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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DIREITO E PROCESSO DO TRABALHO FACULDADE INTEGRADA AVM DEMISSÃO POR JUSTA CAUSA Por: WALTER WINCKELMAN PRISCO GALVÃO ORIENTADOR PROF. CARLOS AFONSO LEITE LEOCADIO Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

DIREITO E PROCESSO DO TRABALHO

FACULDADE INTEGRADA AVM

DEMISSÃO POR JUSTA CAUSA

Por: WALTER WINCKELMAN PRISCO GALVÃO

ORIENTADOR

PROF. CARLOS AFONSO LEITE LEOCADIO

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

DIREITO E PROCESSO DO TRABALHO

FACULDADE INTEGRADA AVM

DEMISSÃO POR JUSTA CAUSA

Monografia apresentação à Universidade Candido Mendes - AVM Faculdade Integrada, como requisito parcial para conclusão do curso de Pós-Graduação em Direito e Processo do Trabalho.

Por: Walter Winckelman Prisco Galvão

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por toda a força e graça concedida para suportar os problemas e concluir esta nova fase de minha vida.

A minha família pelo grande apoio e incentivo dado para que eu pudesse terminar o curso.

Aos meus amigos de turma pelos momentos difíceis mas agradáveis que pudemos desfrutar juntos.

Ao professor orientador pelas sábias lições e por toda a paciência em nos repassar seus valiosos conhecimentos.

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DEDICATÓRIA

Dedico a Deus este trabalho, pois tê-lo

concluído, reflete toda a força e renovo

concedido nas manhãs de cada dia, para que

eu pudesse cumprir toda esta jornada, sem

em momento alguns desanimar.

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RESUMO

Justa causa é todo ato doloso ou culposamente grave, que faça desaparecer a

confiança e boa fé existente entre as partes, tornando, assim, impossível o

prosseguimento da relação.

Em Direito do Trabalho, são várias as situações em que a Lei atribui ao

empregador o direito de demitir o empregado por justa causa:

Ato de improbidade; Incontinência de conduta ou mau procedimento; Negociação

habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador e quando constituir

ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao

serviço; Condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido

suspensão da execução da pena; Desídia no desempenho das respectivas funções;

Embriaguez habitual ou em serviço; Violação de segredo da empresa; Ato de indisciplina

ou de insubordinação; Abandono de emprego; Ato lesivo da honra ou da boa fama

praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições,

salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; Ato lesivo da honra ou da boa

fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo

em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; Prática constante de jogos de azar.

Parágrafo único. Constitui igualmente justa causa para dispensa de empregado, a prática,

devidamente comprovada em inquérito administrativo, de atos atentatórios à segurança

nacional.

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METODOLOGIA

A metodologia empregada no presente trabalho monográfico, desenvolverá um

estudo exploratório do tema Dispensa sem justa causa, tendo como base de estudo

diversas literaturas especializadas. Serão também pesquisados dentre outros, os autores

clássicos na área de Processo e Direito do trabalho, visando sanar todos os pontos

controvertidos e obscuros da tão temida Dispensa por justa causa, abordando cada uma

de suas modalidades e requisitos, através de conceitos fornecidos pelos maiores

doutrinadores brasileiros especializados no assunto, fazendo ainda consultas a

jurisprudências e fontes secundarias, tais como, artigos de revistas e sites.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................................09

CAPÍTULO I - CONCEITO E REQUISITOS.......................................................................11

CAPÍTULO II - RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO............................................27

CAPÍTULO II I - DISPENSA DO EMPREGADO.................................................................30

CONCLUSÃO.....................................................................................................................36

BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................................38

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INTRODUÇÃO

Justa causa, em sentido amplo, é a quebra dos “deveres do empregado e do

empregador ou o descumprimento das obrigações que complementam as prestações

fundamentais de prestar o trabalho e retribuí-lo”.

Em sentido estrito, que é o mais utilizado, é a dispensa do empregado por ter

praticado falta grave. Aliás, no tocante à terminologia do instituto em questão, Justa causa

sempre nos pareceu uma expressão infeliz, porque causa não tem nela sentido jurídico,

mas popular, e justa (ou injusta) poderá vir a ser a conseqüência do motivo determinante

da rescisão, nunca o próprio motivo ou causa.

Assim, a justa causa não seria nem justa, nem causa, e melhor andaríamos se a

ela nos referíssemos, seguindo o exemplo da lei, como motivo da rescisão.

A demissão por justa causa deve ser aplicada pelo empregador imediatamente

após o conhecimento e a apuração da falta grave cometida pelo empregado, sempre que

esta puder ser capitulada em uma das modalidades previstas no artigo 482 da CLT -

Consolidação das Leis do Trabalho.

Porém, o poder do empregador tem limitações, pois a CLT protege o empregado

das arbitrariedades que possam vir a acontecer por parte do patrão, que deverá estar

atento à legislação pertinente, aplicando sanções justas, razoáveis e proporcionais à falta

cometida pelo empregado, como, por exemplo, advertência; suspensão disciplinar; e por

fim a demissão por justa causa.

Não consideraremos a dispensa como uma penalidade disciplinar, mas não há

como negar que o empregador, como detentor dos poderes hierárquicos, diretivo e

disciplinar, na administração de sua empresa, pode aplicar certas penalidades a seus

empregados, penalidades essas que vão da simples advertência até suspensão.

Visto no ato da extinção do contrato de trabalho, o aparecimento da justa causa,

surgiu para moderar a questão discutida. A sua denúncia por uma parte, quando a outra o

violar, é isto um ato justo que não traz conseqüências patrimoniais para seu empregador,

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justo que não acarreta o dever de indenizar o empregado.

Na maioria das vezes o empregador usa a justa causa como motivo para não

pagar as indenizações devidas quando quer encerar o contrato de um empregado, ou no

mínimo, prorrogar, o quanto possível, o pagamento das indenizações. Devido isto, exige-

se provas concretas de que o ato praticado pelo empregado, realmente é o gerador da

justa causa.

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CAPITULO I

CONCEITO E REQUISITOS

A justa causa, em sentido amplo, é a quebra dos “deveres do empregado e do

empregador ou o descumprimento das obrigações que complementam as prestações

fundamentais de prestar o trabalho e retribuí-lo” (PINTO, 561:2007).

Em sentido estrito, que é o mais utilizado, é a dispensa do empregado por ter

praticado falta grave. Aliás, no tocante à terminologia do instituto em questão, curial a

lição de Wagner D. Giglio:

“Justa causa sempre nos pareceu uma expressão infeliz, porque causa não tem nela sentido jurídico, mas popular, e justa (ou injusta) poderá vir a ser a consequência do motivo determinante da rescisão, nunca o próprio motivo ou causa. Assim, a justa causa não seria nem justa, nem causa, e melhor andaríamos se a ela nos referíssemos, seguindo o exemplo da lei, como motivo da rescisão. Não menos infeliz é a expressão falta grave, onde o primeiro termo não significa ausência, carência ou escassez e sim engano, falha, defeito ou infração. E grave, no sentido de importante, intensa ou grande, deve ser toda e qualquer infração, pois as veniais não caracterizam sequer justa causa, como ser verá. Via de consequência, afirmar-se que alguém cometeu uma falta grave não teria, a rigor, o sentido técnico pretendido, ensejando dúvidas. (Apud MARTINS, 2005:373)”:

A justa causa é uma circunstância peculiar ao pacto laboral. Ela consiste na prática

de ato doloso ou culposamente grave por uma das partes e pode ser o motivo

determinante da resolução do contrato.

Sempre que houver ruptura do contrato pela prática de ato faltoso por uma das

partes ou por ambas, o termo apropriado para designá-la é resolução contratual.

Alguns autores consideram sinônimos os termos "justa causa" e "falta grave”

(CATHARINO et al,1986, p.317). Outros se utilizam da expressão "falta grave" quando ela

for praticada por empregado estável e apurada na forma do art. 494 da CLT (GIGLIO,

2005, p17).

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A legislação brasileira aderiu ao sistema taxativo das faltas, limitando-se a

enumerá-las, sem a preocupação de defini-las. Logo, relatados os fatos pela parte, o Juiz

possui certa liberdade para enquadrá-las na enumeração legal, sendo-lhe, no entanto,

defeso admitir nova figura faltosa além daquelas previstas na lei.

Falta grave. Enquadramento do fato narrado com determinante de falta grave. A tipificação do fato, tornado incontroverso, é tarefa exclusiva do magistrado que profere a sentença, único competente para analisar e decidir se o mesmo configura ou não falta grave, à luz da lei, da jurisprudência e da prova dos autos, para justificar extremada medida. TRT - SP RO-18080200290202005 - Ac. 10' T. - 20020680346 - Rei': Juíza Vera Marta Públio Dias - DOE 29.10.2002. Revista Synthesis 36/03, p. 260.

Em geral, os autores apontam como elementos caracterizadores ou requisitos da

justa causa:

a) previsão legal. As justas causas estão arroladas nos art. 482 e 483 da CLT, conforme sejam cometidas, respectivamente, pelo empregado ou pelo empregador. Além dessas faltas, consideradas genéricas,· existem, ainda, as que são consideradas específicas, como, por exemplo, a falta contumaz no pagamento de dívidas legalmente exigíveis pelo bancário (art. 508 da CLT);

b) o caráter determinante da falta. (MORAES FILHO,2006, p.138).

Segundo Evaristo, enumera os seguintes princípios da justa causa: atualidade ou

imediatidade, proporcionalidade, non bis in idem. O autor considera-os também requisitos

da justa causa (MORAES FILHO p. 132).

Para os adeptos da corrente subjetivista, deverá existir um vínculo causal subjetivo

na mente de quem rompe o contrato e o fato responsável pela resolução.

Isso significa que, invocada determinada falta na defesa, ela não mais poderá ser

substituída no curso do processo, salvo se o empregado ocultou maliciosamente o fato;

c) a atualidade ou imediatidade da falta é outro requisito para a

caracterização da justa causa invocada.

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É mister que haja a atualidade entre a falta e a penalidade máxima aplicada.

O requisito, segundo Evaristo de Moraes Filho, é recíproco - refere-se tanto à falta

praticada pelo empregado como àquela praticada pelo empregador - e o seu fundamento

reside na confiança e na boa-fé que deverão existir na relação de emprego.

Configura-se a renúncia ou o perdão tácito quando o empregador toma ciência do

comportamento faltoso do empregado e mesmo assim permite que ele trabalhe por um

lapso de tempo relativamente longo, não comprovando estivesse neste período

aguardando investigação contínua, cautelosa e criteriosa, a fim de, depois, romper o

ajuste.

O prazo para aferição da atualidade ficará ao prudente arbítrio do Juiz,

esclarecendo-se que devem sopesar-se, na sua avaliação, as dimensões da empresa e a

sua complexidade organizacional.

d) outro requisito é a proporcionalidade que deverá existir entre a

prática da falta e a natureza da punição.

Quando a hipótese versar sobre comportamento doloso, não se exige seja aplicada

a proporcionalidade. O mesmo não se diga no que tange à conduta culposa. Há faltas que

não assumem, de imediato, uma gravidade capaz de ensejar a despedida:

Elas só autorizam a resolução quando se repetem, isto é, tornam-se crônicas,

como acontece, em geral, com a desídia, embora ela possa também configurar-se pela

prática de um único ato faltoso.

Quando a falta é leve ou levíssima, devem ser aplicadas sanções mais brandas

(advertência ou suspensão), com o objetivo de recuperar o trabalhador para o caminho da

exação funcional.

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É o princípio da proporcionalidade da falta (Lamarca, 1969, p.378). A

proporcionalidade possui vinculação com a gravidade da falta, requisito único, segundo

Wagner Giglio (Op. cit., p.19), que considera "os demais fatores externos, importantes,

mas estranhos à infração em si mesma".

Imediatidade entre o ato faltoso e a dispensa por justa cansa. Não caracterização do perdão tácito. O transcurso de apenas onze. Dias úteis entre o cometimento da falta e a aplicação da pena de demissão não é tempo suficiente para que se possa alegar ausência de imediatidade, a fim de caracterizar, o perdão tácito, como pretende o recorrente, pois o tempo gasto para a verificação variará de acordo com a complexidade de cada caso, não podendo ser fixado em razão de dias ou meses. O perdão tácito poderia ser presumido caso ocorresse a falta de interesse em apurar a existência ou não da justa causa, ou seja, se a .empresa deixasse de apurá-la, o que não restou configurado nestes autos. Recurso de revista a que se nega provimento. TST - RR-457.671198.3- lª T. - ReI' : Juíza Convocada Maria de Lourdes Sallaberry - DJU 30.5.2003. Revista Justiça do Trabalho. Porto Alegre: HS Editora, junho de 2003, p.106.

No aresto seguinte, a imediatidade restou afastada:

Justa causa. Imediatidade da falta e perdão tácito. Em que pesem os esforços da Reclamada e o reconhecimento da prática de atos ilícitos pelo Reclamante, ensejadores da aplicação da justa causa, não se pode perder de vista a imediatidade e a atualidade na aplicação da: pena: No caso, uma vez apurados os atos faltosos, a resolução contratual só veio a ocorrer ap6s transcorridos quase seis meses contados das conclusões da Comissão de Apuração Sumária, o que implica perdão tácito, visto que o princípio da imediatidade é elemento' inerente ao poder disciplinar do empregador". TRT – 3ª Região -RO-12975/02 - 00939-1999-077-03-00-7- 6ª Turma - ReI': Juíza Emilia Facchini -,DJMG 19:12.2002: Revista Justiça do Trabalho. Porto Alegre: HS Editora, janeiro 2003,p. 110.

A gradação pedagógica no exercício do poder disciplinar assegurado ao

empregador tem por objetivo resguardar a boa ordem no organismo empresarial. A

adoção de punições leves (advertências) e iguais incentiva a repetição da falta e não

recupera o trabalhador para o caminho da exação funcional.

Portanto, sugerimos seja observada a gradação (advertência e depois suspensão),

salvo se a gravidade da falta já comportar de imediato, a dispensa por justa causa

(Seguimos essa direção. TRT – 3ª Região – 2ª' T. - RO-4196/91 - Rei': Juíza Alice

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Monteiro de Barros. Cf., similarmente. TRT – 3ª Região - RO-4320/85 e 2043/90 - Julgado

em 2.4.91; RO-1664/90, julgado em 4.3.91).

A jurisprudência do TST inclina-se no sentido de dispensar a gradação na

aplicação das punições disciplinares e considera suficiente a aplicação de advertências

seguida da dispensa por justa causa.

Falta grave. Desídia. Caracterização. As ausências contínuas e injustificadas ao serviço autorizam a rescisão contratual por justa causa (art. 483, letra e, da CLT). Para a configuração da desídia não é imprescindível' a existência de gradação na aplicação das penalidades disciplinares. sendo suficiente que o empregado tenha sido advertido por diversas vezes durante a execução do contrato. Recurso de revista conhecido, por divergência jurisprudencial, e não provido. TST - RR- 435.521/98 -Ac. 1ª' Turma - Rel.: Juiz Convocado Altino Pedrozo dos Santos - DJU 7.6.2002. Revista TST, v. 68, n. 3, p. 390.

Há outros dispositivos na CLT que se referem, direta ou indiretamente, à dispensa

por justa causa. Aliás, no tocante, Sérgio Pinto Martins adverte que:

A CLT não é muito precisa na utilização dos termos falta grave ou justa causa. Emprega falta grave no art. 453, parágrafo único do art. 240, arts. 492, 493, 495, § 3º do art. 543; também é encontrado na Súmula 403 do STF. O termo justa causa é utilizado no art. 508, arts. 479, 480 e 482. São utilizados ainda outros termos, como ato faltoso (art. 159), justo motivo (arts. 391, 487), faltas justas (art. 491, rescisão injusta (art. 474 da CLT). (PINTO, 2007, p.561)

Consagrou-se na doutrina, todavia, a utilização do termo justa causa como

sinônimo de falta grave.

Por outro lado, destaca Mauricio Godinho Delgado (2009, p.1091), com a

propriedade de sempre, que o Direito do Trabalho brasileiro ainda está em fase primitiva

no que diz respeito ao exercício do poder disciplinar concedido ao empregador.

De fato, não prevê o ordenamento jurídico nenhum procedimento especial para

apuração de falta grave (salvo na hipótese do empregado estável), tal que o trabalhador

é, em regra, demitido unilateralmente, contrariando tendência internacional – que é a da

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participação coletiva, intra empresarial (comissões de fábrica) ou sindical –, sem o

respeito a procedimentos mínimos de defesa, o que, quase sempre, redunda em

discussão no Poder Judiciário.

Não é incomum dispensas desse jaez serem anuladas judicialmente,

especialmente por falta de provas, perdendo-se o empregador na questão do onus

probandi, já que, tanto quanto na rescisão indireta (justa causa aplicada ao empregador),

a falta grave precisa ser sobejamente provada.

Mas, como ainda pondera o mesmo autor, existe, claro, “mínimo de limites à

aplicação de penalidades pelo empregador, mesmo à luz do atual Direito do Trabalho do

país. Esses limites consubstanciam um certo critério de fixação de penalidades

trabalhistas no contexto empresarial”.

Efetivamente, para a aplicação da penalidade máxima ao empregado, é necessário

se observar três grupos de requisitos, que devem ser avaliados conjuntamente em cada

caso concreto.

Ressaltamos, mais uma vez, que a gradação deverá ser respeitada, pelas razões

já mencionadas, salvo se a gravidade da falta autorizar a dispensa de imediato, como, por

exemplo, a ofensa física.

Recurso de Revista. Justa causa. Ofensa física (CLT, art. 482, k). Configuração. Não há dúvidas de que, em recurso de revista, não são revolvidos fatos e provas (En. n. 126/TST), concentrando-se a atividade do Tribunal Superior do Trabalho na realidade que o acórdão regional revelar. Tanto decorre da função uniformizadora do direito que lhe reserva a Lei. O postulado, no entanto, não impede que, com base nas premissas de fato a que se apegar a decisão revisada, venha esta Corte a pesquisar a adequação do resultado jurídico dado. Esta é, em verdade, vocação da instância extraordinária. Sem se perder de vista que a Lei não consagra o instituto da gradação de penas, quando se cuida de justa causa, não se poderá admitir uma tal exigência, diante de ofensa física. Não há razoabilidade em impor-se ao empregador que se submeta, pacientemente, a repetidos ataques por parte de empregado seu, para que, somente quando muito provavelmente já sem defesa, venha a poder dissolver o pacto laboral motivadamente. Em tal caso, qualquer que seja a extensão da conduta obreira, imperativa será a configuração de justa causa, pois não se tolera, como basilar princípio de convivência em

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sociedade, o risco à integridade física das pessoas. À ausência de legítima defesa, submete-se à disciplina do art. 482, 'k', da CLT a trabalhadora que arremessa objetos contra sua superiora hierárquica, manifestamente tentando feri-la. Autorizada resta, na hipótese, a resolução contratual. Recurso de revista provido. TST- RR-640.442/00 - Ac. 4ª Turma - Rel.: Juiz Convocado Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira - DJU 2.8.2002. Revista TST, v. 68, n. 3, jul/dez. 2002, p. 413.

As sanções disciplinares, no Direito do Trabalho, têm uma finalidade punitiva e

corretiva, o que se deduz da sua natureza progressiva. Não possuem característica

ressarcitória, como ocorre em outras disciplinas.

Discute-se a possibilidade de o Juiz, ao apreciar o comportamento responsável

pela resolução contratual, concluir pela simples punição disciplinar e afastar a justa causa.

A jurisprudência nega a possibilidade de os tribunais dosarem a punição aplicada

pelo empregador, sob o argumento de que essa atitude invadiria o poder de comando

empresarial, com intromissão indevida do Magistrado no ambiente de trabalho. Se o Juiz

discordar da pena aplicada, poderá apenas considerar injusta a dispensa.

Da mesma forma, se o pleito versar sobre cancelamento de suspensão disciplinar e

o Juiz entenderem que a hipótese comportaria uma simples advertência, a ele não são

dados substituir uma punição pela outra, mas apenas manter ou cancelar a punição já

aplicada.

Alguns doutrinadores entendem que quem pode o mais pode o menos; logo, se o

Juiz pode cancelar uma punição, deverá poder também substituí-la por uma penalidade

mais 1eve (Ribeiro, 1978, p.88), fixando os limites que considerar exatos, sob pena de

retirar-se da apreciação judicial um fato, ou seja, a intensidade da falta, que é necessário

à aplicação da sanção apropriada.

Afirma essa vertente doutrinária que, na gradação da pena pelo Juiz, não há

quebra da intangibilidade do poder de comando do empregador (pois esta já foi quebrada

quando se facultou até a cassação de suspensões injustas), mas a reposição da relação

material controvertida, nos limites imputados pelo ordenamento jurídico ao tribunal.

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Outro requisito apontado (Catharino, p.320) é o non bis in idem. Logo, se o

empregado já foi punido por uma determinada falta, não poderá o empregador

arrepender-se e aplicar-lhe outra punição, mais rigorosa, sob pena de a segunda ser

anulada.

Justa causa. Impossibilidade de dupla punição. Princípio geral de direito. Não pode o empregador, depois de aplicar uma punição ao empregado, arrepender-se para aplicar outra, mais rigorosa, pelo mesmo fato. Se a última punição aplicada foi a dispensa por justa causa, a empresa deve ser condenada a pagar as verbas indenizatórias". TRT- 2ª Reg. - ROO3870500290202005 - Ac. 2003011467 – 9ª T. - Rel.: Juiz Luiz Edgar Ferraz de Oliveira - DOESP 28.3.2003. Revista Justiça do Trabalho. Porto Alegre: HS Editora, abril 2003, p.99.

A substituição de pena mais grave por pena mais branda só tem sido admitida se o

empregado concordar (GIGLIO, Op. cit., p. 21).

1.1 CIRCUNSTÂNCIAS QUE DEVEM SER SOPESADAS NA ANÁLISE DA JUSTA

CAUSA

Não existe uma justa causa isolada, sempre válida para todos os tempos e lugares.

Muito ao contrário; toda ajusta causa é relativa (Moraes, Op. cit., p.192). Infere-se dessa

assertiva que a avaliação da justa causa deverá ser feita não com base em critérios

absolutos, mas em face das singulares circunstâncias do caso concreto.

Aspectos subjetivos devem ser sopesados na avaliação da justa causa, entre os

quais o passado funcional do empregado, o tempo de serviço prestado à empresa, o seu

nível educacional, a personalidade do faltoso, as condições emocionais em que a falta foi

cometida, a forma como agiu o empregador com relação a comportamentos da mesma

natureza praticados em circunstâncias semelhantes.

A esses aspectos, deverão ser também acrescentados outros, de ordem objetiva,

como a função exercida pelo empregado na empresa e o ambiente de trabalho.

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Assim, o empregado pedreiro que se utiliza de palavrão em uma obra de

construção civil, entre homens habituados a essa prática, comete falta de pouca

relevância, se confrontada com o mesmo ato praticado por empregado em um ambiente

de cortesia habitual.

Daí se infere que, na avaliação da justa causa, o intérprete não deverá se ater a

uma medida-padrão abstrata de comportamento.

1.2. ELENCO TAXATIVO DAS JUSTAS CAUSAS

As justas causas são tratadas nos sistemas legislativos ora de forma taxativa,

como ocorre no Brasil, na Colômbia, em Portugal e no Chile, entre outros, ora de forma

genérica, sistema adotado na Itália e na França. Outras vezes, são tratadas de forma

exemplificativa, como é o caso da legislação do México.

As justas causas praticadas pelo· empregado capazes de autorizar a resolução

contratual estão previstas na legislação brasileira de forma genérica (art. 482 da CLT), e

também de forma específica, como se infere, por exemplo, do art. 508 da CLT, que dispõe

sobre o comportamento faltoso do empregado bancário, e do art. 240, parágrafo único, do

mesmo diploma legal, que dispõe sobre desobediência de ferroviário.

A rigor, essas faltas não alteram a enumeração taxativa do art. 482 da CLT-

mesmo porque já estão compreendidas no elenco desse preceito legal (improbidade e

insubordinação).

O art. 482 da CLT arrola as justas causas capazes de autorizar a resolução do

contrato de trabalho pelo empregador, na seguinte ordem:

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a) ato de improbidade;

b) incontinência de conduta ou mau procedimento;

c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador,

e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou

for prejudicial ao serviço;

d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido

suspensão da execução da pena;

e) desídia no desempenho das respectivas funções;

f) embriaguez habitual ou em serviço;

g) violação de segredo da empresa;

h) ato de indisciplina ou de insubordinação;

i) abandono de emprego;

j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa,

ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou

de outrem;

k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o

empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de

outrem;

l) prática constante de jogos de azar.

Parágrafo único - Constitui igualmente justa causa para dispensa de empregado a

prática, devidamente comprovada em inquérito administrativo, de atos atentatórios à

segurança nacional.

Os atos de improbidade traduzem obtenção dolosa de uma vantagem de qualquer

ordem. Caracterizam-se, em geral, pela prática do furto, do roubo, do estelionato ou da

apropriação indébita.

O furto é descrito no art. 155 do Código Penal como o ato que consiste em

"subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel". Se a subtração ocorrer mediante

grave ameaça ou violência à pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à

impossibilidade de resistência, o crime é de roubo (art. 157 do Código Penal).

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Apropriar-se de coisa alheia móvel de que se tem a posse ou a detenção também

configura crime, nos moldes do art. 168 do Código Penal, tipificado como apropriação

indébita.

O ato não precisa necessariamente atentar contra o patrimônio do empregador. E

assim é que incorre nessa falta o empregado que falsifica certidão de· nascimento de filho

ou atestado de óbito para continuar recebendo salário-famI1ia (art. 90 do Decreto n.

3.048, de 6 de maio de 1999).

Situa-se também como improbidade o suborno. Embora difícil de ser comprovado,

o suborno poderá existir no ambiente de trabalho, principalmente no meio esportivo.

Ele consiste numa dádiva ou entrega e recebimento de dinheiro, com o objetivo de

facilitar ou assegurar um resultado irregular de uma competição desportiva ou, ainda, o

desempenho anormal de um participante.

O furto famélico vem sendo admitido como ação antijurídica pela

jurisprudência trabalhista? Em princípio, é bom lembrar que o furto famélico consiste

numa subtração praticada pelo agente em estado de necessidade (art. 23, I, e 24 do

Código Penal), isto é, premido pela fome.

Essa ação é destituída de antijuridicidade, sendo necessário, entretanto, que o

autor comprove a inevitabilidade da ação extrema, devendo ser ressaltada a raridade das

hipóteses verdadeiras de furto famélico, mormente nas últimas décadas.

O desemprego do agente ou o fato de receber ele baixos salários, situação comum

a grande parte dos trabalhadores brasileiros nos nossos dias, não caracteriza furto

famélico. Torna-se necessária a prova de que está sofrendo dificuldades especiais

(Acórdão unânime 3ª Câmara 26.6.1986, Ap. 27656).

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A jurisprudência afastou a hipótese de furto famélico e reconheceu a prática de

justa causa por um repositor de supermercado apanhado em flagrante alimentando-se

com produto do empregador.

Repositor de supermercado apanhado em flagrante, alimentando-se com produto do empregador comete falta ensejadora de sua despedida. Não há que se falar em furto famélico, porque comprovado nos autos que havia intervalo para lanches e o pequeno valor da mercadoria consumida, sua espécie ou quantidade não afastam a reprovação do ato. TRT - SPP02900267980 - Ac. 2ª T. 8.454/93 - DOE 2.4.93, Rel.: Juiz Gilberto Alain Baldacci. ln Justa causa e despedida indireta.

A improbidade constitui uma das faltas mais graves que o empregado pode

cometer.

Requer prova cabal, dados os reflexos desastrosos que produz na vida funcional

do empregado, malucando-lhe a honra.

Simples ocorrência registrada em delegacia de polícia, com o objetivo de apurar

desvio de numerário pertencente ao empregador, não constitui prova dessa justa causa.

Já o inquérito policial em que o autor confessa prática de crime de roubo qualificado, com

uso de arma, vem sendo aceito como prova da improbidade.

Justa causa. Envolvimento do empregado em crime de dano a bens da empresa. Boletim de ocorrência policial. Sabe-se que a ocorrência policial é apenas um documento por meio do qual se prestam informações à autoridade policial acerca dos fatos ocorridos no local da infração. Pode ser utilizada como indícios probatórios da conduta desabonadora do empregado, mas não como prova absoluta, nela se embasando completamente a empresa para aplicar ao empregado a justa causa ensejadora da rescisão do contrato de trabalho, sob alegação de depredação de bens a ela pertencentes. A autoria atribuída àquele decerto será investigada pela autoridade policial, ocasião em que o boletim será utilizado como mero instrumento de informação de ocorrência dos fatos in loco. Não serve, por si só, para provar a autoria do delito. Mantém-se, pois, a r. decisão hostilizada que afastou a justa causa para rescisão do pacto laboral". TRT - 3ª Região. RO- 8348/01 - 4' Turma - ReI.: Juiz Bolívar Viegas Peixoto - DJMG 18.8.01. Justa causa. Reclamante indiciado como assaltante a mão armada. Caracterização. Tendo sido o reclamante indiciado por crime de roubo qualificado, inclusive com uso de arma, fato que confessou em inquérito

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policial, comete falta grave por ato de improbidade praticado contra terceiros, além de tornar inviável a continuidade das relações de trabalho .TRT - ROO6831/00 – 4ª' Turma - Rel.: Juiz Márcio Flávio Salem Vidigal- DJMG 30.9.00. Revista TRT - 3' Região - julho/dezembro 2000 - p. 362.

A incontinência de conduta é um ato faltoso que se configura pela carência de

pudor.

Exteriorizam-se pela prática, em serviço, de gestos, palavras e atos obscenos

contra qualquer pessoa.

Incorre nessa falta o empregado que pratica o assédio sexual em serviço contra

colega de trabalho, cliente da empresa ou contra o próprio empregador.

Enquadra-se como assédio sexual não apenas aquele classificado como crime,

porque acompanhado de chantagem, mas também o que se caracteriza pela intimidação,

pelo constrangimento, com a utilização de incitações sexuais importunas.

Vejamos:

Justa causa - 'Cantada' no horário e local do trabalho. Incontinência de conduta. Caracteriza justa causa para o despedimento o comportamento do empregado, no local e no horário de trabalho, consistente em cantar pessoa que se utiliza dos serviços da reclamada. Ato incompatível com a civilidade que razoavelmente é dado ao empregador exigir do empregado. Incontinência de conduta configurada". TRT - 1Oª Reg. - RO-2528f99 - P T. - Relª: Juíza Maria de Assis Calsing - DJU 26.5.2000. Revista Síntese, n. 133, p. 76. Constitui justa causa o assédio sexual entre colegas de trabalho quando um deles causa constrangimento, é repelido, descambando o outro para a vulgaridade e as ameaças, em típica má conduta. TRT - 5ª Região - RO-009892722-50 -Ac. 3ªT. -4613/92, 7.7.92. Rel.: Juiz Ronald Souza. Revista LTr, São Paulo, mar.l93, n. 57, p. 318.

Incorre também na justa causa de incontinência de conduta o empregado que se

utiliza de telefone do empregador para efetuar ligações para "disque-sexo", ou do e-mail

corporativo para a remessa de material pornográfico.

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Empregado que, durante o tempo em que está à disposição de seu empregador, utiliza telefone deste para efetuar ligações para disk-sexo e disk-namoro dá ensejo ·ao seu despedimento por justa causa, por adoção de comportamento incompatível com a moral. TRT- 9ª Região RO-147921l999 - Ac. I' T. '- 11.78212000, 2.5.00 - Rel.: Juiz Tobias de Macedo Filho. Revista LTr 64-10/1298.

Não constitui incontinência de conduta o beijo rápido de casal de namorados, na

boca, intitulado "selinho", em ambiente de trabalho, fato comum no nosso país.

O ato constitui manifestação carinhosa, sem qualquer conotação de escândalo.

Entendimento contrário traduz rigor excessivo ou falso puritanismo.

Merece destaque especial a incontinência de conduta praticada pelo atleta ou, mais

especificamente, pelo jogador de futebol.

Como é sabido, o caráter muito amplo e intenso da subordinação é uma

peculiaridade do contrato de trabalho desse empregado.

O controle estende-se não só à atividade esportiva, incluindo treinos, concentração

e excursões, mas também aos aspectos pessoais, como alimentação, bebidas, horas de

sono e peso; aos aspectos mais Íntimos, como o comportamento sexual; mais

convencionais, como vestimenta e a presença externa e, ainda, aos aspectos mais

significativos, como declarações à imprensa (BARROS, 2009, p.896).

Por outro lado, é incontestável que o atleta,· dada a natureza da obrigação

funcional assumida consciente e voluntariamente, deve manter boa forma física, como

aliás se infere do art. 35, li, da Lei n. 9.615, de 1998, com a nova redação dada pela Lei n.

9.981, de 2000.

Logo, segundo a doutrina Cândia, 1999 p.123, o seu ambiente de trabalho é mais

amplo e não se restringe aos limites físicos da sede da agremiação, sob pena de serem

desatendidas as peculiaridades do contrato em exame.

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Com base nesses argumentos justifica-se ingerência empresarial em certos

aspectos da vida privada do empregado que terminarão "por implicar inevitável queda de

forma física do atleta".

Para os atletas, portanto, a incontinência de conduta é avaliada com mais rigor do

que o critério adotado para os empregados em geral e poderá configurar-se mesmo fora

das dependências da agremiação.

Pratica incontinência de conduta o jogador que comparece com freqüência "às

casas noturnas, para encontros constantes, amorosos, que somente se concretizam

depois de longa permanência na área de diversão, onde quase sempre o uso imoderado

de bebida faz parte da noitada"(CÂNDIA, Op. cit., p. 123).

É imprescindível, para a configuração dessa falta, que haja a habitualidade,

residindo aí um dos limites à intromissão da agremiação na conduta privada do

empregado.

Essas prerrogativas patronais, que em relação a outro empregado não

encontrariam respaldo legal, são permitidas, no tocante ao atleta, dado o nexo de

causalidade entre elas e o fim do contrato, que é o maior rendimento possível nos

espetáculos desportivos.

O cumprimento das obrigações contratuais assumidas voluntariamente em troca de

dinheiro e prestígio requer um determinado comportamento privado, que poderá ser

objeto de controle pelo empregador.

Ressalte-se, entretanto, que as prerrogativas patronais não são ilimitadas. Poderão

ocorrer abusos no exercício desse poder de controle.

Logo, se for ele exercido com desvio da finalidade, ou seja, sem o objetivo

originário, que é o maior rendimento desportivo, a faculdade exercida pelo empregador

poderá ser considerada ilegal.

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Outra falta é o mau procedimento. O traço distintivo do mau procedimento em

relação a outras justas causas é a sua amplitude.

O mau procedimento caracteriza-se quando evidenciado comportamento incorreto

do empregado, traduzido pela prática de atos que firam a discrição pessoal, as regras do

bom viver, o respeito, o decoro, ou quando a conduta do obreiro configurar impolidez ou

falta de compostura capazes de ofender a dignidade de alguém, prejudicando as boas

condições no ambiente de trabalho.

A falta não se configura se ausente a infringência ao cumprimento do dever social

de boa conduta. Dada a sua amplitude, poderá abranger outras faltas.

A negociação habitual, por conta própria ou alheia, sem permissão do

empregador, quando constituir concorrência à empresa para a qual trabalha ou for

prejudicial ao serviço, também caracteriza justa causa para a dispensa.

Se o empregado desempenhar alguma função prejudicial ao serviço, sem

conhecimento do empregador, a justa causa poderá configurar-se. O mesmo sucederá se

praticar um ato que implique concorrência.

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CAPITULO II

RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO

Empregado e empregador se unem através de um contrato de trabalho que prevê

obrigações mutuas: para o empregado, obrigação de obediência diligencia no serviço e

fidelidade, para o empregador, fornecer serviço, pagar salário, respeitar o empregado e

cumprir as demais clausulam do contrato.

No desenrolar das relações de trabalho comete ato faltoso a parte que deixa de

cumprir essas obrigações.

A justa causa se constitui pela pratica desse ato faltoso, praticado por uma das

partes, autorizando assim a outra a rescindir o contrato, sem ônus para o denunciante,

nem todo ato faltoso, entretanto, constitui, justa causa para a rescisão, pois é necessário

que este ato se revista de gravidade, como será visto.

No estudo que se segue, trataremos dos problemas relacionados com as justas

causa e também a rescisão onde não apresenta-se justa causa, bem como os deveres da

parte que o fizer.

“PERÍODO EXPERIMENTAL”. A CLT (art. 443) inclui o contrato de experiência

como uma das modalidades do gênero dos contratos a prazo, com a redação do decreto

lei nº 229, de 1967.

Fixou também o prazo máximo de duração de 90 dias (art. 445, parágrafo único).

Em face da lei brasileira, a experiência faz nascer um contrato autônomo, preliminar, a

termo certo, com tratamento igual aos demais contratos a prazo, inclusive para fins de

direito do empregado na rescisão antecipada com pagamento da metade da remuneração

faltante para termo final, e a inexistência do direito ao aviso prévio.

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Experiência é um período da relação de emprego sujeito a termo final, não vedada

a ruptura do vínculo no termo final. Não é fase pendente de um contrato futuro porque é a

própria relação de emprego em pleno desenvolvimento.

2.1 EXTINÇÃO DA INICIATIVA DO EMPREGADOR

A relação de emprego extingue-se por ato do empregador com a dispensa do

empregado, que será com ou sem justa causa, esta implicando a redução dos seus

direitos, suprimidas as verbas rescisórias.

Será também de iniciativa do empregador a ruptura do contrato decorrente da

extinção deliberada da empresa.

2.1.1 Extinção por Iniciativa de Ambos

Cessa o contrato, por iniciativa de ambas as partes, com o acordo. Incorrendo,

empregado e empregador, em culpa recíproca, também poderá ser rescindido o contrato;

na culpa recíproca ambos concorrem para a ruptura.

Serão indevidos aviso prévio, 13º salário proporcional e férias proporcionais. O

pagamento direto da multa do empregador sobre o valor dos depósitos do fundo de

garantia é reduzido de 40% para 20%.

2.1.2 Extinção Decorrente de Ato de Terceiro ou Fato

Término do contrato a prazo é a extinção da relação de emprego pelo fato de

atingir o termo final ajustado pelas partes no seu início hipótese que não se confunde com

rescisão antecipada; é indevido aviso prévio no término do contrato pelo decurso do

prazo.

A extinção da empresa por ato do governo provocando a paralisação definitiva do

negócio transferirá a responsabilidade pelas verbas rescisórias que o empregador pagaria

diretamente ao Poder Público, figura que tem o nome de factum principis.

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A morte do empregado faz com que os dependentes se habilitem ao levantamento

dos depósitos do Fundo de Garantia, transferindo-se o direito aos pagamentos de

natureza salarial e aqueles sobre os quais o de cujos tinha direito adquirido, como as

férias vencidas indenizadas.

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CAPITULO III

DISPENSA DO EMPREGADO

Dispensa é a ruptura do contrato de trabalho por ato unilateral e imediato do

empregador, independente da vontade do empregado.

Classifica-se, na teoria, em:

a. Quanto à causa dispensa com e sem justa causa, aquela subdividindo-se em

dispensa com causa justa ou sem causa justa;

b. Quanto à forma em dispensa informal e formal, esta dividindo-se em dispensa

com procedimento ou sem procedimento;

c. Quanto ao controle em dispensa sem e com controle, e este será administrativo,

judicial ou profissional;

d. Quanto aos efeitos jurídicos será dispensa válida e dispensa nula, esta, por sua

vez, com ou sem reintegração de emprego;

e. Quanto a número de empregados será individual ou coletiva;

f. Quanto aos direitos do empregado será indenizada ou não indenizada.

3.1 INDENIZAÇÃO POR DISPENSA SEM JUSTA CAUSA

Para a exata compreensão do direito a indenização e de seu valor, é preciso

distinguir entre os contratos a prazo e aqueles sem determinação de prazo, bem como

entre os contratos de trabalho submetidos ao regime de indenização da CLT e aqueles

submetidos ao fundo de garantia por tempo de serviço. Estabelece a CLT:

Art. 477. É assegurado a todo empregado, não existindo prazo estipulado para a terminação do respectivo contrato, e quando não haja ele dado motivo para a cessão das relações de trabalho, o direito de haver do empregador uma indenização, paga na base da maior remuneração que tenha percebido na mesma empresa. Art. 478. A indenização devida pela rescisão de contrato por prazo

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indeterminado será de um mês de remuneração por ano de serviço efetivo, ou por ano e fração igual ou superior a 6(seis) meses. Inciso I O primeiro ano de duração do contrato por prazo indeterminado é considerado como período de experiência, antes que se complete, nenhuma indenização será devida. Nestes artigos , assegura a CLT , o direito a indenização por dispensa injusta e seu critério de fixação, contanto o empregado com dois anos de empresa e sendo dispensado sem justa causa, recebera a titulo de indenização dois salários, considerada a remuneração de época da dispensa, nota-se que o direito a indenização ocorre somente neste período ficando o primeiro ano a titulo de experiência. O pagamento da indenização será de 30 dias, se for diário, 240 horas sendo calculado em hora , tratando-se de salário base faz-se uma media dos últimos 12 meses. O direito a indenização , põe injusta causa, no prazo do contrato de trabalho por tempo indeterminado: Art. 479. Nos contratos de trabalho que tenham termo estipulado, o empregador que, sem justa, despedir empregado será obrigado a pagar-lhe, a titulo de indenização, e por metade ,a remuneração a que teria direito até o termo do contrato.

Se o empregado foi dispensado injustamente, havendo prazo certo lembrando que

o contrato de trabalho é permitido apenas nas hipóteses previstas na lei (art. 433 inciso 2

da CLT),

No caso de remuneração variável, para efeito de calculo do valor da metade do

prazo faltante, observarás o mesmo critério indicado nos parágrafos 2º a 5º do artigo 478

da CLT, para os contratos sem prazo.

O direito á indenização assegura ao empregado injustamente dispensado o direito

a receber do empregador os depósitos do FGTS relativos às verbas da recessão

contratual e referentes ao mês anterior a rescisão que ainda não tenham sido depositados

no banco.

Se a despedida ocorrer por justa causa perderá o empregado os valores a titulo de

juros de mora e de correção, em favor do fundo , conservando em seu nome ,e em seu

poder de movimentação.

Em se tratando de empregado optante, existindo contrato a prazo, ocorrendo as

rescisão antecipada do mesmo, por iniciativa do empregador, fará jus o empregado ao

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levantamento dos depósitos em seu nome e eventual diferença em relação ao que

receberia se não fosse optante pelo regime do FGTS.

Com efeito ao empregado em tais condições é devida a entrega das guias para a

movimentação do FGTS e o pagamento pelo empregador de eventual diferença pelo

devido a titulo de metade dos salários do prazo faltante.

A partir da vigência da lei do FGTS todos os empregadores passaram a ser

obrigados a efetuar o recolhimento mensal de oito por cento de remuneração paga ao

empregado, depositando tais valores em uma conta bancaria aberta especificamente para

tal finalidade, ou em caso de optante em uma conta no nome do próprio empregado, em

caso de não em uma conta no nome da empresa com o valor de todos os não optantes.

Alguém que seja optante do FGTS, ainda que trabalhe por vinte ou trinta anos em

uma empresa, nunca alcançara estabilidade, podendo ser dispensado a qualquer

momento.

A estabilidade de emprego é de fundamental importância ,quer de ponto de vista

pessoal do trabalhador, quer de ponto de vista sindical.

A instabilidade no emprego, do ponto de vista sindical, surge como um

impedimento à atuação no sindicato, na defesa dos seus interesses e de seus colegas, se

os empregados fossem portadores de estabilidade no emprego poderiam, quer a nível

individual ou coletivo, fazer valer efetivamente seus direitos.

Constata-se do exame dos regimes do FGTS e da estabilidade da CLT, que se

torna necessária uma reformulação do sistema de garantia de emprego aos

trabalhadores.

De outra parte, não crê-se ser possível nem conveniente a extinção do sistema do

fundo de garantia do tempo de serviço.

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Tornando-se necessário compatibilizar ambos os regimes mantendo o fundo de

garantia hoje existente, mas assegurando aos empregados efetiva garantia de emprego,

só permitindo as dispensas por justa causa ou por justificado motivo, devidamente

comprovados.

3.2 AS JUSTAS CAUSAS PARA RUPTURA CONTRATUAL

Justa causa é a ação ou omissão de um dos sujeitos da relação de emprego, ou de

ambos, contrária aos deveres normais impostos pelas regras de conduta que disciplinam

as suas obrigações resultantes do vínculo jurídico.

A caracterização da justa causa depende de condições que devem estar presentes

para a sua admissibilidade, a saber, a atualidade, a gravidade e a causalidade.

É vedada a dupla punição. A justa causa invocada para o despedimento do

empregado deve ser atual, praticada na mesma ocasião a que se segue a rescisão

contratual, perdendo a eficácia uma falta pretérita, ocorrida muito tempo antes.

A justa causa deve ser grave para autorizar o despedimento do empregado. Uma

falta leve cometida pelo trabalhador não será reconhecida como justa causa.

A gravidade da falta, em relação ao empregado, deve ser avaliada, de regra, in

concreto, considerando-se não apenas uma medida padrão abstrata de conduta o bom

trabalhador mas as condições pessoais do agente e outras circunstâncias concretas de

tempo, maio, costumes etc. em relação ao empregador, de regra, é aferida in abstrato,

tendo como padrão o bônus pater famílias dos nossos dias: o burguês honesto e avisado.

Entre a justa causa e a rescisão do contrato de trabalho deve haver um nexo de

causa e efeito de tal modo que esta é determinada diretamente por aquela.

A prática faltosa deve ser, realmente, a causa efetiva do despedi mento, deve ser

conseqüência do ato faltoso.

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O direito trabalhista adota o princípio do non bis in idem. Significa que a mesma

falta do empregado não pode ser duplamente punida.

Punir duplamente a mesma transgressão quer dizer aplicar uma penalidade pela

segunda vez ao mesmo empregado sem que nada tenha efeito além do que já fez.

Ë possível despedir o empregado, ainda que inexista motivo para tanto, salvo as

exceções que são as hipóteses de estabilidade, sempre for possível a dispensa, torna-se

necessário saber se a mesma foi decorrente de ato do empregado que justificou tal

proceder por parte do empregador ou não, isto porque ocorrendo dispensa provocada

pelo empregador, torna-se indevido o pagamento de indenização, aviso prévio, férias, e

13% salário proporcionais; já se a dispensa foi imotivada, fará jus o empregado ao

pagamento da indenização dos depósitos do FGTS com a multa de 10% ao aviso prévio e

á proporcionalidade de férias e de 13% salário a razão 1/12 por mês trabalhado, ou fração

igual ou superior a quinze dias.

Na hipótese de rompimento de contrato por iniciativa do empregado, que

corresponde ao pedido de demissão, terá assegurado, além do salário, as ferias e o 13%

salário proporcionais.

Assim entendamos a justa causa como causa como qualquer um dos atos

expressamente previstos em lei e que justifica a outra parte romper o contrato de trabalho

sem ônus para si.

3.3 DISCIPLINA JURÍDICA DA DISPENSA

O empregador tem o direito de rescindir o contrato de trabalho. Se a dispensa

caracterizar-se como arbitrária ou sem justa causa, o empregador pagará um acréscimo

de 40 % nos depósitos do FGTS.

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Logo nada impede a dispensa. Outra é a situação dos portadores de estabilidade

especial. A dispensa imotivada será, nesses casos, nula, comportando a reintegração do

trabalhador no emprego.

Os pagamentos devidos na ruptura, e em se tratando de empregado com mais de

um ano de serviço para o mesmo empregador, são sujeitos a homologação perante a

delegacia regional do trabalho ou respectivo sindicato, ato de controle a posteriori,

simples constatação dos cálculos e não controle a priori desconstitutivo ou não do vínculo

jurídico.

Quando o empregado é despedido sem justa causa os seus direitos assegurados

por lei incluem: a. FGTS; b. 40% do FGTS, que tem natureza constitucional indenizatória;

c. aviso prévio; d. remuneração das férias proporcionais; e. 13º salário proporcional; f.

indenização pelo tempo anterior ao enquadramento do empregador no FGTS, se

existente.

Denomina-se fundo de garantia por tempo de serviço um sistema de depósitos

efetuados pelo empregado em conta bancária do empregador, sob a gestão da Caixa

Econômica Federal, e com um conselho curador, para utilização pelo trabalhador em

hipóteses previstas em lei. O valor depositado é calculado sobre os salários e no

percentual de 8% mensais.

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CONCLUSÃO

O descumprimento das obrigações contratuais de qualquer uma das partes

contratadas, autoriza a parte afetada ao rompimento de contrato, justa causa se constitui,

de uma infração ao ato faltoso grave, praticado por uma das partes, que autoriza a outra

rescindir o contrato de trabalho sem ônus para o denunciante causando.

Tal dispensa é gerada em razão de uma ação ou omissão de um dos sujeitos da

relação de emprego, ou de ambos, de forma que venha a contrariar aos deveres normais

a eles impostos pelas regras de conduta que disciplinam as suas obrigações.

Observamos também que é claramente vedada a dupla punição, ou seja, a justa

causa invocada para o despedimento do empregado deve ser atual, praticada na mesma

ocasião a que se segue a rescisão contratual, pois caso contrário perderá completamente

sua eficácia.

Tanto o empregador como o empregado podem proceder de tão forma o que

autoriza as justas causas se caracterizam por: para o empregado agir de tal forma:

exigências de serviços superiores as forças, correr perigo, ofensas físicas, e qualquer um

dos demais requisitos descriminados no art. 483 da CLT, quando ao empregador dá-se à :

má conduta, embriaguez, e os demais requisitos do artigo 482 da CLT.

Quando a rescisão ocorrer sem justa causa, o empregado recebe todos os seus

direitos ficando assegurado a todo o empregado o direito de haver do empregador uma a

indenização, paga na base da maior remuneração que tenha percebido na mesma

empresa.

Em contratos de tempo estipulado, o empregador é obrigado a pagar, a titulo de

indenização, e por metade, a remuneração a que teria direito até o termo do contrato.

Somente faltas tipificadas nos respectivos dispositivos legais podem ensejar

dispensa por justa causa.

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A justa causa deverá ser prevista na lei, pois poderíamos aplicar a regra do Direito

Penal e adaptá-la no Direito do Trabalho, no sentido de que não haverá justa causa se

não houver previsão na lei.

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BIBLIOGRAFIA

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ÍNDICE

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I

CONCEITO E REQUISITOS 11

1.1 Circunstâncias que devem ser sopesadas na análise da justa causa 18

1.2 Elenco taxativo das justas causas 19

CAPÍTULO II

RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO 27

2.1 Extinção da iniciativa do empregador 28

2.1.1 Extinção por Iniciativa de Ambos 28

2.1.2 Extinção Decorrente de Ato de Terceiro ou Fato 28

CAPÍTULO III

DISPENSA DO EMPREGADO 30

3.1 Indenização Por Dispensa Sem Justa Causa 30

3.2 As Justas Causas para Ruptura Contratual 33

3.3 Disciplina jurídica da dispensa 34

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38

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