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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO VEZ DO MESTRE PSICOMOTRICIDADE A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL DAS CRIANÇAS DE 4 E 5 ANOS Por: Luciane da Silva Alves de Carvalho Orientador: Prof. Ms. Nilson Guedes de Freitas Rio de Janeiro 2004

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE PSICOMOTRICIDADE

A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL DAS CRIANÇAS DE 4 E 5 ANOS

Por:

Luciane da Silva Alves de Carvalho

Orientador: Prof. Ms. Nilson Guedes de Freitas

Rio de Janeiro

2004

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE PSICOMOTRICIDADE

A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL DAS CRIANÇAS DE 4 E 5 ANOS

Trabalho realizado para a obtenção de especialização

em Psicomotricidade.

Rio de Janeiro

2004

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AGRADECIMENTOS

Dedico esta pesquisa ao meu Deus que meu deu

inteligência e capacidade para me lançar em mais este

desafio, aos meus pais, que de forma especial me

incentivaram a nunca deixar de buscar o saber e à minha

irmã Priscila, que sempre me incentivou e pegou no meu

pé para que eu conseguisse cumprir os prazos de entrega

da monografia.

A todos o meu muito obrigada e o meu amor.

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RESUMO

O presente trabalho de pesquisa teve como objetivo maior demonstrar a

importância do trabalho psicomotor na Educação Infantil de crianças de 4 e 5 anos. Buscando fundamentar nossa pesquisa bibliográfica nas idéias de Piaget, Vygotsky, Oliveira e Le Boulch, tentamos clarificar e enriquecer a prática pedagógica de muitos educadores que têm em suas mãos a capacidade de explorar, estimular e trabalhar com as crianças da Educação Infantil de forma abrangente, enriquecendo assim, suas vivências motoras, cognitivas e afetivas. Deve ficar bem claro que este trabalho vem ratificar a importância do lúdico, do brincar, dos jogos, da imaginação e criatividade no desenvolvimento global da criança. Corpo, mente e afeto caminha juntos são indissociáveis e precisam ser estimulados e explorados por aqueles que convivem e trabalham com os pequenos. Com “brincadeiras” simples, fáceis de serem postas em prática, educadores e família podem trabalhar com todas as áreas psicomotoras a fim de estimular o desenvolvimento não somente intelectual da criança, mas buscando também desenvolver e estimular sua interação social, as trocas com seus pares, sua evolução afetiva e motora.

Palavras chaves: Educação Infantil. Desenvolvimento Infantil. Psicomotricidade. Lúdico. Atividades motoras.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I

O QUE É A PSICOMOTRICIDADE E A QUE SE PROPÕE

CAPÍTULO II

EDUCAÇÃO INFANTIL

CAPÍTULO III

O DESENVOLVIMENTO INFANTIL

CAPÍTULO IV

O LÚDICO NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

CAPÍTULO V

SUGESTÕES DE ATIVIDADES MOTORAS PARA CRIANÇAS DE 4 E 5

ANOS

CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANEXOS

ÍNDICE

FOLHA DE AVALIAÇÃO

06

09

09

16

16

24

24

31

31

37

37

43

45

47

48

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INTRODUÇÃO

Entender a psicomotricidade como parte integrante e fundamental do

desenvolvimento infantil é um dos grandes desafios daqueles que diariamente

lidam com as crianças.

É notada a grande dificuldade por parte de algumas crianças em

reconhecer o seu corpo, perceber-se inserido em um universo corporal e desta

forma, utilizar todo o seu potencial na execução das mais diferentes tarefas.

Estas dificuldades refletem-se diretamente no momento da aquisição da

escrita e da leitura, quando um maior conhecimento corporal (lateralidade,

organização espacial, coordenação motora ampla e fina etc) e do meio que o

cerca lhe é exigido. Note-se que estas dificuldades estendem-se por toda a

vida escolar e secular da criança o que lhe acarreta um maior prejuízo.

Tais dificuldades não se restringem apenas às crianças, mas a muitos

educadores que desconhecem a prática psicomotora e muitas vezes não

sabem como trabalhar com suas crianças, desenvolvendo-lhes uma parcela

muito maior de movimentos e de percepção do seu corpo e potencialidades.

Muitas vezes, pais e educadores preocupam-se muito mais com os

conteúdos escolares (aqueles que podem ser vistos na forma de trabalhos em

papel) desprezando de certa forma, mesmo que involuntariamente, o trabalho

com o corpo, a estimulação sensoriomotora que é essencial ao futuro

desenvolvimento intelectual e à alfabetização, etapa escolar tão esperada e

que gera em pais e principalmente nas crianças, uma atmosfera de ansiedade

muito grande.

È aviltante o posicionamento que muitos pais e até mesmos educadores

têm diante da Educação Infantil, como se esta fase da idade escolar da

criança, fosse apenas um passatempo, local aonde as crianças vão apenas

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7para brincar. Note-se que este brincar tem um sentido pejorativo, como se nada

de importante estivesse embutido neste momento lúdico e no exercitar o corpo.

Notadamente, contrariando o “achismo” de alguns pais e educadores,

percebe-se que há um maior desenvolvimento das crianças que, tendo a

possibilidade de freqüentar uma classe de Educação Infantil (bem preparada) e

que tendo sido devidamente estimuladas, através dos jogos, do faz-de-conta e

do auto conhecimento, possuem uma maior interação com o seu “eu corpóreo”

sabendo desta forma, utilizá-lo de forma adequada e eficiente, desenvolvendo

seu intelecto, afetivo e motor de uma maneira mais eficaz.

Os jogos psicomotores são importantes para “treinar” o esquema corporal,

lateralidade, percepção, atenção, concentração e raciocínio, qualidades

necessárias para a aquisição da leitura e da escrita.

Esta pesquisa bibliográfica pretende propiciar um novo olhar aos

educadores que, recebendo em suas classes crianças em pleno

desenvolvimento e já na fase de pré alfabetização, poderão estimulá-las de

forma adequada, permitindo-lhes um maior aproveitamento de todos os seus

sentidos, capacitando-as a se relacionarem com o outro e com o mundo de

forma mais ajustada e capaz.

Sendo assim, propusemos em nossa pesquisa, uma análise no Capítulo

1, do que é a Psicomotricidade, a que esta área se propõe, quais seus maiores

objetivos e que áreas motoras ela trabalha e auxilia a desenvolver.

No Capítulo 2, justamente para que mudemos a visão que muitas vezes

temos da Educação Infantil, abordamos historicamente sua evolução e a visão

que, no decorrer do tempo, estas instituições tiveram e têm das crianças de 4 e

5 anos. Nesta etapa da pesquisa buscamos informações em Oliveira, Perrone

e Kramer, que de forma preciosa fundamentaram a Educação Infantil como um

momento ímpar na vida escola das crianças.

Entender o Desenvolvimento Infantil na sua totalidade foi o desafio

proposto pelo Capítulo 3. Neste momento, debruçando-nos sobre as idéias de

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8Wallon, Piaget e Vygotsky, percebemos como se processa o desenvolvimento

nas instancias afetivas, motoras e cognitivas e como a interação com o s outros

e com o lúdico, contribui para esta evolução total do ser.

Como poderemos ver no Capítulo 4, exploramos a importância do lúdico

espontâneo ou direcionado, no desenvolvimento global da criança e mais uma

vez, foram as déias de Piaget e Vygotsky que fundamentaram a nossa

pesquisa.

Finalizando esta pesquisa bibliográfica, encontraremos no Capítulo 5 uma

coletânea de atividades lúdicas que poderão ser utilizadas tanto por pais como

por educadores, na educação psicomotora das crianças de 4 e 5 anos. São

atividades simples, na sua maioria, que poderão ser desenvolvidas tanto no

âmbito escolar como em clubes, na praia ou seja, nos momentos de lazer.

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1. O QUE É A PSICOMOTRICIDADE E A QUE SE

PROPÕE

A finalidade da educação psicomotora não é a aquisição de habilidades gestuais. Entretanto, o trabalho psicomotor, tal como o concebemos, resulta numa melhor aptidão para a aprendizagem, dentro do respeito ao desenvolvimento da criança (LÊ BOULCH, 1987, p.40).

Quando dizemos que “o corpo fala” não estamos exagerando, sendo

poéticos ou mentindo. Realmente o nosso corpo se expressa de muitas formas,

através de movimentos, com expressões faciais, através do tônus muscular

etc.

Desde a Antiguidade, com os Gregos, vemos que o homem demonstra

uma grande preocupação em preparar o corpo, seja para a batalha, buscando

garantir vitórias e conquistas, seja para torná-lo gracioso e vigoroso, buscando

alcançar o melhor desempenho deste instrumento.

Nos primórdios da educação greco-romana, baseada nas idéias de

Platão e Aristóteles, vemos a utilização do lúdico, do brincar, do movimentar o

corpo, sendo utilizado na educação, partindo-se então do princípio de que o

corpo precisa estar envolvido em algo prazeroso para que seu aprendizado

seja mais eficiente.

A preocupação com o corpo e os benefícios trazidos pelo movimento

corporal são grandes pois além de desenvolver um importante papel na

relação do homem com o mundo físico, têm um papel fundamental na

afetividade e também na cognição. Como Wallon já defendia, o ato motor está

intimamente ligado ao mundo físico, à afetividade e à cognição.

“A ótica Walloniana constrói uma criança corpórea, concreta, cuja eficiência postural, tonicidade muscular, qualidade expressiva e plástica dos gestos informam sobre os seus estados íntimos” (DANTAS, 1990, p. 29.).

O problema é que nem sempre o corpo consegue “falar direito” e é aí que

a Psicomotricidade se encaixa. Quando esta “máquina corporal” por qualquer

motivo seja ele de ordem biológica, emocional ou até mesmo física não

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10funciona bem, temos um indivíduo com dificuldades, muitas vezes em se

expressar, em se locomover, em interagir com o outro... ou seja, alguém que

de certa forma, mostra-se incompleto.

O termo psicomotricidade apareceu pela primeira vez com Dupré em

1920, significando um entrelaçamento entre o movimento e o pensamento. Ou

seja, corpo e mente interagindo entre si e proporcionando ao homem

conhecimento e ação de forma harmoniosa nas mais diferentes atividades do

dia-a-dia.

Como podemos perceber na fala de Lê Bouch (1987. p. 17),

o objeto principal da educação psicomotora é, precisamente, ajudar a criança a chegar a uma imagem do corpo operatório, que concerne não só ao conteúdo, mas também à estrutura da relação entre as partes e a totalidade do corpo, e uma unidade organizada, instrumento da relação com a realidade.

A Psicomotricidade é, portanto, a área que estuda e se propõe a resgatar

o corpo enquanto máquina completa que interfere diretamente na construção

total de todo ser humano, contribuindo efetivamente na cognição do indivíduo,

Como entendemos, trata-se de uma educação global que, associando–se aos

potenciais intelectuais, afetivos e motores do indivíduo, lhe darão

embasamento e segurança para o desenvolvimento de suas relações com os

diferentes meios que o cercam.

Oliveira (1997, p. 36) salienta que “a Psicomotricidade se propõe a

permitir ao homem “sentir-se bem na sua pele”, permitir que se assuma como

realidade corporal, possibilitando-lhe a livre expressão de seu ser”, seja esta

expressão realizada através do ato motor, da linguagem escrita e oral e da

afetividade.

Cabe, portanto à psicomotricidade, a “construção” ou “reconstrução”

global deste ser, que necessita a todo momento do seu corpo, corpo este que

deverá estar bem preparado e “livre de amarras”, permitindo assim ao sujeito,

interagir de forma integral com o meio.

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111.1. Elementos e áreas psicomotoras

No intuito de se resgatar e preparar o corpo da criança de forma a se

relacionar em todas as instancias deste mundo que a cerca, a Psicomotricidade

se preocupa em resgatar e trabalhar com diferentes áreas psicomotoras que,

se bem exploradas darão ao indivíduo, o equilíbrio corporal necessário ao

pleno desenvolvimento (motor, afetivo e cognitivo), como veremos a seguir.

1.1.1. Coordenação motora global

Para que uma pessoa consiga se relacionar bem com o meio que a cerca,

precisa saber se locomover em determinados espaços e manipular certos

objetos, necessitando para isto de uma coordenação motora bem desenvolvida

e equilibrada.

A coordenação motora global está ligada diretamente aos grandes

músculos que são os responsáveis pelos movimentos mais amplos do nosso

corpo como o andar, o correr, o sentar e levantar.

Quando a pessoa encontra seu eixo corporal e toma conhecimento de

suas potencialidades, coordena de forma mais harmoniosa seus movimentos e

toma real consciência de seu corpo e de suas posturas.

1.1.2. Coordenação motora fina

Diz respeito à habilidade e destreza manual, sendo muito exigida

principalmente com o ingresso no mundo escolar.

O início da Alfabetização exige um maior desenvolvimento e controle

manual, sendo muitas vezes, fonte de angústia e preocupação para pais,

professores e alunos que, muitas vezes por despreparo, não conseguem

realizar os movimentos corretos das letras, não possuem uma pega adequada

do lápis ou apresentam pouca preensão nas mãos, ocasionando de certa

forma, uma maior dificuldade em assimilar e fazer uso da linguagem escrita,

tão exigida nesta fase escolar.

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12Uma coordenação elaborada dos dedos da mão facilita a aquisição de

novos conhecimentos e a descoberta do mundo que a cerca. Ora, não é

através da percepção tátil que o bebê inicia suas explorações de mundo? Pois

será esta exploração tátil, bem direcionada, que permitirá ao aluno desvendar

outros mistérios.

Crianças que não foram bem trabalhadas em sua coordenação motora

fina terão mais dificuldades em se relacionar com o mundo letrado e

certamente terão o seu afetivo (baixa alto estima) comprometido.

1.1.3. Coordenação óculo-manual

Consiste em coordenar o movimento olho e mão em benefício de uma

determinada atividade motora, visando uma harmonia dos movimentos a serem

realizados pelo indivíduo.

Vale ressaltar que são estes movimentos, devidamente coordenados, que

irão organizar a estruturação da escrita “no papel” e facilitarão ao aluno um

maior grau de organização nas suas atividades diárias.

1.1.4. Esquema corporal

Segundo Oliveira (1997, p. 51), “o corpo é o Ponto de referência que o ser

humano possui para conhecer e interagir com o mundo” é o desenvolvimento

do esquema corporal que permitirá ao indivíduo conhecer a si mesmo e ao

meio que o cerca de forma organizada e eficaz. As coisas que estão ao seu

redor são sempre percebidas através do corpo (lembremo-nos dos bebês

quando começam a engatinhar e exploram tudo quando têm acesso através do

seu corpo).

Quando este for se reconhece e percebe suas diferenças em relação a

outros seres, torna-se muito mais fácil reconhecer e perceber as diferenças nos

elementos (humanos ou não) que o cercam, estabelecendo com eles ligações

afetivas, emocionais e cognitivas mais equilibradas, auxiliando o

desenvolvimento da sua inteligência.

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131.1.5. Lateralidade

Entende-se por lateralidade a propensão que todo ser humano tem de

utilizar mais um lado do corpo do que outro em três níveis; mão, olho e pé.

É esta lateralização bem definida que tornará a criança hábil e capaz de

executar com velocidade todas as suas atividades.

1.1.6. Estruturação espacial

A estruturação espacial é essencial para que vivamos de forma

harmoniosa na sociedade. É através do espaço e das relações estabelecidas

entre os objetos que o compõe que todo indivíduo consegue definir as relações

entre diferentes objetos e situações, realizando comparações através de

observações realizadas.

Comparando objetos no espaço que o cerca, percebe-se semelhanças e

diferenças, podendo-se realizar agrupamentos, classificações etc. tão

importantes em nas relações sociais que são estabelecidas diariamente.

1.1.7. Estrutura temporal

O corpo movimenta-se, coordena-se em determinado espaço e em

determinado tempo. Para que o corpo harmonioso se movimente e se relacione

com o meio, faz-se necessário ter bem trabalhado e definido o ritmo (tempo)

que se fará necessário e será gasto em toda e qualquer atividade que se queira

realizar.

Esta relação tempo-movimento pode ser observada em todas as

atividades humanas, bem como sua má organização pode ser notada em

indivíduos extremamente desorganizados quanto ao tempo dispensado á

realização de toda e qualquer atividade (movimento) que lhe é imposta.

Podemos perceber a importância da estrutura temporal tanto no uso da

palavra escrita quanto no uso da linguagem oral, quando o indivíduo precisa

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14emitir palavras e idéias de forma organizada, ordenada e sucessiva a fim de

garantir a compreensão do que se deseja transmitir.

Ampliando a importância desta área psicomotora vemos que é a

orientação temporal que lhe garantirá uma experiência de localização dos

acontecimentos passados e uma capacidade de projetar-se para o futuro,

fazendo planos e decidindo sobre sua vida, como nos relata Oliveira (1997).

1.1.8. Discriminação visual e auditiva

A criança que não possui uma discriminação visual e auditiva eficiente,

não consegue, de forma adequada transmitir comandos ao seu sistema motor

para que realize as mais variadas atividades.

Quando se inicia o período escolar, estas deficiências podem ser

agravadas, já que ela não consegue, com eficácia, diferenciar letras, realizando

confusões quanto a grafia de algumas letras semelhantes em sua

representação (p/b/d, q/g) e nem discrimina os sons fonéticos que serviram de

critério para a escolha o grafismo a ser utilizado.

Desta forma, é comum encontrarmos crianças que confundem fonemas

semelhantes como: v/f, t/d e p/b. Tais confusões, ou melhor, deficiências na

discriminação visual e auditiva acabam gerando um conflito emocional e

cognitivo muito grande já que na leitura e na escrita temos estas duas áreas

como instrumentos fundamentais.

Ao trabalhar e desenvolver as áreas motoras citadas, a psicomotricidade

busca o desenvolvimento pleno do indivíduo, permitindo-lhe construir sua

identidade e conhecimento em todas as suas potencialidades, sejam elas

afetivas, motoras e sociais.

Resgatando estas áreas motoras através de um trabalho lúdico,

envolvendo sempre o brincar, o jogo, consegue-se associar o cognitivo ao

afetivo de forma integrada e eficiente ao mesmo tempo em que as áreas

motoras “com dificuldades” estão sendo desenvolvidas.

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15No entendimento da psicomotricidade, a brincadeira encontraria um papel

educativo, seja ele cognitivo ou motor, muito importante pois permite à criança

se desenvolver e conhecer o mundo adulto que a cerca estabelecendo

intercâmbios sociais com seus pares.

Como podemos perceber na fala de Vigotsky (1984), é na brincadeira que

a criança se comporta além do seu comportamento diário, vivenciando

experiências, com o brinquedo, além da sua realidade e da própria imagem que

têm de si. O brinquedo fornece então à criança, desafios necessários ao seu

amadurecimento físico, emocional e social.

Quando estão brincando de forma organizada e direcionada, através das

atividades psicomotoras, as crianças constroem relações reais entre os pares e

elaboram regras de convivência e organização que são tão importantes no

desenvolvimento motor, bem como na sua reestruturação.

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2. EDUCAÇÃO INFANTIL

Atualmente, com o número cada vez maior de pais e mães que precisam

se inserir no mercado de trabalho torna-se mais urgente e importante a

existência das escolas de educação infantil, tendo em vista que é nestes

espaços, que muitas crianças passam no mínimo, quatro horas diárias.

São as instituições escolares que irão introduzir as crianças na

convivência grupal, lhes ensinarão a importância do respeito às regras,

investindo, inicialmente na socialização, conquista de autonomia, equilíbrio

emocional e na estimulação motora destes pequenos cidadãos.

Através de jogos e brincadeiras, estas escolas se propõem a trabalhar

noções que a família, por indisponibilidade de horário, não têm conseguido

oferecer a seus filhos, introduzindo-os no mundo dito letrado.

Mas a educação infantil proposta em nossos dias, passou por muitas

mudanças durante sua história, sendo influenciada por vários pensadores e

educadores, modificando, assim, a forma de abordagem do trabalho e também

a maneira como se deve tratar e ver a criança, como veremos a seguir.

2.1. A Educação Infantil na História.

Na antiguidade, entre os gregos, o educar, até os sete anos de idade, era

de responsabilidade da mulher (a mãe) que basicamente tinha a função de

criar a criança. Após esta idade, a educação dos pequenos era entregue ao

estado, no caso dos meninos, enquanto as meninas continuavam em casa

aprendendo as tarefas domésticas.

Na antiga Roma a educação familiar era também o forte da instrução das

crianças, sendo novamente a mãe a responsável pela formação do futuro do

cidadão romano. Em ambos os casos, era esta uma educação informal, regida

apenas pela intuição materna.

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17No século XVII, Comenius (1592-1670) salientou a importância da

educação infantil informal e preconizou a criação de escolas maternais por toda

parte, proporcionando assim, a todas as crianças, a oportunidade de ampliar

seus conhecimentos e vivências sociais e culturais.

Foi somente com Rousseau (1712-1778), no século XVIII, que o enfoque

dado à educação infantil apresentou uma reviravolta, pois as crianças

começaram a ser vistas como o são e não mais como adultos em miniatura.

Ele percebeu que a criança é um ser com idéias próprias, diferentes do

adulto e que a educação da criança começa como seu nascimento: antes de

falar, antes de compreender, ela já se instrui através dos seus sentidos, da

fantasia, sendo que a razão somente mais tarde será dominante em sua

educação.

Com Froebel (1782-1852), foram instituídos os primeiros “jardins de

infância” nos quais as crianças seriam instruídas e preparadas para o mundo.

Ele percebeu que o jogo era atividade capaz de desenvolver a espontaneidade

das crianças e a manifestação da atividade criadora e produtiva.

Maria Montessori é a primeira educadora da pré-escola moderna e se

preocupava com a saúde mental das crianças, oferecendo-lhes um ambiente

apropriado às suas necessidades e respeitando a sua liberdade de ação.

Criou móveis e utensílios próprios para cada idade e preocupou-se em

desenvolver materiais pedagógicos que proporcionassem desenvolver, passo-

a-passo as funções sensoriais dos pequenos, bem como a leitura, a escrita e o

cálculo.

Com Dewey (1859-1952), houve uma preocupação de que as pré-

escolas, tivessem o objetivo de preparar as crianças para a vida, vida essa que

cada vez mais reflete as rápidas transformações de um mundo em constante

mudanças. Suas idéias sobre interação social e cooperação ainda permeiam e

educação pré-escolar até os nossos dias.

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18Freinet (1896-1966), um dos grandes educadores deste século, era

professor primário e talvez pela sua vivência, criou uma nova realidade para as

pré-escolas ao propor suas aulas passeio e permitir às crianças não só

experiências com o meio que as cerca, como lhes permitir que pensassem,

expressassem suas idéias e produzissem conhecimento através da vivência e

da construção da sua personalidade.

O aprender fazendo é um dos pontos máximos da didática criada por

Freinet que acreditava que a inteligência manual, científica e artística não se

desenvolvem apenas com idéias, mas sim com experiências vivenciadas.

Como podemos perceber, a preocupação com a educação dos pequenos

não é uma novidade, já que desde a antiguidade percebemos uma intenção de

oferecer-lhes uma educação formal que abordasse os aspectos físicos, moral,

afetivo e social.

Com a modernidade, tornou-se mais urgente a qualificação da educação

infantil (pré-escolas), já que a elas é delegada, em muitos casos a educação

integral dos pequenos, já que pai e mãe precisam ganhar o mercado de

trabalho e a cada dia, passam menos tempo com seus filhos.

Percebemos então, a preocupação, revendo as idéias de Freinet, de que

a educação formal deva integrar o conhecimento cognitivo àquele que é

adquirido através da experimentação, o movimento do corpo, da exploração

sensorial, da vivência afetiva, preocupação e intenção que fica bem clara no

trabalho desenvolvido pela psicomotricidade, ou seja, corpo, mente e afeto em

busca de resultados efetivos e globais.

2.2. A Educação Infantil nos nossos dias

Em nosso país apenas a partir da década de 70 é que a importância da

educação das crianças pequenas é reconhecida e as políticas governamentais

começam a ampliar o atendimento às crianças de 4 a 6 anos.

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19Nas escolas de educação infantil, que em sua maioria são privadas,

deixando de fora desta “formação” uma grande quantidade de crianças de 4 e 5

anos que desta forma não são exploradas e trabalhadas, percebe-se a

preocupação em entendê-las como seres sociais, indivíduos que vivem em

sociedade e que são capazes de se desenvolve e adquirir conhecimento.

O trabalho, em grande parte destas escolas, já que algumas instituições

de educação infantil apenas se preocupam em preparar as crianças para o

Ensino Fundamental, está voltado para a inserção social e para que cada um

valorize e possa desenvolver sua autonomia, o espírito de cooperação e a

solidariedade com os demais.

Amparadas pelo conhecimento do desenvolvimento infantil nas diferentes

áreas – sensório-motora, sócio-afetiva, simbólica e cognitiva, as escolas de

educação infantil, têm procurado compreender de que forma as crianças

constroem o seu conhecimento assim como, de que forma o mundo social atua

sobre as crianças de maneira dinâmica e ativa, tornando-as sujeitos ativos na

construção do seu conhecimento.

Nota-se também uma maior preocupação e compreensão de como e

quanto a psicomotricidade colabora com o desenvolvimento infantil,

acreditando que as crianças precisam expandir seus movimentos, explorar seu

corpo e o espaço físico, de forma a terem um crescimento sadio,

principalmente nos dias de hoje, quando lidamos com a geração vídeo game e

playground.

Desta forma, deparamo-nos atualmente, com uma escola de educação

infantil preocupada em construir a autonomia, a cooperação, a

responsabilidade, a criatividade, a comunicação oral e principalmente que

resgata o jogo, do lúdico como instrumento essencial na construção de um

conhecimento que não é estanque, estando em constante movimento e que

relaciona durante a sua elaboração, os aspectos cognitivos, social, físico e

afetivo do ser humano, que, como se entende atualmente, é agente do seu

conhecimento.

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202.3. Quais os objetivos da Educação Infantil na formação das

crianças de 4 e 5 anos?

Podemos identificar, de formas gerais, os seguintes objetivos da

Educação Infantil, sendo organizados em quatro grandes grupos:

desenvolvimentos sócio-emocional, perceptomotor, cognitivo e da linguagem,

como veremos a seguir de forma mais detalhada.

2.3.1- Desenvolvimento sócio-emocionais.

Diz respeito a como a criança poderá se relacionar com o outro, seja ele

o seu professor ou outras crianças com as quais ela se relaciona. As

qualidades dessas relações, que são repletas de sentido afetivo, são de

fundamental importância na construção de sua percepção individual, da

construção do seu “eu, da formação da sua auto estima e cooperam para uma

melhor aceitação do outro, de si mesmo, percebendo suas potencialidades e

dificuldades e facilitando suas relações e as interações com seus pares.

Quando as escolas de educação infantil propiciam uma educação voltada

para o respeito ao desenvolvimento sócio emocional, temos então a formação

de uma criança que consegue estabelecer elos com o meio que a cerca de

forma mais equilibrada e que desta forma lhe favoreçam a construção de um

conhecimento mais completo e prazeroso no qual ela se perceba como ser

atuante e fazedor do seu aprendizado.

2.3.2. Perceptomotores

Consiste em se explorar e trabalhar a parte motora do indivíduo seja de

forma mais ampla (coordenação motora global) ou mais detalhada

(coordenação motora fina, óculo manual e pedal).

Na educação infantil, nota-se uma ênfase muito grande nas atividades

lúdicas, onde o brincar, o explorar o meio através do corpo é valorizado e

incentivado. Vemos que nestes momentos, conteúdos escolares são

transmitidos de forma prazerosa, quando o jogo está intimamente ligado ao

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21aprender, nestes momentos podemos perceber que a criança aprende

brincando e brinca para aprender, sem que para ela estes momentos tenham

uma conotação de aprendizado.

Pode-se perceber, portanto, a importância das classes iniciais da

educação infantil para a formação global do individuo, quando o trabalho

psicomotor terá como função e objetivo maior, proporcionar-lhe uma

motricidade espontânea, coordenada e rítmica, que será o melhor meio para se

evitar problemas de aprendizado e de auto aceitação nas classes do Ensino

Fundamental, principalmente nas classes de alfabetização, quando sabemos, a

pressão pela aquisição do conhecimento é muito mais intensa e às vezes

frustrante.

2.3.3. Cognitivos

Referem-se aos conhecimentos físicos, sociais e lógicos.

O conhecimento físico compreende a natureza do material que

constituem os objetos e suas propriedades físicas, daí a importância da

manipulação, ainda na educação infantil, de diferentes objetos, percebendo-

lhes a textura, diferença de pesos e medidas, formatos, bem como as

diferentes utilizações que podem ser aplicadas a cada um deles.

Atividades com sucatas e matérias diferentes são, neste momento de

grande valia para a elaboração de conceitos e a diferenciação de objetos.

No conhecimento social temos então o conhecimento das regras relativas

ao comportamento da criança que são aceitos pela sociedade na qual ela está

inserida, bem, como as formas de trabalho e demais informações sociais.

Podemos perceber, portanto, a grande importância dos jogos de faz-de-

conta, amplamente realizados e explorados nas classes de educação infantil,

quando de forma prazerosa a criança se coloca no lugar do outro e percebe,

através desta interação o que é aceito ou não, questionando atos tomados,

durante o brincar, por seus pares e até por si mesma.

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22No cumprimento deste objetivo são importantes também, os jogos

coletivos ou grupais, quando regras de convivência têm que ser respeitadas

por todos sendo importante saber ganhar e perder e colaborar para o bem

comum.

Por conhecimento lógico entende-se o conhecimento lógico-matemático,

quando são estabelecidas relações tanto entre os objetos como entre as

pessoas, assim como as classificações, as seriações ou ordenações e a

elaboração numérico-quantitativa. Podemos incluir também todo trabalho a ser

desenvolvido visando o desenvolvimento das relações espaço-.temporais,

quando as seqüências temporais que incluem a noção de tempo são

exploradas.

2.3.4. Linguagem

Nos objetivos relativos à linguagem, temos o desenvolvimento da

representação mental infantil ao nível de símbolo para dar sentido a expressão

escrita e falada.

Desta forma, as atividades diárias desenvolvidas nas classes de

educação infantil, quando a imitação, as “contações de histórias”, as rodas de

bate-papo, os desenhos e a construção concreta de maquetes que

representam algo vivido pela criança são exploradas, demonstram a grande

importância na construção da oralidade e da simbologia que a acompanha,

favorecendo o desenvolvimento da capacidade de comunicação da criança e

aumentando cada vez mais o seu vocabulário.

O desenvolvimento desta oralidade e da capacidade de se comunicar, de

formas lógicas, seqüenciadas e com clareza, são de fundamental importância

durante o aprendizado da escrita e da leitura. Pode-se assim dizer que a

educação psicomotora nas classes iniciais é de fundamental importância na

formação do estudante, dando –lhe base para as séries seguintes e para a

complexidade dos desafios que no decorrer de sua escolaridade, o aluno

estará sujeito.

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23Sendo assim, como afirma Lê Bouch (1987, p.40), “seria mais sensato,

sem dúvida, dar ao professor primário (de educação infantil) as condições para

garantir uma boa educação psicomotora”, que pudesse garantir à criança de 4

e 5 anos experiências individuais e grupais ricas de aprendizado.

Para garantir este rico aprendizado e alcançar todos os objetivos

propostos pela educação infantil, faz-se necessário que os educadores a

percebam como:

o período mais propício para uma ação educativa, formal ou informal, que tenha como finalidade o aproveitamento dos primeiros anos de vida da criança, que são de um dinamismo intenso, para estimular e desenvolver todas as suas capacidades, habilidades, aptidões, enfim, todas as suas potencialidades ( DROUET,1990, p. 46)

Fica, portanto, bastante claro que o professor tem um papel muito

importante na formação da criança, proporcionando-lhe um clima de bem-estar

físico, afetivo, social e intelectual, mediante a proposta de atividades lúdicas

que despertem a sua curiosidade, invenção e espontaneidade, mas

respeitando sempre os seus interesses e o estágio de desenvolvimento em que

ela se encontra.

É essa estimulação que pode e deve ser oferecida pela Educação Infantil

que pode despertar habilidades na criança como a coordenação motora fina e

ampla, a memória visual, a discriminação auditiva, a atenção, a criatividade,

bem como certas formas de comportamento social como: cooperação, trabalho

em equipe e responsabilidade.

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24

3. O DESENVOLVIMENTO INFANTIL

É no decorrer dos primeiros anos de vida que se procede às verdadeiras

aquisições nos diversos domínios do comportamento, seja ele afetivo,

psicomotor e cognitivo, sendo este período marcado por grandes

transformações e descobertas, por parte da criança.

Quando inicia seu engatinhar, a criança, como um grande desbravador,

sai à procura de novidades, explorando tudo aquilo a que tem acesso e que

suas mãos e os adultos, lhe permitem tocar, cheirar, levar à boca etc.

Estas explorações iniciais são de grande valia para o desenvolvimento da

criança, que fazendo uso de todos os seus sentidos e do seu corpo, está

descobrindo uma gama infinita de possibilidades corporais, sensoriais e

afetivas.

Vale, entretanto, explicitar que, como nos relata Neto (2001, p. 11),

em certos períodos da vida, certas espécies animais, entre as quais se inclui o homem, não podem atingir o aperfeiçoamento das suas capacidades se não forem sujeitas a estímulos específicos, através de variadas formas de atividade.

O que nos remete à importância dos estímulos oferecidos tanto pela

escola de educação infantil, que deve ter um bom planejamento de educação

psicomotora, como pela família, que deve sim, oferecer à criança, materiais e

estímulos, visando o seu desenvolvimento pleno.

È certo que nas primeiras idades o desenvolvimento se processa mais de

forma casual do que dirigida, explicado como parte do processo maturacional

que resulta da imitação, tentativa e erro e liberdade de movimentos, mas não

podemos esquecer de que crianças expostas a uma estimulação, digamos,

mais organizada têm suas capacidades e habilidades motoras muito mais

desenvolvidas.

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253.1. O desenvolvimento motor da criança de 4 e 5 anos

O desenvolvimento motor pode ser encarado como um processo contínuo

e extenso, que se inicia com o nascimento e que se estende até a vida adulta.

Esta evolução motora se dá dos movimentos mais simples aos mais

complexos devido a um processo de desenvolvimento do tônus muscular, da

criação de novas ligações neurológicas (sinapses) e de uma estimulação

adequada.

Vemos, portanto que o desenvolvimento motor evolui continuamente do

rudimentar ao especializado, do simples ao complexo, do grosseiro ao fino,

mas não podemos no esquecer de que esta evolução não é rigorosa em

termos de tempo de ocorrência, mas sim na seqüência destas ocorrências,

como podemos perceber nas idéias de Piaget quando nos afirma que o

desenvolvimento é um processo contínuo e progressivo e consiste na

passagem de um estágio de menor equilíbrio para outro de equilíbrio mais

aperfeiçoado.

Somente com a maturação do mecanismo neuro-muscular a atividade

motora pode evoluir do amplo (movimentos que implicam uma grande área

muscular) para o fino e específico (movimentos que envolvem unicamente os

músculos necessários).

Desta forma, temos que ter a clareza de que a qualidade do

comportamento motor da criança vai depender de todo o seu processo de

desenvolvimento, como ressalta Neto (2001, p. 17), quando afirma que “os

aspectos do desenvolvimento motor até uma idade mais avançada não devem

ser descuidados, mas sim encorajados e estimulados tanto quanto possível”.

A criança é basicamente um ser motor, que como já vimos, precisa ser

estimulado para adquirir um desenvolvimento adequado. Como podemos

perceber na obra de Piaget, o desenvolvimento motor da criança de 4 e 5 anos,

possui características que lhe são peculiares, embora não representem

“amarras”, como veremos a seguir.

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26Nesta fase, chamada por Piaget de Pré-Operatória, vemos que a criança

começa a encontrar o seu equilíbrio, sua estabilidade corporal, mostrando-se

extremamente ativa em suas descobertas e atividades.

Há também, um enriquecimento sensório-motor e gestual, com um maior

domínio da sua coordenação motora global (correr, saltar, pular, lançar etc.) e

um aprimoramento de sua coordenação motora fina, que nesta fase escolar, é

bastante exigida por se tratar de uma fase preparatória para a aquisição da

escrita e da leitura.

Vemos que as crianças de 4 e 5 anos também apresentam uma

consciência mais elaborada e real do seu “eu- corpóreo”, bem como de seu

esquema corporal, alcançando assim, um maior domínio de materiais e dos

espaços.

Nesta fase, mais precisamente aos 4 anos, a criança entre na “idade da

comédia”, multiplicando assim suas fisionomias, sorrisos, através dos quais ela

se mostra ao mundo de forma mais interessante.

Entre os 4 e 5 anos, como vemos em Lê Boulch o ritmo e movimento

alcançam uma certa perfeição, no que lê chama de “idade da graça”. É neste

período, também, que temos, se assim podemos dizer, uma definição da

lateralidade, fornecendo desta forma, uma melhor orientação do corpo no

espaço.

Vemos, portanto, que nesta faixa etária, há, se assim podemos dizer, um

aprimoramento do desenvolvimento motor que torna-se mais preciso, mais

seguro e eficiente.

Concluindo, não podemos nos esquecer de que para que a criança

alcance seu pleno desenvolvimento motor, deve ter atendidas as seguintes

necessidades destacadas por Neto (2001, p. 111):

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27- Movimento – O ser humano está em constante movimento e a criança,

conhece, percebe e compreende o meio em que esta inserida através

do seu corpo e dos movimentos executados por ele.

- Espaço – Faz-se necessário oferecer à criança espaço por onde ela

possa correr, brincar, pular, explorando suas potencialidades e

desenvolvendo seu corpo e movimentos.

- Afetividade – Somos seres afetivos e a qualidade do contato que

temos com, o outro é de fundamental importância na qualidade do

conhecimento que iremos construir. Corpo, mente e ação estão

intimamente ligados ao que sentimos, ao nosso afeto.

- Contato com a natureza – Favorecer á criança o contato com

diferentes meios é de suma importância para a percepção de

realidades e materiais diferentes que a cercam, principalmente

atualmente, quando devido à violência que no cerca, as crianças muito

presas em seus apartamentos e condomínios. È, portanto de suma

importância, que na medida do possível, a família e a escola,

propiciem às crianças, o contato com outras realidades.

- Materiais diversificados – A oferta de diferentes materiais para que a

criança explore é importante na construção do conhecimento que ela

irá fazer, podendo comparar materiais, perceber e identificar

diferenças entre eles e seu próprio corpo.

- Acesso ao jogo – É através do jogo, da brincadeira, que a criança

interage com o outro, desenvolve a imaginação, elabora regras e

aprende a respeitá-las, construindo assim, uma consciência de

realidade e das ações humanas.

- Ser livre, experimentar e transformar – Muitas vezes, pais e

educadores têm medo de que as crianças se machuquem em uma ou

outra brincadeira e acabam privando-a da experimentação e da

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28capacidade e necessidade de aprender através da experimentação e

da vivência de diferentes realidades.

- Convivência em grupo – Somos seres sociais e devemos aprender a

conviver em grupo para podermos evoluir e produzir. Talvez esteja

neste aspecto, uma das mais importantes finalidades da educação

infantil: propiciar ao indivíduo conhecer o seu corpo e através deste

conhecimento, interagir de forma harmônios com seus pares,

produzindo assim, história e conhecimento.

3.2 – O desenvolvimento intelectual associado ao desenvolvimento

motor

As aprendizagens não podem ser conduzidas a bom termo se a

criança não tiver conseguido tomar consciência de seu corpo,

lateralizar-se, situar-se no espaço, dominar o tempo; se não tiver

adquirido habilidade suficiente e coordenação de seus gestos e

movimentos (LÊ BOULCH, 1987, p.11)

O corpo é o ponto de partida para a construção do conhecimento e

desenvolvimento intelectual. Quando trabalhamos com o corpo, estamos

permitindo ao ser humano, perceber com todas as suas potencialidades,

entender-se emocionalmente e aceitar suas deficiências não como o fim, mas

como o início de um novo trabalho, um obstáculo a ser vencido.

O desenvolvimento cognitivo, muito mais do que a decorrência de uma

maturação de esquemas neurológicos, é uma apanhado de vivências

corporais, associadas à significações afetivas, como nos relata Galvão (1995,

p. 41)

O simples amadurecimento do sistema nervoso não garante o desenvolvimento de habilidades intelectuais mais complexas. Para que se desenvolvam, precisam interagir com o “alimento cultural”, isto é, a linguagem, o conhecimento e a interação com o meio que o cerca.

O corpo explora o meio, sente seu cheiro, suas formas, texturas, gosto e

estas explorações, envoltas e repletas de experiências afetivas (que podem ou

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29não ser prazerosas), auxiliam na construção do conhecimento do indivíduo,

favorecendo no surgimento inicial, da palavra falada – a linguagem e depois da

palavra escrita.

As primeiras palavras compreendidas e emitidas pela criança

correspondem à denominação dos objetos que têm uma significação afetiva

para ela, como relata Lê Boulch (1982, p.68), daí a importância de propiciar aos

pequenos, momentos de prazer e interação com o outro, onde a tônica seja a

descoberta, o trabalho com o corpo que será sim, de acordo com as idéias

defendidas por Wallon, o facilitador de toda a aprendizagem e desta forma, do

desenvolvimento intelectual.

O desenvolvimento motor, estará presente em todo o desenvolvimento

intelectual, iniciando sua influência no surgimento da fala e posteriormente na

escrita, quando diferentes áreas psicomotoras precisarão ser utilizadas e

deverão estar sincronizadas a fim de proporcionar à criança, um bom uso de

sua totalidade corporal.

Como nos relata Oliveira (1997, p. 180) ao se referir às idéias de

Poppovic,

a fala é um ato motor organizado, e exige, além de uma adequada percepção auditiva e visual, um conhecimento e controle do corpo, através das posturas e gestos; um orientação espacial que lhe facilite a movimentação; uma coordenação adequada para a compreensão dos conceitos verbais; uma capacidade de simbolização; uma estrutura temporal que permite às crianças adquirir o ritmo e as seqüências para uma emissão da fala mais fluida.

Vemos, portanto que a construção oral da criança e sua decorrente

aquisição escrita, estão embasados em um desenvolvimento motor organizado

e harmonioso.

Com a construção da fala, da escrita e da leitura, a criança terá seu

caminho “aberto” para a descoberta e aquisição de muitos outros

conhecimentos, enriquecendo, assim, sua bagagem intelectual-cognitiva.

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30Vale apenas reforçar que, este conhecimento intelectual, tão valorizado

pela sociedade, precisa estar embasado num complexo e importante

conhecimento e desenvolvimento corporal, sem o qual a criança e

posteriormente o adulto, estará incompleto e apresentará dificuldades na

construção de todo conhecimento e na elaboração intelectual.

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4. O LÚDICO NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Movimento (ação), pensamento e linguagem são uma unidade inseparável. O movimento é o pensamento em ato, e o pensamento é o movimento sem ato (FONSECA, 1988).

Desde os primeiros momentos de vida, a criança tem necessidade de

brincar. Suas brincadeiras iniciais se reportam ao seu próprio corpo, seus pés,

mãos, os sons que começa a emitir e principalmente o corpo da mãe,

transformam-se em um espaço de afeto, prazer e brincadeira.

São estes primeiros contatos lúdicos, estas explorações, que servirão de

“pontapé inicial” para uma série de descobertas que propiciarão o

desenvolvimento infantil, já em seus primeiros instantes de contato com o meio,

seja no âmbito afetivo, motor e cognitivo.

Quando começa a ter um controle maior de seus membros superiores e

inferiores e começa a engatinhar, percebe-se que qualquer objeto transforma-

se em um ser lúdico, um brinquedo, com o qual muitas vezes, a criança passa

horas em pura distração e criação.

Este contato com o imaginário, o lúdico, o prazer, têm importante

participação na maturação do indivíduo e no seu pleno desenvolvimento.

Desta forma, o brinquedo é a oportunidade de desenvolvimento.

Brincando, a criança experimenta, descobre, inventa, aprende e confere

habilidades. Além de estimular a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia,

proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da

concentração e atenção.

Serão, portanto, estas primeiras explorações que lhe darão a noção do

que é capaz de fazer, sendo se assim podemos dizer, as primeiras

aprendizagens que, ficando registradas em seu inconsciente, embasarão de

maneira fundamental, todas as outras descobertas que serão realizadas.

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32Com relação ao jogo, ao lúdico, Piaget (2998) acredita que ele é essencial

na vida da criança. De início tem-se o jogo de exercício que é aquele em que a

criança repete uma determinada situação por puro prazer, por ter apreciado

seus efeitos.

Em torno dos 4 e 5 anos, nota-se a ocorrência dos jogos simbólico, que

satisfazem a necessidade da criança de não somente relembrar o mentalmente

acontecido, mas de executar a representação. Em período posterior surgem os

jogos de regras, que são transmitidos socialmente de criança para criança e

por conseqüência vão aumentando de importância de acordo com o progresso

de seu desenvolvimento social.

Para Piaget, como podemos perceber, o jogo constitui-se em expressão e

condição para o desenvolvimento infantil, já que as crianças quando jogam,

assimilam uma série de questões sociais, motoras e afetivas, podendo

compreender melhor e transformar a realidade na qual estão inseridas.

O lúdico, dessa forma, é uma das atividades humanas, vivenciadas pela

criança, desde a mais tenra idade, das mais importantes, pois se constitui em

um modo de assimilar e recriar a experiência sócio-cultural dos adultos,

proporcionando assim, a construção de suas próprias conclusões e de seu

conhecimento.

Segundo Vygotsky (1998), a criança usa suas interações sociais como

formas privilegiadas de acesso a informações: aprendem a regra do jogo, por

exemplo, através dos outros, pois cria uma Zona de Desenvolvimento Proximal,

onde o indivíduo, através de interações e trocas com seus pares, elabora

novos conhecimentos, que talvez sozinho, não conseguisse alcançar.

A brincadeira, o lúdico transforma-se, assim, em um momento privilegiado

de aprendizagem infantil onde o desenvolvimento pode alcançar níveis cada

vez mais complexos, exatamente pela possibilidade de interação entre os

pares em situações imaginárias (nos jogos de faz-de-conta e individuais) e

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33pela negociação de regras de convivência e de conteúdos temáticos, muito

vivenciados nas atividades grupais.

Tanto as brincadeiras individuais como as realizadas na coletividade têm

um papel fundamental e importante no desenvolvimento global da criança, pois

propiciam o imaginário infantil, criam situações de conflito que precisarão ser

solucionadas, vivencia situações sociais como respeito às regras, respeito aos

direitos dos semelhantes, vibração pela vitória, aceitação das derrotas com

civilidade e compreensão, sempre de forma espontânea, prazerosa e não

traumática.

A criança está inserida em um meio social e afetivo, desde o seu

nascimento e através de sua interação com o outro, das muitas trocas que são

estabelecidas durante o brincar, desenvolve-se e cria seu conhecimento

afetivo, psicomotor e cognitivo. Dessa forma, a criança que brinca, investiga, se

desafia e cresce intelectualmente, fisicamente e afetivamente, pois através do

intercâmbio permanente entre a fantasia utilizada no brincar e a realidade que

a cerca, criada pelo adulto, ela constrói e reconstrói suas potencialidades e

suas perspectivas, contribuindo para o seu crescimento intelectual.

O brinquedo é, portanto, um momento de auto-expressão e auto-

realização. As atividades livres com blocos e peças de encaixe, as

dramatizações, a música e as construções, por exemplo, desenvolvem a

criatividade, pois exige que a fantasia entre no jogo. Já o brinquedo

organizado, que tem uma proposta e requer desempenho, como o jogo

(quebra-cabeça, dominó e outros) constitui um desafio que promove a

motivação e facilita escolhas e decisões à criança.

Como nos afirma Vygotsky (1998), as maiores aquisições de uma criança

são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão se nível

básico de ação real e moralidade.

Há também um fator importante que se trabalha a partir do lúdico que é a

superação dos limites, fator fundamental na elaboração de todo conhecimento.

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34Como nos afirma Costallat (2002, p. 106),

a criança que brinca investiga e necessita dessa experiência para crescer. O mundo da criança é rico e está em contínua mudança, havendo um intercâmbio permanente entre a fantasia e a realidade.

Não podemos deixar de destacar a importância do lúdico na organização

motora da criança, organização esta que, como sabemos, auxiliará na tomada

de uma consciência corporal, propiciando, portanto um bom desenvolvimento

do equilíbrio, coordenação global e específica, lateralidade, auxiliando na

aprendizagem da escrita e leitura, além de estimular a criatividade. O

desempenho psicomotor, nas atividades lúdicas, alcança níveis que somente a

motivação intrínseca consegue.

Ao brincar a criança explora suas capacidades corpóreas, estimulando o

seu desenvolvimento, como nos afirma Oliveira (1997, p. 31) “a inteligência é

uma adaptação ao meio ambiente, e, para que isso possa ocorrer, necessita

inicialmente da manipulação pelo indivíduo dos objetos do meio”, objetos estes

que “ganham” vida quando são co-participantes de um jogo, de uma

brincadeira, associando assim, mais significado ao que foi apreendido.

Através das atividades motoras existentes, até mesmo de forma

despropositada, no brincar, cria-se um ambiente propício pra o

desenvolvimento da estrutura corporal, fundamental na construção da

identidade (eu), no reconhecimento de suas potencialidades e dificuldades e na

maior interação do sujeito, no caso a criança, com o meio que a cerca.

É o movimento que permite à criança encontrar um conjunto de relações (sujeito, as coisas, o espaço) necessárias ao seu desenvolvimento motor aprendendo a perceber e a interacionar o vivido, o operatório e o mental (NETO, 2001, p. 117).

A criança tem necessidade de brincar e, com o passar do s tempos, cada

vez mais ela tem menos espaço e tempo para realizar suas atividades

naturalmente lúdicas, pois ou está dentro de apartamentos, protegida da

violência que nos assola ou diante da televisão e do vídeo games,

computadores e outras máquinas, as quais vieram para contribuir para o

progresso, mas que quando mal utilizadas, podem tirar a oportunidade de a

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35criança ter um bom desenvolvimento na sua coordenação global, tendo

dificuldade em correr, pular, criar.

Desta forma, faz-se importante que, principalmente nas idades iniciais,

haja uma riqueza de aquisições lúdico/motoras, que se processem de forma

contínua e em plasticidade, permitindo mais tarde uma “cultura” motora

fundamental às tarefas mais precisas e que solicitem uma maior exigência das

diversas estruturas motoras, afetivas e cognitivas.

Tanto família quanto as Escolas de Educação Infantil devem se preocupar

e estimular o brincar, o criar, o recriar, o descobrir, o interagir com o outro e

oferecendo atividades lúdicas que estejam de acordo com a maturação da

criança e com a zona de desenvolvimento proximal na qual ela está inserida,

já que estas múltiplas atividades serão de grande valia e embasarão todas as

demais conquistas da criança.

Lembramos que a exploração das atividades lúdicas e

conseqüentemente, do trabalho voltado para a imagem do corpo, auxilia na

construção da auto-estima e autoconfiança, que são fundamentais na aquisição

de todo conhecimento, seja ele acadêmico ou social.

Desta forma, as famílias e as instituições de Educação Infantil, devem

estar atentas e contemplar a brincadeira como princípio norteador das

atividades oferecidas aos pequenos, possibilitando às manifestações corporais,

encontrarem significado pela ludicidade presente nas relações que as crianças

mantêm com o mundo.

Brincando, sua inteligência e sua sensibilidade estão sendo

desenvolvidas. A qualidade de oportunidades que estão sendo oferecidas à

criança através de brincadeiras e brinquedos garantem que suas

potencialidades e sua afetividade se harmonizem.

O momento em que a criança está absorvida pelo brinquedo é um

momento mágico e precioso, em que está sendo exercitada a capacidade de

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36observar e manter a atenção concentrada e que irá inferir na sua eficiência e

produtividade quando adulto.

Vale destacar que, a criança é um ser completo e desta forma, corpo,

mente e emoção devem estar juntas e equilibradas entre si para que o

conhecimento a ser construído seja eficaz e consistente e para que seu pleno

desenvolvimento se processe de forma estável e constante.

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5. SUGESTÕES DE ATIVIDADES MOTORAS PARA

CRIANÇAS DE 4 E 5 ANOS.

É importante ver na atividade lúdica da criança, o tipo de atividade criadora necessária para a expressão da personalidade e a evolução da imagem do corpo. (LE BOULCH, 1982)

A criança na idade escolar mostra uma grande necessidade de excitações

afetivas, estabelecidas através das brincadeiras por ela realizadas. Com sua

imaginação, inventa histórias e as enfeita, desempenha papéis contados ou

falados e seu movimento espontâneo possui caráter expressivo.

Compreendida como forma fundamental na construção do sujeito, a

brincadeira infantil, passa a ter uma grande importância na perspectiva do

trabalho escolar, tendo em vista a criança como sujeito histórico, social e

afetivo.

Se a brincadeira é, efetivamente, uma necessidade de organização

infantil ao mesmo tempo em que é o espaço da interação das crianças, quando

estas podem pensar/imaginar/vivenciar suas relações familiares, as relações

de trabalho, a língua, a fala, o corpo, a escrita etc, então esta brincadeira se

transforma em um fator educativo, devendo ser bem organizado e estruturado

pelo professor.

Desta forma, sugerimos algumas atividades simples que, sendo utilizadas

pelo educador e até mesmo pelas famílias, estarão de forma prazerosa e

eficaz, estimulando e auxiliando no desenvolvimento da criança em todas as

áreas motoras e afetivas, ressaltando que estas “ajudas educativas”, não têm o

objetivo de ensinar comportamentos motores e sim de permitir à criança,

mediante o jogo, a brincadeira, um maior ajustamento corporal e social, na

interação com outras crianças.

Destacamos também, a necessidade de escola e família, organizarem um

espaço físico destinado ao lúdico, ao brinquedo. Estes espaços devem permitir

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38às crianças o máximo de liberdade nos seus movimentos e possibilidades

variadas de “fazer tudo” e criar.

5.1. Coletânea de atividades psicomotoras para crianças de 4 anos

Proporemos atividades lúdicas sem materiais específicos, fazendo uso

apenas do corpo ou fazendo uso de materiais um pouco mais elaborados,

visando estimular todas as áreas motoras envolvidas no processo de

desenvolvimento da criança.

5.1.1. Atividades sem material específico

- Correr ao sinal, parar, ficar imóvel e depois correr novamente;

- Inventar novas formas de correr;

- Brincar de sombra;

- Dividir a turma em dois grupos, um grupo faz um túnel e o outro passa

por baixo;

- Saltar como “saci”, com os dois pés, com pés alternados;

- Andar para frente, para trás, para os lados, nas pontas dos pés,

apoiado nos calcanhares, agachados, de quatro, pulando objetos dispostos no

solo;

- Brincadeiras de roda.

5.1.2. Atividades com materiais específicos

- Caixas de sapatos – Fazer caminhos com as caixas para seguir em

círculos, linhas sinuosas, saltar por cima de frente, de costas, fazer uma

parede com as caixas (um muro) e brincar de esconder;

- Mangueira corrugada – Fazer círculos e correr em volta, pular dentro e

fora, rodar a mangueira para produzir som;

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39- Pneus – Rolar com as mãos mudando de direção e de mão

(alternadamente), fazer curvas, fazer construções com os pneus em grupos

empilhando-os de várias formas, sentar nos pneus, pular dentro e fora;

- Latas de diferentes tamanhos – Comparar as latas maiores, menores,

altas, baixas, leves, pesadas etc., rolar as redondas pelo chão com as mãos e

os pés, saltar por cima (com dois pés, com um pé), fazer pilhas com as latas;

- Colchões – Colocá-los em linha e andar por cima, na ponta dos pés, nos

calcanhares, em quatro apoios, rolar, pulando sapo;

- Escadas de madeira (de obra) – Escada no chão, andar entre os

espaços dos degraus, andar em quatro apoios sobre a escada, andar em pé

com ou sem auxílio;

- Almofadas – Amontoar, construir, empilhar, organizar no chão, chutar,

rolar, pular por cima, atirar-se sobre as almofadas;

- Caixas de papelão – Agachar-se, esconder-se dentro, reaparecer e

saltar, empurrar duas caixas sobrepostas, brincar de esconder;

- Arcos (bambolês) sendo um para cada criança – Arremessar, equilibrar,

correr em volta, passar por dentro, equilibrar o bambolê em partes do corpo.

- Argolas e cones – Lançar e pegar a argola, rolar e correr atrás,

arremessar, tentando acertar o cone, começando bem perto e afastando na

medida em que for conseguindo, colocar os cone em fileiras e correr em

ziguezague, pular por cima dos cones e correr em volta das argolas;

- Bolas de tamanhos diferentes – Pegar uma em cada mão, lançar e

pegar de diferentes formas, rolar as duas, espalhar as bolas e correr entre

elas;

- Saquinhos de serragem – Equilibrar em diferentes partes do corpo, pisar

em cima, lançar e pegar, fazer linhas e caminhar em ziguezague, linha reta e

sinuosa.

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405.2. Coletânea de atividades psicomotoras para crianças de 5 anos

Assim como o fizemos para as crianças de 4 anos, proporemos algumas

atividades com ou sem utilização de material específico, que poderão ser

executadas tanto pelas professoras de Educação Infantil como pelas famílias,

por se tratarem de atividades simples e de fácil realização.

5.2.1. Atividades sem materiais

As atividades propostas para as crianças de 4 anos podem ser também

utilizadas com as crianças de 5 anos, já que oferecem um trabalho motor

importante a qualquer faixa etária.

Além das anteriormente citadas, destacamos algumas atividades que

visam a garantia da autonomia da criança e construção de sua auto-estima.

- Abotoar suas roupas;

- Pôr as roupas mais simples;

- Abrir e fechar as torneiras;

- Colocar sapatos e meias de forma correta;

- Desamarrar cadarços e outras cordas;

- Aperfeiçoar gestuais relacionados à alimentação.

5.2.2. Atividades com materiais

- Mangueira corrugada – Lançar e pegar, fazer um telefone e simular uma

conversa entre amigos, andar se equilibrando (sem apoio) em cima da

mangueira;

- Pneus – Transportar para diferentes locais, rolar com o impulso dos pés,

andar em cima, pisar dentro e correr em volta, carregar uma tampinha na

cabeça e tentar deixar cair no buraco do pneu;

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41- Latas de diferentes tamanhos – Equilibrar a lata na palma da mão,

equilibrar na cabeça e em diferentes partes do corpo;

- Colchões – andar nas beiradas do colchão, brincar de cambalhota, pular

sobre o colchão;

- Argolas e cones – Arremessar tentando acertar o cone, jogar a argola no

cone, pular por cima das argolas, rolar sobre seu próprio eixo;

- Jornais – Correr com a folha aberta em frente ao corpo, lançar para o

alto e pegar com uma mão só, com o indicador e o polegar, com as duas mãos,

fazer um bastão com a folha e brincar de espada, de bengala, colocar os

bastões no chão em coluna e passar entre eles, fazer uma bola de jornal e

jogar para o alto, chutar, arremessar, jogar com o colega;

- Rodelas de papelão (duas para cada criança) – Lançar para frente e

para o lato, pular por cima das rodelas, passar por entre elas num pé só, correr

entre elas fazendo um “8” (oito), fazer equilíbrio nas diferentes partes do corpo,

tentando não deixar cair;

- Lençóis – Correr segurando as pontas do lençol, fazer o lençol ir para

cima e cair, entrar embaixo, enrolar-se, brincar de teatro de sombras;

- Papel e canetas coloridas – Desenhar um boneco grande no chão e

então correr em volta no chão, andar em volta na ponta dos pés, pular partes

do corpo do boneco.

Sendo a idade de 5 anos o período de preparação para alfabetização,

momento este no qual os movimentos mais precisos, principalmente das mãos

são exigidos, destacamos algumas atividades que buscarão trabalhar a

coordenação motora fina da mão e dos dedos de forma mais intensa e

específica.

- Aperfeiçoamento da preensão – Pegar e colocar objetos cada vez mais

pequenos: bolas pequenas, bolas de gude, pérolas, contas de colares, fazendo

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42uso não só do polegar-indicador, mas também do indicador-médio, tirar o papel

que envolve a bala;

- Modelagem – Pegar o material e realizar diferentes atividades com ele:

afundar os dedos, criar formas, achatar a massa, executar bolinhas de

diferentes tamanhos, de cilindros, bolachas (mais achatados);

- Recorte – A tesoura é um instrumento delicado de se manejar que deve

ser utilizado visando uma boa mobilidade dos punhos e força nos dedos,

podendo ser oferecidos recortes de diferentes formas geométricas e imagens;

- Desenho livre e/ou diretivo utilizando diferentes materiais - no papel

ofício, na lixa, no papel de seda, na camurça, sobre tecidos, fazendo uso de

tintas, canetinhas, lápis de cor, giz de cera, pintura a dedo;

Todas as atividades listadas neste capítulo têm o objetivo de dar

sugestões àqueles que trabalham com crianças de 4 e 5 anos, visando

qualificar e tornar mais eficiente o trabalho e estimulação motora com este

grupo. Trata-se de idéias que poderão ser modificadas, havendo a

possibilidade de criação de outras possibilidades.

Vale ressaltar ainda que, aliado a todo este trabalho motor, vale a pena,

sempre que possível, introduzir cantigas de roda, pequenas músicas folclóricas

no contexto a ser trabalhado. Estas melodias tornarão o trabalho mais

prazeroso e motivador, podendo as mesmas servir como base para

representações, interpretações e até mesmo, recriações.

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CONCLUSÃO

Quando falamos de infância, inevitavelmente associamos esta idade ao

brincar, brincar sem compromisso, da bagunça causada no ambiente, do

barulho e confusão que “nos enlouquece”.

Mas, nos esquecemos ou nem sabemos (em muitos casos), que este

brincar tão prazeroso e barulhento, têm seus propósitos e finalidades bem

definidos e são essenciais ao bom desenvolvimento motor, intelectual e afetivo

de toda criança.

Foi com o intuito de clarificar a visão que muitos pais e educadores têm a

respeito da brincadeira e da importância de um bom trabalho psicomotor, que

propomos como problematização desta pesquisa buscar esclarecer de que

forma a Educação Infantil pode auxiliar no desenvolvimento cognitivo das

crianças de 4 e 5 anos que se encontram em uma fase de pré alfabetização e

que de certa forma, vivenciam muito de perto as atividades motoras e a

brincadeira.

Sendo assim, no Capítulo 1 realizamos um estudo mais intenso acerca

do que é , para que serve e as áreas motoras que a psicomotricidade trabalha,

afim de direcionar, de forma mais específica, o trabalho que é e pode ser

desenvolvido com crianças de 4 e 5 anos.

Entender a Educação Infantil, seus objetivos e sua evolução, talvez seja

um dos passos para perceber a importância das escolas de Educação Infantil

na formação global dos pequenos. Como nos relata Neto ( 2001, p. 26) ,

os anos da educação infantil têm sido caracterizados como o período em que se adquirem e afinam novas habilidade. È durante os primeiros seis anos que os padrões motores fundamentais emergem na criança e se aperfeiçoam de acordo como desenvolvimento, ao nível dos movimentos de estabilidade, locomoção e manipulação dos objetos.

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44Através do entendimento de como se processa o desenvolvimento

infantil, em toda a sua totalidade (afetiva, cognitiva e motora), torna-se mais

fácil, para aqueles que lidam com a educação escolar e/ou familiar das

crianças de 4 e 5 anos, desenvolver um trabalho que estimule o seu

desenvolvimento global.

Perceber, como proposto no capítulo 3 a forma como as crianças têm seu

lado cognitivo desenvolvido e a importância das atividades motoras nesta

etapa, vem apenas reiterar o que foi levantado como hipótese em nosso projeto

de pesquisa, quando diante de tantas idéias, nos debruçamos sobre a

importância da psicomotricidade no desenvolvimento das crianças de 4 e 5

anos, por serem as mais exigidas na fase escolar pela sua proximidade com o

processo de alfabetização.

Finalizando o nosso trabalho, coletamos algumas atividades que,

poderão ser postas em prática por aqueles que trabalham e convivem com as

crianças na faixa etária de 4 e 5 anos, auxiliando na preparação para a

aquisição da escrita e leitura e na descoberta harmoniosa de todas as suas

possibilidades, sejam elas cognitivas,motoras e até afetivas, facilitando desta

forma, o desenvolvimento global da criança.

Desta forma, podemos afirmar que a hipótese inicialmente levantada

sobre como a Psicomotricidade, através da exploração corporal e da utilização

do lúdico, facilita a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças de 4 e 5

anos, auxiliando-as assim, no processo de alfabetização possui uma validade

real.

Encerrando nosso trabalho de pesquisa, sugerimos como fontes de

novas pesquisas os seguintes temas: A Importância da Psicomotricidade nas

Escolas Maternais, na estimulação de bebês e crianças de 2 e 3 anos; A

Psicomotricidade auxiliando no Ensino Fundamental; A Matemática e a

Psicomotricidade. Tais Pesquisas poderão, ao meu ver, auxiliar a muitos

educadores, enriquecendo sua prática pedagógica.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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1998.

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2ª.ed.Porto Alegre: Artes Médicas, 1988.

_____________. O desenvolvimento psicomotor: do nascimento até os 6 anos.

7ª.ed.Porto alegre: Artmed, 1982.

COSTALLAT, Dalila M. M. De et al. A Psicomotricidade otimizando sa relações

humanas. São Paulo: Ed. Arte e Ciência, 2002.

DROUET, Ruth Caribe da Rocha. Fundamentos da educação pré-escolar. São

Paulo: Editora Ática, 1995.

FONSECA, Vitor da. Psicomotricidade. 2ª.ed. São Paulo: Martins Fontes,

1988.

GALVÃO, Izabel. Henri Wallon – uma concepção dialética do desenvolvimento

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GUEDES, Maria Hermínia de Souza. Oficina da brincadeira> 2ª.ed.Rio de

Janeiro: Sprint, 2000.

KRAMER, Sonia. Com a pré escola nas mãos: uma alternativa curricular para a

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46LEQUIME, Descamps S. VERNEREY, D et al. No país dos deuses, Os Gregos.

São Paulo: Editora Augustos, 1995.

NETO, Carlos Alberto Ferreira. Motricidade e jogo na infância. 3ª.ed. Rio de

Janeiro: Sprint, 2001.

OLIVEIRA, Gislene de Campos. Psicomotricidade – Educação e Reeducação

num enfoque psicopedagógico. 7ª.ed. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2002.

__________________________. Avaliação Psicomotora à luz da psicologia e

da psicopedagogia. 2ª.ed. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2002.

PERRONE, Ercília. Creche – Pré escola teoria e prática. Rio de Janeiro: Sprint,

1996.

SÁNCHEZ, Pilar Arnaiz. MARTINEZ, Marta Rabadán et al. A psicomotricidade

na educação infantil: uma prática preventiva e educativa. Porto Alegre: Artmed,

2003.

SOUZA, Solange Jobim e. KRAMER, Sonia. Educação ou tutela? A criança de

0 a 6 anos. São Paulo: Edições Loyola, 1991.

WAJSKOP, Gisela. Brincar na pré-escola. São Paulo: Cortez Editora, 1995.

WALLON, Henry. As origens do caráter da criança. São Paulo: Nova

Alexandrina, 1995

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ANEXOS

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I

O QUE É A PSICOMOTRICIDADE E A QUE SE PROPÕE

1.1- Elementos e áreas psicomotoras

1.1.1. Coordenação motora global

1.1.2. Coordenação motora fina

1.1.3. Coordenação óculo-manual

1.1.4. Esquema corporal

1.1.5. Lateralidade

1.1.6. Estrutura espacial

1.1.7. Estrutura temporal

1.1.8. Discriminação visual e auditiva

CAPÍTULO 2

EDUCAÇÃO INFANTIL

2.1- A Educação Infantil na História

2.2- A Educação Infantil nos nossos dias

2.3- Quais os objetivos da Educação Infantil na formação das crianças

de 4 e 5 anos?

2.3.1. Desenvolvimento sócio-emocionais

2.3.2. Perceptomotores

2.3.3. Cognitivos

2.3.4. Linguagem

CAPÍTULO 3

O DESENVOLVIMENTO INFANTIL

3.1. O desenvolvimento motor da criança de 4 e 5 anos

3.2. O desenvolvimento intelectual associado ao desenvolvimento

motor

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49CAPÍTULO 4

O LÚDICO NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

CAPÍTULO 4

SUGESTÕES DE ATIVIDADES MOTORAS PARA CRIANÇAS DE 4 E

5 ANOS

5.1- Coletânea de atividades para crianças de 4 anos

5.1.1. Atividades sem material específico

5.1.2. Atividades com materiais específicos

5.2- Coletânea de atividades psicomotoras para crianças de 5 anos

5.2.1. Atividades sem material

5.2.2. Atividades com material

CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA

ANEXOS

ÍNDICE

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FICHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Pós-Graduação “Latu Senso”

Título da Monografia: A importância da Psicomotricidade na Educação Infantil

das crianças de 4 e 5 anos.

Data da entrega: 21/07/2004

Avaliado por: ____________________________________________________

Grau: ____________________________________.

___________________________, _____ de ________________ de 2004