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UNIVERSIDA DE CANDIDO MENDES PÓS-GRA DUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A PLICAÇÃO DA ESTRATÉGIA SEIS SIGMA NA A VALIAÇÃO DA QUA LIDADE NO MARKETING DE SERVIÇOS. Por: Benesvaldo Carvalho de Mello Orientador Profª. Fabiane Muniz Rio de Janeiro 2006

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

APLICAÇÃO DA ESTRATÉGIA SEIS SIGMA NA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE NO MARKETING DE SERVIÇOS.

Por: Benesvaldo Carvalho de Mello

Orientador

Profª. Fabiane Muniz

Rio de Janeiro

2006

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

APLICAÇÃO DA ESTRATÉGIA SEIS SIGMA NA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE NO MARKETING DE SERVIÇOS.

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Marketing.

Por: Benesvaldo Carvalho de Mello

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AGRADECIMENTOS

Primeiro lugar a Deus por realizar um

milagre em minha vida, Profª Fabiane

Muniz orientadora da monografia, aos

amigos João Rodrigues, Leila Leme,

Carla Campos, Viviane Lima, Gisele

Pinheiro pela ajuda e atenção

dispensada durante o curso de

marketing.

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Juvenil de Mello e Maria

Helena C. de Mello, a amada esposa

Roberta P. S. C. de Mello por todo apoio,

paciência e incentivo, aos meus amados

amigos e irmãos por todo carinho e

permissão em fazer parte de suas vidas e

famílias.

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RESUMO

Este trabalho apresenta a definição, as fases e os passos da estratégia

SIX SIGMA para compreensão da metodologia estatística, para ser aplicada na

avaliação da qualidade. Entender as variabilidades da prestação de serviços,

expectativas e percepções dos clientes, assim como, os fatores da qualidade,

e as tolerâncias que podem ser mensuradas e analisadas para futuras

decisões. Mostrar cada fase do SIX SIGMA e os níveis de aceitação de um

serviço, com a finalidade de entender como, e com que fase da estratégia

poderá ser aplicada. Após a compreensão da metodologia e os pontos

relevantes para determinar a qualidade, será possível aplicar a estratégia como

uma ferramenta na avaliação do marketing de serviço.

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METODOLOGIA

Por tratar-se de um assunto em que muitos autores abrem um serie de

métodos ou apenas sugerem uma forma para avaliar a qualidade do marketing

de serviço, mas não demonstram um método especifico com suas

particularidades e definições para que o leitor possa tomar decisões por qual

caminho trilhar.

A presente monografia foi realizada através de pesquisas bibliográficas

acerca do assunto, pesquisas e consultas na Internet e em material técnico, foi

utilizada a experiência profissional por atuações em projetos que envolvem o

assunto da monografia.

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SUMÁRIO

RESUMO 05

LISTA DE FIGURAS 09

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 11

INTRODUÇÃO 12

CAPÍTULO I – HISTÓRIA DO SIX SIGMA 14

1.1 – Elaboração do método 141.2 – Infra-estrutura 171.3 – DMAIC 21

CAPÍTULO II – DEFINIÇÃO DO SIX SIGMA 24

2.1 – Estratégia Six Sigma 242.1.1 – Implantação Six Sigma 272.1.2 – Cálculo do Six Sigma 30

2.3 – Fase de Definição 402.4 – Fase de Medição 432.5 – Fase de Analise 50

2.5.1 – Capacidade do processo 632.6 – Fase de Melhoria 672.7 – Fase de Controle 68

CAPÍTULO III – MARKETING NA ÁREA DE SERVIÇOS 69

3.1 – Definição de serviços 693.2 – Tipos de serviços 723.3 – Qualidade em serviços 73

3.3.1 – Qualidade Total 733.3.2 – Qualidade Percebida 763.3.3 – Gestão da Qualidade em serviços 79

3.4 – Avaliação da qualidade em serviços 803.4.1 – Expectativas e percepções dos clientes 843.4.2 – Fatores de qualidade do serviço 913.4.3 – Modelo de analise de GAPs da qualidade 933.4.4 – Ferramenta SERVQUAL 97

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CONCLUSÃO 106

BIBLIOGRAFIA 108

WEBGRAFIA 111

ÍNDICE 112

FOLHA DE AVALIAÇÃO 114

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Estrutura do Seis Sigma 18

Figura 2 - Distribuição de Funções 21

Figura 3 – Representação das Fases DMAIC 22

Figura 4 – Quadro da visão geral modelo DMAIC 26

Figura 5 – Fluxo de Implantação 29

Figura 6 - Quadro de Conversão Entre ppm e Seis Sigma 30

Figura 7 – A meta do Six Sigma 33

Figura 8 – Cálculo dos Limites de Controle 33

Figura 9 – Gráfico de Controle de Qualidade 34

Figura 10 - Coeficiente e índice de Capabilidade 35

Figura 11 – Tolerância e Especificação 36

Figura 12 - Capabilidade do Processo 37

Figura 13 - Redução da Variância do Processo 38

Figura 14 – Variáveis Independentes (x) e Dependentes (y) 39

Figura 15 - Plano de coleta de dados 44

Figura 16 – Exemplos de medidas discretas e contínuas 46

Figura 17 – Distribuição normal com a representação 6ı 48

Figura 18 – Diagrama de Pareto 53

Figura 19 – Exemplo de diagrama de causa e efeito 54

Figura 20 – Diferentes formas de histograma 57

Figura 21 – Formulário básico do FMEA 59

Figura 22 - Nível de Sigma 65

Figura 23 – Output das operações 71

Figura 24 – Qualidade percebida do serviço 78

Figura 25 – Os momentos iniciais e finais da verdades 78

Figura 26 - Natureza e determinantes de expectativas do

consumidor relativas ao serviço. 85

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Figura 27 – Expectativas – satisfação dos clientes 88

Figura 28– Continuum de satisfação 88

Figura 29 – Faixa de expectativas 90

Figura 30 – Zona de tolerância ou aceitabilidade 90

Figura 31 – O modelo de Johnston de gerenciamento

das percepções 91

Figura 32 – Fatores de encantamento e insatisfação 92

Figura 33 – Modelo conceitual de qualidade de serviço 96

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

APPCC – Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle

CDC - clarificação, duplicações e categorias.

CEP - Controle Estatístico do Processo

Cp - Coeficiente de potencial do processo

Cpk - Coeficiente de capacidade do processo.

CPQ – Crítico para a qualidade

CTQ - Critical to Quality

DMAIC - Definir – Medir – Analisar – Implementar - Controlar

DPM - Defeitos por milhão

DPMO - Defeitos por milhão de oportunidades

DPU - Defeitos por unidade (número de defeitos / número de unidades)

FMEA - Failure Mode and Effect Analysis

IPI – Índice de Produtividade Individual

IPO - Input – Process – Output

LIE – Limite inferior de especificação

LSE – Limite superior de especificação

NBR – Norma Brasileira Regulamentadora

NPR – Número de prioridade de risco

NTOD – Número total de oportunidades de defeitos

PCC – Pontos críticos de controle

PDCA – Plan –Do – Check – Action

SIPOC – Suppliers – Input – Process – Output – Customer

UCL – Upper Control Limit

LCL – Lower Control Limit

UAN – Unidade de alimentação e nutrição

VOC – voice of costumer

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INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é demonstrar o conceito e a estratégia SIX

SIGMA na avaliação da qualidade do marketing de serviços. Na velocidade

que inúmeros serviços tem surgido nos últimos anos os problemas

relacionados a qualidade também tem acompanhado o crescimento trazendo

insatisfação, rompimento de contratos e multas pelo não cumprimento das

clausulas acordadas.

A estratégia Seis Sigma reúne um conjunto de métodos e ferramentas

de forma sistematizada com analises estatísticas, para identificar a

variabilidade dos processos produtivos. Após está avaliação podemos

identificar o nível de variação e comprometimento nos objetivos acordados e as

possíveis oportunidades de implantação de melhorias para o processo.

O marketing de serviços também pode ser visto como um processo

produtivo possuindo uma diversidade de variabilidade na mensuração da

qualidade e resultados esperados pelos contratantes. Tendo uma boa

definição das variabilidades nos processos dos serviços prestados, o Six

Sigma poderá avaliar a qualidade através das ferramentas estatísticas e

também direcionar qual será o horizonte para superar as expectativas de seus

clientes.

Na maioria das organizações, qualquer que seja o tipo, restam poucas

pessoas que ainda precisam ser convencidas de que a qualidade é uma das

mais importantes armas competitivas.

Além disso, a capacidade de atender às exigências do cliente é vital,

não apenas entre duas organizações diferentes, mas dentro da mesma

organização.

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Iremos concluir o trabalho demonstrando que a estratégia Six Sigma

pode ser empregada como uma extraordinária ferramenta para avaliar a

qualidade do marketing de serviços e todas fases que envolvem está dinâmica,

pode ser aplicada na sua totalidade e obtendo excelentes resultados para todo

o processo de qualificação em serviços.

CAPÍTULO I

HISTÓRIA DO SIX SIGMA

1.1 – Elaboração do método

A elaboração do método, ou a criação da estratégia ocorreu no final da

década de 80, quando o engenheiro e estatístico Mikel Harry, da Motorola,

iniciou estudos sobre o conceito de Deming, guru da qualidade, a respeito da

variação do processo.

Ele começou orientando a sua própria empresa no estudo da variação

como uma forma de melhorar o desempenho, mostrando que essas variações

quando medidas estatisticamente, demonstram o desvio-padrão da média, e

são representadas pela letra grega Sigma (ı). Esta abordagem tornou-se o

ponto de foco do esforço de qualidade da Motorola. Com o apoio do presidente

da empresa, essa concepção passou a ser a forma de fazer negócios da

organização.

Segundo Pande (2002) o que o Seis Sigma ofereceu à Motorola –

apesar de hoje envolver muito mais – foi uma maneira simples e consistente

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de acompanhamento do desempenho e sua comparação com as exigências do

cliente, que seria a própria medida Sigma além de uma meta ambiciosa de

qualidade, praticamente perfeita que seria o objetivo Seis Sigma.

O enfoque sobre a análise da variação em todas as atividades da

empresa a direcionou para a ênfase no conceito de melhoria contínua e a

Motorola passou a adotar uma meta de Seis Sigma em todas as suas ações, o

que equivaleria mais ou menos à perfeição quase que total, uma vez que se

trata de um processo de produção com apenas 3,4 defeitos por milhão de

oportunidades.

Hoje, vê-se centenas de projetos Seis Sigma em andamento nas

organizações ao redor do mundo incluindo o desenvolvimento de novos

produtos, maior rapidez de comunicação, resposta imediata ao cliente, entre

outros. (PANDE, 2002).

Na prática, segundo a General Eletric – GE (2003), empresa onde a

metodologia está fortemente implantada, Seis Sigma é um processo altamente

disciplinado que ajuda a focalizar o desenvolvimento e a entrega de produtos e

serviços “quase perfeitos”.

Conforme relata Pande (2002) o Seis Sigma se baseia em muitas das

idéias de gestão e melhores práticas do século passado, criando uma nova

fórmula para o sucesso dos negócios no século XXI. O autor coloca ainda:

“Não se trata de teoria, mas de ação”.

Seis Sigma pode ser considerada então, como uma estratégia

gerencial de mudanças e enfoca principalmente a variação do resultado a que

o consumidor tem acesso, dessa forma, tem a característica de ser uma

ferramenta mais quantitativa de avaliar os resultados de um processo e a sua

qualidade por meio da medição do valor da variação encontrado no resultado

do processo. O que o diferencia de outros programas de melhoria da qualidade

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é a ênfase na tomada de decisões baseadas em dados e fatos e não nas

experiências individuais.

Assim, dentro deste conceito, segundo coloca a GE (2003), a idéia

central por trás de Seis Sigma é: se for possível medir quantos “defeitos”

existem em um processo, também é possível otimizá-los e, chegar o mais

próximo possível a “zero defeito”.

O que é ratificado por Corrêa (2002) que diz que se trata de

estabelecer, como meta de longo prazo, para cada característica do produto ou

serviço, um desempenho tal que esteja sempre dentro de um intervalo de

variação de mais ou menos seis Sigma (ı) em torno do valor médio esperado

para a característica.

Sob este prisma, Perez-Wilson (1998) coloca o Seis Sigma como

medida para determinado nível de qualidade. Quanto maior o número de

Sigmas dentro das especificações, melhor o nível de qualidade.

Rotondaro (2002) coloca como objetivo da metodologia conseguir a

excelência na competitividade pela melhoria contínua de processos. É uma

metodologia gerencial de mudanças para acelerar o aprimoramento em

processos, produtos e serviços.

O conceito técnico do Seis Sigma é medir o desempenho atual e

calcular quantos Sigmas existem até que ocorra a insatisfação do cliente,

momento em que se estabelece a existência de um defeito. Dessa forma, um

defeito é qualquer evento que não atenda os requisitos do cliente. De acordo

com o padrão Seis Sigma, um processo será classificado como Seis Sigma

quando não gerar mais de 3,4 dpmo (defeitos por milhão de oportunidades).

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Dessa forma, Perez-Wilson (1998), trata o Seis Sigma como meta de

qualidade. A meta do Seis Sigma é chegar muito próximo de zero defeito, erro

ou falha.

Na GE (General Eletric) à metodologia Seis Sigma está incorporado o

conceito qualidade – conceito de processo – em todos os níveis, em todas as

operações da empresa pelo mundo todo. Segundo a empresa, nos anos 80

definiu a forma como a empresa pensava e hoje em dia, o Seis Sigma está

definindo a forma como se trabalha, assim como já definiu as bases para fazer

com que os clientes da GE sintam seus resultados.

Além disso, transcende a área da produção abrangendo a totalidade

da empresa e incluindo no processo áreas como marketing, finanças,

normalmente não contempladas em programas de melhoria da qualidade.

É quando Perez-Wilson (1998) coloca o Seis Sigma como filosofia de

melhoria perpétua do processo e redução de sua variabilidade na busca

interminável pelo zero defeito.

É importante observar que segundo Corrêa (2002), se implantada com

sucesso, a metodologia resulta em substancial ganho de produtividade e

conseqüente redução de custos, podendo ser aplicada a qualquer empresa de

manufatura ou serviços e processos tecnológicos e administrativos.

Além disso, a utilização da metodologia Seis Sigma resulta em

melhoria de recursos humanos por causa da criação de lideranças de equipes

de trabalho e da utilização de programas de estatística. Além disso, incorpora o

conceito de melhoria contínua da qualidade aos métodos gerenciais da

empresa (CORRÊA, 2002).

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Dentro desta idéia, Perez-Wilson (1998) denomina o Seis Sigma de

visão. Uma visão de levar a organização a ser a melhor do ramo. É estender a

qualidade para além das expectativas do cliente.

1.2 – Infra-estrutura

O Seis Sigma exige a mudança de alguns dos principais fluxos de valor

empresariais que atravessam as barreiras organizacionais. É o meio pelo qual

as metas estratégicas da organização serão alcançadas. Esse esforço não

pode ser liderado por outro que não o presidente da empresa, que é

responsável por seu desempenho como um todo. O Seis Sigma deve ser

implementado de cima para baixo:

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Figura 1 – Estrutura do Seis Sigma

Fonte:www.estatcamp.com.br/nova/index.php (Acesso em 05/08/2006)

Champions e Patrocinadores: Os champions no sistema Seis Sigma

são indivíduos de nível hierárquico elevado na organização, que entendem a

ferramenta e estão comprometidos com seu sucesso. Em organizações

maiores, o Seis Sigma será liderado em tempo integral por um champion que

seja, por exemplo, o vice-presidente executivo. Em todas as empresas, os

patrocinadores podem ser líderes informais que utilizam o Seis Sigma em seu

trabalho diário e comunicam suas mensagens em todas as oportunidades. Os

patrocinadores são donos dos processos e sistemas que ajudam a iniciar e

coordenar as atividades de melhoria 6-Sigma nas áreas pelas quais são

responsáveis.

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Master Black-belt: Este é o mais alto nível de domínio técnico e

organizacional. Os master black-belts são a liderança técnica do programa

Seis Sigma. Logo, precisam saber tudo que sabem os black-belts e mais, pois

também devem entender a teoria matemática na qual os métodos estaíisticos

se baseiam. Os master black-belts têm de ser capazes de prestar assistência

aos black-belts na aplicação correta dos métodos em situações inusitadas. E,

dada a natureza de suas obrigações, suas habilidades de comunicação e

ensino são ao importantes quanto sua competência técnica. Sempre que

possível, o treinamento estatístico deve ser conduzido somente por master

black-belts. De outra forma, o familiar fenômeno de ”propagação de erros”

pode ocorrer ou seja, black-belts passam adiante os erros aos green-belts, que

por sua vez, passam adiante erros ainda piores aos integrantes das equipes.

Caso seja necessário que black-belts e green-belts ministrem treinamento,

somente o devem fazer sob a supervisão e orientação de master black-belts.

Por exemplo, pode ser preciso que os black-belts dêem assistência ao master

black-belt durante discussões em sala de aula e nos exercícios.

Black-belt: Os candidatos ao status de black-belt são indivíduos com

orientação técnica e muito estimados por seus companheiros. Devem estar

ativamente envolvidos no processo de desenvolvimento e mudança

organizacional. Podem provir de vasta gama de disciplinas e não precisam ter

sido treinados formalmente como estatísticos ou engenheiros. Contudo, como

terãao de dominar uma grande variedade de ferramentas técnicas em curto

prazo, os candidatos a black-belt provavelmente precisarão ter uma bagagem

anterior que inclua matemática e uma base de análise quantitativa. Como parte

do treinamento, os black-belts recebem 160 horas de instrução em sala de

aula, além de treinamento individual nos projetos ministrado por master black-

belts ou consultores. Os candidatos a black-belt devem: sentir-se à vontade

com computadores; conhecer um ou mais sistemas operacionais, planilhas,

programas de gerenciamento de bancos de dados, programas de

apresentação e processadores de texto; já ter estudado algum dia métodos

estatísticos; saber utilizar um ou mais pacotes de software de análise

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estatística. Os black-belts buscam extrair conhecimento aplicável do sistema

de armazenamento de informações da empresa. Para garantir acesso às

informações necessárias, as atividades 6- Sigma devem, aliás, estar

integradas nos sistemas de informática da organização. Obviamente, as

habilidades e o treinamento dos black-belts têm de ser viabilizados por

investimentos em software e hardware. Não faz sentido atrapalhar esses

especialistas para economizar uns ”trocados” com computadores ou software.

Green-belts: Estes são os líderes de projetos Seis Sigma capazes de

formar e facilitar equipes e de gerenciar os projetos, desde a concepção até a

conclusão. Os green-belts passam por cinco dias de treinamento em sala de

aula, numa programação conduzida em conjunto com os projetos Seis Sigma e

que engloba o gerenciamento de projetos, ferramentas de gerenciamento da

qualidade, solução de problemas e análise descritiva de dados. Os champions

Seis Sigma devem estar presentes no treinamento dos green-belts. Em geral,

os black-belts ajudam os green-belts a definir seus projetos antes, participam

do treinamento e prestam-lhes assistências em seus projetos posteriores.

Podemos observar melhor a distribuição das funções e

responsabilidades da estrutura Seis Sigma conforme mostra a Figura 2:

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21

Figura 2 - Distribuição de Funções

Fonte:www.estatcamp.com.br/nova/index.php (Acesso em 05/08/2006)

1.3 – DMAIC

O Seis Sigma aproveita uma série de métodos comprovados e treina

um pequeno grupo de líderes internos, conhecidos como black-belts, até que

atinjam alto íivel de proficiência na aplicação de tais técnicas. Com certeza,

alguns dos métodos utilizados pelos black-belts são altamente avançados, o

que inclui o uso de tecnologia moderna de informática. Contudo, as

ferramentas são aplicadas dentro de um modelo simples de melhoria de

desempenho conhecido pela sigla DMAIC, ou Define - Measure - Analyze -

Improve -Control (Definir - Mensurar - Analisar - Incrementar - Controlar),

análogo ao método de TQM conhecido como PDCA (Planejar-Fazer- Controlar-

Agir).

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Segundo Rotondaro (2002), Seis Sigma é uma metodologia rigorosa

que utiliza ferramentas e métodos estatísticos para definir, medir, analisar,

incorporar e controlar os processos ou produtos existentes, com a finalidade de

alcançar etapas ótimas e que gerará um ciclo de melhoria contínua, conforme

mostra a Figura 3:

Figura 3 – Representação das Fases DMAIC

Fonte:www.estatcamp.com.br/nova/index.php (Acesso em 05/08/2006)

A implementação do Seis Sigma pode ser feita por meio de diversas

ferramentas, que de um modo geral são aplicadas dentro de um mesmo

modelo, conhecido como DMAIC (Definir-Medir-Analisar-Implementar-

Controlar), que significa, segundo Pyzdek (2000):

D – Define – Definição dos objetivos da atividade de melhoria. É a

parte do projeto onde o grupo tem que definir o motivo pelo qual o projeto será

levado adiante;

M – Measure – Medição do sistema existente. Servirá para dar a visão

de como está o processo e indicar pontos de oportunidade de melhoria;

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A – Analyse – Análise do sistema medido. É a fase onde se analisa o

processo atual com base nas medições realizadas;

I – Improve – Melhoria do sistema. Diversas ferramentas são utilizadas

nesta fase com a finalidade de atacar os pontos de oportunidade de melhoria

detectados e assim, tornar o processo mais eficiente;

C – Control – Controle do novo sistema. A fase de controle é muito

importante para que o DMAIC seja visto como um ciclo, o que torna possível a

sua continuidade, uma vez que ao alcançar esta fase a melhoria do processo

já está instalada.

A ferramenta DMAIC, esta sim, uma metodologia é reconhecida em

todo o mundo como o meio de se estruturar os projetos de melhoria na busca

do padrão Seis Sigma. As empresas têm utilizado esta ferramenta como a

principal estrutura para que o CEP (Controle Estatístico do Processo)

determine os pontos de oportunidade de melhoria nos processos estudados e

possibilitem a aplicação da estratégia com a finalidade de elevar o nível Sigma.

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CAPÍTULO II

DEFINIÇÃO DO SIX SIGMA

2.1 – A estratégia do Six Sigma

Segundo a Revista Gestão Industrial (v. 02, n. 02: pág. 172, 2006),

atualmente os mercados estão cada vez mais competitivos e a fidelidade dos

clientes cada vez mais disputada. As empresas que buscam o crescimento e

almejam o mercado mundial, devem comercializar produtos e serviços de

forma a “encantar” seus clientes. Para surpreender os consumidores, com

produtos interessantes, preços atrativos e de excelente qualidade, são

necessários várias horas de muito empenho e dedicação na elaboração de

projetos consistentes. A busca incessante por produtos e serviços perfeitos

leva muitas pessoas a pesquisar e implantar várias técnicas, ferramentas e

estratégias dentro do contexto da busca por produtos perfeitos, encontram-se

várias estratégias que visam aumentar a vantagem competitiva das

organizações, entre elas, o Seis Sigma.

Segundo a Revista Gestão Industrial (v. 02, n. 02: pág. 172, 2006), os

resultados alcançados com o programa Seis Sigma estimularam vários estudos

e pesquisas sobre o tema. Para McCarthy e Stauffer (2001), o Seis sigma é a

mais poderosa força para empresas que precisam mudar suas operações e

seus processos de desenvolvimento de produtos e serviços. Empresas como a

General Eletric, Motorola e Ford investiram, aproximadamente, 100 milhões de

dólares em projetos Seis sigma, com expectativas de receber bilhões de

dólares em contrapartida. A ênfase do Seis sigma está nos resultados

financeiros e na possibilidade de eliminação de produtos e processos

defeituosos. Segundo McCarthy e Stauffer (2001), acabou-se os dias da

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qualidade a qualquer custo. Atualmente, os programas de qualidade precisam

trazer resultados mensuráveis.

Segundo a Revista Gestão Industrial (v. 02, n. 02: pág. 173, 2006),

existem algumas estratégias para se alcançar uma produção com “zero erro”.

Pande, Neuman e Cavanagh (2001) afirmam que há três estratégias Seis

Sigma. As estratégias são: (i) estratégia de melhoria de processo; (ii) estratégia

de projeto/reprojeto de processo; e, (iii) estratégia de gerenciamento de

processo. A melhoria de processo refere-se à estratégia de desenvolver

soluções com a finalidade de eliminar as causas-raíz dos problemas de

desempenho de uma empresa, sem, no entanto, interferir na estrutura básica

do processo. Na estratégia projeto/reprojeto de processo, o objetivo é substituir

uma parte ou todo o processo por um novo. Já na estratégia de gerenciamento

de processo, as exigências do cliente são claras e regularmente atualizadas,

os processos são documentados e gerenciados com medições em todas as

suas etapas. Nesta última estratégia, os gestores também usam as medições e

o conhecimento do processo para avaliar os seus desempenhos.

Segundo a Revista Gestão Industrial (v. 02, n. 02: pág. 173, 2006), o

Seis Sigma é um sistema que liga idéias, tendências e ferramentas

desconexas nos negócios, onde o foco no cliente torna-se a prioridade

principal. As melhorias Seis Sigma são definidas pelo seu impacto sobre a

satisfação e valores dos clientes. Existem muitas decisões de negócios que se

baseiam em opiniões e suposições. A disciplina Seis Sigma começa

esclarecendo que medidas são a chave para avaliar o desempenho dos

negócios; depois, aplica-se dados e análises de modo a se construir um

entendimento das variáveis-chaves e a otimizar resultados.

A estratégia está baseada em um método disciplinar o DMAIC que

consiste em segui-lo em sua plenitude para que não haja interferência de

suposições e experiências dos envolvidos direto nos negócios em apontar os

pontos de melhorias do processo produtivo ou serviços prestados.

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Segundo Pande (2002), o DMAIC baseia-se no ciclo original PDCA

(Plan-Do-Check-Action). Ele é usado tanto aos esforços de melhoria de

processo quanto aos de projeto/reprojeto, conforme pode ser visto na Figura 4.

Processos de Melhoria Six Sigma

Melhoria de Processo Projeto/Reprojeto de Processo

1. Definir

Identifique o problema

Defina requisitos

Estabeleça meta

Identifique problemas

específicos ou amplos

Defina objetivo

Esclareça o escopo e as

exigências do cliente

2. Medição

Valide problema / processo

Redefina problema / objetivo

Meça passos-chave / entradas

Meça desempenho em relação

às exigências

Colete dados sobre eficiência

do processo

3. Analise

Desenvolva hipóteses causais

Identifique causas-raiz

Valide hipóteses

Identifique melhores práticas

Avalie projeto do processo

- com / sem valor agregado

- gargalo de processo

- caminhos alternativos

Redefina exigências

4. Melhoria

Desenvolva idéias para remover

causas-raiz

Teste soluções

Padronize solução / meça

resultados

Projete novo processo

-Desafie suposições

-Aplique criatividade

-Princípios de fluxo de trabalho

Implemente novos processos

5. Controle

Estabeleça medidas padrão para

manter desempenho

Corrija problema quando

necessário

Estabeleça medidas e revisões

para manter desempenho

Corrija problema quando

necessário

Figura 4 – Quadro da visão geral dos “caminhos” do modelo DMAIC

Fonte: PANDE, Peter S. Estratégia Seis Sigma (2002)

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O modelo DMAIC concentra uma série de outras ferramentas para

sistematizar a definição, medição, análise, identificação e implantação de

melhorias nos processos onde a variabilidade esteja presente gerando a

ocorrência de defeitos no produto ou serviço recebido pelo cliente, aqui se

considerando tanto o cliente final como o cliente interno do processo.

2.1.1 – Implantação do Six Sigma

Atualmente existe um sólido corpo de pesquisa científica sobre as

experiências de milhares de empresas que implantaram grandes programas de

qualidade como o Six Sigma. Os pesquisadores verificaram que o

desdobramento bem suscedido do Six Sigma consiste em focalizar um

pequeno número de itens de alta alavancagem e os seis passos necessários

para implantar o Six Sigma com sucesso estão bem documentados:

Passo 1. A melhoria do desempenho deve iniciar-se pela alta

liderança, que tem que receber treinamento sobre os princípios e ferramentas

necessárias para preparar a organização para o sucesso. Usando esse

conhecimento recém-adquirido, os altos líderes orientarão o desenvolvimento

de uma infra-estrutura gerencial para apoiar o programa 6-Sigma.

Simultaneamente, devem ser dados passos no intuito de preparar a

organização e cultivar um ambiente propício à inovação e à criatividade:

redução dos níveis hierárquicos, eliminação de procedimentos que barram a

experimentação e a mudança etc.

Passo 2. São desenvolvidos sistemas para estabelecer uma

comunicação mais próxima com clientes, funcionários e fornecedores. Isso

inclui o desenvolvimento de métodos rigorosos para obter e avaliar

informações a respeito deles. Também há estudos para definir o ponto de

partida do 6-sigma e para identificar eventuais obstáculos políticos, culturais e

organizacionais ao sucesso.

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Passo 3. As necessidades de treinamento são avaliadas com rigor. O

ensino para prencher quaisquer lacunas educacionais será ministrado para

garantir que os níveis adequados de conhecimento verbal e numérico atinjam

todos os funcionários. É ministrado treinamento "de cima para baixo" em

ferramentas de melhoria de sistemas, técnicas e filosofias.

Passo 4. É desenvolvida uma estrutura para melhoria contíua de

processos, junto com um sistema de indicadores para monitorar o progresso e

o sucesso. As métricas do 6-Sigma focalizam metas estratégicas, propulsores

de negócios e principais processos.

Passo 5. Os processos industriais que devem ser melhorados são

escolhidos pela gerência e por pessoas com conhecimento profundo e todos

os níveis da organização. Os projetos 6-Sigma são conduzidos para melhorar o

desempenho empresarial ligado a resultados fiinaceiros mensuráveis e isso

requer conhecimento das limitações da empresa.

Passo 6. Os projetos 6-Sigma são condizidos individualmente por

funcionários, as equipes são lideradas por green-belts e são apoiados por

black-belts.

Podemos acompanhar o fluxo de implantação com as atividades,

objetivos e quem executa cada tarefa conforme pode ser visto na Figura 5.

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Figura 5 – Fluxo de Implantação

Fonte:www.estatcamp.com.br/nova/index.php (Acesso em 05/08/2006)

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2.1.2 – Cálculo do Six Sigma

O Seis Sigma é orientado para prevenção, tornando-se um dos

principais impulsos para a medição da melhoria contínua e para a fixação de

níveis referenciais competitivos.

Segundo Breyfogle (2003) afirma que se os dados fossem

concentrados dentro dos limites de especificações e tivesse vários desvios

padrões à taxa de ppm (parts per million) representaria o número de partes por

milhão que estariam fora dos limites conforme pode ser visto na Figura 6.

± Nível sigma do limite de

especificação

(%) Distribuição Centralizada

*DPMO Distribuição Centralizada

(%) Distribuição

1,5 Sigma

*DPMO Distribuição

1,5 Sigma

1 68,2689480 317310,520 30,232785 697672,15

2 95,4499876 45500,124 69,122979 308770,21

3 99,7300066 2699,934 93,318937 66810,63

4 99,9936628 63,372 99,379030 6209,70

5 99,9999426 0,574 99,976733 232,67

6 99,9999998 0,002 99,999660 3,4

*DMPO: Defeitos por milhão de oportunidades.

Figura 6 - Quadro de Conversão Entre ppm e Seis SigmaFonte: Adaptada BREYFOGLE ( 2003, p.1090-1091) ).

Segundo Campos (2002) assegura que o Controle de Qualidade Total

(TQC) e a abordagem Seis Sigma apoiam-se em ferramentas comuns, mas a

gestão das duas estratégias é bastante diferentes. O TQC está fundamentado

no aprimoramento contínuo, sendo considerado uma jornada em que nunca se

atinge o alvo, pois ele está sempre à frente, ou seja, quando se atinge um

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certo patamar, busca-se outro mais adiante. Já o programa Seis Sigma

procura buscar a perfeição na resolução de projetos, com alvos bem definidos,

onde se sabe quando os objetivos foram alcançados.

Segundo Campos (2002) salienta, também, que o Seis Sigma

incorpora a visão do negócio na estratégia da qualidade. O Seis Sigma tem

como métodos estatísticos o alicerce para a tomada de decisões, garantindo,

assim, uma base científica consistente. A abordagem Seis Sigma muda a

forma de gerenciamento, porque as decisões passam a ser balizadas em

dados e, não apenas, em intuições ou sentimentos.

As ações de um programa Seis Sigma está nos processos, como

projetos de produtos e serviços, medidas de desempenho, melhora da

eficiência e da satisfação do cliente. Seis Sigma engloba ferramentas e

práticas que substituem hábitos reativos por um estilo de gerenciamento

dinâmico, receptivo e proativo. Ser proativo significa agir antes dos eventos.

Segundo Buss e Ivey (2001), destacam o valor da simulação como

ferramenta essencial do Seis Sigma. A simulação permite incorporar testes

complexos e regras operacionais para identificar as interações entre os

sistemas e os efeitos da variabilidade do processo. Com a utilização da

simulação pode-se identificar opções de oportunidade de melhoria, determinar

os impactos financeiros e provar a melhor opção de projeto que vise atender

todas as expectativas do cliente com um mínimo de capital. Nesse sentido, a

variabilidade é uma medida do grau de dispersão dos resultados dos

processos em torno do valor médio. As empresas buscam reduzir

continuamente a variabilidade, eliminá-la é impossível.

Segundo (MARANHÃO, 2001) as formas mais comuns de expressar a

variabilidade são as medidas estatísticas da amplitude, da variância e do

desvio-padrão. O uso de técnicas estatísticas pode ajudar no entendimento da

variabilidade e, desta forma, auxiliar as organizações a resolverem os

problemas de melhoria na eficácia e eficiência.

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De acordo com Palmer (1974), o controle e redução da variabilidade

dos processos são uma fonte de economia. No entanto, de um modo geral, é

mais oneroso obter processos com alta precisão e, então, não se justifica,

economicamente, trabalhar com tolerâncias que sejam muito grandes em

relação à variabilidade do processo.

Segundo Pande (2001), a variação ajuda a gerência a entender o

desempenho real da organização e seus processos. Muitas organizações

medem e descrevem seus esforços em termos de médias, mas as médias

como, por exemplo, custo médio e tempo de ciclo médio, escondem

problemas, ocultando a variação. No Seis Sigma o objetivo é estreitar ou

reduzir a variação até que os seis desvios-padrão (6j) possam ser

comprimidos nos limites de especificações do cliente. As medidas Seis Sigma

não são estáticas, é necessário ter a consciência de modificar quando as

necessidades dos clientes mudam.

Segundo Dellaretti Filho e Drumond (1994), enfatizam que a

distribuição normal possui a aparência de um gráfico em forma de sino e

representa uma distribuição de probabilidade, conforme. Essa distribuição é,

freqüentemente, adequada para descrever características de qualidade cuja

variação é a soma de um grande número de pequenos erros independentes,

devido a diferentes causas, tais como os fatores de manufatura. A distribuição

normal possui dois parâmetros: (i) centro da distribuição (média), representado

pela letra grega µ; e, (ii) dispersão da distribuição (desvio padrão),

representada pela letra grega j. Cada desvio padrão (j) representa uma área

debaixo da curva da distribuição normal, sendo capaz de obter as áreas

associadas a cada intervalo como uma proporção da área total sob a curva.

Segundo DAVIS, AQUILANO e CHASE (2001) as curvas da

distribuição normal ilustram a probabilidade de aceitação de lotes com variação

da percentagem de defeituosos. Na estão expostos dois modelos de curvas de

distribuição normal. A curva (A) representa o nível 3j, com variação do

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processo igual à tolerância de projeto. Já na curva (B) a variação do processo

é igual a 50% da variação de projeto e representa o nível 6j (Six Sigma)

conforme pode ser visto na Figura 7.

Figura 7 – A meta do Six Sigma Fonte: Davis; Aquilano; Chase (2001, p.202)

Segundo Davis, Aquilano e Chase (2001), o Controle Estatístico de

Processo (CEP) é um método quantitativo para monitorar um processo

repetitivo. O CEP coleta dados do processo em tempo real e compara as

medições atuais com os medidores básicos de desempenho do processo

(dados do passado). Através do CEP pode-se analisar a variação do processo

e comparar o desempenho atual com o esperado. Desta forma, pode-se

estabelecer a Linha Central (LC), ou seja, a média histórica dos dados. Logo

após, pode-se definir os Limite Superior de Controle (LSC) e o Limite Inferior

de Controle (LIC). O LSC e o LIC são a soma e a diferença, respectivamente,

da média histórica e os desvios-padrão. O LSC e LIC são, geralmente,

definidos com aproximadamente três desvios-padrão, conforme pode ser visto

na Figura 8.

Figura 8 – Cálculo dos Limites de Controle Fonte: Davis; Aquilano; Chase (2001, p.196)

Segundo Lourenço Filho (1976), a verificação de que o processo está

ou não sob controle é feita pelo exame de amostras extraídas periodicamente.

No processo sob controle o característico de qualidade do conjunto dos itens

produzidos possui distribuição normal. Quando a variabilidade se torna

anormal, as amostras indicarão que o processo de fabricação se modificou e

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ficou fora de controle. As causas da modificação podem ser descobertas e, por

isso, são denominadas causas identificáveis. A presença de causas

identificáveis é indicada pela ocorrência de diferenças significantes entre o

valor observado e a média do processo, isto é, de valores amostrais fora da

faixa de controle. O processo sob controle não possui nenhum ponto fora dos

limites, conforme a pode ser visto na Figura 9.

Figura 9 – Gráfico de Controle de QualidadeFonte: Slack ; Chambers (1996, p.568)

Segundo Davis, Aquilano e Chase (2001), o objetivo do controle

estatístico da qualidade é alcançar um processo tanto sob controle como

dentro das tolerâncias. Uma forma rápida de verificar se o objetivo está sendo

alcançado é através do uso do coeficiente de capabilidade de processo (Cp). A

capabilidade é a razão do intervalo de tolerância (LTS – LTI) pela faixa

característica do processo (6s), e pode ser calaculada utilizando a formula

exposta na a (A). Slack et al. (1996) destacam que a capabilidade do processo

é a medida da aceitabilidade da variação do processo. A capabilidade do

processo é dada pela razão entre a faixa de especificação e a variação

“natural” do processo, isto é ± 3 desvios-padrão.

Segundo Davis, Aquilano e Chase (2001), ressalvam que o coeficiente

de capabilidade de processo (Cp) não indica especificamente quão bem está o

desempenho do processo. É preciso calcular o Índice de Capabilidade (Cpk),

conforme (B), para determinar se a média do processo está próxima ao Limite

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de Especificação Superior (LES) ou Inferior (LEI). Quando o Cpk é igual ao Cp,

então a média do processo está centrada entre os dois limites de

especificação. Caso contrário, a média do processo se aproximará ao limite de

especificação correspondente ao menor valor resultante do cálculo dos dois

coeficientes Cpk. O índice de capabilidade permite a comparação da faixa

característica do processo com as especificações conforme pode ser visto na

Figura 10.

Figura 10 - Coeficiente e índice de Capabilidade (Davis;Aquilano;Chase 2001).Fonte: Davis;Aquilano;Chase (2001, p.200)

No exemplo da curva (A) possui tolerância de projeto igual à variação

do processo, comum Cp= 1,0. Neste caso, há ± 3 desvios-padrão de variação

de processo dentro da tolerância de projeto. Estes três desvios-padrão

representam 99,7% dentro das especificações ou 2.700 defeitos por milhão. Já

na curva (B) da , que representa o programa Seis Sigma, a variação do

processo é reduzida a 50% da tolerância de projeto. Isto resulta em um

Cp = 2,0 e somente 3,4 ppm conforme pode ser visto na Figura 11.

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Figura 11 – Tolerância e EspecificaçãoFonte: Lourenço Filho (1976, p.66).

Existe uma distinção entre os Limites de Especificação ou Tolerância

(LES, VN, LEI) e os Limites de Controle (LSC, LC, LIC). Segundo Lourenço

Filho (1976), os limites da especificação representam aquilo que se exige no

projeto, para que o produto possa atender à finalidade para a qual é desejado.

Os limites de controle resultam do processo de fabricação empregado e

refletem aquilo que o processo é capaz de realizar. Portanto, de posse dos

limites de controle e de especificação, já é possível verificar se o processo

pode ou não atender à especificação. Os casos (A), (B) e (C) identificam que a

média do processo de fabricação coincide com o valor nominal da

especificação. Essa coincidência significa que o nível médio de qualidade é

satisfatório, muito embora a dispersão possa ser maior do que a especificação.

Quando a média do processo estiver acima do valor nominal (D) ou abaixo

dele (E), então, será indicativo de elevada porcentagem de peças inaceitáveis

(área hachurada). Quando o processo não atende à tolerância da

especificação, pode-se tomar as seguintes decisões: (i) modificar a

especificação; (ii) alterar o processo de fabricação; e, (iii) empregar inspeção

completa, com triagem das peças fora da especificação.

Segundo Slack (1996) uma distribuição normal com Cp > 1

(Cp = coeficiente de capabilidade de processo) é considerada indicativa de que

o processo é “capaz” e quando a Cp < 1, indica que o processo é “não-capaz”,

conforme demonstrado nos gráficos (A) e (C) expostos na Erro! A origem da

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referência não foi encontrada. A simples medida de Cp pressupõe que a média

da variação do processo está no ponto médio da faixa de especificação.

Porém, com freqüência a média do processo é viesada em relação à faixa de

especificação, ou seja, tende ao Limite de Tolerância Superior (LTS) ou para o

Limite de Tolerância Inferior (LTI), conforme Erro! A origem da referência não

foi encontrada. (D). Nesses casos, é necessário calcular os índices de

capabilidade Cpk para compreender a capabilidade do processo Cp conforme

pode ser visto na Figura 12.

Figura 12 - Capabilidade do ProcessoFonte: Slack; Chambers; Harrison. (1996, p.564).

Segundo DAVIS, AQUILANO e CHASE (2001), processo pode estar

sob controle estatístico e não ser capaz, ou seja, na média, poderá estar

produzindo itens dentro dos limites de controle, mas sua variação é tanta que

não consegue atender as especificações para todos os itens, conforme – (A).

No entanto, o processo com variância reduzida não garante uma produção livre

de defeitos. Com a redução da variabilidade, os limites de controle para as

amostra estão contidos nos limites de tolerância, ou seja, diminui os itens fora

dos limites de tolerância, conforme – (B). Quando a variabilidade do processo

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é conduzida ao controle, o processo é capaz de realizar produção livre de

defeitos. Neste caso, a variância é reduzida a tal ponto que nenhuma medida

individual poderá cair fora da tolerância, conforme – (C). Para conseguir reduzir

a variância do processo até que todos os componentes estejam dentro das

especificações (livre de defeitos) é necessário melhorar o desempenho de

cada fonte de fontes de variação.

Figura 13 - Redução da Variância do ProcessoFonte: Davis, Aquilano, Chase (2001, p.200).

Segundo Pande (2001). o fluxo de processo das empresas Seis Sigma

é composto pelas entradas do processo, o processo em si, representado por

um mapa de fluxograma, e as saídas, representadas por clientes, produtos

finais e lucros. A ilustra essa relação, as letras (x), que aparecem na entrada e

no fluxograma do processo seriam indicadores de mudanças ou desempenho

nas partes independentes do sistema. Já os (y) representam medidas do

desempenho dos negócios. A fórmula y = f(x) é uma maneira matemática de

representar que mudanças nas variáveis de entrada e processos do sistema

(x) determinarão os resultados dos negócios (y), ou seja, os resultados dos

negócios estão em função das entradas e do fluxo do processo. Portanto é

necessário compreender variáveis (x) da entrada e do processo de negócios

têm maior influência sobre os (y) ou resultados. Desta forma pode-se usar as

mudanças no desempenho geral do processo para ajustar os negócios e

mantê-los em movimento sobre um caminho lucrativo (PANDE 2001).

Segundo Pande (2001) afirmam que é essencial um procedimento

para sustentar a melhoria Seis Sigma. Esse procedimento ou caminho para a

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melhoria Seis Sigma pode ser definido em 5 (cinco) etapas: (i) identificar

processos essenciais e clientes-chave; (ii) definir necessidades de clientes; (iii)

medir desempenho atual; (iv) priorizar, analisar e implementar melhorias; e, (v)

expandir e integrar o sistema Seis Sigma.

Figura 14 – Variáveis Independentes (x) e Dependentes (y)Fonte: Pande, Neuman, Cavanagh (2001, p.23).

Segundo Pande, Neuman e Cavanagh (2001), ao analisar, no entanto,

as “Organizações Seis Sigma”, percebe-se que não existem empresas que

atingiram a qualidade no nível Seis Sigma em todas as áreas e departamentos.

Nenhuma empresa possui mais do que alguns processos neste nível. Usar

medidas sigma ou alguma outra ferramenta não qualifica uma empresa como

sendo uma “Organização Seis Sigma”. Para tornar-se uma organização Seis

Sigma é necessário que a empresa assuma o desafio de medir e melhorar

todos os processos. Todas as empresas querem resultados do Seis Sigma,

mas o tipo de resultado ou mudança pode variar muito. As empresas

implementam o sistema Seis Sigma para buscar resultados baseados em

diversos objetivos: (i) transformação do negócio (mudança de cultura, mudança

estrutural, atitudes focalizadas no cliente); (ii) melhoria estratégica (acelerar o

desenvolvimento de produtos, eficiência da cadeia de suprimento); e, (iii)

solução de problemas (altos custos, retrabalhos, atrasos). A busca por

resultados satisfatórios em um sistema Seis Sigma está estreitamente ligado à

seleção de projetos. Projetos de melhoria bem selecionados e bem definidos

são iguais a resultados melhores.

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2.3 – Fase de Definição

A criação dos projetos de melhoria deve ser realizada com base no

impacto sobre os negócios e quando isso é feito adequadamente cria-se um

clima dentro da empresa em que todo o trabalho dedicado à melhoria da

qualidade faz parte das responsabilidades normais de todos (ECKES, 2001).

No que concorda Pande (2002), quando diz que projetos de melhoria

bem selecionados e bem definidos são iguais a resultados melhores e mais

rápidos.

A aplicação do Seis Sigma pode se estender a todas às áreas,

embora,segundo Rotondaro (2002), o Seis Sigma é aplicável a um processo

técnico (como um processo de fabricação) e não técnico, mais difícil de ser

visualizado como os processos administrativos, de serviços ou transações.

Pande (2002) coloca alguns pontos importantes para a seleção correta

dos projetos tais como: treinamento da liderança, o lançamento de um número

razoável de projetos. Ressalta também a importância de avaliar o escopo dos

projetos adequadamente e sugere que o mantra para a seleção do projeto se

torne: significativo e manejável. Além disso, sugere que se mantenha o foco

tanto em eficiência quanto em benefício para o cliente.

Desta forma, a definição do problema determina a questão tática que o

grupo pretende melhorar. Segundo Eckes (2001), ela deve citar desde quando

existe o problema e, além disso, ser específica e mensurável, pois isso dá a

magnitude do problema e em terceiro lugar, precisa descrever seu impacto

sobre os negócios.

Para Rotondaro (2002) é fundamental que na seleção do projeto haja

uma relação clara com um requisito especificado do cliente e que o projeto

seja economicamente vantajoso.

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Ainda assim, Pande (2002) ressalta que não se pode utilizar o DMAIC

para qualquer coisa. Um projeto de melhoria Seis Sigma, segundo o autor tem

que ter três qualificações:

Há uma lacuna entre o desempenho atual e o desempenho

necessário/desejado; a causa do problema não é claramente compreendida; a

solução não é predeterminada, nem é a solução ótima aparente.

Na estruturação do projeto, um ponto de grande importância é a

definição do escopo do projeto que se refere às fronteiras dentro das quais a

equipe estará trabalhando e, ainda mais importante, com o que a equipe não

estará trabalhando. Esta delimitação permite dar foco ao ponto de melhoria

que se deseja estudar e o direcionamento dos esforços a serem empregados.

Eckes (2001) afirma também que a partir daí, metas e objetivos

factíveis devem ser determinados (da definição do problema) e acordados

entre os membros da equipe e seu líder.

Para escolha dos projetos, devem ser consideradas as ações dos

Faixas pretas ou Black belts em caracterizar e otimizar os processos-chaves

que influenciam o negócio, identificar e executar projetos que ajudem a reduzir

erros e defeitos nos processos, produtos e serviços (ROTONDARO, 2002).

Para Pande (2002) na seleção do projeto devem ser considerados

alguns critérios de resultados ou benefícios da empresa: o impacto nos clientes

externos e nas necessidades; o impacto na estratégia empresarial; o impacto

nas “competências essenciais”; o impacto financeiro (ou seja, redução de

custos, melhoria na eficiência, aumento das vendas, ganho na fatia de

mercado); a urgência; a tendência (o problema está ficando maior ou menor

com o tempo?) e a seqüência ou dependência. Além disso, devem ser

observados também critérios de viabilidade como os recursos necessários, a

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habilidade disponível, a complexidade, a probabilidade de sucesso e o apoio

ou engajamento. E os critérios de impacto organizacional: os benefícios da

aprendizagem, os benefícios entre as áreas, ou seja, se o projeto vai poder

ajudar a quebrar barreiras entre grupos na organização e melhorar a gerência

de todo o processo.

Embora cada projeto tenha o seu próprio tempo de realização, os

primeiros projetos dentro da metodologia Seis Sigma devem ser planejados

para 120-160 dias.

Conforme relata Eckes (2001) quando este prazo ultrapassa os 160

dias a probabilidade de atingir as metas diminui. Ele afirma ainda, que cerca de

metade deste tempo deve ser dedicado às atividades de definição e

mensuração, enquanto que a outra metade será dedicada à análise e melhoria.

Dentre algumas dicas oferecidas por Pande (2002), uma delas é na

aplicação do Seis Sigma em serviços, não enfatizar demasiadamente as

estatísticas, o que pode parecer controverso e para alguns puristas, não

enfatizar a estatística é equivalente a “emburrecer” o Seis Sigma. Mas o autor

insiste na dica ratificando que, muitos grupos de serviços ainda não estão

preparados para estatísticas detalhadas desde o início.

Dentro dos projetos de melhoria, a distribuição dos papéis dentro da

equipe deve ser realizada cuidadosamente. Não devem ser selecionadas

simplesmente as pessoas disponíveis e interessadas no projeto, mas aquelas

mais qualificadas para o trabalho e que tenham impacto direto sobre os

objetivos estratégicos do projeto em questão (ECKES, 2001).

De modo geral, é mais importante para a melhoria Seis Sigma que as

pessoas aprendam a fazer perguntas críticas sobre seus processos e clientes,

isto vale tanto para serviços como para a fabricação (PANDE, 2002).

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O treinamento da equipe também é importante. De acordo com

Rotondaro (2002), treinar os colaboradores na metodologia Seis Sigma é o

caminho para uma companhia conseguir melhorar drasticamente os seus

processos.

A constituição da equipe é fundamental para o sucesso da aplicação

da metodologia Seis Sigma. A nomenclatura usada para os membros da

equipe é baseada na graduação utilizada nas artes marciais como mencionado

na estruturo do Six Sigma.

2.4 – Fase de Medição

O que diferencia o método Seis Sigma de tantos outros programas de

melhoria da qualidade que vêm sendo implantados nas empresas, nas últimas

décadas, é a ênfase na tomada de decisões baseadas em dados e fatos e não

nas experiências individuais (ECKES, 2001).

Eckes (2001) afirma ainda que o que se observa dentro das empresas

é a posição em dois extremos: ou a total falta de prática de mensuração ou a

medição demasiada e não utilização do que foi medido.

Para Pande (2002), embora possa exigir um pouco de trabalho, a

maioria das coisas que acontecem em uma empresa pode ser medida e o

requisito número um para a medição é a capacidade de “observar”.

O que é medido é realizado, por isso, Eckes (2001) afirma que se você

não realiza medições e faz afirmações a respeito de um processo, você é

apenas uma pessoa com uma opinião.

Na metodologia Seis Sigma a mensuração começa com o mapa do

processo e a identificação das medidas de sua eficácia.

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Um modelo de plano de coleta de dados é mostrado na Figura 15.

Engloba a identificação de quem, o que, onde, quando e como será analisado

o processo em estudo.

Figura 15 - Plano de coleta de dadosFonte: ECKES, George. A Revolução 6 Sigma (2001).

Dentro deste plano, existem dois tipos de dados a serem coletados:

dados discretos (não/sim, ligado/desligado) e contínuos – altura, peso, tempo.

Em muitos casos os dados contínuos podem fornecer mais informações sobre

o processo, mas, contudo, os dados discretos não devem ser desprezados.

Para Pande (2002), é importante compreender a diferença entre

medidas contínuas e discretas, já que isso pode impactar não só em como

definir as medidas, mas também como os dados serão coletados e aquilo que

se pode aprender com eles.

Uma outra abordagem pode mostrar dois tipos de respostas: quanto

antes melhor ou quanto menos melhor (ex. quando se refere a tempo de

entrega de um produto pelo correio). Alem disso, é necessário se estabelecer a

definição operacional do produto ou serviço.

De acordo com Eckes (2001) uma definição operacional é a descrição

de alguma coisa, onde todas as partes envolvidas possuem uma compreensão

comum e não existe qualquer ambigüidade sobre aquilo que está sendo

definido, ou seja, a definição operacional tem que deixar bastante claro aquilo

que o produto deve conter para ser considerado um produto sem defeitos.

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Uma vez que se sabe onde medir e como medir é necessário definir as

ferramentas que serão utilizadas nesta mensuração e desenhar um formulário

onde estes dados possam estar relatados de forma compreensível.

Realizar os cálculos dentro da estratégia Seis Sigma se torna uma

tarefa mais simples quando utilizadas as medidas discretas. Como nem

sempre os resultados das medições são dados em medidas discretas, por

vezes, pode se realizar a conversão de medidas contínuas em discretas para

facilitar o processo. Exemplos de medidas discretas e contínuas, assim como

medidas contínuas que por meio de técnicas de adequação podem ser

transformadas em discretas são mostradas na Figura 16.

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Figura 16 – Exemplos de medidas discretas, contínuas e contínuas convertidas para discretas .Fonte: PANDE, Peter S. Estratégia Seis Sigma (2002)

De acordo com Eckes (2001), os passos para a criação de um

formulário com dados discretos são:

a) determinar o que é um defeito;

b) determinar categorias para os defeitos;

c) determinar o período de tempo dentro do qual os dados serão

coletados;

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d) elaborar uma tarefa para facilitar a coleta de dados (chamado lista

de verificação discreta) que é usada para a criação do gráfico de Pareto.

Para dados contínuos, a ferramenta aconselhada é a tabela de

distribuição de freqüência que toma os valores esperados mais baixos e mais

altos e cria um continuum de valores entre os dois extremos. Pode-se usar a

tabela de distribuição de freqüência com a Escala de Likert (ECKES, 2001).

Os dados devem ser colhidos de uma parcela do processo estudado

formando uma amostragem, processo de tomar apenas uma parte proporcional

do total dos dados disponíveis da população. Esta amostragem não tem que

ser apenas proporcional ao total dos dados disponíveis. Embora o montante

dos dados seja importante é preciso assegurar-se de que a amostra será

representativa e aleatória.

Além de ser representativa, a amostra tem que ser aleatória, ou seja,

ela deve ser uma amostragem onde todos e cada um dos elementos tem a

mesma chance de serem selecionados, também conhecida como uma amostra

não tendenciosa. Uma amostragem aleatória pode ser conseguida utilizando-

se uma tabela de números aleatórios, encontrada nos livros de estatística.

Uma equação de amostragem, conforme Equação 1 para dados

contínuos pode ser utilizada para determinar se os dados da amostragem são

suficientes :

N = (2s/∆)² (1)

Sendo que, s representa a variabilidade dos dados e ∆ representa o

grau de precisão ou magnitude da mudança desejada. Para dados discretos a

Equação 2 para amostragem é a seguinte:

N = (2/∆)² [P(1-P)] (2)

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Sendo que ∆ representa o grau de precisão e P representa a

proporção defeituosa.

De acordo com Eckes (2001) o conceito técnico do Seis Sigma é a

medição do desempenho atual e determinação de quantos Sigmas existem

que possam ser medidos a partir da média corrente até que ocorra a

insatisfação do cliente, ou seja, a partir de onde existe um defeito.

A metodologia Seis Sigma baseia-se no fato de que existem seis

elementos que podem gerar a variação. São as máquinas, materiais, os

métodos, os sistemas de mensuração, o ambiente e as pessoas no processo.

Nesta definição, defeito é qualquer evento que não atenda os requisitos do

cliente.

O processo classificado como Seis Sigma é um processo cujos

resultados qestão a + 3 sigma da média (µ), em uma curva normal e que

representam uma porcentagem de 99,73% conforme está representado na

Figura 17.

Figura 17 – Distribuição normal com a representação 6jFonte: Adaptada PEREZ-WILSON, M. Seis Sigma (1998)

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Denomina-se causa comum ou normal (ou ainda esperada ou

aleatória), a variação encontrada quando esses elementos não apresentam

nenhuma influência negativa. Quando um dos elementos apresenta uma

influência negativa sobre o processo, diz-se que o resultado é uma variação de

causa especial, de variação anormal, inesperada ou não-aleatória.

Segundo Eckes (2001) determinar se a variação existente é de causa

comum ou causa especial é importante para determinar a metodologia de

resolução de problemas que será adotada no processo.

A medição consome recursos, atenção e energia o que significa que

não se deseja realizar qualquer medição que não será necessária (PANDE,

2002).

Pande (2002), coloca também a importância de um processo para a

medição que envolve a seleção do que medir, o desenvolvimento das

definições operacionais, a identificação da fonte de dados, preparação do

plano de coletas e amostragem e finalmente a implementação e o refino da

medição.

Para cálculo do Sigma utilizando o método discreto é necessário

conhecer três itens sobre aquilo que está sendo medido: a unidade (produto ou

serviço); o defeito (qualquer evento que não atenda aos requisitos do cliente) e

a oportunidade (chance do defeito ocorrer).

Neste método, os dados contínuos mostram-se melhores de serem

usados, pois: demonstram a magnitude da variação do processo; podem nos

indicar o tipo de variação existente (causa comum ou especial); são menos

numerosos para serem coletados e, além disso, o cálculo do sigma a partir dos

dados discretos, embora válido, pode ser enganoso em algumas situações.

2.5 – Fase de Analise

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A análise dos dados é o elemento mais importante do modelo de

melhoria do processo, pois, é nesta fase que se faz a descoberta da razão da

existência do problema. Segundo Eckes (2001), muitas vezes, porém, a equipe

tem uma noção preconcebida da razão do problema o que a faz passar pela

etapa da análise de forma superficial, dando soluções precipitadas de

melhoria.

O objetivo da análise é a solução da Equação 3 dada por:

Sendo que Y é a medida de resultado sobre a qual calculamos o

Sigma.

Esta equação define que Y (seja um desempenho Sigma alto ou baixo)

é uma função (f) de uma série de Xs, que se referem aos elementos do

processo. Assim, segundo Eckes (2001), o objetivo da etapa da análise é

solucionar esta fórmula e determinar quais dos diversos Xs em nosso processo

são os principais causadores do desempenho de Y.

A análise dos dados se mostra então como um dos caminhos para se

chegar à raiz do problema. O outro meio é o exame do processo (análise do

processo), mas, na maioria das situações o que acontece é que a equipe utiliza

uma combinação dessas duas técnicas.

Uma das ferramentas utilizadas na análise dos dados é a montagem

de um histograma. A vantagem desta ferramenta é que a representação

gráfica da variação geralmente oferece maiores condições de análise que

apenas os dados brutos.

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A outra forma utilizada para chegar as raízes do problema é a do

mapeamento dos subprocessos, onde se realiza a análise do mapa de alto

nível e seu detalhamento. Uma vez criados e validados os subprocessos, deve

se prosseguir a análise do processo.

Esta análise, segundo Eckes (2001), pode ser de três tipos: analisar os

momentos da verdade do processo; analisar a natureza do trabalho ou ainda

analisar o tempo de ciclo.

A análise dos momentos da verdade se refere a todos os momentos

em que o cliente exerce algum tipo de relacionamento com o processo. A

natureza do trabalho é que vai determinar se os passos de cada subprocesso

agregam valor ou não (etapas que não agregam valor: falhas internas, falhas

externas, controle/inspeção, atrasos, preparação/ajustes, movimentos) e

finalmente, a análise do fluxo do trabalho é o cálculo da quantidade de tempo

que leva cada etapa do subprocesso, quer ela tenha agregado valor ou não.

De acordo com Eckes (2001) a partir daí estrutura-se a planilha de

resumo da análise que se refere ao resumo estatístico das análises da

natureza e do fluxo de trabalho.

Dentro deste processo temos ainda os capacitadores de valor que se

referem às tapas no processo que não agregam valor, mas são requeridas

legalmente ou são exclusivas de um dado negócio e que nunca serão alvo de

melhoria (ECKES, 2001). Após a primeira fase do processo de melhoria, onde

todas as idéias factíveis para a identificação da raiz do problema são geradas,

ocorre o afunilamento, que vai então gerar um rol das causas potenciais mais

prováveis e na última fase, a equipe reforça o afunilamento para uma, duas ou

três causas mais prováveis apenas.

Uma ferramenta utilizada nesta etapa é a chamada CDC (clarificação,

duplicações e categorias) onde é solicitado para que os participantes

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clarifiquem as suas idéias, retirem as possíveis duplicações e em seguida

proceda a categorização.

O passo final é a construção do Gráfico de Pareto com as idéias

originadas na análise.O Diagrama de Pareto, segundo Braz (2002) foi

desenvolvido por Juran que adaptou a ferramenta originalmente apresentada

por Vilfredo Pareto em 1897 para demonstrar que a distribuição de renda era

muito desigual, onde a maior parte da riqueza pertencia a um pequeno grupo

de pessoas.

Juran adaptou o diagrama e chegou à conclusão de que as melhorias

mais significativas podem ser obtidas se nos concentrarmos em “poucos

problemas vitais” e, depois, “nas poucas causas vitais” desses problemas

(BRAZ, 2002).

Assim, no Diagrama de Pareto ocorre a descrição gráfica de dados que

apresenta a informação de forma que se possam concentrar os esforços de

melhoria nos pontos onde os ganhos obtidos forem maiores.

O Diagrama de Pareto trata-se de um gráfico de barras verticais que

apresenta na horizontal, as diversas classes de problemas ou de causas que

se quer comparar, na vertical, as colunas representam a freqüência de

ocorrência de cada classe e estas colunas são dispostas em ordem

decrescente. Finalmente, uma curva representa a porcentagem acumulada das

ocorrências, com os valores percentuais representados no eixo vertical, à

direita, conforme pode ser visto na Figura 18.

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Figura 18 – Diagrama de Pareto Fonte: BRAZ, Moacyr A. Ferramentas e Gráficos Básicos (2002)

A literatura sobre a metodologia Seis Sigma inclui outra ferramenta que

pode ser utilizada neste processo que é o “Diagrama dos cinco porquês” na

qual é gerada a necessidade de responder pelo menos cinco vezes ao porquê

que está sendo analisado no caso. Esta ferramenta, comumente utilizada nas

empresas, mesmos nos processos mais simples é muito útil para a certificação

da causa do problema.

Outra ferramenta que pode auxiliar nesta fase é o Diagrama de Causa

e Efeito, uma ferramenta utilizada para apresentar a relação entre o resultado

de um processo (efeito) e as suas diversas causas.

Para construir um diagrama de causa e efeito alguns passos devem

ser considerados:

a) Determinar o efeito que se quer estudar que ficará no quadro à

direita.

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b) Determinar os fatores que formarão os ramos maiores. Para isso

existe um critério comumente empregado que utiliza os chamados “6M”: mão-

de-obra; materiais; máquinas; métodos; meio ambiente e medição.

Segundo Braz (2002), a maioria dos autores concorda que o Diagrama

de Causa e Efeito não tem a função de identificar entre as diversas possíveis

causas, qual é a causa fundamental do problema em questão.

O Diagrama de Causa e Efeito servirá para aumentar a visão sobre o

problema, ter a participação da equipe e obter o conhecimento pessoal que o

problema envolve além de orientar e focalizar as discussões, difundir o

conhecimento e obter consenso do grupo sobre as oportunidades de melhoria.

Alguns cuidados que devem ser considerados na elaboração do

Diagrama de Causa e Efeito são: a sua elaboração em equipe; construí-lo em

um formato grande o suficiente para a visualização por todos os participantes;

evitar termos genéricos (para não criar um diagrama genérico) e jamais se

criticar as contribuições recebidas. A Figura 19 mostra um exemplo de

Diagrama de Causa e Efeito.

Figura 19 – Exemplo de diagrama de causa e efeito Fonte: ROTONDARO, Roberto G.(Org) Seis Sigma BRAZ (2002)

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Outra forma de decisão gráfica que pode ser utilizada nesta fase é o

histograma. O histograma é uma forma de decisão gráfica agrupada em

classes de freqüência e permite verificar a forma da distribuição, o valor central

(mediana) e a dispersão dos dados (BRAZ, 2002).

O histograma é um gráfico formado por retângulos contíguos com base

nas faixas de valores da variável em estudo e cuja altura é dada pela

freqüência da ocorrência dos dados no intervalo definido pela base do

retângulo.

Segundo Braz (2002) o histograma difere do Diagrama de Pareto pelo

tipo de variável que cada um representa: o Pareto é para variáveis discretas,

classificadas e posicionadas em ordem decrescente além da curva de

freqüência acumulada.

O histograma é utilizado com variáveis contínuas, onde a posição não

muda de acordo com a freqüência.

Para construção de um histograma é necessária uma amostra de 50 a

100 dados, determinar o maior e o menor valor, calcular a amplitude dos dados

e determinar o número de classes, estes, segundo Braz (2002) constituem um

método prático.

A interpretação de um histograma leva em consideração a forma da

distribuição e a relação entre a distribuição e as especificações.

No caso da forma de distribuição pode ser verificado qual o tamanho

da variação, observando-se a amplitude total (largura ocupada pela barra).

Além disso, pode se verificar se a distribuição é simétrica o que pode indicar

que o processo segue uma distribuição normal e está bem controlado, apesar

de que existem processos que geram naturalmente produtos com distribuição

assimétrica como, por exemplo, o prazo para a realização de uma tarefa.

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A forma de distribuição permite também verificar se o histograma tem

características singulares, tem mais de uma moda (um histograma bimodal

pode indicar a mistura de produtos de fontes diferentes). Na ocorrência desta

modalidade é necessário estratificar os dados e construir dois histogramas

diferentes a fim de que a análise seja correta.

O histograma também pode apresentar uma forma de distribuição

truncada ou possuir barras isoladas o que pode ser indicador de que os

produtos que estariam retratados na região central do gráfico podem estar

sendo retirados no processo de seleção de produtos de primeira linha.

A relação entre a distribuição e as especificações permitem analisar

qual a porcentagem de produtos fora das especificações ou ainda se os

produtos atendem a essas especificações e se a média dos valores está

centralizada em relação aos limites de especificação.

Dessa forma, a análise do histograma permite dizer se o processo

precisa ser melhorado, se ele é capaz ou não de atender às especificações e

se a natureza das não-conformidades é relativa à média ou à dispersão do

processo.

A Figura 20 mostra as diferentes formas de histogramas que podem

ser encontrados em um processo.

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Figura 20 – Diferentes formas de histogramaFonte: BRAZ, Moacyr A. Ferramentas e Gráficos Básicos (2002)

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Na metodologia Seis Sigma, outro passo bastante importante é a

validação da raiz do problema, uma vez que a diferença primordial do método

é que todas as decisões são fundamentadas em dados e fatos.

Segundo Eckes (2001), a validação da raiz potencial do problema,

pode ser realizada de três formas: pela utilização dos dados atuais disponíveis;

por meio do diagrama de dispersão e pela implementação de experimento

planejado.

Outra ferramenta que pode ser utilizada nesta fase é o FMEA (Failure

Mode and Effect Analysis), um método de análise de produtos ou de

processos, industriais ou administrativos.

Segundo Braz (2002), utilizado para identificar todos os possíveis tipos

ou modos de falha potencial, determinar o efeito de cada um deles sobre o

desempenho, priorizar os modos de falha em função dos seus efeitos e

identificar ações que possam eliminar ou reduzir a chance da ocorrência de

uma falha potencial. Um exemplo de formulário básico de FMEA é

demonstrado na Figura 21.

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Figura 21 – Formulário básico do FMEA (BRAZ, 2002)Fonte: BRAZ, Moacyr A. Ferramentas e Gráficos Básicos (2002)

Segundo Braz (2002) existem algumas diferenças básicas entre FMEA

de produto e de processo. Um FMEA de produto procura identificar as falhas

potenciais que o produto pode ter em atender às necessidades do cliente

“exclusivamente por características de projeto do mesmo” enquanto que um

FMEA de processo considera apenas as falhas potenciais causadas pela

produção do bem ou serviço, ou seja, ele assume que o produto, assim como

foi projetado é capaz de atender ao cliente.

Para construção do FMEA é necessário passar pelas seguintes etapas:

a) Definição do processo e da equipe;

b) Função do processo (título da etapa em análise);

c) Descrever o modo de falha potencial (descrição das não-

conformidades);

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d) Levantar o efeito potencial da falha (impacto no cliente se um modo

de falha não é prevenido ou corrigido);

e) Estimar o índice de severidade (avaliação da gravidade do efeito do

modo de falha);

f) Buscar a(s) causa(s) potencial (is) da falha (identificar a causa

fundamental da falha);

g) Calcular o índice de ocorrência (probabilidade de uma falha vir a

ocorrer);

h) Descrever os controles atuais do processo;

i) Levantar o índice de detecção (indica a probabilidade dos controles

atuais conseguirem segurar as falhas antes que cheguem aos clientes);

j) Calcular o NPR – Número de prioridade de risco (indicador geral da

importância da falha resultante da composição dos índices definidos

anteriormente);

k) Registrar as ações recomendadas;

l) Definir responsável e prazo;

m) Levantar as ações tomadas (que podem ser diferentes das

recomendadas);

n) Calcular o NPR resultante após a implantação das ações corretivas.

Na utilização dos dados atuais disponíveis considera-se que tudo,

menos 1%, pode ser explicado pelos dados disponíveis e passa-se para a

etapa de melhoria.

No caso do diagrama de dispersão para a validação da raiz do

problema, ele é uma representação gráfica da relação existente entre duas

variáveis, por meio da qual se pode verificar se uma dada variável de

resultado(Y) pode ser explicada, em parte ou totalmente, por uma dada

variável no processo(X). Para a sua criação, deve-se: coletar os dados brutos

sobre X e Y; determinar os incrementos para X e Y; rotular os eixos X e Y e

interpretar o diagrama, segundo o padrão.

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De acordo com Eckes (2001), pode ser encontrada uma forte

correlação positiva, uma forte correlação negativa ou ainda não haver

nenhuma correlação. Neste caso, a equipe tem a indicação de não haver mais

razões para investigar X, que foi considerado previamente importante, e facilita

o trabalho da equipe em validar as causas verdadeiras do problema.

Na análise do diagrama de dispersão o engano mais comum é a

suposição de causalidade, pois, apesar de haver forte correlação entre duas

variáveis, uma terceira variável não citada pode ser a causa.

Embora muitos defensores do método Seis Sigma recomendem a

análise de regressão pode se usar também os experimentos planejados que

permitem a verificação de múltiplas causas, uma vez que, é muito raro que um

único fator (X) explique a medida do resultado (Y). O mais provável é que

diversos Xs contribuam para explicar as variações de Y (ECKES, 2001).

Para isto, é preciso a ferramenta chamada de experimento planejado

que possa determinar a variação de Y, rápida e abrangente, quando se trata

de múltiplos fatores.

Conforme relata Eckes (2001), muitas pessoas acreditam que os

experimentos planejados são difíceis uma vez que alguns profissionais dão

muita ênfase à análise estatística.

O experimento planejado é uma forma de criar o evento significante e

observar os resultados. A equipe do projeto cria ativamente os eventos, em vez

de ficar esperando, passiva e ineficientemente, que alguma coisa significante

aconteça enquanto alguém está observando (ECKES, 2001).

Conforme relata Ramos (2002), o desenho de experimento tem sido

aplicado em diversas situações, visando os objetivos:

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a) Determinação de que fatores (X) têm maior influência sobre a

resposta (Y), seguindo o princípio de Pareto segundo o qual apenas alguns

dos X terão influência de interesse prático sobre Y;

b) Determinação sobre como ajustar X para que Y seja o esperado;

c) Determinação de como variar o X de modo que a variação de Y seja

a menor possível, de modo a aumentar a capacidade do processo;

d) Determinação de como ajustar o X de modo que o efeito das

variáveis não controladas (X) sobre Y sejam mínimos.

Dentro da metodologia, o objetivo da melhoria é selecionar aquelas

soluções que podem ter impacto sobre a causa validada do problema.

Segundo Eckes (2001), novamente existem as fases de abertura-

afunilamento fechamento, mas, que desta vez são um pouco diferentes. A fase

de abertura é também um período de brainstorming para levantar o máximo de

idéias possíveis sobre o que possa impactar as causas do problema.

No afunilamento faz-se novamente o CDC seguido de uma votação

múltipla. Depois se constrói o Gráfico de Pareto. No fechamento, conforme

relata Eckes (2001), realiza-se a aplicação dos critérios “precisar/querer” por

meio do qual se priorizam as soluções que se mostram importantes porque os

recursos necessários para a implementação de uma lista de soluções, mesmo

priorizada, podem ser proibitivos e também porque se deve imaginar que, se

forem propostas cinco ou seis soluções, a sua implementação pode

demonstrar que a meta foi atingida depois da primeira ou segunda sendo

desnecessária então, a implantação de todas as alternativas.

Outro gráfico que pode ser analisado é o chamado gráfico de

planejamento de influência, onde os grupos-chave de interesse e o tipo de

resistência ficam visíveis.

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Eckes (2001), relata a existência de quatro tipos de resistência: a

técnica, que pode ser combatida com o uso de treinamento (às vezes pode

aumentar a resistência) uma vez que, a maneira de modificar o comportamento

de quem demonstra esse tipo de resistência é a informação e o envolvimento.

No caso de resistência política, onde a pessoas ligam as mudanças às

perdas, é necessário demonstrar às pessoas que há uma necessidade de

mudança e que haverá ganho para o indivíduo afetado por ela.

A resistência individual que tem que ser tratada de maneira também

individual quando reconhecida e a resistência organizacional que mesmo não

explícita, está na própria liderança (ECKES, 2001).

2.5.1 – Capacidade do processo

Segundo Carvalho (2002), o controle estatístico tem por objetivo

conhecer a estabilidade do processo estudado, monitorando seus parâmetros

ao longo do tempo.

Para o autor, a capacidade do processo já observa outra questão: para

um processo cujo comportamento seja conhecido, se podemos dizer que ele é

capaz de produzir itens ou prestar o serviço segundo as especificações

determinadas pelo cliente.

Alguns autores denominam a capacidade do processo como

capabilidade do processo. No entanto, o estudo da capacidade do processo

não é novidade apesar do estudo do índice de capacidade Seis Sigma

apresentar algumas diferenças (CARVALHO, 2002).

Carvalho (2002) destaca que, embora a restrição da distribuição seja

normal para os dados, não existe referência nos trabalhos dos principais

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autores quanto à necessidade do processo estar sob controle para que o

estudo da capacidade possa ser feito.

Os cálculos necessitam ser feitos em todos os processos que estão

sendo acompanhados por meio da estratégia Seis Sigma. A Equação 4,

apresenta os cálculos utilizados para a medição do índice da capacidade ou

capabilidade do processo (CpK) dentro da metodologia Seis Sigma

(CARVALHO, 2002).

Sendo que:

P (x < LIE) = P (z < -6 ) = 1,25 partes por bilhão

P (x > LSE) = P (z > +6) = 1,25 partes por bilhão

zI : índice de capacidade inferior

zs : índice de capacidade superior

Por convenção, quando o CpK é menor do que 1, o processo é

chamado de incapacitado e se o resultado do cálculo do CpK for maior ou igual

a 1 é chamado de capacitado para produzir um produto dentro dos limites de

especificação e num processo Seis Sigma, neste caso o CpK obtido no cálculo

é igual a 2,0 (PEREZWILSON, 1998; CARVALHO, 2002).

Carvalho(2002) destaca que para fazer o cálculo do índice de

capacidade é preciso que a hipótese de distribuição normal seja válida para os

dados e que o processo esteja sob controle. É importante avaliar corretamente

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os resultados obtidos, pois, conforme relata Perez-Wilson (1998), o CpK é

inversamente proporcional ao desvio padrão, ou à variabilidade de um

processo.

Segundo Perez-Wilson (1998) a medida ppm ou partes por milhão

oferece maior resolução para quantificar defeituosos, defeitos, erros e falhas,

conforme pode ser visto na correlação apresentada na Figura 22.

Figura 22 - Nível de SigmaFonte: PEREZ-WILSON, M. Seis Sigma (1998)

A medida ppm, no Seis Sigma utilizado para medir o número de

defeitos ou erros auxilia na padronização das medidas em toda a organização.

Dessa forma, os diferentes processos de diferentes áreas da empresa poderão

ser comparados em seus resultados.

O ppm, segundo Perez-Wilson (1998) é um cálculo simples, mas

somente quando o determinamos por inspeção. O ppm de defeituosos

associado aos Seis Sigma é de 0,002 ppm. A relação entre ppm e nível sigma

é mostrado na tabela que se encontra no Anexo e o nível sigma deve ser

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calculado em todos os processos nos quais a metodologia está sendo aplicada

a fim de se perceber em que nível o processo se encontra ao início e fim do

estudo.

Importante perceber que esta é a garantia dos processos Seis Sigma

levados ao consumidor, não aos níveis reais de Seis Sigma conforme é

relatado por Perez-Wilson (1998).

O DPMO ou número de defeitos por milhão de oportunidades é a

medida para quantificar o número total de defeitos, se um milhão de unidades

forem produzidas, e é dado pela Equação 5:

Sendo que:

dpm = dpu x 1.000.000

dpu = número de defeitos / número de unidades

NTOD = Número total de oportunidades de defeitos

Nesta equação dpu representa defeitos por unidade, ou o número total

de não conformidades que se espera encontrar em uma unidade de produto,

dado pelo número de não-conformidades encontradas em uma amostra,

dividido pelo tamanho da amostra (PEREZ-WILSON, 1998).

2.6 – Fase de Melhoria

Na fase de melhoria pode ocorrer o desenvolvimento de um piloto para

verificar se a solução encontrada irá levar à melhoria do desempenho Sigma.

Neste momento, surge a necessidade da manutenção dos ganhos, por

meio de métodos de controle que podem ser qualitativo ou quantitativo e a

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escolha do método vai depender da padronização do processo e do estado do

processamento (ECKES, 2001).

A padronização do processo diz respeito à estabilidade das etapas,

depois que a equipe já tiver implantado a melhoria e o estado do

processamento se refere ao volume de produtos ou serviços gerados por um

processo. A maior parte dos processos, depois da implantação da melhoria

sofre uma padronização.

2.7 – Fase de Controle

O controle estatístico do processo tem sido usado há décadas nas

empresas e de acordo com Eckes (2001) na maior parte das empresas ocorre

a adoção um programa de computador que realize os gráficos para controle

estatístico.

Segundo Montemor e Ortega (2001), nas mãos de um operador o

controle estatístico do processo é uma ferramenta básica. Por meio dela, o

operador mede o produto em processo e pode detectar quando a amostra está

fora dos limites.

Dessa forma, seja qual for o programa escolhido, cinco etapas devem

ser respeitadas: a coleta de dados em seqüência cronológica; o cálculo das

médias dos subgrupos e faixa dos subgrupos; o cálculo dos limites de controle;

a colocação das médias e faixas dos subgrupos no gráfico controle e a análise,

interpretação e utilização do gráfico para manutenção e posteriores melhorias

(ECKES, 2001).

Conforme afirmam Montemor e Ortega (2001), o controle estatístico do

processo possibilita um real envolvimento do empregado, pois, a

responsabilidade passa a ser de cada empregado. Além disso, é essencial que

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o responsável pelo processo documente a melhoria quando ela ocorre. Essa

documentação inclui o registro das melhorias a fim de que haja uma

padronização de ação por parte dos envolvidos (ECKES, 2001).

Finalmente, o DMAIC necessita de um plano de resposta que gera um

plano constante de ação para orientar os participantes do processo a fim de

que as mudanças no Sigma sejam positivas.

A partir daí, segundo relata Eckes (2001) o controle estratégico é

exercido por um comitê de qualidade que verifica os relatórios sobre o

desempenho dos processos e revisa os projetos selecionados periodicamente.

Para Pande (2002), existem alguns itens que podem auxiliar no

sucesso do uso da estratégia Seis Sigma, entre eles:

a) ligar os esforços Seis Sigma a estratégias e prioridades do negócio;

b) colocar o Seis Sigma como uma maneira melhor de gerenciar o

hoje;

c) manter a mensagem simples e clara;

d) desenvolver um caminho próprio para o Seis Sigma;

e) focalizar em resultados de curto prazo;

f) focalizar no crescimento e desenvolvimento a longo prazo;

g) divulgar os resultados, admitir os reveses e aprender com eles;

h) investir para que o Seis Sigma aconteça;

i) utilizar com prudências as ferramentas do Seis Sigma;

j) ligar clientes, processos, dados e inovação ao Seis Sigma;

k) tornar a alta liderança responsável;

l) tornar a aprendizagem contínua.

CAPÍTULO III

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MARKETING NA ÁREA DE SERVIÇOS

3.1 – Definição de Serviço

Segundo JUDD (Jounal of Markentig v.28, p.58-59, Jan. 1964),

serviços constituem uma transação realizada por uma empresa ou po um

indivíduo, cujo objetivo não está associado à transferência de um bem.

Para RATHMELL (Jounal of Markentig v.30, p. 32-36, Oct. 1966),

considera bem como alguma coisa um objeto, um artigo, um artefato ou um

material e serviço como um ato, uma ação, um esforço, um desempenho.

Segundo LAS CASAS (2006), o que mais caracteriza a área de

serviços é a colocação de RATHMELL, que a considera como um ato, um

esforço, um desempenho e que pode apresentar-se de várias formas. A

Associação Americana de Marketing define serviços como aquelas atividades,

vantagens ou mesmo satisfação que são oferecidas à venda ou que são

proporcionadas em conexão com a venda de mercadorias.

Segundo a Coleção Gestão Empresarial (www.fae.edu/publicações

p.20-24 acesso em 15/09/2006) Uma boa definição pode ser a seguinte:

Serviço é um desempenho essencialmente intangível, que não resulta na

propriedade de algo. O serviço pode ou não estar ligado a um produto físico.

Assim, serviços são desempenhos no tempo e espaço que geram valor para o

cliente por meio de uma transformação, uma experiência de serviço.

Quando alguém vai ao cabeleireiro, não fica proprietário do corte de

cabelo; na verdade, sofre.o corte de cabelo. Durante uma aula, um aluno não

se torna dono da aula, mas sofre, recebe a experiência da aula, que deve

gerar uma transformação, gerando valor. O mesmo ocorre num consultório

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médico, num restaurante, numa oficina mecânica: o cliente não se torna dono

do serviço. O serviço é um desempenho transformador, intangível em

essência, mesmo quando ligado a um produto físico. Mesmo em serviços que

possuem um forte componente de bens, produtos e máquinas, como o

transporte aéreo, o cliente não pode levar a viagem para casa e mostrar aos

amigos. Ele pode, sim, viver a experiência transformadora da viagem e, no

máximo, mostrar a passagem, as fotos, alguns elementos tangíveis do serviço.

Esses elementos inclusive são fundamentais para tangibilizar o serviço.

Segundo Oakland (1994), relaciona características particulares dos

sistemas de fornecimento de serviços: a intangibilidade, perecibilidade,

simultaneidade e heterogeneidade. A intangibilidade se mostra pela

característica observada em serviços de que o consumidor muitas vezes usa a

experiência ou a reputação da organização para julgar o serviço. A

perecibilidade é outra característica, pois muitas vezes é impossível ou

indesejável manter estoques do elemento de serviço explícito e a

simultaneidade ocorre porque o consumidor deve estar presente antes que

muitos serviços possam ser prestados. Já a heterogeneidade de serviços

ocorre em conseqüência de os elementos explícitos e implícitos dependerem

de preferências e percepções individuais.

Para Slack e Chambers (2002), os consumidores de produtos (bens

em geral), julgarão a qualidade da operação de produção baseado nos

próprios bens, já que a sua qualidade é geralmente evidente. Entretanto vários

autores colocam que, em serviços, o consumidor não julga apenas o resultado,

mas também outros aspectos relacionados a sua produção, por exemplo, os

serviços agregados. Isso pode ser melhor observado na análise da Figura 23,

onde um esquema aponta a posição dos bens e serviços em uma escala de

proporção.

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Figura 23 – Output das operaçõesFonte: SLACK, Nigel, CHAMBERS, S.,Administração da produção (2002)

Dessa forma, classificam algumas operações como produtoras apenas

de bens, enquanto que outras apenas de serviços, e ainda uma terceira

categoria que produz um conjunto com diferentes proporções destes dois

elementos.

3.2 – Tipos de Serviços

Segundo Las Casas (2006), os serviços ser classificados por grupos

de atividades, mas este critério de classificação não esgota o assunto, já que

as atividades apresentadas em cada área variam de autor para autor. Segundo

a classificação do IBGE, por exemplo, os serviços podem ser:

Serviços de alojamento e alimentação;

Serviços de reparação, manutenção e confecção;

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Serviços de higiene pessoal e fisioterapia;

Serviços auxiliares da agricultura e da pecuária;

Serviços auxiliares da atividade financeira;

Serviços auxiliares do transportes;

Serviços técnicos especializados auxiliares à construção e ao

estudo e demarcação do solo, incluindo agenciamento e locação

de mão-de-obra;

Serviços de limpeza, higienização, decoração e outros

domiciliares, sob encomenda de particulares;

Serviços pessoais

Serviços auxiliares diversos.

Entre as muitas classificações possíveis, uma delas considera o

esforço do consumidor na obtenção de serviços. Nesse sentido, os serviços

classificam-se em:

1. Serviço de Consumo são aqueles prestados diretamente ao

consumidor final. Nesta categoria eles subdividem-se em:

a) De conveniência – ocorre quando o consumidor não quer perder

tempo em procurar a empresa prestadora de serviços por não haver diferenças

perceptíveis entre elas.

b) De escolha – caracteriza-se quando alguns serviços têm custos

diferenciados, de acordo com a qualidade e tipo de serviços prestados,

prestigio da empresa, etc. Neste caso compensará ao consumidor visitar

diversas firmas na busca de melhores negócios.

C) De especialidade – são aqueles altamente técnicos e especializados.

O consumidor nesta caso fará todo o esforço possível para obter serviços de

especialistas.

2. Serviços Industriais são aqueles prestados a organização

industriais, comerciais ou institucionais. Nesta categoria podem ser:

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a) De equipamentos – são serviços relacionados com a instalação,

montagens de equipamentos ou manutenção.

b) De facilidade – nesta caso estão incluídos os serviços financeiros,

de seguros, etc., pois facilitam as operações da empresa.

c) De consultoria/orientação – são aqueles que auxiliam nas tomadas

de decisão e incluem serviços de consultoria, pesquisa e educação.

3.3 – Qualidade em serviços

3.3. – Qualidade Total

Após a segunda Guerra Mundial, adotou-se a designação controle de

processos, que abarcava toda a produção, do projeto ao acabamento, e

objetivava a segurança e o alcance do erro zero. Esse conceito evoluiu para

garantia da qualidade, englobando a sistematização através de normas

escritas dos padrões e requisitos em cada etapa do processo produtivo, de

forma a garantir uma qualidade boa e uniforme. Ao logo das últimas décadas,

diversos estudiosos, nas respectivas áreas de estudo e atuação, apresentam

como cada um entende o significado de qualidade.

O conceito atual de qualidade é bastante genérico, e todos parecem

conhecê-lo. Aí reside o perigo, tal como a forma popular de se afirmar que

qualquer defeito é originário da falta de qualidade. Se existir essa imprecisão

nas empresas, elas correm o risco de adotar conceitos diversos sobre o termo.

Segundo ALBRECHT (1998), coloca que o conceito de qualidade em

serviços, além de derivar do conceito geral de qualidade, tem na multiplicidade

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de atributos a abordagem do gerenciamento de serviço, cujo foco principal

volta-se a como o serviço é percebido pelo cliente para se tornar a mais

importante força impulsionadora da operação dos negócios

Segundo RIGONE VIANTE (www.abbra.com.br p.7-14, acesso em

15/09/2006), a Qualidade Total poderia ser definida como a Ausência de

Defeitos na Qualidade Percebida.

Um bom caminho para evitar chegar a uma negativa Qualidade

Percebida seria seguir os passos a seguir:

Confiabilidade: envolve tratar com coerência o desempenho e

procurar ao longo do tempo manter constância de proposta e

atitude.

Competência: significa possuir as habilidades necessárias para

o bem servir e o conhecimento necessário para a sua execução.

Cortesia: envolve tratar com boas maneiras, respeito,

consideração e contato amigável do pessoal com o mercado

como um todo.

Credibilidade: envolve a confiança necessária, o crédito, a

honestidade e o envolvimento concreto como s interesses, antes

de tudo, do cliente.

Compreender e Conhecer o Cliente: envolve fazer um efetivo

esforço para compreender todas as necessidades do cliente e

demonstrar isto aplicando no dia-a-dia do atendimento.

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Rapidez de resposta: diz respeito à disposição e à rapidez dos

empregados para fornecerem o serviço esperado.

Acesso: envolve facilidade de estar sempre disponível,

acessáveis, pronto para ser abordado, disposto a manter

contato.

Comunicação: significa manter constantemente os cliente

informados numa linguagem compreensível por eles. Além

disto, demonstrar claramente que está sempre disposto a ouvir

sobre as necessidades dos clientes.

Segurança: significa não deixar dúvidas quanto ao que vai ser

“servido”, não oferecer qualquer tipo de perigo ou risco.

Tangíveis: procurar tangibilizar os serviços através de

evidências físicas que a qualificam o serviço desejado.

A busca da Qualidade Total em Serviços é a busca do diferencial de

atendimento do mercado. Para este mercado, perceber que há um esforço

controlado para melhor atender, ajuda a construção da imagem da qualidade

percebida.

3.3.2 – Qualidade Percebida

Segundo RIGONE VIANTE (www.abbra.com.br p.7-14, acesso em

15/09/2006), a Qualidade Percebida é o estágio final da construção da Imagem

de Qualidade. Um componente importante deste processo é dar ao cliente a

possibilidade de perceber que esforços estão sendo realizados para obter

aquilo que é desejado. A este processo chamamos de Controle Percebido.

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Existem algumas ações que podem ser realizadas para evidenciar os

controles sobre a qualidade no sentido de promover uma melhor Qualidade

Percebida:

Profissionalismo e Habilidade: os clientes devem compreender

que o prestador de serviços, seus empregados, os sistemas

operacionais e os recursos físicos possuem o conhecimento e

as habilidades necessárias para solucionar seus problemas d e

forma profissional (critérios relacionados a resultados).

Atitudes e Comportamentos: os clientes devem perceber que os

funcionários de serviços (pessoas de contato) estão

preocupados com eles e se interessam por solucionar seus

problemas de uma forma espontânea e amigável (critérios

relacionados ao processo).

Facilidade de Acesso e Flexibilidade: os clientes devem sentir

que o prestador de serviço, sua localização, suas horas de

operação, seus empregados, e os sistemas operacionais são

projetados e operam de forma a facilitar o acesso aos serviços e

estão preparados para ajustar-se as demandas e aos desejos

dos clientes de maneira flexível (critérios relacionados ao

processo).

Confiabilidade e Honestidade – os clientes devem saber que

qualquer coisa que aconteça ou sobre a qual se concorde será

cumprida pela empresa, seus empregados e sistemas, para

manter as promessas e Ter um desempenho coerente com os

melhores interesses dos clientes (critérios relacionados a

processo).

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Recuperação – os clientes devem Ter certeza de que sempre

que algo der errado ou alguma coisa imprevisível e inesperada

acontecer, o prestador de serviços tornará de imediato e

ativamente ações para mantê-lo no controle da situação e para

encontrar uma nova e aceitável solução (critérios relacionados a

processo).

Reputação e Credibilidade – os clientes devem aceitar que as

operações do prestador de serviços merecem sua confiança,

valem o dinheiro pago e representam bom nível de desempenho

e valores que podem ser perfeitamente compartilhados entre os

clientes e o prestador de serviço (critérios a imagem).

A satisfação do cliente com a qualidade do serviço pode ser definida

pela comparação entre a percepção do serviço prestado e a expectativa do

serviço desejado. Quando se excede esta última, o serviço é percebido como

sendo de qualidade excepcional e também como agradável surpresa. Quando,

no entanto, não ocorre essa extrapolação, a qualidade passa a ser inaceitável.

Por fim, ao se confirmarem as expectativas de percepção do serviço, a

qualidade é satisfatória, e elas derivam de várias fontes, tais como a

propaganda boca a boca, as necessidades pessoais e as experiências

anteriores. Isso pode ser melhor observado na Figura 24.

Figura 24 – Qualidade percebida do serviçoFonte: Zeithaml e Berry (1985)

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A impressão final é formada nos últimos momentos, também crítico,

pois permanece mais forte na memória do cliente, podendo influenciar sua

decisão de repetir a compra, assim como seu depoimento a outros

consumidores potenciais. (GIANESI; CORRÊA, 1996).

Os primeiros e os últimos não são os únicos momentos críticos para a

formação da percepção do cliente em relação ao serviço, sendo necessário

determiná-los, portanto (GIANESI; CORRÊA, 1996), conforme figura 25.

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Figura 25 – Os momentos iniciais e finais da verdade, normalmente críticosFonte: Gianesi e Corrêa (1996)

3.3.3 – Gestão da Qualidade em Serviços

Segundo RIGONE VIANTE (www.abbra.com.br p.7-14, acesso em

15/09/2006), toda Gestão é um processo disciplinado, composto de passos

que devem ocorrer em seqüência e plenamente satisfeitos em suas

necessidades individuais. Não poderia ser diferente em Qualidade.

Inicialmente o Gestor de Qualidade em Serviços deve realizar a

tradicional análise da demanda necessária por qualidade e avaliar as diversas

mediações existentes de controle sobre a qualidade. Neste momento o Gestor

está buscando conhecer o que o mercado espera antes de concluir sobre esta

qualidade esperada.

A partir deste primeiro passo o gerente inicia o processo de percepção

sobre a qualidade desejada do serviço e a partir daí toma as decisões

necessárias sobre as especificações da qualidade.

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Em seguida tente trazer o fazer serem entendidas estas especificações

da qualidade pelo público interno da empresa. E a realização do

endomarketing.

O Gestor deve Ter a certeza de que os empregados, por sua vez,

entenderam a qualidade desejada pelo cliente e estão dispostos e habilitados a

terem um desempenho de acordo com as especificações traçadas.

Enquanto isso, as atividades do Marketing estão sendo trabalhadas

para desenvolver o processo da qualidade esperada através da comunicação

ou outros instrumentos que possibilitem esta construção de imagem.

Um dos momentos mais importantes do relacionamento com o cliente:

o momento do contato efetivo do cliente com o serviço, onde será construída a

imagem da Qualidade Experimentada, a mais importante.

A partir daí o processo vai retornando ao seu reinicio. Deve ser

realizada a interpretação do que é qualidade esperada e experimentada pelo

cliente (internamento por todos os envolvidos no processo de construção da

obtenção de qualidade) até que isto vai gerar uma nova percepção gerencial

do que é qualidade esperada pelo cliente, reiniciando o ciclo.

3.4 – Avaliação da Qualidade em Serviços

Segundo LAS CASAS (2006), na avaliação interna, o recomendado é

que as várias tarefas e áreas de atuação sejam identificadas para análise.

Posteriormente, os diversos setores passam a ser avaliados, e o problema de

qualidade, identificado. Para esse procedimento é possível formar grupos de

funcionários responsáveis pelos setores e iniciar a discussão sobre aspectos

que precisam ser corridos no departamento, procedimento semelhante à

atuação dos Círculos de Controle de Qualidade (CCQs) de antigamente, são

propostas novas soluções.

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Segundo LAS CASAS (2006), é necessário medir, também, as reações

dos clientes.

Segundo RIGONE VIANTE (www.abbra.com.br p.7-14, acesso em

15/09/2006), alguns critérios servem de orientação ao cliente na hora de

avaliar a qualidade do serviço. Embora o nível de importância de cada critério

varie de acordo com as características de cada serviço, podemos listar nove

principais critérios de avaliação da qualidade do serviço utilizados pelo cliente:

Tangíveis: Refere-se à qualidade (e/ou aparência) de qualquer

evidência física do serviço: bens facilitadores, equipamentos,

instalações, pessoal. Ë um importante critério pela própria

intangibilidade do serviço.

Consistência: É a ausência da variabilidade no resultado ou no

processo. Consistência influencia até na propaganda boca-a-

boca realizada por clientes freqüentes e potenciais. É

importante para clientes que querem saber o que esperar do

serviço.

Competência: Refere-se à habilidade e ao conhecimento para

executar o serviço (pode ser previamente conhecido pelo

diploma, currículo, etc...). É importante para serviços

profissionais: serviço médico, assistência jurídica, manutenção

de automóveis e consultoria, por exemplo.

Velocidade de Atendimento: Critério importante para a maioria

dos consumidores de serviços (na ótica deles sempre). O

tempo pode Ter duas dimensões: a real e a percebida. Nem

sempre a redução do tempo real é a desejada no tempo

percebido.

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Atendimento/Atmosfera: Refere-se à experiência que o cliente

tem durante o processo de atendimento, a capacidade de

agradar (de exceder) as expectativas. Tem relação direta com o

atendimento personalizado. A capacidade de reconhecimento,

o grau de cortesia criando o prazer da participação do cliente no

processo de “produção do serviço”. A linguagem acessível no

diagnóstico médico permitindo uma melhor interação com o

paciente, por exemplo: Num restaurante, atém da cortesia

pessoal irá contribuir para uma boa atmosfera a música, a luz, a

temperatura, a decoração, etc.

Flexibilidade: É a capacidade de rápida adaptação às

necessidades do cliente. Uma boa flexibilidade do sistema de

operação vai proporcionar um bom processo de recuperação de

falhas (serviços produzidos na frente do cliente ocasionam

erros...). São várias as possibilidades de Flexibilidades:

Flexibilidade e Projeto de Serviço: É a habilidade de introduzir

novos serviços que atendam as necessidades dos clientes.

Flexibilidade do Pacote de Serviço: É a habilidade de oferecer

serviços variados dentro de determinado período de tempo.

Flexibilidade de Data de Fornecimento do Serviço: É a

habilidade de antecipar a entrega do serviço de acordo com o

requerido pelo cliente.

Flexibilidade de Local de Fornecimento do Serviço: É a

habilidade de oferecer serviços em locais diferentes.

Flexibilidade de Volume de Serviço: É a habilidade de adaptar a

variações da demanda de serviços.

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Flexibilidade de Robustez do Sistema de Operações: É a

habilidade de se manter em operações apesar das mudanças

que possam ocorrer no processo de fornecimento de insumos e

recursos.

Flexibilidade de Recuperação de Falhas: É a habilidade de

recuperar-se de uma falha percebida pelo cliente.

Credibilidade/Segurança: Refere-se à capacidade de transmitir

confiança e a formação de baixa percepção de risco: A

percepção de risco varia com a complexidade das necessidades

do cliente e com o grau de conhecimento que este tem do

processo do serviço.

Acesso: É o que diz respeito à capacidade do cliente entrar em

contato com o fornecedor do serviço. Localização adequada,

bem sinalizada, disponibilidade de estacionamento, amplo

horário de operação, facilidade de acesso telefônico, delivery

system.

Custo: É o critério de quanto o cliente vai paga (em moeda)

pelo serviço. Este critério esta associado a outros como o

tempo, o esforço e o desgaste para obter o serviço. Geralmente

relaciona-se preço alto à qualidade alta.

Finalmente, um serviço pode ser mal avaliado pela falta de

informações adequadas.

3.4.1 – Expectativas e percepções dos clientes

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A natureza e a fonte de expectativas dos clientes tem sido tema de

grande parte de recentes pesquisas teóricas e empíricas. Segundo A linha de

pensamento atual faz uma distinção entre inúmeros padrões diferentes.

Zeithaml, Berry e Parasuraman (1993). focalizam o tema. Segundo esses

autores, as expectativas apresentam-se de várias formas:

Expectativas como prognósticos (Que benefícios acho que

receberei se comprar este serviço?);

Expectativas como ideais (O que, em um mundo perfeito, eu

gostaria de receber como benefício deste serviço?);

Expectativas baseadas em experiência (O que, considerando

que já tenho conhecimento sobre esta marca ou serviço, é

provável que eu receba?);

Expectativas de merecimento (Que benefícios tenho a

possibilidade de receber diante do investimento que fiz ao

realizar esta compra?);

Expectativas comparativas (Tendo experimentado outros

serviços semelhantes, o que posso esperar deste serviço?), e

assim por diante.

Segundo ZEITHAML; BERRY; PARASURAMAN (1993), no processo

de formação de expectativas é possível que mais de uma funcione

simultaneamente. Baseados nos tipos de variáveis desse componente, os

consumidores avaliam o desempenho de serviços utilizando dois padrões. Isso

pode ser melhor observado na Figura 26.

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Figura 26 - Natureza e determinantes de expectativas do consumidor relativas ao serviço.Fonte: Adaptada de Zeithaml; Berry e Parasuraman (1993)

Segundo ZEITHAML; BERRY; PARASURAMAN (1993), em primeiro

lugar existe o nível de serviço desejado pelos clientes, o qual poderia ser

chamado de serviço máximo aceitável; em segundo, um nível que consideram

adequado, podendo ser chamado de mínimo aceitável. Entre esses dois há o

que chamam de “zona de tolerância”, que não é perfeita, mas aceitável em

determinadas circunstâncias.

É claro que as circunstâncias podem mudar; além disso, não só os

consumidores diferentes terão níveis de serviços desejados e aceitáveis

diferentes, mas também um mesmo consumidor poderá ter níveis diferentes

para serviços diferentes (além disso, não só os consumidores diferentes, mas

também um mesmo consumidor, terão níveis diferentes de expectativa e

aceitabilidade para serviços diferentes).

Um ponto importante a ser observado é que o nível desejado ou

máximo de serviço costuma permanecer relativamente fixo, enquanto o nível

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adequado ou mínimo aumenta e diminui de acordo com as circunstâncias do

consumidor.

Segundo ZEITHAML; BERRY; PARASURAMAN (1993), níveis

desejados de serviço são, em última análise, determinados por necessidades e

desejos pessoais. Por sua vez, estes últimos podem se originar de várias

fontes sociais, físicas e psicológicas. Entretanto, níveis adequados são

influenciados, por cinco fatores, definidos como:

Intensificadores transitórios de serviços: são fatores de curto

prazo que aumentam temporariamente o nível mínimo aceitável

de serviço. São tipicamente associados a crises ou

emergências;

alternativas percebidas de serviço: podem aumentar ou diminuir

o padrão mínimo, ou seja, em um ambiente onde há diversos

concorrentes, as expectativas dos clientes podem ser

aumentadas, tornando-se mais exigentes, de acordo com a

comparação de desempenho entre as empresas;

papéis de serviços percebidos: definem até que ponto os

consumidores estão cientes de que também fazem parte do

processo. A consciência de que deixaram de executar seu

próprio papel pode levá-los a aceitar um nível mais baixo de

serviço. Por outro lado, o reconhecimento desse desempenho

pode conduzir os consumidores a elevar seus níveis de

expectativa;

fatores situacionais: representam circunstâncias nas quais o

consumidor está ciente de que há problemas que vão além da

capacidade de controle do prestador de serviços. De fato,

podem ser vistos como opostos de intensificadores temporários

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de serviços; são situações críticas ou de crise nas quais o

prestador fica impossibilitado de cumprir a oferta normal e levam

os consumidores a diminuir temporariamente seu nível mínimo

de expectativa. Em geral, esses fatores devem ser inteligíveis

para o consumidor;

serviços previstos: constituem o nível em que os consumidores

até certo ponto definem seu nível de serviço desejado de acordo

com o padrão que esperam receber.

Segundo BITNER; HUBBER (2002), em termos simples, satisfação é o

resultado da avaliação de um serviço por um cliente, com base na comparação

entre suas percepções (posteriores à prestação) e suas expectativas

anteriores.

Segundo SCHNEIDER; BOWEN (2002), se a percepção, a experiência

e os resultados do serviço atenderem às expectativas do cliente, ele poderá

ficar satisfeito (ou minimamente satisfeito); se excedê-las, ele ficará mais do

que satisfeito, ou até mesmo encantado; se não houver nenhuma dessas duas

respostas, ele poderá ficar insatisfeito ou até mesmo irritado, conforme figura

27.

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Figura 27 – Expectativas – satisfação dos clientesFonte: Johnston e Clark (2002)

Segundo JOHNSTON E CLARK (2002), satisfação é o resultado da

avaliação de um serviço pelo cliente. Pode ser representada em um continuum

que varia de encanto (em um extremo) à insatisfação (no outro extremo), a

cujos valores estabelece uma escala de (+5) a (–5), como pode ser observado

na figura 28.

Figura 28– Continuum de satisfaçãoFonte: Johnston e Clark (2002)

Assim, as expectativas e, de fato, as percepções são componentes

chave na entrega de um serviço de qualidade. Os gestores de serviços

precisam entender e definir as expectativas para:

especificar, desenhar e, depois, entregar o serviço adequado a

custo apropriado;

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encorajar as empresas a tentar influenciar as expectativas dos

clientes para que elas possam ser atendidas;

entender como administrar, de fato, manipular as percepções do

cliente durante o serviço para obter o nível de satisfação

desejado.

segundo Zeithaml, Berry e Parasuraman (1993), o posicionamento de

nossas expectativas, isto é, o que acredita-se ser provável, variará

dependendo do segmento em que a empresa estiver atuando. Alguns pontos

desse continuum podem ser definidos, como os seguintes:

Ideal: o melhor possível;

Ideal factível: o que deve acontecer, dado o preço ou o padrão

setorial;

Desejável: o padrão que o cliente deseja receber;

Obrigatório: o nível de desempenho que o cliente deve receber,

dados os custos percebidos;

Mínimo tolerável: os padrões mínimos toleráveis que devem ser

atingidos;

Intolerável: os padrões que os clientes não devem receber.

As expectativas localizam-se em algum ponto do continuum, entre o

ideal e o intolerável, conforme a figura 29.

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Figura 29 – Faixa de expectativasFonte: Johnston e Clark (2002)

O ponto crítico é que se deve ser cauteloso ao perguntar aos clientes

sobre suas expectativas. As questões seguintes podem fornecer

separadamente respostas diferentes à medida que se referirem a diferentes

pontos da escala: Do que você gostaria? O que deve ser fornecido? O que

seria aceitável?

Geralmente, essa faixa ou zona de expectativa, como mostra a figura

30, indica uma área de tolerância, definida entre os padrões desejados e os

mínimos aceitáveis (ZEITHAML; BERRY; PARASURAMAN, 1993).

Figura 30 – Zona de tolerância ou aceitabilidadeFonte: Johnston e Clark (2002)

A importância da zona de tolerância é evidenciar que os clientes

podem aceitar a variação dentro de uma faixa de desempenho, e qualquer

aumento ou diminuição deste nessa área apenas terá efeito marginal sobre as

percepções (STRANDVIK, 1992).

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A zona de tolerância e o resultado de um serviço – o nível de

satisfação e insatisfação. Mostra como as expectativas dão lugar à percepção

da satisfação mediante o uso do processo de serviço e ainda evidencia a zona

de tolerância, que se estende das expectativas no decorrer do processo ao

resultado da satisfação. A figura abaixo retrata algo similar a um gráfico de

controle, que os gerentes podem usar para identificar, de início, nas

expectativas do cliente, o que é mais e menos aceitável, para depois validar

durante o serviço ou uma série de encontros de serviço. Esse fator ajuda os

gerentes a entender como podem desenhar os serviços a fim de ter as

intervenções apropriadas nos momentos adequados para atingir o resultado

desejado, seja satisfação, seja encantamento. Isso pode ser melhor observado

na Figura 31.

Figura 31 – O modelo de Johnston de gerenciamento das percepçõesFonte: Adaptada de Johnston (1995a)

Segundo JOHNSTON E CLARK (2002), somente quando o

desempenho estiver fora dessa faixa, ocorrerá qualquer efeito real sobre a

qualidade percebida do serviço e a extensão dessa zona de tolerância seja

inversamente proporcional ao nível de envolvimento e comprometimento do

cliente. Esse termo refere-se ao grau de interesse de um cliente por um

serviço, a importância que lhe atribui e seu comprometimento emocional com

ele.

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3.4.2 – Fatores da qualidade do serviço

Embora variem de organização a organização e também de cliente a

cliente, os fatores de qualidade do serviço podem ser divididos em quatro

grupos, definidos em termos da habilidade de um fator em insatisfazer e

encantar. Isso pode ser melhor observado na Figura 32.

Figura 32 – Fatores de encantamento e insatisfaçãoFonte: Lovelock (2002)

Fatores higiênicos: são os que precisam ocorrer e, se

acontecerem, satisfarão os clientes; caso contrário, serão

causas de insatisfação. Provavelmente, não são fontes de

encantamento. Por exemplo, para um banco, espera-se que

segurança, integridade, funcionalidade sejam aceitáveis; se não

o forem, causarão insatisfação. Por outro lado, se

muitoespecificados, não encantarão os clientes. Um número

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muito elevado de checagens de segurança não desencadeará

esse encantamento, podendo até insatisfazê-los, como seria o

caso de, no contexto bancário, todos os caixas eletrônicos

estarem funcionando;

Fatores de enriquecimento: são os que têm potencial de

encantar, se estiverem presentes, mas, se não estiverem,

provavelmente não deixarão os clientes insatisfeitos. Os clientes

de um banco, por exemplo, podem ficar encantados com o

atendimento atencioso de um funcionário ou com sua

flexibilidade em lidar com um problema, entretanto essas coisas

e/ou comportamentos não são necessariamente “esperados”.

Assim, se não se fizerem presentes, poderão não gerar

insatisfação.

Fatores críticos: são os que têm o potencial de encantar e

insatisfazer. A responsividade, a comunicação e a competência

dos funcionários de um banco e os sistemas devem ser pelo

menos aceitáveis, assim, provavelmente não trarão

insatisfações ao cliente, mas, se forem mais do que aceitáveis,

terão potencial de encantar.

Fatores neutros: são os que, em determinada situação, terão

pouco efeito sobre a satisfação dos clientes. O conforto ou a

estética das instalações de um banco, por exemplo, podem não

influenciar essa satisfação ou a insatisfação.

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3.4.3 – Modelo de analise de GAPs da qualidade

Este modelo é destinado à análise das fontes dos problemas da

qualidade e ao auxílio dos gerentes na compreensão de como a qualidade do

serviço pode ser melhorada (PARASURAMAN; ZEITHAML; BERRY, 1985;

ZEITHAML; BERRY; PARASURAMAN, 1988).

Em primeiro lugar, o modelo demonstra como a qualidade de serviços

emerge. Sua parte superior inclui fenômenos relacionados ao cliente; a inferior

apresenta fenômenos ligados ao prestador de serviços. O serviço esperado é

uma função da experiência passada dos clientes, de suas necessidades

pessoais e da comunicação boca a boca. Além disso, é influenciado pelas

atividades de comunicação da empresa com o seu mercado.

Por outro lado, o serviço experimentado, que nesse caso é chamado

de percebido, é resultado de uma série de decisões e atividades internas. As

percepções da gerência com relação às expectativas dos clientes orientam as

decisões concernentes às especificações da qualidade em serviços, a serem

seguidas pela organização no momento de entrega do serviço.

Segundo GRÖNROOS (1990), o cliente é claro, experimenta a entrega

e o processo de produção do serviço relacionado ao processo e à solução

técnica, recebida por esse processo como um integrante da qualidade

referente aos resultados. Essa estrutura básica demonstra os passos a serem

considerados na análise e planejamento da qualidade por serviços.

Na figura 33, cinco discrepâncias, entre os vários elementos da

estrutura básica, os chamados gaps da qualidade, são também ilustradas e

resultam das inconsistências no processo de gestão da qualidade.

O gap final, ou seja, aquele entre o serviço esperado e o percebido

(experimentado) (gap – 5), é, obviamente, uma função de outros gaps que

possam ter ocorrido no processo.

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O objetivo da empresa provedora deve ser eliminar este último gap

(gap – 5) ou minimizá-lo ao máximo. Entretanto, é importante lembrar que o

foco, nesse caso, são as atitudes cumulativas em relação à empresa, reunidas

pelo consumidor a partir de uma série de experiências bem e mal-sucedidas de

serviço. Porém, antes de a empresa eliminar esse gap, há quatro outros que

também devem ser eliminados ou minimizados. São eles, segundo Cronin e

Taylor (1992), Parasuraman, Zeithaml e Berry (1985) e Zeithaml, Berry e

Parasuraman (1988):

GAP – 1: diferença entre o que os consumidores esperam de um

serviço e o que a gerência percebe que eles esperam;

GAP – 2: diferença entre o que a gerência percebe que os

consumidores esperam de um serviço e as especificações de qualidade

determinadas para a sua execução;

GAP – 3: diferença entre as especificações de qualidade determinadas

para a execução do serviço e a verdadeira qualidade de execução do serviço;

GAP – 4: diferença entre a verdadeira qualidade de execução do

serviço e a qualidade de execução do serviço descrita nas comunicações

externas da empresa.

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Figura 33 – Modelo conceitual de qualidade de serviçoFonte: Zeithaml, Berry e Parasuraman (1988)

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3.4.4 – Ferramenta SERVQUAL

Segundo Siqueira, Daniel Madureira Rodrigues (Avaliação da

qualidade em serviços: uma proposta metodológica, p.97-103 2006), a

mensuração da qualidade de serviço foi foco de pesquisa sistemática realizada

por Parasuraman, Berry e Zeithaml (1988, 1991). Iniciando pela posição do

consumidor e usando grupos de discussão, tentaram elucidar as dimensões de

qualidade de serviço que eram indepedentes de determinada empresa ou

setor.

Como resultado, identificaram cinco dimensões: itens tangíveis,

confiabilidade, receptividade, segurança e empatia.

Baseados no modelo de satisfação, postulam que a qualidade também

é resultado de uma comparação de expectativas e percepções. Eles usaram

as dimensões dessa lógica para criar um instrumento genérico de serviço: o

instrumento SERVQUAL, que consiste em duas seções: uma seção de 22

itens, que registra as expectativas dos clientes de empresas excelentes do

setor específico de serviços, e uma segunda seção de 22 itens, que avalia as

percepções dos consumidores de uma determinada empresa nesse setor de

serviços.

O resultado das duas seções são comparados para se chegar a

“resultados de gaps” em cada uma das cinco dimensões. Quanto menor o gap,

mais alta a expectativa de qualidade de serviço. As expectativas dos clientes

são mensuradas em uma escala de sete pontos, com as classificações básicas

de “concordo muito” e “discordo muito”.

Assim, o SERVQUAL é uma escala de 44 itens que avalia expectativas

e percepções dos clientes relativas a cinco dimensões de qualidade de serviço

(BATSON; HOFFMAN, 2001).

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a) Dimensão dos ITENS TANGÍVEIS: devido à ausência de um

produto físico, os clientes muitas vezes confiam na evidência tangível que

cerca o serviço ao formar avaliações.

Essa dimensão do SERVQUAL compara as expectativas dos

consumidores com o desempenho da empresa no que diz respeito à

capacidade desta em gerenciar seus itens tangíveis.

Estes, por sua vez, constituem uma ampla gama de objetos e suas

respectivas condições de conservação e estética, incluindo a aparência do

quadro de funcionários. Conseqüentemente, são bidimensionais – um foca o

equipamento e instalações, o outro foca os funcionários e materiais de

comunicação.

Os itens tangíveis que compõe o SERVQUAL são obtidos por meio de

quatro questões sobre expectativas (E1-E4) e aplicam-se a empresas

excelentes em um determinado setor, enquanto as questões sobre percepções

avalia-se a performance da empresa em cada uma das questões (P1-P4).

É preciso lembrar que as indagações sobre expectativas aplicam-se a

empresas excelentes em um determinado setor e que as relativas à percepção

aplicam-se somente a uma determinada empresa.

Comparando os resultados de percepção com os resultados de

expectativas, tem-se uma variável numérica que indica a diferença dos itens

tangíveis. Quanto menor o número, menor a diferença e mais perto as

percepções dos consumidores estão de suas expectativas. As questões que

dizem respeito à dimensão de itens tangíveis são as seguintes, segundo

Parasuraman, Berry, e Zeithaml (1988, 1991):

Expectativas de itens tangíveis

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E1. Empresas excelentes terão equipamento com aparência moderna.

E2. As instalações das empresas excelentes são bonitas.

E3. Os funcionários de empresas excelentes terão boa aparência.

E4. Os materiais associados ao serviço terão aparência bemcuidada

em uma empresa excelente.

Perceções de itens tangíveis

P1. XYZ tem equipamento com aparência moderna.

P2. As instalações de XYZ são bonitas.

P3. Os funcionários de XYZ têm boa aparência.

P4. Os materiais associados ao serviço têm aparência bem-cuidada

na XYZ.

b) Dimensão de CONFIABILIDADE: em geral, a confiabilidade reflete a

consistência e a certeza do desempenho de uma empresa. A empresa sempre

fornece o mesmo nível de serviço ou a qualidade varia sensivelmente de um

encontro para outro? A empresa cumpre suas promessas, cobra de seus

clientes adequadamente, mantém registros precisos e desempenha o serviço

corretamente na primeira vez?

Nada pode ser mais frustrante para os clientes do que prestadores de

serviço não-confiáveis. Uma observação que surpreende constantemente é a

qualidade da empresa que não cumpre suas promessas. Em muitos casos, o

consumidor está pronto para gastar dinheiro se o prestador de serviço

desempenhar a transação que prometeu.

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Os consumidores percebem a confiabilidade como a mais importante

das dimensões SERVQUAL. Conseqüentemente, deixar de prestar um serviço

confiável geralmente produz uma empresa mal-sucedida. As questões usadas

para avaliar a diferença de confiabilidade são as seguintes, de acordo com

Parasuraman, Berry, e Zeithaml (1988, 1991):

Expectativas de confiabilidade

E5. Quando empresas excelentes prometem fazer alguma coisa por

um determinado período, fazem.

E6. Quando os clientes têm um problema, as empresas excelentes

demonstrarão interesse em resolvê-lo.

E7. Empresas excelentes prestarão o serviço de maneira certa na

primeira vez.

E8. Empresas excelentes prestarão seus serviços no momento em que

prometerem fazê-lo.

E9. Empresas excelentes insistirão em registros sem erros.

Perceções de confiabilidade

P5. Quando XYZ promete fazer alguma coisa em um determinado

momento, faz.

P6. Quando se tem um problema, XYZ demosntra interesse genuíno

de resolvê-lo.

P7. XYZ Presta seu serviço de maneira certa na primeira vez.

P8. XYZ fornece os serviços no momento em que promete fazê-lo.

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P9. XYZ insiste em registros sem erros.

c) Dimensão de receptividade: reflete o comprometimento de uma

empresa provedora em prestar serviços de maneira oportuna. Como tal, a

dimensão da receptividade do SERVQUAL diz respeito ao desejo e/ou

disponibilidade dos funcionários para produzir o serviço.

Ocasionalmente, os clientes podem se deparar com uma situação em

que os funcionários estão engajados em conversas entre si, ignorando-os.

É claro que esse é um exemplo de falta de receptividade. A

receptividade também reflete o preparo das empresas para prestar os serviços.

O sistema de serviços deve ser afinado e preparado para controlar grandes

massas, minimizando falhas de serviço e posteriores reclamações dos clientes.

Os itens SERVQUAL de expectativa e percepção que dizem respeito à

diferença de receptividade, segundo Parasuraman, Berry, e Zeithaml (1988,

1991) são os seguintes:

Expectativas de receptividade

E10. Os funcionários de empresas excelentes dirão aos clientes

exatamente quando o serviço será prestado.

E11. Os funcionários de empresas excelentes prestarão serviço

imediato aos clientes.

E12. Os funcionários de empresas excelentes estarão dispostos a

ajudar clientes.

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E13. Os funcionários de empresas excelentes nunca estarão ocupados

demais para responder aos pedidos dos clientes.

Perceções de receptividade

P10. Os funcionários da empresa XYZ dizem aos clientes exatamente

quando o serviço será prestado.

P11. Os funcionários da XYZ prestam serviço imediato aos clientes.

P12. Os funcionários da XYZ estão sempre dispostos a ajudar os

clientes.

P13. Os funcionários da XYZ nunca estão ocupados demais para

responder aos pedidos dos clientes.

d) Dimensão da SEGURANÇA: a dimensão de segurança SERVQUAL

trata da competência da empresa, a cortesia que demonstra para seus clientes

e a certeza de suas operações.

A competência pertence ao conhecimento e à habilidade da empresa

de prestar serviço. A empresa possui as habilidades necessárias para

completar seu serviço em uma base profissional?

A cortesia refere-se ao modo de interação dos funcionários da

empresa com o cliente e seus pertences. Como tal reflete polidez, afabilidade e

consideração pela propriedade do cliente. A certeza também é um componente

importante nessa dimensão. Ela traduz ao cliente os sentimentos de que está

livre de perigo, risco e dúvida.

Além do perigo físico, a certeza na dimensão de segurança também

envolve questões de risco financeiro e questões de confidência.

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Os itens SERVQUAL usados para tratar a diferença de segurança são,

de acordo com Parasuraman, Berry, e Zeithaml (1988, 1991):

Expectativas de segurança

E14. O comportamento dos funcionários de empresas excelentes

inspirará confiança nos clientes.

E15. Os funcionários de empresas excelentes se sentirão seguros em

suas transações.

E16. Os funcionários de empresas excelentes serão corteses com os

clientes.

E17. Os funcionários de empresas excelentes terão conhecimento

para responder a perguntas dos clientes.

Perceções de segurança

P14. O comportamento da XYZ inspira confiança nos clientes.

P15. O cliente sente-se seguro em transações com a XYZ.

P16. Os funcionários da XYZ são corteses com os clientes.

P17. Os funcionários da XYZ têm conhecimento para responder a

perguntas dos clientes.

e) A dimensão da EMPATIA: A empatia é a capacidade de uma

pessoa de vivenciar os sentimentos de outra como se fossem seus. As

empresas empáticas não perderam de vista o que é ser cliente de sua

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empresa. Desta maneira, as empresas empáticas entendem as necessidades

de seus clientes e tornam seus serviços acessíveis a eles.

Em contrapartida, as empresas que oferecem horários de

funcionamentos convenientes para a empresa, mas não para seus clientes,

deixam de demonstrar comportamentos empáticos.

A SERVQUAL diz respeito à diferença de empatia da seguinte

maneira, segundo Parasuraman, Berry, e Zeithaml (1988, 1991):

Expectativas de empatia

E18. Empresas excelentes darão atenção individual aos clientes.

E19. Empresas excelentes terão horário de funcionamento

conveniente para todos os clientes.

E20. Empresas excelentes terão funcionários que dão atenção pessoal

aos clientes.

E21. Empresas excelentes terão como prioridade os interesses

docliente.

E22. Os funcionários de empresas excelentes entenderão as

necessidades específicas de seus clientes.

Perceções de empatia

P18. XYZ dá atenção individual aos clientes.

P19. XYZ tem horário de funcionamento conveniente para seus

clientes.

P20. XYZ tem funcionários que dão atenção pessoal aos clientes.

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P21. XYZ tem como prioridade os interesses do cliente.

P22. Os funcionários da XYZ entendem as necessidades específicas

dos clientes.

Considerando que as ferramentas veiculadas na literatura para avaliar

a qualidade de serviços não apresentam consenso entre os pesquisadores,

reforça-se, então, a necessidade de desenvolvimento de novos modelos que

facilitem e orientem, de forma mais efetiva, os gestores na identificação de

disfunções de qualidade e permitam-lhes tomar decisões em busca da

satisfação dos clientes.

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CONCLUSÃO

Podemos notar que através dos autores não existe consenso em um

método especifico para avaliação da qualidade do marketing de serviço, mas

foi demonstrado que a prestação de serviço pode ser considerada como um

processo produtivo e possuindo muita variabilidade tanto de percepções,

expectativas e a própria qualidade do serviço.

A estratégia SIX SIGMA está baseada em um método disciplinar o

DMAIC (Definir; Medir; Analisar; Interferir; Controlar) que consiste em segui-lo

em sua plenitude para que não haja interferência de suposições e experiências

dos envolvidos direto nos negócios, mas de uma forma bastante simples e

utilizando ferramentas da qualidade conhecidas de grande parte do público e

técnicas estatísticas simples para dizer que foi identificado um processo que

tem impacto sobre a satisfação do cliente.

Será possível avaliar a qualidade através da estratégia do Six Sigma e

utilizarmos todas as suas fases iniciando com a própria avaliação do serviço

em “Definição” utilizando ferramentas como: Técnicas de pesquisa com

clientes, Análise custo benefício, QFD, Mapa do processo, Pareto, e seguindo

para “Medição” realizando o levantamento geral de todas as entradas do

processo e como se relacionam com os CTD’s do cliente. Na fase de “Analise”

podem ser usar Analise gráfica de dados, Teste de hipótese, Analise de

Regressão e FMEA. Após ter feito está avaliação podemos seguir com outras

ferramentas como: “Melhoria” utilizando Plano de ação e FMEA para melhorar

o processo com defeito e em seguida aplicar a última fase chamada “Controle”

usando ferramentas como Carta de controle, dispositivos Poka-yoke, Planos

de controle, Procedimentos, etc.

Desta forma, constata-se que pela definição apresentada da estratégica

do SIX SIGMA abrangendo todas suas fases e seus métodos, é possível

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aplicar suas ferramentas para avaliação da qualidade do Marketing serviços

com segurança e com baixo custo de investimento, mas também para

direcionar as estratégias das empresas em atingir o nível de deslumbramento

do cliente na prestação de serviços.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

LISTA DE FIGURAS 09

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 11

INTRODUÇÃO 12

CAPÍTULO I – HISTÓRIA DO SIX SIGMA 14

1.1 – Elaboração do método 141.2 – Infra-estrutura 171.3 – DMAIC 21

CAPÍTULO II – DEFINIÇÃO DO SIX SIGMA 24

2.1 – Estratégia Six Sigma 242.1.1 – Implantação Six Sigma 272.1.2 – Cálculo do Six Sigma 30

2.3 – Fase de Definição 402.4 – Fase de Medição 432.5 – Fase de Analise 50

2.5.1 – Capacidade do processo 632.6 – Fase de Melhoria 672.7 – Fase de Controle 68

CAPÍTULO III – MARKETING NA ÁREA DE SERVIÇOS 69

3.1 – Definição de serviços 69

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3.2 – Tipos de serviços 723.3 – Qualidade em serviços 73

3.3.1 – Qualidade Total 733.3.2 – Qualidade Percebida 763.3.3 – Gestão da Qualidade em serviços 79

3.4 – Avaliação da qualidade em serviços 803.4.1 – Expectativas e percepções dos clientes 843.4.2 – Fatores de qualidade do serviço 923.4.3 – Modelo de analise de GAPs da qualidade 943.4.4 – Ferramenta SERVQUAL 97

CONCLUSÃO 106

BIBLIOGRAFIA 108

WEBGRAFIA 111

ÍNDICE 112

FOLHA DE AVALIAÇÃO 114

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES “INSTITUTO A

VEZ DO MESTRE”.

Título da Monografia: APLICAÇÃO DA ESTRATÉGIA SIX SIGMA NA

AVALIAÇÃO DO MARKETING DE SERVIÇOS.

Autor: BENESVALDO CARVALHO DE MELLO

Data da entrega: 25/09/2006

Avaliado por: Conceito: