uma professora que se desinstala por meio de perguntas sobre a sua experiÊncia pedagÓgica no campo

12

Click here to load reader

Upload: especializacaoeducacaoinfantil

Post on 06-Apr-2016

214 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

A ideia desta monografia é DESACOMODAR, ainda que pequena a vontade em mudar, aquilo que já parecia ESTABELECIDO. É assim que tem que ser e assim será!!!??? Não !!! Não é assim; há que se mexer, desarrumar, desacomodar tudo e TODOS/AS. Por que tem que ser assim e não pode ser de outro jeito de outra forma?

TRANSCRIPT

Page 1: UMA PROFESSORA QUE SE DESINSTALA POR MEIO DE PERGUNTAS SOBRE A SUA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA NO CAMPO

UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS

UNIDADE ACADÊMICA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL

NÍVEL ESPECIALIZAÇÃO

ELIANA CONCEIÇÃO RHODEN

UMA PROFESSORA QUE SE DESINSTALA POR MEIO DE

PERGUNTAS SOBRE A SUA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA NO

CAMPO DOS ESTUDOS DE GÊNERO

SÃO LEOPOLDO

2010

Page 2: UMA PROFESSORA QUE SE DESINSTALA POR MEIO DE PERGUNTAS SOBRE A SUA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA NO CAMPO

ELIANA CONCEIÇÃO RHODEN

UMA PROFESSORA QUE SE DESINSTALA POR MEIO DE

PERGUNTAS SOBRE A SUA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA NO

CAMPO DOS ESTUDOS DE GÊNERO

Monografia de conclusão apresentada no

Curso de Especialização em Educação Infantil,

vinculada ao Programa de Pós Graduação em

Educação Infantil da Universidade do Vale do

Rio dos Sinos – UNISINOS, como requisito

parcial para obtenção do título de Especialista

em Educação Infantil.

Orientador: Prof. Dr. Luciano Bedin da Costa

SÃO LEOPOLDO

2010

Page 3: UMA PROFESSORA QUE SE DESINSTALA POR MEIO DE PERGUNTAS SOBRE A SUA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA NO CAMPO

ELIANA CONCEIÇÃO RHODEN

UMA PROFESSORA QUE SE DESINSTALA POR MEIO DE

PERGUNTAS SOBRE A SUA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA NO

CAMPO DOS ESTUDOS DE GÊNERO

Monografia de conclusão apresentada no

Curso de Especialização em Educação Infantil,

vinculada ao Programa de Pós-Graduação em

Educação Infantil da Universidade do Vale do

Rio dos Sinos – UNISINOS, como requisito

parcial para obtenção do título de Especialista

em Educação Infantil.

Aprovado em ____ / ____ / 2010.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Luciano Bedin da Costa (Orientador) – Universidade do Vale do Rio dos

Sinos – UNISINOS

Profª Tassiana Martins Kelm Faria

Page 4: UMA PROFESSORA QUE SE DESINSTALA POR MEIO DE PERGUNTAS SOBRE A SUA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA NO CAMPO

Dedico este trabalho

A Deus,

Por não me deixar desistir, pois sempre pedia

sua ajuda em minhas orações, nos momentos

de descrença em mim mesma.

Ao meu filho,

Que muitas e muitas vezes não dei a merecida

atenção e pelas inúmeras vezes que perturbei

seu sono ao digitar o trabalho em seu quarto,

pois o computador está instalado lá.

A minha mãe

Sempre preocupada com meus estudos à noite

e pelo fato de chegar tarde.

Ao meu marido

Por sua paciência, apoio e compreensão.

E a mim

Que, apesar de alguns obstáculos que julguei

intransponíveis, continuei tentando escrever

esta monografia. E consegui.

Page 5: UMA PROFESSORA QUE SE DESINSTALA POR MEIO DE PERGUNTAS SOBRE A SUA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA NO CAMPO

AGRADECIMENTOS

Ao meu filho Andrei pela paciência e por minha ausência nos momentos em

que eu julgava importantes para mim, do mesmo modo que ele julgava-os

importantes para ele;

Ao meu marido Dionisio que sempre me ouve nos momentos bons e ruins de

«escola» e me motiva a seguir adiante;

À minha mãe Osmilda e ao meu pai Kuniberto;

À minha cunhada Ilda Clara que está sempre me incentivando e acreditando

no meu trabalho de alfabetizadora e educadora;

A todos/as professores/as que estiveram presentes e contribuíram para

ampliarmos nosso conhecimento durantes as aulas de quintas-feiras, sextas-feiras à

noite e nos sábados pela manhã e tarde;

Mas, um em Especial ao meu orientador Luciano Bedin da Costa que me

ajudou e muito, me incentivou, me aconselhou, me motivou, me ouviu, enfim foi

maravilhoso e acima de tudo me fez “olhar”, novamente, a Educação e o papel do/a

Educador/a de um outro ângulo, me fazendo entender que podemos ir além da sala

de aula e que o/a nosso/a educando/a não está só na sala de aula mas no dia a dia

da nossa própria existência enquanto Professor/a. Muito Obrigada.

Page 6: UMA PROFESSORA QUE SE DESINSTALA POR MEIO DE PERGUNTAS SOBRE A SUA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA NO CAMPO

“Nascemos para dentro de culturas e

sociedades que existem independentes de nós,

que nos condicionam concretamente. No

entanto, a continuidade destas instituições

depende de nossa anuência (aprovação)”.

(Heller)

Page 7: UMA PROFESSORA QUE SE DESINSTALA POR MEIO DE PERGUNTAS SOBRE A SUA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA NO CAMPO

RESUMO

Quando se fala em Inclusão é importante que se busque o que é Inclusão,

quem devemos incluir, porque incluir e como incluir. Este trabalho teve como um dos

objetivos entender através de leituras, situações presenciadas, de perguntas e de

ênfase da mídia sobre a questão de Inclusão. Porém quando se fala em Inclusão

logo se associa à ideia de Deficiência Física e/ou Mental.

No entanto, Inclusão vai muito além daquilo que se pensa, e este assunto

está diretamente ligado à Escola, local este onde são erguidos ou derrubados tabus,

conceitos e preconceitos. E foi dentro deste espaço Escola que resolvi aprofundar

meu trabalho sobre Inclusão, mas não a Inclusão voltada para a questão física e/ou

mental, mas sim a Inclusão daquilo que julgamos e subjugamos diferente, fora dos

padrões sociais. É na Escola que divido meu tempo, minhas conversas, minhas

dúvidas, meus questionamentos. É na Escola e através dela que se constrói o

SUJEITO da História, o Sujeito crítico ou acomodado; não só o/a aluno/a mas,

também, o/a professor/a que chega com seus “vícios e seus saberes” e muito bem

acomodados/as; porém poderão ser modificados ou reforçados, dependerá da

vontade e do desejo de cada um/a.

A ideia desta monografia é DESACOMODAR, ainda que pequena a vontade

em mudar, aquilo que já parecia ESTABELECIDO. É assim que tem que ser e assim

será!!!??? Não !!! Não é assim; há que se mexer, desarrumar, desacomodar tudo e

TODOS/AS. Por que tem que ser assim e não pode ser de outro jeito de outra

forma?

Por que nós Professores/as falamos em direitos iguais, valorizações,

equidades; se ainda nos subjugamos, somos tomados/as de preconceitos,

concordamos com aquilo que nos é conveniente para não nos desacomodarmos

perante os desafios, questionamentos, obstáculos com os quais, muitas vezes,

fechamos os olhos e dizemos que não sabemos resolver e vamos passando o/s

problema/s adiante?

Sabemos que temos e devemos Incluir. Porém as perguntas são:

Sabemos, realmente, o que é Inclusão?

Quem Incluir?

Por que Incluir?

Quando Incluir?

Page 8: UMA PROFESSORA QUE SE DESINSTALA POR MEIO DE PERGUNTAS SOBRE A SUA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA NO CAMPO

De acordo com o dicionário Cultural da Língua Portuguesa (pág.749), “incluir

é conter; encerrar; abarcar; conter na sua área; compreender; envolver.” Mas, tudo

tem dois lados, então vamos verificar o que quer dizer Excluir (pág.601), “excluir é

por fora de; eliminar; rejeitar; omitir; afastar; expulsar; abandona; retirar; suprimir.”

Diante destes significados para Incluir e Excluir, qual o papel da Escola

enquanto instituição e espaço de formação de cidadãos/as? Estaria a Escola

incluindo e/ou excluindo?

A resposta não está somente na Escola, mas num todo, numa sociedade

estruturada e construída sobre uma base patriarcal onde o homem (figura

masculina) é o detentor do saber e do poder e a mulher (figura feminina) lhe coube,

apenas, o papel de mulher que ouve, escuta, apreende o saber sem o direito de

transmiti-lo: “...ensinar não é profissão para uma mulher; que ela deve permanecer

calada. Escutar e apreender sem demonstrar o que sabe...” (As mulheres e a

ciência, 1987, p.17).

Nesta fala se percebe que há uma exclusão, um preconceito sobre a mulher e

seus saberes, ocorre uma dicotomia entre homem e mulher. Caímos mais uma vez

na questão de Incluir; mas quem e como incluir?

A idéia de Inclusão/Exclusão não surgiu por acaso, mas sim tem todo um

contexto histórico. Podemos dizer que a soberania masculina sobre a feminina,

assim pensada e reforçada por escritos através de uma metáfora:

“Os homens ficariam capacitados para conquistar e dominar a natureza,

sacudi-la nas suas bases.” (As mulheres e a ciência, 1987, pág.19)

Então se conclui que o homem poderia fazer o mesmo com a mulher, e com

tudo aquilo que representava o feminino, pois se percebia um sistema de valores, de

supremacia, assim como a natureza era um objeto a ser dominado pelo homem, ele

teria o poder sobre a mulher. Ainda mergulhando no texto se observa claramente

que o objetivo dos sábios (sendo estes homens) que se criaram na segunda metade

do século XVII seria o de criar uma filosofia masculina da qual o que era feminino

deveria ser necessariamente eliminado. (As mulheres e a ciência, pág.19).

Eis que nos vemos diante de uma “exclusão” explícita e por que não dizermos

machista? Antes mesmo de entendermos o que é Inclusão precisamos saber porque

eram as mulheres as mais excluídas de todo o contexto social; exclusão esta que

ainda permanece nos dias de hoje, mas no qual muito a mulher, tem contribuído

para que isto continue ocorrendo nos dias de hoje; se por um lado a História

Page 9: UMA PROFESSORA QUE SE DESINSTALA POR MEIO DE PERGUNTAS SOBRE A SUA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA NO CAMPO

interferiu, participou para que houvesse exclusão da mulher e de tudo o que

lembrasse o feminino, como uma forma de se fazer presente no contexto social, hoje

muita coisa permanece quase que imutável, também, por contribuição da própria

mulher que se omite e, muitas vezes, se conforma, se conforta com tal situação.

Por que elas estavam e ainda permanecem à margem da SOCIEDADE?

Sociedade como um todo, cuja “marginalização” feminina é preconizada e afirmada

pela própria Igreja quando nos diz e nos faz acreditar que Eva foi uma parte retirada

de Adão que estava em sono profundo e que esta mesma Eva teria sido a causadora

de toda uma desgraça para a humanidade e para Adão, quando o tirou do paraíso. E

nós, todos/as, fomos crescendo, ouvindo e acreditando que as mulheres são

“menos” que os homens, e que, se não fossem eles nos ceder uma parte de seu

corpo não estaríamos aqui. E durante anos se acreditou que o homem é mais

inteligente do QUE a mulher como diz o padre católico e filósofo cartesiano

Malebranche: “as mulheres são intelectualmente inferiores aos homens já que sua

fibra cerebral é mole e delicada, carecendo completamente da dureza, solidez, força

e consistência da fibra cerebral masculina.” (As mulheres e a ciência, 1987, pág.20).

Page 10: UMA PROFESSORA QUE SE DESINSTALA POR MEIO DE PERGUNTAS SOBRE A SUA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA NO CAMPO

APRESENTAÇÃO

O desconhecimento dos adultos acerca da ideia de Inclusão social, não só

deficiente e/ou mental, pode muitas vezes significar um isolamento, cujos resultados

podem ser contrários ao que se espera para que ocorra a integração do Sujeito, do/a

aluno/a, do/a educando/a, em um mundo em que todos/as devem ter os mesmos

direitos e as mesmas oportunidades independente de suas condições pessoais,

sociais, culturais.

Entender as especificidades da criança, do/a jovem, do/a adulto/a ao recebê-

los na Escola é a certeza de abrir um horizonte para que o conhecimento se integre

em sua vida. Permite que o desconhecido passe a se tornar uma realidade.

Também é na Escola que o estímulo se torna parte da vida da criança, do/a

educando/a, do/a aluno/a e favorece seu desenvolvimento integral.

Quando a criança, enquanto aluno/a-educando/a, vai à Escola, sua vida

passa a ter, ritmo, rotina e a possibilidade de criar suas próprias concepções, bem

como “reformular” algumas já impregnadas, advindas do contexto familiar, mas que

com o convívio com os/as amiguinhos/as e professores/as, poderão ou não ser

reafirmadas e/ou mudadas.

Cabe ao/a Educador/a-Professor/a, também, esta responsabilidade.

Incluir na Escola e na Sociedade não significa, apenas, “colocar para dentro”,

junto com todos/as. É preciso integrar, garantir direitos e deveres.

Esta monografia tem a intenção de chamar a atenção e fazer com que haja

uma, certa, compreensão do que é Inclusão, não a inclusão de pessoas com

deficiência física e/ou mental, pois isto tem sido falado, repetido, escrito, mas sim

uma Inclusão Social, que se inicia na família e perpassa pela Escola. É pensar e

repensar a Inclusão Social de todos/as que de um modo ou outro são “jogados/as” à

margem da sociedade, são Excluídos/as, pois Inclusão e Exclusão não estão e não

podem estar separados, uma se dá em função da outra.

E de que forma a intervenção da Educação Infantil pode ajudar a enfrentar

este desafio de Excluir/Incluir? A partir do momento em que ela seja um espaço,

inicial, de preparação para o próximo desafio que será no Ensino Fundamental a

afirmação do aluno/a-educando/a e sua participação, permanência ou não na

Escola, que tantas vezes ajuda e, também, oprime este/a aluno/a-educando/a.

A partir de experiências teórico práticas na Educação Infantil, as crianças

Page 11: UMA PROFESSORA QUE SE DESINSTALA POR MEIO DE PERGUNTAS SOBRE A SUA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA NO CAMPO

elaboram suas « teorias », suas concepções, seus conceitos e muitas vezes

preconceitos, que só serão derrubados, debatidos se Educadores/as-

Professores/as estiverem, também, “despidos/as” e “desmascarados/as”, para

juntos/as reverem e repensarem seu modo de ser e pensar.

Page 12: UMA PROFESSORA QUE SE DESINSTALA POR MEIO DE PERGUNTAS SOBRE A SUA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA NO CAMPO

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................7

1.1 INCIPT: UMA CARTA DE INTENÇÕES.................................................................7

1.2 OBJETIVOS...........................................................................................................8

1.2.1 Objetivo Geral............................... .....................................................................8

1.2.2 Objetivos Específicos........................ ...............................................................8

1. 3 JUSTIFICATIVA.....................................................................................................8

2 A GEOGRAFIA ESCOLAR.............................. .......................................................10

2.1 O ESPAÇO ESCOLA: ENTRE A CRÍTICA E O REFORÇO DE RÓTULOS........10

2.2 ENCATADORAMENTE CRUEL: A SALA DOS PROFESSSORES......................11

3 DO CONCEITO AO PRECONCEITO......................................................................13

3.1 GÊNERO & SOCIEDADE....................................................................................13

3.2 NO FUNDO DA CAIXA DE BRINQUEDOS..........................................................15

3.3 O QUE FRASES FEITAS FAZEM........................................................................17

4 DESAFIOS..............................................................................................................18

4.1 PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DA CULTURA: UMA DUALIDADE A SER

REPENSADA.............................................................................................................18

4.2 EDUCAÇÃO INCLUSIVA: INCLUIR O QUÊ?......................................................20

4.3 AS INSTITUIÇÕES, O PODER E A DISCIPLINA DA VIDA: LUGARES

MANTIDOS................................................................................................................21

4.4 O MACHISMO ENCARNADO NA VIDA COTIDIANA..........................................22

5 CONCLUSÃO........................................ .................................................................25

REFERÊNCIAS.........................................................................................................30