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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
Doping no Direito Desportivo com ênfase na pratica do Futebol
e seus aspectos no Brasil e na Espanha.
Por: José Nolasco
Orientadora: Profª. Marcelo Saldanha
Rio de Janeiro
2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
Doping no Direito Desportivo com ênfase na pratica do Futebol
e seus aspectos no Brasil e na Espanha
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre – Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista Direito Desportivo.
Por: José Nolasco
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus e a minha família.
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DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a todos os
profissionais do esporte e do direito
desportivo.
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RESUMO
O doping tem sido o principal desafio e combate no mundo desportivo de
maneira que se preserve o verdadeiro espírito do esporte e do olimpismo.
Praticas desonestas e antidesportivas devem ser banidas do esporte. Desde os
primórdios das praticas desportivas se fala do tema, tomei interesse por esse
tema por ser polemico e por sua pratica cada vez mais freqüente nas
competições desportivas.
Em relação ao trabalho propriamente dito, decidi fazer este estudo
comparado entre Brasil e Espanha, inicialmente por haver vivido durante dois
anos na Espanha, onde lá fiz pós-graduação e especialização no ramo do
direito público, e depois por achar interessante e importante, esse intercambio
de informações entre paises e de que maneira tratam sobre o tema em ambos
os continentes.
Neste trabalho apresentarei um breve histórico sobre o direito desportivo
e legislações desportivas aplicadas no Brasil e na Espanha. Tratarei do doping,
a luz de seu conceito e historia, substancias consideradas proibidas e sobre os
meios de controle mais utilizados.
Por fim, tratarei dos aspectos desportivos e penas do doping
principalmente na pratica do futebol. Exemplos de alguns casos que tiveram
grande repercussão no mundo jurídico-desportivo e como se aplicou a
legislação nesses casos.
Espero que esta monografia desperte o interesse e que ao final possa
trazer o conhecimento necessário a todos os leitores.
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METODOLOGIA
Pesquisa bibliográfica em livros, artigos, sites especializados, jurisprudência
dos tribunais do Brasil e da Espanha.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Direito Desportivo 09
CAPÍTULO II - O Doping 17
CAPÍTULO III – Aspectos Desportivos e Penais no 27 Brasil e na Espanha CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA 39
ÍNDICE 40
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INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo trazer um pouco de
conhecimento sobre o doping, prática esta considerada desonesta e
antidesportiva, legislação aplicada, substancias proibidas, meios de controles e
alguns casos a respeito da matéria.
O direito desportivo como um dos ramos dos novos direitos, a
disseminação de desporto através do Estado, fenômeno que faz parte da
ampliação dos direitos dos indivíduos, sua influencia nos direitos fundamentais.
O doping no âmbito do direito desportivo, mas precisamente na pratica do
futebol e sua repercussão na esfera do direito penal.
Doping sinônimo de desonestidade e desrespeito às regras, as leis e
aos demais desportistas e ao próprio atleta, ferindo o principio do espírito do
olimpismo. Estudo comparado entre Brasil e Espanha, entendimento dos
tribunais de futebol dos respectivos paises, tantos dos tribunais desportivos
quantos dos tribunais judiciários.
A repercussão do doping no mundo de uma maneira geral, qual o bem
jurídico tutelado em risco. Casos mais emblemáticos e notórios de ambos os
paises. Em suma conceituar e explicar o funcionamento do doping, métodos
mais eficazes para sua caracterização.
O esporte de competição é um exemplo característico de atividade que
inevitavelmente compara a cada desportista com seus companheiros, e se
exige cada vez mais uma constante superação para chegar ao ser o melhor.
No entanto essas aspirações deixam de ser legitimas quando se quer chegar
ao sucesso, por meios perigosos, violentos e antiéticos, entre estes está o
doping, por isso seu uso esta proibido.
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CAPÍTULO I
DIREITO DESPORTIVO
1. Breve histórico sobre o Direito Desportivo
O direito desportivo surgiu como todos os ramos do direito, através das
normas sociais e regras do esporte. A pratica do esporte cada vez mais intensa
nas mais variadas modalidades exercidas de forma individual e coletiva, foi à
fonte geradora de normas e regras impostas nas competições esportivas.
Resumidamente, da pratica desportiva nasceu o respectivo direito
desportivo, e de seu exercício a necessidade de se criar normas adequadas
visando garantir uma uniformidade procedimental com o intuito de desenvolver
nos participantes do desporto um espírito competitivo e leal.
A pratica de atividade desportivo tem um grande valor para o
desenvolvimento do ser humano, sendo considerado um grande instrumento de
aperfeiçoamento sócio-educacional e uma importante ferramenta de
consolidação cidadania.
Fatos considerados importantes para o desenvolvimento do homem,
como a saúde, a educação e a cultura, passaram a ter uma dimensão mais
positiva quando relacionados com a atividade desportiva.
Em suma o Direito desportivo é um ramo do Direito que trata das
relações jurídicas existentes nas atividades desportivas. Trata-se de todo um
conjunto de regramentos, com disposições administrativas, trabalhistas, civis e
fiscais, entre outras.
O esporte, parte integrante da história humana, com sua natureza e
peculiaridades, necessita regras que atendam à essas particularidades. Ante a
crescente massificação das relações desportivas no mundo, fizeram-se
necessárias normas que regulassem eventuais lides.
2. Legislações aplicadas no Brasil e na Espanha
O Direito Desportivo tem por base os Direitos Civil e Penal. No Brasil o
direito desportivo iniciou-se no ano de 1941, através do Decreto-Lei 3199/41,
onde se criou o Conselho Nacional de Desportos (CND), com a função de
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regulamentar os esportes, através de legislação e com o poder de julgar as
competições.
Diante disso, foi baixada a portaria 24/41, determinado a criação em
cada Federação um tribunal de penas. Este tribunal, julgava infrações
cometidas por atletas, árbitros, clubes, entidade e pessoas físicas vinculadas,
cabendo o CND, apreciar qualquer recurso em ultima instancia.
Em 1945 pela a Deliberação n. 45, foi criado o Código Brasileiro de
Futebol, com o intuito de atender as necessidades em todos os Estados. O
código normatizou a organização dos Tribunais, mantendo ao CND, o seu
poder judicante, criou ainda o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD),
com jurisdição em todo território nacional e os Tribunais de Justiça Desportiva
(TJDs), com jurisdição nos seus respectivos Estados, e por fim nos Municípios,
as juntas disciplinares desportivas.
O Código Brasileiro de Futebol vigorou até 1956, sendo alterado
posteriormente por deliberações. Em 1962, o CND aprovou o Código Brasileiro
Disciplinar do Futebol (CBDF) e o Código Brasileiro de Justiça e Disciplina
Desportiva (CBJDD).
O CBDF era dividido em duas partes, processual e penal, e tinha
aplicabilidade no futebol, enquanto o CBJDD aplicava-se aos demais esportes.
Estes códigos desenvolveram muito os órgãos judicantes desportivos
englobando aspectos cíveis, penais e trabalhistas.
No aspecto penal se apreciavam as questões disciplinares através das
infrações cometidas. No aspecto cível, cobranças e compromissos contratuais
e compra e venda, ou cessão, de direitos. No âmbito trabalhista, litígios
laborais entre atletas e clubes, ao ponto de serem criadas juntas trabalhistas
desportivas.
No que tange o direito constitucional, como sabemos as primeiras
manifestações sobre a constitucionalização dos direitos desportivos
aconteceram inicialmente nas constituições européias, com seus textos
promulgados após o termino da 2ª Guerra Mundial, no entanto cabe ressaltar
que foi a Constituição Portuguesa que introduziu o direito desportivo no rol dos
direitos do individuo e, por conseguinte fundamentais.
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Pois, nas primeiras constituições, o desporto era tratado como meio de
manifestação social com intuito de proporcionar melhores condições de vida
para os seres humanos como meio de desenvolvimento da sociedade.
No caso do Brasil, a Constituição da Republica Federativa do Brasil de
1988, teve como modelo a Constituição Portuguesa de 1976, dispondo em seu
art. 217, sobre o direito desportivo, assegurando dessa forma como direito e
garantia do individuo. Assim vejamos: “Art. 217. É dever do Estado fomentar
praticas desportivas formais e não-formais, como direito de cada um,
observados”.
Dessa maneira pode se estabelecer dentre outras coisas um limite
formal de conhecimento de litígios desportivos perante o Poder Judiciário,
vinculando ao esgotamento das instancias da Justiça Desportiva.
Dando continuação a parte legislativa, a Lei 9.615/98, instituiu normas
gerais sobre o Desporto, incorporando as modificações promovidas pelas leis
9.980/200, 10.264/2001 e 10.671/2003, porem mantendo em vigor o CBDF e o
CBJDD ate que a nova legislação viesse a ser aprovada pelo o atual Conselho
Nacional do Desporte.
Com o novo Código Brasileiro de Justiça Desportiva, resolução do
Ministério do Esporte n. 11 de 29 de marco de 2006, substituiu e unificou os
arcaicos CBDF e CBJDD. O CBJD foi o primeiro código após o reconhecimento
da Justiça Desportiva na CRFB/88, sendo criado em razão do comando do art.
42 da Lei 10.671/2003, Estatuto do Torcedor e aprovado pelo art. 11 da lei
9.615/98 (Lei Pelé), concebido para ser aplicado em todas as modalidades
desportivas praticadas formalmente. Atualmente o CBJD sofreu uma nova
releitura pela a Resolução n. 29 de 10 de dezembro de 2009, modificando e
introduzindo alguns artigos com intuito de facilitar sua aplicação buscando a
justiça.
No âmbito Espanhol a Lei Espanhola do Desporte n. 10 de 15 de
outubro de 1990. Lei 53/2002, que modificou alguns artigos dessa lei. No
Ordenamento Jurídico Espanhol se destaca de maneira especial, a Lei
Orgânica de Proteção a Saúde e de Luta Contra a Dopagem no Esporte de
2006, Lei Orgânica 7/2006, tendo essa relevância em razão de seus
importantes e previsíveis conseqüências em diferentes âmbitos desportistas.
Assim, Espanha pode se incorporar ao grupo de paises que se dispuseram
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desde a década passada de um controle e repressão ao doping, unindo dessa
forma a proteção da saúde do desportista.
Mais recentemente, o Real Decreto 641/2009, de um lado atualizou os
meios de controle e de repressão do doping no âmbito do esporte de alto nível,
e por outro lado criou um marco sistemático de prevenção, controle e
repressão do doping em geral, considerado com ameaça social, por colocar em
grave risco a saúde, tanto dos desportistas profissionais, como dos amadores
de alguma atividade.
3. O novo CBJD
Neste último tema tenho a intenção de destacar alguns pontos
interessantes que foram modificados no Novo Código de Justiça Desportiva,
com o intuito e fazer um trabalho comparado entre ambas às legislações, o
antigo CBJD (Resolução n.11, de março de 2006 do CNE) e o novo CBJD
(Resolução n.29, de dezembro de 2009 do CNE), durante o trabalho para
facilitar a compreensão, usarei as siglas ACBJD (antigo CBJD) e NCBJD (novo
CBJD).
Tais mudanças são de suma importância, pois tem o intuito de
melhorar aplicação da lei aos casos concretos e com maior abrangência nas
modalidades que não dispõem de seu próprio código ou estatuto desportivo.
De maneira genérica a nova lei adota regras da Justiça comum, as
suspensão dos jogadores serão por partidas e não por prazos, as punições de
vídeos terão restrições e quanto ao antidoping, sua norma será incorporada.
No entanto, dentre as mudanças, que são muitas, destaco três como
as mais importantes, duas que dizem respeito das infrações dos atletas, que no
antigo estava no capitulo IV (Das Infrações dos Atletas) e no atual, no capitulo
VI (Das Infrações Relativas à Disputa das Partidas, Provas ou Equivalentes) e
uma que por ser uma inovação, está somente no novo CBJD em seu livro
complementar, capitulo II (Das Disposições Transitórias e Finais).
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Tratarei primeiro das infrações dos atletas, como se pode notar o
capitulo deste assunto recebeu foi renomeado para: Das Infrações Relativas à
Disputa das Partidas, Provas ou Equivalentes. Com intuito de abranger a
outras modalidade, que não o futebol, que não tenham legislação própria.
Indo fundo ao tema, destaco inicialmente o art. 253 do ACBJD, que
trata da pratica de agressão física, assim vejamos:
Art. 253. Praticar agressão física contra o árbitro ou seus auxiliares, ou contra
qualquer outro participante do evento desportivo.
PENA: suspensão de 120 (cento e vinte) a 540 (quinhentos e quarenta) dias.
Outro artigo que também trata da agressão física é o art. 185 do
ACBJD, que previa a agressão contra as pessoas, mais especificamente das
agressões físicas.1
Ambos artigos foram revogados pelo o art. 254 – A do NCBJD .2
Sendo assim, como se percebe as mudanças mais significativas foi a
revogação e, por conseguinte a modificação dos dois artigos 185 e 253, pelo o
artigo 254 – A, que tem maior abrangência, e quanto aos aspectos qualitativos
e quantitativos da punição a ser aplicada, pois a punição era em dias e o
quantum mínimo era de 120 (cento e vinte), agora a punição é em partidas e
tem o mínimo de 4 (quatro).
1 Art. 185. Praticar agressão física, por fato ligado ao desporto: I – contra pessoa vinculada ao Conselho Nacional de Esporte e à Justiça Desportiva; PENA: suspensão de 1 (um) a 2 (dois) anos; II – contra árbitro ou auxiliar ou contra pessoa vinculada à entidade de administração do desporto ou de prática desportiva; PENA: suspensão de 120 (cento e vinte) a 720 (setecentos e vinte) dias.
2 “Art. 254-A. Praticar agressão física durante a partida, prova ou equivalente. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).
PENA: suspensão de quatro a doze partidas, provas ou equivalentes, se praticada por atleta, mesmo se suplente, treinador, médico ou membro da comissão técnica, e suspensão pelo prazo de trinta a cento e oitenta dias, se praticada por qualquer outra pessoa natural submetida a este Código. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).§ 1º Constituem exemplos da infração prevista neste artigo, sem prejuízo de outros:”
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Em se tratando de agressões físicas devemos analisar alguns
aspectos, como a vontade livre e consciente do agente e a gravidade da lesão,
dessa maneira se pode aplicar uma justiça mais benéfica ao atleta que ao
praticar uma agressão física de menor valor, e caso este seja primário receberá
uma suspensão de 4 (quatro) partidas ao invés de 120 (cento e vinte) dias.
Como sabemos nos casos de agressão física, se for constatada, é
praticamente impossível a desclassificação para outro tipo, por isso essa
inovação legislativa se pode dizer ser mais justa.
Outras inovações neste artigo foram seus incisos e parágrafos cujo
qual exemplificam algumas condutas dos agentes e determinaram a maneira
para a aplicação da dosimetria da pena.
O segundo ponto a ser destacado no que tange a infração dos atletas é
sobre a “cusparada”, que recebeu um artigo próprio no NCBJD.3
No ACBJD para este caso concreto da “cusparada”, se aplicava por
analogia o art. 258 do ACBJD, por ser uma atitude contraria a disciplina ou
moral desportiva, com uma pena de 1 (uma) a 6 (seis) partidas, assim vejamos:
“Art. 258. Assumir atitude contrária à disciplina ou à moral desportiva, em relação a componente de sua representação, representação adversária ou de espectador.
PENA: suspensão de 1 (uma) a 10 (dez) partidas, provas ou equivalentes”
Com o novo artigo 254 – B do NCBJD se obteve uma punição mais
severa de 6 (seis) a 12 (doze) partidas.
3 “Art. 254-B. Cuspir em outrem: (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).
PENA: suspensão de seis a doze partidas, provas ou equivalentes, se praticada por atleta, mesmo se suplente, treinador, médico ou membro da comissão técnica, e suspensão pelo prazo de trinta a cento e oitenta dias, se praticada por qualquer outra pessoa natural submetida a este Código. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).
Parágrafo único. Se a ação for praticada contra árbitros, assistentes ou demais membros de equipe de arbitragem, a pena mínima será de suspensão por trezentos e sessenta dias, qualquer que seja o infrator. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).”
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Por ser um artigo muito abrangente podendo ser aplicado a qualquer
situação comportamental reprovável na pratica desportiva de natureza
disciplinar, creio que a intenção do legislador foi de especificar concretamente
tal atitude, a fim de coibir esse ato imoral que infelizmente está presente no
desporto brasileiro.
O art. 258 do NCBJD teve parcialmente mantido sua redação original,
sofrendo modificações mais especificas quanto à pena e recebendo exemplos
de atitudes mais especificas em parágrafos e artigos, pra fins de melhor
aplicação ao caso concreto, vejamos.4
Por fim, trato do ultimo tema, que está disposto no capitulo II do livro
complementar do NCBJD, mais precisamente no artigo 286 – A. Diz respeito
possibilidade de adoção e aplicação subsidiária de um código ou estatuto
próprio por parte das entidades desportivas em relação as infrações ou
modalidade peculiares a respectiva modalidade.5
4 “Art. 258. Assumir qualquer conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva não tipificada pelas demais regras deste Código. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).
PENA: suspensão de uma a seis partidas, provas ou equivalentes, se praticada por atleta, mesmo se suplente, treinador, médico ou membro da comissão técnica, e suspensão pelo prazo de quinze a cento e oitenta dias, se praticada por qualquer outra pessoa natural submetida a este Código. (NR).”
§ 1º É facultado ao órgão judicante substituir a pena de suspensão pela de advertência se a infração for de pequena gravidade. (AC).
§ 2º Constituem exemplos de atitudes contrárias à disciplina ou à ética desportiva, para os fins deste artigo, sem prejuízo de outros:
I - desistir de disputar partida, depois de iniciada, por abandono, simulação de contusão, ou tentar impedir, por qualquer meio, o seu prosseguimento; (AC).
II - desrespeitar os membros da equipe de arbitragem, ou reclamar desrespeitosamente contra suas decisões. (AC).
5 “Art. 286-A. Faculta-se às entidades nacionais de administração do desporto propor a adoção de tábua de infrações e penalidades peculiares à respectiva modalidade desportiva em complementação àquelas constantes deste Código. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).
Parágrafo único. A proposta referida no caput é limitada às infrações e penalidades peculiares, condicionada à prévia apreciação do Conselho Nacional de Esporte, e, se aprovada, será publicada como Anexo ao Código Brasileiro de Justiça Desportiva, sendo seu campo de
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Essa inovação legislativa permite que as entidades desportivas que
tenham seus próprios códigos, os apliquem subsidiariamente quando for
omisso o CBJD, fato este que ocorre por exemplo no automobilismo que antes
aplicava por analogia o CBJD e agora poderá aplicar subsidiariamente, ou seja,
sempre respeitando os princípios do CBJD, seu próprio estatuto.
Com isso concluo que as inovações do CBJD (Resolução n.29, de
dezembro de 2009 do CNE), foram ao meu humilde ver, de grande importância
fazendo com que facilite a aplicação das leis aos concretos para que assim
consigamos a verdadeira busca de justiça, e que somente com o tempo virão
os resultados pretendidos com a nova legislação.
incidência restrito à respectiva modalidade desportiva. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).”
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CAPÍTULO II
O DOPING DESPORTIVO
1. Conceito e historia do Doping
De acordo com o Comitê Olímpico Internacional (COI), doping é a
administração do uso por parte de um atleta de qualquer substancia estranha
ao organismo, ou qualquer substancia fisiológica tomada em quantidade
anormal ou por uma via anormal com a única intenção de aumentar em um
modo artificial e desonesto sua performance em uma competição.
Quando a necessidade requer tratamento medico com alguma
substancia, que devido a sua natureza, doses ou aplicação que possa
aumentar o rendimento do atleta na competição de um modo artificial e
desonesto, também será considerado doping.
Para programar este conceito, o COI publicou uma lista de substancias
proibidas e desenvolveu um programa de detecção de drogas nas Olimpíadas
e maneira de coibir o uso destas substancia.
O doping é um exemplo das numerosas tentativas, que através da
historia do homem realizou para melhorar artificialmente sua própria resistência
ao participar de guerras, caça e no esporte, unindo frequentemente o doping a
terapia com magia e bruxaria.
Está relacionado essencialmente com o esporte de competição.
Portanto não é correto referir-se ao doping em um âmbito diferente ao da
atividade desportiva.
A humanidade, incapaz de aceitar livremente suas limitações físicas e
mentais, sempre buscou formas “mágicas” de tentar superar com o mínimo de
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esforço suas capacidades naturais. Sendo assim, se utilizou diversos métodos
alimentícios e medicamentosos, não sempre ilícitos, que se pode considerar
como os precursores da pratica que hoje em dia se conhece como doping.
Sobre a pratica do doping há muitos antecedentes históricos. Uma das
primeiras referencias que se conhece é que na Grécia clássica os atletas do
atletismo, saltos e lutas, participantes dos Jogos Olímpicos, recorriam a
ingestão de extratos de plantas, e outros métodos para melhorar o rendimento.
Outro exemplo é na época dos incas, componentes do império andino
mascavam folhas de coca em seus trabalhos e batalhas. Mais recentemente, a
cafeína é utilizada desde 1805 na natação, atletismo e ciclismo, onde se
registra o primeiro caso mortal pelo doping, o ciclista gales Linton, faleceu em
1866 durante a corrida Paris-Bordeaux devido ao uso de drogas ilícitas.
Seguindo a historia, o futebol e o boxe, a partir da década de 50
aumentaram significativamente os casos de doping fazendo com que as
confederações de futebol e associações regulamentassem o controle
antidoping na década de 60.
A aparição e extensão do doping se deve em grande parte a fatores
externos a essência do esporte, como por exemplo o abuso de remédios que
se dá na atualidade e também pela pressão que exerce a sociedade sobre o
desportista ao que se exige uma superação continua de seu rendimento
esportivo.
Em nossa sociedade, o medicamento não só é utilizado para combater
as enfermidades, se não também como meio para ajudar a minimizar ou até
mesmo cessar os efeitos fisiológicos dos limites como, cansaço, dor, sono,
ansiedade, frustração etc.
O desportista também recorre ao doping para estimular-se ou sedar-se,
aumentar sua força e massa muscular, sua capacidade cardíaca,
concentração, minimizar a fadiga muscular. Em resumo o uso do doping é para
obter resultados melhores com o menor esforço.
Tanto o esporte recreação, amador, como o competitivo, ocupam um
lugar destacado nas sociedades modernas. O profissionalismo impulsionado
pelas as empresas e televisão levam os desportistas a esforços tremendos e a
uma superação constante.
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Também os atletas diante de uma expectativa de maiores benefícios se
sujeitam a essa corrida desenfreada e como se resulta difícil manter esse ritmo
com meios naturais recorrem ao doping. Há também praticantes de esportes
amadores e recreativos que se deixam seduzir por promessas tentadoras de
vários produtos que podem ajudar a praticar esportes com mais intensidade ou
obter melhores resultados que de outra maneira não conseguiriam em virtude
do prestigio pessoal e social.
2. Substancias proibidas e meios de controles
As classes de substancias proibidas pelo o Comitê Olímpico
Internacional são: Estimulantes, Narcóticos (drogas), Beta bloqueadores,
Diuréticos, Esteróides anabolizantes, Hormônios e seus derivados. Além do
mais são proibidos os métodos de doping de sangue e de manipulação
farmacológica, física e química da urina. E também algumas substancias que
estão sujeitas a certas restrições como o álcool, maconha, anestésicos locais e
corticosteróide. Há ainda algumas federações que tem sua própria lista de
substancias proibidas.
No que tange aos métodos de controle do doping, se pode dizer que
um dos principais avanços da luta antidoping é a realização de analises do
sangue, para detectar a presença do eritropoyetina (EPO), que se usa
habitualmente nas modalidades de ciclismo, esqui e atletismo. A federação
internacional de medicina desportista assegura que seria desejável que se
usassem essas provas em outros muitos esportes, como o futebol, onde só se
realizam os testes de urina.
A analise de urina é o principal método de controle antidoping para
revelar se há substancias dopantes nos desportistas. Vem demonstrando ser
eficaz na detecção de substancias exógenas que o corpo humano não é capas
de sintetizar, como na maioria dos estimulantes, narcóticos, esteróides,
anabolizantes e diuréticos.
No entanto, a analises de urina não é tão precisa da dosagem de
substancias endógenas e resulta totalmente ineficaz na dopagem efetuada por
auto transfusão de sangue. A classificação do COI permite o uso limitado de
substancias correntes, como a cafeína, o álcool, determinados anestésicos e
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antiflamatórios, que também supõe doping se o desportista abusa do uso
permitido.
Devido aos controles antidoping cada vez mais freqüente, os
desportista que se dopam preferem usar produtos hormonais, corticóides,
esteróides e testosterona, exigentes já no organismo e cuja concentração é
dificilmente perceptível na analise.
Frente ao crescente uso de produtos e números de métodos de doping
nos esportes de alto nível, os governos organizam campanhas de prevenção
dirigidas às federações e aos jovens desportistas, com intuito de informar os
perigos físicos e a sanções cada vez mais severas. Alem do mais nas
competições sistematizaram controles que inclusive podem ser realizados sem
aviso prévio.
Por fim, a lista de substâncias e Métodos Proibidos - Código Mundial
Antidopagem de 1 de Janeiro de 2010.
Ratificada pela Conferência de Partes da Convenção Internacional
contra a Dopagem no Desporto da UNESCO em 28/10/2009 e pelo Grupo de
Monitoramento da Convenção Contra a Dopagem do Conselho da Europa em
18/11/2009.
O texto oficial da Lista de Substâncias e Métodos Proibidos é mantido pela AMA e é publicado em Inglês e Francês. Em caso de conflito entre a versão Portuguesa e as versões originais, a versão em Inglês prevalece.
Todas as Substâncias Proibidas são consideradas "Substâncias Específicas" exceto as substâncias previstas nas classes S1, S2.1, a S2.5, S4.4 e S6.a e os Métodos Proibidos M1, M2 e M3.
Substâncias e métodos proibidos em competição e fora de competição
Substâncias proibidas
S1. Agentes Anabolizantes:
Os agentes anabolizantes são proibidos.
1. Esteróides androgênicos anabolizantes
a. Esteróides androgênicos anabolizantes exógenos (que não podem ser produzidos naturalmente pelo o organismo).
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b. Esteróides androgênicos anabolizantes endógenos (que podem ser produzidos naturalmente pelo o organismo), quando administrados exogenamente.
2. Outros agentes anabolizantes, incluindo mas não limitados a: Clembuterol, modeladores seletivos dos receptores dos androgênios (SARMs), tibolona, zeranol, zilpaterol.
S2. Hormonas peptídicas, fatores de crescimento e substâncias relacionadas
As seguintes substâncias e seus fatores de libertação, são proibidas:
1. Agentes Estimulantes da Eritropoiese (ex. Eritropoietina (EPO), darbopoietina (DEPO), metoxi polietileno glicol-epoiteina beta (CERA), Hematida);
2. Gonadotrofina Coriônica (CG) e Hormônio Luteinizante (LH), proibidas apenas nos praticantes desportivos do sexo masculino;
3. Insulinas
4. Corticotrofinas
5. Hormônio de crescimento (hGH), Fatores de crescimento insulina- like (IGF-1), Fatores de crescimento mecânicos (MGFs), Fatores de crescimento plaquetários (PDGF), Fatores de Crescimento Fibroblásticos (FGFs), Fatores de Crescimento Vasculo-Endoteliais (VEGF) e Fatores de Crescimento Hepatocitários (HGF) assim como outros factores de crescimento que afetem a síntese/degradação proteíca, a vascularização, a utilização energética, a capacidade regenerativa ou a mudança de tipo de fibra a nível do músculo, do tendão ou dos ligamentos;
6. Preparações derivadas das plaquetas, se administradas por via intramuscular. Outras vias de administração requerem uma Declaração de Uso de acordo com a Norma Internacional de Autorização Terapêutica. incluindo outras substâncias com estrutura química similar ou efeito(s) biológico(s) similar(es).
S3. BETA-2 AGONISTAS
Todos os Beta-2 agonístas (incluindo ambos os isômeros ópticos quando relevante) são proibidos à exceção do salbutamol (máximo de 1600 microgramas num período de 24 horas) e do salmetorol por via inalatória, que requerem uma Declaração de Uso de acordo com a Norma Internacional de Autorização de Utilização Terapêutica.
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A presença de salbutamol na urina numa concentração superior a 1000 ng/mL faz presumir que não se trata de um uso terapêutico da substância e será considerada como um resultado analítico positivo a não ser que o praticante desportivo prove, através de um estudo farmacocinético controlado, que o resultado anormal foi a consequência de uma utilização terapêutica de Salbutamol (máximo de 1600 microgramas num período de 24 horas) administrado por via inalatória.
S4. Antagonistas Hormonais e moduladores As seguintes classes são proibidas:
1. Inibidores da aromatase incluindo, mas não limitados a: aminoglutetimida, anastrozole, androsta-1,4,6-triene,-3,17-diona (androstatrienediona), 4androstene-3,6,17 triona (6-oxo), exemestano, formestano, letrozole, testolactona.
2. Modeladores seletivos dos receptores dos estrogénios (SERMs) incluindo, mas não limitados a: raloxifeno, tamoxifeno, toremifeno.
3. Outras substâncias anti-estrogénicas incluindo, mas não limitadas a: clomifeno, ciclofenil, fulvestrante.
4. Agentes modificadores da(s) função(ões) da miostatina, incluindo, mas não limitadas a: inibidores da miostatina
S5. Diuréticos e outros agentes mascarantes
Os agentes mascarantes são proibidos. Incluem: Diuréticos, probenecide, expansores de plasma (por exemplo glicerol, administração intravenosa de albumina, dextran, hidroxietilamido e manitol) e outras substâncias com estrutura química similar ou efeito(s) biológico(s) similares.
Os diuréticos incluem:
Acetazolamida, ácido etacrínico, amiloride, bumetanida, canrenona, clortalidona, espironolactona, furosemida, indapamida, metolazona, tiazidas (por exemplo, bendroflumetiazida, clorotiazida, hidroclorotiazida), triamtereno, e outras substâncias com estrutura química similar ou efeito(s) biológico(s) similares (excepto a drosperinona, o pamabrom e a aplicação tópica de dorzolamina e de brinzolamida, que não são proibidas). Uma Autorização de Utilização Terapêutica para diuréticos e agentes mascarantes não é válida se a urina do praticante desportivo contiver essas substâncias em associação com uma substância proibida exógena acima ou abaixo do limite de positividade.
MÉTODOS PROIBIDOS
M1. Incremento do transporte de oxigênio
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São proibidos os seguintes:
a. Dopagem sanguínea, incluindo a administração autóloga, homóloga ou heteróloga de sangue ou de produtos eritrocitários de qualquer origem.
b. Incremento artificial da captação, transporte ou libertação de oxigênio, incluindo mas não limitado a perfluoroquímicos, efaproxiral (RSR13) e produtos modificados da hemoglobina (por exemplo substitutos de sangue baseados na hemoglobina, produtos de hemoglobina micro encapsulada), excluindo a administração de oxigênio por via inalatória.
M2. Manipulação química e física
a. A adulteração, ou tentativa de adulteração, de forma a alterar a integridade e validade das amostras recolhidas nos controles de dopagem é proibida, incluindo mas não limitado a cateterização e a substituição ou alteração da urina (ex: proteases).
b. As transfusões intravenosas são proibidas com exceção das realizadas legitimamente no âmbito de uma admissão hospitalar ou de uma investigação clínica.
M3. Dopagem Genética:
Os seguintes métodos, com potencial para melhorar o rendimento desportivo, são proibidos:
1- A transferência de células ou de elementos genéticos (ex: DNA, RNA);
2- O uso de agentes farmacológicos ou biológicos que alteram a expressão genética. Os agonistas do receptor ativado por proliferadores peroxisomais (PPAR?) (por ex: GW 1516) e os agonistas do eixo da proteína quinase dependente do AMP (AMPK), (por ex: AICAR) são proibidos.
Substâncias e métodos proibidos em competição
As seguintes categorias são proibidas em competição em associação com as categorias S1 a S5 e M1 a M3 descritas anteriormente.
Substâncias proibidas
S6. Estimulantes:
Todos os estimulantes (incluindo ambos os isômeros ópticos quando relevante) são proibidos, exceto os derivados do imidazole utilizados por via tópica e todos os estimulantes incluídos no Programa de Monitoramento para 2010*:
Os estimulantes incluem:
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a: Estimulantes não específicos:
Adrafinil; anfepramona; amifenazol; anfetamina; anfetaminil; benfluorex; benzanfetamina; benzilpiperazina; bromantan; clobenzorex; cocaína; cropropamida; crotetamida; dimetilanfetamina; etilanfetamina; famprofazona; fencamina; fendimetrazina; fenetilina; fenfluramina; 4-fenilpiracetam (carfedon); fenmetrazina; fenproporex; fentermina; furfenorex; mefenorex; mefentermina; mesocarbo; metanfetamina (D-); metilenedioxianfetamina; metilenedioximetanfetamina; metilhexaneamina (dimetilpentilamina); p-metilanfetamina; prenilamina; modafinil; norfenfluramina; prolintano.
Um estimulante que não esteja descrito nesta secção é uma Substância Específica. b: Estimulantes específicos (exemplos):
Adrenalina; catina; efedrina; etamivan; etilefrina; estricnina; fembutrazato; fencafamina; fenprometamina; heptaminol; isometeptano; levmetanfetamina; meclofenoxato; metilefedrina; metilfenidato; niketamida; norfenefrina; octopamina; oxilofrina; parahidroxianfetamina; pemolina; pentetrazol; propilhexedrina; pseudoefedrina; selegilina; sibutramina; tuaminoheptano e outras substâncias com estrutura química similar ou efeito(s) biológico(s) similar(es).
S7. Narcóticos
Os seguintes narcóticos são proibidos:
Buprenorfina; dextromoramida; diamorfina (heroína); fentanil e os seus derivados; hidromorfona; metadona; morfina; oxicodona; oximorfona; pentazocina; petidina.
S8. Canabinóides
O _9-tetrahidrocanabinol (THC) natural ou sintético e os canabinóides (THC like) (haxixe, marijuana, HU-210) são proibidos.
S9. Glucocorticosteróides
Todos os glucocorticosteróides são proibidos quando administrados por via oral, retal ou por injeção intravenosa ou intramuscular
De acordo com a Norma Internacional de Autorização de Utilização Terapêutica, uma declaração de uso deve ser realizada pelo praticante desportivo para a administração de glucocorticosteróides por via intra-articular, periarticular, peritendinosa, epidural, intradérmica e inalatória, exceto nos casos indicados abaixo.
As preparações tópicas quando utilizadas para tratamento de patologias do foro dermatológico (incluindo ionoforese e fonoforese), auricular, nasal,
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oftalmológico, bucal, gengival e perianal não são proibidas e não necessitam de autorização de utilização terapêutica ou de declaração de uso.
Proibidas em alguns esportes em particular
P.1 ÁLCOOL
Álcool (Etanol) é proibido somente em competição, nos desportos a seguir indicados. A detecção será realizada pelo método de análise expiratória e/ou pelo sangue. O limite de detecção (valores hematológicos) para considerar um caso como positivo é 0,10 g/L.
Aeronáutica (FAI) Karaté (WKF)
Automobilismo (FIA)
Bowling
Pentatlo Moderno (UIPM) (disciplina de tiro)
Motociclismo (FIM)
Motonáutica (UIM)
Tiro com arco (FITA)
P.2 Beta-bloqueadores
Os beta-bloqueadores são proibidos somente em competição nos seguintes desportos, exceto se especificado de outra forma:
Aeronáutica (FAI)
Automobilismo (FIA)
Bilhar e Snooker (WCBS)
Bobsleigh (FIBT)
Boules (CMSB)
Bowling (FIQ) (bowling de 9 pinos e bowling de 10 pinos)
Bridge (FMB)
Curling (WCF)
Esqui / Snowboard (FIS) saltos e estilo livre
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Ginástica (FIG)
Golfe (IGF)
Lutas Amadoras (FILA)
Motociclismo (FIM)
Motonáutica (UIM)
Pentatlo Moderno (UIPM) para a Disciplina de Tiro
Tiro (ISSF, IPC) (proibido igualmente fora de competição)
Tiro com Arco (FITA) (proibido igualmente fora de competição)
Vela (ISAF) só nos timoneiros, na categoria de match racing
Beta-bloqueantes incluindo, mas não limitados aos seguintes:
Acebutolol; alprenolol; atenolol; betaxolol; bisoprolol; bunolol; carvediolol; carteolol; celiprolol; esmolol; labetalol; levobunolol; metipranolol; metoprolol; nadolol; oxprenolol; pindolol; propranolol; sotalol; timolol.
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CAPÍTULO III
Aspectos Desportivos e Penais no Brasil e na
Espanha
1. Aspectos Desportivos do Doping
O doping, seja por livre iniciativa e espontânea do desportista, quer por
orientação profissional medica ou por orientação desportiva e sua relação e
extensão aos animais de corrida, objetivando melhor rendimento e resistência.
Os danos e prejuízos produzidos pelo o doping atingem diretamente
duas dimensões, primeiro interfere de forma violenta na estrutura violenta da
competição e segundo promove injustiça aos demais atletas da competição,
que por motivos legais alcançaram resultados positivos, ainda que de maneira
provisória desconsiderados, tendo em vista os excelentes resultados
alcançados de forma fraudulenta pelo atleta dopado.
Cabe ressaltar a existência de um Código Mundial Antidopagem,
adotado pela World Antidoping Agency, durante a conferencia mundial sobre o
Doping nos esportes, celebrada na cidade de Copenhague, em março de 2003,
traduzido em vários idiomas, inclusive português, que vigora desde as
Olimpíadas de Atenas.
O documento além de conceituar e explicar o funcionamento do
doping, como procedimentos para realização de exame e punições nos casos
positivos, objetiva preservar os valores intrínsecos característicos do evento, o
espírito desportivo que constitui e representa à essência do olimpismo,
conceito que pressupõe a ética desportiva, a honestidade e o respeito às
regras, as leis, aos demais desportistas e ao próprio atleta.
O doping é uma figura representativa entre o êxito e o fracasso, entre
um contrato com altas cifras e a retirada prematura do desporto. Sendo assim,
o mais importante para o estudo é saber em qual dispositivo penal é possível,
se é que é possível, enquadrar o desportista que utiliza substancias ilícitas
proibidas.
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Assim conclui-se que as mesmas considerações feitas ao doping
humano são extensivas aos animais, dessa maneira o efeito do resultado do
emprego do meio fraudulento não possui potencial causa de efeito.
No âmbito do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), no que
se trata as infrações de doping, arts. 244 a 249, estão direcionadas aos atletas
que utilizam as substancias proibidas, dentro ou fora da partida, prova ou
equivalente, aos que manipulam as amostras ou resultados laboratoriais, e aos
agentes que ministram ou prescrevem as referidas substancias que, em
exercendo profissão nas áreas de atividade física ou saúde, o fato, com todas
as suas circunstancias, será comunicado após o transito em julgado da
decisão, ao órgão fiscalizador do exercício profissional respectivo, para as
providencias cabíveis.
Já as hipóteses de crime ou contravenção o fato devera ser
imediatamente comunicado ao Ministério Publico. A pessoa jurídica, entidades
desportivas, cujo atleta esteja vinculado, em se comprovando a participação na
infração, pode ser punida com a perda de pontos eventualmente obtidos na
partida, alem de no caso do desporto profissional, mula e perda da parte na
renda em favor do adversário.
Ressalta-se que se presume dopado o atleta que não se submeter ao
procedimento do controle de dopagem, quando regularmente notificado,
considerando-se, do mesmo do modo, consumada a infração nos casos de
controle de dopagem fora de competição quando o atleta, desde notificado, não
se submeter ao procedimento de controle de dopagem.
O controle fora da competição é conseqüência da evolução quantitativa
de substancias, bem assim seus efeitos cuidadosamente projetados para
aumento de desempenho maquiando ou escondendo a sua descoberta nos
exames regulares em competição.
No ordenamento jurídico desportivo brasileiro complementado a parte
das penalidade de maneira mais detalhada
Assim por tratar-se de um problema inerente o doping é um problema
social, cuja evolução pressupõe a aplicação de estratégicas e ações. As
Federações Espanholas desportivas e os governos vem fazendo eficazes
medidas que influem no cociente do desportista quando este vai representa-
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las, essas medidas são levadas a pratica com três tipos de ações, a preventiva,
a controladora e a sancionadora.
As ações preventivas são exercidas mediante programas de
divulgação, informação e educação. Os grupos que recebem a ajuda são todos
aqueles que se relacionam com o esporte, ou seja desportista de todos os
níveis, desde o esporte de rendimento até jogos escolares, alem de
professores de educação física, médicos treinadores e dirigentes.
Visando a informação o que diz o governo Espanhol é que a sociedade
esta pouco informada e se deve conseguir que a ignorância não se converta
em desculpa.
As ações controladas do doping permitem conhecer o alcance do
doping em um determinado esporte, alem do mais reduz seu efeito persuasivo
de consumo de drogas. Também é importante a vigilância no comercio de
medicamentos e a inspeção dos equipamentos dos desportistas.
Por fim a ações sancionadoras que são complementadores dos testes
antidoping, sem sanção nos casos desportivos, os controles serão inúteis. As
sanções devem ser justas e eqüitativas, a tendência atual e de estender as
sanções a outras pessoas responsáveis pelos os desportista, médicos,
treinadores e dirigentes.
A Comissão Antidoping da Real Federação Espanhola de Futebol
(RFEF) é um órgão colegiado que ostenta a autoridade e resposabilidade no
controle de odping no futebol espanhol, assim com a aplicação das normas
reguladoras sobre o doping. Sem prejuízo para as competências do Conselho
Superior e Esportes e dos órgãos de Justiça Federativa. Correspondem adotas
no âmbito de sua competência, quantas medidas forem necessária para
melhoras o nível de eficiência, prevenção e irradiação das praticas de doping.
A comissão é formada por cinco membros, todos eles profissionais de
medicina, especialistas na matéria designados pelo o Presidente da RFEF, um
diretamente e os outros quatro pela a liga de futebol profissional.
Não diferente do conceito brasileiro, para a federação espanhol é
considerado doping a administração e utilização de determinadas categorias
farmacológicas, assim como o emprego de certos métodos expressamente
proibidos. Estão proibidas todas as substancias que constituam e incluam
qualquer principio ativo suscetível de que seja catalogado em algum dos
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grupos de categoria que a seguir será enunciado e que cuja presença mas
amostras de urina, a principio constitua infração disciplinar, qualquer que haja
sido sua via de administração.
Consideram-se positiva a amostra que se detecte qualquer quantidade
dessas substancias que abaixo serão arroladas.
As substancias são, estimulantes, anestésicos locais, analgésicos,
álcool, maconha e seus derivados, beta bloqueadores, anabolizantes,
esteroides, hormônios e corticoides.
Outro ponto interessante na legislação Espanhola é sobre o Real
Decreto 63/2008, o presente decreto atendendo sua função normativacomo
complemento da Lei Orgânica 7/2006, de 21 de novembro, de proteção a
saúde e de luta contra o doping no esporte, desenvolve também o quadro de
vias de iniciação do procedimento disciplinário tomando em consideração a
possibilidade de que o inicio oficial não só traga causa do resultado positivo de
uma analise do controle, se não também de outra serie de infrações tipificada
pela lei em relação com os sujeitos submetidos a disciplina desportiva.
Enquanto as competições da Comissão de Controle e Seguimento da
Saúde e Dopagem, o presente regulamento pretende articular de forma mais
ágil possível sua intervenção nos expedientes disciplinarios, já seja quando
assume a tramitação dos que não se resolvam no prazo pelos órgãos
federativos conforme al artículo 27.3 da Lei Orgânica 7/2006, já seja quando
solicita a revisão das decisões destes últimos diante da Seção Atidoping do
Comitê Espanhol de Disciplina Desportiva, o que a respectiva revisão das
resoluções racaidas no procedimento disciplinário, o presente regulamento
articula a nova previsão da Lei Orgânica 7/2006, de regular um procedimento
especial substitutivo do recurso administrativo, cuja principal inovação reside
na atribuição da competência para resolver o assunto a um órgão arbitral da
Seção Antidoping do Comitê Espanhol de Disciplina Desportiva.
2. Aspectos Penais do Doping
Ocorre que em relação ao doping encontramos um vazio nas
regulamentações de direito penal nuclear, salvo em raras exceções como
Republica Checa, Itália, Bélgica, França, Argentina e Suécia.
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Assim, no direito penal brasileiro qual seria a tipificação adequada, um
tema que gera grande controvérsia a quem diga que o bem jurídico tutela seria
a saúde publica em geral, sendo enquadrada a conduta do desportista que for
pego no doping com preceito na atual Lei de drogas, L. 11.343/06, em seu art.
28. De acordo com o núcleo trazer consigo, em decorrência do desportista
portar em seus fluidos corporais os metabólicos da substancia proibida.
Porém, tal posição não seria a mais correta, isto porque tal artigo não
tipifica condutas pretéritas. Por esta razão nenhum atleta flagrado no exame
antidoping será processado e posteriormente condenado por esta conduta. De
maneira geral a lei não pune quem já consumiu a droga, mas apenas quem
adquire, guarda, tem em deposito, transporta ou traz consigo, para consumo
pessoal, sem autorização legal ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar.
Nota-se que o desportista já injetou a droga, embora a traga em seus
fluidos corporais, ou seja, já fez o consumo. Assim, necessário que ele possua
a droga para consumo atual ou futuro, porque se não for assim nunca poderá
ser punido.
Há também quem se posicione pela a possibilidade de punição do
desportista no crime de estelionato, art. 171 do CP. Embora exista esse
pensamento, também não merece prosperar porque o doping na representa
meio de necessária idoneidade ou de eficácia causal, ou seja, o doping é
apenas uma esperança de melhores resultados, existe a incerteza em relação
aos efeitos da droga como um meio seguro de alcance de resultados.
Assim, a vantagem que se constitui em elemento normativo do art. 171
do CP, não tem máxima garantia e nem sempre será econômica como se
requer um delito contra o patrimônio.
No entanto, é obvio que a fraude praticada no desporto não retira o
caráter criminoso do fato, mas não podendo ser considerado como patrimonial
sobre o nome de estelionato. Assim, se conclui de um modo geral que hoje o
doping é um crime contra a sociedade. Gerando certa insegurança no conceito,
pois a busca de um tipo penal mais aplicável a estes casos nos leva
rapidamente ao tipo de lesões, porem o atleta entra no sistema das lesões
apenas como vitima e não como sujeito ativo.
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Com efeito, os destinatários das normas são apenas os terceiros, em
especial, os treinadores e os médicos que subministram às drogas, com ou
sem consentimento do atleta. Assim, sendo considerada penalmente
irrelevante a ação do atleta que utiliza a substancia entorpecente por sua livre e
espontânea iniciativa.
Dessa maneira, se conclui que a ação do desportista que utiliza
substancia proibida é penalmente irrelevante, não devendo ser enquadrado,
inclusive como incurso no art. 286 do CP, incitar publicamente a pratica de
crime, pois em nenhuma hipótese o desportista estimula publicamente o
consumo de drogas por parte de um numero indeterminado de colegas de
profissão. Inexiste um destinatário certo, pois a vitima seria a coletividade.
Assim, como forma de proteção a funcionalidade do desporto, a
possibilidade de punição do atleta apenas pode ocorrer na esfera desportiva,
art. 244 do CBJD.
Agora em relação ao medico que prescreve drogas ao desportista é
perfeitamente possível seu enquadramento penal na conduta de trafico prevista
na art. 33 da Lei de Drogas 11.343/06, quando agir com livre e espontânea
vontade ou no art. 38, se agir de maneira culposa, isto é faltar com o dever
objetivo de cuidado, restando absorvida a conduta do art. 132 do CP, perigo
para a vida ou saúde de outrem, por tratar-se de delito subsidiário.
O doping é questão extensiva aos animais de competição, o legislador
nacional buscando preservar a não distorção dos resultados desportivos,
recolheu sugestões de diversos paises e, verificando as insuficiências das
figuras clássicas de crimes patrimoniais cometidos mediante fraude, tipificou a
especifica conduta como crime de fraude em jogos e competições, nestes
termos, empregar substancia excitante ou deprimente, ou qualquer outro ardil,
para fraudar jogo desportivo ou competição de animais, não vedada em lei,
com o fim de obter vantagem econômica, para si ou para outrem, art. 184 do
antigo CP, que foi revogado pelo o atual Código Penal.
Para os estudiosos do Direito Penal, o objeto da tutela jurídica é a
correção, a lealdade e a boa fé nas competições de animais e em jogos
desportivos, que constituem atividades reguladas pelo o Estado, como valor
social em si mesmos, em torno aos quais tinham importantes interesses
patrimoniais.
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Outro aspecto interessante no que tange ao direito penal é o que diz
respeito ao transporte das amostras dos testes anti-doping, pois, no caso de
verificação de negligencia ou imprudência na guarda, transporte ou
conservação da amostra constatada a imprestabilidade ao fim a que se destina
e se a caso modifique o resultado final do exame pode ser considerado um tipo
de falsidade documental, podendo ser parcial ou total. Considerando-se a
infração de falsificação de documento particular de natureza desportiva,
aplicando-se o disposto no art. 298 do CP6, falsificação de documento
particular, ou ainda se no resultado nele inserir ou fazer inseris declaração
falsa, estará configurada falsidade ideológica de natureza desportiva, de
acordo com o art. 299 do CP7, incorrendo na mesma pena aquele que fizer uso
do resultado falsificado.
No caso da Espanha o seu Código Penal, Lei Orgânica 10/1995, tem
um artigo especifico que trata das substancias dopantes, se trata do art. 361
bis8, que está no capítulo III – Dos Delitos Contra a Saúde Pública, por haver
introduzido na normativa penal o delito relativo ao doping no esporte.
6 Art. 298 do CP: Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro: Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. 7 Art. 299 do CP: Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante: Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa, se o documento é particular.
8 Art. 361 bis do CP Espanhol: 1. Os que, sem justificação, prescrevem, proporcionem, dispensem, subministrem, administrem, oferecem ou facilitem aos desportistas federados não competidores, desportistas não federados que pratiquem o esporte por recreação, ou desportistas que participem em competições organizadas em Espanha por entidades desportivas, sustâncias ou grupos farmacológicos proibidos, assim como métodos no regulamentados, destinados a aumentar suas capacidades físicas ou a modificar os resultados das competições, que por seu conteúdo, reiteração da ingestão ou outras circunstancias concorrentes, ponham em perigo a vida ou a saúde dos mesmos, serão castigados com as penas de prisão de seis meses a dois anos, multa de seis a dezoito meses e inabilitação especial para emprego o cargo público, profissão ou oficio, de dos a cinco anos.
2. Se aplicarão as penas previstas no apartado anterior em sua metade superior quando o delito se perpetue concorrendo alguma das circunstancias seguintes:
1. Que a vítima seja menor de idade. 2. Que se haja empregado engano a intimidação. 3. Que o responsável valendo de uma relação de superioridade laboral ou profissional.
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Em resumo também assim como no Código Brasileiro não pune
diretamente o atleta pelo os mesmos motivos já exposto, pune a conduta
daquele que prescreve a medicação ou substancia a qualquer tipo de atleta,
pontos interessantes neste artigo são, que o conceito de desportista é amplo
englobando todos os tipos, na capitulação da pena também se prevê a punição
administrativa, de poder impedir o profissional que prescreveu o medicamento
ou método de exercer sua profissão por determinados anos, e por fim o
aumento de pena quando se tratar de atleta menor, com o intuito de enganar e
por fim quando se tratar de relação de superioridade no trabalho, que seria a
relação de técnico com o atleta.
3. Exemplos de casos na pratica do Futebol, e decisões de ambos os paises
Inicialmente, a titulo de curiosidade, cabe ressaltar que na copa do
mundo de 2010, não tivemos nenhum caso de doping, explicação dada pela a
FIFA no ultimo dia 3 de agosto. Ainda diz a FiFA, que foram colhidas 552
amostras de urina e sangue dos jogadores que participaram da competição.
Durante o mundial os representantes da FIFA visitaram as 32
concentrações dos paises participantes e realizaram teste surpresas, em media
oito atletas de cada seleção eram sorteados a participarem dos testes, metade
dos exames foram feitos antes do inicio do mundial e o restante durante,
demonstrando assim uma ação preventiva.
O objetivo da entidade foi de asseguras que a competição fosse
disputada sem nenhum escândalo causado por uso de substâncias ilícitas.
Aliais se tratando do assunto, o principal caso de doping em Copas do
Mundo, refere-se ao ex-jogador Diego Maradona da Argentina, que foi flagrado
em exame durante a Copa do Mundo de 1994, dos Estados Unidos.
O resultado demonstrou o uso de coquetel de substancias proibidas
parte do jogador. A sanção imposta ao ex-jogador foi a de não poder mais
atuar na Copa do Mundo daquele ano e uma suspensão de um ano.
Sabe-se que foi muito difícil para os médicos da FIFA, excluírem um
jogador tão renomado.
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No âmbito Brasileiro, de acordo com a pesquisa a respeito do tema o
primeiro caso famoso de doping no Brasil foi no ano de 1973, o atleta Cosme
da Silva Campos contratado pelo o Atlético Mineiro da equipe Nacional de
Manaus para disputar o Campeonato Brasileiro daquele ano, foi pego no
exame anti-doping após a partida realizada no dia 18 de novembro de 1973
entre Vasco e Atlético Mineiro.
O jogador Campos, como era conhecido, duas semanas antes desta
partida, por uma infelicidade havia perdido três dentes, em virtude disso o
medico do clube, para ajudar em sua recuperação prescreveu-lhe antibióticos,
antiinflamatórios e analgésicos, remédios que continham efredina, substancia
considerada como doping.
Ocorre que o tratamento não havia sido comunicado a antiga CBD
(Confederação Brasileira de Desportos), fazendo com que o atleta fosse pego
no doping, na época o medico do clube disse que o atleta imprudentemente
havia tomado os medicamentos por conta própria, no entanto o atleta sempre
disse que somente tomou os remédios por orientação do medico, em resumo
quem saiu perdendo foi o atleta.
Um jovem atleta de apenas vinte e um anos de idade, com carreira
promissora viu sua vida desmoronar, o primeiro escândalo de doping no Brasil
fez com que Campos sofresse uma punição de seis meses, desde aí sua
carreira nunca mais foi a mesma, depois do Atlético Mineiro Campos ainda
passou por cerca de 20 clubes, mas todos sem nenhuma expressão, encerrou
sua carreira em 1985 no Marilia do interior de São Paulo.
Nos dias de hoje pode-se dizer que o caso mais recente de doping e
que teve grande repercussão foi do jogado Jobson do Clube de Regatas
Botafogo, que foi flagrado no final do ano de 2009, durante o Campeonato
Brasileiro, pelo o uso de entorpecentes, crack e cocaína.
O atleta teve seu julgamento no dia 19 de janeiro de 2010, por decisão
da maioria dos auditores da segunda comissão disciplinar do Superior Tribunal
de Justiça Desportiva, Jobson foi punido a suspensão por dois anos do futebol.
No entanto, no dia 21 de abril de 2010, o jogador teve sua pena atenuada para
seis meses, pode voltar aos campos pela a mesmas equipe botafogo, depois
da copa do mundo.
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Outro caso que foi um marco para o futebol brasileiro foi o do atacante
Dodô, que aos 36 anos de idade foi suspenso no de 2007, por anos do futebol
pelo o uso de um medicamento no auxílio ao combate da obesidade, por ser
um inibidor do apetite.
O caso do Dodô foi muito particular porque foi a primeira vez em que
foi utilizado o Código Mundial Antidopagem e que a Corte Arbitral mudou a
decisão do STJD.
Isso porque o atleta, que chegou a ser absolvido pelo Superior Tribunal
de Justiça Desportiva em 2008 pela acusação de doping (foi encontrada na
urina do atleta a substância Femproporex, um moderador de apetite), viu a
FIFA e Agência Mundial Anti-Doping (WADA) encaminharem Recurso a Corte
Arbitral do Esporte (CAS). Dodô foi suspenso do futebol por dois anos e teve
seu recurso negado, dia 29 de janeiro de 2008, no Tribunal Federal da Suíça.
Por isso, o caso Dodô, apesar de ter prejudicado a carreira do atleta,
serviu como base para reorganizar a estrutura da justiça desportiva brasileira e
mundial e para levantar alguns questionamentos. Aconteceram mudanças na
competência e na jurisdição do esporte. A Corte Arbitral do Esporte (CAS)
passou a ser a entidade máxima da justiça do desporto no mundo. O STJD não
é mais como muitos achavam, a última, e sim a segunda instância do desporto
brasileiro.
Pela a fundamentação da Corte Suíça, a CAS teria competência
também não vinculada ao doping. Hoje é possível a revisão de qualquer
processo disciplinar do desporto na Corte Arbitral do Esporte. Outro fato que
surpreendeu foi a postura da FIFA, diante do caso. O Presidente da entidade,
na época, Joseph Blatter, afirmou que a condenação do atleta na esfera
simbolizava a luta contra o doping no mundo.
Apesar da bandeira defendida pela entidade, jogadores como Athirson
e Romário também foram flagrados no mesmo exame, respectivamente, em
2000 e no final de 2007. A FIFA não se pronunciou no primeiro caso. Sobre
Romário, a entidade chegou a requerer a cópia do processo, mas desistiu de
entrar com a ação na Corte Arbitral do Esporte (CAS).
Romário era embaixador da candidatura brasileira a Copa de 2014.
Outro detalhe importante, é que no mesmo ano em que Dodô foi suspenso, em
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2007, outros dez jogadores foram pegos no exame antidoping no Brasil, mas
em nenhum desses casos a FIFA recorreu da decisão do STJD.
No ordenamento jurídico desportivo espanhol, devido ao seu controle e
poder de prevenção não são muitos os caso recentes envolvendo atletas
renomados do futebol. No entanto no ano de 2006, foi descoberto pela a policia
espanhola uma suposta grande rede de doping sanguíneo que afetava grandes
clubes espanhóis com o Real Madrid, Barcelona, Betis e Valencia. No entanto
os clubes sempre negaram seu envolvimento com a pratica antidesportiva.
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CONCLUSÃO
Dessa maneira se pode ter uma noção do estudo relacionado ao
doping, pratica esta que deve coibida a todo custo.
É de salientar que o “herói” desportivo que utilize este tipo de
compostos pode induzir os mais novos a imitá-lo, com o aumento dos riscos
envolvidos. É aqui que os professores de Educação Física e os treinadores têm
um papel importante a desempenhar, de forma a alertar os seus atletas sobre
sue malefícios.
Nos atletas, o recurso ao doping também tem vindo a aumentar devido
as expectativas do público, treinadores, etc., que se geram em torno da sua
prestação, vão submetê-lo a um estado de pressão tal, que se pode sentir
tentado a utilizar substâncias “dopantes”, de forma a não decepcionar essas
pessoas.
Os altos níveis de especialização e de prestação dos atletas fazem
parecer que a única forma de evoluir mais ou de fazer melhor que o adversário.
Atualmente, os atletas e respectivos médicos e treinadores, apanhados na
prática de “dopagem”, podem sofrer várias sanções.
Os governos também têm um papel preponderante no combate ao
doping, nomeadamente na promoção de campanhas publicitárias e programas
dedicados ao encorajamento dos valores éticos do desporto.
Em conclusão, podemos afirmar que o doping é a utilização de
substâncias ou outros meios destinados a aumentar artificialmente o
rendimento, tendo em vista a competição, e que podem trazer prejuízos à ética
desportiva, à integridade física e psíquica do atleta. O doping pode ainda ser
considerado como a ingestão de substâncias que fazem parte da lista de
produtos proibidos pelo Comitê Olímpico Internacional.
Todos os conceitos existentes em ralação a ética no desporto são
incompatíveis com o doping e a dopagem enfim com a verdade no desporto.
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BIBLIOGRAFIA
BEM, Leonardo Schimitt, Direito Penal Desportivo – Homicídios e Lesões no Âmbito da Pratica Desportiva. 1ª Ed, São Paulo: Quartier Latin, 2009. BRASIL. Constituição da Republica de 1988. 5ª Ed., Saraiva, 2009. DIAZ, Antonio Aguiar, Derecho Desportivo. 2ª Ed., Madrid: IUSPORT, 2007. ESPANHA. Constituição de 1978. 15ª Ed., Madrid: Tecnos, 2005. ESPANHA. Código Penal de 1995. 6ª Ed., Madrid: Colex, 2007. MIRANDA, Martinho Neves, O Direito no Desporto. 1ª Ed., Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2007. SCHMITT, Paulo Marcos, Curso de Justiça Desportiva. 1ª Ed., São Paulo: Quartier Latin, 2007. SCHMITT, Paulo Marcos, Código Brasileiro de Justiça Desportiva. 1ª Ed., São Paulo: Quartier Latin, 2007. SCHMITT, Paulo Marcos, Código Brasileiro de Justiça Desportiva. 2ª Ed., São Paulo: Quartier Latin, 2010. Sites: http://www.iusport.es http://justicadesportiva.uol.com.br http://www.rfef.es
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Direito Desportivo 09
1. Breve histórico sobre o direito desportivo 09 2. Legislações aplicadas no Brasil e na Espanha 09 3. O novo CBJD 13
CAPÍTULO II - O Doping 17
1. Conceito e historia do Doping 17 2. Substancias proibidas e meios de controle 19
CAPÍTULO III – Aspectos Desportivos e Penais no 27
Brasil e na Espanha
1. Aspectos Desportivos do Doping 27 2. Aspectos Penais do Doping 31 3. Exemplos de casos na pratica do futebol 34
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA 39
ÍNDICE 40