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Marketing político: a cabeça do eleitor
Entender a cabeça do eleitor sempre foi um dos principais desafios do marketing
político e da ciência política. Graças aos avanços teóricos e às pesquisas de opinião pública
realizadas nestas áreas, podemos, hoje, entender a lógica que orienta o eleitor na sua decisão
de voto.
A primeira constatação pode ser surpreendente: o eleitor não é tão manipulável como
se pensa. Sabemos que o eleitor médio (de baixa informação) não tem a política como principal
preocupação em seu cotidiano e dedica pouco ou nenhum tempo para se informar sobre os
acontecimentos políticos. No entanto, este mesmo eleitor, que representa cerca de 80% do
eleitorado brasileiro, possui ferramentas que lhe auxiliam na decisão do voto, e de forma
consciente.
De acordo com Alberto Carlos Almeida, um dos principais cientistas políticos do País e
autor do livro A cabeça do eleitor, são seis os fatores que formam a lógica do eleitor:
1. A avaliação do governo;
2. A identidade do candidato;
3. O nível de lembrança (recall) dos candidatos;
4. O currículo dos candidatos e se eles utilizam-no para mostrar ao eleitor que podem resolver
o principal problema que aflige o eleitorado;
5. O potencial de crescimento dos candidatos, que combina a rejeição de cada um deles com
seu respectivo nível de conhecimento;
6. O fato de não ser possível contar com os apoios, ou seja, popularidade e simpatia não se
transferem.
Dentre os itens citados acima, um dos mais importantes é a avaliação do governo, que
tem sido responsável por viradas eleitorais histórica. Entre elas, a vitória de Celso Pitta, em
1996, e Gilberto Kassab, em 2008, ambos disputando a prefeitura de São Paulo.
Nestes dois casos, a avaliação do governo foi determinante para elegê-los. No caso do
Pitta, a boa avaliação do governo Maluf, fez com que o eleitorado paulistano projetasse em seu
sucessor a continuidade daquele governo. A lógica era simples: se está bom, tem que
continuar. E contra todas as expectativas São Paulo elegeu um carioca sem experiências
administrativas para prefeito.
Com Kassab não foi diferente, seu governo estava bem avaliado, mas começou a
campanha com apenas 6% das intenções de votos, e ao final do primeiro turno já estava em
primeiro lugar. Como o recall (lembrança) antes da campanha favorecia Marta Suplicy e
Alckmin, tudo apontava para a polarização destas duas candidaturas. Mas com o início da
propaganda política, houve a associação daquele governo bem avaliado com a candidatura do
Kassab. E o resultado foi a sua vitória.
Alan Kardec Borges