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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO Monografia apresentada por Melissa de Castro Oliveira Camelo, ao Curso de Pós-Graduação “Lato-sensu” em Finanças e Gestão Corporativa, da Universidade Cândido Mendes, como requisito final para a aprovação na Disciplina de Metodologia Científica. ORIENTADOR: Prof. Mestre Marco Antonio Chaves RIO DE JANEIRO 2002

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO

Monografia apresentada por Melissa

de Castro Oliveira Camelo, ao Curso de

Pós-Graduação “Lato-sensu” em Finanças

e Gestão Corporativa, da Universidade

Cândido Mendes, como requisito final para

a aprovação na Disciplina de Metodologia

Científica.

ORIENTADOR: Prof. Mestre Marco Antonio Chaves

RIO DE JANEIRO

2002

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Agradecimento

Ao meu marido que muito me apoiou e se sacrificou

para que eu fizesse o curso.

À minha amada mãe, que é a minha mestre nas lições da vida .

CAPITAL DE GIRO

1 - Introdução......................................................................................................................... 1

2 - Conceito de Capital de Giro ............................................................................................. 2

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2.1 - Fluxo do Capital de Giro ........................................................................................... 2

2.2 - Capital de Giro Líquido (CGL) ou Capital Circulante Líquido (CCL)..................... 3

3 - Características do Capital de Giro em Inflação ................................................................ 6

4 - Elementos do Capital de Giro........................................................................................... 7

4.1 - Administração de Disponibilidades........................................................................... 7

4.1.1 - Reciprocidade Bancária........................................................................................ 10

4.2 - Aplicações Financeiras ............................................................................................ 10

4.2.1 - Fundo de Aplicações Financeiras (FAF) .............................................................. 12

4.2.2 - Fundo Mútuo de Renda Fixa ................................................................................ 13

4.2.3 - Certificados de Depósitos Bancários (CDB) ........................................................ 13

4.2.4 - Fundos Mútuos de Ações ..................................................................................... 15

4.2.5 - Fundo de Investimento em Commodities............................................................. 17

4.2.6 - Mercado de Câmbio.............................................................................................. 18

4.2.7 - Mercado de Ouro .................................................................................................. 18

4.2.8 - Notas de Exportação............................................................................................. 18

4.3 - Estoques................................................................................................................... 20

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4.3.1 - O Sistema ABC .................................................................................................... 21

4.3.2 - Modelo do Lote Econômico ................................................................................. 21

4.3.3 - Just-in-Time JIT ................................................................................................... 23

4.4 - Despesas Pagas Antecipadamente ........................................................................... 24

5 - Contas a Receber ............................................................................................................ 25

5.1 - Políticas de Crédito.................................................................................................. 27

5.2 - Política de Cobrança................................................................................................ 28

6 - Conceito Contábil das Contas do Passivo Circulante..................................................... 31

6.1 - Empréstimos e Financiamentos ............................................................................... 31

6.2 - Fornecedores............................................................................................................ 32

6.3 - Obrigações Fiscais................................................................................................... 32

6.4 - Outras Obrigações ................................................................................................... 32

6.5 - Provisões.................................................................................................................. 33

7 - Conclusão ....................................................................................................................... 34

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1 - INTRODUÇÃO O capital de giro corresponde a uma parcela dos recursos empregado na empresa por um determinado período, dentro de um ciclo operacional, com características de curto prazo assumindo diferentes formas ao longo do processo produtivo e de venda. A administração do capital de giro vem ganhando grandes proporções, à medida que as empresas constatam que boa parte de seu investimento encontra-se no capital de giro, as decisões gerenciais estão relacionadas com o ativo circulante e de como ele é financiado. A importância da administração do capital de giro varia em função das características de atuação de cada empresa e do desempenho da conjuntura econômica e o objetivo da administração do capital de giro é administrar cada um dos ativos circulantes e passivos circulantes da empresa, de tal forma que um nível aceitável de capital circulante líquido seja mantido pela empresa, os ativos que fazem a composição do capital de giro apresentam normalmente um tempo de vida inferior a um ano. O objetivo desta monografia é mostrar como deve ocorrer a administração de cada ítem pertencente ao capital de giro da empresa de tal forma que a empresa mantenha um nível capital de giro líquido aceitável. Primeiramente apresentamos o conceito de capital de giro. Em seguida, discorremos sobre os elementos integrantes do capital de giro, os itens do ativo circulante, ou seja: Disponibilidades, Aplicações Financeiras, Estoques, Contas a Receber, para em seguida apresentar os elementos do passivo circulante, quais sejam: Empréstimos, Fornecedores, Outras Contas a Pagar. Como as decisões gerenciais não apresentam-se relacionadas com o ativo circulante, e estas, afetam o volume de vendas, a rentabilidade e o risco da empresa, uma empresa pode aumentar seu volume de vendas, diminuindo o rigor da concessão de crédito. Por exemplo: se num espaço de tempo o crédito é flexibilizado, as vendas podem crescer, contudo, a empresa aumentará o risco de vender à clientes inadimplentes e os prejuízos causados pela inadimplência poderão exceder os lucros adicionais gerados pelo aumento das vendas. Da mesma forma, uma empresa pode melhorar a confiabilidade de suas vendas, aumentando seus estoques. Um nível elevado de estoque pode proporcionar melhor servir aos clientes, pois os pedidos serão atendidos mais rapidamente. No entanto, existirá um ponto em que o custo de manter estoques elevados será superior ao crescimento do lucro. Podemos dizer que vendas e lucros variam de acordo com modificações nas contas a receber e nos estoques. O estilo de financiar estes ativos afeta o risco financeiro da empresa. As fontes de financiamento a curto prazo devem ser cuidadosamente administradas, a fim de ter-se a garantia, de que os financiamentos sejam obtidos e usados da melhor forma possível.

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2 - CONCEITO DE CAPITAL DE GIRO Capital de giro (ou capital circulante) é identificado como os recursos que giram (ou circulam) diversas vezes em determinado ciclo. Corresponde a uma parcela do capital aplicado na empresa, no seu ciclo operacional, com característica de curto prazo assumindo diferentes formas ao longo de seu processo produtivo e de venda. A administração do capital de giro vem ganhando campo à medida que, as empresas constatam que boa parte dos seus investimentos encontram-se no capital de giro neste sentido a importância do capital de giro varia em função das características de atuação de cada empresa e do desempenho da conjuntura econômica. Como consequência, a administração destes dois fatores envolve decisões gerenciais relacionadas com o ativo circulante e de como ele é financiado. Os ativos que fazem a composição do capital de giro normalmente apresentam um tempo de vida inferior a um ano: disponibilidades, investimentos temporários (por exemplo, aplicações vinculadas ao mercado aberto), contas a receber (ou duplicatas a receber de clientes) estoques de matérias-primas, produção em andamento e produtos acabados são exemplos de itens que compõem o ativo circulante. Em qualquer momento considerado, a soma desses saldos, representa o montante então investido pela empresa nesses itens, isto é, o valor do capital de giro. Devemos distinguir, em particular, o capital de giro bruto, que é aqui utilizado, do capital de giro líquido, que é o resultado da subtração de todos os compromissos a curto prazo da empresa para com fornecedores, funcionários, fisco, etc., do total dos itens que compõem o capital de giro bruto, isto é, disponibilidades mais aplicações financeiras mais contas a receber e estoques. Segundo os artigos 179 e 180 da Lei 6.404 de 15 de dezembro de 1976 (Lei das Sociedades por Ações), o curto prazo é delimitado por um período igual ao de um exercício social, ou seja, um ano na maioria dos casos.

2.1 - Fluxo do Capital de Giro

A figura abaixo, demonstra o fluxo do capital de giro de acordo com o ciclo operacional de produção e venda.

Os recursos (próprios ou de terceiros) aplicados no ativo circulante são canalizados em uma etapa inicial do processo de produção e venda da empresa, para o disponível, o qual alimentará todas as suas

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necessidades operacionais. Assim sendo, numa primeira saída, os recursos são transferidos para a produção da empresa através de aquisições de estoques de materiais e pagamentos de custos fabris. Em seguida, os produtos acabados são estocados a espera de serem vendidos, o que normalmente gera dispêndios à empresa. Quando esses produtos são vendidos, os recursos obtidos podem gerar retorno monetário imediato, se as vendas forem à vista, ou retorno de curto, médio ou longo prazo, se as vendas forem a prazo, ao influindo nos recursos líquidos da empresa (disponível). O processo ocorre de maneira em que não ocorra interrupção na atividade normal de uma empresa, e toda vez que os recursos retornam ao disponível (pela realização das vendas) são acrescidos dos lucros ou prejuízos auferidos. Uma importante característica do capital de giro é seu grau de volatilidade pela curta duração de seus elementos e constantes mutações dos itens circulantes com outros de natureza idênticas. Os ativos correntes devem ser mantidos para sustentar um dado volume de operações segundo as condições da empresa e do seu ramo. Representam um investimento necessário para que a empresa opere atendendo as suas necessidades. Se por circustâncias o seu ramo de negócio exigir vendas a prazo, a empresa ficará obrigada a investir em contas a receber (crédito à clientes), caso contrário, ocorrerá o risco de não alcançar os objetivos de venda e lucro. Mesmo quando vistos como investimentos necessários da empresa, ainda assim, os ativos correntes (ou capital de giro) diferem dos ativos imobilizados (ou capital fixo). Os investimentos em ativos correntes estão interligados principalmente às vendas, que são efetuadas diariamente e podem oscilar de um momento para outro. Por esse motivo, os investimentos em ativos correntes adquirem um senso de urgência maior do que as aplicações em imobilizado. Vale ressaltar, que os investimentos em capital de giro são muito mais flexíveis do que os efetuados em capital fixo. Isso provoca duas consequências importantes para a administração financeira da empresa: a primeira, é a possibilidade de efetuá-los em partes pequenas, na medida do surgimento das ne-cessidades imediatas. Isto torna o investimento em ativos correntes extremamente variável, e o seu valor médio e os custos decorrentes podem ser minimizados, ou seja, dimensionados adequadamente e com maior certeza. A segunda consequência, do investimento em ativos correntes, é a maior flexibilidade que se concede à administração da empresa, pela elevação do grau de liquidez da mesma. Fazendo-se investimento em ativos fixos, a empresa assume riscos futuros (risco do investimento). A não ser que o projeto envolvido seja abandonado antes de ter sido iniciado, o investimento em ativos correntes tem como horizonte de planejamento o que chamamos de ciclo de operações. Portanto, as necessi-dades de financiamento também ocupam um prazo mais curto do que o prazo do financiamento para aplicações em imobilizados. O ativo fixo é representado por degraus para denotar a menor divisibilidade dos investimentos correspondentes, portanto, eles determinam a capacidade máxima de produção ou operação da empresa. Ao compararmos os investimentos em capital de giro versus investimento em capital fixo, podemos deduzir importantes conclusões. Por exemplo: a baixa rentabilidade produzida pelos investimentos em itens circulantes, são características de empresas industriais, nas quais os investimentos em ativos circulantes, tende a produzir menor rentabilidade. Excluindo-se aquelas empresas em que a administração do capital de giro consiste na essência de seus negócios (empresas comerciais, basicamente), e setor financeiro (bancos). É evidente que esta situação induz a minimizar, tanto quanto possível, as aplicações em ativos circulante, notadamente naqueles itens em que os recursos se apresentam mais expostos à depreciação monetária. A divisibilidade dos elementos circulantes, se apresenta bem superior à dos ativos fixos. Neste aspecto permite-se que o aporte de recursos nos itens de curto prazo ocorra em níveis variados e relativamente baixos, podendo-se, muitas vezes, alocar recursos no momento do surgimento das ne-cessidades financeiras.

2.2 - Capital de Giro Líquido (CGL) ou Capital Circulante Líquido (CCL)

A definição mais comum de CCL é a diferença entre os ativos circulantes e os passivos circulantes da empresa. A empresa tem CCL positivo se os ativos circulantes excederem os passivos circulantes. As empresas precisam de um certo montante de CCL para operar, mas a quantidade exata depende muito do setor de atuação. Segundo um enfoque rigoroso, o capital de giro líquido representa normalmente a parcela dos recursos de longo prazo aplicada em ativos de curto prazo. Em outras palavras, o CGL representa a parcela do financiamento total de longo prazo que excede as aplicações também de longo prazo. O objetivo da administração financeira é de administrar cada um dos ativos e passivos circulantes da empresa, de forma que o nível de capital circulante líquido seja aceitável.

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A aplicação do CCL para determinar a liquidez da firma se baseia num fundamento teórico que estabelece que quanto maior for a margem com a qual os ativos circulantes de uma empresa cobrem suas obrigações a curto prazo (passivos circulantes), maior será sua capacidade de pagar seus compromissos na data do vencimento, baseado na crença de que os ativos circulantes são fontes de recebimentos, ao passo que os passivos circulantes são fontes de desembolso. Embora os ativos circulantes não possam ser convertidos em caixa exatamente no momento desejado, quanto maior for o montante de ativos circulantes, tanto mais provável será converter-se alguns ativos circulantes em caixa, para se pagar um determinado compromisso na data de seu vencimento. Já que quase todas as entradas e saídas de caixa não são perfeita-mente sincronizadas, é necessário um certo nível de CCL. São relativamente previsíveis as saídas de caixa resultantes do pagamento de obrigações correntes. Geralmente, no momento que se contrai uma obrigação, fica-se sabendo quando as contas vencem. Os títulos a pagar e as despesas provisionadas a pagar, que possuem datas estabelecidas de pagamento, tem como fazer-se a previsão. É mais difícil de prever as entradas de caixa. Torna-se muito difícil prever quando os ativos circulantes, exceto caixa e títulos negociá-veis, serão convertidos em caixa. Quanto mais previsíveis forem essas entradas de caixa, menos CCL se requer. As empresas com entradas de caixa mais incertas, tem necessidade de manter níveis de ativos circulantes adequados para cobrir as obrigações correntes. A incapacidade da maioria das empresas em confrontar recebimentos com pagamentos é que torna obrigatório manter fontes de recebimentos (ativos circulantes) em nível superior às fontes de desembolsos (passivos circulantes). Uma venda do estoque à crédito apareceria como uma duplicata a receber, que poderia não ser facilmente convertida em caixa. Por sua vez, uma venda à vista, garantirá o aumento da capacidade de a empresa saldar suas contas durante o período da venda. Para atender à provável demanda de produtos da empresa, devemos manter um nível adequado de estoque. Se a empresa estiver gerando vendas e cobrando duplicatas no vencimento, deverá haver caixa o suficiente para satisfazer suas obrigações. Quanto mais duplicatas e estoque houver à disposição, maior será a probabilidade de transformá-los em dinheiro. O capital de giro caracteriza-se também por sua "proximidade de caixa" ou liquidez. O estoque de produtos acabados, quando vendidos, se transforma em contas a receber. Após o recebimento, ele se transforma em caixa. Títulos de liquidez imediata tem quase que instantânea sua conversão em caixa. Os componentes do capital de giro têm alta liquidez e são a principal garantia contra a insolvência técnica: a incapacidade da empresa em pagar pontualmente os seus compromissos. Do ponto de vista gerencial, maior liquidez diminui o risco da insolvência técnica. Entretanto, aumento de liquidez, via aumento do nível de capital de giro, provoca queda na taxa de retorno, conforme demonstrado no quadro adiante: Quanto a capacidade de gerar lucros, esperamos que uma empresa industrial possa ganhar mais com seus ativos permanentes do que com seus ativos circulantes (os ativos permanentes consistem basicamente em imobilizado e investimentos, supondo que o ativo permanente contenha somente ativos fixos, isto é, imobilizados). Os ativos permanentes representam os verdadeiros ativos rentáveis da empresa. Terrenos, prédios, máquinas e equipamentos possibilita à empresa elaborar seus produtos acabados que finalmente possam ser vendidos com lucro. Geralmente, os ativos circulantes da empresa, não são os ativos mais rentáveis. Antes, constituem um anteparo, que permite a empresa de vender e conceder crédito. É absolutamente necessário a existência dos ativos circulantes para a efetiva operação da empresa. Todavia, a empresa não pode operar sem os ativos permanentes para gerar produtos acabados que possam ser converti-dos em dinheiro, títulos negociáveis, duplicatas a receber e estoques.

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Alternativas A B C

Vendas anuais $10.000.000 $10.000.000 $10.000.000

Lucros antes dos Juros e dos impostos

(10%)

1.000.000 1.000.000 1.000.000

Ativos Correntes (valor médio) 600.000 800.000 1.000.000

Ativos fixos (valor médio) 2.000.000 2.000.000 2.000.000

Total do ativo (valor médio) 2.600.000 2.800.000 3.000.000

Giro do ativo 3,85 vezes 3,57 vezes 3,33 vezes

Taxa de retorno 38,5% 35,7% 33,3%

Giro do Ativo = Vendas/Total do ativo Taxa de retorno= (Lucro/Total do ativo)*100

As três alternativas refletem atitudes diferentes quanto ao risco de falta de caixa, estoques, ou quanto ao volume de crédito a ser dado aos clientes. A tabela mostra que o mesmo volume de vendas pode ser suportado por qualquer das hipóteses de investimento em ativos correntes. Na alternativa A, a empresa aplica menos em ativos correntes, reduzindo sua liquidez, entretanto, é a que mais gira o ativo e possui maior rentabilidade. Na alternativa C, o risco que a empresa está disposta a assumir é menor do que nos outros casos. Significa que uma posição de liquidez mais sólida, mas, dado o mesmo volume de vendas, uma taxa de retorno sobre o investimento - rentabilidade - menor do que nas outras possibilidades. É nessas situações que se diz haver "conflito" entre liquidez e rentabilidade. Vale lembrar a alternativa feita: o mesmo volume de vendas; alguém poderia dizer que a alternativa C, envolvendo, por exemplo, crédito mais liberal aos clientes em potencial, poderia levar ao aumento futuro dos níveis de vendas e lucros, neste caso, estaríamos trabalhando em situação diversa daquela representada no quadro. Temos uma certa dimensão, que de certo modo não deixa de estar relacionada à anterior. Na administração dos ativos correntes, mais claramente no caso de disponibilidades e estoques, o dilema enfrentado é entre a manutenção de saldos excessivos (poderia ser o caso da alternativa C) com investimentos e custos mais altos, e a manutenção de saldos insuficientes com investimentos e custos menores, com a contrapartida de riscos maiores. No caso os riscos são de falta de caixa porque não se desejou manter os saldos necessários à primeira vista. No outro caso os riscos na falta de estoques, para reduzir os custos de estocagem, havendo uma procura ou utilização superior à esperada. É por isso que a administração desses ativos em geral, apresenta-se com custos de excesso e custos de insuficiência. Daí decorre a possibilidade, através de modelos representativos do comportamento de cada categoria, chega-se ao lote econômico de cada uma, ou seja, o saldo que minimiza o custo do investimento feito pela empresa para sustentar os volumes de operações desejados. Uma empresa pode aumentar o seu lucro de dois modos: através de uma receita maior ou pela redução dos custos. Podemos reduzir os custos, pagando menos por um item ou serviço, ou utilizando-se os recursos existentes de maneira mais eficiente. Qualquer redução nos custos deve aumentar o lucro. O lucro também pode ser aumentado, investindo-se em ativos mais rentáveis, que por sua vez, possam gerar níveis mais elevados de receitas. É importante compreender como o lucro é aumentado e reduzido, para ter idéia da relação entre retorno e risco. Uma das alternativas mais comuns de se mensurar o risco da insolvência técnica é através do montante do CCL ou do índice de liquidez corrente (índice de liquidez corrente=Ativo circulante/Passivo Circulante). Presumi-se que quanto maior o montante de CCL adquirido pela empresa, menos risco ela apresenta. Em outras palavras, quanto mais CCL ela tiver, mais líquida será e, portanto, menor será a probabilidade de insolvência técnica. É considerado também verdadeiro o oposto: níveis baixos de liquidez estão relacionados a altos níveis de risco da empresa. A relação entre CCL, liquidez e risco é tal que se o CCL ou a liquidez aumentarem, o risco da empresa diminuirá, e vice-versa.

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3 - CARACTERÍSTICAS DO CAPITAL DE GIRO EM INFLAÇÃO Basicamente, o volume de capital de giro adequado para determinado negócio é função da política de produção e venda adotada, cabendo à administração da empresa se enquadrar a esses critérios para delimitar suas necessidades de aplicações a curto prazo. Vale frisar que, após definido o investimento necessário em capital de giro, se pode esperar, desde que não ocorram alterações nas operações de produção e venda da empresa, uma estabilidade nessa participação, ou seja, espera-se que, após ter efetuado um aporte inicial de capital de giro, a empresa, utilizando-se somente das receitas operacionais de um ciclo, possa financiar as necessidades financeiras do ciclo seguinte, determinando assim, um equilíbrio de seus recursos a curto prazo. Sendo assim, a manutenção do nível ideal de capital de giro para sustentar as operações de uma empresa pode ser efetuada mediante transferências de receitas de um ciclo operacional para outro. É factível em economias relativamente estáveis o equilíbrio do capital de giro, em que, além da hipótese de manutenção dos níveis operacionais (produção e venda) da empresas, não se verificam alterações nos vários preços específicos em decorrência de um processo inflacionário. Nesse caso, mesmo que ocorra estabilidade na atividade nominal da empresa, as variações desproporcionais nos preços dos fatores de produção (característica típica de uma conjuntura em inflação) determinam normalmente necessidades crescentes no capital de giro. A título de exemplificação, uma empresa pode ter simplisticamente definido que o volume de seu capital de giro deve corresponder a um mês e meio de seu faturamento. Se o faturamento médio mensal atingir $ 10.000.000, deverá ter, em média, investido em seu ativo circulante o correspondente a $ 15.000.000. Em economizar com inflação, as necessidades circulantes mesmo que o nível de produção e venda não se tenha alterado, incrementam-se acima da proporção previamente estabelecida. Os recursos alocados aos itens de ativos circulantes estarão perdendo seu valor real em razão da necessidade de serem efetuados dispêndios operacionais proporcionalmente mais elevados que as receitas nominais geradas. Observa-se ainda, como agravante o fato de as despesas operacionais surgirem antes das receitas. Em suma, a empresa que atua em contextos inflacionários se vê obrigada a efetuar aplicações financeiras adicionais em seu capital de giro. Puggina(1) conclui que "em uma situação inflacionária as ne-cessidades de capital de giro crescem de forma exponencial, ou seja, uma inflação de 10%, sem apresentar nenhum crescimento real de vendas, poderá exigir que a empresa obtenha externamente 17% do seu volume de vendas de recursos para financiar seu giro. Com taxas maiores de inflação, esse número cresce exponencialmente".

(1) Puggina, Wladimir A. Decisões financeiras da empresa em um contexto inflacionário: notas para debate.

Revista de Administração de Empresas, 21(1),Jan./Mar.1981.

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4 - ELEMENTOS DO CAPITAL DE GIRO A Lei das S.A. (Lei no. 6.404) estabelece, no seu artigo 178, que no Ativo as contas serão colocadas em ordem decrescente de grau de liquidez e, inserido nesse conceito, as contas de Disponibilidades são as primeiras a serem apresentadas no Balanço e, como também definido pelo artigo 179, dentro do Ativo Circulante.

4.1 - Administração de Disponibilidades

Com os recursos contidos nas contas Caixa, Bancos, e Aplicações Financeiras a empresa pode efetuar pagamentos imediatos. O Caixa representa o dinheiro "vivo", em notas de papel-moeda e moedas metálicas, e por outro lado os "Banco" são os saldos mantidos em contas bancárias movimentáveis à vista contra a emissão de cheque. As contas podem ser do seguintes tipos: a) Conta movimento ou depósitos sem limite; b) Contas especiais para pagamentos específicos, como, as contas de pagamento do pessoal, dividendos a pagar à acionistas. Estas contas são mantidas normalmente mais como medida interna da empresa para facilidade de operação e controle desses pagamentos, com tendência que ao final dos períodos, seus saldos sejam zerados. Essas contas normalmente podem ser movimentadas livremente pela empresa através de cheques sendo, portanto, disponibilidades, já que sua abertura é feita como medida interna de controle. c) Contas especiais de cobranças que são abertas para que as empresas possam ampliar a rede de cobrança bancária de suas duplicatas ou contas, para ter grande área geográfica de atuação, e facilitar o pagamento pelos seus clientes, ou mesmo para que seus agentes de cobrança depositem os recebimentos efetuados. Em algumas vezes, tais contas só podem ser movimentadas por transferência periódica ou automática de seu saldo para a conta-movimento mantida pela empresa no referido banco. Esse tipo de conta também representa disponibilidade normal. O andamento normal das operações, é o principal motivo para manter um saldo de recursos com máxima liquidez. Os saldos de caixa e bancos, neste caso, funcionam como amortecedor entre as saídas e as entradas previstas sob as condições operacionais normais e devido ao simples fato de que as entradas e saídas só coincidirão, em montante e momento de ocorrência, por um acaso muito grande. O papel de uma previsão do fluxo de caixa é primordial. De acordo com as conveniências da empresa. Um período curto, subdividido, contém, os valores das entradas e saídas de caixa decorrentes dos planos operacionais. Isto nada mais é que um quadro de recebimentos e desembolsos por natureza. O objetivo básico é saber a que nível ficará o saldo de caixa a cada subperíodo relevante. Trata-se de uma informação para tomar decisões de aplicação em títulos - se houver excedentes, e aí sabermos o montante do excedente e o período pelo qual ele existirá (e poderá ser aplicado, evidentemente) - ou, se houver faltas, para decisões de obtenção de recursos, quanto será necessário e por quanto tempo. A previsão do fluxo de caixa indicará que itens, podem ser administrados para evitar insuficiências de caixa: acelerando as entradas, ou seja, intensificando cobranças, vendendo ativos fixos não utilizados, reduzindo as saídas, ou promovendo contenção geral de despesas. Na elaboração do fluxo de caixa, torna-se relevante separar os itens operacionais dos não-operacionais o que, a nosso ver, tende a aumentar as possibilidades analíticas deste instrumento. Cada item da previsão do fluxo de caixa, possui elementos de incerteza peculiares; esta incerteza pode levar à realização efetiva de entradas e saídas diferentes, em termos de momento de ocorrência e montante, do que aconteceria nas circusnstâncias normais. Em outras palavras, certa parcela do saldo mantido em disponibilidade deve a sua existência apenas à não-coincidência das entradas e saídas previstas. Outra parcela deve-se à possibilidade de haver diferença entre os fluxos previstos e os fluxos efetivos. Por precaução, é interessante a empresa evitar insuficiência de caixa. Uma das alternativas mais desfavoráveis é aquela em que as diferenças entre previsões e efetivos levam a déficit superiores aos esperados. Com isso, temos a segunda parcela do saldo, cuja finalidade é proporcionar uma margem de segurança contra essas variações incertas e desfavoráveis, a proporção desta parcela no saldo total, por sua vez, dependerá de alguns fatores que diferenciam uma empresa de outra. Em primeiro lugar, é necessário dizer que existe uma relação inversa entre a proporção relativa deste componente para fins de precaução e a facilidade de acesso rápido a fontes externas de fundos.

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Sugestão para Previsão do Fluxo de Caixa. Descrição Dia, Semana ou Mês Total I) ITENS OPERACIONAIS A) Entradas Venda à vista Recebimento de Duplicatas Desconto de Duplicatas B) Total das entradas operacionais C) Saídas Compras à vista Pagamento de Duplicatas Pagamento de pessoal Recolhimento de impostos Recolhimento de encargos sociais Outros (aluguéis, materiais diversos) D) Total das saídas operacionais E) Fluxo líquido operacional (B-D) II) ITENS NÃO-OPERACIONAIS F) Entradas Empréstimos obtidos Venda de ativos fixos Outros (venda de títulos etc.) G) Total H) Saídas Amortização de empréstimos Compra de ativos fixos Outros (Juros etc.) I) Total das saídas não-operacionais J) Fluxo líquido não-operacionais (G-I) III) FLUXO LÍQUIDO GERAL (E+J) IV) SALDO INICIAL V) SALDO FINAL (III+IV) Com relação a previsão do fluxo de caixa, a empresa poderá fazer uma análise dos efeitos de diferentes hipóteses sobre diversos itens, em termos de saldo final. Os limites de possibilidades razoáveis de determinados acontecimentos, como, por exemplo, queda do volume de vendas, pedido de concordata de clientes, aumento de preços de matérias-primas e salários etc., é que definirá quanto, em termos de fundos para precaução, poderá ser necessário manter a qualquer momento. Assim, o quadro do fluxo de caixa em circunstâncias normais talvez não baste. A oscilação das operações, sob a influência de fatores exógenos à empresa pode levar a resultados diversos e até bem desfavoráveis, daí, a utilidade de separar os fluxos operacionais dos não-operacionais, antes de mais nada. Para tirar proveito de oportunidades especiais, temos o chamado motivo especulação que não deve ser objeto da empresa para empregado. Contudo, também pode representar uma razão para a manutenção de saldos de caixa em bases mais ou menos regulares. Esta parte do investimento em disponibilidades destina-se essencialmente a tirar partido de oportunidades de lucro, como, por exemplo, na acumulação de saldos para a compra futura de títulos, admitindo que haja um aumento das taxas de rendimento desses títulos, ou para aquisição tão rápida quanto possível de materiais, além do exigido para a produção imediata, em face de uma expectativa de majoração subsequente dos seus preços. O processo pelo qual os recursos em disponibilidades fluem numa empresa, não deixa margem a dúvidas quanto ao significado de uma boa gestão neste setor. Bem ministrado, significa uma boa intervenção no ponto nevrálgico da função financeira, pois se refere ao recurso que essa área preocupa-se em obter e administrar para o adequado funcionamento da empresa como um todo. Em se tratando de um saldo, ou de um "reservatório", ele pode ser afetado tanto por acréscimos (entradas) quanto por diminuição (saídas). Em nossa exposição genérica sobre a dimensão da liquidez versus rentabilidade, deve ter ficado claro, no caso dos ativos correntes em geral, que a preocupação deve ser a de manter um saldo de caixa suficiente para atender às exigências de transação, precaução e especulação, para não prejudicar o objetivo de maximização da rentabilidade sobre os recursos obtidos. Esse problema tende a se agravar ainda mais numa economia inflacionária, que estimula a tendência de manutenção de saldos menores, ou pelo menos deve levar a uma atenção dobrada à

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administração deste ativo corrente. Essa atenção visa a evitar duas consequências negativas: em primeiro lugar a manutenção de saldos de caixa (e sempre é necessário haver saldos de algum montante) significa a renúncia à sua aplicação em operações mais rentáveis; e a desvalorização do seu poder aquisitivo quando os níveis gerais de preços aumentam significativamente na economia em que a empresa está inserida. Quanto ao controle do nível de caixa temos alguns fatores que afetam e determinam os saldos de numerário mantidos por uma empresa. São os seguintes os fatores: • As discrepâncias previsíveis entre as saídas e as entradas de caixa: existirá para este fim uma

acumulação de dinheiro para os períodos em que as saídas superem as entradas. O instrumento básico para este fim é o orçamento de caixa (as projeções do fluxo de caixa) da empresa, atrelado a relatórios diários, de recebimentos e pagamentos para fins de controle.

• As discrepâncias imprevisíveis entre as saídas e as entradas, decorrentes da incerteza inerente dos diversos elementos nelas incluídos: estas discrepâncias resultam da possibilidade de ocorrência de eventos tais como enchentes, incêndios, falências ou concordata de clientes, aumentos inesperados de preços etc.

• A disponibilidades de outras fontes de fundos: encontra-se compreendida neste fator de flexibilidade ou facilidade de recorrer aos proprietários, às instituições financeiras, à aquisição de mais crédito de fornecedores. Pode ser ampliada ainda para incluir a facilidade de redução de despesas em caso de necessidade.

• A natureza das relações mantidas com os bancos: age diretamente sobre os saldos das contas bancárias. Tende a elevar o investimento neste ativo na razão direta do número de bancos com os quais a empresa trabalha, bem como das determinações de saldos mínimos para garantir a disposição dos bancos quanto à prestação de serviços futuros de crédito, pagamento de folha, cofres ou caixas para guarda de valores, etc.

O controle das entradas de caixa, tendo o objetivo básico a obtenção da maior liquidez possível, sem provocar a inatividade de recursos excessivos, parece lógico dar atenção a meios de aumentar as entradas por unidades de tempo. O enfoque aqui utilizado demonstra preocupação nos seguintes aspectos: • Minimizar as possibilidades de furtos e desfalques nos processos de recebimento. A precaução básica

diz respeito à subdivisão desses processos em várias etapas, atribuindo a responsabilidade de cada uma a um funcionário diferente. Isto envolve as atividades de registro dos cheques recebidos, emissão de comprovantes e recibos, a precaução de guias de depósitos, e a baixa dos valores a receber correspondentes ao cheque recebido.

• Acelerar os recebimentos. Neste caso são feitas sugestões para que o tempo de inatividade dos recursos seja a menor possível. Podemos conseguir através de instruções para registro e depósitos imediato de todos os cheques recebidos diariamente, do uso dos serviços de transferência dentro da rede bancária, emissão e entrega rápidas de faturas.

Quanto ao controle das saídas de caixa, o objetivo é de preservar o maior nível de liquidez possível, desde que não haja prejuízos por manutenção de saldos excessivos. Devemos levar em conta os seguintes aspectos: ♦ A liberação de recursos disponíveis e exigidos para aplicações aprovadas não pode ser atrasada sem

necessidade. Isto não só tende a atrasar a realização de atividades vantajosas à empresa, como representa perdas sobre os recursos não trabalhados. Uma vez feita uma solicitação e esta encontrar-se devidamente aprovada, os fundos devem ser transferidos o mais breve possível.

♦ Como no caso dos recebimentos, os processos de pagamentos devem incluir precauções contra desvios ou furtos. Os cheques emitidos devem ser nominais, e se possível devem ser assinados por duas pessoas. De resto, a mesma idéia de subdivisão de tarefas é aplicável, estendendo-se também à reconciliação de saldos bancários com demonstrativos diários de emissão de cheques e o livro-razão das contas bancárias utilizados pela empresa.

♦ Quando existe a possibilidade de pagar alguma compra ou algum serviço recebido com desconto, deve ser este utilizado na sua íntegra, permanecendo os fundos à disposição da empresa pelo período mais longo possível.

Por fim, como já foi dito, uma boa administração de disponibilidades, completa-se com o uso adequado de fundos que por ora não estão sendo utilizados, em aplicações que possam oferecer algum rendimento. O objetivo desse rendimento é porporcionar certa proteção à empresa contra a dupla perda decorrente da inflação, que altera diretamente o valor do ativo em questão, e o custo de oportunidade da manutenção de recursos sob a forma monetária pura. É importante salientar que os excedentes aplicados devem ser temporários - sendo os seus montantes e o prazo de disponibilidade anotados pelas previsões de fluxo de caixa.

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4.1.1 - Reciprocidade Bancária Em linguagem financeira, reciprocidade bancária é a compra de serviços ou a concessão de favores que possibilitam ganhos adicionais aos bancos em troca de fornecimento de capital sob alguma forma ao cliente. Em alguns momentos, os bancos conseguem impor aos clientes uma certa reciprocidade. Primeiro, vejamos como funciona a pressão ao uso da reciprocidade dentro dos bancos e, depois, os elementos que compõem essa figura do setor financeiro. O mecanismo de pressão interna: tanto os gerentes de agências de bancos, como os gerentes regionais, os diretores regionais, são analisados no seu desempenho através de metas, que são estabelecidas pela diretoria de cada banco e quantificadas por pontos, de acordo com o lucro que cada produto dá ao banco. É por isso que, ao solicitarmos um empréstimo pessoal, na maioria das vezes somos pressionados pelo gerente a adquirir, como troca de favor, um de seus produtos (seguro de vida, ações do banco, etc.) para que este acumule mais pontos para si. Partindo desse princípio, vamos as reciprocidades: • o saldo médio é a reciprocidade mais clássica no Brasil, e a única exigência dos banqueiros. Podemos

definir saldo médio como sendo a média aritmética dos saldos na conta movimento por um período de tempo. Para o banco, o saldo médio é muito importante, visto que significa disponibilidades em caixa, que é a principal matéria-prima.

• a cobrança simples é tão ou mais importante para os bancos que o saldo médio. Os bancos debitam no mesmo dia qualquer importância passada pela compensação do devedor, mas o crédito na conta do cedente de uma duplicata é feito normalmente entre dois e sete dias, dependendo da localização do cedente e do sacado. A tarifa que eles cobram de seus clientes para cada título a ser cobrado. A cobrança bancária no Brasil é o principal produto de prestação de serviços dos bancos. A maioria dos bancos abrange todo o território do País, facilitando assim, que uma duplicata sacada por exemplo em São Paulo seja liquidada em qualquer outro ponto do país, pois, o desenvolvimento na área da informática contribuiu muito, proporcionando aos bancos maior agilidade nesse tipo de operação. Temos também, o grau de sofisticação no sistema de compensação de cheques e outros papéis, com o aparecimento das compensações integradas - é a reunião de mais de um município numa camara de compensação; e a compensação nacional - é a que se dá de qualquer praça para qualquer praça do território nacional. Essas compensações permitem que um título não tenha que ser sacado na praça do sacado, mas em qualquer outra praça integrada à camara de compensação (é uma sala comum do Banco do Brasil, onde os bancos se reúnem diariamente para trocar cheques e outros papéis) da região, o que elimina a necessidade de ter uma agência naquela determinada praça.

(1) Os recolhimentos de impostos e outros recolhimentos para orgãos estaduais por parte das empresas também representam uma reciprocidade, já que os bancos têm um prazo de permanência entre a data de pagamentos e o repasse destes aos orgãos governamentais.

(2) Nas folhas de pagamentos das empresas os bancos têm um custo e uma receita. O custo é o trabalho que o banco tem de efetuar os lançamentos contábeis, enviar extratos, fornecer talões de cheques, etc.. Quanto a receita é representada pelo lucro que o banco aufere aplicando os saldos dos funcionários constantes da folha de pagamento.

(3) As aplicações financeiras de empresas com o banco é também uma reciprocidade, embora não seja quantificável. Este item, os bancos concorrem para conseguir das empresas. As aplicações nos bancos dependerá e muito do SPREAD com que os bancos estão trabalhando, entretanto, de quanto maior for maior será quantificada a reciprocidade.

(4) O câmbio também é uma boa reciprocidade (não quantificável). Uma das receitas principais do departamento de câmbio dos bancos é a diferença entre as taxas de compra e venda das moedas estrangeiras. Define-se como taxa de compra a menor taxa que o banco pode negociar e, como taxa de venda, a maior. Entre os extremos existem dois preços definidos pelo Banco Central: a taxa de repasse - é quando o banco compra mais dolares do que vende em um determinado dia e este excesso ele é obrigado a repassar ao Banco Central, que lhe pagará uma taxa menor que a de venda e maior que a de compra. Já a taxa de cobertura, é quando o banco é obrigado a cobrir-se, comprando dólares do Banco Central, que lhe venderá por uma taxa menor que a de venda e maior que a de repasse.

4.2 - Aplicações Financeiras

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No que diz respeito às aplicações financeiras, as empresas, dentro de uma sadia política financeira, procuram aplicar os excessos de disponibilidades que tem, em relação às necessidades imediatas ou a curto prazo, em títulos mobiliários resgatáveis dentro do período em que se tem necessidade. Essas aplicações são muito importantes para as empresas, que se protegem dos efeitos inflacionários causados aos recursos man-tidos em caixa e bancos. Mais adiante vamos verificar que, cada tipo de título tem suas características no que diz respeito ao prazo de aplicação, taxa e forma de rentabilidade, liquidez, etc. A empresa, na decisão de sua aplicação, considera não só tais características de um determinado título para o outro, em função de suas necessidades, e também, a segurança e a taxa de retorno de um banco para outro. De modo geral, os títulos mencionados rendem juros e correção monetária, prefixada ou não, e nem sempre segregados, sendo que o prazo de resgate pode variar bastante, indo desde aplicações de poucos dias até aplicações de um ou dois anos. Ainda que os títulos, em que os excedentes temporários sejam aplicados, devam ter como função proporcionar um rendimento que compense, em parte, a já mencionada dupla perda por inflação e custo de oportunidade, existe outra consideração importante. Os títulos devem oferecer também uma elevada segurança do principal, ou seja, não deverá existir perdas, grandes ou pequenas, quando as empresa quiserem liquidar a sua posição para readquirir o dinheiro assim aplicado e reutilizá-lo em suas operações. Entretanto, essas aplicações também constituem reservas de fundos para o atendimento de necessidades urgentes. Além da segurança do principal, o título deve ser prontamente resgatável, ou seja, deve ter elevada liquidez. Isso é importante do ponto de vista da rapidez com que podem surgir as necessidades de fundos na empresa. Sendo assim, não é o retorno dos títulos a curto prazo o principal fator. Ele é vencido, em primeiro lugar, pela liquidez da aplicação, e em segundo lugar, pela segurança que é oferecida quanto à recuperação do montante aplicado. Abaixo relacionaremos alguns aspectos da liquidez dessas aplicações, determinado por vários fatores: • Encontra-se inversamente relacionada ao risco do não-pagamento pelo emitente. Daí a importância dos

títulos públicos neste setor. Acredita-se que a solidez do emitente, o governo no caso, seja a maior possível. É permitido ao emitente oferecer rendimentos menores, porque o risco assumido pelo investidor é pequeno.

• A negociabilidade, ou seja, a rapidez de conversão é garantida pela existência de um mercado secundário bem equipado.

• No que diz respeito ao prazo de vencimento, quanto mais longo for o período de aplicação de recursos, maior tenderá a ser a possibilidade de variação de valor. É importante para a empresa, ajustar a estrutura de vencimentos de suas aplicações à estrutura de prazos de suas dívidas ou necessidades de fundos.

Existe no mercado brasileiro as seguintes possibilidades de aplicações de excedentes temporários de caixa, que são o mercado aberto e o mercado de títulos privados. O mercado aberto é aquele em que o governo federal e os governos estaduais e municipais lançam seus títulos para financiamento de suas atividades. As empresas que fariam aplicações nesses títulos, o mercado relevante é o chamado mercado secundário, e o acesso a ele é feito por meio de instituições financeiras (banco de investimento, distribuidoras e corretoras de valores). O mercado aberto, corresponde ao mercado no qual o governo federal, através do Banco Central, vende e compra os seus próprios títulos, que visam à execução da política de controle do nível geral de liquidez na economia, e através dela dos níveis de taxas de juros. Assim, se tratando de um instrumento de política monetária, para enfrentar excessos de liquidez de tendência inflacionária - ou estimular a atividade econômica, reduzindo taxas de juros e permitindo o aumento da oferta de crédito - o governo recompra títulos previamente lançados, jogando o dinheiro no mercado, dinheiro que pode ser novamente emprestado a pessoas ou empresas. O mercado de títulos privados, tais como certificado de depósito bancário (CDBs), letras de câmbio e debêntures. Existem algumas diferenças importantes entre os dois segmentos de mercados. O mercado de títulos públicos é muito mais ativo e líquido do que o mercado de títulos privados, o que o torna mais desejável às empresas que precisam contar com a facilidade de liquidar aplicações temporárias a qualquer momento. Os títulos públicos, além disso, particularmente os federais, não possuem risco de não-pagamento; em contrapartida, sua taxa de retorno tende a ser menor do que as dos outros investimentos.

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Em qualquer mercado de títulos de renda fixa, para os quais haja datas de vencimento diferentes, sempre existirá uma relação entre taxa de retorno (juros) implícita no preço de mercado e o prazo remanescente até o vencimento. O rendimento produzido por aplicação financeira de renda fixa, auferido por qualquer beneficiário, inclusive pessoa jurídica isenta a partir de 1º de janeiro de 1995, sujeita-se à incidência do imposto de renda na fonte à alíquota de dez por cento. A base de cálculo do imposto é constituída pela diferença positiva entre o valor alienação líquido do imposto sobre operações de crédito, cambio e seguro, e sobre operações relativas a títulos ou valores mobiliários - IOF e o valor da aplicação financeira.

4.2.1 - Fundo de Aplicações Financeiras (FAF)

Fundo organizado sob a forma de condomínio aberto, é uma comunhão de recursos destinados á aplicação em carteira diversificada de títulos de renda fixa, podendo ter prazo indeterminado de duração. A administração deste pode ser exercida por banco múltiplo, banco comercial, banco de investimento, caixa econômica, sociedade corretora de títulos e valores mobiliários ou sociedade distribuidora de títulos e valores mobiliários. As cotas do fundo só deverão ser emitidas sob a modalidade nominativa, estando proibido a sua emissão sob a modalidade ao portador, que corresponde a frações ideais do patrimônio. No que diz respeito a tributação, o imposto de renda retido na fonte (IRRF), a alíquota que incide sobre os rendimentos brutos apropriados diariamente aos cotistas é de 10%, e ocorre antes da incidência do IOF. O imposto sobre operações financeiras (IOF), a alíquota que incide sobre o resgate de cotas é variável de acordo com o prazo entre a aquisição dessas e seu resgate, sendo que a partir do 16º dia útil da aplicação, ela se reduz a zero (0%). O IOF incide sobre o resgate de cotas depois da incidência do IRRF (Imposto de Renda Retido na Fonte). Por ter uma carteira muito amarrada as aplicações, a composição se dá da seguinte forma:

Aplicações Limite Sub-limite Títulos Públicos Federais e Depósitos no Banco Central

Mínimo de 45%

Títulos TN e BC Depósitos TR Mínimo 25%

Títulos Privados e/ou Públicos (Estaduais e Municipais

Máximo de 42% Op. Compromissadas Máximo 10,5% Op. Definitivas Mínimo 31,5%

Títulos de Desenv.Econômico Mínimo de 10% - Contas do Fundo de Des. Social Mínimo de 3% -

A taxa de administração cobrada pelos bancos varia de 4 a 8% ao ano.

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4.2.2 - Fundo Mútuo de Renda Fixa Esta aplicação surgiu nos Estados Unidos nos anos 70, revolucionando os mecanismos clássicos de captação bancária. O nome está vinculado ao fato de que, quando se aplica nesses fundos estão adquirindo cotas de um fundo que tem em carteira papéis privados de renda fixa, tais como, CDB e LC, e títulos públicos como LFT e BBC. O segredo dos fundos de renda fixa, é a idéia do condomínio, ou seja, embora os aplicadores tenham direito de resgatar em curto prazo as suas cotas nem todos fazem ao mesmo tempo, isto é, sem ficar uma grande soma disponível, que poderá aplicar em títulos mais rentáveis. Nos fundos de renda fixa, existe uma constante troca de aplicações, o que permite manter a composição da carteira em sintonia com as tendências de taxas de mercado, além do fato, envolvendo valores significativos, podendo negociar taxas superiores às que um investidor, poderia obter individualmente na aplicação em um papel de renda fixa. O imposto sobre operações financeiras (IOF), a alíquota que incide sobre o resgate de títulos é variável de acordo com o prazo entre a aquisição dessas e seu resgate, sendo que a partir do 11º dia útil da aplicação, ela se reduz a zero (0%). O imposto de renda retido na fonte (IRRF), para as operações resgatadas a partir de 1º de janeiro de 95, a base de cálculo do imposto será constituida pela diferença positiva entre o valor do resgate, líquido de IOF e o custo de aquisição, com base na variação acumulada da UFIR diária, desde a data da conversão da aplicação em cotas até a da reconversão dessas cotas em cruzeiros reais. O imposto de renda na fonte, calculado à alíquota de 10% e o IOF, serão retidos pelo administrador do fundo na data do resgate. O regulamento do fundo de renda fixa contempla a existência de prazo de carência de 28 dias para valorizar as cotas, de forma que aplicações resgatadas em prazos inferior a esse não sofrerão nenhuma atualização. A composição da carteira se dá da seguinte forma:

Aplicações Limite Títulos Dívida Pública Federal Títulos Estaduais e Municipais CDB/LC/Commercial Paper Debêntures Letras Hipotecárias Disponibilizadas Cotas de FAFs Operações em mercados futuros de taxas de juros Ações de CIA Abertas

Mínimo 10% Máximo 90% Máximo 90% Máximo 90% Máximo 90% Máximo 90% Máximo 90% Máximo 100% Máximo 2%

O Fundo de Renda Fixa DI tem as mesmas características do fundo de renda fixa comum, tendo como diferença que 100% do patrimônio podem estar hedgeados em operações no mercado futuro de juros. É um fundo que se justifica em períodos de taxas de juros ascendentes, pois permite um hedge defensivo com relação ao aumento das taxas de juros (venda de futuro de DI). Esses fundo podem garantir uma rentabilidade quase idêntica à do CDI no interbancário de curtíssimo prazo, que é o parâmetro mais preciso do custo do dinheiro privado na economia. Como os vencimentos dos títulos pré-fixados se dão ao longo do mês, o banco trabalha com prazos médios para efeito do hedge, o que impede que a proteção seja 100% perfeita, o que pode fazer com que este fundo de um rendimento até acima da variação do CDI.

4.2.3 - Certificados de Depósitos Bancários (CDB)

Os CDBs são títulos nominativos, transferíveis por endosso, emitidos pelos bancos comerciais e de investimentos, para captação de recursos destinados ao financiamento de capital fixo e de giro, e ou aquisição de equipamento para pessoas jurídicas. Os CDBs podem ser pós-fixados, o prazo mínimo é de 90 dias, que rendem correção monetária idêntica à variação da TRD, mais juros sobre o valor nominal corrigido e pagos por ocasião do seu vencimento. Os eventuais títulos emitidos acima de 360 dias podem ser indexados em IGPM ou outro indexador de livre escolha. A mais importante diferença, a qual tornou o CDB mais procurado, é o fato de

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ele ser transferível por endosso nominativo, ou melhor, podendo ser vendido a qualquer hora, dentro do prazo contratado. Já os pré-fixados, com prazo mínimo de 30 dias, rendem a taxa acordada entre o emissor do título e o investidor, que embutem uma expectativa inflacionária na taxa nominal, já que o ganho real (nominal - inflação) só será conhecido no dia do resgate. Em se tratando de CDB pré, existirá na venda, antes do prazo final, uma perda de rentabilidade, já que o comprador exigirá um spread ou deságio para gerar liquidez. Já os pré-fixados, rendem a taxa acordada entre o emissor do título e o investidor, independente da variação da correção monetária. No que diz respeito a tributação, o imposto de renda incide sobre o ganho real, ou seja, o que exceder a variação da UFIR (alíquota de 10%). Estes títulos são isentos de IOF.

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4.2.4 - Fundos Mútuos de Ações É o fundo de investimento em ações, aberto aos investidores, que se sintam atraídos pelo mercado, que não tem tempo ou conhecimento para investir em ativos financeiros e buscam alternativas para apli-cações. Constituído sob a forma de condomínio aberto - quando admitir resgate de cotas -, ou fechado quando não o admitir, é uma comunhão de recursos destinados à aplicação em carteira diversificada de títulos e valores mobiliários. Os investimentos são feitos com maior segurança e comodidade, garantindo maior lucratividade com riscos menores, já que a carteira de um fundo de ações é diversificada. O cliente adquire cotas cuja a variação diária pode ser acompanhada pelos jornais ou diretamente no banco. O imposto de renda retido na fonte (IRRF), quanto a base de cálculo é constituida pela diferença positiva entre o valor do resgate e o custo médio de aquisição da cota, atualizado monetariamente com base na variação acumulada da UFIR diária da data de conversão até a reconversão das cotas em reais.

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A composição da carteira se dá da seguinte forma: Aplicações Limite

Ações de emissão de companhias abertas Títulos Públicos Federais Títulos Públicos Estaduais e Municipais Certif. Depósito Bancário Letras de câmbio Tit. Desenv. Econômico (TDE) Tit. Dívida Agrária (TDAs) Letras Hipotecárias Commercial Paper Disponibilidades Cotas de FAF Letras Imobiliárias

Mínimo 51% Máximo 49% Máximo 49% Máximo 49% Máximo 49% Máximo 49% Máximo 49% Máximo 49% Máximo 49% Máximo 49% Máximo 49% Máximo 49%

Para cálculo do número de cotas, será deduzida do valor entregue à instituição administradora, a comissão ou taxa de ingresso em vigor na época do investimento, bem como outras despesas convencionadas. As cotas do fundo terão prazo de carência, contados da data de emissão, para efeito do exercício do direito de resgate pelo cotista que deverá estar em destaque no regulamento. O prazo máximo para pagamento de resgates de cotas de fundos de ações será o 5º dia útil, subsequente ao do recebimento do pedido feita à instituição administradora. Quando do resgate de cotas, que será o valor apurado no fechamento do 1º dia útil subsequente ao da entrada da solicitação de resgate, as aplicações e as retiradas podem ser feitas por telefone, sendo os mesmos debitados e creditados automaticamente em conta corrente, não existindo carência. No que diz respeito a tributação, quando houver ganho de capital, a administradora reterá apenas 10% do imposto de renda. Os Fundos de Ações Fechado, de acordo com a instrução 148 da CVM, destinam-se a atender nichos específicos de mercado, tanto do ponto de vista do administrador quanto do cotista. Para o investidor, é a opção, que quer sacrificar a segurança e liquidez em troca de maior rentabilidade. O cotista investe por um prazo determinado, pelos estatutos destes fundos, e só pode resgatar a aplicação ao final do período. A única alternativa possível para resgatar é vender as cotas para outro investidor. Os fundos fechados podem ser divididos em função das características dos papéis que os comporão em: setoriais; de renda; (ações com dividendos garantidos) de "micos" ( ações com relação entre cotação e valor patrimonial muito baixa); de índices das Bolsas; de opções e índices futuro; de valor (ações cuja vantagem não apareça em balanço, mas sim em logomarcas, reservas inexploradas, etc...); de recuperação econômica; É normal esses fundos não possuirem taxa de administração, que é, em média 6% anuais para os fundos de ações. As taxas incidestes normalmente são equivalentes às operações com ações e/ou opções, dependendo da carteira.

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4.2.5 - Fundo de Investimento em Commodities O Banco Central, através de circular 2205 de 24 de julho de 1992, regulamentou a constituição dos fundos de commodities. Constituido sob forma de condomínio aberto, é uma comunhão de recursos destinados à captação em carteira de ativos financeiros vinculados a produtos agrícolas, pecuários e agroindustriais e outros ativos financeiros, e também a realização de operações em mercados organizados de liquidação futura envolvendo contratos referenciados nos mencionados produtos. A administração do fundo será exercida por banco múltiplo, banco comercial, banco de investimento, caixa econômica, sociedade de crédito, financiamento e investimento, sociedade corretora de títulos e valores mobiliários, sob supervisão direta do administrador da instituição. O critério adotado para proteger esses fundos contra eventuais dificuldades financeiras das cooperativas, tais operações só poderão ser lastreadas pelos fundos se contarem com a garantia do banco que administra o fundo, ou a garantia de qualquer outra instituição bancária. Para se calcular a rentabilidade da carteira do fundo, o administrador atua como um grande investidor pessoa física, possuindo um portifólio bem diversificado, registrando a rentabilidade de cada título ou operação em separado. De posse desses dados o administrador calcula a variação do seu patrimônio, dentro do período considerado, e sendo a cota uma parcela ideal do patrimônio, obterá a valorização e o valor da nova cota. O imposto de renda retido na fonte (IRRF), quanto a base de cálculo é constituida pela diferença positiva entre o valor do resgate e o custo médio de aquisição da cota, atualizado com base na variação acumulada da UFIR diária da data de conversão até a reconversão das cotas em reais. Esse imposto incide sobre o rendimento auferido pelos cotistas no resgate de cotas com alíquota de 10%. A composição da carteira física sem contar as posições que poderão ser assumidas no mercado futuro, se dá da seguinte forma:

Aplicações Limite Export Notes CDB Rural Warrants Certificado de Mercadorias Títulos TN e do BC Títulos Estaduais e Municipais Certif. Depósito Bancário Debêntures Letras de câmbio Letras Hipotecárias Commercial Paper Cotas de FAF Ações de CIAs abertas Ouro spot

Máximo 10% Máximo 15% Máximo 15% Máximo 15% Máximo 60% Máximo 60% Máximo 60% Máximo 60% Máximo 60% Máximo 60% Máximo 60% Máximo 60% Máximo 20% Máximo 10%

Para que possa exercer o direito de resgate, deverá ser observado o prazo de carência de 30 dias contados da data de emissão das quotas, de forma que aplicações resgatadas em prazos inferiores não sofrem nenhuma atualização.

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4.2.6 - Mercado de Câmbio É aquele que envolve a negociação de moedas estrangeiras no Brasil, as operações devem ser conduzidas através de um estabelecimento que esteja autorizado pelo Banco Central do Brasil a operar com câmbio. Pelas suas implicações na vida econômica do país, o câmbio, é muito controlado pelo poder público. No que diz respeito ao mecanismo de formação da taxas de câmbio, podemos definir a moeda estrangeira como mercadoria, e, dessa forma, está sujeita às forças da oferta e demanda de mercado. É sabido que a formação dessas taxas no Brasil se dá, principalmente, em função das intervenções do Banco Central ao longo do dia, no intuito de garantir uma política cambial e monetária de acordo com as condições desejáveis para o Governo. No mercado de câmbio, existem diferentes taxas que regulam as diversas operações permitidas, com cotações de compra e venda oscilantes ao longo do dia. Essas taxas são as seguintes: a) Comercial - estabelece o parâmetro para as operações oficiais de compra e venda no comércio exterior; b) Repasse e cobertura - quando os bancos não encontram aplicações para eventuais excessos na posição

compradora ou de cobertura na posição vendida, essa taxa é utilizada como parâmetro nas operações de repasse dessas instituições ao Banco Central;

c) Turismo - estabelece o parâmetro para as transações de compra e venda de moeda estrangeira para pessoas que vão viajar ao exterior;

d) Interbancário - as operações de compra e venda de moeda efetuada entre os banco; e) Cabo - parâmetro para compra e venda de moeda efetuada entre os bancos, que será utilizada na

transferência direta de recursos para o exterior; f) Paralelo - baliza a compra e venda de moeda que é adquirida fora dos meios oficiais, normalmente por

intermédio de doleiros.

4.2.7 - Mercado de Ouro

O mercado de ouro, integra o grupo do chamado mercado de risco, já que suas cotações variam, de acordo com a lei da oferta e procura. O ouro é uma reserva de valor que pode ser utilizada nos momentos em que hajam incertezas econômicas, financeiras ou políticas em níveis mundiais. Os principais centros que negociam ouro no mercado internacional são Londres e Zurique. No Brasil, o maior volume de negociação em ouro se realiza através da Bolsa de Mercadorias e Futuros de São Paulo (BM&F). Para sabermos o preço do ouro que é negociado no Brasil, é necessário saber como ele é cotado no mercado internacional, ou seja, a unidade de negociação do ouro no exterior é onça-troy, que equivale a 31,103487 g. A formação dos preços que é negociado no Brasil vincula-se, dentre outros fatores, às cotações de Londres e Nova York, refletindo, portanto, as expectativas do mercado internacional. O preço interno é calculado diretamente segundo as variações de preços no mercado flutuante do dolar e dos preços do metal na bolsa de Nova York. Dessa forma, o preço no mercado brasileiro é dado em reais, por grama de ouro puro, conforme fórmula abaixo: Ouro BR= (Ouro NY+Deságio BC)/(onça-troy/grama)*dólar flutuante de venda No que diz respeito a compra de ouro, as operações na BM&F são todas liquidadas em D+1. Isto significa que, na compra de ouro, a instituição recebe o ouro em D+1 e paga a quantia correspondente em D+1. US$ flutuante embutido = {O BM&F/((O NY + deságio)/31,103487)}

4.2.8 - Notas de Exportação

É como são conhecidos os contratos de cessão de crédito de exportação. É através desta operação, que o exportador obtém recursos para financiar suas vendas ao exterior, no próprio país, junto a investidores locais, ou em geral, por meio de outra empresa ou um banco.

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O exportador transfere os direitos de venda a um investidor, após fechar um contrato de exportação. Em troca, recebe os cruzeiros reais equivalentes ao valor da operação em moeda estrangeira. Com o dinheiro no caixa, ele poderá financiar a produção das mercadorias a serem exportadas. Por sua vez, o investidor, aguardará o retorno da aplicação. Caso seja um banco, o crédito pode ser repassado a terceiros. O exportador sendo financiado e, repassando o crédito a terceiros, o banco pode embolsar um spead entre os juros pagos pelo tomador (exportador) e os recebidos pelo investidor final. Caso seja decidido unir as duas pontas, o investidor ao tomador ou vice-versa, o banco recebe uma comissão. Podendo participar deste mercado não só como compradores finais ou não, os bancos tem direitos de exportação mas, também, como intermediadores e avalistas da operação.

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Afim de garantir a operação, a empresa emite uma NP no valor da venda, na moeda em que foi contratada, tendo como função de responsabilidade pelo embarque e pelo pagamento da mercadoria. No contrato de cessão de crédito, são fixados, também, o prazo de resgate e a remuneração a que o investidor terá direito. Em se tratando de uma operação em moeda estrangeira, na data do resgate o investidor receberá seu capital corrigido pela variação cambial acrescido de juros, geralmente a variação da Libor. De acordo com o prazo e o risco da operação, os juros pagos pelo exportador variam. Quanto maior o prazo, maior o risco e, por isso, maiores as taxas. Há sempre o risco de a empresa ter problemas - não embarcar as mercadorias, tornar-se inadiplente ou simplismente falir, em operações de prazo muito longo, o prazo de resgate também varia. O exportador tem de esperar pelo pagamento de seu cliente estrangeiro para liquidar a operação. Quando da ocorrência do pagamento, ele troca os dólares por cruzeiros, pelo câmbio do dia, e pode, assim, pagar o investidor. Na maioria das vezes, os prazos oscilam de seis meses a um ano. Nas operações de export notes, os exportadores não são os únicos a lucrar. Quem as financia tem muito a ganhar pois a export notes é um excelente investimento de hedge cambial. O investidor que aplica seu dinheiro neste tipo de operação conta com a proteção das oscilações cambiais. Para as empresas importadoras e as multinacionais, tal fato torna-se atrativos. Quando se compra os direitos de exportação de uma empresa, um importador estará aplicando em um ativo indexado à mesma moeda de sua dívida. No caso das multinacionais, é importante, pois, como precisa prestar contas em dólares à matriz, ela necessita proteger seu patrimônio em moeda forte. Fazer um hedge em dólar é uma necessidade. A desvantagem é que, enquanto o ACC não necessita de operações de exportações identificadas para serem fechadas, os export notes exigem um contrato formalizado de venda ao exterior. A sequência de uma operação de export notes seria: 1. A empresa fecha um contrato de exportação e transfere o crédito ao investidor que pode ser outra

empresa ou um banco. Afim de garantir a operação a exportadora emite uma NP no valor da venda e fixa o prazo do resgate.

2. O investidor paga à exportadora à vista em reais, pelo câmbio do dia. Caso o investidor seja um banco, o crédito pode ser repassado a terceiros. Com os reais em caixa a exportadora financiará a produção das mercadorias a serem embarcadas.

3. Quando o importador paga a mercadoria, a empresa recebe os dólares, troca-os por reais e resgata as promissórias pelo câmbio do dia. O investidor receberá seu capital corrigido pela variação cambial mais juros.

É importante considerar o aspecto da dimensão do componente juro em função da variação entre a correção cambial e o juro primário em reais. Caso o juro primário seja superior à correção cambial, a parcela de juros das export notes tenderá a crescer, para compensar a menor correção cambial e atrair o doador de reais, ou seja, o investidor, nestas condições, prefere então as aplicações atreladas aos juros dos reais. Quando ocorre o inverso, existe uma oferta abundante de moeda para aplicação em export notes e, portanto, uma retração do tomador, que pagará, então juros menores, além da correção cambial.

4.3 - Estoques Os estoques representam um dos ativos mais importantes do capital circulante e da posição financeira da maioria das companhias industriais e comerciais. A determinação correta no início e no fim do período contábil é essencial para uma apuração adequada do lucro líquido do exercício. Os estoques estão ligados intimamente as principais áreas de operação dessas companhias. Muitas vezes o objetivo financeiro conflita com o objetivo de manter estoques suficientes para atender às demandas da produção e minimizar faltas de estoque. Com isso a empresa precisa determinar o nível ótimo de estoques que reconcilia estes objetivos conflitantes. Portanto, o administrador financeiro não controla diretamente os estoques e, costuma ter acesso apenas indireto ao processo de administração dos estoques. O estoque de produtos acabados consiste de itens que foram produzidos, mas ainda não vendidos. Algumas empresas industriais que produzem por encomenda, mantêm estoques muito baixos de produtos acabados, pois virtualmente todos os itens são vendidos antes de serem produzidos. Contudo, a empresa industrial que produz e vende um grupo diversificado de produtos é que será colocada com maior destaque. Boa parte dos produtos é produzida antes da venda. O nível de produtos acabados é determinado em grande

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parte pela projeção da demanda, pelo processo produtivo e pelo investimento exigido em produtos acabados. O estoque de produtos em fabricação consiste de todos os itens que estão sendo usados no processo produtivo. Em geral, eles são, produtos parcialmente acabados que estão em algum estágio intermediário de produção. O nível dos produtos em fabricação depende em grande parte da extensão e complexidade do processo produtivo. O estoque de matérias-primas contém itens comprados pela empresa, em geral materiais básicos. Em alguns casos em que uma empresa manufatura produtos bastante complexos com inúmeros componentes, o estoque pode constituir de itens já processados, que foram comprados de outras companhias ou transferidos de outra divisão da mesma empresa. Na maioria das empresas industriais elas têm um estoque de matérias-primas de algum tipo. O nível real de cada matéria-prima depende do tempo de espera que a empresa leva para receber seus pedidos, a frequência do uso, o investimento exigido e as características físicas do estoque.

4.3.1 - O Sistema ABC

A empresa que utiliza o sistema ABC de controle de estoque discrimina o estoque em três grupos A, B e C. Os itens A são aqueles que requerem o maior investimento. Esse grupo consiste em 20% dos itens do estoque que representam 90% do investimento da empresa. São os itens mais caros e de giro lento. O grupo B consiste de itens que representam maior investimentos depois de A. O grupo B, constitui 30% dos itens que representam cerca de 8% do investimento. Em geral, o grupo C consiste de muitos itens representando um pequeno investimento. O grupo C consiste de aproximadamente 50% de todos os itens de estoque, porém é responsável por apenas cerca de 2% do investimento em estoque. A divisão do estoque em itens A, B e C permite que a empresa determine o nível e os tipos de procedimentos necessários ao controle do estoque. O controle dos itens A do estoque deve ser mais intensivo, devido ao elevado investimento envolvido, enquanto que os itens B e C estariam sujeitos a procedimentos de controle, menos sofisticados.

4.3.2 - Modelo do Lote Econômico

Um dos instrumentos sofisticados e mais comumente citados para se determinar a quantidade ótima de pedido para um item do estoque. Esse modelo poderá ser utilizado para controlar os itens que requerem o maior investimento da empresa. Ele leva em conta os vários custos operacionais e financeiros e determina a quantidade do pedido que minimiza os custos totais de estocagem. O modelo lote econômico, envolve três itens para ser abordados, que são os custos básicos, a abordagem gráfica e a abordagem matemática. Os custos básicos excluido o custo efetivo da mercadoria, os custos relacionados com o estoque que podem ser divididos em três grupos amplos - custos da emissão de pedidos, custos de manutenção do estoque e custos totais. Os custos de pedir incluem os custos fixos administrativos ao se efetuar e receber um pedido - o custo de preencher um pedido de compra, de processar a tarefa burocrática resultante de receber um pedido

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e conferir, sempre confrontando com a fatura. Esses custos normalmente são definidos em termos monetários por pedido. Os custos de manter estoque são os custos variáveis por unidade da manutenção de um determinado item em estoque durante certo período. Em geral esses custos são definidos em termos de Reais por unidade, por período. Também temos que levar em consideração tais custos como o de armazenagem, custos de seguro, o custo de deterioração e obsolescência e, acima de tudo, o custo da oportunidade de empatar dinheiro em estoque. O custo de oportunidade é um componente do custo financeiro; é o valor dos retornos que deixaram de ser obtidos (em investimentos de risco idêntico), por ter se efetuado o investimento no estoque. Uma regra que é muito citada na prática é que a manutenção de um determinado item em estoque por um ano representa um custo de aproximadamente 20% a 25% - e até mesmo 30% - do custo (valor) do item. Os custo total do estoque é definido como a soma dos custos de pedir e de manter estoque. É importante no modelo lote econômico, pois o objetivo deste é determinar a quantidade do pedido que minimiza. Na abordagem gráfica, o objetivo explícito do modelo lote econômico é encontrar a quantidade do pedido que minimiza o custo total do estoque. O lote econômico pode ser encontrado graficamente, traçando-se quantidades do pedido sobre o eixo de x e os custos sobre o eixo y. O custo total mínimo ocorre no ponto LE. O lote econômico ocorre no ponto onde a reta do custo de pedir intercepta a reta de manter o estoque; já que isso é sempre verdadeiro para esse modelo, quando os custos são definidos como estritamente fixos ou estritamente variáveis, os cálculos matemáticos necessários para se determinar o lote econômico são bastante simples. É importante reconhecer a natureza das funções de custo. A função do custo de pedir varia inversamente com a quantidade do pedido, ou seja, à medida que a quantidade do pedido aumenta, os custos de pedir para o período diminuem. Fato este é explicado pelo que, como a demanda anual é fixa, se maiores custos montantes forem solicitados, menos pedidos serão feitos e, por conseguinte, menores custos de pedir serão incorridos. Os custos de manter o estoque são diretamente relacionados às quantidades do pedido. Quanto maior for a quantidade do pedido, maior será o estoque médio e, por conseguinte, mais alto será o custo de mantê-lo. A função do custo total tem forma de "U", o que significa que existe um valor mínimo para a função. A reta do custo total representa a soma dos custos de pedir e custos de manter estoque para cada quantidade do pedido. É interessante perceber que, dentro de uma faixa de mais ou menos 20% do lote econômico, a função do custo total é bastante plana, indicando que o custo total é relativamente insensível a pequenas alterações ao redor do lote econômico.

No que diz respeito a abordagem matemática, podemos desenvolver uma fórmula para a determinação do lote econômico de uma empresa referente a um dado do item do estoque. Sendo: S = a demanda em unidades por período O = o custo de pedir por período C = o custo de manter estoque por unidade por período Q = a quantidade de unidades do período a equação do custo total pode ser desenvolvida. O primeiro passo no desenvolvimento da equação do custo total é desenvolver uma expressão para a função do custo de pedir e a função do custo de manter estoque. O custo de pedir pode ser expresso como o produto do número de pedidos pelo custo por pedido. Já que o número de pedidos é igual à demanda durante o período dividida pela quantidade do pedido (isto é S/Q), o custo de pedir pode ser expresso por:

Custo de pedir = O x S/Q

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O custo de manter foi definido como sendo o estoque médio (Q/2) multiplicado pelo custo de manter uma unidade por período. O estoque médio, definido como sendo a quantidade do pedido dividida por 2, já que se supõe que o estoque seja reduzido a uma taxa constante. Sendo assim, o custo de manter estoque pode ser expresso por:

Custo de manter estoque = C x Q/2 Ao analisar as equações do custo de pedir e do custo de manter estoque observa-se que, se a quantidade do pedido Q aumentar, o custo de pedir diminuirá, enquanto que o custo de manter estoque aumentará proporcionalmente. A equação do custo total como definido, ou seja, a soma dos custos de pedir e custos de manter estoque para cada quantidade do pedido, é definida abaixo:

Custo total = (O x S/Q) + (C x Q/2) Já que o lote econômico é definido como a quantidade do pedido que minimiza a função do custo total, tem-se como resultado a seguinte fórmula:

LE SO C= 2 / Embora o modelo simples do lote econômico apresentado tenha deficiências, não há dúvidas de que dá condições ao administrador de tomar decisões mais acertadas do que se usasse apenas observações subjetivas. Geralmente, para que o administrador financeiro, não seja diretamente responsável pelo emprego do modelo do lote econômico, ele precisa estar ciente da sua utilidade. Para se poder usar o lote econômico, o administrador financeiro também precisa fornecer certos insumos financeiros, especialmente com respeito aos custos de manter o estoque.

4.3.3 - Just-in-Time JIT

A indústria ocidental preparou vários tipos de receitas buscando alcançar a eficiência dos japoneses. Até recentemente, a maior parte dessas receitas não mencionava a produção “apenas-a-tempo” (JIT) e o controle de qualidade total, ambos já praticados no Japão. O sistema JIT de tão simples que é, não exige o emprego de muitos computadores e em alguns setores pode permitir controlar os estoques mais rigorosamente do que através dos métodos ocidentais operados com computadores. Além disso, o sistema JIT conduz à maior produtividade e à melhor qualidade, bem como apresenta seus resultados com tanta clareza que estimula também a mostrar maior responsabilidade e interesse. A aplicação do JIT e do CQT (controle de qualidade total), as vantagens por eles proporcionadas, podem ser projetadas à frente, até a distribuição, e também para trás, até as empresas fornecedoras. O controle de qualidade total (CQT) é bastante eficiente por si mesmo, enquanto o conjunto formado pelo JIT e pelo CQT gera uma elevação na produtividade e uma melhoria na qualidade que chegam a desmoralizar os concorrentes estrangeiros das fábricas nipônicas. As barreiras culturais e econômicas que se antepõem à aplicação, fora do Japão, das idéias do sistema JIT não parecem sérios, como tem demonstrado algumas das subsidiárias japonesas na América do Norte. A idéia do sistema “apenas-a-tempo” parece situar-se na medula da administração da produção e da elevação da produtividade no país do sol nascente. A idéia em que repousa o JIT é simples: fabricar e entregar produtos apenas a tempo de ser vendidos, submontá-los apenas a tempo de montá-los nos produtos acabados, fazer peças apenas a tempo de entrar nas submontagens e, finalmente, adquirir materiais apenas a tempo de ser transformados em peças fabricadas. É válido fazer a seguinte observação: a indústria japonesa fabrica pequenas quantidades "apenas a tempo" e a indústria ocidental fabrica quantidades maciças "apenas ao acaso". Como ocorre com a qualidade perfeita, nunca se chega a um “apenas-a-tempo” absoluto; ele constitui antes de tudo um ideal a ser perseguido agressivamente. O ideal do JIT é colocar todos os materiais em uso ativo, integrando o material em processamento, nunca deixá-los ociosos e acarretando despesas de manutenção. Prevalecendo a ótica, no universo das pessoas que falam a língua inglesa, o JIT constitui-se em um sistema destinado a controlar os estoques. Volta e meia vê-se realmente a expressão “apenas-a-tempo” sendo utilizada como sinônimo de kaban, palavra especificamente relacionada como sistema de repor estoques que foi inventada pela Toyota. O kaban constitui-se, na realidade, em um mecanismo capaz de conduzir a produção pelo sistema JIT, enquanto a expressão: “produção sem estoque” engloba bem o aspecto do controle que o JIT consegue sobre o estoque. O controle da qualidade total (CQT) pode funcionar sozinho e pode operar em conjunto com a produção apenas-a-tempo. No caso de operar em conjunto, o CQT favorece as características do JIT no que diz respeito ao próprio controle de qualidade.

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No CQT, é proposto a todo pessoal da fábrica a idéia de que o controle de qualidade constitui um fim em si mesmo. Qualidade na fonte é o lema que mais plenamente resume a idéia do CQT. O que ele significa para o pessoal da fábrica é que os erros, se os houver, devem ser descobertos e eliminados na fonte, isto é, no ponto em que se faz o trabalho.

4.4 - Despesas Pagas Antecipadamente

Esses ativos representam pagamentos antecipados, cujos benefícios ou prestação de serviços à empresa se farão durante o exercício seguinte. De fato, segundo o art. 179 da Lei das S.A., referem-se a aplicação de recursos em despesas do exercício seguinte e, normalmente, não serão recebidos em dinheiro e nem representam bens fisicamente existentes como é o caso de peças, materiais etc. Pelo conceito de liquidez, é o ultimo item apresentado no Ativo Circulante. É normal, que todos os itens dessa natureza se refiram à despesas do exercício seguinte à data do balanço. Todavia, em casos mais incomuns, poderemos ter pagamentos antecipados de despesas cujos benefícios ou prestação dos serviços ocorram em períodos ainda maiores. Nesse caso, a classificação no balanço deverá ser em conta do Realizável a Longo Prazo (da parte que exceder o próximo exercício). Como exemplo de despesa paga antecipadamente, temos os prêmios de seguros pagos antecipadamente, mas cujo o benefício, ou seja, a cobertura do seguro, se dará durante o exercício ou exercícios posteriores; não é despesa já incorrida na data do balanço, a parcela paga proporcional aos meses posteriores ao balanço. Outro caso é o de aluguéis já pagos relativos a períodos de utilização do imóvel posteriores ao balanço. Podemos citar também como exemplo os bilhetes de passagem adquiridas, mas ainda não utilizados, e comissões pagas relativas a benefícios ainda não usufruídos. Concluindo, todos os recursos aplicados em despesas ainda não incorridas devem figurar no ativo circulante, desde que sejam adequadamente caracterizados como despesas do exercício seguinte e pagas antecipadamente. Sua forma de realização não será em dinheiro, mas sim pela apropriação aos resultados.

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5 - CONTAS A RECEBER Em uma economia moderna, a utilização do crédito tanto como método de venda e pagamento, quanto meio de concorrência entre empresas tornou-se um mecanismo tradicional, entretanto, é sempre importante compreender o da sua existência, sua importância na relação entre as empresas, bem como a definição de suas formas. Analisando problemas de administração financeira de uma empresa, devemos considerar a quem (pessoas e instituições) ela concede crédito. De certa maneira, a expansão das operações de uma empresa provoca necessidade de fi-nanciamento ou crédito. Quando nos referimos à possibilidade de utilizar os serviços de fatores de produção (matérias-primas, mão-de-obra, equipamentos e até recursos financeiros) sem contrapartida (isto é, sem pagamento pelo seu uso). Queremos dizer que tal ocorrerá até o momento adequado em que a utilização dos fatores já estiver trazendo rendimentos próprios que permitam remunerar os fornecedores dos seus serviços à empresa. Esta é a importância do crédito geralmente para uma pessoa ou empresa compradora, também não deve ser difícil entender porque ele adquire importância para quem o concede crédito. O crédito pode ser concebido, não só como uma arma de concorrência, como também, pode ser utilizado como mecanismo de financiamento, junto aos diversos fornecedores dos recursos por ela utilizados. Para ser bem-sucedido na administração das contas a receber, devemos considerar se é financeiramente prudente manter saldos a receber. O custo de oportunidade de manter muito dinheiro preso nas contas a receber é a perda do que se poderia ter recebido se tivesse os fundos aplicados no mercado financeiro. A administração das contas a receber também envolve a manutenção política adequada de crédito, e cobrança. Os termos do crédito tem uma ligação direta com os custos e as receitas a serem geradas pelas contas a receber. Por exemplo, se os termos do crédito são muito apertados, haverá menos investimentos nas contas a receber e menos perdas devidas a maus pagadores, entretanto, haverá também menos vendas e lucros reduzidos. Por outro lado, se os termos forem frouxos, as vendas e o lucro bruto serão maiores, mas haverá também um número maior de dívidas incobráveis e um custo de oportunidade mais alto relativo à efetuação de investimentos em contas a receber, porque alguns consumidores levarão mais tempo para pagar. Importante ressalva a ser feita é que uma empresa pode oferecer aos seus funcionários crédito, por exemplo, que chamamos de adiantamentos. Geralmente, porém, a administração financeira de contas a receber preocupa-se com o crédito concedido aos compradores de produtos e serviços da empresa, e interage com a área de marketing, já que a política de crédito, compreendendo diretrizes e procedimentos de seleção de clientes cobranças e descontos, constituindo importante elemento para a obtenção dos objetivos de venda, como instrumento de atração de procura para o que a empresa oferece no mercado. Genericamente, ao falarmos em contas a receber, estamos nos referindo a contas correntes, crédito parcelado e contratos de venda a prazo e de venda condicional. Contas correntes, neste caso, estamos tratando dos clientes permanentes da empresa que efetuam pagamentos periódicos. O problema nesta situação especial é o da delimitação do prazo de crédito é resolvido pela não fixação de um período limitado. Em outras palavras, o prazo é indeterminado. Aplica-se, como deve estar evidente, aos clientes sobre cujas compras a empresa acredita haver constância regularidade e relativa segurança. Quando nos referimos ao crédito parcelado, estamos falando de vendas com planos de pagamento diferentes, conforme auxiliem ou seja permitido à empresa pela procura dos seus produtos ou serviços, não só em face da concorrência como pelas necessidades dos clientes e pelos custos de investimento em contas a receber. Esse investimento corresponde ao saldo médio mantido em contas a receber, consequentemente da necessidade de venda a prazo com concessão de crédito. Os saldos de contas a receber são contabilizados pelo valor de venda, segundo as faturas emitidas. Todavia, esse não é o investimento feito pela empresa. Corretamente seria o custo direto incorrido na produção ou obtenção dos bens ou serviços vendidos. Os contratos de venda a prazo e de venda condicional são utilizados principalmente nas vendas de bens e serviços previamente encomendados e de execução ou instalação demorada, com pagamentos parciais que podem ocorrer antes, durante e/ou após a execução ou instalação. Como podemos notar referem-se com mais propriedade a bens de capital e prédios, bem como a serviços de assessoria e consultoria. Iremos tratar dos três tipos acima, ou seja, contas correntes, crédito parcelado e contratos de venda à prazo e de venda condicional sob o título geral: contas à receber. Deve-se ao fato que o problema geral é o mesmo: vender à prazo, como reconhecimento de que existirá um ganho (o cliente compra da empresa, porque pagar à prazo lhe é financeiramente importante), de um lado, contra um custo (o dos recursos

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imobilizados proporcionalmente ao saldo médio de contas a receber) adicionado, a um risco (de que o cliente não pague). A política de crédito como arma de concorrência, como entendemos, possui diversos elementos: os prazos concedidos para pagamento, os critérios de aceitação de pedidos de crédito e os critérios para fixação de limites (montantes) de créditos. A concessão de crédito atua como elemento do processo de oferecimento de um produto ou serviço não só porque afeta diretamente o preço de aquisição, distribuindo os pagamentos no tempo, como proporciona maior flexibilidade operacional ao comprador, que ganha tempo para gerar recursos com vistas a efetuar os pagamentos devidos. Porém, é evidente, que a concessão de crédito para estimular a procura dos produtos e serviços oferecidos pela empresa encontra limites na capacidade que uma dada firma pode ter no que diz respeito à sua liberalidade. Tendendo assim, a ter políticas de crédito menos liberais e, consequentemente, a usá-las menos satisfatoriamente como arma de concorrência as empresas, cujo capital próprio não permite sustentar grandes investimentos em contas a receber pela limitação de seu endividamento para financiá-los; e que não possam assumir riscos muito grandes com a concessão de crédito, por exemplo, quando possuem um número pequenos de clientes, suas próprias necessidades de capital de giro são urgentes, suas vendas são pouco numerosas e de elevado custo direto por unidade. Os fatores condicionantes do investimento em contas a receber, numa empresa qualquer são, o volume de recursos empatados no saldo médio de contas a receber, o investimento com o qual se preocupa o administrador financeiro neste caso, é afetado pelas seguintes variáveis ou fatores condicionantes: a. o volume de vendas a prazo; b. a proporção entre o custo direto do produto ou serviço e o valor de venda faturado; c. a sazonalidade das vendas; d. as regras do ramo de atividade quanto a limites de crédito; e. as políticas de prazo de crédito da empresa; f. as políticas de cobrança da empresa; g. as políticas de desconto da empresa. Alguns desses fatores, são elementos da política geral de crédito da própria empresa e estão interligados (a título de exemplo, uma política de prazos mais longos aumenta as vendas; uma política de descontos especiais pode alterar a sazonalidade das vendas); além disso, o fato de serem elementos da política de crédito da empresa significa que está sob a alçada da própria empresa fixar, em parte, o investimento a ser mantido em contas a receber. Essa margem de escolha, porém, está ligada a uma comparação entre benefícios e custos, sob a responsabilidade do administrador financeiro. A política de concessão de crédito envolve um equilíbrio entre os lucros nas vendas à prazo e o custo de manutenção de valores a receber adicionado aos possíveis prejuízos decorrentes de dívidas incobráveis. Já vimos que a política de crédito pode ser utilizada para aumentar as vendas e os lucros da empresa. O investimento em contas a receber não apenas exige recursos para financiá-lo, como é uma aplicação sem retorno direto, como ocorre com as outras categorias de ativos correntes, e possui um custo de oportunidade. Quanto maior for o saldo médio de qualquer item de ativo corrente, dado um determinado volume de operações, menor será a rotação dos recursos usados pela empresa, prejudicando, por conseguinte, a sua rentabilidade. Como já foi dito, existe também um elemento de risco envolvido na política de crédito, além de benefício e custos. Para medir o risco enfrentado, que é inerente à possibilidade de que o cliente não honre os seus compromissos junto à empresa, pois, a análise da sua capacidade de pagamento é, evidentemente, o instrumento mais apropriado. Toda e qualquer empresa deve ter limites de risco aceitável; considerando-se que o grau de risco assumido afeta: a. a velocidade com que as contas são cobradas; b. o valor investido em contas a receber; e c. o volume total de prejuízos com dívidas incobráveis, fica evidente que também contribui para o custo do investimento em contas a receber. Podemos enumerar o que entendemos como elementos da administração financeira de contas a receber: a. a fixação de prazos para pagamentos pelos clientes (prazos de crédito); b. fixação de critérios para a aceitação (seleção) de clientes; c. estabelecimento de limites para a concessão de crédito, ou seja, os valores máximos financiáveis pela

empresa a cada cliente;

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d. formulação da política de cobrança, incluindo métodos de cobrança (instrumentos, agressividade relativa etc.); e

e. estabelecimento de descontos por pagamento antecipado, visando acelerar o recebimento de valores devidos pelos clientes da empresa.

5.1 - Políticas de Crédito

É fundamental, ter uma questão resolvida que é quanto à fixação do prazo geral de crédito, ou seja, tratar de delimitar de quanto tempo disporá o cliente para efetuar os seus pagamentos. Dado um volume de vendas à prazo, além da relação entre custo direto e preço unitário de venda, o prazo concedido determina não só a rotação do investimento em contas a receber, como também o valor aproximado desse investimento. É claro que, quanto mais longo for o prazo concedido, maior tenderá a ser o investimento em contas a receber. Outra questão a ser resolvida é a questão da aceitação ou não de um cliente em potencial. Trata-se de avaliar o risco que ele produz em face do incremento de vendas e lucros que pode proporcionar. Temos cinco aspectos a serem avaliados no que diz respeito a aceitação do crédito: a. o cliente procurará cumprir a sua obrigação; b. o desempenho operacional e financeiro do cliente permitirá a geração de recursos para efetuar o

pagamento; c. o cliente possui bens e outros recursos disponíveis para cobrir o valor exigido pela transação; d. o cliente pode oferecer garantias reais ou não; e e. quais serão os possíveis efeitos de acontecimentos externos (nível de atividade da economia, por

exemplo) sobre a capacidade do cliente para pagar as suas dívidas. As diretrizes referentes as decisões de aceitação ou rejeição de clientes assumem a forma de padrões rígidos ou liberais. A relativa rigidez ou liberalidade dos padrões de concessão de crédito reflete a atitude da administração quanto ao risco que está disposta a assumir nesta área, mas não apenas isso. Tende também a ser afetada pelo estágio do ciclo econômico que esteja sendo atravessado e pela concorrência enfrentada. Por exemplo, em fase de recessão, os padrões tendem a ser mais liberais, para compensar vendas em declínio, enquanto numa fase de expansão um mercado vendedor aumenta o poder de imposição de crédito menos liberal pela empresa aos seus clientes. É preciso considerar também que uma mudança desse grau de rigidez ou liberalidade não deixa de ter as suas contrapartidas. A título de exemplo, quando os padrões são relaxados um pouco a empresa deve ter em mente que, embora possa conseguir aumentos de vendas e lucros, ela também estará elevando os seus saldos em contas a receber, bem como as perdas em relação das dívidas incobráveis e a própria atividade do departamento de crédito e cobrança. Em linhas gerais, o processo que deverá ser utilizado para a avaliação de um período de crédito é o seguinte: a. obter dados sobre o candidato ao crédito que geralmente envolve coleta de demonstrações financeiras

para que seja avaliado os aspectos de capacidade de pagamento, capital e possibilidade de garantias; b. fazer consultas junto ao departamento de crédito em busca de dados sobre hábitos de pagamentos e

referências; c. trocar informações com outros fornecedores dos solicitante, por exemplo, procurar saber qual o crédito

máximo concedido, qual a rapidez dos pagamentos, há quanto tempo existe contato com o cliente em potencial;

d. proceder a uma análise dos elementos de decisão, apoiada em índices de liquidez e estimativas do risco de não-pagamento;

e. decidir pela aceitação ou rejeição do pedido, mediante uma comparação dos seguintes custos: Custo de aceitação = (probabilidade de prejuízo x custo variável unitário x Q) + (retorno exigido x (prazo médio de cobrança / 360) x custo variável unitário x Q) + custo médio de cobrança, e Custo de rejeição = (1-probabilidade de prejuízo) x (margem de contribuição por unidade) x Q, onde Q é o número de unidades encomendadas e, por simplificação, o retorno exigido, o prazo médio de cobrança e o custo médio de cobrança podem ser os que tenham sido obtidos para a empresa como um todo. Obviamente, deve ser escolhida a alternativa de custo mais baixo. Fixados esses elementos acima, e também tendo sido estimada a probabilidade de prejuízo, poderemos comparar as duas expressões, que são dos tipos, Ya = a + bQ e Yr = cQ, da seguinte maneira (sendo a,b e c constantes).

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Uma encomenda inferior a E unidades deverá ser rejeitada, pois o custo de rejeição é inferior. É evidente que as inclinações e posições das duas linhas dependem das hipóteses feitas sobre probabilidade de prejuízo, custo médio de cobrança, prazo médio de cobrança e retorno mínimo exigido sobre o investimento. Em todo este processo, não há dúvida de que a investigação do candidato ao crédito deve ser rápido, pois o atendimento não pode a ela ficar subordinado, especialmente se for demorada ou o cliente em potencial tiver urgência em obter o produto ou serviço. Deverá também ser estabelecido o limite de crédito, ou seja, o valor que a empresa está disposta a financiar. Esta decisão deve levar em conta o risco de perda assumido pela empresa , em vista da probabilidade de não-pagamento. Trata-se de comparar o que podemos ganhar com a venda ao valor esperado de um prejuízo (isto é, custo de produção e venda incorrido vs. probabilidade de não-pagamento).

5.2 - Política de Cobrança

A política de cobrança do contas a receber, a idéia que ocorre é a de uma liberalidade menor, com a imagem de algo destinado a assegurar os pagamentos devidos, ou impedir que sejam feitos mais tarde do que a empresa deseja. A finalidade da política de cobrança está refletida exatamente nessas observações: ela existe para que vendas já efetuadas efetivamente transformem-se em recebimentos. É evidente, em princípio, que a empresa não deve gastar mais com o seu esforço de cobrança do que tem a receber, mas, mais importante do que isso, as despesas de cobrança devem ter como parâmetro básico de comparação o que a empresa pode perder sob a forma de acréscimo de dívidas não liquidadas por seus clientes ao promover qualquer redução no seu esforço de cobrança. A atividade de cobrança, em si mesma, não haverá diretamente um cliente incapaz de pagar e saldar suas dívidas. Uma atividade mínima, entretanto, é indispensável mesmo nesse caso, compreendendo até os procedimentos a utilizar, em caso extremo de cobrança judicial. Contudo, a idéia de que as despesas de cobrança devem ser limitadas pelo fato que se tem a cobrar é válida apenas para contas isoladas. O que é importante realmente é considerar se os gastos com a cobrança produzem alguma contribuição igual ou superior em termos de perdas com devedores insolventes. Além disso não deixa de existir uma certa relação entre vendas (consequentemente, lucros) e esforço de cobrança; na verdade, os esforços de cobrança não afetam apenas o volume extraído de um dado cliente mas as vendas futuras a esse cliente, bem como as cobranças de outros clientes. Em outras palavras, a agressividade ou impertinência excessiva da cobrança pode até causar prejuízo geralmente às vendas, pois a cobrança é vista como parte do conjunto de concessão de crédito e da política de vendas da empresa. Uma empresa pode cometer dois erros possíveis ao executar uma determinada política voltada para a administração de contas a receber, felizmente não ao mesmo tempo, a menos que não haja coordenação entre diversos elementos dessa política: a) adoção de uma política de crédito muito restritiva, em termos de prazos, limites de crédito, critérios de

seleção de clientes, cobrança etc., defendendo o investimento em contas a receber - ele será pequeno e de elevada qualidade - a ponto de provocar perdas de vendas e aumentar os custos do departamento de

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crédito isto é, o setor encarregado de executar as atividades que estivemos descrevendo e discutindo; por outro lado, a empresa pode;

b) adotar uma política por demais liberal, enfatizando o objetivo de máximo volume de vendas e maior rentabilidade a curtíssimo prazo, mas sofrendo perdas de liquidez e, finalmente, causando reduções subsequentes de sua rentabilidade.

A fim de avaliar uma política na área de concessão de crédito, sugerimos a adoção, para efeito de comparação no tempo, de um índice relacionando o valor dos pedidos rejeitados e o volume de vendas à prazo. É certo que poderá ser afetado por fatores externos como a situação da economia. Porém, de certo modo importante, ele pode mostrar a posição da política da empresa relativamente a padrões que mostrariam excessiva liberalidade ou demasiado rigor. A política de concessão de descontos para pagamentos dentro de um prazo determinado pode, em geral, significar um recebimento mais rápido para a empresa, do que a média do período dos créditos concedidos e utilizados por muitos outros clientes. Os descontos oferecidos são comumente expressos do seguinte modo: 2/10,30 dias líquidos; isto significa que se o pagamento for efetuado até o 10º dia a contar da data de emissão da fatura, o cliente pagará 98% do preço; não o fazendo, terá até 30 dias para pagar o valor faturado. Do ponto de vista da empresa que oferece o desconto, ele pode ser considerado como um estímulo para maiores vendas, pois, é fundamental lembrar que mais importante do que isso é a possibilidade de acelerar o recebimento das vendas. Economicamente a empresa será beneficiada pelo desconto se a diferença entre a taxa efetiva do desconto e o custo dos recursos de terceiros a curto prazo for inferior à margem de contribuição do produto (excluído o desconto do preço de venda), isto porque, analisado apenas o desconto em si mesmo, ele precisa obrigatoriamente ser superior ao custo dos recursos que podem ser obtidos, no mercado financeiro, pelos clientes da empresa. Se não fosse assim, o desconto não funcionaria como estímulo tanto a maiores vendas quanto a pagamentos mais rápidos. Essa idéia através de um exemplo numérico, pode ser entendida:

Custo do financiamento bancário a curto prazo 3% ao mês Desconto efetivo (2% em 10 dias) 6% ao mês Valor da venda (10.000 unidades a $ 5,00 $ 50.000,00 Custo direto (80%) $ 40.000,00

Como a utilização do desconto pelo comprador implica uma redução de $ 1.000,00 da receita, mas a margem de contribuição efetiva ainda é de $ 9.000,00, a venda adicional é claramente favorável à empresa. Além disso, a empresa está deixando de recorrer a financiamento bancário a 3% ao mês, porque não precisa financiar seus clientes pelos vinte dias após o prazo de desconto. Desse modo, a rotação das suas contas a receber, em vez de ser igual a 12 vezes, como ocorreria com um prazo médio de 30 dias, é de 36 vezes ao ano (prazo médio de 10 dias). Supondo que o investimento médio em contas a receber, na hipótese de não haver desconto, alcançasse $ 100.000,00, a empresa estaria gastando $ 3.000,00 (3% de $ 100.000,00) para sustentá-lo, o que deve ser acrescido como vantagem. Existe uma redução da receita de venda, por outro lado, pois o preço é efetivamente diminuído pelo desconto. No caso, a redução ($ 1.000,00) é inferior à eliminação de custos de manutenção do investimento em contas a receber; portanto a política é vantajosa nesses termos. É uma situação em que o custo total do desconto é superado pela vantagem da redução do investimento em contas a receber. Para produzir seus resultados, já indicamos que a taxa de desconto, deve levar uma comparação favorável e por margem significativa, entre o custo dos recursos a curto prazo, vigente no mercado financeiro, e a taxa representativa da não utilização do desconto (como custo para o comprador). A taxa representativa deve ser bastante superior ao custo dos recursos a curto prazo, para que o desconto seja realmente utilizado e a empresa vendedora atinja os seus objetivos. Os compradores que utilizam o desconto pagam o seguinte preço efetivo:

P hk

h t( ( ) )1360

1− − −

onde: P = preço unitário (a vista) t = período de desconto T = período de pagamento líquido k = custo do capital no mercado financeiro h = taxa de desconto Os compradores que não utilizam o desconto pagam o seguinte preço:

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30

Pk

T( )1360

Nos dois casos, as parcelas subtraídas de P- k

h360

1( )− e Erro!T - representam,

respectivamente, (1) o custo implícito de financiamento de contas a receber por "t" dias, para a empresa e (2) o custo de financiamento de contas a receber por "T" dias.

Portanto, em termos anuais o custo do crédito comercial para o comprador é 360T t−

h, e

reflete a não utilização do desconto. Em consequência, o uso desse tipo de crédito só lhe é favorável quando

esse valor é inferior à taxa k, ou seja, quando 360T t

h k−

< .

Suponhamos os seguintes dados: t= 10 dias, T=60 dias (ou seja, h/10,60 dias líquidos), e k= 3% ao mês, o desconto será usado se chegar, no mínimo, a h>0,03(50)/360= 0,00417 ou 0,417% do preço bruto. A política de desconto também envolve a manipulação do prazo pelo qual o pagamento pode ser feito com o desconto indicado por essa taxa. É o que é chamado de período de desconto. Em certas situações, a variação do período de desconto, ou seja, o prazo pelo qual existe possibilidade de pagar um preço inferior (digamos, passando para 2/20,30 dias líquidos) pode alterar os prazos médios de cobrança (e o investimento em contas a receber, consequentemente) de dois modos: a) alguns clientes podem usar o desconto, ao contrário do que faziam antes; isso faz com que o prazo

médio caia; b) porém, outros clientes, que já utilizavam o desconto, simplesmente poderão atrasar um pouco mais os

seus pagamentos, já que esse procedimento é facilitado, e isso elevará o prazo médio de cobrança. Logo, ao ser manipulada esta variável com o objetivo de aumentar a velocidade de recebimento das contas de clientes (e a liquidez da empresa), o resultado dependerá da composição das vendas em termos desses tipos de clientes. O importante é reconhecer que essa política não melhorará automaticamente a liquidez da empresa.

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6 - CONCEITO CONTÁBIL DAS CONTAS DO PASSIVO CIRCULANTE A Lei das S.A. (Lei nº 6.404), no seu artigo 180, estabelece que: as obrigações da companhia, inclusive financiamento para aquisição de direitos do ativo permanente, serão classificadas no passivo circulante, quando se vencerem no exercício seguinte, e no passivo exigível a longo prazo, se tiverem vencimento em prazo maior, observado o disposto no parágrafo único do artigo 179. O parágrafo único do artigo 179 da Lei estabelece que na companhia em que o ciclo operacional da empresa tiver duração maior que no exercício social, a classificação no circulante ou longo prazo terá por base o prazo desse ciclo. Entende-se por ciclo operacional, na empresa industrial ou comercial, o período de tempo que vai desde a aquisição das matérias-primas ou mercadorias, até o recebimento do valor das vendas. Entretanto, a grande maioria das empresas tem adotado como exercício o período de um ano, já que o ciclo operacional delas é normalmente inferior a esse prazo; as exceções são as empresas que constroem edifícios, fabricam grandes equipamentos, navios etc., cuja construção ou montagem pode levar mais de um ano. O Passivo Circulante é representado pelas obrigações da companhia cuja liquidação se espera que ocorra dentro do exercício social seguinte, ou de acordo com o ciclo operacional da empresa, se este for superior a esse prazo. Estas obrigações podem representar valores fixos ou variáveis, vencidos ou a vencer, em uma data ou em diversas datas futuras. Dessa forma, as obrigações classificáveis no Passivo Circulante são, normalmente, resultantes de: a) compra de matérias-primas a serem usadas no processo produtivo, ou mercadorias destinadas à

revenda; b) compra de bens, insumos e outros materiais para uso pela empresa; c) valores recebidos por conta de fatura entrega de bens ou serviços; d) salários, comissões e aluguéis devidos pela empresa; e) despesas incorridas nas operações da empresa e ainda não pagos; f) dividendos declarados a serem pagos aos acionistas; g) impostos, taxas e contribuições devidos ao poder público; h) empréstimos e financiamentos obtidos de instituições financeiras etc.; O passivo circulante está, portanto, composto dos seguintes agrupamentos: 1) Empréstimos e Financiamentos 2) Fornecedores 3) Obrigações Fiscais 4) Outras Obrigações 5) Provisões

6.1 - Empréstimos e Financiamentos

Nessa conta seriam registrados os empréstimos obtidos de instituições financeiras cujo prazo total para pagamento seja inferior a um ano, tal como o desconto de notas promissórias, empréstimos garantidos por caução de duplicatas a receber ou estoques e outros. Nas operações de desconto de notas promissórias ou, outros títulos (exceto duplicatas de emissão da empresa), registradas nesta conta, o valor dos títulos já inclui, por regra geral, todos os encargos financeiros (juros, correção monetária préfixada e outras despesas). Assim, a diferença entre o valor efetivamente recebido pela empresa e o valor do título negociado representa os encargos financeiros que deveriam ser deduzidos do valor do passivo e somente acrescido à medida que o tempo fosse transcorrendo. O que é normal ser feito é registrar o valor total do título como passivo, as despesas de juros e bancárias e a correção monetária prefixada na conta Encargos Financeiros a Transcorrer. Os empréstimos de curto prazo tem a finalidade de suprir as necessidades de caixa, que são os Hot Money e Capital de Giro. O hot money é um empréstimo de curtíssimo prazo, proposto a pessoas jurídicas e clientes de banco, que normalmente são captados por um dia, ou pouco mais, no máximo em 10 dias. Para os clientes tradicionais é comum, de forma a simplificar os procedimentos operacionais, criar-se um contrato fixo de hot money, que estabelece as regras destes empréstimos permitindo a transferência de recursos ao cliente a partir de um simples telex, telefonema ou fax, garantidos por uma nota promissória já previamente assinada, a fim de se evitar o fluxo corrido de papéis para cada operação.

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A formação de taxa para o hot money é através do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) do dia da operação acrescido dos custos do PIS (Programa de Integração Social) (0,65%) e do Confins (2,00%) sobre o faturamento da operação. Por se tratar de uma operação de curto prazo, o hot money tem a vantagem de permitir uma rápida mudança de posição no caso de uma mudança brusca para baixo nas taxas de juros. Os empréstimos para capital de giro são as operações tradicionais de empréstimo vinculadas a um contrato específico que já tem estabelecido o prazo, taxas, valores e garantias necessárias e que atendem às necessidades de capital de giro das empresas. O plano de amortização é estabelecido de acordo com os interesses e necessidades das partes, entretanto, devido às incertezas da economia tais empréstimos tem se caracterizado pelo prazo de 30 dias, pré ou pós-fixados. Esse tipo de empréstimo normalmente é garantido por duplicatas em geral numa relação de 120 a 150% do principal emprestado. As taxas de juros, nesse caso são mais baixas. Quando a garantia envolve outras garantias, como aval, hipotecas e notas promissórias, os juros são mais altos.

6.2 - Fornecedores

Por regra geral, neste grupo é feita a separação entre fornecedores Nacionais e Estrangeiros, conforme o credor esteja sediado no país ou no exterior, incluindo o registro das notas fiscais ou faturas provenientes da compra de matérias-primas, mercadorias e outros materiais. A contabilização das compras e o registro do passivo devem ser feitos em função da data da transmissão do direito de propriedade, que usualmente corresponde à data do recebimento da mercadoria. Porém, existem situações, em que, apesar de a mercadoria não ter sido ainda recebida pela empresa, esta já tenha adquirido o direito sobre elas. Neste caso, devemos contabilizar o estoque em trânsito e o passivo correspondente pelo valor constante das notas fiscais ou faturas. No caso de compras de mercadorias no exterior, o valor em moeda nacional a ser registrado no estoque e no passivo deve ser o valor das faturas, em moeda estrangeira, convertido para moeda nacional pela taxa de câmbio da data em que houve a transmissão da propriedade das mercadorias, de acordo com os termos do contrato de compra e venda celebrado com o fornecedor estrangeiro. Junto a fornecedores, quando existirem obrigações, que devam ser pagas em moeda estrangeira, a dívida deverá ser atualizada com base na taxa cambial da data do balanço, sendo que, a variação cambial deve ser considerada como despesa. Nos casos de importação de mercadorias na condição FOB, entende-se que a variação cambial incorrida entre a data do registro inicial da importação, ainda no porto do exterior, e a data da chegada e real disponibilidade da mercadoria na empresa, deve ser considerada como parte do custo em moeda nacional dessa mercadoria.

6.3 - Obrigações Fiscais

São as obrigações da companhia junto ao Govêrno no que diz respeito a impostos, taxas e contribuições que são registradas em contas específicas dentro deste subgrupo. As contas mais comuns são: ICMS a recolher, IPI a recolher, IR a pagar, provisão para IR, provisão para IOF, ISS a recolher, PIS a recolher, retenções de impostos a recolher e outros impostos e taxas a recolher.

6.4 - Outras Obrigações

Englobamos as obrigações da empresa para com empregados e respectivos encargos sociais, além de outras obrigações definidas com terceiros e não inclusas nas obrigações fiscais. As contas mais comuns são: Adiantamentos de clientes, Contas a pagar, Arrendamento mercantil a pagar, Ordenados e salários a pagar, Obrigações sociais a pagar, FGTS a recolher, Comissões a pagar, Retenções contratuais, Dividendos a pagar, Juros de empréstimos e financiamentos e Outras contas a pagar.

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6.5 - Provisões

São normalmente encargos e riscos já conhecidos, e seus valores são calculáveis, mesmo que por estimativas. As provisões são composta das seguintes contas: Dividendos propostos, Gratificações e participações a empregados, Gratificações e participações a administradores, Participações de partes beneficiárias (Lucros), Férias, 13º Salário, Comissões e riscos fiscais e Outros passivos contingentes.

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7 - CONCLUSÃO Uma importante característica do capital de giro é o seu grau de volatilidade pela curta duração do seus elementos e constantes mutações dos itens circulantes com outros de natureza idênticas. A adequação do capital de giro que é um montante aplicado com propósito de permitir a realização das operações da empresa, ou seja, comprar, estocar, produzir, vender. No caso de falta de recursos para pagar aos fornecedores a correção deste fluxo, é corrigida com a contratação de empréstimo. Quanto ao capital circulante líquido, que é definido como a diferença entre ativos circulantes e passivos circulantes, é usado pela empresa, muitas vêzes, como medida para avaliar o risco de insolvência técnica. Sendo, portanto, uma forma muito útil de se determinar o risco, uma vez que os baixos níveis de CCL indicam maior probabilidade de liquidez insuficiente e vice-versa. Ao avaliar a relação risco-retorno, no que diz respeito ao nível de CCL de uma empresa, teremos algumas suposições básicas. Sendo a primeira, que os ativos circulantes são menos lucrativos do que os ativos permanentes, e a segunda que os recursos a curto prazo são menos dispendiosos do que os recursos a longo prazo. Ao prever as necessidades financeiras, o administrador financeiro pode avaliar as conseqüências de vários planos de financiamento, antes de decidir que parcela dos ativos circulantes serão financiadas com recursos a longo prazo, que podem ser subdivididas em necessidades sazonais e permanentes. A necessidade permanente é atribuível aos ativos permanentes e à porção permanente dos ativos circulantes, por outro lado, a necessidade sazonal à existência de certos ativos circulantes temporários. Existem várias técnicas para determinar uma composição adequada de financiamento. A técnica agressiva que é um plano de financiamento com alto lucro-alto risco, em que as necessidades sazonais são financiadas com recursos a curto prazo. A abordagem conservadora é um plano de financiamento com baixo lucro-baixo risco: todas as necessidades financeiras (sazonais como permanentes), são financiadas com recursos a longo prazo, porém, o empréstimo a curto prazo é para a emergência. No caso da abordagem intermediária, que é usado pela a maioria das empresas, segundo a qual algumas necessidades sazonais são financiadas com recursos de longo prazo, que esta técnica fica situada entre a abordagem agressiva e a abordagem conservadora. Caixa e títulos negociáveis compõem os ativos líquidos da empresa. Dão à empresa a liquidez de que ela necessita para financiar obrigações financeiras. A caixa é mantida sob a forma de uma conta corrente num banco comercial, que rende pouco ou nenhum juro. Existem muitas formas de títulos negociáveis, cada um possuindo diferentes características, apesar de todas renderem algum tipo de retorno. A administração eficiente de caixa baseia-se em três características: (1) retardar, o pagamento de suas contas a pagar, o máximo possível; (2) administrar eficientemente o ciclo de estoque-produção, com o propósito de maximizar a taxa de giro do estoque; e (3) cobrar rapidamente as duplicatas a receber. Sobre cada uma dessas estratégias, são colocadas certas restrições, contudo, maximizar o giro de caixa da empresa dentro dessas restrições minimizará o nível de caixa operacional exigido e aumentará o lucro da empresa. Uma empresa mantém títulos negociáveis com a finalidade de ganhar um retorno sobre fundos temporariamente ociosos. Os fundos podem ser investidos em títulos negociáveis, que são os seguintes: o motivo de transação, o motivo de precaução e o motivo de especulação. Os mais comuns são os de motivos transação e de precaução, pois, para que um título seja considerado negociável precisa possuir liquidez. Por outro lado, o montante que pode ser obtido da venda do título deve estar próximo à soma inicialmente investida. A proporção de ativos líquidos de uma empresa composta de títulos negociáveis depende da relação entre o retorno obtido e as taxas de corretagem relacionadas com a compra e venda de títulos negociáveis. Os títulos negociáveis mais comuns, possuídos pelas empresas, são emissões governamentais e privadas, contudo, cada uma destas tem suas próprias características de risco e retorno. As emissões governamentais são as que oferecem o menor risco, mas em compensação, a menor taxa de retorno, já as emissões privadas são as que tem o maior risco e as maiores taxas de retorno. No caso do estoque precisamos determinar o nível ótimo, afim de evitar que caia o nível de produção. É conveniente que o giro do estoque seja compatível com o processo produtivo. Quanto a política de concessão de créditos à clientes, a conveniência da prática de uma política de crédito liberal, seria estimular uma maior flexibilidade para aquisição do produto ou serviço, promovendo descontos para clientes que antecipam os pagamentos. Na política de crédito devemos ter definida um prazo geral de crédito. É evidente que quanto mais longo for o prazo concedido, maior será o investimento em

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contas a receber. Quanto ao aspecto da aceitação de crédito, teremos que ter controle no desempenho operacional e financeiro do cliente que o possibilita a cumprir com a obrigação de efetuar seus pagamentos. No caso de contas a pagar, a empresa deverá sempre que possível retardar ao máximo o pagamento da fatura sem prejudicar em nenhum momento o conceito de crédito da empresa. Também por questão ética, a empresa não deve violar um acordo firmado com um determinado fornecedor. O ponto de partida do administrador financeiro é a conciliação das origens e aplicações das disponibilidades. As empresas prevendo as suas necessidades de tesouraria líquidas, as cobranças de valores a receber, adicionando as outras entradas de tesouraria e subtraindo todos os pagamentos previstos. Se os saldos de tesouraria forem insuficientes para cobrir as operações diárias, contra imprevistos, a empresa terá que pegar um empréstimo bancário. Podemos obter um empréstimo bancário oferecendo contas a receber como garantia. O administrador financeiro deve optar pelo custo total mais baixo e, ainda assim, deixar a empresa com flexibilidade suficiente para se proteger das eventualidades. As empresas utilizam-se cada vez mais de modelos financeiros informatizados para ajudar neste processo. Os modelos vão desde os programas simples que apenas ajudam na aritimética até modelos de programação linear que ajudam a encontrar o melhor planejamento financeiro.

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Atlas, São Paulo. 4. MATHUR, Iqbal - Introdução à Administração Financeira - LTC Livros Técnicos e Científicos Editora

S.A. - 1984, Rio de Janeiro. 5. FIPECAPI - Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras, USP - 2ª Edição 1987;

Editora Atlas, São Paulo. 6. SILVA, Sergio Eduardo Dias da - Como Negociar com os Bancos, de Igual para Igual - 1ª Edição 1987;

Editora Saraiva, São Paulo. 7. RÊGO, Adriane dos Santos - A Nova Concepção do Mercado Aberto III; Convênio ANDIMA/UGF; 1993.

8. FORTUNA, Eduardo - Mercado Financeiro: Produtos e Serviços - 4ª Edição 1994; Qualitymark Editora,

Rio de Janeiro.