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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” A EXECUÇÃO DAS VERBAS TRABALHISTAS AUTOR TATIANA JAKUBOWICZ DE MIRANDA ORIENTADOR PROF. CARLOS AFONSO LEITE LEOCADIO RIO DE JANEIRO 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A EXECUÇÃO DAS VERBAS TRABALHISTAS

AUTOR

TATIANA JAKUBOWICZ DE MIRANDA

ORIENTADOR

PROF. CARLOS AFONSO LEITE LEOCADIO

RIO DE JANEIRO 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A EXECUÇÃO DAS VERBAS TRABALHISTAS Monografia apresentada à Universidade Candido Mendes – Instituto a Vez do Mestre, como requisito parcial para a conclusão do curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Direito do Trabalho e Processual do Trabalho. Por: Tatiana Jakubowicz de Miranda.

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Agradeço ao meu marido Ricardo pela ajuda em cuidar do nosso filho, criando maneiras de entretê-lo e assim permitindo que eu concluísse este trabalho.

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Dedico esta monografia a minha mãe que sempre acreditou em mim e ao filho Gabriel, razão da minha existência.

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RESUMO

A monografia trata dos problemas e possíveis soluções existentes no Processo do Trabalho, em especial na fase de execução. Ele se resume na sinterização do procedimento trabalhista, na aplicação das normas e princípios existentes, como a Consolidação das Leis Trabalhistas e Código de Processo Civil, além de outras leis como a de falência e de execução fiscal. O estudo aborda algumas conseqüências na demora da fase de conhecimento, a existência de fraude, bem como de sócios “laranjas”, e a falência ou recuperação judicial da empresa. Trás, ainda, alguns mecanismos existentes do processo trabalhista e que vem contribuindo para a satisfação do crédito trabalhista, como, por exemplo, os convênios Bacen Jud e Renajud. Aborda a simplicidade na aplicação da desconsideração da pessoa jurídica em relação ao processo civil, a possibilidade de execução de empresas do mesmo grupo econômico, o dispositivo legal que permite a liberação do depósito recursal no início da fase de execução e, por fim, trata da controvérsia acerca da aplicação do art. 475-J do Código de Processo Civil ao Processo do Trabalho. Concluindo, o estudo ressalta a importância da efetividade do provimento jurisdicional, com a célere satisfação do crédito, como objetivo maior do Processo Trabalhista.

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METODOLOGIA

O presente trabalho constitui-se em uma descrição sucinta do

procedimento de execução trabalhista, visando demonstrar as dificuldades

encontradas pelos operadores do direito na busca pela satisfação do crédito, bem

como os mecanismos hoje existentes e as alterações ocorridas na legislação civil

que aplicadas ao procedimento de execução trabalhista vem ajudando no

recebimento do crédito.

A partir dessa premissa, o estudo que ora se apresenta foi realizado

pelo método da pesquisa bibliográfica, em especial livros e artigos pesquisados

na internet, além de jurisprudência sobre os temas estudados.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................... 9

CAPÍTULO I

A EXECUÇÃO TRABALHISTA............................................................................ 11

1.1 – O procedimento de execução trabalhista................................................ 11

1.2 – A CLT e a aplicação subsidiária do CPC e da Lei 6.830/80.................... 13

CAPÍTULO II

AS DIFICULDADES ENCONTRADAS NA EXECUÇÃO DAS VERBAS

TRABALHISTAS.................................................................................................. 17

2.1 – A demora da fase de conhecimento e sua repercussão na execução..18

2.2 – Fraude à Execução e os sócios “laranjas”.............................................. 19

2.3 – Recuperação Judicial e falência da empresa executada...................... 21

CAPÍTULO III

MECANISMOS EXISTENTES PARA MAIOR EFETIVIDADE DA EXECUÇÃO

TRABALHISTA..................................................................................................... 26

3.1 – Penhora “on line”....................................................................................... 26

3.2 – Desconsideração da pessoa jurídica sem contraditório........................ 28

3.3 – Execução das empresas pertencentes ao mesmo grupo econômico que

não participaram da fase de conhecimento..................................................... 31

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3.4 – Liberação do depósito recursal................................................................ 32

3.5 – Aplicação do art. 475-J do CPC................................................................ 33

CONCLUSÃO...................................................................................................... 38

BIBLIOGRAFIA.................................................................................................... 40

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho é uma análise acerca da execução trabalhista,

seus problemas e possíveis soluções. Dentro deste contexto, a monografia

dedica-se, no primeiro capítulo, a trazer ao Leitor o procedimento existente na

Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) para execução das verbas laborativas,

bem como a aplicação das normas de Processo Civil e da Lei de Execuções

Fiscais (Lei 6.830/980) nesta fase do processo; dedica-se, também, a identificar

os problemas atinentes, em especial, a aplicação das regras do Código do

Processo Civil (CPC) que atualmente estão mais coadunadas com os princípios

constitucionais de celeridade e efetividade do provimento jurisdicional

No segundo capítulo, o estudo destina-se a relatar algumas das

dificuldades encontradas na execução para o recebimento do quantum debeatur.

No item um, tratamos o reflexo na demora da fase de conhecimento na execução,

trazendo alguns exemplos, tais como, a dificuldade de notificação em decorrência

da mudança de sede da empresa ou dissolução informal, a necessidade de

realização de perícia e a interposição de recurso pela parte sucumbente. No

segundo item, abordamos a fraude à execução e a existência de “laranjas” ou

seja, sócios sem respaldo patrimonial e que, em alguns casos, fazem parte da

empresa executada apenas juridicamente, mas não de fato. E por fim, no item

terceiro, fazemos uma análise da nova lei de falências, os artigos atinentes ao

processo do trabalho e sua repercussão nas fases de conhecimento e de

execução.

No capítulo terceiro, analisamos os mecanismos existentes atualmente

na justiça do trabalho que visam a efetividade da prestação jurisdicional, quais

sejam, a “penhora on line”, que permite ao magistrado bloquear das contas do

executado o valor devido na execução; a desconsideração da personalidade

jurídica que no direito do trabalho possui uma interpretação mais ampla e,

portanto, mais efetiva; a possibilidade de execução de empresas pertencentes ao

mesmo grupo econômico independentemente destas terem feito parte da fase de

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conhecimento; a previsão do art. 899, §1º, da CLT que permite a liberação

imediata do valor referente ao depósito recursal e as cautelas a serem tomadas

pelos magistrados na aplicação deste dispositivo e, por fim a aplicação do art.

475-J do CPC na execução das verbas trabalhistas, ponto este ainda

controvertido na doutrina e jurisprudência dos nossos tribunais.

Durante o estudo, procuramos nos basear em opiniões de renomados

juristas que atuam na área do Direito Processual do Trabalho, trazendo à

discussão as correntes doutrinárias existentes, bem como as fundamentações

dos mestres. Pesquisamos artigos existentes em portais da internet, tanto para

obtenção de conceitos jurídicos e não jurídicos, bem como para enriquecermos

nosso conhecimento acerca dos temas abordados. Buscamos também a

jurisprudência predominante dos tribunais que tratam dos temas estudados.

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CAPÍTULO I

A EXECUÇÃO TRABALHISTA

De todas as justiças existentes, a do Trabalho é a mais importante,

pois visa à satisfação das verbas de natureza alimentícia que não foram

recebidas pelo trabalhador durante a vigência do contrato de trabalho. O

trabalhador possui a sua força de trabalho, sendo esta o único bem de troca para

obtenção de uma vida digna e manutenção de sua pessoa e família. Partindo

desta premissa, quando o empregador deixa de efetuar o pagamento ao seu

empregado, obrigando-o a recorrer ao Judiciário para obtenção das verbas

resilitórias, ocorre a violação de sua dignidade humana.

Entretanto, o recebimento dessas verbas nem sempre está garantido,

pois o sucesso da efetividade processual é diretamente proporcional às

possibilidades do devedor responder, com seu patrimônio, pela dívida. Para

aqueles que operam o direito, a conciliação realizada em audiência, muitas vezes,

parece a melhor solução, pois, a princípio, representa o recebimento imediato das

verbas, mesmo que tenha ocorrido concessões recíprocas. Mas os acordos ainda

são minoria na Justiça do Trabalho, pois algumas feridas abertas durante as

relações entre empregado e empregador impossibilitam a conciliação.

Durante a demanda judicial ocorrem inúmeros obstáculos que serão

expostos neste trabalho. Vale ressaltar que, não se pretende ser exaustivo, pois a

cada dia surge uma nova maneira de procrastinar o feito, bem como um novo

instrumento que possibilita a execução do demandado. Busca-se apenas o

conhecimento e reflexão acerca do tema.

1.1 – O procedimento de execução trabalhista

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Após, um longo e demorado processo de conhecimento, finalmente

ocorre o trânsito em julgado da sentença de mérito. O demandante já sabe quais

as verbas trabalhistas a que tem direito; basta apenas liquidá-las, ou seja,

transformá-las em valores. A liquidação poderá ser feita por cálculos, arbitramento

ou artigos (art. 879 da CLT).

Far-se-á liquidação por cálculo quando o montante da condenação

depender de simples cálculo aritmético. Neste caso a sentença abriga em seu

interior todos os elementos necessários à fixação do quantum debeatur,

destinando esta fase em virtude disso, apenas a revelar a exata expressão

pecuniária desses elementos.

A liquidação por arbitramento ocorrerá quando a apuração não

depende de simples cálculos, nem de prova de fatos novos, mas seja necessário

o “juízo ou parecer de profissionais ou técnicos”, nos casos mais comuns através

de perícia. A jurisprudência tem se firmado no sentido de que a liquidação por

arbitramento só se justifica quando impossível fazê-la por artigos, forma em que

podem ser utilizados todos os meios de prova em direito admitidos.

Já a liquidação da sentença trabalhista por artigos é utilizada quando

houver necessidade de se provar fato novo (art. 608 do CPC). Não é qualquer

fato, mas aquele que influencia a fixação do valor da condenação ou a

individuação do seu objeto. Tal procedimento não está expressamente indicado

na CLT.

Homologado o valor devido, por sentença, o Juiz mandará citar o

devedor, expedindo o mandado. Se o executado não quiser pagar a importância

exigida, poderá garantir a execução, mediante o depósito da mesma, nos termos

do art. 882 da CLT, nomeando bens à penhora, no prazo de 48 horas da citação,

observada a ordem de preferência estabelecida no art. 655 do CPC.

Não pagando o executado, nem garantindo a execução, seguir-se-á a

penhora dos bens, tantos quantos bastem ao pagamento da importância da

condenação, acrescida das custas, juros de mora, etc.

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Este é o procedimento previsto na CLT para a execução das verbas

trabalhistas. No entanto, até que o exequente consiga satisfazer o crédito, serão

muitos os obstáculos encontrados pelo caminho, como verificaremos neste

estudo.

1.2 – A CLT e a aplicação subsidiária do CPC e da Lei 6.830/80

A CLT quando foi criada, em 1943, implantou um sistema processual

simples, rápido e de baixo custo, considerando a natureza alimentícia das verbas

trabalhistas. A fim de se evitar a migração indiscriminada das regras do processo

civil que poderiam comprometer as características do procedimento trabalhista,

foram criadas “cláusulas de contenção” (art. 769 e 889 da CLT), prevendo a

aplicação subsidiária das normas do CPC no processo trabalhista e da Lei

6.830/1980 na execução, em duas situações: existência de lacuna no sistema

processual trabalhista e compatibilidade da norma a ser transplantada com os

seus princípios peculiares. Na época, a norma de processo civil possuía

mecanismos que favoreciam a morosidade do processo, pois visava mais às

tutelas protetivas do patrimônio do devedor do que as dos direitos sociais.

A partir de 1973, o direito processual civil passou por inúmeras

reformas em seus dispositivos, como, por exemplo, a adoção do processo

sincrético, este já existente do processo trabalhista. Com a Emenda

Constitucional 45/2004, que instituiu uma nova garantia fundamental, qual seja, o

principio da duração razoável do processo com os meios que garantam a

celeridade de sua tramitação (art. 5º, LXXVIII, da Constituição Federal), bem

como com a promulgação da Lei 11.232, de 22/12/2005, que estabelece a fase de

cumprimento das sentenças no processo de conhecimento e revoga dispositivos

relativos à execução fundada em título judicial, a realidade atinente ao processo

civil e trabalhista se inverteu. Hoje o processo civil possui regras que implicam na

melhoria da efetividade da prestação jurisdicional, como a aplicação de multa de

10% sobre o montante da condenação caso o executado não pague o valor

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devido em 15 dias e a intimação do executado na pessoa do advogado do auto de

penhora e avaliação (arts. 475-J e § 1º do CPC).

A aplicação imediata das novas normas do processo civil ao

trabalhista, em especial à execução, objeto do nosso estudo, no entanto, não é

pacífica. Primeiramente, porque o art. 889 da CLT estabelece a aplicação

subsidiária da Lei 6.830/80 na execução e não do CPC. Em segundo lugar, e o

que vem gerando maiores controvérsias, como a norma laboral só permite a

aplicação do CPC em caso de lacuna e como estas não existem, não caberia a

aplicação subsidiária das normas do CPC na execução.

São três as espécies de lacunas existentes: a) normativa, quando não

há regulamentação da lei sobre determinado caso; b) ontológica, quando há

norma, mas ela não está compatível com os fatos sociais, estando, portanto,

desatualizada; e c) axiológica, quando existe a norma, mas sua aplicação leva a

uma solução incompatível com os valores de justiça e equidade exigíveis para a

eficácia da norma.

Com base nesta classificação, surgiram duas correntes acerca da

aplicabilidade do CPC ao Processo do Trabalho:

A primeira, titulada restritiva, permite a aplicação subsidiária das

normas do processo civil na execução quando houver omissão, tanto na CLT,

como na Lei 6.830/80. Sustenta que deve haver lacuna normativa,

fundamentando-se nos princípio do devido processo legal e da segurança jurídica.

São seguidores dessa corrente os doutrinadores Manoel Antônio Teixeira Filho e

Pedro Paulo Teixeira Manus, cujo pensamento foi transcrito a seguir:

“O art. 769 da CLT dispõe que ‘nos casos omissos o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título’. Referida regra tem aplicação somente na fase de conhecimento ao colocar o CPC como fonte subsidiária primeira do processo do trabalho. Já na fase de execução no processo do trabalho, a regra de aplicação da lei subsidiária é aquela prescrita no art. 889 da CLT que afirma que ‘aos tramites e incidentes do processo da execução são aplicáveis, naquilo em que não contravierem ao presente Título, os preceitos que regem o

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processo dos executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida da fazenda pública federal’. Deste modo, como sabemos, a lei estabelece a regra especifica a se aplicar tanto na fase de conhecimento quanto na execução. E há em comum na aplicação de ambas as leis o requisito da omissão pela CLT, o que desde logo exclui aplicação de norma subsidiária quando aquela disciplinar a matéria. A regra estabelecida em ambos os artigos acima transcritos configura principio típico do processo do trabalho, que garante o respeito ao devido processo legal, medida em que o jurisdicionado tem a segurança de que não será surpreendido pela aplicação de norma diversa sempre que houver a solução do texto consolidado. É sob esta ótica que devemos examinar, a nosso ver, as modificações que se processam no Código de Processo Civil e a possibilidade de sua aplicação ao processo do trabalho.” (Manus apud Schiavi, 2008, p.38)

A segunda corrente, denominada evolutiva, ou sistemática e ampliativa

é favorável a aplicabilidade do CPC no Processo do Trabalho, com base na

efetividade processual e na melhoria da prestação jurisdicional trabalhista. Para

os defensores desta corrente, as normas do processo civil devem ser aplicadas

quando existirem lacunas normativas, ontológicas e axiológicas na legislação

processual do trabalho. Este é o entendimento dos doutrinadores Jorge Luiz

Souto Maior, Carlos Henrique Bezerra Leite e Mauro Schiavi. Para Schiavi:

“Diante dos princípios constitucionais que norteiam o processo e também da força normativa dos princípios constitucionais, não é possível uma interpretação isolada da CLT, vale dizer: divorciada dos princípios constitucionais do processo, máxime o do acesso efetivo e real à justiça do trabalho, duração razoável do processo, acesso à ordem jurídica justa, para garantia, acima de tudo, da dignidade da pessoa humana do trabalhador e melhoria da sua condição social” (Schiavi, 2008, p. 41).

No que tange ao devido processo legal e à segurança jurídica,

argumenta, ainda, Schiavi que não haveria desconsideração dos mesmos, pois “o

juiz do trabalho, aplicando o CPC, não está criando regras, está apenas aplicando

uma regra processual legislada mais efetiva que a CLT e é sabido que a lei é de

conhecimento geral”. E finaliza, “se há regras expressas processuais no CPC que

são compatíveis com os princípios do processo do trabalho, pensamos não haver

bipolação do devido processo legal.”(op. cit., p. 42).

Neste sentido é o Enunciado nº 66, da 1ª Jornada de Direito Material e

Processual do Trabalho do Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:

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Aplicação Subsidiária das Normas do processo Comum ao Processo Trabalhista. Omissões Ontológica e Axiológica. Admissibilidade. Diante do atual estágio de desenvolvimento do processo comum e da necessidade de se conferir aplicabilidade para garantia constitucional da duração razoável do processo, os arts. 769 e 889 da CLT comportam interpretação conforme à Constituição Federal, permitindo a aplicação de normas processuais mais adequadas à efetivação do direito. Aplicação dos princípios da instrumentalidade, efetividade e não retrocesso social.

Diante dos argumentos trazidos, verifica-se que a segunda corrente é a

que melhor garante a efetividade do provimento jurisdicional. Se entendermos que

cabe aos operadores do direito buscarem a melhor aplicação das normas

jurídicas dentro de todo o seu universo, não há porque deixar de aplicar os

dispositivos do CPC que visam a celeridade processual, hoje princípio

fundamental da nossa Constituição Federal.

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CAPÍTULO II

AS DIFICULDADES ENCONTRADAS NA EXECUÇÃO DAS

VERBAS TRABALHISTAS

O recebimento das verbas trabalhistas através do Poder Judiciário está

cada vez mais difícil. Seja pela morosidade do sistema, seja pela capacidade, em

especial do reclamado, em procrastinar o feito. Algumas vezes, a demora ocorre

sem culpa das partes, como quando há dificuldade em localizar o réu ou quando

sucede a falência da empresa por questões econômicas que vão além da vontade

do empresário. Outras vezes, há dolo por parte do ex-empregador em não pagar

o trabalhador, cabendo a este muitas vezes a função de investigador, na procura

do devedor inadimplente.

Neste capítulo analisamos algumas barreiras encontradas pelo

exeqüente na busca pelo recebimento da verba trabalhista, a fundamentação

jurídica para cada caso, bem como o entendimento da jurisprudência acerca do

tema.

Antes, porém, vale a pena transcrevermos a lúcido o pensamento do

doutrinador Leonel Maschietto:

“Infelizmente o processo de execução na Justiça do Trabalho encontra-se doente e carecedor de remédios reestruturadores. É inadmissível nos depararmos com um número sem fim de processos com trânsito em julgado, mas com evidente ineficácia na efetividade da prestação jurisdicional, já que receber o que se ganhou parece muitas vezes ser algo no campo da utopia jurídica. E não se fale que o grande motivo ensejador deste resultado é a atual conjuntura econômica e política que afeta sobremaneira as empresas. O grande problema é efetivamente a morosidade das demandas, traduzida pela desnecessária e complexa gama de ato inibidores da efetividade da tutela jurisdicional. Daí quando se vai efetivamente contra o devedor, o mesmo já se evaporou”. Maschietto apud Schiavi, 2008, p. 85)

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2.1 – A demora da fase de conhecimento e sua repercussão na execução

O processo trabalhista quando foi regulamentado tinha por objetivos a

celeridade, a simplicidade e a efetividade. Isto se observa, por exemplo, na

preferência por audiência una e contínua (art. 849, da CLT); na limitação no

número de testemunhas a serem ouvidas em audiência (três para cada parte no

procedimento ordinário - art. 821 da CLT, e duas no procedimento sumaríssimo –

art. 852-H, §1º, da CLT); no predomínio da palavra oral nos atos processuais

(arts. 840, 841, 846, 847, 848 e 850, da CLT), na obrigatoriedade em se buscar a

conciliação entre as partes (art. 764, da CLT), na irrecorribilidade das decisões

interlocutórias (art. 893, §1º, da CLT).

Todavia, nem sempre é possível garantir tais objetivos. Já no início da

demanda, quando da notificação da reclamada, pode acontecer desta não ser

localizada no endereço da relação de trabalho, ou porque mudou sua sede social

ou porque ocorreu a dissolução informal da empresa por impossibilidade de

prosseguimento da atividade empresarial. Se a empresa possuía CNPJ (Cadastro

Nacional de Pessoa Jurídica) e era este de conhecimento do empregado, existe a

alternativa de se proceder pesquisa junto à Receita Federal para conhecimento

do endereço da nova sede (caso a empresa tenha informado ao órgão federal!).

Aqui no Rio de Janeiro, existe o convênio estabelecido entre o TRT da 1ª Região

e a Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro – Jucerja, que permite a

pesquisa via internet dos registros efetuados pelas empresas junto àquele órgão.

Basta o conhecimento da razão social da empresa para se ter acesso aos

arquivamentos existentes, tais como contrato social e endereço de sócios. No

entanto, nem todas as empresas estão legalizadas, o que dificulta muito sua

localização. O que se verifica muito são empresas de fato, e não de direito.

Empresas que não possuem capital para se regularizar, mas estão em

funcionamento. Assim, no momento em que essas empresas se dissolvem

informalmente acaba sendo impossível localizá-las ou qualquer dos seus sócios.

Há casos muito comuns na Justiça do Trabalho de ações que têm

como reclamadas empresas de segurança ou de limpeza e conservação, que não

são localizadas, pois foram fechadas informalmente e, após reabertas pelos

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mesmos sócios, com novas razões sociais. Depois de esgotados todos os meios

para citação da ré, a ação corre a revelia desta, obtendo o reclamante um

provimento positivo, mas que culminará numa execução sem bens ou ativos a

serem penhorados. É a infeliz realidade de quem “ganhou, mas não levou”.

Algumas ações trabalhistas necessitam da realização de perícia, o que

prolonga ainda mais a fase de conhecimento por, pelo menos, mais um ou dois

anos. Se a perícia for requerida pelo reclamante e este não tiver condições

financeiras para pagar os honorários do perito, o juiz acaba se vendo obrigado a

suspender a ação e aguardar a regulamentação pelo Tribunal do Trabalho de

norma que permitirá, em casos de gratuidade de justiça, que a perícia seja

custeada pelo próprio Tribunal. Esta é a situação existente atualmente no TRT da

1ª Região.

Por fim, ainda há a possibilidade de interposição de recurso ordinário,

bem como de agravo de instrumento, caso o recurso não venha a ser recebido

pelo Juízo a quo. Nestes casos, embora o recurso somente seja recebido com

efeito devolutivo, a maioria dos juízes, por cautela, não iniciam a execução

provisória, postergando o trânsito em julgado da ação por mais alguns meses.

Estes são alguns casos nos quais os operadores do direito se deparam

no dia a dia forense e que demonstram as dificuldades existentes para se finalizar

a fase de conhecimento da ação trabalhista.

2.2 – Fraude à execução e os sócios “laranjas”

Outra dificuldade encontrada na fase de execução é a ocorrência de

fraude à execução, que se encontra disciplinada no art. 593 do CPC:

Art. 593 – Considera-se em fraude de execução a alienação ou oneração de bens: II – quando, ao tempo da alienação ou oneração corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo à insolvência.

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Percebe-se, assim, que a ofensa na fraude à execução é a ordem

pública, pois há demanda em curso, e seu reconhecimento independentemente

da ocorrência de sentença com trânsito em julgado. Tanto é assim que a fraude à

execução pode ser reconhecida de ofício pelo Juiz, e independe do terceiro

adquirente do bem estar de boa ou má-fé. Como bem ressaltado pelo doutrinador

Silvio de Salvio Venosa “na fraude à execução, o elemento má-fé é indiferente,

tanto do devedor como do adquirente a qualquer titulo, pois é presumido. Nesta

hipótese existe mera declaração de ineficácia dos atos fraudulentos”.(Venosa,

2002, p. 482)

A jurisprudência civil majoritária entende que a fraude à execução

ocorre a partir da citação válida do demandado. No processo trabalhista tal

entendimento não se aplica, pois não há o despacho de recebimento da inicial,

uma vez que a notificação inicial é ato do Diretor de Secretaria (art. 84 da CLT).

Desta forma, basta a propositura da ação trabalhista para permitir o

reconhecimento pelo juiz, a qualquer tempo e independentemente de

pronunciamento das partes, da fraude à execução. Esse entendimento favorece

ao reclamante na fase de execução, pois, uma vez demonstrada pelo autor a

ocorrência da fraude, evita-se a busca desnecessárias de bens do executado,

podendo a execução ser direcionada ao bem alienado em fraude. É interessante

frisar que o reconhecimento da fraude à execução pode ser feito inclusive em

sede de embargos de terceiro.

Uma questão relevante diz respeito aos sócios da empresa-ré. Em

nossa pesquisa verificamos que, em relação a eles, é necessária a citação válida.

Assim, cabe ao Juízo citá-los para pagar ou indicar bens livres e desembaraçados

da empresa, sob pena da execução recair sobre seus bens particulares. Se os

sócios mantiverem-se inertes, passam a responder também pela execução de

maneira que, a partir deste momento, qualquer alienação ou oneração de seus

bens que os levem a insolvência caracterizará a fraude à execução.

Existem doutrinadores, como Mauro Schiavi que defendem, com base

no princípio da boa-fé e da dignidade da pessoa humana do comprador, que a

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boa-fé do comprador do imóvel deve ser relevada quando este tomou todas as

cautelas exigíveis para realizar a compra do imóvel e nada constava em face do

vendedor. (op. cit. p. 196). No entanto, este entendimento por mais nobre que

seja, é minoritário.

Atualmente, uma figura que vem se observando muito na justiça

trabalhista é a do “laranja”. Segundo Luciano Athayde Chaves em seu artigo

“Brasil, o país dos laranjas?”:

“Laranja' quer significar alguém que é usado para figurar em empresas, contas bancárias, operações comerciais, industriais ou financeiras, bem assim como titular de direito ou de propriedade, com o intuito único de ocultar os verdadeiros gestores dos negócios, que, por razões das mais diversas, não podem ou não querem aparecer.

Nessa modalidade do ser social, o 'laranja', encontramos pelo menos dois tipos: o que sabe que seu nome está sendo usado para tais fins e aquele que sequer tem notícia que é sócio-gerente de uma importante rede comercial desta ou daquela cidade, por exemplo.

É dizer, há os 'laranjas' que sabem das operações e outras pessoas que delas participam porque tiveram a má sorte de um dia disponibilizarem seus documentos pessoais, que foram, então, utilizados sem seu conhecimento para montagem das fraudes.”

Para aqueles que militam na Justiça trabalhista é comum, quando da

execução dos sócios, se verificar que o sócio majoritário desapareceu e o

minoritário era apenas um empregado ou uma pessoa que não tinha

conhecimento da existência da firma. Este minoritário que fora o único localizado

no curso da ação, muitas das vezes não possui bens ou conta em banco (ou se a

possui é conta-salário, que é impenhorável – art. 649, IV do CPC), o que

impossibilita ao exeqüente receber o seu crédito. É uma triste realidade!

2.3 - Recuperação Judicial e falência da empresa executada

Infelizmente manter uma empresa “saudável”, que honre com todas as

suas contas, é uma tarefa árdua ao empresariado brasileiro. Seja pela enorme

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quantidade de impostos, ou pelo pagamento de salários e contribuições de seus

empregados, ou pela publicidade para divulgação do produto, ou pela segurança

da empresa; enfim, são inúmeras as responsabilidades do empresário e

considerando-se que o país ainda é instável economicamente, muitas empresas

acabam fechando suas portas antes mesmo do primeiro ano de funcionamento.

Devido aos elevados custos para regularizar o fechamento da empresa

junto aos órgãos públicos, esta simplesmente deixa de funcionar, demitindo seus

funcionários, sem pagar-lhes as verbas devidas, levando-os ao Judiciário para

buscar seus direitos.

Outras empresas acreditando em sua recuperação ou mesmo cientes

da impossibilidade desta, se submetem à recuperação extrajudicial, judicial e a

falência, institutos previstos na Lei nº 11.101/2005.

Ocorre a recuperação extrajudicial quando a empresa devedora tenta

resolver seus problemas com seus credores sem que haja a intervenção judicial.

Neste caso, os créditos de natureza trabalhista e os derivados de acidente de

trabalho não estão obrigados a participar do processo de recuperação

extrajudicial. Assim, a ação trabalhista, mesmo que na fase de execução,

prossegue normalmente, buscando-se bens da executada que cubram a dívida.

Na recuperação judicial, o devedor, visando a continuidade dos

negócios, a manutenção dos empregos e o pagamento dos seus créditos,

apresenta um plano de recuperação no Judiciário e tenta negociá-lo com seus

credores. Uma vez deferida a recuperação judicial, as ações e execuções contra

o devedor ficam suspensas por 180 dias, prazo este chamado de “período de

observação”. Decorrido este prazo, o processo prossegue normalmente.

Importante ressaltar que na recuperação judicial os débitos de natureza

estritamente salarial, vencidos nos três meses anteriores ao pedido de

recuperação devem ser pagos no prazo de 30 dias até o limite de 5 salários

mínimos por trabalhador.

Já a falência pode ser requerida pelo próprio devedor, pelo credor ou

pode decorrer de decisão que julgue improcedente o pedido de recuperação

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judicial ou pela não aprovação do plano de recuperação judicial ou, ainda, pela

conversão do mesmo em falência. Para que seja permitido o pedido de falência é

necessário um crédito de, no mínimo, 40 salários mínimos.

Feita uma breve análise dos institutos, percebe-se algumas

dificuldades encontradas pelo demandante no curso da ação trabalhista. Não há

dúvida de que, durante a fase de conhecimento, o administrador judicial deverá

ser intimado de todos os atos processuais, bem como, que cabe a este, no curso

da recuperação judicial ou da falência, informar ao Juízo trabalhista da atual

condição da empresa-ré. Porém, o problema maior surge mesmo na fase de

execução.

A jurisprudência do Egrégio Tribunal Superior do Trabalho (TST) vem

se posicionando no sentido de que, caso sobrevenha a falência do devedor no

curso da execução, os créditos trabalhistas serão atraídos automaticamente pelo

Juízo universal da falência (RR - 84640-19.2000.5.17.0007 Data de Julgamento:

07/10/2009, Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos, 7ª Turma, Data

de Divulgação: DEJT 23/10/2009, AIRR - 185940-28.1997.5.02.0013 Relator

Ministro: Pedro Paulo Manus , Data de Publicação: DEJT 30/11/2009, AIRR -

165540-14.1994.5.17.0002 Relator Ministro: Márcio Eurico Vitral Amaro , Data de

Publicação: DEJT 06/10/2009 e AIRR - 220840-61.2003.5.05.0007 Data de

Julgamento: 17/06/2009, Relator Ministro: Antônio José de Barros Levenhagen, 4ª

Turma, Data de Divulgação: DEJT 07/08/2009). Neste caso, caberia apenas ao

Juízo Trabalhista expedir certidão de habilitação no crédito trabalhista, caso este

já tenha sido liquidado. No entanto, se o processo ainda estiver na fase de

conhecimento, seria prudente ao Juízo trabalhista oficiar ao Juízo Falimentar

informando a existência da ação trabalhista e solicitando a reserva de crédito.

A nova lei de falência prevê, em seu art. 83, que os créditos

trabalhistas são preferenciais até o limite de 150 salários-mínimos por credor,

sendo o saldo restante considerado crédito quirografário. A idéia do legislador foi

permitir que o maior número possível de credores recebesse seu crédito. Tal

entendimento está de acordo com o princípio da proporcionalidade e da

razoabilidade, pois permite uma divisão mais justa dos bens do falido. No entanto,

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dependendo do montante do débito, pode ocorrer do trabalhador receber apenas

parte do seu crédito.

Um caso muito freqüente nos Juízos trabalhista é quando há

condenação subsidiária de outra empresa, como, por exemplo, uma empresa

fornecedora de mão de obra e a tomadora, muitas vezes empresa estável no

mercado. Nestes casos, a execução poderá prosseguir em face da outra

reclamada. Com base no art. 878 da CLT, pode o Juízo ex officio determinar o

prosseguimento da execução em fase da segunda executada, sob o fundamento

de inexistência de bens livres e desembaraçados da primeira executada.

Há quem entenda a possibilidade de prosseguimento da execução em

face dos sócios, mesmo que decretada a falência da empresa executada. No

entanto, a jurisprudência dominante tem permitido a desconsideração da

personalidade jurídica apenas se constatada a fraude com o objetivo de isentar os

sócios das obrigações trabalhistas da executada, como se verifica na emenda, in

verbis:

“Massa Falida – Prosseguimento execução contra sócios – No caso de execução oriunda de decisão trabalhista em que seja devedora massa falida, a Justiça do Trabalho é competente apenas para expedir certidão de habilitação do crédito, deslocando-se a partir de então, a execução para o Juízo Universal da Falência, estando sujeita às disposições previstas na Lei nº 11.101/2005. Aplica-se a teoria da despersonalização, somente no caso de inexistência de bens da pessoa jurídica devedora, o que é relegado com a decretação da falência. A despersonificação, neste momento, seria possível apenas mediante constatação de fraude que tivesse como objetivo isentar os sócios das obrigações trabalhistas contraídas pela executada.” (TRT 2ª Região – AP 00245.20035.034.02.00, ac. 3ªT, Rel. Juiz Decio Sebastião Daidone, DOESP, PJ TRT 21B 01.08.2006.)

A nova lei de falências trouxe uma inovação no que tange a alienação

de bens na falência. De acordo com o art. 141, II, da Lei 11.101/2005:

“Art. 141 – (...) II - o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes de acidente de trabalho.”

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Surgiu, assim, o instituto da cessão da empresa, que tem por objetivo

preservar a empresa, mantendo a continuidade dos negócios. No entanto, tal

instituto vem sendo confrontado pelos doutrinadores pátrios com os arts. 10 e 448

da CLT, uma vez que tais dispositivos da norma trabalhista não excluem a

sucessão de empresas quando esta estiver em estado falimentar. Surgiu, assim,

uma controvérsia na doutrina acerca do tema.

Para Jorge Luiz Souto Maior, que é favorável a aplicação das normas

trabalhistas:

“Pretendeu a lei em questão, como é fácil verificar, privilegiar a atividade econômica, imaginando que limpar os bens de uma eventual dívida trabalhista é o quanto basta para recuperar a empresa. O proposto do legislador é imediatista e apenas favorece, individualmente, o descumpridor da legislação trabalhista. Não tem, por obvio, nenhuma repercussão real no mercado econômico, pois este não vive apenas de bens livres e desembaraçados (...)”.(Maior, 2008, p. 142-143)

Em sentido contrário, entende Mauro Schiavi:

“Não obstante, o referido disposto estar em confronto com os arts. 10 e 448 da CLT, pensamos que a situação do comprador de bens da massa falida está em situação especial, o que justifica a ausência de sucessão. Além disso, o objeto da lei é propiciar que a empresa falida volte a funcionar, mantendo os empregos existentes e gerando outros. Dificilmente alguém irá arrematar ou adquirir bens da massa falida se houver a sucessão para fins trabalhistas. A Lei 11.101/2005, por ser norma especial e específica, prevalece sobre a regra geral dos arts. 10 e 448 da CLT. Além disso, há inegável interesse social na não configuração da sucessão trabalhista na falência, como forma de impulsionar a efetividade do processo falimentar e a garantia do recebimento dos créditos dos credores do falido.”(Schiavi, 2008, p. 307)

Este é o entendimento que vem predominando entre os doutrinadores

e nos parece o mais acertado, pois tende a dois objetivos, quais sejam: o

recebimento das verbas trabalhistas através da quantia recebida pela venda da

empresa em leilão e a preservação da entidade empresarial, mantendo-se os

empregados já existentes. Além disso, demonstra uma tendência do legislador em

dar prevalência ao interesse coletivo sobre o individual.

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CAPÍTULO III

MECANISMOS EXISTENTES PARA MAIOR EFETIVIDADE DA

EXECUÇÃO TRABALHISTA

Demonstradas as dificuldades encontradas no processo trabalhista, em

especial na fase de execução, apresentamos neste momento do nosso estudo

alguns mecanismos utilizados pelos Juízes na busca por bens que satisfaçam o

crédito, bem como as normas jurídicas, algumas com inovações, que vem

possibilitando uma maior efetividade do provimento jurisdicional.

3.1 – Penhora “on line”

Sem dúvida, a melhor solução encontrada, a fim de garantir o

recebimento, pelo empregado, das verbas trabalhistas foi a celebração do

convênio Bacen Jud entre o TST e o Banco Central. Através deste convênio são

expedidos pelo Magistrado ofícios eletrônicos contendo solicitações de

informações sobre a existência de contas correntes e aplicações financeiras, de

bloqueios e desbloqueios de contas envolvendo pessoas físicas e jurídicas

clientes do Sistema Financeiro Nacional. Uma vez obtida a resposta das

instituições financeiras, caberá ao Magistrado emitir ordem judicial de

transferência do valor da condenação para conta do Juízo, bem como

desbloquear saldo remanescente.

A nomenclatura penhora “on line” não é a mais técnica, pois se trata

apenas de uma ordem judicial de bloqueio de dinheiro depositado ou aplicado, e

que não é permitido ao seu titular acessá-lo. No entanto, por ser a mais conhecida

e usual, preferimos utilizá-la em nosso estudo.

Diante de o caráter alimentar do crédito trabalhista, bem como do

princípio da efetividade do processo, pode o Juiz de ofício (art. 878 da CLT), a

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requerimento da parte autora ou mesmo havendo indicação pelo executado de

bens à penhora, determinar que seja efetivada, primeiramente, a penhora “on line”

das contas do réu. Tal procedimento é legal, em decorrência do previsto no art.

655 do CPC, que dispõe:

Art. 655 – A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem: I – dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira.

Além disso, a Lei 11.382/2006 acrescentou ao CPC o art. 655-A,

normatizando o procedimento que já vinha sendo adotado pela Justiça do

Trabalho desde 2002, in verbis:

Art. 655-A – Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exeqüente, requisitará á autoridade supervisora do sistema bancário, preferencialmente por meio eletrônico, informações sobre a existência de ativos em nome do executado, podendo no mesmo ato determinar sua indisponibilidade, até o valor indicado na execução.

A realização da penhora “on line” tem por objetivo maior reduzir o

tempo da execução, pois evita atos lentos e onerosos, como, por exemplo,

cumprimento de mandado de penhora e avaliação de bens, expedição de ofícios

à órgãos públicos e privados, nomeação de leiloeiro e realização de hastas

públicas, etc.

É importante ressaltar, que o convênio Bacen Jud permite ao

magistrado obter também endereços de empresas e seus sócios, possibilitando,

assim, a realização de outros atos de constrições no curso do processo

trabalhista.

Seguindo a mesma linha do Bacen Jud, outros convênios foram

celebrados. Em 26/06/2007, foi firmado entre o Conselho Nacional de Justiça

(CNJ) e a Secretaria da Receita Federal do Brasil, u convênio para fornecimento

de informações cadastrais e econômico-fiscais das bases de dados da Receita

Federal do Brasil (RFB), em atendimento às requisições judiciais oriundas de

órgãos do Poder Judiciário, por meio do sistema INFOJUD - Informações ao

Poder Judiciário no Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte - e-CAC da

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RFB. E, mais recentemente, em 26/08/2008, o convênio RENAJUD – Sistema de

Restrições Judiciais Online, que consiste no envio de ordens judiciais para o

Ministério das Cidades, determinando a restrição e o bloqueio de registro de

veículos cadastrados no Registro Nacional de Veículos Automotores –

RENAVAM, visando o acesso às determinações e respostas judiciais por meio

eletrônico. Desta forma, pode o Magistrado enviar ordens judiciais eletrônicas

para consulta e restrição de alienação e transferência de veículos cadastrados, de

titularidade de devedores em execução judicial. Estas são as mais novas

ferramentas disponíveis para dar agilidade às decisões dos juízes.

3.2 – Desconsideração da pessoa jurídica sem contraditório

Em regra, os bens dos sócios não podem ser objeto de penhora por

dívida da sociedade (art. 596 do CPC), salvo nos casos previstos em lei, quais

sejam: abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato/ato ilícito ou

violação dos estatutos ou contrato social e má administração. Tais requisitos

estão previstos nos artigos 28 da Lei 8.078/90 e no Código Civil de 2002, que

consagram a teoria da desconsideração da personalidade jurídica (“disregard

doctrine”). De acordo com esta teoria, os sócios da empresa executada,

independentemente de terem figurado no pólo passivo da ação trabalhista, são

chamados a responder pela execução com seus bens, caso a sociedade não

apresente bens que satisfaçam a execução.

No Direito Processual do Trabalho, diferentemente do Processo Civil,

adotou-se, predominantemente, a teoria objetiva da desconsideração da

personalidade jurídica, onde os bens dos sócios podem ser executados,

independentemente de os atos destes violarem ou não o contrato, ou haver abuso

de poder. Basta que a pessoa jurídica não possua bens, para ter início a

execução dos bens dos sócios.

Este vem sendo o entendimento adotado pela jurisprudência

trabalhista, conforme se verifica da decisão a seguir:

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“A Corte de origem consignou incontroverso nos autos que o agravante detinha a qualidade de sócio da executada ao tempo do início da execução, portanto não existindo nos autos comprovação da existência de bens de titularidade da reclamada que sejam passíveis de garantir a execução, a desconsideração da personalidade jurídica da empresa é medida que se impõe. Portanto, o executivo trabalhista é marcado pela aplicação subsidiária, tornando o sócio da devedora pessoalmente responsável pela satisfação dos créditos do empregado. Registra, ainda, que não foram indicados bens da sociedade que pudessem satisfazer a dívida (fls. 226/229). Dessa forma, correto o despacho denegatório, tendo em vista que a admissibilidade de recurso de revista proferido em agravo de petição depende de demonstração inequívoca de ofensa direta e literal à Constituição da República, o que não se constatou, nos termos do art. 896, § 2º, da CLT e da Súmula 266 do TST. Logo, NEGO PROVIMENTO ao Agravo de Instrumento. Processo (AIRR - 1482/2005-017-01-40.9. Data de Julgamento: 18/11/2009, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, Data de Divulgação: DEJT 27/11/2009).

Nos termos do art. 878 da CLT, a desconsideração da personalidade

jurídica pode ser determinada ex officio pelo juiz na execução,

independentemente de requerimento da parte, através de decisão fundamentada.

Uma vez intimados, cabe aos sócios invocar o benefício de ordem (art. 827 do

Código Civil/2002) e indicar bens livres e desembaraçados da sociedade,

obedecendo à ordem de preferência do art. 655, do CPC. Caso mantenham-se

inertes, poderá a execução ser direcionada aos seus bens particulares. Desta

forma, poderá o juiz, após certificado o decurso do prazo, proceder ao bloqueio

“on line” dos valores contidos nas contas dos sócios até o limite do débito

trabalhista.

Cabe ressaltar que a responsabilidade dos sócios executados em si é

solidária, dando-se assim, maior garantia e solvabilidade ao crédito trabalhista.

Uma questão que precisa ser analisada diz respeito ao sócio que se

retirou da sociedade executada há mais de dois anos da data do ajuizamento da

ação. Dispõe o art. 1.003 do Código Civil:

Art. 1.003 - A cessão total ou parcial de quota, sem a correspondente modificação do contrato social cem o consentimento dos demais sócios, não terá eficácia quanto a estes e à sociedade. Parágrafo único – Até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, responde o cedente

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solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio.

É controvertido o entendimento quanto à aplicação deste dispositivo

legal ao processo trabalhista. Parte da jurisprudência é contrária à sua aplicação,

uma vez que o sócio retirante estava na sociedade quando da prestação do

serviço tendo usufruído da mão-de-obra obreira. Outros argumentam que, devido

a omissão da CLT, bem como aos princípios da dignidade humana do executado

e da utilização dos meios menos gravosos ao executado, tal norma deve ser

integrada ao processo trabalhista.

Para o magistrado e doutrinador Mauro Schiavi:

“O art. 1.003 do Código Civil se aplica ao processo do Trabalho por conter um critério objetivo e razoável de delimitação da responsabilidade do sócio retirante. Não obstante, uma vez comprovada a fraude ou a notória insolvência da empresa ao tempo da retirada do sócio, o procedimento mais adequado seria a responsabilização do sócio retirante, mesmo que este tenha se retirado da sociedade há mais de dois anos. (op. cit., p. 120)

No que tange as sociedades anônimas, é possível a responsabilização

dos diretores administradores, pois estes detêm a administração da sociedade,

não sendo possível a dos acionistas. Para caracterizar a responsabilidade, no

entanto, o procedimento não seria recorrer aos dispositivos do art. 592, II, do

CPC, mas aos arts. 166, § único, 117 e 158 da Lei 6.404/76.

Assim tem entendido o TST, conforme se observa da ementa, a seguir:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO. PENHORA DE BENS DO SÓCIO. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 5º, LIV, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. NÃO CONFIGURAÇÃO. NÃO PROVIMENTO. 1. O Tribunal Regional concluiu que, embora o embargante não conste do título judicial, nem tenha participado da fase de conhecimento do processo, a inexistência de bens passíveis de penhora da sociedade empresarial executada o tornava responsável pela satisfação dos créditos trabalhistas devidos ao obreiro pela executada. 2. Isso porque no período de vigência do contrato de trabalho o recorrente era acionista da sociedade anônima executada e membro da diretoria, motivo pelo qual deveria, na qualidade de administrador, responder pelas obrigações trabalhistas, nos termos da legislação de regência (Lei 6.404/76). 3. Nesse contexto, não há falar em violação do artigo 5º, LIV, da Constituição Federal, porquanto a matéria em debate

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reveste-se de contornos nitidamente infraconstitucionais, o que afasta a ofensa direta e literal ao dispositivo constitucional indicado, na forma exigida no artigo 896, § 2º, da Constituição Federal. 4. Agravo de instrumento a que se nega provimento.” (Processo: AIRR - 23632/2002-902-02-00.7 Data de Julgamento: 25/11/2009, Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos, 7ª Turma, Data de Divulgação: DEJT 04/12/2009).

3.3 – A execução de empresas pertencentes ao mesmo grupo econômico

que não participaram da fase de conhecimento

Este é um ponto cujo entendimento majoritário da doutrina foi

modificado, o que vem contribuindo na efetividade do provimento jurisdicional. De

acordo com o art. 2º, § 2º, da CLT, entende-se por grupo econômico o

conglomerado de empresas que, embora tenham personalidade jurídica própria,

estão sob o controle administrativo ou acionário de outra, constituído grupo

industrial, comercial ou de outra atividade econômica, sendo solidariamente

responsáveis para os efeitos da relação de emprego.

Segundo Alice Monteiro de Barros, “no direito do trabalho, o grupo

pode ser composto de empresas e o controle poderá ser exercido por pessoas

físicas, já que a tônica do grupo está no poder que o comanda e não na natureza

da pessoa que detenha a sua titularidade.” (Barros, 2009, p. 386) O que se

verifica é que a amplitude dada ao conceito de grupo econômico pela norma

trabalhista é muito maior do que a da legislação civil.

Até o final do ano de 2003, estava em vigor a Súmula 205 do TST, que

assim dispunha:

“Grupo Econômico. Execução. Solidariedade. O responsável solidário, que não participou da relação processual como reclamado e que, portanto, não consta do título executivo judicial como devedor, não pode ser sujeito passivo da execução.”

A presente súmula obrigava ao demandante, quando da propositura da

ação trabalhista, ter conhecimento do grupo econômico, relacionando-o na

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petição inicial, para que todas as empresas fossem intimadas para integrar à lide

e apresentar defesa.

Esta Súmula 205 caminhava no sentido inverso de outra Súmula do

TST, a 129 (“A prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo

econômico, durante a mesma jornada de trabalho, não caracteriza a coexistência

de mais de um contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário”), bem como do art.

2º, § 2º da CLT, representando um retrocesso na busca pela satisfação do crédito

trabalhista. Assim, no final de 2003, a Súmula 205 do TST foi cancelada através

da Resolução 121 do mesmo Tribunal Superior. A postura adotada pelo TST foi

coerente, uma vez que não há prejuízo as empresas do grupo econômico em não

participarem da fase de conhecimento, pois o grupo econômico constitui

empregador único e a solidariedade é instituto de natureza econômica e não

processual.

O cancelamento da Súmula demonstrou o reconhecimento pela

jurisprudência da necessidade de estender as possibilidades de execução da

empresa-executada, sendo, portanto, mais um mecanismo que permite a maior

efetividade da execução trabalhista.

3.4 – Liberação do depósito recursal

Dispõe o art. 899, § 1º, da CLT:

Art. 899 - (...) § 1º - Sendo a condenação de valor até 10 (dez) vezes o valor de referência regional, nos dissídios individuais, só será admitido o recurso, inclusive o extraordinário, mediante prévio depósito da respectiva importância. Transitada em julgado a decisão recorrida, ordenar-se-á o levantamento imediato da importância do depósito, em favor da parte vencedora, por simples despacho de juiz.

A parte final do parágrafo supra citado, embora tenha por objetivo a

satisfação imediata do crédito, mesmo que parcial, não é aplicada em sua

literalidade pelos Magistrados. Isto porque, na maioria dos casos, a sentença

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transitada em julgado não é líquida, podendo sua liberação imediata representar

um excesso de execução.

Além disso, da decisão homologatória dos cálculos, uma vez garantido

o juízo, cabe a oposição de embargos à execução ou impugnação à sentença

homologatória (art. 884 da CLT).

Em nossa pesquisa, verificamos que o Juiz pode adotar dois

procedimentos que não causariam prejuízo aos demandantes e que garantiriam,

mesmo que em parte, a satisfação do crédito. No caso do depósito recursal ser

suficiente à totalidade da execução, convola-se o mesmo em penhora, para os

fins do art. 884 da CLT. Transitado e certificado o prazo sem que as partes

tenham apresentado as impugnações cabíveis, libera-se o depósito recursal ao

exeqüente, extinguindo-se a execução. Porém, no caso do valor da execução ser

muito superior ao do depósito recursal, libera-se o mesmo, prosseguindo-se a

execução sobre o valor remanescente. Tal procedimento está regulamentado no

art. 18, V, “e” da Consolidação dos Provimentos da Corregedoria-Geral da Justiça

do Trabalho.

No entanto, há casos em que o valor da execução não é tão superior

ao do depósito recursal não sendo aplicável o dispositivo acima citado. Neste

caso, e com base nos princípios da real natureza da execução, da não

prejudicialidade do devedor e, mais uma vez, da efetividade, pode o Magistrado

também convolá-lo em penhora e liberá-lo ao exeqüente.

3.5 – Aplicação do art. 475-J do CPC

Conforme verificamos no item 1.2 deste estudo, a adoção de normas

supletivas somente são permitidas pela CLT quando: a) a CLT for omissa quanto

à matéria; ou b) a norma do CPC não apresentar incompatibilidade com a letra ou

com o espírito do processo do trabalho.

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De acordo com a CLT, a execução trabalhista inicia-se com a

expedição de mandado, conforme se verifica da leitura do art. 880, in verbis:

Art. 880 – Requerida a execução, o juiz ou presidente do Tribunal mandará expedir mandado de citação do executado, a fim de que cumpra a decisão ou o acordo no prazo, pelo modo e sob as cominações estabelecidas ou, quando se tratar de pagamento em dinheiro, inclusive de contribuições sociais devidas à União, para que faça em 48 (quarenta e oito horas) ou garanta a execução, sob pena de penhora.

Assim, fazendo-se uma interpretação apenas normativa, se verifica que

o procedimento atinente à execução já foi regulamentado, não cabendo, à

aplicação dos dispositivos do CPC. No entanto, após a Emenda Constitucional

45/2004, que transformou em direito fundamental o princípio da duração razoável

do processo, garantindo a celeridade em sua tramitação (art. 5º, LXXVIII, da CF),

bem como se tivermos em mente que a razão de ser do Direito Processual do

Trabalho é o efetivo cumprimento da sentença trabalhista, garantindo que o

trabalhador receba suas verbas rescisórias, verificamos que algumas normas

trabalhistas tornaram-se obsoletas e retrógradas. Tanto é assim, que no próprio

dia a dia forense percebe-se que entre a expedição do mandado, citação e

localização do executado, decorre mais de um ano, ou seja, um tempo muito

elevado se considerarmos a natureza alimentícia das verbas trabalhistas.

Diante disso, alguns juristas vêm defendendo a aplicação do dispositivo

do art. 475-J do CPC. Tal dispositivo é inovador e vai de encontro ao princípio da

celeridade processual, assim como, mais uma vez, da efetividade do provimento

jurisdicional.

Dispõe o art. 475-J do CPC, in verbis:

Art. 475-J – Caso o devedor condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de 15 (quinze) dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de 10% (dez por cento) e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se à mandado de penhora e avaliação. § 1º - Do auto de penhora e avaliação será de imediato intimado o devedor, na pessoa de seu advogado (arts. 236 e 237), ou, na falta deste o seu representante legal, ou pessoalmente, por mandado ou pelo correio, podendo oferecer impugnação, querendo, no prazo de 15 (quinze) dias.

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Tal dispositivo retira a obrigatoriedade da citação pessoal do executado

após a penhora do bem, e permite a aplicação de multa de 10% da condenação,

como forma de coibir o devedor a efetuar o pagamento do débito.

Existe hoje na doutrina uma controvérsia acerca da sua aplicação no

Processo do Trabalho. O célebre jurista Manoel Antônio Teixeira Filho é contrário

e argumenta que:

“Para que se possa cogitar da compatibilidade, ou não, da norma do processo civil com a do trabalho é absolutamente necessário, ex vi legis, que antes disso, se verifique, se a CLT se revela omissa a respeito da matéria. Inexistindo omissão, nenhum intérprete estará autorizado a perquirir sobre a mencionada compatibilidade. Aquela constitui, portanto, pressuposto fundamental desta” (Teixeira Filho apud Schiavi, p. 163).

Desta forma, como a CLT já regula a citação do executado para pagar,

sob conseqüência de penhora, não cabe a aplicação da norma subsidiária. Além

disso, no CPC a liquidação é definitiva, enquanto na CLT a liquidação pode ser

impugnada, bastando apenas à garantia o Juízo (art. 884, § 3º da CLT), o que

impossibilitaria a aplicação de multa.

Já existem entendimentos jurisprudenciais contrários à aplicação do

art. 475-J ao processo trabalhista, in verbis:

“RECURSO DE REVISTA - AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO - NATUREZA JURÍDICA - DIFERENÇAS DE FGTS - PRESCRIÇÃO - ÔNUS DA PROVA - EXPURGOS INFLACIONÁRIOS - ATO JURÍDICO PERFEITO - CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS DEVIDAS A TERCEIROS - INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO O Recurso de Revista não comporta conhecimento, a teor do artigo 896 da CLT. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 475-J DO CPC AO PROCESSO DO TRABALHO O fato juridicizado pelo artigo 475-J do CPC - não-pagamento espontâneo da quantia certa advinda de condenação judicial - possui disciplina própria no âmbito do processo do trabalho (art. 883 da CLT), não havendo falar em aplicação da norma processual comum ao processo do trabalho. Precedentes da C. 8ª Turma. Recurso de Revista conhecido parcialmente e provido.” (Processo: RR - 217/2007-005-13-00.5 Data de Julgamento: 02/12/2009, Relatora Ministra: Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, 8ª Turma, Data de Divulgação: DEJT 04/12/2009).

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“RECURSO DE REVISTA - MULTA DO ARTIGO 475-J DO CPC - INAPLICABILIDADE AO PROCESSO DO TRABALHO. I - A aplicação subsidiária do Código de Processo Civil na Justiça do Trabalho, a teor do artigo 769 da CLT, está vinculada à harmonia com a sistemática adotada no processo trabalhista. II - Na Justiça do Trabalho, para o início da execução, o juiz ordenará que se extraia mandado de citação, a fim de que o executado pague a quantia devida em quarenta e oito horas ou garanta a execução, sob pena de penhora, a teor do artigo 880 da CLT. III - A unidade e coesão interna da norma do artigo 475-J contrapõe-se às normas do Capítulo V da Consolidação das Leis do Trabalho (artigos 876 a 892), mormente no que se refere à citação do executado para pagar a quantia devida no prazo de quarenta e oito horas. IV - O intuito de imprimir celeridade à fase de execução nos julgados trabalhistas não pode se contrapor aos preceitos legais que regulam a execução no Judiciário Trabalhista, sob pena de afrontar o espírito do legislador e transformar a ordem jurídica em uma série de fragmentos desconexos. V - Recurso provido.” (Processo: RR - 1511/2005-116-15-00.3 Data de Julgamento: 25/11/2009, Relator Ministro: Antônio José de Barros Levenhagen, 4ª Turma, Data de Divulgação: DEJT 04/12/2009.)

No entanto, alguns doutrinadores, como Mauro Schiavi, Ivani Contini e

Rodrigo Adélio Abrahão Linares, vêm se mostrando favoráveis à aplicação do art.

475-J do CPC ao Processo do Trabalho. Para eles, o referido artigo é compatível

com os princípios que regem a execução trabalhista, quais sejam: a) ausência de

autonomia da execução em face do processo de conhecimento; b) lacuna de

efetividade da legislação trabalhista; c) celeridade, efetividade e acesso real do

trabalhador à Justiça do Trabalho; e d) interpretação sistemática do art. 841 e 880

da CLT.

Mauro Schiavi defende que:

“O fato de a liquidação poder ser discutida após o início da execução e garantia do Juízo no Processo de Trabalho, no nosso sentir, não impede a aplicabilidade da cominação do art. 475-J do CPC, pois o executado também sofre prejuízos com a penhora de bens para poder discutir, de forma definitiva, a liquidação (art. 884, § 3º, da CLT). Além disso, a multa também poderá ser discutida nos embargos à execução e verificando que havia algum valor a ser alterado na liquidação, o valor da multa poderá ser reduzido pelo Juízo na decisão dos embargos. Sob outro enfoque, nos embargos, o próprio título que embasa a execução pode ser desconstituído.” (op. cit., p. 165)

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Durante a 1ª Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho foi

editado o Enunciado nº 71, favorável a aplicabilidade do art. 475-J do CPC ao

Processo do Trabalho:

Enunciado 71 – ARTIGO 475-J DO CPC. APLICAÇÃO NO PROCESSO DO TRABALHO. A aplicação subsidiária do art. 475-J do CPC atende às garantias constitucionais da razoável duração do processo, efetividade e celeridade, tendo, portanto, pleno cabimento na execução trabalhista.

Em nosso estudo, verificamos que este é o melhor entendimento a ser

adotado pelos Juízos Trabalhistas, pois não deve o aplicador do direito se apegar

a interpretação literal de dispositivo de lei, e deixar de aplicar novos instrumentos

processuais mais eficazes para garantir a efetividade da sentença prolatada. O

art. 475-J representa um avanço e, considerando-se a natureza do crédito

trabalhista, deve ser aplicado no processo trabalhista.

Defendemos, portanto, que, no momento da publicação da sentença

homologatória dos cálculos, cabe ao Juízo também intimar o executado para os

fins do art. 475-J do CPC. Mantendo-se este inerte e certificado o prazo pela

Secretaria da Vara, devem vir os autos conclusos a fim de que seja procedida a

penhora “on line” do valor devido. Tal medida se mostra inovadora e permitirá,

caso haja ativos financeiros, que o trabalhador receba em curto prazo, a verba

trabalhista devida.

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CONCLUSÃO

A busca pela efetividade do Processo do Trabalho, através da

satisfação pelo empregado das suas verbas rescisórias, ainda é o grande desafio

da Justiça do Trabalho. Neste trabalho procuramos realizar um estudo sucinto dos

institutos que compõem a execução, apontando alguns obstáculos encontrados

pelos operadores do direito durante a execução, e as possíveis soluções que

surgiram nos últimos anos, sejam elas eletrônicas, como a penhora “on line”, ou

mesmo através de alterações legislativas que permitem a efetividade e celeridade

do processo, como as da Lei 11.232/05.

A conciliação realizada em audiência, bem como o pagamento pelo

executado do débito após a homologação dos cálculos pelo Juízo ainda é

exceção. Na maioria dos processos o que se vê são as execuções se estendendo

por anos, seja porque o réu tem interesse em postergar o feito através da

interposição de todos os recursos existentes, ou porque este não tem situação

financeira que lhe permita quitar seu débito.

Com base nesta premissa e ciente de que nada adianta a declaração

do direito na fase de conhecimento, se não for possível sua materialização na

fase executória, realizamos este estudo trazendo à discussão alguns problemas

encontrados na execução, tais como: a demora na finalização da fase de

conhecimento, sua conseqüência e algumas soluções; a fraude à execução e a

existência de sócios “laranjas” que são resultado da falta de um controle na

própria formação das sociedades, levando à formulação fraudulenta de contratos

sociais; e, por fim, a recuperação judicial e a falência da empresa-ré, como tais

institutos vem sendo tratados na Justiça do Trabalho.

Por fim, apresentamos alguns mecanismos existentes atualmente para

agilizar a fase executória. A grande novidade que surgiu nos últimos anos foi a

penhora “on line”, realizada por meio eletrônico cuja eficácia obteve grande êxito

na Justiça do Trabalho, pois com grande facilidade e rapidez, são realizadas

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transferências de valores depositados na contas da ré para a conta do Juízo.

Abordamos alguns institutos presentes na CLT e defendemos a aplicação

subsidiária das normas do CPC ao Processo do Trabalho, pois estão mais

integradas com o princípio constitucional da duração razoável do processo (art.

5º, LXXVIII, da CF).

Não se pretende neste trabalho esgotar todas as controvérsias

existentes sobre os temas abordados, mas reafirmar que os jurisdicionados

precisam buscar todos os meios possíveis e existentes no direito que levem a

efetividade do provimento Jurisdicional. Seja utilizando os meios eletrônicos

existentes, seja na interpretação das leis de maneira mais favorável ao autor da

ação, quebrando-se o formalismo jurídico entre as normas do CPC e da CLT.

Hoje, o que se busca é a concretização do principio da máxima

efetividade das normas (princípios e regras) constitucionais do direito processual,

através da aplicação do principio constitucional da duração razoável do processo

com os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. Se partimos desta

premissa, poderemos observar a verdadeira realização do direito material, com o

acesso do trabalhador à jurisdição justa.

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