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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
A PEDAGOGIA E O ENSINO A DISTÂNCIA NA MARINHA DO BRASIL NO
ESTUDO PARA OFICIAIS INTERMEDIÁRIOS
JESSICA SCHMIDT BOSCATO
RIO DE JANEIRO- RJ 2017 DOCUMENTO
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A PEDAGOGIA E O ENSINO A DISTÂNCIA NA MARINHA DO BRASIL NO
ESTUDO PARA OFICIAIS INTERMEDIÁRIOS
JESSICA SCHMIDT BOSCATO
Monografia apresentada à Universidade Candido Mendes – AVM Faculdade Integrada, como requisito parcial para a conclusão do curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Pedagogia Empresarial.
Rio de Janeiro 2017
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A PEDAGOGIA E O ENSINO A DISTÂNCIA NA MARINHA DO BRASIL NO
ESTUDO PARA OFICIAIS INTERMEDIÁRIOS
JESSICA SCHMIDT BOSCATO
Avaliada por:
______________________________________ Prof. Marcelo Saldanha
Data: ______/______/_______
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“Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo
educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não
conheço e comunicar ou anunciar a novidade.”
Paulo Freire
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DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a Rosana Schmidt Boscato e Ademar Antônio Boscato, meus pais, por
serem todo meu suporte em todas as caminhadas que já tive na vida. Todo meu empenho e
esforço são por vocês.
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AGRADECIMENTOS
À Deus por me acompanhar em todo meu trilhar da vida, por me dar sabedoria e por me
abençoar em todas as minhas escolhas durante a minha formação.
Aos meus pais por sempre acreditarem em mim, me deram todo o apoio que precisei. Sem
vocês eu não conseguiria.
Ao meu irmão, Douglas Schmidt Boscato, que foi um grande exemplo para mim.
À Comandante Agnes e toda a equipe C-EMOI fase I da Marinha do Brasil por me
proporcionarem a oportunidade de aprender muito para a minha formação profissional.
E ao meu orientador, Marcelo Saldanha, muito obrigada!
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RESUMO
BOSCATO, J. S. A Pedagogia e o ensino a distância na Marinha do Brasil no estudo para Oficiais Intermediários. Monografia, Universidade Cândido Mendes - AVM faculdade integrada, 2017 Este trabalho relata a atuação do pedagogo, como também o trabalho pedagógico desenvolvido pelas forças armadas, principalmente na Marinha do Brasil, do qual ressaltarei a devida importância da atuação do pedagogo empresarial nesta instituição, com enfoque em sua atuação na formação a distância de Oficiais intermediários. Como se desenvolve o seu trabalho nesse espaço? Qual a forma de ingresso? E como é este espaço de trabalho. Para tentar responder estas perguntas foi realizada uma pesquisa bibliográfica a respeito desta instituição e em específico o curso C-EMOI fase I, no qual apresento um pouco do seu trabalho no campo militar, o currículo a ser utilizado neste curso e qual a relevância de um ensino a distância na Marinha do Brasil. A educação militar, com o método disciplinador e tecnicista, tem o objetivo de desenvolver oficiais que seguirão carreira militar e é com esse público específico que o trabalho do pedagogo empresarial se desenvolve nas forças armadas. PALAVRAS-CHAVES: Pedagogia empresarial; educação à distância; Marinha do Brasil.
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LISTA DE SIGLAS
AA – Auxiliar da Armada
AFN – Auxiliar Fuzileiro Naval
C-EMOI – Curso de Estado-Maior para
Oficiais Intermediários
CA – Corpo da Armada
CDE – Chefe do Departamento de Ensino
CN – Capelão Naval
CSM – Corpo de Saúde da Marinha
DNI – Doutrina Nacional de Inteligência
EAD – Educação a Distância
EGN – Escola de Guerra Naval
EMA – Estado Maior da Armada
EN – Engenheiro Naval
FN – Fuzileiro Naval
HA – Hora Aula
IM – Intendente da Marinha
LDB – Lei de Diretrizes e Bases Nacional
MB – Marinha do Brasil
OA – Oficial Aluno
OE – Orientador Educacional
OM – Organização Militar
OP – Orientador pedagógico
PCOM – Plano de Carreira de Oficiais da
Marinha
PPM – Processo de Planejamento Militar
QC – Quadro Complementar
SAbM – Sistema de Abastecimento da
Marinha
SEN – Sistema de Ensino Naval
SISCEMOI – Sistema de Curso de Estado-
Maior para Oficiais Intermediários
SOE – Serviço de Orientação Educacional
SOP – Serviço de Orientação Pedagógica
T – Quadro Técnico
UNIRIO – Universidade Federal do Estado
do Rio de Janeiro
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SUMÁRIO
Introdução______________________________________________________________10
Capítulo 1: Identidade através do currículo__________________________________ 12
Capítulo 2: O ensino militar _______________________________________________20
2.1: EAD na Marinha do Brasil ____________________________________________25
2.2: A Escola de Guerra Naval (EGN) e o C-EMOI fase 1 ______________________29
Capítulo 3: O pedagogo na Instituição Militar ________________________________36
3.1: Principais características observadas ___________________________________ 46
Considerações Finais_____________________________________________________48
Referências Bibliográficas_________________________________________________52
Anexo 1º : Quadro Demonstrativo dos lotes do C-EMOI Fase 1__________________55
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INTRODUÇÃO
Falar de trabalho pedagógico é se remeter a um campo de atuação com grande
amplitude, tendo em vista que, como nos mostra Libâneo (2010), em todo processo
formativo, seja ele formal ou informal, está implícita uma concepção de educação que irá
influenciar a relação ensino-aprendizagem. Existe uma educação desenvolvida no seio
familiar, uma educação escolar, uma educação para o trabalho, cada uma delas com
características próprias. A pedagogia, de acordo com Saviani (2010), é a ciência que estuda
a relação ensino-aprendizagem, seja em instituições de ensino formal ou informal.
O fato de o pedagogo ter como objeto de estudo a educação, não significa que esta
ocorra apenas no espaço escolar e que este educador seja o único responsável por ela.
Conforme nos aponta o antropólogo Carlos Brandão (1981):
Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. Com uma ou com várias: educação? Educações? (...) Não há uma forma única nem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar em que ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não é a única prática, e o professor não é seu único praticante. (BRANDÃO, 1981, apud LIBÂNEO, 2002 p. 26).
O currículo das universidades brasileiras tem priorizado o debate a respeito do
pedagogo dentro da sala de aula, porém, através deste estudo é analisado um campo
pedagógico desconhecido por muitos. Este trabalho discute sobre as funções
desempenhadas pelo pedagogo em uma instituição militar, a Marinha do Brasil, e quais
delas fazem parte, ou não, da alçada desse profissional, tendo em vista que além de
pedagogo, o profissional que atua nesses estabelecimentos é também militar. O trabalho
conceitua a pedagogia enquanto campo do saber relacionada à área da educação e reflete
sobre o trabalho desenvolvido pelo pedagogo no âmbito militar.
Através de análise documental, este trabalho expõe a necessidade de se
compreender a influência do ensino a distância na formação destes militares brasileiros e,
por conseguinte, de sua relação com a sociedade.
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A vida militar e consequentemente a forma de ensino realizado nas Forças
Armadas deve ser pensado pelo objetivo a que se destina, assim como suas especificidades
e características de emprego.
Neste estudo é traçado o processo de implantação do ensino a distância via web, na
Marinha do Brasil e a sua rápida evolução. Tal processo, embora tenha sido realizado a
baixíssimo custo, apresenta um excelente padrão de qualidade, em face da atenção que tem
sido despendida ao assunto dentro da instituição, e da sua importância no contexto sócio
educacional da atualidade.
O desafio desta pesquisa é expor os princípios norteadores do ensino realizado na
Marinha do Brasil, com enfoque no ensino a distância do curso de Estado-Maior para
Oficiais Intermediários, sua relevância e praticidade, as tendências pedagógicas que
tradicional e institucionalmente regem esta modalidade de ensino e balizam o currículo
deste curso. O perfil dos discentes e dos docentes não são analisados, mas sim a prática
pedagógica existente por trás do campo militar e sua relevância para a formação destes
Oficiais.
O capítulo I aponta a necessidade de reflexão a respeito dos cursos de formação de
pedagogos, onde o currículo das mesmas tem direcionado suas disciplinas prioritariamente
à docência. Com isto, a formação do pedagogo se torna defasada, pois o pedagogo deve
atuar em muitas esferas da educação como nas forças armadas. No mesmo capítulo é
ressaltado o currículo utilizado na Marinha do Brasil e de que forma o pedagogo atua e
reproduz este currículo.
No capítulo II descreve a relação do ensino militar, a dinâmica dos quartéis com a
implantação do ensino a distância na Marinha do Brasil. E como objeto de estudo, C-EMOI
fase 1, é analisado a execução deste tipo de ensino para os Capitães-Tenentes na Escola de
Guerra Naval.
Ao final, no capítulo III, é apresentada, com base no Manual de Orientação
Educacional e Pedagógico da MB, a atuação do pedagogo nesta instituição militar, o que é
ou não de sua alçada, seu perfil profissional e pessoal. Distinguindo o trabalho realizado
pelo pedagogo como orientador educacional e o trabalho executado pelo pedagogo em
orientação pedagógica. Tendo como tendência pedagógica a Pedagogia Tecnicista.
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CAPÍTULO I: IDENTIDADE ATRAVÉS DO CURRÍCULO
Durante minha formação como pedagoga, me inquietou o fato de que o currículo do
curso de pedagogia em diversas instituições esteve direcionado prioritariamente à docência,
como prática de sala de aula, limitando, a meu ver, o conceito de pedagogia, pois vivemos
num tempo e espaço onde todos estão conectados, interligados, ou melhor, globalizados, e
este fenômeno (com a consequente introdução das novas tecnologias no mundo do trabalho,
a abertura das fronteiras dos países para a competitividade acirrada, etc.) tem provocado
mudanças profundas na sociedade como um todo e, como não poderia deixar de ser,
também no âmbito educacional, exigindo-se a preparação de profissionais flexíveis e
polivalentes.
A formação dos pedagogos deve considerar além da sala de aula, possibilidades de
atuação mais ampliadas, pois ele é um profissional que está habilitado a ser um colaborador
comprometido diretamente com as práticas educativas e em espaços educativos que
necessitam da intervenção pedagógica, sejam eles espaços formais, não formais ou
informais. Segundo Libâneo e Pimenta (1999: p. 252), a ação pedagógica não se resume a
ações docentes, de modo que, se todo trabalho docente é trabalho pedagógico, nem todo
trabalho pedagógico é trabalho docente. Os autores ainda acrescentam:
O pedagógico e o docente são termos inter-relacionados, mas conceitualmente distintos. Portanto, reduzir a ação pedagógica à docência é produzir um reducionismo conceitual, um estreitamento do conceito de pedagogia. A não ser que os defensores da identificação pedagogia-docência entendam o termo pedagogia como metodologia, isto é, como procedimentos de ensino, prática do ensino, que é o entendimento vulgarizado do termo. Mas, pensar assim significa desconhecer os conceitos mais elementares da teoria educacional. A pedagogia é mais ampla que a docência, educação abrange outras instâncias além da sala de aula, profissional da educação é uma expressão mais ampla que profissional da docência, sem pretender com isso diminuir a importância da docência. E não existe suporte teórico, conceitual, para justificar essa ideia de “docência ampliada”, argumento usado por muitos colegas para justificar essa identificação reducionista de faculdade de educação com formação de professores. (LIBÂNEO e PIMENTA, 1999: p. 252).
A concepção abrangente do exercício deste profissional abre portas para atuação em
outras instituições, inclusive em diversas áreas de uma empresa e hospitais etc. Esses
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avanços têm proporcionado transformações na sociedade e o reconhecimento da ampliação
de ações pedagógicas não restritas a escola abrangendo assim, os serviços de treinamento e
desenvolvimento, capacitação de gestores, intervenções empresariais, psicopedagogia, a
orientação educacional, os movimentos sociais, a educação ambiental, os museus entre
outros, abrindo o campo de exercício profissional do pedagogo.
Instituições como as Forças Armadas, no caso desta pesquisa a Marinha do Brasil,
tem contratado através de concurso, pedagogos para o desenvolvimento de atividades
educativas. Entretanto, quais são as funções e atividades pedagógicas que estes
profissionais desenvolvem nestas instituições? Através desta pesquisa discute-se o campo
profissional do Pedagogo a partir do ensino a distância na formação de Oficiais
Intermediários da Marinha do Brasil. Identificar as causas do uso da modalidade do ensino
a distância para estes Oficiais no estudo de Estado-Maior e como ocorreu a sua introdução,
analisando a história existente da EAD na MB.
Estas questões me inquietaram por muito tempo, e percebo que é preciso estarmos
atentos a mudanças na sociedade e como estas vem se refletindo na formação dos
pedagogos, uma vez que essa nova organização social exige desses profissionais o preparo
para atuar em outros espaços educativos que não o escolar, podendo desenvolver atividades
de coordenação, avaliação, planejamento, desenvolvimento de projetos etc., tendo em vista
que as práticas educativas ocorrem em muitos lugares, em muitas instâncias. Elas
acontecem nas famílias, nos locais de trabalho, na cidade, na rua, nos meios de
comunicação e, também, nas escolas. Nesse estudo me aproximo dessa realidade, pois
conforme nos aponta Pimenta e Libâneo (2002, p. 29) “não é possível mais afirmar que o
trabalho pedagógico se reduz ao trabalho docente nas escolas”.
A lida diária destes anos como especialista em Pedagogia Empresarial, em
formação na AVM – Faculdade Integrada e Pedagoga na Marinha do Brasil na Escola de
Guerra Naval, situada na Urca – RJ, atuando na área de reelaboração metodológica do
ensino a distância no curso C-EMOI fase I, me fez sentir a necessidade de reflexão sobre
as diversas formas de aprender e de ensinar que nos são possíveis. Busco, por meio desta
pesquisa, responder estas questões a parir da análise do trabalho do pedagogo no meio
militar, refletindo a respeito de sua atuação, sua relevância e os diferentes modos de
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aplicabilidade do ensino, no caso o ensino a distância a Oficiais Intermediários, buscando
entender o seu currículo, quais as disciplinas cursadas e o modo de avaliação.
Os autores utilizados como referenciais teóricos da análise foram LIBÂNEO (2010;
1999; 1998; 1985), ARANHA (1996), BRANDÃO (1981), SAVIANI (2010), PIMENTA
(1999; 2002) e COÊLHO (1996) a respeito das ações pedagógicas que perpassam toda a
sociedade, extrapolando o âmbito escolar e familiar, ações pedagógicas ocorrem também
nos meios de comunicação, nos movimentos sociais, em outros grupos humanos
organizados e em instituições.
Alio, ainda, a esse referencial teórico as contribuições de GUALLAZZI (1985) e
LUKESI (2003) com suas reflexões a respeito da pedagogia tecnicista, esta existente no
ensino militar. LANDIM (1997) e CHAVES (1999), BIAGIOTTI (2004) com ensinamento
a respeito da Educação a Distância em si e o ensino a distância na Marinha do Brasil
respectivamente.
Importa sublinhar que, em se tratando de uma pesquisa no e do contexto militar, ela
desenvolve-se tanto a partir da análise de documentos históricos quanto da averiguação de
documentos relacionados ao Curso de Estado-Maior para Oficiais intermediários. Para isto,
pudemos ter a colaboração dos estudos de SILVA (2002), LUDWING (1998) e
CLAUSEWITZ (1996).
Em meu trabalho, portanto, conduzo a análise das fontes bibliográficas articulando-
as às construções teórico-metodológicas de autores dos quatro campos anteriormente
mencionados, isto é, da pedagogia extraescolar, da pedagogia tecnicista, a educação a
distância e autores que abordam assuntos militares ligados à educação, com os quais
dialogo nesta pesquisa. Terei ainda como objeto de análise a legislação educacional
existente, assim como produções historiográficas sobre o assunto, a análise teórica e o
entrelaçamento de autores militares e civis, traçando o perfil do ensino militar em conjunto
com as minhas observações diárias do meio. A metodologia desta pesquisa será
bibliográfica de análise documental. Contará também com observações diretas do campo,
realizadas ao longo de um ano como profissional no C-EMOI fase I.
Como já foi dito, este estudo trata a respeito da existência de pedagogos em espaços
não escolares, e sim empresariais, desenvolvendo atividades educativas a partir de alguns
saberes construídos na graduação do curso de Pedagogia e especialização em Pedagogia
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Empresarial. Entretanto, vale ressaltar que durante a trajetória universitária, e aí trago a
minha vivência enquanto graduanda em Pedagogia, que apesar do curso apresentar em seu
perfil o pedagogo como profissional que pode atuar em outros espaços além da escola, essa
possibilidade de atuação extraescolar foi pouco apresentada e discutida no decorrer do
curso, assim como também não foi acrescentada ao currículo nenhuma disciplina que
tratasse da atuação do pedagogo nesses outros espaços, o que faz com que os discentes se
sintam preparados para o trabalho pedagógico na escola como único espaço para atuar.
Baseando-se na obra de Pimenta (2002), podemos afirmar que a formação de
educadores através dos cursos de graduação em pedagogia têm se mostrado em defasagem.
O currículo formal apresenta os seus conteúdos distanciados da prática, já que a prática
pedagógica realizada durante o curso de graduação é bastante distinta da realidade escolar,
o que dificulta a formação da identidade do pedagogo que segundo Libâneo (1998) pode ser
definido como:
O profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, direta ou indiretamente ligadas à organização e aos processos de transmissão e assimilação de saberes e modos de ação, tendo em vista objetivos de formação humana previamente definidos em sua contextualização histórica. (LIBÂNEO, 1998: p.11).
Compor a identidade do pedagogo é definir algo para além de suas competências,
significa apontar para a figura de um profissional que, ao lado da competência no que tange
ao domínio específico de uma determinada disciplina ou área de atuação, compromete-se
com uma ação mais ampla na sociedade: a de profissional da educação, como agente
importante na construção de uma realidade educacional e social.
Coêlho (1996: p. 39) afirma que “o profissional da educação deverá ser acima de
tudo um educador e não apenas um especialista no ensino de alguma disciplina”. Daí a
necessidade de uma formação totalizante, fundada na compreensão ampla da educação
como processo histórico-social, no domínio dos conteúdos como realidades em construção,
na competência didático-metodológica e em determinados valores e atitudes, como o
questionamento, a liberdade, o respeito ao outro e a responsabilidade.
Portanto, sabemos que o ato pedagógico não se restringe ao espaço escolar.
Contudo, senti a necessidade de me especializar em pedagogia empresarial e estar apta para
a Andragogia, que segundo Malcolm Knowles, é a arte ou ciência de orientar adultos a
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aprender, o termo remete a um conceito de educação voltada para o adulto, em
contraposição à pedagogia, que se refere à educação de crianças. Com o objetivo de atingir
uma aprendizagem efetiva, capaz de desenvolver habilidades, conhecimentos e
competências, me especializo em Pedagogia Empresarial. Mas qual o preparo que um
pedagogo ou pedagogo empresarial recebe para que possa ser útil em ambientes, como na
Marinha do Brasil, por exemplo? Compreendemos que a estrutura curricular é um dos
instrumentos que melhor concebe a falta desta temática, deixando algumas lacunas. Assim,
entendemos que é necessário um estudo acerca do papel do Pedagogo no âmbito militar, em
particular, na Marinha do Brasil.
Considerado as Forças Armadas como instituições educadoras e os seus sistemas de
ensino militar, é razoável perguntar: o que as instituições militares entendem por
Pedagogia?
A discussão dessas questões é realizada tendo como suporte que, uma Pedagogia
aplicada no interior da Força Armada, está condenada a favorecer a manutenção da
hierarquia e da disciplina militar, que são mutuamente relacionadas. A atender a
especificidade institucional, isto é, todo componente pedagógico deve coadjuvar para elevar
o nível de preparação da tropa para fazer a guerra e a ser uma Pedagogia da ação prática.
Retornemos a pergunta anterior: o que se entende por Pedagogia Empresarial nas
Forças Armadas? Os Regulamentos do ensino, de 1898 até 1945, apontam que cabe à
Pedagogia, considerando a finalidade e os princípios doutrinários, definir o que e como
deve se dar a formação educacional na instituição. O que está diretamente ligado à
definição dos tipos de cursos, currículos a serem oferecidos. Como se refere aos "métodos"
mais adequados para consecução dos objetivos do ensino, para o qual um Órgão
centralizador de toda organização do ensino militar foi sendo criado. A Pedagogia se
constitui na teoria da educação que visa obter os melhores e mais seguros resultados na
aplicação da instrução militar (Pereira, 1941a).
Falar de currículo é falar de cultura e ideologia. Nenhuma seleção de saberes é
neutra, ela garantirá reprodução social. Tal reprodução pode ser percebida na forma direta
ou indireta de atuação do currículo.
No caso específico do Curso de Estado-Maior para Oficiais Intermediários, foco de
estudo deste trabalho, os saberes que compõem o currículo foram selecionados a partir do
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perfil do Oficial almejado pela Marinha do Brasil. “Currículo é uma questão de
identidade”, segundo Silva (2003, p. 15).
Há saberes específicos para as atividades marinheiras que servirão para reproduzir
diretamente os conhecimentos necessários para a execução das funções como Oficial da
MB. Há, ainda, disciplinas cujos conteúdos transportam explicitamente nas estruturas
sociais existentes na organização. Conforme Johann (2004, p. 10) “Cada organização tem
cultura própria, única, embora possa haver semelhanças e pontos comuns, não existem culturas
idênticas”.
A medida que os fatos e conhecimentos previstos no currículo estão sendo
transmitidos, os valores culturais também estão sendo transmitidos, uma vez que educação
e currículo estão profundamente envolvidos com processo cultural. Como acentua Moreira
e Silva (2000, p. 26):
(...) o currículo e a educação estão profundamente envolvidos em uma política cultural, o que significa que são tanto campos de produção ativa de cultura quanto campos contestados.
As teorias críticas entendem o currículo como construção social e que pode ser
movimentado por intenções de transmissão de uma cultura oficial. A cultura oficial
transmitida em todos os sistemas de ensino naval é a cultura organizacional da Marinha do
Brasil.
A Marinha não forma profissionais para outras instituições, como fazem diversas
universidades brasileiras, e sim, forma profissionais para atender suas necessidades
tecnológicas e, fundamentalmente, militares, sendo o militar um elemento ético,
profissional, leal, servidor e que tem por juramento defender a pátria com sacrifício da
própria vida. Contribuindo com esta análise Sacristán (1999, p. 61) afirma que:
O currículo é a ligação entre a cultura e a sociedade exterior à escola e à educação; entre o conhecimento e cultura herdados e a aprendizagem dos alunos; entre a teoria (ideias, suposições e aspirações) e a prática possível, dadas determinadas condições.
Partindo-se do princípio que cultura é a produção intelectual de um grupo, pode-se
afirmar que as organizações têm relações que geram produções culturais específicas. A
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cultura organizacional representa um sistema de valores compartilhados pelos membros,
constituindo-se de características valorizadas pela organização.
A cultura organizacional transparece na forma como as pessoas trabalham, se
relacionam se confraternizam e utilizam linguagem própria como se houvesse uma
personalidade coletiva. Tais procedimentos são fortalecidos durante as atividades
acadêmicas e extracurriculares.
Cultura organizacional se refere a um sistema de valores compartilhado pelos membros que difere de uma organização para outra. Em última análise, esse sistema se constitui de características valorizadas pela organização. (Robbins 2004: p. 240).
Em qualquer organização quanto mais densa for sua cultura organizacional maior
será o grau de disseminação de seus valores, linguagem experiências comuns. A Marinha
do Brasil, como uma grande organização que é, possui uma cultura organizacional comum,
que transparece em todos os seus membros independente do nível hierárquico,
independente dos Corpos e habilitações de seus membros.
Mesmo em grandes organizações, como a Marinha do Brasil, com cultura
organizacional densa é possível o convívio de subculturas que diferem em aspectos
secundários, mas preservam o núcleo da cultura organizacional predominante.
A identidade profissional é formada através do currículo e num nível mais elevado
pode-se inserir um indivíduo em uma cultura organizacional específica através da
elaboração criteriosa do currículo com o objetivo claro de atender aos interesses da
instituição.
Nesta visão, a educação e, em particular, o currículo, apresenta-se como uma forma
institucionalizada de transmitir a cultura de uma sociedade, em particular de uma parcela da
sociedade. O currículo deixa de ser um elemento neutro de transmissão do conhecimento
social para ser visto como um elemento vinculado a formas específicas e contingentes de
organização da sociedade e da educação. Sendo assim para Silva (1996, p. 23):
O currículo é um dos locais privilegiados onde se entrecruzam saber e poder, representação e domínio, discurso e regulação. É também no currículo que se condensam relações de poder que são cruciais para o processo de formação de subjetividades sociais. Em suma, currículo, poder e identidades sociais estão mutuamente implicados. O currículo corporifica relações sociais.
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Selecionar é uma operação de poder. Privilegiar um tipo de conhecimento é uma
operação de poder. Destacar, entre as múltiplas possibilidades, uma identidade ou
subjetividade como sendo a ideal é uma operação de poder. Este poder é manifestado na
construção do currículo uma vez que, especificamente para a Marinha do Brasil, espera-se
que o Oficial formado atenda ao perfil traçado. Neste caso estudado, o perfil não é
generalizado, é específico para Marinha do Brasil, para suas diversas Organizações
Militares onde os Oficiais formados irão desempenhar suas funções.
O currículo da MB, através de suas diversas disciplinas e atividades, presta-se a
inserir os alunos em uma Cultura Organizacional única e específica, assim como as
intervenções pedagógicas realizadas no âmbito da instituição desempenham um trabalho de
mediação importante neste contexto, funcionando como um poderoso aglutinador.
O currículo do Curso de Estado-Maior para Oficiais Intermediários, ao apresentar o
perfil desejável de seu ingresso, dita que os oficiais formados devem apresentar
competências e habilidades específicas e comuns, de acordo com o perfil estabelecido para
cada Corpo e habilitação.
O jovem Oficial deve apresentar requisitos morais (comportamento social, senso de
justiça, coerência de atitudes, discrição, censo de responsabilidade, caráter, ética, espírito
de cooperação, censo de lealdade e coragem moral), requisitos militares (apresentação
pessoal, disponibilidade/interesse pelo serviço, aptidão para o serviço, senso de disciplina,
liderança, iniciativa, capacidade de decisão entre outros), requisitos psicológicos (atributos
intelectivos/sensório motores – memória; atenção; raciocínio verbal; aptidão numérica;
expressão escrita; organização - e atributos personalógicos – liderança; segurança; espírito
de equipe; tato; capacidade de tomar decisão; perseverança; resistência ao stress;
motivação).
O currículo lista as competências e habilidades específicas, algumas comuns a cada
Corpo e outras comuns a cada habilitação, na sinopse geral, e o conteúdo selecionado nas
diversas disciplinas procura fornecer subsídios para o desenvolvimento destas
competências e habilidades. Voltaremos a tratar com mais afinco a respeito do objeto de
estudo desta pesquisa, C-EMOI fase I, posteriormente no decorrer do Capítulo II.
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CAPÍTULO II: O ENSINO MILITAR
As práticas pedagógicas nos intramuros dos quartéis seguem uma dinâmica própria,
com características e finalidades distintas daquelas observadas na Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional (LDB) que, inclusive, em seu art. 83 define que “o ensino militar é
regulado em lei específica, admitida a equivalência de estudos, de acordo com as normas
fixadas pelos sistemas de ensino” (BRASIL,1996).
Soma-se a isto, o fato de que, os princípios basilares das Forças Armadas são a
hierarquia e a disciplina, como já foi mencionado, e cada Força traça sua política de ensino,
ou equivalente, enfatizando a preservação das tradições nacionais e militares, a
qualificação dos recursos humanos para o emprego específico, além é claro, de conter
a visão que suas lideranças têm da educação.
Segundo Clausewitz (1996, p. 7) "a guerra é, pois, um ato de violência destinado a
forçar o adversário a submeter-se à nossa vontade". Considerando que os militares são, em
sua essência, profissionais preparados para a guerra, há de se entender que a filosofia de
sua formação, seu treinamento e os conteúdos das disciplinas ensinadas nos cursos
militares objetiva em sua natureza, não a formação de um ser violento, mas alguém
que deve estar pronto para fazer a guerra. O mesmo autor nos afirma que:
A guerra é uma carreira precisa. E, por mais gerais que sejam suas interferências, até mesmo se os homens de uma nação aptos para o serviço abraçassem essa carreira ela não deixaria de ser menos diversa e distinta das outras atividades humanas. (CLAUSEWITZ, 1996, p.189).
A educação militar, desde sempre, pautou o processo de ensino-aprendizagem em
duas concepções pedagógicas que se complementam para atender a exigência das
características da formação do “profissional das armas”: a Pedagogia Tradicional que se
caracteriza pela moralização dos sujeitos e onde os conteúdos “são conhecimentos e
valores sociais acumulados pelas gerações adultas repassados ao aluno como verdades”
Libâneo (1985, p.23). No enfoque da preparação técnico-profissional dos militares
alunos têm-se a predominância da Pedagogia Tecnicista que funciona como modeladora
do comportamento do indivíduo, através de técnicas específicas, integrando-o na
máquina social. Este modelo atua no sentido de manter e aperfeiçoar a ordem social
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vigente. A instituição militar, voltada para o tecnicismo pedagógico, presa às amarras da
transmissão-memorização-aplicação do conhecimento.
Estas características ficam bem claras quando a comparamos com a educação
brasileira realizada nas escolas civis nas décadas de sessenta e setenta. Segundo Aranha
(1996, p 213), os pressupostos da tendência tecnicista, aplicadas a educação podem ser
observados tanto na psicologia behaviorista, como na filosofia positivista, pois:
Essas teorias valorizam a ciência como uma forma de conhecimento objetivo, isto é, passível de verificação rigorosa por meio da observação e da experimentação. Aplicadas a educação, volta-se para o comportamento nos seus aspectos observáveis e mensuráveis. Coerente com esse princípio, o ensino tecnicista busca a mudança do comportamento do aluno mediante treinamento, a fim de desenvolver suas habilidades.
No início do século XX as Forças Armadas sentiram a necessidade de se
modernizar. Jovens oficiais foram enviados à Alemanha e depois à França, onde tomaram
contato com práticas militares.
Este intercâmbio fez com que ocorressem importantes mudanças. O ensino passou a
ser escalonado no tempo, permitindo entre os cursos, períodos específicos de aplicação dos
conhecimentos adquiridos, adequando-se o saber militar, à maturidade e ao grau de
experiência profissional dos alunos. Esta prática perdura até os dias de hoje, onde os
militares são submetidos, ao longo da carreira, a cursos e estágios, atualizando-se
constantemente e aprendendo cada vez mais.
Durante todo o século passado as Forças Armadas foram apenas
acompanhando a evolução educacional das formas de combate e se adequando às
mudanças no cenário internacional. Durante este período houve um equilíbrio entre a
valorização da formação científico-humanista e a técnico-profissional, principalmente do
oficialato, preparando-os para enfrentar os desafios da ciência e da tecnologia, sem
descuidar do preparo para a condução da guerra, inclusive contra os “inimigos civis e
internos”.
No entanto, fica claro que, a forma de ensinar e aprender continuou seguindo uma
tendência que irmanava a didática tradicional onde a prática pedagógica é estática, não há
questionamento da realidade e das relações existentes, e a tecnicista, na qual a
valorização é da tecnologia, o professor é um mero especialista na aplicação de
22
manuais, enquanto o aluno reage a estímulos de forma a corresponder às respostas
esperadas pelo curso, para que possa avançar ao próximo patamar.
Os cursos militares de carreira são aqueles que irão propiciar ao militar,
conhecimentos técnico-profissionais necessários para que exerçam a atividade militar e
que servirão, via de regra, como requisitos para a ascensão aos diversos níveis
hierárquicos.
Destaco uma das ações estratégicas, segundo a Lei de Ensino de Defesa que
possui como um de seus objetivos específicos:
“XIII – o aprimoramento do perfil dos militares das Forças Armadas, por meio da valorização dos princípios da iniciativa e da flexibilidade, nos cursos militares de carreira” (BRASIL, 2010).
Como a maioria dos estudos publicados está voltada para a formação das
lideranças militares brasileiras, cabe a nós fazermos algumas colocações a respeito da
formação das duas classes de militares, sejam eles oficiais ou praças.
Os militares ditos de carreira, que são aqueles da ativa que, no desempenho do
serviço militar, tenham vitaliciedade assegurada ou presumida. Ao ingressar nas carreiras,
de uma forma geral, nas escolas de formação, são iniciados na ciência e na arte da guerra,
na profissão das armas desde os momentos iniciais até os últimos postos ou graduações.
Pela atual legislação o tempo de efetivo serviço de um militar de carreira é de 30 anos,
podendo ser prorrogado segundo critérios específicos.
A partir da formação, os militares de carreira, podem realizar diversos cursos que
podem ser de especialização, aperfeiçoamento, e ainda cursos de pós-graduação e os de
altos estudos militares, estes dois últimos destinados apenas a oficiais e civis
assemelhados.
Cabe ressaltar que existe ainda uma modalidade de ingresso nas fileiras militares
que é realizado através de concurso para o pessoal que já possui cursos de graduação
realizados nas diversas instituições de ensino superior no país, que podem se candidatar
dentro das habilitações requeridas, é desta forma que os pedagogos ingressam na carreira
militar. Estes, após um pequeno curso de formação/adaptação, com duração de cerca de
um ano, são integrados a força e passam a desempenhar, também, suas atividades
militares com o aproveitamento da formação civil.
23
Os objetivos dos sistemas educacionais das Forças Armadas são a formação e o
aperfeiçoamento do combatente, visando a formação do chefe militar, para os diferentes
níveis hierárquicos e a especialização de técnicos.
A Doutrina Militar é um conjunto de conceitos, princípios, normas, métodos,
processos e valores, que tem por finalidade estabelecer as bases para a organização, o
preparo e o emprego das Forças Armadas. Janowitz defende que:
(...) a profissão militar implica todo um estilo de vida muito próprio, cuja apertada regulamentação coloca em relevo a coesão grupal, a lealdade e o espírito marcial. A eficiente manutenção da doutrina neste sentido é facilitada pela vivência socialmente fechada dos militares, a qual ajudou a manter as características e valores que lhes são próprios, mesmo perante as mudanças tecnológicas e políticas que foram ocorrendo. (JANOWITZ, 1967, p 13).
Para orientar o ensino em prol do cumprimento de sua missão constitucional, as
leis de ensino das Forças Armadas foram promulgadas e regulamentadas para atender a
nova visão sobre a defesa nacional. Constitucionalmente as Forças Armadas são assim
definidas:
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. (BRASIL, 1988).
Para efetuar uma análise crítica destas “normatizações” militares devemos buscar
dentro da própria instituição militar a conceituação de suas bases de sustentação: a
hierarquia e a disciplina, sem as quais, sua missão estaria seriamente comprometida:
Art. 14. A hierarquia e a disciplina são a base institucional das Forças Armadas. A autoridade e a responsabilidade crescem com o grau hierárquico. §1º A hierarquia militar é a ordenação da autoridade, em níveis diferentes, dentro da estrutura das Forças Armadas. A ordenação se faz por postos ou graduações; dentro de um mesmo posto ou graduação se faz pela antiguidade no posto ou na graduação. O respeito à hierarquia é consubstanciado no espírito de acatamento à sequência de autoridade. §2º Disciplina é a rigorosa observância e o acatamento integral das leis, regulamentos, normas e disposições que fundamentam o organismo militar e coordenam seu funcionamento regular e harmônico, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do dever por parte de todos e de cada um dos componentes desse organismo. (BRASIL,1980).
24
Segundo Sun Tzu:
(...) um general que não ousa punir, que fecha os olhos para a desordem, que teme que os seus soldados estejam sempre vergados sob o peso do trabalho, não ousando, por essa razão, impor-lhe novas tarefas, é um general fadado ao insucesso. Os subordinados devem sempre ser punidos. É preciso que sofram provações. Se quiseres tirar partido do serviço dos soldados, mantém-nos sempre ocupados, não permitas que fiquem ociosos. Pune-os com severidade, mas sem rigor excessivo. Ministra castigos e trabalho, mas com discernimento. (TZU, 2008, p. 86).
O ensino militar é realizado de diversas formas, desde o ensino fundamental,
médio, profissionalizante, graduação, especialização, mestrado e doutorado, ou seja, é
um grande universo paralelo da educação nacional. Esse universo paralelo possui muitos
pontos de contato que necessitam ser explorados.
No Art. 2º da LDB, em seu inciso XI está estabelecido o princípio da “vinculação
entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais” (BRASIL,1996). Embora
possam parecer estranhas as propostas de ensino militares se aproximam, e muito, desta
assertiva uma vez que no ambiente das Forças Armadas, além de se priorizar o ensino, o
faz de forma correlata ao labor diário e atrelado a carreira profissional, também preza,
como qualidades inerentes a seus membros, o culto pela verdade e a responsabilidade
como fundamento da dignidade pessoal. A ética militar e os valores militares são
atributos que ultrapassam os muros dos quartéis e talham a vida social daqueles que,
mesmo sem a farda.
A convivência do ensino civil com o ensino militar poderá ser bastante profícuo e
representativo de uma mudança de posições que antes eram antagônicas, mas hoje podem
se complementar.
O fato de possuir fortes tendências tradicionalistas e tecnicistas não quer dizer que
o ensino militar seja ineficiente, incapaz ou autoritário. Segundo Bordieu:
O ensino de um ofício ou, para dizer como Durkheim, de uma “arte”, entendido como “prática pura sem teoria”, exige uma pedagogia que não é de forma alguma a que convém ao ensino dos saberes. (BORDIEU 2001, p. 22)
25
Os diversos cursos ministrados na Marinha, no Exército e na Aeronáutica, seguem
uma dinâmica que, embora não sejam as mesmas das instituições de ensino civis,
guardam muitas semelhanças nas suas práticas. A preocupação constante com a
avaliação do ensino e da aprendizagem, o grande desenvolvimento da orientação
pedagógica e educacional, assim como a preocupação em atualizar os conteúdos
curriculares e a própria forma de utilizar as modernas técnicas de EAD.
2.1 - EAD NA MARINHA DO BRASIL
Veremos a respeito da introdução da Educação à Distância na MB, logo em seguida
analisaremos o Curso de Estado Maior para Oficiais Intermediários (C-EMOI).
Mas antes disso, para entendermos algumas questões teóricas sobre a Educação à
Distância, é importante revermos alguns conceitos e definições de alguns teóricos e
estudiosos do assunto sobre a Educação à Distância e podemos citar alguns deles como o
descrito por G. Dohmem (1967) citado por Landim (1997, p. 24) que diz:
Educação a Distância é uma forma sistematicamente organizada de auto estudo, onde o aluno se instrui a partir do material que lhe é apresentado; onde o acompanhamento e supervisão do sucesso do aluno são levados a cabo por um grupo de professores. Isto é possível à distância, através da aplicação de meios de comunicação capazes de vencer essa distância, mesmo longa. O oposto de educação à distância é a educação direta ou educação face a face: um tipo de educação que tem lugar com o contato direto entre professores e alunos.
Um outro teórico que expressa o seu ponto de vista sobre Educação à Distância
também citado por Landim (1997, p 25) é Börje Holmberg, o autor conceitua a Educação à
Distância da seguinte forma:
A expressão “educação à distância” cobre as distintas formas de estudo em todos os níveis que não se encontram sob a contínua e imediata supervisão dos tutores, presentes com seus alunos na sala de aula, mas, não obstante, se beneficiam do planejamento, orientação e acompanhamento de uma organização tutorial.
Portanto podemos, através desta pequena amostra, verificar conceitos e definições
do que é a EAD na concepção de estudiosos do assunto.
26
Tendo em vista a quantidade maciça de informações que chegam até nós nos dias
atuais, proporcionadas pelo desenvolvimento tecnológico, nos vemos obrigados a saber
tratá-las e transformá-las em conhecimento. Mas devido à velocidade com que ocorrem
estas transformações, esse conhecimento se torna obsoleto rapidamente. A atualização do
conhecimento também é muito importante para aumentar as possibilidades e se manter
competitivo no mercado de trabalho.
Com relação às novas tecnologias, é indiscutível a rapidez com que estas
possibilitam o acesso às fontes de informação. Porém, é necessário que tal acesso seja
democratizado, e realizado com qualidade, pois somente dessa maneira, conseguimos fazer
com que as pessoas tenham a oportunidade de realizar a educação continuada, cada vez
mais necessária nos nossos dias.
Dessa forma, o conhecimento não é mais obtido apenas nas escolas. O ambiente
tradicional de ensino está cada vez mais se transformando em ambiente virtual,
possibilitando novas formas de ensinar e aprender.
A Marinha do Brasil atenta a este contexto vislumbrou que a educação à distância
via web seria a solução do atendimento de suas demandas educacionais, e partiu para a
implementação de tal modalidade, e como tudo que é realizado por esta Força Armada, foi
precedido de um estudo e de um planejamento, de modo que o produto final possuísse a
qualidade almejada.
Sendo a Marinha, uma instituição que envolve atividades de seleção, formação,
especialização, aperfeiçoamento e pós-aperfeiçoamentos de seu pessoal, e vivenciando um
momento de dificuldades orçamentárias, pois o fato de a marinha possuir suas escolas,
centros de instrução e adestramento em sua grande maioria na cidade do Rio de Janeiro,
obriga o deslocamento constante do pessoal, gerando uma despesa elevada com passagens e
diárias, de alimentação e pousada, além do afastamento temporário do serviço.
Com a evolução das novas tecnologias, principalmente na área da telemática, a
Marinha do Brasil sugere a implantação de uma tecnologia educacional calcada na
tecnologia da informação, isto acarretaria uma redução do orçamento das Forças Armadas e
a crescente necessidade de capacitação de seus membros. Então viu-se a necessidade de
buscar novas alternativas que possibilitassem manter a continuidade dessas atividades em
27
seu sistema de ensino. Dessa forma foi implantado o Ensino à Distância via Web no
Sistema de Ensino Naval.
A Marinha do Brasil há muito tempo pratica a modalidade de Ensino à Distância,
tendo sido inclusive, uma das instituições brasileiras pioneiras na área da Educação
Corporativa. O primeiro curso à distância foi oferecido na modalidade de Ensino por
Correspondência pela Escola de Guerra Naval em 22/12/1939, dois meses após o Instituto
Monitor – marco da Educação à Distância no Brasil - ter oferecido seu primeiro curso nesta
modalidade.
Esse curso destinava-se a Oficiais de Marinha do posto de Capitão-Tenente, que estavam na faixa de antiguidade para cursar um Preparatório de Comando para Oficiais, que necessitavam adquirir alguns conhecimentos para galgar mais alguns postos em suas carreiras. (SALIBA, 1991, p.68).
Essa modalidade foi tão bem aceita, que até a presente data são realizados cursos
por correspondência. Porém, com o avanço das telecomunicações, novas tecnologias foram
surgindo, e muitas delas vieram a simplificar e ou possibilitar novas formas de ensino à
distância, para um grande número de pessoas nos mais variados locais físicos, com grande
velocidade e simplicidade.
Com a lei 9.394 de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), a educação
à distância passou a ganhar status de modalidade plenamente integrada ao sistema de
ensino. O artigo 80 dessa lei reza que o poder público incentiva o desenvolvimento e a
veiculação de programas de ensino à distância em todos os níveis e modalidades de ensino.
A Marinha, atenta aos acontecimentos, e como uma instituição com bom padrão de
tecnologia, por meio de seus Centros de Instrução, em 1999, percebe a necessidade de
iniciar estudos para a implementação de alguns de seus cursos via web, visto que o
momento político-financeiro daquela época havia reduzido acentuadamente o orçamento
das Forças Armadas, cessando os deslocamentos dos militares para cursos nesses Centros
de Instrução no Rio de Janeiro, contudo, permanecendo a necessidade da obtenção dos
conhecimentos. Na realização desses estudos foi levado em consideração o fato de que as
diversas Organizações Militares da Marinha são interligadas em rede, formando uma
intranet – rede web interna da Marinha - o que seria uma grande vantagem em termos
financeiros para a implantação dos cursos, uma vez que a infraestrutura já era existente.
28
Em 26/06/2001, foi constituído um Grupo de Trabalho pelo Diretor de Ensino da
Marinha, para estudar a natureza e a filosofia do Ensino à Distância na Marinha, identificar
quais os cursos do Sistema de Ensino Naval (SEN) poderiam ser abrangidos por esta
modalidade, desenvolver a formação de recursos humanos necessários com a qualificação
especial na área do EAD, verificar a necessidade de recursos humanos e materiais
necessários, para a implantação dos Núcleos de Ensino à Distância nos estabelecimentos de
ensino do SEN, e estudar a tecnologia da informação de apoio ao EAD. (BRASIL, 2002)
Devido às restrições orçamentárias, o balizamento do estudo realizado, foi à
implementação de cursos à distância via web, com baixo custo e de qualidade. A busca da
qualidade dos cursos ofertados é uma preocupação constante da Marinha. Ela ocorre em
diversas fases, tais como a concepção, confecção, oferta e avaliação. Na busca desta
qualidade, diversas foram as metas a serem alcançadas, dentre eles a conscientização do
pessoal da instituição, a formação de docentes com a aquisição de novas competências e a
credibilidade dos alunos em realizar curso sob esta modalidade.
Na fase da concepção de um curso, a qualidade é uma preocupação que deve nortear
o seu planejamento, a começar pela análise do público alvo e pela escolha da equipe
multidisciplinar.
Na preocupação com o aluno, leva-se em consideração que ele é o elemento básico
e central de todo o processo educativo, e não um mero receptor passivo de mensagens
educativas, pois estudar à distância significa que na maior parte do processo ele percorre de
forma autônoma e independente, desenvolvendo o seu autodidatismo.
Na fase de confecção, a preocupação com a qualidade se dá no momento da
preparação do material didático. Eles necessitam ser autoexplicativos de modo a permitir a
autoaprendizagem, motivadores que convidam ao estudo e variados para se adaptar aos
diferentes estilos de aprendizagem.
Os fatores críticos são observados na preparação do material didático de modo que o
mesmo seja uma ferramenta básica para o estudante, facilitador e estimulador do processo
de aprendizagem, interativo e muito prático, fácil de consultar e que permita a construção
de novos conhecimentos.
29
Ao final de cada curso são realizados questionários pedagógicos, com a finalidade
de obter subsídios para avaliação do curso ofertado, quanto aos aspectos do processo
ensino-aprendizagem, na preparação e oferecimento do curso, na administração e suporte.
A Marinha do Brasil verificou ser possível implantar cursos à distância via web com
alta qualidade e baixo custo. Os mesmos se pagam apenas com a economia realizada com o
não deslocamento dos seus servidores para cursos presenciais nos Centros de Instrução.
2.2 – A ESCOLA DE GUERRA NAVAL (EGN) E O C-EMOI FASE 1
A Escola de Guerra Naval (EGN) é uma instituição de altos estudos militares que
tem o propósito de contribuir para a capacitação dos Oficiais para o desempenho de
comissões operativas e de caráter administrativo, de prepará-los para funções de Estado-
Maior e aperfeiçoá-los para o exercício de cargos de comando, chefia e direção nos altos
escalões da Marinha. Para a consecução do seu propósito, a EGN deve executar as
seguintes tarefas:
I. ministrar, atualizar, uniformizar e ampliar os conhecimentos dos Oficiais
naquilo que se relaciona com a Defesa Nacional, o Poder Marítimo, a
Guerra Naval e a Administração;
II. disseminar, por intermédio de seus Cursos, a Doutrina Naval emanada
do Estado-Maior da Armada (EMA); e
III. investigar, estudar, experimentar e opinar sobre novos métodos,
teorias, planos e doutrinas ou temas de interesse da Marinha, quer por
determinação específica do EMA, quer por iniciativa própria.
Em situação de mobilização, conflito, estado de defesa, estado de sítio, intervenção
federal e em regimes especiais, cabem a EGN as tarefas que lhe forem atribuídas pelas
normas e diretrizes referentes à Mobilização Marítima e as emanadas pelo EMA.
Vejamos a seguir a respeito do Curso de Estado Maior para Oficiais Intermediários
– C-EMOI fase 1:
30
PROPÓSITO DO CURSO
De acordo com o Plano de Carreira de Oficiais da Marinha (PCOM), o C-EMOI é
destinado a proporcionar a todos os Oficiais dos Corpos e Quadros os conhecimentos
necessários ao desempenho de comissões de caráter operativo e administrativo.
ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO CURSO
Compõe-se de uma fase por correspondência (Fase 1), para todos os Corpos e
Quadros, e outra presencial (Fase 2), esta apenas para os Oficias do CA, FN, IM e seus
respectivos QC, com ênfase no Processo de Planejamento Militar e Estudo de Estado-
Maior.
O Curso é realizado em duas fases distintas, com duração total de, no máximo, três
anos. A Fase 1, toda realizada à distância, da qual trata esta pesquisa, consiste no estudo de
disciplinas organizadas em lotes, cujo conhecimento é avaliado por provas objetivas. A
Fase 2, regulamentada por Instruções próprias, é realizada presencialmente na EGN, em
regime de tempo integral, com duração determinada pela Administração Naval. Os
conhecimentos adquiridos nesta fase são avaliados por meio de uma prova objetiva, um
trabalho individual em Estado-Maior e um trabalho em grupo.
PARTICIPAÇÃO DOS COMANDANTES E DIRETORES
Diferentemente do ensino presencial, o EAD requer a participação da estrutura
organizacional da OM onde serve o Oficial Aluno. Dessa forma, os Oficiais Alunos
deverão dar conhecimento das Instruções aos seus respectivos Comandantes ou Diretores,
principalmente, tendo em vista a sua imprescindível participação no desenvolvimento do
Curso, cabendo ao seu Diretor, auxiliado pelo Chefe do Departamento de Ensino (CDE),
dar cumprimento a essas orientações.
CONCEPÇÃO PEDAGÓGICA
O perfil dos Oficias Alunos, no posto de Capitão-Tenente, e o conteúdo do C-
EMOI Fase 1 permitem a sua realização à distância, facilitando aos Oficiais Alunos
31
aprimorarem os seus conhecimentos, com o estudo dos conceitos doutrinários
disseminados nos diversos lotes que compõe o Curso.
A EAD exige habilidades e atitudes necessárias a um Oficial, tais como:
autonomia, capacidade de auto aprendizado, disciplina intelectual, foco, organização e
perseverança. Sendo assim, cada Oficial Aluno possui plena autonomia para organizar
seu tempo, buscando conciliar suas atividades rotineiras ao desejável hábito de
estudar, dentro do período estabelecido para a realização do Curso. Além disso, pode
escolher os lotes conforme seu interesse e interagir diretamente com a EGN para tirar
suas dúvidas.
CONTEÚDO
Serão apresentados conceitos de aplicação do Poder Marítimo e do Poder Naval, de
Administração, Logística e Mobilização, de Estratégia e Inteligência, de Liderança e Direito,
além de noções básicas do Processo Decisório, nos níveis adequados para cada
Corpo/Quadro.
QUADRO DEMONSTRATIVO DOS LOTES DO C-EMOI FASE 1
As disciplinas que compõem o Curso C-EMOI Fase 1 constam no quadro a seguir,
relacionando qual disciplina cada Oficiais dos Corpos e Quadros devem estudar e seu
período e tempo. Os lotes terão a duração de um ou dois períodos (como indicado pela
numeração 1 ou 2) no campo dos Corpo e Quadros, que corresponde a trinta dias, contados
dia a dia.
CURRÍCULO DO C-EMOI FASE 1
O currículo lista as competências e habilidades específicas, algumas comuns a cada
Corpo e outras comuns a cada habilidade na sinapse geral, o conteúdo selecionado nas
diversas disciplinas procura fornecer subsídios para construir as competências e
habilidades. Dentre as disciplinas que compõem o currículo do C-EMOI fase 1, estas
interessam a este estudo, a saber: Processo De Planejamento Militar
32
Empregar a metodologia do Processo de Planejamento Militar (PPM) adotada na
MB para solucionar problemas militares.
Operações Navais I
Detalhar os principais conceitos empregados nas Operações de Guerra Naval e sua
terminologia técnica associada à Doutrina Básica da Marinha, Comunicações, Guerra
Eletrônica, Sensores, Mísseis e Táticas de Forças Navais e Combate Costeiro.
Operações Navais II
Descrever os principais conceitos empregados nas Operações de Guerra Naval e sua
terminologia técnica associada, referentes à Ação de Superfície, Emprego de Aviação,
Emprego de Submarino, Organização do Corpo de Fuzileiros Navais e Operações de
Esclarecimento.
Operações Navais III
Descrever os principais conceitos empregados nas Operações de Guerra Naval e sua
terminologia técnica associada, referentes às Operações Antissubmarino, Controle Naval do
Tráfego Marítimo, Guerra de Minas, Operações Anfíbias e Operações Ribeirinhas.
Introdução às Operações Navais I
Descrever os principais conceitos empregados nas Operações de Guerra Naval e sua
terminologia técnica associada, referentes Doutrina Básica da Marinha e as Comunicações.
Introdução à s Operações Navais II
Descrever os principais conceitos empregados nas Operações de Guerra Naval e sua
terminologia técnica associada, referentes à Ação de Superfície, Emprego de Aviação,
Emprego de Submarino e Operações Anfíbias.
Controle Naval do Tráfego Marítimo
Descrever os principais conceitos empregados no Controle Naval do Tráfego
Marítimo.
33
Administração Naval
Descrever a estrutura orçamentária e financeira da Marinha; os conceitos básicos de
Administração Financeira e Contabilidade; as normas sobre licitações, acordos e atos
administrativos e as normas sobre Gestão de Material.
Organização Naval
Compreender os princípios e conceitos básicos da Teoria Geral da Administração
aplicáveis à organização de um Estado-Maior do Comando da Marinha e da Autoridade
Marítima.
Logística e Mobilização
Identificar os fundamentos doutrinários relativos à Logística e a estrutura do
Sistema de Abastecimento da Marinha (SAbM) e os procedimentos adotados na MB para o
planejamento e execução da Mobilização Marítima.
Liderança
Explicar os conceitos básicos relativos à filosofia moral e psicológica aplicados na
ética militar, com vistas ao desenvolvimento da liderança.
Direito Internacional Público
Descrever e identificar os princípios do Direito Constitucional, Penal Militar,
Processo Penal Militar, Internacional Público, Direito do Mar e do Direito Internacional dos
Conflitos Armados, de interesse para Administração Naval.
Estratégia e Inteligência
Identificar os conceitos e teorias que condicionam a formação do pensamento
estratégico contemporâneo; conhecer os elementos conceituais e doutrinários básicos
aplicáveis a Atividade de Inteligência, bem como as legislações e normas referentes ao
tema, mais especificamente a Doutrina Nacional de Inteligência (DNI).
História
34
Descrever os processos históricos que influenciaram os acontecimentos, tanto no
plano Nacional quanto no Mundial.
Operações de Fuzileiros Navais
Explicar a terminologia e os principais conceitos empregados nas Operações de
Guerra Naval com a utilização de Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais.
SISTEMA DE GERENCIAMENTO DO CURSO
O C-EMOI Fase 1 emprega para gerenciamento do Curso o Sistema do
Curso de Estado-Maior para Oficiais Intermediários - SISCEMOI. Todas as informações
necessárias ao desenvolvimento do curso estão disponíveis no link SISCEMOI Web, na
página da Escola na Intranet. Uma vez matriculado no C-EMOI Fase 1, o OA pode pedir
pelo SISCEMOI os seus lotes, acompanhar suas avaliações e expressar sua opinião nos
Questionários Pedagógicos.
NORMAS GERAIS DE PROCEDIMENTO PARA OS OFICIAIS-ALUNOS
O sucesso em um Curso é representado pelo grau de mudança no conhecimento,
aprendizagem dos alunos, e depende fundamentalmente do grau de motivação e esforço
individual. Dessa forma, ao iniciar o Curso o OA deve buscar o apoio junto aos chefes
imediatos e titulares de Organizações Militares, de modo a destinar, sempre que possível,
um horário durante o expediente para o estudo, possibilitando assim um melhor
acompanhamento do Curso.
QUESTIONÁRIO PEDAGÓGICO
Objetivando o permanente aperfeiçoamento do processo de ensino-aprendizagem,
os questionários pedagógicos disponíveis para cada lote no SISCEMOI devem ser
preenchidos de maneira franca e objetiva a respeito de cada item do questionário.
PLANEJAMENTO DA FASE 1
O OA tem um prazo máximo de três anos para concluir o C-EMOI. Este prazo
se constitui em limitação ao planejamento do Curso, por parte dos Oficiais Alunos.
35
Considerando que o cumprimento do cronograma da Fase 1 do C-EMOI é de
responsabilidade do próprio Oficial Aluno, recomenda-se que o mesmo elabore um
programa de estudo, levando em consideração o número de lotes, a duração de cada lote, a
possível indisponibilidade momentânea de algum lote e o "tempo morto" referente à
tramitação da correspondência entre o Oficial Aluno e a EGN.
PRAZO PARA A REALIZAÇÃO DE PROVA
O prazo para a realização de cada prova é de 1 (um) ou 2 (dois) períodos de 30
(trinta) dias cada, dependendo do lote solicitado, contados dia a dia;
APROVAÇÃO
O aproveitamento em cada disciplina da Fase 1 será aferido por meio de uma
prova que conterá 20 questões objetivas de múltipla escolha.
O resultado das provas da Fase 1 será expresso pelos conceitos “APROVADO”
OU “INSUFICIENTE”; e a prova receberá o conceito “APROVADO” quando o Oficial
Aluno obtiver, no mínimo, 60% (sessenta por cento) do número máximo de acertos
possíveis. Caso haja reprovação, o Oficial Aluno poderá repetir uma única vez a
disciplina, em qualquer ocasião, desde que dentro do prazo previsto para a conclusão do
Curso.
CONCLUSÃO DO CURSO
O OA que obtiver aproveitamento em todos os lotes será considerado habilitado no
C- EMOI Fase 1. A habilitação dos concludentes do Curso será publicada em Ordem
de Serviço do Diretor da EGN e em Boletim da Marinha do Brasil.
36
CAPÍTULO III: O PEDAGOGO NA INSTITUIÇÃO MILITAR
Neste capítulo iremos discutir o campo profissional do Pedagogo na Marinha do
Brasil, podendo este exercer sua função em diversos setores da educação militar, porém
atuam como Orientadores Educacionais, Orientadores Pedagógicos, Direção/Supervisão
pedagógica (concentrados no gestor da escola) e Planejamento e Avaliação do ensino-
aprendizagem. Porém, neste estudo, nos concentraremos nos Orientadores Educacionais e
Pedagógicos, destacando suas finalidades de trabalho, quais as suas atividades, conceitos,
objetivos, analisar suas semelhanças e diferenças, além de traçar seu perfil profissional e
pessoal. Baseado no Manual de Orientação Educacional e Pedagógico, documento
elaborado peça Diretoria de Ensino da Marinha, onde estão preconizadas as regras para
condução dos serviços pedagógicos.
FINALIDADE DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E PEDAGÓGICA NA MB
A meta do trabalho de Orientação Educacional e Pedagógica é a melhoria do
processo ensino aprendizagem, através do melhor planejamento, coordenação e execução,
para que mais eficientemente sejam atendidas as necessidades e aspirações do discente
(aluno) e do docente (professor/instrutor), bem como mais plenamente sejam atendidos os
propósitos educacionais do Sistema de Ensino Naval.
CONCEITUAÇÃO DE ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E PEDAGÓGICA NA MB
Orientação Educacional é uma atividade pela qual o Orientador Educacional ajuda o
aluno, no Estabelecimento de Ensino, a tomar consciência de seus valores e dificuldades,
concretizando, principalmente através do estudo, sua realização em todas as suas estruturas
e em todos os planos de vida.
Na Marinha, a Orientação Educacional é conduzida pelo Serviço de Orientação
Educacional (SOE), implantado em cada OM de Ensino.
37
Orientação Pedagógica é uma atividade que visa a promoção e manutenção da
unidade de atuação do docente, com vistas a melhor consecução dos propósitos
educacionais da Instituição.
Na Marinha, a Orientação Pedagógica é exercida pelo Serviço de Orientação
Pedagógica (SOP), implantado em cada OM de Ensino.
OBJETIVOS DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E PEDAGÓGICA NA MB
Para que as atividades de Orientação Educacional e Pedagógica alcancem resultados
concretos e não ocorra perda de continuidade nos trabalhos desenvolvidos, vários são os
objetivos visados, dentre os quais assinalam-se:
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
a) Objetivos Gerais:
1) Proporcionar ao aluno condições de auto realização, promovendo seu equilíbrio
emocional;
2) Ajustar o aluno ao meio do educacional;
3) Promover o bom relacionamento professor/instrutor-aluno;
4) Auxiliar os alunos que apresentem dificuldades de aprendizagem;
5) Incentivar a integração escola-família; e
6) Contribuir para que os alunos que escolheram uma especialidade, segundo suas
aptidões, interesses e outras características de personalidade.
b) Objetivos Específicos:
1) Auxiliar os alunos, atendendo aqueles que apresentem sinais de desajustamento à
vida militar-naval;
2) Conhecer as motivações e expectativas dos alunos novos (recém-matriculados),
possibilitando maior compreensão das situações escolares;
38
3) Proporcionar aos alunos atividades complementares às previstas no currículo, tendo
em vista a consecução dos propósitos educacionais pretendidos;
4) Informar e possibilitar aos alunos a escolha de um Corpo ou Quadro de acordo com
suas aptidões, interesses e outras características de personalidade;
5) Possibilitar a visualização das habilidades reais e requeridas para exercício das
funções pertinentes a cada Corpo ou Quadro; e
6) Atuar, se necessário, junto aos demais Serviços ou Divisões, a fim de concorrer para
uma melhor formação dos alunos.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
a) Objetivos Gerais:
1) Manter a unidade de ação técnico-pedagógica, no Estabelecimento de Ensino;
2) Coordenar, controlar e avaliar as atividades docentes;
3) Proporcionar o entrosamento entre os vários setores do Estabelecimento de Ensino.
b) Objetivos Específicos:
1) Auxiliar os docentes a melhor identificarem e compreenderem os problemas
pedagógicos atinentes ao Estabelecimento de Ensino, assim como orienta-los na
busca de recursos-meios para a solução dos mesmos;
2) Orientar o Estabelecimento de Ensino, na implantação e implementação de
currículos;
3) Auxiliar o docente e se auto promover, profissionalmente;
4) Propor, incentivar e coordenar a realização de experiências técnico-pedagógicas.
O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL E PEDAGÓGICO NA MB
O papel do Orientador Educacional e Pedagógico, na MB, se constitui no somatório
de esforços e ações desencadeadas, com o propósito de promover a melhoria do processo
39
ensino-aprendizagem. Esses esforços voltam-se constantemente, para alunos, professores e
instrutores, num processo de assistência aos mesmos.
Orientador educacional é visto como um profissional, cujo papel principal é atuar
com os alunos. Em vista disso, faz levantamento de dados (sondagem de aptidões), realiza
sessões de orientação e aconselhamento e desempenha uma série de funções de maior ou
menor importância, relacionadas com a necessidade do atendimento ao aluno.
O Orientador Educacional, também, assume funções de assistência ao
professor/instrutor, aos pais, a pessoas do Estabelecimento de Ensino com os quais os
alunos mantêm contatos significativos, no sentido de que estes tornem-se mais preparados,
para entender e atender às necessidades dos alunos, tanto com relação aos aspectos
cognitivos e psicomotores, como os afetivos.
O Orientador Pedagógico é o profissional que desempenha um papel importante
junto aos docentes, preocupando-se com a melhoria do desempenho destes, isto é, o
desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes dos mesmos em relação ao
processo ensino-aprendizagem. O Orientador Pedagógico deve prestar ao
professor/instrutor uma assistência sistemática, no sentido de melhoria contínua do seu
desempenho, principalmente, em sala de aula.
CONDIÇÕES PESSOAIS DO ORIENTADOR EDUCACIONAL E PEDAGÓGICO
As condições pessoais e atitudes desejáveis para o exercício das funções de
Orientador Educacional e Pedagógico são as seguintes:
a) Orientador Educacional
1) Habilidade em lidar com pessoas.
2) Capacidade de iniciativa e liderança.
3) Capacidade de empatia.
4) Habilidade em conquistar e manter a confiança dos alunos e demais pessoas
envolvidas no processo educativo.
40
5) Capacidade de colaboração com o pessoal do “Serviço de Orientação Educacional”
e demais pessoas envolvidas no processo educativo.
6) Capacidade de adaptação a situações novas.
7) Atitudes discrição com relação a todos os que lidar, principalmente, com relação
aos problemas e conflitos dos alunos. O sigilo profissional é fundamental na orientação
e não deve ter quebrado pelo orientador.
8) Sensibilidade para saber quando e como fazer, sem magoar ou melindrar as pessoas
envolvidas.
9) Compreensão e tolerância.
10) Simplicidade e modéstia.
11) Bom humor, de maneira a não inibir aproximação principalmente do aluno.
12) Empatia pelo aluno.
13) Empenhar-se na resolução de casos, com toda honestidade, a fim de não
decepcionar o aluno.
14) Persistência e perseverança na condução dos casos iniciados.
15) Coerência sem intransigências, nem radicalizações, mas flexibilidade, sem querer
“fazer média”.
16) Discordar sem ofender, a fim de “orientar sem adular”.
17) Isenção e discrição, evitando fazer confidências e colocar os seus problemas
pessoais, dos casos tratados com os alunos.
18) Equilíbrio emocional para não se perder em “explosões”, ou não se comprometer
afetivamente nos casos em tratamento.
19) Aceitação dos alunos como eles são para orientá-los adequadamente.
20) Atitude não diretiva, evitando dar conselhos, fazendo-os somente em casos
realmente especiais.
b) ORIENTADOR PEDAGÓGICO
1) Capacidade de empatia. 2) Criatividade. 3) Ter mentalidade científica, aberta.
41
4) Ser organizado. 5) Ser imparcial. 6) Capacidade de liderança e facilidade de relacionamento. 7) Capacidade de iniciativa. 8) Interesse pela educação. 9) Autocontrole. 10) Ser discreto. 11) Revelar maturidade emocional e social. 12) Capacidade de reconhecer os méritos alheios. 13) Discrição. 14) Entusiasmo e capacidade de entusiasmar. 15) Senso de realidade. 16) Ponderação 17) Modéstia. 18) Capacidade de ouvir. 19) Disponibilidade a quem o procure, ou a quem precise dele. 20) Assiduidade.
PERFIL PROFISSIONAL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL E PEDAGÓGICO
PARA A MB
Após estudos realizados junto aos representantes dos SOE e SOP na MB, foi
possível chegar-se à montagem de um perfil profissional do Orientador Educacional e
Pedagógico nas OM de Execução do Ensino na MB. As características listadas abaixo
compõem, em principio, o perfil profissional necessário a todos aqueles que atuam em
Orientação Educacional e Pedagógica na Marinha.
1) Capacidade de planejar
Elaborar projetos de pesquisas, estudos, acompanhamento, treinamento, construção,
adaptação, ou reformulação de testes em atendimento aos objetivos educacionais da MB.
42
2) Iniciativa
Não ficar limitado à repetição simples de atividades, devendo atuar com autonomia,
dando praticidade às suas ideias.
3) Expressão
Emitir seus pensamentos com clareza e objetividade, facilitando a comunicação com
Corpo Docente e Discente, em reuniões e palestras ao ministrar treinamentos e no
relacionamento com as autoridades superiores.
4) Expressão escrita
Redigir planejamentos, relatórios, pareceres, instruções, questionários, documentos
administrativos etc...
5) Tato para lidar com pessoas
Em situações onde o profissional executa tarefas com a colaboração de outros,
coletando informações, aplicando os questionários, fazendo treinamento, entrevistas,
observando e avaliando a atuação do corpo docente e discente, no relacionamento com
autoridades superiores e companheiros de trabalho em geral.
6) Educação Nível Superior
Formação em pedagogia e de preferência com habilitações em orientação
educacional e orientação pedagógica.
7) Memória para ideias (abstrato)
Recorrer aos conhecimentos teóricos, práticos e experiências vividas e aplica-los
em, praticamente, todas as tarefas que executa.
8) Raciocínio
Resolver problemas técnicos. O profissional utiliza a todo o momento os
conhecimentos adquiridos, estabelece relação, reporta-se a teoria e conclui optando por
uma determinada linha de ação.
43
9) Adaptabilidade
Ajustar-se às situações inesperadas durante aplicação de teste, mudanças de
prioridades de tarefas, mudança de seção, chefia, diretrizes técnicas e administrativas.
Executar tarefas não técnicas, quando necessário, ajustar-se a situações em
ambientes diferentes, como realizar trabalho em outras OM.
Deixar tarefas em andamento e engajar-se em outras, às vezes, já iniciada. Adequar-
se às características e exigências do ambiente militar.
10) Treinamento
É importante que o profissional faça um estágio de adaptação no setor onde atuará.
Ao longo do exercício de função é necessário treinamento, quando da utilização de novas
técnicas, com o objetivo de padronizar procedimentos e atualizar conhecimentos.
11) Capacidade em tomar decisões
Decidir escolhendo os procedimentos e técnicas adequadas às diversas situações de
trabalho. Resolver, dentro do seu nível de competência, situações que possam causar
prejuízo ao trabalho realizando algum tipo de intervenção.
12) Trabalho de equipe
Realizar um trabalho integrado com outros setores ligados ao ensino.
13) Capacidade para Supervisão
Orientar e acompanhar os elementos ligados ao processo ensino-aprendizagem,
visando alcançar os objetivos educacionais para a MB.
14) Exigência da aparência
Favorecer a empatia, na medida em que poderá servir como exemplo aos demais
elementos com quem trabalha (professores/instrutores e alunos).
15) Trabalho interno
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O trabalho é predominantemente interno, havendo, às vezes, necessidade de
deslocamento para outras OM, a fim de participar de reuniões, palestras, treinamento etc.
16) Função burocrática
O trabalho envolve elaboração de documentos, relatórios, gráficos, pareceres,
análises etc...
17) Suportar interrupções
Às vezes, a necessidade em abandonar uma tarefa, já iniciada por mudança de
orientação técnica superior, ou interrompe-las para realização de outras mais urgentes.
18) Verbal
Compreender o significado contido em documentos técnicos empregados na área de
OE e OP.
19) Memória para detalhes
Lembrar de fatos e comportamentos ocorridos em diferentes situações que facilitem
a elaboração de relatórios, pareceres, ficha de avaliação etc...
ATUAÇÃO DOS SOE E SOP NA MB
Atuação da Orientação Educacional e Pedagógica se faz sentir, praticamente, em
toda vida escolar. O Orientador Educacional e o Pedagógico atuam em dois grandes planos:
o da Ação Direta e da Ação Integrada.
No plano de Ação Direta, o Orientador Educacional atinge o aluno, enquanto o
Orientador Pedagógico visa o professor/instrutor, fazendo o uso, inclusive, do trabalho em
grupo.
No plano da Ação Integrada, a Orientação Educacional e Pedagógica atuam juntas e
em cooperação com Direção e demais setores da OM, planejando, executando e avaliando,
sistematicamente, a Ação Educativa.
45
AÇÃO DIRETA
a) A atuação do Orientador Educacional, com relação ao aluno, pode assumir três
direções correlatas e distintas, que são:
1) Preventiva - visa evitar que o aluno encontre-se em situações que lhe possam ser
prejudiciais.
2) Preditiva - consiste no encaminhamento do aluno para uma escolha no campo
profissional (na MB ocorre em relação a opção de especialidades/habilidades).
3) Curativa - tem por fim a recuperação do aluno com dificuldades em sua vida
pessoal, escolar ou social.
b) A Orientação Pedagógica por sua vez, atua direta e incisivamente junto aos docentes
em três direções básicas:
1) Preventiva - consiste em procurar constatar possíveis falhas no funcionamento
pedagógico da OM de ensino, a fim de preveni-las antes que venham a produzir
resultados negativos.
2) Construtiva - tem por fim auxiliar o professor/instrutor a superar suas
dificuldades ou deficiências, de maneira positiva, cooperativa e não punitiva.
Representa um trabalho de apoio ao docente, para que o mesmo tenha confiança
em si.
3) Criativa - visa a estimular a iniciativa do professor/instrutor, bem como a
constante melhoria da sua atuação em sala de aula. Procura orientar o docente
em busca de novos caminhos, a pesquisar e criar novos recursos de ensino, com
vistas sempre à melhoria no desempenho da docência. Em resumo, tem como
objetivo maior crescimento profissional do professor/instrutor.
AÇÃO INTEGRADA
A Ação Integrada promove o estabelecimento da unidade da ação educativa, em
torno de objetivos comuns, embora cada setor de ensino utilize meios específicos. O
exercício da Orientação Educacional e Pedagógica, em cooperação com a Direção e o
Corpo Técnico-Administrativo da OM, constituem-se em papéis que garantem a melhoria
do processo educativo. O centro de atenção máxima de um estabelecimento de ensino deve
46
ser o aluno; para a sua formação e desenvolvimento devem ser criadas condições e
situações favoráveis e na promoção das mesmas, um dos fatores decisivos é o
professor/instrutor. A atuação integrada permite que, com a melhoria da atuação do
professor/instrutor, aprimore-se o produto do processo ensino-aprendizagem, que vai
refletir-se diretamente no desempenho do aluno.
3.1 - PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS OBSERVADAS
O estudo verificou que há uma forte tendência no estabelecimento pesquisado em
moldar comportamentos, padronizar ações, no intuito de tornar previsíveis os resultados.
Talvez, seja esse o motivo pelo qual exista uma grande preocupação com o aprimoramento
das técnicas de mensuração.
Compreende-se que o foco da Seção de Orientação Pedagógica é ofertar orientação
aos docentes, no intuito de tornar mais proveitosas as relações ensino-aprendizagem. Já o
objetivo da Seção de Orientação Educacional é prestar orientação aos discentes, no
tangente à organização do tempo e superação de dificuldades relacionadas aos seus hábitos
de estudo. O pedagogo atua nesses espaços desenvolvendo também atividades como:
planejamento, palestras, orientação, pesquisa, avaliação, coordenação de cursos, etc.,
evidenciando, entretanto, a necessidade de introduzir na estrutura curricular do curso de
Pedagogia, especificamente da UNIRIO, discussões a respeito dos contextos extraescolares,
dando maior suporte ao pedagogo no seu exercício profissional. A UNIRIO apesar de
apontar em seu perfil do Curso de Pedagogia a formação do profissional para atuar em
espaços não escolares, não apresenta quais seriam esses espaços, continuando no seu
processo de formação a direcionar o curso prioritariamente para docência.
Todos os educadores seriamente interessados nas ciências da educação, entre elas a Pedagogia, precisam concentrar esforços em propostas de intervenção pedagógica nas várias esferas do educativo para enfrentamento dos desafios colocados pelas novas realidades do mundo contemporâneo. (LIBÂNEO, 1999, p.59).
Além do currículo de Pedagogia da UNIRIO focar prioritariamente a docência,
evidencia algumas tendências Pedagógicas mais do que outras. A Pedagogia tecnicista é
uma dessas tendências, sendo pouco discutida e analisada superficialmente. O fato de as
47
Instituições militares possuírem fortes tendências tradicionalistas e tecnicistas é um motivo
prevalecente para que este viés da Pedagogia seja discutido com mais afinco na graduação.
Não quer dizer que o ensino militar seja ineficiente, incapaz ou autoritário, por ser baseado
na Pedagogia tecnicista, pelo contrario, a tendência tecnicista considera que a escola deve
ser modeladora do comportamento do aluno, pois agindo desta forma estará contribuindo
para que o sistema social se torne harmônico, orgânico e funcional, e neste sentido cabe à
prática pedagógica organizar e desenvolver o processo de aquisição de habilidades, atitudes
e conhecimentos específicos, sendo este exatamente o objetivo das Forças Armadas.
Guallazi (1985, p.20) explica a visão da sociedade sobre a profissão militar:
“Tradicionalmente esperava-se que o militar fosse, no mínimo, um técnico competente, um
guerreiro audaz e valente, um grande líder e um cavaleiro honrado, qualidades essas
assentadas sobre uma boa formação cultural.” O autor ainda comenta as qualidades
pessoais características do profissional militar:
Parece haver um certo consenso quanto a ser a capacidade de liderança e comando o eixo em torno do qual giram as demais atividades da carreira: quanto todos os recursos falham, quanto tudo parece desmoronar à sua volta, a sua firmeza moral, a sua capacidade de resistência, de auto domínio e de reorganização o identificam dentre os demais. O acaso faz o herói, mas é a ação bem planejada e executada nas horas mais difíceis que revela o militar competente. (GUALAZZI, 1985, p.20).
O modelo pedagógico tecnicista influenciou os bancos escolares do início da
Marinha, uma vez que padroniza as instruções que são ministradas no âmbito da instituição,
a formação de oficiais da Marinha do Brasil é feita atualmente através da meritocracia.
Como já foi dito, o enfoque da preparação dos militares alunos têm a predominância da
Pedagogia Tecnicista que funciona como modeladora do comportamento do indivíduo.
No entanto, fica claro que, a valorização é da tecnologia, o professor é um mero
especialista na aplicação de manuais, enquanto o aluno reage a estímulos.
Contudo, através da análise do perfil profissional do pedagogo em esfera militar, e a
tendência pedagógica utilizada, podemos concluir que pedagogos recém-formados, os quais
comporiam a equipe técnica pedagógica de centros de formação profissional militar, com
saberes de sua formação inicial nem sempre lhes possibilitariam o exercício de atividades
da alçada do pedagogo militar e uma especialização seria o mais indicado para o
profissinal.
48
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do que foi exposto nesta pesquisa, acreditamos que seja necessário um
processo de reforma no Curso de Pedagogia. Devemos nos atentar a ampliação do papel do
pedagogo, trazendo discussões para a sala de aula a respeito do tema, ou introduzindo
novas disciplinas que abordem esses novos contextos onde o pedagogo atualmente se
insere. Proponho que sejam realizadas visitas a esses espaços não escolares onde atuam
pedagogos, para que seja reconhecida a ação pedagógica dos mesmos nessas áreas
extraescolares.
Os acontecimentos históricos ocorridos durante os governos militares afastaram a
sociedade brasileira das discussões a respeito da defesa nacional. Este afastamento
ocasionou uma visão distorcida da imagem do militar brasileiro, de como se dá a sua
formação e das suas diversas realidades educacionais.
A quem interessaria manter esse distanciamento entre civis e militares ainda nos
dias de hoje? Será que é do interesse público aproximar esses campos de atuação da
pedagogia? Esta aproximação pode possibilitar a interação com outros órgãos
governamentais, instituições de ensino e a própria sociedade civil.
Mesmo que esta integração seja interessante entre as instituições de ensino e
pesquisa, existe certa relutância por parte dos muitos civis em adentrarem aos quartéis
em busca de algo novo. Ainda existem reminiscências de um período em que o
estereótipo dos centros de ensino, de instrução e escolas militares era o de que só se
reproduziam o passado, o autoritarismo, as ideologias de intervenção e de totalitarismo
estatal. Reside aí um grande engano.
A realidade dos quartéis não é o mesmo do período do regime que governou o
país nas décadas de sessenta e setenta. É imprescindível que se desfaça a imagem do
militar brasileiro que é apenas, e tão somente, um membro do grande aparato de repressão
do Estado, que suas ações são guiadas de forma automatizada.
As Forças Armadas buscam a preparação e o aperfeiçoamento do indivíduo para
exercer o seu papel social. Este indivíduo entrou para as fileiras militares quando poderia
ter entrado em uma universidade, em uma empresa multinacional ou em outro emprego
público.
49
Após 1988 as leis de ensino militares circunscreveram uma diversidade de
assuntos que passam pela valorização do corpo docente e pelo contínuo aperfeiçoamento
do processo ensino-aprendizagem. Isto é, sem dúvida, uma marca indelével da nova visão
introduzida por profissionais que foram recrutados no seio da sociedade e que, formados
pelas diversas universidades espalhadas pelo país, semearam ideias que foram ao encontro
das necessidades de reorganização das formas, não de se ensinar nos quartéis, mas de
como tornar as práticas educacionais intramuros, compreensíveis para aqueles que não
possuem a vivência dos quartéis.
As políticas de ensino militares se comprometeram com a educação nacional,
cabe agora, aos diversos segmentos da educação nacional olharem para as diversas
matizes que compõem a grande rede de ensino militar. Pois não há um porque os cursos de
pedagogia não tomarem essas formações militares como objeto de estudo.
Durante o meu serviço no C-EMOI Fase I, vivenciei momentos de fundamental
importância para a minha vida acadêmica e profissional, aprofundando cada vez mais meus
estudos e adquirindo novos conhecimentos.
Aprendi a analisar conteúdos de grades curriculares, a refletir sobre novas
metodologias de ensino e a explorar novas disciplinas, antes nunca vistas por mim, como
por exemplo, Processo de Planejamento Militar, Direito e Operações Navais I, Logística e
Mobilização e Operações de Fuzileiros Navais.
O trabalho em conjunto com os instrutores além de complementar e enriquecer
meus conhecimentos na área de EAD, Cultura Organizacional e Pedagogia Empresarial,
agregou informações e me atualizou em assuntos no campo da educação. Na Marinha do
Brasil, a estrutura é descentralizada, havendo um órgão normativo e controlador, inclusive
dos recursos financeiros – Diretoria de Ensino da Marinha – e órgãos de execução, que são
os diversos Centros de Instrução, Centros de Adestramento e Escolas. Existe uma norma
interna da Marinha (DGPM-101) que possui um capítulo específico voltado para custos e
indenizações de cursos e estágios. Como se pode ver é feito o levantamento dos custos dos
cursos, porém, no caso dos cursos realizados a distância, o objetivo maior de tê-los, é o de
verificar a economia de recursos obtida, e ainda verificar que essa economia consegue
custear todos os gastos necessários com a educação a distância.
50
Tal fato faz-nos constatar que a educação a distância, não só traz os benefícios de
possibilitar a educação continuada, como também, é econômica para a instituição. Portanto,
a medida adotada na Marinha do Brasil com relação a redução dos custos, e a manutenção
da oferta dos cursos e a realização dos mesmos com qualidade foi acertada e tem trazido
frutos positivos à instituição.
Durante ste mesmo período de serviço, participei dos Jogos de Guerra, em
específico o Jogo Carimbó, realizado pelas turmas do C-EMOI fase 2, sendo um jogo
didático e sistêmico, oportunidade esta que aprimorou meus conhecimentos na área de
jogos pedagógicos, ao perceber como os jogos são importantes instrumentos para que os
Oficiais Alunos possam colocar em prática tudo aquilo que foi observado durante seu
estudo no C-EMOI fase 1 e é exigida a aplicação dos conceitos durante o Jogo.
Os Jogos de Guerra estão presentes desde a criação da EGN, representando um
papel fundamental no preparo dos Oficiais de Marinha. Utilizados como instrumentos de
treinamento, doutrinação e instrução, os jogos hoje ampliam seu escopo de aplicação, como
por exemplo, na cooperação internacional entre as Marinhas de países amigos, entre
Oficiais da Marinha do Brasil e demais Forças. O caráter analítico ou didático torna os
Jogos um meio fundamental para a diminuição dos riscos, dos custos e das vulnerabilidades
pertinentes ao processo decisório e às operações militares.
O objetivo do Jogo Carimbó é testar o planejamento e exercitar o processo decisório
dos OA, aplicando a doutrina vigente na MB, no nível de decisão tático, com base na
aplicação do PPM, em Jogo de Guerra didático.
Acredito que, com a orientação, apoio e suporte oferecido por toda a equipe C-
EMOI Fase I e com o diálogo entre teoria e prática, considero que todos os momentos de
aprendizado fizeram a diferença em minha postura pedagógica e profissional, ampliando os
meus conhecimentos construídos durante a graduação e especialização.
Ampliei meus horizontes e perspectivas pedagógicas e sem dúvida conclui meu
MBA em Pedagogia Empresarial como uma profissional incomum.
Observei que a cultura organizacional cria um senso de identidade e facilita o
comprometimento com os objetivos que se sobrepõe aos interesses individuais, sendo
extremamente importante para a vida militar e para a liderança.
51
As atividades curriculares e extracurriculares da Marinha do Brasil, como forma de
inserção de um aluno em uma cultura organizacional específica, oferecem um sentimento
de pertinência e profundo significado comum aos mesmos.
52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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55
ANEXOS
Anexo 1: QUADRO DEMONSTRATIVO DOS LOTES DO C-EMOI FASE 1
LOTE SIGLA TÍTULO DAS DISCIPLINAS CA
QC-CA
FN
QC-FN
IM
QC-IM CSM
EN
CN
T
AA AFN
1 I-OI-1A Processo de Planejamento Militar 1 - 1 - - - -
3 II-OI-2A Administração Naval 1 1 - 1 1 1 1
4 II-OI-4A Organização Naval - - - 1 1 1 1
5 II-OI-3A Logística e Mobilização 2 1 - 1 1 1 1
6 III-OI-1A Direito 1 2 2 2 2 2 2
7 III-OI-3A Estratégia e Inteligência 2 1 1 1 1 1 1
8 I-OI-2A Operações Navais I 2 - - - - - -
9 I-OI-3A Operações Navais II 2 - - - - - -
10 I-OI-4A Operações Navais III 2 - - - - - -
11 I-OI-5A Introdução às Operações Navas I - 1 1 1 1 1 1
13 IV-OI-1A Operações de Fuzileiros Navais - 2 - - - - -
14 I-OI-8A Controle Naval do Tráfego Marítimo - - - - - 1 -
15 III-OI-2A História 1 1 1 1 1 1 1
16 II-OI-5A Liderança 1 1 1 1 1 1 1
17 I-OI-6A Introdução às Operações Navas II - - 2 - - - -
TOTAL DE PERÍODOS 14 10 9 9 9 10 9
FONTE: INSTRUÇÕES PARA O CURSO C-EMOI FASE 1 – MARINHA DO BRASIL
FONTE: CURRÍCULO 2014 DO CURSO C-EMOI FASE 1 – MARINHA DO BRASIL
DURAÇÃO
Cada período tem a
duração de 30 dias ou Horas-Aula.
CA e QC-CA 14 períodos 420 HA
FN, QC-FN, T e AA 10 períodos 300 HA
IM, QC-IM, CSM, EN, CN e AFN
09 períodos
270 HA