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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE TERCEIRIZAÇÃO – RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DOS ENTES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Por: Willians Faustino de Alvarenga Orientador Prof. Carlos Afonso Leite Leocadio Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

TERCEIRIZAÇÃO – RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DOS

ENTES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Por: Willians Faustino de Alvarenga

Orientador

Prof. Carlos Afonso Leite Leocadio

Rio de Janeiro

2009

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

TERCEIRIZAÇÃO – RESPONSABILIDADE SUBSIDIARIA DO

ENTES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Direito

Processual e Trabalho.

Por: Willians Faustino de Alvarenga

3

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Professor Carlos

Leocadio, pela desmedida paciência

que demonstrou para comigo nessa

caminhada.

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu filho,

Glaison, pelas horas que me permitiu

subtrair-lhe...

5

RESUMO

As novas formas de organização do trabalho trouxeram desafios a todos os setores da sociedade. A partir da concepção de Montesquieu sobre a estruturação do Estado, ou seja, a estruturação clássica de divisão tripartida do poder do Estado, o Poder Judiciário tem sido, ao longo da História, crucial na consolidação dos valores da democracia. A responsabilização dos elementos da sociedade, qualquer que seja sua natureza, por seus atos, é mais um elemento de consolidação da democracia. Assim, ao dirimir conflitos evolvendo entes estatais, vê-se o poder Judiciário diante do desafio de – embora ele mesmo seja conteúdo deste Estado – enxergar o Estado a partir da perspectiva o cidadão. Neste ponto, cria-se uma interessante encruzilhada. Reconhecendo-se a responsabilidade subsidiária dos entes estatais na terceirização, abre-se a possibilidade de responsabilização de seus prepostos. Nos últimos anos do século que se findou, a terceirização, como uma nova forma de organização do trabalho, firmou-se no cenário nacional. Em sua essência, a terceirização traz o problema da responsabilidade do tomador pelos créditos inadimplidos frente ao trabalhador. Tal matéria, qual seja, a responsabilidade, não fica restrita ao campo do Direito do Trabalho, pelo contrário suas raízes estão no Direito Civil. Particularmente, tratando-se de responsabilização de entes da administração pública, o assunto adentra por análises de outros campos do saber humano que não o Direito; a título de exemplo citam-se a Sociologia e a Política. A primeira, por que as relações de trabalho são também – e essencialmente – relações sociológicas. A segunda, por que é nesse campo que se vão resolver as grandes questões das sociedades humanas.Aquilo que foi vendido pelos entusiastas como uma forma muito mais eficaz de gerir a mão de obra mostrou-se, na prática, uma nova fonte de conflitos, que rapidamente estariam contribuindo para a estenose do já tão entulhado judiciário trabalhista. No tocante aos conflitos oriundos exclusivamente da iniciativa privada, a questão da responsabilidade tem sido solucionada de forma quase indolor. Assim, encontra-se pacificada pelo judiciário trabalhista que a responsabilidade do tomador, neste caso, é subsidiária. Por seu turno, frente aos entes da administração pública, há ainda uma indisfarçável resistência de uma parcela minoritária da magistratura frente ao reconhecimento da responsabilidade subsidiária dos entes da administração pública na terceirização. È inegável que, enquanto poder constituído, o judiciário pode ser um efetivo instrumento de aprimoramento da democracia. Com efeito, surge o questionamento: da prática do magistrado trabalhista, neste particular, podemos ter mais um instrumento de consolidação da ética como valor da administração pública, na medida em que se tenta responsabilizar o estado pelos seus atos, não permitindo que este, como no Leviatã de Hobbes, paire intangível, sobre os cidadãos.

6

METODOLOGIA

Na consecução deste trabalho, tendo em vista os objetivos e

justificativas, conclui-se que foi adotado o método da pesquisa bibliográfica,

que se embasa em diversos tipos de publicações, como livros e artigos em

jornais, revistas, e outros periódicos especializados, além de publicações

oficiais da legislação e da jurisprudência, esta consubstanciada em acórdãos

sobretudo das turmas do E. Tribunal Regional do Trabalho da Primeira Região.

Percebe-se também que a pesquisa adotou o método dogmático

positivista, uma vez que o pretendido foi tão-somente a identificação da

responsabilidade subsidiária dos entes da administração pública na

terceirização e o tratamento merecido pela mesma por parte do ordenamento

jurídico pátrio, da ótica específica do direito positivo brasileiro, fundamentando-

se exclusivamente na dogmática de estudiosos que anteriormente já se

debruçaram sobre o tema.

Conclui-se, ainda, tratar-se de uma pesquisa aplicada, uma vez que

objetivou a produção de conhecimento para a aplicação prática, mas também

qualitativa, posto que buscou a compreensão da realidade a partir da

interpretação e qualificação do fenômeno estudado; assim como exploratória,

pois visou proporcionar maior conhecimento sobre a questão em tela; objetivou

a obtenção de um resultado puramente descritivo, sem a pretensão de analisar

criticamente o tema, sendo assim, descritiva.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - O Fenômeno Terceirização 11

1.1 – Conceituação 11

1.2 - Evolução Histórica 13

1.3 – Riscos da Terceirização 15

1.4 – Precarização do Trabalho 16

1.5 – Terceirização do Serviço 17

Público

CAPÍTULO II - A Responsabilidade 21

1.1 A Responsabilidade Civil 21

1.2 A Responsabilidade nas

Relações de Trabalho 22

CAPÍTULO III – Julgados e Posicionamentos 24

CONCLUSÃO 47

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52

BIBLIOGRAFIA CITADA 55

ANEXOS 58

ÍNDICE 59

FOLHA DE AVALIAÇÃO 63

8

INTRODUÇÃO

O presente trabalho trata-se de um estudo sobre a responsabilidade

subsidiária dos entes da administração pública na terceirização. Nesse

contexto fez-se necessária a análise alguns aspectos do Estado e o que

representa o reconhecimento de tal responsabilidade para a sociedade

brasileira. Certo é que ao longo da História Moderna e Contemporânea, vários

estudiosos têm-se dedicado a analisar este ser chamado Estado, quer do ponto

de vista de sua anatomia (estruturalmente) ou de sua fisiologia

(funcionalmente). Não que ele não tenha sido objeto de análises em períodos

anteriores, mas em sua versal moderna (O Estado Moderno), foi mais objeto de

tais análises do que em toda sua embriogênese.

Com efeito, o Estado Moderno, ou seja, o Estado como hoje o conhecemos,

começou a ter seu molde mais elaborado na segunda metade do século XV, a

partir do desenvolvimento do capitalismo mercantil nos países como a França,

Inglaterra e Espanha, e mais tarde na Itália. Tendo surgido aí o primeiro teórico

a refletir sobre a formação dos Estados Modernos, Nicolau Maquiavel. Já

naqueles idos, Maquiavel preconizava as características do Estado Moderno,

quais sejam:

• A soberania (poder que internamente não conhece nenhum igual; e,

externamente, nenhum maior); e

• A Distinção entre Estado e sociedade civil(marcadamente com a

ascensão da burguesia, no século XVII)

Mais tarde, outros teóricos vão discorrer sobre o Estado. Dos teóricos

liberais ou burgueses, como Adam Smith, que vai preconizar um Estado com

funções diminutas na área econômica, aos teóricos da esquerda como Karl

Marx, que, nomeando o estado burguês como o grande balcão de negócios da

burguesia, vai preconizar sua tomada pela classe operária com a conseqüente

destruição daquele e, por conseguinte, a construção de um estado proletário,

onde os conflitos oriundos das relações de trabalhos mediadas pela dicotomia

9entre a força produtiva e a propriedade dos meios de produção tenderiam ao

desaparecimento, juntamente com esta dicotomia, todos esses estudiosos

analisam as relações de poder, explícitas ou implícitas, inerentes ao Estado.

Mais adiante, ainda no campo dos teóricos da esquerda, teremos

Gramisc, que vai descrever o Estado como o campo de disputa pela

hegemonia da sociedade.

O estudo do tema e das questões abordadas justifica-se porque ao

Poder Judiciário, sobretudo a Justiça do Trabalho, que é conhecida como uma

Justiça com cunho mais social, cabe um papel preponderante no processo de

democratização e transparência do Estado. Por outro lado, a terceirização

ainda desperta críticas acirradas de seus desafetos e elogios rasgados

daqueles que a defendem.

A pesquisa que precedeu esta monografia teve como ponto de partida

o pressuposto de que a responsabilização dos entes da administração pública

na terceirização pode abrir caminho para responsabilização do administrador

público, o que contribuiria para a transparência no serviço público e, em última

análise no próprio Estado.

Visando um trabalho objetivo, cujo objeto de estudo seja bem

delineado e especificado, a presente monografia dedica-se, especificamente,

às questões relativas ao direito do trabalho brasileiro e da Justiça do Trabalho

brasileira. Assim, sua análise embasa-se em documentos e autores da

atualidade, até mesmo porque o assunto é bastante atual.

Assim, caberia uma interrogação: A que setores interessam a

democratização da sociedade (democratização real e não apenas formal!), e

em que medida a responsabilização subsidiária do Estado na terceirização

abre reflexamente a possibilidade de responsabilização de seus agentes pelos

mandos e desmandos desse Estado ou de seus entes nas relações de

trabalho? Aliás, de reboque viria outra inquietante indagação: em que medida o

legalismo do Judiciário estaria negando à sociedade brasileira essa

possibilidade de se chamar o Estado, e reflexamente seus agentes, a

responder por seus atos nas relações de trabalho?

10

CAPÍTULO I

O FENÔMENO TERCEIRIZAÇÃO

1.1 - Conceituação A tentativa de definir este novo instrumento no processo de produção já

foi feita por alguns estudiosos do assunto. Dentre algumas conceituações,

pode-se citar:

“Prática que permite a empresa abrir mão da execução de um processo

e transferir para um terceiro, portador de uma base de conhecimento mais

especializada, com o objetivo de agregar maior valor ao produto final.'

[Leonardo Leocadio]

" Os desdobramentos mais recentes da terceirização, diferentemente da

sua concepção original, permitem a transferência para terceiros de importantes

etapas do processo produtivo." [Leonardo Leocadio]

“Um processo de gestão pelo qual se repassam algumas ativi dades a

terceiros, com os quais se estabelece uma relação de parceria, ficando a

empresa concentrada apenas em tarefas essencialmente ligadas ao negócio

em que atua.” [Giovanna Lima Colombo]

“A transferência de atividades para fornecedores especializados,

detentores de tecnologia própria e moderna, que tenham esta atividade

terceirizada como sua atividade-fim, liberando a tomadora para concentrar seus

esforços gerenciais em seu negócio principal, preservando e evoluindo em

qualidade e produtividade, reduzindo custos e ganhando competitividade.”

[Giovanna Lima Colombo]

“Uma técnica administrativa que possibilita o estabelecimento de um

processo gerenciado de transferência, a terceiros, das atividades acessórias e

de apoio ao escopo das empresas que é a sua atividade-fim, permitindo a

estas concentrarem-se no seu negócio, ou seja, no objetivo final.” [Giovanna

Lima Colombo]

11“(...)transferir para outrem atividades consideradas secundárias, ou seja,

de suporte, atendo-se a empresa à sua atividade principal.” [Alice Monteiro de

Barros] é um processo no qual repassam atividades para terceiros,no qual se

concentra apenas em negocios a que atua.

É, portanto, uma forma de descentralização que objetiva evitar a

contratação direta de empregados para a realização de tarefas não

especializadas. A terceirização é a transferência do segmento ou segmentos

do processo de produção da empresa para outras de menor envergadura,

porém, de maior especialização na atividade transferida.

Como exemplo, podemos citar as atividades de limpeza, vigilância, digitação

(atividades-meio) em que empresas especializadas transferem seus

empregados a outro ramo empresarial (bancos, por exemplo), para que a este

prestem serviços.

Há de se salientar, contudo, que a terceirização difere da intermediação

de mão-de-obra, normalmente ilícita. Através desta, uma empresa contrata a

então intermediadora de mão-de-obra para que lhe ceda trabalhadores com

vistas a reduzir os custos sociais, quase sempre com o intuito de prejudicar os

trabalhadores. A legislação vigente permite a intermediação de mão-de-obra

numa única hipótese, a da contratação de serviços temporários prevista na Lei

6.019/74. Fora desta circunstância, qualquer interposição de entidade

prestadora de mão-de-obra é ilegal.

No âmbito da Administração Pública Federal, a terceirização é prevista

no Decreto-lei 200/67 (art. 10, § 7º) c/c Lei 5.645/70 (art. 3º, parágrafo único),

inexistindo na legislação pátria proibição no que se refere à prestação de

serviços a terceiros. O Decreto-lei 2.300/86 veio ampliar e complementar o

Decreto-lei 200/67 no que tange aos contratos administrativos, sendo ainda de

igual teor a Lei 8.666/93 (art. 71, § 1º).

Logo se vê que esta modalidade de prestação de serviços apresenta-se

com plena legitimidade perante a ordem jurídica.

Na verdade, nos idos de 1992, o termo terceirização passa a ser

utilizado na empresa gaúcha Riocell, mas pode-se dizer que foi introduzido e

12disseminado no meio empresarial pelas páginas da revista Exame, ao fazer

uma retrospectiva dos trigésimo quinto aniversário, sob o título “A incrível

aventura dos negócios”, pondo em destaque o tema mais importante de cada

ano.

No início do século XXI surge uma vertente que sugere a inversão do

processo da terceirização, o que foi chamado de "desterceirização" ou, mais

correctamente, de primarização.

1.2 – Evolução Histórica Segundo a professora Rozania Maria de Souza, Bacharel em

Administração pela FECIVEL-UNIOESTE, em seu artigo publicado no Portal da

Administração (HTTP://www.admnistradores.com.br/asrtogps/22750/), a história

nos conta que a terceirização teve sua origem na Segunda Guerra Mundial,

quando em período de grande recessão, se fazia necessário um sistema

inteligente de produção rápida, proporcionando a ocupação da mão-de-obra

ociosa existente. Além de promover vantagens competitivas, destacando-se

entre elas a redução de custos sem perder a qualidade na produção.

Esta estratégia gerencial inovadora na época tornou-se uma das

ferramentas mais utilizadas pelas indústrias nos dias de hoje. A base do seu

conceito é o relacionamento comercial, fundamentado na condição da parceria.

E esta por sua vez constitui-se como um solucionador de problemas

organizacionais, tanto no tocante a industrialização, a administração e

principalmente na prestação de serviços com o fornecimento de mão-de-obra

qualificada.

Contudo, em pleno século XXI, as recentes pressões por melhoria na

qualidade dos produtos e a própria competitividade de mercado; vêm exigindo

novas práticas e posturas gerenciais audaciosas, o que faz com que as

relações com as empresas terceirizadas sejam um verdadeiro pacto pelo

mútuo interesse e pelo desenvolvimento de ações de comprometimento, onde

a ação estratégica da qualidade torna-se uma das temáticas centralizadoras de

atenções.

13 O realimentação entre as partes é o elemento que capacita às novas

investidas comerciais, principalmente no tocante a troca de informações para

uma elevação e melhoria contínua dos processos de produção e oferta dos

produtos e serviços no mercado.

Ressalta-se ainda, que para um processo de PARCEIRA no sistema de

TERCEIRIZAÇÃO, deve ser primordialmente alicerçado na relação de

confiança e transparência entre as partes. Assim as vantagens competitivas

aumentam e promovem uma maior lucratividade a curto prazo, proveniente da

redução de encargos sociais, despesas com reciclagem e treinamento de

funcionários.

Todavia, deve ser encarado como fundamental, um acompanhamento

regular junto à empresa contratada. Pois, não havendo da parte desta,

reciclagem ou treinamento e admitindo-se a prática da alta-rotatividade de

pessoal, há de se considerar a vulnerabilidade do sistema de terceirização,

pois se pode não conseguir manter a assiduidade na qualidade dos produtos

ou serviços contratados.

O rompimento de uma parceria no processo de terceirização, pode

acontecer a qualquer momento, tanto por ter dado certo ou simplesmente

porque os resultados foram extremamente insatisfatórios. Sendo que no

primeiro caso, pode ocorrer em virtude do grau de crescimento e importância

da empresa terceirizada, forçando assim, o contratante a retomar seu negócio

de forma direta ou ir à busca de uma nova parceria de terceirização. E, no

segundo caso, por haver uma necessidade de reverter a terceirização em

função do descumprimento de algumas cláusulas respectivas as políticas de

qualidade, prazo de entrega, etc., previamente estabelecidas no contrato de

PARCERIA DE TERCEIRIZAÇÃO.

A professora Rozania Maria, considerada uma autoridade nacional em

matéria de Administração, é Especialista em Marketing Empresarial pela

UFPR. Profissional da Área da Administração Geral em empresas de pequeno,

médio e grande porte. Docente do Curso de Administração como Professora

ministrante das Disciplinas: Administração Mercadológica I e II, Comunicação

Empresarial e Institucional, Projeto de Estágio, Projeto de Marketing, OSM,

14Propaganda e Publicidade e Administração de Recursos Materiais e

Patrimoniais, entre 1997 e 2003 nas IES - UNIOESTE e FAQ/FAG. Atuante

também como orientadora e Coordenadora de Estágio Supervisionado em

Administração, nas IES acima.

1.3 – Riscos da terceirização

Embora o uso da terceirização tenha como objetivo focar a empresa na sua

atividade-fim, na verdade o mercado em geral busca a redução de custos. A

curto prazo é o que realmente ocorre, porém a longo prazo o próprio futuro da

empresa é ameaçado, vejamos alguns fatos, por exemplo:

• Empresa responde por créditos trabalhistas no caso de inadimplência da prestadora de serviços;

• Custo de controle dos serviços terceirizados progressivamente torna-se maior;

• Queda de qualidade freqüentemente é relatada por clientes da empresa;

• Risco ao terceirizar-se setores chave, tais como: Financeiro, Recursos

Humanos, Assessoria, Almoxarifado...;

• Perda de bons funcionários, devido a rotatividade da mão-de-obra

dessas empresas;

• Ao longo do tempo a empresa pode tornar-se extremamente dependente

da terceirização, por exemplo: Sistema de Informática com padrões

incompatíveis com outros; haja vista o exemplo emblemático do TRT –

1ª Região, que minguou seu quadro de analistas de sistemas e técnicos

em informática em detrimento da terceirização e acabou caindo em uma

verdadeira armadilha, qual seja, o Sapweb. Hoje, o TRT-1ª Região

encontra-se refém da terceirizada que patrocina o Spweb e não sabe se

desiste de tal sistema, reconhecendo o engano de sua trajetória, ou se

insiste na rota e se atola ainda mais. O fato incontestável é que a

insatisfação pipocam de todos os lados, de serventuários a advogados e

partes, sem que uma efetiva solução seja dada.

• Decadência do clima organizacional;

15• Perda da identidade da empresa.

1.4 – Precarização do Trabalho

É inegável o fato de que trabalhadores terceirizados tem salários,

benefícios e condições de trabalho inferiores, caracterizando uma precarização

do trabalho. Autores como Maria da Graça Druck e Márcio Pochmann

estudaram e escreveram sobre o fenômeno: “ganhou dimensão o falso mito a

respeito do anacronismo da legislação social e trabalhista no Brasil.” Com

efeito, a visão neoliberal passou a taxar a legislação trabalhista de antiga, pois

constituída na década de 1940, se apresentava como um verdadeiro entrave

ao avanço das relações de trabalho, pois suprimiria empregos e fomentaria a

informalidade. Em resumo, a CLT era apontada pelos neoliberais de plantão

como a fonte geradora de desemprego e do subemprego, um verdadeiro tiro no

pé da classe trabalhadora.

Acontece que a cegueira situacional em que se meteram os

automatistas e exclusivistas das forças de mercado os impediu de constatar

não só que as medidas regulatórias do trabalho no chamado mundo

desenvolvido eram ainda mais antigas que as do Brasil, mas também que as

mudanças executadas mais recentemente haviam gerado a volta ao passado,

com intensa precarização e desigualdade entre os trabalhadores, conforme

atestam estudos internacionais produzidos pela OIT (Organização Internacional

do Trabalho) e pela OCDE (Organização para a Cooperação e o

Desenvolvimento Econômico).

Como não poderia deixar de ser, as mais de duas dezenas de alterações

introduzidas na CLT voltadas para a desregulação e a flexibilização do

mercado de trabalho produziram o óbvio: perdas irreparáveis para a maioria

daqueles que dependem do seu próprio trabalho para sobreviver.

Desde o afastamento do assédio liberal-conservador, que torna menos intensa

a pressão pelo desmanche da legislação social e trabalhista, o mercado de

trabalho reage menos desfavoravelmente aos trabalhadores. Não somente o

emprego formal é o que mais cresce no país desde 2003 (4% em média ao

16ano) como também permitirá ultrapassar o estágio da estruturação do mercado

de trabalho atingida na década de 1980, caso a economia continue a perseguir

o ritmo de expansão acima dos 5% ao ano.

“Assim como a quantidade do emprego depende da expansão da

produção, com função determinante da política macroeconômica, a qualidade

das ocupações está relacionada diretamente ao desafio da construção de um

modelo econômico associado à nova regulação pública do trabalho”.[1]

È sob esse prisma que deve ser entendida a questão da terceirização.

De uma lado a cantilena neoliberal que passou a ditar seus valores como

símbolo da modernidade, sobretudo no final dos anos oitenta e começo dos

anos noventa. Não foi coincidência que tal fato tenha sucedido à derrocada dos

países ditos socialistas do leste europeu. Por outro lado, nos países do

ocidente cristão, até mesmos nas chamadas democracias mais desenvolvidas,

uma uma classe trabalhadora cada vez mais subserviente e dispostas a

entregar todos os anéis na esperança de garantir os dedos.

Convém lembar que as entidades de repreentação da magistratura

trabalhista nacional têm-se posicionado pela formação mais humanísticas dos

novos magistrados, bem como pela exigência de uma maior proximidade dos

mesmos com a realidade do substrato de seu material de atuação, qual seja, o

trabalho.

Assim não se podem olvidar a realidade histórica, quando da análise da

terceirização e da responsabilidade subsidiária nestes casos.

1.5 – Terceirização no Serviço Público

No setor público, ocorre uma resistência maior à terceirização. Tal

resist~encia é fruto de uma maior organizaçã dos trabalhadores deste setor,

bem como de uma maior estabilidade dos mesmos, frente aos trabalhadores da

iniciativa privada. Contudo, a partir dos anos 60 passou-se a observar o

fenômeno da terceirização também no serviço público.

17Todavia, é somente no início dos anos 90 com o advento do breve e

desastroso governo daquele presidente, que a terceirização no serviço público

toma mais corpo. Ao mesmo tempo, em escala praticamente mundial, o

neoliberalismo avança sobre a economia e, conseqüentemente, sobre os

direitos da classe trabalhadora.

A partir de 1994, a tendência das chamadas reformas neoliberais se

firma no Brasil. Aqui, a sanha neoliberal sobre o patrimônio nacional vai ser

bem menos voraz do que o foi na Argentina, que viu boa parte de suas mais

sólidas estatais pulverizarem-se em bem menos de uma década.

Observador atento deste fenômeno, o procurador do Trabalho Helder

Santos Amorim lançou um livro intitulado “Terceirização no Serviço Público –

Uma análise à luz da nova hermenêutica constitucional, onde fala sobre as

faces da terceirização na administração pública, suas repercussões

institucionais e sociais e sua dimensão na atualidade. Tal livro é fruto de

dissertação de mestrado pela PUC do Rio de Janeiro.

Convém transcrever entrevista concedida pelo procurador ao Informativo “Treze em Ponto”, da Procuradoria-Regional do Trabalho da 3ª Região, em Minas Gerais:

“A obra refere-se ao fenômeno da “superterceirização” no serviço público. O que vem a ser?

A noção de superterceirização é referida pelo pesquisador da Unicamp, Marcio Pochmann, como o processo de invasão da terceirização nas atividades finalísticas das empresas privadas. Quando transferida para o espaço público, a superterceirização constitui ilícito administrativo, eis que implica a atribuição abusiva de competências públicas a agentes privados, em verdadeira desestatização sub-reptícia e democraticamente ilegítima de funções estatais, fragilizando a atuação do estado no exercício de suas responsabilidades.

Quais as repercussões da terceirização no serviço público?

No plano institucional, a terceirização dinamiza o movimento de desregulamentação institucional e de desprofissionalização do serviço público, liquidando funções e esgotando planos de carreiras indispensáveis ao

18exercício das responsabilidades estatais. No plano social, a terceirização no serviço público enseja a precarização das condições de trabalho, a fragilização da organização coletiva dos trabalhadores e a discriminação entre servidores públicos e terceirizados. A superterceirização coloca o Estado na rota da exploração desmedida da mão-de-obra privada flutuante, sob o mesmo regime de controle quantitativo que move a iniciativa privada na busca pelo absoluto domínio do capital sobre o trabalho, ao passo que seus próprios servidores, envolvidos nas mesmas atividades de finalidade social, gozam de maior segurança jurídica e social.

Quais os limites democráticos constitucionais da terceirização no serviço público brasileiro?

O que proponho na pesquisa é que a definição destes limites depende sempre de uma interpretação ponderada de todas as normas constitucionais atingidas pela prática da terceirização, tais como os princípios da eficiência administrativa e da impessoalidade, e particularmente o princípio da proteção social do trabalho, que exige a efetivação dos direitos fundamentais dos trabalhadores terceirizados. Uma interpretação com este perfil aponta para a legitimidade da terceirização estritamente em atividades auxiliares e instrumentais dos órgãos e entes públicos, como meio de viabilizar a focalização em suas competências essenciais com racionalização de recursos materiais e humanos. A conclusão mais interessante, no entanto, está em que esta legitimidade não se afere apenas pela natureza da atividade terceirizada, mas também pelo efetivo empenho das entidades envolvidas, tomadora e prestadora dos serviços, na efetivação dos direitos fundamentais dos trabalhadores durante a execução do contrato, cada uma delas no âmbito de suas responsabilidades.

Como o MPT e a Justiça do Trabalho podem enfrentar a terceirização em atividade-fim do ente público?

Embora a interpretação constitucional proposta dependa sempre das circunstâncias do caso concreto, ela direciona para a nulidade do contrato de terceirização firmado entre o Poder Público e o particular, com o reconhecimento de legitimidade dos vínculos de emprego mantidos entre o particular e seus empregados. Neste caso, estando resguardada alguma medida de impessoalidade pelo procedimento de licitação, torna-se inaplicável a solução que a jurisprudência dispensa às contratações diretas pelo

19Poder Público sem prévio concurso (Súmula 363 do TST). Em respeito aos direitos fundamentais dos trabalhadores, são devidas as verbas trabalhistas integrais, com responsabilidade patrimonial do Poder Público.” [Procuradoria Regional do Trabalho da Terceira Região]i

20

CAPÍTULO II

RESPONSABILIDADE

1.1 – A Responsabilidade civil

Responsabilidade civil, conforme nos ensina a boa doutrina, é a obrigação

de reparar o dano que uma pessoa causa a outra [2]. Em direito, a teoria da

responsabilidade civil procura determinar em que condições uma pessoa pode

ser considerada responsável pelo dano sofrido por outra pessoa e em que

medida está obrigada a repará-lo. A reparação do dano é feita por meio da

indenização, que é quase sempre pecuniária. O dano pode ser à integridade

física, aos sentimentos ou aos bens de uma pessoa.

Por outro lado, a responsabilidade subdivide-se em Responsabilidade

subjetiva e Responsabilidade objetiva.

A teoria clássica da responsabilidade civil aponta a culpa como o fundamento

da obrigação de reparar o dano. Conforme aquela teoria, não havendo culpa,

não há obrigação de reparar o dano, o que faz nascer a necessidade de

provar-se o nexo entre o dano e a culpa do agente.

Mais recentemente, porém, surgiu entre os juristas uma insatisfação com a

chamada teoria subjetiva (que exige a prova da culpa), vista como insuficiente

para cobrir todos os casos de reparação de danos: nem sempre o lesado

consegue provar a culpa do agente, seja por desigualdade econômica, seja por

cautela excessiva do juiz ao aferi-la, e como resultado muitas vezes a vítima

não é indenizada, apesar de haver sido lesada.[3] O direito passou então a

desenvolver teorias que prevêem o ressarcimento do dano, em alguns casos,

sem a necessidade de provar-se a culpa do agente que o causou. Esta forma

de responsabilidade civil, de que é exemplo o art. 21, XXIII, d, da constituição

federal do Brasil. [4], é chamada de teoria objetiva da responsabilidade civil ou

responsabilidade sem culpa. [5]

21Deve-se lembrar que a responsabiliade de que se trata é a

responsabilidade subsidiária, uma vez que no Direito do Trabalho podemos ter

também a responsabilidade solidária, que, obviamente, não é o caso em

questão.

A ausência de legislação versando sobre o tema nas relações de trabalho,

qual seja, a responsabilidade subsidiária do tomador de seviço na terceirização

tem levado o judiciário a pronunciar-se sobre o assunto, naturalmente, sempre

que provocado. Os pronunciamentos conseqüentemente, não apontam na

mesma direção, surgindo divergência de posicionamento entre os julgados

pronunciados pelos mais diversos tribunais trabalhistas do país e mesmo

dentro de um mesmo tribunal.

Com efeito, a súmula 331, seria uma resposta do C. TST a tal ausência de

legislação, bem como ao verdadeiro choque de pronunciamentos no judiciário

trabalhista. A súmula trouxe consigo também incertezas. Se em relação aos

entes da inicativa privada já se tem como certo a responsabilidade subsidiária

do tomador de serviço na terceirização, frente aos entes estatais, tal dúvida é,

ainda, recorrente. Note-se que a inexistência de vínculo com a administração

pública no caso sob análise (contratação sem concurso público de provas ou

provas e títulos) é inquestionável, ante a própria meridiana clareza do art. 37, II

da CF/88. O pomo-de-adão é a possibilidade de respondabilidade dos entes

estatais frente aos créditos oriundos do contrato de trabalho, em havendo

inadimplemento da obrigações trabalhistas por parte da empresa prestadora de

serviço.

1.2 – A Responsabilidade nas Relações de Trabalho

Ao se falar em responsabilidade nas relações de trablho, temos que nos

socorre da fonte maior do ramo do Direto que irriga essa seara. Com efeito, é a

CLT que nos vai dar o norte da responsabilidade quando das relações de

trabalho. Nela está preconizada, em no artigo 2º, § 2, a responsabilidade

solidária: “sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora cada uma delas,

personalidade jurídica própria , estiverm sob a direção, controle ou

22administração de outra, cinstituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer

outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego,

solidariamente responsáveis a empresa principao e cada uma das

subordinadas.”

A responsabilidade solidária é prevista em lei e, naturalmente por suas

características, bem como pela prórpria vedação do artigo 37 da Constituição

Federal, não poderia atingis os entes da administração pública.

Por outro lado, por construção lógica, antes de ser solidária, o instituto em

análise é responsabilidade. Assim, também do ponto de vista sociológico, não

se pode deixar de analisar a responsabilidade como instrumento da própria

construção da vida em sociedade. Sua negação somente poderia ser

contemplada em uma vida isolada em uma ilha. Com efeito, se todos aqueles

que partilham da sociedade se obrigam à responsabilidade, parece incoerente

– ou até mesmo arbitrário – que se alegue o princípio da supremacia do

interesse público (quando na verdade seria o princípio do interesse estatal, e a

partir dái, perigosamente, pode-se descambar para qualquer outra forma de

arbítrio) sobre o privado para que se possibilite aos entes estatais se

subtrairem à responsabilidade de seus atos na relações de trabalho, ainda que

indiretamente.

Muito embora,a o meno no qu diz respeito à Primeira Região, a corrente

que reconhece a responsabilidade subsidiária dos entes estatais na

terceirização seja inegavelmente majoritária, aínda há uma parcela que resiste

a tal posicionamento.

23

CAPÍTULO III

JULGADOS E POSICIONAMENTOS

Numerosos são os feitos que tramitam perante a Justiça do Trabalho em

que se discute a questão da responsabilidade dos tomadores de serviços nos

contratos de prestação de serviços terceirizados. Quando é o poder público

que assume esta posição, a questão atrai uma análise bem mais detida.

Segundo o Enunciado 331, inc. IV do Tribunal Superior do Trabalho:

“IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do

empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos

serviços, quanto àquelas obrigações, inclusive quanto aos órgãos da

administração direta, das autarquias, das fundações públicas, das

empresas públicas e das sociedades de economia mista, desde que

hajam participado da relação processual e constem também do título

executivo judicial (art. 71 da Lei nº 8.666, de 21.06.1993).”

Em razão deste verbete a responsabilização dos tomadores de serviço é

tida pela Justiça Especializada como pacífica, de modo a inviabilizar, segundo

a maioria dos julgados, o processamento do recurso de revista e de embargos

em função de outro Enunciado, o de número 333, que prevê:

“Não ensejam recursos de revista ou de embargos decisões superadas

por iterativa, notória e atual jurisprudência do Tribunal Superior do

Trabalho.”

Em vista disso, a questão resta verdadeiramente engessada, já que se

impõe de forma automática aos entes públicos o dever de adimplir

subsidiariamente as verbas trabalhistas reivindicadas pelo trabalhador e não

pagas pela empresa prestadora de serviços. [6]

A partir de uma pesquisa junto às dez turmas que compõe o E Tribunal

Regional do Trabalho da Primeira Regiãl, cuja sede localiza-se nesta cidade,

constatou-se que em 70% delas o posicionamento majoritário é pelo

24reconhecimento da responsabilidade subsidiária dos entes da administração

pública na terceirização. Tal fato aponta para uma sólida tendência de o E.

Tribunal acompanhar o entendimento do Colendo Tribunal Superior do

Trabalho, esposado na Súmula 331.

Todavia, os que se colocam na contra-mão de tal tendência, afirmam

peremptoriamente que “o tema não é tão simples e merece um exame mais

aprofundado à luz do ordenamento jurídico vigente, adiantando-nos em dizer

que o Estado não pode ser responsabilizado pelos débitos trabalhistas das

prestadoras de serviço com as quais contrata.” [6] E fincam as raízes de seu

posicionamento, mormente no Art. 71, § 1º da Lei 8.666/93. Fazem parte deste

time figuras como a Dra. Gisele Hatschbach Bittencourt, Advogada da União e

Especialista em Direito Processual (1996) e em Direito Público (2001) pelo

Instituto Brasileiro de Estudos Jurídicos (IBEJ). E, a este soldo, afirmou em seu

artigo na página http://jusvi.com/artigos/25031, que a legislação vigente no país

a respeito da responsabilização da Administração Pública quanto aos encargos

trabalhistas, fiscais e previdenciários é representada pelo art. 71, §§ 1º e 2º da

Lei de Licitações, com a redação que lhe deu a Lei 9.032, de 28.04.95, que

preceituam:

Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas,

previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do

contrato.

§ 1º. A inadimplência do contratado com referência aos encargos

trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Administração Pública a

responsabilização por seu pagamento, nem poderá onerar o objeto do

contrato ou restringir a regularização e o uso das obras e edificações,

inclusive perante o Registro de Imóveis.

§ 2º. A Administração Pública responde solidariamente com o contratado

pelos encargos previdenciários resultantes da execução do contrato, nos

termos do art. 31 da Lei 8.212, de 24 de julho de 1991.

Muito embora o disposto no § 1º. transcrito, a quase totalidade das

decisões encontradas nas instâncias do Judiciário Trabalhista não o aplicam,

impondo a responsabilidade subsidiária aos entes públicos com fundamento no

25Enunciado 331, inc. IV do Tribunal Superior do Trabalho, ao qual se atribui

força de lei.

Segundo Marçal Justen Filho, comentando o Art. 71 da Lei 8.666/93, “A

Administração Pública não se transforma em devedora solidária ou subsidiária

perante os credores do contratado. Mesmo quando as dívidas se originarem de

operação necessária à execução do contrato, o contratado permanecerá como

único devedor perante terceiros.”

Marcos Jurena Villela Souto chega a afirmar que o Enunciado 331,

inciso IV do TST trata de “relação regida pelo Direito do Trabalho e, por óbvio,

no âmbito do Direito Administrativo não se busca contornar nenhum direito de

servidor celetista (já que seu vínculo com os servidores é estatutário). Finaliza

argumentando que “não cabe acionar o Estado na Justiça do Trabalho nem,

muito menos, condená-lo por responsabilidade subsidiária (como pretendeu o

Enunciado n° 331-TST).”

Alega, ainda a citada operadora do Direito a supremacia do interesse

público frente ao interesse particular para sustentar seu posicionamento. No

mesmo sentido,ela assim afirma: “Não olvidamos que o trabalho de qualquer

ser humano assume grandiosa importância a ponto de o legislador

constitucional estabelecer como um dos fundamentos da República Federativa

do Brasil “os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.

Porém, se de um lado está o interesse particular de um trabalhador ou grupo

de trabalhadores, do outro está o interesse da coletividade, que não pode

ceder. O princípio protetor do Direito do Trabalho não pode se sobrepor aos

princípios da legalidade e do interesse público.

Ensina Celso Antônio Bandeira de Mello que o interesse público “deve

ser conceituado como o interesse resultante do conjunto dos interesses que os

indivíduos pessoalmente têm quando considerados em sua qualidade de

membros da Sociedade e pelo simples fato de o serem. Adiante, defende que

“a noção de interesse público, ... impede que se incida no equívoco muito grave

de supor que o interesse público é exclusivamente um interesse do Estado, ...”

Também, para Marcus Vinicius Corrêa Bittencourt “O princípio da

supremacia do interesse público atribui um status especial ao Estado frente ao

26particular. Essa peculiar posição deriva da necessidade de proteger os

interesses públicos, conferindo certas prerrogativas no ordenamento jurídico

como, por exemplo, presunção de legitimidade e veracidade dos atos

administrativos, (...)”.

De acordo com Murilo de Mederios , “O princípio da supremacia do

interesse público sobre o privado proclama a superioridade do interesse da

coletividade, firmando a prevalência dele sobre o do particular, como condição,

até mesmo, da sobrevivência e asseguramento deste último, sendo

pressuposto de uma ordem social estável. O princípio da indisponibilidade, pela

Administração, dos interesses públicos, significa que sendo interesses

qualificados como próprios da coletividade não se encontra à livre disposição

de quem quer que seja, por inapropriáveis.[7]

Em contraposição aos entendimentos anteriores, Humberto Bergmann

Ávila questiona a respeito da existência de fundamento constitucional de

validade do princípio da supremacia do interesse público sobre o privado,

entendendo que toda a Constituição volta-se à proteção precípua dos

interesses dos indivíduos.

Na mesma esteira, Gustavo Binenbojm, conclui que “A Lei Maior é

orientada sob o influxo do princípio da dignidade da pessoa humana, do que

deflui a necessidade de estabelecer-se proteção ao interesse do indivíduo

quando ameaçado frente aos interesses gerais da coletividade promovidos pelo

Estado. Em uma de suas dimensões – talvez a mais importante - , o princípio

da dignidade da pessoa humana, proclamado como um dos fundamentos da

República Federativa do Brasil pelo art. 1º , inciso III, da Constituição Federal,

significa que a pessoa humana é o fim, sendo o Estado não mais que um

instrumento para a garantia e promoção dos seus direitos fundamentais.”

Adiante, complementa que “a proteção, embora parcial, de um interesse

privado constitucionalmente consagrado pode representar, da mesma forma, a

realização de um interesse público. Ao contrário do que se costuma apregoar,

a satisfação de um pode representar, igualmente, a promoção de outro.”

Avançando em seu argumento, a Dra. Gisele Hatschbach Bittencourt

afirma que, muito embora estes posicionamentos, defende que há, realmente,

27nesse caso, uma efetiva supremacia dos interesses coletivos e não pode toda

a coletividade ceder frente a um interesse privado.

Segundo a Dra. Gisele Hatschbach Bittencourt, o confronto dá-se entre a

jurisprudência (fonte mediata do Direito) e a legislação (fonte imediata do

Direito). A partir de tal prisma sua alegação ganha os seguintes contornos: “ o

fundamento utilizado pela Justiça do Trabalho para reconhecer a

responsabilidade subsidiária do poder público tomador de serviço, que é o

Enunciado 331, inc. IV do TST, constitui-se em construção jurisprudencial

trazida pela Resolução do C. TST nº 96/2000, publicada no DOU de

18.09.2000. Como tal, traduz-se em fonte indireta ou mediata do direito, no

mesmo patamar da doutrina, sendo incapaz de gerar regra jurídica, de modo

que o entendimento baseado naquele Enunciado, a nosso ver, representa

julgamento contra legem. E a norma que consideramos afrontada é justamente

o Art. 71, § 1º da Lei de Licitações (Lei nº 8.666/93).

Num país como o Brasil, filiado ao sistema romanista de Direito em que

seus operadores, com tendência racionalista, costumam priorizar as normas

jurídicas, causa-nos certa estranheza a validade da aplicação de Enunciados

(jurisprudência) em detrimento das fontes formais e materiais do direito (lei),

mormente quando em torno destas não houve qualquer pronunciamento do

Supremo Tribunal Federal declarando a sua inconstitucionalidade.

Na análise daqueles que se filiam à corrente minoritária, qual seja, aquela

não reconhece a responsabilidade subsidiária dos entes da administração

pública na terceirização, o que se teria é uma súmula prevalecendo sobre um

dispositivo legal não declarado inconstitucional. Os julgados trabalhistas

aplicam o Enunciado 331, inciso IV do TST para fundamentar a imposição da

responsabilidade subsidiária ao ente público sem antes promover o controle

difuso da constitucionalidade em torno do Art. 71, § 1º da Lei 8.666/93.

Na visão dos legalistas, a responsabilidade subsidiária tal como vem

sendo imposta ao ente público traduz-se em verdadeira criação, por Poder não

legitimado a tal, de uma nova ordem jurídica. Cabe, exclusivamente ao Poder

Legislativo este mister. A atividade de uniformização da jurisprudência não

pode contrariar a lei sob pena de usurpação da função legislativa, em ofensa

28ao princípio da separação dos poderes, previsto no art. 2º da CF/88.

Em nível infraconstitucional, a responsabilidade subsidiária representa

uma modalidade mais branda da responsabilidade solidária, que só pode ter

assento na lei e na vontade das partes, nos termos do art. 265 do Código Civil,

que estabelece “A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade

das partes”, podendo-se ainda fazer uma referência constitucional ao art. 5º,

inc. II da CF/88, pelo qual “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer

alguma coisa senão em virtude de lei”. A partir daí, concluem os defensores

dessa corrente que a responsabilidade subsidiária imposta pelo Judiciário

Trabalhista carece de previsão legal.

A lógica dessa corrente baseia-se no fato de que a terceirização de

serviços promovida pela Administração Pública, uma vez que legitimada pela

ordem jurídica, representa um verdadeiro exercício regular de direito. Sendo

assim, não há como o poder público sofrer uma condenação em vista da

prática autorizada da contratação de serviços. Uma vez que a própria lei

admitiu a possibilidade de terceirização pelo Estado, torna-se incompatível a

condenação ao pagamento de verbas não adimplidas pela empresa

terceirizada. É algo que, embora lícito, volta-se contra o próprio Estado. E o

que é pior, implica em violação dos princípios do contraditório e da ampla

defesa, previstos no art. 5º, inc. LV da CF/88, haja vista que se nega à

Administração o direito de se opor às argumentações trazidas pelo empregado

autor da demanda.

Para ela, a imputação da responsabilidade subsidiária aos entes

públicos, a jurisprudência parte da premissa que a Administração se locupletou

ilicitamente com o não cumprimento das obrigações trabalhistas por parte da

contratada. Porém, não é esta a situação quando a prestação de serviços se

dá em favor do Poder Público, haja vista gozar de presunção de legitimidade

dos seus atos.

Por isso, advogam que deveria a interpretação do Enunciado 331 do

TST indicar como excluída da responsabilidade subsidiária a Administração

Pública. No seu entender, o contrato de prestação de serviços que celebram

entre si os entes públicos e as empresas prestadoras de serviços goza de

29presunção de legitimidade. Conforme ensina Marcus Vinicius Corrêa

Bittencourt11 “Tal atributo, presente em todos os atos administrativos, confere

maior segurança jurídica para a condução da atividade administrativa para que

sejam cumpridos os fins previstos em lei. Como conseqüência desta qualidade,

enquanto não for atestado vício em algum requisito do ato, este continuará

produzindo efeitos jurídicos como se válido fosse.”

Com base nisso, a contratação efetuada pelo Estado haverá de ser tida, num

primeiro momento, como regular.

Não é o que ocorre na pratica do judiciário trabalhista, pois a quase

totalidade das decisões judiciais empregam a culpa in eligendo. Com toda

razão, uma vez que pela má escolha na contratação, tem o ente público de

arcar com as obrigações trabalhistas inadimplidas pela prestadora de serviço.

Assim, expressão culpa in eligendo é por mais que própria, eis que a escolha

apesar do obrigatório processo de licitação (art. 37, XXI da CF/88), não se

pode dizer que não há nela um espaço para a ética e a discricionariedade.

Embora não seja um escolha totalmente livre – como evidentemente não

poderia ser, em se tratando de administração pública - há sempre uma

margem de escolha. Caso prevalecesse entendimento em contrário, fácil ficaria

para qualquer administrador público desonesto – o que não é raro ao sul do

equador – alegar a falta de liberdade na escolha para furtar-se à

responsabilidade por tal. E nem se diga que somente a questão do melhor

proposta financeira é sempre a considerada.

Afirma Marcus Vinicius Corrêa Bitttencourt que “Não é permitido ao

Estado livremente contratar, seja para a execução de obras e serviços, seja

para adquirir e alienar bens; e o regime jurídico-administrativo determina a

necessidade de previamente ocorrer um processo previsto em lei, chamado

licitação, para escolher com quem o Pode Público irá contratar. Esquece ele

que, na prática, verificando o administrador a idoneidade do contratante, não

está obrigado a celebrar tal contrato, aliás, está impedido. E mesmo se, no

curso de um contrato de prestação de serviços, o administrador público tiver o

cuidado, o zelo mínimo de verificar o cumprimento das obrigações trabalhistas

por parte da contratada, muito poderá poupar ao erário, pois a constatação de

30qualquer irregularidade bastaria para sustar o repasse de valores à

terceirizada. Vê-se que é uma simples questão prática que, como quase

sempre, torna-se de difícil alcance para os teóricos.

Ainda que se aleguem as palavras do grande administrativista, Hely

Lopes Meirelles, que leciona ser princípio de toda licitação que seu julgamento

se apóie em fatores 'concretos' pedidos pela Administração, em confronto com

o ofertado pelos proponentes dentro do permitido no edital ou convite, na

prática, vê-se que todo esse arrazoado somente acaba acobertando a

irresponsabilidade ou mesmo o mau-caratismo do administrador público.

Ainda, pondere-se que ao vencedor da proposta mais vantajosa na

licitação prende-se a adjudicação compulsória, sendo isto suficiente para ter-se

como precário e incorreto o entendimento de que o ente público escolheu

empresa inidônea.

À luz do preceito inserto no art. 37, § 6º da CF, que prevê a

responsabilidade extracontratual do Estado, entendemos também pertinente a

apreciação do tema.

É de se observar que diversos julgados, para fundamentar a

responsabilidade subsidiária do Estado, apresentam ao mesmo tempo dois

fundamentos que se alinham e se complementam, que vêm a ser a culpa in

eligendo e a responsabilidade objetiva prevista no art. 37, § 6º da CF. A culpa

in eligendo, como a sua própria denominação está a indicar, baseia-se nos

elementos da culpa, ao passo que o art. 37, § 6º da CF prevê a

responsabilidade objetiva, na qual não se busca o elemento da culpa, apenas o

dano. A primeira é subjetiva, a segunda é objetiva.

Apontam os seguidores da corrente minoritária como objeção à adoção

do dispositivo constitucional a circunstância de que a contratação de serviços

terceirizados pela Administração faz surgir uma relação decorrente do contrato

(contratual, portanto) e não extracontratual e alegam, além do mais, que, ao se

aplicar a responsabilidade subsidiária aos entes públicos com base no art. 37,

§ 6º da CF/88, surge uma incompatibilidade, pois o dispositivo constitucional

adota a teoria do risco administrativo – isto é, admite a redução ou até exclusão

da responsabilidade – ao passo que o Enunciado 331, IV do TST sequer

31confere tal oportunidade ao Estado, que fica impedido de se defender contra as

alegações do empregado, donde se conclui que à responsabilidade subsidiária

no campo trabalhista vem sendo dado o tratamento da teoria do risco integral.

A teoria do risco administrativo (art. 37, § 6º da CF/88) confere ao ente

público a oportunidade da prova da inexistência do fato, do dano e do nexo de

causalidade ou de que o mesmo tenha ocorrido em razão de força maior ou

culpa exclusiva da vítima, atenuando ou até excluindo a responsabilidade.

Para eles, seguidores da corrente minoritária, a hipótese prevista no art.

37, § 6º da CF/88 é totalmente diversa daquela assentada no Enunciado 331

do TST, até porque ausente o nexo de causalidade, pressuposto inafastável

para a responsabilidade objetiva. Na responsabilidade subsidiária, não há o

nexo causal entre o prejuízo sofrido pelo trabalhador e qualquer conduta do

Estado.

Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade afirmam que a

Constituição Federal, em seu artigo 37, § 6º estabelece regime único da

responsabilidade civil da administração pública, que é objetiva pelo risco, quer

se trate de conduta comissiva ou omissiva do agente ou servidor.”

Acrescentam que “Para que a administração pública tenha o dever de indenizar

devem estar presentes os seguintes requisitos: a) existência de dano

patrimonial e/ou moral sofrido pelo administrado; b) conduta comissiva ou

omissiva do agente ou servidor; c) nexo de causalidade entre o dano e a

conduta (omissiva ou comissiva) do agente ou servidor.”

Assim, afirmam que se vê pela ótica do art. 37, § 6º da CF que falta ao Estado,

quando lhe é imposta a responsabilidade subsidiária pelas verbas trabalhistas,

o elemento do nexo causal. Não há como imputar ao ente público uma conduta

comissiva ou omissiva quando o fato que gerou o dano ao empregado foi

causado pelo seu empregador, a prestadora de serviço.

Com o intuito de tornar claras as considerações, exemplificam que com

base numa situação hipotética em que um empregado postule reparação por

dano moral decorrente de agressões verbais sofridas por superior inserido no

quadro funcional da empresa prestadora de serviço, sua empregadora.

Acolhida a pretensão e não paga pela mencionada empresa, acaba o Estado

32sendo subsidiariamente responsabilizado por dita reparação, sem que tenha

praticado qualquer ato e sendo evidente a ausência do nexo causal e,

relembre-se, sem lhe ser dada a oportunidade para que possa reduzir ou

excluir sua responsabilidade.”

Construtores do Direito como a Dra. Gisele Hatschbach Bittencourt

parecem estar bem longe da realidade da maioria esmagadora dos

trabalhadores brasileiros, do exército de assalariados. Transitam eles pelo

outro lado do muro de exclusão, do muro da vergonhosa miséria que

enclausura a massa de nossos trabalhadores. Assim, teorizam comodamente –

até com certo brilhantismo – sobre supremacia do Estado, do interesse coletivo

(coletivo, que certamente exclui, como diria Herbert Viana, a nossa imensa

massa de iletrados) frente ao particular. Desconhecem esses brilhantes o

mundo real, onde existem meninos mal-cheirosos a espreitar os condutores de

carros elegantes. Naquele mundo fabuloso, o Estado é, realmente, a

materialização última da vontade da esmagadora maioria e não um instrumento

ineficiente para dar saúde e educação ao povo.

Assim, todo o brilhantismo acadêmico-teórico do trabalho daqueles

autores, tem sido suplantado pela percepção da realidade por aqueles

magistrados mais afinados com o mundo real, por onde transitam os milhões

de trabalhadores do Brasil. Com efeito, o judiciário nacional, em sua maior

parte, tem reconhecido a responsabilidade subsidiária dos entes da

administração pública na terceirização.

É claro que esta controvertida questão tem chegado às mais altas corte

judiciárias do país. Um exemplo bem ilustrativo disso é a ação direta de

constitucionalidade do art. 71, § 1° da Lei 8.666/92 proposta pelo governo

Distrito Federal

ADC e Art. 71, § 1º, da Lei 8.666/93 - 1

O Tribunal iniciou julgamento de ação declaratória de constitucionalidade movida pelo Governador do Distrito Federal, em que se objetiva a declaração de que o art. 71, § 1º, da Lei 8.666/93 é válido segundo a CF/88 (Lei 8.666/93: "Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais

33resultantes da execução do contrato. § 1° A inadimplência do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a regularização e o uso das obras e edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis."). O Min. Cezar Peluso, relator, julgou o autor carecedor da ação, por falta de interesse objetivo de agir, e indeferiu a petição inicial, levando em conta não ter sido demonstrada a existência de controvérsia judicial relevante sobre a legitimidade constitucional da norma, nos termos do art. 14, III, da Lei 9.868/99. No ponto, ressaltou que o autor limitou-se a juntar cópias de 3 decisões de Tribunais Regionais do Trabalho que não versaram questão de inconstitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei 8.666/93, em se tendo adstrito a afastar a orientação do TST, firmada no item IV do seu Enunciado 331 ["O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços, quanto àquelas obrigações, inclusive quanto aos órgãos da administração direta, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista, desde que hajam participado da relação processual e constem também do título executivo judicial (art. 71 da Lei nº 8.666, de 21.06.1993)."]. ADC 16/DF, rel. Min. Cezar Peluso, 10.9.2008. (ADC-16)

ADC e Art. 71, § 1º, da Lei 8.666/93 - 2

Em divergência, o Min. Marco Aurélio admitiu a ação, por reputar demonstrado o aludido requisito. Ressaltou, de início, 3 aspectos, no sentido de: 1) dever-se encarar de

34forma relativa o que contido na Lei 9.868/99, no que exige a demonstração inequívoca de controvérsia judicial, pois a ADC é "irmã gêmea" da ADI; 2) atentar-se para a multiplicação de conflitos de interesses envolvendo a matéria, os quais, tendo em conta em si a interpretação da CLT, não chegam, na maioria das vezes, ao STF; 3) ter-se, na espécie, uma declaração branca de inconstitucionalidade da Lei 8.666/93. Realçou o afastamento de preceito legal por verbete de súmula do TST, a mercê de uma interpretação toda própria, ampliativa, da solidariedade prevista no § 2º do art. 2º da CLT. Em seguida, após registrar que várias entidades da federação articularam como terceiros no processo, considerou não ser possível ser tão ortodoxo nessa matéria, sob pena de se perpetuar, haja vista a inadmissibilidade da ADI contra o verbete do TST, essa extravagante situação, em que se tem, pelo menos, um conflito aparente entre a CLT e a Lei de Licitações. Aduziu, por fim, que se a jurisprudência fosse pacífica no sentido da responsabilidade, não teria o TST editado o verbete, e asseverou que, quando da edição deste, implicitamente se projetou, para o campo da inconstitucionalidade, o que disposto no art. 71, § 1º, da Lei 8.666/93. Após, pediu vista dos autos o Min. Menezes Direito. ADC 16/DF, rel. Min. Cezar Peluso, 10.9.2008. (ADC-16)

O governador do Distrito Federal interpôs ação declaratória de constitucionalidade - ADC, com pedido de liminar, em relação ao art. 71, § 1º, da Lei nº. 8.666/93 (Lei de Licitações):

Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato.

§ 1º A inadimplência do contratado com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a regularização e o uso das obras e edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis.

Isto porque, supostamente, vários órgãos do Poder Judiciário negam a vigência deste dispositivo, aplicando o item IV do enunciado da súmula n°. 331 do Tribunal Superior do Trabalho, aparentemente contrário ao artigo supramencionado, cuja redação é a seguinte:

35Súmula n°. 331 (...)

IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica na responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços, quanto àquelas obrigações, inclusive quando aos órgãos da administração direta, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista, desde que hajam participado da relação processual e constem também do título executivo judicial (artigo 71 da Lei nº 8.666/93).

Por fim, o governador sustenta que o entendimento do TST, traduzido pela supracitada súmula, era uma ofensa "aos princípios da legalidade, da liberdade, o princípio da ampla acessibilidade nas licitações públicas e o princípio da responsabilidade do Estado por meio do risco administrativo (arts. 5º, inciso II, e 37, caput, inciso XXI, e § 6º, da Constituição Federal".

Contudo, indevida a utilização da ação declaratória de constitucionalidade, vez que o governador pretendia, em verdade, ver afastada a aplicabilidade do enunciado do TST, não comprovando a real controvérsia jurisprudencial. O ministro César Peluso entendeu, por esta razão, que ausente o interesse de agir em sede de controle concentrado de constitucionalidade. Ademais, afirmou que a petição inicial seria inepta porque foram juntados três acórdãos que afastavam o enunciado nº 331 do TST, mas sem fazer qualquer menção ao parágrafo 1º do artigo 71 da Lei n°. 8666/93.

Quanto ao mérito, a Lei de Licitações dispõe que será de inteira responsabilidade da empresa os encargos trabalhistas e que a responsabilidade não poderá ser transmitida à Administração Pública.

Todavia, o Tribunal Superior do Trabalho, ao julgar diversas ações que versavam sobre a inadimplência da empresa terceirizada, concedeu ao parágrafo 1º do artigo 71 da Lei n°. 8666/93 uma nova interpretação, qual seja a de que a Administração Pública responderia subsidiariamente no caso do inadimplemento das obrigações trabalhista por parte do empregador, garantindo ao empregado, enquanto "hipossuficiente" na relação trabalhista, o ressarcimento financeiro pelo serviço prestado.

36Para embasar referido posicionamento, aplica-se o artigo 2º, § 2°, da Consolidação das Leis Trabalhistas - CLT, in verbis:

Art. 2º (...)

§ 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.

Desta feita, não estaria transmitindo a responsabilidade à Administração, mas sim compartilhando, pois conforme a jurisprudência do TST, "a responsabilidade subsidiária decorre da culpa in vigilando e in eligendo e só alcançará o ente público caso a empresa interposta não tenha bens ou ativos financeiros capazes de solver a dívida trabalhista. Recurso patronal a que se nega provimento, no particular." (TRT23. RO - 00778.2007.002.23.00-0. Publicado em: 27/05/08. 1ª Turma. Relator: JUÍZA CONVOCADA ROSANA CALDAS)

Nesse sentido:

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. LIMITAÇÃO PELA NATUREZA DAS PARCELAS. IMPOSSIBILIDADE. A Súmula n. 331 do col. TST, em seu item IV, sinaliza às empresas contratantes que tenham mais cautela ao contratar, buscando empresas idôneas, sob pena de virem a arcar com o pagamento das verbas trabalhistas devidas pelo contratado inadimplente. O entendimento jurisprudencial não excepcionou quaisquer verbas da responsabilidade subsidiária, pelo que inadimplidas pelo prestador de serviços, quer sejam indenizatórias, quer sejam salariais ou multas, responderá aquele que se beneficiou do labor. Dá-se provimento ao recurso ordinário obreiro para estender a responsabilidade subsidiária da tomadora dos serviços às multas convencionais e dos arts. 467 e 477 da CLT, negando ao apelo da FUFMT que pleiteava a exclusão da multa de 40% sobre o FGTS. (TRT23. RO - 00565.2007.003.23.00-5. Publicado em: 27/05/08. 1ª Turma. Relator: DESEMBARGADOR ROBERTO BENATAR)

37TERCEIRIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA TOMADORA DOS SERVIÇOS. NÃO CONHECIMENTO. APLICAÇÃO DO ART. 557 DO CPC. A pretensão recursal da União, de obter a exclusão de sua responsabilidade subsidiária no pagamento das verbas deferidas na sentença, está em manifesto confronto com o comando contido no item IV da Súmula n. 331 do c. TST e, por esta razão, o prosseguimento do recurso, para fins de análise de argumentos meramente repetitivos, deve ser interceptado na admissibilidade do Juízo ad quem. Adequação da sistemática prevista no caput do art. 557 do CPC ao dever de celeridade na tramitação do processo (art. 5º, LXXVIII, da CR/88). (TRT23. RO - 00577.2007.007.23.00-5. Publicado em: 28/05/08. 1ª Turma. Relator: DESEMBARGADOR TARCÍSIO VALENTE)

Em seu voto, o ministro Marco Aurélio entendeu que, apesar da via eleita pelo governador não ser a mais correta, "considerou não ser possível ser tão ortodoxo nessa matéria, sob pena de se perpetuar, haja vista a inadmissibilidade da ADI contra o verbete do TST, essa extravagante situação, em que se tem, pelo menos, um conflito aparente entre a CLT e a Lei de Licitações". (Informativo STF N° 519) [8]

Outros operadores, felizmente poucos, também encontram, seja no

artigo 71, § 1°, da Lei 8.666, de 21.06.93, seja em outro diploma legal ou

construção jurídica, óbice ao reconhecimento da responsabilidade subsidiária

dos entes estatal na terceirização, como se pode observar no julgado do Exmo.

Senhor Desembargador José Luiz da Gama Lima Valentino, que ora se

transcreve:

RECURSO ORDINÁRIO

01178-2006-058-01-00-3

ACÓRDÃO

9ª TURMA

Entidade Estatal. Terceirização. Vedação de transferência de

responsabilidade. O art. 71, § 1°, da Lei 8.666, de 21.06.93, é expresso ao

vedar a responsabilidade direta ou indireta da Administração Pública no que

concerne aos encargos trabalhistas de empresas contratadas para prestação

de serviços, Nesse particular, a transferência de tal responsabilidade viola o

38art. 5° , II, da Constituição. Ademais a culpa não se presume – ela deve ser

cabalmente demonstrada.

O julgado acima espelha o pensamento de 20% das Turma doTribunal

Regional do Trabalho da Primeira Região, ao passo que o julgado abaixo, cuja

relatoria é da a Exma. Senhora Desembargador Maria José Aguiar Teixeira

Oliveira foi é Aguiar Teixeira Oliveira foi relatora, está em consonância com

80% das Turma daquele Tribunal.

RECURSO ORDINÁRIO

RO-00011-2007-203-01-00-4

ACÓRDÃO

8ª TURMA

Terceirização. Ente Público . Responsabilidade Subsidiária.

Em face da matriz filosófica tutiva peculiar à ordem trabalhista, aplica-se

à espécie a Sumula 331, IV do C. TST, pois se trata de preceito mais benéfico

ao trabalhador, impondo-se como garantia à satisfação de seus direitos.

Mais um julgado, desta feita, da relatoria do Exmo. Senhor

Desembargador Alexandre Teixeira de Freitas Bastos Cunha, lança luzes sobre

a questão da responsabilidade subsidiária:

RECURSO ORDINÁRIO

RO-00184-2006-044-01-00-0

ACÓRDÃO

7ª TURMA

Terceirização. Aplicação restrita. Valorização da pessoa humana.

TERCEIRIZAÇÃO LÍCITA. RESPONSABILIDADE. SÚMULA 331, DO

TST. A prestação de serviços através de interposta pessoa constitui-se em

exceção, apenas possível nas hipóteses previstas em lei, segundo proclama a

melhor doutrina. O tomador, ao escolher o caminho da terceirização, ainda

quando esta não viole as normas de tutela do trabalhador, deve diligenciar

quanto à idoneidade da empresa prestadora, pois, caso contrário, responderá

39pelos débitos contraídos pela contratada, ainda que indiretamente, por culpa in

eligiendo. Não há inconstitucionalidade na Súmula 331, do C.TST, que

consubstancia os princípios constitucionais fundamentais de valorização da

dignidade da pessoa humana e do valor social do trabalho (art. 3°, II e IV), bem

como a afirmação do conjunto de normas e princípios de tutela do trabalho

humano. O princípio da legalidade, contido no inciso II, do artigo 5° , da Carta

Magna, constitui defesa do cidadão contra o autoritarismo e o arbítrio. Não se

presta a servir como válvula de escape a quem não deseja limites jurídicos.

Ilustrando-se mais um pouco a predominância no Tribunal Regional do

Trabalho da Corrente que reconhece a responsabilidade subsidiária dos entes

da administração pública na terceirização, cita-se o julgado da relatoria do

Exmo. Senhor Desembargador Jorge Fernando Gonçalves da Fonte.

RECURSO ORDINÁRIO

RO-0000191-2004-040-1-00-5

ACÓRDÃO

3ª TURMA

Terceirização. Ente Público.

Convênio com associação de moradores. Responsabilidade subsidiária

reconhecida pelos absurdos praticados pelo ente público municipal, pois

utilizou mão-de-obra especializada (agente de saúde), por meio de convênio

com associação de moradores de comunidade carente que, por certo, não

tinha idoneidade financeira para suportar os direitos trabalhistas de todos os

profissionais envolvidos nesse programa, levando-se em conta, ainda, que a

atividade é considerada essencial e permanente em setor tão debilitado como o

da saúde, cujo dever de prestação adequada, pelo Poder Público, é o mínimo

que se pode esperar..[7]

Com os seus julgados, o Poder Judiciário Trabalhista, em corrente

inquestionavelmente majoritária, tem dado sua contribuição à idéia de justiça

e ao aprimoramento da democracia no Brasil, pois sem responsabilidade

não há liberdade e sem essa não pode haver democracia. O Estado não

pode alegar a supremacia do interesse público para eximir-se de suas

40responsabilidades sociais, sobretudo quando se encontra sob a égide de

uma Carta que preconiza em seus princípios a valorização do Trabalho.

41

CONCLUSÃO

A terceirização, em sua versão mais acabada, é um fenômeno

tributário do neoliberalismo que, com o advento da derrocada dos regimes ditos

socialistas do Leste da Europa, estabeleceu-se como marco final da História da

humanidade.

Partiu-se do princípio de que o reconhecimento da responsabilidade

subsidiária dos entes da administração pública na terceirização, muito embora

não seja um posicionamento monolítico do judiciário trabalhista, representa um

avanço na construção da democracia e da transparência do Estado.

Na terceirização, ocorre a intermediação da mão de obra, onde a

beneficiária direta do produto do trabalho é a tomadora do serviço, e a

terceirizada aluga essa força de trabalho, passando a funcionar como uma

verdadeira “atravessadora” da mão-de obra. Em seu bojo, a terceirização traz

toda uma gama de elementos que podem redundar na precarização do

trabalho.

No processo de produção e apropriação desse produto, o Estado

também participa direta ou indiretamente.

Por seu turno, as relações sociais estão embasadas na

responsabilidade que as pessoas naturais ou jurídicas devem assumir como

corolário de seus atos, sem o que se inviabilizaria, em última análise, a

existência da própria sociedade.

Na relação de terceirização envolvendo apenas entes da iniciativa

privada, já está pacificada em nossos tribunais a responsabilidade subsidiária

do tomador do serviço. Essa verdadeira evolução de posicionamento tem seu

marco decisório na Sumula 331, do C. TST.

Quando a terceirização envolve entes estatais, ainda existe uma

resistência de setores minoritários, sobretudo no segundo grau, ao

reconhecimento da responsabilidade subsidiária de tais entes.

O poder Judiciário tem fundamental papel no processo de

democratização e transparência do Estado.

42Conquanto expoentes da corrente minoritária ainda se debatam na

construção de argumentos que dêem sustentação à sua posição, nunca é

demais lembrar que o reconhecimento da responsabilidade subsidiária dos

entes estatais na terceirização abre o caminho para a responsabilização do

próprio do administrador público e é, sem sombra de dúvida, um instrumento

de construção da transparência e da ética no serviço público.

Os defensores da corrente que nega a possibilidade de

reconhecimento da responsabilidade dos entes da administração pública na

terceirização escoram-se, sobretudo, na Lei de Licitações, entendendo que ali

estaria a vedação legal para tal reconhecimento. A partir de tal raciocínio,

afirmam ter ocorrido verdadeiro extrapolamento quando da edição da Sumula

331 do C. TST, vez que esta disporia contra o texto da retrocitada Lei.

A prática da magistratura trabalhista tem tornado cada vez mais

evidente que os entes da administração pública devem ser responsabilizados

pelos débitos não quitados empresas terceirizadas que contratam com tais

entes. A principal fundamentação para tal tem sido o argumento de que tais

entes causam dano ao trabalhador – e neste ponto se socorre do Direito Civil –

ao operarem com culpa in vigilando e in eligendo, ou seja ao falharem no dever

de bem eleger seus contratante, escolhendo contratantes duvidosos e, mais

ainda, ao falharem no dever de vigiar seus contratantes quando do

cumprimento das obrigações trabalhistas de seus trabalhadores.

Para muitos, estaria ocorrendo verdadeiro choque entre fontes do

Direito.

Não podemos esquecer que o Direito, como toda ciência que se preza,

é vivo. E apropria lei, como construção do Direito sofre influência direta da

operação diuturna dos operadores do Direito. Dessa forma, cristaliza-se a

democracia e a construção do Estado de Direito, onde até mesmo – e

principalmente – o próprio Estado se submete à Lei.

43

ANEXOS

Anexo 1 >> Pesquisa de campo direta: foram consultadas diretamente as

turmas que compões o E. Tribunal Regional do Trabalho da Primeira Região,

tendo sido informado que apenas na 3ª e na 9ª a posição minoritária, qual

seja, a que não reconhece a responsabilidade subsidiária dos entes da

administração pública na terceirização consegue firmar-se.

44

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ALTHUSSER, Louis. Aparelho ideológico do Estado. Rio de Janeiro. 10ª

Edição.1988.

Constituição da República Federativa do Brasil. Serie Legislação Brasileira,

Editora Saraiva, 1988.

MURARO, Rose Marie, Malleus Maleficarum. Rio de Janeiro: Rosa dos

Tempos, 1990.

VIVEIROS, Luciano CLT 1000 Perguntas e Respostas. Rio de Janeiro: Ed.

Rio, 3ª Edição, 2008.

45

BIBLIOGRAFIA CITADA

1- Folha de S.Paulo -Publicado em 29/10/2007

2 - Revista Exame - Edição 766 Especial de 35. Aniversário, de 15/05/2002

3 - PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade Civil. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998. 1 – PAG.72.

4 - PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade Civil. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998. – PAG. 14 5 - Constituição da República Federativa do Brasil, art. 21, XXIII, d: "a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa". 6 - http://pt.wikipedia.org/wiki/Responsabilidade_civil 7 - http://jusvi.com/artigos/25031

8 - Informativo STF nº 519, Brasília, 8 a 12 de setembro de 2008.

46

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - O Fenômeno Terceirização 10

1.1 - Conceituação 10

1.2 – Evolução Histórica 12

1.3 – Riscos da Terceirização 14

1.4 – Precarização do Trabalho 15

1.5 – Terceirização do Serviço 16

Público

CAPÍTULO II - A Responsabilidade 20

1.1 – A Responsabilidade Civil 20

1.2 – A Responsabilidade nas 21

Relações de Trabalho

CAPÍTULO III – Julgados e Posicionamentos 23

CONCLUSÃO 41

ANEXOS 43 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 44

BIBLIOGRAFIA CITADA 45

ÍNDICE 46

47FOLHA DE AVALIAÇÃO 48

48

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Instituto A Vez do Mestre

Título da Monografia: A Responsabilidade Subsidiária dos Entes da

Administração Pública na Terceirização

Autor: Willians Faustino de Alvarenga

Data da entrega: 26 e setembro de 2009

Avaliado por: Conceito: