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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE O VALOR DOS RECURSOS HUMANOS NA ERA DO CONHECIMENTO Por: Mario Obernán Osorio Alzate Orientador Prof. Carlos Alberto Cereja de Barros Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O VALOR DOS RECURSOS HUMANOS NA ERA DO

CONHECIMENTO

Por: Mario Obernán Osorio Alzate

Orientador

Prof. Carlos Alberto Cereja de Barros

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O VALOR DOS RECURSOS HUMANOS NA ERA DO

CONHECIMENTO

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como condição prévia para a

conclusão do curso de Pós-graduação – “Latu –

Sensu” em Gestão Empresarial.

Por: Mario Obernán Osorio Alzate

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AGRADECIMENTOS

A todos aqueles que direta e

indiretamente colaboraram com a

elaboração deste trabalho.

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DEDICATÓRIA

Esta monografia é dedicada à minha

família.

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RESUMO

Atualmente na era do Conhecimento, o Capital Humano é fator

decisivo no sucesso das empresas, convertendo-se no ativo mais valioso que

possui uma organização. É através da gestão de pessoas que as organizações

vão aumentar a capacidade de execução e consequentemente ampliar os

resultados das empresas. A base da competitividade organizacional atual é

constituída basicamente pelas competências dos indivíduos, ou seja, por seus

conhecimentos, habilidades e atitudes. São as pessoas que fazem a diferença

num ambiente competitivo, gerando com isso aumento de produtividade,

riqueza, alcançando sucesso e levando a organização rumo à excelência na

competitividade. Estrutura, tecnologia, recursos financeiros e materiais são

aspectos meramente físicos e inertes que precisam ser administrados

inteligentemente através de pessoas que constituem a organização. Assim, o

fator que realmente constitui a dinâmica das organizações sejam privadas ou

públicas, industriais ou prestadoras de serviços, lucrativas ou não lucrativas,

grandes ou pequenas, são as pessoas. São elas as portadoras de inteligência

que vivifica e norteia qualquer organização. A qualidade dos funcionários de

uma organização, seus conhecimentos e habilidades, seu entusiasmo e

satisfação com seus cargos, seu senso de iniciativa para gerar riqueza, tudo

isso tem um forte impacto na produtividade da organização, no nível de

serviços ao cliente, reputação e competitividade. O sucesso em um ambiente

competitivo de negócios, tal como ocorre hoje, está sendo uma decorrência

cada vez maior de uma administração eficaz de Recursos Humanos,

identificando talentos, desenvolvendo habilidades e competências. As

empresas de alta performance, além de manterem pessoas com alta taxa de

empregabilidade, também visam construir e manter equipes sinérgicas e

competentes. O ser humano, com toda sua potencialidade, é a figura principal

na formatação destes novos tempos e efetivamente pode fazer a diferença no

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6 sentido de construir não só empresas mais ágeis e lucrativas, mas também e

principalmente um mundo mais justo e humano.

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METODOLOGIA

Para procurar atingir o objetivo proposto, desenvolveu-se uma

pesquisa bibliográfica buscando informações e conhecimentos que

norteassem a investigação. A pesquisa bibliográfica é o conjunto de técnicas e

estratégias que se empregam para localizar, identificar e acessar documentos

que sirvam de base para obter informação à pesquisa. Esta pesquisa foi

realizada em livros, revistas, artigos, Internet e outros documentos

relacionados ao tema.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I

A evolução do trabalho do homem através dos tempos 11

CAPÍTULO II

Recursos humanos e seu papel na gestão do conhecimento 22

CAPÍTULO III

O Capital Intelectual 32

CONCLUSÃO 46

BIBLIOGRAFIA 50

ÍNDICE 53

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INTRODUÇÃO

No atual momento de nossa existência, estamos vivendo a Era do

Conhecimento. Esta nova sociedade está causando um impacto de

intensidade sem precedentes na vida das pessoas e no mundo dos negócios.

O que está acontecendo nos leva a pensar ser o momento mais significativo de

“mudanças” de toda a historia da humanidade.

O capital financeiro perdeu seu valor diante do Capital Intelectual.

Não bastando apenas o capital financeiro, faz-se necessário o conhecimento

para impulsionar as Organizações. O Capital Intelectual surge como novo fator

de produção de nossa era, ingrediente indispensável para vencer um ambiente

que está sempre em transe, provocando mudanças profundas no

comportamento das pessoas e das organizações, forçando a busca constante

do conhecimento.

Podemos dizer que atualmente estamos vivendo uma Era onde o

foco está voltado essencialmente para o Capital Intelectual. Esse capital é

visto pelos grandes empresários como o ativo inatingível mais valioso de uma

organização. Entretanto, não é mensurado nos balanços e demonstrativos

contábeis, apesar de sua existência real e de sua vital importância para o

desenvolvimento do capital financeiro.

Diante das mudanças constantes da Era do Conhecimento, o

Capital Intelectual se torna imprescindível, e reconhecido como um fator de

produção não tradicional e até mais importante que os fatores de produção

tradicionais. As definições atribuídas ao Capital Intelectual têm sido

incompletas pelo menos até o momento, porém, nos últimos anos, a

comunidade científica e grupos diversos começaram a equacionar o desafio de

encontrar uma explicação padronizada.

Conforme o pensamento de Edvinsson (1998 p.40), “o Capital

Intelectual é a posse de conhecimento, experiência aplicada, tecnologia

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10 organizacional, relacionamento com clientes e habilidades profissionais que

proporcionem à organização uma vantagem competitiva no mercado”.

De acordo com Xavier (1998 p.9), o Capital Intelectual é “o conjunto

dos conhecimentos e informações possuídas por uma pessoa ou instituição e

colocado ativamente a serviço da realização de objetivos econômicos”.

Chiavenato (199 p28), por sua vez, define e explica o Capital

Intelectual da seguinte forma: “O Capital Humano é constituído das pessoas

que fazem parte e interagem em uma organização. Diz ainda, que o Capital

Humano significa talentos que precisam ser mantidos, desenvolvidos e

incrementados. Mais do que isso, Capital Humano significa Capital Intelectual.

As definições nos fazem refletir que hoje, na sociedade do

conhecimento o empregado ainda precisa das ferramentas, ou seja, do capital

estrutural, mas indubitavelmente a principal ferramenta é o Capital Humano.

No capítulo um será abordado como o homem, através dos tempos,

desenvolveu sua capacidade de obter conhecimentos para gerar idéias,

inovações e tecnologia em seu beneficio e da humanidade.

No capítulo dois verificamos que gerenciar o conhecimento é uma

preocupação antiga do homem. A capacidade de gerenciar conhecimentos,

inovar e empreender são condições necessárias para o sucesso de uma

empresa na sociedade do conhecimento.

No capítulo três falaremos do Capital Intelectual, destacando que os

ativos intelectuais desta nova era da informação são os elementos mais

importantes para a competitividade das organizações.

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CAPÍTULO I

A EVOLUÇÃO DO TRABALHO DO HOMEM ATRAVÉS

DOS TEMPOS

1.1 Um passado de submissão

Ao analisarmos os períodos da história, que foram considerados as

grandes Eras do Desenvolvimento Humano, observa-se a evolução do homem.

Ao longo da história da humanidade, tivemos dois mil anos de submissão a

magos da sabedoria, ou a espertalhões que induziam os povos a crenças

bizarras e fenômenos da natureza que os amedrontavam. O raio, o trovão e o

relâmpago significavam a ira de um deus. Um terremoto era o castigo e a

insatisfação de todos os deuses pela má conduta dos povos. Tudo era motivo

de crenças e os detentores do conhecimento manipulavam os menos

informados.

O respeito aos sábios e poderosos da época era tão grande que,

quando Giordano Bruno dissera a verdade ao ensinar a teoria de Copérnico

nas universidades afirmando que a Terra era redonda e diariamente realizava

um movimento de rotação em torno do seu eixo, foi queimado vivo pela

Inquisição no ano de 1600 em Roma.

Galileu Galilei, considerado o pai da Astronomia, publica em 1632

um livro denominado “Diálogos sobre os dois sistemas”, onde ele defende as

teorias de Ptolomeu e Copérnico acerca do sistema solar. A Inquisição, ao

tomar conhecimento, proíbe-o de ensiná-las e, ao desobedecer, é preso pelo

Vaticano e condenado à prisão perpétua. Somente depois de negar

publicamente, por imposição, suas teorias e de comprometer-se nunca mais a

ensiná-las, Galileu obteve a comutação de sua pena por prisão domiciliar e

ameaçado de pena de morte em caso de reincidência. Seu comportamento era

vigiado por perseguidores que agiam segundo as superstições da época.

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12 Segundo Maia Júnior (1976), em 1637 tudo começa a mudar,

quando o grande filósofo francês René de Descartes, considerado o pai da

filosofia moderna e criador do racionalismo, publica o livro “Discurso sobre o

método”. Descartes revoluciona os conhecimentos da época afirmando que só

devemos aceitar como verdadeiro o fato que tiver comprovação científica.

1.2 As Grandes Eras do Desenvolvimento

O homem foi desenvolvendo seus conhecimentos, ajustando-os às

suas necessidades de sobrevivência em função da evolução da espécie. No

começo, a necessidade era delimitar seu território e neste ponto a história da

humanidade é repleta de acontecimentos, vários impérios se constituíram e

impuseram seus domínios e experimentaram, ao longo dos tempos, suas

ascensões e quedas. As guerras foram uma das primeiras conseqüências da

civilização.

Assim que os homens se reuniram em comunidades organizadas,

ao longo dos vales dos rios, começaram a criar riquezas que os outros

cobiçaram: para as protegerem, ou se apoderarem do território dos seus

vizinhos, tiveram de se armar e de se unir. A primeira forma de produção

organizada se deu com os artesãos, uma vez que eles estabeleciam prazos de

entrega, e determinavam prioridades, atendendo especificações pré-

estabelecidas e fixavam preços em suas encomendas. A produção artesanal

evoluiu face ao grande número de encomendas. A decadência da Era

artesanal começou com o advento da Revolução Industrial.

A partir de Descartes o homem teve consciência de que a

compreensão dos princípios científicos proporcionava uma maneira mais

metódica de inventar. Mas muitas das invenções foram feitas antes do homem

possuir o conhecimento científico para compreender. A máquina a vapor iria

ser inventada mais de um século antes dos cientistas entenderem as leis da

termodinâmica que tornava seu funcionamento compreensível.

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13 A precursora dos primeiros movimentos da Revolução Industrial foi

a máquina a vapor de James Watt. Em 1760 o processo já estava em marcha e

as novas invenções apareciam com um ritmo dez vezes superior ao do início

do século.

O início da utilização de energia a vapor coincidiu com o nascimento

da indústria têxtil. Conforme Gaither (2001), a Revolução Industrial surgiu em

função de dois elementos principais: a substituição da força humana e da água

pela força mecanizada e o estabelecimento do sistema fabril.

A Revolução Industrial se espalhou da Inglaterra para outros países

europeus e para os Estados Unidos. Avançou mais ainda com o

desenvolvimento do motor a gasolina e da eletricidade. A Revolução Industrial

criou uma procura por metais apropriados, a que corresponderam rápidos

progressos no processo de refinamento do ferro.

O americano, Thomas Alva Edison, inventor da lâmpada

incandescente, foi o cientista mais produtivo do século XIX, registrou 1093

patentes dos seus inventos. Os últimos anos do século XIX foram os da

revolução da bicicleta que, pela primeira vez, permitiu que grandes massas de

pessoa viajassem economicamente.

O século XIX chega ao fim numa atividade fabril relacionada com o

voo da máquina mais pesada do que o ar. Segundo Gaither (2001) a

administração científica foi formulada no caldeirão formado pelo ambiente

socioeconômico do novo século. O elo perdido era a administração – a

capacidade de desenvolver essa grande máquina de produção para satisfazer

os maciços mercados de então. Um núcleo de engenheiros, executivos

comerciais, educadores e pesquisadores, desenvolveu os métodos e a filosofia

denominada Administração Científica.

O invento mais importante foi o motor de combustão interna. O

primeiro Benz, com patente registrada, era na realidade um triciclo motorizado.

Em 1911, o Ford “modelo T” foi o primeiro automóvel concebido para produção

econômica em série.

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14 No período denominado de Pesquisa Operacional surgiram os

computadores e os fabricantes começaram a instalar unidades lógicas nos

equipamentos, para que as máquinas pudessem receber e executar instruções

pré-programadas. Os robôs industriais passaram a realizar tarefas que até

então só os seres humanos eram capazes. Segundo Monks (1987), na medida

em que foram aperfeiçoadas as técnicas de pesquisa operacional e os

computadores se tornaram econômicos, a indústria entrou em uma era de

automação sem precedentes.

Os japoneses invadem o mercado internacional iniciando uma nova

Era, a da Qualidade. O Japão do pós-guerra em quarenta anos torna-se a

segunda economia do mundo capitalista, fabricando produtos com alta

qualidade, produtividade, baixo custo e elevada tecnologia. Os japoneses

superam os americanos, alemães, suíços e britânicos na produção de

motocicletas, automóveis, relógios, câmeras fotográficas, aparelhos óticos,

produção de aço e construção naval. O Japão revoluciona o mundo.

Gigantes como a Generals Motors, Ford e Chrysler enfrentam uma

enorme crise financeira. A reboque do Japão um novo surto surge na Ásia: Os

Tigres Asiáticos, países periféricos que formam um novo bloco progressista.

Surgem novas formas de administrar a produção. O domínio que

antes era ocidental agora passa a ser oriental. As empresas européias e

americanas correram em busca do milagre japonês e descobriram que não

havia milagre e sim trabalho, solidariedade e determinação.

Uma grande mudança nas empresas do século XX precisava ser

feita. As empresas precisavam ser reinventadas, os administradores tiveram

que abandonar os princípios e procedimentos organizacionais usados e criar

outros inteiramente novos. Esta foi a resposta ao avanço japonês e dos Tigres

Asiáticos. A mudança tecnológica precisou de rapidez para promover a

inovação. Os ciclos de vida dos produtos passaram de anos para meses.

Surge a Reengenharia. Conforme seu criador, Michael Hammer

(1994), na Reengenharia se abandonam velhos sistemas e se começa tudo de

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15 novo, inventando-se uma forma melhor de trabalhar. No mundo inteiro, muitas

organizações levaram a efeito suas reengenharias, a maioria se deu mal.

Reorganizações ou reestruturações sempre existiram nas empresas. A

Reengenharia durou pouco e foi apenas uma nova roupagem mercadológica

para um conjunto de conceitos e técnicas visando a reatualização das

empresas.

Até aqui o impacto causado nas Eras do Desenvolvimento, foram as

grandes invenções e duas Grandes Guerras Mundiais. Neste período, tivemos

o aperfeiçoamento dos aviões com combustão interna, depois os de propulsão

a jato e as novas tecnologias nuclear e eletrônica. Estas tecnologias deram

também ao homem um grande impulso para a conquista espacial. A cada

momento de nossas vidas novas tecnologias são criadas e desenvolvidas.

No presente momento da história, o homem vive uma nova

revolução, a “Era do Conhecimento”. Na nova sociedade do conhecimento, os

consumidores passaram a ser mais exigentes e as empresas tiveram de se

preocupar não só em manter, mas em incrementar a qualidade e a

produtividade. Isto fez com que houvesse uma especial atenção no modo de

administrar essas exigências emanadas dos clientes, visando flexibilizar as

ofertas e eliminar as atividades que não agregam valor aos produtos e

serviços.

Foram fundamentais as mudanças em busca de novas técnicas

sistemas e produtos que permitiriam às organizações alcançar melhores níveis

de desempenho global, especialmente envolvendo as variáveis: qualidade,

custo e produtividade. Para alcançar estas metas, as organizações passaram a

aperfeiçoar constantemente seus sistemas administrativos, produtivos e

tecnológicos.

A Era do Conhecimento trouxe com ela a necessidade de modificar

a visão empreendedora e priorizar a valorização do principal capital das

empresas: seus funcionários. O reconhecimento da valorização do capital

humano nas organizações e o indivíduo como personagem gerador de

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16 conhecimento e agente do processo de inovação, interagindo e

compartilhando seus conhecimentos com os demais membros do grupo ao

qual ele está inserido no processo, passou a ser um novo momento para a

civilização.

Bettini (2002) afirma que as pessoas são as que detêm a

capacidade de acumular experiência e conhecimento e capacidade de criação

(ativos intangíveis). É isso que lhes permite aplicar, com eficiência, as

inovações tecnológicas (ativos tangíveis e produtos do conhecimento humano

acumulado), em um processo que pode se beneficiar das tecnologias da

informação.

O trabalho do homem finalmente foi reconhecido como fundamental

para a sobrevivência e eficiência da organização. A interação entre o capital

intelectual e o estrutural constitui a organização e desenvolve um ambiente

organizacional de sucesso.

A Era do conhecimento trouxe enormes benefícios à humanidade. O

poder nestes novos tempos não está em deter conhecimento e sim em

disseminá-lo.

1.3 O trabalho do homem: da submissão à participação

O comportamento do homem é determinado pela vontade de

satisfazer suas necessidades obedecendo a uma hierarquia de valores.

Apoiado nesta constatação, Douglas McGregor, causou polêmica ao publicar

seu livro “Lado Humano da Empresa”, dizendo que o ser humano não gosta de

trabalhar e evitará o trabalho quanto for possível. As pessoas precisam ser

coagidas, controladas e ameaçadas com castigos pela Administração para

produzirem e obterem produtividade. A essa concepção McGregor deu o nome

de Teoria X.

McGregor formula uma alternativa denominada Teoria Y, onde diz

que trabalhar é tão natural como a diversão e o repouso e que as pessoas não

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17 tem aversão ao trabalho, pelo contrário, este pode ser uma fonte de satisfação

se as condições forem favoráveis e o controle não é a única forma de fazer o

homem trabalhar.

A recompensa mais significativa é a necessidade de auto-

realização. Para a formulação da Teoria Y, sem dúvida McGregor apoio seus

fundamentos na Hierarquia das Necessidades de Abraham Maslow, na qual

ele disse que as necessidades humanas obedecem a uma hierarquia de

valores: fisiológicas, segurança, social, status e auto-realização.

Os procedimentos que se seguiram até a década de 1980 e as

conclusões da Teoria Y passaram afirmar que o homem tem necessidades de

realização, de aprovação social, de conhecimento, de habilidades e de obter

êxito, independente de sua condição social.

Na Teoria Z de Willian Ouchi, há mudanças significativas na forma

de pensar e de tratar as pessoas (trabalhadores). Nela, o seu autor conclui

que a produtividade não vem através de trabalho árduo e sim da participação,

confiança e sutileza, elementos ligados entre si. Os sociólogos têm sustentado

que estes elementos são ingredientes essenciais da nova sociedade

industrializada, cujo processo se auto-alimenta e promove um enorme senso

de responsabilidade no grupo.

Numa administração participativa existe o envolvimento de todos na

empresa, do presidente ao chão da fábrica. Os trabalhadores são chamados

ara participar e colaborarem na definição de políticas, diretrizes, processos,

produtos, inovações e metas da organização.

Após a revolução japonesa, na década de 1980, que disseminou

para o mundo o advento das técnicas orientais de administrar a produção e

que deram início à Era da Qualidade, surgiu um novo estilo de administrar as

empresas que ficou conhecido como Administração Participativa.

A Administração Participativa consiste na participação de todos,

dirigentes e funcionários, num ambiente classificado como excelente, onde o

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18 convívio e harmonia são altamente motivadores para o relacionamento e a

produção.

1.4 O homem, o trabalho e o momento atual

Hoje verificamos que muitas empresas tradicionais operam na

contra mão do processo de participação, com uma cultura medíocre, onde

predomina a insatisfação. Podemos constatar que estas empresas podem ser

públicas e privadas, que não mudam, não se atualizam, onde sua estrutura

organizacional é inchada de cargos, ocupados por pessoas despreparadas e

desinteressadas.

Este tipo de resistência é encontrado numa época em que para

sobreviver no mundo dos negócios é preciso inovar, e para inovar é

necessário pessoas e equipes de trabalho altamente comprometidas,

participativas e motivadas. Durante muito tempo, as pessoas que trabalhavam

na produção foram relegadas a um segundo plano porque eram vistas como

máquinas.

Com o correr dos tempos, é que os empresários entenderam que as

pessoas eram um elemento precioso da organização, que os trabalhadores

são os fatores mais importantes da organização e da gestão do processo de

produção.

É fundamental para que os objetivos organizacionais sejam

alcançados a integração de três fatores: sociais, organizacionais e individuais.

A relação individuo - organização, nem sempre é harmoniosa e muitas vezes

se torna até conflitante. As organizações, às vezes frustram os seus

colaboradores pela pouca atenção às suas reivindicações e contribuições que

eles podem oferecer se lhes for dada uma oportunidade.

A produção é resultante da condução harmoniosa e dinâmica das

empresas e este complexo exige dos funcionários, habilidades, conhecimentos

e competências para alcançar as metas e objetivos organizacionais.

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19 Competência é saber agir de forma consciente e responsável que

implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos, habilidades, que

agreguem valor à organização e ao individuo.

A identificação, desenvolvimento, reconhecimento e valorização das

competências constituem uma importante mudança de paradigma, com relação

a conceitos e valores, que terá grande influência nos destinos da organização,

nas carreiras e na evolução da sociedade.

A empresa quer independente de qualquer coisa, resultados; e o

funcionário espera que a organização reconheça seus méritos e recompense

com justiça. O problema nesta conjuntura é que teoria é uma coisa, realidade é

outra, ai entra a necessidade de uma competente Administração Participativa.

Esta gestão participativa terá de envolver, e promover a interação

individuo – empresa. O ponto central de uma eficiente Administração

Participativa é a gestão de pessoas, onde deve estar presente o conhecimento

das satisfações humanas e os princípios do comportamento individual e

grupal.

Neste século, o maior gerador de riqueza é o ser humano, que

através de sua capacidade intelectual, se transforma numa fábrica de idéias e

motivado pela auto – realização, irá promover em dimensões inimagináveis o

conhecimento e a inovação, criando produtos e serviços com avançada

tecnologia, para melhorar e prolongar a vida e a satisfação humana.

1.5 A tríplice aliança: Dirigentes, funcionários e

responsabilidade social

Na Era do Conhecimento, a criação, produção e desenvolvimento

de novos produtos e serviços em beneficio da humanidade são resultantes do

Capital Humano das empresas e estes são frutos da evolução do pensamento

dos dirigentes empresariais que concluíram que para o sucesso de seu

empreendimento é preciso coesão e estreitamento de relacionamento com

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20 seus funcionários, valorizando-os como parceiros e proporcionando a

oportunidade de se auto-realizarem e participarem nos resultados da empresa.

O despreparo põe em risco a sobrevivência do negócio, não

havendo mais lugar nem espaço para este tipo de empreendedor. Podemos

imaginar uma pirâmide (vide anexo 2): no centro a empresa (negócios,

produtos, processos, objetivos da organização, etc). Em um dos vértices os

dirigentes, em outro os funcionários e no terceiro a responsabilidade social,

visualizamos a tríplice aliança que de forma harmônica e permanente fará a

diferença entre vencer e desaparecer.

Os dirigentes são importantes porque exercem a liderança e com

planejamento, traçam estratégias e determinam os objetivos. Os funcionários

(engenheiros, técnicos, tecnólogos e especialistas) são indispensáveis por

mais que a tecnologia avance nos processos produtivos. A responsabilidade

social e ambiental é um novo fator que não pode ser desconsiderado no

contexto atual da civilização.

Fazer o bem pode significar uma vantagem competitiva. Neste tema

as organizações sem fins lucrativos são pioneiras; já muitas empresas estão

partindo para a filantropia, para manter a preferência dos clientes e admiração

dos funcionários.

Peter Drucker defende a integração entre empresa e entidades

filantrópicas por duas razões: a primeira que as corporações transmitem

conceitos como avaliação de resultados, definição de objetivos, foco, parcerias

estratégicas; a segunda é que elas recebem uma lição de creches, orfanatos

e asilos sobre como fazer mais com menos, motivação dos membros, foco e

trabalho em grupo.

Entre uma empresa que adota uma postura de ação social e

contribuição para a sociedade e outra voltada para si própria e ignorando o

resto, a tendência do consumidor é ficar com a primeira.

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21 Segundo uma pesquisa da Cone Communications e do Roper

Group, 76% dos consumidores preferem marcas e produtos relacionados com

algum tipo de ação social, desde que tenham preço e qualidade competitivos.

Isto demonstra que quem faz o bem deve mostrar o que faz. No

caso específico do Brasil, muitas empresas estão aderindo ao programa

“Empresa Amiga da Criança” da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança. A

adesão significa que as empresas se comprometem em não utilizar o trabalho

de menores de 14 anos de idade e a incentivar e sugerir formas de ação que

contribuam para a formação de crianças e a capacitação profissional dos

adolescentes.

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22

CAPÍTULO II

RECURSOS HUMANOS E SEU PAPEL NA GESTÃO DO

CONHECIMENTO

A sociedade industrial da produção em massa e o consumo em

massa mudaram no contexto histórico para a customização em massa; da

mesma forma o ambiente competitivo da organização foi mudado com a

globalização dos mercados e a inovação tecnológica. O enfoque do papel das

pessoas e, o valor do seu conhecimento nas empresas mudou, demandando

novas tecnologias de gestão.

Na medida em que a Gestão do Conhecimento cresce em

importância, as empresas passam a se preocupar com o que sabem, o que

precisam saber e, não menos importante com o que a concorrência sabe. É

cada vez mais importante identificar o impacto e a consistência do

conhecimento no setor específico da empresa.

Passa a ser fundamental criar condições e apoiar o

desenvolvimento e a comunicação desse conhecimento. A empresa passa a

perceber a importância de transformar seu conhecimento realmente em ativo a

serviço da organização, ao invés de apenas propriedade de indivíduos ou

grupos internos.

Com a preocupação em se gerenciar o conhecimento, cresce a

necessidade de se incumbir setores ou grupos de pessoa para que o façam.

Com as empresas implantando projetos de Gestão do Conhecimento, alguns

setores têm papel importante a assumir, assim, setores como os

departamentos de recursos humanos, podem ser requisitados para o

desenvolvimento de diversas ações que contribuam concretamente com esses

projetos.

Gerenciar o conhecimento é uma preocupação antiga do homem.

Os seres humanos nos tempos das cavernas já gerenciavam o conhecimento.

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23 Naquela época, eles transmitiam para seus descendentes as informações

sobre as melhores formas e locais de se obter comida e se defender.

Essa gestão na sociedade industrial era realizada de forma

diferente. Existia o administrador e uma de suas responsabilidades era

controlar processos e pessoas. Ele devia planejar as metas que a empresa

devia cumprir, fiscalizando sua execução, determinando responsabilidades,

penas e prêmios para os integrantes da empresa, tudo isto amparado em uma

rígida hierarquia de poder.

A capacidade de gerenciar conhecimentos, inovar e empreender

são as condições necessárias para o sucesso de uma empresa na sociedade

do conhecimento. A sinergia entre conhecimento, inovação e

empreendedorismo dá-se o nome de inteligência empresarial.

2.1 A importância da Gestão do Conhecimento

A necessidade de um mercado sem fronteiras fez com que as

economias substituíssem o trabalho humano pela eficiência e perfeição da

alta tecnologia, muitas vezes gerando desemprego ou realocando

trabalhadores para funções mais específicas.O enfoque do papel das pessoas

na organização e sobre o valor do seu conhecimento mudou, demandando

novas formas de gestão.

Na era do conhecimento, busca-se o “homem global”, o homem

integrado. Nessa nova organização, o homem se transforma em coletor de

informações. A cultura organizacional adquire importância crucial e passa a

ser o elo de ligação entre gestão do conhecimento e a gestão de recursos

humanos.

Quando se pensa em Gestão do Conhecimento há uma

superposição na direção das análises "micro" (indivíduos e grupos), "meso"

(organização) e "macro" (ambiente). Reconhece-se, assim, que o aprendizado

e a criação individual incluem a capacidade de combinar diferentes inputs e

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24 perspectivas, que o aprendizado organizacional demanda uma visão sistêmica

do ambiente e a confrontação de modelos mentais distintos e, finalmente, que

o processo de inovação requer, crescentemente, a combinação de diferentes

habilidades, conhecimentos e tecnologias de campos distintos do

conhecimento e mesmo de diferentes setores econômicos.

A Gestão do Conhecimento têm um caráter universal, ou seja, fazem

sentido tanto para empresas de setores tradicionais, como para empresas em

setores de ponta; para empresas em setores primários, como para empresas

em setores manufatureiros ou de serviços. Além disso, não se limitam, por

exemplo, ao chão de fábrica, departamento de novos produtos ou áreas em

contato com os clientes.

Os desafios relacionados à adoção das práticas e modelos

associados à Gestão do Conhecimento não são, evidentemente, triviais. Neste

sentido, é preciso avaliar as várias experiências reportadas na literatura, de

empresas que se engajaram em grandes processos de mudanças. De maneira

geral, eles apontam, antes de mais nada, para significativos esforços de

conscientização e de comunicação e ativa participação pessoal da alta

administração. Precisam, por outro lado, ser apoiados por mudanças de

processos, estruturas, sistemas de informação e de incentivo individual e

coletivo.

A Gestão do Conhecimento procura compreender, a partir dos

recentes avanços nas tecnologias de informática e de telecomunicações, e das

conclusões das teorias sobre criatividade e aprendizado individual e

organizacional, como os investimentos nesta área podem de fato aumentar a

capacidade de gerar, difundir e armazenar conhecimento de valor para as

empresas e para o país.

Crescemos acostumados a mudar apenas por reação a forças

externas, e não por desejo, imaginação ou ambição intelectual. Nós somos

acostumados desde a escola a fazer o que nos mandam, ler o que nos

indicam, responder o que nos perguntam. Em conseqüência, numa empresa, a

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25 maioria das pessoas se apega passivamente a rotina. Quando algo não

funciona, chama-se o “especialista”. Mesmo que o especialista resolva o

problema, poucas pessoas terão podido ou se interessado em aprender com o

caso, de forma a poderem agir diferente em situações futuras.

2.2. Recursos Humanos e a Gestão do Conhecimento

O conhecimento é a chave para o poder nos negócios. As áreas

críticas de conhecimento numa organização, normalmente, são: preferências e

necessidades dos clientes, desempenho da companhia, concorrência,

aplicações de tecnologias, uso da informação existente, setores e nichos de

mercado e regulamentações externas. As principais atividades relacionadas à

Gestão do Conhecimento, em geral, são: compartilhar o conhecimento

internamente, atualizar o conhecimento, processar e aplicar o conhecimento,

para algum beneficio organizacional, encontrar o conhecimento internamente,

adquirir conhecimento externamente, re-utilizar conhecimento, criar novos

conhecimentos e compartilhar o conhecimento com a comunidade externa à

empresa.

Expostas a uma nova configuração em seus ambientes de atuação,

as empresas vêm se reestruturando e repensando os propósitos de muitos de

seus departamentos. Nessa revisão, alguns departamentos vão perdendo

importância, enquanto outros podem ser vistos como relevantes na

concretização de seus resultados. Entre estes departamentos, são vistos com

papel importante a desempenhar neste novo cenário, os departamentos

relacionados à Administração de Recursos Humanos e se espera sua atuação

em diversas ações que favoreçam a gestão do conhecimento, tendo em vista a

significância que ela vem assumindo na empresa.

Segundo Chiavenato, a era da informação transformou o

conhecimento no recurso organizacional mais importante das empresas Uma

riqueza mais importante e crucial do que os recursos financeiros. Para o autor,

as empresas bem-sucedidas vêm se transformando "em organizações

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26 educadoras e organizações do conhecimento, em que a aprendizagem

organizacional é incrementada e desenvolvida pelos processos inteligentes de

gestão do conhecimento". Nelas, a Administração de Recursos Humanos "está

totalmente comprometida em incrementar o capital intelectual e aplicá-lo cada

vez mais no negócio da empresa". (2000, p.19).

O autor destaca também, que a denominação administração de

recursos humanos deve desaparecer e uma nova abordagem se inserir neste

contexto - a Administração de Pessoas. Nessa nova abordagem, as pessoas

não são consideradas simples recursos empresariais, mas seres humanos com

capacidade, com características individuais, consideradas e respeitadas, pois

possuem personalidades singulares, inteligência e aptidões diferenciadas de

conhecimentos e habilidades específicas. (CHIAVENATO, 2000).

É nesse enfoque, em Administração de Pessoas, que os

profissionais de Recursos Humanos podem desempenhar papel decisivo na

gestão do conhecimento ao buscarem entender a melhor forma de condução

da riqueza oculta existente na empresa, da qual cada indivíduo é parte

integrante. Afinal, só as pessoas possuem conhecimento e são capazes de

transformá-lo de forma útil e produtiva à empresa.

No entanto, atingir a interação, sintonia indivíduo/organização, afim

de que os conhecimentos individuais e coletivos gerem diferenciais

competitivos às empresas é um dos desafios a serem enfrentados pelos

gestores, propiciando um ambiente que conduza à motivação, a

espontaneidade e o envolvimento dos funcionários com o resultado maior

esperado do conhecimento.

Alguns autores alertam para a complexidade ou impossibilidade de

se gerenciar o conhecimento. Nesta direção, Albrecht (2004, p.31) destaca que

as empresas devem gerenciar as circunstâncias em que o conhecimento pode

prosperar – ou seja, o que deve ser gerenciado são as culturas do

conhecimento. Para o autor, “gestão pressupõe algum tipo de ordem sobre o

conhecimento – exatamente o que não se deve fazer”.

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27 Segundo, Snowden (2003), o conhecimento só se recebe ou se

adquire voluntariamente, não sendo possível impô-lo a ninguém; você apenas

sabe que sabe quando precisa sabê-lo; sempre se sabe mais do que se diz

saber e; sempre se diz mais que se consegue escrever.

Terra (2000) nos mostra a complexidade da gestão do

conhecimento considerando que o processo de transformação da informação

em conhecimento é dependente da mente humana e da capacidade de

interpretação de cada pessoa e, a criação do conhecimento organizacional

depende significativamente do contato humano, da intuição, do conhecimento

tácito, da cooperação, da explicitação de modelos mentais e da diversidade de

opiniões que são dependentes sistêmicos.

Deve-se levar em conta, porém, que a gestão do conhecimento não

se apresenta somente como um conjunto complexo de atividades a serem

implementadas pelas empresas, uma vez que muitas atividades às vezes, já

existem nas mesmas e podem ser mais bem focadas e intensificadas. O RH,

por exemplo, pode atuar no apoio a facilitar a gestão do conhecimento em

diversas atividades necessárias para a formação de um ambiente que

proporcione a viabilidade de diferentes projetos nas empresas. Teixeira Filho

(2000) afirma que se espera do profissional de Recursos Humanos, que

assuma o papel de um catalisador ou de um facilitador do aprendizado,

amparado sobre os processos sólidos de aprendizagem, com uma visão geral

do negócio, com capacidade de articular os processos básicos de gestão do

conhecimento na empresa.

Teixeira Filho (2000, p.3-4) destaca algumas áreas onde o apoio do

RH pode ser notado:

RH pode apoiar as áreas de negócios na obtenção de novos

conhecimentos, tanto de fontes internas quanto externas;

RH pode apoiar a empresa na distribuição da informação e nas

políticas de comunicação;

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28 RH pode apoiar a estruturação da "memória organizacional" através

dos representantes das áreas de especialidade processos, estruturas,

registros, sistemas, manuais, documentos, livros, vídeo

RH pode apoiar a interconexão entre os núcleos de conhecimento,

ajudando a identificar quem sabe o que, e criando sistemas, processos e base

de dados que facilitem a proteção o acesso e atualização da memória

organizacional. apóio pode vir também através de políticas eficazes em gestão

de pessoas, que culminem no que Chiavenato denomina: segredo das

empresas bem-sucedidas, que está em "conquistar as pessoas que têm

conhecimento, motivá-las, recompensá-las e retê-las na organização". (2000,

p.163).

2.3 A Gestão do conhecimento é uma nova oportunidade para RH

As empresas de uma certa forma começam a se dar conta que o

estilo de gestão até então usado, a concepção do papel das pessoas no

trabalho e a distribuição de informação e poder na organização estão na raiz

da alienação e da perda do conhecimento. As empresas estão preocupadas

cada vez mais com essa potencial “escassez de capital intelectual”. Muitas

empresas, principalmente as de maior porte, tem-se voltado para os RH, e

para a Formação e Desenvolvimento em particular, na procura de alternativas.

As empresas estão também cada vez mais conscientes da

importância da cultura administrativa para os resultados da organização, e

principalmente, há um interesse muito grande hoje em torno dos valores

organizacionais. Através de ações de cunho participativo, reuniões, seminários

e formação, procura-se criar uma sinergia entre os valores individuais e os

valores do grupo. Essa procura por um alinhamento, ainda que questionável

em diversos aspectos, está sendo mais um ponto de interesse das empresas

nas questões dos RH.

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29 Assim sendo, a Gestão do Conhecimento oferece uma ameaça e

uma oportunidade para os RH. A ameaça é aquela que paira sobre todos na

organização: é a ameaça da extinção para aqueles que não se adaptarem a

estes tempos ultra-competitivos. Mas a oportunidade que se abre é a da

retomada da valorização do papel do ser humano nas organizações, e com ela

a importância da sua gestão. Afinal, o Conhecimento é indissociável da

Pessoa.

Um ponto para reflexão crítica dos RH é o da cultura organizacional,

ou cultura administrativa, que é uma questão tão cara à Gestão do

Conhecimento. Segundo Stuart Hall, as identidades estão sendo

descentradas, deslocadas, fragmentadas. Um tipo diferente de mudança

estrutural transformou as sociedades no final do século XX. Isso está

fragmentando as paisagens culturais de classe, gênero, sexualidade, etnia,

raça e nacionalidade, que no passado tinham-nos fornecido sólidas

localizações como indivíduos sociais. Essas transformações estão também

mudando as nossas identidades pessoais, abalando a ideia que temos de nós

próprios como sujeitos integrados. E nessa circunstância pós-moderna que os

RH estão sendo chamados a renovar sua atuação, num momento histórico em

que as grandes metas-narrativas perdem espaço e as visões individualistas e

subjetivas demandam respeito.

Por outro lado, o homem é um ser social que se constrói a si próprio

ao mesmo tempo em que constrói, junto com os outros homens, a sociedade e

a sua historia. O futuro da função de Recursos Humanos será o que se fizer

dela, coletivamente, nas decisões e ações quotidianas e nos seus

desdobramentos. O futuro só se define completamente quando se torna

presente.

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2.4 O papel do Brasil na sociedade do conhecimento

Em 1996 o Banco Mundial publicou um estudo no qual designa

como mercados emergentes, os países e as regiões que terão aumentada sua

participação no mercado mundial de bens e serviços. De acordo com o estudo,

a participação dos estados Unidos no mercado mundial cairia de 40% em 1990

para menos de 30% em 2010. Da mesma forma, a Comunidade Européia veria

sua participação reduzir de 35% em 1990, para cerca de 27% em 2010. O

Japão manteria sua participação atual em 15%.

Os mercados emergentes seriam compostos por paises asiáticos, do

Leste Europeu e América Latina. A Ásia (fora o Japão) passaria de menos de

10% em 1990, para quase 20% do mercado mundial em 2010. O Leste

Europeu de 4% para 10% e América Latina de 7% para 14%, no mesmo

período.

O Brasil e os países emergentes são um excelente mercado

consumidor, principalmente de produtos intangíveis de alto valor agregado. Na

transição da sociedade agrícola para a industrial, no início do século XX, o

lugar do Brasil foi o de grande produtor e exportador de café, de grande

importador de produtos industrializados. Continua assim. Exportam-se

produtos de baixo valor agregado e importam-se produtos, de alto valor

agregado. Pergunta-se: qual o papel que o Brasil quer desempenhar nesta

nova sociedade? Devemos reagir à opinião de que o Brasil e os brasileiros são

incapazes de competir nos setores a nas áreas mais dinâmicas e de maior

valor agregado? Onde podemos ser mais competitivos nessa nova economia?

Visualizamos o setor de software, aeroespacial (Embraer), satélite (base de

Alcântara), a Floresta Amazônica com a maior biodiversidade do planeta,

biotecnologia, química e indústria cultural, turismo, a música brasileira,

admirada no mundo inteiro, o cinema brasileiro com seu vigor, a industria do

futebol são exemplos de setores típicos da nova economia nos quais podemos

estar entre os grandes.

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31 O Brasil sempre baseou sua competitividade no baixo custo dos

recursos naturais, energia e de mão-de-obra, fatores chave para a

competitividade na era industrial. Strassman (2000) alerta que as empresas

que continuarem a ter suas vantagens competitivas dependentes desses

recursos serão cada vez mais vulneráveis frente às empresas baseadas em

conhecimento.

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CAPITULO III

O CAPITAL INTELECTUAL

Vivemos num mundo em que o recurso fundamental para a

economia global é o capital humano cujos serviços são baseados em

conhecimentos. A origem do Capital Intelectual surgiu com a Sociedade do

Conhecimento, caracterizada por uma serie de mudanças e transformações.

Desde os primórdios, o Capital Intelectual manifesta-se em todas as ações da

vida, nas decisões e até mesmo na sobrevivência da espécie humana, e é a

partir de bem pouco tempo que as organizações e seus administradores vêm

percebendo a sua influência e suas implicações nos resultados empresariais.

Os ativos baseados no conhecimento devem ser avaliados com

extrema cautela, porque seu impacto sobre o destino de qualquer negócio é

tremendo. Para Sveiby (2000), muito mais do que contribuir para a valorização

total da empresa, o conhecimento é a base de sua estrutura interna e externa.

Para poder competir e enfrentar os desafios de um mercado cada vez mais

exigente, as empresas têm que investir em recursos humanos. Drucker (1996)

diz que os meios de produção, a base tradicional do capitalismo, estavam

agora, nas cabeças e mãos dos trabalhadores.

Segundo Chiavenato (2004) O capital humano é constituído das

pessoas que fazem parte de uma organização. Capital humano significa

talentos que precisam ser mantidos e desenvolvidos. Mais do que isso, capital

humano significa capital intelectual. Um capital invisível composto de ativos

intangíveis.

Na Era da Informação o conhecimento está se transformando no

recurso organizacional mais importante das empresas. Uma riqueza muito

mais importante e crucial do que o dinheiro. Gradativamente, o capital

financeiro - que predominou na Era Industrial - está cedendo lugar para o

capital intelectual, como a base fundamental das operações empresariais. Em

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33 um mundo onde os tradicionais fatores de produção - natureza, capital e

trabalho - já esgotaram e exauriram a sua contribuição para os negócios, as

empresas estão investindo pesadamente no capital intelectual para

aumentarem a sua vantagem competitiva. Criatividade e inovação através de

idéias. E ideias provém do conhecimento. E o conhecimento está na cabeça

das pessoas.

Com a globalização, e o avanço tecnológico, as empresas estão

investindo em capital humano, com o objetivo de ter retorno mais rápido.

Peter Drucker (1996), em seus trabalhos científicos analisou o poder da

informação como originária de ações de sucesso, essenciais a criação e

permanência das organizações no mercado. Quanto mais cedo obtivermos

informações antecipadas, maiores serão as chances de criar, planejar,

controlar, solucionar ou oportunizar o momento.

Stewart (1998), afirma que o Capital Intelectual constitui a matéria

intelectual - conhecimento, informação, propriedade intelectual, experiência

que pode ser utilizada para gerar riqueza.

O capital intelectual engloba conhecimentos adquiridos e

acumulados de uma organização, ou seja, os conhecimentos acumulados de

uma empresa inerentes a pessoas, projetos, patentes, sistemas, metodologias

e a interatividade do ativo humano para com a missão da empresa.

Toffler (1980) diz que, no momento atual, que é identificado pela

Terceira Onda, é a Era do Conhecimento, onde se permite uma grande

descentralização de tarefas. Esta fase é caracterizada pelo poder do cérebro,

na qual a informação assume o papel de principal recurso econômico.

Hoje, com a sociedade do conhecimento, nos três fatores

tradicionais de produção (recursos naturais, mão-de-obra e capital),

acrescenta-se o conhecimento e a inteligência das pessoas, agregando valor

aos produtos e serviços.

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3.1 Capital Intelectual – Definições

São várias as definições a respeito do conceito do capital intelectual

e que não há divergências em relação aos elementos que representam o

capital intelectual. Admite-se o capital intelectual, como o conjunto de valores

ocultos, seja de capital, um ativo ou recurso, que tendem a agregar valores

reais a organização permitindo sua continuidade.

Para Edvinsson e Malone (1988), o capital intelectual e um capital

não financeiro que representa a lacuna entre o valor do mercado e o valor

contábil. Sendo, portanto, a soma do Capital Humano e o Capital Estrutural.

Para os autores, o capital humano corresponde a toda a capacidade,

conhecimento, habilidade e experiência individuais dos empregados de uma

organização para realizar as tarefas. O capital estrutural é formado pela infra-

estrutura que apóia o capital humano, ou seja, tudo o que permanece quando

os empregados vão para casa.

Segundo Stewart (1988) o capital intelectual corresponde ao

conjunto de conhecimentos e informações encontrados nas organizações, que

agrega valor ao produto e/ou serviços, mediante a aplicação da inteligência e

não do capital monetário, ao empreendimento.

Pode-se dizer que os principais ativos das empresas da nova

economia, ou seja, aquelas que valorizam seu capital intelectual, não são mais

os recursos naturais, máquinas ou mesmo capital financeiro, mas sim o capital

intelectual (Low e Kalafut, 2003). Estes intangíveis que compõem o capital

intelectual representam o valor das idéias das empresa, como pesquisa e

desenvolvimento e técnicas confidenciais, propriedade intelectual, habilidade

de força de trabalho, rede de fornecimento e marcas.

Brooking (1996) define o capital intelectual como uma combinação

de ativos intangíveis, frutos das mudanças nas áreas da tecnologia da

informação, mídia e comunicação, que trazem benefícios intangíveis para as

empresas e que capacitam seu funcionamento. Na mesma linha Duffy (2000)

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35 conceitua o capital intelectual como a união do capital humano e capital

estrutural, o que indica capacidade de ganhos futuros de um ponto de vista

humano. É a capacidade de criar continuamente e proporcionar valor de

qualidade superior à organização

O capital intelectual é formado pela união do conhecimento tácito e

explícito, sendo o tácito o conhecimento de difícil verificação; é desenvolvido

pela experiência e pela ação; é normalmente compartilhado através de uma

conversa interativa e inclui atividades individuais e rotineiras, como a

negociação com clientes, resolução de problemas técnicos, relações públicas,

iniciativa de marketing e desenvolvimento de novos produtos. E o

conhecimento explícito, ao contrário, é adquirido pela educação e envolve o

conhecimento dos fatos, como a experiência e a informação armazenada em

arquivos, documentos, correio eletrônico. Zack (1999).

Conforme Nonaka e Takeuchi (1997), capital intelectual é um ativo

intangível que está disperso nas cabeças das pessoas que integram uma

empresa e ainda, em documentos gerados em sua estrutura, como relatórios,

memorandos, arquivos eletrônicos e, especialmente, na sua experiência

prática. Correspondem ao conhecimento explícito (existência concreta) e ao

conhecimento tácito (intuitivo), respectivamente.

De acordo com Schmidt e Santos (2003), o capital intelectual,

consiste no conhecimento que foi adquirido e transformado pelas pessoas,

com o objetivo de produzir ativos de maiores valores para a organização, como

a satisfação da necessidade de um cliente, desenvolvimento de um produto

inovador, bom relacionamento com fornecedores e sistemas de informações,

entre outros ativos intelectuais, que juntos formam o capital intelectual

organizacional.

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3.2 Composição do Capital Intelectual

Dividimos o capital intelectual em três grandes capitais: O capital

humano, o capital estrutural e o capital do cliente; todos intangíveis,

descrevendo coisas tangíveis para executivos. O intercâmbio entre eles cria o

Capital Intelectual.

O capital humano é a capacidade dos indivíduos oferecerem

soluções aos clientes. Para compartilhar, transmitir e alavancar o

conhecimento, é necessário de ativos estruturais como laboratórios, sistemas

de informações, conhecimentos dos canais de distribuição que transformam o

saber individual em beneficio de toda a empresa ou seja, o capital estrutural. O

capital de clientes é o valor dos relacionamentos de uma entidade com as

pessoas com as quais realiza operações.

Segundo Brooking (1996) o capital intelectual é constituído de uma

combinação de ativos intangíveis, frutos das mudanças nas áreas da

tecnologia e da informação, mídia e comunicação, que trazem benefícios

intangíveis para as empresa e capacitam seu funcionamento. O capital

intelectual conforme a autora, é dividido em quatro categorias: Ativos de

Mercado (potencial que a empresa possui em decorrência dos ativos

intangíveis relacionados ao mercado, exemplo: marcas, clientes, franquias,

etc.). Ativos Humanos (benefícios que o individuo proporciona para as

organizações por meio de sua criatividade, conhecimento, habilidade para

resolver problemas, tudo visto de forma coletiva e dinâmica. Ativos de

Propriedade Intelectual (incluem os ativos que precisam de proteção legal para

proporcionar às organizações benefícios tais com know how, segredos

industriais, patentes). Ativos de Infraestrutura (as tecnologias, as metodologias

e os processos empregados, como cultura, sistema de informação, métodos

gerenciais, aceitação de risco e banco de dados de clientes.

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3.2.1 O capital humano

O capital humano é constituído do conhecimento acumulado, a

habilidade e a experiência dos funcionários para realizar as tarefas do dia-a-

dia, os valores, a cultura, a filosofia da empresa, e diversos ativos intangíveis,

ou seja, as pessoas que são os ativos humanos da empresa. As pessoas

geram capital para a empresa através de sua competência. As competências

incluem as habilidades e a educação e a atitude se refere às condutas.

Finalmente, é a capacidade de inovar, a que pode gerar mais valor para uma

organização.

O capital humano compreende os benefícios que podem ser

proporcionados pelos indivíduos às organizações, sendo normal nos dias de

hoje, as organizações dedicarem grandes esforços para identificação de

pessoas com capacitação para interagir na otimização, na relação de causa e

efeito (Schmidt e Santos, 2002). Quanto mais qualificado for o capital humano

de uma organização, melhores resultados esta alcançara em termos de capital

intelectual.

O investimento em capital humano assegura simultaneamente o

crescimento sustentado e a distribuição de renda nas sociedades. Segundo

Straioto (2000), a educação e o treinamento constituem a maior influência

isolada, a longo prazo para o desenvolvimento das organizações, porque só as

organizações que investem em educação e treinamento,pesquisa e

desenvolvimento estão a frente de seus concorrentes, visto que estocaram e

estocam conhecimento, aprendizados e experiências.

O capital humano aumenta à medida que uma organização utiliza

mais o que as pessoas sabem. O capital humano de uma empresa é composto

por indivíduos difíceis de serem substituídos e desempenham atividades que

agregam muito valor a organização, ou seja, pessoas cujo talento e

experiência criam produtos e serviços que são o motivo dos clientes

procurarem a organização e não os concorrentes.

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38 O capital humano configura-se como um grande referencial de

sucesso no meio empresarial, determinando o futuro da companhia. Sem um

gerenciamento adequado deste requisito, nenhuma empresa terá sucesso com

suas metas e objetivos e, conseqüentemente, não alcançando os resultados

esperados e, não se mantendo competitiva no mercado.

O capital humano produz capital estrutural que por sua vez produz

capital humano (Stewart), ou seja, torna-se necessário o estabelecimento de

certas estruturas dentro da empresa como sistemas de informação,

laboratórios, processos estruturados, organização gerencial, entre outros

elementos que constituem o capital estrutural da empresa.

3.2.2 O Capital Estrutural

Como o próprio nome sugere trata da infraestrutura organizacional

existente. Compreende os ativos intangíveis relacionados com a estrutura de

funcionamento interno e externo da organização que apóiam o capital humano,

ou, tudo o que permanece na empresa quando os empregados vão para casa.

De acordo com Edvinsson e Malone (1998) o capital estrutural pode ser mais

bem descrito como o esboço, o empowerment, e a infraestrutura que apóiam o

capital humano.

O objetivo do capital intelectual é a retenção do conhecimento

humano na organização, a fim de que se torne propriedade da organização. O

capital estrutural e a transformação do conhecimento dos indivíduos em um

ativo da organização, por meio de uma melhoria continua e do

compartilhamento da criatividade e da experiência.

Saint-Onge(apud Edvinsson e Malone,1998) cita que o capital

humano é o que constrói o capital estrutural, mas, quanto melhor for o seu

capital estrutural, maiores as possibilidades de que seu capital humano seja

melhor. Isto supõe que a estrutura organizacional auxilia a manter e aprimorar

o capital humano, pois este, ao sentir que suas capacidades não estão sendo

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39 aproveitadas adequadamente ou sem condições de aprimorar-se, com certeza

irá à busca de organizações que lhe ofereçam estas condições.

O capital estrutural inclui os equipamentos de informática, os

softwares, os bancos de dados, as patentes e as marcas registradas e todo o

restante da capacidade organizacional que apóia a produtividade, além de

representar o relacionamento com os clientes (Edvinsson e Malone, 1998).

Portanto, distingue-se do capital humano, pois pode ser possuído, sendo desta

forma, negociado.

Segundo Edvinsson e Malone(1998), o capital estrutural pode ser

dividido em três categorias:

Organizacional: abrange o investimento da empresa em sistemas,

instrumentos e filosofia operacional que agilizam o fluxo de conhecimento pela

organização. Trata-se da competência sistematizada, organizada e codificada

da organização e também dos sistemas que alavancam aquela competência.

De inovação: refere-se à capacidade de renovação e aos resultados

da inovação sob a forma de direitos comerciais amparados por lei, propriedade

intelectual e outros ativos e talentos intangíveis utilizados para criar e colocar

no mercado novos produtos e serviços.

De processo: constituído por aqueles processos, técnicas (como a

ISO 9000) e programas direcionados aos empregados , que aumentam e

ampliam a eficiência da produção ou a prestação de serviços. É o tipo de

conhecimento prático empregado na criação contínua de valor.

3.2.3 Capital de Clientes

É definido como o valor de sua franquia, seus relacionamentos

contínuos com pessoas e organizações para as quais vende. É o mais valioso

de todos ativos intangíveis da organização. O capital de clientes é constituído

de toda a carteira de clientes e o relacionamento existente entre os clientes e a

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40 organização, além dos relacionamentos da empresa com seus funcionários,

com fornecedores e com clientes. Conforme Edvinsson e Malone(1998) o

relacionamento de uma empresa com seus clientes são distintos das relações

mantidas com os trabalhadores e parceiros estratégicos, como também, são

de fundamental importância para a criação de valor para empresa.

São também elementos do capital de clientes, a marca da empresa,

sua imagem e reputação, estando diretamente associados à percepção e a

imagem dos fornecedores, parceiros e clientes com relação à empresa.

Portanto, nota-se a importância do capital de clientes para o crescimento e

bom desempenho da empresa, porque implica um tratamento particular para

as relações dos fornecedores, funcionários e clientes, o que justifica a

distinção desta natureza do capital de clientes dos demais componentes do

capital intelectual da organização.

Para Sveby (1998) existem três tipos de clientes: os que melhoram a

imagem, no qual suas referências e seus depoimentos são muito valiosos; os

clientes que melhoram a organização, esses exigem soluções de ponta,

melhorando a estrutura interna da empresa; e os clientes que aumentam a

competência, que contribuem com projetos que desafiam a competência dos

funcionários, fazendo que os funcionários aprendam com eles.

3.3 Mensuração do capital intelectual

O desempenho das organizações hoje é determinada em grande

parte pelo seu capital intelectual. As empresas precisam criar e influenciar

suas únicas fontes de vantagens competitivas para obterem sucesso. A

mensuração dos investimentos em capital intelectual é um obstáculo para a

maioria das organizações para transformá-los em verdadeiros ativos, pois

muitas organizações não tem Idea de quanto vale o seu capital intelectual.

O verdadeiro valor do seu capital intelectual só é identificado pelas

empresas através de uma gestão adequada e utilizando métodos de

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41 mensuração, porque sem padrões os gestores não conseguem identificar o

nível de investimentos e muito menos, qual é preço da empresa no mercado.

Para que as empresas possam gerir eficazmente o capital

intelectual maximizando o potencial de criação de valor, se faz necessário não

só sua identificação e avaliação, como também sua mensuração. Esta podes

ser realizada por uma parcela de valor gerada pelo capital dentro da empresa,

ou, por meio de relações entre variáveis da empresa que conduzam a uma

determinada quantia de capital intelectual.

Segundo Kaplan e Norton (1997) o que não pode ser medido não

pode ser gerenciado, mostrando a relevância de se identificar e mensurar os

ativos intangíveis, isto é, se um elemento não for avaliado, mensurado, através

de indicadores, não será possível a identificação adequada de sua presença e

nem possível controle de sua evolução.

Algumas vantagens da mensuração do capital intelectual são

apontadas por Martins (2004). Aumento no potencial informativo da

contabilidade; redimensionamento patrimonial da empresa; canalização correta

dos recursos para investimentos em capital humano e capital estrutural;

facilitar a escolha do investidor; determinar de que maneira uma melhor gestão

do conhecimento ajudará a empresa a ganhar ou economizar dinheiro e ainda,

evitar danos e injustiças que uma avaliação patrimonial incorreta traz, gerando

lucro ou prejuízos indevidos.

3.4 Vantagens da mensuração do capital intelectual

Em um relatório de Capital Intelectual encontram-se informações

que são de interesses para os gestores das empresas e para seus acionistas,

contribuindo para que as empresas se conheçam melhor e para que possam

atingir um melhor aprimoramento.

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42 O Capital intelectual possui vantagens do ponto de vista interno e

externo. Do ponto de vista interno:

- O conhecimento do Capital Intelectual identifica os recursos necessários

em ativos intangíveis cujo desconhecimento, por vezes impede a

consecução de um planejamento estabelecido.

- Por meio do conhecimento do Capital Estrutural pode-se distinguir as

diferenças entre criação de patentes, desenvolvimento de novos designs e

desenvolvimento de novos produtos, compreendendo as vantagens

competitivas que cada um desses elementos possui.

- O conhecimento detalhado que o modelo de avaliação dispõe sobre os

clientes fornece uma visão bem mais abrangente das condições atuais e

futuras da empresa relacionadas a esse Foco.

Do ponto de vista externo:

- os relatórios contendo os indicadores do Capital Intelectual são subsídios

valiosos para os analistas e financiadores, pela projeção da futura

capacidade de a empresa gerar caixa;

- para os acionistas, por sua vez, esses relatórios são de fundamental

importância, porque, eles mostram o valor oculto das empresa, o qual não

está aparente nas Demonstrações Contábeis. Os acionistas podem Ter,

igualmente, a posição do momento e a visão de futuro, ou seja, as

tendências apresentadas pela empresa;

- sua divulgação pode explicar a diferença entre o valor contábil e o de

mercado de uma entidade, mesmo não sendo de forma objetiva.

Isso evidencia a importância da avaliação do Capital intelectual

proporcionando vantagens tanto para os usuários internos como os externos.

O Capital Intelectual pode identificar para a empresa o seu potencial no

presente e a perspectiva de benefícios futuros, contribuindo ainda mais para o

crescimento da organização.

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43

3.5 Modelos de mensuração do capital intelectual

A combinação dos ativos intangíveis integrantes do capital

intelectual de uma organização gera, conseqüentemente, melhor performance

e vantagem competitiva. É importante que estes ativos sejam identificados e

medidos, para que possam ser transformados em capital financeiro.

Viedma (2003 apud Oliveira etal., 2003) afirma que, se o capital

intelectual é a principal fonte de riqueza para as organizações , evidencia-se

que os gestores devem dar a devida atenção à gestão eficaz desse capital. A

capacidade de identifica, desenvolver, medir, renovar, enfim gerenciar esses

ativos intelectuais é um fator determinante para que as empresas obtenham

êxito.

Foram empreendidos vários esforços os últimos anos, na busca de

metodologias e modelos que contribuíram para melhorar a capacidade de

gestão do capital intelectual nas empresas. A seguir, são apresentados alguns

dos mais importantes métodos de mensuração do capital intelectual.

3.5.1 Navegador da Skandia

O primeiro modelo de mensuração do capital foi elaborado pelo

grupo skandia (Edvinsson e Malone, 1998). O navegador Skandia foi

desenvolvido na Skandia, uma companhia de seguros e Serviços Financeiros

da Escandinávia, em 1991, por Edvinson e uma equipe de especialistas

contábeis e financeiros. A idéia deste modelo de mensuração do capital

intelectual teve inicio quando, Edvinsson e sua equipe começaram a

desenvolver para a divisão de seguros e serviços financeiros da Skandia, a

primeira estrutura organizacional a ser criada para apresentar capital

intelectual.

Esta estrutura se sustenta nos valores de sucesso que devem ser

maximizados e incorporados à estratégia organizacional. O modelo enfoca-se

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44 em cinco áreas distintas: foco financeiro, foco de clientes, foco de processo,

foco de renovação e desenvolvimento e foco humano. O modelo já incorpora

cerca de 91 indicadores relacionados ao capital intelectual e 73 indicadores

relacionados ao desempenho financeiro.

3.5.2 Monitor de ativos intangíveis

O monitor foi desenvolvido por um dos pais do movimento do capital

humano. Sveiby (1998) desenvolveu um monitor de ativos intangíveis para a

Celemi, uma empresa sueca de consultoria. A proposta do modelo, segundo o

autor, é a estruturação de um painel onde são apresentados indicadores

relacionados com os ativos intangíveis da empresa. O valor de mercado total

de uma empresa consiste em seu valor contábil juntamente com os três grupos

de ativos intangíveis. Os ativos intangíveis são catalogados, como, estrutura

externa (marcas,cliente e distribuidores), estrutura interna (organização:

administração, estrutura legal, sistemas manuais, atitudes, software) e

competência individual (educação, experiência).

O monitor de ativos intangíveis consiste num documento que faz a

listagem de várias medidas financeiras e não financeira da empresa. Essas

medidas relacionam a habilidade de uma empresa em relação ao crescimento,

à eficiência e à estabilidade aplicadas às três formas de ativos intangíveis da

empresa: competência, estrutura interna e estrutura externa. O objetivo de

medir os indicadores de crescimento, eficiência e de estabilidade é

proporcionar um maior controle à administração.

3.5.3 Balanced Scorecard

Os estudos sobre o Balanced Scorecard (BSC) tiveram seu inicio

em 1990, com Kaplan e Norton (1997). Estes estudos foram motivados diante

do reconhecimento da insuficiência dos indicadores contábeis e financeiros

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45 para avaliar o desempenho empresarial. Isso decorre, principalmente, devido a

não inclusão dos ativos intangíveis e intelectuais corporativos no tradicional

modelo de contabilidade financeira.

O BSC tem como objetivo a implantação de novos sistemas de

medidas de desempenho aliados às estratégias organizacionais. Estas, no

contexto atual de elevada competitividade de recursos escassos e exigências

crescentes por parte dos clientes, tornam-se imprescindíveis para a

sobrevivência e crescimento empresarial.

A metodologia proposta pelo BSC vem auxiliar uma estratégia à

medida que busca facilitar a compreensão da missão e das estratégias

organizacionais bem como a construção de um sistema de medição integrado

a estratégia

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46

CONCLUSÃO

O homem sempre foi tratado como um ser produtivo. As empresas e

seus sistemas são importantes porque são instrumentos para que o homem

seja produtivo. As empresas do século XX não se preocupavam com as

habilidades dos trabalhadores. Os empregados não precisavam ter talentos e

podiam ser medíocres, desde que cumprissem seu papel.

Na nova sociedade do conhecimento é equivocado achar que

precisamos de conhecimento especifico para aumentar nossa produtividade.

Precisamos sim, é qualificar as pessoas para serem mais produtivas. O

fundamental na estruturação deste conceito é que as pessoas tenham uma

base de valores alicerçadas em seu desenvolvimento profissional, e que este

conjunto de fatores forneça as condições necessárias para gerarem

conhecimentos nas empresas. Que suas ideias gerem ganhos significativos

para as empresas e para o seu próprio sucesso.

O conhecimento poderá ser fundamental no processo de

desenvolvimento do homem no trabalho e a participação o principal fator no

processo de inovação. Isto faz com que novas tecnologias, novos produtos e

novas técnicas sejam criadas, permitindo que as nações do novo milênio

cresçam de forma sustentada. Hoje, na nova sociedade, o valor está no

homem e sabemos que o conhecimento é dele e não da empresa ou do

sistema. As empresas precisarão mais dele do que ele dela. As pessoas na

Era do Conhecimento não são mais trabalho, mas sim capital.

Cada vez mais as empresas sentirão a necessidade de possuir

profissionais altamente preparados para que façam a diferença.

A gestão do conhecimento está cada vez mais associada à evolução

da teoria organizacional e depende de análise da relação entre as variáveis:

ambiente econômico e social, evolução tecnológica, lógica organizacional e

concepção sobre a natureza humana.

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47 A economia do conhecimento demandará novas habilidades,

competências e conhecimento de maneira contínua e pró-ativa. A educação é

uma plataforma que deve preparar os indivíduos para um contínuo

aprendizado.

As competências profissionais no quadro funcional da empresa

podem ser apontadas como facilitadoras da gestão do conhecimento, sendo

elas: competências comunicativas, ou seja, a capacidade de expressão e

comunicação com seu grupo, superiores hierárquicos ou subordinados, de

cooperação, trabalho em equipe, diálogo, exercício de negociação e de

comunicação interpessoal; competências sociais – capacidade de utilizar todos

seus conhecimentos – obtidos através de fontes, meios e recursos

diferenciados, nas diversas situações encontradas no mundo do trabalho,

com a capacidade de transferir conhecimentos da vida cotidiana para o

ambiente de trabalho ou vice-versa; e competências comportamentais –

iniciativa, criatividade, vontade de aprender, abertura às mudanças,

consciência de qualidade e de implicações éticas do seu trabalho.

A capacidade de gerenciar conhecimentos, inovar e empreender

são as condições necessárias para o sucesso de uma empresa na sociedade

do conhecimento. A essa sinergia entre conhecimento, inovação e

empreendedorismo dá-se o nome de inteligência empresarial.

Com as mudanças econômicas, tecnológicas, políticas e sociais,

houve uma profunda alteração da estrutura e valores da sociedade. O Capital

Intelectual surge como o novo fator de produção da nossa era, ingrediente

indispensável para vencer um ambiente que está sempre em transe,

provocando mudanças profundas no comportamento das pessoas e

organizações, forçando a busca constante do conhecimento.

O problema todo consiste em mensurar esse capital intelectual. A

grande questão é saber como identificar e disseminar o conhecimento gerado

dentro da empresa, promovendo a transformação de material intelectual bruto

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48 gerado pelos ingredientes da organização em Capital Intelectual, e que

garanta uma trajetória de crescimento e desenvolvimento.

Apesar das dificuldades encontradas na busca da mensuração

desse grande ativo que é o capital intelectual, a ciência contábil está

procurando dar a sua contribuição em mais uma tarefa árdua de avaliação

de todos os elementos que interagem sobre o patrimônio.

A nova tendência da gestão do conhecimento nas empresas possui

características marcantes e poderosas, capazes de promover no ambiente

interno das empresas, nos mercados nos quais elas participam, e na

sociedade na qual interferem, cenários racionais de aproveitamento da força

do trabalho, criando oportunidades efetivas de desenvolvimento individual e

corporativo.

É fundamental que a administração de uma empresa tenha alguns

cuidados, para que os funcionários considerados como Capital Intelectual não

mudem para outras empresas e mesmo que permaneçam, não percam a

motivação para o constante aperfeiçoamento.

O sucesso em um ambiente competitivo de negócios, é uma

decorrência cada vez maior de uma administração eficaz de recursos

humanos. Estrutura, tecnologia, recursos financeiros e materiais são aspectos

meramente físicos e inertes que precisam ser administrados inteligentemente

através de pessoas que constituem a organização. Em quaisquer tipos de

organizações o fator que realmente constitui a dinâmica destas organizações

são as pessoas. Elas são as portadoras de inteligência que vivifica e norteia

qualquer organização. A qualidade dos funcionários de uma organização, seus

conhecimentos e habilidades, seu entusiasmo e satisfação com seus cargos,

seu senso de iniciativa para gerar riqueza, tudo isso tem forte impacto na

produtividade da organização, no nível de serviços ao cliente, na reputação e

na competitividade. As pessoas fazem a diferença em um ambiente competitivo

de negócios (Chiavenato, 2004).

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49 Concluímos que as pessoas, através dos seus conhecimentos,

atitudes e habilidades são as que fazem a grande diferença nas organizações,

deixando de ser meros recursos, firmando a condição de seres vivos, dotados

de inteligência, sentimentos e necessidades, na busca constante da realização

profissional, através de sua potencialidade e desempenho, garantindo a sua

empregabilidade no mercado de trabalho.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I

A EVOLUÇÃO DO TRABALHO DO HOMEM ATRAVÉS DOS TEMPOS 11

1.1 - Um passado de submissão 11

1.2 - As Grandes Eras do Desenvolvimento 12

1.3 - O trabalho do homem: da submissão à participação 16

1.4 - O homem, o trabalho e o momento atual 18

1.5 - A tríplice aliança: Dirigentes, funcionários e responsabilidade social 19

CAPÍTULO II

RECURSOS HUMANOS SEU PAPEL NA GESTÃO DO CONHECIMENTO 22

2.1 - A importância da Gestão do Conhecimento 23

2.2 - Recursos Humanos e a Gestão do Conhecimento 25

2.3 - A Gestão do conhecimento é uma nova oportunidade para RH 28

2.4 - O papel do Brasil na sociedade do conhecimento 30

CAPITULO III

O CAPITAL INTELECTUAL 32

3.1 - Capital Intelectual – Definições 34

3.2 - Composição do Capital Intelectual 36

3.2.1 - O capital humano 37

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3.2.2 - O Capital Estrutural 38

3.2.3 - Capital de Clientes 39

3.3 - Mensuração do capital intelectual 40

3.4 - Vantagens da mensuração do capital intelectual 41

3.5 - Modelos de mensuração do capital intelectual 43

3.5.1 - Navegador da Skandia 43

3.5.2 - Monitor de ativos intangíveis 44

3.5.3 - Balanced Scorecard 44

CONCLUSÃO 46

BIBLIOGRAFIA 50

ÍNDICE 53

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

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