universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo … costa paes leme.pdf · haverá ainda um estudo de...

48
UNIVERSIDA DE CANDIDO MENDES PÓS-GRA DUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE O VA LOR DE UMA MARCA ESTUDO DE CASO : XEROX DO BRASIL Por: Leila Costa Paes Leme Orientador Prof. Ms. Fabiane Muniz Rio de Janeiro 2006

Upload: danglien

Post on 14-Dec-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O VALOR DE UMA MARCA

ESTUDO DE CASO : XEROX DO BRASIL

Por: Leila Costa Paes Leme

Orientador

Prof. Ms. Fabiane Muniz

Rio de Janeiro

2006

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O VALOR DE UMA MARCA

ESTUDO DE CASO : XEROX DO BRASIL

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Marketing

Por: . Leila Costa Paes Leme

3

AGRADECIMENTOS

....a Deus que está comigo em todos os

momentos de minha vida.

4

DEDICATÓRIA

Ao meu filho pela paciência e

compreensão quando precisei ausentar-

me.

À minha família, em especial as minhas

mães e minha avó Iracema pelo incentivo

quando fiquei cansada e quando pensei

em desistir.

5

RESUMO

O presente trabalho aborda o tema “Valor da Marca”, também dito na

leitura mercadológica, como Brand Equity1. O valor da marca depende de uma

relação dinâmica e multifaceada entre produtores e consumidores. Conhecer o

valor da marca é fundamental para entender como utilizá-la, defendê-la,

escandi-la para novas áreas ou ajustá-las para que ganhe força com seus

públicos estratégicos.

A metodologia utilizada neste trabalho foi pesquisa bibliográfica.

No primeiro capítulo é apresentado a definição de marca e seu valor.

No segundo capítulo é descrito o passo-a-passo sobre a construção da

marca, todos os detalhes a serem seguidos para que o sucesso seja obtido.

No terceiro capítulo o tema “valor da marca” é expandido em quatro

ativos, explicados um por um com detalhes.

No quarto capítulo o objetivo é passar ao leitor, após seguidos todos os

passos anteriores para gerar uma marca de sucesso, como mantê-la e o que

não deve ser feito para que o resultado seja o esperado.

No quinto capítulo será exposto o estudo de caso da marca Xerox no

Brasil.

Na conclusão, são feitas considerações sobre ao valor da marca e

porque deve-se seguir todos os passos descritos no decorrer do trabalho.

1 Valor de marca

6

METODOLOGIA

Neste estudo a metodologia usada quanto aos fins será investigação

explicativa, já tem tenho como objetivo tornar mais fácil a elaboração de uma

marca para que desta forma ela tenha maiores possibilidades de se tornar um

sucesso.

Quanto aos meios, a pesquisa será bibliográfica porque para

fundamentação teórico-metodológico do trabalho será realizada investigação

sobre os seguintes assuntos: definição de marca, principais objetivos, melhor

forma de escolher uma marca, desenvolver a marca, fazer com que a marca

não seja esquecida.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 8

CAPÍTULO I – O QUE É MARCA E QUAL O SEU VALOR?.......................... 10

CAPÍTULO II - CONSTRUINDO A MARCA..................................................... 162.1 - Posicionando a marca.......................................................................... 18

CAPÍTULO III - O QUE É BRAND EQUITY? .................................................. 213.1 - Lealdade à marca ................................................................................ 213.2 - Conhecimento da marca ...................................................................... 243.3 - Qualidade percebida ............................................................................ 273.4 - Associações da marca ......................................................................... 28

CAPÍTULO IV - MANTENDO AS MARCAS .................................................... 304.1 - Os pecados capitais ............................................................................. 324.2 - Reposicionar ou não? .......................................................................... 33

CAPÍTULO V – ESTUDO DE CASO: XEROX DO BRASIL ............................ 365.1 - Um breve histórico ............................................................................... 365.1.1 - Xerox no Mundo ................................................................................ 365.1.2 - Xerox do Brasil .................................................................................. 37

5.1.2.1 – O declínio................................................................................... 375.1.2.2 – A reconstrução........................................................................... 39

CONCLUSÃO .................................................................................................. 43

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA...................................................................... 45

WEBGRAFIA ................................................................................................... 47

ANEXOS .......................................................................................................... 48

8

INTRODUÇÃO

O objetivo geral do estudo é analisar conhecimentos para planejar de

forma correta como desenvolver uma marca que possa ser um sucesso no

futuro e como objetivo específico apontar as fases necessárias a serem

cumpridas para desenvolvimento de uma marca.

Um estudo realizado, em 2003, na França os nomes de marcas são

mais internacionais que as palavras comuns e estão criando um novo

esperanto2. Este estudo ainda não foi concluído, mas os resultados

preliminares sugerem que um francês conhece, em média, cerca de 3 mil

palavras e 2 mil marcas. (O Globo, 07/09/2003). Esta reportagem motivou o

início deste trabalho.

Entende-se, no presente trabalho, que todas as atividades, que de

alguma forma possuam uma conexão com a produção de bens e serviços,

estão ligadas a função produção e podem ser modeladas considerando um

sistema de input3-transformação-output4. Assim sendo, considera-se que

atividades e ações desenvolvidas com o propósito de criar valor para uma

marca têm como input informações e conhecimentos relativos a esta marca e

como output um ‘Valor de Marca’ validado por seus diferentes públicos de

relacionamento. A marca é, portanto, um recurso de transformação (input) que

age sobre informações e consumidores (recursos transformados).

No presente estudo buscou-se abordar o tema “Valor da Marca”,

também dito na literatura mercadológica como Brand equity5 ou capital-marca,

por entender que marca não é apenas mais um nome estático num anúncio,

ou numa embalagem, e que cria associações de promessas, sucesso ou boa

vida. O problema que esta pesquisa procura solucionar é a melhor forma de

planejar uma marca para que ela tenha maiores possibilidades de se tornar um

sucesso ou que, pelo menos, não fracasse totalmente.

2 Desenvolvido em 1887, para ser uma língua universal. Contudo, jamais foi adotada como tal.3 Entradas de dados4 Resultados5 Valor de marca

9

O estudo pretende abordar o passo-a-passo do planejamento de uma

marca e sua limitação ficará restrito a elaboração da marca, dando exemplos

reais ao longo de seu desenvolvimento. Haverá ainda o resultado de pesquisas

e reportagens atuais enaltecendo cada vez mais o valor de uma marca.

Neste estudo, a maior dificuldade é convencer os administradores,

principalmente os de empresas de médio e pequeno porte da importância dos

passos a serem seguidos para um bom resultado.

Haverá ainda um estudo de caso da empresa Xerox do Brasil que foi

uma das marcas mais fortes no ramo de atividade a qual atende, com o passar

dos anos, principalmente no final da década de 90 as profundas modificações

em todos os níveis das atividades políticas, sociais, econômicas e culturais

afetaram sua marca, perdendo campo para outras marcas. O presente estudo

irá descrever sua queda no final dos anos 90 e sua caminhada para a

ascensão novamente.

A metodologia usada quanto aos fins será investigação explicativa, já

que tenho como objetivo tornar mais fácil a elaboração de uma marca para que

desta forma ela tenha maiores possibilidades de se tornar um sucesso.

Quanto aos meios, a pesquisa será bibliográfica porque para

fundamentação teórico-metodológico do trabalho será realizada investigação

sobre os seguintes assuntos: definição de marca, principais objetivos, melhor

forma de escolher uma marca, desenvolver a marca, fazer com que a marca

não seja esquecida.

10

CAPÍTULO I – O QUE É MARCA E QUAL O SEU

VALOR?

A palavra marca é uma tradução do termo “brand”, cuja origem vem do

arcaico norueguês “brandr” que significava queimar. Isto porque era a forma

como os fazendeiros marcavam seus animais para identificá-los.

Segundo Kotler (2000), marca é um nome, termo, símbolo, desenho ou

uma combinação destes elementos que deve identificar os bens ou serviços de

uma empresa e diferenciá-los da concorrência.

Um nome diferenciado e/ou símbolo (tal como logotipo marca registrada

ou desenho de embalagem) destinado a identificar os bens e serviços de um

vendedor ou grupo de vendedores e a diferenciar esses bens e serviços dos

concorrentes. (AAKER, 1998,p.10)

Face o exposto nas afirmações anteriores, a marca existe para

identificar e diferenciar os produtos ou serviços de uma determinada

organização dos demais concorrentes, e para isso ela utiliza alguns elementos

como: nome, termo, símbolo, desenho.

Uma vez que as marcas residem, do ponto de vista de sua significação,

na mente dos potenciais clientes, seu emprego é praticamente ilimitado.

Qualquer item, animado ou não, que possa diferenciar-se em alguma

dimensão, poderá dar origem a uma marca.

O Random House Dictionary of the English Language define nome de

marca como um ”produto ou serviço que traz um nome de marca amplamente

conhecido.”Nomes de marcas são mesmo as representações mais familiares

das marcas. Nós vemos todos os dias. (KNAPP, 2002, p.6)

A existência de marcas não é um fenômeno novo: as primeiras marcas

remontam à pré-história, e serviam para responder às perguntas: quem

fabricou isto? Quem é seu proprietário? O que é? E o que o torna especial?

Caçadores na pré-história gravavam suas armas para indicar propriedade,

ceramistas da Grécia e Roma pressionavam seu polegar na argila ainda úmida

na base dos potes para indicar sua origem, na Idade Média as corporações e

11

as famílias usavam tradicionais símbolos heráldicos, remédios e fumo eram

marcados na jovem América, até chegamos hoje às marcas mundiais.

Formalmente, uma marca sempre foi um meio eficaz de condensar e

comunicar uma realidade complexa numa imagem que transcende fronteiras.

Para Knapp (2002) a marca é diretamente relacionada como um atributo

distintivo na mente do consumidor.

A marca vale mais do que o produto ou serviço em si, esta é a

conclusão de Sampaio (2000) após afirmar que para função do produto, a

marca, adiciona sentimento; para o valor, exclusividade; para performance;

personalidade.

O conceito de que as marcas são valiosas data de muito tempo. Nos

tempos medievais, um comerciante colocava o seu selo próprio nos produtos -

como ouro, prata e tecidos. Como o símbolo era a marca de um comerciante

em particular, passou a ser conhecido como uma marca registrada. Já nesta

época, a sociedade reconhecia o valor das marcas registradas e as punições

contra os violadores eram severas. Em 1597, dois ourives condenados pela

violação de práticas de registro de marcas foram pregados pelas orelhas em

um pau.

“Produto é algo que é feito na fábrica enquanto marca é

algo que é comprado pelo consumidor. O produto pode

ser copiado pelo concorrente; a marca é única. O produto

pode ficar ultrapassado rapidamente; a marca bem

sucedida é eterna”. STEPHEN KINGS (apud, AAKER,

1998, p.1)

Nos dias de hoje os chamados ‘produtos novos’ logo são surpreendidos

por produtos que oferecem os mesmos benefícios por um valor mais baixo que

o pioneiro, sendo assim fica cada vez mais difícil de tornar um cliente fiel a

marca. Um exemplo disso foi o alvejante para roupas coloridas Vanish (produto

da empresa Reckitt Benckiser), lançado a aproximadamente 6 anos atrás no

Brasil, pioneiro no mercado, inovação total para as donas de casa, ninguém

12

jamais teve esta idéia, começou a ser vendido com um valor muito alto,

praticamente o dobro dos alvejantes normais, hoje em qualquer supermercado

encontramos várias outras marcas, onde os produtos trazem os mesmos

benefícios. Acabou o império do Vanish.

Sampaio (2000) revela que em pesquisas feitas nos Estados Unidos

confirmaram que a rentabilidade final de uma empresa é sempre diretamente

proporcional à sua participação no mercado, que por sua vez está diretamente

ligada à força da marca. Já que o valor de uma marca no mercado influencia a

lucratividade, é fato que o correto é sempre agregar atributos para seu

sucesso.

A marca, se bem trabalhada, pode representar um valor maior do que o

próprio negócio da organização, ela é um bem intangível, não-consignado em

balanços, para a maioria de seus proprietários; porém existe uma exigência

constante nos padrões de conduta que garantem a qualidade do produto (e de

sua imagem), e que muitas vezes coincide com as estratégias de valorização

que a empresa aplica à sua marca.

Figura 1 – Contribuição de Marca

FONTE: Knapp(2002,p.5)

A Interbrand uma empresa multinacional especializada no fornecimento

de serviços relacionados à marca, que incluem estratégia, avaliação e

pesquisa. O processo de avaliação realizada pela Interbrand é inicialmente

constituído com base em sete critérios : liderança, estabilidade, situação no

13

mercado, tendência, apoio e proteção; após definido este indicador da força da

marca é multiplicado por alguns índices financeiros da empresa e, desta forma

chegasse a uma valorização financeira da marca, como ativo intangível da

empresa. A seguir pesquisas recentes sobre as marcas mais valiosas do

mundo e do Brasil.

Figura 2 – Ranking mundial das 10 marcas mais valiosas

Posição no ranking 2005 2004Percentual

de

2005 2004 2003 2002 2001

MarcaValor da marca*

Valor da marca* Mudança

1 1 1 1 1 Coca-Cola 67,525 67,394 0%

2 2 2 2 2 Microsoft 59,941 61,372 -2%

3 3 3 3 3 IBM 53,376 53,791 -1%

4 4 4 4 4 GE 46,996 44,111 7%

5 5 5 5 6 Intel 35,588 33,499 6%

6 8 6 6 5 Nokia 26,452 24,041 10%

7 6 7 7 7 Disney 26,441 27,113 -2%

8 7 8 8 9 McDonald's 26,014 25,001 4%

9 9 11 12 14 Toyota 24,837 22,673 10%

10 10 9 9 11 Marlboro 21,189 22,128 -4%* Valores em bilhões de dólaresFonte: Revista Business Week

Esta foi a última pesquisa mundial realizada pela Interbrand em agosto

de 2005. Observando o ranking é notório que as marcas primeiras 4 empresas

se mantiveram em suas posições nos últimos 5 anos, embora algumas delas

tenham o percentual de mudança negativo na pesquisa deste ano.

Dentre as dez primeiras a marca Marlboro foi a que teve maior queda no

percentual de mudanças. Este fato se deu dentre outras coisas a empresa

deixou com que a imprensa fizesse de seu símbolo uma arma contra ela

própria, o caubói, garoto propaganda da marca durante anos, morreu de

câncer de pulmão. Só nos Estados Unidos, há mais de 200 pedidos de

indenização por danos a fumantes. Em 2001, a fabricante pagou 3 bilhões de

dólares a um americano que fumava Marlboro e tinha câncer terminal.

Com as campanhas contra o fumo em todo mundo a imprensa usou a

imagem do caubói em seu leito de morte para causar maior impacto nas

campanhas contra o fumo.

14

Figura 3 – Bryan Lee Curtis, um dos americanos que processaram a Philip Morris, dois meses antes de morrer de câncer

Fonte: Revista Veja

Figura 4 – Bryan Lee Curtis, em seu leito de morte, sua esposa e seu filho com 2 anos

Fonte: Revista Veja

Figura 5 – Ranking brasileiros das 12 marcas mais valiosas

15

Fonte: Isto é Dinheiro

Esta pesquisa também foi realizada pela Interbrand porém em nível

nacional, onde as instituições bancárias são a maioria neste ranking a

explicação para isso é que o Brasil é um país marcado por escassez de

crédito, rentabilidade anêmica e taxas de juros indecentes, o rigor na gestão

financeira pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso de um negócio.

Por esse motivo, das 12 marcas, nove pertencem a empresas com “forte

cultura financeira”.

16

CAPÍTULO II - CONSTRUINDO A MARCA

Knapp (2002) lembra que por muito tempo as empresas acreditavam

que a melhor maneira de construir uma marca era seguindo o modelo F.R.E.D.

(Familiarity, Relevance, Esteem, Differenciation6). Neste modelo o mais

importante a fazer era familiarizar os consumidores com o produto ou serviço

oferecido, porém esta teoria reflete a escassez da Segunda Guerra Mundial.

Em virtude disto a preocupação de muitas organizações como

conhecimento levou-as a considerar a propaganda a principal atividade de

marketing. Hoje em dia temos abundâncias de escolhas, desta forma o mais

importante agora é diferenciar os produtos e serviços de uma forma que os

consumidores apreciem e valorizem.

“Estamos na década do valor. Se você não conseguir

vender um produto da melhor qualidade pelo menor

preço do mundo, você estará fora do jogo (...) a melhor

maneira de reter seus clientes é imaginar

constantemente como lhes dar mais por menos.”

(WELCH, apud AAKER, 1998, p.12)

Para Kotler (1999) os três principais passos para construir uma marca

são:

1º passo: Escolher o nome.

Entre as qualidades desejáveis em um nome de marca estão: sugerir

algo a respeito dos benefícios do produto; sugerir qualidades do produto como

ação ou efeito; ser fácil de pronunciar, reconhecer, lembrar, nomes curtos

ajudam; deve ser singular; não deve ter conotações pejorativas em outros

idiomas ou países.

6 Familiaridade, relevância, apreço, diferenciação.

17

Pode parecer fácil escolher um nome mais não é, é normal que uma

empresa não queira seguir todas as dicas acima no ato do lançamento de seu

produto ou até mesmo na escolha do próprio nome da empresa, porém o

futuro não é previsível, se a empresa se tornar errado pode prejudicá-la, pois

podem ocorrer coincidências de conotações pejorativas em outros idiomas,

prejudicando assim o desenvolvimento da empresa que poderia ter todos os

requisitos para obter uma fatia no mercado e não consegue por causa de um

equívoco na escolha de um ‘simples’ nome.

2º passo: Desenvolver associações e promessas fortes para esse

nome de marca.

Para construir associações positivas para uma marca, o construtor

deverá considerar cinco dimensões são elas:

Atributos – Marcas fortes deveriam despertar certas lembranças de

atributos na mente do comprador.

Benefícios – Uma marca forte deve sugerir benefícios, não apenas

aspectos.

Valores da empresa – Marcas fortes devem conotar valores que a

empresa preza.

Personalidade – Uma marca forte deveria exibir alguns traços de

personalidade.

Usuários – Uma marca forte deve sugerir os tipos de pessoas que

compram a marca.

Após a dura tarefa da escolha do nome a empresa tem que se

preocupar com as associações e promessas da marca, não basta fazer

associações e promessas, elas devem ser cumpridas para que a marca não

perca a confiabilidade adquirida anteriormente.

3º passo: Administrar todos os contratos dos clientes com a marca,

de modo que esses contratos atendam ou superem as expectativas geradas

em relação à ela.

18

O cliente tem sempre razão. Quem nunca escutou esta frase?

Atualmente várias empresas possuem o chamado SAC7, normalmente é um

08008, é certo na maioria das vezes os clientes que ligam têm mais

reclamações do que elogios a fazer e as empresas, na maioria dos casos, se

limitam a solucionar o problema de um único cliente, mesmo sabendo que o

problema irá se repetir. Ou seja, elas não se antecipam aos problemas elas

são reativas e não pró-ativas, não adianta solucionar o problema do cliente, o

que deve ser evitado é que ele tenha o problema.

Dell (apud, Sampaio, 2002, p.2), criador da Dell Computers, estabeleceu

o conceito que o consumidor é um Deus e que nunca está satisfeito; sendo

assim, Sampaio (2000) diz que a melhor maneira de agradá-lo é antecipando

suas necessidades, propondo mudanças antes mesmo deles se darem conta

de que produtos e serviços existentes já não atendem adequadamente seus

desejos. Ter isso em mente é essencial durante a construção da marca, afinal

"o consumidor nunca está errado, já que ele tem o poder de determinar por

quais leis e regras o mercado deve jogar”. Sampaio, 2002, p.3

Face o exposto as afirmações anteriores de Sampaio, se o cliente é um

Deus, é dever respeitá-lo, escutar bem o que ele tem a dizer, agir como ele

determina, antecipar-se aos desejos e necessidades para que desta forma ele

fique satisfeito e torne-se um cliente leal à marca.

2.1 - Posicionando a marca

Para Ries (1992), posicionar uma marca é conferir uma personalidade

de tal modo distinta das outras que ela irá ocupar uma lugar próprio na cabeça

e no coração do consumidor. Portanto, se é definido uma personalidade para

uma marca, a empresa não pode deixar que o consumidor confunda as marcas

que pertencem às mesmas categorias de produtos.

Porter (apud Kotler, 1999.p.76), propõe três amplas alternativas para

posicionar a marca: a unidade de negócios de se concentrar em diferenciar

produtos, ser líder em preço baixo ou atender um nicho, advertiu ainda que se

7 Serviço de atendimentos aos clientes

19

tentassem ser boas nas três coisas, mas nunca melhores em nada, perderiam

para empresas que se destacassem em apenas um desses setores.

Aristóteles disse que “conhecemos qualquer coisa quando conhecemos

sua essência”. O que ele quis dizer é que: cada coisa, cada pessoa, cada lugar

têm essência distinta. Em uma marca, esta distinção é o que separa um

produto do seu rival. Não se pode ser somente excelente, e sim ser excelente

em alguma coisa especial.

Kotler (1999) relaciona 7 fontes possíveis de posicionamento:

1 – Por atributo: A empresa posiciona com um certo atributo ou aspecto.

Ex: Skol – 1ª cerveja em lata de alumínio.

2 – Por benefício: O produto promete um benefício.

Ex: OMO - Lava muito mais com muito menos.

3 – Por uso/aplicação: O produto é posicionado como o melhor par um

determinado fim.

Ex: Rainha – Tem um modelo de tênis que é o melhor em absorção de

impacto contra o solo.

4 – Por usuário: O produto é posicionado em termos de um grupo-alvo

de usuários.

Ex: Tênis da Sandy – Para crianças e pré-adolescentes.

5 – Por contra corrente: O produto sugere ser diferente, ou melhor, do

que o produto do concorrente.

Ex: Brahma X Schincariol

6 – Por categoria: A empresa pode descrever-se como a líder na

categoria.

Ex: Xerox – Máquina copiadora

7 – Por preço/qualidade: O produto é posicionado em um determinado

nível de qualidade e preço.

Ex: Canetas Mont Blanc.

E ainda pode distinguir cinco posições de valor:

8 Prefixo de ligação gratuita

20

- Mais por mais – Empresas que se especializam na versão mais

sofisticada do produto e que cobram um preço alto para cobrir seus custos

mais elevados.

- Mais pelo mesmo – A empresa é capaz de oferecer a mesma

qualidade e desempenho por um preço muito mais baixo.

- Mesmo por menos – quando um produto ou marca consagrada por

menos que o preço normal.

- Menos por muito menos – Quando um produto ou serviço

proporcionam mais do que elas precisam, mais mesmo assim têm que pagar

um preço mais elevado.

- Mais por menos – O melhor posicionamento de valor, onde é

oferecido mais por menos.

Tudo isso indica que cada marca deve adotar uma estratégia de

posicionamento de valor projetada para seu mercado-alvo. ‘Mais por mais’

atrairá um tipo de mercado-alvo; ‘menos por muito menos’ atrairá um outro. O

único posicionamento de valor que, inevitavelmente, falhará é ‘menos por

mais’. Neste último caso, o cliente sente-se enganado, contra a outros e a

marca logo desaparece do mercado. (KOTLER, 1999, p.84)

O posicionamento reflete a imagem da marca, a interpretação e a

classificação da marca na mente do consumidor, e deve ser único, digno de

confiança, sustentável, conveniente e apreciado.

21

CAPÍTULO III - O QUE É BRAND EQUITY?

“O brand equity é definido como o conjunto de ativos e

de passivos ligados à marca – seu nome e símbolos –

que adicionam ou subtraem valor com respeito a um

produto ou serviço. Esses ativos incluem a lealdade à

marca, o nível de conhecimento da marca, a qualidade

percebida, e as associações.” (AAKER, 1998, p.283)

Conforme Sampaio (2002), a expressão brand equity pode espantar à

primeira vista, mas na verdade trata-se simplesmente do conceito de “valor de

marca”, ou seja, de como a força de determinada marca pode ser convertida

em valor para o produto/serviço em si e para empresa que a possui.

Os consumidores estão cada vez mais críticos, a concorrência vem

crescendo em uma velocidade tal que só o que chama mais atenção deles

ganha uma fatia no mercado. As empresas agora não se preocupam mais em

apenas adquirir mais clientes e sim de mantê-los fieis as marcas. O brand

equity tem o papel principal de adicionar cada vez mais valor à marca e de

preferência de forma positiva, para que desta forma a empresa consiga atrair e

manter seus clientes, afastando os concorrentes cada vez mais.

Uma marca forte desempenha o papel de facilitador operacional,

auxiliando e influenciando os consumidores em sua tomada de decisão,

relativa a escolha de produtos e serviços. A lealdade a uma determinada

marca confere a empresa detentora uma vantagem quanto a potenciais novos

entrantes em seu mercado, em função da resistência à mudança dos próprios

consumidores acostumados com a performance dos produtos da marca.

3.1 - Lealdade à marca

22

“O âmago do brand equity é a lealdade de sua base de

consumidores – o grau em que os consumidores estão

satisfeitos têm custos de mudança de marca, gostam da

marca e estão engajados. Um conjunto leal de

consumidores pode ter valor substancial e é

freqüentemente subestimado. Pode reduzir os custos de

marketing, uma vez que é menos oneroso manter um

consumidor de que conquistá-lo ou reconquistá-lo, e,

ainda, dá novo impulso a outros no canal de distribuição.

Os consumidores podem criar o conhecimento da marca

e gerar confirmação para outros novos consumidores.

Aqueles que são leais também levarão um bom tempo

para responder aos avanços da concorrência.” (AAKER,

1998, p.285)

As empresas, em sua maioria, têm uma preocupação excessiva de

adquirir novos clientes, e desta forma se empenham somente nas novas

aquisições e esquecem de satisfazer aqueles clientes que já são fiéis a marca.

O cliente fiel até muda de distribuidor caso não encontre o seu produto

preferido, esse é o cliente que toda empresa sonha.

Está claro que o ponto alto do marketing não é satisfação do cliente – é

a fidelidade à marca. A fidelidade dos clientes atuais representa ainda uma

grande barreira à entrada para os concorrentes. A medida que a lealdade

aumenta, a vulnerabilidade da base de consumidores à ação dos concorrentes

diminui.

É mais barato manter o cliente do que conquistar um novo, pois para

manter um cliente basta atender da melhor maneira possível suas reclamações

e sugestões, e utilizando-se delas para o aperfeiçoamento do produto e/ou

serviço; desta forma há a satisfação do cliente e a melhoria dos serviços e/ou

produtos oferecidos. Quando se consegue conter os clientes automaticamente

adquirimos novos clientes, pois um cliente satisfeito faz a melhor propaganda

do seu produto, pois passa segurança e confiança para os novos clientes.

23

Aaker (ibid.) informa ainda que para reter clientes tem que haver um

gerenciamento ativo, para fazer os clientes serem tratados de forma correta.

Se faz necessário ainda realizar pequenas coisas, permanecer junto aos

consumidores, medir a satisfação, proporcionar extras, criar custos de

mudanças, e em geral investir nos consumidores; embora as orientações

acima sejam muito óbvias e simples as organizações têm muitas dificuldades

de realizar estas atividades.

Figura 4 – A pirâmide da Lealdade

Fonte: Churchill (2000)

Conforme Aacker (1998) e Matins (1997), destacam na figura 4, a

pirâmide da lealdade apresenta os seguintes estágios:

Sem fidelidade à marca: qualquer produto é percebido como

satisfatório, a marca não constitui elemento de poder de decisão de

compra, um dos fatores de preferência é o preço ou a própria

conveniência do consumidor. Possui pouco conhecimento da marca

e é um comprador mutável;

Cliente satisfeito: não existe ponto negativo que o faça mudar de

marca, principalmente se isso não é conveniente para ele. Não

procuram alternativas e possuem bom nível de conscientização.

24

Satisfeito e terá custos de troca: são aqueles que conhecem o

produto por experiência de uso, seus atributos e suas necessidades

são satisfeitas. O concorrente só o conquistará caso apresente

qualidades similares e um diferencial no qual haja vantagens sobre o

custo benefício, são suscetíveis às mudanças. Possui grau de

aceitabilidade.

Valoriza a marca: grupo de clientes satisfeitos com vínculo longo de

consumo, o qual transforma em sentimento afetivo. Vê a marca

como uma amiga, é um apreciador da marca e possui alto grau de

preferência;

Devotado à marca: este é um comprador comprometido com a

marca, que percebe todo o benefício obtido por ele através da marca

e recomenda o seu uso a pessoas do seu círculo de relação. A

marca define seu estilo de vida. É um defensor da marca e possui

alto grau de lealdade.

As empresas tendem a recompensar os compradores desleais

oferecendo a eles mais e mais ofertas e, depois, punindo os melhores clientes

os considerá-los clientes eternos.

Os compradores leais não esperam até que seus produtos favoritos

estejam liquidando, eles compram o produto quando querem, porque

acreditam no valor inerente do mesmo e vão pagar o preço sem desconto e

ficar felizes da vida.

3.2 - Conhecimento da marca

“Não subestime o poder de conhecimento de uma marca

– reconhecimento, recordação (a sua marca é lembrada

como pertencendo a uma classe de produto), e na ponta

25

da língua (a primeira a ser lembrada). As pessoas

gostam do que lhes é reconhecível. Além disso, o

reconhecimento é o elo da presença, da substância e da

permanência. A recordação pode ser uma condição

necessária para ser levada em conta, e pode também

influenciar sutilmente as decisões de compra. Também

proporciona a âncora a que estão ligadas as outras

associações.” (AAKER, ibid., p.286)

‘Do grau de conhecimento, resulta o chamado top of mind9 ou share of

mind10’ Lendrevie (1996, p.480).

Considerando a citação acima, o conhecimento da marca refere-se à

presença de uma marca na mente dos consumidores, variando desde o

reconhecimento, passando pela recordação, chegando ao top of mind e à

marca dominante. As pessoas tendem a comprar uma marca conhecida, pois

sentem-se confortáveis com o que lhes é familiar. É simplesmente a lembrança

de que houve uma exposição anterior à marca.

“Há uma crença generalizada, especialmente entre

leigos, de que uma intensiva propaganda e um produto

suficientemente bom fazem uma nova marca ganhar

mercado, mesmo que numa classe de produtos

maduros... . Em algumas classes de produtos maduro o

único modo de se tornar uma marca líder é ter nascido

líder.”(AAKER, 1998, p.75)

Figura 5 : Conhecimento da marca

9 Marcas mais lembradas10 Classificação de ordem numérica que uma marca possui entre seus concorrentes, na mente do consumidor que normalmente é traduzida em porcentagem.

26

Fonte : IPECO – Instituto de pesquisa

Conforme destacada figura 5, o conhecimento da marca se divide nos

seguintes aspectos:

Associação

Não é possível criar associações entre a marca, atributos e

benefícios, sem que a marca seja conhecida. Nenhum tipo de

comunicação consegue ligar conceitos a uma marca que não existe

na mente dos consumidores.

Familiaridade

O reconhecimento proporciona um senso de familiaridade com a marca.

Os consumidores preferem o que lhes parece familiar.

Substância

A substância se baseia no fato de que se um nome é conhecido é

porque deve ter uma razão (os consumidores consideram as marcas

conhecidas mais importantes).

Consideração

A consideração de uma marca no elenco de marcas que o

consumidor poderá escolher será determinada pelo conhecimento da

marca .

O conhecimento de uma marca pode proporcionar um conjunto de

vantagens competitivas, conferindo à marca um senso de familiaridade,

27

presença e comprometimento junto aos consumidores. É muito difícil

desbancar uma marca que atingiu um nível de consciência dominante.

3.3 - Qualidade percebida

Segundo Aaker (1998) a qualidade percebida dá lucro; de acordo com

estudos utilizando dados de milhares de negócios nos debates PIMs11,

melhorar os preços, participar no mercado e o ROI12. A qualidade percebida foi

classificada como o mais alto ponto de vantagem competitiva numa pesquisa

de gerentes de unidades de negócio. Proporciona uma razão de compra, um

ponto de diferenciação, uma opção de preço premium13, o interesse do canal

de distribuição e uma base para as extensões da marca.

Sem sombra de dúvida, o determinante mais importante da força da

marca é a qualidade percebida, mas para conseguir uma marca de qualidade é

preciso muito mais do que criar um produto de qualidade. É preciso criar uma

relação de qualidade da marca e esta relação vem da combinação de um

produto de qualidade vendido com qualidade.

“A qualidade percebida pode ser definida como o

conhecimento que o consumidor tem da qualidade geral

ou superioridade de um produto ou serviço pretendido,

uma relação as alternativas.”(AAKER, 1998, p.88)

A qualidade percebida é um sentimento geral sobre a marca, que varia

conforme o grau de expectativa gerado pelo consumidor. É o juízo do

consumidor sobre a superioridade ou excelência do produto ou serviço.

A percepção que o consumidor tem da qualidade geral de uma empresa

ou superioridade de suas ofertas, em relação a alternativas de mercado,

oferece uma forte razão de compra e cria um posicionamento de marca

diferenciado, estabelecendo o nível de lealdade à marca.

11 Profit Impact of Market Strategy – Painel de Indicadores de Marketing12 Return on Investment - Retorno de Investimento13 Preço de prestígio

28

O conhecimento da posição da marca, nessa categoria, possibilita saber

se o preço a ser cobrado deve ser mais elevado (prêmio), normal ou

econômico e oferecer ao consumidor um valor superior por um preço

competitivo. Possibilita, também, a varejistas e distribuidores, avaliar as

possibilidades de ampliação da distribuição da oferta, aumentando o tráfego

pelos diversos canais. Serve, inclusive, como indicador significativo no

processo de avaliação de extensão de marcas.

A qualidade percebida costuma ser um impulsionador estratégico

importante de uma empresa, presente em seus valores, princípios, normas e

símbolos. Define o ambiente competitivo e o tipo de posicionamento de marca

a ser adotado. Principalmente as marcas corporativas, que investem em uma

única marca como forma de criar uma impressão global, clara e coerente junto

aos seus públicos e, portanto, menos passíveis de serem impulsionadas por

benefícios funcionais, encontram na categoria “qualidade percebida” a principal

dimensão para seu posicionamento junto ao mercado.

Considerando que a qualidade percebida está intimamente presente

naquilo que os clientes compram e na experiência de uso decorrente, esta

categoria contempla uma medida de apropriação e comunicação da marca que

se difunde para todos os seus elementos. Quando se aperfeiçoa a qualidade

percebida, em geral aperfeiçoam-se, também, a percepção das outras

categorias de marca pelos clientes. Conhecer como os clientes avaliam a

qualidade percebida, reconhecer os pontos que influenciam na percepção de

marca e gerenciá-los.

3.4 - Associações da marca

Aaker (1998) define associação da marca como qualquer coisa

mentalmente ligada à marca. A posição da marca baseia-se nas suas

associações e em como elas diferem da concorrência. Uma associação pode

afetar o processamento e a recordação de informação, proporcionar um ponto

de diferenciação e uma razão-de-compra, criar atitudes e sentimentos

positivos, e servir com base para extensões. O autor afirma ainda que estas

associações podem incluir atributos do produto, um porta-voz famoso, ou um

29

símbolo particular, tudo o que a organização pretende que a marca signifique

nas mentes dos consumidores.

Ou seja, trata-se, de qualquer coisa associada à nossa memória da

marca e que suporta o capital de marca. Considera o autor, que uma

associação será tanto mais forte quanto mais se basear nas nossas

experiências ou exposições a comunicações; e quanto mais suportada por

outras ligações, nomeadamente à notoriedade ou à fidelidade à marca.

As associações estão “ligadas” a uma imagem na memória do

consumidor. A força desta imagem ajuda a processar um conjunto de fatos e

especificações, que de outra forma, seria difícil para o consumidor processar e

acessar e muito dispendioso para a empresa comunicar.

Considerando que a força da imagem de marca está relacionada à

quantidade de experiências de uso e exposições a comunicações, quanto mais

complexa e maior for a rede de associações estabelecidas para os

consumidores, mais forte e atraente será a marca. Entretanto, para tal, as

associações devem apoiar uma às outras e serem consistentes ao longo do

tempo.

As associações, ou imagens de marca proporcionam um ponto de

diferenciação entre marcas que passam a ser percebidas como uma entidade

com personalidade própria. Em alguns casos, as associações da marca

informam atributos do produto ou comunicam benefícios aos consumidores

que propiciam uma razão específica para comprar e usar a marca.

Outras vezes a associação de marca com um personagem famoso,

carismático, ou utilização de slogans provocativos cria atitudes e estimulam

sentimentos que são transferidos para a marca.

Uma associação pode proporcionar a base para futuras extensões do

portifólio de produtos da empresa, criando um senso de adequação entre o

nome da marca e um novo produto, ou fornecendo uma razão de compra da

extensão.

30

CAPÍTULO IV - MANTENDO AS MARCAS

Sampaio (1999) descreve sete aspectos devem ser considerados para

se avaliar a marca e estabelecer um plano para protegê-la, são elas:

1. Liderança – Uma marca que está liderando um segmento é mais

estável e tem um evidente maior potencial de rentabilidade do que suas

concorrentes.

Ocorreu em nossa economia e em todos os setores, a redução da

margem de lucro e os empresários procuraram, de todas as maneiras, reduzir

os custos. Por ser parte integrante e fundamental no processo de diferenciação

do negócio, a marca, se estabelecida com sucesso pode transformar-se em

vantagem na determinação do preço e do serviço. Por isso saber escolher,

construir, manter e identificar o valor de uma marca torna-se essencial, na

atualidade.

2. Estabilidade – Quanto mais estável ao longo do tempo e quanto mais

leais forem os seus consumidores, maior valor tem a marca.

Normalmente as marcas mais antigas valem mais, pois a lealdade de

seus clientes ao longo do tempo agregam valor a ela.

3. Mercado – Marcas de comida e bebida têm maior valor (e influência

para o sucesso) que marcas de roupas e eletroeletrônicos, por exemplo (pois

estes dois mercados são muito suscetíveis a rápidas mudanças em função da

moda e das conquistas tecnológicas).

Marcas de perecíveis tem maior valor pois tem uma continuidade maior,

as mudanças são raras, a lealdade é mais explícita. Com as marcas de roupas

e eletroeletrônicos já na acontece a mesma coisa pois a tecnologia muda muito

rapidamente a cada dia são lançadas novos produtos com diversas mudanças;

assim como a moda, que é influenciada por estação do ano, novela, artista e

estes também mudam constantemente.

4. Internacionalidade – Marcas internacionais são inerentemente mais

valiosas do que marcas regionais ou nacionais.

31

As marcas internacionais têm maior valor, pois atingem um grande

número de pessoas, as nacionais atingem no máximo a extensão do nosso

país, isso quando não é uma marca regional ou estadual.

5. Tendências – A combinação da tendência da marca (a partir de sua

curva de comportamento) e do mercado no qual se insere é um fator muito

importante para se definir seu valor.

A marca deve aproveitar sua tendência , e acertar o mercado em que irá

penetrar para aumentar suas possibilidades de crescimento.

6. Suporte – Marcas que recebem suportes expressivos e bem

orientados de marketing sem dúvida tem maior valor do que aquelas

abandonadas, ou seja, mal orientadas por seus proprietários.

Marketing é a chave principal para a marca, não se deve subestimar

nem superestimar as idéias do departamento, quem tem este tipo de atitude

normalmente não tem o sucesso esperado em suas estratégias.Não deve

haver nenhum tipo de preferência por alguma ferramenta de marketing, todas

devem ser utilizadas.

7. Proteção – O nível de proteção legal e física (patentes e fontes

exclusivas de suprimento, por exemplo) de uma marca é outro fator importante

para a determinação do seu valor real.

Também são pontos importantes: a renovação e atualização de

registros junto ao INPI14, a defesa contra tentativas de usurpadores, a

ampliação do registro para novos possíveis produtos, a reformulação e

modernização de marcas (desenhos, letras, logotipos), a descoberta e

registros, novas marcas, a manutenção de estoques de marcas já registradas

(sem uso) disponível para futura utilização, uma vez que existe demora na

concessão do registro definitivo pelo INPI.

14 Instituto Nacional da Propriedade Industrial

32

4.1 - Os pecados capitais

Kotler (1999) cita 5 erros que devem ser evitados ao posicionar um

marca, são eles:

Subposicionamento: Não apresentar um benefício ou razão principal

forte para se comprar sua marca.

Superposicionamento: Adotar um posicionamento tão restrito e

específico que alguns clientes potenciais podem não dar atenção à

marca.

Posicionamento confuso: Alegar dois ou mais benefícios que se

contradizem.

Posicionamento irrelevante: Alegar um benefício a que poucos

clientes potenciais dão valor.

Posicionamento duvidoso: Alegar um benefício que as pessoas

duvidem que a empresa possa, de fato, oferecer.

Sampaio (2000) descreve três pontos muito importantes na gestão da

marca, são eles:

1º - As marcas mais fortes terminam por pertencer mais aos

consumidores (clientes e advogados) que nelas acreditam, do que às

empresas que as possuem.

Isso tem sido comprovado constantemente, especialmente quando o

gestor da marca perde-se em aventuras expansionistas sem sentido ou tenta

modificar algum fundamento da marca que esteja muito arraigado no mercado.

Os consumidores reagem imediatamente e com vigor. E se a empresa não

corrige rapidamente o erro, corre o risco de ver a marca desmoronar.

2º - Apesar de sua força e valor, uma grande marca por si só não

segura uma empresa que está em sérias dificuldades ou tem um produto ou

serviço muito defasado e pouco competitivo. São inúmeros os casos de

organizações que julgaram que a simples posse de uma grande marca poderia

salvá-la do pior. Mas também é certo que qualquer empresa vale bem menos

quando não tem marca forte. Tanto no caso de organizações em seu auge,

como até em sua eventual decadência, quando uma marca forte poderia ajudar

a salvá-la (ou pelo menos, a ter algo para vender antes do fim).

33

A empresa nunca pode se achar absoluta no mercado, o mercado nos

dias de hoje é extremamente competitivo, o que não é novidade para ninguém.

Sendo assim a empresa não pode se garantir unicamente no poder da marca,

e sim procurar atualizar o portifólio de seus produtos e processos para

continuar ativa no mercado. Um caso recente no Brasil foi a Parmalat, uma

marca extremamente forte, porém falhas administrativas levaram a empresa a

falência; os processos devem estar sempre sendo revistos, tanto os

operacionais como os gerenciais.

3º - A comunicação tem papel preponderante na construção e

manutenção das marcas, todo mundo sabe disso.

Como nenhuma ferramenta de marketing deve ser esquecida, a

comunicação tem papel principal dentro da empresa pois tem contato direto

com os clientes, tanto internos como externos. É a foto da empresa para seus

clientes, eles vêem e julgam a empresa pelas coisas apresentadas a eles.

A propaganda de reforço da marca não é uma despesa, é um

investimento. E como qualquer investimento seu retorno pode ser calculado

com previsão. A mensagem é bastante clara. Os técnicos em marketing devem

se concentrar em criar uma fidelidade de marca através da construção de

percepções positivas por trás de cada um dos três componentes: a experiência

da qualidade da marca, a liderança de mercado e a participação no mercado.

A consistência da experiência da qualidade deve ser ela mesma, todos os

pontos importantes. Ao contrário do que muitas pessoas acreditam as

promoções não tem absolutamente nenhum efeito na qualidade percebida –

nem bom e nem ruim. O que pode ser mostrado, no entanto, é que a influência

da propaganda é dramática.

4.2 - Reposicionar ou não?

A decisão de posicionamento e reposicionamento para Kotler (2000) e

Martins (1997) é que mesmo uma marca bem posicionada no mercado, pode

vir a ter que reposicionar-se, por mudanças nas preferências dos

consumidores ou pela entrada de novas concorrentes, ou por outros fatores

internos ou externos.

34

Ries (1992) descreve o Seven UP como um caso de reposicionamento.

Era um refrigerante consumido nos EUA, por pessoas mais velhas.

Reposicionou-se para um mercado mais jovem e refrescante e diferenciando-

se das Colas como uma bebida uncola.

Para acompanhar o mercado atual, competitivo da forma que ele

encontra-se ultimamente a marca pode, ou até em alguns casos deve,

reposicionar-se.

Várias empresas fazem isso para que seu market share15 aumente,

sendo assim seu conhecimento de marca pode aumentar na mesma proporção

ou não.

O que deve ser levado em conta é que mesmo uma marca de sucesso,

top of mind, com um market share alto pode reposicionar-se quantas vezes for

necessária para continuar a ser um sucesso. Um exemplo real disso é a Coca-

Cola que já se reposicionou várias vezes.

Há 12 anos as sandálias Havaianas tinham como garoto-propaganda o

humorista Chico Anysio dizendo que ela não deformava e não soltava as tiras.

Era considerado um chinelo comum e muito barato, portanto seu público alvo

eram as classes C e D. Depois de árduo trabalho de reposicionamento,

imagem, comunicação de marketing e muito investimento.

A imagem envelhecida e desgastada e a ameaça à liderança de mais de

30 anos das sandálias Havaianas mostravam que era hora de uma virada.

Neste contexto, a empresa optou por estabelecer uma nova relação do

consumidor com o produto, menos funcional e mais lúdica, menos racional e

mais emocional. O posicionamento da comunicação de Havaianas foi mudado

radicalmente, saindo do eixo de qualidade de produto para qualidade do

consumidor. Com humor, descontração, simpatia e envolvimento, as

personalidades convidadas para dar seu testemunhal passaram credibilidade e

veracidade aos comerciais, gerando um processo de identificação do

consumidor com o produto. Monocromáticas, as Havaianas Top foram

lançadas em 1994 e seguidas por uma diversidade de modelos, como Fashion,

Surf e Brasil, entre outros.

15 Participação da empresa no mercado

35

A recompra do produto tornou-se, então, mais impulsiva. O consumidor

começou a acumular modelos para ocasiões e roupas diferentes a cada nova

estação, ao passo em que o valor agregado possibilitou elevação do preço

médio unitário, recuperando a rentabilidade da marca.

Novos mercados podem ser conquistados como conseqüência de um

reposicionamento, entretanto, o desafio é conseguir alterar a imagem da marca

sem destruir o valor existente com os atuais consumidores da marca.

36

CAPÍTULO V – ESTUDO DE CASO: XEROX DO

BRASIL

Tomando como base o referencial teórico abordado neste trabalho,

serão apresentados, neste capítulo, os dados coletados em pesquisas

realizadas visando esclarecer a ascenção e o declínio da Xerox no Brasil e a

luta que ela está tendo para recuperar o nome no mercado.

5.1 - Um breve histórico

5.1.1 - Xerox no Mundo

Poucas marcas conseguem se manter tão presentes na mente das

pessoas durante tanto tempo, como é o caso da Xerox. Sua história teve início

em 1938, quando o engenheiro nova-iorquino Chester Carlson inventou a cópia

a seco, depois batizada de cópia xerográfica (ou simplesmente xerografia).

Ao perceber que sua invenção seria um grande sucesso, Carlson

buscou a ajuda de investidores, que só veio em 1947, quando a produtora de

papel fotográfico The Haloid Company comprou a idéia.

No ano seguinte, a marca "Xerox" foi registrada oficialmente e, em 1961,

a Haloid Company foi rebatizada com este nome. Foi nessa época que ela

abriu caminho para entrar no rol das seletas marcas que, de tão presentes no

cotidiano das pessoas, são mencionadas a qualquer momento, confundindo-se

com seus produtos.

Durante esse período, a Xerox usufruía do monopólio da

comercialização da nova tecnologia, com patente registrada, o que lhe

reservou exclusividade no mercado, por se tratar de inovação tecnológica.

Aproveitando o espaço garantido por lei, a empresa espalhou-se rapidamente

nos Estados Unidos, ainda na primeira década de vida.

Com receita anual de aproximadamente US$ 16 bilhões, hoje a Xerox

está presente em 150 países, com 67,8 mil funcionários trabalhando em todo o

mundo.

37

Embora seja conhecida principalmente pela produção de

fotocopiadoras, justamente o negócio que alavancou a empresa, a Xerox

também desenvolve outras atividades, que incluem consultoria em gestão da

informação; serviços de impressão em grandes volumes, como contas

telefônicas e de eletricidade; desenvolvimento de software, com soluções

específicas para as necessidades de outras empresas; e uma gama variada de

produtos, como impressoras, faxes e multifuncionais.

5.1.2 - Xerox do Brasil

No Brasil, os primeiros passos da Xerox foram dados em 1965, quando

ela instalou um escritório no Hotel Glória, por intermédio de uma parceria com

uma empresa local, passando a alugar o Xerox 914 – primeiro modelo de

equipamento para cópia a seco lançado no mercado – para seus clientes. Vale

ressaltar que parcerias como estas foram a principal característica da Xerox

em sua estratégia de crescimento.

A expansão foi muito rápida porque a tecnologia era muito inovadora. O

investimento das empresas era quase zero, porque só tinham que pagar o

aluguel da máquina. Financiar o cliente foi a estratégia que a Xerox utilizou na

época para expandir rapidamente.

Hoje, o Brasil é um mercado de grande importância para os negócios da

Xerox e possui a terceira maior subsidiária da organização. Em 1965, foi

instalada a primeira filial da Xerox no país, em São Paulo.

Atualmente, a empresa conta com outras cinco filiais, em Brasília,

Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Belo Horizonte; duas fábricas, na Bahia

e no Amazonas; um centro de desenvolvimento de software, em Vitória; e dois

centros de atendimento aos clientes, no Rio e em São Paulo, além de contar

com 70 empresas autorizadas a vender seus produtos.

5.1.2.1 – O declínio

Durante anos, a Xerox do Brasil carregou o título de modelo de

subsidiária do grupo. Devido a sua performance exemplar, faturou diversos

38

prêmios internos de excelência empresarial. Em 1999, tudo foi diferente. O

desempenho global da companhia tropeçou no mau resultado da filial

brasileira. Resultado: recuo de 52% no lucro e de 6% no faturamento no último

trimestre de 1999, em comparação com o mesmo período de 1998. Além

desse infortúnio, o preço das ações da Xerox registrou uma queda de 60% na

Bolsa de Nova York. Os maus resultados brasileiros - em moeda americana -

já eram de conhecimento da matriz desde o início do ano, mas estavam

mascarados pelo desempenho positivo de outros mercados. No último

trimestre do anode 1999, porém, os números brasileiros tornaram-se mais

visíveis devido à convergência de outros fatores negativos.

Segundo do superintendente da Xerox no Brasil na época, Guilherme

Bettencourt, a filial foi atropelada pelas mudanças na política cambial. No

mercado brasileiro, os resultados foram positivos, com um faturamento de R$

3,6 bilhões, uma elevação de 14% em relação ao ano anterior. Foi na hora de

convertê-lo ao dólar que veio a surpresa: retração de mais de 60% nas contas.

A tarefa de convencer os executivos. Apesar da temperatura elevada

dos encontros, os executivos americanos admitiram que outros fatores

ajudaram a empurrar ladeira abaixo o lucro mundial da companhia. Entre eles,

estão a sobrevalorização da moeda americana em relação às européias e o

impacto do bug do milênio sobre as vendas, o que levou os clientes a adiar as

encomendas. A reestruturação das equipes de venda da própria matriz

também contribuiu para bagunçar as operações no mercado americano.

A crise do início do ano de 2000 voltou a evidenciar o esforço que a filial

brasileira tem feito para se reinventar desde que começou a dar sinais de

cansaço. Dona absoluta do mercado nacional de copiadoras até 1998, a

empresa perdeu cerca de 30% de participação para nomes como Canon e

Minolta. Exatamente a mesma concorrência que levou a matriz americana, a

partir de meados da década de 80, a migrar do modelo analógico para o digital

em sua linha de produtos. No Brasil, essa estratégia começou a ser seguida

timidamente em 1998. Em 1999, apesar de golpeada pela desvalorização do

real, a filial manteve o plano de ampliação de sua presença no mundo digital.

Investiu US$ 200 milhões na modernização do parque industrial e no aumento

39

da capacidade produtiva. Os primeiros resultados já começaram a aparecer: a

participação das copiadoras digitais com capacidade de processamento de

pequenos e médios volumes pulou para 40% em 1999, contra 10% no ano

anterior.

A filial brasileira ainda reduziu drasticamente seu quadro de pessoal,

eliminou escritórios de representação e fechou todos os centros de

atendimento ao consumidor, num movimento que assustou até mesmo

analistas mais habituados a reestruturações corporativas. A companhia

justifica que o processo de fabricação das máquinas digitais é mais ágil do que

no caso das analógicas e exige uma força de trabalho menor, porém mais

especializada.

5.1.2.2 – A reconstrução

Houve, dentro e fora da Xerox, quem torcesse o nariz para a indicação

da desconhecida Anne Mulcahy ao cargo de presidente da companhia em

2001. O que teria levado o Conselho da empresa a colocar no comando a

moça que começou como vendedora autônoma das máquinas Xerox e fez

carreira somente na área comercial? Por que não escolher um craque das

finanças ou da administração para levantar uma companhia que, naquele ano,

acumulava dívidas de US$ 17 bilhões e amargava prejuízo de US$ 200

milhões? A resposta veio rapidamente. Em dois anos, a ex-vendedora

ressuscitou a marca, reduziu o endividamento e transformou o prejuízo num

lucro de US$ 360 milhões. Os resultados foram anunciados há poucos dias,

sob aplausos do mercado. É claro que tradicionais medidas de emergência,

como fechamento de fábricas, demissões e terceirização de atividades, foram

usadas na recuperação. Mas a reconstrução da companhia veio menos das

cartilhas de gestão e mais dos centros de inteligência da Xerox. Com

investimentos de US$ 1 bilhão, Anne Mulcahy botou os técnicos da empresa

para pensar noite e dia em inovação. Deu certo: entre 2002 e 2003, surgiram

35 novos produtos para o mercado de impressão e gráfica – e até uma TV de

plasma Xerox foi criada. As vendas explodiram e os analistas entenderam por

40

que Anne foi chamada: uma especialista em vendas saberia exatamente o que

o mercado queria comprar.

Figura 6 : Reconstruindo a Xerox

Fonte: Isto é Dinheiro

Anne começou a virar o jogo nos laboratórios de Palo Alto. O

consagrado centro de pesquisa, que assinou invenções como o mouse e o

scanner, era uma referência tecnológica para o mundo, mas nos últimos

tempos parecia trabalhar mais para o mercado do que para a própria Xerox. A

presidente mundial passou a exigir prioridade para a companhia. Surgiram

assim dezenas de produtos revolucionários, com destaques para as máquinas

multifuncionais – pequenas maravilhas que copiam, imprimem, funcionam

como scanner, fax, enviam e-mails e podem compartilhar impressos via rede.

Com as novidades, as vendas de equipamentos no mundo subiram 40% em

relação ao ano anterior, contribuindo fortemente para a marca de US$ 15,7

bilhões de faturamento do grupo. No Brasil, a companhia não revela cifras. O

que se sabe é que a venda de novos produtos aumentou 30% em relação a

2002.

Figura 7 : Anne Mulcahy - CEO: Ex-vendedora mudou a história do

grupo

41

Fonte: Isto é Dinheiro

Além dos equipamentos, o presidente da filial brasileira pretende investir

em distribuição, multiplicando os pontos de venda da marca. Serão 62

revendas exclusivas e seus produtos estarão nas prateleiras de outras 120

lojas multimarcas – sem contar os 1,5 mil vendedores autônomos cadastrados

no País. Outra estratégia que segue em linha com os mandamentos de Anne é

reforçar as atividades de consultoria para os clientes. Os serviços incluem

desde a gestão de documentos até a redução de custos nos sistemas de

impressão. Entre os clientes estão empresas como Nestlé, Vivo, Banco

Mercantil, CSN e Embratel. Talvez você não saiba mas hoje os panfletos que

os bancos enviam à sua casa ou as contas de telefone que aparecem em sua

caixa de correspondência são controladas e confeccionadas pelo Centro de

Produção de Documentos Inteligentes da Xerox em Tamboré (SP).

No segmento de impressões de alta produção, para grandes clientes,

Palo Alto caprichou. No ano passado, lançou o Igen3, o maior equipamento

digital de produção gráfica em cores já fabricado no mundo. De acordo com o

instituto CAPVentures, o mercado mundial para impressão digital cresce a

taxas de 34% ao ano desde 2002. A aposta da Xerox é tão grande na nova

tecnologia que do total de US$ 1 bilhão investido em pesquisas, metade foi

destinado aos produtos digitais.

É realmente uma nova era na Xerox. Até a chegada de Anne, os

equipamentos analógicos representavam mais de 60% de suas vendas. A

empresa parecia ter parado no tempo, incapaz de modernizar seus

equipamentos. Quando os números chegaram ao fundo do poço, em 2001,

42

dizia-se no mercado que o pior nem era a vermelhidão do balanço financeiro,

mas o amarelo desbotado do catálogo de produtos da Xerox. A vendedora

Anne mudou a história, investindo em inovação. Tanto que já existem em

países desenvolvidos uma linha de tevê de plasma da Xerox.

Figura 8 – Posição da Xerox Mundial nos últimos 5 anos

Posição no ranking 2005 2004Percentual

de

2005 2004 2003 2002 2001

MarcaValor da marca*

Valor da marca* Mudança

54 51 48 51 45 Xerox 5,705 5,696 0%* Valores em bilhões de dólaresFonte: Revista Business Week

43

CONCLUSÃO

A situação que o mercado apresenta nos dias de hoje é um maior

número de necessidades do que de produtos e serviços para uma situação de

numerosa oferta de produtos e serviços para uma mesma necessidade. De

uma procura de informação sobre produtos e serviços para uma escolha entre

uma enorme gama de oferta. Da ânsia pelo ter, pelo status, para uma maior

preocupação com o ser, com a qualidade e o estilo de vida. Em suma, de uma

necessidade de ter o mesmo que todo mundo para um desejo de ser dentro de

uma comunidade que conta com o indivíduo.

As empresas estão passando de uma ótica de criar produtos e serviços,

para uma ótica de construir marcas com uma identidade e personalidade

próprias. Uma personalidade que justamente ajude este novo consumidor a

eleger aquela marca cuja personalidade melhor se adeqüe à sua própria.

As empresas criam os produtos ou serviços, mas as marcas são

constituídas por um processo cuidadoso e rigoroso que consiste em gerenciá-

las levando em consideração seu público alvo e o mercado em qual estão

inseridas.

Um dos grandes problemas atuais é a similaridade encontrada entre os

produtos, as empresas esquecem que elas devem ter um diferencial de peso

para se destacarem no mercado e conseguirem atingir o market share. O

surgimento das marcas próprias dos supermercados que levam o consumidor

a vivenciar um novo tipo de relacionamento com as marcas. O processo de

escolha já não segue um padrão, mas uma situação de momento que pode ser

motivada pelo preço, pelo conhecimento que o consumidor possui da

qualidade, características, etecetera que, comparados, levam-no à ação da

compra sem que se preocupe com a marca. O maior desafio será fazer com

que o produto/serviço deixe de ser commodity16 e passe a ser uma referência

no mercado, desenvolvendo relações duradouras com seus consumidores.

16 De baixa diferenciação; produtos muito semelhantes em atributos.

44

Os tópicos e subtópicos abordados nesta pesquisa mostraram detalhes

de como uma marca deve ser criada, mantida e reposicionada , se necessário

for.

Mesmo com toda a competividade atual é possível vencer, basta

planejar muito bem o caminho a ser percorrido para garantir o sucesso tão

esperado.

Com o exemplo exposto no estudo de caso ficou claro que só ter uma

marca forte não garante reinado eterno, a manutenção desta marca é

prioridade para o sucesso, para isso a empresa deve ficar sempre antenada

com o ambiente externo, principalmente com a tecnologia e a economia.

A Xerox do Brasil sofreu principalmente com o bug do milênio, a

desvalorização do dólar e com a demora na atualização da tecnologia

mudando de analógica para digital. Contudo a Xerox vem tentando de todas as

formas retomar seu posto de líder.

45

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

AAKER, David A. Marcas: Brand Equity gerenciando o valor da marca. Trad.

André Andrade. São Paulo : Negócio Editora, 1998.

CASTENHEIRA, Joaquim. Marcas que valem ouro. Isto É Dinheiro, São Paulo,

02 junho 2004.

CAVALCANTI, Mariza. A Xerox foi bem. E foi mal.... Isto É Dinheiro, São

Paulo. 23 de fevereiro de 2000.

CHURCHILL, Gilbert A. Marketing: Criando valor para o cliente. São Paulo:

Saraiva, 2000;

KNAPP, Duane E. Brand Mindset: Fixando a marca. Trad. Eliane Moller

Escórcio. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002.

KOTLER, Philip. Marketing para o século XXI: como criar, conquistar e dominar

mercados. Trad. Bazán Tecnologia e Lingüística. São Paulo: Futura, 1999.

KOTLER, Philip. Administração de marketing. 10. ed. São Paulo: Prentice Hall

(Person), 2000.

LENDREVIE, Jacques;LINDON, Denis; DIONÍSIO, Pedro; RODRIGUES,

Vicente. Mercator: Teoria e Prática do Marketing. Lisboa: Publicações Dom

Quixote,1996;

MARTINS, J.R.; BLECHER, Nelson. O Império das Marcas. São Paulo:

Negócios Editora, 1997;

NETO, João Sorima. Em causa própria. Revista Veja - nº 1620 - 20 de outubro

de 1999.

46

OLIVEIRA, Darcio. A reconstrução da Xerox. Isto É Dinheiro, São Paulo, 03

março 2004.

RIES, Al ; TROUT, Jack , Posicionamento: Uma Batalha pela sua mente. São

Paulo:1992

SAMPAIO, Rafael. Propaganda de A a Z: como usar a propaganda para

construir marcas e empresas de sucesso. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus,1999.

SAMPAIO, Rafael. Marcas de A a Z: como construir e manter marcas de

sucesso. Rio de Janeiro: Campus,2002.

TAVARES, Mônica. Marcas criam língua mundial. O Globo, Rio de Janeiro, 07

de setembro de 2003.

47

WEBGRAFIA

The 100 Top Brands. BusinessWeek, Disponível em:

http://bwnt.businessweek.com/brand/2005/?chan=innovation_branding_innovation+met

rics

Acesso em : 19 de maio de 2006.

O que é uma marca conhecida?. IPECO – Instituto de pesquisa.

Disponível em : http://top.ipeso.com.br/intro.asp . Acesso em 31/05/2006.

48

ANEXOS