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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU” Curso de Psicologia Jurídica MEDIAÇÃO NA VARA DE FAMILIA Uma alternativa para solução dos conflitos Ticiana Dutra Abreu Lima Objetivo: Esta monografia é apresentada como parte dos requisitos como complementação didática pedagógica de metodologia de pesquisa, como parte dos requisitos para obtenção do título do Curso de Pós-Graduação. Rio de Janeiro

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

Curso de Psicologia Jurídica

MEDIAÇÃO NA VARA DE FAMILIA

Uma alternativa para solução dos conflitos

Ticiana Dutra Abreu Lima

Objetivo:

Esta monografia é apresentada como parte

dos requisitos como complementação didática

pedagógica de metodologia de pesquisa,

como parte dos requisitos para obtenção do

título do Curso de Pós-Graduação.

Rio de Janeiro

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2007

AGRADECIMENTOS

Ao corpo docente do curso de Psicologia

Jurídica e a professora orientadora Diva

Nereida, pelos ensinamentos que levarei na

caminhada profissional. A meu pai Mariano,

minha irmã Juliane, meu cunhado

Guilherme, meus irmãos Victor e Eriko, pela

ajuda na informática e o carinho.

A minha mãe em memória, e a Jancelene

pela amizade maternal.

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DEDICÁTORIA

De modo especial

ao meu avô Antônio, que

com amor me incentivou e

investiu para realização

do curso.

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RESUMO

Esse trabalho tem como objetivo abordar o conceito de mediação,

noções de direito e de psicologia, para auxiliar os profissionais que desejam

atuar como mediador.

A Mediação é um meio alternativo de solução de controvérsias,

litígios e impasses, onde um terceiro, neutro, imparcial, de confiança das partes

(pessoas físicas ou jurídicas), agindo como um "facilitador", auxilia as partes a

encontrarem a solução para os seus conflitos.

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SUMÁRIO

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INTRODUÇÃO

A aplicabilidade da Mediação pode ser utilizada em vários contextos,

mas esse trabalho está direcionado para profissionais que atuam ou tem

interesse no Direito de Família.

O método de Mediação tem sido utilizado em vários países como nos

Estados Unidos, Canadá, China, França, Argentina...

No Brasil a Mediação Familiar tem sido desenvolvida como projeto do

Tribunal de Justiça do AC, com objetivo de ser mais acessível e menos

traumática em atendimento aos conflitos familiares relacionados à separação,

ao divórcio, à guarda de filhos, à regulamentação de visitas e outros.

No Distrito Federal esse trabalho começou como projeto piloto de

Mediação Forense chamado SEMFOR (Serviço de Mediação Forense), para

atender as partes e seus advogados quando encaminhados para a mediação

pelas Varas Cíveis e de Família integrantes do Projeto-Piloto de Mediação

Forense.

A este Serviço compete a uma terceira pessoa imparcial, especialmente

formada para auxiliar as partes e ampliar a comunicação por meio de uma

abordagem do conflito respeitando á perspectiva de cada parte.

O SEMFOR exerce a atividade de contato com as partes e advogados

procedendo com a marcação de data e hora para as sessões de mediação

bem como a comunicação e agendamento dos mediadores para as sessões

pautadas.

As atribuições do SEMFOR são: coordenar, planejar, apoiar, executar e

avaliar as atividades integrantes do Programa de Estímulo à Mediação,

especialmente o recrutamento, a seleção, a formação e o treinamento de

mediadores, a divulgação, interna e externa, das vantagens da mediação e o

apoio técnico e operacional aos magistrados que assim o solicitem.

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O Serviço de Mediação Forense - tem seu funcionamento acionado pelo

(a) Juiz(a) de Direito de uma das Varas integrantes do Projeto-Piloto de

Mediação Forense.

Ao ser acionado, o SEMFOR entra em contato com as partes para

marcação ou apenas confirmação de data e horário para realização da sessão

de mediação.

Em seguida, designa os mediadores que compõem o quadro de

mediadores deste Serviço, para atuarem no caso determinado.

Ao término da mediação, o SEMFOR encaminha o caso de volta à Vara

de origem comunicando o resultado de duas formas:

Enviando um memorando acompanhado do acordo por escrito e

assinado pelas partes para análise e possível homologação do(a) Juiz(a);

Enviando um memorando acompanhado da Certidão Negativa de

Acordo.

O SEMFOR também pode ser acionado por qualquer uma das partes ou

seus advogados para obterem mais informações sobre o processo de

mediação e seu funcionamento.

A mediação é uma técnica na qual todas as partes poderão ser

beneficiadas, incluindo o Judiciário. Devendo ser aplicada no futuro bem

próximo como indispensável a todo demanda antes do processo tradicional.

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CAPITULO I

Mediação na Vara de Família

1.1 A MEDIAÇÃO NAS VARAS DE FAMILIA

A mediação é exercida por uma ou mais pessoas não envolvidas, que,

usando técnicas apropriadas, auxiliam as partes na solução dos conflitos,

identificando os pontos de controvérsia, visa facilitar que as partes tomem as

decisões de forma mais sensata possível, a seus interesses e resguardando o

maior interesse de seus filhos.

A mediação não tem o objetivo de invadir ou dirigir o conflito, e sim, de

oferecer às partes envolvidas uma estrutura de apoio profissional, a fim de que

se conscientizem de seus direitos e deveres, criando condições para que o

conflito seja resolvido com o mínimo de comprometimento da estrutura psico-

afetiva de seus integrantes.

Assim, a mediação será viável para fornecer aos magistrados através de

uma equipe técnica de apoio, formada por especialistas experimentados, que,

em contato com as partes, possam desenvolver um trabalho de mediação

prévia, ou concomitante, com objetivo de encaminhar uma solução consensual

do conflito.

A presença de um profissional altamente qualificado para mediar tais

processos é importantíssimo.

O aspecto psicológico das partes deverá ser levado em consideração

pelo profissional, uma vez que, o desgaste mental poderá ser gerado pelo

processo, que poderá levar a vidas íntima de ambas as partes a serem

expostas.

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O profissional deve saber ouvir os “desabafos” de ambas as partes; deve

estar apto para explicar as vantagens que um futuro acordo pode trazer; deve

entender, ao menos um pouco, de psicologia para que possa compreender não

somente o que as partes dizem, mas também através de seus atos e gestos.

É importante que o profissional também tenha uma noção do direito,

para que possa orientar o ex-casal corretamente daquilo que a lei exige com

relação aos deveres, e daquilo que ela oferece com relação aos direitos, e

orientar sobre o tramite processual.

Deve ainda, alertar as partes, no caso de terem filhos, que as

obrigações com eles são de ambas as partes, dividindo o trabalho, as alegrias

e as preocupações. Um não deve usar o filho como meio de atacar o outro,

pois assim estarão provocando possíveis desajustes, traumas, infelicidade e

insegurança a estas crianças.

A mediação familiar atua em família em crise, momento em que seus

membros estão vulneráveis.

O trabalho a mediação também poderá ser uma técnica eficiente para

desobstruir os trabalhos nas varas de família, influindo decisivamente para que

os processos judiciais tenham uma solução mais fácil, rápida e menos onerosa

para o Estado.

A mediação familiar não é um substituto à via judicial, mas uma via

alternativa e complementar desta, podendo ocorrer até mesmo antes do

ingresso em juízo ou no curso do processo até o momento anterior à sentença.

1.2) O QUE É MEDIAÇÃO?

A Mediação é um meio alternativo de solução de controvérsias, litígios e

impasses, onde um terceiro, neutro, imparcial, de confiança das partes

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(pessoas físicas ou jurídicas), agindo como um "facilitador", auxilia as partes a

encontrarem a solução para os seus conflitos.

É importantíssimo que o mediador tenha a consciência que ele não

decide e quem decide são as próprias partes.

Na Mediação as partes têm total controle sobre a situação,

diferentemente da Arbitragem, onde o controle é exercido pelo Árbitro.

Mediação, Arbitragem, Conciliação e Negociação: são métodos consensuais de

solução de conflitos, mas são diferenciadas entre si.

• MEDIAÇÃO

Mediação é o método consensual de solução de conflitos, que visa

facilitar o diálogo entre as partes, permitindo aos conflitantes tomar decisões

por si mesmos e encontrar uma solução duradoura e mutuamente aceitável,

que contribuirá para a reorganização da vida pessoal e familiar.

É mais adequada para aqueles conflitos oriundos de relações

continuadas ou cuja continuação seja importante, como as relações familiares,

empresariais, trabalhistas ou de vizinhança, porque permitirá o

restabelecimento ou aprimoramento das relações entre as partes envolvidas.

Uma mediação pode ser bem sucedida mesmo sem culminar em um

acordo, bastando que tenha facilitado o diálogo entre as partes e despertado

sua capacidade de entenderem-se sozinhas.

Vale ressaltar que a mediação pode trazer como vantagens um baixo

custo, informalismo, confidencial idade e maior compromisso das partes em

cumprir os acordos e respeitar a solução encontrada.

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• ARBITRAGEM

A arbitragem é o método no qual as partes submetem a solução de

seus litígios a um terceiro, que decidirá de acordo com a lei ou com a eqüidade.

Essa decisão deverá ser acatada pelas partes e será a mais adequada

para o conflito que necessita de conhecimento técnico para sua solução.

• CONCILIAÇÃO

Na conciliação o que se busca é um acordo, é o fim da controvérsia em

si mesma através de concesões de mútuas; se não houver acordo, a

conciliação é considerada fracassada

O conciliador pode sugerir às partes o que fazer, pode opinar sobre o

caso, diferente do mediador.

• NEGOCIAÇÃO

A negociação é a forma de solução de um litígio, em que as próprias

partes resolvem-no sem a participação de um terceiro.

1.3) Como funciona a Mediação?

A mediação é uma técnica interdisciplinar, a equipe de atendimento deve

ser composta de profissionais das diferentes áreas, como Assistentes sociais,

psicólogos, advogados e estagiários das respectivas áreas, portanto que

desenvolvam uma pratica de intervenção.

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O mediador deve ser treinado para ajudar as pessoas a resolver seus

problemas, conduzindo o processo de comunicação de tal maneira que todos

têm a oportunidade de ser ouvidos. Os conflitos são discutidos e várias

soluções são propostas para que se possa chegar a um entendimento.

O Serviço de Mediação Familiar pode acontecer em dois momentos: nas

ações já em andamento (ajuizadas) e nos casos ainda não ajuizados. No

entanto, no primeiro caso quando já ajuizado, o litígio depende do juiz de cada

comarca optar pela mediação.

1. 4) Como a mediação poderá atuar na área de Família.

Nas questões familiares relacionadas à separação, ao divórcio, à pensão

alimentícia, à dissolução de união estável, à divisão de bens, à regulamentação

de visitas, guarda e modificação de guarda, à investigação de paternidade e

outras.

As sessões de mediação deverão ser analisadas em cada caso,

podendo ocorrer duas, três ou mais. Normalmente as questões de cunho

familiar não são resolvidas em uma única sessão. Isso é necessário para se

evitar acordos precipitados e mal resolvidos, que acabam sendo motivo de

pedidos de revisão de acordos mais adiante.

O foco principal da Mediação é a resolução de conflito familiar, não é

aconselhamento conjugal.

No entanto, os sentimentos de um casal ou conviventes sobre a sua

união e a decisão da separação são assuntos que poderam acabar sendo

discutido nas sessões.

E poderá o casal ter entendimento por meio da Mediação de uma

possível reconciliação.

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1.5) Os filhos na Mediação.

Mediadores familiares podem ajudar a resolver conflitos tanto entre os

cônjuges ou conviventes nas divergências entre eles como com seus filhos.

A Mediação facilita a comunicação entre os envolvidos e a elaboração

de soluções para os cuidados diários dos filhos. As questões de autoridade

parental devem ser discutidas e priorizadas. A fase da separação é difícil para

todos, especialmente para os filhos.

Recomenda-se, na medida do possível, que os pais resolvam seus

conflitos em vez de brigar e competir pelo afeto das crianças. Em alguns casos,

os filhos podem ser convidados para participar da Mediação, a fim de que os

pais possam avaliar suas necessidades e sentimentos em relação à separação.

1.6) A Mediação no processo judiciário.

Nos casos ainda não ajuizados, ou seja, nos quais as questões são

tratadas anteriormente à existência de um processo, o serviço de Mediação

Familiar deve contar com a presença de um advogado para dar todas as

informações jurídicas necessárias (se possível um advogado que faz parte da

equipe interdisciplinar). Nos casos já ajuizados, as informações jurídicas são

prestadas pelos advogados que representam as partes.

A Mediação não substitui as informações legais, o acompanhamento de

um advogado ajuda as partes a entender a lei e a providenciar documentação

que serão necessário em juízo para que o acordo seja homologado. O acordo

terá valor legal após a homologação judicial.

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O serviço de Mediação Familiar disponível nos Fóruns de Justiça é mais

acessível à população, podendo ser gratuito. Também já são oferecidos

serviços de Mediação Familiar privados, que geram custos que são divididos

pelos conflitantes. Muitas vezes, os casos resolvidos pelos procedimentos da

Mediação custam menos do que um processo judicial.

O serviço de Mediação apresenta maior agilidade nos procedimentos,

menor custo e menor burocracia processual em comparação aos

procedimentos tradicionais.

É importante esclarecer que tudo o que for conversado durante as

sessões de Mediação é sigiloso.

A Mediação é um processo cujo objetivo de abrir o diálogo e recuperar a

negociação, a fim de se chegar a um acordo sobre os interesses em questão.

CAPITULO II

CONIMA (Conselho Nacional de Mediação de Arbitragem).

O CONIMA foi fundado em 24 de novembro de 1997, durante seminário

realizado no Superior Tribunal de Justiça. É uma entidade que tem como

objetivo congregar e representar as entidades de mediação e arbitragem,

visando à excelência de sua atuação, seu desenvolvimento e a credibilidade

dos MESCs (Métodos Extrajudiciais de Solução de Controvérsias).

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Tem como suas atribuições, estimular a criação de novas instituições de

mediação e arbitragem, orientando-as nas mais diversas áreas, sempre

observando a qualidade, indispensável ao desempenho de suas atividades.

Em seu estatuto no capítulo I apresenta a sua definição, seu objetivos:

CAPÍTULO I DA DEFINIÇÃO, DO OBJETO E DA CONSTITUIÇÃO.

Art. 1º - O Conselho Nacional das Instituições fundado em 24 de Novembro de 1997, é uma sociedade civil, sem fins lucrativos, de duração indeterminada, com sede e foro na cidade de Brasília - Distrito Federal, situado no SCS -Quadra 12, Bloco B, salas 208/209, Edifício Palácio do Comércio - Cep. 70.318-900. Art. 2º - O CONIMA tem por objetivos: a) coordenar as atividades integradas das instituições a ele filiadas, no que diz respeito aos fins aqui colimados; b) representar as entidades filiadas antes governos, entidades governamentais e organizações de classe; c) acompanhar o desempenho das instituições a ele filiadas, buscando defender um alto padrão de qualidade, indispensável às atividades por elas desenvolvidas, com observância das normas éticas às mesmas inerentes, d) estimular a criação de novas instituições de mediação e arbitragem e apoiar as existentes, podendo firmar convênios de cooperação técnica e financeira, no âmbito nacional e internacional, e tomar outras medidas cabíveis; e) promover e coordenar o estudo, a análise e o debate de questões relevantes sobre a mediação e a arbitragem, objetivando auxiliar na implantação de uma "cultura de solução extrajudicial de conflitos" no país; f) divulgar os princípios e normas dos códigos de ética do mediador e do árbitro, esclarecendo o público sobre a ação regulamentadora de normas éticas ínsitas à prática da mediação e da arbitragem, defendendo sua estrita observância g) garantir e preservar, no seu funcionamento, a participação democrática de todas as instituições a ele filiadas; h) pautar a sua atuação especialmente baseada nos princípios da credibilidade, independência e boa fé; i) promover e divulgar, através dos meios de comunicação, o uso responsável das técnicas de mediação e arbitragem. Art. 3º - O CONIMA é constituído pelas instituições filiadas, sendo que seus sócios classificam-se em: a) fundadores: as instituições que tenham subscrito a ata de fundação da entidade; b) efetivos: as demais instituições filiadas. c) honorários: pessoas físicas ou jurídicas que tenham prestado relevantes serviços à ética e/ou ao incremento das atividades de mediação e arbitragem, d) mantenedores: pessoas físicas ou jurídicas que prestem relevantes serviços ao incremento das atividades de mediação e

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arbitragem, mediante contribuição ou donativos' regularmente aportados à entidade. Parágrafo Único: Somente os sócios fundadores e os efetivos têm direito a voto nas assembléias gerais. Art. 4º - O CONIMA não participa de qualquer atividade político-partidária, limitando suas atividades ao disposto neste Estatuto, sendo ineficazes os atos dos administradores praticados em desacordo com as suas disposições.

2.1) Código de Ética para Mediação segundo CONIMA

Da Autonomia da Vontade das Partes:

A Mediação fundamenta-se na autonomia da vontade das partes,

devendo o Mediador centrar sua atuação nesta premissa.

• Dos Princípios Fundamentais:

O Mediador pautará sua conduta nos seguintes princípios:

Imparcialidade, Credibilidade, Competência, Confidencialidade, e Diligência.

Imparcialidade: condição fundamental ao Mediador; não pode existir qualquer

conflito de interesses ou relacionamento capaz de afetar sua imparcialidade;

deve procurar compreender a realidade dos mediados, sem que nenhum

preconceito ou valores pessoais venham a interferir no seu trabalho.

Credibilidade: o Mediador deve construir e manter a credibilidade

perante as partes, sendo independente, franco e coerente.

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Competência: a capacidade para efetivamente mediar a controvérsia

existente. Por isso o Mediador somente deverá aceitar a tarefa quando tiver as

qualificações necessárias para satisfazer as expectativas razoáveis das partes.

Confidencialidade: os fatos, situações e propostas ocorridas durante a

Mediação, são sigilosos e privilegiados. Aqueles que participarem do processo

devem obrigatoriamente manter o sigilo sobre todo conteúdo a ele referente,

não podendo ser testemunhas do caso, respeitado o princípio da autonomia da

vontade das partes, nos termos por elas convencionados, desde que não

contrarie a ordem pública.

Diligência: cuidado e a prudência para a observância da regularidade,

assegurando a qualidade do processo e cuidando ativamente de todos os seus

princípios fundamentais.

• Do Mediador Frente às Partes:

A escolha do Mediador pressupõe relação de confiança personalíssima,

somente transferível por motivo justo e com o consentimento expresso dos

mediados. Para tanto deverá:

Garantir às partes a oportunidade de entender e avaliar as implicações e

o desdobramento do processo e de cada ítem negociado nas entrevistas

preliminares e no curso da Mediação; Esclarecer quanto aos honorários, custas

e forma de pagamento.

Utilizar a prudência e a veracidade, abstendo-se de promessas e

garantias a respeito dos resultados;

Dialogar separadamente com uma parte somente quando for dado o

conhecimento e igual oportunidade à outra;

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Esclarecer a parte, ao finalizar uma sessão em separado, quais os

pontos sigilosos e quais aqueles que podem ser do conhecimento da outra

parte;

Assegurar-se que as partes tenham voz e legitimidade no processo,

garantindo assim equilíbrio de poder;

Assegurar-se de que as partes tenham suficientes informações para

avaliar e decidir; Recomendar às partes uma revisão legal do acordo antes de

subscrevê-lo.

Eximir-se de forçar a aceitação de um acordo e/ou tomar decisões pelas

partes.

Observar a restrição de não atuar como profissional contratado por

qualquer uma das partes, para tratar de questão que tenha correlação com a

matéria mediada.

• Do Mediador Frente ao Processo:

O Mediador deverá:

Descrever o processo da Mediação para as partes;

Definir, com os mediados, todos os procedimentos pertinentes ao processo;

Esclarecer quanto ao sigilo;

Assegurar a qualidade do processo, utilizando todas as técnicas disponíveis e

capazes de levar a bom termo os objetivos da Mediação;

Zelar pelo sigilo dos procedimentos, inclusive no concernente aos cuidados a

serem tomados pela equipe técnica no manuseio e arquivamento dos dados;

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Sugerir a busca e/ou a participação de especialistas na medida que suas

presenças se façam necessárias a esclarecimentos para a manutenção da

equanimidade;

Interromper o processo frente a qualquer impedimento ético ou legal;

Suspender ou finalizar a Mediação quando concluir que sua continuação possa

prejudicar qualquer dos mediados ou quando houver solicitação das partes;

Fornecer às partes, por escrito, as conclusões da Mediação, quando por elas

solicitado.

• Do Mediador Frente à Instituição ou Entidade Especializada

O Mediador deverá:

Cooperar para a qualidade dos serviços prestados pela instituição ou entidade

especializada;

Manter os padrões de qualificação de formação, aprimoramento e

especialização exigidos pela instituição ou entidade especializada;

Acatar as normas institucionais e éticas da profissão;

Submeter-se ao Código e ao Conselho de Ética da instituição ou entidade

especializada, comunicando qualquer violação às suas normas.

O CONIMA tem o objetivo de esclarecer ao cidadão brasileiro a correta

utilização dos procedimentos da arbitragem e da mediação, ao mesmo tempo

em que tem buscado disseminar os princípios éticos que os norteiam.

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Com base no CONIMA podemos resumir o objetivo da Mediação

Familiar e a função do mediador como:

• oferecer um serviço para atender os conflitos familiares em geral, de

uma forma mais acessível, ágil e menos burocrática;

• Facilitar a comunicação entre os pais em vias de separação, levando em

consideração o interesse dos seus filhos;

• Diminuir os conflitos advindos da separação.

• Possibilitar uma comunicação direta e uma atitude de cooperação entre

todos os envolvidos, evitando a competição;

• Estabelecer credibilidade, como uma terceira pessoa imparcial,

explicando o procedimento da Mediação;

• Acompanhar os pais na busca de um atendimento satisfatório a ambos,

visando aos interesses comuns e aos de seus filhos;

• Encorajar a manutenção de contato entre pais e filhos após a

separação;

• Identificar as opções e não aconselhar.

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CAPÍTULO III

Do Direito de Família.

A separação conjugal é um momento desgastante para a família que a

vivência, exigindo a elaboração de novos planos para os pais e filhos, divisão

de bens, além das questões financeiras.

Tais acontecimentos, normalmente, vêm precedidos de algumas

divergências e discussões, ligadas a fatores de ordem emocional, psicológica,

social e de relacionamento, e somente a resposta judicial é insuficiente para o

atendimento de todas essas questões.

Esse capítulo citará assunto como conceito de família, e dissolução

conjugal, e algumas divergências que podem surgir nesse processo, afim de,

ajudar o operador de direito e outros profissionais a atuar junto ás partes de

modo exaltar os recursos pessoais das mesmas, para que possam enfrentar o

conflito explícito que as vincula.

No direito o conceito de que a família tem o papel social de célula

“mater” aparece como um enfoque social, no entanto, o Código Civil de 2002

abre no Direito de Família um espaço para reflexões de ordem subjetiva e

objetiva, pois reconhece que a família comporta uma gama inesgotável de

relações.

A sociedade nos mostra que a convivência do homem em meio familiar é

importante para sua sobrevivência. Podemos citar o livro de gênese capítulo 2

nos versos 22 ao 24 para inlustrar tal importância; “E disse Adão: Esta é agora

osso dos meus ossos, a carne da minha carne: esta será chamada varoa, por

quanto do varão foi tomada. Portanto deixará o varão o seu pai e sua mãe, e

apegar-se-á á sua mulher, e serão uma só carne.”

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O profissional atuante dessa área deve ter uma visão ampla do contesto

familiar tanto psicológico, sociológico, antropológico..., para entender que ao

abordar assuntos como casamento, divorcio, bens de partilha...., está diante da

complexidade humana onde envolve sentimentos, emoções, raiva, fuga,

vingança, amor, ódio, carinho, desilusões e vários outros sentimentos que

diferenciam a espécie homo sapiens das outras espécies.

E precisa atentar que o direito tem adotado uma moderna concepção

tentando valorizar as relações relativas aos papéis de estado de filho, de pai,

de mãe.

O Brasil, hoje, está diante de uma realidade social de importante

transformação no conceito familiar. Para atender essa realidade o Direito de

Família esta diferente do início do século XX regido pelo antigo Código Civil de

1916.

O professor Orlando Gomes aduz: “A organização da família passa por

importantes transformações. Novos princípios e regras e emprestam fisionomia

nova ao direito de Família, mas, ainda assim, continua a ser a parte do direito

civil que mais reclama reforma para atualização” (Direito de Família, Rio de

Janeiro, Forense,1984,11p)

O atual Código Civil de 2002 se baseia na Constituição Federal de 1988

que encontramos expressamente o princípio da Igualdade Humana

principalmente no que se trata de família, criança e do adolescente e do idoso.

O profissional atuante deve estar atento a esse princípio fazendo valer o

direito do cônjuge e do companheiro respeitando sua individualidade anseios,

seus objetivos pessoais e profissionais, orientando a posição dos direitos dos

filhos que merece proteção e igualdade de tratamento.

No ordenamento jurídico surge novas leis que vêm atender essas

orientações como o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069 de 13

de junho de 1990), Lei n. 8971 de 29 de dezembro de 1992 – Regula o direito

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dos companheiros a alimentos e sucessões, Lei 8009 de 29 de março de 1990

– Dispõe sobre a impenhorabilidade dos bens de família, entre outros.

O Direito de família no Código Civil de 2002 se divide em Direito

Pessoal, Direito Patrimonial, União Estável, Tutela e Curatela.

Direito pessoal regula o casamento a sua dissolução, a proteção das

pessoas dos filhos, a relação de parentesco como questão as filiação e da

adoção do poder de família.

Direito Patrimonial regula os regimes de bens no casamento, pacto

antenupcial, alimentos, bem de família.

União Estável regula a convivência pública do casal, com objetivo de

constituição de família.

Tutela e Curatela regulam os tutores, da sua nomeação, do incapaz de

exercer, da recusa, do seu exercício, dos bens do tutelado, das prestações de

contas, da cessação de tutela. Da Curatela regula os sujeitos da curatela, os

interditos, dos nascituros e do enfermo ou portador de deficiência física, do

exercício da curatela.

No artigo 226 da Constituição Federal está elencado, o conceito de família:

“A família, base da sociedade tem especial proteção do Estado.

1° O casamento é civil e gratuita a celebração.

2° O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.

3°Para efeito da proteção do Estado é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.

4° Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus antecedentes.

5° Os direitos e deveres referentes á sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.

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6° O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação de fato por dois anos.

7 ° Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercícios desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.

8° O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.

O conceito amplo ” lato sensu” considera a família todas as pessoas

ligadas pelo vínculo do casamento pelo parentesco natural (co-sanguíneo), civil

e pela a união estável:

A família do casamento é aquele que tem a sua origem na celebração

civil; preenchidos os requisito da Lei Civil no capitulo do Direito de Família;

A união estável que é configurada a partir da convivência pública,

continua e duradoura com objetivo de constituição de família;

A família monoparental é formada por um dos um dos seus genitores e

os seus descendentes.

“A esse respeito, já alguns delineamentos doutrinários se apresentam, ampliando o conceito de família monoparental, incluindo nele a situação de um irmão mais velho que cuida dos mais novos, todos os órfãos,ou, ainda, o viúvo que cuida dos enteados(que o cônjuge falecido deixa do primeiro leito), o avô que cuida dos netos, o tio que cuida dos sobrinhos, o padrinho que cuida dos afilhados.” (Telles Nunes, Puc Campinas:Editora Mizuno,2005,22p)

Entre os mais novos conceitos de família também fazemos a emissão da

heterologa que ocorre quando na reprodução não há material genético entre os

genitores, como exemplo, o pai hesteril autoriza a fecundação “in vitro”

(fecundação artificial) com o sêmem de um terceiro doador. O pai terá a

paternidade sócia afetiva.

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As relações homoafetivas também esta contida nessa nova codificação

de família no direito.

Com base no texto de Edmundo Balsemão

(hpptp:/ifl.pt/fmpfiles/família.pdf) sobre Família de uma forma empírica

podemos reconhecer como relação de “família”:

• famílias adoptivas;

• “foster families”(famílias de alimento/ acolhimento;

• “stepfamilies”(com padrasto/madrasta e enteados) e famílias em

processo de divórcio;

• famílias multiraciais;

• famílias unidas pela doença ou pela morte;

• famílias gays/lésbicas e “alternativas;

• famílias multigeracionais;

• famílias que enfrentam problemas mentais;

Tais transformações no conceito sobre a família tem levado o

profissional atuante da área colocar de diferente prisma tais conceitos e se

deparam com o surgimento de problema como a alteração na composição real

do laço familiar e a reinvidicação de novos candidatos a ocupar a posição legal

de família.

Para o profissional do direito ou quem atua na área de família é

importante que tenha uma compreensão da estrutura familiar, para que em

caso de conflito entre as partes, possa administrar e até evitar novos

desentendimentos no futuro.

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3. 1) Da Dissolução do Casamento

A separação conjugal é um momento desgastante para a família que a

vivência, exigindo a elaboração de novos planos para os pais e filhos, divisão

de bens, além das questões financeiras.

Tais acontecimentos, normalmente, vêm precedidos de algumas

divergências e discussões, ligadas a fatores de ordem emocional, psicológica,

social e de relacionamento, e somente a resposta judicial é insuficiente para o

atendimento de todas essas questões.

Os casais que passam pela situação de dissolução do casamento

apresentam dúvidas em relação ao divórcio e como agir nessa situação. As

partes estão passando por conflitos e como tal precisam de esclarecimentos

jurídicos e orientações sobre as conseqüências que podem gerar na família.

O Divorcio é a figura jurídica que dissolve o vínculo matrimonial e

permite novo casamento, o casal que estiver comprovadamente separado de

fato por mais de dois anos, pode requerer na justiça o divórcio direto.

O requisito exigido em lei é que os cônjuges estejam vivendo separados,

a pelo menos dois anos consecutivos, no caso, em que o casal voltar a

conviver junto dentro dos dois anos interrompe a contagem desse prazo.

É importante ressaltar que os casais que se encontram ocasionalmente

sem a intenção de se reconciliar, não interrompem a contagem do prazo para

separação de fato.

O divórcio direto pode ser consensual ou litigioso, não sendo necessária

a explicação da causa da separação em ambos.

O divórcio consensual segue o mesmo procedimento da separação

consensual, indicando também os meios de provar o tempo da separação de

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fato; o valor da pensão alimentícia do cônjuge que dela necessitar, e de que

forma ela será paga; a partilha dos bens que deverá ser homologada pela

sentença do divórcio, não podendo ser discutida separadamente como

acontece na separação judicial. No caso de existindo testemunha que possa

comprovar o tempo que o casal está separado, esta será ouvida na audiência

de ratificação do pedido de divórcio.

O divórcio direto litigioso é aquele requerido por um só dos cônjuges, e

dispensa a tentativa de reconciliação do casal. Neste caso, o autor também

deverá provar o decurso do prazo de dois anos consecutivos da separação de

fato, mas, é dispensável a prévia partilha dos bens do casal.

Por fim, depois que a sentença do divórcio se torna definitiva, ou seja,

quando não pode mais ser modificada através de recurso, poderá ser feito o

registro do novo casamento.

No limiar do ano a lei 11.441 de 04 de Janeiro de 2007, trouxe

modificações não só no que diz respeito ao divorcio, mas também em caso de

partilha e inventário.

“Art. 1124-A. A separação consensual e o divorcio consensual, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos, poderão ser realizados por escritura publica, da qual constarão as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e a pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou a manutenção do nome adotado quando se deu o casamento. § 1º. A escritura não depende de homologação judicial e constitui titulo hábil para o registro civil e o registro de imóveis. § 2º. O tabelião somente lavrará a escritura se os contratantes estiverem assistidos por advogado comum ou advogados de cada um deles, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial. § 3º. A escritura e demais atos notariais serão gratuitos àqueles que se declarem pobres sob as penas da lei.”

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Essa lei trouxe modificação nos casos em que o casal não tendo filhos

menores ou incapazes e respeitando os prazos em lei, que prevê para a

separação consensual os separados estejam casados por mais de um ano, e

para o divórcio consensual que estejam separados por mais de dois anos de

fato, preenchidos tais requisitos, poderá realizar a separação consensual ou o

divórcio consensual por escritura pública.

No requerimento da separação consensual ou divórcio consensual, na

escritura pública, pela nova sistemática, deverá conter disposições relativas à:

descrição e a partilha dos bens comuns;

pensão alimentícia;

retomada pelo cônjuge do seu nome de solteiro ou a manutenção do nome de

casado.

A referida escritura pública é título hábil para o registro civil e o registro

de imóveis. Apesar de ser feito por escritura pública, a presença do advogado

comum ou de cada uma das partes é obrigatória.

Essa nova lei tenta desafogar o Judiciário e disponibilizar um mecanismo

extrajudicial rápido, seguro e eficiente para a composição de situações

aparentemente não conflituosas.

O profissional que está orientando as partes deve ser consciente sobre a

demanda do litígio e as possíveis conseqüências, para que possa levar as

partes a compreender a situação, para que assim possa interpretar o conflito,

elaborar a divergência e compreende-la.

Nem sempre o entendimento e um acordo por ambas a parte ou uma só

ocorrerá e o litígio será inevitável, mas isso não significará um fracasso na

tentativa da mediação.

As questões levantadas pelo casal que pretendem se separar devem ser

ouvidas e quando possível ajudar a compreender a situação para que façam

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suas escolhas separar-se ou dar continuidade à relação. Nem sempre existirá

um acordo ou uma restituição do relacionamento e o litígio será necessário

mesmo não sendo a solução mais favorável as partes.

No processo de separação é concomitante a divisão de patrimônio,

pensão alimentícia, guarda e descrição e partilhas de bens.

O profissional deve ter atenção em suas abordagens nos assuntos

pertinentes ao processo, não podendo ignorar que nessa fase de litígio, há uma

explosão de sentimentos e emoções que às vezes ultrapassam as fronteiras da

razão.

O psicólogo e professor Eduardo Brandão em uma das suas excelentes

aulas do curso de pós graduação em Psicologia Jurídica abordando o tema

sobre família disse” o profissional deve estar preparado para ouvir os

problemas”.

3. 2) Da Guarda

A expressão guarda é um instituto ligado ao poder de família sendo o

exercido no ambiente domestico tais como, sustentar, dirigir a educação e

criação do(s) filho(s) e tê-los em sua companhia e guarda.

Na guarda é importante que os pais, conversem e procurem chegar a

acordos priorizando os interesses de seu(s) filho(s).

O empresário e escritor Marcos Wettreich em seu livro “Manual de mães

e pais separados”, discorre sobre esse assunto:

“Quem fica com as Crianças?

Essa é, sem dúvida, o passo mais importante da separação. Para responder à pergunta, você deve colocar na balança uma série de fatores. Leve em conta a idade de seu filho e se poderia transitar de uma casa para outra. Quando dispõe de alguma mobilidade e liberdade para ir ao encontro de um dos dois quando a saudade

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bater, o jovem costuma ressentir menos da separação. Já as crianças pequenas precisam de um ambiente mais protegido e são mais dependentes da sua presença (...)”(Marcos Wettreich,Manual de mães e Pais separados, Rio de Janeiro,Bonsucesso, Ediouro,2206,55p)

No meio de tanta mudança em relação ao convívio familiar estão o(s)

filho(s), seres humanos em desenvolvimento, vulneráveis e em sua maioria

carentes de um dos seus pais ou de ambos.

O profissional deve ter como preocupação principal o interesse da

criança e do adolescente devendo ser abordado e considerado nas decisões

que virão.

É importante o esclarecimento sobre o procedimento da guarda

auxiliando aos pais a tomarem as melhores soluções dentro da sua realidade

familiar.

Algumas dúvidas podem surgir, como:

Quais são os tipos de guarda?

Quem fica com os filhos com a separação ou divorcio dos pais?

Quais as responsabilidades de quem tem a guarda?

Uma vez definida, a guarda ser alterada?

Em que casos, então, é aconselhável a mudança?

Com que idade os filhos podem escolher com quem ficar?

A guarda está no ordenamento jurídico na Lei 6.515, de Dezembro de

1977, que regula os Casos de Dissolução Conjugal em seu capítulo “Da

Proteção da Pessoa dos Filhos” e no Código Civil em vigor “Do Direito de

Família” em seu capítulo XI.

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Do Código Civil vigente:

Art. 1583. No caso de dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal pela separação judicial por mútuo consentimento ou pelo divórcio direto consensual, observar-se-á o que os cônjuges acordarem sobre dos filhos.

Art. 1584. Decretada a separação judicial ou divórcio, sem que haja entre as partes acordo quanto à guarda dos filhos, será ela atribuída a quem revelar melhores condições para exercê-la.

Parágrafo único. Verificando que os filhos não devem permanecer sob a guarda do pai ou da mãe, o juiz, deferirá a sua guarda à pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida, de preferência levando em conta o grau de parentesco e relação de afinidade e afetividade, de acordo com o disposto na lei específica.

Art.1585. Em sede de medida cautelar de separação de corpos, aplica-se quanto a guarda dos filhos as disposições do artigo antecedente.

Art.1586. Havendo motivos graves poderá o juiz, em qualquer caso, a bem dos filhos, regular de maneira diferente da estabelecida nos artigos antecedentes a situação deles para com os pais.

Art.1587. No caso de invalidade do casamento, havendo filhos comuns, observar-se-á o disposto nos arts. 1.584 e 1586.

Art. 1588. O pai ou a mãe que contrair novas núpcias não perde o direito de ter consigo os filhos, que só lhe poderão ser retirados por mandado judicial, provado que não são tratados convenientemente.

Art.1589. O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá visitá-los e tê-los em sua companhia, segundo que acordar com o outro cônjuge, ou for fixado pelo juiz, bem como fiscalizar sua manutenção e educação.

Art. 1590. As disposições relativas à guarda e prestação de alimentos aos filhos menores estendem-se aos maiores incapazes.”

3.3) Sobre a Guarda:

GUARDA SIMPLES é chamada na área jurídica somente como

GUARDA e um dos pais

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tem o poder de decisão sobre a vida do filho e outro cônjuge caberá o direito de

visitar

seu(s) filho(s) regularmente.

Havendo acordo entre ambas as partes e também é importante que

equilíbrio financeiro seja previamente discutido, assuntos como a escola que o

filho freqüentará, as atividades complementares (cursos, esportes), viagens

escolares, quem levará ou buscar em uma festa..., poderão ser decididos por

ambos os pais.

Na pratica o que se assiste neste caso é que não havendo acordos o

cônjuge que detêm a guarda acaba ficando com essas responsabilidades e

quando muito o outro cônjuge é apenas comunicado de sua parte financeira,

podendo causar ou não para este uma comodidade em relação à criação e

educação de seus filhos.

GUARDA COMPARTILHADA os pais tomam juntos a decisão em

relação à criação e educação de seu(s) filho(s), em relação a essa guarda não

é necessário que a criança alterne o período de convivência com os pais. O

filho pode residir, por exemplo, com a mãe e vê periodicamente e ao precisar

de uma autorização para viajar será feito pelo pai e mãe.

Para essa guarda fluir naturalmente não se pode descartar em que os

pais tenham pelo menos um mínimo de relacionamento mesmo que cordial ou

amigável, para acordar em relação ao filho(s).

GUARDA ALTERNADA atualmente tem sido bem discutida por

profissionais dessa área. Ela significa que o filho terá uma divisão seja por

horas, dias, semanas ou meses com cada genitor, por exemplo, poderá o filho

ficar 6 meses na casa da mãe e os outros 6 meses do ano na casa do pai. A

vida do filho é dividida entre a casa do pai e da mãe.

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Com a dissolução da vida do casal e a interposição de um processo de

separação/divorcio/guarda, o juiz antes de decidir o mérito da ação,

determinará a guarda provisória para um dos cônjuges, essa será uma

situação momentânea em que o filho estará.

Quando a ação for julgada no seu mérito, ocorrerá a guarda definitiva,

podendo ser a simples, compartilhada ou alternada.

Em relação a responsabilidade de quem tem a guarda, usaremos o

termo que é usado no meio jurídico o de guardião que tem a responsabilidade

direta de cuidar e educar do(s) seu(s) filho(s).

Tendo o dever, também, de ajudar no contato com o outro genitor que

receberá a nomenclatura de não guardião, ressalta-se, que ambos a exercem a

guarda jurídica.

A guarda poderá ser alterada, e pode recorrer judicialmente da decisão

do magistrado, caso se entenda que a decisão não seja o melhor para o seu

filho.

O profissional que está orientando nesse caso deve chamar a atenção

para que nem sempre a mudança de guarda é o ideal. O(s) filho(s) precisa de

estabilidade lembrando que nesse período de separação está ocorrendo

mudanças para o casal e seu(s) filho(s) e quanto menos mudanças gerar pode

ser melhor para o adolescente e a criança principalmente quando elas são

pequenas.

A mudança de guarda será aconselhável quando o guardião não vem

cumprindo a contento as suas responsabilidades. Tal mudança deverá

representar melhorias na qualidade de vida e no atendimento das

necessidades do filho(s).

Outra importância é esclarecer aos pais que a legislação não prevê a

idade para que o filho escolha com quem deseja ou escolha com quer ficar,

essa responsabilidade de escolha poderá ser dolorosa.

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O magistrado, por si só ou através de avaliação de profissionais

especializados, poderá levar em conta a vontade da criança ou adolescente e

as razões desse desejo.

3.4) Do Regime De Bens Entre os Cônjuges.

O regime de bens entre os cônjuges é um conjunto de determinações

legais que estão arrolados no Código Civil vigente e regem as relações

patrimoniais entre o casal.

No artigo 1.639 do Código Civil prevê que "é admissível alteração do

regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos

os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os

direitos de terceiros", em seguida no artigo 1640 do mesmo código aduz: ” Não

havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens

entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial”.

O Código Civil prevê que os nubentes (noivos) poderão através do pacto

antenupcial registrado por escritura pública optar por qualquer dos regimes

apresentado no código. Caso não haja o pacto nupcial será o casamento

regido pelo regime de comunhão parcial, desejando após casamento alterar

este regime deverá o casal através de processo judicial requere-lo.

3.5) Dos Regimes dos Bens:

Da Comunhão Parcial é o regime que vigora no casamento caso os

habilitantes não se manifestem em contrário ao oficial do Registro Civil quando

dão entrada ao processo de habilitação.

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Esse regime consiste na disposição da lei de que a propriedade comum

dos bens do casal é aquela adquirida após a data do casamento e com os

rendimentos do trabalho de um e outro cônjuge. Cônjuge é cada uma das

pessoas ligadas pelo casamento em relação à outra.

Nesse regime, o da comunhão parcial, os bens que cada um dos

cônjuges leva para o casamento, ou seja, um imóvel adquirido por qualquer

forma no estado civil anterior, não é considerado patrimônio comum do casal.

Também não entra no patrimônio comum do casal os bens havidos, mesmo

depois da data do casamento, por doação como adiantamento de herança sem

a contemplação do cônjuge por afinidade, e por herança em inventário. Os

bens havidos nessas condições, mesmo depois da data do casamento, são por

lei considerados patrimônio exclusivo do cônjuge que o recebeu.

Da Comunhão Universal de bens, que deve ser adotado mediante a

lavratura de escritura pública como condição para sua validade e deve sua

eficácia se efetivamente se lhe seguir o casamento, tem essa denominação

porque universaliza o patrimônio do casal, ou seja, torna comum tudo o que o

casal possui, tanto patrimônio trazido para o casamento, havido por qualquer

forma de aquisição no estado civil anterior, quanto patrimônio havido após a

data do casamento, havido por compra, por doação como adiantamento de

herança, por herança em inventário ou por qualquer outra forma de aquisição.

Dos Aqüestos são os adquiridos na vigência do matrimônio. Inovação do

capítulo V do Título II do Código Civil, o regime de participação final nos

aqüestos, instituído pelo art. 1.672 é o que determina que à época da

dissolução da sociedade conjugal cabe a cada cônjuge o direito à metade dos

bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento.

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3.6) Da Separação total de bens.

O regime da separação total de bens tem duas condições básicas para a sua

efetivação: a manifestação de vontade dos habilitantes (por escritura pública

conforme o da comunhão universal) e a imposição legal.

O regime da separação é obrigado por lei quando o casamento ocorre por força

de sentença judicial (quando é necessário a intervenção do juiz de direito para

suprir idade inferior à autorizada pela lei, para suprir consentimento de pais e

quando o consentimento é dado ao nubente menor, por tutor legalmente

nomeado), quando um ou outro habilitante - seja o homem, seja a mulher - tem

idade superior a 60 anos, dentre outras hipóteses de mais complexidade e que

não ocorrem com freqüência.

Quando um dos pretendentes ao casamento for viúvo, e do casamento anterior

existir patrimônio a partilhar, e não tiver sido concluído o inventário devido, a lei

obriga também ao casal pretendente, a se casar sob o regime da separação de

bens; para não prejudicar os direitos dos herdeiros do casamento anterior.

O regime da separação é também disponível à manifestação de vontade dos

habilitantes quando eles próprios outorgam entre si, a escritura pública de

pacto antenupcial. E tem que ser por escritura pública, estipulando-o.

Tanto no regime imposto por lei como no estipulado por vontade livre dos

habilitantes, o patrimônio de um e outro não se comunica, ou seja, cada um é

dono de si na questão patrimonial.

Outra inovação na lei civil recente é que, ao contrário do que determinava o

código de 1916, com suas alterações subseqüentes, quando o casamento é

realizado no regime da separação de bens, a disposição de patrimônio para

alienação (venda, por exemplo) ou oneração real é de livre execução do

cônjuge que os possui. Isso implica que o possuidor, nesse caso, não

necessita, de anuência para transmissão ou gravação de ônus real.

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Continua, porém, existindo, a exigibilidade de que, para os casamentos

existente sob os demais regimes (comunhão parcial, comunhão universal e

participação final nos aqüestos), haja a obrigatoriedade de concessão de

ambos os cônjuges para a alienação ou oneração de bens imóveis. Isso

continua existindo no direito civil brasileiro com o propósito de afirmar que,

exceto no regime da separação de bens - ainda que com alguma ressalva -

tanto a atuação do marido como da mulher na sociedade conjugal não é

discricionária, e assim também, o de impedir a prática de atos que possam

prejudicar, ou, de qualquer forma, comprometer ou afetar a estabilidade

econômica da família. E o fruto da alienação não é dividido entre o casal se o

regime não for o da comunhão parcial, apesar de um ter que consentir que o

outro disponha de bens imóveis.

Mais novidade introduzida pelo art. 1.639: o 2º dispõe que "é admissível

alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado

de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e

ressalvados os direitos de terceiros".

Acertada toda a documentação, o Oficial registrador processa a habilitação,

afixa o edital de proclamas e leva o processo ao Ministério Público para seu

parecer, que deve ser favorável, para o seu curso normal.

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CAPITULO IV

O MEDIADOR E AS PARTES

O Mediador deverá se apresentar como a figura capaz de diluir a

dificuldade de diálogo entre as partes.

Nessa perspectiva o mediador deve evitar fazer imposições e trazer à

discussão apenas o que as partes desejam negociar, orientando e buscando

idéias que os facilitem a construção de uma solução favorável para ambos.

O Mediador na área de família deverá fundamentar-se na abordagem do

problema no presente com enfoque no futuro, priorizando a necessidade de

salvaguardar as relações familiares e separando, por exemplo, no caso do

divórcio, o entendimento da conjungalidade e a parentalidade.

Para desenvolver essa função, o Mediador necessita possuir capacidade

de compreender cada um das partes, por isso, a importância de uma de uma

formação interdisciplinar que o ajudará a ter recursos criativos para

compartilhar suas experiências na área do conflito, propondo opções através

de discussões positivas.

Assim, o mediador, em uma abordagem sistemática, busca compreender

a dinâmica relacional que deu origem ao litígio e o papel de cada membro do

grupo familiar ( pai, mãe, filhos,...) na perpetuação da crise. É importante que

cada membro compreenda seu papel e experimente situações que sugiram

mudanças.

Ao mesmo tempo, o mediador deve ter o cuidado de não se deter

somente nos conflitos psíquicos das partes podendo dar um caráter terapêutico

sem garantir a resolução dos acordos necessários para o fim do litígio.

Na medida em que o Mediador atenta aos problemas de ordem afetiva,

deve assinalar a importância da decisão entre as partes prevenindo sobre as

conseqüências que elas podem acarretar, deixando os advogados das partes

livres para oferecer o suporte legal necessário para concretizar os acordos em

termos jurídicos.

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4.1) O Projeto de Mediação em Porto Alegre.

O Projeto Mediação em Porto Alegre está trabalhando com processos

encaminhados pelo Projeto de Conciliação em Família, por tratar-se de ações

que estão ingressando no judiciário e, portanto, não inseridas no modelo

adversiarial como um todo.

As partes ao ingressarem com a ação litigiosa de separação judicial,

divórcio, guarda, regulamentação de visitas entre outras, participam de uma

audiência de conciliação. Não havendo consenso neste momento, são

informadas pelo juiz sobre a possibilidade de optarem pelo processo de

mediação., concordando as partes são caminhadas à Equipe de Mediação.

O Projeto de Mediação em Porto Alegre é constituído de três etapas: um

encontro multifamiliares, um encontro individual e cinco encontros de

construção do entendimento.

A primeira etapa tem por objetivo prestar informações sobre o que é

mediação, suas principais características e como será desenvolvido o trabalho.

Este encontro é multifamiliar, ou seja, as famílias ali presentes são atendidas

em conjunto, propiciando um momento de troca de idéias e dúvidas que tem

auxiliado na adesão ao projeto, na medida em que uns se identificam com a

problemática dos outros.

Neste encontro é marcada a primeira entrevista individual com cada uma

das partes.

No encontro individual revisa a motivação e a perspectivado trabalho de

mediação com enfoque no futuro. Os temas abordados giram em torno da

definição e compreensão do problema e alternativas de solução já utilizadas

pela famílias ou mesmo pensadas e não executadas, verificando-se os

obstáculos a realização dessas. Ao final, firma-se o contrato de trabalho

clareando-se as expectativa com relação à participação do projeto.

Ocorrendo a adesão de todos os envolvidos inicia-se a terceira etapa, ou

seja, a construção do entendimento e sua redação. As partes elegem a suas

necessidades, apontando as prioridades; levanta-se possíveis alternativas de

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solução, elegendo-se àquelas que contemplem mais amplamente as

necessidades prioritárias; redige-se, por fim, o termo de entendimento.

A experiência no projeto de Mediação, demonstra que o sucesso

transcende ao acordo firmado pelas partes, estendendo-se àqueles que

mesmos não tendo chegado a um termo de entendimento dentro do processo

mediatório, flexibilizam suas posições a devido a aprendizagem com relação a

responsabilidade de cada um na estruturação do conflito, e o que é

fundamental em termos de família, a necessidade de preservar a relação

positivas com outra parte.

A Mediação como um projeto alternativo de solução de conflito depende

essencialmente de uma mudança cultural que introduza um novo paradigma

em relação a área de família. O Poder judiciário deverá assumir um papel

fundamental quando acredita e investe nesta nova estrutura, incentivando os

operadores do direito a engajarem-se neste projeto.

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CONCLUSÃO

A Mediação é um meio alternativo de resolução de conflitos podendo ser

um mecanismo rápida e de “desafogar” o judiciário.

O progresso dos mecanismos extrajudiciais de prevenção e solução de

controvérsias tem apresentado em crescimento como meio alternativo podendo

trazer bons resultados nas Varas de Família ou em Juizados Informais com as

resoluções dos conflitos antes das esferas do Poder Judiciário, que estão

sobrecarregados e cuja atuação dificilmente consegue a pacificação das

partes.

A mediação orientada por profissionais conscientes da raiz e do

desdobramento dos conflitos, poderá levar as partes a diluir as dificuldades de

diálogo solucionando o conflito de forma favorável a ambos. Assim, havendo o

acordo as partes, desfrutarão de seu resultado podendo preservar a relação

estabelecida.

Caso não haja o desdobramento previsto ,onde, as próprias partes

chegam ao acordo para a solução do seu conflito, o sucesso da Mediação

transcende este acordo, estendendo-se àqueles que mesmos não tendo

chegado a um termo de entendimento dentro do processo mediatório,

flexibilizam suas posições a devido a aprendizagem com relação a

responsabilidade de cada um na estruturação do conflito, e o que é

fundamental em termos de família, a necessidade de preservar a relação

positivas com outra parte.

A Mediação como uma alternativa de solução de conflito depende

essencialmente de uma mudança cultural que introduza um novo paradigma

em relação à área de família. O Poder judiciário deverá assumir um papel

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fundamental quando acredita e investe nesta nova estrutura, incentivando os

operadores do direito a engajarem-se neste projeto.

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