uningÁ – universidade de ensino superior … · de placa, autores como sheridan (1985, 1987),...

59
UNINGÁ UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR INGÁ FACULDADE INGÁ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ORTODONTIA FLÁVIA FRANCIOSI DESGASTE INTERPROXIMAL PARA OBTENÇÃO DE ESPAÇO NO TRATAMENTO ORTODÔNTICO PASSO FUNDO 2008

Upload: dinhcong

Post on 13-Oct-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR INGÁ

FACULDADE INGÁ

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ORTODONTIA

FLÁVIA FRANCIOSI

DESGASTE INTERPROXIMAL PARA OBTENÇÃO DE ESPAÇO NO

TRATAMENTO ORTODÔNTICO

PASSO FUNDO

2008

Page 2: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

1

FLÁVIA FRANCIOSI

DESGASTE INTERPROXIMAL PARA OBTENÇÃO DE ESPAÇO NO

TRATAMENTO ORTODÔNTICO

Monografia apresentada à Unidade de Pós-Graduação da Faculdade Ingá – UNINGÁ -Passo Fundo-RS, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Ortodontia. Orientadora: Profª. Ms. Andréa Becker de

Oliveira

PASSO FUNDO

2008

Page 3: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

2

FLÁVIA FRANCIOSI

DESGASTE INTERPROXIMAL PARA OBTENÇÃO DE ESPAÇO NO

TRATAMENTO ORTODÔNTICO

Monografia apresentada à Unidade de Pós-Graduação da Faculdade Ingá – UNINGÁ -Passo Fundo-RS, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Ortodontia.

Aprovada em ___/___/_____.

BANCA EXAMINADORA:

Profª. Ms. Andréa Becker de Oliveira - Orientadora

Prof.

Prof.

Page 4: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

3

DEDICATÓRIA

A meus pais, Alécio e Glaci, pelo exemplo de família e união. Que

ao longo de toda minha vida, demonstraram um amor que não tem

limites, único e incondicional! Faltam-me palavras para expressar

todo meu afeto e gratidão, por tantas demonstrações de carinho,

confiança, renúncias, respeito às minhas escolhas e por toda dedicação,

nunca medindo esforços para que meus sonhos se realizassem. Vocês

são meus maiores tesouros! Meu amor eterno!

A minha irmã Andréia, por sempre caminharmos juntas, nos

amando e respeitando. Pelo carinho, amizade e apoio. Obrigada por

existir!

A toda a minha família: tios, tias, primos e avó Luiza, que

sempre torceram por mim. Amo vocês!

Ao meu esposo Emerson!

Obrigado por tantas demonstrações de amor , compreensão

incentivo, confiança, ajuda e dedicação. Amo você!

Page 5: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

4

AGRADECIMENTOS

À minha orientadora Profª. Ms. Andréa Becker de Oliveira, pela

imensurável disponibilidade no decorrer de todo curso, com a

preocupação da qualidade de minha formação, por ter sempre

acreditado no meu potencial e nunca ter me deixado desanimar.

Agradeço pelos conhecimentos científicos, pelo respeito, paciência,

amizade, tornando possível, com a sua inestimável ajuda, a

possibilidade de concretizar este trabalho e realizar um sonho. Por

todas as valiosas e surpreendentes contribuições para meu

aprimoramento profissional. Obrigada por sempre confiar, incentivar

e acreditar em mim. Minha gratidão!

Aos Profs. Dr . Lincoln Nojima e Ms. Anamaria Estacia, pelo

exemplo de dedicação, conhecimento e competência, proporcionados a

nós alunos do curso de especialização, nos ensinando a refletir,

questionar e ter senso crítico. Meus sinceros agradecimentos e

profundo respeito!

Aos Profs. Ms. Giovana Casaccia, Ms. Rogério Solimann e João

Corrêa, pelos conhecimentos adquiridos e pela simplicidade em

transmiti-los, exemplo a serem seguidos pelo carinho e entusiasmo com

que exercem a docência. Obrigada pela amizade e confiança!

À Profª. Lilian Rigo, pela dedicação, apoio e disponibilidade na

orientação deste trabalho. Muito obrigada!

Page 6: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

5

A nos sa monitora, Daniela Lange Rossetto pela dedicação,

conhecimento e, acima de tudo, amizade, dispensados neste tempo de

convívio.

Ao Diretor de Pós-Graduação, Prof. Dr. César Augusto Garbin,

exemplo a ser seguido.

À unidade avançada de Pós-Graduação - UNINGÁ - Passo

Fundo-RS, pela oportunidade que nos foi concedida no curso de

Especialização em Ortodontia.

A todos os funcionários e pacientes do CEOM, pela atenção e

simpatia com que nos receberam durante esses trinta e seis meses.

Aos colegas da primeira turma do Curso de Especialização em

Ortodontia: Anderson Acco, Celso Franceschi, Claudiane Tibolla,

Gabriela Basso, Fernanda Krososki, Lauter Teixeira, Luize Ravizon

Leite, Michelli Bressan e Rúbia Vanz, pela amizade, companheirismo,

colaboração e agradável convívio durante todo o curso.

Aos colegas e amigos Michelli Bressan, Fernanda Krososki,

Lauter Teixeira e Emanuelle Bressan, pela valiosa amizade nestes anos

de convivência, sentirei muita saudade de nossas jantas... Nunca me

esquecerei de vocês!

Á Profª. Leoni Pezzini pelo carinho a mim dispensado e pela

revisão gramatical, e ao amigo Fábio Martins, pela colaboração na

formatação deste trabalho.

Page 7: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

6

A Deus, pela saúde, família, amigos, pela coragem de seguir em

busca de meus ideais e pela força para superar obstáculos, tornando

esse sonho realidade.

A todos meus familiares e amigos, que de alguma forma,

contribuíram para a realização deste trabalho e torcem pelo meu

sucesso!

Page 8: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

7

Mesmo que as pessoas mudem e suas vidas se reorganizem, os amigos devem ser amigos para sempre, mesmo que não tenham nada em comum, somente compartilhar as mesmas recordações.

Vinícius de Moraes

Page 9: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

8

RESUMO

O desgaste interproximal do esmalte dentário tem sido largamente utilizado na clínica ortodôntica, não apenas como método para ganho de espaço, como também para estabilizar o arco dental no final do tratamento ortodôntico. Constitui uma alternativa viável em casos de pequenas discrepâncias, ao invés de extrações ou expansões. No entanto, existem algumas preocupações quando se realizam estes procedimentos. A presente revisão de literatura teve como objetivo verificar os fatores relacionados com seu correto diagnóstico, indicações, contra-indicações e técnicas de desgaste interproximal. Independente de se utilizar tiras de lixa de aço, discos diamantados, pontas diamantadas ou brocas carbide, o fator diferencial para o sucesso do tratamento está na indicação correta e na execução do polimento com lixas, discos finos e ultrafinos, após o desgaste, para diminuir as ranhuras provocadas pelo procedimento, sendo a baixa susceptibilidade a cáries e uma higienização interproximal adequada fatores fundamentais para a indicação dos desgastes interproximais.

Palavras-chave: Movimentação dentária. Esmalte dentário. Atrito dentário

Page 10: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

9

ABSTRACT

The interproximal stripping of the dental enamel has been used in widely orthodontic clinic, not only as a method for a space profit, also for stabilize the dental arc in the end of the orthodontic treatment. This technique provides a viable alternative in cases of small discrepancies, instead of extraction or expansion. However, some concerns exist when these procedures are realized. The present revision of literature had as objective to verify the factors related with its correct diagnosis, indications, contraindications and techniques of interproximal stripping. Either using straps of sandpaper or steel, diamonds discs, diamonds tips or drills carbide, the distinguishing factor for the success of the treatment is in the correct indication and execution of polishing with sandpaper, fine and extreme-fine discs, after the reduction, to reduce the grooves provoked by the procedure, being a low susceptibility to the caries and a interproximal hygienic cleaning, basic factors for the indication of the interproximal stripping.

Key-words: Dental movement. Dental enamel. Dental attrition.

Page 11: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................................11

2 REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................................13

2.1 DIAGNÓSTICO DOS PROBLEMAS DE DISCREPÂNCIA DENTÁRIA............13

2.1.1 Discrepância de Modelos ...................................................................................13

2.1.2 Discrepância de Tamanho Dentário ................................................................14

2.1.3 Índice Peck e Peck ..............................................................................................19

2.1.4 Índice de Irregularidade Little............................................................................21

2.2 INDICAÇÕES E CONTRA-INDICAÇÕES DOS DESGASTES

INTERPROXIMAIS ...........................................................................................................23

2.3 TÉCNICAS DE DESGASTES INTERPROXIMAIS ...............................................31

2.4 RISCOS INERENTES AOS DESGASTES INTERPROXIMAIS .........................47

3 CONCLUSÃO ................................................................................................................51

REFERÊNCIAS ................................................................................................................52

Page 12: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

11

1 INTRODUÇÃO

O apinhamento dentário está presente na maioria das maloclusões,

requerendo do profissional um conhecimento amplo sobre diagnóstico e plano de

tratamento. De acordo com sua severidade, existem abordagens clínicas diferentes,

como distalização de molares, extrações, expansões dos arcos dentários e

desgastes interproximais. Estes se referem à diminuição das dimensões dentárias

mesio-distais, com o objetivo de corrigir apinhamentos suaves ou moderados, bem

como eliminar a desproporção natural de tamanho dentário entre os arcos, exigindo

conhecimento diagnóstico. (BOLTON, 1958; DIPAOLO; BORUCHOV, 1971;

SHERIDAN, 1985, 1987; SHERIDAN; LEDOUX, 1989; RADLANSKI, 1989; HARFIN,

2000).

O desgaste interproximal do esmalte dentário é um procedimento clínico

amplamente utilizado na Ortodontia, que teve maior destaque a partir da década de

80, quando Tuverson (1980), Sheridan (1985, 1987), Sheridan e Ledoux (1989)

escreveram seus artigos clássicos. Entretanto, este procedimento foi pouco utilizado

antes do advento da colagem direta, pois o tratamento era realizado com a

bandagem de todos os dentes, impossibilitando a realização desta técnica para a

obtenção de espaço (SHERIDAN, 1985). Atualmente, os desgastes tornaram-se

comuns, por meio do estabelecimento de uma alteração da anatomia dos contatos

proximais, tanto para eliminar problemas de apinhamento e discrepância de tamanho

dentário, quanto para aumentar a estabilidade dos arcos dentários. Este tipo de

intervenção parece originar-se de dados colhidos de aborígenes pré-históricos que,

freqüentemente, exibiam desgastes dentários oclusais e proximais, com arcos

estáveis e sem a presença de apinhamento (CORRUCCINI, 1990).

Contudo, apesar de sua grande utilização, vários autores defendem o uso

dessa técnica somente em pacientes portadores de boa higiene oral e baixa

susceptibilidade a cáries, pelo fato de a camada protetora externa de esmalte, rica

em flúor, ser removida. Além disso, há a criação de superfícies rugosas no local dos

desgastes, que aumentam a predisposição ao acúmulo de placa, conseqüente

formação de cáries e desenvolvimento de doença periodontal (HUDSON, 1956;

PASKOW, 1970; TUVERSON, 1980; JOSEPH; ROSSOUW; BASSON, 1992;

TWESME et al., 1994).

Page 13: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

12

Com o intuito de contribuir para a lisura das superfícies, evitando o acúmulo

de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e

Sfondrini (1996), Zhong et al. (2000) e Pinheiro (2002) afirmaram ser necessário polir

o esmalte após o desgaste.

A Ortodontia contemporânea vem utilizando com freqüência estes

procedimentos (SHERIDAN, 1987; SHERIDAN; LEDOUX, 1989). Entretanto, muitas

são as dúvidas quanto ao grau de apinhamento que pode ser corrigido, a quantidade

de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade, o envolvimento pulpar e

periodontal, as técnicas utilizadas para isto e a estabilidade em longo prazo, de

modo que o desgaste interproximal constitui um assunto de suma importância, e

ainda não completamente conhecido.

O objetivo deste trabalho é apresentar, através da revisão de literatura, os

fatores relacionados com o diagnóstico, as indicações, contra-indicações e técnicas

de desgaste interproximal.

Page 14: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

13

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 DIAGNÓSTICO DOS PROBLEMAS DE DISCREPÂNCIA DENTÁRIA

2.1.1 Discrepância de Modelos

Para o cálculo da discrepância de modelos (DM) é necessário inicialmente

medir o espaço presente (EP) e o espaço requerido (ER). O EP compreende da

mesial do primeiro molar permanente, de um lado, à mesial do primeiro molar

permanente do lado oposto. Para sua determinação, pode-se utilizar compasso de

pontas secas, paquímetro ou fio de latão. O ER é a somatória do maior diâmetro

mesio-distal dos dentes permanentes localizados da mesial do primeiro molar

permanente, de um lado, à mesial do dente homólogo do lado oposto, realizado com

compasso de pontas secas ou paquímetro. Calcula-se, então, a DM, que é obtida

através da diferença do EP e do ER, podendo ser positiva, negativa ou nula. Se a

DM for positiva, o EP é maior do que o ER, sobrando espaço para o alinhamento

dentário; se for negativa, o EP é menor do que o ER, não havendo espaço suficiente

para todos os dentes permanentes e, será nula, quando o EP for igual ao ER

(MARTINS, 2001).

A dentadura mista caracteriza-se pela presença de dentes decíduos e

permanentes, em diferentes estágios de desenvolvimento. Para que se possa

realizar a análise de discrepância dentária na dentadura mista, é necessário que

estejam presentes, no arco, os quatro primeiros molares permanentes e os incisivos

superiores e inferiores permanentes (MARTINS, 2001).

Nance (1947) percebeu que o perímetro das arcadas dentárias sempre

diminui durante a transição da dentição mista para a permanente. Neste estudo

longitudinal, o autor verificou um maior diâmetro mesio-distal de caninos e molares

decíduos em relação aos seus sucessores permanentes. Em média, existe uma

sobra de espaço de 0,9 mm em cada lado do arco superior e de 1,7 mm em cada

lado do arco inferior, na transição dos decíduos para os permanentes. O autor

propôs a utilização de radiografias periapicais para a medição dos diâmetros mesio-

Page 15: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

14

distais de pré-molares e caninos permanentes não erupcionados. Em casos de

dentes girados, é aconselhável fazer a medida do dente homólogo.

Moyers apud Moyers (1991) propôs uma tabela para predição do diâmetro

mésio-distal de caninos permanentes e pré-molares não irrompidos, tanto para os

superiores, como para os inferiores, baseada na soma dos diâmetros mesio-distais

dos quatro incisivos permanentes inferiores. Para cada valor obtido na soma dos

quatro incisivos inferiores, há um valor correspondente para pré-molares e caninos

permanentes de cada hemiarco. As probabilidades variam de 5% a 95%, sendo que

o autor sugeriu a utilização da tabela no nível de 75%, superestimando o valor, com

a finalidade de proteger-se contra eventuais apinhamentos. Segundo ele, as

vantagens desse método são: erro sistemático mínimo, utilização com segurança,

tanto pelo principiante como pelo especialista, rapidez de aplicação sem a utilização

de radiografias e possibilidade de aplicação direta em boca.

Huckaba (1964) propôs um método para a correção do fator de magnificação

da imagem nas radiografias periapicais. Supondo-se que a distorção é a mesma

para os dentes decíduos e para os permanentes sucessores, o autor aplicou uma

regra de três para calcular a largura dos dentes não irrompidos.

Tanaka e Johnston (1974) utilizaram a soma do diâmetro mesio-distal dos

quatro incisivos inferiores, já erupcionados, para predizer o diâmetro mesio-distal de

pré-molares e caninos permanentes não erupcionados. Como seus achados foram

semelhantes aos de Moyers, eles criaram uma fórmula, para fins de simplificação,

praticamente sem consultar tabelas e sem a necessidade de radiografias. A fórmula

usada para o cálculo do espaço requerido posterior é descrita abaixo:

Arco inferior: Soma Incisivos Inferiores + 10,5

2

Arco superior: Soma Incisivos Inferiores + 11

2

2.1.2 Discrepância de Tamanho Dentário

Ballard (1956) denominou a discrepância entre os tamanhos dentários

inferiores com os superiores de “quinta coluna”, em relação à oclusão dentária

Page 16: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

15

normal. Este termo era utilizado, na época, para descrever algo que exercesse

influências subversivas, tendo como objetivo a destruição da paz e harmonia. O

autor considerou que o diâmetro mesio-distal dos dentes inferiores deveria

corresponder a 75% dos dentes superiores, na região anterior. O autor comparou

essa proporção com 400 modelos de estudo de casos que iriam receber tratamento

ortodôntico. Constatou que, em mais de 50% dos casos, o diâmetro mesio-distal dos

incisivos inferiores apresentava 2 mm ou mais de excesso, em relação aos

superiores. Concluiu que a dentição humana não é um mecanismo perfeito, como

poderiam imaginar os primeiros praticantes da Ortodontia, e que variações no

tamanho dentário e a relação entre os dentes superiores e inferiores, no segmento

anterior, apresentavam uma incidência e magnitude suficientes para ter grande

importância na etiologia, diagnóstico e plano de tratamento de cada caso

ortodôntico.

Em 1958, Bolton, com a intenção de localizar o excesso de material dentário e

dirigir a conduta clínica, elaborou uma análise de tamanho dos dentes que, de

maneira simples, estabeleceu proporções ideais, tanto para a região anterior como

para todo o arco dentário, evidenciando a discrepância. O autor estudou 55 casos

com oclusões ótimas, sendo 44 tratados ortodonticamente e 11 não tratados.

Utilizando as somas mesio-distais dos 12 dentes superiores (primeiro molar a

primeiro molar) e dos 12 inferiores, propôs índices ideais para a região anterior e

total. Em sua avaliação, o autor propôs que a soma dos dentes inferiores fosse

dividida pela soma dos superiores e multiplicada por 100. Isto forneceu índices

médios de 91,3 com desvio padrão de 1,91 para a proporção total, e 77,2 com

desvio padrão de 1,65 para a proporção anterior (Figura 1 – A e B).

Portanto, se a proporção total exceder 91,3, a discrepância corresponderá a

um excesso de material dentário no arco inferior. Utiliza-se, então, uma tabela que

indica o valor ideal correspondente à soma dos diâmetros mesio-distais dos dentes

superiores, e o valor correspondente para o arco inferior. Assim, para que se

obtenha a quantidade de excesso, deve-se diminuir o valor do arco inferior do

paciente do valor da tabela. Se o resultado encontrado for menor que 91,3, a

discrepância corresponderá a um excesso de material dentário no arco superior,

devendo se proceder como anteriormente citado (BOLTON, 1958).

Page 17: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

16

Figura 1- A) A soma dos 12 dentes inferiores deverá ser dividida pela soma dos 12 dentes superiores e após multiplicada por 100. B) A soma dos 6 dentes anteriores inferiores deverá ser dividida pela soma dos 6 dentes superiores e após multiplicada por 100.

Fonte: Florman, Lobiondo, Partovi, 2008.

Para se obter o índice de proporção anterior, basta executar o mesmo

procedimento, utilizando-se somente a soma dos dentes de canino a canino. Neste

caso, o valor normativo é 77,2. Se a proporção anterior for maior que 77,2, o

excesso de material dentário está no arco inferior e, se for menor, o excesso estará

no arco superior. Para localizar a quantidade de excesso utiliza-se a tabela de

proporção anterior. Este autor salientou, ainda, que a análise proposta não substitui

o set up, que deve ser utilizado quando se realiza o diagnóstico por este método

(BOLTON, 1958).

Bolton (1958, 1962) descreveu, também, que se houverem discrepâncias,

talvez seja necessária a utilização de procedimentos para compensar as alterações,

tais como desgastes interproximais nos casos de excesso de tamanho dentário ou

acréscimo, através de procedimentos de dentística restauradora, nos elementos com

deficiência de tamanho.

A

B

Page 18: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

17

Após 8 anos da utilização de sua análise de discrepância de tamanho

dentário, Bolton (1962) afirmou que não havia mais necessidade de se fazer o set up

diagnóstico, a não ser em casos extremos. Afirmou, ainda, que a aplicação da

fórmula matemática proposta no seu primeiro trabalho, somada à observação clínica,

poderia localizar mais desarmonias do que a realização do set up diagnóstico.

Crosby e Alexander (1989) aplicaram a Análise de Bolton em 109 pacientes,

que foram divididos em quatro grupos: Classe I; Classe II, Divisão 1; Classe II,

Divisão 2 e, Classe II cirúrgica. Avaliaram a discrepância do tamanho dentário entre

os diferentes grupos de maloclusões. Concluíram que não ocorreu diferença de

discrepância dentária entre os grupos de maloclusões, mas que, em cada grupo,

houve diferenças de tamanho dentário. Os autores sugeriram que sempre se realize

a Análise de Bolton, no início do tratamento, para um correto diagnóstico e plano de

tratamento, garantindo maior estabilidade dos resultados no final do tratamento

ortodôntico.

Pinzan, Martins e Freitas, em 1991, apresentaram um artigo, divulgando a

Análise de Bolton, através de sua da aplicação prática em dois casos clínicos.

Afirmaram que a finalidade dessa análise é a de predizer o relacionamento final dos

dentes nos tratamentos ortodônticos, auxiliando na seleção de dentes a serem

extraídos ou desgastados, além de localizar algum dente com medidas alteradas,

que pudessem influenciar na estética e na oclusão final.

Shellart et al. (1995) realizaram um estudo com quatro clínicos diferentes,

solicitando que cada um aplicasse a Análise de Bolton em 15 pares de modelos,

com dois instrumentos diferentes (paquímetro e compasso de pontas secas), em

duas sessões. Os modelos apresentavam pelo menos 3 mm de apinhamento.

Concluíram que erros de mensuração clinicamente significantes podem ocorrer em

modelos com pelo menos 3 mm de apinhamento e que o paquímetro apresentou

maior freqüência de resultados repetidos sendo, portanto, mais confiável para esse

tipo de análise do que o compasso de pontas secas.

Freeman, Maskeroni e Lorton (1996) analisaram 157 modelos obtidos de

pacientes do curso de residência em Ortodontia, das Forças Armadas dos Estados

Unidos, e aplicaram, nesses modelos iniciais, a Análise de Bolton. A média

encontrada para todo o arco foi de 91,4%, com desvio padrão de 2,57. Dos 157

casos, 21 (13,4%) apresentaram valores fora do limite do desvio padrão proposto

por Bolton. Para a região anterior, a média foi de 77,8%, com desvio padrão de

Page 19: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

18

3,07, e 48 casos (30,6%) estiveram fora dos valores do limite de desvio padrão

proposto por Bolton. Concluíram que a análise deve ser feita em todos os casos para

permitir uma maior eficácia nos resultados e que não se pode prever a discrepância

total por meio da discrepância dos seis dentes anteriores, nem só dos posteriores.

Os autores encontraram um maior número de pacientes com excesso inferior do que

superior, em relação aos seis dentes superiores e, em relação à discrepância total,

houve igualdade para os dois arcos.

O diagnóstico e o planejamento detalhados, incluindo a avaliação das

discrepâncias do tamanho dentário, permitirão um tratamento mais específico e

consciente, para uma finalização apurada, com adequado trespasse horizontal e

vertical. Freqüentemente, nas últimas fases do tratamento ortodôntico, descobre-se

que não será possível finalizar o caso adequadamente, pois o tamanho dos dentes

superiores não é compatível com os inferiores, ou seja, os dentes superiores e

inferiores não apresentam uma proporção adequada para permitir uma boa relação

vertical e horizontal (RAMOS et al., 1996).

Heusdens, Dermaunt e Verbeeck (2000) realizaram um estudo com o objetivo

de: comparar o tamanho total dos dentes anteriores com as taxas reportadas por

Bolton e por estudos epidemiológicos; avaliar com exatidão a discrepância do

tamanho dentário mensurada; investigar até que ponto a discrepância do tamanho

dentário afeta a oclusão, entre outros. Os resultados mostraram não haver diferença

no total do tamanho dentário, no índice de Bolton, mas na região anterior houve

diferença estatística devido à variabilidade morfológica dos incisivos superiores. O

efeito da discrepância de tamanho dentário generalizado na oclusão parece ser

limitado. Apenas em situações severas de discrepância dos dentes o resultado da

oclusão final, avaliado no set up, foi afetado em maior extensão.

Com a intenção de comparar o tamanho dentário entre diferentes grupos de

maloclusão, Fattahi, Pakshir e Hedayati (2006) realizaram estudo onde avaliaram se

há diferença entre o dimorfismo sexual e o tamanho dentário dos dentes

intermaxilares (discrepância anterior, posterior e total) comparando com maloclusões

de Classe I; Classe II, Divisão 1 ; Classe II, Divisão 2 e Classe III e, ao final,

compararam o tamanho dentário destes pacientes com os do estudo de Bolton. Os

resultados mostraram que a taxa média anterior (79,1%), para o total da amostra foi

diferente estatisticamente da taxa de Bolton (77,2%), mas não houve diferença

estatística para a taxa total. No grupo de maloclusão de Classe III, a taxa total e

Page 20: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

19

posterior foram estatisticamente maiores do que os outros grupos de maloclusão

P<0.05. A taxa média anterior nos grupos de Classe III foi maior do que o grupo de

Classe II. Entretanto, não houve diferença quando comparados com os grupos de

maloclusão de Classe I. Para os dois tipos de maloclusão de Classe II, não foram

observadas diferenças significativas nas taxas. No grupo de maloclusões de Classe

I, a taxa anterior e total foi significativamente maior do que as da maloclusão de

Classe II, Divisão 1, mas não naquelas com maloclusão de Classe II, Divisão 2.

2.1.3 Índice Peck e Peck

Os dentes são, por natureza, estruturas com formas definidas, portanto, uma

alteração de forma individual ou de dentes pertencentes a um grupo determinado, de

posicionamento e ou do diâmetro mesio-distal, poderá originar uma maloclusão

(PECK; PECK, 1972).

A principal concepção de Peck e Peck (1972) consiste na estabilidade das

correções rotacionais dos incisivos inferiores mais do que nas considerações sobre o

tamanho dos dentes. Os autores sugerem que a relação entre a dimensão vestíbulo-

lingual (VL) dos incisivos inferiores e sua dimensão mesio-distal (MD) devem

alcançar a proporção de 1:1 (MD/VL x 100) (Figura 2). Se o diâmetro mesio-distal for

maior que o vestíbulo-lingual, recomendam o desgaste. Como é provável que a

maior dimensão esteja a nível subgengival, esta medição deve ser intra-oral (Figura

3 e 4). De acordo com os autores, o alinhamento dos incisivos inferiores depende do

índice MD/VL. Segundo eles, para um adequado alinhamento, o ideal seria o

diâmetro VL>MD, ou seja, <100. Quando as dimensões dentárias forem maiores que

as suas normas calculadas, recomendam o recontorno de suas superfícies proximais

pela remoção de esmalte de até 4 mm. Se os incisivos estiverem severamente

apinhados, o desgaste ficará limitado, sendo muitas vezes indicada então a

exodontia de pré-molares.

Page 21: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

20

Figura 2 - Diâmetro M/D x V/L. Fonte: Peck e Peck, 1972.

Figura 3 e 4 - Medição intra-oral do diâmetro M/D x V/L. Fonte: Peck e Peck, 1972.

Peck e Peck (1972) concluíram que se deve considerar a forma dentária da

coroa dos incisivos inferiores e o índice MD/VL para um manejo ortodôntico bem

sucedido do tratamento das irregularidades dos incisivos inferiores. Entretanto, vale

salientar que o apinhamento dentário também corresponde a um fenômeno natural

do envelhecimento, de tal maneira que, mesmo os incisivos com a melhor forma e

alinhamento podem, inevitavelmente, apinhar com a idade. O índice MD/VL para os

incisivos inferiores é um fator importante na estabilidade da correção e na previsão

da recidiva do apinhamento ântero-inferior e das rotações. O índice (MD/VL x 100)

não deve ser considerado uma “ferramenta divina” ortodôntica, pois podem existir

outras variáveis, além da morfologia dentária isoladamente, que são capazes de

perturbar a estabilidade do alinhamento.

Peck e Peck, em 1972, realizaram um estudo para examinar e comparar as

dimensões das coroas dos incisivos mandibulares nas faces mesio-distal e

vestíbulo-lingual e verificar qual sua relação com o alinhamento natural destes

Page 22: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

21

dentes. Todos os pacientes examinados deveriam possuir os seguintes requisitos:

dentição completa permanente, sem tratamento ortodôntico, contatos proximais

presentes entre os incisivos, mínimo de desvio e rotação. Para este estudo,

utilizaram uma amostra de dois grupos de jovens adultas; um grupo com 45 pessoas

com incisivos inferiores perfeitamente alinhados e outro grupo controle com 70

pessoas da população. As medições foram realizadas diretamente em boca, usando-

se um calibrador em milímetros; as dimensões mesio-distais foram feitas na borda

incisal, e as vestíbulo-linguais, subgengivalmente. Os resultados indicaram que

incisivos inferiores naturalmente bem alinhados possuíam características

dimensionais distintas no sentido mesio-distal e vestíbulo-lingual. Quando

comparados com a média das dimensões das coroas nos grupos populacionais de

controle, os incisivos inferiores com alinhamento perfeito foram significativamente

menores no sentido mesio-distal e maiores no sentido vestíbulo-lingual. Estes

resultados provaram que, existem características dimensionais distintas em dentes

bem alinhados, havendo uma estreita ligação entre a ausência de apinhamento e

certas dimensões de tamanho dentário.

2.1.4 Índice de Irregularidade Little

Para Little (1975), a evidência da progressiva instabilidade do tratamento

ortodôntico é primeiramente notada pelo apinhamento dos incisivos inferiores, após

a remoção das contenções. Quaisquer que sejam os fatores causadores da recidiva,

a irregularidade dos incisivos inferiores é sempre a precursora do apinhamento

superior, da sobremordida e da deteriorização do caso tratado. Já que a situação

dos seis dentes ântero-inferiores parece ser um fator limitante no tratamento e na

estabilidade, seria lógico desenvolver um índice de diagnóstico que refletisse

precisamente a condição destes dentes. Sendo assim, em 1975, Little apresentou

um método quantitativo, a fim de verificar a irregularidade dos dentes ântero-

inferiores. A técnica envolve a medição direta a partir do modelo do arco inferior com

um paquímetro (calibrador em décimos de milímetros com pontas finas) mantido

paralelo ao plano oclusal. Em seguida, é determinado o deslocamento linear dos

pontos de contato anatômicos adjacentes dos incisivos inferiores, onde a soma das

Page 23: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

22

cinco irregularidades representam a distância pela qual os pontos de contato devem

ser movidos para atingir o alinhamento (Figura 5). Embora os pontos de contato

possam variar no sentido vertical, a correção das discrepâncias verticais não afetará

significativamente o comprimento anterior do arco, e pode ser desconsiderada. O

autor também recomenda que os espaços mesio-distais sejam desconsiderados,

desde que os dentes em questão estejam alinhados apropriadamente.

Figura 5 - O índice é determinado pela soma da distância linear dos pontos de contato dos incisivos inferiores.

Fonte: Little, 1975.

Neste artigo, Little (1975), quantificou o apinhamento ântero-inferior, de

acordo com os seguintes critérios:

- 0 – 1 mm: alinhamento perfeito;

- 1 – 3 mm: apinhamento suave;

- 4 – 6 mm: apinhamento moderado;

- 7 – 9 mm: apinhamento severo e

- acima de 10 mm: apinhamento muito severo.

O mesmo autor testou a confiabilidade e a validade do método, que

apresentou resultados favoráveis. Este índice tem uma avaliação do comprimento do

arco e não leva em conta a análise cefalométrica, análise facial, idade, morfologia

dentária, efeitos de hábitos, entre outros. Por outro lado, oferece um guia para

quantificar o apinhamento ântero-inferior, para determinar as condições pré-

tratamento e as alterações após o tratamento, sendo muito útil para os ortodontistas

Page 24: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

23

em suas pesquisas e também para uso em programas de saúde pública e

assistencial.

2.2 INDICAÇÕES E CONTRA-INDICAÇÕES DOS DESGASTES INTERPROXIMAIS

Em 1944, Ballard recomendou cuidadoso desgaste das superfícies proximais,

principalmente no segmento anterior, quando estiver presente um desequilíbrio de

tamanho dentário, pois encontrou, em seu estudo, 90% da amostra com

discrepância no diâmetro mesio-distal.

Rogers e Wagner (1969) e Radlanski et al. (1988) verificaram que a

diminuição das dimensões mesio-distais das coroas dentárias, através do desgaste

do esmalte interproximal, é um tratamento bem conhecido e comumente aplicado na

Ortodontia.

Os desgastes interproximais são feitos tanto para eliminar problemas de

apinhamento e discrepância de tamanho dentário, quanto para aumentar a

estabilidade dos arcos, pois ao invés de pontos de contato, obtêm-se superfícies de

contato interproximais (TUVERSON, 1980; ZACHRISSON, 1978, 2004; FLORMAN;

LOBIONDO; PARTOVI, 2008).

Hudson, em 1956, realizou estudo em que efetuou desgaste das superfícies

proximais e obteve até 3 mm de espaço adicional, onde os pontos de contato

proximais foram recontornados, solucionando o problema do apinhamento dentário e

tornando o arco mais estável (ZACHRISSON, 1978; WILLIAMS, 1985; RADLANSKI

et al., 1988; TWESME et al., 1994). Sendo este um procedimento irreversível, é

imperativo que haja cuidadoso diagnóstico do caso e planejamento do tratamento,

para que se possa indicar a diminuição do diâmetro mesio-distal precisamente, após

outras medidas conservadoras terem sido descartadas (HUDSON, 1956; PASKOW,

1970; BARRER, 1975; ZACHRISSON, 1978).

Freqüentemente, após o tratamento ortodôntico, ocorre recidiva no

alinhamento dos incisivos, podendo haver inúmeras causas para isto. Dentre elas, a

forma e o tamanho dos dentes podem ser determinantes na presença do

apinhamento inferior. Nestes casos, a redução do esmalte interproximal é indicada

para produzir uma anatomia dental mais adequada, aumentando a estabilidade do

Page 25: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

24

tratamento (BOLTON, 1958; PECK; PECK, 1972, 1972; BARRER, 1975;

TUVERSON, 1980; WILLIAMS, 1985; JOSEPH; ROSSOUW; BASSON, 1992).

Este procedimento foi pouco utilizado antes da colagem direta, pois o

tratamento era realizado com a bandagem de todos os dentes, impossibilitando a

realização desta técnica para a obtenção de espaço (SHERIDAN, 1985).

O desgaste do esmalte nas superfícies proximais foi idealizado para o

tratamento de casos com discrepâncias entre as larguras dos dentes superiores e

inferiores. Bolton, em 1958, relatou a desarmonia do tamanho dentário e sua relação

para análise e tratamento das maloclusões. Este estudo, junto com o de Ballard

(1944), sobre a assimetria do tamanho dentário, fatores etiológicos, diagnóstico e

tratamento, suportaram a necessidade de avaliar os problemas de discrepância das

dimensões dentárias, podendo ser o uso do desgaste interproximal uma forma de se

corrigir este problema.

As discrepâncias de tamanho dentário na região anterior afetam a estética e a

relação funcional dos dentes. Estas discrepâncias são descritas como um excesso

relativo de estrutura dentária em um arco, podendo ser resultado de redução

localizada ou generalizada no tamanho no arco oposto (BOLTON, 1958).

O desgaste interproximal é indicado, principalmente, quando há discrepância

de Bolton, que acomete grande porcentagem dos pacientes (LUSTERMAN, 1954;

BOLTON, 1958; DIPAOLO; BORUCHOV, 1971; ZACHRISSON, 1978; GRABER;

VANARSDALL, 2002; PROFITT, 2002; NANDA, 2007). Os dentes responsáveis pela

discrepância devem ser identificados e, quando indicado, devem ser desgastados,

para que haja equilíbrio entre seus diâmetros mesio-distais, alcançando

intercuspidação, função e estabilidade adequada no final do tratamento (BOLTON,

1958; DIPAOLO; BORUCHOV, 1971; NANDA, 2007; CHUDASAMA, 2007).

Estudos subseqüentes ao de Bolton (1958), como os de Crosby e Alexander

(1989) e Freeman, Maskeroni e Lorton (1996), demonstraram que 20% dos

pacientes apresentam discrepância de tamanho dentário, decorrente de um excesso

dentário no arco inferior.

Quando há dúvida quanto à presença de discrepância, indica-se um set up

para orientar o plano de tratamento, pois este, junto à Análise de Bolton, descreverá

a magnitude do problema, na maioria dos casos (BOLTON, 1958; SHERIDAN, 1985,

1987, 1992, 1997; ZHONG et al., 2000; PROFITT, 2002).

Page 26: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

25

Na região posterior, devido à maior espessura do esmalte da região proximal,

os desgastes fornecem espaço para movimentar os dentes anteriores distalmente,

até que este seja suficiente para resolver o apinhamento da região anterior, devendo

utilizar ancoragem para evitar a mesialização do segmento posterior (SHERIDAN,

1985, 1987; TWESME e t a l . , 1994; CHUDASAMA, 2007; CHUDASAMA;

SHERIDAN, 2007).

Segundo Paskow (1970), com o fornecimento de espaço suficiente entre os

dentes, ocorrerá alinhamento espontâneo em quatro semanas. Entre três e seis

meses, todo o alinhamento que o espaço permitir é conseguido, mostrando

estabilidade. A avaliação da necessidade de maiores desgastes deverá ser realizada

em consultas subseqüentes.

Dipaolo e Boruchov (1971) afirmavam que pacientes com excesso de material

dentário ântero-inferior, normalmente apresentam uma relação incisal, sobremordida

e sobressaliência alteradas, e que o desgaste interproximal pode ser feito em dentes

anteriores superiores e inferiores, reduzindo a sobremordida e sobressaliência,

assim como a inclinação axial, restabelecendo o equilíbrio da largura entre os

dentes.

Peck e Peck, em 1972, quando formularam o seu índice, defenderam o

desgaste interproximal dos incisivos inferiores, de acordo com a determinação da

média ideal. Outros autores, como Boese (1980), concordam com Peck e Peck

(1972), e ainda concluem que o desgaste interproximal agrega os pontos de contato

anatômicos, podendo produzir um obstáculo mecânico contra qualquer potencial de

recidiva.

Zachrisson (1978) descreveu que a idade do paciente não é um fator limitante

para a realização de desgaste interproximal. Pacientes jovens podem ser

submetidos a este tipo de tratamento sem desconforto significativo e, quando este

existir, será leve e reversível, sendo estas reações suavizadas em pacientes mais

velhos pela retração pulpar.

Em 1980, Tuverson inferiu que, quando existir discrepância com deficiência

de material dentário ântero-superior, após os dentes estarem nas suas posições

desejadas, pode-se complementar a correção através da redução mesio-distal das

coroas dos dentes inferiores ou pela exodontia de um incisivo inferior, para se obter

uma favorável sobremordida e sobressaliência. Quando a discrepância for de até 4

mm, elimina-se a necessidade de exodontia ou expansão do arco, através de

Page 27: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

26

desgastes interproximais, obtendo-se um resultado mais estável pela substituição

dos pontos de contato, por áreas ou faces de contato (LUSTERMAN, 1954;

BARRER, 1975; TUVERSON, 1980; SHERIDAN, 1985, 1987; P I ACENTINI;

SFONDRINI, 1996; TAVARES; JUCHEM, 2004).

Tuverson (1980) indicou que reduções de 0.3 mm podem ser realizadas em

cada face dos incisivos inferiores e 0.4 mm para os caninos inferiores, sem

prejudicar a vitalidade pulpar, e enfatizou que o desgaste interproximal seria uma

alternativa para casos limítrofes de exodontias. O desgaste interproximal seria mais

previsível do que a exodontia, não deixando excesso de espaço para ser fechado,

diminuindo o tempo de tratamento (TAVARES; JUCHEM, 2004; FLORMAN;

LOBIONDO; PARTOVI, 2008).

Boese, em 1980, indicou o desgaste interproximal para incisivos apinhados,

com proporções mesio-distais e vestíbulo-linguais pobres, e pontos de contato com

formatos desfavoráveis, devendo o desgaste ser realizado tão logo seja feito o

alinhamento dos incisivos inferiores, proporcionando melhor forma dos incisivos no

início do tratamento. O autor afirmou também que o desgaste interproximal pode ser

realizado após a remoção do aparelho, ou durante a fase de contenção, quando se

notam alterações ao passar o fio dental, quando os pontos de contato estão se

tornando extremamente apertados ou quando houverem alterações acentuadas na

forma do arco inferior. O autor atenta aos profissionais sobre os benefícios da

realização deste procedimento, apresentando vantagens, como a transformação dos

pontos de contato em superfícies de contato, gerando maior estabilidade e aumento

do espaço disponível na região anterior.

Betteridge, em 1981, avaliou a efetividade do desgaste interproximal para

corrigir o apinhamento e determinar o efeito na dentição um ano após a remoção da

contenção. O índice de apinhamento utilizado foi o de BI (Betteridge, 1976), sendo

avaliados 17 casos com uso de desgaste interproximal. A quantidade de desgaste

realizado obedeceu à tabela de espessura de esmalte de Peck e Peck. As medidas

foram tomadas antes de o tratamento começar, e repetidas um ano após a remoção

da contenção. Os resultados mostraram que, quanto à efetividade do tratamento, a

melhora na aparência dos incisivos inferiores foi de boa a moderada, e o índice de

apinhamento diminuiu de 1.09 para 1.02, apresentando recidiva de apinhamento em

alguns casos. Quanto à relação interincisal, os incisivos retro inclinaram 2°, e houve

uma diminuição da distância intercaninos de 1 mm. Porém, o autor alerta que o

Page 28: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

27

desgaste interproximal é uma técnica limitada como método para compensar

apinhamento dos incisivos inferiores, e que os resultados não devem ser

considerados elevadamente, pois há um período de tendência de recidiva.

Em 1981, Fields Jr. demonstrou como podem ser resolvidos problemas de

excesso de tamanho dentário dos dentes ântero-inferiores. O autor enumerou

algumas condições que podem contribuir para o excesso relativo mandibular, como:

dentes ântero-inferiores uniformemente grandes; dentes ântero-superiores

uniformemente pequenos; incisivos laterais superiores pequenos; incisivos laterais

superiores conóides e a falta de dois incisivos inferiores com deslocamento dos

caninos para substituí-los. Relatou ainda que, o máximo de desgaste interproximal

que pode ser feito para compensar essa discrepância é de 2 a 2,5 mm, e que

pequenas diferenças podem ser compensadas por meio de dobras artísticas. Para

se fazer um diagnóstico diferencial deve-se, além da Análise de Bolton, realizar um

set up e enceramento de diagnóstico nos modelos.

Sheridan (1985) afirmou que desgastes interproximais podem ser indicados

para tratamento que apresentam discrepância de modelos de 4 a 8 mm, e que a

quantidade de esmalte a ser removida está na dependência da forma dos dentes,

ou seja, pode-se remover mais esmalte proximal em dentes triangulares (Figura 6 A

e B) do que naqueles em que as faces proximais tendem ao paralelismo, sendo uma

alternativa para a expansão ou extração (BARRER, 1975; RHEE; NAHM, 2000;

TAVARES; JUCHEM, 2004; CHUDASAMA, 2007; CHUDASAMA; SHERIDAN, 2007;

FLORMAN; LOBIONDO; PARTOVI, 2008) . F lorman, Lobiondo e Partovi (2008)

indicaram também o desgaste interproximal em dentes com forma de barril, onde

observaram espaços incisais triangulares não muito aceitáveis esteticamente.

Nestes, o desgaste interproximal permitiu que os dentes fossem reaproximados.

Page 29: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

28

Figura 6 – A) Formas dentárias: retangular, triangular e em forma de barril. B) Disposição de esmalte de acordo com a forma dentária. Fonte: Florman, Lobiondo e Partovi, 2008.

Com a redução de metade do esmalte em cada um dos oito pontos de contato

dos dentes posteriores, aproximadamente 0.8 mm por dente (0.4 mm por face), são

criados 6,4 mm de espaço e 2.5 mm dos dentes anteriores, permitindo um ganho de

até 8.9 mm de espaço, se o desgaste for realizado a partir da mesial dos primeiros

molares permanentes, evitando-se expansão ou extrações indesejáveis

(SHERIDAN, 1985, 1987, 1997).

Com o desgaste interproximal dos dentes posteriores, o tempo de tratamento

é significativamente menor do que nos casos com extração de quatro pré-molares,

pois o esmalte é reduzido na quantidade requerida pela discrepância dentária do

arco (EL-MANGOURY et al., 1991; TWESME et al., 1994).

Owen, em 1993, indicou o desgaste interproximal nos dentes anteriores

superiores para os casos em que se realiza a extração de um incisivo inferior em

que poderá ser criado um overjet, que deverá ser corrigido. Os pacientes deverão

ser selecionados de acordo com alguns critérios: paciente Classe I, com

apinhamento moderado, perfil aceitável, apinhamento suave no arco superior,

mínima sobressaliência e sobremordida, e mínimo potencial de crescimento. O autor

indicou que, em todos os casos que se optar por extração de um incisivo inferior,

seja realizado um set up, para verificar se será necessário o desgaste interproximal

B A

Page 30: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

29

superior e, se for necessário, qual quantidade deste desgaste, com a finalidade de

se obter uma oclusão aceitável no final do tratamento.

Segundo Brinkmann, Otani e Nakata,1991 e Rosa, Cozzani e Cozzani (1994)

o desgaste interproximal também está indicado em casos de apinhamento dentário

de 2 a 6 mm na dentição mista. O espaço conseguido pelo desgaste seqüencial dos

dentes decíduos posteriores pode permitir o alinhamento espontâneo dos incisivos

permanentes (SHERIDAN, 1985, 1987, 1997; BRINKMANN; OTANI; NAKATA,

1991).

Em 1998, Stroud, English e Buschang quantificaram o desgaste interproximal

na região posterior do arco dentário inferior. Conforme o estudo, existem

aproximadamente 10 mm de esmalte na região posterior (2 pré-molares e 2 molares)

de cada hemiarco. Considerando-se a redução de 50% do esmalte, estes dentes

são capazes de promover 5 mm de espaço em cada hemiarco, o que totaliza 10 mm

de espaço adicional para o tratamento ortodôntico no arco inferior. Os autores

salientaram que o desgaste interproximal é bem indicado para discrepâncias de arco

menores que a soma dos diâmetros mesio-distais de dois pré-molares. Afirmam

ainda que, este tipo de terapia, deve ser realizada, apenas em casos de

apinhamento dentário leve, pacientes com boa higiene oral e relação de molares de

Classe I com perfil equilibrado (BETTERIDGE, 1981).

Capelli Jr., Cardoso e Rosembach (1999), indicaram o desgaste interproximal

para casos borderline, quando o perfil é agradável e a discrepância do tamanho

dentário não é muito acentuada, sendo o desgaste interproximal uma alternativa

mais conservadora, já que, com o envelhecimento, o perfil facial se torna mais

côncavo, e este fato deve ser levado em consideração no momento de indicar

extrações para pacientes jovens que possuem perfil reto ou tendendo a côncavo.

Sheridan, em 2000, descreveu algumas razões para a realização de desgaste

interproximal em dentes anteriores e posteriores, desde que o apinhamento dentário

seja de suave a moderado, como: obtenção de melhor relação interincisal, melhor

estabilidade reduzindo a tendência de recidiva, melhor morfologia dos pontos de

contato, correção de suaves desvios de linha média, eliminação de espaços

interproximais triangulares, simplificação da mecânica ortodôntica e a possibilidade

de evitar exodontia em casos selecionados de pacientes adultos.

Rhee e Nahm (2000) avaliaram a relação da forma da coroa dos incisivos

com o apinhamento dentário e correlacionaram com o Índice de Irregularidade de

Page 31: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

30

Little. Concluíram que ocorre uma maior prevalência de apinhamento dentário em

indivíduos com incisivos de forma triangular, pois a taxa da largura destes incisivos

é relacionada ao índice de irregularidade. Portanto, esta taxa pode ser um

proveitoso instrumento para diagnóstico, tratamento e protocolo de maloclusão por

apinhamento.

Segundo Harfin (2000), o desgaste interproximal pode ser realizado nos

casos de maloclusão de Classe I, sem crescimento, com apinhamento de até 3 mm

no arco inferior, e de até 4 mm no arco superior. A autora destacou que esta técnica

proporciona resultados clínicos satisfatórios quanto ao alinhamento dentário, com

mínima alteração no perfil, e sem expansão no arco, além de evitar extrações,

promovendo resultados estáveis e eliminando espaços triangulares nas regiões

cervicais dos dentes em pacientes adultos.

Capelozza Filho et al. (2001) indicaram o desgaste interproximal para

pacientes adultos que desejam um tratamento rápido e que elimine suas queixas,

devendo, portanto, utilizar uma abordagem direcionada para eliminá-las e

estabelecer uma relação oclusal fisiológica, limitando-se às regiões da arcada

dentária com comprometimento estético ou funcional.

Segundo Graber e Vanarsdall (2002) quando o problema se encontra na

região ântero-superior, é comum observar compensações dentárias, como

sobremordida e sobressaliência mais acentuadas, dentes anteriores superiores com

apinhamento e oclusão imprópria na região posterior, onde os dentes superiores

estarão mais distais, em relação aos inferiores. Este autor descreveu que o set up

diagnóstico deve ser realizado quando a discrepância do tamanho dentário exceder

2,5 mm.

Pinheiro, em 2002, indicou o desgaste interproximal para a correção de Curva

de Spee leve e para compensações de maloclusões de Classe II e Classe III

(SOKOLINA; BLOOMSTEIN, 2002). Nos casos de maloclusões de Classe II,

tratados com exodontia de dois pré-molares superiores, o uso de desgaste

interproximal é benéfico para a correção do apinhamento inferior, melhorando o

posicionamento dentário, assim como a inclinação axial dos incisivos (STROUD;

ENGLISH; BUSCHANG, 1998; PINHEIRO, 2002).

Zachrisson (1978, 1986, 2004), Chudasama (2007), Florman, Lobiondo e

Partovi (2008) indicaram o desgaste interproximal para melhorar o contorno gengival

e eliminar os espaços triangulares negros sobre a papila gengival, melhorando a

Page 32: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

31

estética e o sorriso, principalmente em pacientes adultos, onde a incidência é maior,

devendo os pontos de contato ser colocados mais apicalmente, por meio da redução

mesio-distal.

Cuoghi et al. (2007) realizaram uma revisão de literatura sobre o uso do

desgaste interproximal e relataram que este está indicado para casos de

discrepância de tamanho dentário e para apinhamentos dentários suaves e

moderados. Os autores concluíram que a saúde dental e periodontal pode ser

preservada por meio destes procedimentos, desde que se respeitem os limites

biológicos, não ultrapassando a metade da quantidade de esmalte existente nas

faces que serão desgastadas, mantendo a proporção mínima entre coroa e raiz no

sentido mesio-distal e evitando alterações periodontais, em virtude da proximidade

radicular inadequada.

O desgaste interproximal é contra-indicado para pacientes com má higiene

oral, susceptíveis à cárie e à doença periodontal (TUVERSON, 1980; BETTERIDGE,

1981; SHERIDAN, 1985, 1987, 1992; RADLANSKI et al., 1988; JOSEPH;

ROSSOUW; BASSON, 1992; CAPELLI JR.; CARDOSO; ROSEMBACH, 1999;

HARFIN, 2000).

Dipaolo e Boruchov (1971) e Zachrisson (1978) contra-indicaram o desgaste

interproximal em dentes com hipoplasia de esmalte ou outros defeitos no mesmo.

Pacientes com dentes pequenos e sensíveis ao frio não devem ser

desgastados, segundo Pinheiro (2002) e Florman, Lobiondo e Partovi (2008). Os

autores contra-indicaram também o desgaste das superfícies proximais para os

casos de pacientes susceptíveis à cárie, com múltiplas restaurações, dentes mal

posicionados, dentes com formas retangulares e com apinhamento severo maior que

8 mm.

2.3 TÉCNICAS DE DESGASTES INTERPROXIMAIS

Inicialmente, o desgaste interproximal descrito por Hudson, em 1956, foi

realizado com lixa metálica. O uso de discos adaptados em contra-ângulo foi

introduzido posteriormente, e recomendado por diversos autores (TUVERSON,

1980; ZACHRISSON, 1986; JOSEPH; ROSSOUW; BASSON, 1992).

Page 33: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

32

Dipaolo e Boruchov (1971) e Sheridan (1987) destacaram a importância da

mensuração do esmalte interproximal e da largura da raiz em relação à coroa,

estabelecendo a radiografia periapical como método de avaliação, onde o limite do

desgaste deve ser a metade do esmalte interproximal, e a coroa não deve ser

desgastada além da largura da raiz, o que impediria o fechamento do espaço,

devido à criação de proporções desfavoráveis, tornando a largura radicular maior em

relação à coroa, podendo desenvolver problemas periodontais.

São necessários exames radiográficos periapicais e modelos de estudo para

avaliar: a discrepância de modelo, a convexidade das superfícies proximais, a

espessura do esmalte, o tamanho das restaurações e a disposição das raízes que

determinarão a quantidade de material dentário a ser removido, o que também

servirá para a realização de um diagnóstico por set up, caso necessário, para

orientar o plano de tratamento (DIPAOLO; BORUCHOV, 1972; PHILIPE, 1991;

TWESME et al., 1994; GRABER; VANARSDALL, 2002). Caso contrário, corre-se o

risco de remover excessiva quantidade de esmalte, com problemas de exposição

dentinária e subseqüente descoloração e sensibilidade (ZACHRISSON, 1986).

A análise de Bolton sobre a discrepância do tamanho dentário e um

diagnóstico por set up poderá ser necessário para orientar o plano de tratamento,

principalmente nos casos de ausência ou exodontia de incisivo inferior, pois ocorre

discrepância dentária na arcada superior (BOLTON, 1958; SHERIDAN; HASTINGS,

1992; GRABER; VANARSDALL, 2002; PROFITT, 2002; NANDA, 2007).

Harris e Hicks (1998) examinaram a espessura do esmalte e padrões de

variação de sua espessura na mesial e distal de incisivos superiores. Estas medidas

foram tomadas em radiografias periapicais padronizadas dos incisivos de 115

adolescentes americanos brancos. O esmalte foi significativamente maior na distal

do que na mesial, tanto para o incisivo central quanto para o incisivo lateral, com

uma diferença média de 0,1 mm. Não houve dimorfismo sexual na espessura

máxima do esmalte mesial e distal.

Tormin Jr. et al., em 2001, em um estudo in vitro, avaliaram a espessura do

esmalte nas faces proximais dos incisivos inferiores, com o auxílio de um

perfilômetro, após as peças serem seccionadas no sentido mesio-distal. A análise

estatística das médias demonstrou diferenças significativas na dimensão mésio-

distal entre os incisivos laterais e centrais inferiores, sendo o maior diâmetro o dos

laterais. A espessura do esmalte na face distal é maior do que na mesial, sendo a

Page 34: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

33

diferença entre as médias de 0.170 mm. Os resultados estatísticos permitiram

verificar que existe correlação positiva entre a largura mesio-distal máxima dos

incisivos laterais inferiores com as correspondentes espessuras nas faces mesial e

distal.

Araújo, Motta e Mucha, em 2005, avaliaram a espessura do esmalte

interproximal de incisivos inferiores que foram desgastados através de medições

realizadas em imagens digitais de radiografias periapicais. Os resultados indicaram

que estas radiografias, mesmo com imagens aumentadas em 10 vezes, não são

ideais para se realizar este tipo de avaliação, pois não possibilitaram obter medidas

adequadas em 50% da amostra. As médias encontradas para as espessuras de

esmalte foram de: 0,84 mm para distal do incisivo lateral; 0,78 mm para mesial do

incisivo lateral; 0,74 mm para distal do incisivo central e, 0,70 mm para a mesial do

incisivo central.

Fischer, Valle-Corotti e Vellini-Ferreira (2006) avaliaram a espessura do

esmalte proximal de segundos pré-molares superiores e sua correlação com o

diâmetro mesio-distal. Foram avaliados 42 dentes, divididos em dois grupos (grupo

do lado direito e grupo do lado esquerdo). Os dentes foram medidos com um

paquímetro digital (Mitutoyo) de precisão centesimal. Após os dentes serem

seccionados, as espessuras do esmalte nas faces proximais foram medidas por

meio de um perfilômetro (Mitutoyo) de precisão milesimal. O valor médio do diâmetro

mesio-distal máximo para o segundo pré-molar superior direito foi de 6,81 mm, com

desvio padrão de 0.45; para o esquerdo, foi de 6.89 mm, com desvio padrão de

0.39. No total, o valor médio foi de 6,85 mm, com desvio padrão de 0.42. O valor

médio da espessura do esmalte mesial foi de 1.101 mm, com desvio padrão de

0.176 e na distal, 1.157 mm, com desvio padrão de 0.150. Independente do lado, a

espessura média do esmalte foi maior na face distal do que na mesial.

Kelsten (1969) descreveu que quando os incisivos inferiores estiverem bem

alinhados, podem ser desgastados com maior precisão e com menos danos na

região interproximal. P ortanto, o autor preconiza que, em primeiro lugar, seja

realizado o alinhamento dos incisivos inferiores e, só depois, seja desgastada a

quantidade de esmalte necessária. A técnica consiste dos seguintes passos: mede-

se a largura intercaninos e constrói-se um arco 4 x 4, de aço 0.014”, com loop distal

ao canino para a região anterior. Este arco evitará a expansão. Amarram-se os

dentes com ligadura 0.12, para correção dentária. Depois de quatro semanas,

Page 35: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

34

realizam-se os desgastes das superfícies interproximais, mantendo a largura original

do arco, de maneira que melhore a inclinação axial dos incisivos, onde os dentes

desgastados serão mantidos no arco por meio de ligaduras. Este permanecerá em

boca por mais um mês. Coloca-se, então, uma contenção removível inferior para

uso diário, durante os seis primeiros meses, e à noite, indefinidamente.

Alguns autores preconizam separação prévia dos dentes a serem

desgastados, uma vez que é extremamente importante ter domínio sobre a área de

desgaste de esmalte e proporcionar melhor curvatura da superfície proximal,

evitando injúrias ao dente adjacente e às superfícies de contato anguladas

(HUDSON, 1956; KELSTEN, 1969; TUVERSON, 1980; SHERIDAN, 1985, 1987;

JARVIS, 1990; PIACENTINI; SFONDRINI, 1996; CHUDASAMA; SHERIDAN, 2007).

O espaço interproximal pode ser aberto com elásticos de separação ou molas

comprimidas, instaladas sete dias antes da realização dos desgastes (Figura 7 A e

B). Outra opção é a utilização de um separador mecânico (Figura 7 C) posicionado

entre os dentes, para separá-los na quantidade de espaço requerida para o uso de

instrumentos de desgaste (HUDSON, 1956; TUVERSON, 1980; SHERIDAN, 1987;

JARVIS, 1990; PIACENTINI; SFONDRINI, 1996; CHUDASAMA; SHERIDAN, 2007).

Figura 7 – A) Elástico de separação. Fonte: Chudasama e Sheridan, 2007. B) Mola aberta de NiTi. C) Separador mecânico Ivory.

Tuverson (1980), em estudo para a redução dentária interproximal, utilizou

discos abrasivos de abrasividade média 5/8” em contra-ângulo, tiras abrasivas e

A B

C

Page 36: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

35

escova dental elétrica para polimento. Foi realizada mecânica separadora prévia dos

dentes, para maior controle do desgaste interproximal. A técnica foi realizada sem

anestesia, e a quantidade de esmalte desgastado foi de 0.3 mm. O polimento final

foi realizado com discos mais finos.

Em 1985, Sheridan descreveu uma nova técnica para a remoção de esmalte

interproximal chamada AIR ROTOR STRIPPING (ARS), com alta rotação,

objetivando a remoção precisa de esmalte, para que os dentes pudessem ser

alinhados ou retraídos. Este procedimento diminuiria o tempo de tratamento e o

desconforto do paciente, além de evitar danos aos tecidos gengivais, causados pelo

uso de lixas metálicas ou discos diamantados. Para facilitar os procedimentos

operatórios, foi utilizado fio de aço 0.020”, no espaço interproximal, servindo como

indicador, e evitando danos aos tecidos gengivais, de forma a controlar a remoção e

o acabamento do esmalte (Figura 8 A e B). O fio 0.020” corresponde a um diâmetro

de 0,5 mm e, uma vez que foi sugerida a redução de 50% do esmalte interproximal,

este fio representa o parâmetro de controle para desgastar 0,5 mm de esmalte, em

cada uma das duas faces proximais que constituem o ponto de contato. Para a

realização dos desgastes, foi utilizada uma broca carbide trônco-cônica nº 699L que,

conforme o autor, promove maior controle e eficiência de desgaste em relação às

tiras de lixa, além de gerar menor quantidade de calor. A broca deverá ser guiada

paralela ao plano do fio indicador, em direção incisal ou oclusal, com leves

movimentos de desgaste. O procedimento é iniciado a partir da cervical, com

movimentos alternados de vestibular para lingual, reduzindo a superfície de esmalte,

até que o fio indicador possa ser removido livremente, em direção incisal. O autor

recomenda a finalização da remoção do esmalte interproximal com a utilização de

broca carbide, discos de polimento ou tiras de lixa de acabamento (Figura 9 A e B),

de modo que a superfície desgastada fique com aparência anatômica normal. O

autor descreve uma combinação de técnicas, que seria a realização do uso inicial de

broca carbide, seguido do uso de lixa metálica, utilizada para a remoção de

pequenas quantidades de esmalte interproximal, normalmente reservada para os

dentes anteriores inferiores, que permitem menor redução mesio-distal. Ainda

salienta que este é um procedimento irreversível, devendo ser iniciado com cautela.

Zachrisson (1986) sugeriu anestesia da papila interdental durante o desgaste

interproximal, a fim de melhor controlar o campo operatório e causar menor

desconforto para o paciente.

Page 37: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

36

Figura 8 - A) e B) Uso do fio de aço 0.020” no espaço interproximal, servindo como indicador, evitando dano ao tecido gengival.

Fonte: Chudasama e Sheridan, 2007.

Figura 9 – A) Discos para acabamento e polimento Sof-Lex.

Fonte: Cuoghi et al., 2007. B)Tiras de lixa diamantada para desgaste de 6 mm e 4 mm (Adaco) e tira de lixa

para acabamento 3M.

Em 1987, Sheridan sugeriu certas alterações à técnica de desgaste realizada

com alta rotação. Este procedimento deveria ser precedido pelo alinhamento prévio,

que corrigiria as angulações e rotações dentárias, movimentando os dentes até a

obtenção de pontos de contato satisfatórios para a realização dos desgastes. Para

melhor visualização e acesso da superfície interproximal, o autor indicou a

separação prévia das superfícies interproximais, por meio de molas de secção

aberta. Outra modificação diz respeito à realização dos desgastes de forma

seqüencial, de posterior para anterior, utilizando o fio indicador como guia e proteção

dos tecidos gengivais (Figura 10). Os desgastes interproximais são realizados com

broca carbide tronco-cônica nº 699L e seguido do uso de broca diamantada cônica

nº 135-EF ultrafina para acabamento.

A B

A B

Page 38: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

37

Figura 10 - Forma seqüencial de desgaste de posterior para anterior proposta por Sheridan, 1987.

Fonte: Sheridan, 1987.

Em 1989, Sheridan e Ledoux realizaram um estudo onde aplicaram selante

resinoso após o desgaste da superfície proximal e avaliaram em Miscroscopia

Eletrônica de Varredura (MEV). As faces proximais de 12 pré-molares extraídos

foram divididas em três grupos. Em cada grupo, os dentes foram desgastados com

brocas de diferentes granulações (média, fina e ultrafina). Duas superfícies de cada

grupo foram condicionadas por 20 segundos e lavadas para posteriormente, ser

aplicado o selante. As superfícies condicionadas mostraram excelente união aos

vários graus de rugosidades produzidas pelas diferentes brocas, não afetando a

qualidade da união. Cada face selada ficou perceptivelmente mais lisa e o esmalte

permaneceu inalterado. Os selantes que não aderiram à superfície de esmalte

interproximal foram àqueles aplicados nas superfícies não condicionadas,

independente do tipo de broca utilizada. Os autores concluíram que o uso de alta

rotação e do selante pode proporcionar valorosa prevenção de cáries interproximais

aos pacientes, requerendo apenas um tempo adicional para a aplicação do selante e

diminuindo o tempo de cadeira do profissional, na realização do acabamento das

superfícies.

Demange e Francois (1990) sugeriram a criação de uma tabela que aponte os

dentes que deverão ser desgastados, contendo suas medidas iniciais, a quantidade

de remoção que deverá ser feito de cada face e o valor final do tamanho dentário

após o desgaste interproximal. Foi utilizado um calibrador de medidas que mensurou

a quantidade de esmalte que foi removido de cada espaço interproximal. Os dentes

foram desgastados com discos diamantados flexíveis 0.15 mm e, no final, foi

Page 39: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

38

realizado polimento manual com tiras de poliéster. Dentes que se apresentavam em

posições severas foram alinhados previamente ao desgaste. As discrepâncias

dentárias foram determinadas no início do tratamento, podendo os dentes ser

desgastados em única sessão ou em sessões subseqüentes, dependendo da

sensibilidade dentinária, da quantidade de desgaste e do grau de má posição

dentária.

Philippe (1991) descreveu um método de desgaste de esmalte interproximal

para correção de discrepância dentária em adultos, com a finalidade de evitar a

expansão do arco ou a extração dentária. Foram utilizados: micro-motor; alta

rotação; contra-ângulo; discos diamantados ultrafinos (1mm) com apenas uma face

revestida; discos diamantados (2mm) com toda face revestida; duas brocas

diamantadas de granulação média; um jogo de oito medidores (Figura 11 A) para

mensurar o espaço desgastado e um especímetro (paquímetro) digital (Figura 11 B)

. A técnica proposta pelo autor envolveu três etapas. A primeira foi a de redução da

superfície interproximal com disco ultrafino, sendo o jogo de medidores utilizado para

medir o espaço interdental que deveria corresponder ao total de esmalte reduzido. A

segunda etapa foi o recontorno da superfície para obter-se uma forma normal e uma

ameia para polimento, que pode ser realizado com broca nº 8833. A terceira etapa

foi a proteção da superfície desgastada, que pode ser realizada de duas maneiras:

através do uso de brocas diamantadas superfinas ou disco de papel, seguido da

aplicação de flúor; ou a proposta de Sheridan e Ledoux (1989) que sugerem a

aplicação de selante após o ataque ácido. A segunda técnica é mais rápida, porém,

restam algumas dúvidas em função de, ao longo do tempo, o selante se dissolver no

meio bucal.

Figura 11- A) Jogo de medidores interproximais Coraldent. B) Especímetro digital. Fonte: Cuoghi et al., 2007.

A B

Page 40: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

39

Joseph, Rossouw e Basson (1992) avaliaram, em MEV, as formas do esmalte

apresentadas após desgastes mecânico e químico-mecânico, e o efeito de uma

solução de calcificação sintética no esmalte condicionado. Os autores propuseram

desgaste mecânico com tiras de lixa metálica, associada à ação química do ácido

fosfórico a 37%, baseados nos desgastes químicos com ácido clorídrico a 18%

utilizados em dentística restauradora na remoção de manchas brancas. Devido ao

fato da técnica com ácido clorídrico a 18% exigir isolamento absoluto e precauções

no seu contato com a mucosa, a pele e os olhos do paciente e do profissional, os

autores substituíram-no pelo ácido fosfórico a 37%. Os resultados mostraram que os

dentes desgastados mecanicamente produziram sulcos mais profundos e rugosos, e

que os dentes que receberam tratamento químico-mecânico apresentaram

superfícies mais lisas e livres de sulcos com maior potencial de remineralização.

Também que, em meio bucal, pode ocorrer remineralização natural, auxiliada pelos

constituintes salivares. O autor chamou atenção para o fato da necessidade de o

paciente manter bom controle interproximal de placa, através dos métodos rotineiros

de higiene.

Sheridan e Hastings (1992) relataram que a realização de desgaste

interproximal pode ser feita em qualquer fase do tratamento e que, em casos

finalizados com três incisivos inferiores, podem estar presentes excessivos overbite

e overjet, o que é ocasionado pela discrepância dos dentes anteriores superiores,

causada pela extração ou ausência dentária inferior. Um diagnóstico set-up pode ser

necessário para orientar no plano de tratamento. O alinhamento e o nivelamento

devem ser realizados, e desgastes interproximais superiores anteriores e posteriores

podem ser necessários, para que se possa obter uma correta relação interincisal.

Reduções de 3 a 8 mm podem ser realizadas, em casos de apinhamentos

moderados, sendo desgastados 0.5 mm por face, de posterior para anterior. A

remoção do esmalte deverá ser criteriosa.

Em 1993, Lündgren et al. avaliaram, em MEV, a restituição do esmalte após o

desgaste interproximal, com a utilização de diferentes métodos de desgaste e

polimento com tiras de lixas. Concluíram que as superfícies mais irregulares foram

aquelas que realizaram os desgastes com tiras de lixa metálicas de maior

granulação, não podendo ser efetivamente polidas. O polimento deve ser realizado,

inicialmente com tiras de maior granulação seguido de granulações média, fina e

ultrafina. O aumento no número de passadas e o uso de todas as séries das tiras de

Page 41: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

40

lixa de polimento melhoraram consideravelmente os resultados, proporcionando uma

superfície excepcionalmente lisa.

Rosa, Cozzani e Cozzani (1994) e Brinkmann, Otani e Nakata (1991),

descreveram uma seqüência de desgaste em caninos decíduos, para corrigir o

apinhamento de incisivos permanentes, aumentando o Espaço Livre de Nance na

distal e mesial do arco dentário. Concluíram que se deve realizar análise do espaço

presente na transição da dentição decídua para a permanente. Os incisivos laterais

normalmente erupcionam por lingual ao incisivo central, e seu alinhamento

espontâneo contribui para o aumento da distância intercaninos. Os desgastes são

realizados com broca diamantada nº 169L, em alta rotação, sendo possível a

remoção de 2 a 3 mm de esmalte interproximal, tendo-se o cuidado para não

desgastar o segundo molar decíduo, afim de evitar a mesialização do primeiro molar

permanente.

Piacentini e Sfondrini, em 1996, realizaram estudo em que compararam,

através de MEV, diferentes métodos de polimento, após a realização de desgaste

interproximal, todos propostos na literatura. A análise morfológica das superfícies

mostrou que os resultados obtidos com o uso de diferentes métodos de desgaste

interproximal são semelhantes entre si, sendo que todos revelaram a presença de

sulcos e rugosidades, apesar da técnica de polimento, e observaram que o uso de

broca carbide de tungstênio 16 lâminas (Komet 284), como primeira broca e, depois,

o uso para polimento de discos Sof-Lex (Dental products/3M,St.Paul, Minn) fino e

ultrafino, mostraram resultados satisfatórios. Porém, os melhores resultados foram

obtidos com o uso de broca carbide de tungstênio de 8 lâminas (Komet-E.T.Carbide

Set 4159), para o primeiro desgaste, e o uso de discos fino e ultrafino Sof-Lex para o

polimento final. Os métodos químicos-mecânicos, não se mostraram mais efetivos.

Sheridan, em 1997, descreveu um guia para a realização de desgaste

interproximal, objetivando evitar problemas com o emprego da técnica, sendo o

limite de desgaste interproximal de, no máximo, 1 mm por ponto de contato. Os

espaços devem ser medidos com exatidão e registrados antes e após o desgaste,

devendo-se assegurar que as paredes do esmalte estejam paralelas e as superfícies

proximais o mais lisas possível, obedecendo a morfologia original dos dentes.

Kimaid (1998), avaliou em MEV, a superfície do esmalte interproximal após o

desgaste com e sem polimento, e com o uso de processos mecânico e químico-

mecânico. Os desgastes mecânicos foram realizados com tiras de lixa de aço, e o

Page 42: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

41

químico-mecânico com tiras de lixa de aço, sendo aplicado ácido fosfórico gel a

37%. Nas superfícies que foram polidas utilizaram-se discos Sof-Lex. A autora

observou que os dentes submetidos ao desgaste químico-mecânico com polimento

apresentaram maior lisura superficial, com finos sulcos alternados a áreas bem

polidas. O grupo que teve o desgaste mecânico sem polimento apresentou o pior

resultado, uma vez que profundos e irregulares sulcos permaneceram na superfície,

ficando explícita a necessidade de polimento após os desgastes.

Em 2000, Zhong et al., investigaram, in vivo, a rugosidade das superfícies, a

qualidade do polimento e a diferença entre os desgastes interproximais realizados

nos dentes anteriores e posteriores das faces interproximais em MEV. Foram

utilizados, para o desgaste, discos diamantados (Komet) e dois discos Sof-Lex XT

(fino e ultrafino) para o polimento das superfícies. Os resultados mostraram que 90%

das faces interproximais apresentaram-se muito bem polidas, não havendo diferença

significativa de rugosidades entre os dentes anteriores e posteriores. Em nenhum

paciente houve a necessidade de anestesiar, e a média de tempo necessário, desde

o início até o final do procedimento, foi de 2,2 minutos para cada face.

Para a realização dos desgastes, Harfin (2000) preferiu tiras de lixa de aço

aos discos e brocas. Ela defende que a lixa facilita o controle sobre a quantidade do

esmalte removido, uma vez que as brocas removem o esmalte com maior rapidez. A

autora sugere que o acabamento seja realizado por meio de tiras de polimento de

resina composta. Além disso, deve-se realizar a aplicação tópica de flúor logo após

os desgastes, durante 45 dias, sendo que, após o tratamento, o alinhamento final

deve ser mantido por 3 a 4 meses antes de se remover o aparelho e de se instalar a

contenção.

Tormin, et al. (2001) avaliaram o aspecto do esmalte submetido ao desgaste

com instrumento rotatório abrasivo, com granulação ultrafina e subseqüente

polimento com discos de lixa de granulação média, fina e ultrafina, branco de

Espanha e pasta à base de diamante em pó a 8%, aplicada com tira de lixa, taça e

cone de borracha. Os resultados indicaram que o desgaste com instrumento

rotatório abrasivo diamantado, com granulação ultrafina, provoca a formação de

sulcos e orifícios profundos, que são atenuados pelo polimento com discos de lixa

de granulação média, fina e ultrafina. Os autores constataram que, se após a

utilização das lixas, for aplicado branco de Espanha para o polimento, com auxílio de

tira de lixa, taça e cone de borracha, o aspecto do esmalte desgastado ficará

Page 43: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

42

semelhante ao normal, o mesmo não ocorrendo se houver o emprego da pasta à

base de diamante em pó.

Mondelli et al. (2002) sugeriram utilizar caneta solúvel em água (retro-projetor)

para demarcar as faces a serem desgastadas. Separaram previamente os dentes

com separador de Ivory e o desgaste foi iniciado com ponta diamantada em baixa

rotação, podendo também se optar por discos diamantados mono ou dupla face,

quando o desgaste com broca se torna mais difícil. Tira de matriz metálica ou fita

para banda, na interface interproximal adjacente ao dente a ser desgastado, pode

ser usado para proteger os dentes vizinhos. Indicaram a realização do acabamento

com ponta diamantada tronco-cônica ou em forma de pêra, e o polimento com

brocas, fitas com grânulos graduais e pasta, com o objetivo de evitar acúmulo de

placa e pigmentações. Os pacientes submetidos a este tipo de tratamento devem

realizar bochechos diários com flúor 0.05%.

Gioka e Eliades (2002) descreveram ser imprescindível o polimento após o

desgaste interproximal, pois este leva à rugosidade da superfície, e o polimento a

diminui, podendo ser realizado com a utilização de peça de mão com discos Sof-Lex

ou manualmente, com lixas de acabamento, prevenindo o menor acúmulo de placa.

Sokolina e Bloomstein, em 2002, indicaram o ARS para tratamento

conservador da maloclusão de Classe III, com o objetivo de corrigir a relação ântero-

posterior. Os autores realizaram o tratamento com a montagem do aparelho fixo

inferior, e na arcada superior, para estabilizar, foi utilizado um aparelho removível

Essix. O aparelho fixo foi montado inicialmente do segundo molar ao canino onde,

posteriormente, foram incluídos os incisivos inferiores. Os desgastes iniciaram a

partir da mesial do primeiro molar até a distal dos caninos sendo removido 1 mm por

área de contato. Foi utilizado elástico de Classe III. O autor concluiu que o ARS é

uma técnica conservadora e praticável como opção para tratamento de correções de

apinhamentos leves a moderados em pacientes Classe III, onde se pode obter uma

aceitável overbite e overjet, em apenas 15 meses de tratamento.

Em 2003, Rossouw e Tortorella, descreveram um estudo sobre as várias

combinações de técnicas mecânicas e químicas para o desgaste interproximal, com

o objetivo de obter superfícies mais lisas. Os desgastes foram realizados com brocas

carbide de tungstênio de 16 lâminas, brocas diamantadas superfinas, discos e lixas

diamantadas. O polimento foi realizado com discos Sof-Lex extrafino e lixa Sof-Lex

média, fina e extrafina, em combinação com várias soluções químicas em alguns

Page 44: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

43

grupos. Os meios químicos utilizados foram: o ácido gel fosfórico a 35%, o ácido

maléico a 10% e um kit de micro-abrasão que contém pó abrasivo e um gel solúvel

em água, combinado com uma suave concentração de ácido hidroclorídrico. As

imagens em MEV revelaram que o uso do ácido e o polimento do esmalte, após o

desgaste interproximal, resultaram em uma superfície mais lisa, em particular o

ácido maléico a 10% e o ácido gel fosfórico a 35%, que produziram lisuras

equivalentes. O uso do kit de micro-abrasão reduziu as rugosidades superficiais,

mas alguns sulcos ainda permaneceram visíveis.

A técnica utilizada por Tavares e Juchem (2004), para o controle da

ancoragem, durante o desgaste interproximal foi a utilização de ômegas que

funcionaram como stops na mesial dos tubos dos molares e na distal dos caninos.

Os desgastes foram realizados a partir da mesial do primeiro molar, com broca

carbide nº 699LC (Raintree Essix, Inc., 4001 Division St., New Orleans, LA 70002)

seguida por broca diamantada extrafina nº 504ED. O polimento final foi realizado

com discos médio e fino Flex-View, tiras de poliéster, e também com a utilização de

flúor gel fosfato acidulado. Para a retração dos caninos foi utilizado um arco contínuo

sem os stops, sendo os dentes distalizados com cadeia elástica e, ao se obter

espaço, foram incluídos os incisivos. Quando as faces dos incisivos puderam ser

acessadas, estas foram desgastadas com broca diamantada nº 55000, e em

seguida, polidas. Só foram desgastados os incisivos com forma triangular. Os

autores concluíram que, comparado a outros métodos de desgaste interproximal, o

uso do ARS possui algumas vantagens, como: menor tempo clínico, menor

desconforto para o paciente, ausência de danos aos tecidos moles, maior precisão,

menor necessidade de pré-afastamento, fácil acesso e visibilidade, sendo também,

o ARS mais previsível que a exodontia, pois não deixa excesso de espaço para ser

fechado, e o uso de stops preserva a ancoragem, diminuindo o tempo de tratamento.

Com o propósito de examinar a estabilidade em longo prazo do alinhamento

dos incisivos inferiores, sem o uso de contenção, Aasen e Espeland, em 2005,

utilizaram uma amostra de 56 pacientes tratados conforme o protocolo que incluía a

sobrecorreção de dentes girados e a redução de esmalte das superfícies proximais

na região ântero-inferior. Os autores tiveram o cuidado em manter a forma do arco

dentário para evitar expansão lateral e projeção dos incisivos. Foram obtidos

modelos de estudo iniciais, finais e três anos pós-tratamento. O alinhamento dos

incisivos inferiores foi registrado por meio do índice de irregularidade de Little (1975).

Page 45: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

44

A distância intercaninos e a soma das larguras mesio-distais dos incisivos inferiores

e caninos também foram medidas. O total de esmalte removido das superfícies

proximais variou de 0,3 a 5 mm (1,9 mm em média). O aumento médio de 0,6 mm no

Índice de Irregularidade de Little, da etapa final à fase de três anos pós-tratamento,

indicou estabilidade satisfatória. Em 45% dos pacientes, a mudança no valor do

índice de irregularidade, durante este período, foi menor que 0,5, indicando que o

tratamento abordado pode ser considerado uma alternativa para o posicionamento

dos incisivos inferiores, sem o uso de contenção, garantindo o seu alinhamento.

Ballard e Sheridan (2006) descreveram o uso do aparelho removível plástico

Essix (Figura 12) como ancoragem anterior, para tratamento dos casos de

apinhamentos de 4 a 6 mm nos incisivos inferiores, em que se realiza desgaste

interproximal de 0,75 a 1 mm por ponto de contato. Os autores indicaram esse

aparelho por ser barato, leve, resistente, não interferir na fala, na função e na

eficiência da oclusão, e por possuir espessura de .5 mm, utilizado 24 horas por dia,

removido somente para comer e higienizar. Os dentes foram desgastados com ARS

a partir da mesial do segundo molar e distalizados um a um, com o uso de uma mola

comprimida de NiTi, além do uso de um arco de aço seccionado .018”. O desgaste

interproximal foi realizado até a distal dos caninos onde, então, se retirou o aparelho

removível e colaram-se os bráquetes nos incisivos inferiores, procedendo a

mecânica ortodôntica convencional. Os autores concluíram que o aparelho Essix

manteve a ancoragem, não permitindo que os dentes se deslocassem mesialmente,

com o uso da mola comprimida, não havendo mudança na estabilidade dos

incisivos durante seu uso.

Figura 12 - Aparelho removível plástico Essix, utilizado como ancoragem. Fonte: Ballard e Sheridan, 2006.

Page 46: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

45

Arman et al. (2006) avaliaram a qualidade do esmalte após vários métodos de

desgaste interproximal. Estes foram realizados com discos (Komet, Gebr Brasseler,

Lemgo, Germany); tiras de lixa metálica diamantada (Dentaurum, Ispringen,

Germany); discos de desgaste (Komet) seguidos do uso de disco fino Sof-Lex (3M-

ESPE, Seefeld, Germany); tiras de lixa metálica diamantada (Dentaurum), e

polimento com disco fino Sof-Lex; desgaste químico com uso de tiras de lixa

metálica diamantada (Dentaurum) com ácido gel ortofosfórico a 37%, e um grupo

controle sem desgaste. Os dentes foram avaliados em MEV. Os resultados foram

semelhantes quanto à rugosidade superficial e à morfologia de superfície. Os dentes

desgastados, seguidos de polimento, apresentaram maior lisura superficial,

enquanto que no grupo em que se utilizou meio químico, as rugosidades superficiais

apresentaram-se maiores. Concluíram, então, que todos os métodos de desgaste

levam à rugosidade de superfície do esmalte, e que o polimento a diminui

significativamente.

Danesh et al., em 2007, avaliaram a aspereza superficial do esmalte, após a

utilização de diferentes métodos de desgaste interproximal, com posterior polimento.

Foram avaliados 55 dentes humanos recém extraídos, livres de cárie e doença

periodontal. Cinco sistemas para redução do esmalte foram utilizados (Profin, New

Metal Strips, O-Drive D30, ARS e Ortho-Strips). Os dentes foram divididos em cinco

grupos de dez dentes, onde cinco serviram como grupo controle. Os desgastes

foram realizados conforme a indicação do fabricante, sendo que apenas uma face

de cada dente foi polida, enquanto a outra não recebeu o polimento. Este não

demorou mais de 20 segundos, e foi realizado com os discos Sof-lex (3M). Os

d e n t e s f o r a m desgastados, radiografados, as imagens digitalizadas e,

posteriormente, avaliados em MEV. Os autores concluíram que o desgaste

interproximal deve ser seguido de cuidadoso polimento. Entretanto, sistemas

oscilatórios mostraram ser vantajosos, apresentando melhores resultados,

representados pelo sistema Profin, Ortho-Strips e O-Drive D30. O uso do Air Rotor e

Metal Strips deixaram as superfícies tão irregulares, que não puderam ser

efetivamente alisadas pelo subseqüente polimento.

Chudasama e Sheridan (2007) indicaram, para os casos de desgastes

interproximais que necessitam de ancoragem o uso de: arco lingual, botão de

Nance, aparelho extra-oral, mini-implante, bandas nos segundos molares ou stops

Page 47: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

46

na mesial do tubo do primeiro molar, de acordo com a severidade do caso a ser

tratado.

Florman, Lobiondo e Partovi (2008) descreveram uma técnica de desgaste

interproximal com o uso de um motor elétrico em baixa velocidade e alto torque,

chamado de Eletric Rotor Slenderization (ERS). Os desgastes interproximais foram

baseados nas rotações dos dentes e no acesso aos pontos de contato. Na medida

em que os espaços eram obtidos, foi permitido acesso a esses pontos de contato, o

que anteriormente não era possível. Estes devem ser rompidos primeiramente com

uma tira de lixa diamantada, ou com disco diamantado manualmente; após, utiliza-se

então o ERS, em baixa velocidade, 500 rpm (rotações por minuto) e alto torque,

adaptado a discos diamantados que possibilitam maior controle na quantidade de

desgaste dentário (Figura 13). O disco diamantado deve ser acoplado a um protetor,

para evitar que ocorram injúrias aos tecidos bucais. A quantidade de desgaste é

anotada, assim que os dentes foram desgastados, e esta mensurada com o uso de

um paquímetro. Quando a quantidade de desgaste requerida foi obtida, realizou-se o

polimento com discos manuais para as formas côncavas do dente, o uso de broca

carbide para o polimento pode ser usada em motor elétrico, com velocidade de 500

rpm. Os autores recomendam que os desgastes interproximais sejam realizados de

posterior para anterior, removendo o mínimo de esmalte para que os dentes sejam

movimentados e, se posteriormente for necessário, se desgasta novamente.

Figura 13 - Uso do ERS acoplado com protetor de disco diamantado. Fonte: Florman, Lobiondo e Partovi, 2008.

Page 48: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

47

2.4 RISCOS INERENTES AOS DESGASTES INTERPROXIMAIS

Paskow (1970) e Jarvis (1990) enfatizaram que o desgaste interproximal deve

ser realizado com irrigação abundante e que, quando limitado ao esmalte, este não

provoca alterações na polpa ou na dentina.

Rogers e Wagner (1969) realizaram um estudo para avaliar os efeitos da

aplicação tópica de flúor nas taxas de descalcificação das superfícies de esmalte

que foram submetidas a desgaste interproximal. Os autores utilizaram 42 dentes que

foram desgastados 0,5 mm em suas superfícies proximais, com lixas abrasivas e,

após o desgaste, foi realizado o polimento. Os dentes foram expostos à aplicação

tópica de flúor por vários intervalos de tempo em ph 5, e depois avaliados. Os

resultados mostraram que o esmalte fluoretado teve uma significativa redução na

taxa de descalcificação nas primeiras 96 horas. Em ambos os dentes, fluoretados e

não fluoretados, essa taxa foi maior nas 48 horas iniciais, diminuindo logo após. Este

estudo sugeriu que aplicações tópicas de flúor, regularmente, são de grande valor

na proteção da superfície do esmalte desgastado por técnicas de tratamento

ortodôntico.

Investigando as alterações microscópicas da polpa e da dentina, após o

desgaste interproximal do esmalte, Zachrisson e Mjör (1975) relataram que a

superfície do esmalte, submetida ao desgaste com instrumentos diamantados,

apresentava irregularidades pronunciadas, de acordo com a granulação da lixa ou

da broca utilizada.

Sheridan (1985, 1987), Sheridan e Ledoux (1989) defenderam que

complicações periodontais e cáries se devem, principalmente, à presença de placa,

e não aos efeitos do tecido interproximal reduzido ou da estrutura alterada do

esmalte no ponto de contato.

Se forem produzidos degraus nas áreas interproximais, criando regiões de

acúmulo de placa, as predisposições à cárie e às reações pulpares aumentam

consideravelmente. Apesar dos riscos de desenvolvimento de sensibilidade ao calor

e ao frio, reações pulpares, descoloração e cáries, os dentes toleram bem os ajustes

morfológicos indicados (ZACHRISSON, 1986). É possível realizar desgaste

interproximal, tanto nos dentes anteriores quanto nos posteriores, sem causar

Page 49: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

48

desconforto ao paciente, com mínima ou nenhuma alteração radiográfica, e sem

complicação patológica (TUVERSON, 1980; ZACHRISSON, 1986, 2004).

Zachrisson, em 1986, afirmou que superfícies lisas podem ser produzidas

com discos para polimento. Conforme o disco ou a lixa se desgastam durante o

procedimento, vão agindo como instrumentos de polimento, descartando polimento

adicional.

Radlanski et al., em 1988, realizaram estudo onde as superfícies de esmalte

foram desgastadas, polidas e avaliadas em MEV, com principal foco na possibilidade

de acúmulo de placa. O estudo foi realizado in vivo e in vitro. No estudo in vivo foram

utilizados pré-molares indicados à exodontia, de pacientes em tratamento

ortodôntico, sendo que cada face proximal foi desgastada 0,5mm. Como o estudo foi

realizado na cavidade bucal, com a presença de saliva e placa durante 12 semanas,

1/3 dos pacientes foi instruído para o uso de fio dental todas as noites, 1/3 não

utilizou fio dental e, 1/3 foi instruído a utilizar fio dental em apenas uma face do

dente. Após 12 semanas, os pré-molares foram extraídos e avaliados em MEV. No

estudo in vitro foram realizados os procedimentos de desgaste interproximal com

cuidadoso acabamento. Os autores concluíram que tanto no estudo in vivo, quanto

no in vitro, nos dentes desgastados e polidos, os sulcos permaneceram amplos e

profundos o suficiente para facilitar o acúmulo de placa. Nem mesmo o uso de fio

dental preveniu este problema no fundo dos sulcos.

Sheridan e Ledoux (1989) descreveram que a realização do desgaste

interproximal com brocas associadas à micro-motores e a utilização de selante

proporcionou vantagens aos pacientes na prevenção de cáries interproximais. O

resultado do estudo mostrou que as superfícies condicionadas tiveram excelente

união aos vários graus de rugosidade produzida pelas diferentes brocas utilizadas.

As faces seladas ficaram perceptivelmente mais lisas e o esmalte permaneceu

inalterado. O grau de rugosidade produzido não afetou a qualidade da interface

selante esmalte, e o condicionamento ácido, aumentou o potencial de retenção do

selante.

Em 1989, Radlanski, Jager e Zimmer avaliaram, em MEV, as mudanças que

ocorrem na superfície do esmalte após um ano de desgaste interproximal. Utilizaram

tiras de lixa diamantadas, e a quantidade de esmalte removida foi de 0.25 mm por

face de dente. Aplicações tópicas de flúor foram realizadas após o desgaste e não

foi feito o polimento das superfícies. Os aparelhos ortodônticos foram removidos e os

Page 50: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

49

pacientes instruídos a usar fio dental. Os autores observaram, que os sulcos

produzidos apresentavam-se ainda visíveis e limpos, sendo que, nas áreas de

contato direto houve abrasão natural. Não ocorreram cáries nos sulcos, e a recessão

gengival não foi causada pelo desgaste interproximal. Em vista disso, consideraram

esta técnica uma terapêutica racional, especialmente quando cuidadosamente

realizada, evitando desgaste do esmalte localizado mais próximo da gengiva.

Crain e Sheridan (1990), El-Mongoury et al. (1991) e Jarjoura, Gagnon e

Nieberg (2006) realizaram estudo para avaliar se a realização de desgaste

interproximal torna os dentes mais suscetíveis à cárie ou à doença periodontal. Os

pacientes foram avaliados pré-tratamento e pós-tratamento. Os resultados

mostraram não ter significância estatística, indicando que o desgaste interproximal

não tornou os pacientes mais susceptíveis a estes problemas. El-Mongoury et al.

(1991) observaram, em seu estudo, um período de desmineralização do esmalte, e

que nove meses após o desgaste interproximal ocorreu uma remineralização

espontânea.

Existem riscos envolvidos no desgaste interproximal de dentes posteriores,

como impacção alimentar, devido aos pobres pontos de contato resultantes da

redução imprecisa e descuidada. Idealmente, os pontos de contato posteriores

devem localizar-se aproximadamente 1 mm acima da papila gengival (JARVIS,

1990).

Twesme et al., em 1994, avaliaram in vitro a desmineralização do esmalte

após ARS, e observaram que os dentes desgastados, que foram tratados com

aplicações de flúor fosfato acidulado 1,23%, tiveram redução significativa da

desmineralização da superfície do esmalte, quando comparados com o grupo não

fluoretado. Os resultados sugerem que o desgaste com ARS aumenta

significativamente o risco do esmalte interproximal à desmineralização, e que um

regime de tratamento com flúor deve ser implementado em todos os pacientes que

sofreram desgastes de esmalte, para prevenir o desenvolvimento de cáries.

Xu et al., em 1997, avaliaram a qualidade do esmalte após a realização de

desgaste interproximal com instrumentos diamantados. Os dentes foram

desgastados com brocas diamantadas de diferentes granulações (grossa, média,

fina e superfina) e, depois, foi realizado o polimento com broca fina e ataque ácido

fosfórico a 37%. Após análise em MEV, os autores observaram médias e micro

ranhuras na superfície do esmalte. O comprimento da ranhura feita pelo desgaste

Page 51: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

50

depende do tamanho da partícula da broca diamantada e da orientação dos prismas

do esmalte. As ranhuras produzidas pelo uso de brocas de granulação maiores

foram efetivamente removidas pelo uso final de uma broca de granulação fina. Os

autores concluíram, então, que na prática clínica, a finalização do desgaste

interproximal, por meio de brocas diamantadas finas, remove as ranhuras deixadas

pelas brocas de maior granulação.

Jarjoura, Gagnon e Nieberg (2006) verificaram que aplicações tópicas de flúor

possuem benefício limitado quando realizadas em pacientes que são expostos à

água fluoretada e ao uso de pasta dental com flúor para prevenção de cáries após

desgaste interproximal.

Zachrisson, Nyoygaard e Mobarak (2007) estudaram a saúde dental de 61

pacientes, após 10 anos da realização de desgaste interproximal nos dentes

anteriores inferiores. Os seis dentes anteriores tiveram suas superfícies mesio-

distais desgastadas com discos diamantados finos, com separação prévia, seguidos

de polimento, tendo-se cuidado com a distância radicular. Os pacientes foram

avaliados quanto à presença de cárie, sangramento à sondagem, profundidade à

sondagem e recessão gengival. Foram questionados também quanto à presença de

sensibilidade dentária. O desgaste interproximal do esmalte não resultou em dano

iatrogênico. Não foi detectada nenhuma lesão de cárie, nem ocorreu perda óssea, e

as distâncias entre as raízes dos dentes anteriores não foram diminuídas. Cinqüenta

e nove dos 61 pacientes avaliados reportaram não ter aumento de sensibilidade à

variação de temperatura.

Page 52: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

51

3 CONCLUSÃO

Diante do exposto nesta revisão de literatura, pode-se dizer que:

1- O procedimento de desgaste interproximal está indicado quando há a falta

de proporcionalidade dentária, ou seja, em casos que apresentem Discrepância de

Bolton. Para este diagnóstico é essencial a realização de exame radiográfico

periapical que permitirá avaliar a disposição radicular, a espessura do esmalte e a

convexidade da superfície proximal; e os modelos de estudo que irão possibilitar a

realização da discrepância de modelos e uma análise por Set-up, caso este seja

necessário. Estes cuidados determinarão a quantidade de esmalte que poderá ser

removido.

2- A realização do desgaste interproximal constitui uma alternativa de

tratamento para os apinhamentos suaves a moderados (discrepâncias de modelos

de 3 a 6 mm). Sendo contra-indicado, em casos de maior falta de espaço, em

pacientes com má higiene oral, susceptíveis à cárie e à doença periodontal.

3- Independente da técnica utilizada para a realização do desgaste

interproximal, seja com tiras de lixa de aço, discos diamantados, pontas

diamantadas ou brocas carbide, a maioria dos autores indica o polimento com lixas,

discos finos e ultrafinos, para diminuir as ranhuras provocadas pelo procedimento.

4- A saúde dentária e periodontal podem ser preservadas por meio deste

procedimento, desde que os limites biológicos sejam respeitados, o que implica em

não ultrapassar o limite de 0,25 mm de desgaste em cada face de esmalte proximal

dos dentes anteriores e 0,5 mm para os dentes posteriores. Este procedimento

mantém a espessura de esmalte aceitável biologicamente, resguarda a proporção

mínima entre coroa e raiz no sentido mesio-distal e evita alterações periodontais em

virtude da proximidade radicular inadequada.

5- A maior qualidade de um desgaste interproximal aceitável é aquele em que

o clínico avalie o esmalte e não consiga distinguir entre um dente desgastado e

outro não.

Page 53: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

52

REFERÊNCIAS

AASEN, T. O.; ESPELAND, L. An approach to maintain orthodontic alignment of lower incisors without the use of retainers. European journal of orthodontics, Oxford, v. 27, p. 209-214, 2005. ARAÚJO, S. G. A.; MOTTA, A. F. J.; MUCHA, J. N. A espessura do esmalte interproximal dos incisivos inferiores. Revista sul-brasileira de odontologia, Joinville, v. 5, n. 2, p. 93-106, 2005. ARMAN, A. et al. Qualitative and quantitative evaluation of enamel after various stripping methods. American journal of orthodontics and dentofacial orthopedics, St. Louis, v. 130, n. 2, p. 131. e 7-131. e 14, Aug. 2006. BALLARD, M. Asymmetry in tooth size: a factor in the etiology, diagnosis and treatment of malocclusion. Angle orthodontist, Appleton, v. 14, n. 3-4, p. 67-70, July-Oct. 1944. _________. A fifth column within normal dental occlusions. American journal of orthodontics, St. Louis, v. 42, p. 116-124, 1956. BALLARD, R.; SHERIDAN, J. J. Air-rotor stripping with the Essix anterior anchor. Journal of clinical orthodontics, Boulder, v. 30, n. 7, p. 371-373, Oct. 2006. BARRER, H. G. Protecting the integrity of mandibular incisor position through keystoning procedure and spring retainer appliance. Journal of clinical orthodontics, Boulder, p. 486-494, Aug. 1975. BETTERIDGE, M. A. The effects of interdental stripping on the labial segments evaluated one year out of retention. British Journal of Orthodontics, London, v. 8, p. 193-197, 1981. BOESE, L. Fiberotomy and reproximation without lower retention, nine years in retrospect: part I. Angle orthodontist, Appleton, v. 50, n. 2, p. 88-97, Apr. 1980. BOLTON, W. A. Disharmony in tooth size and its relation to the analysis and treatment of malocclusion. Angle orthodontist, Appleton, v. 28, n. 3, p. 113-130, July 1958. _________. The clinical application of a tooth-size analysis. American journal of orthodontics, St. Louis, v. 48, n. 7, p. 504-529, July 1962. BRINKMANN, P. G. J.; OTANI, H.; NAKATA, M. Surface condition of primary teeth after approximal grinding and polishing. Journal of clinical pediatric dentistry, Birmingham, v. 16, n. 1, p. 41-45, 1991.

Page 54: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

53

CAPELLI JR., J.; CARDOSO, M.; ROSEMBACK, G. Tratamento do apinhamento ântero-inferior por meio de desgaste interproximal. Revista brasileira de odontologia, Rio de Janeiro, v. 56, n. 4, p. 170-173, 1999. CAPELOZZA FILHO, L. et al. Tratamento ortodôntico em adultos: uma abordagem direcionada. Revista dental press de ortodontia e ortopedia Facial, Maringá, v. 6, n. 5, p. 63-80, set.-out. 2001. CHUDASAMA, D. Addition by subtraction. Disponível em: http://www.orthodonticproductsonline.com/issues/articles/2007-08 02.asp. Acesso em: dezembro de 2007. CHUDASAMA, D.; SHERIDAN, J. J. Guidelines for contemporary air-rotor stripping. Journal of clinical orthodontics, Boulder, v. 41, n. 6, p. 315-320, June 2007. CORRUCCINI, R. S. Australian aboriginal tooth succession, interproximal attrition, and Begg’s theory. American journal of orthodontics and dentofacial orthopedics, St. Louis, p. 349-357, Apr. 1990. CRAIN, G.; SHERIDAN, J. J. Susceptibility to caries and periodontal a disease after posterior air-rotor stripping. Journal of clinical orthodontics, Boulder, v. 24, n. 2, p. 84-85, Feb. 1990. CROSBY, D. R.; ALEXANDER, C. G. The occurrence of tooth size discrepancies among different malocclusion groups. American journal of orthodontics and dentofacial orthopedics, St. Louis, v. 95, n. 6, p. 457-461, June 1989. CUOGHI, O. A. et al. Desgaste interproximal e suas implicações clínicas. Revista dental press de ortodontia e ortopedia facial, Maringá, v. 12, n. 3, p. 32-46, maio/jun. 2007. DANESH, G. et al. Enamel surfaces following interproximal reduction with different methods. Angle orthodontist, Appleton, v. 77, n. 6, p. 1004-1010, 2007. DEMAGE, C.; FRANCOIS, B. Measuring and charting interproximal enamel removal. Journal of clinical orthodontics, Boulder, p. 408-412, July 1990. DIPAOLO, R. J.; BORUCHOV, M. J. Thoughts on stripping of anterior teeth. Journal of clinical orthodontics, Boulder, p. 510-511, Sep. 1971. EL-MANGOURY, N. H. et al. In vivo remineralization after air-rotor stripping. Journal of clinical orthodontics, Boulder, v. 25, n. 2, p. 75-78, Feb. 1991. FATTAHI, H. R.; PAKSHIR, H. R.; HEDAYATI, Z. Comparison of tooth size discrepancies among different malocclusion groups. European journal of orthodontics, Oxford, v.28, p. 491-495, June 2006. FIELDS JR., H. W. Orthodontic restorative treatment for relative mandibular anterior excess tooth-size problems. American journal of orthodontics and dentofacial orthopedics, St. Louis, v. 79, n. 2, p. 176-183, Feb. 1981.

Page 55: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

54

FISCHER, L. H.; VALLE-COROTTI, K. M.; VELLINI-FERREIRA, F. Avaliação da espessura do esmalte proximal em segundos pré-molares superiores humanos e sua correlação com o diâmetro mésio-distal. Revista Odonto Ciência-Faculdade de Odontologia/PUCRS, Porto Alegre, v. 21, n. 54, out./dez. 2006. FLORMAN, M.; LOBIONDO, P. E.; PARTOVI, M. Mastering interproximal reduction - with innovations in slenderization. Disponível em: < http://www.ineedce.com>. Acesso em: 11 fevereiro 2008. FREEMAN, J. E.; MASKERONI, A. J.; LORTON, L. Frequency of Bolton tooth-size discrepancies among orthodontic patients. American journal of orthodontics and dentofacial orthopedics, St. Louis, p. 24-27, July 1996. GIOKA, C.; ELIADES, T. Interproximal enamel reduction (stripping): indications and enamel surface effects. Hellenic Orthodontic Review, Athens, v. 5, p. 21-32, Mar. 2002. GRABER, T. M.; VANARSDALL JR., R. L. Ortodontia: Princípios e Técnicas Atuais. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. 920p. HARFIN, J. F. Interproximal stripping for the treatment of adult crowding. Journal of clinical orthodontics, Boulder, v. 34, n. 7, p. 424-433, July 2000. HARRIS, E. F.; HICKS, J. D. A radiographic assessment of enamel thickness in human maxillary incisors. Archives of oral biology, Oxford, v. 43, p. 825-831, Apr. 1998. HEUSDENS, M.; DERMAUT, L.; VERBEECK, R. The effect of tooth size discrepancy on occlusion: an experimental study. American journal of orthodontics and dentofacial orthopedics, St. Louis, v. 117, n. 2, p. 184-191, Feb. 2000. HUCKABA, G. W. Arch size analysis and tooth size prediction. Dental Clinics of North America, Philadelphia, v. 11, p. 431-440, 1964. HUDSON, A. L. A study of the effects of mesiodistal reduction of mandibular anterior teeth. American journal of orthodontics, St. Louis, v. 42, n. 8, p. 615-624, Aug. 1956. JARJOURA, K.; GAGNON, G.; NIEBERG, L. Caries risk after interproximal enamel reduction. American journal of orthodontics and dentofacial orthopedics, St. Louis, v. 130, n. 1, p. 26-30, July 2006. JARVIS, R. G. Interproximal reduction in the molar/premolar region: the new approach. Australian orthodontic journal, Sidney, v. 11, n. 4, p. 236-240, Oct. 1990. JOSEPH, V. P.; ROSSOUW, P. E.; BASSON, N. J. Orthodontic microabrasive reproximation. American journal of orthodontics and dentofacial orthopedics, St. Louis, v. 102, n. 4, p. 351-359, Oct. 1992.

Page 56: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

55

KELSTEN, L. B. A technique for realignment and stripping of crowded lower incisors. Journal of clinical orthodontics, Boulder, v. 3, n. 2, p. 82-84, Feb. 1969. KIMAID, D. G. Desgaste do esmalte interproximal: processos mecânico ou químico-mecânico. 1998. 86p. Dissertação (Mestrado em Ortodontia) – Faculdade de Odontologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1998. LITTLE, R. M. The irregularity index: a quantitative score of mandibular anterior alignment. American journal of orthodontics, St. Louis, v. 68, n. 5, p. 554-563, Nov. 1975. LUNDGREN, T. et al. Restitution of enamel after interdental stripping. Swedish Dental Journal, Jonkoping, v. 17, p. 217-224, June 1993. LUSTERMAN, E. A. Treatment of a Class II, division 2 malocclusion involving mesiodistal reduction of mandibular anterior teeth. American journal of orthodontics, St. Louis, v. 40, p. 44-50, 1954. MARTINS, A. S. Análise de modelos. In: FERREIRA, F.V. Ortodontia: diagnóstico e planejamento. 4.ed. São Paulo: Artes Médicas, 2001. p. 159-169. MONDELLI, A. L. et al. Desgaste interproximal: opção de tratamento para o apinhamento. Revista clínica de ortodontia Dental Press, Maringá, v. 1, n. 3, p. 5-17, jun.-jul. 2002. MOYERS, R. E. Ortodontia. 4.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991. 483p. NANCE, H. N. The limitations of orthodontic treatment: mixed dentition diagnosis and treatment. American journal orthodontics oral surgery, St. Louis, v. 33, n. 4, Apr. 1947. NANDA, R. Estratégias biomecânicas e estéticas na clínica ortodôntica. 1.ed. São Paulo: Santos, 2007. 385p. OWEN, A. H. Single lower incisor extractions. Journal of clinical orthodontics, Boulder, v. 27, n. 3, p. 153-160, Mar. 1993. PASKOW, H. Self-alignment following interproximal stripping. American journal of orthodontics, St. Louis, v. 58, n. 3, p. 240-249, Sep. 1970. PECK, S.; PECK, H. An index for assessing tooth shape deviations as applied to the mandibular incisors. American journal of orthodontics, St. Louis, v. 61, n. 4, p. 384-401, Apr. 1972. _________. Crown dimensions and mandibular incisor alignment. Angle orthodontist, Appleton, v. 42, n. 2, p. 148-153, Apr. 1972. PHILLIPE, J. A method of enamel reduction for correction of adult arch-length discrepancy. Journal of clinical orthodontics, Boulder, v. 25, n. 8, p. 484-489, Aug. 1991.

Page 57: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

56

PIACENTINI, C.; SFONDRINI, G. A. A scanning electron microscopy comparison of enamel polishing methods after air-rotor stripping. American journal of orthodontics and dentofacial orthopedics, St. Louis, v. 109, n. 1, p. 57-63, Jan. 1996. PINHEIRO, M. L. R. M. Interproximal enamel reduction. World journal of orthodontics, Carol Stream, v. 3, n. 4, p. 223-232, 2002. PINZAN, A.; MARTINS, D. R.; FREITAS, M. R. Análise da discrepância de tamanho dentário de Bolton. Ortodontia, São Paulo, v. 24, n. 1, p. 61-64, 1991. PROFFIT, W.; FIELDS JR., H. W. Ortodontia contemporânea. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. 677p. RADLANSKI, R. J. et al. Plaque accumulations caused by interdental stripping. American journal of orthodontics, St. Louis, v. 94, n. 5, p. 416-420, Nov. 1988. RADLANSKI, R. J.; JAGER, A.; ZIMMER, B. Morphology of interdentally stripped enamel one year after treatment. Journal of clinical orthodontics, Boulder, v. 23, n. 11, p. 748-750, Nov. 1989. RAMOS, A. L. et al. Considerações sobre análise da discrepância de dentária de Bolton e a finalização ortodôntica. Revista dental press de ortodontia e ortopedia maxilar, Maringá, v. 1, n. 2, p. 86-106, nov.-dez. 1996. RHEE, S. H.; NAHM, D. S. Triangular-shaped incisor crowns and crowding. American journal of orthodontics and dentofacial orthopedics, St. Louis, v. 118, n. 6, p. 624-628, Dec. 2000. ROGERS, G. A.; WAGNER, M. J. Protection of stripped enamel surfaces with topical fluoride applications. American journal of orthodontics, St. Louis, v. 56, n. 6, p. 551-559, Dec. 1969. ROSA, M.; COZZANI, M.; COZZANI, G. Sequential slicing of lower deciduous teeth to resolve incisor crowding. Journal of clinical orthodontics, Boulder, v. 28, n. 10, p. 586-599, Oct. 1994. ROSSOUW, P. E.; TORTORELLA, A. A pilot investigation of enamel reduction procedures. Journal of the Canadian dental association, Toronto, v. 69, n. 6, p. 384-388, June 2003. _________. Enamel reduction procedures in orthodontic treatment. Journal of the Canadian dental association, Toronto, v. 69, n. 6, p. 378-383, June 2003. SHELLHART, W. C. et al. Reliability of the Bolton tooth-size analysis when applied to crowded dentitions. Angle orthodontist, Appleton, v. 65, n. 5, p. 327-334, Jan.1995. SHERIDAN, J. J. Air-rotor stripping. Journal of clinical orthodontics, Boulder, v. 19, n. 1, p. 43-59, Jan. 1985.

Page 58: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

57

_________. Air-rotor stripping update. Journal of clinical orthodontics, Boulder, v. 21, n. 11, p. 781-788, Nov. 1987. _________. The physiologic rationale for air-rotor stripping. Journal of clinical orthodontics, Boulder, v. 31, n. 9, p. 609-612, 1997. _________. The readers’ corner. Journal of clinical orthodontics, Boulder, v. 34, n. 10, p. 593-597, Oct. 2000. SHERIDAN, J. J.; HASTINGS, J. Air-rotor stripping and lower incisor extraction treatment. Journal of clinical orthodontics, Boulder, v. 26, n. 1, p. 18-22, Jan. 1992. SHERIDAN, J. J.; LEDOUX, P. M. Air-rotor stripping and proximal sealants an SEM evaluation. Journal of clinical orthodontics, Boulder, v. 23, n. 12, p. 790-794, Dec. 1989. SOKOLINA, M.; BLOOMSTEIN, R. Air-Rotor Stripping technique for treatment of Class III malocclusion: case report. World journal of orthodontics, Carol Stream, v. 3, n. 3, p. 233-238, 2002. STROUD, J. L.; ENGLISH, J.; BUSCHANG, P. H. Enamel thickness of the posterior dentition: its implications for nonextraction treatment. Angle orthodontist, Appleton v. 68, n. 2, p. 141-146, Oct. 1998. TANAKA, M. M.; JOHNSTON, L. E. The prediction of the size of unerupted canines and premolars in a contemporary orthodontic population. Journal American Dental Association, St. Louis, v. 88, Apr. 1974. TAVARES, C. A. E.; JUCHEM, C. O. Anchorage control after air-rotor stripping. Journal of clinical orthodontics, Boulder, v. 38, n. 7, p. 396-399, July 2004. TORMIN JR., F. G. et al. Avaliação da espessura do esmalte nas faces proximais de incisivos inferiores humanos. Revista de odontologia da UNICID, São Paulo, v. 13, n. 2, p. 151-160, maio-ago. 2001. TORMIN, A. C. F. et al. Comparação de métodos de polimento do esmalte interproximal após desgaste com instrumentos rotatórios abrasivos – estudo ao microscópio eletrônico de varredura. Ortodontia, São Paulo, v. 34, n. 2, p. 25-35, mai./ago. 2001. TUVERSON, D. L. Anterior interocclusal relation. Part I. American journal of orthodontics and dentofacial orthopedics, St. Louis, v. 78, n. 4, p. 361-370, Oct. 1980. TWESME, D. A. et al. Air-rotor stripping and enamel desmineralization in vitro. American journal of orthodontics and dentofacial orthopedics, St. Louis, p. 142-152, Feb. 1994.

Page 59: UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR … · de placa, autores como Sheridan (1985, 1987), Zachrisson (1986), Piacentini e ... de desgaste do esmalte e sua posterior qualidade,

58

WILLIAMS, R. Eliminating Lower Retention. Journal of clinical orthodontics, Boulder, v. 19, n. 5, p. 342-349, May 1985. XU, H. H. K. et al. Enamel subsurface damage due to tooth preparation with diamonds. Journal of dental research, Washington, v. 76, n. 10, p. 1698-1706, Oct. 1997. ZACHRISSON, B. U.; MJÖR, I. A. Remodeling of teeth by grinding. American journal of orthodontics, St. Louis, v. 68, n. 5, p. 545-553, Nov. 1975. ZACHRISSON, B. U. Iatrogenic damage in orthodontic treatment (part2). Journal of clinical orthodontics, Boulder, v. 12, n. 3, p. 208-220, Mar. 1978. _________. Excellence in finishing (part 1). Journal of clinical orthodontics, Boulder, v. 20, n. 7, p. 460-482, July 1986. _________. Actual damage to teeth and periodontal tissues with mésio-distal enamel reduction (stripping). World journal of orthodontics, Carol Stream, n. 1, p. 178-183, 2004. _________. Interdental papilla reconstruction in adult orthodontics. World journal of orthodontics, Carol Stream, n. 5, p. 67-73, 2004. ZACHRISSON, B. U.; NYOYGAARD, L.; MOBARAK, K. Dental health assessed more than 10 years after interproximal enamel reduction of mandibular anterior teeth. American journal of orthodontics and dentofacial orthopedics, St. Louis, v. 131, n. 2, p. 162-169, Feb. 2007. ZHONG, M. et al. Clinical evaluation of a new technique for interdental enamel reduction. Journal of orofacial orthopedics, Munich, v. 61, n. 6, p. 432-439, May 2000.