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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO “LATU SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE CONTROLADORIA E AUDITORIA GESTÃO DE CUSTOS AMBIENTAIS Ana Lucia Nogueira Lobo Khattar Orientador: Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves Rio de Janeiro Agosto/2009

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

CONTROLADORIA E AUDITORIA GESTÃO DE CUSTOS AMBIENTAIS

Ana Lucia Nogueira Lobo Khattar

Orientador: Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves

Rio de Janeiro Agosto/2009

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Este trabalho visa demonstrar a preocupação com a

conservação da natureza pelas Empresas que utilizam

os recursos naturais em seu processo produtivo e que

devido a essas atividades, tais Empresas estão

sujeitas a pressões de instituições públicas e privadas

que zelam pela qualidade ambiental e de investidores

verdes que preferem investir em Empresas não

poluidoras.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado força e por estar

sempre presente na minha vida, aos meus

familiares que estiveram me incentivando para

o melhor, aos meus amigos de curso que

juntos formamos uma grande força.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu marido que

sempre me incentivou a estudar, e que me

mostrou que devemos lutar e muito para

alcançar os nossos objetivos. Também a

meus filhos que juntamente, tem me

ajudado a realizar esse sonho.

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo demonstrar as vantagens e a

necessidade da utilização da contabilidade aplicada ao meio ambiente,

utilizando essa ferramenta para que as Empresas passem a gerir melhor os

recursos naturais de que dispõem em seus processos produtivos.

No primeiro capítulo tratamos da contabilidade aplicada ao meio ambiente,

contando brevemente a história da contabilidade ambiental , as vantagens da

sua utilização, a classificação e os princípios ambientais que estão

especificados na lei 6.938/81.

No segundo capítulo é citado a evidenciação dos fatos contábeis ambientais,

demonstrando os Ativos , os Passivos, as Receitas , Despesas e Perdas

ambientais e a proposta de Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado

do Exercício e a Demonstração de Lucros ou Prejuízos ambientais.

No terceiro capítulo tratamos da Gestão de Custos Ambientais, o custo

ambiental como custo de qualidade, alocação dos custos ambientais, gestão

ambiental e as normas da ISO 14000.

No quarto capítulo apresentamos um estudo de caso demostrando a aplicação

do Sistema de Gestão Ambiental em uma refinaria de Petróleo visando detectar

o nível de sua interação com o meio ambiente.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 08

Capítulo I. CONTABILIDADE APLICADA AO MEIO AMBIENTE ............................ 11

1.1. Histórico da Contabilidade Ambiental ................................................ 11 1.2. Vantagens da Utilização da Contabilidade Ambiental ....................... 12 1.3. Classificação da Contabilidade Ambiental ......................................... 12 1.4. Princípios Ambientais ........................................................................ 13

Capítulo II. EVIDENCIAÇÃO DOS FATOS CONTÁBEIS AMBIENTAIS ................. 17

2.1. Contas Ambientais ............................................................................ 17 2.1.1. Ativos ambientais......................................................................... 17 2.1.1.1. Ativo circulante ................................................................... 18 2.1.1.2. Ativo permanente ................................................................ 18 2.1.1.3. Ativo intangível ambiental ................................................... 19 2.1.2. Passivos ambientais .................................................................... 20 2.1.2.1. Obrigações decorrentes de passivos ambientais ............... 21 2.1.3. Receitas ambientais .................................................................... 22 2.1.4. Despesas ambientais .................................................................. 22 2.1.5. Perdas ambientais ....................................................................... 23 2.2. Proposta de Evidenciação Contábil Ambiental .................................. 24 2.2.1. Proposta de balanço patrimonial ................................................. 24 2.2.2. Proposta de demonstração do resultado do exercício ................. 26 2.2.3. Proposta de demonstração de lucros ou prejuízos

acumulados ............................................................................................................. 27

Capítulo III. GESTÃO DE CUSTOS AMBIENTAIS .................................................. 29

3.1. Custos Ambientais ............................................................................. 29 3.1.1. Custo ambiental como custo de qualidade .................................. 30 3.1.2. Alocação dos custos ambientais ................................................. 33 3.1.2.1 Custeio baseado em atividades (ABC) ............................... 34 3.2. Sistema de Gestão Ambiental ........................................................... 35 3.2.1. Gestão ambiental e as normas da ISO 14000 ............................. 38

Capítulo IV. ESTUDO DE CASO – A APLICAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO

AMBIENTAL EM UMA REFINARIA DE PETRÓLEO .............................................. 39

4.1. Estudo de Caso .................................................................................. 39 4.2. Metodologia Utilizada ......................................................................... 39 4.3. Características da Empresa em Estudo ............................................. 40 4.4. Projetos de Gestão Ambiental da Petrobrás ....................................... 41

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4.5. Conclusão ........................................................................................................ 42

CONCLUSÃO .......................................................................................................... 44

BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................... 46

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INTRODUÇÃO 8

Este trabalho visa demonstrar a preocupação com a conservação da

natureza pelas Empresas que utilizam os recursos naturais em seu processo

produtivo e que devido a essas atividades, tais Empresas estão sujeitas a

pressões de instituições públicas e privadas que zelam, pela qualidade

ambiental e de investidores verdes que preferem investir em Empresas não

poluidoras.

A preocupação com a conservação da natureza tem se acentuado nos

dias atuais em função das atividades humanas, que têm ocasionado sérios

problemas de degradação ambiental, comprometendo os recursos naturais e a

condição de vida da sociedade.

As empresas que utilizam os recursos naturais em seu processo

produtivo são umas das principais causadoras do crescente problema de

degradação ambiental. Devido a essas atividades, tais empresas estão sujeitas

a pressões de instituições públicas e privadas que zelam pela qualidade

ambiental e de investidores verdes que preferem investir em empresas não

poluidoras.

Os consumidores também têm exigido informações sobre as

características dos produtos disponíveis no mercado e dos impactos

ambientais causados por seu processo de produção. Com seu poder de

decisão, entre escolher produtos menos degradantes à natureza ou não, os

consumidores podem afetar a lucratividade da empresa.

Segundo CALLADO (2008, p.2) é a partir dessas necessidades e de

uma sociedade cada vez mais exigente e consciente que a preocupação com o

meio ambiente vem se tornando um tema bastante discutido pelos gestores de

diversos setores.

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9 A responsabilidade social é um conceito, segundo o qual, as empresas contribuem para uma sociedade mais justa e para um ambiente mais limpo. As empresas socialmente responsáveis têm uma postura ética onde o respeito da comunidade passa a ser um grande diferencial. O reconhecimento destes fatores pelos consumidores e o apoio de seus colaboradores faz com que se criem vantagens competitivas e, conseqüentemente, atinja maiores níveis de sucesso. ( Maria E. P. KRAEMER, Responsabilidade social – uma alavanca para sustentabilidade. )

Diante dos estudos relatados nos livros pesquisados, para as empresas

se manterem competitivas, oferecendo produtos que satisfaçam a sociedade

de um modo geral, a utilização do sistema de gestão ambiental se torna cada

vez mais importante no controle e gerenciamento das empresas. Uma empresa

que possui um modelo de gestão ambiental já está ligada diretamente à

responsabilidade social.

O maior desafio quando se trata de discutir a questão ambiental é o de

conciliar o crescimento econômico com a preservação ambiental. O ramo da

ciência contábil que visa esclarecer os eventos e transações econômicas e

financeiras que se relacionam com a proteção, preservação e recuperação

ambiental, denomina-se Contabilidade Ambiental.

As demonstrações contábeis podem ser um canal adequado para tais evidências, principalmente porque nestes estão contidos todas as informações relativo à situação patrimonial de desempenho da empresa em um determinado período. A adição das informações de natureza ambiental enriquecerá tais demonstrações e permitirá aos usuários melhores condições de acesso à informação para avaliar a grandeza dos investimentos ambientais comparado ao patrimônio e aos resultados no período. ( Maria E. P. KRAEMER, Contabilidade ambiental – o passaporte para competitividade. )

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Segundo RIBEIRO (2006, p.145) a gestão ambiental é o sistema que

inclui a estrutura organizacional, atividades de planejamento,

responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos para

desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política

ambiental. É a forma pela qual a organização se mobiliza, interna e

externamente para a conquista da qualidade ambiental desejada. Ela consiste

em um conjunto de medidas que visam ter controle sobre o impacto ambiental

de uma atividade.

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CAPÍTULO I

A CONTABILIDADE APLICADA AO MEIO AMBIENTE

O combate a todas as formas de degradação ambiental tem se tornado

uma obrigação de toda a sociedade. Várias ciências e áreas de conhecimento

já estão se empenhando em contribuir para essa causa, de acordo com seu

campo de atuação. Hoje se impõe também a participação da Ciência Contábil,

pois os eventos de natureza ambiental representam grandezas relevantes que

causam significativo impacto na situação econômica e financeira das

empresas.

1.1. Histórico da Contabilidade Ambiental

A contabilidade como ciência apresenta condições por sua forma

sistemática de registro e controle, de contribuir de forma positiva no campo de

proteção ambiental, com dados econômicos e financeiros resultantes das

interações de entidades que se utilizam da exploração do meio ambiente.

A contabilidade ambiental é uma segmentação da contabilidade

tradicional. Com os principais objetivos de identificar, mensurar e esclarecer os

eventos e transações econômico-financeiras que estejam relacionadas com a

proteção, preservação e recuperação ambiental, ocorridos em um determinado

período.

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A questão da Contabilidade Ambiental teve inicio em 1991, com o Grupo de Trabalho Intergovernamental das Nações Unidas de Especialistas em Padrões Internacionais de Contabilidade e Relatórios (United Nations Intergovernammental Working Group of Expents on International Standars of Accounting and Reporting – Isar). Tendo formalizado sua posição através do documento Relatório Financeiro e Contábil sobre passivos e custos ambientais, de fevereiro de 1998, cujos conceitos estão em consonância com os da Contabilidade Financeira aprovados pelo comitê de Padrões de Contabilidade Internacional (International Accounting Standars Commite – Isac). ( Gardênia M. BRAGA de CARVALHO, Contabilidade ambiental – teoria e prática, p. 105-106. )

1.2. Vantagens da Utilização da Contabilidade Ambiental

A utilização irresponsável de meios naturais para a produção de bens e

serviços, além dos danos ambientais, tende a gerar para empresa que o

provocou o repúdio da sociedade e dos consumidores. As obras consultadas

indicam que a utilização da Contabilidade Ambiental pela empresa é uma

grande oportunidade de demonstrar a responsabilidade social, melhorando a

sua imagem perante a sociedade e perante os investidores.

1.3. Classificação da Contabilidade Ambiental

Tratando sobre o assunto ROCHA (apud BERGAMINI, 2007, p.1)

apresenta as seguintes classificações para a Contabilidade Ambiental:

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• Contabilidade Ambiental Nacional: que se refere a toda nação que

subsidia a geração de indicadores para o acompanhamento e

avaliação de políticas ambientais. Além disso, favorece a geração

de relatórios que permitem o planejamento, tomada de decisões

políticas e estratégicas que considerem o meio ambiente.

• Contabilidade ambiental gerencial ou de custos: que está voltada

para os gestores das empresas e é utilizada no gerenciamento

das atividades empresariais. Representa uma combinação que

permite a transição de informações entre a contabilidade

financeira e a contabilidade de custos, visando aumentar e

eficiência no uso de materiais, a redução dos riscos de impactos

ambientais e a redução dos custos ambientais de prevenção.

• Contabilidade ambiental: financeira que visa atender as

necessidades dos usuários externos e resulta da organização das

informações e na preparação de demonstrações contábeis em

conformidade com os princípios fundamentais da contabilidade.

Que objetiva a mensuração, avaliação e a informação financeira

das responsabilidades ambientais das empresas e a divulgação a

sociedade.

1.4. Princípios Ambientais

Os princípios ambientais estão especificados na lei 6.938/81 da seguinte

forma:

I – Ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente

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assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo; II – Racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; III – Planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; IV – Proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; V – Controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente; VI – Incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais; VII – Acompanhamento do estado da qualidade ambiental; VIII – Recuperação de áreas ameaçadas de degradação; X – Educação ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. ( Gardênia M. BRAGA de CARVALHO, Contabilidade ambiental – teoria e prática, p. 28. )

CARVALHO (2007, p. 28) afirma que os princípios ambientais são

abrangentes a todas as necessidades de proteção e controle que as atividades

relacionadas ao meio ambiente necessitam e destaca que os princípios mais

diretamente associados à orientação para as empresas ambientalmente

responsáveis estão relacionados da seguinte forma:

• Principio da precaução: Em termos contábeis, este princípio está

ligado a analise das medidas a serem tomadas e valores a serem

aplicados em ativos (equipamentos e investimentos), bem como a

constituição de reservas (reserva para contingências) para

previsão de possíveis danos. Exemplo cita-se a aquisição de um

sistema de tratamento de esgotos (equipamentos ambientais)

visando a não contaminação de um rio, ou a constituição de uma

reserva para contingência com o objetivo de reter lucros

presentes para não comprometer resultados futuros da empresa.

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• Principio do desenvolvimento sustentável: Este princípio tem

como idéia central harmonizar a coexistência entre o meio

ambiente e a atividade econômica. Embora estejam associados a

responsabilidades de competência do governo e das empresas,

os indivíduos também devem assumir sua responsabilidade neste

contexto, principalmente relacionada ao consumo exagerado à

economia e água.

• Princípio do poluidor-pagador: O princípio poluidor-pagador

estabelece que os custos externos relacionados aos danos

ambientais são de responsabilidade do poluidor. Porém, não está

ligado somente à questão da compensação do dano por parte do

poluidor, a ele são acrescidos os custos relacionados à

prevenção, à precaução e à reparação do dano ambiental. Outro

aspecto a ressaltar é que, antes da reparação, o que o principio

objetiva é evitar que o prejuízo ambiental venha acontecer.

• Princípio da informação: Todo indivíduo deve ter acesso

adequado a informações relativas ao meio ambiente de que

disponham as autoridades públicas, inclusive informações sobre

materiais e atividades perigosas em suas comunidades.

Com relação à divulgação das informações ambientais, as empresas

têm se preocupado com o fato, porquanto as mesmas podem demonstrar tanto

aspectos positivos como negativos. Os positivos estariam relacionados com

medidas brandas ou com ações de implantação de tecnologia limpa, que

proporcionariam uma melhora na imagem da empresa perante a sociedade e

demais usuários de suas informações. E os negativos, com poluição sonora,

atmosférica, ausência de tratamento de efluentes, causando diversos prejuízos

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ao meio ambiente, além de prejudicar a imagem da empresa, podendo levar a

multas ou indenizações.

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CAPÍTULO II

EVIDENCIAÇÃO DE FATOS CONTÁBEIS AMBIENTAIS

2.1. Contas Ambientais

A ausência de registro dos fatos contábeis ambientais segundo aborda

CARVALHO (2007, p.144), pode ocasionar graves prejuízos a investidores ou a

futuros donos de uma empresa que utiliza os recursos naturais do meio

ambiente em sua atividade econômica, em decorrência da falta de informação

a cerca da real posição patrimonial. A apresentação das informações em

contas separadas das demais evidencia com maior clareza a relação da

entidade com o meio ambiente, contribuindo para a transparência nas

informações contábeis.

2.1.1 Ativos ambientais

CARVALHO (2007, p.127) explica que os ativos ambientais são

constituídos por bens e direitos adquiridos pelas empresas que tenham a

capacidade de gerar benefícios futuros, relacionados à preservação, proteção e

recuperação do meio ambiente e que estes ativos podem estar nos seguintes

subgrupos de contas:

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2.1.1.1 Ativo circulante

• Estoques – São classificados os estoques de materiais, produtos

em processo ou produtos acabados, relacionados com a

preservação ou recuperação ambiental. Como exemplos podem

ser citados os estoques de produtos reciclados, os bens fruto do

processo produtivo normal, anteriormente descartado e que a

empresa está reciclando para serem vendidos ou utilizados como

matéria prima pela própria entidade ou por outras empresas.

2.1.1.2. Ativo permanente

São classificadas em investimentos ambientais, imobilizado ambiental e

diferido ambiental.

• Investimentos Ambientais – Agregam itens que visam retorno em

termos de rentabilidade, como por exemplo, terrenos para

valorização, participações acionárias em outras companhias, os

gastos com reflorestamento que tragam benefícios futuros, ou

aquisições de florestas com objetivo de recuperar o meio

ambiente ou mantê-lo preservado.

• Imobilizado Ambiental – São classificados como máquinas,

equipamentos e instalações adquiridas com o propósito de

resguardar o meio ambiente, de resíduos poluentes, durante seu

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• processo de obtenção de receitas no ato de sua aquisição e de

sua vida útil, caso prolongue além do término de exercício. O

ativo imobilizado do meio ambiente é mensurado de acordo com

o custo de aquisição pelo método do custo histórico, tendo em

sua composição o valor do ativo, fretes, impostos não

recuperáveis e todas as despesas necessárias para que possa

gerar benefícios futuros.

• Diferido Ambiental – Deverão ser registradas nessa conta as

despesas relacionadas com pesquisas ou estudos para

desenvolvimento de tecnologia ou produtos, visando reduzir ou

acabar com os impactos ambientais negativos e que contribuíram

para geração de receitas em exercícios futuros específicos.

2.1.1.3 Ativo intangível ambiental

Do Ativo Intangível Ambiental o termo que mais se destaca é o Goodwill.

Goodwill seria o resultado de relações negociáveis vantajosas, boas relações

com funcionários, atitudes favoráveis de clientes e posturas ambientais

positivas que proporcionariam um valor a mais para os ativos da empresa.

Exemplo, uma empresa qualquer situada em um município conhecido pelos

seus altos índices de poluição poderá não ter o mesmo valor econômico que

outra de igual porte e características, instalada em uma área cujos níveis de

poluição sejam mais moderados, supõe-se que as demais variáveis que regem

o mercado e sua infra-estrutura sejam idênticas.

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No primeiro caso, ela corre maior risco de ter seu passivo aumentado, e

a perda de vida útil de seus ativos acelerada. Portanto, tratando-se de uma

empresa que transferisse suas instalações para um local mais poluído, o valor

do seu goodwiil poderia ser comprometido. Seus ativos estariam sujeitos a uma

deterioração mais rápida, como também, somente por sua localização, seus

produtos poderiam ser preteridos por consumidores adeptos dos movimentos

ecológicos, caso houvesse opção.

2.1.2. Passivos ambientais

Passivos ambientais representam toda e qualquer obrigação de curto e longo prazo, destinadas única e exclusivamente a promover investimentos em prol de ações relacionadas à extinção ou amenização dos danos causados ao meio ambiente.( Maria E. P. KRAEMER, Passivo ambiental. )

O surgimento desses passivos dá-se pelo uso de uma área, lago, rio,

mar e uma série de espaços que compõem nosso meio ambiente, inclusive o ar

que respiramos, e de alguma forma estão sendo prejudicados, ou ainda pelo

processo de geração de resíduos ou lixos industriais, de difícil eliminação.

Os passivos ambientais, não têm somente origem em fatores negativos. Eles

podem ter origem em atitudes ambientalmente responsáveis como os

decorrentes da manutenção de sistemas de gerenciamento ambiental, que

requer pessoas para a sua operacionalização. Tais sistemas exigem ainda a

aquisição de insumos, máquinas, equipamentos, instalações para

funcionamento, o que, muitas vezes, será feito na forma de financiamento

direto dos fornecedores ou por meio de instituição de crédito. Esses são os

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passivos que devem dar origem aos custos ambientais, já que são inerentes à

manutenção normal do processo operacional da companhia.

Os passivos ambientais têm sido o grupamento contábil que mais chama atenção, pela sua associação com diversos desastres ambientais, como é o caso do rompimento de duto de uma refinaria da Petrobrás, em janeiro do ano 2000, bastante divulgado na imprensa nacional que ocasionou um dos maiores desastres ecológico ocorridos na Baia de Guanabara e teve como conseqüência a indenização de R$ 524 milhões por danos ambientais. ( Gardênia M. BRAGA de CARVALHO, Contabilidade ambiental – teoria e prática p. 132 – 133. )

O passivo ambiental está dividido em capital de terceiros e capital

próprio os quais constituem origens de recursos da entidade. Como por

exemplo, Bancos que estão relacionados a empréstimos de instituições

financeiras para investimento na gestão ambiental, Fornecedores na compra de

equipamentos e insumos para o controle ambiental e o governo com multas

decorrentes de infração ambiental.

2.1.2.1. Obrigações decorrentes de passivos ambientais

Segundo RIBEIRO (apud ONU, 1998, p.5) as obrigações decorrentes de

passivos ambientais são subdivididas em três tipos, Obrigações Legais,

Obrigações Justas e Obrigações Construtivas.

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• Obrigações Legais – Quando a entidade tem uma obrigação

presente legal como conseqüência de um evento passado, que é

o uso do meio ambiente (água, solo, ar, etc.) ou a geração de

resíduos tóxicos.

• Obrigações Justas – Refletem a consciência de responsabilidade

social; ou seja, a empresa cumpre em razão de fatores éticos e

morais. Por exemplo, se existir um instrumento legal que obrigue

uma determinada empresa a restaurar uma área contaminada por

suas atividades, mas se tratando de fato relevante e se for de

conhecimento público ou afetar interesses e direitos de terceiros,

a empresa será obrigada a reparar o erro cometido.

• Obrigações Construtivas – São aquelas que as empresas

propõem - se a cumprir espontaneamente, excedendo as

exigências legais. Pode ocorrer quando a empresa estiver

preocupada com sua reputação na comunidade em geral, ou

quando está consciente de sua responsabilidade social, usa os

meios para proporcionar o bem-estar da comunidade.

2.1.3 Receitas ambientais

SILVA (apud KRAEMER, 2007, p.161) afirma que receita ambiental é

todo ganho de mercado que a empresa passa a obter a partir do momento em

que a opinião pública reconhece sua política de preservação ambiental e dá

preferência a seus produtos.

As receitas ambientais podem ser o acréscimo de benefícios

econômicos durante um determinado período decorrente da entrada de ativos,

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ou pelo decréscimo de obrigações/exigibilidades que reflitam no acréscimo do

Patrimônio Líquido, prestação de serviços especializados em gestão ambiental,

venda de produtos reciclados, redução do consumo de matérias primas e

redução do consumo de energia e de água.

2.1.4 Despesas ambientais

De acordo com CARVALHO (2007, P. 140) despesas ambientais são

todos os gastos feitos pela empresa que envolve o meio ambiente e que tenha

ocorrido no período, mas que não estejam relacionadas à atividade produtiva

da empresa.

Podem ser consideradas despesas ambientais, todos os gastos

relacionados com as políticas internas de preservação ambiental (folder,

cartazes, cartilhas e outros), aquisição de equipamentos de proteção

ambiental, despesa com depreciação do material permanente utilizado pela

administração na área ambiental, despesa com recuperação ambiental e dano

ambiental.

2.1.5. Perdas ambientais

Referindo-se a perdas ambientais CARVALHO (2007, p. 141) explica

que são gastos inesperados pela empresa, algo imprevisível, que provem de

dano causado à principal fonte de consumo da empresa. Como exemplo pode-

se citar uma chuva ácida que tenha contaminado um lago que fornece água

para irrigar as plantações de arroz da empresa ou uma praga numa plantação

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de uvas, que são extraídas para produção de vinho. Os gastos necessários

para recuperar esses danos ambientais podem ser classificados como perda, já

que foi um fato imprevisível.

2.2. Propostas de evidenciação contábil ambiental

Através das obras consultadas conclui-se que poucas são as empresas

que transmitem aos usuários as informações de sua relação com o meio

ambiente. As que o fazem, transmitem através do relatório da administração ou

através do Balanço Social, mas no que se refere à questão ambiental este

apresenta pouca abrangência. A seguir seguem propostas de evidenciação das

contas ambientais.

2.2.1. Proposta de balanço patrimonial

No balanço patrimonial proposto apresenta-se a inclusão de contas

passíveis de evidenciação ambiental, como por exemplo, no ativo circulante e

no ativo realizável a longo prazo foram incluídas contas relacionadas a

estoques e insumos ambientais utilizados pela empresa.

Observa-se no quadro 1, que através desta proposta de evidenciação,

os usuários dessas informações identificam com clareza os investimentos da

empresa com questões ambientais, em relação ao seu patrimônio e a

apresentação das obrigações assumidas na preservação ou degradação

ambiental, e conseqüentemente, seu compromisso com a sociedade através

dos valores alocados no Ativo Permanente.

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Quadro 1 Proposta de Balanço Patrimonial

COMPANHIA X

BALANÇO PATRIMONIAL em 31/dez./2007 (em R$) ATIVO

Ativo Circulante

- Itens tradicionais

- Estoques Ambientais

- Outros Bens e Direitos Ambientais

Ativo Realizável a Longo Prazo

- Itens tradicionais

- Estoques Ambientais

- Outros Bens e Direitos Ambientais

Ativo Permanente

- Itens Tradicionais

Imobilizado

- Bens utilizados no processo de proteção,

controle, preservação e recuperação ambiental

(-) Depreciação de bens utilizados no processo de proteção,

controle, preservação e recuperação ambiental.

Diferido

- Gastos com pesquisas e desenvolvimento de tecnologias

ambientais

(-) Amortização dos gastos com pesquisas e desenvolvimento

de tecnologias ambientais

PASSIVO

Passivo Circulante

- Itens tradicionais

-Empréstimos e financiamentos de investimentos na

gestão ambiental

- Multas e Indenizações Ambientais

- Salários e Encargos de especialistas da área

ambiental

Passivo Exigível a Longo Prazo

- Itens tradicionais

-Empréstimos e financiamentos de investimentos na

gestão ambiental

- Multas e Indenizações Ambientais

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

- Itens tradicionais

Reservas de Lucros

- Reserva para Contingências

Contingências Ambientais

TOTAL TOTAL

Fonte: Adaptado de Raquel COSTA. A contribuição da ciência contábil para preservação do meio ambiente, p 13.

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2.2.2. Proposta de demonstração do resultado do exercício

Na demonstração do resultado do exercício proposta (ver quadro 2),

incluem-se apenas os itens passíveis de mensuração objetiva, como os custos,

despesas e perdas.

Quadro 2 Proposta de Demonstração do Resultado do Exercício

COMPANHIA X

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO de 2007 (em R$)

1. RECEITA OPERACIONAL BRUTA

2. DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA

Vendas Canceladas

Abatimentos e Descontos Incondicionais

Impostos sobre Vendas

3. RECEITAS LÍQUIDAS (1-2)

4. CUSTO

Itens Tradicionais

Custos ambientais de produção (insumos, depreciação, amortização etc.).

5. LUCRO BRUTO (3-4)

6. DESPESAS OPERACIONAIS

Itens Tradicionais

Despesa com Remuneração de Profissionais Especializados na Área Ambiental

Despesas com taxas ambientais

7. RESULTADO OPERACIONAL (5-6)

8. RESULTADO NÃO OPERACIONAL

Multas e Indenizações Ambientais

9. RESULTADO ANTES DAS PROVISÕES TRIBUTÁRIAS (7-8)

10. (-) CONTRIBUIÇÃO SOCIAL

11. (-) IMPOSTO DE RENDA

12. PARTICIPAÇÕES

13. LUCRO (PREJUÍZO) DO EXERCÍCIO (9-10-11-12)

Fonte: Adaptado de Raquel COSTA. A contribuição da ciência contábil para preservação do meio ambiente, p 14. Esta evidenciação destaca quais são os itens consumidos durante o exercício que auxiliaram para a formação do resultado, se a empresa tem uma política de controle e preservação ambiental, como por exemplo, a existência de profissionais qualificados que atuem diretamente no processo de gestão ambiental da empresa. Também evidencia as penalidades sofridas por multas e indenizações ambientais, decorrentes de desastres ecológicos.

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2.2.3. Proposta de demonstração de lucros ou prejuízos acumulados

Quadro 3 Proposta de Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados

COMPANHIA X

DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PREJUIZOS ACUMULADOS de 2007 (em R$)

Saldo inicial em 01/01/2007

Ajustes de exercícios anteriores

Correção Monetária

Reversão de Reservas

Reservas para Contingências

Reserva para Contingências Ambientais

Reserva de Lucros a Realizar

Lucro/Prejuízo do Exercício

Proposta da Administração de Destinação do Lucro

Reserva Legal

Reserva Estatutária

Reserva para Continências

Reserva para contingências ambientais

Reserva de Lucros a Realizar

Dividendos

Incorporação ao capital

Saldo final em 31/12/2007

Fonte: Adaptado de Raquel COSTA. A contribuição da ciência contábil para preservação do meio ambiente, p 15.

No patrimônio líquido, uma forma da empresa se precaver no futuro com

relação a possíveis contingências ambientais devido a desastres ecológicos,

por exemplo, é destinar uma parcela do lucro para compensar essa provável

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perda no futuro, através da reserva para contingências ambientais (ver quadro

3).

Observa-se que através do registro e da evidenciação de fatos contábeis

ambientais, a contabilidade estará cumprindo o seu objetivo de fornecer

informações a seus usuários e auxiliando no processo de tomada de decisão. É

válido ressaltar que a omissão dessas informações compromete os dados

sobre o valor do lucro da empresa em virtude de este, não estar onerado pelos

custos ou despesas ambientais e, conseqüentemente, o valor do Patrimônio

Líquido.

As empresas que evidenciarem informações ambientais, além de

responsabilidade, ética e respeito com o meio ambiente, estarão assumindo

uma posição positiva que, certamente trará bons resultados como

contrapartida.

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CAPITULO III

GESTÃO DE CUSTOS AMBIENTAIS

Para KRAEMER (2005, p.1) a inclusão da proteção do meio ambiente

entre os objetivos de uma organização amplia todo o conceito de

administração. Administradores, executivos e empresários vêm desenvolvendo

e introduzindo em suas empresas sistemas de administração de características

ecológicas, como, por exemplo, programas de reciclagem, medidas para

poupar energia e etc.

A principal motivação da gestão ambiental é a observação das leis e a

melhoria da imagem da organização. Para que uma empresa passe a

realmente trabalhar com gestão ambiental deve, passar por uma mudança em

sua cultura empresarial.

3.1. Custos Ambientais

Segundo RIBEIRO (apud ONU 2006, p.52) os custos ambientais

compreendem os gastos realizados para gerenciar os impactos das atividades

das empresas em relação ao meio ambiente, de forma responsável. São

representados por todos os recursos utilizados pelas atividades desenvolvidas

com o objetivo de controle, preservação e recuperação ambiental.

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3.1.1. Custo ambiental como custo de qualidade

As obras consultadas explicam que os custos da qualidade são um

importante indicativo para avaliar quanto as empresas estão perdendo ou

deixando de ganhar por não estarem produzindo com qualidade, são aqueles

custos que não deveriam existir se não houvesse falhas na produção, que

levam a desperdícios e perdas da produtividade. A partir da definição inicial de

custos ambientais e de custos de qualidade, buscou-se uma definição mais

detalhada para os custos ambientais que auxiliasse em sua identificação pelas

empresas, que se denominam Custos de Qualidade Ambiental.

Em geral os custos de qualidade ambiental são decorrentes da criação,

detecção, correção e prevenção da degradação ambiental e segundo a GEMI -

Global Environmental Management Iniciative, e a USEPA, U.S. Environmental

Protection Agency apud KRAEMER (2007, p.3) podem ser classificados da

seguinte forma:

• Custos Convencionais

Incluem os custos com investimentos em equipamentos, matéria-prima,

mão-de-obra, materiais indiretos e todos os custos associados aos aspectos

ambientais tangíveis de tais processos e atividades. Seu controle conduz ao

aumento da produtividade, devido à eliminação do desperdício.

• Custos Potencialmente Ocultos

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São aqueles ligados a todas as atividades necessárias para que a

empresa se mantenha em conformidade com as leis e outras políticas

ambientais inerentes à própria organização.

• Custos com Contingências

São os gastos que podem ou não ocorrer devido a futuros custos de

regulamentações, multas e penalidades, gastos com recuperação de recursos

naturais danificados, etc. Se o fato gerador de tais custos é conhecido

antecipadamente, possibilita à empresa definir ações a fim de evitá-los.

• Custos de Imagem e Relacionamento

Envolvem a percepção e o relacionamento que os acionistas,

comunidade e governo desenvolvem com a companhia. Apesar de difícil

quantificação, o desempenho ambiental pode melhorar ou prejudicar o

relacionamento da empresa com terceiros, e os impactos gerados podem ter

custos e/ou implicações financeiras.

KRAEMER (apud MOURA, 2007, p.4) observa que os custos da

qualidade ambiental são mais divulgados no Brasil, recebendo as seguintes

classificações:

• Custos de Preservação

São os custos das atividades que visam evitar problemas ambientais no

processo industrial, no projeto, no desenvolvimento, no início do ciclo de vida

do produto, bem como em todas as fases do ciclo de vida.

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• Custos de Avaliação

São os custos desembolsados para manter os níveis de qualidade

ambiental da empresa, por meio de trabalhos de laboratórios e avaliações

formais do sistema de gestão ambiental ou sistema gerencial que se ocupe de

garantir um bom desempenho ambiental da empresa, englobando os custos de

inspeções, testes, auditorias da qualidade ambiental e despesas similares.

• Custos de Falhas Internas

São os primeiros a ocorrer em decorrência da falta de controle,

resultando de ações internas na empresa, tais como correções de problemas

ambientais e recuperação de áreas internas degradadas, desperdícios de

material, como resultado de problemas ambientais causados e retrabalhos em

processos causados por não conformidades ambientais.

• Custos de Falhas Externas

Compreendem os custos da qualidade ambiental insatisfatória e não

conformidades fora dos limites da empresa, resultantes de uma gestão

ambiental inadequada, englobando os custos decorrentes de queixas

ambientais de consumidores, levando à existência de despesas com correção

e recuperação de áreas externas degradadas ou contaminadas pela atividade

da empresa, pagamento de multas aplicadas por órgãos ambientais de

controle, indenizações decorrentes de ações legais resultantes de disposição

inadequada de resíduos, acidentes no transporte de produtos tóxicos,

inflamáveis e corrosivos, dentre outros.

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• Custos Intangíveis

São aqueles com alto grau de dificuldade para serem quantificados,

embora se perceba claramente a sua existência. Normalmente, não podem ser

diretamente associados a um produto ou processo. Por exemplo, perda de

valor da empresa (ou das ações) como resultado de desempenho ambiental

insatisfatório; baixa produtividade dos empregados como resultado de um

ambiente poluído, contaminado ou inseguro; e dificuldades na obtenção do

licenciamento ambiental como resultado de multas e problemas anteriores.

Para se ter um efetivo controle dos investimentos e gastos na área

ambiental, o sistema de custos da qualidade ambiental pode auxiliar, na

competitividade e sobrevivência das organizações, principalmente por apontar

deficiências na gestão da qualidade ambiental, podendo contribuir para as

ações de melhoria contínua no desempenho ambiental da empresa.

3.1.2. Alocação dos custos ambientais

Segundo estudos realizados por (MAIOR, BORBA & MURCIA, 2007,

p.3) na maioria das organizações os custos ambientais estão ocultos dentro

dos custos indiretos de produção. Muitas vezes, um produto tido como rentável

pode trazer custos e passivos ambientais para organização, gerando assim um

possível prejuízo ou uma contingência futura. A falta de um sistema adequado

de alocação desses custos pode prejudicar o processo de tomada de decisão

gerencial.

No caso da gestão ambiental, segundo KRAEMER (2007, p.4) o custeio

baseado em atividades (ABC) tem se mostrado como o mais apropriado para

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auxiliar na gestão dos custos ambientais, contribuindo também no

gerenciamento do controle dos impactos ambientais.

3.1.2.1 Custeio baseado em atividades (ABC)

KRAEMER (2007, p.4) explica que o Custeio Baseado em Atividades

(ABC) é um método de custeio que procura melhorar a apropriação dos custos

aos produtos, sendo um sistema de custeio que se destaca por detalhar,

principalmente, os custos indiretos.

Este sistema de custeio acumula os custos por atividades, sob a idéia

principal de que são as atividades que absorvem os recursos físicos e

financeiros das empresas, já que os produtos e serviços demandam atividades

na sua elaboração e execução. Dessa forma é necessário pesquisar e

entender como os custos são incorridos, quais atividades os justificam e a

freqüência e qualidade com que se repetem.

O desempenho das funções, processos e atividades devem ser

constantemente avaliados com a finalidade de assegurar o cumprimento dos

objetivos maiores da empresa. Assim, segundo RIBEIRO (2006, p.161-162)

são definidos como elementos importantes da abordagem do custeio baseado

em atividades:

• Função: grupo de processos desempenhados com uma

finalidade específica, como a função de marketing e vendas e,

por exemplo, a de controle ambiental,

• Processo: conjunto de atividades encadeadas com um fim

específico, como por exemplo, uma linha de montagem de um

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produto ou o conjunto de procedimentos necessários para o

tratamento de uma determinada quantidade de resíduos

poluentes, em um período em particular.

• Atividades: ação empreendida e recursos consumidos para se

chegar a um dado objetivo, como estudar o processo de

produção para verificar, por exemplo, o que causa a poluição.

• Tarefa: trabalho desenvolvido para a execução das atividades,

como, por exemplo, selecionar os pontos passíveis de produção

de resíduos poluentes.

• Operações: operacionalização das tarefas, ou seja, a menor

fração de trabalho, como visitar pontos passíveis de produção de

resíduos poluentes.

A apuração e análise dos custos por processos e funções são de

extrema importância na gestão econômica como um todo, pois vários deles são

essenciais à continuidade da empresa, embora não estejam diretamente

associados aos produtos fabricados. É, por exemplo, o caso das atividades,

processos e funções destinadas ao gerenciamento ambiental. Além de sua

essencialidade e grande atenção do público externo sobre o seu desempenho

essa área destaca-se, também pelo grande volume de recursos consumidos.

Assim, os resultados na área ambiental devem ser rigorosamente

mensurados e avaliados, econômicos, financeiros e fisicamente, de forma a

garantir um adequado balanceamento dos recursos, para assegurar a eficácia

da sua aplicação e para o cumprimento da responsabilidade social da empresa.

3.2. Sistema de Gestão Ambiental

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Tratando sobre o assunto KRAEMER (2005, p.1) afirma que a

implantação de um sistema de gestão ambiental é um grande aliado das

empresas que buscam gerenciar e controlar suas ações em relação ao meio

ambiente. A implantação deste sistema é um processo voluntário, ao optar por

ela as empresas não devem visar somente os benefícios financeiros como,

economia de matéria-prima e eficiência na produção, mas também estimar os

riscos de não gerenciar adequadamente seus aspectos ambientais (acidentes,

descumprimento da legislação ambiental e perda de mercado por incapacidade

competitiva).

A gestão ambiental possibilita também a abertura de novos mercados,

principalmente o mercado internacional. O mercado tem sinalizado o

crescimento de consumidores exigentes, à procura de produtos com qualidade,

sendo assim os governos têm reforçado o controle das atividades industriais e

aumentando as penalidades por violação das leis e regulamentações

ambientais. Desta forma as empresas se vêem obrigadas a monitorar suas

atividades a fim de provar que estão em conformidade com as legislações em

vigor.

O gerenciamento ambiental é um conjunto de rotinas e procedimentos que permite a uma organização administrar adequadamente as relações entre suas atividades e o meio ambiente em que elas se desenvolvem. Seu objetivo é, entre outros, atender às imposições legais aplicáveis às várias fases dos processos, desde a produção até o descarte final, passando pela comercialização, de modo que os parâmetros legais sejam permanentemente observados, além de manter os procedimentos preventivos e pro ativos que contemplam os aspectos e efeitos ambientais da atividade, produtos e serviços bons como os interesses e expectativas das partes interessadas. ( Maisa S. RIBEIRO, Apud REIS, M.J. L, Contabilidade ambiental, p-146. )

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O Sistema de Gestão Ambiental (SGA) fornece a ordem e a

consistência necessária para uma empresa trabalhar suas preocupações

ambientais, através da alocação de recursos, atribuição de responsabilidade, e

avaliação contínua de suas práticas procedimentos e processos.

Através de um estudo de casos elaborado por (VOGT, PADOIN,

JÚNIOR & ROSA, 1998, p.3) indica-se que o objetivo do sistema de gestão

ambiental é assegurar a melhoria contínua do desempenho ambiental da

empresa, envolvendo cinco estágios principais:

• Comprometimento e definição da política ambiental;

• Elaboração do plano: aspectos ambientais e impactos ambientais

associados, requisitos legais e corporativos, objetivos e metas e

plano de ação e programa de gestão ambiental;

• Implantação e operacionalização: alocação de recursos, estrutura

e responsabilidade, conscientização e treinamento,

comunicações, documentação do sistema de gestão, controle

operacional (programas de gestão específicos) e respostas às

emergências;

• Avaliação periódica: monitoramento, ações corretivas e

preventivas, registros e auditoras do sistema de gestão;

• Revisão do Sistema de Gestão Ambiental.

Um sistema de Gestão Ambiental efetivo serve para demonstrar aos

clientes a preocupação ambiental da empresa, manter um bom relacionamento

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com a comunidade e com organizações não-governamentais, obter seguro a

custos menores, reduzir causas trabalhistas e melhorar o relacionamento com

órgãos governamentais.

3.2.1. Gestão ambiental e as normas da ISO 14000

Segundo RIBEIRO (2006, p.145) a série ISO 14000, compreende um

conjunto de normas ambientais, não obrigatórias e de padrões internacionais,

que possibilita a obtenção da certificação ambiental. A norma ISO 14001

estabelece as diretrizes básicas para o desenvolvimento de um sistema que

gerencia a questão ambiental dentro da empresa, avaliando as conseqüências

ambientais das suas atividades, produtos e serviços.

A implantação do ISO 14001 é, além de um instrumento de promoção da

imagem da empresa, uma oportunidade de revisão de todo os processos

produtivos, identificação de desperdícios e aproveitamento de resíduos.

A norma é aplicável a qualquer tipo de empresa, sua implantação total,

parcial ou gradativa dependerá: da política ambiental adotada; natureza das

suas atividades; seu potencial de produção de poluição e distribuição deste

entre as áreas internas; porte da organização e condições financeiras.

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CAPITULO IV

ESTUDO DE CASO

A APLICAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL EM UMA

REFINARIA DE PETRÓLEO

4.1. Estudo de caso

O objetivo deste estudo de caso é apresentar a aplicação de um sistema

de gestão ambiental utilizado por uma refinaria de petróleo, visando detectar o

nível de sua interação com o meio ambiente, adaptado de RIBEIRO & SOUZA

(2004, p.54-67).

4.2. Metodologia utilizada

Pesquisa bibliográfica relacionada à contabilidade e gestão de custos

ambientais, artigos relacionados à empresa e pesquisa de informações na

página virtual da empresa.

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4.3. Características da empresa em estudo

Conforme informações obtidas em sua página institucional a Petróleo

Brasileiro S.A – Petrobrás iniciou suas atividades em outubro de 1953, através

da Lei 2.004, com o objetivo de executar as atividades do setor de petróleo no

Brasil em nome da União. Entre as suas principais atividades estão, a

pesquisa, a refinação, o processamento, o comércio e o transporte de petróleo

proveniente de poço, de xisto ou de outras rochas. Seus principais produtos

são os derivados de petróleo como a gasolina, óleo diesel, querosene e etc.

Ao longo de cinco décadas, a empresa tornou-se líder em distribuição de

derivados no país, internacionalmente conhecida como a oitava maior

companhia aberta de petróleo do mundo. Mas devido ao caráter danoso de

suas atividades ao meio ambiente, a empresa corre o risco de perder sua

credibilidade perante a sociedade e investidores.

Segundo XAVIER (2008, p.9) as atividades petrolíferas representam um

alto índice de danos ao meio ambiente, tais como poluição de água, ar e solo.

Um dos principais problemas enfrentados pela Petrobrás é a constante

preocupação com os vazamentos de óleo, acidente ambiental de grande

impacto, causando assim um aumento de seus passivos ambientais e

prejudicando a sua imagem perante investidores.

Por mais que a empresa se preocupe em tomar precauções para evitar

acidentes, as suas atividades representam sempre grandes impactos ao meio

ambiente. Devido a isso a Petrobrás vem utilizando o sistema de gestão

ambiental, visando amenizar esses impactos.

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4.4. Projetos de gestão ambiental da Petrobrás

DIAS (2008, p.10) afirma que a Petrobrás tem sido um exemplo ao

atendimento dos requisitos do Sistema de Gestão Ambiental, com projetos

visando á diminuição dos impactos ambientais. Um dos principais projetos

desenvolvido é o Programa de Excelência Ambiental.

O Balanço Social da Petrobrás informa que o programa de excelência

ambiental tem como objetivo proporcionar máxima segurança a todas as

operações, minimizar os efeitos de eventuais acidentes e contribuir para o

desenvolvimento sustentável. Os recursos aplicados no programa são

direcionados principalmente para: modernização e supervisão automatizada de

dutos, centros de defesas ambientais e planos de contingências, tratamento de

efluentes, redução de resíduos e investimento em novas tecnologias.

Conforme artigo de destaque na página institucional da Petrobrás, outro

projeto desenvolvido pela empresa onde podemos analisar melhor o benefício

do sistema de gestão ambiental é o projeto de eliminação de diques.

Explica o artigo que quando um poço é perfurado, são gerados resíduos

que são mistura de fluidos e cascalhos de perfuração, que se não forem

devidamente tratados, podem causar impacto ao meio ambiente. Os resíduos

são armazenados em diques impermeabilizados, construídos na própria

locação, onde são secados e depois fechados.

A Petrobrás está utilizando um método que elimina a necessidade de

construção de diques de resíduos próximos aos poços de petróleo em terra. O

processo diminui expressivamente o impacto ambiental e, ao mesmo tempo,

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reduz o custo da perfuração, pois permite a recuperação do cascalho e de

quase 50% do fluido de perfuração descartados durante a atividade.

O método consiste na combinação do uso do fluido de perfuração N-

parafina (subproduto do petróleo processado nas refinarias) com a instalação

de um equipamento de secagem de cascalhos. O sistema recupera parte da

parafina aderida aos cascalhos para reuso na perfuração, reduzindo em cerca

de 50% o descarte de fluido. Os cascalhos passam por um tratamento para que

se tornem inertes e possam ser despejados diretamente no solo, ou

reaproveitados de diversas formas, como, por exemplo, na produção de tijolos

ou mesmo na pavimentação da base do poço.

Segundo Gabriel de Abreu, do setor de Engenharia de Poço da UN-BA,

com a implantação deste sistema não houve somente redução do impacto

ambiental, mas também dos custos, pois os cascalhos, o fluido e água usada

na limpeza da sonda estão sendo recuperados, houve também economia no

custo de transporte, pois diminuiu o volume de fluidos a serem levados para

sonda.

4.5. Conclusão

Observamos que a principal preocupação hoje da Petrobrás é em torno

de seus passivos ambientais, ocasionados pelo seu processo de produção, que

se caracteriza como um dos seus principais problemas ambientais. A empresa

tem se empenhado na diminuição desses impactos, com a implantação de

projetos de gestão ambiental.

O sistema de gestão ambiental implantado pela empresa tem sido uma

importante ferramenta, para assegurar a credibilidade da empresa perante a

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sociedade e perante os investidores, ajudando também na diminuição dos

custos e garantindo a continuidade de suas atividades.

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CONCLUSÃO

As empresas que causam danos ao meio ambiente têm sofrido grandes

pressões dos consumidores e investidores. A sua má relação com o meio

ambiente prejudica a sua imagem tanto nacional como internacionalmente. Por

isso tem crescido a preocupação dos administradores com relação ao controle

desses impactos ambientais.

Tais empresas hoje têm através da contabilidade uma ferramenta

eficiente para lidar com as questões ambientais. Através da contabilidade

ambiental, tem como se identificar e subdividir as atividades relacionadas ao

meio ambiente em contas separadas, fornecendo aos usuários dessas

informações contábeis uma maior clareza.

A contabilidade ambiental permite a empresa detectar e mensurar os

seus ativos ambientais e principalmente os seus passivos ambientais, que são

os maiores problemas das empresas que utilizam os recursos naturais em seu

processo produtivo. Esses passivos ambientais representam todas as

obrigações destinadas a promover a extinção ou amenização dos danos

causados ao meio ambiente pela empresa.

Para algumas empresas a extinção desses passivos é quase que

impossível, já que o sustento de suas atividades vem dos recursos naturais e

porque algumas atividades geram danos que permanecem por um longo

tempo.

Então, já que é complicada a extinção desses impactos, a fim de

amenizá-los e diminuir os passivos ambientais, uma ferramenta importante a

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ser utilizada é a gestão de custos ambientais, através da implantação de um

sistema de gestão ambiental.

A implantação do sistema de gestão ambiental é uma grande aliada para

uma empresa trabalhar suas preocupações ambientais, através da alocação de

recursos, atribuição de responsabilidade, e avaliação contínua de suas

práticas, procedimentos e processos. Possibilitando abertura de mercados

principalmente o mercado internacional.

Como apresentado no estudo de caso, para a refinaria Petróleo

Brasileiro S.A - Petrobrás que é uma empresa internacionalmente conhecida e

que suas atividades geram grandes impactos ao meio ambiente, os sistema de

gestão ambiental implantado não só melhora sua imagem perante os

investidores e clientes, mas também proporciona diminuição de gastos.

A contabilidade ambiental é um instrumento importante para toda

sociedade. Para as empresas fazendo com que melhorem seu processo

produtivo causando menores impactos ao meio ambiente e fazendo com que

se destaquem no mercado competitivo. E para os investidores e consumidores

em geral, porque demonstram quais são as empresas realmente

ambientalmente responsáveis, permitindo que façam a escolha correta na hora

de comprar e na hora de investir.

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BIBLIOGRAFIA

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