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1 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE NÚCLEO DE ESTUDOS DE SAÚDE COLETIVA DEPARTAMENTO DE MEDICINA PREVENTIVA PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA MESTRADO EM SAÚDE COLETIVA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: EPIDEMIOLOGIA E BIOESTATÍSTICA UMA VISÃO ECOLÓGICA DA OBESIDADE NO BRASIL: ANÁLISE A PARTIR DOS DADOS DA PESQUISA DE ORÇAMENTOS FAMILIARES – 2002/2003 JACKELINE CHRISTIANE PINTO LOBATO Orientador: Profº. Dr. Antonio José Leal Costa RIO DE JANEIRO 2006 Dissertação apresentada ao Núcleo de Estudos de Saúde Coletiva e ao Departamento de Medicina Preventiva da UFRJ como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

NÚCLEO DE ESTUDOS DE SAÚDE COLETIVA

DEPARTAMENTO DE MEDICINA PREVENTIVA

PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA

MESTRADO EM SAÚDE COLETIVA

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: EPIDEMIOLOGIA E BIOESTATÍSTICA

UMA VISÃO ECOLÓGICA DA OBESIDADE NO BRASIL: ANÁLISE A PARTIR DOS DADOS DA PESQUISA DE ORÇAMENTOS FAMILIARES –

2002/2003

JACKELINE CHRISTIANE PINTO LOBATO

Orientador: Profº. Dr. Antonio José Leal Costa

RIO DE JANEIRO 2006

Dissertação apresentada ao Núcleo deEstudos de Saúde Coletiva e aoDepartamento de Medicina Preventivada UFRJ como requisito parcial para aobtenção do título de Mestre em SaúdeColetiva

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UMA VISÃO ECOLÓGICA DA OBESIDADE NO BRASIL: ANÁLISE A PARTIR DOS DADOS DA PESQUISA DE ORÇAMENTOS FAMILIARES –

2002/2003

JACKELINE CHRISTIANE PINTO LOBATO

Aprovada em 15 de março de 2006

BANCA EXAMINADORA __________________________________________________ Profº. Luis Guillermo Coca Velarde, DSc.

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE __________________________________________________ Profª.Cristina Pinheiro Mendonça, DSc.

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE __________________________________________________ Profª. Glória Valéria da Veiga, DSc.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO _________________________________________________ Profº. Roberto Medronho, DSc.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO RIO DE JANEIRO

2006

Dissertação apresentada ao Núcleo deEstudos de Saúde Coletiva e aoDepartamento de Medicina Preventivada UFRJ como requisito parcial para aobtenção do título de Mestre em SaúdeColetiva

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A Deus, sempre presente em todos os momentos da minha vida.

À minha família, meu amor, meu filho e amigos, pelo apoio e

compreensão.

AGRADECIMENTOS

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44

Ao meu orientador Zeca, pela dedicação, apoio, paciência,

compreensão, incentivo e amizade.

À amiga Deolinda, pela amizade e ajuda com os dados.

Aos amigos do mestrado, pela amizade e estudo coletivo.

Aos professores do NESC, pela ajuda e amizade.

Ao professor Guillermo, por todo apoio e incentivo ao longo dos

anos de convivência.

Ao amigo Júlio César Silva Rodrigues, pelo amor, carinho e ajuda

na revisão do texto.

À nova amiga Vanessa Espi, pela ajuda na revisão do texto.

À professora Rosely Sichieri, pela valiosa contribuição.

À CAPES, pela concessão da bolsa de estudo.

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“Não andeis ansiosos pelo dia

de amanhã, pois o amanhã se

preocupará consigo mesmo”

(Mateus 6:34)

RESUMO

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Introdução: A obesidade é um importante problema de saúde pública e sua

prevenção e controle devem ser realizados tendo como foco os fatores

ambientais. Objetivos: Avaliar a correlação entre o padrão alimentar e a

prevalência de obesidade na população adulta das capitais brasileiras, sob uma

perspectiva ecológica. E estudar a relação entre as variações no Índice de

Massa Corporal (IMC) médio e a prevalência de obesidade na população.

Método: Os dados foram obtidos a partir da Pesquisa de Orçamentos

Familiares realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, no

período de julho de 2002 a junho de 2003. Foram calculados o IMC médio e a

prevalência de obesidade (IMC ≥ 30,0 kg/m2) dos indivíduos de 20 a 59 anos,

para cada capital do Brasil. A associação entre o padrão alimentar e a

prevalência de obesidade foi investigada por meio do coeficiente de correlação

de Spearman. Para a associação com o IMC médio foi utilizado o coeficiente

correlação de Pearson e um modelo de regressão linear simples. Realizou-se

análises separadamente por gênero. Resultados: A prevalência de obesidade

variou de 5,11% a 13,61% entre as mulheres e de 5.22% a 17.57% entre os

homens. Para as mulheres, constataram-se correlações positivas entre o grupo

do açúcar e refrigerante (rs=0.600; p=0.001), refeições prontas (rs=0.39; p=0.05)

e batatas (rs=0,396; p=0,045). Não foi encontrada nenhuma associação entre os

homens. Com relação ao IMC, as correlações observadas para as mulheres (r =

0,855 e r = 0,589) foram mais expressivas em relação aos homens (r = 0,595 e

r = 0,045) em todas as análises. Para os homens, cada variação de 1 unidade

de IMC reduziria a prevalência de obesidade em 3,99 % (IC: 1,723 – 6,266) e

para as mulheres 3,44 % (IC: 2,558 – 4,319). Conclusão: Os resultados

encontrados confirmam correlações importantes, tanto para o padrão alimentar,

quanto para o IMC médio. Assim, devem ser enfatizadas medidas de prevenção

da obesidade que focalizem toda população, e não somente a parcela de

indivíduos que já se encontram com o IMC elevado.

Palavras-chave: pesquisa de orçamentos familiares, obesidade, padrão

alimentar, estratégias de prevenção populacional, estudo ecológico.

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ABSTRACT Introduction: Obesity is an important public health problem. Control of obesity

must focus on environmental factors. Objectives: To evaluate food intake and

the prevalence of obesity within the urban adult population of Brazil. And to

examine the relation between the prevalence of obesity and mean body mass

index (BMI) among urban adult populations. Methods: Data was gathered from

the 2002-2003 National Household Budget Survey. Age-standardized

prevalence of obesity – BMI > 30 kg/m2 - was calculated for adults 20 to 59

years old based on data from 26 capitals of Brazil. Spearman correlation

coefficients were done to investigate food intake and prevalence of obesity. For

the other association it was utilized Pearson correlation coefficients and linear

regression techniques. All analysis were stratified by sex. Results: Prevalence

of obesity varied from 5.11% to 13.61% among women and 5.22% to 17.57%

among men. For women, statistically significant correlations between prevalence

of obesity and the group of sugar and soft drinks (rs=0.600; p=0.001), ready-to-

eat meals (rs=0.39; p=0.05) and potatoes (rs=0,396; p=0,045) were observed.

No associations were observed for men. Prevalence of obesity was positively

correlated with mean BMI among both women (r=0.855; p<0.001) and men

(r=0.595; p<0.001). For males and females, a reduction of 1 unit of mean BMI

would lower the prevalence of obesity, on average, in 3.9 % (95%IC: 1.7-6.3)

and 3.4 % (95%IC: 2.6-4.3), respectively. Conclusions: There were observed

important correlations between prevalence of obesity and food intake, as well as

for mean BMI. Such findings point out the appropriateness of targeting whole

populations in order to prevent and control obesity in Brazil.

Key words: National Household Budget Survey, obesity, dietary pattern,

strategies of population prevention, ecological study.

LISTA DE TABELAS

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1.1 ARTIG

O 1

1.2

1.3 TABELA 1

1.4 Age - standardized prevalence of obesity by sex in Brazil and selected Brazilian capitals. Adults aged 20-59 years old, 2002 / 2003.............................................................................................

1.5

1.6 TABELA 2

1.7 Mean household relative participation (%) of foods and groups of food in the total energy availability and total energy availability per capita in Brazil and selected capitals, 2002-2003…………….……………………….….............................

.........

1.8

1.9 TABELA 3

1.10 Spearman’s correlation (rs) between the relative participation of some food and groups of food in the total energy intake (%) and the adult age-adjusted prevalence of obesity in 26 capitals of Brazil, by sex group, 2002-2003……………………………...........

1.1

1.12

1.13 ARTIG

O 2

1.14

1.15 TABELA 1

1.16 Correlação linear (Pearson) entre a o IMC médio total e parcial e a prevalência de obesidade na população adulta (20 a 59 anos) residente em 26 capitais do Brasil, em 2002-2003, segundo sexo e faixa etária..........................................................

1.17

1.18 TABELA 2

Análise de regressão linear bivariada da prevalência de 1.19

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LA 2 obesidade em função do IMC médio (total e parcial), segundo

gênero e faixa etária nas 26 capitais do Brasil, 2002-

2003..............................................................................................

1.20

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LISTA DE FIGURAS 1.21 ARTI

GO 1

1.22

1.23

1.24 FIGURA 1

1.25 Scatter plot and linear regression curve for the association between the relative the relative participation of sugar and soft drinks in the total energy intake (%) and the age-standardized prevalence of obesity among women aged 20-59 years old in 26 capitals of Brazil, 2002/2003…………………………………………

1.26

1.27

ARTIGO 2

1.28

1.29

1.30 FIGURA 1

1.31 Correlação entre o IMC médio e a prevalência de obesidade em 26 capitais brasileiras (mulheres – 20 a 59 anos) .........................

1.32

1.33 FIGURA 2

Correlação entre o IMC médio parcial e a prevalência de

obesidade em 26 capitais brasileiras (mulheres – 20 a 59

anos)...............................................................................................

1.34

1.35 FIGURA 3

Correlação entre o IMC médio e a prevalência de obesidade em

26 capitais brasileiras (homens – 20 a 59 anos) ...........................

1.36

1.37 FIGURA 4

Correlação entre o IMC médio parcial e a prevalência de

obesidade em 26 capitais brasileiras (homens – 20 a 59 anos) ...

1.38

LISTA DE ABREVIATURAS

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EUA Estados Unidos

ENDEF Estudo Nacional da Despesa Familiar

FAO Food and Agricultural Organization

IOTF Força Tarefa Internacional

IMC Índice de Massa Corporal

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MONICA Monitoring Trends and Determinants in Cardiovascular Disease

NCHS National Center of Health Statistic

NHANES National Health and Nutrition Examination Survey

NAFO Nível de Atividade Física Ocupacional

OMS Organização Mundial de Saúde

POF Pesquisa de Orçamentos Familiares

PNSN Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição

PPV Pesquisa de Padrões de Vida

TACO Tabela Brasileira de Composição dos Alimentos

UF Unidades da Federação

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 1

2 OBJETIVOS 4

2.1 Objetivo Geral 4

2.2 Objetivos Específicos 4

3 REVISÃO DA LITERATURA 5

3.1 Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 5

3.2 As transições epidemiológica, demográfica e nutricional 6

3.3 Obesidade 8

3.3.1 Evolução da prevalência de obesidade 9

3.3.2 Fatores associados à obesidade 10

3.3.2.1 Fatores Dietéticos 11

3.3.2.2 Prática de Atividade Física 16

3.3.3 Conseqüências da obesidade 18

3.4 Estratégias de prevenção da obesidade 21

4 METODOLOGIA 24

5 RESULTADOS 28

5.1 Artigo 1 29

5.2 Artigo 2 44

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 61

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 62

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8 ANEXO 69

APRESENTAÇÃO

Esta dissertação foi elaborada utilizando-se dados da Pesquisa de

Orçamentos Familiares – 2002/2003, realizada pelo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística, e visou correlacionar o padrão alimentar das capitais

brasileiras com a respectiva prevalência de obesidade, em adultos.

Na revisão de literatura, são abordados os conceitos de transição

epidemiológica, demográfica e nutricional; a evolução da prevalência de

obesidade e seus fatores associados; e as estratégias de prevenção da

obesidade.

Os resultados são apresentados sob a forma de dois artigos científicos.

O primeiro artigo tem como título: “Food intake and prevalence of obesity in

Brazil, 2002 – 2003: An ecological analysis”, e teve como objetivo correlacionar

o padrão alimentar e a prevalência de obesidade em adultos das capitais

brasileiras, a partir de um estudo ecológico. O segundo artigo é intitulado:

“Correlação entre o Índice de Massa Corporal (IMC) médio da população e a

prevalência de obesidade nas capitais brasileiras – 2002/2003”, no qual se

estudou a relação entre as variações no IMC médio e a prevalência de

obesidade na população adulta, residente nas capitais brasileiras.

Nas considerações finais são apresentadas as conclusões do presente

trabalho e seus possíveis desdobramentos.

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1 INTRODUÇÃO

As modificações ocorridas no perfil nutricional da população têm

colocado a obesidade em papel de destaque no quadro epidemiológico

mundial, de tal forma que a Organização Mundial de Saúde (OMS) a tem

considerado uma epidemia global. Por ser um importante problema de saúde

pública, que atinge todas as classes sociais, idades e etnias, a obesidade deve

ser prevenida e tratada o mais precocemente possível (CORONELLI &

MOURA, 2003; GERBER & ZIELINSKY, 1997; JEFFERY & UTTER, 2003;

MONTEIRO, CONDE & POPKIN, 2001a; RAMAN, 2002; STEIN & COLDITZ,

2004).

A obesidade pode ser entendida, de uma forma simplificada, como o

desequilíbrio entre a ingestão alimentar e a atividade física gerando um balanço

energético positivo (SCHIERI, 1998; STEIN & COLDITZ, 2004).

Muito ainda precisa ser estudado para que haja o entendimento sobre

como as modificações nos âmbitos populacional e individual irão influenciar na

gênese da obesidade e na sua crescente incidência em todo o mundo. Porém,

sabe-se que os padrões alimentares e de atividade física são os principais

fatores modificáveis que podem servir para prevenção e tratamento da

obesidade (OMS, 2004).

O ganho de peso pode ser considerado uma resposta fisiológica normal

a um ambiente “obesogênico”, ou seja, indutor de hábitos alimentares não

saudáveis e do sedentarismo. Portanto, muito se tem falado sobre estratégias

de prevenção, relacionadas, principalmente, a intervenções no nível

populacional, dado que ações focalizadas somente nos indivíduos sob risco

podem ser insuficientes (EGGER & SWINBURN, 1997; OMS, 2004). Assim, a

prevenção e o controle da obesidade devem enfocar os ambientes sociais,

culturais, políticos, físicos e estruturais que influenciam o estado nutricional da

população (OMS, 2004).

Embora a obesidade esteja relacionada a fatores genéticos e ambientais,

o rápido aumento em sua prevalência em todo o mundo sugere que os fatores

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ambientais, e não os genéticos são os principais responsáveis pela epidemia

em curso (JEFFERY & UTTER, 2003; OMS, 2004; STEIN & COLDITZ, 2004).

Ao longo do tempo, tem-se observado modificações significativas no

padrão alimentar da população, com elevação do consumo de gorduras e

açúcares e uma redução no consumo de cereais e fibras, associadas ao

aumento na prevalência da obesidade (MONTEIRO, MONDINE, & COSTA,

2000; POPKIN, 2001; STEIN & COLDITZ, 2004). Dessa forma, torna-se

importante o monitoramento do consumo alimentar populacional, como meio de

fornecer subsídios para que sejam formuladas ações de prevenção e

tratamento tanto dos déficits nutricionais, quanto das doenças crônico-

degenerativas, entre elas a obesidade.

Tendo em vista a crescente epidemia de obesidade em todo o mundo, a

realização de inquéritos alimentares nacionais é extremamente importante,

como forma de monitorar o estado nutricional da população. Além disso, pode

proporcionar dados para o estabelecimento de políticas públicas. Portanto, é

necessário o entendimento da dinâmica que rege o estado nutricional de uma

população, principalmente no Brasil - cujas desigualdades sociais são evidentes

- para que sejam formuladas e realizadas ações efetivas, garantindo a

segurança nutricional de todos.

No Brasil são realizadas regularmente as Pesquisas de Orçamento

Familiar (POF), coordenadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE), as quais constituem importantes fontes para a obtenção de indicadores

do padrão alimentar brasileiro (LEVY-COSTA et al., 2005).

Ações que visam a promoção de saúde estão cada vez mais enfocando

a mudança de hábitos de vida para toda a população, propondo-se a garantir

uma melhor qualidade de vida a todos, e não somente a uma parcela sob um

maior risco de adoecimento. A falta de motivação dos indivíduos chamados

“normais” à modificação de seus hábitos de vida é a principal limitação da

estratégia populacional. Porém, observou-se que o enfoque na redução do

Índice de Massa Corporal (IMC) médio de uma população seria uma boa forma

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161

de reduzir a sua respectiva prevalência de obesidade (ROSE & DAY, 1990;

OMS, 2004). Entretanto, não há, até o momento, evidências empíricas acerca

das relações entre a distribuição do IMC e a prevalência da obesidade na

população brasileira.

No entanto, para que sejam formuladas ações efetivas para a prevenção

e o controle da obesidade, é necessário que haja o conhecimento dos principais

fatores de risco modificáveis. As modificações nos padrões alimentares e nas

práticas de atividade física são consideradas os principais responsáveis pelo

crescente aumento da obesidade no Brasil e no mundo. Porém, ainda existem

algumas controvérsias em relação aos aspectos qualitativos da dieta

relacionados ao desenvolvimento da obesidade. Alguns estudos ecológicos têm

demonstrado que um elevado consumo de gordura está relacionado à

obesidade, enquanto outros consideram o aumento no consumo de açúcar

simples como o principal responsável. Adicionalmente, sugere-se que a

industrialização e o aumento do consumo de alimentos fora de casa também

seriam fatores a serem investigados. Dessa forma, investigar, no âmbito

populacional, a correlação entre o padrão alimentar brasileiro e a prevalência de

obesidade pode fornecer subsídio a outros estudos que focalizem na relação

entre dieta e obesidade.

Portanto, a POF 2002-2003 consiste em uma valiosa fonte de dados

secundários para a realização de pesquisas sobre a obesidade no Brasil, visto

que se trata de um inquérito de base populacional o qual possui dados

antropométricos e alimentares. Assim sendo, os resultados obtidos no presente

estudo podem subsidiar ações que visem, em última instância, contribuir para a

melhoria da qualidade de vida da população.

2 OBJETIVOS

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2.1 Objetivo Geral Avaliar a correlação entre o padrão alimentar e a prevalência de obesidade na

população adulta das capitais brasileiras, em 2002-2003, sob uma perspectiva

ecológica.

2.2 Objetivos Específicos

- Descrever o padrão alimentar das capitais brasileiras e grandes regiões, em

2002-2003;

- Descrever a distribuição das curvas de Índice de Massa Corporal (IMC) da

população adulta das capitais brasileiras, para ambos os gêneros e faixa etária,

em 2002-2003;

- Examinar a relação entre o IMC médio e a prevalência de obesidade na

população adulta das capitais brasileiras, em 2002-2003.

3 REVISÃO DA LITERATURA

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3.1 Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF)

A realização de pesquisas nacionais de base populacional se faz de

extrema importância para traçar o perfil do país, em relação ao estado

nutricional, socioeconômico, e outras questões relevantes para a saúde pública.

As Pesquisas de Orçamentos Familiares (POF) têm como objetivos

mensurar as estruturas de consumo, dos gastos e rendimentos das famílias,

possibilitando conhecer as condições de vida da população brasileira. Além

disso, permite traçar o perfil nutricional da população, bem como seus gastos

com alimentação. Tal pesquisa possui múltiplas aplicações, tanto na gestão

pública quanto no setor privado, uma vez que contribui para estabelecer

prioridades na área social, garantindo melhorias na qualidade de vida da

população (IBGE, 2004a).

Em comparação às outras pesquisas de âmbito nacional sobre

orçamentos familiares, tais como o Estudo Nacional da Despesa Familiar –

ENDEF- 1974/75 e as POFs realizadas em 1987/88 e 1995/96, a POF –

2002/03 apresenta dados referentes também às áreas rurais e de aquisições

não monetárias. Assim sendo, obtiveram-se resultados para o Brasil, grandes

regiões (Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste) e as populações

residentes nas áreas urbana e rural. Com relação às regiões metropolitanas e

às capitais das Unidades da Federação (UF), os resultados são referentes à

situação urbana. Além disso, também foi aplicado um questionário de qualidade

de vida, a fim de complementar as análises sobre pobreza, desigualdade e

exclusão social (IBGE, 2004a).

As medições antropométricas realizadas foram a massa corporal e a

estatura, possibilitando o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), o que

permite estimar a prevalência de obesidade e déficit nutricional na população

brasileira como um todo. Adicionalmente, foram apresentados resultados

estratificados por sexo, faixa de idade, renda e situação do domicílio. Também

foi possível realizar comparações com outros inquéritos antropométricos

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191

nacionais (ENDEF – 1974/75 e Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição –

PNSN -1989), possibilitando a análise da tendência secular do estado

nutricional da população brasileira.

Ao longo do texto, serão apresentados alguns dos resultados da POF

2002-2003 já publicados, bem como detalhes metodológicos da pesquisa.

3.2 As transições epidemiológica, demográfica e nutricional

Nas últimas décadas, foram observadas mudanças no padrão de morbi-

mortalidade da população mundial, acompanhadas de transformações

demográficas, sócio-econômicas e nutricionais (BATISTA FILHO & RISSIN,

2003; BARRETO & CARMO, 1995; SARTORELLI & FRANCO, 2003). Dessa

forma, podem ser verificadas três mudanças básicas no perfil epidemiológico

mundial: a substituição das doenças infecto-parasitárias pelas doenças crônico-

degenerativas e causas externas como primeiras causas de morte;

deslocamento da maior carga de morbi-mortalidade dos grupos mais jovens aos

grupos com idade mais avançada; e a transformação de uma situação em que

havia o predomínio da mortalidade para outra na qual a morbidade é dominante

(VERMELHO & MONTEIRO, 2003).

No Brasil, assim como na América Latina em geral, observa-se uma

justaposição dos dois padrões de mortalidade – por doenças infecto-

parasitárias vs. crônico-degenerativas -, o que foi denominado por Frenk et al.

(1989) de modelo tardio-polarizado. As principais características deste modelo

seriam as diferenças sociais e regionais na distribuição de bens e serviços de

promoção de saúde, que podem gerar o fenômeno da contratransição, ou seja,

o retorno de doenças erradicadas ou controladas (PAES-SOUZA, 2002). Assim,

observa-se no Brasil a permanência de grandes endemias em algumas regiões

do país, taxas de mortalidade ainda elevadas, e variações geográficas de

padrões epidemiológicos e de organização dos serviços de saúde. Essas

variações também podem ser verificadas até dentro de um mesmo agregado

urbano (PAES-SOUZA, 2002). Murray & Chen (1993) afirmam que a existência

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202

de um padrão universal de modelo epidemiológico torna-se difícil, em função

das variações demográficas e sócio econômicas das diferentes populações

humanas.

Em conjunto à transição epidemiológica, ocorre a transição demográfica,

referente, principalmente, às alterações na estrutura etária de uma população,

devido a mudanças dos níveis de fecundidade e mortalidade. Ou seja, a

passagem de um modelo no qual predominavam altos níveis de mortalidade e

fecundidade, para um modelo moderno, caracterizado pelo aumento da

expectativa de vida e redução do número de nascimentos, que conduz, em

última instância, ao envelhecimento populacional (PAES-SOUZA, 2002;

VERMELHO & MONTEIRO, 2002).

No Brasil, as transformações demográficas, iniciadas a partir de 1940,

puderam ser observadas mais rapidamente no período de 1960 a 1980 e foram

marcadas pelo êxodo da população do meio rural para o urbano, redução da

mortalidade - particularmente da mortalidade infantil e pré-escolar - seguida

pela queda das taxas de fecundidade. Conseqüentemente, ocorreu uma

elevação na expectativa de vida e uma aproximação da pirâmide populacional

às dos países desenvolvidos (BATISTA FILHO & RISSIN, 2003; PAES-SOUZA,

2002; VERMELHO & MONTEIRO, 2002). Além disso, o predomínio das

atividades dos setores secundários e terciários, em detrimento ao setor

primário, a inserção da mulher no mercado de trabalho e a diminuição do

tamanho das famílias, levaram a uma transformação de estilos de vida e

demandas nutricionais. Houve também, o aumento da renda per capita, embora

as desigualdades sociais ainda se façam bastante presentes (BATISTA FILHO

& RISSIN, 2003).

Dentro deste contexto de transformações econômicas, sociais,

demográficas e relacionadas à saúde observa-se uma elevação na prevalência

de obesidade e uma redução da desnutrição, denominada de transição

nutricional. Postula-se que modificações na dieta e no nível de atividade física

seriam os principais determinantes dessa mudança do padrão nutricional da

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212

população (MONTEIRO et al.,1995; POPKIN, 2001; SICHIERI, 1998; PHILIP &

JAMES, 2002; KAC & MELÉNDEZ, 2003).

O processo histórico de industrialização e o avanço tecnológico

característico das sociedades modernas geraram uma transformação no padrão

ocupacional, notando-se um aumento das atividades que requerem menor

gasto energético. Simultaneamente, ocorreu uma modificação do tempo e da

modalidade do esforço físico realizado com os afazeres domésticos e atividades

de lazer. Mudanças na dieta, concomitantes ao aumento do sedentarismo,

contribuíram para uma mudança da composição corporal da população

(MONTEIRO et al.,1995; POPKIN, 2001; SARTORELLI & FRANCO, 2003;

MENDONÇA & ANJOS, 2004).

No Brasil, assim como no caso da transição epidemiológica, observa-se

um padrão nutricional diferenciado, de tal forma que a prevalência de obesidade

é elevada, co-existindo com déficits nutricionais, tais como anemias e

hipovitaminoses, além da persistência de desnutrição infantil em algumas

localidades (SICHIERI, 1998; ESCODA, 2002; POST et al., 1996; BATISTA

FILHO & RISSIN, 2003).

O entendimento das dimensões sócio-econômicas, culturais e

demográficas que permeiam as transformações nos padrões epidemiológicos,

demográficos e nutricionais permite a realização de programas específicos,

dentro do mosaico social encontrado no Brasil, visando à melhoria da saúde

pública em geral (PAES-SOUZA, 2002).

3.3 Obesidade

A obesidade pode ser definida como o acúmulo anormal ou excessivo de

gordura no tecido adiposo, em extensão tal que possa prejudicar a saúde.

Porém, a distribuição da gordura corporal, sua quantidade e as conseqüências

associadas à saúde variam entre os obesos (OMS, 2004). A classificação da

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obesidade, no nível populacional, pode ser realizada a partir do Índice de

Massa Corporal (IMC) - calculado dividindo-se a massa corporal, em quilos,

pelo quadrado da estatura, em metros -, uma vez que tem alta correlação com

as medidas de gordura corporal. Entretanto, para classificar um indivíduo como

obeso devem ser realizadas outras avaliações, tais como espessuras de dobras

cutâneas (SCHIERI, 1998; OMS, 2004). O IMC pode ser utilizado para estimar

a prevalência de sobrepeso e obesidade na população, sendo os pontos de

corte utilizados de 25,0 a 29,9 kg/m2 e obesidade ≥ 30,0 kg/m2,

respectivamente (OMS, 2004).

3.3.1 – Evolução da prevalência de obesidade

Estudos epidemiológicos que buscam estimar a prevalência de

obesidade no Brasil e no mundo têm mostrado um incremento em todas as

classes sociais e faixas etárias, além de valores maiores entre as mulheres.

Nos Estados Unidos, o National Health and Nutrition Examination Survey 1999

– 2002 (NHANES), último inquérito realizado pelo National Center of Health

Statistics (NCHS), revelou que 65% da população americana adulta

apresentava sobrepeso ou obesidade, sendo que a prevalência de obesidade

era de 31% (DEITEL, 2003).

No Brasil, a partir da análise dos dados de pesquisas realizadas em

âmbito nacional - Estudo Nacional da Despesa Familiar (ENDEF-1974-75),

Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN-1989) e a POF (2002-2003)

- observa-se um declínio contínuo da freqüência de déficits ponderais, para

ambos os gêneros. Por outro lado, o sobrepeso e a obesidade aumentaram

substancialmente na população masculina, verificando-se que a prevalência de

sobrepeso mais do que duplicou entre a primeira e a terceira pesquisa (18,6%

para 41,0%), enquanto a prevalência de obesidade mais do que triplicou (2,8%

para 8,8%). Entre as mulheres, de 1974-75 a 1989, as prevalências de

sobrepeso e obesidade aumentaram cerca de aproximadamente 80% e 65%,

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passando de 28,6% para 40,7%, e de 7,8% para 12,8%, respectivamente. Entre

1989 e 2002-2003 tais prevalências mantiveram-se relativamente estáveis,

atingindo valores iguais a 39,2% e 12,7% em 2002-2003.

Ao se estratificar por quintis de renda, observou-se um aumento da

prevalência de sobrepeso e obesidade em mulheres das classes de renda mais

baixas (2 primeiros quintis), enquanto nos outros estratos o inverso ocorreu.

Verificou-se ainda que, entre as mulheres, a obesidade continuou a aumentar

somente na região Nordeste, declinando nas outras regiões. Para os homens,

ocorreu elevação da prevalência de obesidade em todas as classes de renda e

regiões do Brasil (IBGE, 2004b). Esse padrão de evolução da obesidade já

tinha sido observado ao serem realizadas análises comparativas entre o

ENDEF, a PNSN e a PPV (Pesquisa de Padrões de Vida) para as regiões

Sudeste e Nordeste.

3.3.2 Fatores associados à obesidade

Embora a obesidade possa ser entendida como o desequilíbrio entre a

ingestão e o gasto energético, gerando um balanço positivo (SCHIERI, 1998;

MENDONÇA & ANJOS, 2004; OMS, 2004), sua etiologia envolve uma interação

entre múltiplos e complexos fatores genéticos, ambientais, comportamentais e

sócio-econômicos (SICHIERI, 1998; RAMAN, 2002; POULAIN, 2004;

FRANCISCHI et al., 2000; OMS, 2004).

Identificar e elucidar os determinantes e conseqüências da obesidade,

tanto no âmbito individual quanto no populacional, tem sido objeto de estudo no

Brasil e no mundo. Ações interdisciplinares focalizando a prevenção das

doenças crônicas devem ser articuladas de forma a melhorar a qualidade de

vida da população, aumentando seus anos de vida saudáveis, além de reduzir

os gastos com tratamento e controle de tais doenças, contribuindo para a

melhoria da saúde pública (PARRA-CABRERA, 1999; RAMAN, 2002;

HARNACK, JEFFERY & BOUTELLE, 2000). Para tanto, faz-se necessário,

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primeiramente, entender os fatores que estão direta ou indiretamente

associados ao desenvolvimento e perpetuação da obesidade (HARNACK,

JEFFERY & BOUTELLE, 2000).

A influência do ambiente se dá de forma complexa, podendo estar

relacionada às práticas de atividade física, acesso a produtos alimentícios,

estímulo à ingestão de determinados alimentos em detrimento de outros,

manifestações de patologias, entre outros fatores, que em última instância

poderão desregular o balanço energético (CUTTING et al., 1999).

A ocorrência da obesidade no indivíduo reflete a interação entre fatores

ambientais e uma predisposição genética. Isto é, inúmeros fatores, dependendo

do ambiente onde o indivíduo encontra-se inserido, podem influenciar a

manifestação da obesidade ao possibilitarem a expressão fenotípica de

determinados genes (CUTTING et al.,1999; ENGSTROM & ANJOS, 1996;

FRANCISCHI et al., 2000).

Quando se realiza uma análise em grupos populacionais, observa-se que

fatores ambientais e comportamentais, tais como as práticas alimentares e a

atividade física, parecem ser os principais responsáveis pela prevalência de

obesidade, comparadas aos fatores genéticos (FRANCISCHI et al., 2000;

JEFFERY & UTTER, 2003; OMS, 2004). Logo, os padrões dietéticos e de

atividade física podem ser considerados os principais fatores modificáveis,

relacionados à gênese da epidemia da obesidade em todo o mundo (OMS,

2004).

3.3.2.1 – Fatores Dietéticos

As alterações relacionadas aos fatores dietéticos demonstram um

aumento da ingestão energética, associadas tanto a alterações quantitativas

quanto qualitativas (MENDONÇA & ANJOS, 2004). Diversos estudos

evidenciam a ocorrência de mudanças nos hábitos alimentares da população

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mundial, observando-se uma redução no consumo de cereais e carboidratos

complexos, concomitante a um incremento no consumo de alimentos de origem

animal, açúcar e alimentos refinados, o que caracteriza um padrão dietético

denominado “Dieta Ocidental”. Essa alteração reflete uma redução na ingestão

de fibras e uma ingestão superior a 30% de energia proveniente de gordura

(MONTEIRO et al.,1995; POPKIN, 2001; STEIN & COLDITZ, 2004).

Um estudo realizado por Harnack, Jeffery & Boutelle (2000) sobre a

tendência temporal em relação ao consumo de energia nos EUA, constatou que

a disponibilidade de energia aumentou 15% entre 1970 e 1994. Observou-se

também que os americanos estão ingerindo mais refeições fora de casa, estão

mais dependentes das lojas de conveniência e consumindo maiores porções de

alimentos. Estes autores concluíram que, a partir das análises ecológicas

realizadas, o consumo de energia tem aumentado, podendo ser considerado

como uma das maiores contribuições para o aumento do peso médio da

população.

A partir das POFs, dados referentes à disponibilidade domiciliar de

alimentos fornecem informações importantes a respeito do padrão alimentar da

população brasileira. Diferentes padrões alimentares entre as regiões do Brasil

foram observados na POF – 2002/2003, nos meios urbano e rural e também

segundo estrato sócio econômico. Percebe-se um efeito substancial do

rendimento sobre a aquisição alimentar, caracterizado por uma relação positiva

para as carnes, leite e derivados, frutas, hortaliças, bebidas alcoólicas e

refeições prontas, e negativa para os feijões e raízes e tubérculos. Contudo,

como características positivas presentes em todos os estratos, encontram-se a

adequação do teor de proteínas e elevado aporte de proteínas de origem

animal e, como negativas, o excesso de açúcar e participação insuficiente de

frutas e hortaliças (LEVY-COSTA et al., 2005; IBGE, 2004b).

Ao serem realizadas comparações entre as pesquisas sobre orçamentos

familiares (ENDEF- 1974/75, POFs- 1986/87, 1995/96 e 2002/03) envolvendo

as regiões metropolitanas, foi observado um declínio no total de calorias per

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capita entre a primeira pesquisa e a última (1.700 kcal a 1.502 kcal / dia per

capita). Uma possível explicação para essa redução seria o aumento do

consumo de alimentos fora do domicílio, subestimando o total de calorias, uma

vez que estes alimentos não são avaliados (LEVY-COSTA et al., 2005). Por

outro lado, dados da FAO (Food and Agricultural Organization) demonstraram

um aumento de 580 kcal (de 2.430 para 3.010 kcal) no período de 1969/71 a

2000/02 (FAO, 2000). Com relação ao padrão alimentar, foi observado um

aumento no consumo de produtos industrializados, insuficiente de frutas e

hortaliças e persistência no teor elevado de açúcar, aumento de gordura total e

saturada, além de declínio no consumo de arroz e feijão (LEVY-COSTA et al.,

2005; IBGE, 2004b).

O processo de industrialização dos alimentos pode ser considerado um

dos responsáveis pela elevação do teor energético da dieta (MENDONÇA &

ANJOS, 2004; GROSS et al., 2004), além da redução nos teores de fibras

(GROSS et al., 2004; OMS, 2004). Observa-se na maioria das cidades

brasileiras uma grande disponibilidade, nos supermercados, de alimentos

resfriados, congelados, temperados, preparados e recheados, entre outros, e

cuja indicação de cozimento é através da fritura, elevando, dessa forma, a

densidade energética da dieta (MENDONÇA & ANJOS, 2004).

Outro fato importante a ser considerado é o aumento do gasto com

alimentação fora de casa (MENDONÇA & ANJOS, 2004, MCCRORY et al,

2000). Observa-se uma crescente expansão da indústria alimentícia,

principalmente de lanchonetes, o que tem levado ao consumo exagerado de

alimentos fora de casa nos EUA, nos últimos 20 anos (JEFFERY & UTTER,

2003). Alguns estudos têm demonstrado associação entre o consumo de

alimentos fora de casa e o aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade,

uma vez que as refeições realizadas fora do domicílio possuem maior

densidade energética e são pobres em fibras, além de serem servidas em

porções grandes (McCRORY et al, 1999; McCRORY et al, 2000; DILIBERT et

al., 2004; JEFFERY & UTTER, 2003). O aumento das redes de fast food no

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Brasil e no mundo tem sido relacionado às modificações no padrão alimentar da

população, uma vez que acaba ocorrendo a substituição de refeições

nutricionalmente adequadas por lanches altamente energéticos (MENDONÇA &

ANJOS, 2004; BOWMAN et al, 2004; McCRORY et al, 2000; OMS 2004). Além

disso, há um gasto de aproximadamente 50 dólares per capita em publicidade

de alimentos, enquanto apenas 1,50 dólares são gastos em algum tipo de

educação nutricional (JEFFERY & UTTER, 2003).

No Brasil, pela primeira vez foram avaliadas as despesas com

alimentação fora do domicílio na POF – 2002/03. Destacou-se um gasto com

consumo de alimentos fora do domicílio correspondente a 25,74% do total das

despesas com alimentação, sendo 13,07% nas áreas rurais. No que se refere

aos itens que compõem essa alimentação fora do domicílio, o gasto com

almoço e jantar é responsável por 10,05% do total da despesa com

alimentação. As regiões Norte e Nordeste apresentaram as menores

proporções de despesas com almoço e jantar e os maiores com relação às

bebidas alcoólicas (IBGE, 2004b).

A relação entre o consumo energético excessivo e o desenvolvimento de

obesidade está bastante documentada na literatura. Alguns estudos têm

mostrado que as características qualitativas da dieta, relativas principalmente à

proporção de energia proveniente da gordura, também irão influenciar no

estado de saúde do indivíduo (MONTEIRO & CONDE, 2000; JEFFERY &

UTTER, 2003; OMS, 2004). A ingestão de gordura, considerando-se que esta

possui uma maior densidade energética, estaria contribuindo para um maior

consumo de energia total, o que, em última instância, levaria ao balanço

positivo. Todavia, deve-se também levar em consideração o dispêndio de

energia, ou seja, a prática de atividade física individual e coletiva, fator esse

pouco aferido nos estudos de base populacional.

Estudos realizados no âmbito populacional evidenciaram uma

associação entre o consumo de gordura e a prevalência de sobrepeso e

obesidade com magnitude inferior à observada em estudos experimentais

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(MONTEIRO & CONDE, 2000). Bray & Popkin (1998) a partir de uma análise

ecológica com 20 países de todas as regiões do mundo, realizada para

demonstrar a relação entre a proporção de energia consumida a partir da

gordura e a prevalência de sobrepeso e obesidade (IMC ≥ 25), constataram

uma associação positiva significativa, ou seja, populações cujo consumo de

gordura é mais elevado possuem maiores prevalências de obesidade. Porém,

outros estudos demonstraram que diferentes componentes da dieta, além da

gordura, estariam contribuindo para a ingestão energética excessiva (WILLET,

1998; McCORY et al., 1999; McCORY et al., 2000). McCory et al. (2000), ao

revisarem os fatores dietéticos que estariam relacionados ao sobrepeso e à

obesidade em adultos nos Estados Unidos, identificaram que a densidade

energética e a palatabilidade seriam os principais determinantes do total de

energia ingerido, independente da quantidade de gordura presente na dieta. O

mesmo estudo demonstrou que o consumo de frutas e verduras estaria

negativamente associado à massa corporal.

Outras pesquisas demonstraram que o aumento no consumo de

açúcares simples está associado à obesidade, uma vez que eleva a densidade

energética e diminui o consumo de micronutrientes (LUDWIG, PETERSON &

GORTMAKER, 2001; HARNACK, STANG & STORY, 1999; POPKIN &

NIELSEN, 2003). Foi observado por Popkin & Nielsen (2003) um aumento no

consumo de calorias provenientes do açúcar, entre 1962 e 2000 (74 kcal/dia).

Segundo a OMS (2004), alimentos adoçados e com alto teor de gordura

induziriam ao consumo excessivo de energia, devido à alta palatabilidade. Um

estudo realizado com crianças e adolescentes dos EUA demonstrou que o

consumo de refrigerantes estava relacionado com um elevado consumo de

energia, além de ter substituído o leite e o suco de frutas na dieta (HARNACK,

STANG & STORY, 1999). Uma análise ecológica realizada nos EUA encontrou

uma associação entre o aumento no consumo de açúcar simples e obesidade e

diabetes mellitus (GROSS et al., 2004).

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Constata-se, portanto, que o entendimento dos fatores dietéticos

relacionados ao desenvolvimento e manutenção da obesidade faz-se

extremamente importante, de forma que muito ainda precisa ser estudado para

fornecer os subsídios necessários a formulações de estratégias de promoção

da saúde e de prevenção secundária.

3.3.2.2 – Prática de Atividade Física

Ao lado do consumo alimentar na equação do balanço energético,

encontra-se a atividade física, entendida como “qualquer movimento corporal

produzido por músculo esquelético que resulta em um aumento substancial

além do gasto de energia em repouso” (OMS, 2004). Isto é, a atividade física é

composta por todas as atividades ocupacionais, de lazer, domésticas e de

deslocamento (OMS, 2004; MENDONÇA & ANJOS, 2004). Embora alguns

dados de estudos transversais demonstrem uma relação inversa entre IMC e

atividade física, não é possível caracterizá-la como uma associação de causa e

efeito, em virtude do tipo de estudo (OMS, 2004).

Observa-se que a redução da atividade física e o aumento da obesidade

estão relacionados à redução do esforço físico ocupacional, ao aumento das

atividades de lazer sedentárias tais como assistir televisão ou permanecer no

computador, além das atividades domésticas realizadas com a ajuda dos

eletroeletrônicos e utilização de meios de transporte motorizados (MENDONÇA

& ANJOS, 2004; BELL, GE & POPKIN, 2002).

Alguns estudos sugerem que em famílias mais pobres o lazer restringe-

se à televisão e a atividades sedentárias, em função da ausência de locais

seguros para realização de exercícios (KOTTKE et al., 2003). O tempo gasto

assistindo televisão pode estar associado ao sobrepeso, não somente pelo

hábito sedentário, como também pelo consumo alimentar durante tal atividade

(BELL, GE & POPKIN, 2002; TANASESCU et al., 2000). Um estudo realizado

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303

com 53 crianças portorriquenhas pré-puberes (31 meninas e 22 meninos), no

qual foi analisada a associação entre o tempo gasto assistindo televisão e a

prática de atividade física, freqüência de consumo de refeições rápidas e

ingestão de doces, constatou que assistir televisão apresentou correlação

positiva com menores níveis de prática de atividade física no grupo de meninas,

e maior freqüência de consumo de refeições rápidas e ingestão de doces entre

os meninos (TANASESCU et al., 2000).

Não é possível identificar as características do gasto energético da

população, uma vez que não existem estudos de base populacional que tenham

investigado o nível de atividade física (MENDONÇA & ANJOS, 2004). Os

estudos existentes relativos à atividade física levam em consideração a prática

de atividade física de lazer, podendo levar à subestimação do gasto energético

total, principalmente quando há gasto elevado durante as atividades

ocupacionais (MENDONÇA & ANJOS, 2004; JEFFERY & UTTER 2003). Para o

Brasil, comparando-se o nível de atividade física ocupacional (NAFO) entre os

dados do ENDEF e da PNSN, observou-se uma redução na prevalência de

NAFO pesada (de 25,2% para 22,6%). Relacionado às atividades não

ocupacionais, a PPV demonstrou que 20% da população pratica exercício físico

ou esporte, sendo 27,3% entre os homens e 13,1% entre as mulheres

(MENDONÇA & ANJOS, 2004).

Com relação aos meios utilizados para locomoção, pode-se supor que o

aumento no número de transportes motorizados leva a uma redução do gasto

energético em função do hábito sedentário. Bell, Ge & Popkin (2002) avaliaram

a influência dos transportes motorizados sobre a obesidade na China, uma vez

que apenas 16% dos domicílios possuem este tipo de transporte. Seus achados

demonstraram que, controlado por fatores demográficos, sócio-econômicos,

consumo de energia e atividade física de lazer, a posse de veículos

motorizados tem associação com a obesidade em homens e mulheres. A

aquisição destes meios de transporte aumenta a chance dos homens em se

tornarem obesos. Desta forma, seria possível encorajar as famílias a se

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locomoverem de forma ativa, com bicicleta ou caminhadas, para a prevenção

da obesidade e outras doenças; embora em algumas localidades o ambiente

não seja favorável para tais práticas (BELL, GE & POPKIN, 2002).

Ainda que não haja dados referentes ao Brasil com relação ao gasto

energético durante a locomoção, sabe-se que a maior parte da população utiliza

os meios de transporte coletivos ou não motorizados, sugerindo um maior

dispêndio de energia (MENDONÇA & ANJOS, 2004).

Verifica-se que, assim como em relação aos hábitos alimentares, as

práticas de atividade física na população precisam ser melhor esclarecidas,

conquanto já haja estratégias que visam promover o aumento da atividade

física da população.

3.3.3 – Conseqüências da obesidade

A obesidade, além de ser uma doença per se, é também considerada um

dos principais fatores de risco para outras doenças crônico-degenerativas, tais

como Diabetes Mellitus, Doença Cardiovascular, Hipertensão Arterial, entre

outras (OMS, 2004). O tempo de duração da obesidade está diretamente

associado à morbi-mortalidade por doenças cardiovasculares e doenças

associadas à obesidade estão aparecendo cada vez mais precocemente, em

crianças e adolescentes (RAMAN, 2002; COLE et al.,2000; GERBER &

ZIELINSKY, 1997). A obesidade também pode estar associada à artrite, gota,

câncer colo-retal e desordens ortopédicas (RAMAN, 2002; COLE et al., 2000;

GERBER & ZIELINSKY, 1997). Observa-se que as conseqüências da

obesidade para a saúde dos indivíduos dependem da massa corporal, da

localização da gordura corporal, da magnitude do ganho de peso na idade

adulta e do estilo de vida (OMS, 2004).

Os riscos associados à obesidade variam conforme a idade e têm

associação direta com o aumento do IMC (OMS, 2004). Com relação à

mortalidade, os estudos têm demonstrado relações diferentes, ora lineares -

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323

aumento da mortalidade com elevação do peso -; ora na forma de U ou J – com

taxas de mortalidade elevadas nas faixas extremas de peso. Fontaine et al.

(2003) realizaram um estudo para estimar os anos de vida perdidos em função

do sobrepeso e obesidade em adultos dos Estados Unidos (EUA), a partir dos

dados do National Health and Nutrition Examination Survey III (NHANES III –

1988/1994). Para todas as idades, notou-se uma associação entre IMC e os

anos de vida perdidos, em forma de U ou J. Porém, algumas diferenças raciais

foram encontradas. Na população branca, demonstrou-se que o sobrepeso e a

obesidade estavam associados à expectativa de vida e que o risco de morte era

maior entre os mais jovens. Para a população negra, somente foi encontrada

associação entre os indivíduos com IMC acima de 32-33 kg/m2 nos homens e

de 37-38 kg/m2 nas mulheres.

Manson et al. (1995) analisaram a associação entre IMC e mortalidade

em mulheres de 30 a 55 anos, utilizando dados do Nurses' Health Study. Os

autores verificaram que, ajustando pela idade, havia uma associação em J; e

quando foi realizado ajuste pelo fumo e pela perda de peso associada à

obesidade, houve uma relação direta entre a massa corporal e a mortalidade

por todas as causas. Gronniger (2006) realizou uma análise não-paramétrica

entre o IMC e a mortalidade, controlada por fatores demográficos (idade e sexo)

e sócio-econômicos (escolaridade e renda), além do fumo, de forma a avaliar a

adequação das categorias de IMC para o planejamento de estratégias de

redução da mortalidade. Foi concluído que as categorias de IMC existentes não

são adequadas para identificar a relação entre IMC e mortalidade, uma vez que

não foi observada nenhuma associação. Segundo Blumenkrantz (1997, apud

FRANSISCHI et al, 2000), em relação às pessoas eutróficas, homens 20%

acima do peso desejável têm 20% a mais de chance de morrer por todas as

causas, possuem o risco duas vezes maior de ir a óbito por diabetes, têm 40%

a mais de chance de desenvolver disfunções na vesícula biliar e 25% a mais de

doenças coronarianas. Em homens com 40% acima do peso desejável, a

mortalidade por todas as causas é 55% maior, além de apresentarem 70% a

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333

mais de chance de desenvolver doenças coronarianas, tendo também o risco

de morte por diabetes quatro vezes maior em relação às pessoas de peso

adequado.

Em função de sua associação com um maior risco de morbidade e

mortalidade, a obesidade implica em um gasto público elevado, visto que os

tratamentos realizados são caros e de longo prazo (PARRA-CABRERA, 1999;

RAMAN, 2002). Os custos econômicos associados ao sobrepeso e obesidade

podem ser de três tipos, a saber: “custo direto”, ou seja, do tratamento da

obesidade para o indivíduo e o provedor de serviço; “custo da oportunidade”,

relativo à perda social e pessoal, em função de morte prematura ou morbidade

atribuível; e “custos indiretos”, como sendo a perda de produção decorrente da

ausência no trabalho ou morte prematura (OMS, 2004). Um estudo realizado no

Canadá em 1997 estimou um gasto com a obesidade correspondente a 2,4%

do gasto com as despesas de saúde (BIRMINGHAM et al., 1999). Andreyeva,

Sturm & Ringel (2004) analisaram a relação entre os graus de obesidade e os

custos aos serviços de saúde nos EUA. Os autores verificaram que os

indivíduos com IMC entre 35 kg/m2 e 40 kg/m2 representavam um gasto 50%

maior aos serviços de saúde, em relação às pessoas eutróficas; entre aqueles

com IMC maior que 40 kg/m2, esse gasto chegou a 100%. Segundo a OMS

(2004), os custos econômicos da obesidade nos países desenvolvidos

encontram-se na faixa de 2 a 7% dos custos totais de cuidados com a saúde.

Além disso, existem conseqüências sociais e econômicas em função de

diferentes formas de estigmatização das quais os obesos são vítimas na

sociedade (OMS, 2004; GORTMAKER et al., 1993). Gortmaker et al. (1993)

examinaram durante sete anos a relação entre o sobrepeso em adolescentes e

adultos jovens e suas características sócio-econômicas, além da auto-estima.

Foi constatado que os obesos, em especial as mulheres, completaram menos

anos de estudo, tinham menores taxas de casamento e menor renda familiar.

Em estudos revisados por Poulain (2004), os obesos possuíam menores taxas

de acesso ao ensino superior, menos facilidades de se empregar, rendimentos

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343

mais baixos, promoções profissionais reduzidas, além de dificuldades na vida

doméstica e no acesso e utilização de equipamentos coletivos.

3.4 Estratégias de prevenção da obesidade

Uma vez que a obesidade pode ser considerada uma resposta fisiológica

normal a um ambiente “obesogênico”, ou seja, indutor de hábitos alimentares

inadequados e do sedentarismo, muito se tem falado sobre estratégias de

prevenção de doenças crônico-degenerativas, relacionadas principalmente a

intervenções no nível populacional, visto que ações focalizadas somente nos

indivíduos sob risco podem ser insuficientes (EGGER & SWINBURN, 1997;

OMS, 2004). Dessa forma, a prevenção e o controle da obesidade devem

enfocar os ambientes sociais, culturais, políticos, físicos e estruturais que

influenciam o estado nutricional da população (OMS, 2004), conjugando ações

individuais e coletivas para a promoção da saúde de toda a população

(MENDONÇA & ANJOS, 2004).

Em situações em que o número de pessoas expostas aos riscos é

elevado, os benefícios conjuntos são bastante expressivos, embora o ganho

individual não seja tão significativo. O objetivo da estratégia populacional é

controlar os fatores determinantes da doença, que são, em grande parte,

socialmente condicionadas, como a dieta, ambiente, exercício, fumo e álcool,

reduzindo, assim, sua incidência na população (ROSE, 1985; ROSE, 2000).

Uma limitação da estratégia populacional está relacionada à motivação de um

indivíduo saudável a adotar novos estilos de vida que beneficiariam apenas o

grupo acometido pela doença (ROSE, 1985; ROSE, 2000; OMS, 2004).

Contudo, foi observado por Rose (1990), em um estudo utilizando dados de 32

países, que há uma relação entre os valores médios de IMC e a prevalência de

obesidade na população estudada (20-59 anos), de forma que a prevenção

eficaz da obesidade deve enfatizar a redução do IMC médio da população, e

não somente ações restritas aos indivíduos já obesos (OMS, 2004).

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353

Segundo Egger & Swinburn (1997), pequenas reduções no consumo

energético total, ou especificamente de gordura, além da promoção de atividade

física leve para a população, produzem uma melhoria significativa no perfil

nutricional de todos, quando comparados a grandes e radicais intervenções

dirigidas a um determinado grupo de risco. Isso se explica ao serem analisadas

as curvas de distribuição das freqüências do agravo em questão, nesse caso,

da obesidade. Quando há o deslocamento da curva de distribuição de fatores

de risco em uma direção favorável, ocorre a diminuição da freqüência de

pessoas expostas a um grande risco (ROSE, 2000; OMS, 2004). Porém, é

preciso ter em mente que, quando não há uma relação linear entre a exposição

ao fator de risco estudado e a chance de ocorrência de um agravo, e sim uma

relação em U ou J, o deslocamento da curva pode aumentar o número de

indivíduos que se encontram no outro extremo de IMC, ou seja, os de baixo

peso, expostos a risco de morte mais elevados (ROSE, 2000; ADAMS &

WHITE, 2005).

Neste contexto, a Estratégia Global para Dieta, Atividade Física e Saúde,

da WHO (2004) tem papel de destaque, visto que sua meta é a promoção da

saúde no nível individual, comunitário, nacional e mundial, incentivando

medidas para a adoção de hábitos mais saudáveis de vida.

Seus principais objetivos são: reduzir os fatores de risco de doenças não

transmissíveis associados a uma dieta alimentar pouco saudável e a falta de

atividade física mediante uma ação de saúde pública essencial e medidas de

promoção da saúde e prevenção da morbidade; promover a consciência e o

conhecimento geral a respeito da influência da dieta alimentar e da atividade

física em saúde, assim como potencial positivo das intervenções preventivas;

fomentar o estabelecimento, o fortalecimento e a aplicação de políticas e planos

de ação mundial, regionais, nacionais e comunitários, direcionados a melhorar

as dietas e aumentar a atividade física; entre outros (WHO, 2004).

No Brasil, a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) está em

consonância com a proposta da OMS, uma vez que suas diretrizes se baseiam

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363

no acesso universal aos alimentos; na garantia da segurança e da qualidade

dos alimentos; na promoção de práticas alimentares e estilos de vida

saudáveis; entre outras ações que visam a promoção da saúde e da

alimentação saudável da população brasileira (SECRETARIA DE POLÍTICAS

DE SAÚDE, 2000).

No município do Rio de Janeiro, as estratégias de promoção da saúde

englobam ações em todos os círculos de convivência, como escolas, local de

trabalho e mesmo em casa, integrando uma proposta denominada “Rio

Saudável”. Dentre as ações já desenvolvidas, encontram-se as escolas

promotoras de saúde, a promoção da amamentação, fornecimento de

alimentação saudável aos escolares e a regulamentação da comercialização de

alimentos nas escolas (CASTRO, A; CASTRO, I & BRANCO, 2002).

Estratégias como o “5 ao dia”, no qual há o estímulo para o consumo de

pelo menos cinco porções de frutas ou hortaliças todos os dias, também são

uma forma de incorporar hábitos saudáveis em toda população, devendo ser

estimulada (CRN, s.d.).

Observa-se, em relação à atividade física, a iniciativa pioneira do “Agita

São Paulo” de combate ao sedentarismo, que serviu de modelo para o “Agita

Brasil” e o “Agita Mundo”, da Organização das Nações Unidas (ONU). Seu

objetivo é aumentar o nível de conhecimento sobre os benefícios da atividade

física para a saúde e o nível de atividade física da população, tornando as

pessoas mais ativas em casa, no trabalho e no tempo livre (MATSUDA, 2003).

4 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo ecológico analítico de múltiplos grupos. Os dados

foram obtidos a partir da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), um estudo

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373

realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no período

de julho de 2002 a junho de 2003. Esta é uma pesquisa realizada por

amostragem por conglomerados em dois estágios, com estratificação

geográfica e estatística, na qual foram investigados 48.470 domicílios

particulares permanentes em todo o país. No domicílio, por sua vez, foi

identificada a unidade básica da pesquisa – Unidade de Consumo - que

compreende um único morador ou conjunto de moradores que compartilham da

mesma fonte de alimentação ou compartilham as despesas com moradia,

conforme as recomendações e práticas internacionais referentes a pesquisas

similares (IBGE, 2004). Devido à sua abrangência, os dados da POF podem

gerar estimativas representativas para todo o país, as cinco grandes regiões e

todas as Unidades da Federação (UF) e as capitais.

As unidades de análise do presente estudo foram constituídas pelas

capitais brasileiras, excluindo Palmas –To, em virtude de um comportamento

atípico com relação à prevalência de obesidade na população masculina,

totalizando 26 unidades de análise. Segundo Morgenstern (1982), uma forma

de minimizar os problemas nas inferências dos estudos ecológicos é formar

grupos os mais homogêneos possíveis, utilizando-se unidades de análise

reduzidas. Portanto, a escolha pelas capitais se deu em função de uma maior

homogeneidade, quando comparado às UFs, em relação ao perfil sócio-

econômico e de atividade física da população.

A POF (2002/2003) trabalhou com seis questionários, tendo alguns de

seus dados - peso, estatura e escolaridade - coletados para cada indivíduo e

outros coletados para toda a unidade de consumo, como as despesas com

alimentação e as características gerais do domicílio (IBGE, 2004a).

As variáveis utilizadas no presente estudo foram provenientes do

questionário POF 1 (questionário do domicílio – em anexo), no qual foram

selecionados dados referentes ao peso, estatura e sexo. Tais medidas,

coletadas individualmente, foram transformadas em medidas agregadas,

gerando informação para cada unidade de análise. Também se trabalhou com

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383

dados referentes à aquisição de gêneros alimentícios em cada unidade de

consumo, o que constitui uma medida ambiental.

Foram utilizados os dados de peso e estatura para os indivíduos de

ambos os gêneros, com idade entre 20 e 59 anos, com exceção das gestantes

e lactantes.

Realizou-se duas análises distintas, apresentadas em dois artigos

distintos, cada qual com um desfecho relativo ao estado nutricional da

população. Na primeira análise o desfecho foi a prevalência de obesidade para

cada unidade de análise, tendo como ponto de corte o IMC (peso/estatura2) ≥

30,0 kg/m2 (OMS, 2004). Na segunda, além da prevalência de obesidade, foi

calculado o IMC médio de cada unidade de análise. Em função da

heterogeneidade relativa à distribuição etária da população, a prevalência de

obesidade foi padronizada pelo método direto. Utilizou-se como referência a

população adulta do Brasil em 2002 - 2003, com agrupamento das idades em

faixas de 10 anos (LAURENTI, et al., 1987). Constituiu-se um critério de

exclusão o registro com valores de IMC muito discrepantes, uma vez que

podem ter sido em função de erros de mensuração, processamento dos dados,

ou situações adversas extremas que não estão contempladas neste estudo. Foi

estipulado o valor máximo de IMC de 50,0 e mínimo de 13,0, este último sendo

20% abaixo do IMC de 16,0, o que caracteriza um estado de baixo peso (OMS,

2004).

As variáveis explicativas utilizadas no primeiro artigo foram: a média do

valor calórico total da disponibilidade alimentar domiciliar (expressa em kcal per

capita por dia) e a participação relativa na disponibilidade alimentar de

alimentos e grupos de alimentos. Na POF 2002-2003, para a obtenção destas

medidas, foram coletados dados que descrevem o tipo e a quantidade de

alimentos que as unidades familiares adquiriram em um período de 7 dias,

refletindo a disponibilidade de alimentos para consumo no domicílio, não se

tratando, dessa forma, do consumo efetivo de alimentos, pois não foram

averiguados os alimentos que foram adquiridos e não consumidos e também a

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393

quantidade de alimentos consumidos fora de casa. Porém, tais dados podem

ser úteis para o fornecimento de informações sobre o padrão alimentar das

famílias, assumindo-se as seguintes premissas: a fração não aproveitada dos

alimentos não varia muito de alimento para alimento; e os alimentos

consumidos por membros da unidade familiar fora do domicílio representam

uma proporção reduzida do consumo alimentar total das famílias (IBGE,

2004b).

A partir da lista dos alimentos adquiridos, a transformação das

quantidades brutas de alimentos em calorias e macronutrientes foi realizada

utilizando-se a tabela TACO (Tabela Brasileira de Composição dos Alimentos),

a tabela Guilherme Franco e a tabela IBGE/ ENDEF (LEVY-COSTA et al.,

2005). Os alimentos foram classificados em 15 grupos, sendo utilizados no

presente estudo apenas 12: cereais e derivados; feijões e outras leguminosas;

raízes, tubérculos e derivados; carnes e derivados; leite e derivados; frutas e

sucos naturais; hortaliças; óleos e gorduras vegetais; gorduras animais; açúcar

e refrigerantes; bebidas alcoólicas; refeições prontas e misturas

industrializadas. Foram excluídos o grupo dos ovos, das oleaginosas e dos

condimentos, devido a pequena participação (IBGE, 2004b).

Para avaliar a correlação entre alimentos e grupos de alimentos e a

prevalência de obesidade, foi utilizado o coeficiente de correlação de

Spearman.

No segundo artigo, foram utilizados procedimentos de análise

exploratória de dados, tais como gráficos de dispersão e curvas de distribuição,

medidas de tendência central e de dispersão (PINHEIRO & TORRES, 2002). A

associação entre o IMC médio e prevalência de obesidade foi investigada por

meio do coeficiente correlação de Pearson. Também foi ajustado um modelo de

regressão linear simples, o qual forneceu a informação sobre a variação média

da prevalência de obesidade (em percentuais) em função da redução de cada

unidade de IMC médio da população (LUIZ, 2002). As análises foram realizadas

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404

separadamente por gênero e estratificadas por faixa etária (20 a 39 anos e 40 a

59 anos).

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do

Núcleo de Estudos de Saúde Coletiva – UFRJ, sob o número 22/2005.

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414

5 RESULTADOS

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5.1 ARTIGO 1

FOOD INTAKE AND PREVALENCE OF OBESITY IN BRAZIL, 2002-2003: AN ECOLOGICAL ANALYSIS

ABSTRACT

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Introduction: Obesity is a growing epidemic in Brazil. It is known that Brazilian

diet has been shifting over time. The objective of this study was to evaluate food

intake and the prevalence of obesity within the urban adult population of Brazil in

2002-2003.

Methods: Food intake was measured by the relative participation of some food

and groups of food in the total energy intake. In each household, during seven

consecutive days, all monetary and non-monetary expenses with food and

beverages for family consumption were transformed into calories and analyzed

as kcal/day per capita per food. Fruits and vegetables were measured by the

quantity bought. Age-standardized prevalence of obesity – BMI > 30 kg/m2 - was

calculated for adults 20 to 59 years old based on data from 26 capitals of Brazil.

Data was gathered from the 2002-2003 National Household Budget Survey.

Spearman correlation coefficients were stratified by sex.

Results: Prevalence of obesity varied from 5.11% to 13.61% among women

and 5.22% to 17.57% among men. For women, statistically significant

correlations between prevalence of obesity and the group of sugar and soft

drinks(rs=0.600; p=0.001), ready-to-eat meals (rs=0.39; p=0.05) and potatoes

(rs=0,396; p=0,045) were observed. No associations were observed for men.

Conclusions: Increasing intakes of refined carbohydrate, mainly soft drinks

may have a role in the prevalence of obesity in Brazil.

INTRODUCTION

The whole world is experiencing an epidemic of obesity, affecting

individuals of all ages, in all social strata and ethnic groups (STEIN & COLDITZ,

2004; JEFFERY & UTTER, 2003). Although obesity is related to genetic,

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444

metabolic, behavioral and environmental influences, the rapidly increase in its

prevalence suggests that behavioral and environmental influences, rather than

biological changes, are the major underlying causes of the obesity epidemic

(OMS, 2004; STEIN & COLDITZ, 2004; JEFFERY & UTTER, 2003).

Inadequacies in diet and a decreasing energy expenditure may led to a positive

energy balance and are associated with obesity (STEIN & COLDITZ, 2004).

Over the time a marked shift has occurred in the composition of the diet,

with an increase in the consumption of fat and added sugar and a fall in total

cereal intake and fiber (POPKIN, 2001; STEIN & COLDITZ, 2004). Some

studies that evaluated the trends in energy intake have described high per

capita energy availability, high consume outside home and of soft drinks and

larger portion sizes (JEFFERY & UTTER, 2003). Recent Brazilian data have

showed a decrease in the consume of rice and bean, a 400% increase in the

consume of industrialized products such as soft drinks, maintenance of the high

consume of sugar and insufficient of vegetables and fruits and increase of the

total fat and saturated fat, when evaluating the trend between 1974 and 2003

(LEVY- COSTA et al., 2005). During the same period, the prevalence of obesity

in Brazil raised from 2,8% to 8,8% among adult men, and from 7,8% to 12,7%

among women.

Ecological studies in U.S. have found a strong association between an

increase of refined carbohydrates consumption in the form of corn syrup, a

decrease of dietary fiber intake and a growing trends in the prevalence of type 2

diabetes and obesity (Gross et al., 2004).

Our aim was to investigate the correlation between dietary pattern and

the prevalence of obesity within adult populations living in the State capitals of

Brazil, from an ecological approach.

METHODOLOGY

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An ecological study was conducted, using as units of analysis the adult

population living in 26 State capitals of Brazil in 2003. Data was obtained from

the 2002-2003 National Family Budget Household Survey (“Pesquisa de

Orçamentos Familiares - POF”), conducted by the Brazilian Institute for

Geography and Statistics (IBGE) from July 2002 to June 2003, based on a

probabilistic national sample of 48,470 households. The sampling scheme was

designed in order to provide representative estimates at the national, regional,

state and capital levels.

Information about the family food purchase, accessed from POF, was

obtained in each household, during seven consecutive days, when all monetary

and non-monetary expenses with food and beverages for family consumption

were registered, including data about each product acquired, its amount and

portions. Crude weights of purchased foods were transformed into calories and

nutrients with the use of Brazilian and international food composition tables, as

detailed in LEVY-COSTA et al. (2005).

The relative participation of foods and food groups was expressed as the

proportion (%) of total calories. Except for fruits and vegetables, that were

measured by per capita annual purchase, in kilograms. Foods were combined

into twelve groups, three groups of staple food: cereals, beans and roots; two

groups of protein of animal origin: milk and meat; four groups with high energy

density: sugar and soft drinks, animal fat, vegetal oil and alcohol; fruits and

vegetables; and a group of ready-to-eat meals.

The short period of reference – one week of data collection - for the

family food acquisition only permits estimations for groups of families.

Prevalence of obesity was estimated as the proportion of the population

with a body mass index (BMI) ≥ 30.0 kg/m2, based on measures of height and

weight for all individuals aged 20 to 59 years old, excluding pregnant and

breastfeeding women. Extreme values of BMI - under 13.0 kg/m2 and above

50.0 kg/m2 –, considered to be due to errors of measurement and/or registry,

were also excluded. Gender specific age standardized prevalence of obesity

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464

were calculated for each state capital, using as standard the 2003 Brazilian adult

population. One capital of the north region was excluded from the analysis due

to its unstable population structure, mainly among males, whose prevalence of

obesity was very low.

Spearman correlation coefficients were calculated in order to examine the

correlation between foods and groups of foods and the prevalence of obesity,

separately for men and women. Statistical significance was set at the 5% level

(α = 0.05). All p values obtained were two sided. All analysis were performed

taking into account the complex sample survey design of POF, using the SPSS

13.0 software.

RESULTS

Age - standardized prevalence of obesity were 9.75 % for women and

10.77% for men, ranging from 5,11% to 13,61% in the former and from 5,22% to

17,57% in the latter. The highest prevalence was observed in Macapá (North

region) for men (17.57%) and in João Pessoa (Northeast region) for women

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474

(13.61%). Women were fatter than men in all Southeast capitals and in some

cities of the others regions (Table 1).

TABLE 1: Age - standardized prevalence of obesity by sex in Brazil and selected Brazilian

capitals. Adults aged 20-59 years old, 2002 / 2003. REGION CAPITAL MEN WOMEN TOTAL

PORTO VELHO 10.94 12.47 11.70

RIO BRANCO 9.74 7.60 8.67

MANAUS 8.82 8.73 8.77

NORTH BOA VISTA 13.08 12.08 12.58

BELÉM 10.10 10.80 10.45

MACAPÁ 17.57 9.61 13.59

SÃO LUIZ 5.73 5.11 5.42

TERESINA 8.49 9.16 8.83

FORTALEZA 10.36 9.49 9.93

NATAL 10.16 10.48 10.32

NORTHEAST JOÃO PESSOA 12.76 13.61 13.19

RECIFE 15.34 13.17 14.26

MACEIÓ 7.95 11.23 9.59

ARACAJU 8.43 7.24 7.84

SALVADOR 5.22 11.68 8.45

BELO HORIZONTE 5.50 11.53 8.51

SOUTHEAST VITÓRIA 9.85 13.41 11.63

RIO DE JANEIRO 10.64 11.22 10.93

SÃO PAULO 10.29 10.77 10.53

CURITIBA 12.72 10.86 11.79

SOUTH FLORIANÓPOLIS 6.21 5.75 5.98

PORTO ALEGRE 6.21 12.09 9.15

CAMPO GRANDE 8.74 8.70 8.72

MIDWEST CUIABÁ 13.00 13.52 13.26

GOIÂNIA 10.84 7.97 9.40

BRASÍLIA 12.31 7.49 9.90

TOTAL 9.75 10.77 10.32

Mean household energy availability for Brazil was 1,811 Kcal/per capita

(Table 2). A great variability of the relative participation of foods and groups of

food in the total energy availability was observed, as shown in table 2. For the

group of cereals it ranged from 26.41 % to 46.07%; for vegetal oil, from 7.86 %

to 17.09%; for meats, from 8.00% to 21.74% and for sugar and soft drinks, from

7.43 % to 14.44 %.

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484

Table 2: Mean household relative participation (%) of foods and groups of food in the total

energy availability and total energy availability per capita in Brazil and selected capitals, 2002-

2003.

CAPITALS CEREALS BEANS ROOTS MEAT MILK VEGETAL

OIL ANIMAL FAT

SUGAR AND SOFT DRINKS

ALCOHOL READY-TO-EAT MEALS

per capita

Kcal/dia Porto Velho 37.43 4.17 5.98 14.00 5.78 13.01 0.64 11.70 0.34 3.08 1,590.47 Rio Branco 38.76 6.87 6.31 13.64 5.49 13.26 0.83 11.34 0.31 1.09 1,106.65

Manaus 32.30 6.56 12.44 15.90 3.72 11.85 1.09 11.45 0.43 1.25 1,351.15 Boa Vista 26.41 5.21 18.00 16.80 4.93 8.60 0.85 11.26 0.28 1.62 1,125.54

Belém 26.92 5.11 14.93 21.74 4.22 7.86 1.49 11.46 0.40 1.85 1,616.90 Macapá 43.70 5.49 4.60 8.00 4.54 17.09 0.19 11.47 0.12 1.43 1,645.82 São Luís 46.07 5.07 7.08 16.35 2.39 10.62 0.43 7.43 0.14 1.21 1,071.28 Teresina 45.71 5.73 5.38 12.40 4.26 10.80 0.55 9.73 0.30 1.58 1,705.91 Fortaleza 37.45 7.92 3.95 12.46 6.74 11.80 0.82 12.64 0.46 1.59 1,566.68

Natal 34.18 7.89 4.19 15.29 6.43 11.40 0.36 12.84 0.59 1.67 1,326.02 João Pessoa 38.62 7.73 3.76 12.23 6.29 10.51 0.51 13.40 0.28 1.76 1,133.10

Recife 36.40 7.56 5.29 12.93 6.39 10.74 0.93 13.22 0.35 1.94 1,613.46 Maceió 36.80 6.89 6.21 14.57 4.78 10.82 0.59 14.29 0.48 1.32 1,204.36 Aracaju 33.80 6.76 8.74 13.69 6.16 10.72 1.26 10.10 0.69 2.89 1,416.31

Salvador 32.65 8.03 7.55 13.82 4.84 9.84 2.19 14.44 0.66 2.17 1,623.50 Belo

Horizonte 33.97 6.20 2.19 10.26 10.25 13.41 2.05 13.57 0.53 2.76 1,715.20 Vitória 35.02 3.69 3.05 12.95 7.90 11.14 1.75 12.30 1.17 3.84 1,677.99 Rio de Janeiro 31.14 5.46 3.11 14.57 9.50 14.11 1.48 12.01 0.82 2.21 1,610.94

São Paulo 37.06 4.70 1.98 13.67 9.19 13.03 1.16 10.63 0.62 3.01 1,401.39 Curitiba 34.80 3.36 1.85 12.31 10.62 14.25 0.58 12.86 0.70 3.21 1,599.92

Florianópolis 31.06 2.43 3.64 16.29 11.52 12.96 0.03 9.25 1.41 2.95 1,166.50 Porto Alegre 34.53 3.98 1.41 13.83 11.62 12.77 1.03 10.48 0.97 3.55 1,610.92

Campo Grande 37.33 5.07 1.43 13.67 7.04 12.20 0.71 10.67 0.68 2.03 1,542.09 Cuiabá 36.05 5.07 2.17 14.75 6.55 13.64 0.86 10.98 1.05 2.32 1,285.64 Goiânia 39.18 6.03 1.80 9.15 7.14 12.25 0.71 10.90 0.41 1.58 1,807.05

Brasília-DF 37.74 5.37 1.60 12.11 8.01 14.85 0.75 10.95 0.87 2.09 1,394.63 Total 36.40 6.60 5.80 11.80 6.30 12.80 1.30 13.40 0,50 1.70

1,811.00 Source: National Family Budget Household Survey / Brazilian Institute for Geography and Statistics (IBGE).

Spearman correlation coefficients between foods and groups of foods and

the prevalence of obesity are shown in table 3. Among men, neither for or group

of foods was found to be correlated with the prevalence of obesity. Among

women, a great significantly positive correlation between the group of sugar and

soft drinks and the prevalence of obesity was observed (Figure 1). When

analyzed separately, weaker correlations (and borderline statistical significance)

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494

were observed, with soft drinks showing a higher correlation with the prevalence

of obesity than sugar (rs =0.401; p=0.042 / rs=0.350; p=0.080, respectively).

Ready-to-eat meals also showed a significant positive correlation among

women. This group is usually related to high fat content.

The group of roots showed no overall correlation, although for potatoes a

positive correlation was observed (rs =0.396; p=0.045). No correlation was found

for cereals or beans, except for pasta, which showed a fair positive correlation,

although with a borderline statistical significance (rs =0.352; p=0.078).

For both fruits and vegetables both, even using the acquired quantity,

instead of the relative participation in the total energy intake, no significant

correlation with the prevalence of obesity was found. Although it was observed a

fair correlation (rs =0.337; p=0.093).

Table 3: Spearman’s correlation (rs) between the relative participation of some food and groups

of food in the total energy intake (%) and the adult age-adjusted prevalence of obesity in 26

capitals of Brazil, by sex group, 2002-2003.

MEN WOMEN FOOD (%) rs p rs P CEREALS 0.176 0.389 -0.223 0.273 RICE 0.078 0.704 -0.29 0.151 BREAD -0.121 0.555 0.089 0.667 BISCUIT -0.187 0.359 0.274 0.175

PASTA 0.068 0.741 0.352 0.078 WHEAT FLOUR 0.286 0.157 0.284 0.159 BEANS -0.024 0.908 0.002 0.993 ROOTS -0.123 0.550 -0.077 0.709 POTATOES 0.050 0.809 0.396 0.045

MANDIOCA 0.198 0.332 0.305 0.129

MEAT -0.262 0.195 -0.014 0.944 MILK 0.031 0.879 0.121 0.557 FRUITS (Kg) -0.156 0.448 0.337 0.093

VEGETABLES (Kg) -0.045 0.825 0.303 0.132

VEGETAL OIL 0.253 0.212 -0.12 0.559

SOY OIL 0.171 0.403 -0.268 0.185

MARGARINE 0.122 0.552 0.357 0.073

ANIMAL FAT -0.212 0.298 0.322 0.109

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505

BUTTER -0.271 0.181 0.263 0.195 SUGAR AND SOFT DRINKS 0.183 0.372 0.597 0.001

SUGAR 0.180 0.380 0.350 0.080 SOFT DRINKS -0.029 0.888 0.401 0.042 ALCOHOL -0.239 0.239 0.047 0.820 READY-TO-EAT MEALS -0.033 0.872 0.393 0.047

Figure 1: Scatter plot and linear regression curve for the association between the relative the

relative participation of sugar and soft drinks in the total energy intake (%)and the age-

standardized prevalence of obesity among women aged 20-59 years old in 26 capitals of Brazil,

2002/2003.

Linear Regression

8.00 10.00 12.00 14.00

Sugar and Soft Drinks

6.00

8.00

10.00

12.00

Obe

sida

de

A

A

A

A

A

A

A

AA

A

AA

A

A

AA

A

AA A

A

A

A

A

AA

DISCUSSION The obesity epidemic is affecting the entire world population and it is

increasing in Brazil. Compared to data from previous surveys in Brazil, POF has

demonstrated that prevalence of obesity is increasing within the adult

population, especially among men.

There is no good explanation for lack of association among men.

However, women appear to be more susceptible to obesity. Therefore at the

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515

beginning of the obesity epidemic differences by sex were high. As the changes

move on gender difference get weaker or ever disappeared.

The present study analyzed the correlation between the relative

participation of some food items and groups of food in the total energy intake

and the prevalence of obesity in an ecological perspective. The main result

observed was the fairly strong correlation between the group of sugar and soft

drinks with the prevalence of obesity among women. When analyzed separately

weaker correlations were observed, with soft drinks, per se, showing a higher

correlation than sugar consumption. The mean relative participation from sugar

and soft drink in the total energy intake in all 26 Brazilian capitals was of 13.4%.

The nutrition recommendation from WHO/FAO (2003) is that the consumption of

refined sugar must represent a maximum of 10% of the total energy intake. This

result suggests that among populations where the dietary pattern is based on

high intake of soft drinks and sugar, the prevalence of obesity is higher.

The increased consumption of soft drinks and sugar-sweetened fruit

drinks is a critical element in the diet patterns shift worldwide, as observed in

some studies (LUDWIG, PETERSON & GORTMAKER, 2001; HARNACK,

STANG & STORY, 1999; POPKIN & NIELSEN, 2003). Data from an

observational prospective study showed that the high consumption of sugar-

sweetened drinks was associated with increased energy intake and obesity in

children (LUDWIG, PETERSON & GORTMAKER, 2001). A study of the

consequences of soft drinks consumption among U.S. children and adolescents

demonstrated that soft drinks were associated with high energy intake, as well

as with a displacement of milk and fruit juice consumption (HARNACK, STANG

& STORY, 1999). Popkin & Nielsen (2003) examining the shifts in the availability

of sugar in the world, using data from FAO between 1962 and 2000, observed

an increase of 74 Kcal/day per year in the consumption of caloric sweetener and

a positive correlation between sugar intake and both per capita income and the

proportion of the population residing in urban areas and, representing 82% of

the change in the population composition.

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525

The increase of sugar consumption has been linked with industrialization

and with proliferation of processed food and beverages that have sugar added

to them, such as tea, coffee and cocoa (POPKIN & NIELSEN, 2003). The

refining process has changed the composition and the quality of carbohydrates.

Processing grains into white flour increases the caloric density by 10%, reduces

the amount of dietary fiber by 80%, and reduces the amount of dietary protein by

almost 80% (GROSS et al., 2004). High consumption of sugar and soft drinks

has been associated with an increase in total energy intake and/or a reduction of

nutrients intake.

Nevertheless, it is not totally understood why and how sugar consumption

is associated with obesity. Hill & Prentice (1995), in a review about sugar and

body weight regulation did not show an association between high sugar

consumption and obesity. On the other hand, some studies have demonstrated

this association (LUDWIG, 2000; LUDWIG, PETERSON & GORTMAKER, 2001;

LUDWIG et al., 1999). These same studies suggested that the glycemic index

(GI), defined as the area under glucose response curve after consumption of 50

g carbohydrate from a test food divided by the area under the curve after

consumption of 50 g carbohydrate from a control food is associated with an

increase in the insulin levels and c-peptide excretion. Thus, the

hyperinsulinemia, associated with high GI diets, may promote weight gain by

preferentially directing nutrients away from oxidation in muscle and toward

storage in fat (LUDWIG, 2000). Ludwig, Peterson & Gortmaker, 2001,

suggested also that consumption of sugar-sweetened drinks could lead to

obesity because of imprecise and incomplete compensation for energy

consumed in liquid form. A study developed with twelve obese male teenagers

demonstrated that consumption of high GI foods induces hormonal and

metabolic changes that may be related to obesity (LUDWIG et al., 1999).

The positive association observed in the present study between potato

and obesity in women, may be related to the high GI presented in this type of

food. In the population perspective, dietary patterns based on elevated

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535

sweetened food may be related to an inadequate lifestyle, with low consumption

of fruits, vegetables and cereals.

Until recently, there was a discussion about the relation among the

percentage of energy from dietary fat as a determinant of body fatness. An

ecological study based on data from 20 countries, demonstrated a positive

association between the prevalence of overweight and obesity and the

proportion of energy from fat (BRAY & POPKIN, 1998). However, dietary

components other than fat may contribute more to overeating and weight

regulation. McCrory et al. (2000), in a review study aimed to understand the

dietary factors leading to adult overweight and obesity, observed that energy

density and palatability were significant determinants of energy intake,

independent of fat content. The same study showed that a variety consumption

of sweets, snacks, condiments, entrées and carbohydrates was positively

associated with body fatness, whereas a variety of vegetables was negatively

associated.

The mean relative participation of vegetal oil in the total energy observed

in the present study was 12.8%, varying from 7.86% to 17.09%. This group was

not found to be correlated with obesity, although margarine showed a fair

association, among women. These results may suggest that other factors, rather

than fat consumption, are responsible for the body fatness. Another possibility is

that fat consumption is higher away from home. Adults who usually eat out of

home have higher total energy and fat intake, and lower fiber consumption

(MCCORY et al., 1999). A study of restaurant food and body fatness showed

that frequency of consumption of restaurant food was positively associated with

body fatness, independently of educational level, smoking status, alcohol intake

and physical activity (MCCRORY et al., 2000). A study developed in Rio de

Janeiro, in 1996, demonstrated that 50% of the adult men's meals and snacks

were eaten away from home, without utilization of home food (SICHIERI, 1998).

Data for the U.S., in 1995, showed that 29% of the meals and snacks were

consumed away from home (LIN & FRAZAO, 1997).

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The present study focused on the relation between aggregated of

familie's food availability and prevalence of obesity fin 26 capitals of Brazil, so it

is not possible to make inferences for such association at the individual level.

The ecologic bias, that is, when inferences are made for the individual level on

the basis of population level data is the major limitation of this type of study. As

the present study did not present inferences at the individual level, this type of

error is of no importance. Difficulty in controlling for some confounding factors

may be a problem too (MEDRONHO, 2002; MORGENSTERN, 1982). A way to

minimize the possible problems in the inferences made in this type of study is to

use data from homogeneous population d groups, represented by units of

analysis (MORGENSTERN, 1982), as was the case in the present research.

Therefore the associations observed in this study should be considered in

further studies that focus on the relationship between diet patterns and obesity

at the population level.

In conclusion, increasing intakes of refined carbohydrate, mainly soft

drinks may have a role in the prevalence of obesity in Brazil. This survey

corroborated the results of other studies and suggests that changes in purchase

pattern may be a strategy to reduce obesity.

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LEVY-COSTA et al.. Disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil: distribuição e evolução (1974-2003). Revista de Saúde Pública, v.39 (4), p.530-540, 2005.

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575

5.2 ARTIGO 2 CORRELAÇÃO ENTRE O ÍNDICE DE MASSA CORPORAL MÉDIO DA POPULAÇÃO E A PREVALÊNCIA DE OBESIDADE NAS CAPITAIS BRASILEIRAS - 2002/2003.

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585

RESUMO Introdução: A prevenção e o controle da obesidade devem ser realizados

tendo como foco os fatores ambientais. Para que sejam realizadas estratégias

de prevenção populacionais, faz-se necessário o entendimento da distribuição

do IMC das populações. Objetivo: Estudar, nas capitais brasileiras, a relação

entre as variações no IMC médio e a prevalência de obesidade na população.

Método: Os dados foram obtidos a partir da Pesquisa de Orçamentos

Familiares realizada no período de julho de 2002 a junho de 2003. Foram

calculados o IMC médio e a prevalência de obesidade (IMC ≥ 30,0 kg/m2) dos

indivíduos de 20 a 59 anos, separados por gênero, para cada capital do Brasil.

A prevalência de obesidade sofreu uma padronização direta por faixa etária. A

correlação foi observada a partir do coeficiente de Pearson e ajustou-se um

modelo de regressão linear simples. Em função da autocorrelação presente

entre as variáveis estudadas, as correlações também foram calculadas

utilizando-se o IMC médio excluindo os indivíduos obesos (IMC parcial).

Resultados: As correlações observadas para as mulheres (r = 0,855 e r =

0,589) foram mais expressivas em relação aos homens (r = 0,595 e r = 0,045)

em todas as análises, sendo que não houve correlação entre o IMC parcial e a

obesidade entre os homens. Para os homens, cada redução de 1 unidade de

IMC reduziria a prevalência de obesidade em 3,99 % (IC: 1,723 – 6,266) e para

as mulheres 3,44 % (IC: 2,558 – 4,319). Conclusão: Os resultados

encontrados confirmam que há uma correlação entre a prevalência de

obesidade na população e o IMC médio desta, especialmente nas mulheres.

Dessa forma, devem ser enfatizadas medidas de controle e prevenção da

obesidade que focalizem a população como um todo, e não somente a parcela

de indivíduos que já se encontram com o IMC elevado.

INTRODUÇÃO

As modificações ocorridas no perfil nutricional da população têm

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colocado a obesidade em papel de destaque no quadro epidemiológico

mundial, de tal forma que a Organização Mundial de Saúde (OMS) a tem

considerado uma epidemia global. Por ser um importante problema de saúde

pública, que atinge todas as classes sociais, idades e etnias, a obesidade deve

ser prevenida e tratada o mais precocemente possível (CORONELLI &

MOURA, 2003; GERBER & ZIELINSKY, 1997; MONTEIRO, CONDE &

POPKIN, 2001a; RAMAN, 2002; STEIN & COLDITZ, 2004; JEFFERY &

UTTER, 2003).

Muito ainda precisa ser estudado para que haja o entendimento sobre

como as modificações nos âmbitos populacional e individual irão influenciar na

gênese da obesidade e na sua crescente incidência em todo o mundo. Porém,

sabe-se que os padrões alimentares e de atividade física são os principais

fatores modificáveis que podem servir para prevenção e tratamento da

obesidade (OMS, 2004).

Uma vez que o ganho de peso pode ser considerado uma resposta

fisiológica normal a um ambiente “obesogênico”, ou seja, indutor de hábitos

alimentares não saudáveis e do sedentarismo, muito se tem falado sobre

estratégias de prevenção, relacionadas, principalmente, a intervenções no nível

populacional, dado que ações focalizadas somente nos indivíduos sob risco

podem ser insuficientes (EGGER & SWINBURN, 1997; OMS, 2004). Assim, a

prevenção e o controle da obesidade devem enfocar os ambientes sociais,

culturais, políticos, físicos e estruturais que influenciam o estado nutricional da

população (OMS, 2004).

Em situações em que o número de pessoas expostas aos riscos é

elevado, os benefícios conjuntos provenientes de intervenções no âmbito

populacional são bastante expressivos, embora o ganho individual não seja tão

significativo (ROSE, 1985; ROSE, 2000). Uma limitação da estratégia

populacional está relacionada à motivação de um indivíduo saudável a adotar

novos estilos de vida que beneficiariam, a curto prazo, apenas o grupo

acometido pela doença ou exposto a riscos mais elevados de adoecimento

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606

(ROSE, 1985; ROSE, 2000; OMS, 2004). Contudo, foi observado por Rose &

Day (1990) que há uma relação entre os valores médios do índice de massa

corporal (IMC) e a prevalência de obesidade na população, de forma que a

prevenção eficaz da obesidade deve enfatizar a redução do IMC médio da

população, e não somente o controle da obesidade nos indivíduos já obesos

(OMS, 2004).

Assim, o objetivo do presente trabalho é estudar a relação entre as

variações no IMC médio e a prevalência de obesidade na população adulta,

residente nas capitais brasileiras.

METODOLOGIA

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616

Os dados foram obtidos a partir da Pesquisa de Orçamento Familiar

(POF), um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE) no período de julho de 2002 a junho de 2003. Trata-se de uma pesquisa

realizada por amostragem, na qual são investigados domicílios particulares

permanentes. No domicílio, por sua vez, é identificada a unidade básica da

pesquisa – Unidade de Consumo - que compreende um único morador ou

conjunto de moradores que compartilham da mesma fonte de alimentação ou

compartilham as despesas com moradia, conforme as recomendações e

práticas internacionais referentes a pesquisas similares (IBGE, 2004).

Foram utilizados seis questionários, dirigidos para a coleta de dados de

cada indivíduo, tais como peso, estatura e escolaridade; e para toda a unidade

de consumo, por exemplo, as despesas com alimentação e as características

gerais do domicílio (IBGE, 2004).

No presente estudo utilizou-se dados de peso e estatura dos indivíduos

de ambos os gêneros, com idade entre 20 e 59 anos, excluídas as gestantes e

lactantes. As unidades de análise foram constituídas pelas capitais brasileiras,

excluindo Palmas-To, em virtude de um comportamento atípico da prevalência

de obesidade na população masculina em relação às demais capitais. Foram

excluídos os registros com valores de IMC muito discrepantes, uma vez que

estes podem ter sido devidos a erros de mensuração, processamento dos

dados, ou situações adversas extremas que não estão contempladas neste

estudo, tais como transtornos alimentares ou algumas síndromes genéticas.

Estipulou-se o valor máximo de IMC de 50,0 kg/m2 e mínimo de 13,0 kg/m2,

sendo aproximadamente 20% abaixo ou acima dos limites propostos pela OMS,

16,0 kg/m2 (Magreza) e 40,0 kg/m2 (Obesidade Grau III), respectivamente

(WHO, 1995).

Foram calculados o IMC (peso/estatura2) médio e a prevalência de

obesidade (IMC ≥ 30,0 kg/m2) para cada capital do Brasil, separadas por

gênero. A prevalência de obesidade foi padronizada pelo método direto,

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626

utilizando-se como padrão a estimativa da população adulta brasileira em 2003,

subdividida em faixas etárias decenais (10/10 anos).

Foram utilizados procedimentos de análise exploratória de dados, tais

como gráficos de dispersão e curvas de distribuição, medidas de tendência

central e de dispersão. A associação entre o IMC médio e prevalência de

obesidade foi investigada por meio do coeficiente correlação de Pearson.

Também foi ajustado um modelo de regressão linear simples, o qual forneceu a

informação sobre a variação média da prevalência de obesidade (em

percentuais) em função da redução de cada unidade de IMC médio da

população. As análises foram realizadas separadamente por gênero e

estratificadas por faixa etária (20 a 39 anos e 40 a 59 anos).

As associações também foram investigadas utilizando-se o IMC médio

calculado após a exclusão dos indivíduos obesos (IMC médio parcial),

caracterizando os indivíduos sob risco de obesidade. Dessa forma, buscou-se

avaliar a associação do IMC médio com a prevalência da obesidade,

eliminando-se a influência dos valores mais elevados de IMC utilizados na

definição de obesidade.

As análises foram realizadas utilizando-se o programa estatístico SPSS

versão 13.0

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do

Núcleo de Estudos de Saúde Coletiva – UFRJ, sob o número 22/2005.

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636

RESULTADOS

Observou-se, para a população masculina, um IMC médio de 24,93

kg/m2 com variação entre 23,76 kg/m2 (Salvador – BA) e 25,74 kg/m2 (Cuiabá –

MT). Nas mulheres, o IMC médio constatado foi de 24,13 kg/m2, sendo 22,61

kg/m2 o valor mínimo (Florianópolis – SC) e 25,15 kg/m2 o máximo (Recife –

PE).

As figuras 1 a 5 descrevem a variação conjunta da prevalência de

obesidade e os IMC médio e médio parcial, para ambos os gêneros. Pode-se

observar que, para as mulheres, os gráficos de dispersão caracterizam uma

boa correlação positiva, embora na análise com o IMC parcial, essa correlação

seja menos evidente. Para os homens, somente é observada uma boa

correlação positiva quando são avaliadas as populações adultas completas.

Figura 1: Correlação entre o IMC médio e a prevalência de obesidade em 26 capitais

brasileiras (mulheres – 20 a 59 anos).

Linear Regression

23,00 23,50 24,00 24,50 25,00

IMC médio (kg/m2)

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

Prev

alên

cia

(%) o

besi

dade

A

A

A

A

A

A

A

AA

A

AA

A

A

A A

A

AAA

A

A

A

A

AA

OB-FEM10POND = -72,75 + 3,44 * MÉDIAFEMTR-Square = 0,73

Figura 2: Correlação entre o IMC médio parcial e a prevalência de obesidade em 26 capitais

brasileiras (mulheres – 20 a 59 anos).

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646

Linear Regression

22,00 22,50 23,00 23,50

IMC médio (kg/m2)

6,00

8,00

10,00

12,00

Prev

alên

cia

(%) o

besi

dade

A

A

A

A

A

A

A

AA

A

AA

A

A

A A

A

AAA

A

A

A

A

AA

OB-FEM10POND = -66,33 + 3,33 * MÉDIAFEMPR-Square = 0,35

Figura 3: Correlação entre o IMC médio e a prevalência de obesidade em 26 capitais

brasileiras (homens – 20 a 59 anos).

Linear Regression

24,00 24,50 25,00 25,50

IMC médio (kg/m2)

5,00

10,00

15,00

Prev

alên

cia

(%) o

besi

dade

A

A

A

A

A

A

A

A

A A

A

A

AA

AA

A

AA

A

A A

A

A

A

AOB-MASC10POND = -89,52 + 3,99 * MÉDIAMASCTR-Square = 0,35

Figura 4: Correlação entre o IMC médio parcial e a prevalência de obesidade em 26 capitais

brasileiras (homens – 20 a 59 anos)

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656

Linear Regression

23,50 24,00 24,50 25,00

IMC médio (kg/m2)

5,00

10,00

15,00

Prev

alên

cia

(%) o

besi

dade

A

A

A

A

A

A

A

A

AA

A

A

AA

AA

A

AA

A

A A

A

A

A

A

OB-MASC10POND = 1,08 + 0,37 * MÉDIAMASCPR-Square = 0,00

Na tabela 1 constam os coeficientes de correlação de Pearson, com os

respectivos valores de p, para ambos os gêneros e por faixa etária. Verifica-se

que os valores encontrados para as mulheres são superiores aos encontrados

para os homens, em todas as análises.

Nas análises não estratificadas por faixa etária (20 a 59 anos), observou-

se, entre as mulheres, uma correlação positiva forte entre a prevalência de

obesidade e o IMC médio total. Já para a população masculina, tal correlação

mostrou-se moderada. Esses resultados foram estatisticamente significativos

para ambos os gêneros. Com relação ao IMC médio parcial, somente para o

gênero feminino evidenciou-se uma correlação positiva, ainda que moderada.

Quando realizada a estratificação por faixa etária, constatou-se uma forte

correlação positiva entre o IMC médio total e a prevalência de obesidade, nas

duas faixas e em ambos os sexos, exceto entre os homens na faixa dos 20 aos

39 anos, para os quais tal correlação mostrou-se fraca. Já nas análises

realizadas com o IMC parcial, não foi encontrada uma boa correlação,

independente do sexo e da idade. Para ambos os gêneros, as correlações

observadas na segunda faixa etária (40-59 anos) foram maiores em relação à

primeira faixa de idade (20-39 anos).

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666

Tabela 1: Correlação linear (Pearson) entre a o IMC médio total e parcial e a

prevalência de obesidade na população adulta (20 a 59 anos) residente em 26 capitais do

Brasil, em 2002-2003, segundo sexo e faixa etária.

Os resultados encontrados a partir da análise de regressão linear

simples são apresentados na tabela 2. Para os homens, sem estratificação,

uma diminuição de uma unidade de IMC médio da população, reduziria, em

média, 4,0% (IC 95%: 1,7 - 6,3) a prevalência de obesidade. Entre as mulheres,

essa redução seria, em média, de 3,4% (IC 95%: 2,6 - 4,3). Quando utilizou-se

o IMC médio parcial, não se observou uma associação estatisticamente

significativa para os homens, ao contrário do observado para as mulheres, cujo

coeficiente de regressão pouco variou em relação ao IMC médio total.

Ao se estratificar por faixa etária, somente os resultados dos modelos

realizados com o IMC médio total apresentaram significância estatística. Na

faixa de 20 a 39 anos, os coeficientes de regressão encontrados foram maiores

para as mulheres (3,4 vs. 2,3), enquanto na faixa subseqüente, os homens

apresentaram valores superiores (5,7 vs. 5,5). Independente do sexo, As

reduções médias potenciais da prevalência de obesidade associadas à

diminuição de uma unidade de IMC médio mostraram-se mais elevadas nas

idades mais avançadas quando comparadas às jovens.

Os coeficientes de determinação (R2) foram, via de regra, mais elevados

nas análises envolvendo o IMC médio total, a população feminina e a faixa dos

40 aos 59 anos. Destacam-se os modelos relativos às mulheres, nos quais o

IMC FAIXA ETÁRIA MASCULINO FEMININO r p-valor r p-valor

MÉDIA TOTAL 0,405 0,040 0,849 0,000 MÉDIA PARCIAL

20-39 ANOS -0,107 0,604 0,159 0,439

MÉDIA TOTAL 0,763 0,000 0,892 0,000 MÉDIA PARCIAL

40-59 ANOS -0,157 0,445 0,248 0,222

MÉDIA TOTAL 0,595 0,001 0,855 0,000 MÉDIA PARCIAL

20-59 ANOS 0,045 0,827 0,589 0,002

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676

IMC médio total foi capaz de explicar cerca de 70% a 80% da variabilidade da

prevalência de obesidade observada entre a população adulta feminina

residente nas capitais do Brasil em 2002 e 2003.

Tabela 2: Análise de regressão linear bivariada da prevalência de obesidade em função do IMC

médio (total e parcial), segundo gênero e faixa etária nas 26 capitais do Brasil, 2002-2003.

SEXO FAIXA ETÁRIA ß0 ß1 p-valor IC 95% R2

MÉDIA TOTAL - 47,115 2,253 0,040 0,110 ; 4,396 0,164 MÉDIA PARCIAL 20-39 ANOS

23,358 - 0,658 0,604 - 3,240 ; 1,925 0,011 MÉDIA TOTAL - 135,212 5,741 0,000 3,691;- 7,792 0,582

MÉDIA PARCIAL 40-59 ANOS 61,059 - 1,955 0,445 - 7,148 ; 3,238 0,025

MÉDIA TOTAL -89,524 3,994 0,001 1,723 ; 6,266 0,354

MASCULINO

MÉDIA PARCIAL 20-59 ANOS

1,080 0,372 0,827 - 3,109 ; 3,854 0,002 MÉDIA TOTAL - 72,067 3,405 0,000 2,510 ; 4,299 0,720

MÉDIA PARCIAL 20-39 ANOS

- 12,218 0,865 0,439 - 1,403 ; 3,134 0,025 MÉDIA TOTAL - 123,962 5,470 0,000 4,305 ; 6,634 0,796

MÉDIA PARCIAL 40-59 ANOS

- 44,671 2,515 0,222 - 1,621 ; 6,650 0,062 MÉDIA TOTAL -72,751 3,439 0,000 2,558 ; 4,319 0,730

FEMININO

MÉDIA PARCIAL 20-59 ANOS

-66,327 3,329 0,002 1,407 ; 5,251 0,347

DISCUSSÃO

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686

No presente estudo, verificou-se que o IMC médio da população adulta

residente em 26 capitais do Brasil está positivamente correlacionado com a

prevalência de obesidade, em ambos os sexos. Tal associação mostrou-se

mais forte entre as mulheres e na faixa dos 40 aos 59 anos. Apenas entre os

homens na faixa dos 20 aos 39 anos a correlação observada entre o IMC médio

e a prevalência de obesidade foi fraca, porém significativa.

Adicionalmente, estimou-se a correlação entre a prevalência de

obesidade e o IMC médio parcial, calculado após a exclusão dos valores

extremos de IMC, iguais ou superiores a 30,0 kg/m2, ponto de corte utilizado na

definição de obesidade. Com isso, buscou-se estimar o componente

independente da associação entre o IMC médio e a prevalência de obesidade,

tendo em vista os variados graus de assimetria presentes nas distribuições de

IMC analisadas, e sabendo-se também que a média é influenciada pelos

valores extremos de uma distribuição. De maneira geral, as correlações

relacionadas com o IMC médio parcial foram fracas ou inexistentes, além de

não apresentarem significância estatística. A exceção foi o resultado relativo às

mulheres com idades entre 20 e 59 anos, para as quais observou-se uma

correlação moderada – coeficiente de Pearson (r) próximo de 0,60 -, com

probabilidade igual a 0,002 de se rejeitar indevidamente a hipótese nula

(ausência de associação).

A correlação positiva observada entre o IMC médio e a prevalência de

obesidade das populações adultas brasileiras por ora analisadas é indicativa de

que a obesidade deve ser entendida não como um problema restrito a grupos

populacionais específicos, mas sim de toda uma população. Em outras

palavras, pode-se esperar que a obesidade seja tão mais prevalente quanto

mais deslocada for a distribuição do IMC de toda a população, no sentido dos

valores mais elevados. Tais evidências empíricas sustentam o entendimento da

obesidade como uma resposta a um ambiente “obesogênico”, cujo controle

requer intervenções no âmbito coletivo, direcionadas a toda população. As

estimativas da queda esperada da prevalência de obesidade em decorrência da

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696

redução de uma unidade do IMC médio de uma população – variando de 2,3%

a 5,7% entre homens nas faixas de 20 a 39 e 40 a 59 anos, respectivamente –

explicitam, quantitativamente, tais argumentos.

Por outro lado, as correlações fracas observadas após a exclusão dos

valores extremos de IMC indicam que as variações da prevalência de

obesidade nas populações adultas das capitais brasileiras estariam

relacionadas não só ao deslocamento das distribuições de IMC como um todo,

mas também a variações nos seus respectivos graus de assimetria, sempre no

sentido de valores mais elevados. Nesse sentido, poderia se especular sobre

até que ponto o montante de indivíduos obesos seria ou não determinado pelos

padrões de IMC vigentes numa população como um todo (ROSE & DAY, 1990).

Assim sendo, as correlações mais fortes entre o IMC médio (total) e a

prevalência de obesidade observada entre as mulheres podem ser devidas aos

padrões assimétricos mais acentuados das respectivas distribuições de IMC em

relação às da população masculina. Por outro lado, apenas na população

feminina com idades entre 20 e 59 anos se observou uma correlação positiva –

ainda que moderada - entre o IMC médio parcial e a prevalência de obesidade,

com significância estatística. Análises futuras das relações entre o IMC médio e

a prevalência da obesidade devem, portanto, incorporar outros aspectos

relativos à distribuição de valores de IMC, tal como o grau de assimetria.

Em uma análise realizada a partir dos dados do estudo INTERSALT,

baseado em observações de 52 grupos populacionais com idades entre 20 e 59

anos, distribuídos por todas as regiões do mundo, Rose & Day (1990)

verificaram a existência de correlações positivas entre a média de pressão

arterial, de IMC, de consumo de álcool e de sódio e as prevalências de

hipertensão arterial sistêmica, de sobrepeso, alcoolistas e de elevado consumo

de sódio, respectivamente. As correlações entre o IMC médio e a prevalência

de sobrepeso foram particularmente elevadas, com os coeficientes de

correlação de Pearson próximos de 1,0. Após a exclusão dos valores extremos

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707

no cômputo do IMC médio, os coeficientes de correlação mantiveram-se em

torno de 0,80, ainda indicativos, portanto, de correlações elevadas.

Entretanto, no INTERSALT os espectros de variação dos IMC médios –

21,2 kg/m2 a 31,2 kg/m2 - e das prevalências de obesidade – 0% a 51% - foram

mais amplos do que o observado no nosso estudo. As relações lineares

observadas entre tais medidas foram mais evidentes a partir de valores de IMC

médio superiores a 23,0 kg/m2. O fato de os valores médios de IMC variarem

dentro de intervalo menor, alcançando valores máximos mais baixos, poderia

explicar os coeficientes de correlação mais baixos observados em nosso

estudo.

O simples deslocamento da distribuição de valores de IMC para a

esquerda implicaria na redução dos segmentos populacionais expostos a níveis

mais elevados de IMC – com óbvios benefícios potenciais -, porém,

simultaneamente implicaria em um aumento da parcela de indivíduos com

baixos valores de IMC, resultando numa indesejável elevação dos riscos à

saúde. Assim, o estudo das distribuições de IMC de uma população se faz

importante não só para identificar o seu perfil, mas, também, para subsidiar a

formulação das propostas de intervenção mais adequadas e o monitoramento

dos resultados obtidos.

Como já mencionado, espera-se que os resultados do nosso estudo

sirvam como evidências empíricas, de natureza quantitativa, para uma

abordagem populacional da obesidade. Dentre as suas limitações, destaca-se a

premissa de que estruturas epidemiológicas semelhantes estariam presentes,

junto às populações adultas das capitais brasileiras por ora investigadas.

Ressalta-se, assim, a necessidade da realização de outros estudos, voltados

para a caracterização e a compreensão de tais estruturas, responsáveis pela

ocorrência e perpetuação da obesidade em populações distintas. Dessa forma,

a discussão acerca das vantagens e desvantagens das estratégias de

prevenção propostas por Rose (2000) poderia se desenvolver de forma mais

apropriada às diferentes realidades sanitárias existentes em nosso país.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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747

Os dados gerados pela POF referentes à alimentação fornecem

informações importantes a respeito do padrão alimentar brasileiro, estando em

posição intermediária sobre as folhas de balanço e os inquéritos alimentares

individuais.

As correlações obtidas entre o padrão alimentar e a prevalência de

obesidade apresentam algumas questões que devem ser melhor exploradas,

tanto em estudos ecológicos subseqüentes, quanto em análises no nível

individual. Visto que o padrão alimentar foi obtido a partir da aquisição alimentar

domiciliar, sugere-se que os achados do presente estudo devem sustentar

ações que visem a modificação dos hábitos alimentares da população desde o

início da cadeia de consumo, ou seja, no padrão alimentar familiar.

O conhecimento da distribuição de IMC de uma população pode fornecer

subsídios para a formulação de ações adequadas e também seu

monitoramento. Para a população adulta do Brasil, verificou-se uma maior

assimetria das curvas nas mulheres, embora a variabilidade dos dados, para

ambos os sexos, tenha sido inferior à observada em outro estudo. Referente à

correlação entre a prevalência de obesidade e a média de IMC, verificou-se que

há uma correlação positiva. A correlação mais importante foi observada entre

as mulheres na faixa de 40 a 59 anos.

Os estudos ecológicos têm como principais objetivos a geração de

hipóteses etiológicas e a avaliação da efetividade de intervenções de prevenção

ou promoção da saúde na população. Portanto, o presente trabalho fornece

evidências para que sejam realizadas estratégias de prevenção populacionais,

baseando-se na modificação dos hábitos alimentares de todos. Uma vez que tal

estratégia engloba todos os indivíduos – e não somente os que estão sob risco

– a redução da exposição ao açúcar, refrigerantes e de outros hábitos

inadequados deve ser iniciada o mais precoce possível, entre crianças e

adolescentes.

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757

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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8 ANEXO Questionários da POF (2002-2003), referentes ao domicílio (POF 1) e às

Despesas Coletivas (POF 3).

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