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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O PLANEJAMENTO DO GERENCIAMENTO DA MANUTENÇÃO DE UM NAVIO DE GRANDE PORTE DA MARINHA BRASILEIRA (MB) Por: Carlos Pinto de Almeida Orientador Prof. Nelsom Magalhães Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O PLANEJAMENTO DO GERENCIAMENTO DA

MANUTENÇÃO DE UM NAVIO DE GRANDE PORTE DA

MARINHA BRASILEIRA (MB)

Por: Carlos Pinto de Almeida

Orientador

Prof. Nelsom Magalhães

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O PLANEJAMENTO DO GERENCIAMENTO DA

MANUTENÇÃO DE UM NAVIO DE GRANDE PORTE DA

MARINHA BRASILEIRA (MB)

Apresentação de monografia à Universidade

Cândido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Engenharia da

Produção.

Por: Carlos Pinto de Almeida

3

AGRADECIMENTOS

Aos amigos do Arsenal da Marinha,

que concluíram esse curso comigo e me

ajudaram a perseverar nas horas mais

difíceis.

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha esposa e ao

meu filho, me suportando mesmo nos

momentos insuportáveis.

“As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras.”

Friedrich Nietzsche

5

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo apresentar de uma maneira sucinta como

se faz o Planejamento de Manutenção de um Navio de Grande Porte da

Marinha do Brasil. Por razões de confidencialidade não serão citados nomes

de Navios, empresas e órgãos governamentais, mas isso se dará sem prejuízo

na apresentação do trabalho.

Como o autor não possui autorização, não serão apresentados nomes

de Navios, empresas e órgãos governamentais, assim como considerando o

cunho sigiloso, determinados documentos internos da Empresa reparadora do

Navio, a qual será tratada como Empresa X, e, da Marinha do Brasil, não

serão explicitamente citados, mas isso se dará sem prejuízo na apresentação

do trabalho.

Serão apresentados aqui, como se realiza o Planejamento, atividades e

prazos envolvidos, como o Navio se insere na Organização a qual ele está

subordinado, bem como a estrutura organizacional da empresa reparadora do

Meio, que impacta a maneira de atendimento do Navio.

Mais adiante trataremos também, especificamente, de como se planejou

o reparo do Navio em questão, elaboração de estratégias para atendimento

dos serviços e de cronogramas. Também serão comentadas as principais

ferramentas gerenciais desenvolvidas e aplicadas para o acompanhamento do

dia-a-dia da obra e ações corretivas tomadas à época.

Finalmente, falaremos a respeito de dificuldades observadas,

interferências à boa condução do Período de Manutenção (PM) e ações

consideradas pertinentes a serem tomadas no futuro de modo a minimizar tais

problemas.

6

METODOLOGIA

Os métodos que levam ao problema proposto e a elaboração desse

trabalho foram baseados principalmente na experiência profissional em

Gerenciamento de Manutenção de Navios de diversas Classes, inclusive de

Grande Porte na qual o autor participou ao longo de mais de vinte e cinco anos

de carreira profissional.

Os conhecimentos práticos e o convívio com o pessoal envolvido foram

fundamentais para mostrar os resultados no processo de Planejamento da

Manutenção do Navio cujo trabalho iremos tratar. Também contribuíram para o

estudo as consultas na literatura citada na bibliografia, apesar de pouca

extensa, pesquisa dos dados históricos adquiridos na Empresa X e os

ensinamentos adquiridos na cadeira de Gerência de Projetos deste curso de

pós-graduação de Engenharia da Produção.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Sistemática de Manutenção

na Marinha 10

CAPÍTULO II - Gerenciamento da Manutenção 15

CAPÍTULO III – Dificuldades e interferências no

Gerenciamento da Manutenção 44

CONCLUSÃO 50

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52

ÍNDICE 53

FOLHA DE AVALIAÇÃO 57

8

INTRODUÇÃO

A Frota Naval da Marinha brasileira, dada as características

geográficas peculiares da nossa costa assim como as limitações da

quantidade de Meios Físicos disponíveis, não pode operar adequadamente

com um Navio de grande porte por longos períodos de imobilização ou que

tenha custos proibitivos na realização de sua manutenção.

Por esta razão é justificável um planejamento detalhado levando-se em

conta todas as ferramentas disponíveis no sentido de minimizar recursos

temporais e financeiros na execução eficaz de uma manutenção planejada

desse Navio, já que forçosamente o Meio precisará ficar inativo por algum

tempo.

O objetivo desse trabalho é demonstrar quais ferramentas e técnicas

poderão beneficiar a busca dessa diminuição de prazos e custos, ajustando à

realidade nacional além de inserir a indústria local e serviços especializados,

privilegiando o quanto possível a mão-de-obra local.

A fim de delimitar o Meio no qual iremos pautar esse trabalho, suas

características principais, construtivas e operacionais são: deslocamento de

11.500 toneladas, comprimento de 150 metros, boca de 25 metros, calado de

6 metros, velocidade máxima de 22 nós, tripulação de 340 homens e

capacidade de tropa de 500 homens.

Tais informações foram obtidas nos sites da Marinha do Brasil

disponíveis para acesso pela Internet.

Para efeitos práticos assumiremos que a partir de agora esse Meio

passará a ser chamado de Navio C.

9

Também trataremos dos diversos órgãos na cadeia hierárquica que o

Navio está subordinado, suas atribuições e responsabilidades, bem como da

estrutura organizacional da Empresa X, reparadora do Meio, uma vez que tal

estrutura impacta na eficácia da manutenção do Navio.

10

CAPÍTULO I

SISTEMÁTICA DE MANUTENÇÃO NA MARINHA

1 - Conceituação Básica

Antes de tratarmos especificamente do Planejamento do

Gerenciamento da Manutenção do Navio C, faz-se necessária a introdução de

uma conceituação básica mínima sobre a Sistemática de Manutenção da

Marinha, de modo que qualquer pessoa não familiarizada com o processo

tenha perfeito entendimento do que se trata o trabalho.

Em “A Manutenção na Empresa X/Sistema OMPS”, p. 7, Antonio

Trocolli descreve esta conceituação básica da seguinte maneira:

1.1 - Missão da Empresa X (Reparadora do Navio)

A Empresa X tem o propósito de realizar as atividades técnicas e

industriais relacionadas à construção de unidades de superfície e submarinos

e à manutenção dos sistemas de propulsão naval, geração de energia,

estrutura naval e controle de avarias dos meios navais.

1.2 - Graus de subordinação, Interdependências e

Fluxograma de Manutenção

11

A Empresa X é diretamente subordinada a uma Diretoria Geral que

assessora o Comando de Operações na elaboração de políticas que

estabelecem os Ciclos de Atividades dos diversos Navios de todas as classes

e estabelece um programa de manutenção único e abrangente.

As Diretorias Especializadas conhecedoras dos Ciclos de Atividades

planejam a manutenção de uma maneira macro, enviam este estudo aos

respectivos Comandos Superiores dos Meios, que elaboram uma proposta de

Programa Geral de Manutenção que é encaminhado as Organizações

Prestadoras de Serviços (a Empresa X é uma dessas organizações).

Essas organizações analisam a proposta, sugerem correções aos

Comandos Superiores, que junto ao Comando de Operações modificam o

Programa de Manutenção no que couber.

A partir daí, novamente os Comandos Superiores passam a liderar o

processo, informando as rotinas a executar e alimentando o Sistema de

Abastecimento que planeja, adquire e fornece os sobressalentes.

Esses sobressalentes são entregues ao Navio que os gerencia e os

envia as Organizações Prestadoras de Serviços, que mediante

estabelecimento de políticas e uso de ferramentas adequadas planejam

detalhadamente e executam o Gerenciamento do Período de Manutenção

(PM).

Este fluxograma pode ser visto na figura 1, de maneira sucinta:

12

figura1 Fonte: Empresa X

1.3 - Organograma da Empresa X

Também é necessário entender-se como a Empresa X se organiza para

atender as diversas demandas e PM que se sobrepõe durante os ciclos de

reparos dos Meios.

Basicamente esta empresa é constituída na sua mais alta cadeia

hierárquica do seu Diretor, Vice Diretor, Assessorias, Coordenadorias,

Superintendências Financeira, Industrial, de Recursos Humanos, de

Administração e de Obtenção, alem de diversas Gerências que de modo

matricial atuam nos diversos segmentos da empresa no sentido de viabilizar a

execução planejada dos serviços contratados.

As figuras 2 e 3 demonstram o organograma da Empresa X e a área de

atuação das Gerências e foi elaborado baseando-se no Regimento Interno da

empresa em referência:

13

figura 2 Fonte: Empresa X

figura 3 Fonte: Empresa X

É importante frisar que apesar do estabelecimento do Programa Geral

de Manutenção, é fundamental a utilização do organograma matricial.

Isso ocorre devido à imposição de limitações de recursos de pessoal e

financeiros, além do aparecimento de serviços não planejados, mas que

precisam ser atendidos emergencialmente face a característica do tipo de

negócio da Empresa X. Com isso são estabelecidas prioridades pelo

Comando de Operações e as Gerências a partir de então passam a promover

a realização dos serviços dentro de suas respectivas áreas de atuação.

14

1.4 – Inserção da empresa X no meio naval

Como já foi dito, a Empresa X é uma Organização Prestadora de

Serviços e dessa maneira possui suas peculiaridades que serão definidas da

seguinte forma:

1.4.1 - Conceituação

É uma Organização que tem como finalidade principal a prestação de

serviços a outras organizações da Marinha e eventualmente a clientes Extra

Marinha.

1.4.2 - Propósitos

- Conhecer os gastos efetivos de operação da Organização na forma

mais real possível;

- Evitar o fluxo físico de recursos orçamentários entre os clientes

(Navios) e as Organizações;

- Estabelecer um domínio perfeito das disponibilidades financeiras da

Organização; e

- Evitar a execução de serviços sem o devido respaldo financeiro.

1.4.3 - Características Principais

- Permitir um tratamento empresarial da Gestão Financeira;

- Permitir independência de recursos orçamentários externos para a

sua operação; e

- Obrigar que todas as transações sejam contabilizadas em uma Conta

Corrente no banco naval, onde são totalizadas receitas e despesas, permitindo

total transparência do processo.

15

CAPÍTULO II

GERENCIAMENTO DA MANUTENÇÃO

Conforme citado no Capítulo I desse trabalho, após diversos estudos e

negociações, a partir da proposta inicial, estabelece-se o Programa Geral de

Manutenção, que é normalmente quinquenal.

Segundo Trocolli, em “A Manutenção na Empresa X/Sistema OMPS”,

p. 24, o Programa Geral de Manutenção, apresenta-se conforme detalhado no

exemplo da figura 4.

figura 4 Fonte: Empresa X

Este documento determina a elaboração de diversas atividades,

inclusive Pré-Período de Manutenção (PM) de acordo com o cumprimento de

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documentação interna específica da Marinha brasileira, que não será citada

por razões de confidencialidade.

2.1- Planejamento do PM

2.1.1 – Eventos Pré-PM

Para efeitos práticos podemos citar os seguintes prazos e atividades

Pré-PM:

- Até D-24 meses: Emissão de Pedidos de Sobressalentes;

- D-24 meses: Emissão da relação de sobressalentes disponíveis para o

PM;

- Até D-360 dias: Planejamento da inspeção Pré-PM, de acordo com as

instruções normativas das Diretorias Especializadas;

- D-330 dias: Solicitação de Movimentação do meio para inspeção Pré-

PM;

- D-300 dias: Inspeção Pré-PM;

- Até D-290 dias: Apresentação do Relatório de Inspeção Pré-PM;

- Até D-250 dias: Data limite de recebimento dos Pedidos-de-Serviço

(PS) pelas Organizações Prestadoras de Serviços;

- Até D-240 dias: Reunião Pré-PM;

- D-240 a D-200 dias: Delineamento

- Até D-190 dias: Expedição das Discriminações de Serviço (DD/S);

- Até D-180 dias: Reunião para aprovação das DD/S; e

-Até D-30 dias: Reunião para início do PM. Apresentação do

cronograma para execução dos serviços. Entrega de PP/S Suplementares pelo

Meio.

Fica constatado que o Planejamento do PM começa muito antes do

efetivo início do reparo do Meio. No nosso caso, na verdade, dois anos antes.

Também é conveniente ressaltar que quanto tão bom seja o

Planejamento Inicial mais eficaz será a realização do PM.

17

2.1.2 – Pacote de Obras

Após a realização dos Eventos Pré-PM, é estabelecido o Pacote de

Obras, baseado principalmente na Inspeção Pré-PM que permite ao Navio a

elaboração dos PP/S que originam as DD/S e definem finalmente o pacote a

ser atendido, desde que os custos sejam aceitos pelo cliente e em

consonância com o teto estabelecido pelo Comando de Operações. Esse

pacote também deve atender as seguintes necessidades:

2.1.2.1 – Lista de Demanda Antecipada de Materiais Críticos

É elaborada pelo Departamento de Planejamento e Controle Industrial

com a assessoria dos diversos segmentos do Departamento da Produção,

supervisionada pela Gerência responsável pelo Navio e lista todos os materiais

considerados críticos para a execução do PM.

Essa lista é feita utilizando-se dados históricos de serviços anteriores,

experiência adquirida pelo pessoal envolvido e informações adicionais

disponíveis na ocasião. Ela beneficia itens de difícil aquisição no mercado ou

que tenham alto custo de aquisição quanto não comprados em lotes

econômicos.

Um exemplo desse caso no Navio C, seriam tubos de aço para as

Caldeiras Principais do Navio, que, quando adquiridos na Siderúrgica em

quantidades apropriadas tem custo substancialmente menor que comprados

no mercado. A desvantagem nesse processo é o tempo de obtenção do

material que é significativamente maior, razão pela qual deve integrar a Lista

de demanda antecipada.

2.1.2.2 – Identificação de necessidade adicional de

sobressalentes

18

Como foi dito anteriormente, o Sistema de Abastecimento, planeja,

adquire e fornece os sobressalentes ao Navio, que os gerencia e entrega as

Organizações Prestadoras de Serviços.

Contudo face a dificuldades de aquisição de diversos itens,

invariavelmente as Organizações identificam artigos discrepantes que ainda

precisam ser fornecidos quer por alternativa, quer por fabricação específica.

2.1.2.3 – Identificação da necessidade de subcontratação de

serviços

Considerando os diversos PM que se sobrepõe ao longo das atividades

planejadas e serviços não planejados que precisam ser atendidos

emergencialmente conforme já citado, é natural que a Empresa X

ocasionalmente não possua o contingente necessário de mão-de-obra e

insumos para atender sua carteira de obras e tenha de lançar mão do mercado

interno através de subcontratação.

É importante ressaltar que devido a imposições legais (Lei 8666 de

21/06/1993), essa empresa é impedida de realizar contratações diretas sendo

obrigada a licitar suas aquisições, o que provoca o consumo de longos

períodos de tempo entre a identificação da necessidade e a efetiva contratação

do serviço terceirizado.

É uma longa jornada entre a elaboração do Projeto Básico, aprovação

pelo Órgão Jurídico competente da União, a licitação e a contratação

pretendida. Esse prazo, em média leva cerca de seis meses, razão pela qual e

primordial uma identificação precisa e quando possível, antecipada, do que se

fará necessário terceirizar.

2.1.2.4 – Desenvolvimento de Projetos/Estudos Técnicos

19

Além da atividade fim do PM que é a realização da manutenção do

Navio, devido ao desenvolvimento tecnológico e necessidade de avanço tanto

na área bélica como na de máquinas ou de rastreamento, durante esses

períodos são elaboradas propostas de modificações técnicas que quando

aprovadas precisam ter seu projeto detalhado no que concerne a aquisição de

materiais para sua instalação bem como elaboração de documentação técnica

que permita o emprego de maneira satisfatória do novo equipamento.

Nesse sentido o Departamento Técnico da Empresa X é acionado para

elaboração de Planos, Manuais, Desenhos, Listagens de Aquisições de toda

sorte, que pela natureza pioneira do processo também demanda longos

períodos de estudo e emissão de documentação, além de quando necessária

a aquisição no mercado de materiais ou subcontratação conforme já relatado,

o que nos leva a também perceber que quanto mais cedo for identificada a

necessidade melhor a situação será atendida.

2.1.3 – Orçamento, Indicação de Créditos e Faturamento

Apesar de ser uma empresa que não tem finalidade de gerar lucro, a

Empresa X também não pode apresentar prejuízo em seu balanço e por isso

sua gestão possui tratamento empresarial.

Após a definição do Pacote de Obras, são os seguintes os eventos

principais ligados ao orçamento, indicação de créditos e faturamento:

- Apresentação dos PP/S pelo navio;

- Análise preliminar dos PP/S e envio ao Departamento de Planejamento

e Controle Industrial para delineamento e emissão da respectiva DD/S.

- Análise da DD/S e emissão do orçamento discriminando despesas de

mão-de-obra e demais custos pela Gerência;

- Aprovação do orçamento e indicação prévia de recursos a serem

comprometidos pelo Navio;

20

- Elaboração de documento contábil para comprometimento de recursos

pela Gerência:

- Verificação no sistema financeiro da situação do crédito indicado pelo

Navio pelo Departamento de Contabilidade. Se sim, registra no sistema

financeiro o comprometimento dos recursos. Se não, informa a Gerência a

indisponibilidade do crédito que negocia com o cliente a indicação integral dos

recursos;

- Solicitação da emissão de Ordens-de-Serviço (OO/S) pela Gerência ao

Departamento de Planejamento e Controle Industrial a partir da real

comprovação da existência dos recursos, uma vez, que neste modelo de

negócio é vedada a execução de serviços sem a prévia indicação de crédito;

- Emissão das OO/S pelo Departamento de Planejamento e Controle

Industrial;

- Execução das OO/S pelas Oficinas do Departamento da Produção ou

por empresas terceirizadas fiscalizadas por aquelas Oficinas;

- Apropriação de material e serviços nas OO/S pelo Departamento de

Material e emissão de relatório gerencial;

- Apropriação de mão-de-obra nas OO/S pelo Departamento de

Planejamento e Controle Industrial e emissão de relatório gerencial;

- Gerenciamento da execução das OO/S pela Gerência e emissão de

fatura;

- Efetuação do pagamento da fatura pelo Navio;

- Execução do controle do faturamento e lançamento no sistema

financeiro; e

- Acompanhamento da liquidação das faturas e verificação do

adiantamento líquido dos projetos, que idealmente não pode apresentar

prejuízo.

2.2 – Ferramentas Gerenciais de Acompanhamento de Obras

Pesquisando-se entre várias fontes bibilográficas disponíveis, das

quais foram utilizadas o conjunto de apostilas “Gerenciamento de Projetos” de

21

Fabiano Aderne, e ainda o material de Antônio Trocolli, “A Manutenção na

Empresa X/Sistema OMPS”, p. 36, podemos destacar dentre as diversas

ferramentas existentes para o gerenciamento e acompanhamento do PM, as

seguintes, mais tradicionalmente utilizadas na Empresa X:

2.2.1 – Programa de Eventos Principais (PEP)

É um cronograma das macroatividades do PM, sendo uma ferramenta

gerencial que permite de uma maneira rápida, acompanhar o andamento físico

da obra como um todo, porém sem possibilitar a identificação detalhada do

andamento dos diversos serviços contratados.

A figura 5 exemplifica esse Programa.

figura 5 Fonte: Empresa X

22

2.2.2 – Cronogramas Parciais de Obras

Segundo Aderne, na apostila “Gerenciamento de Projetos –

Gerenciamento do Tempo do Projeto”, p.33, devemos desenvolver um

cronograma dinâmico e realista, e nesse sentido a Empresa X elaborou seus

Cronogramas Parciais contemplando serviços afins liderados pela mesma

Oficina da Produção, tais como serviços mecânicos que ficam dentro de um

Cronograma Parcial a ser de responsabilidade da Oficina de manutenção

mecânica, ou serviços de caldeiraria pesada, leve e acabamentos que montam

outro cronograma parcial, este sob o controle da Oficina Estrutural e assim

sucessivamente.

A figura 6 demonstra um Cronograma Parcial.

figura 6 Fonte: Empresa X

23

2.2.3 – Gráficos de Carga e Utilização Acumulada de Mão-de-

Obra

Estes gráficos permitem acompanhar a apropriação real da mão-de-obra

empregada no PM em comparação com a inicialmente planejada de modo a

evitar distorções e permitir correções quando necessário. Assim como o PEP,

é uma ferramenta de cunho basicamente gerencial.

As figuras 7 e 8 são respectivamente um Gráfico de Carga de M/O e um

Gráfico de Utilização Acumulada de M/O:

figura 7 Fonte: Empresa X

figura 8 Fonte: Empresa X

24

2.3 – Gerenciamento e Acompanhamento da Execução do PM

Antes de tratarmos exatamente do Gerenciamento da Manutenção do

Navio C, devemos tecer algumas considerações a respeito da decisão tomada

em repará-lo e de diversos fatores envolvidos na tomada dessa decisão.

Em primeiro lugar deve-se saber que esse Navio foi construído na

década de cinquenta do século passado, que havia dado baixa recentemente

do serviço ativo da Marinha do país onde havia sido construído e foi adquirido

pela nossa Marinha no inicio dos anos noventa, não tendo sofrido nenhum

reparo de grande monta desde então, o que não permitiu ter-se um escopo

adequado dos serviços a serem realizados face a inexistência de dados

históricos precisos.

O Navio da mesma Classe pertencente à Marinha, havia sofrido um

reparo médio a cerca de cinco anos antes do inicio do PM do Navio C, porém

como havia sido um reparo de ocasião, emergencial, que foi crescendo a partir

do aparecimento de novas demandas pontuais e da obtenção de recursos

financeiros para esse atendimento, não pode servir de parâmetro para uma

efetiva base para o levantamento de custos envolvidos e prazos previstos para

a realização dos serviços do Navio C.

Contudo, apesar da pouca base de informações disponíveis, o cliente

impôs como premissa para a aprovação do PM que o Navio C após esse Ciclo

de Manutenção deveria suportar um período posterior de dez anos no serviço

ativo da Marinha a serem interrompidos uma única vez para um pequeno

período de manutenção do Meio e que além de resgatar a eficiência e

confiabilidade dos equipamentos a serem reparados, sobretudo mecânicos da

Propulsão, haveria a necessidade de um resgate das características estruturais

do Navio bem como a implementação de diversas modificações técnicas ,

instalando-se equipamentos que não haviam a bordo, quer por inexistência do

25

item quando da fabricação do Navio quer por ser uma novidade tecnológica

que promoveria uma maior eficácia do Meio a partir de sua instalação.

Deve-se ressaltar que a grande maioria desses equipamentos eram de

fabricação estrangeira, o que demandou prazos longos de importação e

desembarque alfandegário, bem como os estudos técnicos para a adaptação

desses equipamentos sofreram bastante dificuldades, além dos custos

terceirizados de instalação terem sido maiores dos que inicialmente previstos.

Obviamente a partir de tantas variáveis impostas não foi possível

trabalhar com um orçamento plenamente confiável, optando-se por realizar-se

uma estimativa considerando serviços semelhantes em Navios de outras

Classes e adaptando-se a realidade que se apresentava a época da execução

do efetivo serviço.

Para Aderne, na apostila “Gerenciamento de Projetos –Gerenciamento

do Custo do Projeto”, p.19, a estimativa é um “prognóstico baseado nas

informações disponíveis num determinado momento.”

Portanto, essa estimativa era constantemente atualizada e informada ao

cliente, que na grande maioria dos serviços aceitava os custos apresentados.

Outra estratégia empregada foi de se utilizar estimativa de peso do aço

processado para serviços estruturais de grande monta, principalmente no que

tange aos reparos estruturais dos tanques do Navio que atingiram patamares

muito além dos previstos inicialmente, fruto da inexistência de dados históricos

confiáveis conforme anteriormente explicado.

A fim de tornar o estudo mais didático, iremos dividir os serviços

realizados em subgrupos e a partir daí explicar como foi feito o Planejamento

da Manutenção do Navio C e a efetiva realização dos serviços.

26

Tal subdivisão foi realizada de acordo os preceitos tradicionalmente

utilizados pela Empresa X e documentação interna existente que por razões de

confidencialidade não poderão ser citadas.

Também foram utilizados relatórios periódicos da gerência que o Navio

C encontrava-se subordinado no intuito de traçar novas estratégias cada vez

que novos desafios apareciam, bem como cronogramas parciais e diversos

outros documentos internos de cunho sigiloso.

2.3.1 - Serviços de Docagem

Face ao longo tempo necessário que o Navio precisaria permanecer no

Dique para a realização de todos os serviços necessários e considerando

outros serviços já planejados de outros Meios da Marinha que também

precisavam do dique, optou-se por fazer duas docagens ao invés de uma

única, dividindo-se os serviços em duas fases. Dentre os serviços principais,

destacam-se:

2.3.1.1 - Inspeção estrutural de Obras Vivas por ultrassom e

reparo

Foi realizada inspeção estrutural por ensaio não destrutivo (ultrassom)

de todas as Obras Vivas do Navio e Linha d’Água observando-se apenas

reparos pontuais que foram realizados a despeito da previsão anterior que

seria de um reparo de extensão maior.

Como o reparo foi pequeno, a decisão gerencial tomada na ocasião foi

de realizar o serviço na primeira fase da docagem, de modo a não conflitar

com serviços que posteriormente seriam realizados na mesma região

geográfica e utilizar-se mão-de-obra terceirizada através de contrato de

natureza contínua já existente (não houve necessidade de licitação específica).

27

2.3.1.2 – Reparos em Tanques

Apesar de ser um item que trataremos a parte, cabem algumas

considerações a respeito dos serviços em tanques realizados durante a

docagem do Navio.

Diversos tanques desse Navio ficam abaixo da Linha d’Água do mesmo,

tornando-se imperioso a realização das obras quando em dique seco. Por esta

razão diversos serviços estruturais, de redes, tratamento e pintura dos mesmos

foram atendidos nessa ocasião.

Como havia sido dito anteriormente, face a inexistência de dados

históricos precisos, a estimativa inicial dos serviços a realizar como um todo e

particularmente com o navio docado foi prejudicada, o que obrigou que a

decisão gerencial tomada tenha sido fracionar a obra em duas fases. Somou-

se ao fato de não haver tempo disponível para executar-se a obra em só uma

fase a necessidade de elaboração de novo orçamento com as novas

necessidades e obrigatoriedade de negociar-se com o cliente a autorização da

realização dos serviços adicionais e em outro patamar que o cliente obtivesse

recurso financeiro para cobrir esses gastos adicionais.

Quando tratarmos especificamente das obras de tanques voltaremos

ao assunto em questão e das tratativas para resolver-se o problema.

A figura 9 ilustra os tanques abaixo da Linha d’Água que foram

reparados durante a docagem.

28

figura 9 Fonte: Empresa X

2.3.1.3 – Inspeção e reparo das Linhas de Eixo Principais

A obra inicialmente previa apenas a medição das folgas dos mancais

externos das Linhas de Eixos Principais (bombordo e boreste), uma vez que

durante o Ciclo Operativo do Navio não havia indicação de defeito, além de

que na mesma ocasião, havia sido feita inspeção por analise vibratória e não

havia sido indicado preliminarmente nenhuma perspectiva de serviço de

grande monta.

Contudo, o serviço teve seu escopo enormemente aumentado uma vez

que na inspeção visual no dique, foi constatado um acentuado desgaste em

um dos moentes de um dos eixos bem como um discreto empeno de uma

seção desse mesmo eixo.

Tendo em vista que o prazo da docagem inicial não atendia a

necessidade e tal como no item anterior haver a necessidade de negociação

com o cliente no sentido de obter-se autorização para o serviço e este

conseguir o recurso financeiro correspondente, a decisão gerencial foi pela

retirada dos eixos na primeira fase da docagem, elaboração do serviço na

oficina da Empresa X, detentora da tecnologia para a execução da obra e

instalação dos eixos na fase posterior da docagem.

29

Cabe ressaltar que tanto a retirada como a instalação foi realizada por

empresa contratada através de contrato de natureza contínua já existente, o

que agilizou o processo uma vez que não houve necessidade de licitar-se a

obra.

2.3.1.4 – Reparo de Válvulas de Fundo

Partindo-se da premissa inicial de que o Navio deveria suportar mais

dez anos no serviço ativo e considerando-se que a Válvula de Fundo, face a

sua característica funcional, só poder ser reparada com o Navio docado,

decidiu-se logo na primeira fase do planejamento que por questões de

segurança, independentemente do estado do material, todas as válvulas

seriam retiradas e reparadas.

Posteriormente, a partir do momento que se soube que haveriam duas

fases de docagem, optou-se por fazer-se dois lotes distintos de válvulas que

foram atendidos por empresa terceirizada através de contrato especifico do

Navio.

Nesse caso, houve uma licitação prévia para atender ao Navio, porém

englobava outros sistemas do Meio e não houve prejuízo de tempo nem

recursos adicionais a empregar.

Adiante, quando tratarmos especificamente do quesito válvulas

voltaremos ao assunto.

2.3.1.5 – Amarras e Ferros

Foram inspecionados visualmente, feitas medições de acordo com o

procedimento técnico apropriado, tratados e pintados sem que apresentassem

anormalidades.

30

2.3.1.6 – Lemes

Foram inspecionados visualmente, feitas medições de acordo com o

procedimento técnico apropriado, substituídas as gaxetas sem que

apresentassem também anormalidades.

2.3.1.7 – Hélices

Foram inspecionados visualmente, feitas medições de acordo com o

procedimento técnico apropriado, realizado ensaio não destrutivo por líquido

penetrante (LP) que constatou diversas micro-trincas reparadas por mão-de-

obra orgânica da Empresa X.

2.3.1.8 – Proteção Catódica

A proteção catódica desse Navio faz-se por anodos de zinco distribuídos

ao longo do casco. Novamente, partindo-se da premissa inicial de que o Navio

deveria suportar mais dez anos no serviço ativo e considerando-se que a

substituição dos anodos só poderia ser feita com o Navio docado, decidiu-se

logo na primeira fase do planejamento que todos os anodos seriam trocados, o

que efetivamente aconteceu.

2.3.1.9 – Pintura de Obras Vivas, Linha D’Água e Obras Mortas

Durante a inspeção visual elaborada para avaliação do estado da

pintura das Obras Vivas e Linha d’Água do Navio C foi constatado o estado

precário de conservação da mesma, coisa que já era esperada em função do

longo tempo que o Meio permaneceu no mar sem ter a manutenção do seu

esquema de pintura atendido adequadamente. Por essa razão já havia sido

tomada antecipadamente a decisão gerencial de adquirir-se tintas em

31

quantidades suficientes para a substituição completa do esquema de pintura

do Navio.

Dois novos fatores vieram a complicar o planejamento inicialmente

traçado. Por ocasião da docagem do Navio C havia sido exaurido o contrato

de hidrojateamento por ultra-alta pressão (água) que a Empresa X possuía

com seu fornecedor e uma licitação naquele momento tornava-se inviável. A

solução encontrada foi utilizar-se jateamento por escória de cobre, que apesar

de ter custo especifico mais barato, era mais lenta, mais suja, e interferente

com diversos serviços em andamento (por exemplo, a retirada da linha de

eixos). Devido ao custo adicional de pagamento de terceiros para retirada dos

resíduos, este tratamento apresentou custo global maior onerando e

dificultando o serviço inicialmente planejado.

Outro problema adicional foi a necessidade da substituição completa

também do esquema de pintura de Obras Mortas do Navio. O Planejamento

Inicial consistia no jateamento do Navio ainda flutuando, mas em função da

necessidade de preservação do meio ambiente que seria deteriorado com a

precipitação dos resíduos sólidos de tinta e de escória de cobre do jateamento

no mar, decidiu-se fazê-lo também no dique seco. Porém esse serviço

mostrou-se mandatório que fosse realizado antes da pintura das Obras Vivas,

uma vez que uma tinta poderia contaminar a outra e prejudicar a eficiência do

sistema anti-incrustante das tintas de Obras Vivas.

Por essa razão todo o planejamento de pintura do Navio precisou ser

refeito às pressas, contemplando inicialmente o jateamento e pintura de Obras

Mortas, posteriormente Obras Vivas e Linha d’Água, utilizando um processo

não previsto inicialmente (escória de cobre) e tentando senão acabar, pelo

menos suavizar as áreas de interferência com outras obras da docagem.

A figura 10 ilustra a entrada do Navio C no dique para a realização dos

serviços em que o Navio precisasse permanecer docado.

32

figura 10 Fonte: Daniel R. Carneiro

2.3.2 – Reparo das Caldeiras Principais

Considerando-se o longo tempo que este Navio não sofria um reparo

extenso em suas Caldeiras Principais e também levando em conta a premissa

de que o Meio deveria permanecer dez anos no serviço ativo após o termino

do PM, a decisão gerencial tomada logo no inicio do planejamento foi de optar-

se pela retubulação completa das Caldeiras.

Para isso, foram adquiridos tubos e refratários de acordo com a Lista de

Demanda Antecipada, uma vez que os valores eram altos se adquiridos no

mercado, porém decresciam substancialmente quando comprados diretamente

em seus respectivos fabricantes. A única impropriedade nesse caso era o

tempo de fornecimento que era maior que os praticados pelo mercado, porém

como os pedidos de fornecimento foram colocados nos prazos adequados, os

materiais chegaram na época programada, sem que houvesse prejuízo no

atendimento do cronograma parcial da obra.

Na retubulação integral das duas Caldeiras, decidiu-se por fazer-se uma

com mão-de-obra orgânica da Empresa X e a outra com mão-de-obra

33

terceirizada, uma vez que não havia contingente de operários suficientes na

Empresa X para atendimento das duas caldeiras em paralelo e demais

serviços já contratados anteriormente em sua carteira de obras.

Foi feita uma licitação para contratação da empresa terceirizada e esta

estava disponível quando do recebimento dos materiais adquiridos,

conseguindo-se assim obter êxito no planejamento realizado.

2.3.3 – Reparo dos Condensadores Principais

Mais uma vez foi levado em conta no planejamento a necessidade de

obter-se confiabilidade em um equipamento vital na condução eficaz do Navio

e por essa razão optou-se pelo reengaxetamento completo dos dois

Condensadores Principais do Meio.

Ações de logística foram tomadas no sentido de importar as gaxetas,

uma vez que nenhum fabricante nacional, se mostrou capacitado a fabricar os

itens dentro da qualidade requerida.

O material foi adquirido no mercado internacional dentro dos prazos

necessários e foi realizada uma licitação no sentido de contratar-se uma

empresa de renome nacional que pudesse reparar os equipamentos a

contento.

Durante a desmontagem dos equipamentos, observou-se a necessidade

de retubular-se um Condensador por completo, serviço não previsto

anteriormente. Mais uma vez, os custos adicionais foram apresentados ao

cliente para aprovação e obtenção dos recursos financeiros necessários a

execução da obra complementar.

Deve-se levar em conta o alto custo desses tubos que são fabricados de

uma liga de Cu-Ni, cuja obtenção no mercado é extremamente difícil,

34

sobretudo quando não planejado antecipadamente. Por essa razão essa obra

precisou ser replanejada considerando os novos valores de materiais e mão-

de-obra, uma vez que houve a necessidade de aditamento do serviço de

retubulação não previsto anteriormente e novo cronograma parcial precisou ser

elaborado para atender a nova demanda.

2.3.4 - Serviços Estruturais de Calderaria Pesada, exceto

Tanques

Tendo em vista o longo período de tempo que o Navio não havia

permanecido imobilizado para atendimento de suas mais diversas

necessidades, era de se supor que também a parte estrutural do navio estaria

seriamente comprometida. Até onde foi possível, houve uma inspeção

estrutural não destrutiva, anterior ao início do PM no sentido de definir-se as

áreas a serem reparadas bem como a extensão dos serviços.

A estratégia gerencial tomada foi de a partir das necessidades

efetivamente levantadas, fazer-se uma correspondência entre as áreas a

serem substituídas e seu respectivo peso de chapa de aço estrutural

atribuindo uma margem de segurança a esse valor, de modo que houvesse

disponibilidade no atendimento das obras.

Serviços vitais foram realizados, principalmente nas Praças de

Máquinas do Navio, além de compartimentos diversos, cobertas e camarotes

promovendo segurança e conforto indispensáveis ao pessoal a bordo.

2.3.5 - Serviços Diversos em Tanques

Dada a sua filosofia de projeto e emprego bélico, o Navio C possui cerca

de noventa tanques de diversos sistemas de utilização a bordo, entre os quais

35

se destacam: água de reserva, aguada, óleo combustível, óleo para aviação,

lastro, incêndio e óleo lubrificante.

É desnecessário dizer da gravidade de uma contaminação por elemento

estranho ou um vazamento que ocorra em um desses diversos tanques de

cada sistema. Por esta razão desde o planejamento preliminar havia-se

decidido como estratégia pela contratação de apenas uma empresa, a ser

licitada, que ficaria responsável pela execução de toda a obra, quer fosse

estrutural, de redes internas aos tanques, tratamento e pintura e inclusive de

apoio, como por exemplo, de montagem de andaimes.

Isso ocorreu para que não houvesse diluição de responsabilidade face

a um possível insucesso em algum serviço realizado bem como não houvesse

prejuízo de uma empresa em função de outra estar trabalhando em uma área

comum. Ficando apenas uma empresa responsável por todas as etapas do

serviço seria mais fácil de controlar o andamento das obras e ajustar o

cronograma parcial sempre que a necessidade fosse apresentada.

Mais uma vez, dentro do possível, houve uma inspeção estrutural não

destrutiva, anterior ao início do PM no sentido de definir-se as áreas a serem

reparadas bem como a extensão dos serviços, porém dada as necessidades

operativas do Navio, nem todos os tanques puderam ser disponibilizados para

inspeção, muitos inclusive permanecendo utilizados e sem condições mínimas

de serem inspecionados após o início do PM.

De modo a não perder-se tempo, uma vez que era indispensável a

realização da licitação da obra de modo que quando o Navio docasse a

empresa vencedora estivesse apta a começar o trabalho, decidiu-se por,

baseado no que havia sido possível delinear, estimar-se o montante dos

serviços futuros.

36

Quando foram efetivamente iniciados os serviços, com todos os tanques

finalmente liberados, observou-se que o escopo era infinitamente maior que o

inicialmente previsto. Ações estratégicas de redelineamento, apresentação de

novos custos foram tomadas, e o cliente após a liberação desses novos

serviços obteve os recursos financeiros adicionais para a realização da obra.

Tendo em vista o volume significativamente maior dos serviços optou-se

por dividir o pacote de obras em dois, que foram atendidos nas duas fases

distintas da docagem, no que era indispensável que fosse realizado com o

Navio no dique, prosseguindo os serviços com o Navio flutuando que não

comprometessem a estanqueidade do Meio.

Com isso foi obtido êxito no atendimento do serviço a partir do

cronograma parcial replanejado.

2.3.6 – Serviços em Equipamentos Mecânicos de Propulsão

Durante a realização da Inspeção Pré-PM havia sido realizada uma

avaliação por análise vibratória da situação das Turbinas Principais que não

constatou nenhum serviço de grande responsabilidade a ser realizado.

Conforme constava do planejamento previsto, foram abertos os mancais

das Engrenagens Redutoras Principais e das Turbinas que apresentaram

defeitos.

Considerando que as Turbinas num Navio a propulsão a Vapor são

equipamentos vitais para o desempenho satisfatório do Meio, concorrendo

diretamente para a sua segurança e atendimento as missões, decidiu-se

proceder uma inspeção por endoscopia das rodas de palhetas dos

equipamentos, quando foi constatada a falta de diversas palhetas dos

estatores e rotores e seus respectivos anéis de fretagem.

37

A partir desse dado novo, foi decidido elaborar uma licitação para

realização do serviço completo de retirada, reparo e instalação das Turbinas de

Alta e Baixa Pressão do Navio por firma terceirizada, enquanto a Empresa X se

encarregou de proceder os reparos dos mancais das Engrenagens Redutoras.

Mais uma vez, novos custos foram apresentados ao cliente, que

autorizou os serviços e obteve os recursos financeiros correspondentes.

Novo cronograma parcial foi elaborado a fim de contemplar os novos

serviços observados que foram atendidos com êxito.

Também foram reparados os mancais das linhas internas dos Eixos

Propulsores Principais que apresentavam-se com defeito.

Ocorreu a retirada, reparo em oficina da Empresa X desses mancais

com enchimento de metal patente e usinagem para as medidas de projeto e

reinstalação.

Posteriormente, procedeu-se o batimento das cargas dos mancais de

modo a que o carregamento fosse perfeitamente equilibrado.

2.3.7 – Serviços em Equipamentos Mecânicos exceto

Propulsão

Dentre os diversos serviços dentro desse grupo, destacam-se:

2.3.7.1 – Turbogeradores (TG)

A geração de energia elétrica desse Navio se da através de quatro TG

que recebem vapor proveniente das Caldeiras Principais e pela movimentação

de uma turbina que aciona um gerador.

38

Os equipamentos encontravam-se com baixa confiabilidade e optou-se

pela realização de um reparo completo dos mesmos, através de firma

terceirizada vencedora da licitação correspondente.

Mais uma vez, a obra foi acompanhada por cronograma especifico e

obteve sucesso ao final de sua realização.

2.3.7.2 – Turboventiladores (TV)

Para a produção de vapor nas Caldeiras diversos equipamentos são

necessários, inclusive os TV que utilizam-se dos gases da queima,

movimentam-se e insuflando ar às Caldeiras em volume adequado á produção

requerida.

Os TV do Navio apresentavam diversas avarias e por conta disso, a

decisão gerencial foi de licitar o serviço cujo reparo foi realizado a contento

pela vencedora do certame.

2.3.7.3 – Válvulas em Geral

Novamente partindo-se da premissa inicial, foi definido preliminarmente

que praticamente todas as válvulas do Navio seriam reparadas, uma vez que o

Meio ficaria imobilizado por um longo tempo e devido ao baixo custo

especifico, em média, de cada válvula valeria a pena o esforço empregado.

Foi feita uma licitação para atender os serviços e ênfase foi dada aos

serviços inerentes a permanência do Navio no dique como citado

anteriormente, bem como as válvulas que pertenciam ao sistema de incêndio

que não podiam ser retiradas ao mesmo tempo sob pena de desmobilizar todo

o sistema e comprometer a segurança a bordo.

39

Foi estabelecido um cronograma parcial para esse serviço e atendido

com sucesso.

2.3.7.4 – Bombas em Geral

Estabelecido um pacote geral para o atendimento da manutenção

preventiva e corretiva de todas as bombas do Navio dando ênfase as bombas

auxiliares de acendimento do Meio, indispensáveis ao Ciclo de Vapor e

consequente propulsão do Navio. Também foi dado destaque as bombas de

incêndio, responsáveis, obviamente, pelo ao combate ao incêndio a bordo e

manutenção do suporte a vida marinheira.

Foram reparadas cerca de 50 bombas dos mais diversos sistemas

através de mão-de-obra orgânica da empresa X, contudo a retirada e

instalação foi feita utilizando-se empresa terceirizada através de contrato de

natureza continua já existente.

2.3.7.5 – Equipamentos de laborar e outros

Máquinas de suspender, cabrestantes, turcos e guindastes foram

atendidos através de mão-de-obra orgânica da empresa X, com sucesso.

2.3.8 – Serviços em Equipamentos Elétricos

2.3.8.1 – Motores Elétricos

Durante a inspeção Pré-PM foi observado alto grau de avaria dos

motores elétricos a bordo e decidido preliminarmente pelo reparo geral de

todos os motores de bordo.

40

Com isso foi realizada uma licitação cuja empresa vencedora se

encarregou da retirada, reparo e reinstalação de cerca de 70 motores.

Essa obra foi acompanhada através de cronograma especifico e obteve

sucesso ao final do serviço.

2.3.8.2 – Controladores

Uma vez mais, durante a inspeção Pré-PM foi observado o alto grau de

avaria e obsolescência dos controladores dos motores elétricos de bordo,

sobretudo os que ficavam localizados nas Praças de Máquinas, que

permaneciam submetidos a exposição constante de calor e umidade,

prejudicando bastante sua confiabilidade.

Decidiu-se então, em nível gerencial, pela substituição completa desses

controladores. Realizada licitação onde a empresa vencedora, retirou os

controladores antigos, fabricou e instalou os novos.

Durante o processo de fabricação a empresa submeteu desenhos,

planos e especificações ao Departamento Técnico da Empresa X para

aprovação. Algumas alterações foram requeridas e posteriormente os

equipamentos foram instalados com êxito.

2.3.9 – Serviços em Redes e Trocadores de Calor

2.3.9.1 – Redes

O Navio C face as suas peculiaridades construtivas e emprego naval,

possui vastos sistemas de redes utilizados a bordo. Não diferentemente de

outros equipamentos, o grau de confiabilidade desses sistemas era muito

baixo, obrigando o Navio no final de seu Ciclo Operativo anterior ao PM que

41

ficasse imobilizado durante vários períodos realizando serviços pontuais em

diversos trechos de diversos sistemas.

A fim de minimizar o problema, já que substituir todas as redes do Navio

tornava-se praticamente impossível, foram realizadas diversas inspeções e

decidida pela substituição de longos trechos dos diversos sistemas que

ocorreu satisfatoriamente.

Nesse item deve ser citado também a preocupação e atenção especial

que foi dada ao Sistema de Vapor Principal do Navio, uma vez que

vazamentos ou defeitos nesse sistema podem ser fatais à tripulação. Nesse

sentido foram realizados ensaios não destrutivos de ultrassom para averiguar a

espessura da parede dos tubos que encontravam-se consonantes com a

Documentação Técnica existente, bem como realizado inspeção endoscópica

para avaliação de como se encontravam internamente essas redes. Nenhuma

anomalia foi encontrada de modo que nesse sistema não houve necessidade

de reparo.

2.3.9.2 – Trocadores de calor

Dentro desse item se destaca os dois Grupos Destilatórios do Navio,

utilizados para produção de água potável e de uma maneira mais nobre, pelo

menos, para a instalação da Propulsão, de água de reserva para as Caldeiras.

De novo, de acordo com a premissa inicial, a decisão gerencial tomada

foi de retubular-se completamente os dois equipamentos e substituir por novas

todas as bombas inerentes aos grupos.

Esses tubos, do mesmo material que os Condensadores já citados, são

fabricados por uma liga de Cu-Ni, porém como havia sido uma obra planejada

desde o início do PM, ações estratégicas foram tomadas na ocasião, e os

42

tubos estavam disponíveis quando da ocasião do serviço. Foi contratada uma

empresa através de licitação que realizou o serviço a contento.

2.3.10– Modificações Técnicas

Como há havia sido dito, além de promover o reparo do Navio,

restaurando-o para as condições mais próximas possíveis ao projeto e ter-se

como expectativa que o Ciclo Operativo durasse dez anos a partir da

prontificação do PM, também havia sido colocada a necessidade de execução

de diversos Modificações Técnicas, entre elas:

2.3.10.1 – Instalação de dois Grupos de Osmose Reversa

(GOR)

Apesar do sucesso de reparo dos dois Grupos Destilatórios (GD), já

havia consenso no inicio do PM pela aquisição no exterior e instalação de dois

GOR a bordo tendo em vista que o Navio além de possuir uma tripulação

elevada, também servia durante varias Comissões para transporte de um vasto

contingente de pessoal sacrificando a vida a bordo em algumas ocasiões.

Diferentemente dos GD reparados, os GOR adquiridos não tinham

capacidade de produzir água para as caldeiras devido a especificação

bastante restrita da necessidade do equipamento, porém tinha capacidade de

produzir água potável em quantidades muita acima da necessidade do Navio,

permitindo assim que os GD ficassem praticamente para uso exclusivo das

Caldeiras.

Mais uma vez ocorreu uma licitação, e os equipamentos foram

instalados por firma terceirizada adequadamente.

2.3.10.2 – Instalação de um Separador de Água e Óleo (SAO)

43

Também no inicio do PM a decisão pela aquisição no exterior, e

instalação de um SAO já havia sido tomada.

Esse equipamento que tem como característica principal retirar a água

do óleo de modo a permitir o reaproveitamento do mesmo não existia a bordo

e era de interesse do cliente possuí-lo ao final do PM.

Ações foram tomadas, o equipamento adquirido e instalado por firma

terceirizada ao longo do PM.

2.3.10.3 - Instalação de dois Grupos Diesel Geradores de

Emergência (DGE)

Apesar da energia produzida a bordo ser gerada por quatro TG

conforme já citado anteriormente, o Navio possui dois DGE para ações

emergenciais e de porto.

Mais uma vez, face a obsolescência dos equipamentos a bordo decidiu-

se pela substituição dos equipamentos por novos, adquiridos também no

mercado internacional.

Ocorreu também nesse caso uma licitação, onde uma única empresa

ficou responsável pela retirada dos DGE antigos e instalação dos novos,

realizando os serviços de abertura e fechamento de rotas, instalação física

propriamente dita dos equipamentos, adaptação de redes, elétrica e eletrônica.

44

CAPÍTULO III

DIFICULDADES E INTERFERÊNCIAS NO

GERENCIAMENTO DA MANUTENÇÃO

Apesar de todo o profissionalismo e cuidado tomados no Planejamento

da Manutenção do Navio C, quer no primeiro momento através do

Planejamento Inicial, quer no acompanhamento do PM com os necessários

ajustes que precisaram ser feitos, utilizando-se as ferramentas gerenciais

citadas nesse trabalho, o fato é que o PM sofreu interferências indesejáveis

quer por ordem exógena, quer por ordem endógena.

De acordo com Trocolli, em “A Manutenção na Empresa X/Sistema

OMPS” , p. 43, isto se dá pelas seguintes razões expostas:

3.1- Atraso na alocação de créditos

O PM do Navio C possuía um Orçamento Global conhecido, que por

todos os motivos já citados, possuía um forte componente estimado. Este

orçamento era bastante realista não surpreendendo o cliente com valores

adicionais a não ser pelo aparecimento de obras novas ou por uma obra que

na época do delineamento não pode ser avaliada adequadamente.

Ocorre que o Navio C e a Empresa X são órgãos pertencentes a

Administração Direta do Governo Federal e como tal, se submetem a

Legislação Federal em vigor.

45

Nesse sentido, apesar, de existir o Orçamento Global do Navio, as

alocações de recursos eram anuais e dependiam da análise de diversos

setores do Governo e de disponibilidade de Caixa do Tesouro. Com isso,

invariavelmente, os recursos necessários não eram alocados na época devida.

Some-se a isso que grande parte dos serviços eram licitados e que

também por disposição legal, não se podia licitar serviços sem que houvesse

prévia indicação dos recursos correspondentes.

Por tudo isso, em diversos momentos as licitações indispensáveis para

a execução do Planejamento do Navio estavam prontas, mas devido a

indisponibilidade de alocação de recursos o PEP não podia ser cumprido,

atrasando o PM e onerando a obra.

3.2 – Imperfeições nos delineamentos

Como já foi dito, nem todos os equipamentos, sistemas e

compartimentos puderam estar disponíveis quando da execução tempestiva do

delineamento, recorrendo-se em muitos casos a estimativas baseadas em

dados históricos.

Ocorre que pela grande espaço de tempo que o Navio ficou sem fazer

um PM adequado a degradação do material ocorreu em níveis exponenciais

obrigando assim a que fossem feitos novos delineamentos para refletir a

realidade dos serviços e aumentando os custos inicialmente previstos.

3.3 – Falta de padronização dos equipamentos e sistemas

Um fator complicador também e a falta de padronização de

equipamentos e sistemas de nossa Marinha. Como possuímos Navios de

varias nacionalidades (americana, francesa, inglesa, japonesa, alemã) além

46

dos fabricados em território nacional, a padronização é praticamente

impossível de se alcançar, o que prejudica o Planejamento e onera os

serviços.

3.4 - Obsolescência de equipamentos e sistemas

Como pode ser visto durante a apresentação do trabalho, face ao Navio

C ter sido construído na década de cinquenta do século passado e não ter

sofrido um Reparo adequado desde que chegou ao Brasil na década de

noventa, muitos equipamentos ficaram obsoletos, sem que fosse

economicamente viável sua reparação.

Mais uma vez esse tipo de circunstância onerou o PM do Navio já que

houve a necessidade de substituição dos mesmos.

3.5 – Atraso no fornecimento de sobressalentes

Como explicado anteriormente, o Sistema de Abastecimento é o

responsável pelo fornecimento dos sobressalentes do Navio durante o PM.

Todavia, devido ao grau de obsolescência e da impossibilidade prática

de obter-se na totalidade os sobressalentes necessários a execução da obra

frequentemente a Empresa X precisou recorrer ao mercado interno para o

fornecimentos de materiais a serem empregados e, às vezes, ela mesmo

fabricou determinados ítens de maneira artesanal.

É desnecessário comentar o alto custo desses itens fabricados bem

como a repercussão no atraso na obra cada vez que a Empresa X parava um

serviço devido a indisponibilidade do sobressalente requerido.

3.6 - Deficiência na Documentação Técnica

47

O Navio por ser muito antigo e de fabricação estrangeira não possuía na

sua totalidade a Documentação Técnica necessária. Manuais, planos e

desenhos muitas vezes foram necessários e não estavam disponíveis. Nesse

caso, praticou-se uma Reengenharia dos equipamentos, atrasando os serviços

e tornando os custos elevados em algumas ocasiões.

3.7 – Contratação de Serviços e Obtenção de materiais –

restrições legais e aquecimento do mercado

Face a legislação em vigor (Lei 8666 de 21/06/1993), que tanto se aplica

ao Navio C quanto a Empresa X, estes Órgãos, por serem integrantes da

Administração Direta Federal são impedidos de realizar contratações diretas

ao Mercado sendo obrigados a licitar suas aquisições, o que provoca o

consumo de longos períodos de tempo entre a identificação da necessidade e

a efetiva contratação do serviço terceirizado.

Levando em conta o que foi dito recentemente aqui sobre a

indisponibilidade tempestiva dos recursos financeiros, o gerente do PM que

deveria zelar pela execução eficaz do Reparo conforme inicialmente planejado

fica engessado tendo em vista não poder executar as licitações e respectivas

obras de acordo com a necessidade física da obra e sim de acordo com a

disponibilidade financeira. Com isso, determinados serviços foram

prejudicados e novo planejamento precisou ser elaborado de modo a adaptar a

necessidade à realidade existente.

Somou-se a isso o aquecimento do mercado da Construção Naval no

Rio de Janeiro onde empresas de grande porte de economia mista que não

precisam se adequar a legislação citada bem como empresas particulares que

recorrem diretamente a fornecedores fomentaram o desenvolvimento do Setor,

ocasionado aumento de custos em obras que foram licitadas, aumento de

custos na aquisição de materiais e aumento nos prazos de entrega.

48

3.8 – Deficiência na Infraestrutura de Apoio

Devido à falta de investimento ao longo dos anos do Governo Federal

na Empresa X, esta passou a operar de maneira diferente do que fazia em

toda a sua história. Diversos serviços que antes eram realizados com mão-de-

obra orgânica, devido a falta da mão-de-obra precisaram ser licitados.

Mudou-se o perfil da Empresa X que era uma empresa eminentemente

realizadora de serviços para uma empresa praticamente fiscalizadora. Essa

modificação vem ocorrendo ao longo dos anos e o PM do Navio C aconteceu

no período mais conturbado dessa transformação, com a aposentadoria

massiva de funcionários da Empresa X sem a substituição adequada desse

pessoal tanto quantitativamente como qualitativamente.

É importante relembrar que experiência se adquire fazendo, e que a

Empresa X ainda sofrerá algum tempo com essa mudança de perfil.

3.9 - Deficiência no Planejamento

Por tudo que foi apresentado e óbvio que o Planejamento feito teve

alguns equívocos e precisou periodicamente ser revisto. De toda sorte, dada a

complexidade do PM tanto física, como financeira e também estratégica as

correções de rota ocorridas podem ser consideradas pequenas.

3.10 – Disputas Internas

Considerando a estrutura matricial que a Empresa X trabalha e levando-

se em conta que Programa de Manutenção Geral traça uma diretriz, que

muitas vezes é desviada em função do aparecimento de novas prioridades

estabelecidas pela Marinha, é natural que nem todos os recursos materiais e

de mão-de-obra sejam canalizados da maneira mais adequada possível,

49

ocorrendo muitas vezes disputas internas para definição dos serviços

prioritários a atender.

Para isso a Empresa X precisa de um quadro de gerentes,

superintendentes, assessores e coordenadores altamente treinados de modo a

minimizar essas disputas internas e conseguir realizar os serviços contratados.

50

CONCLUSÃO

Após a apresentação desse trabalho, no qual pudemos identificar as

ferramentas gerenciais mais utilizadas para um Planejamento de Manutenção

eficaz de um Navio de Grande Porte da Marinha, e, tratadas das dificuldades e

interferências que ocorrem de um modo que limita sobremaneira a atuação do

gerente do PM, seguem algumas sugestões a serem tomadas para minimizar

os problemas citados:

• Mudança na Legislação atual de modo a facilitar os processos de

aquisição de materiais e serviços pelos Órgãos da Administração Direta, ou

pelo menos flexibilizar para determinadas organizações, de modo a permitir a

contratação de serviços junto ao Mercado sem a grande burocracia que hoje

se apresenta onerando o custo dos serviços, seu prazo de execução e em

muitos casos permitindo que empresas sem o grau de qualidade adequado

possam participar do certame e em alguns casos acabe vencendo,

transformando a solução de um problema em outro de gravidade maior ainda.

• Maior rigor na definição clara e sistêmica das prioridades do

cliente de modo que não haja solução de continuidade no atendimento a

diversos PM em paralelo.

• Disponibilidade financeira para alocação de recursos de acordo a

exigência física da obra acompanhado o Planejamento elaborado, PEP e

Cronogramas Parciais ao contrario de adaptar-se à obra a realidade financeira

que se apresenta.

• Privilegiar a execução dos PM na época adequada. Muitas

vezes, os PM são atrasados em função de necessidades operacionais da

Marinha, porém esses atrasos levam ao desgaste exponencial dos

51

equipamentos obrigando a realização de reparos muito além do previsto

inicialmente, aumentando custos e prazos de obras.

• Treinamento intensivo de mão-de-obra da Empresa X que ao

longo dessa década vem transformando seu perfil da uma empresa realizadora

de serviços em uma empresa fiscalizadora. Esse novo perfil precisa ser

implantado tão logo seja possível de modo a permitir uma fiscalização

homogênea das empresas contratadas bem como a elaboração de forma

padronizada, quando possível, das licitações a serem realizadas futuramente,

permitindo a diminuição de prazos burocráticos junto a instâncias jurídicas do

Governo.

figura 11 Fonte: Paulo R. Siqueira

52

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ADERNE, Fabiano. Gerenciamento de Projetos. Rio de Janeiro, A Vez do

Mestre – Aulas 1 a 8, 2011.

EMPRESA X, Regimento Interno, 2010.

MARINHA DO BRASIL, www.mar.mil.br, acessado em 14/01/2012.

MARINHA DO BRASIL, www.naval.com.br/blog/tag/marinha-do-brasil,

acessado em 14/01/2012.

TROCOLLI, Antônio A. Manutenção na Empresa X/Sistema OMPS. 2007.

53

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTOS 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

SISTEMÁTICA DE MANUTENÇÃO NA MARINHA 10

1 - Conceituação Básica 10

1.1- Missão da Empresa X (Reparadora do Navio) 10

1.2- Graus de subordinação, Interdependências

e Fluxograma de Manutenção 10

1.3- Organograma da Empresa X 12

1.4– Inserção da empresa X no meio naval 14

1.4.1 – Conceituação 14

1.4.2 – Propósitos 14

1.4.3 - Características Principais 14

CAPÍTULO II: GERENCIAMENTO DA MANUTENÇÃO 15

2.1- Planejamento do PM 16

2.1.1 – Eventos Pré-PM 16

2.1.2 – Pacote de Obras 17

2.1.2.1 – Lista de Demanda Antecipada de

Materiais Críticos 17

2.1.2.2 – Identificação de necessidade

adicional de Sobressalentes 17

2.1.2.3 – Identificação da necessidade de

subcontratação de serviços 18

54

2.1.2.4 – Desenvolvimento de Projetos/

Estudos Técnicos 18

2.1.3 – Orçamento, Indicação de Créditos e

Faturamento 19

2.2 – Ferramentas Gerenciais de Acompanhamento de

Obras 20

2.2.1 – Programa de Eventos Principais (PEP) 21

2.2.2 – Cronogramas Parciais de Obras 22

2.2.3 – Gráficos de Carga e Utilização Acumulada

de Mão-de-Obra 23

2.3 – Gerenciamento e Acompanhamento da Execução

do PM 24

2.3.1 - Serviços de Docagem 26

2.3.1.1 - Inspeção estrutural de Obras Vivas

por ultrassom e reparo 26

2.3.1.2 – Reparos em tanques 27

2.3.1.3 – Inspeção e reparo das Linhas de

Eixo Principais 28

2.3.1.4 – Reparo de Válvulas de Fundo 29

2.3.1.5 – Amarras e Ferros 29

2.3.1.6 – Lemes 30

2.3.1.7 – Hélices 30

2.3.1.8 – Proteção Catódica 30

2.3.1.9 – Pintura de Obras Vivas, Linha

d’Água e Obras Mortas 30

2.3.2 – Reparo das Caldeiras Principais 32

2.3.3 – Reparo dos Condensadores Principais 33

2.3.4 - Serviços estruturais de calderaria pesada,

exceto Tanques 34

2.3.5 –Serviços Diversos em Tanques 34

2.3.6 – Serviços em Equipamentos Mecânicos

de Propulsão 36

55

2.3.7 – Serviços em Equipamentos Mecânicos

exceto Propulsão 37

2.3.7.1 – Turbogeradores (TG) 37

2.3.7.2 – Turboventiladores (TV) 38

2.3.7.3 – Válvulas em Geral 38

2.3.7.4 – Bombas em Geral 39

2.3.7.5 – Equipamentos de laborar e outros 39

2.3.8 – Serviços em Equipamentos Elétricos 39

2.3.8.1 – Motores Elétricos 39

2.3.8.2 – Controladores 40

2.3.9 – Serviços em Redes e Trocadores de Calor 40

2.3.9.1 – Redes 40

2.3.9.2 – Trocadores de calor 41

2.3.10– Modificações Técnicas 42

2.3.10.1 – Instalação de dois Grupos de

Osmose Reversa (GOR) 42

2.3.10.2 – Instalação de um Separador de

Água e Óleo (SAO) 43

2.3.10.3 - Instalação de dois Grupos Diesel

Geradores de Emergência (DGE) 43

CAPÍTULO III

DIFICULDADES E INTERFERÊNCIAS NO GERENCIA-

MENTO DA MANUTENÇÃO 44

3.1- Atraso na alocação de créditos 44

3.2 – Imperfeições nos delineamentos 45

3.3 – Falta de padronização dos equipamentos e

Sistemas 45

3.4 - Obsolescência de equipamentos e sistemas 46

3.5 – Atraso no fornecimento de sobressalentes 46

3.6 - Deficiência na Documentação Técnica 46

56

3.7 – Contratação de Serviços e Obtenção de materiais

– restrições legais e aquecimento do mercado 47

3.8 – Deficiência na Infra-Estrutura de Apoio 48

3.9 - Deficiência no Planejamento 48

3.10 – Disputas Internas 48

CONCLUSÃO 50

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52

ÍNDICE 53

57

FOLHA DE AVALIAÇÃO

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