unidade i direito penal militar

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UNIDADE I: DIREITO PENAL MILITAR PARTE GERAL: O Código Penal Militar foi instituído pelo Decreto-Lei nº 1.001, de 21 de outubro de 1969, que entrou em vigor em 01 de Janeiro de 1070,  durante o Governo da Junta Militar que exercia a chefia do Poder Executivo no Brasil em plena ditadura, sobrevivendo até os dias atuais com poucas alterações. O Direito Penal Militar tem sido aplicado no Brasil desde o tempo do Império, quando a família real veio para o Brasil e organizou o primeiro Tribunal que a Nação conheceu, o Supremo Conselho Militar e de Justiça, que posteriormente se transformou no Superior Tribunal Militar, atualmente tem sede em Brasília e  jurisdição em todo o territó rio nacional. DIREITO PENAL MILITAR: “É o complexo de normas jurídicas destinadas a assegurar a realização dos fins das instituições militares, cujo principal é a defesa armada da Pátria”. A preservação dessa ordem jurídica militar, aonde preponderam a hierarquia e a disciplina, exige obviamente do Estado, mirando a seus possíveis violadores, um elenco de sanções de naturezas diversas, de acordo com os diferentes bens tutelados: administrativas (disciplinares), civis e penais. As penais surgem com o Direito Penal Militar. FONTES DO DIREITO PENAL MILITAR - Fonte, no seu sentido mais amplo, quer dizer lugar de procedência, de onde se origina alguma coisa. O Direito Penal Militar, como não poderia deixar de ser, também tem suas fontes. PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO: Nos termos da LICC, art. 4º, quando a lei for omissa o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito, que são extraídos mediante indução, do material legislativo, obrigam à criação de regras formuladas pelos princípios morais que informam a legislação onde ocorre o caso omisso. DOUTRINA: conjunto de investigações e reflexões teóricas e princípios metodicamente expostos, analisados e sustentados pelos autores no estudo das leis. JURISPRUDÊNCIAS: repetição constante de decisões no mesmo sentido em casos idênticos. COSTUME: consiste no conjunto de normas de comportamento a que pessoas obedecem de maneira uniforme e constante pela convicção de sua obrigatoriedade. Por obediência uniforme entende-se a prática de atos da mesma espécie. Por constante entende-se a sua reiteração de forma continuada, por período mais ou menos longo. MILITAR - É considerada militar, para efeito da aplicação do CPM, qualquer pessoa que, em tempo de paz ou de guerra, seja incorporada às Forças Armadas, para nelas servir em posto, graduação, ou sujeição à disciplina mili tar.

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    UNIDADE I: DIREITO PENAL MILITARPARTE GERAL:

    O Cdigo Penal Militar foi institudo pelo Decreto-Lei n 1.001, de 21 deoutubro de 1969, que entrou em vigor em 01 de Janeiro de 1070, durante oGoverno da Junta Militar que exercia a chefia do Poder Executivo no Brasil emplena ditadura, sobrevivendo at os dias atuais com poucas alteraes.

    O Direito Penal Militar tem sido aplicado no Brasil desde o tempo do Imprio,quando a famlia real veio para o Brasil e organizou o primeiro Tribunal que aNao conheceu, o Supremo Conselho Militar e de Justia, que posteriormente setransformou no Superior Tribunal Militar, atualmente tem sede em Braslia ejurisdio em todo o territrio nacional.

    DIREITO PENAL MILITAR: o complexo de normas jurdicas destinadas a assegurar a realizao dos

    fins das instituies militares, cujo principal a defesa armada da Ptria.

    A preservao dessa ordem jurdica militar, aonde preponderam a hierarquiae a disciplina, exige obviamente do Estado, mirando a seus possveis violadores,um elenco de sanes de naturezas diversas, de acordo com os diferentes benstutelados: administrativas (disciplinares), civis e penais. As penais surgem com oDireito Penal Militar.

    FONTES DO DIREITO PENAL MILITAR - Fonte, no seu sentido mais amplo, querdizer lugar de procedncia, de onde se origina alguma coisa. O Direito Penal Militar,como no poderia deixar de ser, tambm tem suas fontes.

    PRINCPIOS GERAIS DO DIREITO: Nos termos da LICC, art. 4, quando a lei foromissa o juiz decidir o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princpiosgerais do direito, que so extrados mediante induo, do material legislativo,obrigam criao de regras formuladas pelos princpios morais que informam alegislao onde ocorre o caso omisso.

    DOUTRINA: conjunto de investigaes e reflexes tericas e princpios

    metodicamente expostos, analisados e sustentados pelos autores no estudo dasleis.

    JURISPRUDNCIAS: repetio constante de decises no mesmo sentido em casosidnticos.

    COSTUME: consiste no conjunto de normas de comportamento a que pessoasobedecem de maneira uniforme e constante pela convico de sua obrigatoriedade.Por obedincia uniforme entende-se a prtica de atos da mesma espcie. Porconstante entende-se a sua reiterao de forma continuada, por perodo mais oumenos longo.

    MILITAR - considerada militar, para efeito da aplicao do CPM, qualquer pessoaque, em tempo de paz ou de guerra, seja incorporada s Foras Armadas, paranelas servir em posto, graduao, ou sujeio disciplina militar.

    http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEL%201.001-1969?OpenDocumenthttp://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEL%201.001-1969?OpenDocumenthttp://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEL%201.001-1969?OpenDocumenthttp://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEL%201.001-1969?OpenDocument
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    SUPERIOR - O militar que, em virtude da funo, exerce autoridade sobre outrode igual posto ou graduao, considera-se superior, para efeito da aplicao da leipenal militar.

    ESTRANGEIROS - Para os efeitos da lei penal militar, so consideradosestrangeiros os aptridas e os brasileiros que perderam a nacionalidade.

    FUNCIONRIOS DA JUSTIA MILITARQuando o CPM se refere a funcionrios,compreende, para efeito da sua aplicao, os juzes, os representantes doMinistrio Pblico, os funcionrios e auxiliares da Justia Militar.

    INFRAES DISCIPLINARES (mesmo que transgresso da disciplina) - O CPMno compreende as infraes disciplinares, pois sendo um Cdigo Penal Militartrata dos crimes militares, excluindo as transgresses disciplinares que so denatureza administrativa E NA Polcia Militar do Par esto previstas no Cdigo detica e Disciplina da PMPA (CEDPM).

    CRIME PROPRIAMENTE MILITAR - So aqueles que s podem ser praticados por

    militares, o tipo penal exige esta condio especial do sujeito ativo. Quando o crimes est previsto no CPM e praticado somente por militares que dizemos que ocrime propriamente militar. aquele que tem somente o militar como sujeitoativo e essa condio integra o tipo, explcita ou implicitamente.

    CRIME IMPROPRIAMENTE MILITAR - Crime impropriamente militar aqueleque pela condio de militar do culpado, ou pela espcie do fato, ou pela naturezamilitar do local ou, finalmente, pela anormalidade do tempo em que praticado,acarreta dano economia, ao servio ou disciplina das foras militares. Noscrimes propriamente e impropriamente militares, a Justia Militar Estadual,somente admite como agente ativo do crime o militar estadual.

    1.1Princpios Constitucionais Penais.

    1.1. 1 Princpioda legalidade ou Reserva Legal: oprincpio da legalidade (ou ReservaLegal) encontra-se previsto de forma expressa na Constituio Federal (CF) de1988, em seu art. 5, XXXIX e art. 1 do Cdigo Penal Militar (CPM): No h crimesem lei anterior que o defina, nem pena sem prvia cominao legal.

    O princpio da legalidade representa a maior proteo poltica do cidado contraos abusos do poder estatal. O Estado, enquanto detentor exclusivo do poder de punir (JusPuniendi), no pode privar ningum de sua liberdade, no pode aplicar nenhuma sano

    penal, no pode impor nenhum castigo penal, salvo no caso do cidado ter praticado umaconduta previamente descrita como crime.

    1.1.2 Princpio da anterioridade: no h crime sem lei anterior que odefinae no h pena sem prvia cominao legal. O delito e sua pena tem queestar previsto em Lei antes do cometimento do ilcito.

    1.1.3 Princpio da irretroatividade: a Constituio Federal em seu Art. 5;inciso XL e Cdigo Penal no art. 2 e pargrafo nico determinam que a lei posteriormais severa irretroativa; a posterior mais benfica retroativa. O 1 do art. 2do CPM assegura que: lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente, aplica-seretroativamente, ainda quando j tenha sobrevindo sentena condenatria irrecorrvel.

    1.1.4Princpio do estado de inocncia: o Art. 5, LVII da CF afirma queningum ser considerado culpado at o trnsito em julgado (no cabe maisrecurso) de sentena penal condenatria.

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    1.1.5Princpio da independncia das esferas: Penal, Civil e Administrativa,que assegura que nenhuma esfera poder interferir na outra.

    1.1.6 Princpio da igualdade: art. 5 da CF afirma que Todos so iguaisperante a lei.... O princpio da igualdade atua em duas vertentes: perante a lei ena lei. Por igualdade perante a lei compreende-se o dever de aplicar o direito nocaso concreto; por sua vez, a igualdade na lei pressupe que as normas jurdicasno devem conhecer distines, exceto as constitucionalmente autorizadas. Sendoque no se pode aplicar a lei e atos normativos de forma diferente em razo de sexo,religio, convices filosficas ou polticas, raa e classe social.

    1.1.7 Princpio do ne bis in idem: ningum pode ser punido duas vezespelo mesmo fato. A exceo deste princpio se for em esferas diferentes (Penal,civil e Administrativa).

    2 Medidas de Segurana

    O art. 3 da Lei em estudo define que: As medidas de segurana regem-se pela leivigente ao tempo da sentena, prevalecendo, entretanto, se diversa, a lei vigente ao tempo daexecuo.

    A sano penal um gnero da qual saem as espcies de pena ou medida desegurana. A distino fundamental entre pena e medida de segurana que pena a sano prevista em nosso ordenamento jurdico aos imputveis, ao passo quea medida de segurana reservada aos inimputveis ou semi-imputveis emvirtude de doena mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado.

    3 Lei excepcional ou temporriaO Estado em determinadas situaes para que possa preservar a ordem

    pblica em seus aspectos segurana pblica, tranquilidade e salubridade pblica,poder editar as denominadas leis excepcionais, ou leis temporrias, que soeditadas em situaes especiais, como no caso de epidemias, convulses sociais,guerras, entre outras. Estas leis tm vigncia determinada, mas os infratores quepraticarem ilcitos durante a vigncia destas leis no ficam a salvo de serempunidos quando a lei cessa a sua vigncia.

    4 Tempo do crimeO vigente Cdigo Penal Militar estabeleceu que o tempo do crime ser o

    momento da ao ou omisso, mesmo que o resultado no ocorra logo aps, comopor exemplo, no caso do crime de homicdio, aonde a vtima somente aps um msvem a falecer. Para os efeitos penais considera-se como praticado o crime nomomento em que a vtima sofreu a ao ou omisso pretendida pelo agente doilcito. O tempo do crime o marco inicial para a contagem do instituto daprescrio.

    Existem alguns crimes que se encontram previstos nas leis penais, comunsou militares, que independem do resultado, como por exemplo, o crime de

    corrupo passiva, solicitar ou receber vantagem indevida.

    5 Lugar do crime

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    O CPM estabeleceu duas regras para determinar o lugar do crime. Segundo alei penal militar, inicialmente considera-se como sendo o local do crime o lugar emque se desenvolveu a atividade criminosa, no todo ou em parte, ainda que sob aforma de participao. A atividade criminosa deve ser entendida como sendo asaes desenvolvidas pelos infratores no momento da ao, a qual poder se exaurir

    no todo, ou apenas em uma parte.Para os efeitos deste Cdigo, o lugar do crime no tocante aos crimes omissivos

    deve ser considerado como sendo o lugar onde deveria se realizar a ao omissiva,no se fazendo neste caso meno a questo do resultado.

    6 Territorialidade e Extraterritorialidade

    Art. 7 Aplica-se a lei penal militar, sem prejuzo de convenes, tratados eregras de direito internacional, ao crime cometido, no todo ou em parte no territrionacional, ou fora dele, ainda que, neste caso, o agente esteja sendo processado ou

    tenha sido julgado pela justia estrangeira.O CPM estabeleceu como regra que a lei penal militar acompanha os militares

    brasileiros, estaduais ou federais, onde quer que estes se encontrem nocumprimento de sua misso constitucional, seja no territrio nacional, ou fora doterritrio nacional.

    Acerca da territorialidade significa tambm que a lei penal s tem aplicaono territrio do Estado que a determinou, sem atender nacionalidade do sujeitoativo do delito ou do titular do bem jurdico lesado.

    Para os efeitos da lei penal militar consideram-se como extenso do territrio

    nacional as aeronaves e os navios brasileiros, onde quer que se encontrem, sobcomando militar ou militarmente utilizados ou ocupados por ordem legal deautoridade competente, ainda que de propriedade privada.

    tambm aplicvel a lei penal militar ao crime praticado a bordo de aeronavesou navios estrangeiros, desde que em lugar sujeito administrao militar, e ocrime atente contra as instituies militares, sendo estes considerados comoextenso do territrio nacional, onde quer que se encontrem, estando sob comandomilitar ou militarmente utilizados ou ocupados por ordem legal de autoridadecompetente, ainda que de propriedade privada.

    Para efeito da aplicao deste Cdigo, considera-se naviotoda embarcao

    sob comando militar, incluindo-se as de pequeno porte, como lancha, inclusiveaquela que est sob a administrao da Polcia Militar ou Corpo de BombeirosMilitar.

    7Pena cumprida no estrangeiro

    O art. 8 do CPM afirma que a pena cumprida no estrangeiro atenua a penaimposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela computada,quando idnticas.

    Em casos excepcionais, poder ocorrer que um militar, federal ou estadual,tenha cumprido uma pena privativa de liberdade no estrangeiro, uma vez que aregra que o militar brasileiro seja julgado processado e julgado na Justia Militardo Brasil (Estadual ou Federal). Mas, caso venha acontecer que o militar brasileiroseja julgado no exterior e condenado a pena que for cumprida no estrangeiro ser

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    descontada da pena que tiver que ser cumprida no Brasil. Se a pena for diversa oquantum a ser cumprido no Brasil ser atenuado, mas se a pena for idntica sercomputada para todos os efeitos legais, inclusive para a concesso dos benefciosprevistos na legislao, como por exemplo, o livramento condicional, ou mesmo aconcesso de indulto, quando este benefcio exige que parte da pena tenha sido

    cumprida pelo interessado, ou seja, o reeducando.

    8 Crimes militares em tempo de paz

    CRIME MILITAR PRATICADO POR POLICIAL MILITAR CONTRA POLICIAL MILITARDA ATIVA (ART. 9, INCISO II, ALNEA A)

    crime militar o delito cometido por militar contra militar,independentemente da circunstncia do lugar do crime, da condio de servio ououtra qualquer, podendo os sujeitos ativo e passivo pertencerem mesma arma ou arma diversa.

    Militar em situao de atividade, no servio ativo, na ativa, pode ou no seencontrar em servio ou em funo de natureza militar.

    Exemplo: O militar em frias, licena, em momento de lazer no interior doestabelecimento militar ou fora dele, no interior do seu lar, encontra-se em situaode atividade, no servio ativo, mas no no exerccio de funo do cargo militar.

    EM LOCAL SOB A ADMINISTRAO MILITAR, CONTRA CIVIL (ART 9, INCISO II,ALNEA B)

    Nos termos da alnea b do inciso ii, so requisitos de crime militar:

    - local do crime sob administrao militar;

    - sujeito ativo militar e sujeito passivo civil.

    Indispensvel o atendimento desses requisitos para a militarizao do delitocom igual definio na lei penal comum.

    Trata-se do critrio ratione loci (em razo do lugar), acrescido da condio demilitar do sujeito ativo e de civil ou militar da reserva ou reformado como sujeitopassivo, subordinado, no entanto, ao critrio ratione legis (em razo da legislao)

    sempre presente na conceituao do delito militar, ou seja, se houver previso legalna legislao comum e no houver na legislao penal militar, no se configuracrime militar.

    Local sob a administrao militar, para a Justia Militar do Estado, oque pertence ao patrimnio da Policia Militar e/ou do Corpo de Bombeiros Militarou encontra-se sob a administrao dessas instituies, por disposio legal ouordem igualmente legal de autoridade competente, nos termos do art, 9, inciso III,alnea a do CPM. O local referido pode ser imvel ou mvel, como veculo,embarcao, aeronave, etc.

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    MILITAR EM SERVIO, EM FUNO MILITAR, EM COMISSO DE NATUREZAMILITAR, EM FORMATURA, MANOBRA, EXERCCIO MILITAR, CONTRA CIVIL(INCISO II, ALNEAS C E D).

    Os requisitos do crime militar, expressos nas alneas c e d socaracterizados pelo servio policial militar, os quais exigem essa condio.

    CONTRA O PATRIMNIO SOB ADMINISTRAO MILITAR E CONTRA ORDEMADMINISTRATIVA MILITAR (INCISO II, ALNEA E).

    Os requisitos do delito militar, expressos na alnea e do Inciso II, so oPatrimnio sob Administrao Militar e a Ordem Administrativa Militar. Emboracomposta de militares e funcionando em local sob administrao militar.

    No que diz respeito Ordem Administrativa so infraes que atingem aorganizao, a existncia e a finalidade das instituies militares, por exemplo:Arts. 306, 308, 309, 311, 319, 320 do CPM.

    CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA

    Todo crime doloso contra a vida praticado por militar contra civildever serjulgado pela justia comum. Se o crime doloso contra a vida tiver como sujeito ativoe passivo militar o crime Militar.

    DISPOSITIVO CONSIDERAES

    Art. 9. Consideram-secrimes militares, em tempode paz:

    OCaput do artigo 9 vai delimitar os crimes militares possveis em tempode paz;

    - Atentando para o princpio da LEGALIDADE, os crimes para seremdefinidos como CRIMES MILITARESdevero necessariamente atender osrequisitos do Art. 9 do CPM e serem tipificados no CPM;

    - NO EXISTE TIPO PENAL MILITAR FORA DO CPM ;

    - Verificar se o crime militar consiste basicamente em: analisar se o fatoocorrido encontra correspondncia com algum dos delitos previstos no LivroI (Crimes militares em tempo de paz) para, em seguida, apontar se ascircunstncias que envolvem o delito amoldam-se aos critrios previstosnos incisos I, II e III do artigo 9 do CPM;

    - Crime militar NO DEVE SER CONFUNDIDO COM CRIME PRATICADOPOR MILITAR. O militar, estando de servio ou de folga, pode praticarcrimes definidos no CPM, bem como crimes comuns previstos no CdigoPenal Brasileiro e em outras normas penais;

    I os crimes de que trataeste Cdigo, quandodefinidos de modo diversona lei penal comum, ou nelano previstos, qualquer queseja o agente, salvodisposio especial

    - O inciso I do art. 9 trata dos chamados CRIMES MILITARES PRPRIOS;

    - So os crimes previstos SOMENTE NO CPM;

    - Na esfera federal QUALQUER PESSOApode ser sujeito ativo ou passivode um CRIME MILITAR PRPRIO

    - Na esfera estadual somente o MILITAR ESTADUALpode ser sujeito ativode um CRIME MILITAR PRPRIO, a CF no seu Art. 125 4 exige estacondio especial do sujeito ativo;

    - O ESTADO ou as ORGANIZAES MILITARES so os SUJEITOS

    PASSIVOS.

    II os crimes previstos nesteCdigo, embora tambm osejam com igual definio

    - So os chamados CRIMES MILITARES IMPRPRIOS ouACIDENTALMENTE MILITARES;

    - Possuem previso no CPM e nas demais legislaes penais (Ex: Homicdio);

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    na lei penal comum, quandopraticados:

    - Busca-se saber em qual juzo (comum ou militar) o crime ser processado,j que o mesmo crime tem PREVISO NOS DOIS INSTITUTOS;

    - Podem ser praticados por MILITARES E CIVIS NA ESFERA FEDERAL;

    - Na ESFERA ESTADUALsomente os MILITARES ESTADUAISpodem sersujeitos ativos (Art. 125 4 CF);

    - Podem ser SUJEITOS PASSIVOS o ESTADO, as ORGANIZAESMILITARES ou qualquer pessoa, CIVIL OU MILITAR.

    a) por militar em situaode atividade ouassemelhado, contra militarna mesma situao ouassemelhado;

    - ATIVIDADE significa que o militar est no SERVIO ATIVOde suaCorporao, ou seja, no foi ainda aposentado;

    - So equivalentes as expresses "NA ATIVA", "DA ATIVA", "EM SERVIOATIVO", "EM SERVIO NA ATIVA", "EM SERVIO", "EM ATIVIDADE" ou"EM ATIVIDADE MILITAR"

    - O militar da reserva ou reformado, empregado na administrao militar,se equipara ao militar em situao de atividade (artigo 13 do CPM).

    - O critrio utilizado ratione personae, ou seja, leva-se em considerao aQUALIDADE PESSOAL DO SUJEITO ATIVO E PASSIVO.

    - O ASSEMELHADO era o funcionrio pblico civil que trabalhava nasForas Armadas e estava sujeito ao regulamento disciplinar, foi extinto como advento da Lei 8112/90;

    - Basta que o crime TAMBM TENHA PREVISO NO CPBe o SUJEITOATIVO E PASSIVO SEJAM MILITARES DA ATIVA;

    - Os militares tm que ser DA MESMA ESFERA, ou seja, podem pertencera foras distintas (EB, Marinha e FAB; PM e BM), mas necessariamenteserem da mesma esfera (federal);

    - INDEPENDE SE O MILITAR EST DE SERVIO OU DE FOLGA ;

    - INDEPENDE DO LUGAR;

    b) por militar em situaode atividade ouassemelhado, em lugarsujeito administraomilitar, contra militar dareserva, ou reformado, ouassemelhado, ou civil;

    - Mesmas consideraes a cerca da ATIVIDADE;

    - Tambm INDEPENDE SE O MILITAR EST DE SERVIO OU DE FOLGA;

    - necessrio que o crime tenha ocorrido, NO TODO OU EM PARTE, emlocal sujeito administrao militar;

    - Pode-se conceituar "lugar sujeito administrao militar como o ESPAOFSICO, em que necessariamente as FORAS MILITARES, realizam suasatividades, como quartis, aeronaves, navios militares ou mercantes emservio militar, fortalezas, estabelecimentos de ensino militar, campo deprova ou de treinamento, ou o que a Lei designar como tal;

    - O local pode ser BEM PRPRIO, CONVENIADO OU CEDIDO, a ttulogratuito ou oneroso.

    - Excluem-se dessa conceituao os imveis fornecidos aos militares, paraFINS DE MORADIA, por fora do princpio da inviolabilidade do domiclio;

    - O TJMSP externou entendimento no sentido de que entende tambmserem considerados como lugares sujeitos administrao militar asVIATURAS, TRAILERS E UNIDADES MVEIS;

    - O sujeito passivo deve ser MILITAR INATIVOou CIVIL.

    c) por militar em servioou atuando em razo da

    funo, em comisso denatureza militar, ou em

    formatura, ainda que fora

    do lugar sujeito administrao militar contramilitar da reserva ou,reformado, ou civil;

    - So as situaes em que o militar se encontra no EFETIVODESEMPENHOdas atividades relacionadas com o CARGO, COMISSO,ENCARGO, INCUMBNCIA, MISSO, SERVIO ou ATIVIDADEPOLICIAL MILITARou considerada de natureza militar;

    - O militar atua em razo da funo quando estando de folga ou licenciado

    vem a atuar para fazer cessar eventual prtica delitiva que terceiro estejasofrendo, agindo, assim, no CUMPRIMENTO DE SEU DEVER LEGALCOMO MILITAR;

    - Deve-se analisar se a NATUREZA DO SERVIO desempenhado compatvel com a atividade militar;

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    - Se o militar desempenha funo de NATUREZA CIVIL, ou seja, funopara o qual EXISTEM, OU DEVERIAM EXISTIR CIVISdesempenhando-as, NO SERO ENQUADRADOSnesta alnea como militar em servio;

    - O sujeito ativo pode ser o MILITAR DA ATIVA ou INATIVO, o sujeitopassivo deve ser MILITAR INATIVOou CIVIL.

    d) por militar durante operodo de manobras ouexerccio, contra militar dareserva, ou reformado, ouassemelhado, ou civil;

    - O MILITAR DA ATIVApratica a conduta delitiva durante INSTRUESCOLETIVAS DE CONTINGENTES MILITARES, ou seja, em manobras eoutros tipos de exerccios de tropas;

    - O sujeito ativo deve ser o MILITAR DA ATIVA, o sujeito passivo deve serMILITAR INATIVOou CIVIL.

    e) por militar em situaode atividade, ouassemelhado, contra o

    patrimnio sob

    administrao militar, ou aordem administrativamilitar;

    - Entende-se que patrimnio sob a administrao militar no s os BENSPERTENCENTES CORPORAO MILITAR, mas tambm aquelespertencentes a pessoas fsicas e jurdicas que se encontram sobRESPONSABILIDADE DA ADMINISTRAO MILITAR;

    - Necessita a Corporao militar FORMALMENTE ter um patrimnioprprio ou sob sua responsabilidade, sob pena de descaracterizar essacondio;

    - Os delitos contra a ordem administrativa militar, ofendem aORGANIZAO, a EXISTNCIA, a FINALIDADEe o PRESTGIO MORALda Corporao;

    - O sujeito ativo o MILITAR DA ATIVAe o sujeito passivo a pessoajurdica da ADMINISTRAO PBLICA;

    -- Caracterizam principalmente os crimes impropriamente militares contraa ADMINISTRAO MILITARe contra a JUSTIA MILITAR

    III os crimes praticados pormilitar da reserva, ou

    reformado, ou por civil,contra as instituiesmilitares, considerando-secomo tais no s oscompreendidos no inciso I,como os incisos II, nosseguintes casos:

    - Considera-se como militar da reserva ou reformado todos aqueles quealcanaram a situao de INATIVIDADE REMUNERADA;

    - Inclui os militares da RESERVA REMUNERADA (encontram-se emcondies de prestarem servios na ativa, mediante reverso, convocao

    ou mobilizao) e os REFORMADOS (definitivamente dispensados daprestao de servio na ativa);

    - Na JUSTIA MILITAR PARAENSEadota-se o critrio do crime militarpara a possibilidade de militares inativos cometerem TRANSGRESSO DADISCIPLINApolicial militar;

    - Os civis sujeitam-se Justia Castrense apenas no MBITO FEDERAL;

    - Justia Militar Estadual, no caso do inciso III, se sujeitam apenas osMILITARES INATIVOS;

    a) contra o patrimnio soba administrao militar, oucontra a ordemadministrativa militar;

    - Mesmo comentrio a cerca da alnea "e" do inciso II quanto ao que venhaa ser entendido como patrimnio militar ou ordem administrativa militar.

    - Respondem os crimes contra o PATRIMNIO, a ADMINISTRAOMILITARe a ADMINISTRAO DA JUSTIA MILITAR;

    b) em lugar sujeito administrao militar,contra militar em situaode atividade ouassemelhado, ou contra

    funcionrio de MinistrioMilitar ou da Justia Militar,no exerccio de funoinerente ao seu cargo;

    - Usa-se o critrio ratione loci,como na alnea "b" do inciso II;

    - Sujeito ativo o MILITAR INATIVO, o SUJEITO PASSIVO o MILITARDA ATIVA;

    - O sujeito passivo s pode ser o FUNCIONRIO CIVIL DA JUSTIAMILITAR no EXERCCIO DE SUAS FUNES, tendo em vista que noexistem mais os Ministrios Militares;

    c) contra militar emformatura, ou durante operodo de prontido,

    vigilncia, observao,explorao, exerccio,acampamento,acantonamento oumanobras; ainda que forado lugar sujeito

    - Situao em que o MILITAR INATIVOcomete crime CONTRA MILITARDA ATIVAde SERVIOou atuando em RAZO DA FUNO;

    - INDEPENDE DO LUGAR;

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    administrao militar,contra militar em funo denatureza militar, ou nodesempenho de servio devigilncia, garantia e

    preservao da ordempblica, administrativa ou

    judiciria, quandolegalmente requisitado paraaquele fim, ou emobedincia a determinaolegal superior.

    Pargrafo nico. Os crimesde que trata este artigo,quando dolosos contra avida e cometidos contracivil, sero da competnciada justia comum

    - Refere-se aos CRIMES MILITARES;

    - Refere-se AO PENALque deslocada da Justia Militar para a VaraPenal competente;

    - NO ABRANGEos procedimentos como IPM e APFD;

    9 Crimes militares em tempo de guerra

    Nos momentos de conflito, devidamente declarados pelo Presidente daRepblica com o aval do Congresso Nacional, em atendimento as disposies daConstituio Federal de 1988, a legislao militar costuma ser mais severa, pois nestes momentos que o homem da guerra, o militar, deve demonstrar a suacoragem, e o seu amor incondicional para com a Ptria, o mesmo ocorrendo comos civis, que tambm possuem o dever de preservar a integridade do territrionacional. No existe nada mais importante para uma nao do que o seu territrio,a sua bandeira, e a sua liberdade. por isso, que o Hino Nacional Brasileiro, traz

    em sua letra, a frase, Vers que um filho teu no foge a luta, e nem teme que teadora a prpria morte. Todos devem estar preparados para defenderem a Ptria,sejam os militares, sejam os civis em caso de mobilizao nacional. Se assim noo fosse, no haveria necessidade do servio militar obrigatrio, ou mesmo de umalegislao militar e de uma lei de segurana nacional.

    O art. 10 estabelece que consideram-se crimes militares, em tempo de guerra:

    Neste sentido, o inciso I, faz referncia a parte especial que cuida dos crimesmilitares em tempo de guerra, como, por exemplo, o crime de covardia, espionagem,a desero em tempo de guerra, entre outros, que possuem sanes muito maisseveras do que aquelas previstas para os crimes militares praticados tempo de paz,

    como por exemplo, a pena de morte, que na legislao militar somente aplicadaquando o Brasil se encontrar em conflito armado com outras naes.

    O crimes militares previstos para o tempo de paz passam a ser consideradoscomo sendo crimes militares em tempo de guerra quando for declarada oficialmentea guerra pelo Presidente da Repblica na forma das disposies que forampreviamente estabelecidas na Constituio Federal de 1988. Deve-se observar, queos crimes militares em tempo de guerra passam a ter sanes mais severas, comoocorre, por exemplo, com o crime de desero. Em tempo de paz, o desertor ficasujeito a uma pena de deteno, mas em tempo de guerra poder ser condenado apena de morte na modalidade de fuzilamento.

    A pena de morte em tempo de guerra tambm poder ser aplicada aos civisacusados da prtica de crimes militares previstos no Cdigo Penal Militar, apsserem submetidos a um julgamento perante a Justia Militar, onde sejaassegurada a ampla defesa e o contraditrio.

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    O inciso III apresenta que os crimes previstos no CPM, embora tambm osejam com igual definio na lei penal comum ou especial, quando praticados,qualquer que seja o agente: a) em territrio nacional, ou estrangeiro, militarmenteocupado; b) em qualquer lugar, se comprometem ou podem comprometer apreparao, a eficincia ou as operaes militares ou, de qualquer outra forma,

    atentam contra a segurana externa do Pas ou podem exp-la a perigo;O Inciso IV assegura que os crimes definidos na lei penal comum ou especial,

    embora no previstos neste Cdigo, quando praticados em zona de efetivasoperaes militares ou em territrio estrangeiro, militarmente ocupado.

    10 Militares estrangeiros

    Os militares estrangeiros, quando em comisso ou estgio nas forasarmadas, ficam sujeitos lei penal militar brasileira, ressalvado o disposto emtratados ou convenes internacionais.

    11 Equiparao a militar da ativa

    O militar da reserva ou reformado, empregado na administrao militar,equipara-se ao militar em situao de atividade, para o efeito da aplicao da leipenal militar.

    12 Militar da reserva ou reformado

    O militar da reserva, ou reformado, conserva as responsabilidades eprerrogativas do posto ou graduao, para o efeito da aplicao da lei penal militar,quando pratica ou contra ele praticado crime militar.

    13 Defeito de incorporao

    O defeito do ato de incorporao no exclui a aplicao da lei penal militar,salvo se alegado ou conhecido antes da prtica do crime.

    14 Tempo de guerra

    O tempo de guerra, para os efeitos da aplicao da lei penal militar, comeacom a declarao ou o reconhecimento do estado de guerra, ou com o decreto demobilizao se nele estiver compreendido aquele reconhecimento; e terminaquando ordenada a cessao das hostilidades.

    15 Contagem de prazo

    No cmputo dos prazos inclui-se o dia do comeo. Contam-se os dias, os meses

    e os anos pelo calendrio comum.16 Legislao especial. Salrio-mnimo

    As regras gerais deste Cdigo aplicam-se aos fatos incriminados por lei penalmilitar especial, se esta no dispe de modo diverso. Para os efeitos penais, salriomnimo o maior mensal vigente no pas, ao tempo da sentena.

    17 Crimes praticados em prejuzo de pas aliado

    Ficam sujeitos s disposies deste Cdigo os crimes praticados em prejuzode pas em guerra contra pas inimigo do Brasil: se o crime praticado porbrasileiro; se o crime praticado no territrio nacional, ou em territrio estrangeiro,

    militarmente ocupado por fora brasileira, qualquer que seja o agente.

    18 Crimes praticados em tempo de guerra

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    Aos crimes praticados em tempo de guerra, salvo disposio especial, aplicam-se as penas cominadas para o tempo de paz, com o aumento de um tero.

    19 Equiparao a comandante

    Equipara-se ao comandante, para o efeito da aplicao da lei penal militar,

    toda autoridade com funo de direo.20 Crime praticado em presena do inimigo

    Considera-se crime praticado em presena do inimigo, quando o fato ocorreem zona de efetivas operaes militares, ou na iminncia ou em situao dehostilidade.

    21 Referncia a "brasileiro" ou "nacional"

    Quando a lei penal militar se refere a "brasileiro" ou "nacional", compreendeas pessoas enumeradas como brasileiros na Constituio do Brasil.

    CF Art. 12. So brasileiros:

    I - natos:a) os nascidos na Repblica Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros,desde que estes no estejam a servio de seu pas;b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou me brasileira, desde que qualquerdeles esteja a servio da Repblica Federativa do Brasil;c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de me brasileira, desde que sejamregistrados em repartio brasileira competente ou venham a residir na RepblicaFederativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade,

    pela nacionalidade brasileira;II - naturalizados:a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aosoriginrios de pases de lngua portuguesa apenas residncia por um ano ininterruptoe idoneidade moral;b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na Repblica Federativa do

    Brasil h mais de quinze anos ininterruptos e sem condenao penal, desde querequeiram a nacionalidade brasileira. 1 Aos portugueses com residncia permanente no Pas, se houver reciprocidadeem favor de brasileiros, sero atribudos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo oscasos previstos nesta Constituio. 2 - A lei no poder estabelecer distino entre brasileiros natos e naturalizados,salvo nos casos previstos nesta Constituio.

    22 Estrangeiros

    Para os efeitos da lei penal militar, so considerados estrangeiros os aptridas

    e os brasileiros que perderam a nacionalidade., alm dos que no nasceram emterritrio brasileiro e no conseguiu naturalizao.

    23 Casos de prevalncia do Cdigo Penal Militar

    Os crimes contra a segurana externa do pas ou contra as instituiesmilitares, definidos no CPM, excluem os da mesma natureza definidos em outrasleis.

    24 DO CRIME

    Relao de causalidade- O resultado de que depende a existncia do crimesomente imputvel a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ao ou omissosem a qual o resultado no teria ocorrido.

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    A supervenincia de causa relativamente independente exclui a imputaoquando, por si s, produziu o resultado. Os fatos anteriores, imputam-se,entretanto, a quem os praticou.

    A omisso relevante como causa quando o omitente devia e podia agir paraevitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem tenha por lei obrigao decuidado, proteo ou vigilncia; a quem, de outra forma, assumiu aresponsabilidade de impedir o resultado; e a quem, com seu comportamentoanterior, criou o risco de sua supervenincia.

    Crime consumado - quando nele se renem todos os elementos de suadefinio legal;

    Tentativa - quando, iniciada a execuo, no se consuma por circunstnciasalheias vontade do agente.

    Pena de tentativa- Pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime,diminuda de um a dois teros, podendo o juiz, no caso de excepcional gravidade,

    aplicar a pena do crime consumado.

    Desistncia voluntria e arrependimento eficaz - O agente que,voluntariamente, desiste de prosseguir na execuo ou impede que o resultado seproduza, s responde pelos atos j praticados.

    Crime impossvel- Quando, por ineficcia absoluta do meio empregado oupor absoluta impropriedade do objeto, impossvel consumar-se o crime, nenhumapena aplicvel.

    Crime doloso - quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco deproduz-lo;

    Crime culposo- quando o agente, deixando de empregar a cautela, ateno,ou diligncia ordinria, ou especial, a que estava obrigado em face dascircunstncias, no prev o resultado que podia prever ou, prevendo-o, supelevianamente que no se realizaria ou que poderia evit-lo. Excepcionalidade docrime culposo. Salvo os casos expressos em lei, ningum pode ser punido por fatoprevisto como crime, seno quando o pratica dolosamente.

    Erro de fato- isento de pena quem, ao praticar o crime, supe, por erroplenamente escusvel, a inexistncia de circunstncia de fato que o constitui ou aexistncia de situao de fato que tornaria a ao legtima.

    Erro culposo- Se o erro deriva de culpa, a este ttulo responde o agente, se ofato punvel como crime culposo.

    Erro provocado - Se o erro provocado por terceiro, responder ste pelocrime, a ttulo de dolo ou culpa, conforme o caso.

    Erro sobre a pessoa- Quando o agente, por erro de percepo ou no uso dosmeios de execuo, ou outro acidente, atinge uma pessoa em vez de outra,responde como se tivesse praticado o crime contra aquela que realmente pretendiaatingir. Devem ter-se em conta no as condies e qualidades da vtima, mas as daoutra pessoa, para configurao, qualificao ou excluso do crime, e agravaoou atenuao da pena.

    Erro quanto ao bem jurdico- Se, por erro ou outro acidente na execuo, atingido bem jurdico diverso do visado pelo agente, responde este por culpa, se ofato previsto como crime culposo.

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    Duplicidade do resultadoQuando o agente, mediante uma s ou mais deuma ao ou omisso, pratica dois ou mais crimes, idnticos ou no, as penasprivativas de liberdade devem ser unificadas. Se as penas so da mesma espcie,a pena nica a soma de todas; se, de espcies diferentes, a pena nica e a maisgrave, mas com aumento correspondente metade do tempo das menos graves.

    EXCLUDENTES DE CULPABILIDADE

    Coao irresistvel- sob coao irresistvel ou que lhe suprima a faculdadede agir segundo a prpria vontade;

    Obedincia hierrquica- em estrita obedincia a ordem direta de superiorhierrquico, em matria de servios. Responde pelo crime o autor da coao ou daordem.

    Ordem do superiorse esta tem por objeto a prtica de ato manifestamentecriminoso, ou h excesso nos atos ou na forma da execuo, punvel tambm oinferior.

    Estado de necessidade - No igualmente culpado quem, para protegerdireito prprio ou de pessoa a quem est ligado por estreitas relaes de parentescoou afeio, contra perigo certo e atual, que no provocou, nem podia de outro modoevitar, sacrifica direito alheio, ainda quando superior ao direito protegido, desdeque no lhe era razoavelmente exigvel conduta diversa.

    Coao fsica ou material - Nos crimes em que h violao do dever militar,o agente no pode invocar coao irresistvel seno quando fsica ou material.

    Atenuao de pena- Se era possvel resistir coao ou se a ordem no eramanifestamente ilegal; ou, se era razoavelmente exigvel o sacrifcio do direito

    ameaado, o juiz, tendo em vista as condies pessoais do ru, pode atenuar apena.

    EXCLUSO DE CRIME - No h crimequando o agente pratica o fato:

    Em estado de necessidade- quem pratica o fato para preservar direito seuou alheio, de perigo certo e atual, que no provocou, nem podia de outro modoevitar, desde que o mal causado, por sua natureza e importncia, consideravelmente inferior ao mal evitado, e o agente no era legalmente obrigadoa arrostar o perigo.

    Em legtima defesaquem, usando moderadamente dos meios necessrios,

    repele injusta agresso, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.Em estrito cumprimento do dever legal - Essa excludente s ocorre quando

    h um dever imposto pelo direito objetivo. O dever pode estar contido emregulamento, decreto ou qualquer outro emanado leal, desde que tenha cartergeral.Encontra-se em estrito cumprimento do dever legal, por exemplo, o policialque prende em flagrante o autor de um crime, ou o inferior hierrquico que obedecea uma ordem legal de seu superior. O exerccio do dever h de ser estrito, ou seja,extrapolando das obrigaes que lhe so cometidas, o agente responder peloexcesso.

    Em exerccio regular de direito - O exerccio regular de direito pressupe

    uma faculdade de agir atribuda pelo ordenamento jurdico a alguma pessoa, peloque a prtica de uma ao tpica no configuraria um ilcito. Alguns exemplos deexerccio regular de direito: a correo dos filhos por seus pais; priso em flagrantepor particular; Em qualquer caso, no se pode ultrapassar os limites que a ordem

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    jurdica impe ao exerccio do direito. Caso os pais, a pretexto de corrigir os filhos,incorram em maus-tratos, respondero pelo crime. Tambm se consideramexerccio regular de direito as leses ocorridas na prtica de esportes violentos,desde que tolerveis e dentro das regras do esporte. As intervenes mdicas ecirrgicas, havendo consentimento do paciente, seriam exerccio de direito;

    inexistindo, poderia haver estado-de-necessidadeNo h igualmente crime quando o comandante de navio, aeronave ou praa

    de guerra, na iminncia de perigo ou grave calamidade, compele os subalternos,por meios violentos, a executar servios e manobras urgentes, para salvar aunidade ou vidas, ou evitar o desnimo, o terror, a desordem, a rendio, a revoltaou o saque. Estado de necessidade, como excludente do crime

    O agente que, em qualquer dos casos de excluso de crime, excedeculposamente os limites da necessidade, responde pelo fato, se este punvel, attulo de culpa. No punvel o excesso quando resulta de escusvel surpresa ouperturbao de nimo, em face da situao.

    Elementos no constitutivos do crime: Deixam de ser elementosconstitutivos do crime:

    - a qualidade de superior ou a de inferior, quando no conhecida do agente;

    - a qualidade de superior ou a de inferior, a de oficial de dia, de servio ou dequarto, ou a de sentinela, vigia, ou planto, quando a ao praticada em repulsaa agresso.

    DA IMPUTABILIDADE PENAL

    Inimputveis- No imputvel quem, no momento da ao ou da omisso,no possui a capacidade de entender o carter ilcito do fato ou de determinar-sede acordo com esse entendimento, em virtude de doena mental, dedesenvolvimento mental incompleto ou retardado. Se a doena ou a deficinciamental no suprime, mas diminui consideravelmente a capacidade deentendimento da ilicitude do fato ou a de autodeterminao, no fica excluda aimputabilidade, mas a pena pode ser atenuada.

    Embriaguez - No igualmente imputvel o agente que, por embriaguez

    completa proveniente de caso fortuito ou fora maior, era, ao tempo da ao ou daomisso, inteiramente incapaz de entender o carter criminoso do fato ou dedeterminar-se de acordo com esse entendimento.

    Menores- O menor de dezoito anos inimputvel.

    DO CONCURSO DE AGENTES

    Co-autoria - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide naspenas a este cominadas. Ex.: A e B ofendem a integridade fsica de C. Ambospraticam o crime de leso corporal.

    Condies ou circunstncias pessoais - a punibilidade de qualquer dosconcorrentes independente da dos outros, determinando-se segundo a suaprpria culpabilidade, e no se comunicam.

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    Agravao da pena: A pena agravada em relao ao agente que:

    - Promove ou organiza a cooperao no crime ou dirige a atividade dos demaisagentes;

    - Coage outrem execuo material do crime;

    - instiga ou determina a cometer o crime algum sujeito sua autoridade,ou no punvel em virtude de condio ou qualidade pessoal;

    - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa derecompensa.

    Atenuao de pena - A pena atenuada com relao ao agente, cujaparticipao no crime de menos importncia.

    Cabeas: Na prtica de crime de autoria coletiva necessria, reputam-secabeas os que dirigem, provocam, instigam ou excitam a ao. Quando o crime cometido por inferiores e um ou mais oficiais, so estes considerados cabeas,

    assim como os inferiores que exercem funo de oficial.REABILITAO: a reintegrao do condenado no exerccio dos direitos atingidospela sentena.

    AO PENAL: o direito de invocar o judicirio no sentido de aplicar o DireitoPenal, pode ser:

    - Pblica Incondicionada

    - Pblica Condicionada

    - Exclusivamente Privada

    - Subsidiria da Pblica.No direito Penal Militar a ao penal ser pblica incondicionada, salvo

    rarssimas excees.

    MOTIM

    Art. 149. Reunirem-se militares:I - agindo contra a ordem recebida de superior, ou negando-se a cumpri-la;II - recusando obedincia a superior, quando estejam agindo sem ordem ou

    praticando violncia;III - assentindo em recusa conjunta de obedincia, ou em resistncia ou violncia,em comum, contra superior;IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fbrica ou estabelecimento militar, oudependncia de qualquer deles, hangar, aerdromo ou aeronave, navio ouviatura militar, ou utilizando-se de qualquer daqueles locais ou meios detransporte, para ao militar, ou prtica de violncia, em desobedincia a ordemsuperior ou em detrimento da ordem ou da disciplina militar:

    REVOLTA

    Pargrafo nico. Se os agentes estavam armados:A diferena marcante entre as duas figuras delituosas a maior gravidade da revolta

    em relao ao motim. Na revolta, o elemento arma (servio armado e tomar da armaarbitrariamente) pode ou no ingressar na descrio tpica.

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    Crime Militar O motim e a revolta classificam-se como crimes propriamentemilitares, por se tratar de infrao penal especfica e funcional do ocupante de cargomilitar.

    Objetividade Jurdica O bem jurdico tutelado a disciplina militar, um dosprincipais alicerces das instituies militares,

    Sujeitos do DelitoSo sujeitos ativos do delito dois ou mais militares, condioessa dos agentes integrante do tipo. Crime plurissubjetivo, pois o descrio tpica exigema participao de dois ou mais militares. Sujeito passivo, as instituies militares, adisciplina e a autoridade militar.

    Elementos Objetivosa reunio, que consiste no ajuntamento, na proximidade demilitares, com ou sem acerto prvio, no momento da prtica dos atos constantes dadescrio tpica.

    Elemento SubjetivoO elemento subjetivo a vontade de dois ou mais militaresreunidos orientada no sentido de concretizar as condutas tipificadas como motim ourevolta.

    Consumao e Tentativa- Os delitos de motim e revolta, nas diversas modalidades,tm os seguintes momentos consumativos:

    No juridicamente possvel a tentativa dos incisos I, II e III, porque: ou hdesobedincia a ordem ou existe o ajuste, e o crime se consuma ou os agentes obedecema ordem ou no alcanam o ajuste, mesmo por motivos alheios a sua vontade, e no haverrevolta ou motim, respondendo os agentes, pelos atos praticados que encontrem definioem outro preceito sancionador.

    No inciso IV, possvel a tentativa, desde que a ocupao dos bens relacionados ousua utilizao para a violncia ou ao militar no se concretize, por motivos alheios avontades dos militares, que tudo fizeram para alcanar esse objetivo.

    ORGANIZAO DE GRUPO PARA A PRTICA DE VIOLNCIAArt. 150. Reunirem-se dois ou mais militares ou assemelhados, com armamentoou material blico, de propriedade militar, praticando violncia pessoa ou coisa pblica ou particular em lugar sujeito ou no administrao militar:

    O crime plurissubjetivo, exigindo a participao de pelo menos, dois militares.Crime Militar Classifica-se como crime propriamente militar por se tratar de

    infrao penal especifica e funcional do ocupante de cargo militar.Objetividade JurdicaO objeto da tutela penal a disciplina militar diante do

    perigo decorrente da reunio de militares armados, praticando violncia, h, igualmente,ofensa ordem administrativa militar, no particular aspecto da preservao do materialblico e sua permanncia na esfera de vigilncia da autoridade castrense.

    Sujeitos do Delito Sujeito ativo, dois ou mais militares. Sujeito passivo asinstituies militares.

    Elementos ObjetivosA ao incriminada praticar violncia pessoa ou coisa,

    militares reunidos com armamento militar.Elemento Subjetivo A vontade livre e consciente de dois ou mais militares,orientada no sentido de praticarem, em conjunto, violncia pessoa ou coisa, portandoarmamento ou material blico.

    Consumao e TentativaConsuma-se no momento da prtica de ato de violncia pessoa ou coisa, estando os militares reunidos e conduzindo armamento ou materialblico. A tentativa possvel, quando deixam de concretizar a violncia por motivos alheios sua vontade.

    OMISSO DE LEALDADE MILITARArt. 151. Deixar o militar ou assemelhado de levar ao conhecimento do superioro motim ou revolta de cuja preparao teve notcia, ou, estando presente ao ato

    criminoso, no usar de todos os meios ao seu alcance para impedi-lo;Crime MilitarCrime propriamente.

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    Objetividade JurdicaA lei tutela a disciplina militar, que no pode tolerar omissono cumprimento do dever legal, diante de fatos gravemente ofensivos disciplina, hierarquia, organizao militar e prpria existncia das instituies militares.

    Sujeitos do DelitoSujeito ativoo militar.Elementos Objetivos Duas so as condutas incriminadas: a de deixar de

    comunicar e a de omitir-se no uso de meios disponveis. As duas espcies so omissivas.Elemento SubjetivoO elemento subjetivo a vontade livre e consciente de deixarde comunicar a preparao dos delitos mencionados no preceito legal ou a de deixar deusar os meios ao alcance do agente para impedir o motim ou a revolta.

    Consumao e Tentativa- o delito no comporta tentativa.

    CONSPIRAOArt. 152. Concertarem-se militares ou assemelhados para a prtica do crime

    previsto no artigo 149 (Motim e Revolta):Pargrafo nico. isento de pena aquele que, antes da execuo do crime equando era ainda possvel evitar-lhe as conseqncias, denunciam o ajuste deque participou.

    Crime MilitarClassifica-se como crime propriamente militar.Objetividade JurdicaObjeto da tutela penal a disciplina militar, a hierarquia,diante do perigo decorrente da realizao da conduta descrita no preceito penal.

    Sujeitos do Delito Sujeito ativo o militar em nmero de dois ou mais. Crimeplurissubjetivo. Sujeito passivo, as instituies militares.

    Elementos Objetivos O ncleo do tipo concertar, que significa concordar,ajustar, pactuar.

    A norma penal exige que o concerto (concordncia, ajuste, pacto)tenha por finalidadeo motim ou a revolta, a serem acordados por dois ou mais militares, com a participao dedois, pelo menos.

    Elemento SubjetivoA vontade livre e consciente orientada no sentido do concerto,do ajuste, com o fim especfico de realizar o motim ou revolta.

    Consumao e TentativaConsuma-se o delito no momento em que dois ou maismilitares concordam em praticar o motim ou da revolta, no se exigindo a concretizaodo delito ajustado. A tentativa no juridicamente possvel.

    ALICIAO PARA MOTIM OU REVOLTAArt. 154. Aliciar militar ou assemelhado para a prtica de qualquer dos crimes

    previstos no captulo anterior:Aliciar significa atrair, seduzir, angariar, recrutar. O seduzido deve ser militar, ao

    menos um.Crime MilitarCrime impropriamente militar.Objetividade Jurdica A norma penal tutela a disciplina e a autoridade militar,

    considerando-se que a conduta do agente ao aliciar militares para a prtica dos atosreferidos na descrio tpica, constitui srio perigo ao ordenamento militar, alicerado,essencialmente, na preservao da disciplina e da autoridade militar.

    Sujeito do Delito sujeito ativo pode ser qualquer pessoa e sujeito passivo asinstituies militares, federais ou estaduais, conforme o caso.

    Elementos ObjetivosO ncleo do tipo aliciar, que consiste em convidar, seduzir,atrair, dois ou mais militares para a prtica de motim e de revolta, de violncia por grupode militares armados, omisso diante do motim e da revolta e do concerto para motim erevolta. No exigida a concretizao do delito fim, sendo suficiente o convite revestido decircunstncias que demonstrem a seriedade de propsito e a possvel viabilidade.

    Elemento SubjetivoO dolo de aliciar militares, presente o fim de os aliciadospraticados praticarem os crimes previstos de MOTIM, REVOLTA, ORGANIZAO DE

    GRUPO PARA A PRTICA DE VIOLNCIA, CONSPIRAO e OMISSO DE LEALDADEMILITAR..

    Consumao e Tentativa Consuma-se no momento em que o convite idneo,vivel, com seriedade de propsito, e conhecimento por dois ou mais militares ou, na

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    omisso diante do motim ou da revolta, somente por um militar, independentemente deaceitao, recusa, oposio ou indiferena.

    A tentativa possvel na aliciao por meio de emisso de voz, quando o convite nochega ao conhecimento dos destinatrios, por motivos alheios vontade do agente. Damesma forma, na aliciao por meio de impressos, filmes, desenhos, etc, se no ocorre

    distribuio, por motivos alheios vontade do agente.INCITAMENTO

    Art. 155. Incitar desobedincia, indisciplina ou prtica de crime militar:Pargrafo nico. Na mesma pena incorre quem introduz, afixa ou distribui, emlugar sujeito administrao militar, impressos, manuscritos ou materialmimeografado fotocopiado ou gravado, em que se contenha incitamento

    prtica dos atos previstos no artigo.

    Crime Impropriamente Militar.Objetividade JurdicaA norma penal tutela a disciplina e a autoridade militar,

    considerando-se que a conduta do agente ao incitar algum para a prtica dos atos

    descritos na lei repressiva castrense, constitui srio perigo ao ordenamento militar,alicerando, essencialmente, na preservao da disciplina e da autoridade militar.Sujeitos do DelitoSujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo, as instituies

    militares.Elementos Objetivos A conduta incriminada incitar, instigar, estimular,

    persuadir, induzir, com a finalidade de o incitado cometer desobedincia, indisciplina oucrime militar. A lei repressiva castrense, no entanto, no aguarda que o resultado sejaalcanado, a ele se antecipa, penalizando o agente instigador.

    O incitamento realiza-se atravs de qualquer meio idneo de comunicao, comordio, televiso, computador, impresso, etc., em lugar sob administrao militar ou foradele, sendo, no entanto, indispensvel que o destinatrio (incitado) tome conhecimento doincitamento. A concordncia, discordncia, ou indiferena do incitado no interfere no

    delito.Elemento SubjetivoO elemento subjetivo a vontade orientada no sentido de

    instigar militar, com o fim de cometer desobedincia ou indisciplina ou de incitar militarou civil com a finalidade de que pratiquem crime militar especifico.

    Consumao e Tentativa- Consuma-se no momento em que o incitamento chegaao conhecimento dos incitados, independentemente de qualquer reao por parte destes.A tentativa possvel, no incitamento desde que no alcance o destinatrio, por motivosalheios vontade do agente.

    APOLOGIA DE FATO CRIMINOSO OU DE SEU AUTORArt. 156. Fazer apologia de fato que a lei militar considera crime, ou do autordo mesmo, em lugar sujeito administrao militar:

    Apologia de crime ou criminosa outra coisa no que incitao do crime. umincitamento mais hbil ou ardiloso do que o precedente, mas no o deixa de ser. incitaoindireta.

    Crime MilitarCrime impropriamente militar.Objetividade Jurdica- A norma penal tutela a disciplina e a autoridade militar,

    considerando-se que a conduta de fazer apologia de crime militar, em local sobadministrao castrense, constitui srio perigo ao ordenamento militar, alicerado,essencialmente, na disciplina e na autoridade militar.

    Sujeito do DelitoSujeito ativoo militar ou civil. Sujeito passivo, as instituiesmilitares.

    Elementos ObjetivosA ao incriminadora elogiar, aprovar, enaltecer, exaltar

    fato que a lei considera crime militar ou seu autor, em local sob administrao militar,concretiza-se por meio de palavra, escrito, desenho, letra de musica, representao teatral,gestos como o bater palmas para o criminoso, etc.. indiferente que a apologia tenhaocorrido em ambiente fechado ou aberto, sendo necessrio que ocorra em local sobadministrao militar.

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    Elemento Subjetivo A vontade livre e consciente orientada no sentido doenaltecimento, em local sob administrao militar, de fato que a lei penal castrense definecomo crime militar ou de seu autor, no sendo exigvel o fim de agir, nem os motivos daapologia.

    Consumao e Tentativa - Consuma-se no momento em que a apologia realiza-se

    em local sob administrao militar, a tentativa possvel se efetivada por outro meio, queno a comunicao oral, por exemplo, atravs de panfleto, gravao de imagem e som, queno chega ao conhecimento de um destinatrio, pelo menos, por motivos alheios vontadedo agente.

    VIOLNCIA CONTRA SUPERIORArt. 157. Praticar violncia contra superior:Formas qualificadas 1 Se o superior comandante da unidade a que pertence o agente, ou oficialgeneral: 2 Se a violncia praticada com arma, a pena aumentada de um tero. 3 Se da violncia resulta leso corporal, aplica-se, alm da pena da violncia,a do crime contra a pessoa. 4 Se da violncia resulta morte:Pena - recluso, de doze a trinta anos. 5 A pena aumentada da sexta parte, se o crime ocorre em servio.

    Crime MilitarA violncia contra superior crime propriamente militar.Objetividade JurdicaObjeto da tutela penal a disciplina castrense, princpio

    basilar da organizao militar, diante do perigo decorrente das condutas descritas nopreceito legal, que atingem a relao de subordinao, de hierarquia, pondo em risco oprincpio de autoridade, indispensvel para que as instituies militares realizem suadestinao constitucional e legal.

    Sujeitos do DireitoTratando-se de crime propriamente militar, somente o militarpode ser sujeito ativo. Sujeito passivo, as instituies militares; e ofendido, o superior

    hierrquico.Elementos ObjetivosViolncia consiste na forma fsica que o agente faz atuarsobre o superior hierrquico, com utilizao do prprio corpo ou exercitada por meio deinstrumento impelido por outro instrumento, pelo ar expirado dos pulmes, pelosmembros ou outra parte do corpo humano.

    No delito de violncia contra superior, a ao incriminada a fora fsica que o agentefaz atuar sobre o corpo do superior sem ocasionar-lhe leso de qualquer natureza oumorte, porque se sobreviverem esses resultados, o crime qualifica-se. So exemplos deviolncia: arrancar o distintivo, boto, bolso ou outra parte do fardamento ou do traje civil,dar tapa na cobertura, lanando-a ao cho, ou simplesmente deslocando-a, assim comoempurrar o superior com o corpo ou com o objeto, segurar-lhe o brao, bater-lhe com amo ou com qualquer objeto.

    A espcie no alcanaa violncia moral nem aquela praticada contra a coisa, porexemplo, atingir o veculo no interior do qual se encontra o superior. Por outro lado,constitui violncia ministrar substncias qumicas afetando o organismo humano, expor radiao, etc.

    Elemento Subjetivo - O elemento subjetivo consiste na vontade livre e consciente depraticar violncia contra superior hierrquico.

    Consumao e TentativaConsuma-se no momento em que o superior hierrquico atingido pela fora fsica que o sujeito ativo faz atuar sobre o ofendido. Os resultadosleso corporal, morte ou simplesmente dor no so exigidos para a consumao daviolncia contra superior.

    Existe tentativa quando o agente no consegue atingir o ofendido por motivos alheios

    sua vontade.

    VIOLNCIA CONTRA MILITAR DE SERVIOArt. 158. Praticar violncia contra oficial de dia, de servio, ou de quarto, oucontra sentinela, vigia ou planto:

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    Formas qualificadas 1 Se a violncia praticada com arma, a pena aumentada de um tero. 2 Se da violncia resulta leso corporal, aplica-se, alm da pena da violncia,a do crime contra a pessoa. 3 Se da violncia resulta morte:

    Crime impropriamente Militar

    Objetividade JurdicaTratando-se de militar, o objeto de tutela penal a disciplinae a autoridade militar. No caso de agente civil (contra militares federais), a lei repressivacastrense protege o militar investido da autoridade que lhe confere as funes especificase tem em vista o interesse da administrao militar em preservar a segurana doestabelecimento militar e a normalidade de seu funcionamento.

    Sujeitos do DelitoSujeito ativo o militar ou o civil, sujeito passivo as instituiesmilitares e o militar no exerccio das funes descritas no preceito legal.

    Elementos ObjetivosA conduta incriminada praticar violncia contra militar noexerccio das funes de natureza militar especificadas no dispositivo legal.

    A violncia consiste na fora fsica que o agente faz atuar sobre o militar na execuodos servios enumerados no preceito legal, com utilizao do prprio corpo ou exercitada

    por meio de instrumentoimpelido por outro instrumento, pelo ar expirado dos pulmes,pelos membros ou outra parte do corpo humana sem ocasionar qualquer leses porque,se houver leso ou morte, o crime qualifica-se.

    Elemento Subjetivo A vontade livre e consciente, orientada para a pratica deviolncia contra militar nos servios de natureza militar especificados.

    Consumao e Tentativa - Consuma-se o delito no momento em que o militar atingido pela fora fsica acionado pelo sujeito ativo, no se exigindo a ocorrncia deresultado, como leso corporal, morte, ou simplesmente dor. possvel a tentativa, se oagente no consegue atingir o ofendido, ao crime de violncia contra superior.

    DESRESPEITO A SUPERIORArt. 160. Desrespeitar superior diante de outro militar:

    Desrespeito a comandante, oficial general ou oficial de servioPargrafo nico. Se o fato praticado contra o comandante da unidade a que

    pertence o agente, oficial-general, oficial de dia, de servio ou de quarto, a pena aumentada da metade.

    Crime Militarclassifica-se como crime propriamente militar.Objetividade Jurdica objeto da tutela penal a disciplina, alicerce basilar da

    instituio hierarquizada, e a autoridade militar, cujo, poder coercitivo legal restariaabalado diante da falta de respeito do subordinado para com o superior na presena deoutro militar.

    Sujeito do DelitoSujeito ativo, somente o militar, sujeito passivo, as instituiesmilitares e o ofendido superior hierrquico.

    Elemento Objetivoa conduta incriminada consiste em desrespeitar, o que significa

    faltar com considerao, com respeito, com acatamento, incompatveis com a posiohierrquica de subordinao e superior, estabelecida pela estrutura organizacional dasForas Armadas, da Policia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar.

    Elemento Subjetivo O elemento subjetivo a vontade orientada no sentido dedesrespeitar o superior em presena de outro militar.

    Consumao e TentativaO momento consumativo aquele em que o subordinadoexterioriza, diante de outro militar, o desrespeito ao superior; e, na forma qualificada, aooficial-general, oficial de dia, de servio ou de quarto. O delito no comporta tentativa,mesmo no caso de escrito, desenho impresso, etc, em que o sujeito, por motivos alheios sua vontade, no consegue mostr-los ao superior diante de outro militar.

    Diferena entre Desrespeito e Desacatoo desrespeito o menordo qual o desacato

    e o maior. Enquanto que no primeiro o subordinado falta com o respeito, a consideraodevida ao superior, no desacato ele o ofende moralmente, com propsito de diminuir suaautoridade.

    Desrespeito e InsubordinaoEmbora os elementos tpicos dos dois delitos sejamdistintos. Incabvel a confuso: desrespeito falta de considerao, de respeito:

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    insubordinao recusa de obedincia ordem do superior sobre assunto de servio ourelativamente a dever imposto por lei, regulamento ou instruo.

    Desrespeito e ResistnciaAs descries tpicas dos dois delitos no se confundem.A falta de considerao tpica da resistncia, que se consubstancia na oposio ao ato legalda autoridade militar, mediante ameaa ou violncia. Se as duas condutas referidas forem

    acompanhadas da falta de respeito, de acatamento ao superior, o agente responder, emconcurso, pela resistncia e pelo desrespeito.

    DESRESPEITO A SMBOLO NACIONALArt. 161. Praticar o militar diante da tropa, ou em lugar sujeito administraomilitar, ato que se traduza em ultraje a smbolo nacional:

    Na verdade, o crime de ultraje, e no o de simples desrespeito. O ultraje reveste-sede maior gravidade e no se confunde com a falta de respeito, de considerao, ao smbolonacional.

    Crime Militardelito propriamente militar.Objetividade JurdicaObjeto da tutela jurdica a disciplina militar, seriamente

    atingida com o ultraje aos smbolos da ptria, praticado em local sob a administrao

    militar, por integrantes de instituies cuja destinao constitucional a defesa da ptriae a preservao da ordem pblica, da incolumidade das pessoas, do patrimnio eatividades de defesa civil.

    A proteo penal estende-se, ainda, com maior relevncia aos smbolos nacionais,pela representao histrico-atual do Estado simbolizado.

    Sujeitos do DelitoIntegra o tipo a qualidade de militar do sujeito ativo. Sujeitopassivo, as instituies militares e os smbolos nacionais.

    Elementos Objetivos Ultrajar o ncleo do tipo, no se confundindo comdesrespeitar, por se revestir de maior gravidade. No ultraje h ofensa, injria, insulto,aviltamento. O ultraje traz implcita a idia de vilipndio, de menosprezo, enquantodesrespeito falta de considerao, de respeito, que se resolve no mbito disciplinar. Oultraje concretiza-se por palavras, gesto, escrito, pintura ou outro meio qualquer.

    Como exemplo de ultraje, o ato de rasgar, de forma desprezvel, aviltante a bandeira,a partitura do hino nacional, o papel ou pano onde est impresso o selo ou a armanacional. Limpar o cho com qualquer um dos smbolos, cuspir sobre eles, alm de outrasformas de ultraje.

    DESPOJAMENTO DESPREZVELArt. 162. Despojar-se de uniforme, condecorao militar, insgnia ou distintivo,

    por menosprezo ou vilipndio:O uniforme serve como identificao do militar, quer se encontre no interior da

    unidade militar, quer fora dela. Na vida militar, o uniforme, as insgnias, as condecoraesdo direito a certas prerrogativas, conferem certos direitos que a disciplina e a

    subordinao garantem. Assim, o direito s continncias, obedincia e o respeito aosuperior hierrquico, so devidos ao militar que se d a conhecer pelo seu uniforme, pelassuas insgnias, etc.

    Crime MilitarClassifica-se como crime propriamente militar.Objetividade JurdicaA lei tutela a disciplina militar, exposta a grave perigo em

    razo da conduta do agente, quando este demonstra repulsa ao uniforme que o identificacomo militar, assim como insgnia, ao distintivo e condecorao.

    Sujeitos do DelitoSendo crime propriamente militar.Elementos Objetivos Como ficou expresso acima, a conduta incriminada

    despojar-se, que significa retirar com desprezo, de forma desprezvel, o uniforme, acondecorao, a insgnia e o distintivo.

    Elemento Subjetivo Elemento subjetivo a vontade orientada no sentido devilipendiar, de desprezar o uniforme, a condecorao, a insgnia e o distintivo, qualquerque seja a motivao do ato ilcito.

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    Consumao e TentativaConsuma-se o delito no momento em que o agente retiraa insgnia, o distintivo ou uma pea do fardamento, pelo monos, com menosprezo, comvilipendio. A tentativa existe se o agente impedido de realizar o despojamento.

    ASSUNO DE COMANDO SEM ORDEM OU AUTORIZAOArt. 167. Assumir o militar, sem ordem ou autorizao, salvo se em graveemergncia, qualquer comando, ou a direo de estabelecimento militar:

    Crime MilitarClassifica-se como crime propriamente militar.Objetividade Jurdica A lei penal castrense tutela a disciplina e autoridade

    militares, protegendo-as da conduta do militar que assume comando ou chefia deestabelecimento castrense sem a investidura legal nesses cargos. A ofensa a disciplina evidente, pois o militar age fora da cadeia hierrquica qual se encontra subordinado,atuando por conta prpria, ao investir-se ilicitamente nos cargos especificados.

    Sujeitos do DelitoSujeito ativo, unicamenteo militar, e passivo as instituiesmilitares.

    Elementos ObjetivosO ato incriminado assumir, que importa na prtica de atosprprios de quem o exerce, o comando de unidade militar ou direo de estabelecimento

    militar, no sendo exigvel qualquer formalidade ou declarao por parte do agente.O conceito de comando deve ser amplo, o Estatuto dos Militares define como comandoa soma de autoridade, deveres e responsabilidades de que o militar investido legalmentequando conduz homens ou dirige uma organizao militar. O comando vinculado ao grauhierrquico e constitui uma prerrogativa impessoal, em cujo exerccio o militar se define ese caracteriza como chefe.

    Como comando, para efeito da lei penal militar, entende-se de grande e de pequenaunidade, como a patrulha, o veculo de combate, o avio, a lancha, etc.

    Elemento SubjetivoO elemento subjetivo o dolo de assumir comando ou direode estabelecimento castrense, tendo o militar plena conscincia de que no se encontralegalmente investido na funo ou que no ocorre situao de grave emergncia,autorizadora da assuno do comando ou direo.

    Consumao e Tentativa - Consuma-se o delito no momento da prtica do atoprprio de quem exerce comando de unidade militar ou chefia de estabelecimento militarou, quando o agente pratica ato de ofcio, que a ela corresponde. O conceito de usurpaoimplica uma arbitrria invaso e, pois, a falta de uma norma jurdica ou de um ato deautoridade competente, que legitime o fato Prosseguindo esclarece que indispensvelque o agente pratique algum ato de ofcio correspondente funo que usurpa.

    A tentativa no possvel.

    CONSERVAO ILEGAL DE COMANDOArt. 168. Conservar comando ou funo legitimamente assumida, depois dereceber ordem de seu superior para deix-los ou transmiti-los a outrem:

    A conservao de comando difere do delito de assuno, porque, no art. 168, o agenteencontra-se legalmente no comando ou no exerccio de outra funo militar e se recusa adeix-lo, depois de substitudo, enquanto, no anterior, o militar apossa-se do comando ouda direo de estabelecimento militar sem investidura legal.

    Crime MilitarClassifica-se como crime propriamente militar.Objetividade JurdicaA lei penal militar tutela a disciplina e a autoridade militar,

    diante do perigo decorrente da conduta do agente de permanecer no comando de unidadeou no exerccio de funo do qual foi legalmente destitudo. A lei penal tem, ainda, em vistao interesse da administrao militar de que o comando de suas unidades ou outra funomilitar seja exercido pelo militar legalmente investido.

    Sujeitos do DelitoSujeito ativo, o militar e somente ele, por se tratar de crimepropriamente militar. Sujeito passivo, as instituies militares.

    Elementos Objetivos O ncleo do tipo conservar, que se efetiva com apermanncia do militar no comando ou na funo, exteriorizando-se a permanncia coma prtica de ato prprio de comando ou de outra funo do qual foi legalmente destitudo.

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    Elemento SubjetivoElemento subjetivo o dolo de conservar o comando ou afuno, tendo conhecimento de que foi legalmente destitudo ou substitudo.

    Consumao e Tentativa Consuma-se o delito no momento em que o militarpratica o ato prprio de quem exerce o comando ou a funo, depois de ter conhecimentode sua destituio. A exemplo do crime anterior, ao qual nos reportamos, a tentativa no

    juridicamente possvel.USO INDEVIDO POR MILITAR DE UNIFORME, DISTINTIVO OU INSGNIA

    Art. 171. Usar o militar ou assemelhado, indevidamente, uniforme, distintivo ouinsgnia de posto ou graduao superior:

    No tipo penal do art. 171 do uso ilcito de uniforme, distintivo ou insgnia de postoou graduao superior, tutela a utilizao indevida de militar que usa farda, distintivo ouinsgnia de posto ou graduao inferior ou, sendo do mesmo grau hierrquico, no temdireito ao uso.

    Crime MilitarClassifica-se como crime propriamente militar.Objetividade JurdicaO objeto da tutela penal a disciplina, a hierarquia e a

    autoridade militares, diante da conduta do agente, ostentando uniforme, distintivo ou

    insgnia de posto ou graduao superior.O militar que se apresenta com uniforme e outros indicativos de grau hierrquicosuperior, investe-se ilicitamente da autoridade que lhe confere o posto ou a graduao,com direito a continncia, obedincia, ocasionando ofensa disciplina, hierarquia. Oilcito viola, tambm, o princpio de repartio do poder, conferido por lei autoridademilitar e exercido em razo do posto, da graduao ou da funo.

    Sujeitos do DelitoSujeito ativo, o militar.Elementos ObjetivosO ncleo do tipo usar, que consiste em vestir, trajar o

    uniforme, embora sem o rigor das normas regulamentares, por exemplo, a parte superiorsem estar devidamente abotoada, uso de cinto ou de sapatos no regulamentares.

    No igualmente exigida a aposio do distintivo ou da insgnia em conformidadecom as normas pertinentes, sendo suficiente que se encontre sobre o uniforme, em localvisvel. Embora a lei no estabelea qualquer restrio, se os acessrios citados foremusados sobre vestimentas civil, inexiste delito pela ausncia de condies fticas paraproduzir o resultado.

    O uso do uniforme, distintivo ou insgnia de posto ou graduao superior de umaArma, por militar integrante de outra Arma, atende a descrio tpica do crime oracomentado. O mesmo acontece quando o policial militar usa uniforme, distintivo ouinsgnia de posto superior do bombeiro militar ou vice versa.

    O crime de mera conduta, satisfazendo-se a norma penal com o simples uso douniforme e acessrios indicados, desde que chegue ao conhecimento de uma pessoa, pelomenos.

    Elemento SubjetivoA vontade livre e consciente de usar uniforme, distintivo ou

    insgnia de posto ou graduao superiores, sendo irrelevante o dolo direcionado no sentidode obteno de um fim determinado.

    Consumao e TentativaConsuma-se no momento em que o uso do uniforme, dodistintivo ou da insgnia chega ao conhecimento de, pelo menos, uma pessoa, mesmoatravs de fotografia ou de outro meio de gravao de imagem.

    A tentativa no juridicamente possvel. Se o agente impedido, mesmo contra suavontade, de vestir o uniforme ou de opor o distintivo ou a insgnia, no h crime.

    USO INDEVIDO DE UNIFORME, DISTINTIVO OU INSGNIA MILITAR POR QUALQUERPESSOA.

    Art. 172. Usar, indevidamente, uniforme, distintivo ou insgnia militar a que notenha direito:

    No uso ilegal de uniforme ocorre a falsa identidade, porque o agente, atravs douniforme, do distintivo ou da insgnia, identifica-se como militar ou como titular do postoou graduao correspondente ao traje ou ao acessrio que ostenta.

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    Crime MilitarA classificao do delito como impropriamente militar, pois o civil aotrajar uniforme militar ou ostentar distintivo ou insgnia militar, apresenta-se como semilitar fosse, perante outras pessoas comete este delito.

    Objetividade Jurdica Tratando-se do agente militar, a norma penal tutela adisciplina castrense, sob o aspecto do respeito ao posto, graduao e aos ttulos que o

    uniforme, o distintivo e a insgnia representam. A ofensa disciplina resulta, tambm, daapresentao do militar como indicativo de posto, graduao ou atributos que no possui,demonstrado pelo distintivo, pela insgnia, pelo uniforme, usados ilegalmente.

    No caso de civil, a lei protege a autoridade e a ordem administrativa militar,considerando-se que o uniforme, distintivo e insgnia identificam seu portador comointegrante da estrutura hierarquizada das Foras Armadas, concedendo-lhe poder legal eprerrogativas prprias de membro das instituies armadas, peculiares ao posto,graduao ou condio de praa.

    Sujeitos do DelitoSujeito ativo, o militar e o civil, incluindo-se, neste ltimo, obvio, o militar da reserva e o reformado. Sujeito passivo, as instituies militares.

    Elementos ObjetivosO ncleo do tipo usar,que importa em trajar uniforme oucolocar o distintivo ou a insgnia militar sobre ele ou outra vestimenta. Uniforme, distintivo

    e insgnia so os institudos pela legislao pertinente, para uso das Foras Armadas, daPolcia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, respectivamente.

    O crime de mera conduta, satisfazendo-se a norma penal, to somente, com o usodo uniforme ou dos acessrios indicados. Irrelevante o mvel do crime, como obter bensmateriais, receber homenagens, impressionar pessoas, ostentao, etc.

    Militar da Reserva ou ReformadoO militar da reserva e o reformado, no soconsiderados militares, PARA EFEITO DA APLICAO DA LEI PENAL MILITAR.Entretanto, como a lei lhes concede o direito de uso de uniforme, distintivo ou insgnia, doposto ou da graduao que ocupavam ao passarem para a inatividade.

    Elemento SubjetivoA vontade livre e consciente do civil, orientada no sentido deusar uniforme, distintivo e insgnia das Foras Armadas. Quanto ao integrante da

    instituio castrense federal ou estadual, e ao militar inativo, a vontade orientada nosentido do uso de uniforme, distintivo e insgnia, no autorizado pelos dispositivos legaispertinentes.

    Consumao e Tentativa- Consuma-se no momento em que o agente veste a ltimapea do uniforme, mesmo sem cobertura, ou coloca o distintivo ou a insgnia. No seconfunde a consumao com o conhecimento do ilcito. Se o agente grava em vdeo suaimagem, ilegalmente uniformizado o delito est consumado, porm s conhecido quandoa autoridade militar toma conhecimento do fato.

    RESISTNCIA MEDIANTE AMEAA OU VIOLNCIAArt. 177. Opor-se execuo de ato legal, mediante ameaa ou violncia aoexecutor, ou a quem esteja prestando auxlio:

    Crime MilitarCrime impropriamente militar.Objetividade JurdicaO objeto jurdico da tutela penal a autoridade militar e aordem administrativa militar, no aspecto do interesse da administrao castrense, emgarantir o cumprimento de ordem e quem lhe presta auxilio. Tratando-se de sujeito ativomilitar, a proteo legal estende-se, igualmente, disciplina militar, seriamente afetadapela resistncia do sujeito ativo ordem legal.

    Sujeitos do DelitoSujeito ativo, o militar ou civil. Sujeito passivo, as instituiesmilitares e, ofendido, o militar que executa a ordem legal e quem o auxilia.

    Elementos ObjetivosO ncleo do tipo a opor-se, que consiste no ato material,contrario execuo de ato legal, concretizado por meio de violncia ou ameaa aoexecutor da ordem ou quem o auxilia. Configura-se o delito, mesmo com a realizao doato.

    Violncia consiste na fora que o agente faz atuar contra o executor da ordem oucontra quem o auxilia. Se nenhum dos dois atingido no h violncia, podendo ocorrerameaa.

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    No crime de resistncia, pressupe-se j iniciado o ato de oficio ou de servio, e aviolncia ou ameaa deve ser contempornea ao desenvolvimento da atividade funcionaltendendo a frustrar absoluta ou relativamente a obteno de escopo a que o ato se dirige.

    Elemento SubjetivoO elemento subjetivo o dolo de opor-se executor da ordemlegal, emanada de autoridade militar competente, mediante violncia ou ameaa ao

    executor militar, ou a quem lhe presta auxlio.Consumao e TentativaConsuma-se no momento em que o executor da ordemou quem o auxilia atingido pelo ato violento ou toma conhecimento da ameaa. Antes daviolncia ou da ameaa, no h aposio a ordem.

    A tentativa juridicamente possvel, se, por motivos alheios vontade do agente.

    OPERAO MILITAR SEM ORDEM SUPERIORArt. 169. Determinar o comandante, sem ordem superior e fora dos casos em queessa se dispensa, movimento de tropa ou ao militar:Pargrafo nico. Se o movimento da tropa ou ao militar em territrioestrangeiro ou contra fora, navio ou aeronave de pas estrangeiro:

    O abuso o uso que ultrapassa os limites impostos pelo Direito, o uso ilegtimo do

    poder inerente ao cargo ou a funo.Expe Damsio de Jesus que no se trata de abuso de autoridade, mas de abuso depoder com o de autoridade. O abuso o uso fora dos limites correspondentes a todo poderou autoridade, cuida-se de seu uso ilegtimo no mbito de relaes privadas; na de abusode poder, o agente deve possuir cargo de ofcio pblico.

    Crime Propriamente MilitarObjetividade JurdicaA lei penal militar tutela a disciplina castrense, em face do

    perigo representado pela conduta do agente, ao tomar a iniciativa de ordenar, ilegalmente,movimento de tropa ou ao militar. A ao protege, ainda, a autoridade militar, pelo usoque dela faz o comandante ao determinar, ao arrepio da lei, o movimento de tropa ou aao militar.

    Sujeitos do Delito Sujeito ativo, somente o militar, na condio especial decomandante de unidade, o que exclui o civil, mesmo como co-autor. Sujeito passivo, asinstituies militares.

    Elementos Objetivos A lei define como crime determinar o comandante amovimentao da tropa sob seu comando ou ao militar. Comandante o militar investidoem funo de chefia de unidade militar, de grande ou pequeno porte, exercendo autoridadesobre os demais militares que a integram. Tropa o conjunto de militares que constituemuma unidade, cariando o nmero de componentes. Por exemplo, a companhia, o batalho,o peloto, a patrulha, a tripulao de uma lancha ou de aeronave de grande porte, etc.

    A conduta tpica consiste em determinar o movimento da tropa ou a ao militar,sendo indiferente o cumprimento ou no da ordem. Portanto, a norma penal se satisfazcom a ordem pura e simples, sem qualquer consequncia.

    Elementos Objetivos A vontade livre e consciente, orientada no sentido dedeterminar a ilcita movimentao de tropa ou ao militar, com ou sem ordem de superiorhierrquico.

    Forma qualificadaO pargrafo nico contempla a modalidade qualificada, na quala ordem destina-se a realizar movimentao da tropa e da ao militar em territrioestrangeiro ou contra fora, navio ou aeronave de outro pas.

    Consumao e Tentativa- O delito consuma-se no momento em que a ordem docomandante para movimento de tropa ou ao militar chega ao conhecimento doscomandados, independentemente de seu cumprimento.

    A tentativa possvel, quando a ordem verbal ou por escrito no chega aoconhecimento dos destinatrios, por motivos alheios a vontade do agente.

    ORDEM ARBITRRIA DE INVASOArt. 170. Ordenar, arbitrariamente, o comandante de fora, navio, aeronave ouengenho de guerra motomecanizado a entrada de comandados seus em guas outerritrio estrangeiro, ou sobrevo-los:

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    O Cdigo classifica o delito como excesso ou abuso de autoridade, embora aclassificao correta, como acontece com o pargrafo nico do artigo precedente, de crimecontra a segurana externa do pas, bem jurdico seriamente ameaado em decorrncia daordem para violao das guas territoriais, do espao areo e do territrio de outro pas,independente das relaes diplomticas existentes entre o Brasil e a outra nao.

    Crime Militar Classifica-se como crime propriamente militar por se tratar deinfrao penal especfica de ocupante de cargo militar. Crime no previsto na lei penalcomum.

    Objetividade JurdicaComo dissemos acima, o bem jurdico de maior relevncia,sem dvida alguma, a segurana externa do pas, mas o Cdigo inseriu a infrao penaldentre os crimes contra a disciplina ou a autoridade militar. Dentro dessa tica errnea eilimitada, diremos que o bem jurdico tutelado a disciplina militar, em face do perigo segurana do Brasil, decorrente do ato ilcito do comandante, consubstanciado na ordempara que seus subordinados penetrem em guas territoriais, espao areo ou territrio deoutro pas. A ofensa alcana igualmente a autoridade militar, pelo uso contrrio a lei dopoder conferido ao comandante.

    Sujeitos do Delito Sujeito ativo, somente o militar, por se tratar de crime

    propriamente militar. Sujeito passivo seria o Brasil, como pessoa jurdica de direitointernacional, mas como o Cdigo o classificou como crime contra a disciplina e aautoridade militares, o sujeito passivo so as instituies militares, que tem interesses

    juridicamente protegido de que os engenhos blicos referidos e os integrantes dascorporaes militares no sejam utilizados em operaes ilcitas contra pasesestrangeiros.

    Elementos ObjetivosO ncleo do tipo ordenar que a fora, o navio, a aeronaveou o veculo de guerra, sob o comando do sujeito ativo, penetre no territrio, nas guasterritoriais e no espao areo do pas estrangeiro.

    O delito configura-se com a ordem destinada a que os comandados do agente realizemos atos descritos no dispositivo penal. Desnecessrio que a ordem venha a ser cumprida

    ou qualquer reao por parte do governo estrangeiro.Elemento SubjetivoConsiste no dolo de ordenar aos comandados que penetrem,ilegalmente, em territrio de outro pas.

    Consumao e Tentativa- Consuma-se o delito, no momento em que a ordem docomandante chega ao conhecimento dos subordinados, no sendo exigido seucumprimento. A tentativa juridicamente possvel, se, por motivos alheios a vontade doagente, a ordem, verbal ou por escrito, no alcana os destinatrios.

    ABUSO DE REQUISIO MILITARArt. 173. Abusar do direito de requisio militar, excedendo os poderesconferidos ou recusando cumprir dever imposto em lei:

    Na espcie, o militar tem direito a proceder requisio militar e o faz excedendo o

    poder legal que lhe conferido, ou recusa-se a cumprir as normas pertinentes matria.Crime Propriamente MilitarObjetividade JurdicaA disciplina militar objeto da tutela penal, em face da

    conduta do militar em requisitar bens, alm dos poderes que lhe so conferidos ou deixarde cumprir os deveres impostos em lei, relativos requisio. Com efeito, esses atos ilcitosso nocivos disciplina da tropa, diante do inevitvel questionamento da atitude do militarentre seus pares e subordinados.

    O fato atenta, igualmente, contra a autoridade militar pelo uso ilcito do poderconferido por lei.

    Sujeito do DelitoSujeito ativo, o militar, no exerccio de comando ou de outrafuno castrense que lhe confira a atribuio de proceder requisio militar em tempode paz, em circunstancias especialssimas.

    Sujeito passivo imediato, as instituies militares, e mediato ou ofendido: quemsofreu a requisio ilcita, podendo ser pessoa fsica ou jurdica de direito pblico ouprivado.

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    Elementos Objetivos - Ncleo do tipo abusar, usar mal, exceder o direitoconferido por lei de proceder requisio ou, ainda, recusar o cumprimento deformalidades impostas por lei, como a de fornecer recibo e relao dos bens requisitados.

    Conforme exposto acima o delito tem como pressuposto e direito de o militarproceder s requisies, e o faz ultrapassando os limites das necessidades ou deixando de

    cumprir as determinaes legais pertinentes. Como a lei no especifica, o objeto darequisio pode ser bens ou servios.Elemento SubjetivoO elemento subjetivo a vontade orientada no sentido de

    exceder o direito de requisitar, tendo conscincia do excesso praticado, ou de recusar-se acumprir as formalidades legais, relativas requisio.

    Consumao e TentativaConsuma-se no momento em que os bens em excessopassam para a esfera de vigilncia do agente, ou no momento em que logo aps o militarapoderar-se dos bens, deixa de fornecer recibo circunstanciado ou de cumprir outraformalidade estabelecida em lei, regulamento, instruo ou outro instrumento legal. Emsituaes especiais admite-se a demora no cumprimento dessas exigncias, desde que noacarrete dano de qualquer espcie ao fornecedor dos bens.

    A tentativa juridicamente possvel.

    RIGOR EXCESSIVOArt. 174. Exceder a faculdade de punir o subordinado, fazendo-o com rigor no

    permitido, ou ofendendo-o por palavra, ato ou escrito:O superior tem o direito, conferido por lei, de punir o subordinado que estiver

    transgredindo as normas disciplinares e, ao exercitar esse direito, se ultrapassa os limitespermitidos por lei.

    A disciplina militar, sustentculo maior da hierarquia, constitui um sistema rgidode relacionamento entre os integrantes da organizao castrense, com a finalidadeprecpua de zelar pela manuteno deste segmento hierarquizado da estrutura social dopas.

    Crime propriamente Militar.Objetividade Jurdica - O objeto da tutela penal a disciplina militar, alicerce

    basilar da instituio militar, diante da ameaa resultante da conduta do superiorhierrquico em aplicar punio ao subordinado, ultrapassando os limites estabelecidosnos regulamentos disciplinares. A lei protege, tambm, a autoridade militar, em face dosrio risco de sofrer abalo moral principalmente diante dos subordinados, alm de ofenderos princpios da Legalidade e Segurana Jurdica.

    Sujeitos do DelitoSujeito ativo somente o militar que, em decorrncia de posto,graduao ou funo, exerce autoridade sobre outro militar, Sujeito passivo, asinstituies militares; e ofendido, o subordinado.

    Elementos ObjetivosA conduta incriminada exceder a faculdade de punir osubordinado. O excesso objetiva-se com a punio revestida de rigor no permitido na

    legislao, no regulamento, nas instrues militares. A lei acrescenta, ainda, a punioacompanhada de ofensa verbal, escrita ou por meio de ato.

    Na primeira modalidade, o ato do superior reveste-se de rigor no autorizado nasnormas regulamentares, como deixar o subordinado preso, sem gua ou alimento, semagasalho em regies frias, coloc-lo em priso sem condies de higiene ou em localinadequado para recolhimento de preso disciplinar, enfim, qualquer outra forma de punircom excesso, com crueldade.

    Na segunda, a punio efetiva-se por meio da palavra escrita ou oral, de atingindo-oem sua honra comum, que diz respeito ao cidado como pessoa humana,independentemente da qualidade de suas atividades, e em sua honra especial ouprofissional, que se relaciona com a atividade particular de cada um, no caso presente,a de militar.

    Elemento SubjetivoO elemento subjetivo a vontade livre e consciente de puniro subordinado com rigor no autorizado em lei ou de puni-lo mediante ofensa.

    Consumao e TentativaConsuma-se o delito no momento em que o subordinadosofre o rigor da punio ou toma conhecimento da ofensa. A tentativa possvel. Na

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    segunda modalidade, a ofensa por