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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LOTU SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A Psicomotricidade e a Psicanálise Freudiana somando esforços para a melhor qualidade de vida do idoso. Por: Luciana Metri Médici Orientador:Prof. Vilson Sérgio Carvalho Rio de Janeiro, Julho de 2007

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Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …20METRI%20M%C9DICI.pdf · 1.2- Alterações funcionais. 1.3- A família na vida do idoso. ... do idoso, as fibras encontram-se em degeneração

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LOTU SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A Psicomotricidade e a Psicanálise Freudiana somando esforços para a

melhor qualidade de vida do idoso.

Por: Luciana Metri Médici

Orientador:Prof. Vilson Sérgio Carvalho

Rio de Janeiro, Julho de 2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS –GRADUAÇÃO “LOTU SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

Objetivo:

Este trabalho tem por objetivo mostrar que

através da psicomotricidade juntamente com a

psicologia, possa oportunizar uma melhor

qualidade de vida ao idoso, orientando a

mudanças de comportamento de maus hábitos,

vivenciando um envelhecimento natural e

saudável e explorar o potencial do corpo e da

mente na terceira idade.

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Agradecimentos:

Ao meu marido Marcus André Gaspar Ribeiro,

que me apoiou em todos os momentos do meu

curso de pós-graduação. Também a meus pais,

que foram meus primeiros educadores na

Universidade da vida e a Deus, O Todo

Poderoso, que me deu saúde e sabedoria para a

elaboração deste trabalho.

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Dedicatória:

Dedico este trabalho a todos os idosos do Brasil,

e que contribua para uma melhor qualidade de

suas vidas. Dedico também a Deus e a Jesus

Cristo, porque me deu essa oportunidade de

ajudar os idosos de alguma maneira.

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RESUMO:

O presente estudo apresenta as necessidades vitais do ser humanas devidamente condicionadas ao inevitável processo de envelhecimento. Discrimina os bons e maus hábitos, no retardar e acelerar desse processo. Objetiva a longevidade, através da psicomotricidade juntamente com a psicologia, como condição para que se obtenha uma existência quantificada e qualificada dentro das possibilidades de cada realidade. Enfatizando a prática da vida saudável e natural, com o intuito de promover o bem estar e o equilíbrio emocional do idoso. Cita algumas considerações teóricas sobre o idoso na perspectiva Psicanalítica Freudiana. Conscientiza o individuo a respeito da responsabilidade frente à prevenção de possíveis doenças e manutenção da saúde física e mental. Assim, uma população idosa que sofre inúmeras perdas, a Psicomotricidade junto com a Psicologia é um caminho que abre possibilidades de encontrar outras formas de melhorar a qualidade de vida na terceira idade, proporcionando viver o envelhecimento como um momento pleno da vida, de ação e não de limitações. A conquista da autoconfiança e o resgate da auto-estima estimula-os ao autocuidado e motiva-os a preservar sua independência e autonomia que são preceptores do bem-estar.

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SUMÁRIO:

Introdução---------------------------------------------------------------------------------7 CapítuloI- Aspectos biopsíquico do ser humano-------------------------------------8 1.1- Alterações anatômicas. 1.2- Alterações funcionais. 1.3- A família na vida do idoso. 1.4- O lazer do idoso. 1.5- A sexualidade na terceira idade.

CapítuloII-Um envelhecer peculiar do idoso na perspectiva psicanalítica Freudiana--------------------------------------------------------------------------------------12 Capítulo III- Transtornos emocionais do envelhecimento-------------------------17

CapítuloIV- Intervenção terapêutica no processo do envelhecimento-----------20

CapítuloV- O papel da Psicomotricidade no processo do envelhecimento-------------------------------------------------------------------------------------------------------21

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INTRODUÇÃO:

A população Brasileira está envelhecendo e estatísticas comprovam que o percentual de

idosos no Brasil é muito grande. Em 1900, a expectativa de vida de uma pessoa nascida no Brasil

não chegava a 40 anos de idade. Segundo o Ministério da Saúde, hoje, a expectativa de vida de um

brasileiro é de 70 anos de idade, e muitos vivem bem mais do que isso.

Em condições naturais, a velhice apresenta-se como um processo contínuo, porém sabe-se que

o uso de alguns meios pode atenuar ou mesmo retardar o declínio biopsicossocial do indivíduo, uma

vez que o idoso, vive quase sempre de forma ociosa, e que esta ausência de atividade, constitui um

bloqueio ao seu desenvolvimento.

Porém, deve-se lembrar que condições específicas de vida (fumo, álcool, estresse, etc) podem

acelerar o processo do envelhecimento, conduzindo ao envelhecimento prematuro.

Por isso, para que as repetidas agressões ao organismo humano sejam evitadas, deve-se

aprender, não necessariamente através do conhecimento adquirido em livros, mas principalmente

com a sua própria vivencia, analisar os fatos e eleger valores capazes de combater possíveis

comprometimentos que podem surgir ao se agravar num estágio mais avançado da vida.

É preciso conscientizar que a natureza humana é constituída, nada mais nada menos de hábitos

adquiridos que, bons ou maus, para serem modificados torna-se necessário à criação e a pratica de

um novo comportamento, um diferente estilo de vida.

Portanto, o objetivo desse trabalho é mostrar que através da Psicomotricidade juntamente com

a Psicologia, possa-se oportunizar uma melhor qualidade de vida do idoso explorando o seu corpo e

sua mente na terceira idade e esclarecer alguns tabus do envelhecimento pela perspectiva Freudiana.

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ASPECTOS BIOPSIQUICOS DO SER HUMANO

Definir um futuro que nos aguarda é algo complexo, pois está relacionado aos conceitos de

terceira idade e velhice, fator histórico e cultural.

Bontempo (1992), nos diz que o envelhecimento pode ser definido como um processo

dinâmico e progressivo onde há modificações funcionais, morfológicas, bioquímica e psicológicas

que determinam perda gradativa da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente,

ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que terminam por

leva-lo á morte.

Para que se tenha uma visão ampla do processo da velhice, é de fundamental importância,

conhecer as peculiaridades anatômicas e funcionais do envelhecimento.

1.1- Alterações Anatômicas:

A estatura começa a diminuir paulatinamente a partir dos 40 anos de idade. Os diâmetros da

caixa torácica e do crânio tendem a aumentar. O nariz e os pavilhões auditivos continuam a crescer

caracterizando a forma facial típica do idoso.

Ocorrem alterações no funcionamento dos melanócitos em certas regiões como a face e o

dorso da mão, levando a formação de manchas hiperpigmentadas, marrons, lisas e achatadas.

Tanto o tecido compacto como o tecido esponjoso dos ossos sofre alterações. Há diferença no

sexo quanto à perda óssea, na mulher a perda é maior que nos homens, porém essa começa na

menopausa.

O peso e a área de secção no músculo diminuem, evidenciando perda de massa. Nos músculos

do idoso, as fibras encontram-se em degeneração e outras fibras hipertrofiadas.

O peso do coração aumenta com a idade e há aumento da espessura da parede do ventrículo

esquerdo.

No tubo digestivo, o epitélio do esôfago, em alguns casos sofre modificações. No intestino

grosso a irrigação se altera podendo levar a isquemia. Alguns autores descrevem que a musculatura

das paredes intestinal parece degenerar discretamente.

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1.2- Alterações funcionais:

Segundo Bontempo (1992), as primeiras alterações são detectadas na terceira década de vida.

Geralmente são discretas e evoluem, não sendo, porém, capazes de induzir uma insuficiência

absoluta do órgão ou aparelho.

São notáveis as modificações músculo-esqueléticas do arcabouço torácico.

O rim apresenta diminuição da capacidade de contração e diluição urinária.

Um declínio de funções mentais acompanha o envelhecimento normal. A capacidade de

aprender reduz, assim como a memória para fatos recentes e discretas.

A audição sofre um abalo muito freqüente. São freqüentes as limitações a movimentação

osicoarticular como dor, artrite, alterações da sensibilidade local, rigidez matinal e etc.

1.3-A família na vida do idoso:

A perdas dos papéis familiares tem se constituído um fator de isolamento do idoso. A família

atuante pode contribuir para a reestruturação do ambiente e da dinâmica familiar. A compreensão e

a criatividade assumem grande importância, pois permitem ao idoso novas formas de percepção e

ação, trazendo mudanças significativas ao seu estilo de vida.

A família pode ajuda-lo a ocupar o tempo de maneira produtiva e criativa, preterindo a ociosidade e

conseqüentemente o fantasma com a morte e a falta de perspectivas diante da vida.

1.4-O lazer do idoso:

Há aqueles idosos que viajam, jogam, descansam, relaxam, inicialmente como distração, e

depois, como obrigação até que a ociosidade faz perder todo e qualquer significado da vida.

Entretanto, para que o entretenimento realmente aconteça não basta que o ser humano esteja

liberado de seus compromissos estudantis, profissionais, sociais, etc, é preciso que haja uma entrega

de bom grado, ou seja, que a pessoa sinta-se verdadeiramente interessada e disposta a ocupar o seu

“tempo livre”, seja com recreação, aumento do numero de informações sobre algum assunto ou

conhecimento ou mesmo de relações pessoais além de inúmeras outras formas de lazer. O lazer tem

como uma das funções, reanimar a vida do ser humano sendo ele criança, adulta ou idosa.

Considerando o movimento como essência da vida e conseqüentemente, o mexer-se como um

imperativo natural, o homem parado não é bem homem. A sedentariedade da vida civilizada é capaz

de predispor doenças, intoxicações e até mesmo de generações crônicas. O ser humano necessita

estar sempre em movimento, isto é, exercitando mentalmente e fisicamente.

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No caso de exercícios físicos, é regra que todos sejam considerados bons; caminhar, andar de

bicicleta, nadar etc, contando que ao longo de sua realização, a pessoa permaneça atenta a si

mesma, mais especificamente, a força necessária para executar o movimento e se é adequada e

equilibrada para a parte do corpo que o realiza. Não esquecendo do aspecto emocional e do prazer

que o exercício proporcionam. Assim, é essencial que o adulto seja disciplinado para enfrentar a

velhice. Portanto, o trabalho, o estudo, a recreação, a música, a pintura, o esporte e etc, quando

cultivados na idade adulta, contribuem na velhice, para manter viva toda a gama criadora do homem

e o interesse por metas, para que não haja ociosidade na idade mais avançada.

1.5- Sexualidade na terceira idade:

A sexualidade, entendida a partir de um enfoque amplo e abrangente, manifesta-se em todas

as fases da vida do ser humano, brotando na vida intra-uterina, geralmente adormecida na infância

até a sua real descoberta, deixando adolescentes eufóricos, passando a ser aperfeiçoada com a

maturidade adquirida através dos anos, sendo capaz de acompanhar o individuo até o seu último

suspiro. Todos os indivíduos devem saber que a sexualidade existe até a morte, apenas será

diferente em cada etapa da vida.

No entanto, deve-se reconhecer que, mesmo sem se manifestar de maneira exuberante, o

potencial para o exercício da sexualidade existe enquanto durar a vida humana, por mais longa que

ela seja. O idoso de hoje, o qual viveu sua juventude nos anos 30, 40 e 50 sofreu a questão da

repressão sexual, que por muitas vezes impediu a ação do coito e as possíveis carícias mais

profundas. Nessa época, o toque, a dança, o olhar, as fantasias, as serenatas faziam parte da

atividade sexual, sendo que os jovens de hoje não percebem a sensualidade desses fatores.

Acredita-se que tanto homem quanto à mulher que atinge uma idade avançada perdem

totalmente a capacidade, o interesse e o desejo de manter uma atividade sexual pelas modificações

fisiológicas que ocorrem no processo do envelhecimento. Esta visão, porém não é correta e este

ciclo, mesmo possuindo alterações, os desejos sexuais se fazem representar na vida de um individuo

mais velho. No entanto, alguns fatores podem interferir neste processo do ciclo sexual, entre eles o

social e o psicológico.

O fator social estaria ligado a questões de preconceitos que a sociedade possui na atividade

sexual de pessoas mais velhas, e o psicológico, que é bem mais amplo, uma das questões seria a

imagem que esta mulher possui do seu próprio corpo e das modificações que ocorrem, achando-se

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menos atraente e incapaz de conquistar o parceiro. Já o homem vive a dualidade da impotência

sexual e o desejo de realização sexual.

Nesse sentido, há dois psiquismos que se opõem: a vida de todo dia, com suas regras sociais, o

controle das emoções, o investimento nos outros, e depois, há uma vida roubada, entregue aos

“demônios” que tomam o poder, o qual exige às vezes um exorcismo. A idade do envelhecimento

não é necessariamente a passagem da “primeira” vida para a segunda. Também, não é menos

verdadeiro que o acúmulo das emoções, dos fracassos, das renuncias, das decepções que constroem

uma pirâmide alta, misteriosa que, sedimentando-se com o tempo que passa, torna-se um dique, um

muro que não permite mais recuar.

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UM ENVELHECER PECULIAR DO IDOSO NA PERSPECTIVA

PSICANALÍTICA FREUDIANA.

Relacionando velhice e tempo, que apontam para um sujeito que não investe no presente e

nem projeta o futuro, essa negação de futuro que coloca esse sujeito em confronto com a morte

implicando numa decadência psico-social no que tange o nosso corpus, a teoria psicanalítica

Freudiana contribuirá para evidenciar conceitos os quais desejamos nos associar e ajudar o idoso a

viver melhor com seus medos e tabu.

Cabe ressaltar que, atualmente em nossa sociedade, o conceito cultural de jovem em relação

ao idoso está muito próximo de nós, pois o que é considerado velho e decadente está posicionado,

imaginariamente, em uma relação secundaria. Este estado secundário se torna evidente quando o

individuo perde seu papel central no qual representaria um lugar socialmente estabelecido pelas

relações de seu meio. Essa perda ocorre de diferentes formas, dependendo muitas vezes da natureza

de trabalho e de valores desenvolvidos por este sujeito em seu meio social.

Na perspectiva de pesquisa sobre o idoso, que retrata um envelhecer peculiar dentro de nossa

realidade, a qual podemos perceber que o envelhecimento é um processo ambíguo de forma que os

indivíduos vão lidando com perdas, físicas, sociais e psicológicas e vão adquirindo ao longo de suas

vidas experiências que não se conquistam se não vivendo este processo. E conseqüentemente, essa

representação do sujeito idoso e da sociedade contemporânea fundamentam a idéia de que o sujeito

e a sociedade perdem a marca de absoluto e passam a ser concebidos essencialmente como

históricos, isto é, como algo onde as dimensões do tempo e da temporalidade passam a ocupar um

lugar teórico essencial, e mais, o sujeito passa a ser representado e não apenas como um ser

histórico, mas também como agente crucial da sua própria historia.

Diante deste aspecto sobre a marca do tempo, do ponto de vista psicológico, podemos observar

essa manifestação como uma forma quase masoquista. Pois, para o idoso, o tempo parece ser mais

insuportável em virtude de quando surgem os momentos em que as horas se repetem sem

perspectivas aparentes, permitindo, no entanto, que a meditação seja freqüente. O tempo tem uma

importância sinistra, faz da vida o que quiser. Raros são os sujeitos que o acolhem com serenidade,

desapegados de todas as coisas contemplativas.

Alguns idosos passam por sofrimentos que não tem fim, muitos brincam com o tempo para

tirar dele o máximo. Outros ainda, sofrem seus efeitos com uma passividade surpreendente. Na

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relação do idoso com o tempo ninguém pode descrever, aproximar-se das longas horas de insônia,

tão próximas de uma lucidez extravagante que faz e refaz a cada noite um balanço, a aproximação

da morte, horas, sobretudo, de verdadeira solidão em que nada pode ser compartilhado, em que não

há nada além da memória, do medo de ficar louco, do sofrimento de não mais existir.

Nesse sentido, há dois psiquismos que se opõem: a vida de todo dia, com suas regras sociais,

o controle das emoções, o investimento dos outros, e depois, há uma vida roubada, entregue aos

“demônios” que tomam o poder o qual exige às vezes um exorcismo. A idade do envelhecimento

não é necessariamente a passagem da primeira vida para a segunda, também não é menos

verdadeiro que o acumulo das emoções, dos fracassos, das renuncias, das decepções que constroem

uma pirâmide alta, misteriosa que, sedimentando-se com o tempo que passa, torna-se um dique, um

muro que não permite mais recuar.

Desta forma, com o avançar da idade, depois de ter sofrido varias perdas o idoso enfrenta a

proximidade de uma perda de sua vida que é irreversível, o sentimento da morte, causando-lhe

medo, muito embora nunca se saiba quando uma pessoa possa morrer. O medo da morte é um

sentimento assustador, carregado de emoções que abate as pessoas de forma insuportável, pois

morrer é um fato desconhecido. Segundo Freud, “somos incapazes de imaginar nossa própria

morte” (Freud, 1967,p.30). Essa pulsão de morte se expressa com ambivalência de pulsão de vida,

pois a pulsão de morte retorna ao sujeito na forma do sentimento de medo e agressão.

Nesse sentido, o sujeito anímico adquire para si ontologicamente a pulsão de morte que será

interno/externo a vivencia de uma constituição do seu eu com o supereu. Essa relação com a morte

para o sujeito idoso demonstra que não é a proximidade com a morte afetiva que o angustia, mas

pelo fato do outro (dos entes queridos, dos conhecidos) que está ao seu redor morrer. E, é nessa

ambivalência de vida/morte em relação ao objeto que faz que o sujeito idoso desenvolva a

agressividade na relação conjugal, e nessa estruturação melancólica o sujeito se identifica com o

objeto que morreu e com isso gerando nele próprio a agressão e a culpa.

Desta forma a estrutura no supereu do sujeito se organiza em relação às perdas, se culpando

pelos objetos perdidos e olhando para si com melancolia. Este processo melancólico ocorre em

função da perda da libido visto que, há um investimento do objeto perdido, o sujeito idoso fica

desestruturado porque a libido surge como uma angústia de morte. Em virtude desse processo a

melancolia aparece a partir do momento que o sujeito concebe a si mesmo como objeto, ele sente

que não realizou tudo para com o objeto perdido, então o sujeito idoso passa a tecer uma relação

com a morte para si.

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Esse efeito produz uma reordenação das instancias do supereu em relação angustiante e

depressiva com a morte. Assim desenvolve o sentimento inconsciente de que é melhor o outro

morrer do que eu. Visto que o sujeito morre por causas internas quando ocorre o dano físico, a

libido é retirada do mundo e é colocada narcisicamente na relação com o princípio do prazer, a qual

é direcionada para o local onde está a agressão. Deste modo a doença serve para a manutenção do

princípio do prazer, visto que se não acontece, a quantidade de libido não é descarregada dessa

forma, e por conseguinte, o sujeito idoso não vive porque essa quantidade de libido por não ter onde

ser descarregada.

Então, o fator emocional é importante na relação estabelecida do idoso com a doença, sendo

isto fundamental para a sua adaptação a esse processo de envelhecimento, pois os fatores

psicológicos interferem no seu envelhecimento e se caracterizam em fatores como: solidão, aflição,

dependência e medo. A solidão leva muitas vezes os idosos a ter pouco contato com as pessoas, a

aflição ou a angustia da perda de parentes próximos ou de amigos, seja por morte, seja por

mudanças de local e por perdas de órgãos em decorrência de doenças. Também a dependência física

ou psico-social afeta a saúde do idoso causando doenças como; isolamento, falta de companhia para

desenvolver atividades básicas como; alimentar, higiene pessoal, caminhar etc.

Esses aspectos acima descritos, desencadeiam em ações que podemos denominar segundo

Freud como estímulos que atuam na mente, surgindo dentro do próprio organismo, de modo que

esses estímulos atuam diferentemente sobre a mente, e diferentes ações se tornam necessárias para

remove-los, pois tudo que é essencial num estimulo é encoberto.

Dentro da classe dos instintos podemos entender que o sadismo é um dos seus representantes, e

com base teoria em Freud, apresentarei a hipótese de um instinto de morte, cuja tarefa é conduzir a

vida orgânica de volta ao estado inanimado. Por outro lado, imaginando que o instinto de Eros, por

ocasionar uma combinação de conseqüências cada vez mais amplas das partículas em que a

substancia viva se acha dispersa, visa a complicar a vida e ao mesmo tempo, naturalmente, a

preserva-la. Agindo dessa maneira, os instintos seriam conservadores no sentido mais restrito da

palavra, visto que ambos estariam se esforçando para restabelecer um estado de coisas que foi

perturbado pelo surgimento da vida. O surgimento da vida, então, a causa da continuação da vida e

também, ao mesmo tempo, do esforço do sentido da morte. E, a própria vida seria um conflito e

uma conciliação entre essas duas tendências. Assim, o problema da origem da vida permaneceria

cosmológico, e o problema do objetivo e propósito da vida seria respondido dualisticamente.

Percebemos que, para fins de descarga, o instinto de destruição é habitualmente colocado a serviço

de Eros. Visto que, suspeitamos que a difusão institual pronunciado de instinto de morte exigem

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considerações específicas entre os efeitos de algumas neuroses graves, tais como por exemplo:

neuroses obsessivas.

Então, diante destes aspectos, podemos fazer uma generalização de que a essência de uma

regressão da libido reside numa difusão de instintos. Sendo assim, é natural que voltemos a indagar

com interesse, se poderia haver vinculações instrutivas a serem traçadas entre, de um lado, as

estruturas que presumimos existir; o ego, o superego e o id, de outro, as duas classes de instintos

que poderiam demonstrar que o principio do prazer que domina os processos mentais tem alguma

relação constante tanto com as duas classes de instintos quanto com essas diferenciações que

traçamos na mente.

Parece existir um fato para a oposição entre as duas classes de instintos que podem encontrar

nas duas polaridades de amor e ódio como representante do Eros, mas há dificuldade em encontrar

um representante evasivo para o instinto de morte no instinto de destruição, o qual o ódio aponta o

caminho. Portanto, a partir das considerações teóricas acima, compreendemos que na velhice o

amor é regularmente acompanhado pelo ódio sendo este sentimento um precursor do amor. Mas,

também encontramos em algumas circunstancias, o ódio se transformando em amor e o amor em

ódio. Observamos este aspecto no momento em que os idosos são retirados de suas letargias para

uma prática de esporte em grupo, por uma consulta ao centro geriátrico, enfim, de sua rotina.Há

momentos que eles são violentos, brutos e mal educados e no mesmo instante passam a ser

educados e amáveis. É como se fosse um lampejo de transição do inconsciente e consciente diante

da realidade.

E a partir disso, podemos facilmente passar a presumir que essa libido deslocavel é empregada

a serviço do princípio do prazer, para neutralizar bloqueios e facilitar descargas. Com relação a isso,

podemos dizer então, que este processo faz parte de catexias no id e é encontrado nas catexias

eróticas, onde se manifesta uma indiferença peculiar com relação aos objetos, sendo especialmente

evidente nas transferências que surgem na análise dos indivíduos idosos.

Para a teoria da Psicanálise, o idoso não consegue se adaptar a diferentes objetos, se fixa

apenas em um objeto, se ele o perde, ocasiona angustia porque tem dificuldades em repor esses

objetos e também, não tem motivação. Aqui entendemos por angustia o disfarce do desejo porque

ele não consegue construir outro objeto de significação, isto é, o idoso para expressar a angustia se

utiliza das relações de prazer/desejo, repressão/recalque, desprazer visto que na relação destes

aspectos constituem o mundo e o sujeito.

Por fim, Freud em sua teoria diz que se o idoso não consegue construir um processo de

reconstrução de um objeto (de afeto) da libido rígido para outro, tem como causa a depressão em

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relação ao objeto angustiante, pois ele necessita permanecer seguro em relação aos seus objetos, não

deseja que seus objetos sejam flexionados. Desta forma, o idoso se relaciona nas pulsões que podem

alterar e substituir as outras pulsões de Eros e o instinto destrutivo, contraste em autopreservação e

a preservação, visto que a pulsão de morte tem uma repetição portadora de sentidos de destruição

dele mesmo.

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TRANSTORNOS EMOCIONAIS DO ENVELHECIMENTO

No relacionamento com sua historia o idoso pode atribuir novos significados a fatos antigos e

os tons mais maduros de sua afetividade passam a colorir a existência com novos matizes; alegres

ou tristes,culposas ou meritosas, frustrantes ou gratificantes, satisfatórias ou sofríveis.....Por tudo

isso a dinâmica psíquica do idoso é exuberante, rica e complicada.

Freud afirmava, com notável sabedoria, que os determinantes patogênicos envolvidos nos

transtornos mentais poderiam ser divididos em duas partes; aqueles que a pessoa traz consigo para a

vida e aqueles que a vida lhe traz.

Na senilidade isso fica mais evidente ainda, de um lado os fatores que o indivíduo traz consigo

em sua constituição e do outro, os fatores trazidos á ele pelo seu destino. O equilíbrio psíquico do

idoso depende, basicamente, de sua capacidade de adaptação à sua existência presente e passada e

das condições da realidade que o cercam.

As disposições pessoais são os elementos referidos por Freud ao se referir àquilo que o

individuo traz para a vida, ou seja, sua constituição. A casuística da prática clínica tem mostrado,

embora nunca de maneira absoluta, que os indivíduos portadores de dificuldades adaptativas em

idade pregressa envelhecem com maiores dificuldades.

Se os acontecimentos existenciais eram sentidos com alguma dificuldade ou sofrimento na

idade adulta ou jovem, quando a própria fisiologia era mais favorável e as condições de vida mais

satisfatórias e atraentes, no envelhecimento, então, quando as circunstancias concorrem

naturalmente para um decréscimo na qualidade geral de vida, a adaptação será muito mais

problemática. Portanto, está correto dizer que quanto melhor tenha sido a adaptação da pessoa a

vida em idades pregressas, melhor será sua adaptação no envelhecimento.

Mais comum na senilidade, entretanto é o agravamento e não a melhora das alterações

psíquicas anteriormente constatadas. No caso das neuroses do idoso, assim como nas demais idades,

o transtorno decorre do grande esforço interno em conseguir uma satisfação existencial e uma

adaptação à realidade. Dentre as funções psíquicas alteradas com e pelo envelhecimento, a

afetividade deve ser destacada. Para melhor entendimento, na abordagem das manifestações

neuróticas e distúrbios do humor, é bom relembrar a afetividade como sendo a capacidade de

experimentar sentimentos e emoções, como um estado de ânimo que proporciona a tonalidade do

relacionamento do individuo com o mundo e consigo próprio. Uma das alterações afetivas do

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envelhecimento é a incontinência emocional. Trata-se de uma forma de alteração da afetividade

peculiar na velhice que se caracteriza pela grande facilidade em produzir intensas reações afetivas e

uma subseqüente incapacidade para controla-las. Além dessa incontinência emocional podemos

encontrar também a labilidade afetiva, cuja característica é as mudanças rápidas das emoções. Tais

alterações podem ser conseqüentes não apenas ao psicodinamismo reestruturado dos idosos, mas

também, as alterações degenerativas do SNC, seja do ponto de vista tecidual, seja circulatório.

Será difícil envelhecer serenamente quando a vida pregressa foi ponteada pelos mais variados

traumatismos, frustrações e dissabores. As evidencias traumáticas pregressas são sempre máculas

indeléveis da existência e com esvaziamento progressivo da energia vital, se tornarão feridas

emocionais abertas. Diante de certas circunstancias de vida, cabe muito mais ao destino que ao

terapeuta proporcionar a cura ao prevenir doenças. Na velhice as ocorrências vivenciais sofríveis

serão as maiores determinantes do estado emocional.

A exaltação da juventude, com notável predomínio dos valores estéticos sobre tantos outros

valores, revela o velho como o grande vilão do mundo moderno e muitas vezes como um objeto de

repulsa e rejeição social. Na mídia, notadamente,em filmes de grande bilheteria e de aventura

contagiante, normalmente o herói não tem mais de 18 anos, os bandidos estão sempre na faixa dos

35 a 40 anos e os discretos velhinhos não passam de figuras que dão o toque de humor a cena de

tensão.

A sociedade moderna é exclusivamente alicerçada na produtividade, atual, no lucro imediato

e na utilidade da pessoa. Cada um de nós foi reduzido a uma mera função social, e dentro desta

conjuntura das funções sociais, não restou sequer um espaço social para o velho. Até palavras como

tradicional, conservador e ortodoxo, inexplicavelmente adquiriam teor pejorativo. É como se o novo

devesse ser obrigatoriamente bem e melhor. E é assim que o idoso, considerado como um peso

social, frustra-se com a subtração de seu espaço existencial, anteriormente vivido com plenitude e

sucesso. Experimente uma profunda reação de perda sem nada a substituir o objeto perdido; o seu

valor como pessoa. Desta forma, mesmo indivíduos relativamente equilibrados emocionalmente

durante a vida pregressa, com a velhice tendem a descompensar, por isso é necessário um

acompanhamento terapêutico para se trabalhar o lado emocional do idoso para que ele tenha uma

boa qualidade de vida.

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INTERVENÇÃO TERAPEUTICA NO PROCESSO DO

ENVELHECIMENTO.

É função do terapeuta restabelecer as perdas físicas, mentais e sociais que causam desajuste

no idoso. Na atuação com o idoso, o terapeuta age como um facilitador que capacita o mesmo a

fazer o melhor uso possível das capacidades remanescentes, a tomar suas próprias decisões e lhe

assegurar uma conscientização de alternativas realísticas.

Ao terapeuta cabe avaliar o impacto do envelhecimento, doença ou mudança social em todas

as atividades do idoso. Depois planejar um programa específico para modificar ou adaptar o

ambiente, o comportamento ou ambos.

A terapia utiliza instrumentos da avaliação funcional, das estruturas mentais, emocionais e

sociais e avalia principalmente o desempenho das atividades de vida diária, pois são os principais

indicadores da autonomia do idoso. A terapia também trabalha com o idoso no sentido de

reestruturar e redistribuir seu tempo, desempenhando um papel significativo na capacitação do

idoso para a reconstrução de seus padrões de atividades e de seus valores, desenvolvendo maneiras

pelas quais ele possa se adaptar e permanecer física, mental e socialmente independente o maior

tempo possível.

Os objetivos gereis da terapia para o idoso são:

- Integrar a pessoa em idade avançada a sua própria comunidade, tomando-a o mais

independente possível.

- Contribuir para o ajustamento psico-emocional do idoso e sua expressão social.

- Incentivar, encorajar e estimular o idoso a continuar fazendo planos, ter ambições e

aspirações.

- Enfatizar os aspectos preventivos do envelhecimento prematuro e de promoção de saúde.

- Reabilitação do idoso com a incapacidade física e mental.

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O PAPEL DA PSICOMOTRICIDADE NO PROCESSO DO

ENVELHECIMENTO.

A Psicomotricidade envolve toda a ação realizada pelo indivíduo, que represente suas

necessidade e permitem sua relação com os demais. É a integração psiquismo-motricidade.

Segundo Alves (2003),de uma maneira estática, a motricidade pode ser definida como resultado

da ação do sistema nervoso central sobre a musculatura como resposta à estimulação sensorial.

Enquanto que o psiquismo poderia ser considerado como o conjunto de sensações, percepções,

imagem, pensamentos e afeto. De acordo com Alves (2003), a função psicomotora, não pode ser

estudada senão como uma unidade onde se integram as incitações, a preparação, a organização

temporal, a memória, a motivação e a atenção.

A Psicomotricidade deve ser compreendida em sua integridade, partindo de fenômenos que

envolvam o desejar e o prazer.

De acordo com Ferreira (2000), a Psicomotriciade é uma nova abordagem do corpo humano. É

uma técnica em que se cruzam vários pontos de vista e que utiliza os conhecimentos de várias

ciências como a Biologia, a Psicologia, a Psicanálise a Sociologia e a Lingüística. Além disso ela é

uma terapia, pois se dispõe a desenvolver as faculdades expressivas do indivíduo.

A Psicomotricidade tem como preocupação à ação concomitante de sentir, agir e pensar. Ela

parte dos gestos corporais que são a manifestação da presença do homem no mundo.

Inicialmente, são três as suas áreas de atuação:

A) Educação: atua na formação do indivíduo, possibilitando o seu desenvolvimento global,

utilizando-se do corpo como meio de atingir os fins determinados pela escola. Destina-se

aos estabelecimentos de ensino nos seguimentos da educação infantil, ensino fundamental e

médio.

B) Reeducação: atua nas funções prejudicadas, utilizando-se do próprio corpo para a

reabilitação. Permite corrigir por meio de técnicas apropriadas aos diversos transtornos

detectados.

C) Terapia: atua nas emoções e na afetividade por meio de jogos corporais, tem como objetivo

auxiliar o indivíduo nas múltiplas ações de adaptação a vida corrente.

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O esquema corporal é o foco da atenção da Psicomotricidade. Ele é o resultado das

experiências do corpo desde o nascimento e elemento indispensável para a formação da

personalidade.

Enquanto o esquema corporal se dá de uma forma consciente, a imagem corporal é totalmente

inconsciente e será fruto do desenvolvimento das sensações e percepções relativas ao seu próprio

corpo integradas aos seus sentimentos. A imagem é a representação mental que cada um tem de si.

Cada movimento, cada contato, cada gesto por menor que seja ou até a ausência desses,

carrega uma emoção. O ato motor é desde o nascimento uma combinação de pensamento e

afetividade numa relação. As vivencias psicomotoras tem como objetivo maior levar a pessoa a

conhecer e a utilizar seu corpo percebendo o quanto ele está integrado e intimamente ligado ao seu

pensamento e as suas emoções.

Acredita-se que uma abordagem globalizada como é a da psicomotricidade pode atender

satisfatoriamente as necessidades do idoso. A manutenção das capacidades funcionais estão

intimamente ligada a manutenção da independência e da autonomia que interferem diretamente na

qualidade de vida de qualquer pessoa e em especial do idoso. Pode fazer tudo aquilo que deseja

dentro do seu contexto sócio-economico-cultural, dá pessoa idosa potencia e vitalidade além de tirar

um peso da sociedade.

A Psicomotricidade para o idoso, visa criar uma consciência de seu poder de sabedoria,

valorizar suas capacidades e dar realce as suas forças, incentivar o enfrentamento de certas

limitações físicas e perdas e estimular o autocuidado com o desenvolvimento de hábitos pessoais da

saúde. A pratica psicomotora coloca-o diante de um espaço de vida, de um espaço de atividade.

Essa intervenção certamente levará o idoso a questionar suas atitudes e conseqüentemente ter mais

possibilidades em adaptar-se as mudanças que o envelhecer acarreta (Ferreira,2000). O trabalho

pode ser realizado individualmente ou em grupo, sabendo-se que em grupo, cria um meio favorável

para a expansão, na qual as pessoas não só se identificam entre si, como também passam a se sentir

parte de um todo, o qual são aceitas, e estabelecem relações interpessoais a partir da convivência.

Segundo Ferreira (2000), os exercícios em psicomotricidade voltados para os idosos são

realizados de forma lenta, buscando-se levar a atenção para as sensações que os movimentos

despertam no corpo. Parte de movimentos bem simples que vão gradativamente ficando mais

complexos com a intenção de desenvolver e manter habilidades. O primeiro objetivo é a exploração

do corpo para levar a uma maior consciência e conseqüentemente aprimorar o uso desse corpo,

tanto no que diz respeito a sua funcionalidade como também a sua capacidade de expansão. Não há

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nenhuma contra-indicação, cada um faz aquilo que se sente capaz de fazer, sem esforço, sem dor e

sem sentir cansaço. O que importa é que se esteja presente em tudo o que é feito.

Dentre as principais atividades propostas, pode-se citar.

1- Movimentos centrados nas articulações que estimulam a propriocepção e aumentam a

flexibilidade de articular, principalmente a dos pés, da cintura escapular e da cintura

pélvica.

2- Exploração do eixo corporal possibilitando melhorar o equilíbrio e organização da postura.

3- Exercícios para a reeducação da respiração.

4- Relaxamento propiciando alívio das tensões físicas e mentais.

5- Jogos de memória, atenção e expressão corporal.

6- Educação em saúde do idoso.

As principais queixas dos idosos são dores provenientes de artrose, reumatismo, problemas de

coluna, nervosismo, insônia, solidão, tristeza, colesterol alto, diabetes etc.

Os benefícios gerados a partir da psicomotricidade com idosos, segundo Ferreira(2000), são

classificados em três categorias referentes aos aspectos bio-psico-social.

No aspecto biológico, inclui o corpo propriamente dito e sua mobilidade. Há uma melhora e

desaparecimento de dores que tinham antes da terapia psicomotora, seguido de aumento da

flexibilidade e sensação de leveza, diminuição do cansaço e quedas.

No aspecto psicológico abrange questões relativas ao humor. Há diminuição e ausência de

desanimo, seguindo de expressões de aumento de alegria, da calma e do prazer.

No aspecto social, inclui o fato dos idosos passarem a fazer parte de um grupo e a terem feito

mais amizades, seguido de estarem mais desinibidos e se sentirem mais seguros.

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CONCLUSÃO

A abordagem psicomotora é regida pelo principio de que toda atitude Tonica tem uma

ressonância ao nível afetivo e conjuntamente todo o estado emocional implica um comportamento

Tonico. A necessidade de se comunicar está ligada à emoção. A emoção é ligada ao tônus e a

sensibilidade profunda, que a mudança de um de seus componentes modifica e transforma o

conjunto de tal maneira que as reações se repercutem sobre o corpo.

Sabe-se que a população idosa, por todos os aspectos já descritos no decorrer deste trabalho,

sofre uma cristalização dos seus comportamentos tônicos, privando-se da possibilidade de perceber

o que há de mais simples, que é o prazer do movimento, o prazer que vem do corpo, ou seja, o

prazer de viver.

O objetivo deste trabalho é de saber de que maneira a psicomotricidade e a psicanálise

Freudiana como terapias, podem interferir positivamente no processo do envelhecimento,

promovendo, acima de tudo, o bem-estar da terceira idade, com o aumento da flexibilidade e leveza

que estão diretamente ligados a capacidade de execução, reafirmando que a manutenção da

funcionalidade que está ligada a manutenção da autonomia e da independência, segundo Ferreira

(2000), interferem na qualidade de vida de qualquer pessoa em especial na do idoso.

Assim, uma população idosa que sofre inúmeras perdas, a psicomotricidade junto com a

psicanálise Freudiana como terapias é um caminho que abre possibilidades de encontrar outras

formas de melhorar a qualidade de vida da terceira idade, proporcionando viver o envelhecimento

como um momento pleno da vida, de ação e não de limitação, de felicidade e não de tristeza.

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BIBLIOGRAFIA

ALVES, F. Psicomotricidade. Corpo, ação e emoção. Rio de janeiro. Editora Wak, 2003, 160p.

BONTEMPO, M. Medicina natural. São Paulo. Nova Cultural 1992, 584p.

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Janeiro. Lovise, 2000, 394p.

TAVARES, N, ct al.Manifestações da sexualidade nas diferentes fases da vida. São Paulo, Revista

Brasileira de sexualidade humana, v4, 1993, 47-59p.

FREUD, Segmund. Esboço da psicanálise. Trad. REGO, M apd Moraes, Imago, RJ,2001.

FREUD, Segmund. Obras completas. Vol I, trad. Directa del aleman por LOPEZ, Luiz-Ballesteros

y de Torres. Editorial Biblioteca Neuva, Madrid, 1967.