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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSO” FACULDADE INTEGRADA AVM A Supervisão e suas contribuições para o sucesso escolar Por: Jane Inácio de Andrade Machado Orientador Profª. Mary Sue Niterói 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSO”

FACULDADE INTEGRADA AVM

A Supervisão e suas contribuições para o sucesso escolar

Por: Jane Inácio de Andrade Machado

Orientador

Profª. Mary Sue

Niterói

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSO”

FACULDADE INTEGRADA AVM

A supervisão e suas contribuições para o sucesso escolar

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Supervisão e

administração escolar.

Por: Jane Inácio de Andrade Machado

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AGRADECIMENTOS

A Deus, que nunca me desamparou e deu-me vida e

inteligência para escolher o que é certo.

À minha família, pelo apoio e pela compreensão.

Às amigas que juntas compartilhamos momentos

especiais e alcançamos o nosso crescimento profissional.

Aos professores do curso, por sua dedicação e

competência de nos ensinar o que aprenderam ao longo

da vida.

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DEDICATÓRIA

Aos meus dois amores: Karyna,minha filha querida

meu esposo Vanderlei e a

todos aqueles que de alguma maneira tiveram

influência na

minha formação.

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RESUMO

O presente trabalho mostra o papel da Supervisão educacional praticada

ontem e hoje e as contribuições feitas pela supervisão educacional atualmente,

no município de Niterói, para o desenvolvimento de um trabalho pedagógico de

qualidade no Ensino Fundamental.

Os dados bibliográficos foram buscados em diversos autores, a exemplo de

Vasconcellos, Rangel, entre outros, assim como a pesquisa descritiva

qualitativa realizada objetivou mostrar as contribuições dadas pela supervisão

educacional, através de sua sensibilidade para compreender e da dinâmica

solidária e humilde que visa consolidar a coletividade. As entrevistas foram

feitas com duas diretoras, uma secretária escolar e dez professores, todos

pertencentes às escolas do pólo cinco do município de Niterói.

O trabalho do Supervisor Educacional cada vez mais tem sido motivo de

questionamentos no meio. Este trabalho mostra a ressignificação da

supervisão educacional na atualidade, suas atribuições no cotidiano da escola

e suas contribuições para o sucesso dos envolvidos no processo de ensino e

aprendizagem.

É preciso que se reflita sobre o trabalho que o supervisor educacional realiza,

conforme Medina (2002) expõe:

“A percepção da existência de um espaço de trabalho

para os supervisores nas Escolas, a falta de um olhar

investigador para ajudar a esboçá-lo e situá-lo,

identificando os seus limites e possibilidades, tem gerado

posições diversas a respeito do trabalho que o supervisor

vem desenvolvendo ou que possa vir a desenvolver no

interior da Escola”. (Medina, 2002, p.27)

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada para a realização deste trabalho partiu de leituras

bibliográficas sobre as contribuições da supervisão educacional e os avanços

referentes a essa profissão, bem como, de pesquisa e análise de questionários

e entrevistas sobre a práxis dos supervisores nas escolas pertencentes ao pólo

cinco da rede municipal de Niterói. Pretendemos com esse trabalho refletir e

mostrar a prática atual e os caminhos percorridos pela supervisão neste

município. Objetivando o incentivo à formação contínua desses profissionais,

frente aos desafios encontrados no cotidiano da escola.

O questionário (entrevista) constará de perguntas que visam o diagnóstico da

prática e da eficácia do trabalho realizado supervisão educacional.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I - Saberes e fazeres da Supervisão Educacional.

CAPÍTULO II - A articulação e a ação supervisora: possibilidades e

enfrentamentos.

CAPÍTULO III – A Supervisão Educacional em busca do Sucesso no Trabalho

Pedagógico

CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANEXOS

ÍNDICE

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INTRODUÇÃO

Na sociedade que vivemos hoje, percebemos claramente que os

responsáveis de nossos alunos estão muito preocupados com questões

profissionais e financeiras desse modo o tempo para acompanhar e participar

da formação dos filhos como cidadãos fica comprometido. Essa situação

evidencia-se quando o responsável não comparece às reuniões de pais, não

assina a agenda do aluno ou até mesmo quando é solicitado a comparecer na

unidade escolar e dá alguma desculpa, que muitas vezes não convence a

ninguém. Entende-se que este estado de abandono, que pode ocorrer em

todas as classes sociais, poderá refletir significativamente na qualidade de

aprendizagem de nossos alunos.

Além dessas dificuldades, a própria escola de maneira inconsciente pode

acabar criando dificuldades para a aprendizagem, quando não leva em

consideração esse estado de abandono por parte da família, gerando assim um

aluno desinteressado.

Com tudo isso, o professor não vendo o progresso em seu trabalho torna-se

desestimulado,pois não encontra apoio técnico nem incentivo para continuar.

Desta forma, os questionamentos e as reflexões à concepção das pessoas

envolvidas no processo educacional sobre a qualidade das práticas escolares,

nos fazem pensar nas ações positivas que a supervisão escolar, em termos de

uma atuação coletiva, comprometida com os princípios pedagógicos ensejados

pelos educadores e com o processo educativo escolar, pode desenvolver

dentro da escola.

Nesse sentido, ao realizar a coordenação do trabalho pedagógico, o

supervisor vai assumir o compromisso de coordenar reuniões onde, de modo

coletivo as decisões sejam tomadas para favorecer as práticas fundamentadas

em uma visão social e ampla da educação dentro da sociedade em que se

insere.

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“Nos últimos anos, temos desenvolvido algumas

pesquisas de cunho etnográfico, analisando a prática

pedagógica ‘bem sucedida’. (...) Em todos esses

trabalhos, o que sobressai, como principal fator para o

sucesso da escola, é a presença de um supervisor que

vê sua tarefa como essencialmente pedagógica, que está

junto com os professores, discutindo com eles os

problemas e buscando soluções, conhecendo as

crianças, enfim, o fato de a escola contar com alguém

preocupado com o ensino e que busca meios de auxiliar

o professor a tornar a sua tarefa menos árdua contribui

sobremaneira para o sucesso da escola”. (Mediano,

1990: 83)

É através da Supervisão Escolar que temos a possibilidade de intervenção no

processo pedagógico, por meio da organização e da coordenação de encontros

de formação continuada do corpo docente, buscando oferecer e estimular

estudos e debates críticos-sociais contextualizados, para o favorecimento do

conhecimento e para valorização das práticas pedagógicas.

Este estudo foca a práxis supervisora nas escolas da rede municipal de

Niterói. As escolas desta rede são divididas em pólos e o estudo do trabalho

será realizado no pólo 5. O estudo tem como objetivo contribuir para uma

educação mais humanizadora e de qualidade nas escolas públicas.

Será observado como se dão as relações com a realidade escolar e os

procedimentos de coordenação como um elo para o sucesso escolar.

Verificando a existência de relações competitivas, corporativas e autoritárias, a

partir de tarefas socioeducativas em uma dimensão participativa que

possibilitará o autodesenvolvimento humano.

O tema deste trabalho foi escolhido devido à vivência profissional em

diferentes municípios, onde percebe-se claramente que alguns supervisores

não participam efetivamente dos trabalhos pedagógicos desenvolvidos nas

escolas e com isso, não valorizam o coletivo e as relações que envolvem o

processo ensino-aprendizagem trabalho de alguns supervisores educacionais

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de municípios variados , percebemos que alguns desses profissionais não

valorizam o trabalho coletivo e as relações que envolvem o processo ensino –

aprendizagem, relações estas que muitas vezes podem deixar marcas para

sempre nos envolvidos neste processo.

O supervisor educacional que encontramos em alguns casos tem se

preocupado com questões burocráticas e procedimentais. Essas não devem

ser deixadas de lado, mas não podem ser mais importantes que as questões

que envolvem as relações interpessoais.

A pesquisa realizada caracterizou-se como descritiva, porque os

entrevistados responderam os questionários com dados da sua realidade, onde

os mesmos foram analisados e transcritos. Qualitativa, porque todos os dados

da realidade são importantes e predominantemente descritivos. Os elementos

da referida pesquisa foram questionários (ver anexos) aplicados pelo próprio

pesquisador.

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CAPÍTULO I

SABERES E FAZERES DA SUPERVISÃO

EDUCACIONAL

Para definir supervisão vamos esclarecer o sentido etimológico do termo. A

palavra supervisão é formada pelos vocábulos super (sobre) e visão (ação de

ver). Mostra a ação de ver com mais clareza uma ação qualquer. Devendo

assim este profissional ter uma visão global das coisas.

Alguns conceitos sobre a função supervisora ainda encontram-se atrelados

a alguns períodos da nossa história, um exemplo é o período da ditadura, pois

este, não é um fato histórico tão distante e marcou de tal maneira esta função

que até hoje, mesmo com todas as mudanças, podemos ver algumas pessoas

usando práticas e termos como inspeção e fiscalização. Isto dentro de um

contexto educacional.

“Sabe-se que a Supervisão Educacional foi criada num

contexto de ditadura. A Lei 5692/71 a instituiu como

serviço específico da Escola de 1º e 2º Graus (embora já

existisse anteriormente). Sua função era, então,

predominantemente tecnicista e controladora e, de certa

forma correspondia à militarização Escolar. No contexto

da Doutrina de Segurança Nacional adotada em 1967 e

no espírito do AI-5 (Ato Institucional n.5) de 1968, foi

feita a reforma universitária. Nela situa-se a reformulação

do Curso de Pedagogia. O mesmo prepara

predominantemente, desde então, “generalistas”, com o

titilo de especialistas da educação, mas pouco prepara

para a prática da educação”. (Urban, 1985: 5)

A supervisão é uma forma de garantir a prática do que foi planejado,

exigindo, um profissional preparado para o exercício desta função, que

desempenha funções diversas.

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Com a evolução do processo de ensino e aprendizagem a função supervisora

passa a ser vista também como uma atividade de assessoria, suporte técnico

para o professor e controle de variáveis que modifiquem o curso dos eventos

instrucionais.

O supervisor é parte integrante do corpo docente e tem como especificidade

em seu trabalho a coordenação do trabalho pedagógico, organizando no

coletivo as atividades didáticas e curriculares e a promoção e estímulo de

oportunidades coletivas de estudo. Sendo assim, o supervisor está vinculado à

gestão da escola, pois ele busca juntamente com o professor a minimização

das dificuldades que eventualmente poderão surgir no contexto escolar em

relação ao ensino e à aprendizagem.

Desta forma, a função do supervisor deve ir além do trabalho do professor,

trabalhando como mediador entre o professor e o aluno, firmando uma relação

de parceria e cumplicidade na ação pedagógica, observando e compreendendo

o momento vivido e suas condições, para possíveis mudanças das propostas

pedagógicas, tendo sempre como objetivo maior melhorar o relacionamento e a

facilitação das aprendizagens.

1.1 Origem histórica

Segundo Souza (1974), a supervisão nasce da necessidade de adestramento

de técnicas para a indústria e comércio avançando para outros campos como:

militar, político, esportivo, educacional, etc. tendo como objetivo alcançar um

bom resultado no trabalho.

Do século XVIII até princípios do século XIX a supervisão se manteve como

inspeção, reprimia, checava e monitorava.

Surge então em Cincinatti, a ideia de uma supervisão relacionada ao

processo de ensino. Voltada para o trabalho docente até 1950.

A preocupação com a eficiência do ensino e com o estabelecimento de

padrões de critérios de aferição do rendimento escolar, aparece no final do

século XIX e início do século XX, visando à eficácia do processo de ensino

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aprendizagem. Pode-se verificar também a utilização de conhecimentos

científicos para melhorar o ensino e assim os resultados de aprendizagem dos

alunos, com isso a supervisão se propõe a transmitir, explicar, mostrar,impor,

julgar e repensar.

A partir de 1925, há na supervisão uma maior influência das ciências

comportamentais e também dos princípios democráticos, sendo o supervisor

também um líder democrático.

Na década de 30, já com um caráter de liderança, valoriza os processos de

tomada de decisões em grupo, na busca do alcance de objetivos através do

esforço corporativo.

Buscando a melhoria da qualidade do ensino a supervisão em 1960, volta-se

para o currículo com um caráter pesquisador em primeiro lugar.

No final da década de 70 e início dos anos 80, muitos autores enfatizam a

escola como local de trabalho, em que o sucesso do aluno não depende

exclusivamente do conhecimento de conteúdos, métodos e técnicas. A escola

torna-se um local onde todos aprendem e ensinam, cada qual ocupando o seu

lugar, e onde a Supervisão educacional tem uma contribuição importante para

oferecer no processo de ensino e aprendizagem.

Na história da Supervisão educacional Brasileira vê-se que a mesma

também surgiu da ideia de controle dos estabelecimentos de ensino pelo poder

público.

1.2 A Supervisão na atualidade

Muitas vezes o supervisor é considerado a figura que vai salvar as situações

já postas, ou até mesmo aquele que pode “apagar os incêndios” e etc. e no fim

a sensação que se tem é de que nada foi feito. Há ainda uma relação distante

dos professores, onde se encontram a desconfiança, a competição, etc.

Ao longo dos anos as atribuições da ação supervisora modificaram-se. De

função fiscalizadora com o objetivo de inspecionar e controlar, para um caráter

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pedagógico, assessorando o trabalho do professor para a melhoria do seu

desempenho, visando a qualidade do processo ensino-aprendizagem.

Nessa perspectiva a supervisão vai muito além de um trabalho meramente

técnico,ou de “apagador de incêndios” como muitas vezes é visto, passa a ser

pedagógico, uma vez que implica em uma ação planejada e organizada a partir

de objetivos claros, assumidos por todas as pessoas que fazem parte da

comunidade escolar, objetivando o fortalecimento do grupo e a sua posição de

responsabilidade frente ao trabalho educativo.

Por ter sua origem profissional ligada ao poder e controle autoritários, se faz

necessário que o supervisor que assume uma postura diferenciada, conquiste

a confiança dos educadores e o apoio para o bom andamento dos trabalhos

pedagógicos.

A prática de uma real democratização do conhecimento acumulado

historicamente pelo sujeito deve ser a estrutura da formação do supervisor

educacional, pois isso levará este profissional a trabalhar não passivamente

diante dos fatos, mas de maneira crítica, reflexiva e transformadora, não

pensando só em si mesmo, mas sim no coletivo, em busca da garantia do

direito de todos os cidadãos e não apenas do seu grupo.

A supervisão hoje, deve contribuir para uma educação não somente

acessível, mas que seja o caminho para a formação e para a emancipação do

ser humano, deixando de ser também apenas instrumentos de discursos

políticos em busca de poder.

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CAPÍTULO II

A AÇÃO SUPERVISORA: POSSIBILIDADES E

ENFRENTAMENTOS

Devemos situar a supervisão quanto ao nível e ao âmbito de ação. No texto

em questão vamos tratar de uma supervisão que se realiza na escola,

integrada à equipe docente, no âmbito da ação didática e curricular.

A coordenação das atividades didáticas e curriculares é interdisciplinar,tanto

nos fundamentos, quanto nas articulações dos elementos do processo ensino-

aprendizagem, que são professores, alunos, objetivos, conteúdos, métodos,

avaliação, recuperação e contexto. (Rangel, 1988)

Ainda para Rangel, a supervisão deve ter enfoque na ênfase do processo

didático e na necessidade de que a formação e a ação supervisora preparem-

se para acompanhá-lo e atualizá-lo no cotidiano da escola.

Neste sentido acrescenta-se ao serviço do supervisor, estimular a atitude de

estudo, pois a dinâmica do processo didático e do conhecimento que se

ensina, aprende e (re) constrói na escola solicita do supervisor que este

promova e incentive o hábito de estudo. Para isso é necessário que o

supervisor tenha uma visão geral sobre os fundamentos, princípios e conceitos

do processo didático. É indispensável então falar em afetividade, emoção e

prazer, pois, o processo didático, que é relacional por sua própria natureza, tem

como um de seus temas significativos de estudo, o sentido, humano, social,

educativo, das relações pessoais.

Considerando que aprender requer disciplina, organização, concentração,

trabalho, é também preciso pensar que o ser humano necessita ser feliz.

Assim, a disciplina do trabalho em nada exclui a finalidade e o direito de se ter

uma vida prazerosa.

Sendo a escola um lugar de convívio, este, também pode ser aprendido, para

que se faça cada vez melhor. Desta forma, ao estudo da supervisão aplica-se

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às relações dos alunos entre si, dos professores, entre si, com seus alunos,

famílias, funcionários, enfim, de todos que participam da comunidade escolar.

Para estudar as relações humanas e sociais é preciso buscar nas fontes da

psicologia, da antropologia e da filosofia para que possam ajudar a

compreender e conviver, sem prejuízo da autonomia, da espontaneidade e da

assertividade.

A perspectiva humanizadora da ação supervisora

Ainda hoje , o profissional da supervisão busca a sua identidade profissional,

mesmo depois de tantas mudanças na política, pois a cada troca de governo

ou de comando todo o trabalho educacional era repensado, reiniciado ou até

mesmo impedido de ser realizado.

Com tudo isso acontecendo, o supervisor educacional foi sendo cada vez

mais um profissional desvalorizado e sua força de trabalho fragmentada.

Perdendo sua identidade profissional, ainda não conseguiu construir o seu

perfil dentro do novo sistema educacional. É conhecido por diferentes nomes

em várias ações, o que cria além de uma grande confusão, um diferencial

dentro de uma mesma função.

Essas situações acabam por transformar os profissionais em submissos e até

mesmo controlados e inibidos em suas ações. Encontramos também

supervisores trabalhando em organizações que nada tem haver com a

educação, atuando em setores de recursos humanos e ainda assim, continuam

mantendo o vínculo com o conhecimento, pois em suas ações contemplam a

coletividade e dão a base para o trabalho de valorização humana e profissional

dos trabalhadores.

“(...) a Supervisão Educacional precisa estar comprometida com

uma concepção de homem e de sociedade, que valorize

essencialmente a liberdade e a justiça social, estando, portanto,

comprometida com uma concepção de educação e de escola

que atenda aos anseios dessa mesma sociedade, em uma

perspectiva democrática e democratizadora. (...) Em função

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disso, as formas de trabalho necessitam ser revistas. Novas

abordagens na ação supervisora necessitam ser iniciadas e

experimentadas, no sentido de substituir a competição pela

colaboração, a desconfiança pela confiança, o individualismo

pela solidariedade, a alienação pela crítica e participação.

(Medeiros e Rosa, 1985, p.69)

Não se pode esquecer que o profissional que se encontra no contexto escolar

e comprometido com a educação, tem a sua liderança potencializada, pelo

amplo conhecimento das leis vigentes, e as possibilidades de articulações. É

também através da educação bem direcionada que o supervisor tem a

oportunidade de promover uma transformação real em uma coletividade.

Como atua com os aspectos principais da formação humana e com muitas

pessoas envolvidas direta ou indiretamente, deve fazer parte da formação do

supervisor questões como: aprendizagem, planejamento, conhecimento

organização, avaliação, coletividade, valores éticos, democracia e

comunicação. Tais questões também não podem estar fora da formação

continuada desse profissional.

Não se pode deixar de falar da importância da função supervisora para o

cenário educacional brasileiro, desvencilhando a do momento histórico em que

foi instituída apenas como vigilante e fiscalizadora, já mencionado

anteriormente e construindo uma nova dialética profissional, de

acompanhamento, orientação e parceria.

Assim, a contribuição desse profissional será para uma sociedade

democrática, consciente e comprometida com a transformação pessoal e

profissional, atingindo muito além do seu círculo de ação direta.

“O apelo à ação é provavelmente a melhor conclusão das

nossas reflexões sobre as mudanças da formação cultural da

sociedade, mas pode ser satisfeito apenas com a condição de

que a própria sociedade desempenhe um papel ativo no

processo de educação do homem novo”. (Schaff, 1990, p.81)

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O autor citado aponta portanto, a articulação da teoria com a prática

educacionais, mostrando uma práxis consciente política e social, a fim de

promover a emancipação do homem em suas ações individuais e coletivas

através de uma educação de qualidade.

A democratização do conhecimento acumulado historicamente pelo sujeito,

deve ser a base para a formação do supervisor educacional, visando uma

posição mais crítica, reflexiva e transformadora diante dos fatos,em busca dos

direitos de todos os cidadãos, pensando no coletivo e não só em seu grupo de

interesses.

A educação deve ser o caminho da formação humana e da emancipação.

“(...) pela presença e participação que se dão: o

compromisso na luta contra a exploração da categoria e

das classes populares; o querer compreender o sentido

científico da sociedade e buscar os mecanismos de

superação da dominação de uns sobre os outros”.

(Bezerra, 2007, p.64)

Para completar, além das condições de vida digna e saudável, ainda falta

respeito, comprometimento e a noção de pertença à categoria a qual realmente

fazemos parte, a dos seres vivos e humanos, não somos deste ou daquele

grupo. Com isso percebemos que o que realmente importa não é a cor da pele,

as posses de uma pessoa, ou o diploma que ele tem.

A educação tem um papel fundamental o de desmistificar a relação de

aceitação pela sociedade da dominação e de promover movimentos que

superem a passividade social na qual vivemos.

“A dominação é aceita como um dado da natureza

e não é encarada como um problema resolvível pelo

homem desde que também é criado pelas relações entre

os homens”. (Bezerra, 2007,p.65).

Refletir e superar o paradigma da qualidade corporativista e mercadológica

para nós, deve ser um dos objetivos da supervisão educacional, devendo isso

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acontecer juntamente com os outros profissionais da educação em toda a rede

de ensino, através do diálogo e de estudos propostos. Não se pode esquecer

de incluir nesta ação toda a comunidade escolar e os indivíduos da sociedade

civil organizada, mostrando assim, que a educação pública pode e deve ser de

qualidade.

“A escola não pode perder de vista o seu sentido como

uma das organizações culturais; ela é um espaço onde a troca

de saberes deve dar-se como elemento de autocriação do

homem”. (Bezerra, 2007, p.86)

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CAPÍTULO III

A SUPERVISÃO EDUCACIONAL EM BUSCA DO

SUCESSO NO TRABALHO PEDAGÓGICO

O supervisor escolar é o profissional habilitado para realizar funções técnicas,

sendo fundamental que a ação desencadeada com os professores propicie

formas alternativas de trabalho e a reorganização do ambiente em conjunto.

Analisando a função social da escola, que educa através do ensino.....

A qualidade de um processo didático qualificado depende do processo

didático de supervisão, para tal é necessário que antes de se manifestar a

relação professor aluno, aconteça à relação entre o professor e equipe diretiva.

Sendo assim, é necessário dar atenção a três elementos fundamentais na ação

supervisora: liderança, subjetividade e coletividade.

3.1 Liderança

Dependendo da forma como é conduzida a liderança pode ser muito

construtiva. Quando usada de maneira eficiente em relação à segurança

praticada em suas orientações, à atenção aos problemas, à solidez de seus

conhecimentos a respeito da sua função, em relação à educação e também ao

trabalho com os professores.

No exercício do se trabalho o supervisor deve sempre primar por um estilo

participativo, pela ação coletiva junto ao seu grupo,assim sua liderança será

sempre bem vinda, pois servirá de estímulo para ações mais sólidas.

“O líder deve ser responsável pela liderança em seu

grupo, porém, de outra forma, um responsável por um

grupo não deve ser o líder, mas aquele que faz com que

exista liderança no grupo”. (Andrade, 1979, p. 78)

Isso quer dizer que cada membro do grupo deve sentir-se necessário, seguro

e solicitado.

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O supervisor enquanto líder deve administrar a dinâmica da escola, no intuito

de que todos tenham consciência da importância de suas ações na formação

do perfil da instituição.

3.2 A subjetividade

Quanto à subjetividade, é necessária a sensibilidade por parte do supervisor,

para entender que cada um reage de forma diferente diante de determinadas

situações.

A mudança da prática em sala de aula, muitas vezes não é aceita

imediatamente pelos educadores. O que se constata com frequência são o

desânimo e a descrença.

“Para dar conta deste desafio, a coordenação pedagógica

deverá ser capacitada nas três dimensões básicas da formação

humana: conceitual, procedimental e atitudinal”. (Vasconcellos,

2009, p.90)

Ainda para Vasconcellos, a dimensão atitudinal envolve valores, interesses,

sentimentos, disposição interior, convicções; por isto, deve-se aproximar dela

com coragem e rigor.

É importante que o supervisor não tenha uma postura moralista no trato com

os professores. Para Vasconcellos, Não “moralizar” significa não fechar a porta

para o outro; ao invés de se preocupar em rotular o outro, procurar

compreender o porquê de tal atitude ou situação, através desta atitude de

acolhimento, procurar ajudar o outro a encontrar ou se for o caso apresentar-

lhe um novo caminho.

O supervisor não pode romper a relação com os docentes, para isso é

necessário ter uma postura de cuidado, acolhimento e também um grau

mínimo de empatia, se colocando no lugar do outro, se partirmos logo para um

juízo moral do professor, estaremos estigmatizando-o dizendo o que ele é ou

não é. Se não queremos que o professor rotule o aluno, não devemos fazer o

mesmo com o ele.

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Partindo do pensamento de que toda a relação humana autêntica se baseia

na crença da possibilidade do outro e de que ninguém é melhor do que

ninguém. Acreditar na mudança do outro e pensar que o que ocorreu foi a falta

de oportunidade ou percepção da necessidade. Confiar na mudança de visão e

postura em relação à prática pedagógica do professor é o ponto de partida para

desarmar os preconceitos e trabalhar nesta direção. Partindo do pressuposto

de que todo o ser humano aprende, assim como o professor não pode desistir

do aluno, também o supervisor não pode desistir do professor.

Para analise e intervenções das causas da atitude do professor Vasconcellos

aponta algumas categorias: criticidade, totalidade e historicidade.

A criticidade diz respeito a não ficar preso a um olhar superficial, ao que

parece, cabe pesquisar, investigar o porquê das coisas ou situações. “(...) já na

vida cotidiana os fenômenos frequentemente ocultam a essência do seu

próprio ser, ao invés de iluminá-la”. (Lukács, 1979: 25)

O supervisor não pode ser ingênuo, não pode ficar preso aos discursos; deve

furar os esquemas de ocultação, de falta de transparência e estar apto a ver o

que está por detrás, por dentro e não ficando na desconfiança.

A negação do problema, repetição de explicações prontas, que não dão

conta das reais causas dos problemas.

Detectar o que realmente está causando a situação, o núcleo do problema, é

essencial para a resolução do mesmo, pois ao contrário o que pode acontecer

é se eleger ou inventar um. Criticar, no sentido de “falar mal” também não vai

ajudar, porque o que pode transformar a realidade são as ações e não

palavras somente.

É preciso uma atitude de análise, de investigação diante do problema, para

uma melhor compreensão da base e de compromisso de transformação. Para

isso, é necessária a compreensão e identificação das contradições presentes

na realidade e nos educadores, e trabalhá-las no sentido de dar ajudar na

tomada de consciência, bem como na busca pela superação. Este trabalho

deve se basear no respeito e pela verdade.

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Por mais equivocada que se pareça uma prática, sempre há algo válido não

devendo ser assim totalmente descartada. Valorizar o saber do outro é

importante, criticar não é só cobrar e sim resgatar os aspectos positivos.

O supervisor deve também fazer uma autocrítica, olhar sua prática,

trabalhar suas contradições, para assim poder dialogar com o professor, sem

justificar-se pelas contradições da instituição.

Cabe também a metacrítica que é a crítica da própria crítica, deve-se ter

cuidado e ficar atento às armadilhas do pensamento e da subjetividade. Para

avançar na crítica é preciso avançar na tentativa de intervenção do real.

“(...) a consciência crítica não se constitui através de um trabalho intelectualista

mas na práxis- ação e reflexão”. (Freire,1981, p.82)

Situações de conflito devem ser administradas com cautela, perceber os

aspectos que até então não tinha tido oportunidade. É preciso trazer estes

elementos novos pra os professores, ajudá-los a ver também, para enfrentar

juntos. Não há lado a ser escolhido, muito menos ficar neutro, já que não há

neutralidade, mas sim o compromisso com o Projeto Político Pedagógico, e em

função disso se posicionar diante das situações concretas.

A totalidade faz parte do seu trabalho, uma vez que o supervisor deve

procurar perceber a escola como um todo, as múltiplas relações e as várias

partes envolvidas. Falaremos então da relação entre parte e todo. Buscar a

visão de conjunto, ver as várias dimensões do problema é fundamental para

sua compreensão concreta e para a adequada intervenção.Pensar que há

apenas uma causa para um determinado problema é confortável, mas também

ineficaz.

Considerar que a resistência a mudança por parte do professor não um caso

isolado, está presente em um número bastante significativo de docentes.

Porém não podemos focar apenas nisto, mas sim nas relações as quais o

professor faz parte. Não sendo assim, o que vai parecer é que o problema é só

ele.

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Por outro lado, em se falando de intervenção, quanto mais fatores forem

atingidos pela ação supervisora, maior a probabilidade de dar certo.

“Vale evidenciar que o supervisor é o sujeito que faz a

leitura da escola na sua totalidade, sendo necessário ter

uma visão ampla de mundo e, por conseguinte, ter o

senso de investigação, de curiosidade e de pesquisa para

se possam efetuar mudanças significativas no universo

educacional sobre os moldes democráticos”.

(Giancaterino, 2010, p.85)

Quanto à historicidade, devemos reconhecer que muitas foram as propostas

de mudança e em muitas realidades foram implantadas de cima para baixo,

num contexto de desqualificação da formação, baixos salários, entrada dos

especialistas, avanço da indústria do livro didático, etc. foram esvaziando a

função docente. Assim, vemos alguns motivos da descrença no ensino por

parte do professor, além de tudo isso, o cotidiano da escola que trouxe muitas

contradições: propostas desvinculadas das condições para a sua efetivação. A

história do profissional, do grupo e da instituição nos ajuda a entender melhor

as situações que acontecem, possibilitando uma aproximação maior da

realidade.

Quando levamos em conta todos esses elementos no processo de mudança,

compreendemos esse fenômeno na sua complexidade e assim, temos um

olhar mais justo sobre nós mesmos e sobre os outros.

A sensibilidade é uma virtude essencial ao supervisor educacional, estar

aberta a perceber o outro, reconhecer suas necessidades, bem como o seu

potencial, seu valor. Tal sensibilidade leva ao cuidado de não generalizar, pois

as generalizações, apagam as diferenças.

“Ter a capacidade de identificar e valorizar as práticas

novas que estão acontecendo (ainda que frágeis e até

contraditórias, num primeiro momento). A sensibilidade

dá uma certa leveza ao tão desafiador trabalho de

formação, sobretudo quando consideramos a

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necessidade de desconstruir conceitos hábitos e atitudes

já enraizados”.(Vascellos, 2009, p.95)

Procurar construir um relacionamento baseado na confiança é de extrema

importância. Isto, se dando em atitudes concretas no cotidiano do trabalho,

onde o supervisor tem a oportunidade de mostrar a que veio e a quem de fato

está servindo,pois a confiança não está na lei, conquista-se com o tempo.

Mostrar aos professores que pretende tornar, em conjunto com toda a equipe,

o trabalho dele mais realizador e com menor grau de sofrimento e desgaste

pode ser o início de uma prática educativa transformadora e libertadora, onde

todos possam se tornar mais “humanos, livres, solidários e justos”, segundo

Vascocellos.

A Supervisão quando se coloca numa postura de formação permanente não

se julgando já pronta, demonstra uma consciência da necessidade de sempre

buscar, o que demonstra humildade e abertura.

Quanto à dimensão procedimental, Vasconcellos diz que a formação e o

domínio por parte da supervisão pedagógica é relativa ao saber-fazer,

encontrar caminhos para realizar aquilo que se busca: os métodos, as técnicas,

procedimentos, habilidades.

Para a realização das intervenções, Vasconcellos nos dá algumas categorias

nas quais a ação supervisora pode se referenciar:

A primeira categoria é a práxis, devemos transformar as idéias em realidade,

pois o que muda na verdade é a prática e se desejamos realmente que haja

uma transformação da realidade, a prática deve corresponder a uma nova

visão, pautada em uma visão crítica e mais do que isso uma prática em que se

acredita fielmente.

Fazer uma divisão entre teoria e prática, pensando que uma vem após a

outra é na opinião de Vasconcellos, um grande equívoco, pois estaria

rompendo a concepção de educação como práxis transformadora.

Desta forma a práxis completa envolve reflexão, emoção e principalmente

possibilidades para que possa se concretizar, ou seja, as condições objetivas.

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O distanciamento entre teoria e prática, muitas vezes acontece por diferentes

motivos, desde a distância entre aquilo que vivemos e o que desejamos até os

fatores sociais, como divisão do trabalho, econômicos ou culturais. Muitas

vezes o que acontece é a instituição usar a teoria para encobrir, no sentido

negativo da palavra, contradições da prática. Quando o ideal seria tomar

algumas ideias propostas e investir de verdade, procurando concretizar e tentar

efetivamente colocá-las em prática.

Na perspectiva dialética, o que acontece na educação é uma reflexão a partir

da prática, prática refletida, reflexão sobre a prática e sobre a reflexão, etc. O

que engloba a elaboração e a realização interativa.

Assim, se estabelecerá na escola a dinâmica Ação-Reflexão, levando a

apropriação crítica da prática e da teoria e fazendo com que as mesmas

avancem, sempre com o acompanhamento individual e coletivo, o que é

fundamental.

A segunda categoria de referencia para a supervisão é o método. Para

construir a práxis e atingir seus objetivos é necessária a estruturação. Devido a

ênfase que se tem dado ao trabalho coletivo muitos supervisores têm se

esquecido de fazer o seu projeto próprio, um plano específico de trabalho, que

deve estar vinculado a todos os outros planos setoriais da instituição e também

ao Projeto Político Pedagógico.

Vasconcellos aponta que para uma melhor qualidade da ação mediadora do

supervisor junto ao professor é preciso: compreender a realidade; construir a

rede de relações; conhecer, mapear, apreender o real motivo dos limites das

práticas ou das queixas; ter clareza dos objetivos e da intencionalidade do

trabalho; estabelecer o plano de ação, a partir da tensão entre a realidade e o

desejo; agir de acordo com o planejado;avaliar a prática.

A ação supervisora pode incentivar o estudo de princípios metodológicos,

enfatizando os seguintes elementos para a escolha do método:

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A consideração das relações entre professores, alunos,

objetivos, conteúdos, avaliação e recuperação da

aprendizagem;

A consideração do aluno e de seus interesses, que

emergem tanto de sua vivência, quanto do movimento

social (os fatos, os eventos, os problemas) e suas

motivações;

A consideração das especificidades dos temas dos

programas;

A consideração de fundamentos da aprendizagem e da

dinâmica da sala de aula, como a diversificação

metodológica, associada à implementação de atividades,

alternadas em pequenas etapas, evitando-se que uma

mesma (e longa) atividade esteja sujeita a fatores que

causem dispersão ou prejudiquem o entendimento, pela

sucessão extensa de informações;

A consideração de processos e recursos de avaliação e

recuperação da aprendizagem. (Rangel, 1988, p.65)

Ter métodos ajuda a entender o real em toda a sua complexidade, não basta

perceber intuitivamente é preciso possuir instrumentos de análise, de forma

que se consiga estabelecer as relações dando assim, melhores condições para

a intervenção pedagógica. Quando se procura conhecer melhor a realidade e

estabelecer relações, se ganha tanto em nitidez dos objetivos, quanto na

definição do plano de mediação. Ter um olhar superficial sobre a realidade

pode empobrecer tanto os objetivos quanto o plano de ação e comprometer o

caráter transformador da ação. Todo este processo remete a necessidade de

formação e qualificação do sujeito, tanto individual quanto coletivamente.

A terceira categoria se dá através da dialética de continuidade-ruptura, que

parte de duas orientações para o trabalho, a primeira é partir de onde o sujeito

se encontra, e não de onde se considere que ele deveria estar. E a outra é a

superação, possibilitar o avanço qualitativo.

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Sendo assim, a supervisão deve, não justificar, mas procurar entender e levar

o próprio professor a compreender o que está acontecendo com ele, os fatores

que estão condicionando a sua prática e assim ter condições de mudar.

O novo, vai ser construído a partir dos elementos dispostos atualmente no

real,esses precisam ser identificados e articulados na nova direção.

A quarta categoria na qual a supervisão pode se referenciar é o diálogo

problematizador, onde o supervisor deve estabelecer um diálogo franco,

chegando à discussão aberta com os professores, tendo sempre como pano de

fundo o Projeto Político Pedagógico.

Na iniciação da dinâmica de grupo, o supervisor deve ter a preocupação de

legitimar as falas, as dúvidas e em hipótese nenhuma desqualificá-las.

Respeitar para que o outro se sinta valorizado. Aprender a escutar também é

muito importante.

“(...) sabemos que muitas vezes o que as pessoas

precisam é de alguém para ouvi-las, pois ao falarem vão

organizando as ideias, podendo chegar a conclusões por

si mesmas”. (Vasconcellos, 2009, p.100)

A quinta e última categoria referenciadora da supervisão é a significação. Um

dos papéis mais importantes e que deve ser desempenhado pela supervisão é

o de resgate do valor e do sentido do ensino como espaço de transformação. O

seu esforço de mediação, deve ser para ajudar o professor a construir um

sentido para o seu trabalho, o que acarretará a ajudar também o aluno a

elaborar um sentido para o seu estudo. Através da articulação de sentido e

juntamente com a equipe diretiva, enfrentar a descrença e desesperança do

professor no ensino.

Para Vasconcellos não basta apenas realizar as ações é preciso sustentar

um processo de mudança, para isso aponta algumas categorias de

sustentação: a ética, a visão de processo, a avaliação e a participação.

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Muitas vezes, as tentativas de mudança não dão certo pela falta da ética e da

transparência dos membros do grupo. É preciso falar claramente, não falar

através de indiretas, cortar os problemas pela raiz, não deixando que se

instalem no interior do grupo.

É preciso ter uma visão e uma prática de processo, tendo a consciência da

necessidade de mudança das estruturas, porém deve-se compreender a

importância de se dar passos concretos. A visão de processo se contrapõe a

ideia dicotômica de que ou se muda tudo ou não se muda nada, é melhor fazer

mudanças ainda que limitadas, mas em direção à finalidade maior.

Conviver com diferentes modalidades de práticas pode ser uma entrave nos

processos de mudança para muitos dirigentes, porém o importante é que tais

práticas sejam devidamente conhecidas, ou seja, que a prática de um

segmento não seja estranha ao outro e que a discussão sobre as diferenças

seja aberta. O importante é não abrir mão dos desejos em nome dos limites e

não ultrapassar os limites em nome dos desejos.

“Alimentar a tensão entre o desejável e o realizável (não

atropelar os limites, em nome do desejo, nem abdicar dos

desejos em nome dos limites).Desta tensão é que

emergirá o histórico-viável. Muitas vezes, só vamos achar

um razoável ponto de equilíbrio (sempre provisório)

depois de algumas tentativas e alguns erros cometidos...”

(Vasconcellos, 2009, p.102)

Tais erros citados por Vasconcellos, não podem servir de justificativa para

interromper a experiência, mas sim servir como aprendizado para o avanço

significativo.

É necessário levar em consideração todas as dimensões da realidade e

perceber que nem todas as alterações têm a mesma importância, não há uma

mudança da qual todas as outras fossem dependentes. Por isso cada coletivo

deverá decidir o passo que deverá ser dado naquele determinado momento.

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A própria atividade supervisora deve ter sobre si a visão de processo, pensar

que a supervisão que se deseja ser ainda não está pronta, ao contrário

encontra-se em formação contínua.

A avaliação entra na categoria de sustentação na medida em que faz parte

do cotidiano da supervisão, assim como se empenha na avaliação do aluno

deve-se ter empenho na avaliação do trabalho desenvolvido na escola, das

relações que se dão dentro dela e das atividades que dizem respeito à

supervisão.

Segundo Vascocellos, é preciso ter uma nova postura frente ao erro, usá-lo

para construir o novo e abrir mão da posição de infalível e fazer do erro uma

oportunidade de aprendizagem.

Quando se dá de fato, sem um caráter de exclusão, a avaliação pode mostrar

pontos nos quais se devem melhorar, aspectos que necessitem de

investimento e pode também revitalizar as pessoas e a instituição, na medida

em que ajuda a elevar a qualidade do trabalho e a alcançar os objetivos

desejados.

Outra categoria que pode dar sustentação à ação supervisora é a

participação. Perder a tradição autoritária, que sempre se encontrou na escola,

pode ser o primeiro passo para uma mudança significativa. A imposição e o

autoritarismo não são o melhor caminho, pois com eles não há uma mudança

na condição interna do sujeito. É preciso lembrar que o professor é que vai

estar no cotidiano da sala de aula, ele precisa estar convicto de seu trabalho,

caso contrário o que fica é um trabalho superficial. O supervisor pode dar início

a este processo de coletividade através do incentivo a participação na

construção da proposta pedagógica. A participação pode entre outras coisas

diminuir as resistências internas à mudança. Pensar e agir de modo libertador

não significa de forma alguma, não ter proposta de trabalho, mas sim não

querer impor as suas propostas.

“Quando um supervisor, velada ou ostensivamente

pretende impor determinado comportamento a um

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professor ele nega com essa prática a educação que

ambos pretendem ver promovida. A negação do sentido

educativo também acontece quando o professor recusa-

se a considerar as perspectivas de aperfeiçoamento

profissional que o supervisor coloca à sua disposição”.

(Silva Jr., 1984, p. 109)

Vascocellos fala da importância do supervisor ter sua proposta de educação,

sua concepção de planejamento, objetivos, conteúdos, metodologia,

avaliação,etc. e da sua luta por ela, através de uma diretividade interativa, que

leve em consideração a posição dos outros, que é aberta e firma, porém que

seja munida de um profundo respeito.

“O coordenador deve ser mais educador, menos

burocrata, controlador. Não adianta querer resolver os

conflitos na base do poder autoritário; educação é antes

de tudo envolvimento, compromisso”. (Vasconcellos,

2009, p.105)

3.3 A coletividade

Uma dinâmica solidária e humilde, que propicie a igualdade de participação

nas discussões concretizará a coletividade. Para isso, é necessária a mediação

do supervisor.

Os supervisores devem ter clareza da base de sua ação, sendo essa sempre

pautada num suporte teórico.

Sabe-se que a fragmentação da vida e do saber pode ser usada como uma

estratégia para fragilizar e manipular as pessoas.

Criar espaços de desalienação, onde as pessoas sejam despertadas para

tomar consciência pela convivência reflexiva, isto é, cada um assume tarefas

num nível mais profundo e crítico. A participação da escola neste processo

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favorecerá segundo Vasconcellos, a reagregação do homem permitindo o

encontro, a reflexão, a ação sobre a realidade, numa práxis libertadora.

Existem diferentes formas de trabalho no interior da escola, mas a reunião

pedagógica semanal é o espaço de trabalho coletivo constante, nela se dá a

concretização de uma prática transformadora. Vasconcellos fala do testemunho

de professores, que a partir do momento em que foi instituído o horário coletivo

semanal,foi possível o desenvolvimento de vários projetos.

“A reunião é fundamental para despertar e/ou enraizar a

nova postura educativa. Na medida em que possibilita a

unidade entre o sujeito da ação e o da reflexão, este

espaço é revolucionário. Devemos nos empenhar para

consegui-lo, pois desta forma há condições para se criar

na escola uma nova prática pedagógica e um novo

relacionamento(...)”. (Vasconcellos, 2009, p.120)

No que diz respeito ao campo mediação, deve-se falar na função social da

escola que é educar através do ensino, na verdade quem está diretamente

vinculado à tarefa de ensinar é o professor. A supervisão, segundo

Vasconcellos, deve se relacionar com o professor tendo em vista uma relação

diferenciada e qualificada entre professor e aluno. Sendo assim, é necessário

dar atenção especial à pedagogia de sala de aula e a pedagogia institucional,

pois, o que está em questão em ambas é a formação humana, seja ela dos

alunos, dos professores, da coordenação, dos pais, etc. Em termos de

interação a relação professor-supervisor é muito parecida com a relação

professor-aluno, porém quem vai estar em sala de aula é o professor, portanto

o papel do supervisor é de mediador.

Visto que o efetivo trabalho pedagógico em sala de aula é realizado pelo

professor, cabe ao supervisor ajudá-lo a estabelecer uma dinâmica de

interação e facilitar o avanço. Para isso, Vasconcellos nos mostra que o

supervisor deve:

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“Acolher o professor em sua realidade, em suas

angústias; dar “colo”:reconhecimento das necessidades e

dificuldades. A atitude de acolhimento é fundamental

também como uma aprendizagem do professor em

relação ao trabalho que deve fazer com os alunos;

Fazer a crítica dos acontecimentos, ajudando a

compreender a própria participação do professor no

problema, a perceber suas contradições (e não acobertá-

las;

Trabalhar em cima da ideia de processo de

transformação;

Buscar caminhos alternativos; fornecer materiais;

provocar para o avanço;

Acompanhar a caminhada no seu conjunto, nas suas

várias dimensões”.

(Vasconcellos, 2009, p.89)

Percebe-se que ao mesmo tempo em que o supervisor cria, ele também

alivia a tensão, pois deve ser questionador, desequilibrador, provocador,

animado e disponibilizador de subsídios que permitam o crescimento do grupo,

tendo assim, um papel importante na formação dos professores.

O trabalho da supervisão se dá tanto na relação professor-aluno, quanto com

a administração, podendo assim se ajudarem mutuamente e se aproximarem

criticamente.

A comunidade em que está inserida a escola é um outro campo de atuação

do supervisor, pois lá estão também envolvidos processos de aprendizagem

aos quais o supervisor deve estar atento. Alarcão, fala do supervisor como um

líder de comunidades formativas. A relação educativa, é um vínculo

epistemológico e objeto de cuidado da supervisão, não importando onde se dê.

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“A educação, não importando o grau em que se dá, é

sempre uma teoria do conhecimento que se põe em

prática.(...) O supervisor é um educador e, se ele é um

educador, ele não escapa na sua prática a esta natureza

epistemológica da educação. Tem a ver com o

conhecimento, com a teoria do conhecimento. O que se

pode perguntar é: qual o objeto de conhecimento que

interessa diretamente ao supervisor? Aí talvez agente

pudesse dizer: é o próprio ato de conhecimento que

está se dando na relação educador/educando”. (Freire,

1982, p.95)

Portanto, não importa onde ocorram os processos de aprendizagem, serão a

especificidade da atuação da supervisão.

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Capítulo IV

A supervisão nas escolas municipais de Niterói

A supervisão educacional, também chamada de coordenação pedagógica,

acontece nas escolas municipais de Niterói de maneira muito criteriosa e com

muito cuidado por parte da Fundação Municipal de Educação (FME). O número

de pedagogos lotados nas escolas varia de acordo com o número de alunos, o

que propicia um melhor atendimento por parte da E.A.P. (Equipe de Articulação

Pedagógica), para os alunos, pais e professores.

As escolas municipais de Niterói são divididas em pólos para facilitar o

atendimento por parte da FME em todos os campos, desde a gestão escolar e

de pessoas até a supervisão educacional.

Falaremos especificadamente das escolas situadas no pólo 5, que abrangem

as comunidades do bairro chamado Barreto.

A realização de uma entrevista nas escolas do pólo citado anteriormente,

mostra claramente que o trabalho mais efetivo e direcionado, como se dá no

município, é mais eficaz, pois atinge os “problemas” de forma imediata.

As constantes reuniões com toda a Equipe de Articulação Pedagógica e o

planejamento semanal também foram citados pelos entrevistados (professores

regentes, diretores e professores de apoio pedagógico especializado) como

fatores determinantes para a melhora, tanto do trabalho pedagógico, quanto da

orientação de como proceder em determinadas situações do dia-a-dia.

Em algumas escolas percebeu-se, também através de entrevista, que o

grande número de atendimento aos pais e/ou responsáveis tomava muito o

tempo da supervisão, sendo assim, passou-se a agendar dias e horários para

tal atendimento. Isso não quer dizer que ao chegar na unidade escolar, mesmo

sem hora marcada, o responsável não será atendido, mas fica evidente que o

trabalho torna-se mais fácil quando organizado, e mostra para a própria

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comunidade escolar que em todo o processo educacional a organização é

necessária.

Uma prática evidenciada e muito importante, é o acompanhamento das

aulas.

“O acompanhamento de aula é um poderoso recurso

para a formação do professor, desde que seja feito

adequadamente. Infelizmente no passado a visita na sala

de aula foi usada como forma de vigilância e controle

sobre o docente. Hoje a visão é totalmente outra.

Entendemos que é um privilégio ter alguém para assistir

nossa aula e depois sentar e dar a devolutiva, refletir

conosco suas observações, visando à tomada de

consciência e o eventual avanço da prática”.

(Vasconcellos, 2009, p.107)

A disposição constante por parte dos supervisores, também foi motivo de

comentário nas entrevistas. Porém, há uma preocupação com o acúmulo de

funções e responsabilidades que recaem sobre este profissional.

Isso mostra o reconhecimento, por parte da escola como um todo, a

profissionais que têm em suas vidas uma verdadeira missão, a de promover

ações que objetivem a articulação dos educadores com as famílias e a

comunidade escolar, criando processos de integração com a escola e

assessorando a instituição no que se refere à ação pedagógica.

Ficou evidente que, a maioria dos entrevistados conhece as atribuições da

supervisão educacional e que a função desse profissional é cumprida nas

escolas, porém ainda existem alguns entraves no desenvolvimento das

atividades, o acúmulo de funções é um desses entraves.

Para o leitor, os itens acima se encontram em forma de entrevista nos

anexos.

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Conclusão

Conclui-se que a supervisão educacional contribui e muito para a promoção

de uma sociedade emancipada e detentora de seus direitos e deveres

individuais e coletivos, devido às suas ações e suportes teóricos, ou seja, da

sua práxis.

É importante que toda a comunidade escolar esteja junto com a supervisão

para superar possíveis dificuldades, pois é no trabalho coletivo que se percebe

o sucesso da escola, tanto do aluno, quanto do professor e isso reflete numa

plena satisfação de todos os envolvidos nesse processo que é contínuo e cheio

de percalços.

Não se pode esquecer que o comprometimento de todos também é

fundamental, muitas vezes, é o supervisor quem ajuda os envolvidos no

processo a perceberem sua importância e a relevância de tal

comprometimento.

“A atividade de Coordenação do Trabalho pedagógico

não se reduz absolutamente aos coordenadores

pedagógicos ou supervisores. Muito pelo contrário, a

Coordenação do trabalho Pedagógico, no seu autêntico

sentido, tem a ver com todos os sujeitos e com todas as

instâncias formativas no interior da escola, e

consequentemente em todas deve se dar, desde a

prática mais singular em sala de aula até a efetivação do

currículo em suas várias dimensões”. (Vasconcellos,

2009, p. contra capa)

Ter sua proposta de educação, seus objetivos, sua concepção de

planejamento e sustentar toda a sua prática pela ética, avaliação e participação

tendo sempre a visão de processo, podem ajudar o supervisor a ganhar a

confiança da escola e principalmente dos professores.

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O objetivo principal da supervisão educacional juntamente com as equipes

diretivas nas escolas analisadas, é propiciar melhores condições para o

desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem, realizando um

trabalho constante, incansável e democrático.

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ANEXOS

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ANEXO 1

Entrevista

Escola:_____________________________________________________

Formação:___________________________________________________

Cargo de ocupa na Unidade Escolar:______________________________

1- Em sua opinião, qual a função e/ou atribuições da Supervisão escolar?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

2- Essa função, na sua escola, é cumprida?

_______________________________________________________________

3- Qual a relevância da Supervisão Educacional? Por quê?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

4- Indique as principais características da atuação da Supervisão Educacional

na instituição em estudo.

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

5- Quais os principais entraves e eficácia no desenvolvimento das atividades

do supervisor?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Vasconcellos, Celso dos Santos. Coordenação do trabalho pedagógico: do

projeto político pedagógico ao cotidiano da sala de aula, 11ª Ed. São Paulo :

Libertad Editora, 2009.

Giancaterino, Roberto. Supervisão Escolar e Gestão Democrática : um elo para

o sucesso escolar. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2010

Alarcão, Isabel (org). Escola Reflexiva e Supervisão: uma escola em

desenvolvimento e aprendizagem. Porto: Porto Editora, 2001.

Beauclair, João. Do fracasso escolar ao sucesso na aprendizagem:

proposições psicopedagógicas. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2008.

Rangel, Mary e Freire, Wendel (orgs.). Supervisão Escolar: avanços de

conceitos e processos. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2011.

Andrade, Narcisa Veloso de. Supervisão em educação. Rio de Janeiro: Livros

Técnicos e Científicos, 1979.

Medina, Antonia da Silva. Supervisão Escolar, da ação repensada. Porto

Alegre: AGE 2002.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

SABERES E FAZERES DA SUPERVISÃO EDUCACIONAL

11

1.1 - Origem histórica 12

1.2 - A Supervisão na atualidade 13

CAPÍTULO II

A ARTICULAÇÃOE A AÇÃO SUPERVISORA: POSSIBILIDADES

E ENFRENTAMENTOS

15

CAPÍTULO III

A SUPERVISÃO EDUCACIONAL EM BUSCA DO SUCESSO NO

TRABALHO PEDAGÓGICO

20

3.1 - Liderança 20

3.2 - A Subjetividade 21

3.3 – A Coletividade 31

Page 43: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · feitas com duas diretoras, uma secretária escolar e dez professores, todos pertencentes às escolas do pólo cinco do município

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CAPÍTULO IV

A SUPERVISÃO NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE NITERÓI

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CONCLUSÃO 37

ANEXOS 39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 41

ÍNDICE 42