros dos

trabalhadores, com ênfase, obviamente, nas horas trabalhadas, faltas e atrasos

para efeitos de pagamento ou e desconto. Tal qual se faz hoje. Nesse campo

pouco ou nada mudou.

O ‘capo Del personale’; ‘personel chief’ ou chefe de pessoal’ do início

do século XIX tinha em comum, tanto na Itália como nos Estados Unidos e no

Brasil, as mesmas características que o definiram por muitos anos: um sujeito

inflexível, seguidor das leis e dono de uma frieza incalculável na hora de demitir

alguém. Dessa forma, ser enviado ao departamento pessoal foi por muitos

anos sinônimo de estar sendo chamado para receber o bilhete azul. Por muitos

anos os funcionários tiveram esse sentimento, e, talvez, em muitas empresas

ainda hoje persista. No Brasil, com certeza.

As grandes organizações são as responsáveis pelas primeiras

mudanças. Essas, em diversas oportunidades, acabaram por patrocinar

estudos e pesquisas na área acadêmica que fizeram com que houvesse uma

valorização de novas posturas de comando como forma de se conseguir

otimizar os resultados produtivos das organizações.

Esses patrocínios, diga-se de passagem, salvo raras exceções, não

eram propriamente resultado da sensibilidade patronal daquela época. Sempre

foram, como ainda são hoje, investimentos interessantes do ponto de vista da

imagem da empresa e do seu marketing político. Isso significa dizer que se

mostrar patrocinadora convicta do campo da educação e da evolução da

sociedade costuma trazer bons dividendos ao nome de uma organização.

Nesse cenário é que começou a seguir, a partir do desenvolvimento

dos processos, métodos e normas de trabalho, o interesse no estudo de alguns

fenômenos colaterais observados no campo da psicologia organizacional e da

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11sociologia no trabalho, principalmente no que tange ao comportamento

humano.

1.1 As Escolas Administrativas e a Função de Pessoal

A racionalização atingiu a área do trabalho como uma das últimas

incursões nesse campo, pelo homem, na história da humanidade. Com

Descartes, no século XVll, quando se resolveu adotar o racional como solução

do contemporâneo, vemos o racionalismo atingir o seu apogeu no século XIX,

ao ser aplicado às ciências naturais e sociais.

A chegada das máquinas, do vapor, da eletricidade, da eletrônica, do

transistor e, mais recentemente, do chip, alavancou mudanças, inacreditáveis

na tecnologia, nos processos de produção e na metodologia da pesquisa.

O primeiro passo foi dado pelo testemunho trazido no livro Shop

Management (1903), seguido de Os princípios da administração científica

(1906), ambos do até então desconhecido engenheiroTaylor, na busca da

maximização da eficiência na produção.

Ao americano Taylor seguiu-se o francês Fayol com sua Administração

geral e industrial (1616), no qual introduziu pela primeira vez a clássica divisão

das funções do administrador em:

• planejar

• organizar

• coordenar

• comandar

• controlar

Taylor e Fayol são responsáveis pelo surgimento do movimento da

administração científica ou escola clássica, cujo perfil Motta (1974) apresenta

abaixo:

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12

Concepção

da

organização

Relações

administração

empregados

Sistema de

incentivos

Concepção

da natureza

Resultados

Organização

formal

Identidades de

interesses

Incentivos

monetários

Homo

Economicus

Máximos

Quadro 1. Movimento da Administração Científica

Nesse período e sob tal influência nasceu a função de chefe de pessoal

propriamente dita. Para o empresário, o trabalhador era tão-somente um

instrumento a mais na busca dos resultados da empresa. O que importava era

que o trabalhador tivesse uma boa saúde física e a maior dedicação possível

ao trabalho em jornadas que podiam estender-se até 18 horas diárias.

Alguém deveria contabilizar as entradas e saídas; os pagamentos, os

valores, os descontos e as faltas. Cabia ao então chefe de pessoal ‘informar’

eventuais irregularidades e advertir ou despedir os faltosos. Era uma função

geralmente vista pelos empregados ‘de confiança’ do patrão e revestida de um

poder coercitivo muito grande, já que eram suas ações punitivas em nome da

empresa.

O movimento de relações humanas, na década de 20, trouxe um

desafio extremo à função de chefe de pessoal. Como se sabe esse novo

modelo de administração teve como base de mudança à relação entre

empregados e empregadores. Enquanto a escola clássica operava à base da

força e do autocratismo, o novo modelo propunha aumentar a produtividade

pela eliminação dos conflitos e seus respectivos custos.

Nesse novo modelo de administração de gerir a relação entre

empregados e empregadores, a função de chefe de pessoal sofre uma pressão

muito forte, com uma inversão radical de seu papel. A ordem agora é

preocupar-se com o indivíduo, com suas necessidades e outras variáveis com

as quais até esse momento ninguém estava absolutamente preparado. Nem o

empresário, nem o empregador e muito menos o chefe de pessoal.

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13Todavia, apesar das dificuldades encontradas à época e do despreparo

generalizado, mantêm-se o movimento que evolui para um segundo estágio: o

Behaviorismo, o qual, embora fundamentadas também suas bases no

comportamento, eram uma crítica a escola de relações humanas pela sua

singeleza e empirismo ao entender que a simples satisfação no trabalho

pudesse gerar, por si só, a eficiência tão procurada.

Surge, em 1945, à luz do Behaviorismo, os primeiros estudos sobre

liderança, autocratismo, democracia no trabalho e motivação humana.

Sabe-se que não basta conhecer uma realidade para agir sobre ela. É

necessário dominar todas as variáveis endógenas e exógenas aos processos

em que essa realidade está envolvida, bem como possuir uma bagagem

cognitiva adequada para poder garantir uma interferência, no mínimo, menos

ocidental e casuística.

É nesse cenário que começa a ser valorizada a função de ‘cuidar do

pessoal’. A função até então de terceiro escalão de chefe de pessoal ganha o

status de gerência.

Trata-se de um marco interessante, pois na hierarquia natural das

organizações essa função sobe um degrau muito importante no cenário

organizacional e na estrutura piramidal (quadro 2) deixando de ser uma função

puramente operacional para tornar-se de origem tática.

3º Estratégico

2º Tático

1º Operacional

Quadro 2. Início da Pirâmide Organizacional.

A função de pessoal passa a identificarem-se, nos Estados Unidos,

como ‘personnel manager’ (gerente de pessoal); na Itália, ‘dirigente del

personale’; no Brasil, adotou-se a tradução do inglês, ‘gerente de pessoal’.

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14O que se acrescentou à responsabilidade de contabilizar salários,

horas trabalhada, controlar faltas e atrasos e remunerar os trabalhadores foi

acompanhada das questões legais e sindicais que surgiram nessa época. Ou

seja, o avanço, comparativamente ao status das outras áreas organizacionais

(produção, vendas etc.) foi quase imperceptível.

Visto de outro ângulo – a bem da verdade – o gerente de pessoal nada

fez, pessoalmente, para mudar o seu perfil. Continuou sendo um chefe de

pessoal, com uma roupagem diferente. Sua visão era muito tecnicista,

mecanicista, e ligada às questões de registros burocráticos, fiscalização de

aspectos legais e cumprimentos de regras e normas.

Foi somente na década de 50 que apareceu a denominação que ligava

essa área à de ciências humanas. Exatamente na mesma época em que a

escola de relações humanas estava no auge, resolveu-se que seria muito

apropriado denominar essa função de ‘gerente de relações humanas’ ou

gerente de recursos humanos (GRH), tradução literal do inglês human

resource manager, já utilizada nos Estados Unidos.

Num modismo típico dos anos 60, nos Estados Unidos criou-se

paralelamente ao GRH o gerente de relações industriais (GRI) ‘industrial

relation manager’ para distinguir o gerente que cuidava de aspectos puramente

administrativos (GRI) daquele que seria o especialista sobre questões

‘humanas’ (GRH).

O ganho dessa vez não foi somente de nomenclatura. Nem só de

status. A moderna função de GRH ganhou diversas subáreas que passaram a

lhe dar uma abrangência muito maior, embora ainda sempre em nível tático

operacional (Quadro 2.1).

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15Área de responsabilidade da função de pessoal

Chefe de pessoal Gerente de RI Gerente de RH

Até 1950 De 1950 a 1970 De 1970 aos dias atuais

Controle da

Frequência Controles da Frequência Controles da Frequência

Faltas ao Trabalho Faltas ao Trabalho Faltas ao Trabalho Pagamentos

Pagamentos Pagamentos Pagamentos

Admissões e

Demissões Admissões e Demissões Admissões e Demissões

Cumprimento da CLT Cumprimento da CLT Cumprimento da CLT

Serviços Gerais Serviços Gerais

Medicina e Higiene Medicina e Higiene

Segurança Patrimonial Segurança Patrimonial

Segurança Industrial Segurança Industrial

Contencioso Trabalhista Contencioso Trabalhista

Cargos e Salários Cargos e Salários

Benefícios Benefícios

Recrutamento e Seleção Recrutamento e Seleção

Treinamento Treinamento

Avaliação de Desempenho

Qualidade de Vida

Desenvolvimento Gerencial

Relações Trabalhistas

Sindicalismo

Desenvolvimento Organizacional

Estrutura Organizacional

Quadro 2.1 Áreas de Responsabilidade da Função de Pessoal

1.2 As cincos fases evolutivas da gestão de pessoal

Pesquisa realizada em 1997 pela professora Tose, da Faculdade de

Administração da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, baseada em

bibliografia principalmente acadêmica e utilizada na construção de sua

dissertação de mestrado, mostra que é possível destacar cinco fases na

evolução do perfil profissional de RH e suas respectivas épocas, conforme

segue:

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161. Contábil – Antes de 1930

2. Legal – 1930 a 1950

3. Tecnicista – 1950 a 1965

4. Administrativa – 1965 a 1985

5. Estratégica – 1985 a atual.

Segundo Tose, as fases possuíam as seguintes características:

a) A fase contábil, pioneira da ‘gestão de pessoal’, também chamada de

‘pré-histórica’ por alguns autores, caracterizava-se pela preocupação

existente com os custos da organização. Os trabalhadores eram vistos

exclusivamente sob o enfoque contábil: comparava-se a mão de obra e,

portanto, as entradas e saídas provenientes dessa conta deveriam ser

registradas contabilmente.

b) A fase legal registrou o aparecimento da função de chefe de pessoal,

profissional cuja preocupação estava centrada no acompanhamento e

na manutenção das recém-criadas leis trabalhistas da era getulista.

Tose aponta uma característica interessante dessa fase: o poder até

então unicamente centrado na figura dos feitores (chefe de produção)

sobre os empregados passou para chefe de pessoal pelo domínio

exercido sobre as regras e normas jurídicas impostas pela Consolidação

das Leis do Trabalho (CLT).

c) A fase tecnicista foi a que implantou no Brasil o modelo americano de

gestão de pessoal e alavancou a função de RH ao status orgânico de

gerência. Foi nessa oportunidade que o presidente Juscelino Kubitschek

implementou a indústria automobilística no nosso país, momento em que

os empresários tiveram que aceitar em seus organogramas a figura do

GRI. Obviamente algumas modificações tiveram de ser realizadas,

devido às características locais do gerenciamento e da cultura

organizacional ainda em fase embrionária; contudo, há que se ressaltar

que isso representou, para a organização e para os trabalhadores, um

grande avanço na qualidade das relações entre capital e trabalho. Foi

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17nessa fase que a área de RH passou a operacionalizar serviços como os

de treinamento, recrutamento e seleção, cargos e salários, higiene e

segurança no trabalho, benefícios e outros.

d) A fase administrativa (ou sindicalista, segundo Tose) criou um marco

histórico nas relações entre capital e trabalho, na medida em que é

berço de uma verdade revolução que, movida pelas bases

trabalhadoras, implementou o movimento sindical denominado ‘novo

sindicalismo’. Nessa fase, registrou-se nova mudança – significativa – na

denominação e na responsabilidade do até aqui gerente de relações

industriais: o cargo passou a se chamar gerente de recursos humanos.

Pretendia-se com essa mudança transferir a ênfase em procedimentos

burocráticos e puramente operacionais para as responsabilidades de

ordem mais humanísticas, voltadas para os indivíduos e suas relações

(com os sindicatos, a sociedade etc.).

e) A fase estratégica foi demarcada operacionalmente, segundo

Albuquerque (1998), pela introdução dos primeiros programas de

planejamento estratégico atrelados ao planejamento estratégico central

das organizações. Foi, assim, nessa fase que se registram as primeiras

preocupações de longo prazo, por parte do board das empresas, com os

seus trabalhadores. Iniciou-se nova alavancagem organizacional do

cargo de GRH, que, de posição gerencial, de terceiro escalão, em nível

ainda tático, passou a ser reconhecido como diretoria, em geral, em

nível estratégico nas organizações.

1.3 Planejamento estratégico de RH

Um dos aspectos mais importantes da estratégia organizacional é a

sua amarração com a função de Gestão de Pessoas. Em outros termos, como

traduzir os objetivos e estratégias de RH. Isso é feito através do planejamento

estratégico de RH.

O planejamento estratégico de RH deve ser parte integrante do

‘planejamento estratégico da organização’. Quase sempre o primeiro busca

uma maneira de integrar a função de RH nos objetivos globais da empresa. A

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18uma determinada estratégia organizacional deve corresponder em

planejamento estratégico de RH perfeitamente integrado e envolvido.

O planejamento estratégico de RH refere-se à maneira como a função

de RH pode contribuir para o alcance dos objetivos organizacionais e,

simultaneamente, favorecer e incentivar o alcance dos objetivos individuais dos

funcionários.

O planejamento estratégico de RH é o processo de decisão quanto aos

recursos humanos necessários para atingir os objetivos organizacionais dentro

de um determinado período de tempo. Trata-se de definir antecipadamente

qual a força de trabalho e os talentos humanos necessários para a realização

da ação organizacional futura.

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19

CAPÍTULO II

A IMPORTÂNCIA DOS SUBSISTEMAS DE RH NAS

ORGANIZAÇÕES

“O que conta não é a quantidade de nossos

bens: é a qualidade de nossa vida”.

Galbraith

O sistema de administração de recursos humanos (ARH),

organicamente, compõe-se de um conjunto de subsistemas que correspondem

estrategicamente e individualmente por cada uma das funções de RH.

Dependendo do formato organizacional de uma empresa, essa poderá

desenhar o seu sistema de ARH dividindo-o em subsistemas. Neste capítulo

veremos os seguintes:

ü Recrutamento e Seleção (R&S)

ü Treinamento e Desenvolvimento (T&D)

ü Cargos e Salários (C&S)

ü Higiene e Segurança do Trabalho (HST)

ü Departamento de Pessoal (DP)

ü Avaliação do Desempenho (AD)

2.1 Recrutamento e Seleção

Esse subsistema de RH é o responsável pela:

a) captação e triagem de profissionais no mercado;

b) pela seleção e encaminhamento de profissionais para a empresa.

Dependendo do porte da empresa, esse subsistema pode ser

administrado por um só profissional ou por diversas equipes, em função do

volume de trabalho a ser executado. Numa organização que, por exemplo,

tenha um quadro de efetivos de 300 empregados, encontrar-se-á um

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20profissional (com o título provável de assistente ou analista de RH) que

responda pela área de treinamento e pela área de seleção.

Na realidade o que determina o fluxo de trabalho do subsistema de

R&S não é diretamente o número de empregados, pois pode haver uma

empresa com 1.000 empregados, mas numa situação tal que não registre

necessidade de aumento de quadro e com rotatividade zero. Ou seja, nessas

condições não há necessidade nem de aumentar nem de repor o quadro de

funcionários, portanto não se necessita de serviços de recrutamento e seleção.

O que efetivamente aponta para a necessidade de acionar um serviço

de recrutamento e seleção é um dos seguintes acontecimentos:

a) Rotatividade (turnover);

b) Aumento de quadro planejado;

c) Aumento de quadros circunstancial.

Rotatividade (turnover)

É o número de empregados desligados da empresa num determinado

período comparativamente ao quadro médio de efetivos. A rotatividade é

expressa por um número índice, que recebe o nome de Índice de Rotatividade.

Esse índice pode medir uma parte da organização (toda uma área de

vendas ou somente parte dessa área: uma seção, um departamento, um setor

etc.) ou medir um o índice geral (todas as áreas componentes do organograma

da empresa). Pode-se medir ainda: os demitidos, os demissionários ou até

mesmo demitidos e demissionários.

2.1.1 Aumento de quadro planejado

Essa é uma situação que encontramos em empresas que além de

manter um programa de planejamento global têm, por meio da ARH, a

administração de um orçamento (budget) ter efetivos construídos de forma

integrada entre todas as áreas da empresa. Esse budget leva em conta, em

geral, um período determinado (um ano, por exemplo) e nele estão contidas as

ações ou intenções previamente planejadas e aprovadas.

Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Descartes, no século XVll, quando se resolveu adotar o racional como solução do contemporâneo, vemos o racionalismo atingir

212.1.2 Aumento de quadro circunstancial

No caso de aumento de quadro circunstancial, temos variáveis não –

controláveis, que devem ser atendidas de forma emergencial a qualquer

momento pela organização. Trata-se de motivos não planejados, mas que por

necessidades premente terão de ser atendidos, em função seja de mudanças

repentinas de mercado, seja da concorrência etc. Em geral estão catalogadas

nessa condição movimentações consideradas de pequeno porte, que não

exigem esforços da área de R&S e, portanto, perfeitamente administráveis com

os recursos humanos normalmente empregados nesse setor.

2.1.3 Recrutamento de Pessoal

Recrutamento de pessoal é uma atividade do sistema de ARH que tem

por finalidade a captação de recursos humanos interna e externamente à

organização objetivando municiar o subsistema de seleção de pessoal no seu

atendimento aos clientes internos da empresa.

2.1.4 Recrutamento interno e recrutamento externo

O recrutamento interno atua sobre os candidatos que estão

trabalhando dentro da organização, é aquele que privilegia os próprios recursos

da empresa. A divulgação das necessidades (vagas em aberto) é informada

por meio de comunicação interna tais como, memorando ou cartazes, quadro

de avisos com as características exigidas pelo cargo, intranet (ferramenta

informatizada) etc.

O recrutamento externo atua sobre candidatos que estão disponíveis

no mercado de trabalho, portanto, fora da organização para submetê-lo ao

processo de seleção. O processo de seleção externo tem a vantagem de trazer

experiências e habilidades não-existentes atualmente na organização.

2.1.5 Seleção de Pessoal e entrevista de seleção

A seleção de pessoal funciona como uma espécie de filtro que permite

que apenas algumas pessoas possam ingressar na organização: aquelas que

apresentam características desejadas pela organização. Há um velho ditado

popular que afirma que a seleção constitui a escolha certa da pessoa certa

Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Descartes, no século XVll, quando se resolveu adotar o racional como solução do contemporâneo, vemos o racionalismo atingir

22para o lugar certo. Em termos mais amplos, a seleção busca, dentre os vários

candidatos recrutados, aqueles que são mais adequados aos cargos existentes

na organização, visando manter ou aumentar a eficiência do pessoal, bem

como a eficácia da organização.

A entrevista de seleção objetiva detectar dados e informações dos

candidatos a emprego subsidiando a avaliação do processo seletivo.

Atualmente, entre todos os instrumentos utilizados pelo selecionador, a

entrevista de seleção é aquele considerado mais importante. Até alguns anos

atrás, contudo, era tida como instrumento acessório: foi uma época em que os

testes psicológicos eram mais relevantes que a própria análise pessoal do

selecionador.

Essa situação inverteu-se com o tempo. O primado dos testes

psicológicos terminou. O elemento substantivo no processo seletivo atual é a

análise do selecionador, isto é, é a própria entrevista realizada entre candidato

e selecionador. Os testes psicológicos e os demais testes estão sendo

considerados elementos adjetivos, complementares à própria entrevista.

2.2 Treinamento e Desenvolvimento

É um processo de assimilação cultural em curto prazo, que objetiva

repassar ou reciclar conhecimentos, habilidades ou atitudes relacionados

diretamente à execução de tarefas ou à sua otimização no trabalho. O

treinamento produz um estado de mudança no conjunto de Conhecimentos,

Habilidades e Atitudes (CHA) de cada trabalhador, uma vez que implementa ou

modifica a bagagem particular de cada um.

2.2.1 Processo de treinamento

O treinamento é um processo cíclico e contínuo composto de quatro

etapas:

1. Diagnóstico: é o levantamento das necessidades de treinamento a serem

satisfeitas. Essas necessidades podem ser passadas, presentes ou futuras.

2. Programação: é a elaboração do programa de treinamento para atender às

necessidades diagnosticadas.

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233. Execução: é a aplicação e condução do programa de treinamento.

4. Avaliação: é a verificação dos resultados do treinamento.

2.2.2 Métodos de levantamento de necessidades de treinamento

Existem vários métodos para determinar que habilidades devem ser

focalizadas para estabelecer a estratégia de treinamento. Um dos métodos é

avaliar o processo produtivo dentro da organização, localizando fatores como

produtos rejeitados, barreiras, pontos fracos relacionados com o desempenho

de pessoas, custos laborais elevados etc. Outro método para determinar as

necessidades de treinamento é a retroação direta a partir daquilo que as

pessoas acreditam serem necessidades de treinamento na organização. Um

terceiro método para determinar as necessidades de um treinamento envolve a

visão do futuro. A introdução de novas tecnologias ou equipamentos, novos

processos para produzir os produtos ou serviços da organização, novos

produtos e serviços ou desenvolvimento dos atuais produtos e serviços são

sinais de que novas habilidades e destrezas deverão ser adquiridas pelas

pessoas.

2.2.3 Planejamento e programação e execução do treinamento

A área de T&D é de suma importância pelo papel integrador que lhe

cabe, sendo o elo de ligação entre as políticas, diretrizes e ações formais e

informais que regem as relações organizacionais enquanto indicadores da

cultura empresarial e seus agentes multiplicadores e os indivíduos que

compões essa ‘sociedade’. Cabe ao planejamento, em segundo plano,

organizar as prioridades entre o necessário e o possível, enfocando os

recursos disponíveis e as necessidades gerais.

Na programação, a etapa do processo de treinamento consiste em

analisar as ações consideradas prioritárias e necessárias para serem

implementadas em módulos de aprendizagem, conforme previamente

planejado.

A execução é a aplicação prática daquilo que foi planejado e

programado para suprir as necessidades de aprendizagem detectadas na

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24organização. É a ‘linha de produção’ do T&D. A área de treinamento e

desenvolvimento de ter, a princípio, duas preocupações com a execução dos

módulos de treinamento:

ü A qualidade da aplicação dos módulos

ü A eficiência dos resultados

Na qualidade da aplicação dos módulos, os fatores influentes, entre

outros, são os seguintes: didáticas dos instrutores; preparo técnico; logística do

módulo; qualidades dos recursos etc. Além de recursos eletrônicos como

(transparências, slides, filmes de vídeo, computador, sistemas de áudio,

televisão etc.).

2.2.4 Avaliação do treinamento

Essa é a última etapa do processo de treinamento. Tem por finalidade

aferir os resultados conseguidos comparativamente àquilo que foi planejado e

esperado pela organização. Para que essa etapa consiga cumprir a sua

finalidade, todo módulo de treinamento deve ser previamente planejado e

programado para que, ao seu término, haja a possibilidade de mensurar os

resultados conseguidos. Sem essa condição, cria-se uma dificuldade muito

grande que compromete a possibilidade da efetividade do trabalho realizado.

Por essa razão – e por existir, de fato, em alguns casos, essa dificuldade –

afirma-se que é um dos grandes problemas enfrentados pela área de T&D:

poder mensurar claramente os resultados de certos módulos de treinamento.

2.3 Cargos e Salários

As pessoas trabalham nas organizações desempenhando um

determinado cargo. Em geral, quando se pretende saber o que uma pessoa faz

na organização, pergunta-se qual é o cargo que desempenha. Com isto,

sabemos o que ela faz na organização e temos uma idéia da importância e do

nível hierárquico que ocupa. Para a organização, o cargo constitui uma das

maiores fontes de expectativas e de motivação na organização.

Conceitualmente, o cargo é definido como uma composição de todas

as atividades desempenhadas por uma pessoa – o ocupante – que podem ser

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25englobadas em um todo unificado e que figura em certa posição do

organograma da empresa. Assim, para desempenhar as suas atividades, a

pessoa que ocupa um cargo deve ter uma posição definida no organograma.

O salário representa a principal forma de recompensa organizacional.

O salário constitui o núcleo das relações e intercâmbio entre as pessoas e as

organizações. Todas as pessoas aplicam seu tempo e esforço nas

organizações e, em decorrência, recebem dinheiro, que representa a troca

entre direitos e responsabilidades recíprocos entre empregado e empregador.

2.3.1 Organização da administração de cargos e salários

Inicialmente é de suma importância que o profissional responsável pelo

programa de cargos e salários tenha seu papel muito bem definido junto à

organização, bem como delineado seu campo de ação política e técnica, suas

atribuições, relações e autoridade. Por outro lado, formação de sua equipe de

trabalho dependerá diretamente do perfil da organização. Grandes estruturas

demandam equipes e especialistas diversificados, enquanto empresa de menor

porte deve funcionar com equipes mais enxutas até o ponto de ter somente um

analista de C&S respondendo por todas as atribuições do setor. Em qualquer

situação, contudo, o analista de cargos e salários, em suas três dimensões,

dadas pelo conhecimento e experiência (júnior, pleno ou sênior), é o elemento-

chave do setor de cargos e salários.

Ao decidir montar a sua equipe estrutura de cargos e salários, a

empresa pode optar por fazê-lo como uma equipe interna, própria, ou pela

contratação de uma assessoria externa especializada, quando não contar com

especialistas em condições de conduzir o programa segundo todas as suas

exigências técnicas. Nesse caso, é interessante que seja designado um

profissional para acompanhar os trabalhos da consultoria desde o início do

programa, para que ele acompanhe todos os seus passos e seja treinado,

posteriormente, para dar continuidade ao programa de manutenção das

estruturas.

É praxe observar que em organizações de grande porte os analistas de

C&S acabam por ter distribuídas as responsabilidades conforme segue:

Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Descartes, no século XVll, quando se resolveu adotar o racional como solução do contemporâneo, vemos o racionalismo atingir

26Analista de C&S júnior: confecção de tabelas, gráficos, cálculos

isolados, acompanhamento de pesquisas salariais, coleta de informações e

auxílio nas descrições de cargo.

Analista de C&S pleno: análise de tarefas, descrições de cargos,

análise comparativa de salários internos e externos, confecção de pesquisas

salariais e atendimento às pesquisas externas, suporte à análise da estrutura

organizacional.

Analista de C&S sênior: relatórios analíticos comparativos de cargos,

e/ou salários; analises de tendências e custos da massa salarial; analise,

ajustes e redesenho da estrutura organizacional; suporte na tomada de decisão

relativamente à política de remuneração; contatos externos com entidades ou

empresas do mercado.

2.3.2 Conceito de função, tarefa e cargo

Em primeiro lugar torna-se prioritário definir o que é tarefa, função e

cargo, sabendo distingui-los com clareza. A “tarefa” existe como um conjunto

de elementos que requer o esforço humano para determinado fim. Quando

tarefas suficientes se acumulam para justificar o emprego de um trabalhador,

surge a função.

Assim, a “função” é um agregado de deveres, tarefas e

responsabilidades que requerem os serviços de um indivíduo. Desse ponto de

vista, pode-se inferir que numa organização existem tantas funções quantos

empregados. Podemos concluir que quando há um conjunto de funções

similares forma-se o “cargo” , que passa a ser entendido como um grupo de

funções idênticas na maioria ou em todos os aspectos mais importantes das

tarefas que as compõem.

2.3.3 Descrição de cargos

É o processo de sintetização das informações recebidas e

prospectadas da análise das funções, padronizando o registro dos dados de

maneira a permitir um rápido e fácil acesso aos contornos de cada um dos

cargos da empresa. Além de registrar o universo de tarefas que compreendem

Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Descartes, no século XVll, quando se resolveu adotar o racional como solução do contemporâneo, vemos o racionalismo atingir

27um cargo, a descrição registra a análise dos diversos requisitos exigidos pelo

cargo, como: escolaridade, experiência, responsabilidades, condições de

trabalho, complexidade das tarefas, conhecimentos etc.

Ao término do processo de coleta de informações e da análise dos

dados recebidos do ocupante do cargo, o analista de C&S deve submeter à

compilação dos dados (esboço da descrição dos cargos) ao superior imediato

de cada cargo para uma revisão final. Eventuais correções são feitas e o

conteúdo é finalmente homologado.

2.3.4 Métodos de colheita de dados sobre cargos

Existem três métodos para obtenção de dados a respeito dos cargos:

entrevista, questionário e observação. Vejamos cada um desses métodos.

Entrevista – existe três tipos de entrevistas para tal finalidade: as

entrevistas individuais com cada funcionário; entrevistas grupais com grupos de

funcionários ocupando o mesmo cargo; e entrevistas com o supervisor que

conhecem os cargos a serem analisados. A entrevista é o método mais

utilizado para buscar dados a respeito dos cargos e determinar seus deveres e

responsabilidades.

Questionário – a colheita e dados a respeito de um cargo podem ser

feitos através de questionários que são distribuídos a seus ocupantes ou a seu

supervisor. Na prática, o questionário segue o mesmo roteiro da entrevista,

com a diferença de que é preenchido pelo ocupante do cargo, ou pelo seu

supervisor ou por ambos em conjunto. A principal vantagem do questionário é

que ele proporciona um meio eficiente e rápido de coletar informação de um

grande número de funcionários. Seu custo operacional é menor que a

entrevista, em contra partida, o seu planejamento e montagem requerem tempo

e testes preliminares.

Observação – a observação direta daquilo que o ocupante do cargo

está fazendo constitui um outro método de colher informação sobre o cargo. O

método da observação é aplicável em cargos simples, rotineiros e repetitivos,

como operadores de linha de montagem, operadores de máquinas,

escriturários etc. É comum o método da observação utilizar um questionário

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28para ser preenchido pelo observador a fim de assegurar a cobertura de todas

as informações necessárias.

2.3.5 Os tipos de salário e pesquisa salarial

Existem três tipos de salário: o salário por unidade de tempo, o salário

por resultado e o salário-tarefa.

O salário por unidade de tempo é pago de acordo com o tempo que o

trabalhador fica à disposição da empresa e a unidade de tempo pode ser

dimensionada em uma hora, semana, quinzena ou mês. Por esta razão os

empregados são denominados horistas ou mensalistas.

O salário por resultado refere-se à quantidade ou número de peças ou

obra produzidas. Abrange os sistemas de incentivos (comissões ou

porcentagens) e prêmios de produção (gratificações pela produtividade

alcançada ou pelos negócios efetuados).

O salário por tarefa é uma fusão dos dois tipos anteriores: o empregado

está sujeito a uma jornada de trabalho, ao mesmo tempo em que o salário é

determinado pela quantidade de peças produzidas ou serviços prestados.

O salário pode ser considerado também uma contraprestação pelo

trabalho de uma pessoa na organização. Em troca de dinheiro – elemento

simbólico e intercambiável – a pessoa empenha parte de si mesma, de seu

esforço e de sua vida, comprometendo-se a uma atividade cotidiana e a um

padrão de desempenho na organização.

Conceitualmente, a administração de salários pode ser definida como

um conjunto de normas e procedimentos utilizados para estabelecer e/ou

manter estruturas de salários equitativas e justas na organização.

É o instrumento gerencial que possibilita conhecer, através da coleta e

da tabulação estatística de dados, as práticas e os valores salariais médios

praticados num determinado mercado. A pesquisa de salários é fundamental

na administração da remuneração. Com esse instrumento o administrador pode

comparar e/ou acompanhar o posicionamento dos seus salários e benefícios

com aqueles praticados no mercado. Existem diversas formas de ter uma

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29pesquisa salarial: a mais simples, mais econômica e menos confiável é

consultando resultados apresentados por periódicos ou revistas especializadas

ou comprando pesquisas ‘pré-fabricadas’ por entidades especializadas.

Cumpre esclarecer que ‘não-confiabilidade’ não se refere a eventual

ineficiência técnica de tais órgãos em apresentar ou mesmo calcular uma

pesquisa salarial, mas, sim, porque o objetivo e a metodologia que permeiam

todos os trabalhos genéricos dificilmente poderão servir de modo eficaz aos

interesses específicos de uma organização em particular.

Uma vez escolhidos os cargos a pesquisar e as empresas a serem

convidadas, o próximo passo é realizar um cronograma da pesquisa, definindo

os passos do trabalho e as datas previstas para cada passo. Em seguida,

confecciona-se o Caderno de Coleta de Dados, composto dos seguintes

elementos básicos:

ü Informações gerais sobre o trabalho

ü Informações da empresa participante

ü Pesquisa de política de salários e benefícios

ü Relação de empresas participantes

ü Metodologia a ser aplicada na pesquisa

ü Relação de cargos pesquisados

ü Formulário de preenchimento de dados

Finalmente, convidam-se as empresas; enviam-se os manuais de

coleta de dados e, uma vez recebidos (como cronogramado), analisa-se e

trabalha-se os dados estatisticamente, conforme a metodologia previamente

traçada. Os resultados da pesquisa deverão ser remetidos às empresas

participantes, dentro do prazo combinado, tomando o cuidado de identificar as

empresas apenas através de códigos. Por exemplo: empresa ‘A’, empresa ‘B’

etc. É praxe informar às empresas participantes seu código de identificação,

bem como o código da empresa que patrocina (realiza) a pesquisa. Isso

representa, no mínimo, uma troca justa de informações.

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30

2.4 Higiene e Segurança do Trabalho

Conceito – segurança do trabalho é o conjunto de medidas técnicas,

educacionais, médicas e psicológicas utilizadas para prevenir acidentes, quer

eliminando as condições inseguras do ambiente, quer instruindo ou

convencendo as pessoas sobre a implantação de práticas preventivas.

2.4.1 Higiene do trabalho e ocupacional

A higiene do trabalho está relacionada com as condições ambientais de

trabalho que asseguram a saúde física e mental e com as condições de bem-

estar das pessoas. Do ponto de vista de saúde física, o local de trabalho

constitui a área de ação da higiene do trabalho, envolvendo aspectos ligados à

exposição do organismo humano a agentes externos como ruído, ar,

temperatura, umidade, luminosidade e equipamentos de trabalho. Do ponto de

vista de saúde mental, o ambiente de trabalho deve envolver condições

psicológicas e sociológicas saudáveis e que atuem positivamente sobre o

comportamento das pessoas, evitando impactos emocionais como o estresse.

A higiene do trabalho – refere-se a um conjunto de normas e procedimentos

que visa à proteção da integridade física e mental do trabalhador, preservando-

o dos riscos de saúde inerentes às tarefas do cargo e ao ambiente físico onde

são executadas.

Uma maneira de definir saúde é a ausência de doenças. Contudo, os

riscos de saúde como riscos físicos e biológicos, tóxicos e químicos, assim

como condições estressantes, podem provocar danos às pessoas no trabalho.

O ambiente de trabalho em si também pode provocar doenças. Segundo

Idalberto Chiavenato, em seu livro Gestão de Pessoas – o novo papel dos

recursos humanos nas organizações, uma definição mais ampla de saúde é

uns estados físicos, mentais e sociais de bem-estar. Essa definição enfatiza as

relações entre corpo, mente e padrões sociais. A saúde de um empregado

pode ser prejudicada por doenças, acidentes ou estresse. Os gerentes devem

assumir também a responsabilidade de cuidar do estado geral de saúde dos

funcionários, incluindo seu bem-estar psicológico. Um funcionário excelente e

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31competente, mas deprimido e com baixa auto-estima, pode ser tão improdutivo

quanto um funcionário doente e hospitalizado.

PCMSO – a saúde ocupacional está relacionada com a assistência

médica preventiva. A Lei nº 24/94 instituiu o Programa de Controle Médico de

Saúde Ocupacional, que exige o exame médico pré-admissional, o exame

periódico, o de retorno ao trabalho (no caso de afastamento superior a 30 dias),

o de mudança efetiva de função, antes da transferência, e o exame médico

demissional, nos 15 dias que antecedem o desligamento definitivo do

funcionário. O programa de medicina ocupacional envolve os exames médicos

exigidos legalmente, além de executar programas de proteção da saúde dos

funcionários, palestras de medicina preventiva, elaboração do mapa de riscos

ambientais, relatório anual e arquivos de exames médicos com avaliação

clínica e exames complementares, visando à qualidade de vida dos

funcionários e maior produtividade da organização.

2.4.2 Como desenvolver um programa de higiene e segurança

1. Envolva a administração e empregados no desenvolvimento de um plano

de higiene e segurança. Todas as pessoas da organização devem

compreender que o plano é útil e benéfico para todas as partes envolvidas.

2. Reúna o apoio necessário para implementar o plano. Nenhum plano

funciona por si mesmo, pois necessita de um campeão para sua causa

que proporcione recursos para tocar o plano e fazê-lo confiável.

3. Determine os requisitos de higiene e segurança. Cada local de trabalho

tem diferentes necessidades para atender a requisitos de higiene e

segurança.

4. Avalie os riscos existentes no local de trabalho. Identifique os problemas

potenciais de higiene e segurança que existem no trabalho e quais as

medidas preventivas necessárias.

5. Corrija as condições de risco existentes. Após identificar os riscos

potenciais existentes, procure eliminá-los, reduzi-los ou controlá-los

através dos meios possíveis.

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326. Treine os empregados em técnicas de higiene e segurança. Torne o

treinamento obrigatório em higiene e segurança para todos os

empregados. Todos devem ser treinados sobre como executar o seu

trabalho de maneira segura e compreender como utilizar seu equipamento

de segurança.

7. Desenvolva a preocupação de tornar o trabalho isento de riscos.

Estabeleça meios para relatar sugestões, incluindo procedimentos de

emergência. Assegure a manutenção preventiva dos equipamentos e das

instalações.

8. Melhore continuamente o programa de higiene e segurança. A partir da

implementação do programa, ele deve ser continuamente avaliado e

melhorado. A documentação do progresso ajuda a analisar sua melhora.

2.4.3 Definição da CIPA e QVT

A CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – é uma

imposição legal da CLT (consolidação das Leis do Trabalho). Metade dos

componentes da CIPA é indicada pela empresa e a outra metade é escolhida

pelo voto dos funcionários periodicamente. À CIPA, cabe apontar os atos

inseguros dos trabalhadores e as condições de inseguranças existentes na

organização. Ela deve fiscalizar o que já existe, enquanto os especialistas de

RH apontam as soluções. A CIPA dá especial importância aos programas de

seguranças das pequenas e médias empresas.

QVT – Qualidade de Vida no Trabalho foi cunhado por Louis Davis na

década de 1970, quando desenvolvia um projeto sobre desenho de cargos.

Para ele, o conceito de QVT refere-se à preocupação com o bem-estar geral e

a saúde dos trabalhadores no desempenho de suas tarefas. Alguns autores

europeus desenvolveram algumas conceituações dentro da abordagem

sociotécnica e da democracia industrial. Atualmente o conceito QVT, envolve

tanto os aspectos físicos e ambientais como os aspectos psicológicos do local

de trabalho. A QVT assimila duas posições antagônicas: de um lado, a

reivindicação dos empregados quanto ao bem-estar e satisfação no trabalho; e,

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33de outro, o interesse das organizações quanto aos seus efeitos potenciais

sobre a produtividade e a qualidade.

2.4.4 Equipamentos de proteção de acidentes (EPI) e normas

regulamentadoras (NRs)

EPI é a sigla que identifica o “equipamento de proteção individual”

utilizado pelo trabalhador com o objetivo de evitar acidentes no trabalho. A

legislação obriga o empregador a fornecer gratuitamente ao empregado os

EPIs necessários para garantir sua proteção contra eventuais acidentes, em

concordância com o tipo de trabalho que executa.

No artigo 163 da CLT informa que é obrigatória a constituição da

Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), sendo assim a

regulamentação citada no caput do artigo 163 está consubstanciada no

conjunto de normas conhecidas como NRs. Abaixo estarei citando as

principais, como informa o livro Administração de RH do Jean Pierre Marras, 3º

edição:

Relação das NRs

NR – 1: Disposições gerais

NR – 2: Inspeção prévia

NR – 3: Embargo ou interdição

NR – 4: Serviço especializado em engenharia de segurança e em medicina do

trabalho

NR – 5: Comissão interna de prevenção de acidentes – CIPA

NR – 6: Equipamentos de proteção individual – EPI

NR – 7: Programa de controle médico de saúde ocupacional – PCMSO

NR – 8: Edificações

NR – 9: Programa de prevenção de riscos ambientais – PPR

NR – 10: Instalações e serviços em eletricidades

NR – 11: Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais

NR – 12: Máquinas e equipamentos

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34NR – 13: Caldeiras e vasos de pressão

NR – 14: Fornos

NR – 15: Atividades e operações insalubres

NR – 16: Atividades e operações perigosas

NR – 17: Ergonomia

NR – 18: Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção

NR – 19: Explosivos

NR – 20: Líquidos, combustíveis e inflamáveis

NR – 21: Trabalhos a céu aberto

NR – 22: Trabalhos subterrâneos

NR – 23: Proteção contra incêndios

NR – 24: Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho

NR – 25: Resíduos industriais

NR – 26: Sinalização de segurança

NR –27: Registro profissional do técnico de segurança do trabalho no ministério

do trabalho

NR – 28: Fiscalização e penalidades

NR – 29: Norma regulamentadora de segurança e saúde no trabalho portuário.

2.5 Departamento de Pessoal

Segundo Jean Pierre Marras o departamento pessoal (DP) é um dos

subsistemas da administração de RH. Tem por objetivo efetivar todos os

registros legais e necessários para a administração burocrática exigida pelas

práticas administrativas e pelas legislações que regem a relação “capital e

trabalho”. As responsabilidades básicas do DP deram origem à atual

administração de RH.

2.5.1 Funções do departamento pessoal

ü Admissões de novos empregados

ü Demissões de empregados

ü Registros legais e controles diversos

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35ü Aplicação e manutenção das leis trabalhistas e previdenciárias

ü Folha de pagamento (férias, 13º, benefícios etc.)

ü Normas disciplinares

ü Homologações e prepostos

Admissões de novos talentos – uma vez findo o processo seletivo, pela

área de recrutamento e seleção da empresa, o candidato escolhido é enviado

ao DP para receber a lista de documentos legais necessários para seu registro

na empresa, tais como: Foto, CPF, RG, Carteira e Trabalho, Cartão do PIS,

Certidão de Nascimento ou Casamento, Certidão de nascimento dos filhos,

cartão de vacina e declaração escolar dos mesmos etc. Com esses

documentos o DP está habilitado a emitir uma ficha de empregado – registro

oficial de sua entrada na organização – e a fazer as devidas anotações em sua

carteira de trabalho.

Demissões de empregados – independentemente da sua saída da

organização, se demissionário ou demitido, o empregado nessa situação deve

dirigir-se ao DP para legalizar sua mudança de situação de empregado ativo

para inativo. Nesse momento, o DP normalmente verifica em diversas áreas da

empresa eventuais pendências ou irregularidades na situação do empregado

demitido ou demissionário. Por exemplo (empréstimos realizados pela área de

benefícios, ferramentas me seu poder, material retirado do almoxarifado etc.),

com o objetivo de registrar os descontos em sua quitação.

Quitação (rescisão contratual) – é o nome que se utiliza, na prática do

DP, para identificar as contas finais de acerto realizado com o empregado

demitido o demissionário. Nesse documento constam todos os proventos e

descontos relativos à movimentação (créditos e débitos) havidos com relação

ao empregado e pendentes até a ata do desligamento.

Entrevista de saída – a grande maioria das organizações pratica, no ato

do desligamento do empregado, a chamada ‘entrevista de desligamento”, que

consiste em pesquisar junto àquele que deixa a organização o seu nível de

satisfação com relação às políticas e práticas da empresa, ambiente de

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36trabalho, relacionamento com colegas e com supervisores etc. O resultado

dessa pesquisa, realizada normalmente por intermédio de um questionário a

ser respondido pelo empregado em desligamento e complementada logo a

seguir por uma entrevista pessoal, é analisado e interpretado por diversos

departamentos da organização (salários, treinamento, segurança, chefia

imediata etc.), os quais dão o seu parecer sobre esses depoimentos.

Baixa na carteira – Dar a ‘baixa’ na carteira no jargão do DP significa

registrar a saída efetiva do empregado da empresa. Este é o penúltimo ato que

o preposto (aquele que tem poderes para assinar certos documentos legais em

nome da empresa) fará, dando por finalizado o processo demissional do

empregado na organização. A última providência é de ‘homologar’ a rescisão

contratual junto ao sindicato dos trabalhadores da respectiva categoria ou na

delegacia do trabalho da região, o que dá a aprovação final (ou não, nesses

casos pode existir a homologação com ressalvas) de todo o processo

demissional.

2.5.2 Aplicação das leis trabalhistas e previdenciárias

O DP baseia toda a sua prática trabalhista nos preceitos legais

estabelecidos nas legislações trabalhistas e previdenciária. Entre esses

instrumentos, destacam-se os seguintes:

ü Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT)

ü Consolidação das Leis da Previdência Social (CLPS)

ü Normas Regulamentadoras de Higiene e Segurança do Trabalho

(NRs)

ü Convenção Coletiva de Trabalho (CCT)

ü Acordos Coletivos de Trabalhos (CCT)

ü Leis Complementares e Medidas Provisórias etc.

Toda a prática trabalhista utilizada pelo DP, desde o ato admissional

até o processo de demissão, está normatizada por preceitos legais como os

citados acima. Cabe ao responsável por essa área conhecer e atualizar-se

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37periodicamente sobre eventuais mudanças nesse vasto e complexo campo das

informações legais para aplicar corretamente as práticas e a letra da lei.

2.5.3 Folha de pagamento

Essa é uma das principais funções do DP, e resume-se em calcular,

registrar e pagar salários e efetivar o recolhimento dos impostos respectivos.

Atualmente, grande parte das empresas realiza essa atividade de forma

terceirizada, contratando empresa ou bureau especializado na confecção de

folhas de pagamento. Essa atividade, na verdade, é um processo contábil de

entrada e saída, de crédito e débito, onde por um lado entra a remuneração do

empregado (salário mais todas as verbas de crédito com horas extras,

adicionais, bônus, gratificações etc.) e de outro os descontos legais (INSS, IR

etc.) e os descontos eventuais como vale-refeição, vales, faltas, descontos de

benefícios, atrasos e etc. As folhas de pagamento normalmente seguem um

cronograma de datas fixadas também pela legislação (até o 5º dia útil do mês

seguinte à prestação do serviço) ou, eventualmente, pela CCT, de

conformidade com que cada categoria negociou.

O input da folha de pagamento do empregado horista ou mensalista é o

cartão de ponto, onde são efetuados todos os registros de entrada e saída ao

trabalho, inclusive nos intervalos para refeição e eventuais saídas temporárias.

Para isso, as empresas colocam em lugares estratégicos ‘relógios de ponto’

que se encarregam de registrar datas e horários dos acontecimentos. Os

empregados que exercem atividades de ‘confiança’ normalmente estão isentos

de marcação de cartão (gerentes, diretores etc.) Atualmente as empresas

estão migrando para modelos mais modernos e sofisticados de controle de

ponto, graças aos sistemas computadorizados, que, pela leitura ótica de

crachás, enviam diretamente as informações ao software do computador

central, evitando o trabalho dos chamados ‘apontadores de cartão’ que o DP

normalmente utiliza para ler, calcular e registrar os dados dos cartões de ponto.

O final do processo da folha de pagamento dá-se com a confecção do hollerith,

palavra inglesa que se adotou popularmente no Brasil para designar o

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38demonstrativo de pagamento dos salários. Trata-se resumidamente de um

demonstrativo de crédito e débito de toda a movimentação de um período.

2.5.4 Normas disciplinares

Sob esse título reside uma das principais responsabilidades do DP, isto

é, estabelecer as normas internas que regem o comportamento de todos os

empregados da organização. Entre elas destacam-se as seguintes:

ü Norma de portaria

ü Norma de faltas e atrasos

ü Norma de horas extras

ü Norma de utilização do refeitório

ü Norma de utilização do posto bancário etc.

É claro que perceber que no bojo dessas normas ou procedimentos

encontra-se enraizada toda a esteira e a cultura cultural da empresa, razão da

importância desses instrumentos. Com eles, a organização mostra o seu

verdadeiro perfil e o seu viés de preocupação com relação aos seus

empregados.

2.6 Avaliação do Desempenho

Avaliação do desempenho é a identificação, mensuração e

administração do desempenho humano nas organizações. A identificação se

apóia na análise de cargos e procura determinar as áreas de trabalho que se

deve examinar quando se mede o desempenho. A mensuração é o elemento

central do sistema de avaliação e procura determinar como o desempenho

pode ser comparado com certos padrões objetivos. A administração é o ponto-

chave de todo o sistema de avaliação. A avaliação deve ser mais do que uma

atividade orientada para o passado, ou seja, deve estar orientada para o futuro

para poder alcançar todo o potencial humano da organização, explica Idalberto

Chiavenato.

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39 2.6.1 Por que avaliar o desempenho e a auto-avaliação do

desempenho?

Por que avaliar o desempenho – toda pessoa precisa receber retroação

a respeito de seu desempenho para saber como está indo no seu trabalho.

Sem essa retroação as pessoas caminham às cegas. Também a organização

precisa saber como as pessoas desempenham as suas atividades para ter uma

idéia de suas potencialidades. Assim, pessoas e organizações precisam

conhecer algo a respeito de seu desempenho.

Auto-avaliação do desempenho – o ideal seria que cada pessoa

avaliasse o seu próprio desempenho tomando por base alguns referenciais

como critérios para evitar subjetividade implícita no processo, a avaliação do

desempenho é um processo de redução da incerteza. Ela busca a consonância

na medida em que proporciona a troca de idéias e concordância de conceitos

entre o funcionário e seu gerente. Na realidade, a avaliação do desempenho

deve mostrar ao funcionário o que as pessoas pensam sobre o seu trabalho e

sua contribuição à organização e ao cliente. Quase sempre as organizações

criam sistemas de avaliação que são centralizados em um único órgão que

monopoliza o assunto – o DRH.

2.6.2 O papel do gerente e avaliação de 360 graus

Na maior parte das organizações, cabe ao gerente a responsabilidade

de linha pelo desempenho dos seus subordinados e pela sua constante

avaliação e comunicação dos resultados. Nessas organizações, quem avalia o

desempenho do pessoal é o próprio gerente ou supervisor, com a assessoria

do órgão de RH, que estabelece os meios e os critérios para que avaliação

possa acontecer. Quando o gerente ou supervisor não tem conhecimento

especializado para projetar, manter e desenvolver um plano sistemático de

avaliação das pessoas, o órgão de RH, entra com a função de staff para

montar, acompanhar e controlar o sistema, enquanto cada gerente mantém a

sua autoridade de linha avaliando o trabalho tem proporcionado maior

liberdade e flexibilidade para que cada gerente seja realmente o gestor do seu

pessoal.

Page 40: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Descartes, no século XVll, quando se resolveu adotar o racional como solução do contemporâneo, vemos o racionalismo atingir

40Avaliação 360 graus – recentemente, surgiu mais uma novidade. A

avaliação do desempenho é feita de modo circular por todos os elementos que

mantêm alguma interação com o avaliado. Participam da avaliação o chefe, os

colegas e pares, os subordinados, os clientes internos e externos, os

fornecedores, enfim, todas as pessoas em torno do avaliado, em uma

abrangência de 360 graus. A avaliação feita pelo entorno é mais rica por

produzir diferentes informações vindas de todos os lados e funciona no sentido

de assegurar a adaptabilidade e o ajustamento do funcionário às variadas

demandas que ele recebe de seu ambiente de trabalho ou de seus parceiros.

2.6.3 Métodos tradicionais de avaliação do desempenho

Os métodos tradicionais de avaliação do desempenho mais utilizados

são: escalas gráficas, escolha forçada, pesquisa de campo, incidentes críticos

e listas de verificação. Vejamos cada um deles:

ü Escalas gráficas – é um método baseado em uma tabela de dupla

entrada: nas linhas estão os fatores de avaliação e nas colunas estão os graus

de avaliação de desempenho. Os fatores de avaliação constituem os critérios

relevantes ou parâmetros básicos para avaliar o desempenho dos funcionários.

Definidos os fatores de avaliação, o segundo passo é a definição dos graus de

avaliação para a obtenção das escalas de variação. Geralmente, utilizam-se

três, quatro ou cinco graus de variação (ótimo, bom, regular, sofrível e fraco)

para cada fator.

ü Escolha forçada – consiste em avaliar o desempenho das pessoas

através de blocos de frases descritivas que focalizam determinados aspectos

do comportamento. Cada bloco é composto de duas, quatro ou mais frases. O

avaliador deve escolher forçosamente apenas uma ou duas frases em cada

bloco que mais se aplicam ao desempenho do funcionário avaliado. Ou então,

escolher a frase que mais representa o desempenho do funcionário e a frase

que mais se distancia dele. Daí a denominação escolha forçada.

ü Pesquisa de campo – é um dos métodos mais completos de

avaliação do desempenho. Baseia-se no princípio da responsabilidade de linha

e da função de staff no processo de avaliação de avaliação do desempenho.

Page 41: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Descartes, no século XVll, quando se resolveu adotar o racional como solução do contemporâneo, vemos o racionalismo atingir

41Requer uma entrevista entre um especialista em avaliação (staff) com os

gerentes (linha) para, em conjunto, avaliarem em conjunto o desempenho dos

respectivos funcionários. Daí o nome pesquisa de campo.

ü Incidentes críticos – é um método tradicional de avaliação do

desempenho bastante simples e que se baseia nas características extremas

(incidentes críticos) que representam desempenham altamente positivos

(sucesso) ou altamente negativos (fracasso). O método não se preocupa com o

desempenho normal, mas com o desempenho positivos ou negativos

excepcionais.

ü Lista de verificação – é um método tradicional de avaliação de

desempenho baseado em uma relação de fatores a serem considerados

(check-lists) a respeito de cada funcionário. Cada um desses fatores de

desempenho recebe uma avaliação quantitativa. A lista de verificação funciona

como uma espécie de lembrete para o gerente avaliar todas as características

principais de um funcionário. Na prática, é uma simplificação do método das

escalas gráficas.

2.6.4 Objetivos da avaliação de desempenho

Segundo Jean Pierre Marras em seu livro Administração de RH – do

operacional ao estratégico, trata-se de um instrumento extremamente valioso e

importante na administração de RH, na medida em que reporta o resultado de

um investimento realizado numa trajetória profissional através do retorno

recebido pela organização. A avaliação de desempenho foi criada basicamente

para acompanhar o desenvolvimento cognitivo dos empregados durante sua

permanência na organização e especificamente para medir o seu nível de CHA

(conhecimentos, habilidades e atitudes). Era através desse instrumento que as

empresas direcionavam os seus programas de treinamento e desenvolvimento

e mensuravam o atingimento dos resultados desses programas.

Entre as diversas utilidades encontradas na utilização do instrumento

de avaliação de desempenho, estão as seguintes, entre as mais utilizadas,

dependendo da perspectiva que se assume:

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42ü Identificar aqueles empregados que necessitam de

aperfeiçoamentos ;

ü Definir o grau de contribuição (individual ou grupal) nos resultados

da empresa;

ü Descobrir o surgimento de novos talentos na organização;

ü Facilitar o autodesenvolvimento dos empregados;

ü Fornecer feedback aos empregados;

ü Subsidiar programas de mérito, promoções e transferências.

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43

CAPÍTULO III

O RH COMO FERRAMENTA ESTRATÉGICA NAS

ORGANIZAÕES

“Muitos recebem conselhos”

Só os sábios os aproveitam!

Syrus.

A estratégia organizacional representa “o que” a organização deseja

fazer, qual o negócio ela pretende realizar, qual o destino a seguir. O núcleo

central da administração estratégica de RH é a preparação para o amanhã: ela

visa orientar a organização em relação ao futuro, não no sentido de que cada

condição deva ser antecipada, mas no sentido de que a organização possa

dirigir-se consciente e sistematicamente para seus objetivos, baseando-se em

análises realísticas e metódicas de suas próprias condições e possibilidades e

do contexto ambiental onde ela opera. Em outros termos, o futuro da

organização não pode ser previsto; ele deve ser criado.

Os componentes básicos de uma estratégia organizacional são três:

1. Ambiente: isto é, as oportunidades visualizadas no ambiente de

tarefa, e mais especificamente no mercado, bem como as

restrições, limitações, contingências, coações e ameaças nele

existentes.

2. Organização: isto é, os recursos de que a organização dispõe,

sua capacidade e habilidades, bem como seus pontos fortes e

fracos, compromissos e objetivos.

3. Adequação entre ambos: isto é, qual postura a organização

deverá adotar para compatibilizar seus objetivos, recursos,

potencialidades e limitações com as condições ambientais, no

sentido de extrair o máximo das oportunidades externas e expor-

se o mínimo às ameaças, coações e contingências ambientais.

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44A estratégia empresarial “é a determinação da futura postura da

organização, com especial referência à sua postura quanto aos seus produtos-

mercados, sua lucratividade, seu tamanho, seu grau de inovação e suas

relações com seus executivos, seus empregados e certas instituições

externas”. Essa postura estratégica de ser equacionada através do

planejamento estratégico. O planejamento estratégico é elaborado a partir de

três atividades básicas, a saber:

1. Análise ambiental: ou seja, análise das condições e variáveis

ambientais, suas perspectivas atuais e futuras, as coações,

contingências, desafios e oportunidades percebidas no contexto

ambiental.

2. Análise organizacional: ou seja, análise das condições atuais e

futuras da organização, recursos disponíveis e recursos necessários

(incluindo tecnologias), potencialidades, forças e fraquezas da

organização, sua estrutura organizacional, sua capacidade e

competência.

3. Formulação de estratégias: ou seja, a tomada de decisões globais

e abrangentes que produzirão efeitos no futuro da organização dentro

de um determinado horizonte estratégico, ou seja, dentro de um

determinado horizonte de tempo situado a longo prazo.

O RH estratégico é geralmente definido no nível institucional da

organização (portanto, uns dos níveis mais elevado da organização) em função

do comportamento e dos destinos que esta pretende seguir em função do

ambiente de tarefa onde se encontra. O nível institucional define os objetivos

da organização e, para atingi-los, escolhe a estratégia ou estratégias mais

adequadas, em função da análise ambiental, da análise organizacional e das

alternativas estratégicas mais indicadas para o contexto.

Definida a estratégia, esta é desdobrada em planos específicos, que

deverão ser desenvolvidos e executados pelos diversos órgãos situados nos

diversos outros níveis da organização. Esse desdobramento da estratégia em

planos táticos é realizada pelo nível intermediário da organização. Caberá ao

Page 45: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Descartes, no século XVll, quando se resolveu adotar o racional como solução do contemporâneo, vemos o racionalismo atingir

45nível operacional a execução dos planos operacionais, que por sua vez,

constituem o desdobrabemento e detalhamento final dos planos táticos da

organização. A administração estratégica de RH é uma das funções da

administração de topo - pois é tratada no nível institucional da organização –

que analisa, desenvolve e modifica os processos internos e externos da

organização para torná-lo eficiente e eficaz sob condições constantemente

mutáveis. A administração estratégica formula e implementa a estratégia

organizacional, como um conjunto de decisões unificado, compreensivo e

integrado que visa assegurar o alcance dos objetivos da organização.

3.1 As Pessoas como Estratégia

As organizações dependem de pessoas para dirigi-las e controlá-las e

para fazê-las operar e funcionar. Não há organização sem pessoas. Toda

organização é constituída de pessoas e delas depende para seu sucesso e

continuidade. O estudo das pessoas constitui a unidade básica das

organizações e, principalmente, da ARH. Sem organizações e sem pessoas

não haveria ARH. A ARH tem duas diferentes vertentes para considerar as

pessoas: as pessoas como pessoas (dotadas de características próprias de

personalidade e individualidade, aspirações, valores, atitudes, motivações e

objetivos individuais) e as pessoas como recursos (dotadas de habilidades,

capacidades, destrezas e conhecimentos necessários para a tarefa

organizacional).

A moderna gestão de pessoas procura tratar as pessoas como pessoas

e, simultaneamente, como importantes recursos organizacionais, mas

rompendo a maneira tradicional de tratá-las meramente como meios de

produção. Pessoas como pessoas e não simplesmente pessoas como recursos

produtivos – quase da mesma forma como se fossem máquinas ou

equipamentos de trabalho, como meros agentes passivos da administração.

Percebeu-se que essa maneira bitolada e retrograda de visualizar as

pessoas provocou forte ressentimento e conflitos trabalhistas, além de um

gradativo distanciamento e alheamento das pessoas em relação às suas

tarefas na organização. Em consequência, sobrevieram problemas de

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46qualidade e produtividades. Por que esses problemas eram encarados como

se pertencessem à gerência e à direção exclusivamente e não às pessoas. E

como a gerência e a direção constituem um pequeno percentual das pessoas

que trabalham dentro da organização, esses problemas eram questionados e

resolvidos por uma pequena minoria que tinha muitas outras coisas a fazer. Na

realidade, muitos desses problemas foram sistematicamente adiados e

transferidos e passaram a reduzir fortemente a competitividade das

organizações. Hoje, a tendência é fazer com que todas as pessoas, em

qualquer nível dentro da organização, sejam administradores – e não

simplesmente executores – de suas tarefas. Além de executar as tarefas, cada

pessoa deve conscientizar-se de que ela deve ser o elemento de diagnóstico e

de solução de problemas para obter uma melhoria contínua do seu trabalho

dentro da organização. É assim que crescem e solidificam-se as organizações

bem-sucedidas.

3.1.1 Os fatores de produção na atualidade

Na Era Industrial, predominavam os tradicionais fatores de produção –

natureza, capital e trabalho como mão-de-obra. Hoje, na Era da Informação,

estes fatores estão próximos da lei dos rendimentos decrescentes: todos

investimentos neles somente trarão retornos gradativamente menores. As

organizações bem-sucedidas estão investindo nas pessoas. Mais

especificamente: Qual a razão disso? No mundo de hoje, fatores críticos de

sucesso não são mais o tamanho organizacional, escala de produção e custos

baixos, eles estão perdendo a importância e cedendo lugar para a rapidez de

resposta e inovação em produtos e serviços. Como alcançar isso? Através das

pessoas.

Antigamente, a ARH se caracterizava por definir políticas para tratar as

pessoas de maneira genérica e padronizada. Os processos de RH tratavam as

pessoas como se todas elas fossem iguais e homogêneas. Hoje, as diferenças

individuais estão em alta: a ARH está enfatizando as diferenças individuais e a

diversidade nas organizações. A razão é simples: quanto maior a diferenciação

das pessoas tanto maior seu potencial de criatividade e inovação.

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47

3.2 Administração de Recursos Humanos como um Processo

A ARH provoca impactos nas pessoas e nas organizações. A maneira

de lidar com as pessoas, de buscá-las no mercado, de integrá-las e orientá-las,

fazê-las trabalhar, desenvolvê-las, recompensá-las ou monitorá-las – ou seja, a

qualidade da maneira de como as pessoas são geridas na organização – é um

aspecto crucial na competitividade organizacional.

Os processos básicos da gestão de pessoas são cinco, a saber:

aplicar, manter, desenvolver e monitorar as pessoas. O ciclo da gestão de

pessoas se fecha em cinco processos básicos: provisão, aplicação,

manutenção, desenvolvimento e controle de pessoas.

ü Subsistema de Provisão de RH: inclui planejamento de RH,

pesquisa de mercado de mão-de-obra, recrutamento e seleção.

ü Subsistema de Aplicação de RH: inclui análise e descrição de

cargos, integração ou indução, avaliação de mérito ou do

desempenho, movimentação de pessoal (tanto nos sentidos

horizontal, vertical ou diagonal).

ü Subsistema de Manutenção de RH: inclui remuneração

(administração de salários), planos de benefícios sociais, higiene

e segurança do trabalho, registros, controles de pessoal e

relações trabalhistas.

ü Subsistema de Desenvolvimento de RH: inclui treinamento e

planos de desenvolvimento do pessoal.

ü Subsistema e Monitoração de RH: inclui banco de dados,

sistemas de informações de recursos humanos (coleta e

tratamento de dados, estatísticas, registros, mapas e

demonstrativos) e auditoria de recursos humanos.

Prover, aplicar, manter, desenvolver e monitorar as pessoas. Esses

cinco processos são intimamente inter-relacionados e interdependentes. Sua

interação faz com que qualquer alteração ocorrida em um deles passe a

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48provocar influências sobre os demais, as quais realimentarão novas influências

nos outros, e assim reciprocamente, gerando acomodações e ajustamentos no

sistema todo. Os cinco subsistemas formam um processo global e dinâmico

através do qual as pessoas são captadas e atraídas, aplicadas em suas

tarefas, mantidas na organização, desenvolvidas e monitorizadas pela

organização.

3.3 Sistemas de Informações em RH

Sistema de informação é um conjunto de elementos interdependentes

(subsistemas) logicamente associados, para que de sua interação sejam

geradas informações necessárias à tomada de decisões – afirma

CHIAVENATO. Idalberto em Recursos Humanos “O capital humano nas

organizações”, Rio de Janeiro – Campus, 2009. Continuando nas afirmações

de Chiavenato, a ARH é uma responsabilidade de linha e função de staff, o

órgão de ARH deve municiar e abastecer os órgãos de linha de informações

relevantes sobre o pessoal lotado em cada um dos órgãos para que os

respectivos gerentes possam administrar os seus subordinados.

A montagem do sistema de informação de recursos humanos requer

análise e avaliação da organização ou de seus subsistemas e das suas

respectivas necessidades de informação. Um sistema de informação deve

identificar e envolver toda a rede de fluxos de informação para ser projetado

para cada grupo de decisões. A ênfase deve ser colocada na necessidade de

informações e não no uso da informação, como convencionalmente se faz. No

fundo, o sistema de informação é a base do processo decisório da

organização.

3.3.1 Objetivo de um sistema de informações de RH

O ponto de partida para um sistema de informações de RH é o banco

de dados. O objetivo final de um sistema de informações é abastecer as

gerências de informações sobre o seu pessoal. Um sistema de informações é,

por definição, um sistema por meio do qual os dados são obtidos, processados

e transformados em informações, de forma esquematizada e ordenada, para

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49servirem de subsídios ao processo de tomada de decisões. O sistema de

informações recebe entradas (inputs) que são processadas e transformadas

em saídas (outputs) sob a forma de relatórios, documentos, índices, listagens,

medidas estatísticas de posição ou tendência etc. Enquanto os dados

envolvem detalhes e não permitem significado mais amplo, a informação obtida

pelo tratamento, processamento e combinação de dados comporta significação

mais ampla e definida. A informação reduz as condições de incerteza. Um

sistema de informações requer alguma forma de processamento de dados com

meio de suprimento e abastecimento.

3.4 Objetivos Estratégicos da Administração de Recursos

Humanos

A Administração de Recursos Humanos consiste no planejamento, na

organização, no desenvolvimento, na coordenação e no controle de técnicas

capazes de promover o desempenho eficiente do pessoal, ao mesmo tempo

em que a organização representa o meio que permite às pessoas que com ela

colaboram alcançar os objetivos individuais relacionados direta ou

indiretamente com o trabalho. A Administração de Recursos Humanos significa

conquistar e manter pessoas na organização, trabalhando e dando o máximo

de si, com uma atitude positiva e favorável. Representa todas aquelas coisas

não só grandiosas que provocam euforia e entusiasmo, como também aquelas

coisas muito pequenas e muito numerosas, que frustram ou impacientam, ou

que alegram e satisfazem, mas que levam as pessoas a desejar permanecer

na organização. Há mais coisas em jogo quando se fala em ARH. Também

está em jogo a espécie e qualidade de vida que a organização e seus

participantes levarão e a espécie de participantes que a organização pretende

cultivar.

Os objetivos da Administração de Recursos Humanos derivam dos

objetivos da organização inteira. Toda organização tem como um de seus

principais objetivos a criação e distribuição de algum produto (como um bem de

produção ou de consumo) ou de algum serviço (como uma atividade

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50especializada). Ao lado dos objetivos organizacionais, a ARH deve considerar

os objetivos pessoais dos participantes.

3.4.1 Os principais objetivos da ARH são:

1. criar, manter e desenvolver um contingente de recursos humanos

com habilidade e motivação para realizar os objetivos da

organização;

2. criar, manter e desenvolver condições organizacionais de aplicação,

desenvolvimento e satisfação plena dos recursos humanos, e

alcance dos objetivos individuais; e

3. alcançar eficiência e eficácia através dos recursos humanos

disponíveis.

Para chegar a esses objetivos principais da ARH, poderíamos afirmar

seguramente que os passos para isso são:

ü Transformar pessoas em talentos.

ü Transformar talentos em capital humanos.

ü Transformar capital humano em capital intelectual.

ü Transformar capital intelectual em resultados tangíveis para a

organização e seus Stakeholders.

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51

CAPÍTULO IV

MOTIVAÇÃO – UM FATOR FUNDAMENTAL PARA AS

ORGANIZAÇÕES

“Quando alguém tem forças para vencer a si

mesmo, nasceu para grandes empreendimentos”

Lacordaire

A motivação constitui um importante campo do conhecimento da

natureza humana e da explicação do comportamento humano. Para

compreender-se o comportamento das pessoas torna-se necessário conhecer

sua motivação. É difícil definir exatamente o conceito de motivação, uma vez

que tem sido utilizado com diferentes sentidos. De modo geral, motivo é tudo

aquilo que impulsiona a pessoa a agir de determinada forma ou, pelo menos,

que dá origem a um comportamento específico. Esse impulso à ação pode ser

provocado por um estímulo externo (provido do ambiente) e pode também ser

gerado internamente nos processos mentais do indivíduo, é o que relata

Idalberto Chiavenato no livro Administração de Recursos Humanos –

fundamentos básicos, Atlas – 2006.

É óbvio que as pessoas são diferentes no que tange à motivação: as

necessidades variam de indivíduo para indivíduo, produzindo diferentes

padrões de comportamento; os valores sociais também são diferentes; as

capacidades para atingir os objetivos são igualmente diferentes; e assim por

diante. Para complicar ainda mais, as necessidades, os valores sociais e as

capacidades variam no mesmo indivíduo conforme o tempo.

Apesar de todas essas diferenças, o processo que dinamiza o

comportamento é mais ou menos semelhante para todas as pessoas: embora

os padrões de comportamento variem profusamente, o processo do qual eles

resultam é, basicamente, o mesmo para todas as pessoas. Neste sentido,

existem três suposições inter-relacionadas sobre o comportamento humano:

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521. O comportamento é causado, ou seja, existe uma causalidade

do comportamento. Tanto a hereditariedade como o meio

ambiente influi decisivamente no comportamento das pessoas.

O comportamento é causado por estímulos internos ou externos.

2. O comportamento é motivado, ou seja, há uma finalidade em

todo comportamento humano. O comportamento não é causal

nem aleatório, mas sempre orientado e dirigido para algum

objetivo.

3. O comportamento é orientado para os objetivos. Subjacente a

todo comportamento existe sempre um ‘impulso’, um ‘desejo’,

uma ‘necessidade’, uma ‘tendência’, expressões que servem

para designar os ‘motivos’ do comportamento.

4.1 Ciclo Motivacional

O primeiro passo para se conhecer a motivação humana é o

conhecimento do que ocorre no comportamento das pessoas.

Embora o modelo básico de comportamento seja o mesmo para todas

as pessoas, o resultado poderá variar indefinidamente, pois depende da

percepção do estímulo (que varia conforme a pessoa e na mesma pessoa,

conforme o tempo), das necessidades e dos desejos (que também variam), da

cognição etc. de cada pessoa.

Uma necessidade rompe o estado de equilíbrio do organismo,

causando um estado de tensão, insatisfação, desconforto e desequilíbrio. Esse

estado leva o indivíduo a um comportamento, ou ação, capaz de descarregar a

tensão ou livrá-lo do desconforto e do desequilíbrio. Se o comportamento for

eficaz, o indivíduo encontrará a satisfação da necessidade e, portanto, a

descarga da tensão provocada por ela. Satisfeita a necessidade, o organismo

volta ao estado de equilíbrio anterior, à sua forma de ajustamento ao ambiente.

Esse ciclo motivacional é o que está esquematizado da figura abaixo:

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53

1º 2º 3º 4º 5º 6º

Equilíbrio

interno

Estímulo

ou

incentivo

Necessidade Tensão Comportamento

ou ação

Satisfação

Figura – as etapas do ciclo motivacional, envolvendo a satisfação de

uma necessidade.

As necessidades ou motivos não são estáticos; ao contrário, são forças

dinâmicas e persistentes que provocam comportamentos. Com a

aprendizagem e a repetição (reforço positivo), os comportamentos tornam-se

gradativamente mais eficazes na satisfação de certas necessidades. Por outro

lado, quando uma necessidade satisfeita não é motivadora de comportamento,

já não causa tensão ou desconforto.

Uma necessidade pode ser satisfeita, frustrada (quando a satisfação é

impedida) ou compensada (transferida para outro objeto). No ciclo

motivacional, muitas vezes a tensão provocada pelo surgimento da

necessidade encontra uma barreira ou um obstáculo para sua liberação. Não

encontrando saída normal, a tensão represada no organismo procura um meio

indireto de saída, seja por via psicológica (agressividade, descontentamento,

tensão emocional, apatia, indiferença etc.). Outras vezes, a necessidade não é

satisfeita nem frustrada, mas transferida ou compensada. Isto se dá quando a

satisfação de uma outra necessidade reduz ou aplaca a intensidade de uma

necessidade que não pode ser satisfeita. É o que acontece quando o motivo de

uma promoção para um cargo superior é contornado por um bom aumento de

salário ou por uma nova sala de trabalho. Veja um exemplo na ilustração

abaixo:

Figura – as etapas do ciclo motivacional, com frustração ou

compensação, quando há impossibilidade de satisfação da necessidade.

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54 Frustração

1º 2º 3º 4º 5º

Equilíbrio

interno

Estímulo ou

Incentivo

Necessidade Tensão Barreira

Compensação

A satisfação de algumas necessidades é temporal e passageira, ou

seja, a motivação humana é cíclica e orientada pelas diferentes necessidades.

O comportamento é quase um processo e resolução de problemas, de

satisfação de necessidades, à medida que elas vão surgindo.

4.1.1 Hierarquia das necessidades segundo Maslow

Maslow formulou uma teoria da motivação com base no conceito de

hierarquia de necessidades que influenciam o comportamento humano. Maslow

concebeu essa hierarquia pelo fato de o homem ser uma criatura que expande

suas necessidades no decorrer de sua vida. À medida que o homem satisfaz

suas necessidades básicas, outras mais elevadas tomam o predomínio do seu

comportamento.

A hierarquia das necessidades de Maslow, é a seguinte:

a. necessidades fisiológicas (ar, comida, repouso, abrigo etc.);

b. necessidades de segurança (proteção contra o perigo ou

privação);

c. necessidades sociais (amizade, inclusão em grupos etc);

Outro

comportamento

derivativo

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55d. necessidades de estima (reputação, reconhecimento, auto-

estima, amor etc.); e

e. necessidades de auto-realização (realização do potencial,

utilização plena dos talentos individuais etc.).

A maior parte das pessoas nas sociedades com elevado padrão de

vida tem suas necessidades primárias (fisiológicas e de segurança)

regularmente satisfeitas sem muito esforço e sem muito efeito motivacional.

Neste caso, passam a predominar as necessidades secundárias (sociais, de

estima e auto-realização). Contudo, à medida que se desce aos níveis

socioeconômicos mais baixos, as necessidades primárias, por não serem

regulares ou totalmente satisfeitas, passam a predominar no comportamento

das pessoas, como algo para comer e o que sente ameaçado busca a

segurança.

Maslow procurou desfazer o mito de que é preciso satisfazer totalmente

determinado nível de necessidade para que o nível superior possa tornar-se

predominante. “Como mostra a tabela que veremos mais adiante”. O ponto

mais alto de cada nível ocorre antes de o nível seguinte tornar-se dominante.

Com o auto desenvolvimento, o número e a variedade de necessidades

aumentam. No ponto mais alto da necessidade de estima, por exemplo, todas

as necessidades diferentes do indivíduo estão ativas em diferentes graus de

intensidade.

A abordagem de Maslow – embora genérica e ampla – representa para

a ARH um valioso modelo de atuação sobre o comportamento das pessoas,

como veremos adiante.

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56

Fisiológicas Segurança Sociais Auto-estima Realização

Fome Proteção Amizade Status Crescimento

Sede Abrigo Amor Prestígio Desenvolvimento

Sono Prevenção

do perigo

Afeição Auto-respeito Sucesso

profissional

Repouso Pertencer

ao grupo

Auto-

apreciação

Etc. Atividades

sociais

Autoconfiança

4.1.2 Interesses pessoais versus interesses

organizacionais

Segundo o livro de Marras, Jean Pierre em Administração de RH – do

operacional ao estratégico, editora futura – um gerente deve ter em mente de

forma muito clara que empregados e empresa têm interesses abviamente

desiguais, divergentes e até antagônicos. Isso é natural. Enquanto o interesse

pessoal do empregado é prioritariamente receber da empresa o máximo

possível de contrapartida pelo seu trabalho, em termos de remuneração e

segurança (salário, benefícios, estabilidade etc.), a empresa preocupa-se muito

mais em fazer cumprir os seus objetivos de produtividade, qualidade e

lucratividade acima de tudo.

Como se vê, os interesses podem ser comparados a uma estrada de

mão dupla; nesse contexto, é preciso determinar claramente as regras e os

parâmetros de como circular, estabelecendo limites claros entre o dar e o

receber, não criando expectativas desnecessárias e extremamente perigosas

durante a relação entre as partes.

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57Ao ingressar numa organização, por exemplo, o novo empregado

deveria receber todos os conhecimentos necessários à identificação dos

chamados símbolos organizacionais para poder distinguir o que é e o que não

é primordial logo no início das suas atividades. Isso, no entanto, não acontece.

Algumas empresas realizam o chamado treinamento introdutório; dessas, a

maioria se limita a dar ao novo empregado apenas informações sucintas com

relação às normas do departamento pessoal e segurança do trabalho. Nada se

fala sobre comportamentos, valores, cultura organizacional ou sistema de

liderança.

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58

CAPÍTULO V

ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

“Se aproveitares bem o dia de hoje,

dependerás menos do de amanhã”.

Sêneca

A vida das pessoas constitui uma infinidade de interações com outras

pessoas e com organizações. A ARH funciona em um contexto de

organizações e de pessoas. Administrar pessoas significa lidar com pessoas

que participam de organizações. Mais do que isto, significa administrar com as

pessoas. Fazer de cada pessoa um verdadeiro administrador de suas tarefas

dentro da organização, em qualquer nível em que esteja situada ou em

qualquer atividade que deva executar. Assim, organizações e pessoas

constituem a base fundamental na qual funciona a ARH.

5.1 Conceitos de Organizações

O ser humano não vive isoladamente, mas em contínua interação com

seus semelhantes. As interações entre as pessoas diferem profundamente das

que existem entre objetos meramente, uma influenciando a atitude que a outra

irá tomar, e vice-versa. Em face das suas limitações individuais, os seres

humanos são obrigados a cooperarem uns com os outros para alcançar certos

objetivos que a ação individual isolada não conseguiria alcançar. A organização

é um sistema de atividades conscientemente coordenadas de duas ou mais

pessoas. A cooperação entre elas é essencial para a existência da

organização. Uma organização existe somente quando:

a. há pessoas capazes de se comunicarem e que

b. estão dispostas a contribuir com ação,

c. a fim de cumprirem um propósito comum.

A disposição de contribuir com ação significa, sobretudo, disposição

para sacrificar o controle da própria conduta em benefício da coordenação.

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59Essa disposição de se confiar à organização varia e flutua de indivíduo para

indivíduo e mesmo no próprio indivíduo, com o passar do tempo. Isto significa

que o sistema total de contribuições é instável, pois é o resultado das

satisfações e insatisfações obtidas realmente ou percebidas imaginariamente

pelos indivíduos. As contribuições da cada participante na organização variam

enormemente em função não somente das diferenças individuais existentes

entre eles, mas também do sistema de recompensas e contribuições aplicado

pela organização.

5.1.2 A complexidade das organizações

Há uma enorme variedade de organizações: empresas industriais,

empresas comerciais, organizações de serviços (bancos, hospitais,

universidades, trânsitos etc.), organizações militares, públicas (repartições) etc.

Podem estar voltadas tanto para a produção de bens ou produtos (artigos de

consumo, máquinas e equipamentos etc.) como para a produção ou a

prestação de serviços (atividades especializadas como manuseio de dinheiro,

medicina, divulgação ou conhecimento, planejamento ou controle do tráfego

etc.) Assim, existem organizações industriais, econômicas, comerciais,

religiosas, militares, educacionais, sociais, políticas etc. A influência das

organizações sobre as vidas das pessoas é fundamental: a maneira como as

pessoas vivem, compram, trabalham, se alimentam, se vestem, seus sistemas

de valores, expectativas e convicções são profundamente influenciadas pelas

organizações. E vice-versa: também as organizações são influenciadas pelos

modos de pensar, sentir e agir das pessoas.

A sociedade moderna é uma sociedade de organizações. As

organizações são sistemas extremamente complexos compostos de atividades

humanas em diversos níveis de análise. Personalidades, pequenos grupos,

intergrupos, normas, valores, atitudes, tudo isso existe sob um padrão

complexo e multidimensional. Essa dificuldade dificulta a compreensão dos

fenômenos organizacionais.

À medida que as organizações são bem-sucedidas, elas tendem a

crescer. Seu crescimento se faz pelo aumento do número de pessoas e de

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60recursos. Para que esse volume de pessoas possa ser administrado, há um

acréscimo do número de níveis hierárquicos. À medida que o número de níveis

hierárquicos aumenta, ocorre um gradativo distanciamento entre as pessoas –

e seus objetivos pessoais – e a cúpula da organização – e seus objetivos

organizacionais. Quase sempre esse distanciamento conduz a um conflito

entre os objetivos individuais dos participantes e os objetivos organizacionais

da cúpula.

5.1.3 Organizações como sistemas sociais e sistemas

sociotécnico

Na moderna sociedade em que vivemos quase todo o processo

produtivo é realizado através das organizações. Assim, a sociedade moderna e

industrializada se caracteriza por ser uma sociedade composta de

organizações. O homem moderno passa a maior parte de seu tempo em

organizações, das quais depende para nascer, viver, aprender, trabalhar,

ganhar seu salário, curar suas doenças, obter todos os produtos e serviços de

que necessita etc.

As organizações são sistemas sociais porque são compostas de

pessoas e funcionam graças às atividades e às interações dessas pessoas.

Malgrado sejam conjunto de vários recursos – humanos, tecnológicos,

financeiros, materiais etc. – reunidos para obter efeitos multiplicadores, os

quais chamaremos de efeitos sinergísticos, as organizações são basicamente

dinamizadas por pessoas. Todos os demais outros recursos são amorfos e

inertes., dependendo da inteligência humana para serem colocados em ação

da melhor maneira possível. A sinergia representa o efeito multiplicador – e não

apenas aditivo ou cumulativo – dos esforços humanos que interagem entre si,

provocando uma alavancagem de resultados. A sinergia faz com que 1 + 1 + 1

pessoas em conjunto produzam um resultado maior do que três pessoas

tomadas isoladamente. É por meio da sinergia que uma empresa adquire

recursos e produz resultados maiores do que os recursos adquiridos. Seja

chamado de lucro ou rentabilidade, é graças à sinergia que a empresa reúne

recursos e alavanca resultados. E gera riqueza. Cria valor.

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61Dentro de uma abordagem mais ampla, as organizações são unidades

sociais (ou agrupamentos humanos) intencionalmente construídas e

reconstruídas, a fim de atingir objetivos específicos. Isto significa que as

organizações são construídas, isto é, reestruturadas, redefinidas, à medida que

se descobrem meios melhores para atingi-los com menor custo e menor

esforço. Uma organização nunca constitui uma unidade pronta e acabada, mas

um organismo social vivo e sujeito a constantes mudanças e em contínua

mutação e desenvolvimento. Tudo na organização deve ser visto dessa

maneira: algo como o vir a ser e não apenas o que já é. O atual é o potencial.

No sistema sociotécnico – a maneira interessante de abordar um

sistema social é tomar como referência o processo de transformação, pois as

organizações estão, de uma forma ou de outra, envolvidas com a

transformação e conversão de recursos e resultados, como produtos ou

serviços. Um grupo de psicólogos e sociólogos do Instituto Tavistock de

Londres concebe a organização como um sistema sociotécnico. Isso significa

que toda organização consiste em uma combinação administrada de tecnologia

e de pessoas, de tal forma que ambos os lados se acham em inter-relação

recíproca.

O sistema sociotécnico é composto de três subsistemas principais:

a. Sistema técnico: é relacionado com as tarefas e inclui o fluxo

de trabalho, a tecnologia envolvida, os papéis requeridos pela

tarefa e todas as demais variáveis tecnológicas.

b. Sistema social: também chamado humano ou cultural, é

relacionado principalmente com a cultura organizacional, com os

valores e as normas e com a satisfação das necessidades

pessoais. Também inclui a organização informal, o nível

motivacional dos membros e as suas atitudes individuais.

c. Sistema gerencial: ou administrativo, inclui a estrutura

organizacional, as políticas e procedimentos, as regras e

normas, o sistema de recompensas e punições, as maneiras

pelas quais as decisões são tomadas e um grande número de

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62outros elementos projetados para facilitar os processos

administrativos. É responsável pela administração e pelo

desenvolvimento da organização e dos seus processos de

tomada de decisão.

5.1.4 Participantes das organizações

As organizações existem porque as pessoas têm objetivos que

somente podem ser atingidos mediante a atividade organizada. À medida que

crescem, as organizações desenvolvem seus próprios objetivos que vão

tornando independentes e mesmo diferentes dos objetivos das pessoas que as

formaram.

Tradicionalmente, reconheciam-se como participantes das

organizações apenas seus proprietários, administradores e empregados, ou

seja, apenas seus participantes internos. Modernamente, concebe-se a

organização como um processo estruturado em que diferentes parceiros

interagem para alcançarem objetivos. Os parceiros provocam um impacto

sobre os processos de tomada de decisão dentro da organização. Neste

sentido, os parceiros da organização são:

a. Acionistas, proprietários ou investidores;

b. Clientes, usuários, consumidores ou contribuintes;

c. Gerentes e empregados;

d. Fornecedores (de matérias-primas, tecnologia, serviços,

créditos, financiamentos etc.);

e. Governo;

f. Comunidade e sociedade.

Tanto a organização como seus parceiros estão envolvidos em uma

mútua adaptação. Embora um equilíbrio entre os indivíduos e a organização

seja constantemente perseguido, ele nunca é completamente alcançado em

virtude das mudanças de necessidades, de objetivos e de relações mutáveis de

poder. Assim, a adaptação é um processo constante cuja regra é a mudança e

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63o ajustamento. Todos os parceiros (internos e externos) provocam um impacto

sobre a adaptação e os processos de tomada de decisão, tornando-se

supérfluo em outras áreas. Os clientes podem influenciar as decisões na área

de mercadologia, enquanto os acionistas e crediaristas podem influenciar as

decisões na área financeira etc.

5.1.5 Missão, visão e objetivos organizacionais

Missão organizacional – é a declaração do propósito e do alcance da

empresa em termos de produto e de mercado. A missão define o papel da

organização dentro da sociedade em que está envolvida e significa sua razão

de ser e de existir. A missão da organização é definida em termos de satisfazer

à alguma necessidade do ambiente externo e não em termos de oferecer um

simples produto ou serviço. A missão está associada com o negócio da

organização. A missão constitui uma maneira de traduzir o sistema de valores

em termos de crenças ou ares básicas de atuação da organização.

Visão organizacional – ou visão do negócio – refere-se àquilo que a

organização deseja ser no futuro. A visão é fortemente inspiradora e explica

por que as pessoas dedicam diariamente a maior parte do seu tempo para o

sucesso da sua organização. Quanto mais a visão de negócios está alinhada

aos interesses parceiros, tanto mais ela pode atender aos seus propósitos.

Objetivos organizacionais – uma organização pode ser definida como

um arranjo de componentes projetados para cumprir um particular objetivo de

acordo com um plano. Nessa definição existem três pontos significantes.

Primeiro, há um propósito ou objetivo, pelo qual o sistema é projetado para

alcançar. Segundo, há um projeto ou arranjo estabelecido de componentes.

Finalmente, entradas de informação, energia e materiais podem ser alocados

de acordo com o plano.

Toda organização precisa de alguma finalidade, de alguma noção

sobre os porquês de sua existência e do que ela deseja realizar. Suas metas,

seus objetivos e a espécie de ambiente interno que quer criar para os

participantes, dos quais depende para a consecução de seus fins, precisam ser

definidos. Sem noções sobre sua finalidade e direção, ela flutuará ao sabor dos

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64ventos. Em qualquer momento, a organização fará aquilo que for compelida a

fazer pelas pressões transitórias da situação. Sua vida e sua atitude serão

determinadas não pelo que ela decidiu, mas pelo que os outros decidiram.

5.2 Clima e cultura organizacional

A gestão contemporânea de empresas, no que tange aos aspectos da

dimensão humana, tem, no equilíbrio da dinâmica das relações, um de seus

fatores críticos de sucesso. A identificação e o envolvimento das pessoas com

os processos de trabalho passaram a ser determinantes para este equilíbrio. À

empresa de nossos tempos coube estimular e facilitar estas percepções,

principalmente, através da promoção de ambientes relacionais saudáveis e

capazes de contribuir de forma efetiva para a realização profissional individual.

Neste sentido a empresa passa a ser entendida como segmento fundamental,

perfeitamente integrada ao projeto pessoal de vida e felicidade de seus

funcionários e colaboradores mais próximos. A questão é que os

administradores tenham ouvidos interessados e olhos atentos para o

comportamento das pessoas no trabalho.

Clima organizacional – pode-se definir como sendo as impressões

gerais ou percepções dos empregados em relação ao seu ambiente de

trabalho; embora nem todos os indivíduos tenham a mesma opinião, pois não

têm a mesma percepção, o clima organizacional reflete o comportamento

organizacional, isto é, atributos específicos de uma organização, seus valores

ou atitudes que afetam a maneira pela qual as pessoas ou grupos se

relacionam no ambiente de trabalho.

Cultura organizacional – é constituída de aspectos, que dão às

organizações um modo particular de ser. Ela está para a organização, assim

como a personalidade está para o indivíduo. Ela representa o conjunto de

crenças, valores, estilos de trabalho e relacionamentos, que distingue uma

organização das outras. A cultura molda a identidade de uma organização,

assim como a identidade e o reconhecimento dos próprios funcionários. Não

podemos deixar de considerar que a cultura das empresas decorre também de

valores culturais da sociedade na qual está inserida. Não podemos dissociar a

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65cultura das empresas da cultura nacional, como se as empresas fossem

entidades isoladas, confinadas de um mundo exterior.

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66

CONCLUSÃO

A evolução do RH “estratégico” avançou consideravelmente nos

últimos anos. Tudo começou com a necessidade de contabilizar os registros

dos trabalhadores no início do século XIX, o que era apenas sistemas ou

procedimentos burocráticos nas empresas, hoje podemos afirmar que o RH

conquistou de forma definitiva seu espaço nas organizações “estrategicamente

falando”.

Os temas abordados nesse projeto, identificam de forma objetiva e

sucinta algumas variáveis que o departamento de recursos humanos pode

proporcionar para as organizações. As estratégias de RH têm que estar

alinhadas às estratégias das organizações, para que ambas as partes possam

definir metas, planejamentos, tomadas de decisões, definição dos processos

internos etc. Até um certo tempo atrás, o relacionamento entre pessoas e

organizações era considerado antagônico e conflitante. Acreditava-se que os

objetivos das organizações – como lucro, produtividade, eficácia entre outros –

eram incompatíveis com os objetivos das pessoas – como melhores salários,

benefícios, conforto no trabalho, lazer etc. Era o chamado “ganhar-perder”. Mas

esse paradigma quebrou-se com o passar do tempo, e tanto a organização que

passou a entender o valor dos seus recursos humanos e conseqüentemente a

sua importância, quanto para os funcionários que passaram a entender as

necessidades da organização e a necessidade de atingir as metas impostas,

seguir as suas culturas, missões, políticas etc. Hoje, as estratégias precisam

estar bem definidas e a comunicação eficaz nas organizações, para que todos

estejam comprometidos em um mesmo propósito, que é a produtividade

contínua e o lucro, que por sua vez trará satisfação aos colaboradores.

Em suma, esse projeto constata como o setor de recursos humanos

pode ser considerado uma ferramenta estratégica para as organizações. Foram

abordados variáveis no que diz respeito à área de recursos humanos que direta

ou indiretamente poderá ser consultado por gestores pertinentes à área de RH,

ou gestores de outros departamentos que venham a se interessar ou

desenvolver os seus conhecimentos sobre essa área.

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BIBLIOGRAFIA

CHIAVENATO, Idalberto. Administração de Recursos Humanos –

Fundamentos Básicos, 6º edição – São Paulo, Atlas, 2006.

CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas – O novo papel dos

recursos humanos nas organizações, Rio de Janeiro – Campus, 1999.

LUZ, Ricardo. Gestão do Clima Organizacional, 1º edição, Rio de

Janeiro – Qualitymark, 2003.

MARRAS, Jean Pierre. Administração de Recursos Humanos – do

operacional ao estratégico, 3º edição ampliada – São Paulo, Futura – 2001.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 10

A EVOLUÇÃO DO RH – DO OPERACIONAL

AO ESTRATÉGICO 10

1.1 – As Escolas Administrativas e a Função de Pessoal 11

1.2 – As cincos fases evolutivas da gestão e pessoal 15

1.3 – Planejamento estratégico de RH 17

CAPÍTULO II 19

A IMPORTÂNCIA DOS SUBSISTEMAS DE RH

NAS ORGANIZAÇOES 19

2.1 – Recrutamento e Seleção 19

2.1.1 – Aumento de quadro planejado 20

2.1.2 – Aumento de quadro circunstancial 21

2.1.3 – Recrutamento de pessoal 21

2.1.4 – Recrutamento interno e recrutamento externo 21

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69 2.1.5 – Seleção de pessoal e entrevista de seleção 21

2.2 – Treinamento e Desenvolvimento 22

2.2.1 – Processo de treinamento 22

2.2.2 – Métodos de levantamento de necessidades

de treinamento 23

2.2.3 – Planejamento e programação e execução

do treinamento 23

2.2.4 – Avaliação do treinamento 24

2.3 – Cargos e Salários 24

2.3.1 – Organização da administração de cargos e salários 25

2.3.2 – Conceito de função, tarefa e cargo 26

2.3.3 – Descrição de cargos 26

2.3.4 – Métodos de colheita de dados sobre cargos 27

2.3.5 – Os tipos de salários e pesquisa salarial 28

2.4 – Higiene e Segurança do Trabalho 30

2.4.1 – Higiene do trabalho e ocupacional 30

2.4.2 – Como desenvolver um programa de

higiene e segurança 31

2.4.3 – Definição da Cipa e QVT 32

2.4.4 – Equipamentos de proteção e acidentes (EPI) e

normas regulamentadoras (NRs) 33

2.5 – Departamento de Pessoal 34

2.5.1– Funções do departamento pessoal 34

2.5.2 – Aplicação das leis trabalhistas e previdenciárias 36

2.5.3 – Folha de pagamento 37

2.5.4 – Normas disciplinares 38

2.6 – Avaliação do Desempenho 38

2.6.1 – Por que avaliar o desempenho e a

auto-avaliação do desempenho? 39

2.6.2 – O papel do gerente e avaliação de 360 graus 39

2.6.3 – Métodos tradicionais de avaliação do desempenho 40

2.6.4 – Objetivos da avaliação do desempenho 41

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70CAPÍTULO III 43

O RH COMO FERRAMENTA ESTRATÉGICA

NAS ORGANIZAÇÕES 43

3.1 – As Pessoas como Estratégia 45

3.1.1 – Os fatores de produção na atualidade 46

3.2 – Administração de Recursos Humanos como um Processo 47

3.3 – Sistemas de Informações em RH 48

3.3.1 – Objetivo de um sistema de informações de RH 48

3.4 – Objetivos Estratégicos da Administração

de Recursos Humanos 49

3.4.1 – Os principais objetivos da ARH são: 50

CAPÍTULO IV 51

MOTIVAÇÃO – UM FATOR FUNDAMENTAL

PARA AS ORGANIZAÇÕES 51

4.1 – Ciclo Motivacional 52

4.1.1 – Hierarquia das necessidades segundo Maslow 54

4.1.2 – Interesses pessoais versus interesses organizacionais 56

CAPÍTULO V 58

ESTRUTURA ORGANIZACIONAL 58

5.1 – Conceitos de Organizações 58

5.1.2 – A complexidade das organizações 59

5.1.3 – Organizações como sistemas sociais e

sistemas sociotécnico 60

5.1.4 – Participantes das organizações 62

5.1.5 – Missão, visão e objetivos organizacionais 63

5.2 – Clima e Cultura Organizacional 64

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71CONCLUSÃO 66

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 67

ÍNDICE 68

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72

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Instituto A Vez do Mestre

Título da Monografia: A Importância do RH como Ferramenta de

Estratégia nas Organizações

Autor: Rondinelli de Oliveira

Data da entrega: 23/07/2009

Avaliado por: Conceito:

cessida