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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSUPROJETO VEZ DO MESTRE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO Por: Cláudia Ferreira de Mendonça Orientadora Prof. Mary Sue Pereira RIO DE JANEIRO 2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

Por: Cláudia Ferreira de Mendonça

Orientadora Prof. Mary Sue Pereira

RIO DE JANEIRO 2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

Por: Cláudia Ferreira de Mendonça

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como condição previa para a conclusão do curso de Pós-Graduação “Latu Sensu” em Gestão de Recursos Humanos

RIO DE JANEIRO 2004

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a DEUS e ao meu marido Julio que sempre esteve ao meu lado e sempre acreditando no meu potencial.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho ao meu marido Julio e ao meu filho William, de três meses, pela felicidade e a alegria que eles me proporcionam.

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RESUMO

O tema do presente estudo refere-se à abordagem ergonômica como base para a promoção da melhoria do trabalho e produtividade. Buscou-se aqui estudar os diversos fatores pertinentes ao trabalho e sua relação com a saúde e bem estar dos trabalhadores, dentro de um processo no qual as contribuições da ergonomia possam direcionar a melhoria das condições de trabalho, e conseqüentemente, a produtividade. O entendimento sobre o trabalho e as formas de organização do mesmo foi importante para conhecer como as condicionantes físicas, organizacionais, tecnológicas e do próprio trabalho têm implicações sobre a qualidade de vida no trabalho, stress e desempenho.

Palavras chaves: LER/DOR, Ginástica Laboral.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada para o desenvolvimento deste trabalho foi uma ampla pesquisa bibliográfica e observação de profissionais, bem como suas atitudes e reações.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 9

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E QUALIDADE DE VIDA:

UMA PROPOSTA INTEGRADA 9

CAPÍTULO II 20

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO COM ENFOQUE NA

PREVENÇAO DA LER/DORT 20

CONCLUSÃO 41

BIBLIOGRAFIA 43

ÍNDICE 46

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INTRODUÇÃO

A qualidade de vida é a percepção de bem-estar quanto às expectativas de

satisfação das necessidades e do estado de motivação. Há algum tempo, a

qualidade de vida deixou de ser associada apenas à prática de exercícios físicos

ou considerada um sonho pessoal. O problema é que algumas organizações não

sabem como estruturar uma política sólida e investem em ações que não

garantem retorno.

A qualidade de vida no trabalho pode representar para as empresas, o

resgate da valorização e da humanização da pessoa no trabalho, integrando todo

os fatores críticos determinantes de uma boa gestão de pessoas. Esses fatores

críticos são os valores e a política de qualidade de vida, a produtividade, a

legitimidade, a liderança, a cultura organizacional e a rede de competências dos

especialistas internos e externos à empresa, que são capazes de oferecer

produtos e serviços que geram o bem estar.

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CAPÍTULO I

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E QUALIDADE DE

VIDA: UMA PROPOSTA INTEGRADORA

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QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

A qualidade de vida no trabalho (QVT) é uma linha de pesquisa

comportamental, já consideravelmente desenvolvida, cujo foco central de

investigação visa tratar especificamente dos aspectos lidados ao bem-estar das

pessoas em situação de trabalho.

O tema Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) vem ganhando, a cada dia,

mais destaque nas publicações sobre Administração e Psicologia do Trabalho, a

nível mundial e, mais recentemente, no Brasil, com um grande avanço após a

divulgação das modernas técnicas administrativas, utilizadas principalmente no

Japão, voltadas para o alcance da Qualidade Total.

Quirino e Xavier (1987), destacados pesquisadores brasileiros sobre QVT,

consideram que, só recentemente, a abordagem da Qualidade de Vida (QV), tem

sido aplicada à situação de trabalho. Segundo eles, “...ela tem representado, na

literatura de organizações e de recursos humanos, o aspecto globalizante do que

antes era abordado através de estudos de motivação, de fatores ambientais,

ergonômicos e de satisfação no trabalho”(p.72).

As diversas abordagens teóricas sobre QVT denotam uma preocupação

marcante com os aspectos internos da organização, particularmente, com o

desenho do cargo e as condições físicas do ambiente de trabalho. Neste contexto,

o homem tende a ser enfocado apenas como um ser produtivo, sendo deixado de

lado o ser humano total, que interage não só com o ambiente organizacional mas,

principalmente, com o ambiente externo que abrange, entre outros aspectos, a

família, os amigos, e as atividades de cultura, lazer e religião.

As atuais tendências da Administração de Recursos Humanos nos levam a

refletir sobre a pertinência de agregar à concepção atual de QVT, uma abordagem

mais ampla, com uma visão integradora dos ambientes interno e externo da

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11organização, para uma efetiva Qualidade de Vida do indivíduo no trabalho e fora

dele.

Neste trabalho o objetivo é explorar a evolução e o estado atual da

Qualidade de Vida no Trabalho(QVT), relacionando-a com a Qualidade de Vida

(QV), sem a pretensão de esgotar o assunto, mas sim de proporcionar mais uma

oportunidade de reflexão sobre o mesmo.

A Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) é um modelo que surgiu na década

de 50, na Inglaterra, a partir do estudos de Eric Trist e colaboradores, do Tavistock

Institute, pretendendo analisar a relação indivíduo-trabalho-organização. Esses

pesquisadores desenvolveram uma abordagem sócio-técnica da organização do

trabalho, tendo como base a satisfação do trabalhador no trabalho e em relação a

ele (Rodrigues, 1991).

No entanto, só a partir da década de 60, houve um novo impulso nos

movimentos de QVT, sendo desenvolvidas inúmeras pesquisas sobre melhores

formas de realizar o trabalho, enfocando aspectos da saúde e bem-estar geral dos

trabalhadores. O ano de 1974 caracterizou-se pelo início do desaceleramento dos

estudos da QVT causado, basicamente, pela crise energética ligada ao aumento

do preço do petróleo e pela alta inflação que atingiram os países do ocidente, em

particular os Estados Unidos, gerando um deslocamento da atenção das

empresas para a luta pela sobrevivência, deixando os interesses dos empregados

em segundo plano (Vieira, 1996). Em 1979, a partir da constatação da diminuição

do comprometimento desses empregados em relação ao seu trabalho, houve uma

retomada do movimento da QVT.

A QVT tem sido pesquisada em diversos países. No Brasil, só a partir dos

anos 80, estão sendo realizados alguns estudos, ainda muito influenciados pelos

modelos estrangeiros.

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12Dentre os pólos de desenvolvimento dessas pesquisas no país, destacam-

se a Embrapa, em Brasília, e as Universidades Federais do Rio Grande do Sul e

Minas Gerais.

Apesar dos inúmeros estudos, o conceito de QVT está longe da

unanimidade. Vieira, 1996 comenta que, com o mesmo título, QVT é aplicada

numa diversidade de mudanças propostas nas organizações de trabalho, o que

leva a uma confusão considerável. Fernandes (1988) esclarece, no entanto, que

os diversos conceitos de QVT voltam-se, geralmente, para três principais

aspectos: a reestruturação do desenho dos cargos e novas formas de organizar o

trabalho; a formação de equipes de trabalho semi-autônomas ou auto-

gerenciadas; e a melhoria do meio ambiente organizacional.

A partir deste enfoque mais tradicional, alguns estudos, que se

preocuparam em identificar os fatores determinantes da QVT, são considerados

clássicos na literatura sobre o assunto.

Para Fernandes (1988) “A expressão Qualidade de Vida tem sido usada

com crescente freqüência para descrever certos valores ambientais e humanos,

negligenciados pelas sociedades industriais em favor do avanço tecnológico, da

produtividade e do crescimento econômico”. O seu modelo propõe oito variáveis a

serem consideradas na avaliação da QVT:

1)Compensação adequada e justa (conceito relativo a salário x

experiência e responsabilidade, e à média de mercado);

2)Condições de segurança e saúde no trabalho (horários, condições

físicas, redução dos riscos);

3)Oportunidade imediata para a utilização e desenvolvimento da

capacidade humana (autonomia, informação, tarefas completas e

planejamento);

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134)Oportunidade futura para crescimento contínuo e segurança (carreira,

estabilidade);

5)Integração social na organização de trabalho (ausência de

preconceitos e de estratificação, senso geral de franqueza interpessoal);

6)Constitucionalismo na organização de trabalho (normas que

estabelecem os direitos e deveres dos trabalhadores: direito a

privacidade, ao diálogo livre, tratamento justo em todos os assuntos);

7)O trabalho e o espaço total da vida (equilíbrio necessário entre o

trabalho e os outros níveis da vida do empregado como família e lazer);

8) Relevância social da vida no trabalho (valorização do próprio trabalho

e aumento da auto-estima);

O modelo de Hackman e colaboradores é apontado por Araújo (1996) como

um marco para a nova fase nas preocupações com a QVT, a partir do

enriquecimento das dimensões da tarefa. Um dos pontos relevantes deste modelo

trata das relações entre a satisfação da necessidade individual com a realização

das metas organizacionais, a partir das seguintes variáveis: a)estados

psicológicos; b) dimensões da tarefa; c) necessidade de crescimento individual; d)

resultados pessoais e de trabalho; e e) satisfações específicas.

Para Moraes e Kilimnik (1994), a QVT pode ser entendida, a partir deste

modelo, como uma conseqüência da combinação de dimensões básicas da tarefa,

capazes de gerar estados psicológicos que, por sua vez, resultam em diferentes

níveis de motivação e satisfação e em diferentes tipos de atitudes e

comportamentos nos indivíduos vinculados às organizações.

Vieira (1996) aponta como pontos fundamentais da QVT os indicadores

econômicos (equidade salarial e no tratamento recebido); políticos (segurança no

emprego, direito a trabalhar e não ser discriminado); psicológicos (conceito de

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14auto-realização); e os sociológicos (conceito de participação ativa em decisões

sobre o processo de trabalho). Para esse autor, os problemas políticos trariam a

insegurança; o econômico, a injustiça; o psicológico, a alienação; e o sociológico,

a anomia, ou seja, a falta de envolvimento moral com o trabalho.

Para Araújo (1996), fatores como supervisão, condições de trabalho,

pagamento, benefícios e projetos do cargo, afetam a QVT, sendo a natureza do

cargo o fator que envolve mais intimamente o trabalhador, já que, para a maioria

das pessoas, uma boa vida de trabalho significa um cargo interessante, desafiador

e compensador. Segundo eles, o Projeto de Cargo e a QVT são influenciados por

fatores ambientais, organizacionais e comportamentais.

Esses autores vêem os próprios empregados, a administração e os

sindicatos como barreira ao sucesso dos programas de QVT, por temerem os

efeitos das mudanças ocorridas em sua implantação. O rompimento dessa

barreira se dá através da informação e explicação dos responsáveis pelo

programa sobre a necessidade das mudanças, os resultados esperados e sobre

as garantias que possam proporcionar, pois o seu sucesso exige participação

geral dos gerentes-chaves, dirigentes sindicais e empregados afetados.

Segundo Fernandes (1988) dois aspectos básicos devem ser enfocados

pela QVT: a preocupação com o bem estar do trabalhador e com a eficácia

organizacional e a participação dos trabalhadores nas decisões e problemas do

trabalho. Sendo estes pontos, operacionalizados através da participação do

trabalhador nos problemas e soluções organizacionais (processo de tomada de

decisão); o projeto do cargo (reestruturação); inovação no sistema de recompensa

(plano de cargos e salários) e melhora no ambiente de trabalho (mudanças físicas

e de condições de trabalho: horários, locais, equipamentos, etc.).

De um ponto de vista mais amplo e pouco tradicional, Handy (1978:273)

afirma que “...a QVT influencia ou é influenciada por vários aspectos da vida fora

do trabalho. Logo, se faz necessário uma análise da vida do trabalhador fora do

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15meio organizacional para que se possa medir a importância e interligação destas

duas” vidas “.

A QVT é, na visão de Limongi e Assis (1995), uma compreensão

abrangente e comprometida sobre as condições de vida no trabalho incluindo

aspectos de bem-estar, garantia de saúde e segurança física, mental e social e

capacitação para realizar tarefas com segurança e bom uso da energia pessoal.

A partir de várias pesquisas sobre a relação entre fatores organizacionais e

individuais, Vrendenburgh e Sheridan, citados por Rodrigues (1991), sugerem que

o nosso contentamento com a vida é uma construção do conceito sobre a

satisfação com os domínios específicos da vida, tais como a experiência de

trabalho e a família. A partir dessa colocação

Rodrigues (1991:98) afirma que “...a QVT é um ponto vital, não só para a

realização do homem no trabalho mas também em toda a sua existência”.

1.1 - QUALIDADE DE VIDA

“Qualidade de vida significa muito mais do que apenas viver

(...) Por qualidade de vida entendemos o viver que é bom e

compensador em pelo menos quatro áreas: social, afetiva,

profissional e a que se refere à saúde (...) O viver bem se

refere a ter uma vida bem equilibrada em todas as áreas” Lipp

(1994:13).

Buscando avaliar a QV de um país ou região, os economistas utilizaram,

durante algum tempo, apenas o conceito de renda per capita. Mais tarde eles

perceberam que este conceito não envolvia o nível de desenvolvimento social,

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16surgindo então o conceito de nível de vida ou padrão de vida, buscando abranger

os aspectos econômicos e de desenvolvimento sócio-cultural.

Na década de 70, apareceram termos como entender necessidades globais

da população e promover o bem-estar geral (Marques, 1996).

Nos dias atuais, são utilizados, basicamente, dois índices. O Índice de

Desenvolvimento Humano (IDH), visando medir o padrão de alimentação, saúde,

seguro de vida, conhecimento, condições de trabalho, segurança contra o crime,

lazer e participação econômica, cultural e política. E o Índice de Desenvolvimento

Social (IDS), que avalia os níveis de esperança de vida, grau de alfabetização e

distribuição de renda de uma população.

Riaño, também citado por Marques (1996), acredita que a origem do estudo

sobre QV está na Medicina, relacionada ao tratamento de enfermos crônicos,

estendendo-se para os campos da Psicologia e da Sociologia. Para esse autor, a

QV não é apenas um sentimento de satisfação ou bem-estar pessoal, mas sim

uma valoração que a pessoa faz desses aspectos e de outros que considera

importantes na sua vida atual e de forma global, de sua vida completa.

Na visão de Leite (1999), a QV se relaciona com o bem-estar através de

dimensões como: saúde, nível de educação, situação econômica, relações sociais

e familiares, moradia, atividades recreativas, auto-estima, crenças religiosas,

autonomia, domínio ambiental, metas na vida e grau de desenvolvimento pessoal.

Ele considera que o estudo da QV, na Psicologia, se traduz na promoção da

saúde e na prevenção do sofrimento humano.

Para Brengelmann, citado por Leite (1999), ter QV é desfrutar de liberdade,

desenvolver iniciativa, cultivar habilmente as relações sociais, estar satisfeito,

apresentar escassas moléstias psicossomáticas, ingerir pouca medicação, não

estar doente, possuir uma boa profissão, ter um bom emprego e encontrar sentido

na vida.

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17Miranda (1994:21) considera que “O principal determinante da QV de uma

população é o meio - noção que inclui o seu modo de vida, tipo e qualidade de

alimentação e da habitação, condições de trabalho, estabilidade cultural, etc.”.

O significado de QV é, para Camacho (1995:52), a satisfação de todas as

necessidades individuais do ser social. Para Jacques (1996), o significado é tão

amplo quanto a dimensão do ser humano, uma vez que persegui-la significa

entender e procurar atender a pessoa em suas necessidades integrais, incluindo

as áreas biológica, psicológica, social e espiritual.

Marques (1996) também enfatiza a dimensão espiritual na QV,

considerando que é a partir dela que a pessoa realiza sua valoração sobre os

vários aspectos da sua vida. Para ela, o estudo da QV permite uma visualização

dos recursos deficitários e abundantes de uma população, o que favorece a

elaboração de um plano de intervenção psicossocial, objetivando a promoção de

“...uma maior bem-estar advindo tanto da melhoria das várias dimensões vividas,

como do desvelar do sentido de por quê melhorá-las” (p. 61).

Especificamente sobre a relação da Qualidade de Vida com o trabalho,

Alves (2000:120) cita os estudos realizados por Campbell, Converse e Rodgers

que identificaram os aspectos que mais influenciam na qualidade de vida de um

indivíduo. Em primeiro lugar, eles apontam as atividades fora do trabalho; em

segundo, a vida familiar; em terceiro, o padrão de vida (que depende do trabalho)

e o trabalho, propriamente dito, aparece em quarto lugar. Eles observaram ainda

que metade dos pesquisados concordam que a maioria das coisas que acontecem

em suas vidas envolvem, direta ou indiretamente, seus empregos. E, novamente,

destacamos Alves (2000), por deixar patente em seus estudos, a expectativa e a

angústia do trabalhador quanto a interferência cada vez maior do trabalho em seu

espaço de vida. Para esse autor, há uma relação inseparável entre a QVT e a

qualidade de vida global.

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18Na tentativa de estabelecer uma integração entre os conceitos de

Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) e Qualidade de Vida (QV), entendemos que

o indivíduo tem que ser considerado sob um ponto de vista holístico, pois assim

como Moraes e Kilimnik (1994:75) e Fernandes (1988:95), acreditamos que um

baixo nível de QVT, na maioria das vezes, significa baixa qualidade de vida geral.

É importante ressaltar que a QVT não pode ser confundida com a

distribuição de benefícios. As organizações que proporcionam, aos seus

colaboradores, facilidades tais como horários flexíveis, assistência médica e

educacional, além de atividades culturais e de lazer, extensivas as suas famílias, e

realizam atividades que envolvem e beneficiam a comunidade em que vivem,

indicam uma maior sensibilidade em relação a eles. No entanto, isto não é o

bastante. É preciso mais. Muito mais. Consideramos imprescindível que a QVT

não seja planejada e implementada a partir de uma visão fragmentada e míope,

levando em consideração apenas o ambiente interno da organização, com ênfase

na tarefa desempenhada pelo indivíduo e nas condições físicas do trabalho, mas

que leve em conta, sobretudo, o ambiente externo, ou seja, o contexto familiar,

social, político e econômico em que o indivíduo, como ser total, está inserido,

influenciando e sendo influenciado.

Faz-se necessário, então, diminuir a distância entre o discurso e a prática,

para que a QVT não seja apenas mais um modismo, mas que faça parte de um

plano organizacional estratégico e não venha a desaparecer diante da primeira

dificuldade a ser enfrentada. Um real investimento na QVT tornará o trabalho mais

humanizado, favorecendo, além de um clima saudável de trabalho, a diminuição

de acidentes, de afastamentos por problemas de saúde e de reclamações

trabalhistas.

A partir de ações preventivas e educativas em relação, principalmente, à

saúde física e mental dos seus colaboradores, é que as organizações abrirão

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19espaço para o surgimento de sentimentos de participação e integração, o que,

certamente, se refletirá em aumento de produtividade e bem-estar generalizado.

Além disso, percebemos a necessidade de ações que promovam o efetivo

envolvimento desses trabalhadores na elaboração e implementação desses

programas de QVT, bem como de uma preparação dos mesmos, e de seus

superiores, para lidar com esse indicador de verdadeira democracia nos

processos de trabalho. Desta forma, as organizações estarão encarando-os não

apenas como mais um recurso, mas oferecendo condições para que se tornem

seres humanos de qualidade total e que possam, assim, alcançar a QV que

desejam e merecem. Acreditamos, então, que a partir dessas considerações,

possamos nos aproximar de um conceito mais adequado para o termo QVT e que

as organizações possam, finalmente, de forma consistente, falar em Qualidade

Total.

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CAPÍTULO II

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO COM ENFOQUE NA

PREVENÇÃO DA LER/DORT

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Com o advento no trabalho informatizado, as Lesões por Esforço Repetitivo

(LER) vêm fazendo inúmeras vítimas em todo o mundo. Atualmente, essa

patologia já representa quase 70% do conjunto de doenças profissionais

registradas no Brasil. Para combater esse mal que afeta os trabalhadores, os

órgãos competentes criaram mecanismos que tratam de situações relacionadas

ao trabalho como a NR 17 – Norma Regulamentadora da Legislação Brasileira,

editada pelo Ministério do Trabalho, que determina os parâmetros de adaptação

das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores,

proporcionando um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.

2.1 FATORES QUE PREDISPÕEM A LER/DORT

A LER/DORT é multifatorial, ou seja, é desencadeada por uma série de

fatores relacionados ou não ao trabalho, tais como:

- falta de resistência da musculatura do pescoço, dos ombros e das costas,

para execução de atividades que exijam força dos membros superiores;

- manutenção de posturas inadequadas na execução das atividades

profissionais, bem como, das tarefas domésticas;

- falta de condicionamento físico e de resistência para a manutenção

prolongada de movimentos dos ombros e das mãos;

- uso de força excessiva na execução de movimentos dos membros

superiores;

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22- condições físicas e emocionais relacionadas com o tipo de personalidade

(negativismo, depressão, ansiedade, perfeccionismo, etc) e de estrutura

física de cada um;

- doenças anteriores como hipotiroidismo, diabetes, gota, reumatismo e

turbeculose;

- traumatismos (fraturas) anteriores;

- prática de atividades esportivas e de lazer que exijam esforços dos

membros superiores: vôlei, tênis, piano, teclado, tricô, crochet, violão, jogos

por computador, pintura, artesanato, etc e de tarefas externas/dupla jornada

de trabalho, onde se desenvolvem atividades repetitivas: navegação na

Internet, pesquisas em computador, digitação de teses, monografias, outros

trabalhos acadêmicos, etc.

2.2 O fenômeno LER/DORT

Entre todos os aspectos que envolvem as Lesões por Esforços Repetitivos /

Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER/DORT), destaca-se a

discussão das medidas de enfrentamento da problemática. Mais do que a atuação

sobre os fatores de risco ou a ênfase sobre a manifestação somática, considera-

se que as medidas e atitudes preventivas devem guiar as principais ações nesta

área. Nesse sentido, os esforços para a compreensão do homem no trabalho e do

contexto onde está inserida sua atividade são essenciais.

A valorização do pensamento e atitudes preventivas em todas as esferas

dos setores produtivos, envolvendo quem projeta, fiscaliza, gere e executa o

trabalho, ganham significado principalmente quando mergulhadas na cultura da

valorização da doença. Assim, a noção de saúde como “ausência de doença”,

parece uma visão simplista,principalmente relativa à saúde do trabalhador, onde

as doenças ocupacionais não são súbitas e na maioria das vezes previsíveis.

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23Sobre isso SILVA (1995, p 85), inclui entre outros fatores, além da ausência

de doença, o perfeito bem-estar e ajustamento social. Certamente, a análise

aprofundada de todas as condicionantes psicossociais, organizacionais,

ambientais e as características individuais de quem trabalha devem trilhar os

caminhos da prevenção. Paralelamente às ações tradicionais e em

desenvolvimento nesse campo, surgem medidas como a Ginástica Laboral (GL),

que ainda não tem seus benefícios e limitações bem definidos enquanto

mecanismo de prevenção de LER/DORT. A carência de estudos sobre sua

importância e alcance traz, como conseqüência, grandes variações na

interpretação do seu papel dentro do campo da saúde do trabalhador. Nos

extremos dessas incertezas, a ginástica laboral pode ser considerada como um

instrumento auxiliar de uma atitude preventiva global, ou em outros casos, como

uma “máscara” para as outras medidas que podem passar a ser subvalorizadas

ou desconsideradas Para atingir a discussão sobre a prática que o estudo propõe,

faz-se necessária à compreensão dos significados e do processo de estruturação

histórica e social que vem ocorrendo a cerca do fenômeno LER/DORT.

O entendimento do binômio LER e DORT, passando pelo processo de

construção social que envolve esta temática, bem como sua importância e

repercussão para o homem que trabalha, contribuem para a reflexão sobre

prevenção e iniciativas de enfrentamento.

No sentido de antecipação à que o enfoque preventivo reporta, os

fundamentos entre os modelos propostos ou existentes de prevenção precisam

considerar a complexidade do trabalhar, onde o ato produtivo toma uma dimensão

ampla e o contexto global onde está inserido determinam as condicionantes deste

processo. Portanto, a identificação da prevenção como uma abordagem sistêmica

proposta pela Ergonomia e a análise dos diferentes modelos propostos de

prevenção, podem fornecer elementos para o melhor entendimento e

compreensão dos alcances reais dessas iniciativas. As definições, princípios e

fundamentos encontrados da Ginástica Laboral, como método proposto de

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24prevenção de LER/DORT, são abordados para que possam ser feitas as relações

com a prática a que se propõe o estudo.

2.3 O Trabalho e LER/DORT

As manifestações somáticas em quem trabalha são um grito de alerta,

mostrando que não é o homem quem está doente, mas sim o trabalho.

(Oliveira,1998 p 231). O trabalho é uma necessidade humana, ou seja, um

processo entre o homem e a natureza que está determinado pela forma concreta

em que se dá a produção, distribuição, intercâmbio e consumo dos meios de vida

pelos diferentes grupos humanos. O trabalho implica em um processo de

reprodução social. (Marx, 1985 p 545).

Portanto, a compreensão do “trabalhar”, do “produzir”, no sentido mais

amplo irrestrito, parece fundamental.

Assunção & Rocha (1993), Borges (2000) e Grando (1999) destacam as

bases que fundamentam o trabalho e suas relações com os distúrbios

musculoesqueléticos, onde os trabalhadores são submetidos a um trabalho que

não é organizado por eles e para eles, mas dentro dos princípios tayloristas e suas

características. As potencialidades intelectuais são colocadas em segundo plano e

as condições de trabalho inibem as relações humanas, o que pode levar a

fragilização afetiva e intelectual de quem o executa. Nesta mesma linha, Cord

(1999) afirma que o homem procura sua realização por meio do trabalho e é na

ação transformadora que encontra momentos de satisfação, de realização de seus

projetos. No momento em que ele completa um projeto qualquer, realiza uma

vontade e isso o faz feliz, estimulando-o a iniciar um projeto.

A problemática reside no fato de que o trabalhador de hoje realiza

atividades que não são projetos seus, como também não são seus os frutos dos

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25esforços. Longe de ser criativo, o trabalho que desenvolve torna-se opressivo e

estafante.

Ferreira & Mendes (2001) estudando as relações entre ergonomia e

psicodinâmica, em abordagem sobre as relações do homem com o trabalho,

destacam que prazer e sofrimento são uma vivência subjetiva do próprio

trabalhador, compartilhada coletivamente e influenciada pela atividade de trabalho.

Nessa perspectiva analítica, todo o trabalho veicula implicitamente um custo

humano que se expressa sob a forma de carga de trabalho, e as vivências de

prazer e sofrimento têm como um dos resultantes, o confronto do sujeito com essa

carga que, por conseguinte, é conflitante com o seu bem-estar.

O mercado atual prioriza a diminuição dos custos de produção, com menor

investimento em mão de obra e visa o aumento da produtividade. Para isso,

introduz novas formas de organização, novas tecnologias e equipamentos. Na

prática, isso pode trazer limitação da autonomia dos trabalhadores sobre os

movimentos do próprio corpo e redução de sua criatividade e liberdade de

expressão nas atividades que desenvolve.

Algumas das patologias mais freqüentemente associadas ao trabalho

informatizado são:

Tendinite - Inflamação aguda ou crônica dos

tendões. Se manifestam com mais freqüência nos

músculos flexores dos dedos, e geralmente são

provocados por dois fatores; movimentação

freqüente, e período de repouso insuficiente.

Manifesta-se principalmente através de dor na

região que é agravada por movimentos voluntários.

Associados à dor, manifestam-se também edema e

crepitação na região.

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26

Tenossinovite - Inflamação aguda

ou crônica das bainhas dos tendões.

Assim como a tendinite os dois

principais fatores causadores da

lesão são; movimentação freqüente,

e período de repouso insuficiente.

Manifesta-se principalmente através

de dor na região que é agravada por

movimentos voluntários. Associados

à dor, manifestam-se também

edema e crepitação na região.

Síndrome de DeQuervain - Constricção dolorosa

da bainha comum dos tendões do longo abdutor do

polegar e do extensor curto do polegar. Estes dois

tendões têm uma característica anatômica

interessante: correm dentro da mesma bainha;

quando friccionados, costumam se inflamar.

O principal sintoma é a dor muito forte, no dorso do

polegar.

Um dos principais fatores causadores deste tipo de lesão está no ato de fazer

força torcendo o punho.

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27

Síndrome do Túnel do Carpo -

Compressão do nervo mediano no

túnel do carpo.

As causas mais comuns deste tipo

de lesão são a exigência de flexão

do punho, a extensão do punho e a

tenossinovite a nível do tendão dos

flexores - neste caso, os tendões

inflamados levam a uma compressão

crônica e intermitente da estrutura

mais sensível do conjunto que compõe o túnel do carpo: o nervo mediano.

A seguir, as principais dicas sobre condições ambientais, layout, postura,

mobiliário e organização do trabalho.

CONDIÇÕES AMBIENTAIS

O ambiente de trabalho deve proporcionar à pessoa não apenas

salubridade, mas também conforto. Para isso, três aspectos são essenciais:

temperatura, o ruído e a iluminação do ambiente.

TEMPERATURA

A temperatura ideal no escritório deve ficar entre 20 e 23ºC. Os ambientes

muito quentes provocam sonolência e cansaço, tornando o trabalho menos

produtivo e expondo a pessoa a uma maior possibilidade de errar. Já os

escritórios muito frios, com temperatura abaixo dos 15ºC, diminuem a

concentração das pessoas.

RUÍDO

Num escritório onde se realizam trabalhos intelectuais, cálculos e outras

atividades que necessitam de concentração, o nível de ruído não deve ser maior

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28que 65dB. Um ambiente barulhento prejudica a capacidade de raciocínio e o

equilíbrio psicológico das pessoas, além de problemas de audição, irritação,

nervosismo, dificuldade de concentração, maior incidência de erros e queda na

produtividade.

ILUMINAÇÃO

O primeiro aspecto com que a ergonomia se preocupa no que se refere à

iluminação do ambiente é a intensidade da luz, que varia de atividade para

atividade. A iluminação solar deve ser aproveitada ao máximo, tendo cuidado de

usar cortinas ou venezianas para que a luz solar não fique diretamente sobre as

mesas de trabalho ou monitores.

LAYOUT

A principal dica sobre o layout é quanto ao número de pessoas por sala. O

ideal é que cada pessoa ocupe uma área de 4 a 6m2 . Quanto melhor for a

distribuição, mais as tarefas vão fluir.

POSTURA

Para que a postura no trabalho assegure conforto e não acarrete problemas

de saúde ao empregado é importante prestar atenção à flexibilidade. A variação

das posições durante as tarefas favorece os momentos das articulações e

proporciona economia de energia. Ficar muito tempo numa mesma posição

provoca cansaço. Mas em qualquer atividade, existe uma postura base, que é

aquela em que a pessoa fica a maior parte da jornada de trabalho.

MOBILIÁRIO

Para que as dicas de biomecânica funcionem plenamente, o mobiliário deve

estar ajustado às necessidades de trabalho.

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29Uma boa cadeira deve ser estável, mover-se de um lado para o outro, ter

mola amortecedora, assento plano e de tamanho que permita o apoio completo

das coxas, borda arredondada para não apertar as pernas e espuma moldada

anatomicamente.

A mesa do escritório deve ser firme, ter espaço para as pernas de pessoas

de qualquer estatura (por isso, não deve ter gavetas ou traves estruturais por

baixo do tampo), superfície clara mas sem brilho e borda próxima ao usuário, de

preferência arredondada, para não comprimir os braços.

O monitor de vídeo do micro deve ter luminosidade regulável e cores

neutras, sem fortes contrastes, para evitar cansaço visual. O principal problema

trazido pelo trabalho constante diante do micro é a fadiga visual.

O teclado do micro, da máquina de escrever ou da calculadora deve estar

sempre de frente para as mãos ficarem ao alcance fácil delas. Também é

importante que tenham área de descanso para os punhos.

A distribuição de papéis e documentos nos arquivos deve levar em conta o

peso e o volume deles. As gavetas mais pesadas e os objetos mais difíceis de

pegar devem ficar a cerca de 75cm do chão, a fim de evitar esforços musculares

desnecessários.

Os aparelhos de telefone devem estar ao alcance máximo ou mínimo das

mãos, dependendo da freqüência de seu uso. Quando o uso do telefone for

contínuo, o ideal é usar o monofone, para liberar as mãos e evitar a flexão do

pescoço para apoiar o gancho no ombro.

Apoios para os pés para pessoas de menor estatura, suporte para

documentos ou suportes para monitores de vídeo são acessórios importantes para

complementar o bom funcionamento das tarefas no escritório.

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30

2.4 PREVENÇÃO DE LER/DORT

Ao iniciar uma abordagem sobre a prevenção e o fenômeno LER/DORT,

faz-se necessária uma reflexão envolvendo o próprio significado da prevenção. O

sentido de antecipação e acautelamento a que a prevenção remete parece ser de

difícil associação com esse fenômeno, ao se considerar que independentemente

das medidas adotadas a exposição ao risco que é a própria situação e condição

de trabalho, continuaria existindo.

A necessidade de políticas preventivas efetivas, a partir dos diversos

segmentos envolvidos com o trabalhador, com o trabalhar e suas múltiplas

relações, é reconhecidamente uma prioridade, sendo portanto, a medida mais

importante envolvendo esse fenômeno. Setores antes voltados para causas

unidirecionais, como os sindicatos, o poder judiciário, os órgãos públicos e o

empresariado, estão revendo a possibilidade de contribuir de forma mais efetiva

na prevenção de LER/DORT.

Assim como, a integração dos diferentes envolvidos, cada qual com suas

competências específicas, em sintonia de ações, vem sendo considerado um ideal

com relação a esta problemática (SZNELWAR, 2001 e SETTIMI, 2001).

É importante considerar a natureza das atividades, do treinamento do

trabalhador, da disponibilidade de relações de assistência e supervisão, que

podem afetar a exposição, a satisfação, a atitude e o comportamento. No aspecto

organizacional, as políticas e os procedimentos da empresa podem afetar a

exposição, por meio da definição de projetos de cargos, através da especificação

da duração do tempo gasto no trabalho e estabelecendo o clima psicológico em

relação à socialização, à carreira e à segurança no emprego. Esses fatores podem

influenciar a disposição psicológica que afeta a motivação, a atitude, o

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31comportamento e a saúde numa base holística. Seus efeitos podem influenciar a

suscetibilidade para o desenvolvimento de LER/DORT (Smith, 1996).

Para Dejours (1987), Miranda (1998), Assunção (1993, 1995, 2000 e 2001),

os princípios da prevenção de LER/DORT são as reestruturações do processo

produtivo que resultem em melhoria da qualidade de vida no trabalho,

proporcionando maior identidade com a tarefa, maior autoridade sobre o processo,

ciclos completos e a eliminação de posturas extremamente rígidas normalmente

existentes nas relações de trabalho.

Assunção & Lima (2002) fazem uma crítica à realidade dos dias atuais da

prática prevencionista como simples aplicação de leis e normas. Afirmam inda que

há uma série de procedimentos que tornam-se meros rituais, uma vez que são

incorporados à legislação e tornam-se obrigatórios na prática da engenharia de

segurança e de outras profissões relacionadas à saúde ocupacional. Desta forma,

os autores destacam a defasagem entre a produção de novos conhecimentos,

teorias e metodologias de análise e assimilação pela prática, por parte dos

profissionais da segurança que deveriam atuar como prevencionistas, mas de

forma geral, limitam-se a aplicar as normas ou verificar em que determinada

situação fere a legislação vigente.

SZNELWAR (2001) destaca que apesar da questão da justiça e da

importância da influência destes fatores, é lamentável que ainda uma parte

significativa do esforço social esteja voltada para o aspecto da comprovação do

fato e do nexo causal. Onde transformar o trabalhar, adaptando-o às

características humanas, parece estar relegado a segundo plano.

Neste cenário, parece que o próprio conceito fundamental de prevenção

está deturpado e sem direção. A valorização da punição e da busca pelo culpado,

acaba ganhando força e a prevenção acaba diluída em um contexto deprimente,

porém real, de que saúde e qualidade de vida no trabalho são facilmente

alcançados quando se cumpre a legislação em vigência.

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32A discussão aberta sobre o trabalho entre todos os segmentos envolvidos,

é o principal mecanismo de enfrentamento de LER/DORT, ao envolver a atuação

multidirecional que a problemática exige. A reflexão sobre as ações de prevenção

devem iniciar pelos envolvidos em desenhar e configurar o trabalho, pois

determinam as exigências que o trabalhar impõe à quem irá executar a atividade

real de trabalho. Desde as preocupações diretas com a complexidade do ambiente

de trabalho, até as influências legais envolvendo LER/DORT, a prevenção passa

por um comprometimento social amplo (SZNELWAR, 2001:96).

Segundo Handar (1998:86), sobre a política defendida pelo Ministério do

Trabalho para o combate às doenças decorrentes do trabalho, a formulação e

implantação deve considerar as transformações tecnológicas e econômicas que

vêm ocorrendo em nível mundial nas últimas décadas, promovendo junto a

sociedade, mecanismos ágeis de adequação dos diversos setores sociais às

novas realidades e evitando, assim, uma possível precarização das condições de

vida e do meio ambiente.

Alguns profissionais defendem a associação de várias medidas, incluindo a

Ginástica Laboral como forma de prevenção. Em um estudo envolvendo uma

equipe multiprofissional, com o objetivo de reduzir as queixas relacionadas ao

sistema músculo-esquelético, MORAES, ALEXANDRE & GUIRARDELLO (1999),

concluíram que um programa envolvendo alterações de determinados aspectos da

organização, ambiente e posto de trabalho associado à adoção de exercícios

supervisionados, orientações posturais gerais e modificações da organização do

trabalho, podem aliviar as queixas relacionadas ao sistema músculo-esquelético.

Salientam a importância de uma equipe multiprofissional, em especial enfermeiros

e fisioterapeutas na implantação e avaliação de um programa de controle e

prevenção.

Segundo Alves (2000:102), discutindo a questão da associação da ginástica

laboral como medida preventiva, afirma que a ginástica laboral é uma das

Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FERREIRA DE MENDONCA.pdf · Para Araújo (1996), fatores como supervisão, condições de trabalho, pagamento, benefícios e projetos

33ferramentas preventivas mais utilizadas nos grupos em que a atuação coletiva é

possível, não sendo única solução para os problemas das empresas. Sua

utilização sem critérios não gera efeitos duradouros, podendo até levar ao

agravamento e surgimento de novos casos de LER/DORT. Deve haver uma

avaliação ergonômica anterior à implantação de programas de ginástica laboral,

como uma forma de identificar situações comprometedoras da integridade

musculoesquelética.

2.4.1 A Ergonomia e a prevenção de LER/DORT

A ergonomia por ser uma ciência que estuda profundamente o

funcionamento humano no trabalho, gerando conhecimentos e contribuindo para a

concepção e a melhoria das situações e das condições de trabalho. A ergonomia

atua nos fatores que determinam o trabalho: formação, organização de trabalho,

postos, equipamentos e ambiente, Ela traz sinergia, otimização do trabalho

humano, qualidade e produtividade em um ambiente seguro e saudável.

Segundo SZNELWAR (2001:66), quando considerado o âmbito das

empresas, já seria um passo significativo quando há reconhecimento do problema

como sendo real, como sendo fruto do trabalhar e algo que precisa ser combatido.

A partir daí, melhorias nos processos de produção, na organização do trabalho, no

conteúdo das tarefas, nas ferramentas, no ambiente e nos postos de trabalho, se

tornam objetivo das empresas, abrindo caminho para resolver ou, ao menos, para

minimizar os problemas. Por outro lado, ainda existem ações que caminham em

sentido contrário. O problema é negado, demissões tornam-se uma maneira de

gerenciar esta questão, a exteriorização e terceirização das tarefas mais penosas,

são aplicadas como solução.

Segundo Martins (s/d), uma abordagem global para as LER/DORT, deve

levar em consideração o sistema de trabalho composto dos seguintes elementos:

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34o indivíduo, os aspectos técnicos do trabalho, ambiente físico e social, a

organização e as características da tarefa. Sendo que a Ergonomia, utilizada de

maneira sistemática e rigorosa permite a transformação das situações de trabalho

para que elas correspondam às possibilidades e às capacidades dos

trabalhadores.

Para Lima (1997:45), o problema LER/DORT não pode ser resumido às

condições físicas, o que configura uma abordagem reducionista da situação de

trabalho, baseada na ergonomia tradicional anglo-saxônica. É considerado o

trabalho em si, o homem que trabalha enquanto trabalha. A aplicação dos

resultados por sua vez, pretende ser pontual e definitiva, não envolvendo também

os trabalhadores, a não ser para dar-lhes instruções de como devem se sentar,

regular as cadeiras, fazer pausas ou ginásticas. Já a chamada Ergonomia

Francesa, desenvolve seus conhecimentos a partir da análise da atividade de

trabalho. Considera o comportamento do homem quando trabalha, bem como os

determinantes das situações em que trabalha, envolvendo as características

psicofisiológicas gerais do homem e a organização em que se dá a atividade de

trabalho.

Como os distúrbios estão vinculados sobremaneira ao trabalho, os

programas de prevenção e tratamento precisam priorizar este aspecto. Nesta

perspectiva, LER/DORT é um verdadeiro fenômeno gerado pelo trabalho. Assim,

as ações preventivas devem atuar a partir do adoecimento da própria condição de

trabalho, buscando o saneamento e aprimoramento das condições ergonômicas

(Oliveira et al, 1998).

Para Assunção (2001:98), a abordagem ergonômica cujo objeto é o

trabalhar e as regulações decorrentes desta prática, os resultados produtivos só

podem ser obtidos graças à capacidade de regulação da atividade desenvolvida

pelos sujeitos. Atuando de um lado, para administrar as variações das condições

externas e internas da atividade e de outro, para dar conta dos determinantes da

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35atividade. A Análise Ergonômica do Trabalho se justifica por várias razões, entre

elas, de que está centrada sobre a análise da atividade, podendo identificar as

condições que determinam esta atividade. Assim, ela ultrapassa as relações

simplistas, uma causa um efeito, dentro da explicação das origens e das

conseqüências das LER/DORT, e pela mesma forma, ultrapassa as abordagens

biomecânicas predominantes neste assunto.

A abordagem das LER/DORT pelo estudo ergonômico repousa sobre a

idéia de uma construção permanente pelo trabalhador de seus modos operatórios,

para atingir os objetivos em condições socialmente determinadas, levando em

consideração os constrangimentos que representam, de um lado, as condições de

trabalho, e de outro, as suas próprias capacidades. Esta escolha se fundamenta

sobre o fato de que as pessoas trabalham diferentemente em função das suas

características individuais e que a saúde é o resultado de uma negociação entre

os objetivos da produção e o estado interno dos trabalhadores. Esta abordagem

possibilita, na situação de trabalho, colocar em evidência o contexto da tarefa e o

seu ambiente, colocando em evidência a maneira pela qual o trabalhador realiza a

sua tarefa e como ele reage as más condições de trabalho. A importância de tal

abordagem é de propor medidas de prevenção a partir do que fazem as pessoas

para proteger a sua própria saúde contra os riscos presentes nos ambientes de

trabalho (Assunção, 2001:77).

É importante na prevenção que haja urna negociação entre trabalhadores e

empregadores no sentido de estabelecer critérios uniformes de ação em todos os

aspectos relacionados ao surgimento da doença nas empresas, como a

organização, o conteúdo e o posto de trabalho. Neste sentido, Dias(1994:88),

Oliveira et al (1998), Martins (s/d), defendem a Ergonomia Participativa que

consiste em atividades de levantamento diagnóstico e recomendações, com

participação ativa dos trabalhadores, como uma boa alternativa para viabilizar a

efetividade da Ergonomia na prevenção de LER/DORT.

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36A Ergonomia integra os conhecimentos fisiológicos e psicológicos quando

estuda o homem na situação real de trabalho para identificar os elementos críticos

sobre a saúde e a segurança originados nestas situações e a partir daí elabora

recomendações de melhoria das condições de trabalho, bem como desenvolve

instrumentos pedagógicos para qualificar os trabalhadores. Neste sentido, o

trabalhar é considerado como algo complexo e tem-se que ponderar sobre a

variabilidade intra-individual, onde o homem em atividade varia constantemente no

tempo, aprende e é marcado pelas situações vivenciadas (Assunção & Lima,

2002:36).

OS CINCO PRÉ-REQUISITOS PARA QUE UMA SOLUÇÃO SEJA

CONSIDERADA ERGONOMICAMENTE CORRETA

1. Requisito epidemiológico - ela deve ser capaz de reduzir a incidência de

problemas da coluna, de fadiga, de lesões por traumas cumulativos e

outros;

2. Requisito biomecânico - estudando-se o trabalhador executando a sua

tarefa na nova posição, percebe-se que a mecânica humana está

funcionando melhor.

3. Requisito fisiológico - na nova situação, o trabalhador se cansa menos.

4. Requisito psicofísico - o trabalhador aceita bem a solução

5. Requisito de produtividade - na nova situação não ocorre nenhum prejuízo

de produtividade, ou até a produtividade aumenta.

2.4.2 Ginástica Laboral (GL) como Proposta Preventiva de LER/DORT

Entre as medidas de enfrentamento do problemático e complexo

desenvolvimento de LER/DORT, a introdução da GL passou a ser comum nos

ambientes de trabalho industrializados, passando a ocupar um grande espaço

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37dentro das iniciativas de prevenção propostas pelos diferentes profissionais que

atuam na saúde do trabalho. No entanto, não existem estudos epidemiológicos

que comprovem seus resultados enquanto método de prevenção

Várias definições são utilizadas e principalmente diferentes atribuições são

empregadas à aplicação prática da GL. Uma grande carência de fundamentação

teórica e científica sobre este método dificulta a definição concreta de seu papel

dentro da saúde do trabalho. Dentro deste contexto, a aplicação prática das

diferentes interpretações e propósitos da GL apresenta-se de forma diversificada.

Assim, enquadram-se na definição de GL:

- As atividades recreacionais com exercícios físicos em empresas;

- A atividade física programada no trabalho, de leve a moderada, os exercícios

pré-definidos e instalados nas pausas programadas da jornada de trabalho;

- Os exercícios orientados e supervisionados por profissionais ou de auto-gestão,

comandados pelos próprios funcionários, que neste caso são comumente

chamados de multiplicadores da GL;

- As atividades que mesclam estes dois tipos de abordagem;

- Existe ainda uma série de outras formas de interpretação e aplicação de

exercícios como forma de promoção da saúde no trabalho. Estas atividades

genericamente e por convenção tem sido chamadas de Ginástica Laboral,

pois em muitos casos não enquadram-se na carente conceituação teórica

existente.

Segundo Vieira (1996:45), a GL é também chamada de Ginástica Laboral

Compensatória (GLC), devendo atuar sobre as sinergias musculares

antagônicas às que se encontram ativas durante o trabalho. Este tipo de

atividade visa proporcionar a compensação e o equilíbrio funcional, assim

como também atuar com a recuperação ativa, de forma a aproveitar as pausas

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38regulares durante a jornada de trabalho para exercitar os músculos

correspondentes e relaxar os grupos musculares que estão em contração

durante o trabalho, com o objetivo de prevenir a fadiga.

Já para Handy (1978:87), a GLC é a ginástica que tenta impedir que se

instalem vícios posturais durante as atividades habituais, principalmente as do

ambiente de trabalho. Utiliza exercícios que atuam sobre musculaturas pouco

solicitadas e relaxam aquelas que trabalham em demasia. Afirma ainda, que

nesse tipo de GL obtém-se melhores resultados iniciando-se pelo relaxamento dos

segmentos periféricos e aos poucos atingindo os centrais ou ainda, alongamento

muscular seguido de movimentos ativos simples executados durante pausas de 7

a 10 minutos, em cada período de 3 a 4 horas de trabalho.

A GL, para Dias (1994:63), é definida como Ginástica Laboral Preparatória

(GLP) e visa à realização de exercícios específicos dentro do local de trabalho,

atuando de forma preventiva e terapêutica. Esta definição baseia-se em um

projeto de ginástica em uma empresa realizado em 1989, que foi desenvolvido

com exercícios preventivos e terapêuticos realizados no ambiente de trabalho,

proposto, sobretudo como mecanismo de prevenção de doenças por traumas

cumulativos. A GLP definida por Handy (1978:82), consiste de uma série de

exercícios que prepara o indivíduo para o trabalho de velocidade, força ou

resistência. Visa o aquecimento da musculatura e das articulações que serão

utilizadas. Rodrigues (1991:46), referem-se à GL como sendo a inclusão de

alguma atividade física no trabalho diário, a fim de proporcionar a oportunidade

para uso diversificado do sistema locomotor e para selecionar uma relação

apropriada entre o trabalho e o repouso, permitindo uma boa recuperação durante

o trabalho.

De forma geral as bases teóricas existentes sobre GL a classificam em três

tipos: Ginástica Preparatória (GP), Compensatória (GC) e Corretiva (GCT). (Alves

& Vale, 1999). Há referência também a um quarto tipo de GL chamada Ginástica

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39de Manutenção ou Conservação (GM), embora seja pouco utilizado. (Leite,

1999:125).

Além das conceituações de GLC e GLP, a GCT é definida como a ginástica

que tem por objetivo restabelecer o antagonismo muscular utilizando exercícios

físicos específicos que fortalecem os músculos que estão alongados e alongam os

que estão encurtados. Destina-se aos indivíduos portadores de deficiências não

patológicas, sendo aplicada a um grupo reduzido de pessoas (10 a 12) que

apresentam a mesma característica postural, fora da sessão comum. (Leite,

1999:201).

Em uma definição genérica a GL é a atividade física programada realizada

no ambiente e durante o expediente de trabalho (Alves, 1999:66). Esta definição

converge com o fato de que diferentes formas de atividades físicas ou recreativas

sejam chamadas na prática de Ginástica Laboral. Bawa (1997:74), apresenta o

que chama de Ginástica de Pausa “pausgymnastik”, tendo sido criada por Sheila

Lee, como sendo uma série de exercícios leves, criados especialmente para

usuários de computadores.

Em alguns casos a GL é batizada com o nome dos programas ou projeto de

origem, mas é classificada e identificada pelos diferentes atores envolvidos nos

ambientes de trabalho como sendo GL. Assim, as definições existentes sobre a

GL, seguem as tendências da visão e interpretação dos que fizeram sua aplicação

prática.

Em outra definição a GL consiste em exercícios realizados no local de

trabalho, atuando de forma preventiva e terapêutica no caso da LER/DORT, sem

levar o trabalhador ao cansaço, por ser de curta duração e enfatizar o

alongamento e a compensação das estruturas musculares envolvidas nas tarefas

ocupacionais diárias.

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40

CONCLUSÃO

Há algum tempo, a qualidade de vida deixou de ser associada apenas à

prática de exercícios físicos. A qualidade de vida é a percepção de bem-estar

quanto às expectativas de satisfação das necessidades e do estado de motivação.

A necessidade de compreender o trabalho para poder transformá-lo

também parece ficar excluída da perspectiva de Programas de GL como medidas

exclusivas de prevenção, quando buscam melhorar as condições do ser humano

para que melhor trabalhe. Segundo Oliveira (1998:56), quando alguém adoece em

função do trabalho é o trabalho que está doente e não a pessoa. Neste sentido, a

centralização das ações no homem e não no trabalhar, remetem à reflexão de que

programas de exercícios laborais atuando de forma isolada, tenham limitações

severas como formas preventivas de LER/DORT.

A GL apresenta-se como um campo de prática de alguns profissionais da

saúde extremamente utilizado a alguns anos, como uma ferramenta de prevenção,

em especial de LER/DORT. A literatura pesquisada não mostra evidências

concretas do potencial de prevenção desta prática, bem como existe uma grande

carência de pesquisa científica sobre o assunto. O conhecimento acerca de GL

nasceu da prática desses profissionais e a partir dali são originadas algumas

definições e atribuições, porém muito pouco embasadas. Apesar da falta de

estudos epidemiológicos analisando a eficácia de programas de GL, existem

correlações concretas sobre os benefícios da prática de exercícios físicos na

saúde dos trabalhadores.

O estudo consegue levantar várias questões que mostram evidências de

influência direta no registro dos casos, porém, não tem condições de apontar

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41qualitativamente o grau de influência direta dos exercícios no comportamento dos

casos de LER/DORT.

A execução de programas de GL deve prezar pela liberdade de expressão

e iniciativa própria do trabalhador, não devendo ser imposta como uma tarefa a

mais a ser realizada na jornada de trabalho, conforme evidenciado nesta

experiência. A privação das manifestações expontâneas, a rigidez do sistema

produtivo e o controle rígido sobre as atividades, são comprovadamente fatores

contributivos para a gênese de LER/DORT, com isso a GL não deve ser mais uma

forma de opressão no trabalho.

As manifestações somáticas acometendo o trabalhador relacionadas ao

trabalho podem ser encaradas como representativas apenas de uma parte dos

problemas ocupacionais.

A ergonomia por ser uma ciência que estuda profundamente o

funcionamento humano no trabalho, gerando conhecimentos e contribuindo para a

concepção e a melhoria das situações e das condições de trabalho. A ergonomia

atua nos fatores que determinam o trabalho: formação, organização de trabalho,

postos, equipamentos e ambiente, Ela traz sinergia, otimização do trabalho

humano, qualidade e produtividade em um ambiente seguro e

saudável.Considerando isso, medidas como Ginástica Laboral, não seriam

suficientes para prevenir LER/DORT (Soares &Assunção, 2002:89). Assim, pode-

se afirmar que programas de GL, quando adotados de forma isolada como

proposta preventiva de LER/DORT, são extremamente limitados. Ao contrário,

podem distorcer a visão sistêmica necessária para abordar esse complexo

fenômeno, ao serem defendidos dentro das organizações como medidas

unipotentes de prevenção. Porém, deve-se considerar que a GL como uma

medida preventiva coadjuvante de uma abordagem que considere o trabalhar e

quem trabalha, pode contribuir para que se alcance a redução dos índices de

LER/DORT nos ambientes de trabalho, promovendo a saúde do trabalhador.

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BIBLIOGRAFIA

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ATIVIDADES CULTURAIS

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 8

CAPITULO 1

1. QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E QUALIDADE DE VIDA:

UMA PROPOSTA INTEGRADORA 9

1.1 Qualidade de Vida 15

CAPITULO 2

2.QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO COM ENFOQUE NA

PREVENÇÃO DA LER/DORT 20

2.1 Fatores que predispõem a LER/DORT 21

2.2 O fenômeno LER/DORT 22

2.3 O Trabalho e LER/DORT 24

2.4 Prevenção de LER/DORT 30

2.4.1 A ergonomia e a prevenção de LER/DORT 33

2.4.2 Ginástica Laboral (GL) como proposta preventiva de

LER/DORT 37

CONCLUSÃO 41

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BIBLIOGRAFIA 43

ATIVIDADES CULTURAIS 46

ÍNDICE 47

FOLHA DE AVALIAÇÃO 49

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Pós-Graduação “Latu Sensu”

Título da Monografia: QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

Autor: CLÁUDIA FERREIRA DE MENDONÇA

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito:

Avaliado por: Conceito:

Avaliado por: Conceito:

Conceito Final: