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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” TERCEIRIZAÇÃO DO TRABALHO AUTOR ALESSANDRA CÔRTES MARINS ORIENTADOR PROF. CARLOS AFONSO LEITE LEOCADIO RIO DE JANEIRO 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

TERCEIRIZAÇÃO DO TRABALHO

AUTOR

ALESSANDRA CÔRTES MARINS

ORIENTADOR

PROF. CARLOS AFONSO LEITE LEOCADIO

RIO DE JANEIRO 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

TERCEIRIZAÇÃO DO TRABALHO Monografia apresentada à Universidade Candido Mendes – Instituto a Vez do Mestre, como requisito parcial para a conclusão do curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Direito e Processo do Trabalho. Por: Alessandra Côrtes Marins.

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3 RESUMO

A Terceirização é um processo que gradativamente foi se incorporando no dia a dia das empresas. No Brasil setores como a limpeza e a conservação foram as primeiras referências de terceirização. Como não existe uma definição de lei para terceirização, diversos doutrinadores a definiram. A terceirização lícita existe em quatro hipóteses: trabalho temporário (Lei nº 6.019/74); em relação a vigilantes (Lei nº 7.102/83); de conservação e serviços de limpeza; e serviços especializados (serviços de apoio ou complementares). As empresas contratantes e contratadas usam algumas medidas preventivas para atingir a finalidade. Já a terceirização ilícita são todas as demais que não constituam a hipóteses apresentadas. Existindo as vantagens e desvantagens a terceirizante e terceirizada caminham para melhorar a qualidade, competitividade, lucro entre outros.

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METODOLOGIA

O objetivo do desenvolvimento deste trabalho é obter conhecimento

com qualidade acerca do assunto sem fazer uma análise crítica do tema.

O estudo foi baseado na pesquisa bibliográfica em livros, sites

jurídicos, legislação especializada, súmula do Tribunal Superior do Trabalho.

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SUMÁRIO

RESUMO.......................................................................................................... 03

METODOLOGIA............................................................................................... 04

SUMÁRIO......................................................................................................... 05

INTRODUÇÃO.................................................................................................. 07

CAPÍTULO I

NOÇÕES GERAIS SOBRE A TERCEIRIZAÇÃO............................................ 09

1.1 – HISTÓRIA DA TERCEIRIZAÇÃO........................................................... 09

1.2 – CONCEITO.............................................................................................. 11

1.3 – NATUREZA JURÍDICA........................................................................... 11

CAPÍTULO II

TERCEIRIZAÇÃO LÍCITA E ILÍCITA............................................................... 13

2.1 – TERCEIRIZAÇÃO LÍCITA....................................................................... 13

2.2 – TERCEIRIZAÇÃO ILÍCITA...................................................................... 16

CAPÍTULO III

VANTAGENS E DESVANTAGENS NA TERCEIRIZAÇÃO............................ 18

3.1 – VANTAGENS.......................................................................................... 18

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6 3.2 – DESVANTAGENS................................................................................... 20

CAPÍTULO IV

A SÚMULA 331 DO TST.................................................................................. 23

4.1 – SÚMULA 331 TST................................................................................... 23

4.2 – ATIVIDADE-MEIO................................................................................... 24

4.3 – ATIVIDADE-FIM...................................................................................... 24

4.4 – TRABALHADO TEMPORÁRIO.............................................................. 25

4.5 – IGUALDADE SALARIAL........................................................................ 26

4.6 – RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA....................................................... 27

4.7 – RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA................................................... 29

CONCLUSÃO................................................................................................... 31

BIBLIOGRAFIA................................................................................................ 33

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7 INTRODUÇÃO

A presente monografia tem o objetivo de demonstrar a terceirização

apresentando as modalidades e características de sua licitude.

A terceirização já é uma prática consagrada em nosso sistema

jurídico e econômico. Pode-se dizer que veio para ficar e tornar-se parte da

movimentada relação de trabalho em nosso país. Se adaptando as

necessidades trabalhistas, suprirá cada vez mais as lacunas deixadas ao longo

do tempo de sua evolução e poderá tornar-se mais eficaz.

Dividida em capítulos, a monografia mostra uma forma mais clara da

terceirização lícita.

O primeiro capítulo fala sobre o surgimento da terceirização na

época da segunda guerra mundial, nos Estados Unidos. Os setores como a

limpeza e a conservação foram as primeiras referências de terceirização no

Brasil; Os doutrinadores dão seus conceitos sobre terceirização vendo a

crescente competição, buscado maior eficiência e produtividade possíveis. Já a

natureza jurídica apresentada diferentemente dependendo do contrato de

terceirização.

O segundo capítulo mostra que na ausência de norma específica

sobre o assunto a terceirização lícita baseia-se no inciso III da Súmula 331 do

TST; demonstrando quais são as hipóteses de terceirização lícita;

apresentando algumas medidas preventivas para diminuir os riscos na

contratação e conclui que a terceirização ilícita são todas as demais hipóteses

não apresentadas na terceirização lícita.

No terceiro capítulo estuda-se a as vantagens e desvantagens na

terceirização.

As vantagens são vistas com o aumento da produtividade e da

lucratividade, otimização dos serviços, entre outros; Como desvantagens para

o trabalhador, pode-se indicar a perda do emprego, perda dos benefícios

sociais decorrentes do contrato de trabalho, o custo das demissões que

ocorrem na fase inicial; Para uma das desvantagens é contratar empresas

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8 inadequadas para realização dos serviços; E para as empresas terceirizadas

pode-se dizer que a dificuldade de aproveitamento dos empregados já

treinados.

Por fim o quarto capítulo faz uma análise da Súmula 331 do TST,

apresentando um breve estudo da citada Súmula, onde o tribunal superior do

trabalho visa melhores condições para os trabalhadores com contrato de

serviço, dentro dos seus direitos; Define atividade-meio como uma atividade de

apoio ou complementar. Um serviço não essencial; A atividade-fim como uma

atividade principal, normalmente expressa no contrato social; Trabalho

temporário, disposto na Lei nº 6.019/74, onde traz um modelo trilateral de

relação jurídica e pretende garantir um patamar digno ao trabalhador

terceirizado. Traz também as relações de trabalho entre a tomadora, a

prestadora dos serviços terceirizados e o empregado, adequando a

terceirização às leis valorizando o direito do trabalho; igualdade salarial, em

que a regra específica do direito do empregado da empresa de trabalho

temporário está disposta no art. 12, alínea a da Lei 6.019/74; responsabilidade

solidária se divide em ativa e passiva; e a responsabilidade subsidiária que tem

o objetivo de garantir as normas no Direito na terceirização.

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9 CAPÍTULO I

NOÇÕES GERAIS SOBRE A TERCEIRIZAÇÃO

1.1 – HISTÓRIA DA TERCEIRIZAÇÃO

A terceirização surgiu em um período de recessão durante a

segunda guerra mundial nos Estados Unidos, onde havia a necessidade de

produzir material bélico com rapidez para atender a grande demanda.

Verificou-se que terceiros poderiam dar suporte para o aumento da

produção e assim foram delegados estes serviços.

Os países aliados aos Estados Unidos passaram a trabalhar em

conjunto para atender às necessidades da época, criando sistemas de trabalho

fragmentados e atuando de forma mais técnica somente em sua área

especializada de produção.

As indústrias focavam somente na produção do produto principal, e

repassado o restante para terceiros que então prestavam serviços “acessórios”.

As multinacionais interessadas apenas na essência de seus

negócios trouxeram para o Brasil, por volta de 1950, noções de terceirização.

Ao contratar prestação de serviço de terceiros para produção de

componentes para automóveis, as empresas automobilísticas deram um

exemplo de terceirização. Ao final montavam o veículo com as peças

fabricadas por aqueles prestadores de serviço.

Em 1964 foi implantada a lei nº 4.594 onde as seguradoras não

poderiam fazer a venda do seguro diretamente ao segurado. Teria que ser feito

por corretor, autônomo ou corretora.

Conforme retrata Sergio Pinto Martins (MARTINS, 2010, p. 2),

setores como a limpeza e a conservação foram as primeiras referências de

terceirização no Brasil, pois existem desde aproximadamente 1967.

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10 Com o objetivo de regulamentar algumas atividades, nas décadas 60

e 70, leis e decretos foram criados.

Decreto nº 1.212/66 e 1.216/66 permitia aos bancos a contratação

de serviços de segurança.

Decreto nº 62.756/68 normatizou a criação e o funcionamento de

agências de colocação ou intermediação de mão de obra.

Decreto-Lei nº 1.034/69, que tratava de medidas de segurança

bancária, caixas econômicas e cooperativas de crédito. Autorizou o serviço de

segurança privado, à época.

Lei nº 6.019/74 rege a contratação de trabalho temporário.

Para Sérgio Pinto Martins

O objetivo da lei era regular o trabalho temporário e não fazer concorrência com o trabalho permanente, principalmente porque certos trabalhadores não tinham interesse ou não podiam trabalhar permanentemente, como o estudante; o jovem em idade de prestação de serviço militar; as donas de casa, que não tinham tempo integral para se dedicarem ao trabalho, mas apenas a uma parte dele, em função de seus encargos domésticos; os aposentados, que não queriam ter emprego permanente, e até mesmo para aqueles que não se decidiram a qual profissão iriam se dedicar. (MARTINS, 2010, P. 4)

Decorrentes dos conflitos trabalhistas na terceirização o TST definiu

posição na súmula 256 e posteriormente foi revisada pela Súmula 331.

SUM-256 CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE (cancelada) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

Salvo os casos de trabalho temporário e de serviço de vigilância, previstos nas Leis nº 6.019, de 03.01.1974, e 7.102, de 20.06.1983, é ilegal a contratação de trabalhadores por empresa interposta, formando-se o vínculo empregatício diretamente com o tomador dos serviços.

A terceirização no Brasil pode ser pela busca de produtividade,

qualidade e competitividade, ou a que tem mais se adequado a cultura

empresarial do país, sendo determinada pela redução de custos.

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11 1.2 – CONCEITO

Não existe uma definição em lei para o Tema: Terceirização.

Entretanto, diversos doutrinadores a definiram e é imprescindível para o

presente estudo.

Sergio Pinto Martins a definiu como:

Consiste a terceirização na possibilidade de contratar terceiro para a realização de atividades que geralmente não constituem o objeto principal da empresa. Essa contratação pode compreender tanto a produção de bens como serviços, como ocorre na necessidade de contratação de serviços de limpeza, de vigilância ou até de serviços temporários. (MARTINS, 2010, p. 10)

Nas palavras de Valentin Carrion,

A terceirização é o ato pelo qual a empresa produtora, mediante contrato, entrega a outra empresa certa tarefa (atividades ou serviços não incluídos nos seus fins sociais) para que esta a realize habitualmente com empregados desta; transporte, limpeza e restaurante são exemplos típicos. (CARRION, 2010, p. 342)

E para Maurício Godinho Delgado (DELGADO, 2006, p. 428) a

terceirização é um fenômeno pelo qual se dissocia a relação econômica de

trabalho da relação justrabalhista correspondente.

1.3 – NATUREZA JURÍDICA

Para Sergio Pinto Martins existem várias concepções a serem

analisadas.

A natureza jurídica será diferente dependendo do contrato de Terceirização utilizado ou da combinação de vários deles como: o de fornecimento de bens e serviços; de franquia; de consórcio; de concessão; de empreitada, em que o interesse é o resultado; de locação de serviços, em que o importa é a atividade e não o resultado; de tecnologia, know-how, com transferência da propriedade industrial, como inventos, fórmulas etc. Essa foi a forma como Sergio Pinto Martins definiu em sua obra. (MARTINS, 2010, p. 12)

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12 Rubens Ferreira de Castro (CASTRO, 2000, P. 83) enquadrou a

terceirização em uma espécie de “contrato de atividade”, onde uma empresa se

compromete a exercer uma atividade em proveito da empresa que a contrata,

mediante remuneração. A natureza jurídica da Terceirização é contratual, pois

se trata de um acordo de vontades celebrado entre duas empresas, tomadora e

prestadora de serviços.

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CAPÍTULO II

TERCEIRIZAÇÃO LÍCITA E ILÍCITA

2.1 – TERCEIRIZAÇÃO LÍCITA

O Direito do trabalho passou a obedecer todos os pressupostos de

uma terceirização lícita baseado na súmula 331 do Tribunal Superior do

Trabalho.

O primeiro pressuposto de licitude para a terceirização, fixado pela

súmula 331, inciso III do TST, é a ausência de subordinação jurídica e

pessoalidade entre os trabalhadores terceirizados e a empresa tomadora de

serviços.

A terceirização legal ou lícita é a que observa os preceitos legais

relativos aos direitos dos trabalhadores, não pretendendo fraudá-los,

distanciando-se da existência da relação de emprego. (MARTINS, 2010, P.

160)

2.1.1 – Hipóteses da Terceirização Lícita

Pode-se observar que as quatro hipóteses lícitas da terceirização

são:

a) O Trabalho temporário especificado na lei 6.019/74. Pode ser a

substituição de pessoal da empresa tomadora decorrente de uma necessidade

transitória ou na necessidade gerada pelo aumento extraordinário da demanda

de serviço dessa empresa.

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14 b) Atividades de vigilância regidas pela lei nº. 7.102/83. Vigilante é membro

de categoria especial, diferenciada - ao contrário do vigia, que se submete às

regras da categoria definida pela atividade do empregador.

c) Atividades de conservação e limpeza.

d) Serviços especializados ligados a atividade-meio do tomador. Atividade-

meio consiste na atividade distanciada dos objetivos principais do tomador.

São, pois, os serviços de apoio ou complementares, embora permanentes e

necessários à atividade da empresa.

Sérgio Pinto Martins explica as hipóteses de terceirização lícita,

ensinando o que se segue:

É lícita a terceirização feita para o trabalho temporário (Lei nº 6.019/74), desde que não sejam excedidos os três meses de prestação de serviços pelo funcionário na empresa tomadora; em relação a vigilantes (Lei nº 7.102/83); de serviços de limpeza; da empreitada (artigos 610 a 626 do Código Civil); da subempreitada (art. 455 da CLT); da prestação de serviços (artigos. 593 a 609 do Código Civil); das empresas definidas na lista de serviços submetidos ao ISS, conforme redação da Lei Complementar nº 56 ao Decreto-lei nº 406, pois, tais empresas pagam, inclusive, impostos; em relação ao representante comercial autônomo (Lei nº 4.886/65); do estagiário, de modo a lhe propiciar a complementação do estudo mediante a interveniência obrigatória da instituição de ensino (Lei nº 6.494/77). É também forma lícita de terceirização a de trabalho em domicílio, desde que feito sob a forma de contratação autônomos. Não é só na contratação de costureiras, marceneiros, confeiteiras ou cozinheiras que tem a terceirização lícita, mas também em outros tipos de profissões, desde que haja efetiva autonomia do prestador dos serviços. A contratação de trabalhador avulso também é lícita, desde que exista a intermediação obrigatória do sindicato da categoria profissional. Indiretamente, porém, o próprio TST admite como lícita a prestação de serviços médicos por empresas conveniadas, para efeito de abono de faltas dos trabalhadores (Enunciado 282 do TST). A Convenção nº 161 da OIT foi aprovada pelo Decreto Legislativo nº 86, de 14 de dezembro de 1.989, sendo promulgada pelo Decreto nº 127, de 23 de maio de 1.991. Tal Convenção, que trata sobre serviços de saúde do trabalho, em seu art. 7º, permite que os referidos serviços sejam organizados para uma só ou para várias empresas, o que também mostra que as empresas que cuidam de assistência médica têm sua atividade considerada lícita, inclusive pela referida Convenção. A subempreitada também

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15 vem a ser uma forma de terceirização lícita, pois é prevista, a contrário Sensu, no art. 455 da CLT (ATLAS, 2010, p. 160)

2.1.2 – Medidas Preventivas para Diminuir os Riscos na Contratação

A finalidade da empresa contratante é terceirizar suas atividades,

para melhor atingir sua atividade-fim, evitando ao máximo o risco por parte da

empresa contratada.

São necessário algumas observações para que a terceirização seja

lícita para as todas as partes envolvidas.

a) deve haver a necessidade extraordinária e temporária de serviços.

b) utilização do serviço, principalmente em relação à atividade-meio da

empresa que terceiriza serviços, evitando-se a terceirização da atividade-fim;

c) todos os serviços a serem prestados devem ser especializados;

d) contratação somente com empresa que conte com idoneidade

econômica;

e) assunção de riscos pela terceirizada;

f) certificar-se de que a atividade da empresa terceirizada contratada é

regular;

g) o contrato de prestação de serviços deve estabelecer expressamente a

responsabilidade da empresa prestadora no que concerne ao atendimento das

suas obrigações trabalhistas coletivas aos empregados envolvidos no contrato;

que seus empregados são registrados; que recebem as verbas trabalhistas

pertinentes; podendo exigir da empresa prestadora, que os documentos dos

empregados terceirizados fiquem na sua empresa para eventual verificação da

fiscalização trabalhista.

h) Pode exigir que o contratado comprove os recolhimentos devidos ao

INSS, FGTS, COFINS, PIS, Imposto de Renda na Fonte, apresente os recibos

de pagamento dos empregados alocados para a prestação de serviços, bem

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16 como outras verbas trabalhistas, sob pena de não se liberar o pagamento dos

serviços prestados.

A empresa contratante, com relação à serviços prestados, deve

evitar:

a) controlar a jornada de trabalho dos empregados da empresa contratada.

Não pode haver fiscalização, subordinação, supervisão, controle. A relação

deve ser de impessoal. O serviço a ser executado pelos empregados da

prestadora deve ser comandado por um representante da contratada, que será

eleito através de cláusula contratual, e terá acesso direto à contratante para

receber instruções. Qualquer relação direta do funcionário da empresa

terceirizada com a contratada se configura o vínculo empregatício e a

solidariedade;

b) que a empresa contratada envie sempre os mesmos empregados para a

prestação dos serviços nas dependências da contratante;

c) conceder benefício aos empregados da contratada, restrito aos

empregados da contratante;

d) pagamento de despesas diretamente aos empregados da contratada,

como alimentação, condução;

e) efetuar qualquer pagamento diretamente aos empregados da

contratada;

f) a utilização de documentos de identificação permanente para ingresso

na empresa, ou cartões de visita pelos empregados da contratada;

Com esses interesses resguardados, a empresa contratante pode evitar

riscos e fraude.

2.2 – TECEIRIZAÇÃO ILÍCITA

São todas as demais relações que não constituam as hipóteses

apresentadas na terceirização lícita, ou seja, o ordenamento brasileiro

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17 estabelece que, nas situações diferentes das apresentadas, haverá vínculo

empregatício entre uma pessoa física, que preste serviço não eventual,

oneroso, pessoal e subordinado a outro, e o tomador, o que gera

responsabilidade jurídica a este pela relação de trabalho estabelecida.

Sergio Pinto Martins nos mostra também os pontos de ilicitude, que

podem ser diagnosticadas.

Para que a terceirização seja plenamente válida no âmbito empresarial, não podem existir elementos pertinentes a relação de emprego no trabalho do terceirizado, principalmente o elemento de subordinação. O terceirizante não poderá ser considerado como superior hierárquico do terceirizado, não poderá haver controle de horário e o trabalho não poderá ser pessoal, do próprio terceirizado, mas realizado por intermédio de outras pessoas. Deve haver total autonomia do terceirizado, ou seja, independência, inclusive quanto a seus empregados. Na verdade, a terceirização implica a parceria entre empresas, com divisão de serviços e assunção de responsabilidades próprias de cada parte. Da mesma forma, os empregados da empresa terceirizada não deverão ter nenhuma subordinação com a terceirização, nem poderão estar sujeitos a seu poder de direção, caso contrário existirá vínculo de emprego. Aqui há que se distinguir entre a subordinação jurídica e a técnica, pois a subordinação jurídica se dá ordens e a técnica pode ficar evidenciada com o tomador, que dá as ordens técnicas de como pretende que o serviço seja realizado, principalmente quando nas dependências do tomador. Os prestadores de serviços da empresa terceirizada não estarão, porém, sujeitos a prova, pois, são especialistas no que irão fazer.

Se o serviço do trabalhador é essencial à atividade da empresa, pode a terceirização ser ilícita se provadas a subordinação e pessoalidade como o tomador dos serviços. (ATLAS, 2010, p.161)

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CAPÍTULO III

VANTAGENS E DESVANTAGEM NA TERCEIRIZAÇÃO

3.1 – VANTAGENS

a) Focalização dos Negócios da Empresa na sua Área de Atuação

O objetivo principal da focalização é terceirizar atividades que não

agregam valor ao produto final.

b) Diminuição dos Desperdícios

Capital próprio da empresa para investimentos estratégicos, bem

como para sua atividade principal.

c) Redução das Atividades – meio

Concentra seus recursos na área em que é especializada e

terceirização a atividade-meio.

d) Aumento da Qualidade

Para manter seus clientes fiéis as empresas primam pela qualidade

e tem na terceirização produtos e serviços de excelência.

e) Ganhos de Flexibilidade

Resposta rápida às solicitações do mercado pode ser dada com a

terceirização.

f) Aumento da Especialização do Serviço

A terceirização oferece serviços especializados dentro dos critérios

internos que garantem a obtenção de lucro e satisfação do cliente.

g) Aprimoramento do Sistema de Custeio

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19 A empresa contratante terá que avaliar e comparar cada atividade

interna para obter ganhos esperados e de qualidade.

h) Maior Esforço de Treinamento e Desenvolvimento Profissional

Devido à competitividade profissionais se qualificam e se

especializam na profissão.

i) Maior Agilidade nas Decisões

Descentralização de atividades com a redução de níveis

hierárquicos.

j) Menor Custo

A empresa contratada se responsabiliza pelas relações trabalhistas,

assim diminuindo o custo da contratante.

k) Maior Lucratividade e Crescimento

Concentração da empresa em sua atividade principal ajuda a tomar

decisões mais rápidas e de benefício imediato aumentando a lucratividade e o

crescimento.

l) Favorecimento da Economia de Mercado

m) Otimização dos Serviços

n) Redução dos Níveis Hierárquicos

o) Aumento da Produtividade e Competitividade

Com o aprimoramento dos serviços, preços atrativos e produtos de

qualidade.

p) Redução do Quadro Direto de Empregados

Com a terceirização de serviços e mão de obra a empresa reduz seu

quadro de funcionário deixando para a contratada a responsabilidade para com

seus funcionários.

q) Diminuição da Ociosidade das Máquinas

r) Maior Poder de Negociação

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20 Uma organização mais abrangente, com melhores resultados, os

custos nas grandes empresas diminuem, aumentando-se o lucro ou a

diminuindo-se do preço do produto no mercado podendo ter grandes

negociatas.

s) Ampliação do Mercado para as Pequenas e Médias Empresas

Aumento de arrecadação de impostos e aumento de mão de obra no

mercado.

t) Possibilidade de Crescimento sem Grandes Investimentos

u) Economia de Escala

v) Diminuição do risco de Obsolência das Máquinas, Durante a Recessão

3.2 – DESVANTAGENS

a) Risco de Desemprego e não Absorção da Mão de obra na Mesma

Proporção

b) Resistências e Conservadorismo

A falta de conscientização e planejamento, ou até mesmo por

completo desconhecimento leva a resistência de aceitar estratégias que estão

dando resultados positivos, lucrativos, duradouros e com soluções para outras

empresas, com um pouco mais tempo.

c) Risco de Coordenação dos Contratos

d) Falta de Parâmetros de Custos Internos

e) Demissões na Fase Inicial

Demissão dos funcionários que antes executavam atividades que

agora são executadas pela empresa terceirizada, e esta foi implantada sem

prévio planejamento.

f) Custo de Demissões

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21 Pagamento de toda verba rescisória dos funcionários demitidos com

a implantação da terceirização.

g) Dificuldade de Encontrar a Parceria Ideal

As empresas não querem ter um custo considerável para obter mão

de obra especializada, assim não tendo um resultado favorável, não conseguirá

parceiros especializados e responsáveis para com o seu profissional.

h) Falta de Cuidado na Escolha dos Fornecedores

i) Aumento do Risco a ser Administrado

j) Conflito com os Sindicatos

Devido à demissão por motivos de aplicabilidade estratégica da

terceirização os trabalhadores deixam de contar com o trabalho formal e assim

fica sem o registro na carteira de trabalho e sem os benefícios da previdência.

k) Mudanças na Estrutura do Poder

l) Aumento da Dependência de Terceiros

m) Perca do Vínculo Para Com o Empregado

O vínculo com o funcionário terceirizado fica todo a cargo da

empresa que o contrata.

n) Desconhecimento da Legislação Trabalhista

O prévio conhecimento da legislação é essencial para a

terceirização lícita.

o) Dificuldade de Aproveitamento dos Empregados já Treinados

Transitório e sem maiores responsabilidades o empregado

terceirizado, por não ter vínculo com o ente no qual presta os serviços, pode

deixá-lo a qualquer momento, levando consigo o treinamento que porventura

tenha feito para desempenhar os serviços.

p) Perda da Identidade Cultural da Empresa, em longo prazo, por Parte dos

Funcionários.

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22 O funcionário desenvolve esforços cada vez menores ou até mesmo

negativos para a consecução dos objetivos organizacionais.

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23

CAPÍTULO IV

A SÚMULA 331 DO TST

4.1 – SÚMULA 331 TST

A súmula 331 do TST é a orientação vigente Contrato de Prestação

de Serviços. Foi aprovada pela Resolução Administrativa nº 23/1993, de 17 de

dezembro de 1993, de acordo com a orientação do órgão Especial do Tribunal

Superior do Trabalho, tendo sido publicada no Diário da Justiça da União de 21

de dezembro de 1993 e mantida pela Resolução 121/2003, DJ 19, 20 e

21.11.2003.

Como não havia unanimidade nos julgamentos, o colegiado

pronunciou-se no intuito de estabelecer seu posicionamento na contratação de

prestação de serviços, e assim acabar com as controvérsias entre os julgados

I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974).

II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da administração pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988).

III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta.

IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços, quanto àquelas obrigações, inclusive quanto aos órgãos da administração direta, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista, desde que hajam participado da relação processual e constem também do título executivo judicial (art. 71 da Lei nº 8.666, de 21.06.1993). (Alterado pela Res. 96/2000, DJ 18, 19 e 20.09.2000)

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24 4.2 – ATIVIDADE-MEIO

A atividade-meio é aquela não representativa do objetivo principal da

empresa, não fazendo parte do processo produtivo caracterizando um serviço

necessário, mas não essencial. Possui caráter meramente secundário, auxiliar,

distante do escopo fundamental ao qual está inserida a empresa.

Para o doutrinador Sérgio Pinto Martins, atividade-meio pode ser

definida como a atividade desempenhada pela empresa que não coincide com

seus fins principais. É a atividade não essencial da empresa, secundária, que

não coincide com seus fins principais. É a atividade de apoio ou complementar

(MARTINS, 2010, P. 133).

A empresa tomadora de serviços não poderá aplicar qualquer

penalidade ao empregado que lhe presta serviços. Qualquer reclamação que

tenha contra ele deverá ser formalizada perante a empresa terceirizada.

4.3 – ATIVIDADE-FIM

A atividade-fim da empresa pode ser definida como a atividade

principal, central da empresa, direta, de seu objeto social. É a produção de

bens ou serviço e comercialização.

Compreende as atividades essenciais e normais para as quais a

empresa se constitui.

A terceirização da atividade-fim da empresa será uma mera

delegação de prestação de serviços da própria atividade principal da empresa,

não havendo especialização.

A Súmula 331 veda a contratação por empresa interposta de

empregadores a trabalharem na atividade-fim da empresa; entretanto, ocorre

que em virtude do artigo 170 da Constituição Federal, que estabelece o

princípio da livre iniciativa, não se pode afirmar que a terceirização restringe-se

à atividade-meio da empresa.

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25 Exemplo de atividades-fim o da empresa automobilística,

decorrentes das novas técnicas de produção e, até, das novas tecnologias.

4.4 – TRABALHADO TEMPORÁRIO

O trabalho temporário está regulamentado pela Lei nº 6.019, de 03

de janeiro de 1974 em seu art. 2º e pelo Decreto 73.841, de 13 de março de

1974, pelo seu art.1º. Com a seguinte redação: Trabalho temporário é aquele

prestado por pessoa física a uma empresa, para atender à necessidade

transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou à acréscimo

extraordinário de serviços.

A mesma lei condiciona o funcionamento da empresa de trabalho

temporário ao prévio registro no Ministério do Trabalho e Emprego.

Na súmula 331 do TST em seu inciso I prevê que a contratação de

trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo

diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário.

No trabalho temporário há subordinação entre o trabalhador

temporário e a empresa de trabalho temporário.

No art. 10 da Lei estabelece prazo máximo de três meses, para um

contrato entre a empresa de trabalho temporário e o tomador com referência ao

mesmo trabalhador, caso ocorra a necessidade de prorrogação, a mesma

deverá ser solicitada mediante procedimentos, mas depende do órgão local

examinar o tema, despachando-o e motivando-o.

Art. 10 - O contrato entre a empresa de trabalho temporário e a empresa tomadora ou cliente, com relação a um mesmo empregado, não poderá exceder de três meses, salvo autorização conferida pelo órgão local do Ministério do Trabalho e Previdência Social, segundo instruções a serem baixadas pelo Departamento Nacional de Mão de Obra.

Com a publicação da Instrução Normativa nº 5, pelo Ministério do

Trabalho e Emprego, em julho de 2007 a Instrução Normativa nº. 3, de 2004,

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26 que concedia autorização para a prorrogação automática dos contratos

temporários, foi revogada. A partir dessa publicação o contrato temporário

somente poderá ser prorrogado após a emissão expressa de autorização do

órgão competente.

Pela lei que regula o trabalho temporário (nº. 6.019/74), o prazo de

vigência do contrato não poderá exceder a três meses, com exceção dos casos

em que houver autorização conferida pelo Ministério do Trabalho.

4.5 – IGUALDADE SALARIAL

A CLT em seu art. 461 nos mostra que Sendo idêntica a função, a

todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, na mesma

localidade, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, nacionalidade

ou idade.

No caso da igualdade salarial entre empregado da empresa

tomadora de serviços e o empregado da empresa terceirizada a equiparação

salarial é impossível, pois são empregados de empresas distintas.

A regra específica do direito do empregado da empresa de trabalho

temporário está disposta no art. 12, alínea a da Lei 6.019/74.

Esta mesma regra não pode ser aplicada para outras empresas de

terceirização como as empresas de segurança, vigilância e transporte (Lei

7.102/83) de valores, empresas de limpeza ou outras.

Art. 12 - Ficam assegurados ao trabalhador temporário os seguintes direitos:

a) remuneração equivalente à percebida pelos empregados de mesma categoria da empresa tomadora ou cliente calculados à base horária, garantida, em qualquer hipótese, a percepção do salário mínimo regional;

Para trabalhadores que exercem a mesma função na mesma

empresa poderá haver a remuneração equivalente.

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27 Esta remuneração compreende o salário (não sendo só a

importância fixa) mais as gorjetas, segundo o art. 457 CLT.

Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber.

§ 1º - Integram o salário não só a importância fixa estipulada, como também as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e abonos pagos pelo empregador.

4.6 – RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA

Configurando-se pela presença de mais de um indivíduo em um ou

em ambos os pólos da relação obrigacional, sendo a responsabilidade

compartilhada entre as diversos indivíduos no mesmo grau.

O credor tem direito à totalidade da prestação, como se fosse único

credor, ou cada devedor estará obrigado por todo o montante do débito, como

se único devedor fosse.

Conforme determina o artigo 265, do Código Civil, a solidariedade

não é presumida, ela decorre de lei ou da vontade das partes.

No Direito do Trabalho a solidariedade decorre de lei, tendo em vista

que o tomador de serviços não irá querer responder pela dívida do prestador

dos serviços.

4.6.1. Solidariedade Ativa

A solidariedade ativa está prevista no artigo 267 do Código Civil que

dispõe, está instituído que cada um dos credores solidários tem direito a exigir

do devedor o cumprimento da prestação por inteiro.

A teoria da solidariedade ativa, no âmbito trabalhista, não é pacífica.

Entende que existe apenas um empregador. Regra que para Sergio Pinto

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28 Martins, a solidariedade ativa no direito do trabalho está prevista no parágrafo

2º, do artigo 2º, da CLT, pois para ele poderá haver a solidariedade ativa

quando o empregador cuida de um grupo de empresas.

Poderá qualquer uma das várias empresas do grupo exigir o

trabalho do empregado. Sendo que, também é permitida a transferência do

empregado de uma empresa para outra, desde que pertencente ao grupo.

Para efeito de férias, 13º salário, estabilidade, e outras garantias do

empregado, conta-se o tempo de serviços prestados entre as diversas

empresas do grupo.

4.6.2. Solidariedade Passiva

A solidariedade passiva está prevista no artigo 275 do Código Civil

que dispõe:

Art. 275 O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto.

A solidariedade no Direito do Trabalho ocorrerá em três casos

previstos.

No grupo de empresas, conforme se §2°, do artigo 2°, da CLT e §2°,

do artigo 3°, da Lei n.° 5.889/73 que regulamenta o trabalho rural.

Na falência da empresa de trabalho temporário, cuja Lei de n.°

6.019, que regula o contrato de trabalho em espécie, em seu artigo 16, impõe a

solidariedade passiva caso a empresa de trabalho venha a falir, a fim de

resguardar os direitos do trabalhador.

E no caso de condomínio de pessoas físicas empregadores rurais,

por força do contrato que foi estatuído. Poderá o trabalhador exigir o

pagamento da dívida de qualquer uma das pessoas envolvidas no condomínio.

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29 O artigo 942 do Código Civil é aplicável a essa solidariedade. Ele

prevê que os bens do responsável pelo dano praticado contra terceiro ficam

sujeitos à reparação do dano e, caso houver, mais de um autor do dano, estes

responderão solidariamente pela reparação.

Poderá também, o artigo 942 ser aplicado nos casos de

terceirização trabalhista se houver mais de um responsável pelo dano, mas

destaca-se para a aplicação do mesmo, que será necessário que o empregado

tenha uma causa específica de pedir; Senão, não poderá o juiz de ofício aplicar

o diploma legal.

4.7 – RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA

Enunciada na súmula 331 do TST a responsabilidade subsidiária, na

terceirização, tem o objetivo de garantir a aplicação das normas no Direito na

terceirização.

Sergio Pinto Martins diz:

Responsabilidade subsidiária é a que vem em reforço de ou em substituição de. É uma espécie de benefício de ordem. Não pagando o devedor principal (empresa prestadora de serviços), paga o devedor secundário (a empresa tomadora dos serviços). (MARTINS, 2010, P. 139)

A empresa tomadora sendo beneficiada da prestação de serviços,

deverá responder de forma subsidiária, tornando se impossível o retorno do

empregado ao status quo ante, não sendo devolvida a energia de trabalho,

assim tornando a necessidade de receber de quem foi beneficiado, os valores.

Isso sendo verificado no inciso IV da Súmula 331 do TST.

O art. 769 da CLT nos diz que nos casos omissos, o direito

processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho,

exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título.

A responsabilidade subsidiária só ocorre no processo trabalhista se

o tomador de serviços for chamado para fazer parte do pólo que, é chamado de

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30 pólo passivo, pois é uma cumulação de réus quando a ação é movida contra

duas ou mais empresa.

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31

CONCLUSÃO

Após a realização deste trabalho é possível fazer uma melhor

análise sobre a Terceirização no Direito do Trabalho inclusive sobre os

aspectos jurídicos da relação entre a empresa tomadora do serviço, a empresa

prestadora de serviços terceirizados e o empregado, amparados pela sua

licitude.

É importância o conhecimento da previsão legal e das hipóteses,

verificar todos os direitos e garantias, vantagens e desvantagens, pois deve

coibir abusos cometidos por parte das empresas prestadoras de serviços e

fraude no trabalho terceirizado e temporário, estas para não pagar alguns

direitos trabalhistas a seus funcionários fazem de tudo para burlar as

disposições trabalhistas da súmula nº 331 do TST e da CLT.

O cuidado com a elaboração do contrato de prestação de serviço

com terceiros e na subordinação entre as partes deve conter o real acordo

entre as partes.

Para se resguardar seria de suma importância que a empresa

prestadora de serviços mantivesse na empresa que a toma, cópias de toda

documentação de seus funcionários, a fim de se resguardar. Caso a

fiscalização trabalhista apareça, ela possa mostrar os registros de seus

funcionários e prestar com clareza todas as indagações de forma que não

tenha nenhum objetivo de fraudar, indicando a veracidade da terceirização

lícita.

Deve-se entender como parceria comercial, com idoneidade

financeira e sem elementos tipificados da relação de emprego, a terceirização

entre o prestador de serviços e o tomador desses serviços, destinados a atingir

a produção de bens e serviços para o mercado, como um fim comum.

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32 Os contratos em que a tomadora faz com a terceirizada deve ser

sempre com pessoa jurídica, assim não configurando vínculo empregatício,

pois este só existe com pessoa física.

A súmula nº 331 do TST considera lícita a atividade-meio, assim

tornando, indiretamente a atividade-fim como ilícita.

O art. 9º da CLT continua sendo aplicado para coibir as empresas

que tentam burlar a legislação trabalhista sobre formação de vínculo

empregatício diretamente com a empresa tomadora dos serviços.

Esta intermediação ilícita da mão de obra é proibida, mas

infelizmente o direitos do trabalhador ainda é muito fraudado.

Observa-se que por fim a terceirização veio para diminuir a falta de

posto de trabalho.

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33 BIBLIOGRAFIA

BRASIL. Decreto-Lei nº 1.034, de 21 de outubro de 1969. Dispõe sobre

medidas de segurança para Instituições Bancárias, Caixas Econômicas e

Cooperativas de Créditos, e dá outras providências. Revogado pelo art. 27 da

Lei nº 7.102 de 20 de junho de 1983.

BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1945. Aprova a Consolidação

das Leis do trabalho. Atualizado até a Lei nº 12.347, de 10 de dezembro de

2010.

BRASIL. Decreto-Lei nº 62.756, de 22 de maio de 1968. Dispõe sobre a

coordenação e fiscalização das Agências de Colocação, submetendo-as ao

controle do Departamento Nacional de Mão de Obra, e dá outras providências.

Revogado pelo Decreto nº 99.663, de 31 de outubro de 1990.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Atualizada até

a Ementa Constitucional nº 67.

BRASIL. Lei nº 4.594 de 29 de dezembro de 1964. Regula a profissão de

corretor de seguros. Atualizada até a Lei Complementar nº 137, de 26 de

agosto de 2010.

BRASIL. Lei nº 5.645 de 10 de dezembro de 1970. Estabelece diretrizes para

a classificação de cargos do Serviço Civil da União e das autarquias federais, e

dá outras providências. Atualizada até a Lei nº 10.583, de 06 de dezembro de

2002.

BRASIL. Lei nº 5.764 de 16 de dezembro de 1971. Define a Política Nacional

de Cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas, e dá

outras providências. Atualizada até a Lei Complementar nº 130, de 17 de abril

de 2009.

BRASIL. Lei nº 5.889 de 08 de junho de 1973. Estatui normas reguladoras do

trabalho rural. Atualizada até a Lei nº 11.718, de 29 de junho de 2008.

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34 BRASIL. Lei nº 6.019 de 03 de janeiro de 1974. Dispõe sobre o Trabalho

Temporário nas Empresas Urbanas, e dá outras Providências.

BRASIL. Lei nº 7.102 de 20 de junho de 1983. Dispõe sobre segurança para

estabelecimentos financeiros, estabelece normas para constituição e

funcionamento das empresas particulares que exploram serviços de vigilância

e de transporte de valores, e dá outras providências. Alterada pela Lei nº

11.718 de 29 de junho de 2008.

BRASIL. Lei nº 9.472 de 16 de julho de 1997. Dispõe sobre a organização dos

serviços de telecomunicações, a criação e funcionamento de um órgão

regulador e outros aspectos institucionais, nos termos da Emenda

Constitucional nº 8, de 1995. Atualizada pela Lei nº 9.986, em 18 de julho de

2000.

BRASIL. Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.

Atualizado pela Lei nº 12.375, em 30 de dezembro o de 2010.

BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula n.º 331, 11 de setembro de

2000. Contrato de prestação de serviços. Legalidade (Revisão da Súmula nº

256 - Res. 23/1993, DJ 21.12.1993. Inciso IV alterado pela Res. 96/2000, DJ

18, 19 e 20.09.2000).

CARRION, Valentin. Comentários à consolidação das Leis do Trabalho. São

Paulo: Saraiva, 2010, 35ª edição atualizada por Eduardo Carrion.

CASTRO, Rubens Ferreira. A terceirização no Direito do Trabalho. São Paulo:

Malheiros, 2000, 1ª edição.

DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. Ed. São Paulo:

LTr, 2010, 9ª edição.

FERREIRINHA, Maione. Regime de Trabalho Temporário uma forma de

Terceirização no Setor Privado. Conteúdo Jurídico,

http://www.conteudojuridico.com.br/.

<http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.25437>. Acesso em:

09/01/2011.

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35 MARTINS, Sérgio Pinto. A terceirização e o Direito do Trabalho. São Paulo:

Atlas, 2010, 10ª edição.

MTE.http://www.mte.gov.br.Link:http://www.mte.gov.br/legislacao/portarias/201

0/p_20100312_550.pdf. Acessado em 02/01/2011.

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36 ÍNDICE

RESUMO.......................................................................................................... 03

METODOLOGIA............................................................................................... 04

SUMÁRIO......................................................................................................... 05

INTRODUÇÃO.................................................................................................. 07

CAPÍTULO I

NOÇÕES GERAIS SOBRE A TERCEIRIZAÇÃO............................................ 09

1.1 – HISTÓRIA DA TERCEIRIZAÇÃO........................................................... 09

1.2 – CONCEITO.............................................................................................. 11

1.3 – NATUREZA JURÍDICA........................................................................... 11

CAPÍTULO II

TERCEIRIZAÇÃO LÍCITA E ILÍCITA............................................................... 13

2.1 – TERCEIRIZAÇÃO LÍCITA....................................................................... 13

2.1.1. Hipóteses da Terceirização Lícita....................................................... 13

2.1.2. Medidas Preventivas para Diminuir Riscos na Contratação............ 15

2.2 – TERCEIRIZAÇÃO ILÍCITA...................................................................... 16

CAPÍTULO III

VANTAGENS E DESVANTAGENS NA TERCEIRIZAÇÃO............................ 18

3.1 – VANTAGENS.......................................................................................... 18

3.2 – DESVANTAGENS................................................................................... 20

CAPÍTULO IV

A SÚMULA 331 DO TST.................................................................................. 23

4.1 – SÚMULA 331 TST.................................................................................. .23

4.2 – ATIVIDADE-MEIO.................................................................................. .24

4.3 – ATIVIDADE-FIM..................................................................................... .24

4.4 – TRABALHADO TEMPORÁRIO.............................................................. 25

4.5 – IGUALDADE SALARIAL........................................................................ 26

4.6 – RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA....................................................... 27

4.6.1. Solidariedade Ativa.............................................................................. 27

4.6.2. Solidariedade Passiva......................................................................... 28

4.7 – RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA................................................... 29

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37 CONCLUSÃO................................................................................................... 31

BIBLIOGRAFIA................................................................................................ 33