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  • CONTEDO UNIDADE 1 - Introduo ao DireitoProcessual Penal.

    1.1 Introduo ao Direito Processual Penal sob ahermenutica Constitucional.

    1.2 Sistemas Processuais: Inquisitivo e Acusatrio.

    1.3 Sujeitos Processuais;

    1.4 Princpios Constitucionais e Gerais informadores doprocesso penal.

    1.5 Aplicao da lei processual penal no espao e notempo.

  • 1.1 Introduo ao Direito Processual Penal sob a hermenuticaConstitucional.

    Como determinar uma persecuo criminal que atenda a defesa doindividuo perante o poder estatal, mas que ugualmente atenda osinteresses da coletividade?

    A conformao constitucional do processo penal fundamental para aconsolidao do Estado Democrtico de Direito;

    esta premissa autoriza que se elabore um modelo de processo emsintonia com a democrtica tutela de direitos fundamentais.

    Deve-se firmar a insero do processo penal no do EstadoDemocrtico de Direito, procurando realizar o compromisso com a tutelados direitos fundamentais, com a racionalidade do modelo acusatrio ecom as premissas garantistas de processo.

  • O PROCESSO PENAL CONSTITUCIONAL DEVE:

    definir os contornos da racionalidade do modelo acusatrio,formalmente aderido pela Constituio da Repblica de 1988;

    superar a matriz inquisitria, a mentalidade autoritria e a ideologia daDefesa Social que, no somente inspirou, mas tambm orientou aelaborao do ainda vigente Cdigo de Processo Penal de 1941;

    identificar as premissas do modelo do garantismo penal vinculadas aoprocesso penal;

    estruturar conceito e funes do processo penal, em cotejo compremissas inseridas na Constituio;

    definir o conceito e estruturar a aplicao dos princpios processuaispenais de matiz constitucional;

    deslegitimar polticas criminais incompatveis com as premissas doEstado Democrtico de Direito

  • 1.2 -Sistemas Processuais: Inquisitivo e Acusatrio.

    Sistema, na viso de Paulo Rangel, o conjunto de princpios eregras constitucionais, de acordo com o momento poltico decada Estado, que estabelecem as diretrizes a serem seguidaspara a aplicao do direito no caso concreto.

    So trs os sistemas processuais penais existentes noordenamento jurdico:

    a) sistema inquisitrio ou inquisidor;b) sistema acusatrio;c) sistema misto, reformado, napolenico ou acusatrio formal.

  • SISTEMA INQUISITRIOA origem da nomenclatura do sistema vem da inquisio (SantaInquisio), cuja finalidade era investigao e punio dos hereges pelosmembros do clero;

    No sistema inquisitivo o juiz quem detm a reunio das funes deacusar, julgar e defender o investigado que se restringe mero objeto doprocesso.

    A idia fundante deste sistema : o julgador o gestor das provas, o juiz quem produz e conduz as provas.

    caractersticas: a) reunio das funes: o juiz julga, acusa e defende; b)no existem partes o ru mero objeto do processo penal e no sujeitode direitos; c) o processo sigiloso, isto , praticado longe aos olhos dopovo; d) inexiste garantias constitucionais, pois se o investigado objeto,no h que se falar em contraditrio, ampla defesa, devido processo legaletc.; e) a confisso a rainha das provas; f) existncia de presuno deculpa-O ru culpado at que se prove o contrrio.

  • SISTEMA ACUSATRIO

    possui como princpio unificador o fato de o gestor da prova serpessoa/instituio diversa do julgador.

    H ntida separao entre as funes de acusar, julgar e defender.

    Destarte, o juiz imparcial e somente julga, no produz provas e nemdefende o ru.

    caractersticas: a) as partes so as gestoras das provas; b) h separaodas funes de acusar, julgar e defender; c) o processo pblico, salvoexcees determinadas por lei; d) o ru sujeito de direitos e no maisobjeto da investigao; e) consequentemente, ao acusado garantido ocontraditrio, a ampla defesa, o devido processo legal, e demais princpioslimitadores do poder punitivo; f) presume-se a no culpabilidade (ou ainocncia do ru); g) as provas no so taxativas e no possuem valorespreestabelecidos.

  • SISTEMA MISTO

    contm as caractersticas de ambos os sistemas supracitados. Possui duas fases: aprimeira, inquisitria e a segunda, acusatria. Tem origem no Cdigo Napolenico (1808).

    A primeira fase a da investigao preliminar. Tem ntido carter inquisitrio em que oprocedimento presidido pelo juiz, colhendo provas, indcios e demais informaes paraque possa, posteriormente, embasar sua acusao ao Juzo competente. Obedece ascaractersticas do sistema inquisitivo, em que o juiz , portanto, o gestor das provas.

    A segunda fase a judicial, ou processual propriamente dita. Aqui, existe a figura doacusador (MP ou a vitima particular), diverso do julgador (somente o juiz). Caractersticas deum sistema acusatrio

    H uma corrente doutrinria que diz que o sistema processual brasileiro misto(Tornaghi, Mougenot), aduzindo sua dupla fase: a) a fase investigatria, de caractersticasinquisitrias, visto que pr-processual; b) fase judicial, com caractersticas acusatrias,iniciada aps o recebimento da denncia ou queixa.

  • Importante frisar que os sistemas processuais sointimamente interligados com o modelo poltico de Estado;

    Vale dizer que quanto mais o Estado se aproxime aoautoritarismo (ditadura, monarquia), mais reduzidos ficamas garantias do ru, e mais se aproxima ao sistemainquisitrio.

    O contrrio tambm verdadeiro: quanto mais o Estadose aproxime democracia e ao Direito, maiores ficam asconcesses de garantias e, por conseguinte, mais seaproxima ao modelo acusatrio puro.

    Por fim, vale ressaltar que no existem sistemas puros.

  • 1.3 Sujeitos Processuaisso as pessoas entre as quais se institui, se desenvolve e se completa arelao jurdico processual;

    So aqueles que se deduzem numa relao processual penal de direito

    material.

    Principal ou essenciais aqueles cuja ausncia torna impossvel a existncia oudesenvolvimento da relao jurdico processual.Ex. as partes ( acusador e acusado) e o juiz.

    *Secundrios ou acessrios ou colaterais embora no sejam indispensveis existncia da relao, nela intervm e alguma forma, voluntria ou coativamente.Ex. assistente de acusao.

    *terceiros no tem direitos processuais, s colaboram com o processoEx. testemunhas, peritos, interpretes e tradutores.

  • Do Juiz (art. 251 a 256):Juiz sujeito proeminente da relao processual a quemcabe prover a regularidade do processo.

    So as pessoas detentoras do poder jurisdicional e realizama presidncia do processo.

    O juiz se incumbir de dar regularidade ao processo (art.251).

    o rgo jurisdicional monocrtico (1grau) ou colegiado(2grau) para deciso imparcial de conflitos jurdicosconcretos.

    O magistrado o sujeito imparcial que substituindo avontade das partes, pelo processo, declara o direito aplicvelao caso concreto

  • capacidade do Juiz:1- Capacidade Objetiva competncia para atuar no processo

    2-Capacidade Subjetiva para que exera validamente as funesjurisdicionais

    a)Capacidade Funcional requisitos pessoais parta investidura do cargo(investidura,capacidade fsica e mental,grau de instruo exigido);

    b) Capacidade Especial relativa ao exerccio jurisdicional.Os vciospertinentes a capacidade especial do magistrado tornam seus atos nulos:

    *Impedimentos (art. 252 e 253)-So proibies legais taxativasimpostas ao Juiz de funcionar em determinadas causas.(art. 134 do CPC):

    *Suspeio (art. 254).Configura-se por circunstncias em que o Juiztem o dever de se afastar da causa e se no o fizer livremente a parte poderargir sua suspeio. (art. 135 do CPC)

  • Poderes do juiz:instrutrios (poderes-meio) ou probatrios presidir a colheita de provas, determinar asdiligncias, ouvir testemunhas no apresentadas, etc (Ex. art. 156, 168, 176, 196, 209, 234,407, 425, 502, 538, etc.);

    disciplinares (poder de polcia) ou administrativo de ordem processual e administrativa(Ex. art. 184, 187, 201, 212, 213, 218, 230, 233, 260, 264, 265, 419, 443, 450, 497, 483, etc.);

    decisrios (poderes-fins) despachos, decises e sentenas. (Ex. art. 311, 316, 386, 387,411, 486, 538, etc.);

    anmalos queles no jurisdicionais. Ex. requisitar IP (art.5, II), fiscalizar a ao penal(art.28), receber notitia criminis (art. 39), presidir a atuao em flagrante (art. 307),conceder HC (art. 574, I).

    Deveres do Juiz:celeridade processual (velar pela rpida prestao jurisdicional);Imparcialidade;urbanidade.

    Garantias ou Prerrogativas Constitucionais (art. 95 da CF):vitaliciedade - s perde cargo por sentena judicial;inamovibilidade - s se ocorrer motivo de interesse pblico, reconhecido por 2/3 dotribunal competente;irredutibilidade de subsdios - com vistas a preservar a imparcialidade nos processos,dentro e fora dele.

  • Do Ministrio Pblico (art. 257 e 258):

    Ministrio Pblico uma instituio permanente, essencial funo jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordemjurdica, do regime democrtico e dos interesses sociais eindividuais indisponveis (CF, art. 127).

    Sujeito ativo processual da relao jurdica a quem compete,privativamente promover a ao penal pblica e fiscalizar acorreta aplicao da lei (custos legis).

    Atua como interveniente obrigatrio na ao privada subsidiriada pblica, e como custos legis nos crimes sujeitos ao penalprivada.

    No Processo Penal, no obstante a sua condio de titular daao penal, atua como parte instrumental imparcial, sempre comvistas realizao da Justia.

  • Princpios institucionais (CF art. 127, 1):unidade - MP um s rgo sob a mesma direo.indivisibilidade - os membros podem ser substitudos sem quebra das tarefas.independncia - apesar de hierarquizados, so autnomos no uso de suas funes.autonomia funcional liberdade, nos limites da lei, para exerccio da funo.

    Garantias ou Prerrogativas Constitucionais (CF art. 128, I, a, b e c):Vitaliciedade;Inamovivilidade;Irredutibilidade;garantia de foro por prerrogativa de funo (CF 96, III; 52, II; 102, I, b; 105, I; 108, I, a).

    Vedaes (CF, art. 128, 2, II):receber, a qualquer ttulo e sob qualquer pretexto, honorrios, percentagens oucustas processuais; ou exercer a advocacia;participar de sociedade comercial, na forma da lei;exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra funo pblica, salvo uma demagistrio;exercer atividade poltico-partidria, salvo excees previstas em lei.

    Obs. Hipteses e impedimento ou suspeio (art. 258)

  • Atuao na esfera Processual Penal

    como parte quele que prope a ao para que possa ser exercido o juspersequendi do Estado-administrao.

    como fiscal da lei (custos legis) atua como representante do interessepblico numa causa de outros, no com parte em causa Fiscalizar epromover a execuo da lei (art. 257);

    como substituto processual (art. 68 e 142) Promover a defesa doregime democrtico e dos interesses sociais e individuais indisponveis;propor ao de insconstitucionalidade de leis; fiscalizar estabelecimentosprisionais e outros que abriguem idosos, menores, incapazes oudeficientes; promover o inqurito civil e ao civil pblica e exercer ocontrole externo da atividade policial

    Prazopara contestar, em qudruplopara recorrer, em dobro

  • Do Acusado (art. 259 a 260):

    pessoa contra quem se prope uma ao penal, ou seja, sujeitopassivo da pretenso punitiva, parte na relao processual.

    identificao (art. 259): qualificao do acusado e requisito dadenncia;

    garantias constitucionais: direito ao silncio, ampla defesa,reexame, da inocncia, etc.

    Obs: a legitimao passiva das pessoas jurdicas, admitida pela CF,depende de lei ordinria penal para a previso do fato tpico esanes (Ex. crime contra a ordem econmica e financeira econtra a economia popular (CF art. 173, 5), bem como condutaslesivas ao meio ambiente (CF art. 225, 3 e Lei n9.605/98).

  • No podem ser acusados no processo penal - falta delegitimao passiva ad causam.-Animais;- mortos (art. 107, I do CP);-menores de 18 anos (art. 18 do CP e ECA);- inimputveis (art. 26 c/c 96 do CP);- imunidades parlamentares e diplomticas (regras especiais);

    Expresses utilizadas:-indiciado (durante o inqurito policial)-acusado, imputado (art. 187, 259, 260, etc);-ru (art. 186, 188, 394, 395, etc.);-imputado, denunciado (no caso de ao pblica);-querelado (na ao privada);-sentenciado (quando transitada em julgado a sentenacondenatria)

  • Direitos do acusado:

    1) Direitos Constitucionais (CF):a)de liberdade provisria (art. 5, caput)b)de priso legal e prestao de fiana (art. 5, LXVI)c) de permanecer calado (art. 5, LVIII)d) de identificao pelos responsveis pela sua priso ou interrogatrio policial (art. 5, LXIV)e) de ser considerado inocente at trnsito e julgado de sentena condenatria irrecorrvel(art. 5, LVII)f) de plenitude de defesa e de contraditrio (art. 5, LV)g) de ser respeitado na sua integridade fsica e moral (art. 5, XLIX)h) de assistncia de advogado (art. 5, LXIII)i) de ser punido com a pena adequada (art. 5, XLVI)

    2) Direitos processuais (CPP):a)ao silncio (art. 186)b) de liberdade de locomoo (art. 282)c) de nomeao de defensor (art. 263)d) de ser citado (art. 351-365)e) de instruo contraditria (art. 538, 2, 472, 473, 499 e 500)f) de curador ao ru menor de 21 anos (art. 15 e 262)g) de nota de culpa por priso em flagrante (art. 306)

  • Defensor (art. 261 a 267):

    profissional que exerce o mumus pblico e indispensvel a administraoda justia criminal, sendo inviolvel no exerccio da profisso (art. 133 daCF).

    Funo essencial para regularidade do processo por ndole constitucional(direito do contraditrio art. 5, LX) proporcionando efetivo equilbrioentre os ofcios da defesa e acusao, cuja inobservncia implica emnulidade insanvel (art. 564, II, c e smula 523 do STF).

    O defensor, procurador ou representante da parte, o advogado, sujeitoespecial do processo penal com atuao obrigatria, por faltar na parte ocapacidade para o exerccio postulatrio (jus postulandi).

    O defensor figura juridicamente polidrica de mandatrio, substitutoprocessual e representante do acusado.

  • TIPOS DE DEFENSORES:

    a)Defensor Constitudo nomeado pelo ru atravs de procurao ou indicado nomomento do interrogatrio, sendo dispensado o mandato (art. 266);

    Procurador o advogado que representa a parte em juzo, legalmente habilitado einscrito na OAB.

    b) Defensor Ad Hoc nomeado pelo juiz para realizao de determinados atos face aausncia do defensor constitudo (procurador);

    c) Defensor Pblico quele reservado aos necessitados (CF art. 134 e Lei n1.060/50);

    d)Defensor Dativo nomeado pelo juiz queles que podendo no constituram procurador

    - Trata-se de mumus pblico que s pode ser recusado por motivo justo, sob pena demulta e ofcio a OAB para providncias de carter disciplinar (art. 264)

    - ao ru revel, que possui advogado constitudo, no se nomear defensor dativo, sse aquele renunciar.

    -o defensor dativo no pode substabelecer e tem o dever de defesa prvia e razesfinais.

    -o advogado tem o dever de aceitar a indicao como defensor dativo, salvo motivorelevante (estar impedido, ser procurador da outra parte, etc.).

  • Do Curador (art. 262):

    Curador tanto na polcia, como na ao, mesmo ao menor emancipado.

    No tem relevncia o fato de o acusado estar emancipado, circunstncia que notem reflexo na esfera penal.

    Curador especial - curador especial o advogado nomeado judicialmente paradefender os interesses da parte caso esta no possua defensor nem tenhacondies de constitu-lo.

    a) Ru preso.b) revel, citado por edital.c) incapaz, sem representao.d) ao acusado que se instaura incidente de insanidade mental.

    *Os menores de 18 anos so penalmente inimputveis (art.27 - critrio biolgico),ficando sujeitos apenas as medidas do Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA),conforme art. 226 da CRFB/88.

    *O autor de ato infracional deve ser acompanhado em todos os atos porrepresentante do Ministrio Publico, como prev o ECA.

  • Do Assistente do Ministrio Pblico ou de Acusao (art. 268):

    o ofendido pelo crime se habilita no processo crime, como auxiliar da acusao.

    So auxiliares do MP na acusao (nos crimes de ao pblica);

    Sua funo ajudar e assistir o MP a acusar e secundariamente garantir interessesreflexos ( ex: ao civil)

    Assistncia uma intervenincia adesiva facultativa (art. 269 e 273). O assistente noexerce munus pblico, no est sujeito a atuao fundada em parcialidade, aosimpedimentos ou restries que poderiam ser argidas ao Juiz, aos jurados ou MP.

    Quem pode ser assistente? Enumerao taxativa:a)o ofendido ou seu representante legal (at mesmo 18 a 21 anos)b)cnjuge;c) ascendente;d) descendente; ee) irmo do ofendido.

    *Tem-se admitido assistncia mltipla, como por exemplo, de me e irmo do ofendido, deviva e filha.

  • Poderes do assistente:a) propor meio de provab) requerer testemunhas (exceto as arroladas na denncia)c) aditar ou articular libelosd) fazer debate orale) articulador - razes finaise) arrazoar recursosf) recorrer supletivamente ao MP (se sentena condenatria)

    Vedaes:a)antes do incio da ao penal (IP).b)co-ru no mesmo processo.c) s cabe para ofendido ou vtima.d) sentena, ainda, no transitada e julgada (art. 269)e) Para o jri, at 3 dias antes do julgamento (art. 447)

  • Dos Auxiliares da Justia (art. 274 a 281):

    So Pessoas que so convocadas a colaborar com a justia,praticando atos necessrios ao desenvolvimento doprocesso e consecuo de seus fins, por dever funcional ouem situaes eventuais.

    Classificao:

    1) Permanentes: funcionrios aplicao analgica dasmesmas regras atinentes ao juiz

    Ex. escrivo, oficiais de justia, peritos e intrpretes,depositrios, escreventes, etc.

    2) Eventuais tambm subordinados disciplina judiciria.Ex. terceiros: testemunhas, imprensa, correios, etc.

  • 1.4 PRINCPIOS CONSTITUCIONAIS E GERAIS INFORMADORES DO PROCESSO PENAL.

    a)Principio do devido processo legal

    Literalmente expresso na CF/88, precisamente no artigo 5, inciso LIV, assim disposto:ningum ser privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.

    O inciso LIV, acima transcrito, vm dizer que a todo indivduo assegurado o direito deno ser preso e de no ter seus bens tomados, sem que se tenha desenvolvido umprocesso em conformidade com que foi estabelecido pela ordem jurdica.

    Em suma, ningum sofrer qualquer tipo de pena ou imposio sem a observncia doDevido Processo Legal.

    O Devido Processo Legal, um princpio que se aplica de forma ampla a todo o tipode resoluo de conflitos, em qualquer processo, independente do ramo do Direito etambm independente de quem for a parte litigante, obrigatoriamente devero sercumpridas todas as regras processuais, concretas ou abstratas, que estiveremconsagradas na legislao.

  • b)Princpio da Presuno da inocncia

    Tambm reconhecido como princpio da no culpabilidadeou do estado de inocncia (art5, inciso LVIII CF);

    refere que ningum ser considerado culpado at que setenha a sentena condenatria transitado em julgado.

    mesmo que confesso ou que todas as provas indiquem aculpabilidade do ru, este no poder sofrer nenhum tipo desano at que seja definitivamente julgado e condenado.

    O cumprimento da pena, a perda da primariedade, aexecuo civil da condenao, todos pressupem o trnsitoem julgado da deciso condenatria (obs: prises cautelares)

  • c)Princpio do Contraditrio

    nos informa que no decorrer processual as partes devem ter igual condies deresponder ao que lhe vem ser imputado, isto em idnticas oportunidades nosautos (art. 5, Inciso LV CF),

    garante s partes todos os meios de contradizer aquilo a que est sendo acusado(obs: necessidade de que a parte tome conhecimento amplo de toda imputaoacusatria direito citao, intimao e notificao)

    O contraditrio tambm vem explcito no Pacto de San Jos da Costa Rica, emseu artigo 8 relata que toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidasgarantias e dentro de um prazo razovel [...].

    Premissa bsica dentro do processo, tambm denominado de princpio dabilateralidade processual, induz que os atos processuais, para serem vlidos,precisam ter a ideia de dilogo inter-partes.

    Sempre a outra parte dever ser ouvida, dando a exata medida de igualdadeentre autor e ru. Assim, cada ato necessita, obrigatoriamente, de ter sedesenvolvido com a participao de todos os interessados no referido ato.

  • d)Princpio da Ampla Defesa

    Juntamente com o contraditrio, este princpio est entre as garantias esculpidasno artigo 5, inciso LV da CF;

    Guilherme Nucci pronuncia que ao ru concedido o direito de se valer deamplos e extensos mtodos para se defender da imputao feita pela acusao.

    Eugenio Pacelli : a ampla defesa a efetivao do princpio do contraditrio, namedida em que esse d a garantia de participao, e aquele realizao dessaparticipao.

    No contedo de uma defesa ampla, alm do direito de ser ouvido, comocorolrio do contraditrio, insere-se a autodefesa e a defesa tcnica e, nesteaspecto, o direito de ter pra si defensor dativo nomeado quando na ausncia deadvogado particular.

    o direito prova, que diz respeito a poder produzir toda prova possvel paracontradizer o contedo acusatrio

    Tambm se efetiva com o direito ao duplo grau de jurisdio.

  • e)Princpio do Juiz Natural

    No seu bojo est inserido a proibio do julgamento por tribunais nocompetentes e que no tenham o condo da imparcialidade.

    O princpio do Juiz natural ou Juiz Constitucional indica que o tribunalonde o ru ser submetido a julgamento, dever estar imbudo do poderlegal de julgar (art 5, inciso LIII);

    f) Princpio do Promotor Natural

    Este princpio, em parceria com o do Juiz Natural, tambm se define apartir do texto do artigo 5, LIII da Constituio,

    ningum ser processado nem sentenciado seno pela autoridadecompetente, inexorvel concluir que, dessas regras, extrai-se nosomente o princpio do juiz natural, j abordado, anteriormente, mastambm o princpio do promotor natural, materializado na expressoprocessado.

  • g) Princpio do Duplo Grau de Jurisdio

    Est afeito inconformao do vencido por ter deciso contrria a seu entendimento.

    resulta da a sua vontade de ser a deciso reexaminada por rgos superiores, o que se fazpor meio dos recursos.

    No teor deste princpio, portanto, a base est no direito de poder recorrer, ou seja, de queas decises possam submeter-se a reexames sucessivos viveis, visando adquirir umamelhor deciso possvel ao caso em disputa.

    h)Princpio da Igualdade Processual

    Este princpio advm da mxima de que todos so iguais perante a lei, extrada do caputdo artigo 5 da CF, reforado pelo artigo 121, inciso I do CPP que ordena ao juiz assegurartratamento igual s partes.

    No dever ficar de fora do tema os dizeres da Declarao Universal dos Direitos Humanos,que em seu artigo 10, demonstra toda a importncia do contedo de igualdade processual:

    Toda pessoa tem direito, em condies de plena igualdade, de ser ouvida publicamente ecom justia por um tribunal independente e imparcial, para a determinao de seus Direitose deveres ou do fundamento de qualquer acusao penal contra ela.

  • I)Princpio da Imparcialidade do Juiz

    Tal princpio vem incutido de forma indireta nos incisos de I a V do pargrafo nico do art.95 da CF.

    A imparcialidade do juiz de essencial importncia garantir um julgamento justo eequnime

    para isso, necessrio que este juiz esteja acobertado, inicialmente, por certaindependncia, de tal modo que no possa sofrer coaes ou qualquer outro tipo deinfluncia que venha a atribular o exerccio de sua jurisdio imparcial.

    J)Princpio da Publicidade

    Paulo Rangel: no h nos modelos polticos democrticos espao para o mistrio

    Este princpio vem dizer que os atos cometidos dentro do processo devero ser pblicos,isto porque, as questes envolvidas em Processo Penal so de interesse de toda asociedade.

    Desta forma, qualquer pessoa tem o direito de conhecer de todos os atos processuais quese acometem dentro da demanda judicial.

    Excees nos casos de segredo de justia ( ex: crianas, segurana nacional)

  • k)Princpio da Celeridade Processual ou do Tempo Adequado do Processo

    O princpio vem plasmado no texto constitucional, precisamente no inciso LXXVIII, doartigo 5 da CF/88, introduzido pela emenda constitucional n 45, de 2004

    Sobre o tema, Nestor Tvora: o direitos celeridade pertence tanto vitima como ao ru.Objetiva-se assim evitar a procrastinao indeterminada de uma persecuoestigmatizadora e cruel, que simboliza, no mais das vezes, verdadeira antecipao da pena.;

    Deve-se observar que o citado princpio j vinha consagrado no ordenamento jurdicoptrio, por meio do Pacto de So Jos da Costa Rica, do qual o Brasil signatrio e onde sel, no artigo 8 daquele documento: Toda pessoa ter o direito de ser ouvida, com asdevidas garantias e dentro de um prazo razovel.

    l) Princpio da Proibio da Prova ilcita

    est moldado no artigo 5, inciso LVI, da CF/88, onde se l

    o termo provas ilcitas vem utilizado de forma a abranger as provas que seriam vedadasde uso no processo, atingindo as duas espcies: as provas ilcitas propriamente ditas e asprovas consideradas ilegtimas

    O valor deste princpio est inserido no sentido de proibir que o convencimento do juzoseja baseado em elementos irregulares perante o direito, o que no estaria emconformidade com o valor de justia

  • m) princpio do favor reiTambm conhecido como princpio do in dubio pro reo decorre do princpio dapresuno de inocncia

    Baseia-se na predominncia do direito de liberdade do acusado, quandocolocado em confronto com o direito de punir do Estado, ou seja, na dvida,sempre prevalece o interesse do ru.

    O mencionado princpio deve orientar, inclusive, as regras de interpretao, deforma que, diante da existncia de duas interpretaes antagnicas, deve-seescolher aquela que se apresenta mais favorvel ao acusado.

    No processo penal, para que seja proferida uma sentena condenatria, necessrio que haja prova da existncia de todos os elementos objetivos esubjetivos da norma penal e tambm da inexistncia de qualquer elemento capazde excluir a culpabilidade e a pena.

    n)princpio da indisponibilidade

    A adoo desse princpio probe a paralisao injustificada da investigaopolicial ou seu arquivamento pela autoridade policial. Tambm no permite que oMinistrio Pblico desista da ao.

  • o)princpio da verdade real

    o Juiz tem a obrigao de colher o maior nmero de provas possveis a fim dedeterminar efetivamente como ocorreu o fato concreto.

    este princpio no absoluto, pois h determinadas situaes que constituemressalvas verdade real, como, por exemplo, as provas obtidas por meios ilcitos.

    p) princpio da oficialidade

    a pretenso punitiva do Estado deve se fazer valer por rgos pblicos, ou seja, aautoridade policial, no caso do inqurito, e o Ministrio Pblico, no caso da aopenal pblica.

    q) princpio da oficiosidade

    A autoridade policial e o Ministrio Pblico, regra geral, tomando conhecimentoda possvel ocorrncia de um delito, devero agir ex officio (da o nome princpioda oficiosidade), no aguardando qualquer provocao.

    Tal situao excepcionada nos casos de ao penal privada, na qual, comoveremos em nossa prxima aula, ser necessria a provocao da vtima.

  • 1.5 Aplicao da lei processual penal no espao e no tempo.

    NO TEMPO:

    A lei processual, uma vez inserida no mundo jurdico, tem aplicaoIMEDIATA(art. 2 cpp)

    Diferentemente do que ocorre com a lei penal, onde a lei no retroagir,salvo para beneficiar o ru, a lei processual atinge inclusive os processosque esto em curso, pouco importando se traz ou no situao gravosa aoimputado.(Princpio do efeito imediato ou da aplicao imediata)

    Os atos j praticados antes da vigncia da nova lei continuam vlidos.

    Observe que a lei processual penal se aplica para o futuro, isto , no retroativa, uma vez que s se aplica aos fatos processuais que ocorreremaps a sua entrada em vigor.

    aplicao da lei processual penal informada pelo princpio daterritorialidade absoluta, logo, tem aplicao a todos os processos emtrmite no territrio nacional.

  • Ou seja, dvida no h de que:

    a) nos processos j extintos, no se aplica a lei nova

    b) nos processos ajuizados ps-vigncia da lei nova,esta a que ser aplicada.

    A dificuldade ser, portanto, regular os processosem curso quando da vigncia da lei nova,especialmente para verificar se determinados atos/fases do processo j foram ou no consumados;

    H de atentar para teoria do isolamento dos atosprocessuais.

  • NO ESPAO

    a norma processual segue o princpio da territorialidade, ou seja, aplicvel a lei do local.

    A jurisdio poder de dizer o direito manifestao do podersoberano do Estado. Assim, por certo, no pode a jurisdio serregulada por leis estrangeiras.

    A territorialidade positivada no art. 1 do CPP, ao destacar quese aplica em todo o territrio nacional;

    Ou seja: em relao lei processual no espao, no Brasil apenasso aplicveis normas processuais brasileiras.

    Apesar de deixar claro que a regra a territorialidade, o prprioart. 1 do CPP traz algumas excees territorialidade do Cdigode Processo Penal

  • a)OS TRATADOS, AS CONVENES E REGRAS DE DIREITO INTERNACIONAL;

    A subscrio pelo brasil de tratado ou conveno afasta a jurisdio criminalbrasileira, fazendo com que determinados crimes sejam apreciados por tribunaisestrangeiros.

    b) AS PRERROGATIVAS CONSTITUCIONAIS DO PRESIDENTE DA REPBLICA, DOS MINISTROSDE ESTADO, NOS CRIMES CONEXOS COM OS DO PRESIDENTE DA REPBLICA, E DOSMINISTROS DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, NOS CRIMES DE RESPONSABILIDADE (CF/88,ARTS. 86, 89, 2 , 100);

    Determinadas condutas, por questo de poltica criminal, no so julgadas pelojudicirio, mas pelo legislativo. no caso em tela, trata-se de competncia do senado federal.

    C) OS PROCESSOS DA COMPETNCIA DA JUSTIA MILITAR

    o art. 124 da CF/88 define que cabe a justia militar julgar os crimes militares. essesdelitos vo ser apurados de acordo com o cdigo de processo penal militar e no conforme ocdigo de processo penal.

    d) LEIS ESPECIAIS

    Lei de drogas, leis eleitorais, Lei Maria da Penha , etc..

  • INTERPRETAO DA LEI PROCESSUAL PENAL

    A Interpretao o mecanismo atravs do qual feita a avaliao de umdispositivo legal, visando atingir a inteno que estava presente no momento desua criao, estabelecendo a sua verdade real.

    A Interpretao o meio para atingir a objetividade jurdica almejada nomomento da criao da norma, que apesar de parecer clara, deve sermeticulosamente analisada.

    Pode-se dizer, ento, que a interpretao a procura pela inteligncia e vontadeda lei - sendo ela de todo e qualquer ramo do Direito.

    Portanto, se interpretar uma norma significa buscar seu alcance e realsignificado, para atingir este fim ser necessria a anlise do procedimento comoum todo

    O tema interpretao tratado pelo Cdigo de Processo Penal no termo do Art.3: A lei processual penal admitir interpretao extensiva e aplicao analgica,bem como o suplemento dos princpios gerais de direito

    Vamos agora desmembrar o Art. 3 e entend-lo. A lei processual penal admitir:

  • a)INTERPRETAO EXTENSIVAOcorre quando o intrprete percebe que a letra escrita da lei ficou aqumde sua vontade;

    ou seja, a lei disse menos do que queria e a interpretao vai ampliar seusignificado.

    Vejamos um exemplo:

    LEP (Lei de Execues Penais) Lei n 7210/84 - Art. 126. O condenado quecumpre a pena em regime fechado ou semi-aberto poder remir, pelotrabalho ou pelo estudo, parte do tempo de execuo da pena. (grifonosso).

    * A interpretao extensiva do vocbulo estudo', para alcanar tambm aatividade de leitura, no afronta o art. 126 da Lei de Execuo Penal. quea legislao, com o objetivo de ressocializar o condenado para o fim deremio da pena, abrange a leitura, em face da sua inegvel relevncia paraa recuperao social dos encarcerados.

  • b) APLICAO ANALGICA

    possvel quando, dentro do prprio texto legal, aps uma seqncia casustica, o legislador se vale de umafrmula genrica, que deve ser interpretada de acordo com os casos anteriores

    ex.: o crime de estelionato, de acordo com a descrio legal, pode ser cometido mediante artifcio, ardil ouqualquer outra fraude;

    o art. 28, II, estabelece que no exclui o crime a embriaguez por lcool ou por substncias de efeitosanlogos.

    ATENO - ANALOGIA: consiste em aplicar a uma hiptese no prevista em lei a disposio relativa a umcaso semelhante.(lacuna da lei).

    O legislador, atravs da lei A, regulou o fato B.

    O julgador precisando decidir o fato C procura e no encontra no direito positivo uma lei adequada a essefato.

    Percebe, porm, que h pontos de semelhana entre o fato B (regulado) e o fato C (no regulado).

    Ento, atravs da analogia, aplica ao fato C a lei A.

  • c)SUPLEMENTO DOS PRINCPIOS GERAIS DODIREITO

    Princpios so regras que encontram base namoral, tica e na equidade e so universalmenteaceitos como normas, mesmo que no escritos.

    Favor rei x Provas ilicitas X Razoabilidade