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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS -GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A ESCOLA E O AJUSTAMENTO EMOCIONAL DE SEUS
INDIVÍDUOS
Por: Lorena Almeida da Silva
Orientador
Prof: Carlos Alberto Cereja de Barros
Rio de Janeiro
2005.
2 2005
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS- GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
A ESCOLA E O AJUSTAMENTO EMOCIONAL DE SEUS
INDIVÍDUOS
Apresentação de monografia à Universidade Cândido
Mendes como condição prévia para a conclusão do curso
de Pós- Graduação “ Lato Sensu” em Supervisão Escolar.
São os objetivos da monografia perante o curso e não os
objetivos do aluno.
Por Lorena A. da Silva.
3 AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço ao mestre maior da minha
vida: DEUS.
À Nossa Senhora, minha mãe e intercessora junto à
Jesus.Ao meu anjo da guarda Melahel , à minha família,
namorado , aos professores e amigos que a todo
momento colaboraram com o apoio neste trabalho
monográfico.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha família e ao meu namorado
Rafael, pelo apoio de todos os momentos.
Lorena Almeida da Silva.
5
EPÍGRAFE
Emoção:
Sentimento que revela a principal característica do ser;
Certeza que sensibiliza, flui, deixa sentir;
Boa ou ruim , existe, todos vão ter;
Para ter sucesso na vida, o seu ajustamento deve existir;
A escola então precisa, da emoção utilizar;
Muito mais do que só os conteúdos transmitir;
Já que a educação precisa de o indivíduo formar;
É através dos sentimentos que a inteligência vai fluir;
Emoção, algo que nunca esquecemos;
Em todas as etapas que na vida ocorre;
Boas emoções, tudo que queremos;
Más emoções, na escola não pode;
Na escola da vida sempre vai estar presente;
Assim , na escola que “educamos” não pode faltar emoção;
O maior mestre do mundo ( Jesus ) sempre a tinha em mente;
Por isso, seus ensinamentos, eternamente durarão.
Lorena A. da Silva
6 RESUMO
Este estudo destina-se a mostrar o ajustamento emocional, que é o meio pelo
qual o indivíduo procura manter um relacionamento harmonioso entre as suas
necessidades e as exigências do seu ambiente físico e social.Para isso, é preciso
primeiramente saber que emoção é uma integração de sentimentos bons ou ruins que
envolverão o indivíduo como um todo. Apresenta suma importância para a mente
humana e são importantes para a sobrevivência,tomadas de decisões, ajustes de limites,
comunicação e união.
A escola ciente da importância da emoção na vida do indivíduo, percebendo que
o diálogo, o afeto, fatores de estímulos e enriquecimento da vontade de aprender, levam
os educandos a desenvolverem suas capacidades cognitivas e sociais , começa então, a
utilizar no seu dia- a –dia, a mais nova e eficaz metodologia, a Pedagogia da
sensibilidade que consiste em formar o caráter do educando, desenvolvendo valores e
promovendo a sensibilização dos sentimentos. Ela pode estar contribuindo para o
desenvolvimento emocional do educando e dando-lhe oportunidade de ajustar-se
emocionalmente, educando suas emoções, passa a ter essa função.
O professor diante dessa nova função da escola, torna-se o principal mediador
para que ela se realize, necessitando de entender o que é emoção e de perceber como ela
está ocorrendo em cada educando, para poder assim ajudá- lo em seu ajustamento.
Surge assim, um novo conceito de inteligência, a inteligência emocional, que é o
auto-conhecimento, o controle de suas próprias emoções,pois o indivíduo que possui
essas características se desenvolverá bem na vida fora da escola, na vida profissional.
Tendo em vista tudo isto, este trabalho monográfico, mostra como a escola pode
estar ajudando o indivíduo a ajustar-se emocionalmente, dando embasamento teórico dos
pressupostos de Golemam, Wallon,Carl Roger,Vigotsky, entre outros, que comprovam e
7 nos mostram indicadores, para demonstrar a importância da emoção na vida escolar dos
educandos.
8 METODOLOGIA
O estudo realizado neste trabalho monográfico, foi teórico, enfocando
diretamente com idéias e conceitos científicos ou não, fundamentados por meio de
consultas bibliográficas, artigos de revistas e sites. Que auxiliaram para um
aprofundamento analítico sobre o problema, na tentativa de buscar a solução de maneira
fundamentada e coerente.
9 SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 10
CAPÍTULO I -O que é emoção? 13
CAPÍTULO II - Desenvolvimento emocional do educando 26
CAPÍTULO III – A escola e a inteligência emocional 37
CONCLUSÃO 49
BIBLIOGRAFIA 53
ÍNDICE 53
FOLHA DE AVALIAÇÃO 54
10 INTRODUÇÃO
Sabemos que ao entrar na escola, o educando enfrenta muitos problemas que
exigem dele o desenvolvimento de vários tipos de ajustamento, principalmente o
emocional. A escola então, deseja estimular esse ajustamento, tentando desenvolver a
capacidade de ajustar-se emocionalmente, supondo que, se o indivíduo puder enfrentar
de maneira adequada os problemas atuais,poderá também enfrentar os problemas
futuros. É nela que acontece mudanças de atitudes, valores e modo de tratar as pessoas..
Além disso, o pensamento e os juízos dos indivíduos são influenciados por outros
indivíduos.
.
Todas essas mudanças, dependerão da maturação e influenciarão no
comportamento do indivíduo, contribuindo para a formação de sua personalidade, para a
adaptação social, integração e seu ajustamento emocional.
Para conduzir o indivíduo a um comportamento construtivo, a escola deve
fornecer instrumentos corretos.Caberá ao professor utilizar esses meios, com o intuito de
ajudar ao educando a desenvolver-se na capacidade de ajustar-se emocionalmente.
O professor, ainda que não esteja especialmente preparado no campo clínico,
precisa conhecer os princípios básicos do ajustamento, a fim de que seja eficiente neste
importante aspecto da educação. A influência dele é muito importante, pois é ele que
fundamentalmente decide se as experiências são satisfatórias e capazes de permitir a
auto-realização ou são frustrantes e de derrota.
É necessário que haja compreensão com o educando, para educar o seu
crescimento, pois se ocorrer o fracasso escolar, ele será a fonte de tensões emocionais
que prejudicarão e dificultarão o ajustamento emocional.
O professor por sua vez também necessita, ter uma boa saúde mental, para
executar suas atividades de auxílio aos educandos, promovendo condições que
11 determinam o surgimento de interesses (motivação) e para não apresentar exigências
injustas que afetam o ajustamento emocional, criando o desajustamento.
A vida escolar, deve proporcionar aos indivíduos, oportunidades de modificar
muitos de seus sentimentos e proporcionar meios para alterações fundamentais de suas
emoções, assim como, o ajustamento emocional.
Este trabalho monográfico, dispõe de três capítulos:
No decorrer do capítulo I, será apresentada a definição de emoção, sua função,
como ela influencia desde o primeiro ano de nossa vida e em todos os momentos, os
diversos tipos de emoção e a necessidade de que a escola tem em utilizar a emoção,
reconhecendo sua importância e utilizando a Pedagogia da sensibilidade.
Em seguida, no capítulo II ,será relatado o desenvolvimento emocional do
educando, como “ educar” as suas emoções, demonstrando o papel do professor nesta
função e como a emoção pode estar implicando no comportamento e na formação da
personalidade do educando.
Será definido no capítulo III, o que é inteligência emocional,quais aptidões a
escola deve estar trabalhando para que os educandos possam desenvolvê- la, como os
professores podem estar despertando-a, a importância do desenvolvimento e ajustamento
emocional do indivíduo para a vida e como a escola pode estar contribuindo para que
isso ocorra.
Esses capítulos visam inculcar na mente dos novos e antigos educadores que não
é mais possível existir uma escola “mecânica” voltada apenas para a transmissão de
conteúdos, onde haja uma certa distância entre professor e aluno. È preciso interação,
emoção. Acima de tudo, o educando não consegue aprender se não houver amor no
desenvolver dos conteúdos e preocupação com os seus sentimentos.
12
CAPÍTULO I
O que é emoção?
“ É com o coração que se vê corretamente; o essencial é invisível aos olhos. “
Antoine de Saint Exupéry ( 1979)
13 O QUE É EMOÇÃO?
O termo emoção refere-se a um estado psicofísico do organismo, em que uma ou
mais sensações se combinam com os fatores cognitivos e apetitivos, para produzir uma
forma complexa de respostas.Nesta resposta o fator apetitivo geralmente predomina.
As sensações, imagens, idéias, motivos, além da dor e prazer, são entrelaçados
num complexo modelo em que extraordinárias respostas glandulares, musculares e
mentais, geralmente acompanham e seguem os estados emocionais.
As emoções são geralmente definidas através de um estado de tensão do
organismo, embora tal definição não seja inteiramente clara, está na direção correta, pois
acentua o fato de as emoções envolverem o organismo que atenua como um todo. São
inatas, geradas automaticamente na porção límpida de nosso cérebro.
Elas podem ainda ser definidas, como um conjunto de sentimentos,sensações,
imagens,idéias e tendências para a ação, caracterizadas por mudanças fisiológicas ou
pela agitação de certas condições orgânicas dirigidos a um objeto específico.
Segundo Goleman ( 2002, p. 234): “Emoções, são sentimentos a se expressarem
em impulsos e numa vasta intensidade, gerando idéias, ações e reações. Quando
burilados, equilibrados conduzidos transformam-se em sentimento elevado, sublimado”
Percebemos que a emoção é importante, pois ela pode gerar bons ou maus
sentimentos dependendo de seu ajustamento.Refere-se a um sentimento e seus
pensamentos distintos, estados psicológicos e biológicos e a uma gama de tendências
para agir. Há centenas de emoções, juntamente com suas combinações, variações,
mutações e matizes. Ela não apenas determina se um registro será frágil ou privilegiado,
mas determina o grau de abertura de um arquivo num determinado momento.
14 No primeiro ano de vida da criança, a emoção é o comportamento predominante,
pois sua sobrevivência depende da ajuda de parceiros mais experientes. Seus
movimentos expressam disposições orgânicas, estados afetivos de bem estar ou mal
estar, então, desencadeia no outro reações de ajuda para satisfazer suas necessidades e
assim, essas pessoas próximas acolhem e interpretam as suas reações.
Tanto para o bebê como para as sociedades, as emoções aparecem como forma
primeira de adaptação ao meio e tendem a serem suplantadas por outras formas de
atividade psíquica.A análise genética deve ser buscada para a compreensão dos
significados da emoção.
De acordo com Antunes ( 1998, p. 25):
“Uma visão da natureza que ignora o poder das emoções é
lamentavelmente míope.O próprio homo sapiens a espécie
pensante, é enganoso à luz da nova apreciação e opinião do
ligar das emoções em nossas vidas, que nos oferece hoje a
ciência.Para melhor e para pior, a inteligência não é nada
quando as emoções dominam.”
Percebemos que a emoção é de suma importância para a mente humana, uma vez
que, ela pode até interferir na inteligência e conseqüentemente em nossas decisões.
Como sabemos por experiência própria, quando se trata de moldar nossas decisões e
ações, a emoção pesa tanto,e às vezes, muito mais do que a razão.
As emoções podem ser classificadas em:
a) Emoções pessoais - Decorrem do instinto de auto conservação.Seu elemento
central é o bem- estar pessoal do indivíduo.
b) Emoções sociais - O indivíduo é levado a procurar companhia de seus
semelhantes;
15 c) Emoções intelectuais e estéticas- São ligadas às necessidades Intelectuais e
estéticas do indivíduo e incluem e estéticas do indivíduo e incluem as emoções
mais impessoais.A finalidade dessas emoções, é acordar os sentimentos por meio
do conhecimento.
Uma das mais importantes funções do processo educativo é estabelecer e
desenvolver, de maneira adequada, o controle, a direção, o refinamento e o
enriquecimento das emoções.
A escola deve, pois, incluir em seu programa a necessária disciplina, treino e experiência
que ensejam a aquisição de controle emocional. Isso significa o uso de processos
sistemáticos para garantir o cultivo de estudos emocionais desejáveis, a integração da
personalidade, a eliminação de respostas indesejáveis e o treino em atitudes corretas para
com os objetivos que despertam emoções.
1.1- Para que servem as emoções?
Os nossos mais profundos sentimentos, as nossas paixões e anseios são
diretrizes essenciais e nossa espécie deve grande parte de nossa existência à força que
eles emprestam nas questões humanas.
Quando investigam porque a evolução humana deu à emoção um papel tão
essencial em nosso psiquismo, os sociobiólogos verificam que, em momentos decisivos,
ocorreu um ascendência do coração sobre a razão.São as nossas emoções, que nos
orientam quando diante de um impasse e quando temos de tomar providências
importantes demais para que sejam deixadas a cargo unicamente do intelecto, em
situações de perigo, e na experimentação da dor.
16 Segundo Antunes (1998, p. 35): “ Cada tipo de emoção que vivemos, nos
predispõe para uma ação imediata, cada uma sinaliza para uma direção que, nos
recorrentes desafios enfrentados pelo ser humano ao longo da vida, provou ser a mais
acertada.”
No nível pessoal, nós podemos usar nossas habilidades emocionais pra
desenvolver o auto- controle ou para acalmar-nos ou isolar-nos emocionalmente ou
podemos controlar outros criando culpa, medo ou depressão.As habilidades emocionais
que realmente queremos são aquelas que melhoram a vida das pessoas não somente de
uma pessoa ou grupo, mas de todas as pessoas. As únicas habilidades emocionais que
melhoram as vidas das pessoas de forma duradoura são as habilidades do amor.
Com isso, as emoções são importantes para:
· Sobrevivência: Nossas emoções foram desenvolvidas através de milhares
de anos. Como resultado, nossas emoções possuem o potencial de nos
servirem como um sofisticado e delicado sistema interno de orientação.
Nossas emoções nos alertam quando nos sentimos receosos, nossa
necessidade é por segurança. Quando nos sentimos rejeitados, nossa
necessidade é por aceitação;
· Tomadas de decisão: Nossas emoções são uma fonte valiosa de
informação. Nossas emoções nos ajudam a tomar decisões. Os estudos
mostram que quando as conexões emocionais de uma pessoa estão
danificadas no cérebro, ela não pode tomar nem mesmo as decisões
simples. Por que? Por que não sentirá nada sobre suas escolha;
· Ajuste de limites: Quando nos sentimos incomodados com o
comportamento de uma pessoa, nossas emoções nos alertam. Se nós
aprendemos a confiar em nossas emoções e sensações isto nos ajudará a
17 ajustar nossos limites que são necessários para proteger nossa saúde
física e mental;
· Comunicação: Nossas emoções nos ajudam a comunicar com os outros.
Nossas expressões faciais, por exemplo, podem demonstrar uma grande
quantidade de emoções. Com o olhar podemos sinalizar que precisamos
de ajuda;
· União: Nossas emoções são talvez a maior fonte potencial capaz de unir
todos os membros da espécie humana. Claramente, as diferenças
religiosas, cultura e política não permitem isso, apesar das emoções
serem “universais”.
Wallon, buscou compreender as emoções tentando aprender sua função, para
que realmente servem.Elaborou a tese de que a inteligência humana se desenvolve a
partir do sistema emocional, tese hoje corrobada pelas descobertas recentes das
neurociências que nos informa sobre o funcionamento cerebral que mobiliza em toda
ação cognitiva as áreas cerebrais da emoção.Cabendo compreender os processos pelos
quais passa o indivíduo nesta perspectiva de desenvolvimento.
A escola então, não deve se esquecer do lado emocional do educando, se ela
realmente quiser desenvolver a sua inteligência.
Conforme , a teoria de Wallon ( 2002, p. 12):
“ As emoções dependem da organização dos espaços para se
manifestarem. A escola ainda insiste em mobilizar a criança
numa carteira, limitando a fluidez das emoções e do pensamento
tão necessário para o desenvolvimento completo da pessoa.”
18 Considera que tentam, encaixar as emoções numa lógica linear e suprimem o
aspecto que não se integra ao quadro conceitual delineado. Além disso, a pessoa
emocionalmente equilibrada, planeja uma forma de evitar ou de superar os obstáculos e
aguarda oportunidade para isso.
Sabendo-se então, que as emoções servem para atuarem em diversas atitudes de
nossa vida, e agem modificando nosso comportamento, tomando decisões por nós
mesmos e superando até mesmo a razão, a escola deve levar em consideração todos
esses aspectos, incumbir-se de que o ajustamento emocional é importante, pois ele
influenciará na personalidade do educando ainda em desenvolvimento. É na escola que
as emoções servirão, para que o educando adquira experiências que contribuirão para
solucionar conflitos existentes fora do ambiente escolar.
Como esclarece Elvira Lima ( 1972, p. 25) :
“ É a reprodução mental das experiências vividas pelo corpo por
meio dos movimentos e dos sentidos, essas representações
importantes são evocadas na hora de executar atividades, tomar
decisões e resolver problemas, na escola e na vida.”
Por isso, a escola precisa saber a função da emoção para perceber seu importante
papel e grande responsabilidade com as emoções e experiências do educando, sabendo-
se que, tudo isso irá influenciá-lo na sua vida fora dela.
1.2-Aspectos de uma emoção
Quase sempre os indivíduos estão vivendo alguma forma de emoção, embora
exista uma variação de uma pessoa para a outra, quanto as condições que despertam uma
emoção, quanto à sua natureza e intensidade, assim como, quanto ao comportamento
específico resultante.
19 A emoção não apenas influencia em nossa vida, mas nos afeta a saúde, a
memória e os poderes de raciocinar e perceber. Dá sentido à experiência entra em nossos
julgamentos a respeito das pessoas e coisas, influenciando nossas decisões e
ações. As emoções que sentimentos, não influem só em nosso comportamento atual,
porém afetam nosso comportamento futuro, pois a lembrança da emoção pode durar o
resto da vida. Quando um fato ou pessoa desperta em nós emoção muito forte, é
provável que sintamos a mesma emoção sempre que recordamos o evento ou pessoa.
Associamos as coisas às emoções por elas despertadas.
Cada tipo de emoção que vivemos nos predispõe pra uma ação imediata, cada
uma sinaliza pra uma direção que nos recorrentes desafios enfrentados pelo ser humano
ao longo da vida, provou ser a mais acertada. A medida que, situações desse tipo foram
se repetindo, a importância do repertório emocional utilizado para garantir a
sobrevivência da nossa vida.
Vive-se num tempo de pessoas tensas, ansiosas, que não sabem lidar com as
múltiplas manifestações de suas emoções e por isso se tornam prisioneiras destas
manifestações.
Segundo Fromn ( 2002, p.11):
“O homem seguiu o racionalismo até um ponto em que se
transformou em completa irracionalidade. Desde Descarte, o
homem vem separando sempre mais o pensamento do afeto; só
o pensamento se considera racional, o afeto,pela própria
natureza, irracional, a pessoa, eu, foi decomposta num intelecto,
que constitui o meu ser, e que deve controlar-me a mim como
deve controlar a natureza.”
Só recentemente, foi elaborado um modelo científico da mente emocional que
explica porque muitas de nossas ações são determinadas pela emoção – porque somos
tão racionais num determinado momento e tão irracionais em outros. E também foi
20 firmado o entendimento de que as emoções têm uma razão e uma lógica que lhe são
peculiares.
Na mecânica da emoção, cada sentimento tem um diferente repertório de
pensamento, de reações e de memórias. Esse repertório, emocional e específico se torna
mais dominante nos momentos de intensa emoção.
São ingredientes chave de aptidões emocionais:
* Identificar e rotular sentimentos;
*Expressar sentimentos;
*Avaliar a intensidade dos sentimentos;
*Lidar com os sentimentos;
*Adiar a satisfação;
* Controlar impulsos;
*Reduzir tenção;
* Saber a diferença entre sentimentos e ações.
A experiência humana compreende uma vasta gama de emoções. Há emoções
pessoais sociais ou altruísticas, intelectuais e estéticas. Contudo, essas formas de
emoções não se excluem reciprocamente:
As emoções pessoais gravitam em torno do ego e do bem pessoal do
indivíduo.Baseiam-se nas tendências inatas de auto-afirmação e desenvolvimento,
não somente do corpo, mas também das faculdades mentais, produzem prazer, tais
como auto-estima, confiança em si mesma e amor-próprio, e outras causam pesar
tais como: Orgulho, compaixão para consigo mesmo, remorso, vergonha, medo e ira.
São tipos de emoções:
· As emoções sociais, agrupam-se em torno dos aspectos altruístas e
benevolentes da natureza humana.Como o homem foi feito para viver em
sociedade, é dotado de certos sentimentos que o ligam a seus semelhantes.
21 · As emoções estéticas e intelectuais, baseiam-se nas necessidades superiores e
dependem na maior parte da educação.A base das emoções intelectuais é o
amor da verdade.Se baseiam no sublime, no belo e no harmonioso.
Essas emoções incluem a admiração, a reverência e o êxtase artísticos. Por isso é
necessário que a escola as emoções e suas importâncias, para levar o educando ao
desenvolvimento emocional e obter melhores resultados na aprendizagem.
Assim conclui Piletti Nelson ( 1994, p.86):
“ Mais importante do que controlar ou reprimir as emoções, é
ajudar a criança a encontrar meios socialmente aceitáveis de
manifestar as emoções.Todos precisam expressar seus
sentimentos e , para isso, a escola pode proporcionar
oportunidades através de atividades artísticas livres, atividades
recreativas, trabalhos em grupo, expressão corporal, dança,
etc...”
A escola então, deve perceber que o educando quando está realizando uma
atividade dinâmica, ele está manifestando suas emoções. Começamos a ultrapassar a
“barreira verbal” quando nos sentimos mais apropriados de nossas sensações físicas
e emocionais, o suficiente para falarmos delas. Passamos a ter necessidade de falar
sobre o que estamos sentindo emocionalmente, além de fisicamente. Começamos a
observar, com maior apropriação e menos temor, nossos movimentos emocionais,
pois sabemos a importância que eles têm em nossa vida. Tornamo-nos mais
imponderados como adultos que somos, para verbalizar o que sentimos diante do que
vivemos.
22 1.3- Pedagogia da sensibilidade
A pedagogia da sensibilidade procura formar o caráter do educando,
considerando-o um ser integral inteligência e sentimento e desenvolvendo os valores
humanos, promovendo a sensibilização dos sentimentos e a compreensão da vida,
fazendo com que o educando tenha atitudes conscientes de valorização de si mesmo e
dos outros, desenvolvendo assim seu ajustamento emocional. Sua base está em três
princípios: educação com amor, educação com exemplo, educação com experiência
própria.
Somos sensíveis porque a sensibilidade está em nós, ela pertence ao homem, é
natural, mas o grau de sensibilidade varia de indivíduo a indivíduo, e num mesmo
indivíduo sofre graduação de intensidade de acordo com o fato ou momento.
Estudos revelam que a falta de diálogo, de afeto, fatores de estímulos e de
enriquecimento da vontade de aprender, levam as crianças ao atraso do desenvolvimento
de suas capacidades cognitivas.Quanto mais diversificadas as experiências, melhor
desenvolvimento cognitivo e emocional.
Carl Rogers, chamado de “educador do amor”(1986, p. 243), admite:
“O único aprendizado verdadeiro é aquele que influencia
significativamente o comportamento do indivíduo, e isso é fruto
da descoberta- experiência pessoal transformadora.A
aprendizagem deve ocorrer em grupo ,nas relações com outra
pessoa, quando a interação faculta o emergir dos sentimentos.”
Assim a escola deve levar o educando a saber trabalhar suas emoções,reconhecê-
las, controlá- las e utilizá- las com melhor proveito da vida, tornando os relacionamentos
pessoais mais ricos empregando a pedagogia da sensibilidade.É a empatia, o ser ao
23 contágio emocional, quando transmite e capta modos um do outro, promovendo
relacionamento interpessoal.
Para Pesttalozzi ( 2002, p. 345):
“A escola deve imitar a educação familiar, os cuidados e afetos
que cercam o educando, deve ser considerado o ponto de vista
da criança, encontrando em cada uma os sentimentos e aptidões,
buscando o fim da educação, o desenvolvimento
emocional,moral e intelectual, através do bem-estar da criança.”
A escola não pode esquecer que cada indivíduo, é um ser diferente do outro,
com sentimentos e emoções diferentes, que necessita de cuidados e atenção individuais.
O educando precisa ser trabalhado em seus sentimentos para:
· Estar ligado ao ambiente em que vive;
· Elaborar conceitos éticos;
· Incorporá- los ao patrimônio psíquico;
· Realizar a aquisição do senso moral.
Para isso a escola necessita colocar em ação uma metodologia interativa,
mesclando conteúdo curricular com atividades de desenvolvimento dos sentimentos, são
elas:
· Exercícios da vida;
· Práticas de bondade;
· Vivências de solidariedade;
· Jogos cooperativos.
24 Utilizando a pedagogia da sensibilidade, a escola estará levando o educando a
sensibilizar com a vida e com o próximo a desenvolver suas emoções.Sua base será a
educação com amor, educação com exemplo e a educação com experiência própria. Já
que, nos dias de hoje, percebemos o educando insensível para com sigo e para com a
vida, com graves problemas estruturais psicológicos, carente de afeto, com imensa
dificuldade de expressar seus sentimentos, apesar de possuir facilidades para aquisição
do conhecimento atual.
Sabemos que não basta o conhecimento, se esse conhecimento não impulsionar
a conquista de si mesmo, não desenvolver os sentimentos e não ajustar-se
emocionalmente.A sensibilidade deve permear todo o sistema de ensino- aprendizagem,
incluindo toda a instituição, numa visão integral e espiritualizante do educando e da
educação, por isso trabalhando num mesmo conjunto o educando, o educador, a escola, a
família e a sociedade.
É preciso dar aos nossos educandos condições para que o emocional floresça, se
expanda, ganhe espaço e se expresse com naturalidade.
Precisamos de uma educação mais humanista, voltada para o ser humano em suas
características de um ser dotado de corpo, espírito, razão e emoção.
Como afirma Heloísa Huck ( 1994,p. 311):
“ Não basta desenvolver a razão, é preciso estimular,
desenvolver, aprimorar a sensibilidade do homem do futuro.A
sensibilidade em relação no próprio eu e para com o outro, para
a verdade, para a beleza, para a moral, para o símbolo e para a
transcendência , uma educação capaz de levar o ser a
emocionar-se, maravilhar-se, extasiar-se, e assim utilizar da sua
razão de um modo mais próprio e adequado, à obtenção de sua
felicidade e a sua participação no campo da cidadania.”
25 E qual o período da existência para trabalharmos a educação dos sentimentos? É
a infância, fase vital de aprendizado.
26
CAPÍTULO II
O desenvolvimento emocional do educando
“ Ser emocionalmente educado é ser capaz de lidar com as emoções de modo a
desenvolver seu poder pessoal e a qualidade de vida que o cerca.”
Claude Steiner ( 1834)
27 O DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL DO
EDUCANDO
O desenvolvimento emocional do educando constitui, a força básica da vida e
está intimamente ligado com a ação.
A escola deve formar indivíduos capazes de controlar suas emoções interiores,
que saibam dominar e dirigir-se, que sintam prazer com as coisas belas e elevadas da
vida. As emoções também estão intimamente relacionadas com o campo da
aprendizagem e ajustamento.
As emoções podem ser ensinadas da seguinte maneira:
· Trabalhando os sentimentos, nossos e os que irrompem nos
relacionamentos;
· Utilizando das tensões e traumas da vida das crianças como tema do dia;
· Elevando o nível de competência social e emocional das crianças;
· Resolvendo conflitos;
· Desenvolvendo aptidões emocionais.
Como as emoções também constituem parte integrante da personalidade total, é
de importância vital que os professores compreendam o desenvolvimento emocional
do educando. Deve compreender que a emoção, de qualquer natureza, seja agradável
ou não, prejudica o aprendizado. Segundo Antunes ( 1998, p.25):
“Sem a emoção ninguém poderia aprender.Inúmeras experiências demonstraram
que aprendizagem é facilitada quando o indivíduo trabalha com prazer e os seus
esforços são coroados de êxito.”
Por isso, é essencialmente necessário utilizar a emoção na escola, se quisermos
ter bons resultados na aprendizagem, atingindo nossos objetivos.
28 No desenvolvimento da vida intelectual, as emoções são fatores significativos e
desempenham importante papel no sucesso e na felicidade do indivíduo.As emoções
sociais fazem parte natural de uma vida completa e feliz, e é muito desejável que a
escola ajude a desenvolver no educando a capacidade de entender e penetrar nos
sentimentos dos outros para o benefício de todos.
De acordo com Moore ( 1986, p. 322) :
“ Se tentarmos fazer a análise psicológica da emoção e trazer
perante o ponto focal da consciência a própria emoção, não
apenas a sua causa, veremos que ela se dissolve como cera ao
calor do fogo.Os estados emocionais não podem ser trazidos
para o campo de ação da consciência, e qualquer tentativa neste
sentido, os faz desaparecer instantaneamente.”
Temos portanto,certa possibilidade de controle emocional.É preciso contudo,
uma grande atenção para fazer a análise psicológica de uma emoção.
Segundo o texto elaborado pela CENP- Coordenadoria Estadual de Normas
Pedagógicas (ano 2003 , p. 12) ,os autores afirmam:
“A escola contribuirá para que as relações sociais sejam de
igualdade estimulando o aprendizado do diálogo, do construir
com, do entender-se com. Atenta ao processo de
desenvolvimento físico, afetivo e emocional."
Portanto, podemos perceber,que a escola desenvolvendo as relações sociais com
os educandos, pode estar contribuindo assim também para o desenvolvimento
emocional do educando e dando-lhe a possibilidade de estar ajustando-se
emocionalmente, quando um indivíduo interage com outros e supera situações de
conflitos, que podem surgir durante o processo de socialização ocorrido na escola.
29 2.1- Educar as emoções dos educandos
Uma das preocupações dos pais de hoje em dia, é educar seus filhos
emocionalmente, ou seja, prepará- los para enfrentar os desafios impostos pela vida com
inteligência. Ensiná- los como reagir nas diversas ocorrências que podem ir a acontecer.
Em relação à educação,é importante “educar” as emoções e fazer com que os
educandos também se tornem aptos a lidar com frustrações com os outros, reconhecendo
as próprias angústias e medos. Diz John Gottman ( 2002, p.39): “Os pais devem ser os
preparadores emocionais dos filhos, o que muitas vezes, não tem ocorrido devido ao
stress e a correria do cotidiano.”
Por esses motivos que a escola tem incumbindo-se dessa função, já que sabemos
que o ajustamento emocional de nossos educandos é tão importante para seus
desenvolvimentos.
Hoje, as escolas devem assistir ao fortalecimento do educando enquanto pessoa,
fazendo com que as instituições, para obterem sucesso, moldem-se aos indivíduos,
treinando professores para tal missão.
No que tange à expressão das emoções, educamos as crianças dando- lhes
oportunidades de usar criativamente sua energia emocional por meio da arte, ofícios,
músicas, dança, teatro e escrita. Devemos estimular os educandos a exprimirem o que
sentem e ajudá- los a desenvolver as habilidades necessárias.
Como diz Vygotsky (1987,p.27): “O aprendizado adequadamente organizado,
resulta em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de
desenvolvimento, inclusive o emocional , que, de outra forma, seriam impossíveis de
acontecer.”
30 Então, ficamos diante de uma situação que nos obriga a ter cuidado ao tentar
desenvolver o aprendizado do educando, pois junto com ele, o indivíduo estará
desenvolvendo-se também emocionalmente.
As escolas, então precisam:
· Investir menos esforços em medir conhecimentos (as notas) e mais tempo
enfoque na aprendizagem;
· Compartilhar responsabilidades com seus alunos;
· Identificar e promover talentos individuais;
· Promover reciclagem permanente de professores;
· Enfatizar atividades em grupos;
· Enfatizar a criatividade de cada aluno.
Ajudar os educandos a formarem um senso verdadeiro de valores, consiste em
ensinar- lhes a valorizar as coisas importantes. A fim de consegui- los, precisamos
primeiro decidir que coisas são importantes e que coisa não têm valor.Feito isso,
tentaremos auxiliar as crianças a formas sentimentos adequados em relação a essas
coisas.
Ao educar as emoções do educando, temos de tentar duas coisas:
a) Ajudá- los a desenvolver verdadeiro senso de valores;
b) Ajudá- los a exprimirem suas emoções de maneiras criativas e
satisfatórias.
Segundo Chalita ( 1971 p. 38):
“ É preciso entender que desenvolver a habilidade emocional,
significa, ser um caminhante, um errante, um visionário de
sonhos e um concretizador de ideais. Significa uma
demonstração de grandeza na adversidade. Assim, não é
31 possível desenvolver a habilidade cognitiva e social, sem que a
emoção seja trabalhada.”
Percebemos a importância da emoção nos aspectos cognitivos e sociais, pois,
quando a emoção é trabalhada, o educando torna-se um cidadão mais justo,
comprometido e feliz.
É necessário também para educar as emoções do educando, ensinar às crianças a
enfrentarem as adversidades que não estão previstas nos livros, para as quais as teorias e
regras não dão respostas, trabalhando o controle das emoções, mostrar-lhes a
importância do afeto, da troca de experiências, do amor pelo próprio amor, ensiná- las a
amar a natureza, a usufruir os bens que recebemos gratuitamente, a respeitar as
diferenças, a compreender um problema alheio, a ter serenidade diante dos obstáculos, a
sorrir, a chorar, a vibrar com a vida, a abraçar, a aceitar os próprios limites e a trabalhar
seus medos.
Educar as emoções do educando, é falar sobre tudo isso naturalmente, ajudando-
lhe a compreender que somos seres humanos, e que, estamos sujeitos ao Sol e à
tempestade.E que, se soubermos entendê- los, eles vão passar, deixando apenas as marcas
que permitimos. Talvez, essa habilidade tenha grande importância na vida humana,
porque proporciona o aprimoramento das outras, dá sentido ao viver, ao caminhar e ao
impulsionar o indivíduo à liberdade.
Para ajudar os educandos a ajustarem-se emocionalmente, é necessário integrar
às aulas a educação emocional, nela estão inclusos os valores de auto-estima,
autoconfiança,autoconhecimento,vivência dos valores morais e éticos, preponderantes a
todas as pessoas, principalmente às crianças, são somatórios do conteúdo, dos temas e
dos objetivos das aulas. Como conclui Claudie Steiner (1987,p.420): “Ser
emocionalmente educado, é ser capaz de lidar com as emoções, de modo a desenvolver
seu poder pessoal e a qualidade de vida que o cerca.”
32 Entendemos a importância de se educar a emoção dos educandos, para que os
mesmos melhorem também como seres sociais.
2.2- O papel do professor no ajustamento emocional do educando
É de muito importante que o professor oriente a criança no controle de suas
emoções.Como os distúrbios emocionais freqüentemente, têm estreita relação com o
fracasso escolar, tornou-se de suma importância a intervenção do professor no
ajustamento emocional do educando, diante dos conflitos que vão aparecendo no
ambiente escolar.A criança em idade escolar não tem muita resistência a tenção e
pressão. Por isso, precisa de auxílio e oportunidade para crescer e se desenvolver.
Infelizmente, muitos professores preocupam-se apenas com a transmissão de
conteúdos, com a distribuição de tarefas, enfim, com o desenvolvimento do programa
proposto. Argumentam que não têm tempo,nem conhecimento específico para fazer um
estudo das dificuldades e problemas de cada educando.Assim, esperam que toda a classe
apresente um mesmo padrão de desempenho.
Para que os professores ajudem os educandos a ajustarem-se emocionalmente é
necessário:
· Perceber as emoções das crianças e as suas próprias;
· Reconhecer a emoção como uma oportunidade de intimidade e
orientação;
· Ouvir com empatia e legitimar os sentimentos da criança;
· Ajudar as crianças a verbalizar as emoções;
· Impor limites e ajudar a criança a encontrar soluções para seus
problemas.
33 Eles precisam considerar que cada aluno é uma pessoa que tem características e
ajustamentos típicos, caso contrário, ele perderá grande parte de controle da situação de
ensino.Como esclarece Smolka (1994, p. 65): “ O sujeito se faz como ser diferenciado
do outro, mas formado na relação com o outro.”
Compreende-se que, além de perceber as diferenças que cada aluno apresenta,
seu entusiasmo pela matéria, suas atitudes e sentimentos, em relação aos outros e aos
eventos do cotidiano escolar, são tão importantes quanto a transmissão de um conteúdo,
pois o professor estará transmitindo também esses sentimentos aos alunos.
Para compreender a criança e ajudá- la em seu ajustamento emocional, é preciso
conhecer um pouco de sua história passada e do ambiente em que ela vive. Uma criança
maltratada terá dificuldade para ajustar-se emocionalmente, apresentando problemas em
seu ambiente escolar e social.
A criança precisa de disciplina.No entanto, a disciplina só auxiliará em se
ajustamento emocional e contribuirá para a formação de seu caráter, se for coerente e
baseada no amor.Exigências incoerentes, maus-tratos e injustiças, afetam muito a sua
formação.Castigos, punições, humilhações e críticas, não ajudam ninguém a melhorar
seu comportamento.Ao contrário, criam mais revoltas e desajustamento.
Como em sua maioria, os professores pertencem à classe média, podem ter
dificuldade ara compreenderem os valores e comportamentos dos educandos da rede
pública, que na maior parte, apresentam um nível sócio-econômico baixo e tendem a
expressar mais diretamente a agressividade, o que dificulta o seu ajustamento emocional.
Como adverte a Multieducação- Núcleo Curricular Básico ( 1996, p. 34):
“Na sala de aula,ocorre o encontro das diferenças.Defrontam-
se,múltiplas histórias de vida. Da vida de professores e alunos.
Confrontam-se preconceitos e criam-se resistências. A sala de
aula é um espaço onde explicitam tensões.”
34
Neste sentido, sabemos que na sala de aula, existem indivíduos diferentes, com
pensamentos e atitudes diferentes, o que resulta em certas tensões no dia a dia escolar.
Para aliviar essas tensões, o professor que preocupa-se com a criança e a
respeita, deve criar uma atmosfera de liberdade em que ela possa canalizar sua
agressividade para atividades mais construtivas. A agressividade, como qualquer traço
de personalidade, é um sintoma e não uma causa.Embora seja um ato indesejável, ele
está dentro do sistema de valores da criança.Ela pode não saber se quer, que seu
comportamento não é aceitável.Por isso, talvez,não precise de um tempo maior par que
ocorra uma reavaliação dos seus valores. É neste momento, que o professor precisa
ajudá-la a perceber que a agressividade não é aceita, porque não traz bons resultados e
prejudica o ajustamento emocional do educando.
Acreditamos que o professor tem um papel fundamental e que o mesmo deve
estar preparado emocionalmente para tal função, com cursos e momentos de reflexão
que enfatizem o equilíbrio, o auto-conhecimento e o crescimento pessoal, ampliando a
percepção das próprias emoções, favorecendo envolvimentos mais empáticos e sadios, o
que só trará benefícios para a educação
2.3-Personalidade e comportamento no ajustamento emocional
A emoção que o educando irá educar-se na escola, implicará na formação de sua
personalidade. De acordo com Vygotsky ( 1987, p.32) :
“O indivíduo que aprende na escola, está se desenvolvendo
enquanto personalidade e enquanto membro do grupo cultural
que pertence a emoção, encontra-se na origem da consciência,
operando a passagem do mundo orgânico, para o social, do
plano fisiológico para o psíquico.”
35 Sendo assim, a emoção será importante também para o educando desenvolver
sua personalidade, por isso é importante que a escola esteja preparada para trabalhar as
emoções dos educandos, para que junto com a formação de sua personalidade, ele possa
ajustar-se emocionalmente.Se ele desenvolver somente emoções negativas (tristezas,
ciúmes, inveja, raiva...) isso implicará na formação de sua personalidade, levando-o, a
tornar-se um indivíduo com essas características principais em sua pessoa.
Costuma-se acreditar que o período mais tumultuado e difícil para adquirir a
personalidade, seja a adolescência, porque é nesta fase que o indivíduo busca se ajustar à
realidade, então, todos os momentos trazem problemas peculiares que requerem esforços
para enfrentá- los.O primeiro é o desmame, que obriga o bebê a aprender uma nova
conduta para satisfazer uma motivação básica.
Ao entrar na escola, acriança deve encontrar meios para enfrentar a nova
situação, para ajustar-se emocionalmente.Ela será obrigada a adaptar-se às notas ou
critérios de avaliação, e muitas vezes, às exigências dos próprios pais.Pode acontecer
neste período, um comportamento que permite apenas um pequeno grau de satisfação
das necessidades, e que, na medida em traz essa pouca satisfação, tende a ser mantido. A
característica principal desse tipo de ajustamento, é a repetição, na tentativa desesperada
de chamar a atenção ou de formar sua personalidade, a partir da personalidade de outra
pessoa. Isso é evidente nas pessoas que se vangloriam ou se “ exibem”, porque não se
sentem aceitas, que falam o tempo todo coisas ruins, porque não recebem atenção e
afeto, mas que agridem ou impedem uma aproximação maior, por saberem de sua
própria fragilidade afetiva, geralmente apresentando um certo desajustamento
emocional.É possível que o indivíduo não consiga modificar-se sem contar com o
auxílio externo.Pode ser que para ajudá- lo seja suficiente um pouco mais de afeto ou
compreensão.
Declara Cury ( 2002, p.78): “Sabemos que, em termos de personalidade, cada
educando é único, e tentará buscá- la de formas diversas.” Sendo assim, quando
rotulamos a criança como agressiva, insegura ou dependente, não encontramos uma
maneira de modificar seu comportamento, nem a melhor maneira de tratá- la em sala de
36 aula ou de levá- la a ajustar-se emocionalmente.Isso dever ser um alerta para o professor
que emprega adjetivos como “bom” ou “mau” para classificar crianças, baseando-se
exclusivamente nos traços de personalidade.
37
CAPÍTULO III
A escola e a inteligência emocional
“ Além de uma inteligência “intelectual”, nós possuímos também uma
inteligência “emocional”, tão ou mais importante que a outra para o sucesso na
escola e na vida.”
Goleman ( 2002)
38 A ESCOLA E A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
A educação brasileira está baseada em princípios lineares e os currículos
assentam-se nos processos intelectuais e cognitivos, deixando de lado os fatores
emocionais.Atualmente existem concepções que valorizam os aspectos emocionais da
inteligência.
Algumas habilidades emocionais são consideradas importantes para que uma
pessoa atinja seus objetivos para ser feliz e alcançar sucesso na vida. Dentre elas são
citadas o controle , adaptabilidade, persistência, amizade, respeito, amabilidade e
empatia.
Nossas crianças aprendem que sempre há opções para reagir a uma emoção, e
quanto mais meios temos para lidar com as emoções, mais rica é a nossa vida.Uma
ênfase no controle das emoções para chegar no ajustamento emocional é compreender o
que está por trás de um sentimento (por exemplo, a mágoa que dispara a raiva) e
aprender como lidar com ansiedades, ira e tristeza. Ainda outra ênfase é assumir a
responsabilidade por decisões e atos e cumprir compromissos.
Uma aptidão social chave que deve ser desenvolvida na escola, é a empatia, ou
seja, a compreensão dos sentimentos dos outros e adoção da perspectiva deles, e o
respeito às diferenças no modo como os demais indivíduos encaram as coisas. Os
relacionamentos com os colegas, são um foco importante, incluindo aprender a ser um
bom ouvinte e um bom questionador, distinguir entre o que alguém diz ou faz e suas
reações e julgamentos, ser mais assertivo e não raivoso ou passivo, aprender as artes da
cooperatividade, solução de conflitos e negociação de compromissos.
Segundo Goleman ( 1995, p.345): “As aptidões da inteligência emocional são
conhecer os próprios sentimentos, ser dotado de empatia, aprender a controlar as
próprias emoções, remediar danos emocionais e a integração de tudo.”
39 Visto que, os professores devem fundir lições sobre sentimentos e
relacionamentos com as matérias, usando histórias para levantar questões de como as
pessoas se sentem, levantando a auto consciência das necessidades de um amigo, como
se sente quem é provocado e partilhando de sentimentos com os amigos. Um plano de
currículo fixo oferece histórias cada vez mais sofisticadas à medida que as crianças
passam pelo ensino fundamental, dando aos professores abertura para discutir questões
como empatia, adoção de perspectiva e interesse.
Outro modo de entremear as lições emocionais no tecido da vida escolar
existente, é ajudar os professores a repensarem, como disciplinar os alunos que se
comportam mal. Oportunizando idéias para o ensinamento às crianças das aptidões que
lhes faltam, controle de impulsos, explicar os sentimentos, resolver conflitos e que há
melhores maneiras de disciplinar do que a coerção.
Para serem mais eficazes, as lições emocionais que levam ao ajustamento, devem
estar de acordo com o desenvolvimento da criança e ser repetidas em diferentes idades,
de maneira que se encaixem em sua compreensão e desafios que estão sempre em
mudança.
3.1-Existe vida inteligente nas emoções?
O homem é dotado, além da inteligência, também de emoções, que podem ser
positivas (alegria, bem estar, etc.) e negativas (raiva, ciúme, etc.) , já estando
cientificamente comprovado que as emoções afetam o comportamento biológico do ser,
além do seu comportamento moral e sua inteligência. De acordo com Goleman (1995,
p. 349): “Inteligente emocional é o indivíduo que sabe trabalhar suas emoções, que sabe
reconhecê- las, controlá- las e utilizá-las com maior proveito na vida, tornando os
relacionamentos pessoais mais ricos.”
40 Partimos do princípio e que o educando emocionalmente inteligente, sabe
colocar suas capacidades a serviço de metas e motivações. É mais eficiente e realista,
mais criativo e disposto ao novo. Daí a importância de um investimento pessoal de
nossos profissionais de educação. Do ponto de vista de Goleman ( 1995, p. 316): “
Quanto mais consciente estivermos a cerca da nossas próprias emoções, mais facilmente
poderemos entender o sentimento alheio.” Assim, a inteligência emocional pode ser
resumida no conhece-te a ti mesmo.
Os psicólogos Stenberg e Salovey, adotaram uma visão mais ampla da
inteligência, tentando reinventá- la em termos do que é necessário para viver bem a vida.
E essa linha de investigação retorna ao reconhecimento de como, exatamente, é crucial a
inteligência “pessoal” ou emocional.
Salovey inclui as inteligências pessoais de Gardner em sua definição básica de
inteligência emocional, expandindo essas aptidões em cinco domínios principais:
1- Conhecer as próprias emoções. Autoconsciência, reconhecer um
sentimento quando ele ocorre, é a capacidade de controlar sentimentos a cada
momento, é fundamental para o discernimento emocional e para a auto
compreensão;
2- Lidar com emoções: Lidar com os sentimentos para que sejam
apropriados é uma aptidão que se desenvolve na autoconsciência;
3- Motivar-se: Pôr as emoções a serviço de uma meta, é essencial para
centrar a atenção, para a automotivação, a maestria e a criatividade. O autocontrole
emocional, sabe adiar a satisfação e conter a impulsividade, está por trás de qualquer
tipo de realização.
4- Reconhecer emoções nos outros: A empatia, é a “aptidão pessoal”
fundamental. As pessoas empáticas mais sintonizadas com os sinais do mundo
externo, indicam o que os outros precisam ou querem.
41 5- Lidar com os relacionamentos: A arte de se relacionar é a aptidão de lidar
com as emoções dos outros. As pessoas com essas aptidões interagem
tranqüilamente com os outros.
A escola poderá está ajudando o educando a desenvolver essas aptidões que
contribuirão para o seu ajustamento emocional, integrando esses domínios às atividades
nas disciplinas que lhe são oferecidas.
Visto que as aptidões aqui esclarecidas são necessárias para o ajustamento
emocional, Goleman (1995, p.263), partindo de vários experimentos sobre compreensão
da vida mental, das indagações sobre o papel do emocional no convívio social e no
desenvolvimento do ser, aponta que:
“ As emoções portanto, são importantes para a racionalidade.
Na dança entre sentimento e pensamento, na faculdade
emocional guia nossas decisões a cada momento, trabalhando de
mãos dadas com a mente racional,capacitando ou incapacitando
o próprio pensamento.
Do mesmo modo, o cérebro pensante desempenha uma função
de administrador de nossas emoções a não ser naqueles
momentos em que elas escapam ao controle e o cérebro
emocional corre solto. Isso subverte a antiga concepção de
antagonismo entre razão e sentimento, não é que queiramos
eliminar a emoção e pôr a razão em seu lugar, mas ao contrário,
precisamos encontrar o equilíbrio inteligente entre as duas.
O antigo paradigma nos exorta a harmonizar cabeça e coração.
Fazer isso bem em nossas vidas, implica, precisamos primeiro
entender com exatidão o que significa usar inteligentemente a
emoção.”
42 Percebemos que a emoção tem um papel importante na razão e que se não
percebemos as nossas emoções não podemos lidar com elas e conseqüentemente com a
razão também.
Um princípio básico para o desenvolvimento da inteligência emocional na sala
de aula, é desenvolver o respeito mutuo pelos sentimentos dos outros, e para tanto é
necessário que o professor se sinta e seja capaz de comunicar abertamente suas
sensações e sentimentos.O professor não deve negar suas emoções negativas e sim, ser
capaz de expressá-las de modo saudável na construção com seus alunos.
De acordo com Gilberto ( 1991, p. 123) :
“A inteligência emocional está relacionada à habilidades tais
como motivar a si mesmo, persistir mediante frustrações,
controlar impulsos, canalizando emoções para situações
apropriadas, praticar gratificação prorrogada, motivar pessoas,
ajudando-as a liberarem seus melhores talentos, e conseguir seu
engajamento a objetivos de interesses comuns.”
Neste sentido, para desenvolver a inteligência emocional, a escola deverá ensinar
os educandos a reconhecerem suas emoções, saber categorizá- las e comunicá- las,
ajudando-os a serem responsáveis por suas próprias necessidades emocionais.
Goleman chega a falar em “alfabetização emocional”, como uma espécie de nova
matéria, e em “lições emocionais”. Mesmo que essa idéia tenha mérito de chamar a
atenção para a necessidade de levar em conta, de forma mais consciente, o
desenvolvimento emocional dos alunos, ela merece uma ressalva, na medida em que
não se aprendem emoções apenas recebendo lições, mas principalmente negociando-se
com os outros.
A essência da alfabetização emocional, está em fazer com que o educando
entenda, descreva e se posicione diante dos vários tipos de emoções e sentimentos.
43 Isso nos faz perceber que, menos que uma idéia original e uma teoria rigorosa,a
inteligência emocional, é uma boa fórmula, que foi capaz de dar voz a uma grande
insatisfação contra a educação excessivamente intelectual e árida.
A influência dessa teoria sobre a educação, é totalmente positiva, pois chama a
atenção para o fato de que as escolas não devem preocuparem –se apenas com a
inteligência de cada educando, mas também com o desenvolvimento e ajustamento
emocional deles, pois estes contribuirão também para o desenvolvimento de sua
inteligência.
3.2- A educação no desenvolvimento emocional
Hoje, mais do que nunca, é importante que tomemos consciência de necessidade
de investirmos no nosso processo de auto- conhecimento e nas relações interpessoais,
pois começamos a constatar que, além das notas baixas em leitura e escrita, existe um
outro tipo de deficiência por nossos educandos, a “deficiência emocional”.
Pesquisas recentes afirmam que nossos educandos apresentam déficits de
aptidões emocionais, afirmando que pode ser comprovado se levarmos em conta o
comportamento apresentado por eles: Retraimento ou dificuldade de relacionamento
social, ansiedade e sintomas depressivos, problemas de atenção ou raciocínio, assim
como atitudes agressivas e delinquentes .
A grande tragédia educacional do nosso tempo é a triste conclusão que nosso
educando, mesmo possuindo um bom potencial intelectual, não rende na escola,
apresentando -se com educando medíocre por questões de ordem emocional, que surgem
mascaradas muitas vezes pelos famosos problemas de conduta, trazendo a tona a
indisciplina, vilã de nossas aulas.
44 De acordo com Gilberto (1973, p.35) :“Estamos assistindo a passagem de uma
sociedade de sobrevivência para uma de realização pessoal, onde o indivíduo ganha
importância enquanto valor e responsabilidade. Daí o surgimento de tantas associações.”
Podemos afirmar o que foi dito, quando observamos os incidentes ocorridos
dentro das escolas,feitos por educandos com problemas de ajustamento emocional,
tornando manifesto um problema que queremos esquecer e que até justificamos nossa
apatia, com a crença de que tais questões não são de responsabilidade da escola.
A escola, na pessoa de educador, não pode ficar distante de tudo o que está
acontecendo e, entender a educação como um processo psicossocial, já é um grande
passo.Temos que aceitar a existência do analfabetismo emocional e desenvolver
procedimentos, na escola e nas famílias, para que este quadro possa ser revertido.Diante
de tal realidade, se os educadores não se preparem além da teoria também
emocionalmente, não irão dar conta do recado e irão adoecer.
É no dia -a- dia nas salas de aula, que os professores podem perceber o quanto
carecem de maturidade emocional. Eles, os modelos de identificação, batem de frente
com os educandos,muitas vezes, na energia deles, que se manifestam dentro da
incompletude característica da faixa etária, e os professores, adultos da relação, se
descontrolam e não diferenciam com uma atitude mais segura e equilibrada.
Como diz Goleman (1995, p. 312) :
“Na vivência da relação com os educandos, o professor expressa
seu conhecimento e seu compromisso com o desenvolvimento
social, emocional e cognitivo. Para tanto, precisa conhecer
melhor, investindo no seu aprimoramento inter e intra pessoal,
tendo uma visão mais ampla dos seus educandos, não só no que
diz respeito ao seu desenvolvimento cognitivo, mas antes de
tudo enxergando-o empaticamente como um ser humano, dentro
da fragilidade que é peculiar aos seres humanos.”
45
Compreende-se que, o professor deve ter consciência e ser alertado da
importância de um preparo emocional além de sempre buscar o aprimoramento e a
atualização na sua área.Não existem fórmulas mágicas, que irão resolver todas as
dificuldades num piscar de olhos, que farão desaparecer de nossas classes os “alunos
problemas”. A pretensão é bem mais modesta, mias exige trabalho e boa vontade de
todos os integrantes da escola.
Hoje o mercado de trabalho, em qualquer campo, pede profissionais mais bem
preparados e equilibrados, pois não vivemos sem nos relacionarmos uns com os outros.
E na Educação, principalmente, não há possibilidade de se compreender relações
pedagógicas que não expressem relações pessoais significativas entre os “atores” na sala
de aula.
3.3 – A contribuição da escola para o ajustamento emocional
Um dos mais importantes e difíceis problemas da educação é o controle das
emoções.O problema para cada indivíduo está em assegurar um equilíbrio adequado
entre a expressão e o controle emocional. Para que a pessoa seja feliz e saudável, é
suprimir pelo desuso as emoções indesejáveis e estimular pelo exercício as emoções
sadias.As condições podem ser controladas por meio do predomínio da inteligência.A
idéia ou imagem que é em parte responsável pela emoção, é suscetível de mudança por
meio da reorientação da atenção.
Um princípio fundamental para o controle das emoções, é evitar as ocasiões e as
causas de emoções violentas.A escola pode estar intervindo neste momento, utilizando o
método de controle das emoções. Esse controle exercido pela vontade, é o autodomínio.
O processo é direto e consiste, em primeiro lugar, em apresentar claramente ao espírito,
a conveniência de agir, guiando-se pela razão, por princípios e por fins, e não por
46 impulsos.Em geral, a escola pode estar ajudando no ajustamento emocional, quando ela
torna-se centrada na busca da compreensão das emoções dos educandos, no estímulo à
cooperação, na habilidade de interpretar os sentimentos alheios, no saber receber ou dar
uma ordem. A escola de atitudes adequadas a uma situação marcada pela emotividade.
Precisa-se saber da certeza de que a leitura emocional, antecipa a racional, isto é,
enquanto nosso cérebro pensante ainda está tomando uma decisão, o emocional pode
assumir o controle do que fazemos. O psiquiatra David Hamburg ( 1995, p. 288),
adverte:
“A sensação e auto-estima da criança depende substancialmente
de sua capacidade de rendimento da escola. O que fracassa na
escola, põe em movimento as atitudes de autoderrota que
comprometem as perspectivas de toda uma vida.”
Percebemos então, a responsabilidade que a escola possui no que diz respeito ao
ajustamento emocional do educando, pois qualquer atitude que gere o fracasso pode
causar uma frustração pelo resto da vida. É indispensável saber como lidar com o
momento do fracasso escolar, para que o educando entenda que ele é necessário para o
seu crescimento, que com ele aprenderá mais e não ser visto como um momento de
derrota.
Para que os educandos tenham um bom ajustamento emocional, a escola deve
estar gerando entre eles:
1- Empatia ( capacidade de ler as emoções dos outros), com isso os educandos
formarão:
· Maior capacidade de adotar a perspectiva do outro;
· Melhor sensibilidade em relação ao sentimento dos outros;
· Melhor capacidade de ouvir os outros.
47 2- Como lidar com os relacionamentos, formando assim:
· Maior capacidade de analisar e compreender relacionamentos;
· Solução de conflitos e negociação de desacordos;
· Soluções de problemas de relacionamento;
· Habilidade ao comunicar-se;
· Envolvimento e interação com o grupo social.
· Um indivíduo mais democrático, cooperativo e prestativo;
3- Controle emocional, que levará o educando à:
· Melhorar a tolerância à frustração e controle da raiva;
· Cometer menos ofensas verbais e brigas;
· Possuir menos comportamento agressivo ou autodestrutivo;
· Apresentar mais sentimentos positivos sobre si mesmo, a escola e a
família;
· Ter melhor controle com atenção.
Com essas aptidões, além do educando estar melhorando seu ajustamento
emocional, ele estará também melhorando o seu aproveitamento escolar. Numa época
em que um grande número de crianças não é capaz de lidar com suas perturbações, de
ouvir, ou de se concentrar, frear impulsos, sentir-se responsável pelo seu trabalho ou
sintonizar-se na aprendizagem , tudo que reforce essas aptidões ajudará na educação
delas.
Segundo o psicólogo Victor Alves (1986, p.32):
“As escolas dão uma segunda oportunidade às crianças que não
foram muito felizes com seus pais.É importante para elas um
ambiente bem organizado, controlado e estável, assim como
experiências que permitam liberdade de pensamento ,expressão
e ação.”
48 As escolas que utilizam essas aptidões, estarão oportunizando as crianças
também a desenvolverem esse lado emocional, através das experiências adquiridas por
elas.Além dessas vantagens, a criança ajustada emocionalmente, desempenharão melhor
os seus papéis em suas vidas futuras, tornando-se melhores amigos,filhos, funcionários,
em fim melhores cidadãos.Como diz Tim Shriver (1995, p. 299): “Não apenas os
garotos com problemas, mas todos os garotos poderão lucrar com essas aptidões; são
como uma vacina para toda a vida.”
Assim, a escola que formar essas aptidões no educando estará o ajudando em
diversos fatores da vida e em suas diversas habilidades.Geralmente a sociedade não tem
a preocupação de garantir a todas as crianças o mínimo de competência para resolver
conflitos de forma positiva, tão pouco para desenvolver empatia, controle de impulso ou
qualquer dos outros fundamentos da competência e ajustamento emocional, então,
tornou-se mais uma função que ficou para a escola desenvolver.
49 CONCLUSÃO
No que concerne à saúde emocional da maioria das crianças, as contribuições
positivas da escola excedem em valor às negativas. E isto por uma razão: A escola
oferece uma variedade de oportunidades para as crianças aprenderem meios satisfatórios
de trabalhar e brincar juntas. A ajuda que dá, auxiliando-as a desenvolverem as
habilidades necessárias para o que é chamado “ viver em grupo” , é de importância vital,
uma vez que, o ajustamento emocional de qualquer pessoa depende, em parte, de sua
capacidade de estabelecer boas relações com os outros.
Uma das mais importantes habilidades que os educandos podem desenvolver nas
escolas, no que diz respeito a essa questão, é como expressar seus sentimentos sem ferir
a si mesmo ou aos outros. Alguns que se expressam por meio de problemas de
comportamento, é porque não aprenderam meios mais aceitáveis de auto-expressão.
A escola também proporciona um ambiente razoavelmente estável, no qual as
crianças podem se desenvolver e aprender. Ela é uma instituição dedicada à criança.
Sendo assim, interessa-se pelo desenvolvimento e ajustamento emocional do educando,
assim como por seus sentimentos, percebendo a importância do emocional não só para a
aprendizagem, mas para a vida. Os adultos que dirigem e formulam sua política são, na
maior parte, indivíduos sinceros, conscientes e interessados para tal função.
Embora o pessoal da escola, sendo humano, geralmente ache fácil seguir os
meios convencionais e tradicionais de agir, tem através dos anos modificando
gradualmente suas atitudes e práticas, de acordo com sua crescente compreensão das
crianças, voltando-se também para o lado emocional. Nossas melhores esperanças de
eliminar ou reduzir problemas de comportamento, residem em nossa mudança de pontos
de vista sobre o educando e os métodos educacionais. Levar em consideração, que os
educandos são indivíduos diferentes uns dos outros, que possuem diferentes emoções,
50 aspirações e que necessitam que a escola os ajudem a ter um bom ajustamento
emocional.
As pessoas ajustadas emocionalmente competentes, estão mais habilitadas a se
tornarem mais eficientes em suas vidas dominando os hábitos mentais que as fomentam.
As pessoas que lidam adequadamente com seus sentimentos e têm habilidades sem
discriminar os sentimentos alheios levam vantagens em todos os setores da vida.
Aqueles que não o conseguem, acabam por travar lutas internas que dificultam a
concentração no trabalho, as relações com outras pessoas e, conseqüentemente, consigo
mesmo. Há vantagens no futuro, não só no âmbito profissional, mas na vida em geral,
mesmo que seja escolhido o caminho da mortificação de certas emoções.
51 BIBLIOGRAFIA
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53 INDICE
INTRODUÇÃO 10
CAPÍTULO I
O que é emoção? 13
1.1- Para que servem as emoções? 15
1.2- Pedagogia da sensibilidade 18
1.3- Aspectos de uma emoção 22
CAPÍTULO II
Desenvolvimento emocional do educando 26
2.1- Educar as emoções dos educandos 29
2.2- O papel do professor no ajustamento emocional dos educandos 32
2.3- Comportamento e personalidade no ajustamento emocional 34
CAPÍTULO III
A escola e a inteligência emocional 37
3.1- Existe vida inteligente nas emoções? 39
3.2- A educação no desenvolvimento emocional 43
3.3- A contribuição da escola para o ajustamento emocional 45
CONCLUSÃO 49
BIBLIOGRAFIA 51
INDICE 53
FOLHA DE AVALIAÇÃO 54
54 FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes- A Vez do Mestre
Título da Monografia: A escola e o ajustamento emocional de seus indivíduos
Autor: Lorena A. da Silva
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito:
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