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Unisal Lucas de Oliveira Castro Contabilidade Gerencial: A aplicação do Balanced Scorecard como ferramenta de gestão. Um estudo de caso na empresa Petróleo Brasileiro S.A. Americana 2013

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Unisal

Lucas de Oliveira Castro

Contabilidade Gerencial: A aplicação do Balanced Scorecard como ferramenta de gestão. Um estudo de caso na empresa

Petróleo Brasileiro S.A.

Americana 2013

1

Unisal

Lucas de Oliveira Castro

Contabilidade Gerencial: A aplicação do Balanced Scorecard como ferramenta de gestão. Um estudo de caso na empresa Petróleo

Brasileiro S.A.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis no Centro Universitário Salesiano, sob a orientação do Prof. Ms. Roberto Carlos da Silva.

Americana 2013

2

Autor: Lucas de Oliveira Castro

Título: Contabilidade Gerencial: A aplicação do Balanced Scorecard como ferramenta de gestão. Um estudo de caso na empresa Petróleo Brasileiro S.A.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis no Centro Universitário Salesiano.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado e aprovado em _____/_____/_____, pela comissão julgadora: (Assinatura)__________________________________________________________ (Prof. Ms. Roberto Carlos da Silva) (Assinatura)__________________________________________________________ ( ) (Assinatura)__________________________________________________________ ( )

Americana 2013

3

A Deus, pois sem Ele nada seria possível; à minha namorada, Grasieli, por compreender minha ausência durante a realização deste trabalho; à minha Mãe, Roseli, pelo incentivo e pelo apoio e ao meu Avô, Rosalino, in memorian pelo seu

exemplo.

4

AGRADECIMENTOS

Inicialmente, de um modo especial, meus sinceros agradecimentos ao Profº

Orientador Ms. Roberto Carlos da Silva, pelo apoio, incentivo e confiança

depositados em minha pessoa para a realização deste trabalho, compartilhando com

parte de sua sabedoria e conduzindo de maneira firme, porém amiga, todas as fases

para o desenvolvimento desta pesquisa que serviu como uma contribuição

importante e positiva nesta fase de minha vida acadêmica.

À todos os Professores que contribuíram para o meu enriquecimento cultural e

técnico ao longo destes quatro anos de graduação, em especial ao Coordenador e

Profº Ms. André Roberto Cillo e o Profº Ms. Marcos Livato, pelos mais diversos

momentos em que pudemos partilhar experiências, ideias e conhecimentos ao longo

destes anos.

Por fim, gostaria de agradecer pelos incentivos de todos os colegas e amigos do

Unisal e, pelos vários momentos que compartilhamos juntos, os quais sempre foram

especiais, restando disso certeza única de que essa convivência resultou em frutos

de amizades que se prolongarão por muitos anos.

5

EPÍGRAFE

“Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de

cem batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória

ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si

mesmo, perderá todas as batalhas.”

(SUN TZU)

6

RESUMO

O Balanced Scorecard é uma ferramenta de gestão que surgiu a partir das

necessidades de um gerenciamento avançado das informações contábeis, que vem

complementar a tradicional contabilidade gerencial, baseada apenas em eventos

passados. Mais conhecido como BSC, este modelo permite que se possa enxergar

um cenário futuro da organização, lastreado em algumas premissas essenciais para

o alcance de seus objetivos, buscando o desenvolvimento, fortalecimento e

sobrevivência da empresa em um mundo cada vez mais globalizado e competitivo.

Palavras-chave: Contabilidade Gerencial. Balanced Scorecard. BSC.

7

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

ILUSTRAÇÃO 1 Análise comparativa Contabilidade Financeira VS Contabilidade Gerencial…………………………………………

19

ILUSTRAÇÃO 2 Comportamentos Opcionais e Respectivas Consequências.. 21

ILUSTRAÇÃO 3

ILUSTRAÇÃO 4

ILUSTRAÇÃO 5

ILUSTRAÇÃO 6

ILUSTRAÇÃO 7

A relação do BSC e a Visão Estratégica da Empresa……….

Relações de Causa e Efeito da Estratégia…………………….

Visão Abrangente do Processo...............................................

Etapas da Implementação do BSC na Petrobras...................

Modelo de Balanced Scorecard do Downstream Petrobras...

26

27

35

56

58

8

LISTA DE FIGURASTABELAS

FIGURA 1 Primeiro Logotipo Petrobras............................................................... 38

FIGURA 2 Simulação de vazamento de óleo e treinamento feito com pipocas.. 43

FIGURA 3 Os Princípios da Petrobras................................................................ 51

9

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

BSC Balanced Scorecard

CENPES Centro de Pesquisa e Desenvolvimento

DJSI Dow Jones Sustainability Index

FAFEN Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados

GLP Gás Liquefeito de Petróleo

HPS Hyperian Performance Scorecard

OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo

PEGASO Programa de Excelência em Gestão Ambiental e Segurança Operacional

PIB Produto Interno Bruto

REDUC Refinaria de Duque de Caxias

NPA Norma e Procedimento de Auditoria

NPC Norma e Procedimento de Contabilidade

10

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11 1 A EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA CONTÁBIL NO MUNDO ........................................... 14

1.1 ABORDAGEM HISTÓRICA: SURGIMENTO DA CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA ............................................ 14 1.2 A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: O INÍCIO DA CONTABILIDADE DE CUSTOS ...................................................... 15 1.3 A CONTABILIDADE GERENCIAL .................................................................................................................. 16 1.4 O CONCEITO DE CONTABILIDADE GERENCIAL ........................................................................................... 17 1.5 CONCEITO DE ESTRATÉGIA ....................................................................................................................... 19 1.6 SÍNTESE SOBRE O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ................................................................................... 20 1.7 MISSÃO E OBJETIVOS DA ORGANIZAÇÃO ................................................................................................... 21

2 O BALANCED SCORECARD ................................................................................ 23 2.1 O SURGIMENTO DO BALANCED SCORECARD ............................................................................................ 23 2.2 DEFINIÇÃO DO BALANCED SCORECARD .................................................................................................... 24 2.3 ESTRUTURA DO BALANCED SCORECARD .................................................................................................. 28 2.4 PERSPECTIVAS DO BALANCED SCORECARD ............................................................................................. 29

2.4.1 Financeira ............................................................................................................. 29

2.4.2 Cliente .................................................................................................................... 30 2.4.3 Processos Internos .............................................................................................. 31 2.4.4 Aprendizado e Crescimento ............................................................................... 32

2.5 FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO ............................................................................................................. 34 2.6 INDICADORES ESTRATÉGICOS ................................................................................................................... 36

3 ESTUDO DE CASO NA EMPRESA PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. .................... 38 3.1 A PETROBRAS ............................................................................................................................................ 38

3.1.1 Produtos e Serviços ............................................................................................ 47 3.2 ESTRATÉGIA CORPORATIVA ...................................................................................................................... 49

3.2.1 Missão ................................................................................................................... 49

3.2.2 Visão 2020 ............................................................................................................ 49

3.2.3 Valores ................................................................................................................... 50 3.3 OS PRINCÍPIOS DA PETROBRAS ................................................................................................................ 50

3.3.1 Desenvolvimento Sustentável ........................................................................... 51

3.3.2 Integração ............................................................................................................. 52 3.3.3 Resultados ............................................................................................................ 52

3.3.4 Prontidão para Mudanças .................................................................................. 52

3.3.5 Empreendedorismo e Inovação ......................................................................... 52

3.3.6 Ética e Transparência ......................................................................................... 52 3.3.7 Respeito à Vida .................................................................................................... 53

3.3.8 Diversidade Humana e Cultural ......................................................................... 53

3.3.9 Pessoas ................................................................................................................. 53

3.3.10 Orgulho de ser Petrobras ................................................................................. 53 3.4 A EVOLUÇÃO DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO NA PETROBRAS.............................................................. 53 3.5 A IMPLANTAÇÃO DO BSC NA PETROBRAS ................................................................................................ 55 3.6 BENEFÍCIOS DA IMPLANTAÇÃO DO BSC NA PETROBRAS .......................................................................... 58

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 60 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 62

11

INTRODUÇÃO

A Contabilidade Gerencial, de um modo geral, é composta por um conjunto

integrado de informações financeiras e operacionais baseadas em eventos

passados, que dão origem a diversos relatórios internos a fim de subsidiar a equipe

de gestão, influenciando diretamente em sua tomada de decisão. Apresenta uma

imagem real e mensurada da entidade, seu desempenho e alterações ocorridas em

determinado período permitindo uma análise limitada à tomada de decisão para o

presente.

De certo modo, esta metodologia de gestão, focalizada em eventos passados

serviu, e muito bem, a era industrial, mas já não têm tanta eficiência no cenário

globalizado e competitivo em que nos encontramos.

Vivemos em uma era, onde a informação gera o conhecimento, que por sua

vez, acaba impactando todo e qualquer tipo de mercado. Surge então, a

necessidade uma ferramenta de gestão e estratégia que lhe permita enxergar um

cenário futuro, partindo de premissas que são comuns em qualquer ramo de

atividade, e não mais, baseadas em eventos que já aconteceram.

Partindo deste princípio, podemos formar o seguinte questionamento que

identifica a problematização:

O Balanced Scorecard como ferramenta de gestão, atende à esta

necessidade presente nas organizações, desenvolvendo uma sinergia estratégica

em busca dos resultados e metas que o modelo propõe?

A justificativa deste estudo se baseia no fato de que o alcance dos

objetivos da organização gira em torno da observância de quatro premissas básicas,

equilibradas entre si sendo: Financeira, Clientes, Processos Internos e Aprendizado

e Crescimento. Como em um avião, as diversas ferramentas disponíveis ao piloto,

permitem que o mesmo possa conduzir o voo, de maneira que, caso haja algum

imprevisto, ele possa intervir à tempo de evitar que qualquer desastre venha a

acontecer.

Além da proteção, estas ferramentas permitem também a conservação da

aeronave. A interpretação dos dados, aliados ao conhecimento do comandante,

12

proporciona o desenvolvimento de táticas operacionais, de modo a alcançar o

objetivo proposto: uma chegada ao destino, de modo seguro e tranquilo.

No ambiente corporativo, os dados que são apresentados por meio das

Demonstrações Financeiras, permitem a aplicação de uma estratégia em longo

prazo? Não se pode chegar a um destino, baseando se apenas em registros e fatos

que já ocorreram, e que encontram se consolidados em um Balanço Patrimonial.

O objetivo geral que norteia o desenvolvimento desta pesquisa tem por

finalidade evidenciar empiricamente a aplicação do BSC em uma empresa

selecionada para estudo.

Como objetivos específicos para este trabalho propõe-se a:

Realizar um estudo sobre o BSC.

Evidenciá-lo como uma ferramenta eficiente para a geração das

informações que fundamentam a tomada de decisão.

Analisar as etapas da implantação de um BSC.

Verificar se os objetivos definidos pela empresa objeto do estudo estão

sendo alcançados com a aplicação desta ferramenta.

Como delimitação para a pesquisa realizada cabe ressaltar que a evidência

da aplicação do BSC será estudada em apenas uma única empresa selecionada

para o estudo.

Quanto às limitações desta pesquisa estas se referem à dificuldade em se

levantar informações relativas ao resultado efetivo, uma vez que estas compõem

diretamente a estratégia da empresa, e sua divulgação na íntegra pode favorecer a

concorrência do segmento de mercado da Companhia.

Assim, como metodologia de pesquisa, com base nos objetivos propostos e

nas considerações aqui expostas, a presente pesquisa, de abordagem qualitativa,

classifica-se como um estudo de caso.

Para fins de construção do referencial teórico da pesquisa foi utilizada a

pesquisa bibliográfica para a fundamentação teórica do Balanced Scorecard, sendo

analisados artigos publicados em revistas especializadas e/ou disponíveis na

internet, livros relacionados ao assunto e trabalhos científicos sobre o tema em

estudo.

13

Este trabalho tem sua estruturação em cinco capítulos, apresentando um

estudo de caso sobre o Balanced Scorecard.

A Introdução apresenta a contextualização do tema, a identificação do

problema, os objetivos da pesquisa subdivididos em objetivo geral e específico, a

sua justificativa, a delimitação e a estrutura do trabalho.

O Capítulo 1 é destinado à abordagem histórica da evolução da contabilidade,

até a ferramenta de estudo deste trabalho.

Já o Capítulo 2 apresenta o referencial teórico do objeto de estudo deste

trabalho.

Com relação ao Capítulo 3, apresentamos o processo de implantação e os

benefícios obtidos pela empresa Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras, partir do

estudo de caso realizado na mesma.

No Capítulo 4 são apresentadas as considerações finais do autor.

Por fim, no Capítulo 5 são relacionadas as Referências Bibliográficas que

embasam o presente estudo.

14

1 A EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA CONTÁBIL NO MUNDO

Sabe se que a contabilidade é uma ciência antiga e que esta possui uma

série de ramificações, como a Contabilidade Gerencial, a Contabilidade Tributária, a

Contabilidade de Custos, etc.

Este capítulo apresenta o conteúdo histórico sobre o desenvolvimento e a

importância desta ciência. Partindo do Renascimento, pretendemos chegar à

Globalização, evidenciando alguns fatos importantes que remetam à utilização das

informações contábeis, como medidas para a tomada de decisão, quais as novas

modalidades que o ambiente exigia desta ciência, os novos cenários e medidas que

foram surgindo para que se pudesse atender às necessidades gerenciais da época.

1.1 Abordagem histórica: surgimento da contabilidade como

ciência

A Contabilidade sempre se fez presente no cotidiano do homem, desde os

tempos primitivos, e ela era encontrada por um de seus fundamentos mais

importantes: o controle.

Para Coelho e Lins (2010), a contabilidade em si, além de permitir o controle

do patrimônio, também contempla a análise das condições patrimoniais, a

mensuração de seus componentes, a evidência dos fatos contábeis, bem como um

resumo e um detalhamento explicativo do resultado alcançado.

A contabilidade é bastante abrangente, porém devemos reconhecer que o

controle é a premissa básica para que os demais interesses contábeis possam se

realizar.

O Renascimento (também conhecido como Renascença) foi um período

histórico do mundo ocidental, que teve início na Itália e que marca o fim da Idade

Média, dando início à chamada Idade Moderna. Ocorreu por volta dos séculos XV e

XVI.

Tal evento, segundo Coelho e Lins (2010), representou uma transformação

cultural que acabou afetando diretamente a filosofia, as artes e as ciências, o que

15

possibilitou uma mudança social, política, cultural, econômica e religiosa,

proporcionando a transição do Feudalismo para o Capitalismo.

Durante este evento, houve um aquecimento das atividades comerciais,

surgindo assim, uma necessidade de controle sobre as atividades mercantis.

Foi neste cenário de inovações e descobertas que destacam Coelho e Lins

(2010), o surgimento de um matemático que contribuiu para impulsionar a

contabilidade, de modo que esta pudesse passar a ter o status de ciência. Seu

nome: Luca Bartolomeo de Pacioli (1445-1517), popularmente conhecido na

atualidade como Luca Pacioli, o pai da contabilidade.

Pacioli publicou em 1494 um livro cujo título era “La summa de arithmetica,

geometria, proportioni et proportionalitá” que tratava em parte de sua obra, uma

explicação didática da metodologia de controle contábil chamado de Partidas

Dobradas.

Vale ressaltar, conforme as informações observadas por Coelho e Lins

(2010), que Pacioli não foi o criador da contabilidade. Ele apenas estudou junto aos

comerciantes da época esta metodologia que já era utilizada, e acreditou ser

relevante o registro de uma maneira didática, que pudesse exemplificar os

procedimentos de concepção do método.

1.2 A revolução industrial: o início da contabilidade de custos

A revolução Industrial teve início na Inglaterra em meados do século XVIII, e

representa um marco histórico pela substituição das ferramentas de trabalho

manuais, pelo maquinário de produção.

Para Coelho e Lins (2010), as atividades produtoras comerciais já estavam

bem mais sólidas do que na época de Luca Pacioli. O aumento da exploração de

materiais comerciáveis, oriundos das terras que iam sendo descobertas, fez com

que aumentasse consideravelmente o valor das transações e a diversidade de

mercadorias.

Os ingleses tinham por hábito, um consumo maior de tecidos de lã, em função

do clima de sua região, em relação aos tecidos de algodão que estavam no auge

naquela época.

16

Os tecidos de algodão eram importados da Índia, e isso acarretava em um

custo significativo de transporte. Para que se pudesse proteger a indústria de lã, o

governo inglês aplicou uma carga expressiva de tarifas sobre as mercadorias

estrangeiras confeccionadas em algodão, estimulando assim, a produção interna

deste produto.

Este fato que ocorreu na Inglaterra, segundo Coelho e Lins (2010), se

alastrou por todo o continente europeu, e abriu espaço para que a contabilidade

desse um passo importante em sua evolução como ciência.

Ainda neste raciocínio, os autores destacam que o início da contabilidade de

custos, surgiu principalmente da necessidade que este novo cenário exigia dos

comerciantes e dos produtores: quantificar o valor de seus estoques e encontrar o

custo de cada mercadoria.

Além desta necessidade por informações, surgiram também algumas

questões complementares que eram demandadas aos profissionais, exigindo novas

formas de mensuração e cálculos mais complexos.

Conforme os anos iam se passando, a contabilidade e as atividades

industriais e comerciais iam evoluindo, e as informações geradas pelos balanços,

começavam a ser utilizadas para fins de gerenciamento e controle das empresas.

De acordo com Padoveze (2010) à medida que estas necessidades foram

surgindo, a contabilidade teve que se adequar e criar instrumentos que permitissem

o registro de todos os fatos que afetassem o patrimônio. Em alguns momentos

surgiram dúvidas relacionadas aos melhores critérios de se classificar estes fatos, e

para que isso fosse solucionado, os primeiros contadores foram optando por alguns

métodos que acabaram ficando como regra. Um exemplo são os Princípios

Fundamentais de Contabilidade. Posteriormente foram formalizadas suas primeiras

legislações.

1.3 A Contabilidade Gerencial

Atualmente, os profissionais da área contábil têm sido muito preparados,

desde a graduação, para que possam desenvolver um trabalho que atenda “única e

exclusivamente” o fisco, e simplesmente registrar os fatos contábeis de maneira

17

correta, mitigando os riscos operacionais que possam implicar em um recolhimento

indevido de tributos e derivados.

Conforme Martin (2002), não basta simplesmente registrar os fatos e não

utilizá-los. São diversos números, débitos e créditos para se chegar a um resultado

final, sendo este um lucro ou um prejuízo, e isso já não garante muito a eficácia das

operações da empresa. É necessário que o profissional contábil, tenha uma visão

um tanto quanto ilimitada, e mais abrangente do sentido de ir além daquilo que de

fato, ele é educado, independente de sua posição hierárquica dentro da

organização, ou até mesmo de seu departamento. Deixar de ser um contador da

escola tradicional, para ser um contador estratégico, tem sido o grande diferencial

que as empresas têm buscado, neste mundo cada vez mais competitivo e

globalizado.

Como em um jogo de xadrez, o profissional contábil, deve estar atento a

algumas premissas que são fundamentais para auxiliá-lo a alcançar o objetivo final

do jogo: observar as condições de sua tropa, os movimentos do adversário, como o

seu exercito é visto pelos demais e pelos seus inimigos, as ameaças e

oportunidades, enfim, desenvolver uma estratégia que lhe permita segurança e foco

em atingir o objetivo proposto.

Partindo desta premissa, chegamos a uma ramificação mais avançada da

contabilidade a qual chamamos de Contabilidade Gerencial.

1.4 O conceito de Contabilidade Gerencial

A Contabilidade Gerencial é o processo de mensurar, acumular, analisar,

preparar, interpretar e comunicar informações que auxiliem os gestores na tomada

de decisão.

Segundo Iudícibus (1998), considera-se a contabilidade gerencial sendo

voltada única e exclusivamente para a administração da empresa buscando suprir

as informações que são necessárias à validação e efetivação do modelo de decisão

do gestor.

De acordo com Crepaldi (1998), a contabilidade gerencial tem por objetivo o

fornecimento de ferramentas a serem utilizadas pelos administradores de empresas

para auxílio em suas atividades gerenciais.

18

De fato, a Contabilidade Gerencial não é presa a princípios contábeis. Seus

fundamentos são o controle econômico da empresa e o auxílio no processo de

tomada de decisão.

Os fatos contábeis, registrados em todo histórico da empresa, se analisados

sob a ótica gerencial, refletem toda a evolução da organização ao longo de um

determinado período. Nele estão discriminadas todas as necessidades internas da

administração que necessitam da estruturação de sistemas de informações que

privilegiem a tomada de decisão no processo de gestão da organização, e só se

pode identificá-los sem reter-se apenas em princípios ou “regras” que norteiem a

análise.

A Contabilidade Financeira, aqui considerada tradicional, é voltada para a

prestação de informações a usuários externos, e se rege a partir de princípios

contábeis geralmente aceitos, legislações etc. Podemos considerá-la como uma

formalização dos valores derivados da operação da empresa, para fins externos e

tributários.

A Contabilidade Gerencial, por sua vez, é destinada única e exclusivamente

para fins de análise interna, como uma ferramenta para a gestão e desenvolvimento

de estratégias que auxiliam a condução das operações da empresa.

A ilustração a seguir diferencia claramente as principais diferenças entre os

objetivos da Contabilidade Financeira e da Contabilidade Gerencial.

19

Ilustração 1 – Análise comparativa Contabilidade Financeira VS Contabilidade

Gerencial

CONTABILIDADE

FINANCEIRA

CONTABILIDADE GERENCIAL

VOLTADA PARA DENTRO

VOLTADA PARA FORA

Verificável

Julgamental

Custos

Criação de Valor

Manutenção do Capital

Retorno Adequado

VOLTADA PARA O

PASSADO VOLTADA PARA O

FUTURO

Objetividade

Previsões

Somente o Realizado

Potencial

Tangível

Intangível

Regime de Certeza

Regime de Risco

DEMONSTRATIVOS

FINANCEIROS PARA FINS EXTERNOS

PLANEJAMENTO &

CONTROLE DE DESEMPENHO

Passiva

Proativa

Padronizada

Específica

Descritiva

Analítica e Investigativa

Precisão

Relevância

Desempenho Exclusivamente

Financeiro

Desempenho Competitivo na Dupla

Produção de Valor

INSENSÍVEL AO

AMBIENTE DOS NEGÓCIOS

CONSCIÊNCIA ESTRATÉGICA

Fonte: MARTIN (2002)

1.5 Conceito de Estratégia

Estratégia, no atual mundo globalizado, é uma das palavras mais comuns,

presentes no meio empresarial.

20

As definições de estratégia são tão numerosas quanto os autores que a

definem, contudo, seu significado depende da maneira e da proporção em que se

aplica o conceito.

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (1998), esclarecem que para se compreender

o todo sobre estratégia, é preciso antes compreender as partes. Desta maneira, os

autores classificam a estratégia, oriunda de dez escolas, cada uma focada em um

objetivo. Assim, busca-se o equilíbrio entre estes pensamentos para se esclarecer o

que é estratégia.

Hambrick (1983 apud Nicolau, 2001), afirma que a estratégia é um conceito

multidimensional e situacional, o que dificulta uma definição de consenso.

A estratégia, segundo Martinet (1984 apud Nicolau, 2001) trata-se de um

conjunto de critérios, estabelecidos pelo gestor ou núcleo estratégico, para orientar

de maneira sustentável as atividades da empresa.

Embora sua origem grega a defina em termos militares, a essência de seu

significado, sempre diz respeito ao objetivo e como alcançá-lo.

Como vimos no item anterior, as informações geradas pela Contabilidade

Financeira não são suficientes para a tomada de decisão. O papel da Contabilidade

Gerencial busca interpretar e analisar tais dados, de maneira a fornecer subsídios ao

núcleo estratégico da empresa, para que se possa definir a estratégia a ser utilizada

pela organização, ou seja, os caminhos a serem percorridos, necessários à tradução

do planejamento à execução.

1.6 Síntese sobre o Planejamento Estratégico

Para que uma organização possa atingir seus objetivos, é necessário que se

esteja atento às adversidades e oportunidades que a cercam, de modo a planejar os

caminhos por onde seguir.

Na opinião de Kotler (1975 apud Alday, 2000), planejamento estratégico é a

metodologia gerencial que permite estabelecer os rumos a serem seguidos pela

organização, visando a interação junto ao ambiente.

Para isso, é necessária a observância da área que envolve sua atuação, das

estratégias adotadas pela organização, a macropolítica, dentre outros fatores que

possam influenciar direta e indiretamente seus objetivos.

21

Para se definir um planejamento, ao longo da evolução das necessidades de

gestão nas organizações, foram surgindo diversas teorias, como a Análise de

SWOT, Benchmarking e outras ferramentas que pudessem permitir uma tomada de

decisão e um posicionamento diante do cenário mercadológico que a empresa se

encontrasse.

A interação entre o ambiente e a organização, pode ser positivo, neutro ou

negativo, visto o comportamento estratégico que é adotado.

A seguir uma ilustração elaborada por Vasconcellos (1979 apud Alday, 2000),

destaca a interação com o ambiente, conforme a decisão da empresa:

Ilustração 2 – Comportamentos Opcionais e Respectivas Consequências

GRAUS DE INTERAÇÃO

COMPORTAMENTO

CONSEQUÊNCIAS

NEGATIVO

Não reagente; Não adaptativo;

Sobrevivência a Curto Prazo;

(Dinossauro)

Sem Inovação

Extinção

NEUTRO

Reagente; Adaptativo

Sobrevivência a Longo Prazo;

(Camaleão)

Estagnação

POSITIVO

Reagente; Adaptativo;

Sobrevivência a Longo Prazo;

(Homo Sapiens)

Inovador

Desenvolvimento

Fonte: VASCONCELLOS (1979 apud Alday, 2000)

1.7 Missão e objetivos da organização

A missão de uma empresa faz parte de seu planejamento estratégico e

procura esclarecer qual a razão de sua existência.

De acordo com Oliveira (2001 apud Oliveira, 2005), a missão, nada mais é do

que a “determinação do motivo central do planejamento estratégico, ou seja, a

determinação de onde a organização quer ir”.

22

Segundo Robbins (2000 apud Oliveira, 2005), as boas declarações de missão

são simples, objetivas e esclarecedoras, devendo ser de fácil entendimento.

Missão é a definição de atitudes e valores, devendo conter:

A razão de ser da organização.

Seu mercado ou público alvo.

Seu negócio ou linhas de serviços e produtos.

Condições de desempenho que são consideradas como essenciais.

Um dos pensamentos de Peter F. Drucker (1909-2005), pai da administração

moderna, afirma que a clara definição sobre a missão da empresa, é sua razão de

existir, e isso é o que torna claro e realista o objetivo da organização.

Deste modo, destaca Oliveira (2005), que a missão da instituição está

atrelada ao papel que a empresa deseja desempenhar no ambiente social, e às

crenças e valores de seus dirigentes.

A autora destaca ainda que, a inadequada explicitação da missão de uma

empresa, pode vir a desvirtuar seus propósitos, impedindo uma projeção, por parte

da gestão, da necessidade de adaptação ao ambiente.

A missão deve ser aceita pela organização como um todo, de modo que todos

lutem para torná-la realidade.

Explica Rocha Neto (2003 apud Oliveira, 2005), que para se possa alcançar a

missão da organização, a estratégia deve ser revisada continuamente, considerando

as mudanças no ambiente que possam impactar, direta ou indiretamente, os

processos de planejamento.

Deste modo, com o entendimento situacional e o envolvimento da equipe

como um todo se torna mais fácil o alcance dos objetivos.

Ressalta Oliveira (2005), que os objetivos permanentes e os princípios de

gestão, complementam a missão. Os objetivos permanentes são aqueles que devem

ser buscados continuamente, pois têm relação a características específicas de um

objetivo desejado. Por sua vez, os princípios de gestão constituem se nas premissas

básicas de organização, prestação de serviços e qualidade que são praticadas pela

organização.

23

2 O BALANCED SCORECARD

O Balanced Scorecard (BSC) é uma ferramenta de gestão que busca como

medida de desempenho um equilíbrio entre quatro perspectivas, e permite mapear a

estratégia da organização.

Segundo Magalhães (2003), estas perspectivas provém relevante feedback

sobre a aplicação e a execução do planejamento estratégico que é definido pela

organização.

De acordo com Francischini e Souza (2002), a metodologia utilizada no

Balanced Scorecard (BSC), torna possível à organização definir ações que resultem

em um contínuo melhoramento de seu desempenho e consequentemente seus

resultados.

Afirmam Oliveira, Perez e Silva (2007), que o BSC complementa as medidas

financeiras de desempenho passado com medidas de fatores que alavancam o

desempenho futuro, e seus objetivos são oriundos da visão e estratégia da empresa.

2.1 O surgimento do Balanced Scorecard

Em um ambiente cada vez mais competitivo, as empresas devem buscar a

satisfação eficiente e eficaz de seus clientes, sem perder a qualidade de seus

produtos ou serviços. O resultado final, sendo um lucro ou prejuízo, é fruto do

desempenho das áreas da empresa como um todo.

De acordo com Magalhães (2003), o Balanced Scorecard foi descrito pela

primeira vez em um artigo publicado em 1992, na revista Harvard Business Review,

sob o título “The Balanced Scorecard measures that drive performance”, pelos

Professores Robert S. Kaplan e David P. Norton.

Conforme descreve Oliveira (2005), os professores foram motivados a

desenvolver este estudo, devido às transformações que estavam ocorrendo no

mundo dos negócios na época: a transição da era industrial para a era do

conhecimento.

Esta transição do foco na indústria e produção, para outra visão considerando

uma nova era voltada ao conhecimento, tornou os indicadores baseados em eventos

24

passados, ineficazes no ambiente de gestão das empresas, pois estes serviram bem

à era industrial.

Com o aumento da competitividade, no início da década de 1990, esta

demanda de informações gerenciais acabou sendo o destaque em todo lugar.

Segundo Oliveira, Perez e Silva (2007), as medidas financeiras têm seus

registros com bases em eventos e fatos já ocorridos, e não fornecem orientações

consideráveis para decisões que devem ser tomadas a curtíssimo prazo, como hoje

ou amanhã, por exemplo, para a criação de valor financeiro futuro e agregar valor à

empresa. Tampouco estas medidas auxiliam os gestores do atual mercado

globalizado, a identificarem, por exemplo, quais são as prioridades nestas empresas

modernas.

Foi diante destas críticas e constatações, afirma Oliveira (2005), que os

professores Kaplan e Norton, propuseram então um modelo de gestão que

considerasse tanto indicadores quantitativos quanto os qualitativos, visto sob quatro

perspectivas, sendo: finanças, clientes, processos internos e aprendizado e

crescimento, e que pudesse atender a esta nova demanda de informações.

2.2 Definição do Balanced Scorecard

A tradução do termo Balanced Scorecard, de acordo com Oliveira (2005,

p.37), tem seu significado como “cartão de marcação equilibrado”, e esta tradução

traz aspectos relevantes ao entendimento do Balanced Scorecard, que a partir de

agora passaremos a tratá-lo apenas por BSC.

Enfatiza a autora que por meio deste cartão é possível identificar o alcance

(ou não) da estratégia definida pela empresa.

Ainda nesta linha de raciocínio, deve-se destaque às palavras marcação e

equilibrado, pois estas enfatizam os indicadores que demonstram a estratégia e o

equilíbrio que deve haver entre os indicadores internos e externos, respectivamente.

. Kaplan e Norton (1997, p.24) afirmam que BSC é uma “ferramenta completa

que traduz a visão e a estratégia da empresa num conjunto coerente de medidas de

desempenho”. Eles afirmam ainda que, o scorecard cria uma estrutura e uma

linguagem capazes de comunicar a missão e a estratégia, e utiliza-se de

25

indicadores, para informar aos colaboradores, quais são os vetores do sucesso atual

e futuro.

Segundo Francischini e Souza (2002) o BSC dá ênfase à divulgação das

medidas financeiras e não financeiras à organização como um todo, pois todos, na

opinião dos autores, devem compreender as consequências financeiras de suas

ações e decisões.

Foi neste sentido que Costa (2001, apud Oliveira, 2005) afirmou que o BSC

revelou-se uma importante ferramenta de apoio aos gestores no meio competitivo

que os cerca, assemelhando-se a um barco em competição, cujas condições

climáticas são altamente voláteis.

Mas o BSC realmente oferece benefícios em sua aplicação?

Destaca Kaplan (s/d, apud Oliveira, 2005) algumas das vantagens de se

utilizar um BSC:

Viabilização em implementar a estratégia, traduzindo-a em medidas e

metas de performance.

Integração de uma variedade de programas diferentes, como

programas de qualidade e reformulação de procedimentos e serviços.

Sinergia da organização como um todo, em busca de performance

excelente.

Transparência nas medidas, de modo a esclarecer as tarefas e metas

a serem alcançadas, aumentando a eficácia organizacional.

Dentre as vantagens expostas por Kaplan, destaca-se a sinergia entre os

colaboradores, em busca de concretizarem os objetivos da organização.

Oliveira (2005), afirma que compete ao BSC, “levar uma organização ou

unidade de negócio a se voltar tanto para a consecução de resultados no presente,

como para a criação de valor no futuro, por meio de atividades estratégicas”, e nisto,

Kaplan e Norton (1997, apud Oliveira, 2005) argumentam aquilo que no capítulo

anterior sinalizamos, sendo que os executivos necessitam de tal modelo, pois a

ênfase tradicional presente nas empresas, não permitem uma análise gerencial e

estratégica, com foco no desempenho futuro, baseando-se apenas em eventos

passados.

26

Francischini e Souza (2002, p.28), afirmam que o BSC deve “traduzir a

missão e a estratégia de uma unidade de negócios em objetivos e medidas

tangíveis”, representando assim o equilíbrio entre os indicadores externos

(destinados aos acionistas e clientes) e internos (destinados à gestão da empresa e

das unidades de negócio).

Oliveira (2005) considera que o BSC permite uma avaliação do desempenho

da empresa, partindo das premissas básicas citadas por Kaplan e Norton:

Financeira, Clientes, Processos Internos e a Aprendizagem e Conhecimento.

Enfatiza ainda que no sistema tradicional, contempla-se apenas a perspectiva

financeira.

A ilustração abaixo demonstra a relação entre a estratégia e as perspectivas

do Balanced Scorecard:

Ilustração 3 – A relação do BSC e a Visão Estratégica da Empresa.

Fonte: Elaborado pelo autor

• O que devemos fazer para potencializar o desenvolvimento interno da empresa e equipes?

•Para alcançarmos nossa visão, como deveríamos proceder com o cliente? quem são nossos clientes e como criamos valores para eles?

•Para satisfazer as necessidades dos clientes e acionistas, quais processos do negócio devemos melhorar?

•Como oferecer mais valor ao cliente, sem incorrer em aumento de custos?

FINANCEIRA PROCESSOS INTERNOS

APRENDIZAGEM E CONHECIMENTO

CLIENTES

VISÃO

27

Ressalta Padoveze (2003, apud Oliveira 2005), a importância em salientar o

aspecto sistemico do BSC em suas quatro perspectivas.

A perspectiva financeira relaciona-se com o objetivo da empresa em alcançar

o superávit, sendo este um benchmark para fins de medida da eficácia.

O enfoque na visão cliente, etá relacionada com a qualidade do produto final,

pois o cliente é quem se beneficia com a mercadoria ou prestação de serviços que

são gerados pela empresa.

Quanto aos processos internos, a ênfase está interligada ao “processamento”

do sistema. Para tal, devem existir indicadores que permitam um monitoramento dos

objetivos e metas, a fim de auxiliar a tomada de decisão.

Por fim, o foco em aprendizado e crescimento, está relacionado com a

sinergia entre o sistema de gestão e o capital intelectual que o opera, ou seja, a

capacitação profissional da liderança que tem grande importância para o sistema.

Podemos visualizar esta relação, conforme a ilustração abaixo:

Ilustração 4 – Relações de Causa e Efeito da Estratégia

Perspectiva Financeira

RESULTADO FINANCEIRO

Perspectiva do Cliente

SATISFAÇÃO DO CLIENTE

RECONHECIMENTO DA QUALIDADE DO PRODUTO OU SERVIÇO

Dos Processos Internos

QUALIDADE DO PRODUTO OU SERVIÇO

QUALIDADE DOS PROCESSOS INTERNOS

Da Aprendizagem e Conhecimento

HABILIDADES DOS PROFISSIONAIS

Fonte: Adaptado de Padoveze (2004 apud Oliveira, 2005)

Costa (2001 apud Oliveira, 2005) afirma que o BSC trouxe grandiosas

contribuições à contabilidade gerencial, conforme demonstram seus estudos:

28

a) O BSC repensa antigos temas, evidenciando o vínculo entre pontos vitais

que não estavam claramente articulados.

b) Demonstra como tais conhecimentos podem ser articulados, permitindo

sua aplicabilidade aos tempos modernos, atendendo às novas

necessidades da gestão.

c) Compreensão do tema “vincular estratégia à operação”, aperfeiçoando

assim a literatura contábil com foco no gerenciamento das organizações.

Passaremos agora a analisar as perspectivas do Balanced Scorecard, bem

como sua estruturação.

2.3 Estrutura do Balanced Scorecard

A necessidade de medidas de desempenho integradas, capazes de monitorar

e complementar os indicadores financeiros deu oportunidade para a descoberta do

scorecard como uma ferramenta de gestão inovadora, voltada tanto para o passado,

presente e futuro da organização, considerando itens quantitativos e qualitativos.

De acordo com Kaplan e Norton (1997, p.9):

O Balanced Scorecard possibilitou às companhias buscar resultados financeiros, ao mesmo tempo em que monitorava o progresso no desenvolvimento de aptidões e na aquisição de ativos intangíveis que eles necessitariam para alavancar o futuro crescimento. O Scorecard não representou uma substituição nos indicadores de desempenho financeiro; foi o seu complemento.

Observa Magalhães (2003) que o BSC leva em conta o balanceamento, ou

seja, o equilíbrio entre:

Objetivos de curto prazo e de longo prazo;

Indicadores financeiros e não financeiros;

Indicadores de ocorrência ou medidas de resultado e indicadores de

tendência ou valores de desempenho;

Desempenho interno e externo;

29

Ao considerarmos as quatro perspectivas do BSC, podemos ter uma visão da

organização, assim como descrevem Kaplan e Norton (1997), semelhante a um

piloto de avião: no painel de controle temos os indicadores que monitoram a

aeronave, permitindo que esta permaneça na rota, efetue um voo seguro, e a

chegada ao destino proposto. Pelo para-brisa, podemos enxergar o horizonte, as

condições adversas que possam causar algum desconforto no percurso, permitindo

assim, uma tomada de decisão quanto à operacionalização da aeronave.

2.4 Perspectivas do Balanced Scorecard

A seguir estudaremos as definições de cada uma das perspectivas do

Balanced Scorecard: Financeira, Clientes Processos Internos e Aprendizado e

Crescimento (ou perspectiva do conhecimento).

Vale ressaltar, que de acordo com Francischini e Souza (2002), estas quatro

perspectivas revelam-se em diversas empresas e setores de mercado, mas não

necessariamente devem ser obrigatórias.

Os mesmos autores afirmam que há empresas que não utilizam todas as

perspectivas, do mesmo modo que há empresas, onde a necessidade se deu de

criar novas perspectivas que atendessem à demanda das informações gerenciais.

2.4.1 Financeira

De acordo com as observações de Magalhães (2003), a perspectiva

financeira busca responder as questões relacionadas à visão dos acionistas em

relação à empresa, quais são as expectativas financeiras em seu ponto de vista.

O mesmo autor afirma que os objetivos específicos dependem do estágio em

que se encontra a empresa, sendo eles:

a) Estágio de Crescimento: o objetivo é o crescimento, o qual deve ser

alcançado pelo incremento do faturamento;

30

b) Estágio de Sustentação: o objetivo é a lucratividade, medida por meio de

indicadores relacionados ao retorno sobre o capital investido;

c) Estágio da Colheita: o objetivo é o controle do fluxo de caixa e a redução

das necessidades de capital;

Enfatiza Oliveira (2005), que os indicadores associados à perspectiva

financeira, indicam se a implementação e a execução da estratégia proposta, estão

de fato, contribuindo para a melhoria dos resultados.

Kaplan e Norton (1997, p.49) afirmam que:

O scorecard deve contar a história da estratégia, começando pelos objetivos financeiros de longo prazo e relacionando-os depois à sequencia de ações que precisam ser tomadas em relação aos processos financeiros, dos clientes, dos processos internos e, por fim, dos funcionários e sistemas, a fim de que, a longo prazo, seja produzido o desempenho econômico desejado.

Francischini e Souza (2002) ressaltam que o BSC conserva a perspectiva

financeira, pois ela é valiosa para sintetizar as consequências econômicas dos

eventos passados, indicando por meio dos resultados financeiros, se a estratégia

está surtindo efeito em sua execução.

2.4.2 Cliente

O principal objetivo de qualquer organização é obter resultados financeiros

positivos, e estes são consequência da satisfação de seus clientes.

O BSC permite, segundo Francischini e Souza (2002, p.29), que “os

executivos identifiquem os segmentos de clientes e mercados nos quais as unidades

de negócio competirão”.

De acordo com os autores, esta perspectiva contempla diversas medidas

básicas para o sucesso de um bom planejamento estratégico formulado.

31

Seus indicadores visam à satisfação do cliente, a fidelização de clientes

antigos e prospecção de novos clientes, bem como sua lucratividade e a

participação de parte destes clientes em segmentos específicos.

Segundo Oliveira (2005), a perspectiva do cliente, relaciona-se com a visão

que o cliente tem da organização.

A estratégia nesta perspectiva tem como objetivo, identificar qual valor será

agregado para o cliente que pertencer a determinado segmento.

Nesta linha de raciocínio, Kaplan e Norton (1997 apud Oliveira, 2005) afirmam

que as declarações de missão e visão da empresa têm em comum um único foco:

“ser o principal fornecedor dos nossos clientes”.

Oliveira (2005), conclui que a perspectiva do cliente “explica as formas nas

quais o valor deve ser criado para os clientes e como satisfazê-los em relação ao

valor oferecido”.

Neste mesmo sentido, Vasconcelos e Viana (2005 apud Oliveira, 2005),

enfatizam ser fundamental para a estratégia, conhecer o perfil do cliente e saber se

os produtos ou serviços a este oferecidos estão atendendo ou não suas

necessidades.

2.4.3 Processos Internos

A relação entre o resultado financeiro e satisfação dos clientes deve-se à

sinergia entre os processos internos pelos quais são produzidos ou oferecidos os

produtos e serviços da empresa.

De acordo com Francischini e Souza, por meio desta perspectiva, procura-se

identificar os processos internos críticos que a empresa deve obter a excelência,

permitindo que sejam ofertadas propostas de valor capazes de atrair e reter clientes

de determinado segmento alvo, e exceder as expectativas dos acionistas quanto ao

retorno sobre o capital investido na empresa.

Para Oliveira (2005), a perspectiva dos processos internos parte dos

procedimentos onde impactam em grande proporção, a satisfação do cliente.

32

A autora orienta ainda que para se manter a liderança contínua no mercado,

as empresas precisam mensurar suas habilidades fundamentais e tecnologias

necessárias.

Explicam Kaplan e Norton (1997 apud Oliveira, 2005) que a perspectiva dos

processos internos foi baseada no modelo genérico de Porter (1980).

Porter (1980 apud Oliveira, 2005), considera que cadeia de valores é o

conjunto das atividades geradoras de valor em toda linha, desde a matéria-prima até

o produto final entregue nas mãos do cliente.

A medição do desempenho aborda a identificação de processos inovadores,

como explica Francischini e Souza (2002) que a empresa deve ser eficaz, para que

sejam alcançados os resultados financeiros e a satisfação dos clientes.

Magalhães (2003) enfatiza que são nos processos internos que a empresa

deve concentrar seus esforços, para que se possa atingir a excelência.

2.4.4 Aprendizado e Crescimento

Para sobreviver em um mercado cada vez mais globalizado, as empresas

precisam conciliar os seus resultados financeiros com a satisfação de seus clientes,

revisando e aprimorando quando necessário, seus processos internos. Porém, para

que tudo isso possa se consolidar, a capacitação técnica e profissional deve ser

constante, buscando cada dia mais, a obtenção de conhecimento, pois isso agrega

valor em todos os processos da empresa.

Afirmam Francischini e Souza (2002, p.30) que esta quarta perspectiva do

BSC busca identificar qual a infraestrutura necessária para se alcançar a geração de

crescimento e melhorias no longo prazo.

Os mesmos autores explicam que:

O aprendizado e o crescimento organizacionais são provenientes de três fontes principais: pessoas, sistemas e procedimentos organizacionais. Estas fontes são usadas para cobrir lacunas que surgem entre os objetivos financeiros, os do cliente e os dos processos internos, e, portanto são fundamentais para o alcance do desempenho inovador proposto.

33

Portanto, as organizações devem mitigar estas lacunas, com investimentos

em capacitação profissional da equipe, melhorias na tecnologia da informação e

sistemas, bem como controles internos sobre os procedimentos e rotinas das

atividades desempenhadas por seu capital intelectual.

Kaplan e Norton (1997), quando elaboraram seus estudos sobre o BSC,

afirmaram que as medidas financeiras serviram à era industrial, mas a partir de

determinado momento, o mundo voltaria suas atenções a outras perspectivas,

inserindo-se em uma nova era, chamada era do conhecimento.

Chiavenato e Cerqueira Neto (2003 apud Oliveira, 2005), afirmam ser esta, a

perspectiva essencial para se obter uma análise do negócio, sob a ótica das

necessidades e premissas básicas fundamentais para o sucesso futuro,

considerando as pessoas em termos de motivação, competência, habilidades,

conhecimento, postura, e suas perspectivas de crescimento e investimento no

próprio futuro.

Kaplan e Norton (1997) enfatizam que aprendizagem e crescimento podem

ser subdivididos em três categorias: capacidade dos sistemas, capacidade dos

colaboradores e o clima organizacional.

A elencarmos a capacidade de sistemas de informação, na opinião de Oliveira

(2005), tratamos da disponibilização de informações aos colaboradores para

atualização na medida e na hora que seja necessário. Deste modo, há também uma

atuação no processo de análise do desempenho, pois possibilita um feedback sobre

os produtos e processos.

Ao que concerne à capacidade dos colaboradores, como segunda

característica considerada por Kaplan e Norton, a relação é direta com o capital

intelectual da organização. Na era industrial, os funcionários eram contratados para

operar os maquinários, desenvolvendo uma mão de obra alienante, repetitiva e

desgastante fisicamente, porém, a realidade da era da informação, fez com que

estas rotinas fossem quase que por completo, automatizadas, exigindo uma postura

da equipe, mais participativa para o alcance dos objetivos.

Já na terceira característica, referente ao clima organizacional, na opinião de

Kaplan e Norton (1997), até mesmo os colaboradores mais habilidosos da empresa

não conseguirão desempenhar com qualidade suas tarefas, se não se sentirem

motivados a alcançar os objetivos propostos, ou se não tiverem a liberdade

necessária para tanto.

34

Oliveira (2005) destaca que a liderança, o alinhamento e o trabalho em equipe

são fundamentais para que se possa implementar a estratégia em qualquer tipo de

negócio, pois são fatores intangíveis vitais para a performance da empresa.

Portanto, podemos concluir a princípio que o Balanced Scorecard, tem início

em sua aplicação, debaixo para cima, ou seja, da análise do Aprendizado e

Crescimento esclarecendo os objetivos da empresa, passando para os Processos

Internos, com constantes aprimoramentos alinhados aos objetivos da organização.

O resultado para a empresa é a satisfação do cliente, fidelizado, prospectado,

e realizado, atingindo assim, uma presença sólida no mercado, com rentabilidade

financeira por parte tanto dos acionistas quanto dos clientes, pois sua satisfação é o

que traz retorno financeiro para a organização.

2.5 Fatores Críticos de Sucesso

No entendimento de Oliveira (2005), são considerados fatores críticos do

sucesso, os eventos que precisam acontecer com a máxima perfeição, para que

determinados objetivos e metas sejam alcançados.

Atkinson (2000 apud Oliveira, 2005) explica que são aqueles fatores que

podem indicar a real capacidade da empresa gerar valor e rentabilidade no longo

prazo.

Chiavenato e Sapiro (2003 apud Oliveira, 2005), afirmam que os fatores

críticos do sucesso são atividades chave da área de negócio da empresa, e

precisam ser muito bem executadas para que os resultados desejados possam ser

atingidos.

Oliveira (2005) considera que a identificação e o desenvolvimento de tais

fatores constituem em uma etapa fundamental na criação e execução do

planejamento estratégico, pois as diretrizes estratégicas e os objetivos genéricos

são traduzidos em desafios ou metas a serem alcançados.

A ilustração a seguir representa uma síntese sobre o desenvolvimento do

scorecard e sua relação com os fatores críticos de sucesso:

35

Ilustração 5 – Visão Abrangente do Processo

Fonte: Adaptado de Olve (2001 apud Oliveira, 2005)

Segundo Olve (2001 apud Oliveira, 2005), na figura, a visão aparece acima

do modelo pois representa o objetivo desejado da organização.

Os objetivos estratégicos estão ligados aos fatores críticos do sucesso,

considerando o alcance da visão. Os indicadores detalhados permitem que os

gestores possam monitorar os esforços da organização e explorar mais afundo os

fatores de sucesso que são considerados mais críticos para o alcance dos objetivos.

Por fim, o plano de ação representado na figura, detalha as ações e as etapas

que serão necessárias no futuro.

36

2.6 Indicadores Estratégicos

Enfatiza Oliveira (2005), que o BSC inclui os indicadores financeiros, que

observam o desempenho passado e os complementa com os indicadores

operacionais, estes relacionados com a satisfação do cliente e a melhoria dos

processos internos e capacitação profissional. Tais indicadores podem ser de

resultado ou de tendência.

A autora considera ainda que a relação entre estes indicadores serve como

alavanca para impulsionar o retorno financeiro futuro.

Os indicadores de resultado, também conhecidos como indicadores de

ocorrência, podem ser considerados como sendo de natureza genérica. Kaplan e

Norton (2004 apud Oliveira, 2005), afirmam que os indicadores de resultado acabam

se tornando medidas ultrapassadas, como a lucratividade e fatia de mercado por

exemplo, pois refletem aquilo que já aconteceu, muito embora possam permitir uma

estimativa futura.

Os indicadores de tendência, também chamados de vetores de desempenho,

são aqueles que têm influência direta no resultado futuro. Yoshikawa (1997 apud

Oliveira, 2005), afirma que tais indicadores representam os subsídios que

possibilitam um maior esclarecimento dos rumos por onde a organização está

percorrendo.

Kaplan e Norton (1997), explicam que um BSC eficaz deve ser uma adequada

combinação de indicadores de ocorrência e impulsionadores do desempenho (os

indicadores de tendência), alinhados à estratégia organizacional.

Oliveira (2005), reforça a explicação de Kaplan e Norton, que, para se

desenvolver um BSC, é fundamental que haja uma combinação dos indicadores de

resultado e os de tendência, pois a ausência de um destes indicadores pode

comprometer a qualidade da informação que estará sendo gerada, e

consequentemente a decisão tomada também estará comprometida.

A referida autora salienta ainda que, ao se criar a missão da organização,

geralmente o foco é o cliente (no BSC, trata-se da perspectiva dos clientes). Os

indicadores atrelados a esta visão refletem fatores importantes como, por exemplo,

prazos, qualidade de produtos e serviços, satisfação, etc. Contudo, tais indicadores

são transformados em atividades internas, também encontradas no BSC como a

37

perspectiva dos processos internos. Tais indicadores internos devem buscar

melhorias no processo organizacional interno que venham refletir maior impacto

sobre a satisfação de seus clientes, como por exemplo, a qualidade, produtividade e

a habilidade dos colaboradores.

Deste modo, Oliveira (2005), conclui que cada um dos indicadores devem ser

elaborados conforme cada uma das hipóteses estratégicas levantadas durante o

planejamento. Por sua vez, estes indicadores relacionam-se, permitindo aos

gestores uma visão de grupo ou conjunto.

38

3 ESTUDO DE CASO NA EMPRESA PETRÓLEO BRASILEIRO S.A.

A seguir, apresentaremos um estudo de caso no processo de implantação do

Balanced Scorecard da empresa Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras.

3.1 A Petrobras

A seguir apresentaremos a linha do tempo com os fatos mais relevantes que

compõem os 60 anos da fundação da Petrobrás.

1953 – A Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras foi fundada no dia 03 de outubro

de 1953, pelo então presidente Getúlio Vargas, com o objetivo de executar as

atividades do setor petrolífero no Brasil, em nome da União.

Suas instalações foram concluídas em 1954 quando herdou do Conselho

Nacional do Petróleo duas refinarias, a de Mataripe (BA) e a de Cubatão (SP). Elas

se tornaram os primeiros ativos (patrimônio) da empresa. Em 10 de maio deste ano,

a empresa começou a operar, com a produção de 2.663 barris, equivalente a 1,7%

do consumo nacional. Neste ano, o petróleo e seus derivados representam 54% do

consumo de energia no país.

1958 – A figura abaixo representa o primeiro logotipo da Petrobras, criado por

Luiz Pepe, correspondendo aos anseios nacionalistas da época, relacionando a

marca da Companhia às cores e formas da Bandeira Nacional, e representando o

alto padrão tecnológico da empresa.

Figura 1 – Primeiro Logotipo Petrobras

Fonte: Site Petrobrás

39

1960 – Uma série de cartas escritas pelo geólogo norte-americano Walter K.

Link, na época alto funcionário da Petrobras, fazia considerações sobre a geologia

do petróleo no Brasil, reportando a impossibilidade de produção das nossas bacias

terrestres. Uma reavaliação do potencial destas bacias realizadas na ocasião deu

origem ao polêmico Relatório Link, que mostrava pessimismo em relação à maior

parte delas.

O documento questionava a racionalidade do dispêndio de recursos em

programas exploratórios audaciosos, mas insistia que tais conclusões estavam

condicionadas pelo estágio tecnológico da geofísica, e que sua melhoria poderia

transformar o quadro, especialmente na exploração marítima. Um outro fator com o

qual o relatório não contava: a força da Petrobras em superar desafios.

1961 – Neste ano, é fundada a REDUC - Refinaria de Duque de Caxias - hoje

a mais completa refinaria do Sistema Petrobras. Foi primeira a ser construída pela

empresa, tendo em vista que as outras foram incorporadas.

Ela tem aproximadamente 13 km² e é responsável por cerca de 1,2 bilhões de

reais por ano em impostos pagos ao governo. Produz óleos básicos para

lubrificantes, diesel, gasolina, GLP, nafta, querosene de aviação, parafinas, óleo

combustível, aguarrás mineral entre outros.

A partir daí, coube aos técnicos brasileiros começar a definir os novos

caminhos da exploração petrolífera no Brasil.

Os resultados de uma nova abordagem exploratória, que contou com a

disposição efetiva dos técnicos em contradizer o veredicto do Relatório Link,

apresentaram de início resultados positivos, com a descoberta de vários campos

produtores no Recôncavo e do campo de Carmópolis, em Sergipe (1963), que pela

primeira vez abria perspectivas de produção fora da Bahia.

Em 1961, a Petrobras deu início à procura de petróleo na plataforma

continental, em uma faixa que vai do Espírito Santo ao Maranhão (plataforma

continental é a orla dos continentes banhada pelos mares, onde a água é pouco

profunda - até 200m). Neste mesmo ano, foi inaugurado o primeiro posto de

abastecimento da Petrobras, em Brasília.

Ainda em 1961, a empresa atingiu um de seus principais objetivos: a

autossuficiência na produção dos principais derivados, graças ao início do

funcionamento da Refinaria Duque de Caxias.

40

1967 – É constituída a subsidiária Petrobras Química S.A (Petroquisa), para

articular a ação dos setores estatal e privado na implantação da indústria

petroquímica no país. A implantação de uma indústria transformadora de nafta em

eteno, vislumbrada tanto por empresários do setor de refino de petróleo quanto pelo

governo, marca o início da história do setor petroquímico brasileiro.

1968 – Com o crescimento da empresa, neste ano é criado um dos maiores

centros de pesquisa da América Latina.

O Cenpes (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento), foi desenvolvido com o

objetivo de atender às demandas tecnológicas, que são base para a consolidação e

a expansão da Petrobras no cenário da energia mundial. Após receber os maiores

prêmios do setor petrolífero mundial, o Cenpes consolidou-se como o maior centro

de pesquisas da América Latina. Além disso, as tecnologias desenvolvidas no

Cenpes fazem da Petrobras a empresa que mais gera patentes no Brasil e no

exterior.

A primeira descoberta de petróleo no mar foi em Sergipe, no Campo de

Guaricema, a 80 metros de profundidade, comprovando a existência de petróleo na

plataforma continental. Deu-se início a tradição de batizar com nomes de animais

aquáticos as descobertas em alto-mar. Neste mesmo ano, entra em operação a

primeira plataforma de perfuração de petróleo construída no Brasil (nomeada como

P-1). Numa época de petróleo importado a baixo custo - cerca de US$ 3 por barril -,

investir no desenvolvimento de Guaricema foi uma decisão estratégica da Petrobras:

era necessário que os técnicos brasileiros aprendessem a trabalhar no mar.

1971 – No inicio dos anos 70, o Produto Interno Bruto (PIB) crescia a taxas

superiores a 10% ao ano, impulsionando o consumo de derivados. Como

responsável pelo abastecimento nacional, a Petrobras viu-se diante da necessidade

de investir no aumento da capacidade de refino.

Com a missão de contribuir para o desenvolvimento do país, comercializando,

distribuindo e industrializando derivados de petróleo e outros produtos, em 1971, a

Petrobras cria, então, a subsidiária Petrobras Distribuidora.

A empresa era responsável por 21% do mercado. Em 1975, se tornou líder no

segmento de distribuição de derivados de petróleo - posição que nunca mais perdeu.

1973 – A Petrobras enfrentou a primeira crise do petróleo. No início dos anos

70, os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP)

elevaram substancialmente os preços internacionais, provocando o chamado

41

Choque do Petróleo. Com isso, o mercado tornou-se conturbado e marcado por

incertezas, não apenas quanto aos preços, como também quanto à garantia do

suprimento. Como importante cliente das companhias estatais dos países da OPEP,

com as quais manteve bom relacionamento ao longo dos anos, a Petrobras

conseguiu manter o abastecimento do mercado brasileiro.

Para superar as dificuldades, o governo adotou medidas econômicas,

algumas diretamente ligadas às atividades da Petrobras, como a redução do

consumo de derivados e o aumento da oferta interna de petróleo. Um exemplo foi o

incentivo ao uso do álcool carburante como combustível automotivo, com a criação

do Programa Nacional do Álcool. Passou a ser dada prioridade aos investimentos

em exploração no mar e produção, ocasionando aumento da produção do petróleo

nacional, que passou a ocupar espaço cada vez maior na carga das refinarias.

Nesse momento de crise, no qual o preço do petróleo estava alto, a melhor

alternativa foi continuar investindo na exploração do mar. Ao aumentar a produção

nacional, o Brasil dependeria menos de importar um produto caríssimo, conseguindo

também, aumentar suas reservas, o que tornaria possível aumentar suas

exportações.

Ainda no início da década de 70, a Petrobras decidiu produzir óleos

lubrificantes para suprir sua própria necessidade.

A linha de lubrificantes da Petrobras chegou ao mercado brasileiro em junho

de 1973 e contava com a tecnologia mais avançada do mundo.

O primeiro produto da linha automotiva foi o Lubrax MG1, para motores a

gasolina. O lançamento dos produtos foi um marco no mercado brasileiro.

Atualmente, a marca Lubrax ocupa a posição de líder em volume total de

vendas no Brasil.

1974 - É descoberta a Bacia de Campos - situada na costa norte do estado do

Rio de Janeiro, estendendo-se até o sul de Espírito Santo.

Possui aproximadamente 100 mil quilômetros quadrados.

Ela torna-se então, a maior província petrolífera do Brasil, responsável por

mais de 80% da produção nacional do petróleo.

Foi perfurada pela primeira vez em 1976, a uma lâmina d'água de 100 metros.

A exploração comercial iniciou em 1977, com o campo de Enchova, com uma

produção de 10 mil barris por dia em uma plataforma flutuante.

42

Nos anos seguintes, sucessivas descobertas deslocaram as atenções e os

investimentos para a Bacia de Campos. Após a descoberta do Campo de Garoupa,

a Petrobras ainda descobriria, no ano seguinte, os campos de Pargo, Namorado e

Badejo - e em 1977 os campos de Bonito, Cherne e Pampo.

1975 – A Petrobras tem atuação fundamental no abastecimento e distribuição

do etanol.

O Pró-Álcool ou Programa Nacional do Álcool é criado para substituição em

larga escala dos combustíveis veiculares derivados de petróleo por biocombustíveis,

devido à crise do petróleo.

A substituição de gasolina por álcool etílico - produzido através da cana-de-

açúcar e mandioca entre outros insumos - gerou 10 milhões de automóveis

consumidores de gasolina a menos rodando no Brasil, diminuindo a dependência do

país ao petróleo importado.

1976 – A Linha Lubrax é expandida neste ano, com a criação de mais de cem

produtos com diversas aplicações na área automotiva, na indústria, na aviação, no

setor ferroviário e marítimo.

Neste mesmo ano, é criada a Engenharia Básica da Petrobras, integrada à

área de Pesquisa e Desenvolvimento do Cenpes.

1978 - Preocupada com a preservação do meio ambiente, a Petrobras

apresenta programas de controle de emissão de gás, reflorestamento em larga

escala e treinamento de combate a emergências. Ao mesmo tempo em que a

empresa alça o Brasil a produtor mundial, foca-se na ecologia.

Um bom exemplo é o teste feito com pipocas, que são lançadas ao mar para

simular o trajeto que o óleo poderia percorrer em caso de vazamento real (figura 2).

Desta forma, é possível testar as condições de conservação e manutenção

dos equipamentos de combate a emergências e avaliar a preparação da equipe.

Destaque também para a participação da Companhia num projeto do

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, que resultou na construção

do primeiro Centro de Combate à Poluição do Mar no país e na importação de

equipamentos para o combate a poluição do mar por óleo.

43

Figura 2 – Simulação de vazamento de óleo e treinamento feito com pipocas

Fonte: Arquivo Petrobras

1982 – A Petrobras inicia seu apoio à projetos sociais, que marcaram a

época.

Um dos projetos patrocinados era o “Seis e meia”, que mudou a rotina do

trabalhador carioca com apresentações diárias no Teatro João Caetano, centro do

Rio de Janeiro, que levava a quem saía do trabalho, todo fim de tarde, o melhor da

Música Popular Brasileira.

1983 – A imersão nos mares do país levou a Petrobras a cuidar mais

intensamente da biodiversidade marinha, investindo em importantes projetos como o

Tamar (tartarugas-marinhas), Baleia Franca, Jubarte, Golfinho Rotador e Peixe-Boi.

Para a Companhia, é muito importante preservar a fauna dos locais onde são

desenvolvidas atividades petrolíferas. No caso dos animais acima, o apoio da

Petrobras foi essencial para a garantia da sobrevivência dessas espécies, que

estavam ameaçadas de extinção.

A preocupação da Petrobras com as comunidades onde exerce suas

atividades se traduz em investimentos para melhorar a qualidade de vida de quem

mora nas regiões onde atua.

O Programa da Criança é um projeto de longo alcance que, desde 1983,

investe na complementação educacional de meninos e meninas carentes de idades

entre 7 a 14 anos.

Promove atividades esportivas, artísticas, recreativas, além de ministrar

noções de saúde e higiene.

44

1984 – Em novembro deste ano, o Campo de Albacora foi descoberto na

Bacia de Campos, provando a existência de campos gigantes a grandes

profundidades no Brasil, marcando a história da empresa em exploração em águas

profundas, nunca antes exploradas.

1985 – O campo de Marlim foi descoberto em janeiro de 1985. Está localizado

na Bacia de Campos, distante aproximadamente 110km do litoral do Rio de Janeiro.

Nesse ano, o país já produzia metade do petróleo que consumia, muito acima

dos 14% registrados em 1979. Ainda que situado em lâminas de água jamais

exploradas, apontava pelo volume de reservas, para a autossuficiência e para novos

horizontes exploratórios em toda a plataforma continental.

1986 – Em terra, boas notícias chegavam da Amazônia. Entrava em operação

o Campo de Urucu, situado na Bacia do Rio Solimões. Um marco histórico das

atividades da Petrobras na região.

A descoberta respondeu a uma antiga indagação, mostrando, afinal, que

havia petróleo comercial, de excelente qualidade, e associado ao gás, na Amazônia.

Em 1988, entra em produção o campo de Rio Urucu, no Alto Amazonas,

descoberto dois anos antes. A Petrobras se antecipa à Lei e retira totalmente o

chumbo tetraetila da gasolina.

A empresa, que até então comprava tecnologia, se viu diante do desafio de

produzir petróleo a 400 metros de profundidade.

Após pesquisar no mercado e descobrir que não havia tecnologia disponível

para essa profundidade e tendo a necessidade de aumentar as reservas do país, a

empresa decidiu investir no desenvolvimento de novas tecnologias.

Foi criado, então o Procap - Programa de Capacitação Tecnológica em Águas

Profundas. Era um projeto extremamente ambicioso, pois na época, a Petrobras

explorava petróleo na faixa dos 150 metros e já tinha planos para os 1.000 metros.

Foi um sucesso e a empresa é, atualmente, líder mundial na área.

1987 – Criada em 1987, a Orquestra Petrobras Sinfônica é hoje um dos mais

importantes grupos latino-americanos de música de concerto.

De uma média de 12 apresentações anuais em seus primeiros anos, hoje

realiza mais de 50 concertos em cada temporada.

A orquestra realiza concertos de primeiro nível, com grandes solistas.

45

Também tem como missão levar a música clássica às camadas da população

sem acesso a essa manifestação cultural, por meio de concertos em igrejas, na

comunidade próxima, em favelas e escolas, além de produzir séries de câmara.

1991 - A Petrobras inicia a década sendo indicada pela Offshore Technology

Conference para receber o OTC Distinguished Achievement Award, o maior prêmio

do setor petrolífero mundial, em reconhecimento à sua notável contribuição para o

avanço da tecnologia de produção em águas profundas.

1992 – Neste ano, a Petrobras ganhou pela segunda vez o prêmio OCT

Distinguished Achievement Award e Houston, nos Estados Unidos, como a Empresa

que mais contribuiu para o desenvolvimento tecnológico da indústria offshore.

1997 – Termina o monopólio estatal do petróleo, por meio da emenda

constitucional nº9, de 9 de novembro, tornando a Companhia, uma das maiores

empresas de petróleo do mundo.

1998 – Assinatura de convênio tecnológico com a WilliamsF1 Team, que

terminou em 2008. Este foi o início do fornecimento de gasolina para a equipe

Williams de Fórmula 1, comprovando a excelência tecnológica da Petrobras neste

combustível. A Companhia passa a desenvolver nas pistas a gasolina que é utilizada

nas ruas.

2000 – O gás vira eletricidade: Para ajudar o Brasil a vencer a crise o “apagão

energético”, a Petrobras compra participações em diversas termelétricas, que

transformam o gás em energia elétrica. É uma estratégia eficiente para a

diversificação e ampliação da matriz energética brasileira. A termelétrica da Fábrica

de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen), na Bahia, é a primeira usina com participação

da Petrobras a entrar em operação.

2001 - O Programa de Excelência em Gestão Ambiental e Segurança

Operacional - Pegaso - foi criado para realizar estudos de impacto ambiental e

desenvolver técnicas de prevenção de acidentes e de socorro imediato na indústria

petrolífera. Após os acidentes na Baía de Guanabara e na plataforma P-36, a

Petrobras decidiu investir fortemente para elevar todas as suas atividades a

patamares de excelência em relação aos valores ambientais e de segurança

operacional. O Pegaso se tornou o mais amplo e ousado projeto de política

ambiental de toda a história da indústria no Brasil.

2002 – A empresa lança um novo tipo de gasolina. O produto é batizado

como gasolina Petrobras Podium, o mesmo utilizado nas pistas de Fórmula 1.

46

A Petrobras Podium é a gasolina mais avançada do mundo, e apropriada para

qualquer veículo a gasolina.

2003 – Nos 50 anos da Petrobras, a produção de petróleo no Brasil supera a

marca de dois milhões de barris diários.

No mesmo ano, a empresa democratizou suas políticas de patrocínio, dando

oportunidade a todos por meio de Seleções Públicas de projetos culturais,

ambientais e sociais.

2004 – Inaugurada a primeira usina eólica da Petrobras, em escala piloto na

cidade de Macau, no Rio Grande do Norte.

2005 – A Petrobras bate o recorde brasileiro de profundidade de perfuração,

com um poço inclinado que chegou aos 6.915 metros além do fundo do mar.

O poço foi perfurado na bacia de Santos, a 200 Km da costa sul da cidade do

Rio de Janeiro.

2006 – A Petrobras comemora a autossuficiência sustentável do Brasil na

produção de petróleo e gás, com a entrada em operação das plataformas P-34 e

P-50. Com produção média diária de 1,9 milhão de barris por dia, o país passou a

exportar mais petróleo e derivados do que importar. Esta realização de um sonho, só

foi possível graças ao esforço tecnológico e à dedicação de seus colaboradores.

No mesmo ano, também foi desenvolvido o H-Bio, um inovador processo de

refino que utiliza uma parcela de óleo vegetal na produção do diesel convencional.

Em setembro, a Petrobras ingressou no seleto grupo de empresas que

compõem o Índice Dow Jones Mundial de Sustentabilidade (DJSI), o mais

importante do setor no mundo.

2007 – Em conjunto com o Grupo Ultra e o BNDES, foi desenvolvido um

estudo para implantação do Complexo Petroquímico, no município de Itaboraí, no

Rio de Janeiro. Com investimentos de aproximadamente US$ 8,38 bilhões, o

Comperj tem como principal objetivo aumentar a produção nacional de produtos

petroquímicos, com o processamento de cerca de 150 mil barris/dia de óleo pesado

nacional.

Ainda em 2007, é anunciada a descoberta da área de Tupi, na Bacia de

Santos, com grande concentração de petróleo e gás em seções de pré-sal.

A nova fronteira poderia aumentar em 50% as reservas de óleo e gás no país.

A quantidade de petróleo encontrado é tão significativa que colocará a

Petrobras e o Brasil num novo cenário da indústria mundial do setor.

47

Também é destaque a entrada em operação da primeira planta piloto de

bioetanol (etanol de lignocelulose) do Brasil pela via enzimática. Esta planta coloca a

Companhia na vanguarda dos biocombustíveis de 2ª geração, aqueles fabricados a

partir de resíduos agroindustriais.

Para contribuir com o crescimento do esporte nacional, a Petrobras participou

como a maior patrocinadora do esporte brasileiro durante os jogos Pan-Americanos

do Rio, realizados em julho deste ano.

2008 – É criada a empresa Petrobras Biocombustível, subsidiária responsável

pelo desenvolvimento de projetos de produção e gestão de etanol e biodiesel.

2009 – Em 1º de maio, tem início a produção de petróleo na área de Tupi. As

jazidas do pré-sal podem mudar o perfil das reservas da Companhia, que em sua

maior parte é de petróleo pesado, reduzindo a importação de óleo leve e gás natural.

2010 – Estima-se que a produção de petróleo em Tupi chegará a 100 mil

barris/dia.

2013 – A previsão é de que a produção de biodiesel no Brasil seja de 640

milhões de litros.

Para o segmento de Etanol, a meta é atingir, em parceria, a produção de 1,9

bilhão de litros neste ano voltada para o mercado externo; e 1,8 bilhão de litros para

o mercado interno.

3.1.1 Produtos e Serviços

A Petrobras atua nos mercados rodoviário, agropecuário, aeronáutico,

aquaviário, termelétrico, industrial e revenda de combustíveis.

Seus produtos são:

LINHA DE PRODUTOS PRINCIPAIS PRODUTOS

Automotivo e rodoviário

Gasolina Comum, Gasolina Podium, Gasolina Supra Aditivada, Óleo Diesel, Diesel Podium, Extra Diesel Aditivado, Diesel Comum S-10, Extra Diesel Aditivado S-10, Gás Natural Veicular (GNV), Lubrax, Lubrificantes,Flua Petrobras (Agente Redutor Líquido Automotivo – Arla-32), Biodiesel, Etanol, Linha Evolua.

Industrial e termelétrico

Add Cleaner (óleo combustível), Óleo Diesel, Coque Verde de Petróleo, Graxas, Lubrificantes Industriais, Querosene Iluminante, Gás Natural Industrial, Solventes, Parafinas, Lubrax Industrial, Enxofre, Querosene, Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), Óleos Combustíveis, Glicerina, Óleo de Mamona.

48

Indústria química e de petróleo Enxofre, Especialidades Químicas, Fluidos Especiais, Óleos Vegetais, Óleos de Processo, Parafina, Produtos de Supply, Querosene, Solventes, Ureia, Propeno, Nafta.

Doméstico Gás Natural Residencial e GLP.

Aeronáutico Lubrax Aviation, BR Jet Plus, BR Aviation Care, Gasolina de Aviação, Querosene de Aviação.

Ferroviário Óleo Diesel, Lubrificantes Ferroviários.

Náutico Óleo Diesel Marítimo e Diesel Verana.

Aquaviário Bunker, Marbrax.

Agronegócio Ureia, Ureia Fertilizante, Reforce N, Enxofre, Óleo para Pulverização Agrícola, Amônia, Farelo de Soja e Torta de Mamona.

Asfáltico Emulsão para Imprimação, Asfalto Diluído de Petróleo (ADP), Emulsão Asfáltica, Asfalto Borracha, Cimento Asfalto de Petróleo (CAP).

Marítimo Óleo Diesel, Óleo Diesel Marítimo (para pequenas embarcações), Lubrificantes Marítimos.

Frotas Óleo Diesel, Lubrificantes.

Seus Serviços contemplam:

LINHA DE PRODUTOS PRINCIPAIS SERVIÇOS

Automotivo De Olho no Combustível, Lubrax+, Lubrax Center, Siga Bem, Localizador de Postos, Lavamania, Controle Total de Frotas (CTF), Programa de Apoio ao Trabalhador em Transporte na Estrada.

Rodoviário

Central Avançada de Inspeção e Serviços (Cais), Controle Total de Frotas (CTF), Lubrificação, Análise de Lubrificantes, Abastecimento, Serviços em Fluidos, Análise de Combustão, Assistência Técnica Petrobras para adequação ao uso dos produtos que comercializamos.

Aeronáutico Abastecimento, Aditivação, BR Aviation Auto Center, BR Aviation Card, BR Aviation Center, BR Aviation Club, Destanqueio, Espaço BR Aviation e Garantia de Qualidade.

Asfáltico Reciclagem a Frio in situ, Lamas Asfálticas, Microrrevestimento Asfáltico a Frio, Pré-Misturado a Frio, Tratamentos Superficiais.

Energia

Climatização, Diagnóstico Energético, Identificação do Potencial de Redução do Consumo de Energia, Identificação da Melhor Solução para Geração de Água Gelada, Retrofit de Instalações de Climatização, Geração de Energia no Horário de Ponta e Sistemas de Automação.

Industrial e termelétrico Lubrificação, Abastecimento, Análise de Lubrificantes, Lubrax Express, Análise de Combustão, Lubrax System, Lubrax Matic, Serviços em Fluidos, Serviços Ambientais.

Indústria química e de petróleo Ambientais, Logísticos, Técnicos de Formulação e Aplicação de Fluidos (perfuração, completação), Serviços Associados aos Processos de Tratamento (óleo, água e gás).

Naval/marítimo Lubrax System, Abastecimento, Instalação e Manutenção de Tanques, Bombas e Filtros, Lubrificação, Abastecimento.

Locomotiva Abastecimento e Lubrificação.

Conveniência BR Mania.

Relacionamento Cartão Petrobras

49

3.2 Estratégia Corporativa

Por ser uma Sociedade Anônima de capital aberto, cujo acionista majoritário é

o Governo brasileiro, a Petrobras possui ações negociadas nas principais bolsas de

valores do mundo, atuando diretamente, ou por intermédio de suas subsidiárias,

coligadas e controladas, na indústria do óleo, gás natural e energia, de maneira

integrada.

Crescimento integrado, rentabilidade e responsabilidade socioambiental são

as palavras-chave da estratégia corporativa da Petrobras. É a partir da atuação

nesses três pilares que a Empresa constrói a Missão e a Visão 2020, de forma

transparente e com olhos atentos ao que acontece no Brasil e no mundo.

3.2.1 Missão

Atuar de forma segura e rentável, com responsabilidade social e ambiental,

nos mercados nacional e internacional, fornecendo produtos e serviços adequados

às necessidades dos clientes e contribuindo para o desenvolvimento do Brasil e dos

países onde atua.

3.2.2 Visão 2020

Ser uma das cinco maiores empresas integradas de energia do mundo e a

preferida pelo seu público de interesse.

3.2.2.1 Atributos da Visão 2020

Segundo informações publicadas aos acionistas pela Empresa no relatório de

sustentabilidade de 2012, a atuação da Petrobras se destacará por:

50

Forte Presença Internacional;

Referência mundial em biocombustíveis;

Excelência operacional em gestão, eficiência energética, recursos

humanos e tecnologia;

Rentabilidade;

Referência em responsabilidade social e ambiental;

Comprometimento com o desenvolvimento sustentável;

3.2.3 Valores

Descritos no Plano Estratégico, os valores são a forma como a Petrobras

define suas estratégias, ações e projetos. Eles devem estar presentes na condução

das atividades e refletir o jeito de ser da Petrobras.

3.3 Os Princípios da Petrobras

O Jeito de Ser Petrobras aplicado em suas estratégias, ações e projetos,

possui princípios dos quais a empresa julga necessários para alcançar o nível

máximo de performance do qual ela vem se destacando.

A figura a seguir destaca estas perspectivas, as quais serão explicadas de

acordo com os moldes divulgados pela Companhia:

51

Figura 3 – Os Princípios da Petrobras

Fonte: Site Petrobras

3.3.1 Desenvolvimento Sustentável

Perseguir o sucesso dos negócios com uma perspectiva de longo prazo,

contribuindo para o desenvolvimento econômico e social e para um meio ambiente

saudável nas comunidades onde atua.

52

3.3.2 Integração

Buscar maximizar a colaboração e a captura de sinergias entre equipes,

áreas e unidades, assegurando a visão integrada da companhia em suas ações e

decisões.

3.3.3 Resultados

Buscar incessantemente a geração de valor para as partes interessadas, com

foco em disciplina de capital e gestão de custos. Valorizar e reconhecer, de forma

diferenciada, pessoas e equipes com alto desempenho.

3.3.4 Prontidão para Mudanças

Estar pronta para mudanças e aceitar a responsabilidade de inspirar e criar

mudanças positivas.

3.3.5 Empreendedorismo e Inovação

Cultivar a superação de desafios e buscar incessantemente a geração e

implementação de soluções tecnológicas e de negócios inovadoras que contribuam

para o alcance dos objetivos estratégicos da Petrobras.

3.3.6 Ética e Transparência

Negócios, ações, compromissos e demais relações orientados pelos

Princípios Éticos do Sistema Petrobras.

53

3.3.7 Respeito à Vida

Respeito à vida em todas as suas formas, manifestações e situações e busca

pela excelência nas questões de saúde, segurança e meio ambiente.

3.3.8 Diversidade Humana e Cultural

Valorizar a diversidade humana e cultural nas relações com pessoas e

instituições. Garantir os princípios do respeito às diferenças, da não discriminação e

da igualdade de oportunidades.

3.3.9 Pessoas

Fazer das pessoas e de seu desenvolvimento um diferencial de desempenho

da Petrobras.

3.3.10 Orgulho de ser Petrobras

Orgulho de pertencer a uma empresa brasileira que faz a diferença onde quer

que atue, por sua história, suas conquistas e por sua capacidade de vencer

desafios.

3.4 A Evolução da Avaliação de Desempenho na Petrobras

De acordo com Marçal (2008), o único instrumento corporativo de avaliação

empresarial, com uma visão totalmente operacional, física ou econômico-financeira,

desde a criação da empresa até a década de 80 foi o Relatório de execução do

Plano Anual de Atividades – PAA.

54

O autor explica que, a criação da Secretaria de Controle das Empresas

Estatais – SEST, em 1979, pelo Governo Federal, obrigou a Petrobras a

desenvolver e implementar o Plano de Dispêndios Globais – PDG, cujo

acompanhamento era mensal e tinha por objetivo a sistematização do controle de

desembolso, permitindo ao Governo, o monitoramento de seus recursos aplicados

na estatal.

Marçal (2008) descreve ainda que posteriormente, o PDG foi se

aperfeiçoando, e a Petrobras decidiu, em paralelo a este, desenvolver uma nova

ferramenta que também tinha acompanhamento mensal, porém com uma visão

física, com o objetivo de acompanhar a realização dos investimentos corporativos

projetados. Esta ferramenta ganhou o nome de Orçamento Anual de Investimentos,

e tinha uma carteira com os principais projetos aliados ao PDG (controle de

desembolsos).

Ao término do Regime Militar no Brasil em 1985, a Petrobras ingressou em

uma nova fase, da qual o Governo Federal deixou de influenciar o planejamento e as

ações da empresa, permitindo que ela pudesse se desenvolver. Esta fase durou até

aproximadamente 1997, conforme explica Rodrigues (2006).

Com isso, a Petrobras passou a focar na modernização de sua administração

estratégica.

O autor ressalta ainda que a quebra do monopólio estatal em 1997 trouxe

muitas mudanças no cenário interno da organização, com um ambiente de muitas

incertezas e boatos relacionados a uma possível privatização.

Devido um fortíssimo ambiente competitivo que trouxe oportunidades em

desafios à Petrobras em 1999, no mercado de energia, a Companhia passou a

estudar novas metodologias, conceitos que pudessem efetivar a implantação de

estratégia, como destacam Figueiras, Barros e Gomes (2010).

Foi frente a este novo cenário organizacional, conforme enfatiza Marçal

(2008), que a Petrobras elaborou um novo planejamento estratégico, desta vez,

buscando um objetivo voltado para o futuro da Companhia.

Figueiras, Barros e Gomes (2010), ressaltam ainda que a consolidação deste

processo de planejamento ainda necessitaria de uma ferramenta que pudesse

garantir o monitoramento e a gestão da estratégia.

Segundo a empresa de consultoria Symnetics (2002 apud Rodrigues, 2006), a

Petrobras percebeu, ao longo de sua evolução, esta necessidade de um sistema

55

efetivo de gestão, com o objetivo de traduzir em ações concretas, a estratégia que

vinha sendo desenhada junto à sua evolução.

De acordo com Silva (2005 apud Rodrigues, 2006), a missão do primeiro

Planejamento Estratégico da Petrobras era garantir a suficiência do mercado

nacional de gás, óleo e derivados, com máxima rentabilidade e mínimo custo para a

sociedade, contribuindo assim, para o desenvolvimento do país.

3.5 A Implantação do BSC na Petrobras

O BSC resulta em uma grande mudança no modo pelo qual a empresa é

gerida, e sua implantação não é uma tarefa tão simples, conforme destaca Costa

(2006 apud Silva, Santos e Prochnik, s/d).

No ponto de vista de Silva, Santos e Prochnik (s/d), é vasta a literatura que

aponta a complexidade e dificuldade das organizações em implantar integralmente o

Balanced Scorecard ou até mesmo o seu total fracasso.

Schineiderman (1999 apud Silva, Santos e Prochnik, s/d), reforça que muitas

empresas encontraram dificuldades na implantação do BSC, bem como a utilização

significativa de recursos humanos e financeiros, sem obterem o resultado esperado.

Kaplan e Norton (2001 apud Silva, Santos e Prochnik, s/d), criadores desta

ferramenta, apontam possíveis causas para a falta de sucesso em seu processo de

implantação, sendo que ao longo de suas pesquisas, os autores buscam sempre

reforçar a ideia de que deve-se envolver o máximo de pessoas em tais processos.

As possíveis causas são: falta de comprometimento da alta administração,

poucas pessoas envolvidas no processo, longos processos de implantação,

interpretação do BSC como um simples projeto da área de sistemas, implantação

visando apenas a remuneração e contratação de consultoria inexperiente.

Rodrigues (2006), explica que a Petrobras resolveu adotar o Balanced

Scorecard, em Agosto de 2001, e contou com o apoio da Symnetics-Business

Transformation, consultoria que representa na América Latina os criadores da

metodologia: Dr. Robert S. Kaplan e Dr. David P. Norton.

O primeiro passo de implantação do BSC na Petrobras foi dividido em duas

etapas conforme a ilustração a seguir:

56

Ilustração 6 – Etapas da Implantação do BSC na Petrobras

ETAPA DURAÇÃO PRODUTO

I 4 Meses 6 painéis corporativos: Corporativo, E&P,

Abastecimento, Distribuição, Gás e Energia e Internacional

II 12 Meses 80 Painéis referentes às: Unidades de Negócio, Unidades Corporativas, Área Financeira e suas Unidades; Áreas de Serviços e suas Unidades.

Fonte: Adaptado de LASummit, 2003 apud Rodrigues, 2006

Visto a complexidade do processo de implantação do BSC, a Petrobras

contou ainda com o suporte da Hyperian Solution, empresa desenvolvedora do

aplicativo Hyperian Perfomance Scorecard – HPS, cuja tecnologia foi a base para o

andamento deste projeto, conforme afirma Rodrigues (2006).

Para a Symnetics-Business (2002 apud Rodrigues, 2006), o sucesso de um

projeto deste porte é o resultado do alinhamento de todas as áreas envolvidas.

Segundo dados levantados por Rodrigues (2006), ao todo foram treinados

cerca de 258 colaboradores.

A equipe de desenvolvimento contava com o apoio de 177 pessoas.

Foram realizadas cerca de 1500 entrevistas com os gestores das áreas e

diretores, bem como a realização de mais de 340 reuniões coletivas com

participação efetiva dos profissionais envolvidos.

Os dados apontam ainda que para a criação de mais de 80 painéis de

desempenho participaram mais cerca de 770 colaboradores com o conhecimento da

metodologia, que validavam as informações de cada painel.

O próximo passo à implantação do BSC foi o desdobramento de seu Plano

Estratégico Corporativo, para que pudesse abranger todas as Unidades de

Negócios, garantindo o alinhamento e direcionamento estratégico, conforme enfatiza

Rodrigues (2006), por meio dos mapas estratégicos, indicadores, metas.

Isso possibilitou a integração do processo de alocação de recursos, facilitando

o alinhamento e esclarecendo a estratégia para toda organização, reforça Symnetics

(2002 apud Rodrigues, 2006).

De acordo com Figueiras, Barros e Gomes (2010), o Balanced Scorecard foi

implantado, de acordo com a orientação da alta administração, de uma única vez,

57

buscando garantir alinhamento da estratégia e consolidar o novo modelo de gestão,

resultando em uma visão integrada do desempenho da empresa.

Segundo Silva, Santos e Prochnick (2008 apud Figueiras Barros e Gomes,

2010), foram encontradas dificuldades durante este processo de implantação,

conforme relatos pelos responsáveis do projeto, sendo elas:

Encontrar um número adequado de indicadores e objetivos, uma vez

que todos os integrantes queriam contribuir com ideias inovadoras de

suas respectivas áreas;

Acompanhar a elaboração descentralizada nas áreas de negócio, para

o desenvolvimento dos mais de 80 painéis de desempenho integrados;

Garantir o alinhamento estratégico de todos os painéis criados e o

alinhamento das equipes envolvidas; e

Filtrar aquilo que realmente era estratégico para a organização como

um todo, pois houve uma tendência de que cada estratégia estava

espelhada apenas em sua área de negócio.

Após definidos os indicadores e objetivos de cada área, iniciou-se a

elaboração de um mapa estratégico e posteriormente a elaboração efetiva do

balanced scorecard para cada área.

Em resumo, o BSC pode ser comparado à uma lista de objetivos estratégicos

onde são alinhados à missão da empresa, com seus respectivos indicadores,

permitindo seu monitoramento e ação corretiva caso hajam desvios, conforme

explica Rodrigues (2006).

A ilustração a seguir apresenta o Balanced Scorecard em uma das áreas de

negócios da Petrobras, o Downstream, conforme divulgado no site da Companhia,

esta área é responsável pelo refino do petróleo, tratamento do gás natural,

transporte e comercialização/distribuição de derivados, conforme dados

apresentados no site da empresa:

58

Ilustração 7 – Modelo de Balanced Scorecard do Downstream Petrobras

Fonte: Rodrigues, 2006

3.6 Benefícios da Implantação do BSC na Petrobras

Como mencionado anteriormente, o desdobramento do Plano Estratégico

Corporativo durante a segunda etapa do processo de implantação, passou a

59

alcançar todas as unidades, de modo a garantir seu direcionamento por meio dos

mapas estratégicos, indicadores, iniciativas e metas, como destacou Rodrigues

(2006).

Figueiras, Barros e Gomes (2010), explicam que “este alinhamento em torno

da estratégia pode ser destacado como um importante benefício resultante do

projeto”.

Os autores destacam ainda que dentre os resultados encontram-se também:

Um maior esclarecimento da estratégia para toda organização;

Promoção de um consenso no time de executivos, aumentando seu

comprometimento com as metas e resultados;

Alinhamento da organização;

Foco nas prioridades estratégicas;

Direcionamento no processo de alocação de recursos e capital; e

Integração do processo de gerenciamento estratégico à organização.

60

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste estudo de caso, buscou-se evidenciar o Balanced Scorecard, como

uma ferramenta de gestão eficiente para a geração de informações que subsidiem a

tomada de decisões no ambiente corporativo.

O Balanced Scorecard, ou BSC, é uma ferramenta que compõe a

contabilidade gerencial e busca aprimorar a sensibilidade da empresa aos fatores

internos e externos, integrando-os ao seu processo de gestão, buscando absorver

outras informações úteis para o embasamento da tomada de decisão.

Vimos que na contabilidade financeira, as informações que são apresentadas

e analisadas tratam de eventos já ocorridos, tornando o processo de gestão, como

se este estivesse observando a empresa semelhante a um motorista que observa o

transito pelo retrovisor de seu carro.

A análise de eventos já ocorridos serviu muito bem à era industrial, onde

qualidade não era levada em consideração, e o “monopólio regional” era

predominante, porém, em um ambiente globalizado, onde a concorrência é muito

mais acirrada e chegando ser em alguns casos desleal, considerar fatores externos,

como a opinião dos clientes, ações de concorrentes, entre outras, passou a ser

fundamental para a sobrevivência das empresas no mercado moderno.

Em síntese, o scorecard pode ser exemplificado como uma lista de objetivos

estratégicos alinhados à missão da empresa, onde os valores são transmitidos para

a perspectiva do aprendizado e conhecimento. Uma vez que esta perspectiva

absorve os valores da empresa, ela obtém uma melhoria significativa em seus

processos internos, trazendo satisfação aos clientes pelos produtos e serviços

oferecidos com qualidade, garantindo assim, o retorno financeiro aos sócios,

acionistas, etc.

O BSC mostrou-se muito eficiente, pois se trata de uma ferramenta integrada

que observa a empresa por quatro perspectivas comuns, encontradas em qualquer

segmento de mercado, e alinhando-as à visão estratégica da empresa, sendo elas:

Financeira, Clientes, Processos Internos e Aprendizado e Conhecimento.

Seu processo de implantação na empresa Petróleo Brasileiro S.A.– Petrobras,

selecionada como objeto de estudo deste trabalho, surgiu da percepção de um novo

cenário em seu mercado de atuação, e mostrou-se muito eficiente, pois contou com

61

o apoio de experientes consultores (representantes diretos dos criadores desta

ferramenta), e também com a participação efetiva de um grande número de

colaboradores das mais diversas áreas de negócio da empresa.

Ao analisarmos o histórico da Petrobras, percebemos que a empresa já

utilizava algumas das primícias do Balanced Scorecard, muito antes de Kaplan e

Norton realizarem seu estudo aprofundado e definirem uma nomenclatura para esta

ferramenta.

O fato de a Petrobras ter criado em 1968 o Centro de Pesquisas e

Desenvolvimento (Cenpes), demostra claramente a utilização de algumas

características da perspectiva de Aprendizado e Conhecimento e Processos

Internos, buscando a especialização de seus profissionais e a produção de sua

própria tecnologia, respectivamente, valorizando cada vez mais a empresa no

mercado.

Por meio deste estudo de caso, foi possível perceber que o BSC veio para

formalizar e fortalecer ainda mais o processo de gestão a empresa.

Diferente de outros casos encontrados durante a elaboração deste trabalho,

percebemos que, para alcançar a eficiência desta ferramenta, é necessário envolver

o maior número de pessoas, para que a missão desenvolvida no planejamento

estratégico da empresa seja esclarecida à organização como um todo, e todos

estejam em sintonia, sabendo aonde a empresa quer chegar, e assim tomar as

melhores decisões, alcançando os resultados esperados e corrigindo os desvios que

possam surgir antes que causem impacto nos resultados financeiros.

Dentre as dificuldades encontradas durante o processo de implantação, a

empresa precisou filtrar aquilo que realmente era estratégico para a organização em

cada uma das unidades de negócio, visto o grande número de ideias sugeridas

pelas pessoas envolvidas, porém seus resultados obtidos após a implantação, num

longo prazo foram extremamente satisfatórios.

A empresa alcançou a autossuficiência sustentável do Brasil na produção de

petróleo e gás, no ano de 2006, e hoje é referência mundial por seu desempenho na

exploração das atividades petrolíferas.

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5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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