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Comissão Europeia PT uma parceria estratégica A União Europeia, a América Latina e as Caraíbas:

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Comissão Europeia

PT

uma parceria estratégica

A União Europeia, a América Latina e as Caraíbas:

NF-72-05-855-P

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Fotografias da capa:

© Pascal VandenbrandenEstudantes, Nicaragua © CESantiago de Chile © Pedro Vale, CE© Atlantic LNG Company

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A União Europeia, a AméricaLatina e as Caraíbas:

uma parceria estratégica

C O M I S S Ã O E U R O P E I A

Relacões Externas

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Encontram-se disponíveis numerosas outras informações sobre a União Europeiana rende Internet, via servidor Europa (http://europa.eu.int)

Uma ficha bibliográfica figura no fim desta publicação

ISBN 92-79-00831-5

Reprodução autorizada mediante indicação da fonte

Printed in Italy

IMPRESSO EM PAPEL BRANQUEADO SEM CLORO

Europe Direct é um serviço que o/a ajuda a encontrar respostas às suas perguntas sobre a União Europeia

Número verde único (*):

00 800 6 7 8 9 10 11

© Comunidades Europeias, 2006

Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias, 2006

(*) Alguns operadores de telecomunicações móveis não autorizam o acesso a números 00 800 ou poderão sujeitar estas chamadas telefónicas a pagamento.

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As fronteiras visíveis nestes mapas não implicam qualzer juízo por parte da Comissão Europeia sobre o estatuto legal de qualcher território ou o apoio ou a aceitacão de tais fronteiras.

Pode obter noticias semanais da Direcção-Geral dos Assuntos Externos por e-mail, ou visitando o sítio: http://europa.eu.int/comm/external_relations/feedback/weekly.htm

Cimeira de Viena: http://europa.eu.int/comm/world/lac-vienna/

Comissão Europeia

Direccão-Geral dos Assuntos Externos

Direccão America Latina

B-1049 Bruxelles

Tel. (+32) 2 299 11 11

Fax (+32) 2 299 39 41

Internet: http://europa.eu.int/comm/external_relations/index.htm

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Índice

Introdução 5

1. Panorama das relações UE‑ACL 6

1.1. Duas histórias para uma parceria estratégica 6

1.2. Agrupamentos regionais e institucionais na zona América Latina – Caraíbas 7

1.3. A cooperação e ajuda ao desenvolvimento 10

1.3.1. Subvenções 10

1.3.2. Empréstimos do Banco Europeu de Investimento (BEI) 11

1.4. Comércio e investimentos entre a UE e a América Latina/Caraíbas 12

2. A parceria estratégica 15

2.1. A Cimeira de Guadalajara – Maio de 2004 15

2.2. De Guadalajara a Viena: realizações 16

2.2.1. Aprofundamento das relações 16

2.2.2. Aprofundamento da cooperação e da ajuda ao desenvolvimento 18

A. Execução da cooperação 18

B. Programação da cooperação para o período 2007-2013 20

2.3. Os desafios e os objectivos da Cimeira de Viena de Maio de 2006 21

2.3.1. Temas em debate 21

2.3.2. A participação de todos os intervenientes da parceria bi-regional:

eventos à margem da Cimeira de Viena 22

3. Desafios temáticos 23

3.1. Coesão Social 23

3.2. Respeito pelos direitos humanos, pela democracia e pelo Estado de Direito: valores comuns 25

3.3. Promoção do multilateralismo 26

3.4. Integração regional 27

4. Relações sub‑regionais e bilaterais 29

4.1. A UE e o Mercosul 29

4.2. A UE e a Comunidade Andina 34

4.3. UE-América Central “Diálogo de San José” 38

4.4. A UE e as Caraíbas 42

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5. Relações bilaterais com o México e com o Chile 48

5.1. A UE e o México 48

5.2. A UE e o Chile 52

6. Ajuda humanitária da UE à América Latina e Às Caraíbas: actividades da Comissão Europeia 57

6.1. Deslocação de populações - Colômbia 57

6.2. Catástrofes naturais 58

6.3. DIPECHO: Programa de prevenção e de preparação para as catástrofes naturais 60

Conclusão 61

Anexos

— Cronologia das relações entre a União Europeia e a América Latina/Caraíbas 62

— Léxico 64

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Introdução

A União Europeia, a América Latina e as Caraíbas partilham o mesmo empenho na defesa dos direitos hu‑manos e dos princípios democráticos, do multilateralis‑mo e da repartição equitativa dos frutos da globalização. Estas duas regiões partilham igualmente uma série de responsabilidades comuns a nível mundial e regional, nomeadamente no seio das Nações Unidas, das insti‑tuições de Bretton Woods, da Organização Mundial do Comércio e da Organização dos Estados Americanos.

Estes valores e responsabilidades comuns permitiram aos Chefes de Estado e de Governo das duas regiões – reunidos pela primeira vez no Rio de Janeiro em 1999 – a criação, numa estratégia voluntarista, de uma parceria estratégica bi‑regional e a definição de deter‑minadas prioridades para a realização de acções coor‑denadas nos domínios político, social e económico.

A União Europeia (UE) e a América Latina e as Caraíbas (ALC) devem agora continuar a aprofun‑dar esta parceria. A 4ª Cimeira UE-ALC de Vie-na (Áustria), que se realizará em 12 e 13 de Maio de 2006, constitui uma oportunidade única para se efectuar o balanço das diferentes iniciativas, do diá‑logo e das negociações em curso entre as duas regi‑ões desde 1999.

A presente brochura apresenta de uma forma fac‑tual e sintética a riqueza da parceria entre a União Europeia, a América Latina e as Caraíbas, os seus antecedentes e a sua evolução recente. A brochura é composta por vários capítulos temáticos sobre os grandes domínios e a evolução da parceria estratégica e descreve as relações políticas, comerciais e de coo‑peração entre a UE e cada uma destas sub‑regiões.

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Projecto europeu (Nicarágua).

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1. Panorama das relações UE‑ALC

1.1. Duas histórias para uma parceria estratégica

Desde a década de sessenta, no que respeita à Amé‑rica Latina, e da década de setenta, no que respeita às Caraíbas, que a UE tem vido a consolidar as suas relações com estas duas regiões. A última década foi especialmente marcada por uma evolução notória destas relações, tanto a nível político como econó‑mico: foram celebrados acordos de associação com o México (1997) e com o Chile (2002); em 2003, en‑trou em vigor o Acordo de Cotonu com as Caraíbas, bem como com o grupo África, Caraíbas e Pacífico (ACP); está actualmente a ser negociado um acordo de associação com o Mercosul; em 2003, foram con‑cluídos com a Comunidade Andina e com a América Central acordos de diálogo político e de cooperação.

Por último, em 2004, a UE e as Caraíbas encetaram negociações tendo em vista a assinatura de um acordo de parceria económica.

A parceria estratégica entre a UE, por um lado, e a América Latina e as Caraíbas, por outro, iniciada com a Primeira Cimeira dos Chefes de Estado e de Go‑verno das duas regiões, realizada no Rio de Janeiro em 1999, foi aprofundada na Cimeira de Madrid, em 2002, e na Cimeira de Guadalajara, em 2004. Os eixos prioritários da parceria estratégica UE‑ALC incluem o reforço do diálogo político, assim como a coopera‑ção económica, científica e cultural, e ainda o reforço das relações comerciais e a integração harmoniosa dos parceiros UE‑ALC na economia mundial.

Na perspectiva da Cimeira de Viena, prevista para Maio de 2006, a Comissão adoptou, em 8 de Dezem‑

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bro de 2005, uma Comunicação ao Conselho e ao Par‑lamento Europeu cujo objectivo consistia no reforço da parceria entre a UE e a América Latina, através de uma série de recomendações. Benita Ferrero‑Waldner, Comissária responsável pelas Relações Externas e pela Política Europeia de Vizinhança, declarou nesta oca‑sião: “Pretendemos reforçar a nossa compreensão comum e a parceria entre as duas regiões para criar diálogos e oportuni-dades novas. Se trabalharmos em conjunto, estaremos melhor preparados para enfrentar os desafios da globalização, contri-buindo, assim, para a paz, a estabilidade na região e o seu desenvolvimento através de uma maior coesão social, uma melhor gestão democrática e a integração regional.”

Para mais informações:“A stronger partnership between the European Union and Latin America” COM (2005)636 final, 8.12.2005. http://europa.eu.int/comm/external_relations/la/news/ip05_1555.htm

A Cimeira de Viena a realizar em Maio de 2006 deverá permitir enviar uma mensagem firme quan‑to ao empenhamento das duas regiões no sentido de consolidarem e reforçarem a sua parceria estratégica, bem como de manterem um diálogo político sobre algumas questões essenciais de interesse mútuo, anali‑sando simultaneamente as possibilidades de coopera‑ção nestes domínios.

1.2. Agrupamentos regionais e institucionais na zona América Latina − Caraíbas

México

GuatemalaEl SalvadorHondurasNicaráguaCosta Rica

Panamá

Venezuela (1)ColômbiaEquador

PeruBolívia

Chile

BrasilParaguaiUruguai

Argentina

Belize Cuba

Guiana (2) República Dominicana

Suriname

Haiti - BaamasJamaica - BarbadosTrinidade e Tobago

Antígua e BarbudaDomínicaGranada

MonserrateSão Cristóvão

e NevesSanta Lúcia

São Vincente e Granadinas

América Latina Caraíbas

Países participantes na Cimeira de Viena

Países membros do Grupo do Rio

Países da América Central

Países membros da Comunidade Andina

Países membros do MERCOSUR

Países membros do CARIFORUM

Venezuela

Países membros da Comunidade Sul-Americana de Nações (3)

Jamaica

Países membros da CARICOM (4)

(1) Em 7.12.2005 (Decisão Mercosul 28/05), os países do Mercosul aceitaram oficialmente o pedido de adesão da Venezuela ao Mercosul. Desde então, en‑quanto país candidato, a Venezuela beneficia do estatuto de “observador activo” (direito de participar e de intervir em todas as reuniões formais, sem direito de voto). Está em curso o processo de negociação tendo em vista a adesão plena da Venezuela ao Mercosul.

(2) A Guiana representa a CARICOM no Grupo do Rio.(3) O Suriname e a Guiana, que deverão aderir à Comunidade Sul‑Americana de Nações, participam nas reuniões desta organização. (4) Com excepção de Monserrate, que é um território ultramarino e que não participa na Cimeira da Viena, a CARICOM é uma associação de Estados

soberanos.

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1.3. A cooperação e a juda ao desenvol‑vimento

A União Europeia é o principal doador da Amé‑rica Latina e das Caraíbas, sendo a sua ajuda concedi‑da sob a forma de subvenções.

O diálogo estrutural e a aplicação da política de co‑operação e de ajuda ao desenvolvimento da UE com a América Latina e as Caraíbas são geridos por acor‑dos diferentes: efectivamente, as relações entre a UE e os países da América Latina regem‑se pelo regu‑lamento PVD ALA (Países em Desenvolvimento da América Latina e da Ásia), enquanto as Caraíbas, que fazem parte do grupo ACP, dependem do Acordo de Cotonu assinado em 2000, com excepção de Cuba, que faz parte do grupo ACP, mas que não é signatária do Acordo.

Com o intuito de racionalizar e simplificar o qua‑dro legislativo actual que rege as acções externas da Comunidade, a Comissão Europeia propôs a criação de novos instrumentos financeiros, no âmbito das Perspectivas Financeiras para 2007‑2013. Estes instru‑mentos constituirão a futura base jurídica das despesas da Comunidade para os programas de cooperação ex‑terna, incluindo os programas temáticos.

1.3.1. Subvenções

De 2001 a 2005, as verbas consagradas anualmen‑te pela UE à América Latina, a título do orçamento comunitário, foram ligeiramente inferiores a 500 mi‑lhões de euros e abrangem tanto rubricas orçamentais como temáticas.

A ajuda ao desenvolvimento concedida pela Comis‑são Europeia aos países de Africa, das Caraíbas e do Pa‑cífico (ACP) é regida pelo Acordo de Cotonu e pelo respectivo protocolo financeiro, o Fundo Europeu de

Desenvolvimento (FED). Este fundo provém de con‑tribuições extra‑orçamentais dos Estados‑Membros exclusivamente para efeitos de desenvolvimento dos 76 países ACP, incluindo os 15 países ACP das Ca‑raíbas. Os Estados‑Membros de União contribuem igualmente a título bilateral e multilateral e através de instituições financeiras e de cooperação internacio‑nais e regionais. O 9º FED eleva‑se a 14,34 mil mi‑lhões de euros (saldos dos FED anteriores), incluindo 2,037 mil milhões de euros a título da Facilidade de Investimento. Os países das Caraíbas elegíveis a título do FED recebem mais de um milhar de milhões de euros durante o período compreendido entre 2002 e 2007, sem contar com as subvenções concedidas a título das rubricas orçamentais da Comissão.

Tanto na América Latina como nas Caraíbas, a Co‑missão Europeia intervém em vários sectores, nomea‑damente: a democracia e os direitos humanos, a saúde, a educação, os transportes, a segurança alimentar e o desenvolvimento rural durável, o reforço das capa‑cidades institucionais e o Estado de Direito. Apoia, em especial, os programas de reabilitação, de infra‑estruturas, de reconstrução e de assistência técnica no domínio do comércio e da integração.

O nível de colaboração existente entre a Comis‑são e as principais instituições internacionais (BID, OEA, Banco de Desenvolvimento das Caraíbas, Ins‑tituições de Bretton Woods, organismos especializa‑dos da ONU, etc.) no domínio da cooperação para o desenvolvimento é especialmente elevado no que respeita à América Latina e às Caraíbas. Igualmente parceiros da UE no âmbito da política europeia de cooperação, estas instituições contribuem a esse títu‑lo para acções como o financiamento de projectos de interesse mútuo, a luta contra a pobreza e a consoli‑dação da democracia.

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Projecto de saúde (Nicarágua).

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Peru.

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1.3.2. Empréstimos do Banco Europeu de Investimento (BEI)

— O BEI na América Latina

O BEI concede empréstimos a partir dos seus re‑cursos próprios na América Latina desde 1993 no âmbito dos mandatos plurianuais para a Ásia e Amé‑rica Latina (ALA) que lhe são conferidos pelos Esta‑dos‑Membros. O actual mandato (ALA III) tem uma dotação de 2,48 mil milhões de euros para o período compreendido entre 1 de Fevereiro de 2000 e 31 de Janeiro de 2007.

Nos 16 países da América Latina com os quais o Banco assinou acordos‑quadro, os seus fundos são utilizados para financiar projectos de investimento que se revestem de interesse mútuo para a América Latina e a União Europeia. O BEI apoia projectos sustentáveis dos sectores público e privado no domí‑nio das infra‑estruturas, da indústria, da agro‑indús‑tria, da exploração mineira e dos serviços. É atribuída uma importância especial à melhoria e à protecção do ambiente.

Desde 2000, o BEI financiou projectos na América Latina no valor de 1,3 mil milhões de euros, ou seja, dois terços do montante autorizado sob o mandato ALA III, do qual mais de 90% para o sector privado. Prevê‑se que o montante seja inteiramente afecta‑do no termo do mandato, o que traduz o facto de a procura em termos de financiamento de projectos de

interesse mútuo, em especial na América Latina, ser muito superior à dotação financeira do mandato.

Para fazer face a esta procura, a Comissão, de co‑mum acordo com o BEI, propôs um aumento subs‑tancial da dotação financeira para o próximo man‑dato do Banco da América Latina durante o período compreendido entre 2007 e 2013.

— O BEI nas Caraíbas

De 1963 até à entrada em vigor do Acordo de Coto‑nu, em 2003, o BEI concedeu aos países ACP emprésti‑mos que totalizaram mais de 9 mil milhões de euros. O BEI continuou e continua a prestar apoio financeiro à maioria dos sectores produtivos (agricultura comercial, indústria, agro‑indústria, exploração mineira, turismo, energia, infra‑estruturas geradoras de receitas e serviços conexos) e especialmente ao sector financeiro.

O Acordo de Cotonu prevê, a título do 9º FED, uma Facilidade de Investimento de 3, 737 mil milhões de euros, dos quais 2,037 mil milhões de contribui‑ções do FED e 1,7 mil milhões a partir dos recursos do BEI. A Facilidade de Investimento, que entrou em vigor em 2003, tem por objectivo apoiar o desenvol‑vimento económico dos países ACP através de in‑vestimentos realizados em condições de mercado no sector privado, bem como através do financiamento de empresas do sector público geridas de acordo com as regras do mercado, em especial as responsáveis pelas infra‑estruturas económicas de base.

Projecto Vercal, moinho de pasta de papel apoiado pelo BEI (Brasil).

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rapidamente do que as exportações comunitárias para a região. Em 2004, os países da América Latina e das Caraíbas registaram um excedente comercial em re‑lação à UE de 7,7 mil milhões de euros.

Estes países exportam para a UE principalmen‑te produtos agrícolas, equipamentos de transporte e energia. A UE apresenta um défice comercial relati‑vamente aos países ACL no que respeita aos produtos agrícolas e à energia e um excedente comercial nos restantes sectores. As exportações comunitárias para os países ALC são mais diversificadas (bens de equi‑pamento, transportes e produtos químicos).

Tradicionalmente, a UE foi sempre o primeiro in-vestidor na região, embora em 2004 os Estados Uni‑dos tenham ultrapassado ligeiramente os investimen‑tos europeus na região. Os investimentos estrangeiros directos europeus atingiram o seu valor mais elevado em 2000, tendo vindo a diminuir desde então, em especial na região do Mercosul. Em 2004, o montan‑te cumulado dos investimentos europeus nos países da América Latina e das Caraíbas ascendia a mais de 124 mil milhões de euros.

1.4. Comércio e investimentos entre a UE e a América Latina/Caraíbas

A UE é o segundo maior parceiro comercial da América Latina e das Caraíbas. A UE foi progres‑sivamente reforçando e consolidando as suas relações económicas e comerciais com esta região, tendência que se traduziu num aumento do valor das suas tro‑cas comerciais com esta região para mais do dobro entre 1990 e 2004.

As trocas comerciais entre os países da Amé-rica Latina e das Caraíbas, por um lado, e a União Europeia, por outro, aumentaram con-sideravelmente desde 1980, em especial durante a última década. Em 2004, as importações na UE pro‑venientes da América Latina e das Caraíbas atingiram 63,1 mil milhões de euros, enquanto as exportações da UE para estas regiões ascenderam a 55,4 mil mi‑lhões de euros.

Uma análise mais atenta revela que nos últimos cin‑co anos as importações na UE provenientes dos países da América Latina e das Caraíbas aumentaram mais

A cidade de Brasilia.

Mercado (Brasil).

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Uma mina em Potosi (Bolivia).

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UE, Comércio com a América Latina e as CaraíbasMil Milhões €Fonte: Eurostat.

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63,1

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Exportações

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UE, Investimentos Directos Estrangeiros com a América Latina e as Caraíbas (fluxos)Mil milhões €Fonte: Eurostat.

2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3

Entradas

Saídas

Saldo

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América Latina e as Caraíbas, Comércio de mercadorias com o mundoMil Milhões €Fonte: FMI.

2 0 0 0 2 0 0 2 2 0 0 4

Importações

Exportações

Saldo

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-49,5

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-27,5

387,5 389,1

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UE, Investimentos Directos Estrangeiros com a América Latina e as Caraíbas (stocks)Mil milhões €Fonte: Eurostat.e: IDE estimado (stock 2002 + fluxos 2003)

2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3 e

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182,4

16,5

121,0

16,7

124,2

Entradas

Saídas

Resto do Mundo25,0 %

UE-1525,2 %

EUA24,4 %Canadá

4,5 %Japão4,5 %

Suíça4,7 %

Sudesteasiático8,5 %

América Latina: investimentos directos

estrangeiros (stocks/saidas 2004)

OutrosAmérica

3,3 %

Fonte: UNCTAD

Nota: América Latina (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai, Venezuela, Anguila, Antígua e Barbados, Aruba, Baamas, Barbados, Belize, Bermudas, Ilhas Virgens Britânicas, Ilhas Caimão, Costa Rica, Cuba, Domínica, República Dominicana, Salvador, Granada, Guatemala, Haiti, Honduras, Jamaica, México, Monserrate, Antilhas Neerlandesas, Nicarágua, Panamá, São Cristóvão e Neves, Santa Lúcia, São Vicente, Trindade e Tobago

Resto do Mundo31,0 %

UE-1517,0 %

Canadá4,1 %

China3,3 %

Suíça2,4 %

Hong Kong6,2 %

América Latina: investimentos directosEstrangeiros/stocks/entradas 2004)

Sudesteasiático

6,4 %

EUA19,9 %

OutrosAmérica9,8 %

Fonte: UNCTAD

Nota: América Latina (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai, Venezuela, Anguila, Antígua e Barbados, Aruba, Baamas, Barbados, Belize, Bermudas, Ilhas Virgens Britânicas, Ilhas Caimão, Costa Rica, Cuba, Domínica, República Dominicana, Salvador, Granada, Guatemala, Haiti, Honduras, Jamaica, México, Monserrate, Antilhas Neerlandesas, Nicarágua, Panamá, São Cristóvão e Neves, Santa Lúcia, São Vicente, Trindade e Tobago

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2. A parceria estratégica

2.1. A Cimeira de Guadalajara – Maio de 2004

Em Junho de 1999, teve lugar no Rio de Janeiro a primeira cimeira que reuniu os Chefes de Estado e de Governo da América Latina e das Caraíbas e da União Europeia, com o objectivo de aprofundar as relações políticas, económicas e culturais entre as duas regiões, de modo a desenvolver uma parceria es‑tratégica.

A Cimeira de Madrid, de Maio de 2002, per‑mitiu reafirmar os “valores e posições comuns” parti‑lhados pelas duas regiões e conferir um novo impulso à parceria, através da adopção de uma “declaração po‑lítica” pelos representantes dos países presentes. A Ci‑meira constituiu igualmente uma oportunidade para concluir as negociações do Acordo de Associação en‑tre a União Europeia e o Chile, que institui um diá‑logo político e de cooperação, bem como uma zona de comércio livre. A Comissão Europeia aproveitou a ocasião para lançar dois novos programas biregionais nos sectores prioritários da educação e da sociedade da informação: o programa Alban (bolsas de estudo para os estudantes latino‑americanos que estudam na Europa) e o programa @LIS (utilização das tecnolo‑gias da informação e da comunicação). Estes progra‑mas estão igualmente abertos aos países das Caraíbas.

A Cimeira de Guadalajara, de Maio de 2004, teve como objectivo aceitar um desafio importante: continuar a aumentar a riqueza gerada pela economia e partilhar os seus benefícios de forma mais equitati‑va, no âmbito da abertura progressiva das economias e da integração dos mercados. Na sua declaração, os Chefes de Estado e de Governo privilegiaram três elementos fundamentais das suas relações:

• A coesão social: deram prioridade à coesão social por considerarem que é um dos elementos essenciais da parceria estratégica biregional e comprometeramse a colaborar tendo em vista a erradicação da pobreza,

da desigualdade e da exclusão social, insistindo no facto de estas constituírem um atentado à dignidade humana, enfraquecerem a democracia e ameaçarem a paz e a estabilidade. Por ocasião desta Cimeira, a Comissão Europeia anunciou o lançamento da iniciativa EUROsociAL cujo objectivo é favorecer o intercâmbio de experiências, de saberfazer e de boas práticas entre as duas regiões em matéria social, concretamente nos sectores da educação e da saúde que são fundamentais para reforçar a coesão social.

• O multilateralismo: os representantes das duas re‑giões reiteraram que um sistema multilateral eficaz, assente no direito internacional, apoiado por insti‑tuições internacionais fortes e centrado na ONU, é essencial para obter a paz e a segurança internacional, o desenvolvimento sustentável e o progresso social.

• A integração regional: os Chefes de Estado recor‑daram o seu apoio aos projectos destinados a pro‑mover o desenvolvimento económico, social, cul‑tural e humano sustentável a nível regional, tendo salientado a importância dos acordos programados entre a UE e as subregiões da América Latina e das Caraíbas.

Para mais informações sobre a Cimeira de Guadalajara, consul-tar a página Web seguinte:http://europa.eu.int/comm/world/lac-guadal/00_index.htm

Cimeira UE-ALC Maio de 2004, Guadalajara (México) .

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Foram realizadas reuniões paralelas entre a Tróica da UE e o Mercosul, a América Central, a Comunidade Andina, o Chile e o México.

No que respeita às Caraíbas, o diálogo político prossegue no âmbito do Acordo de Parceria ACPU‑nião Europeia.

Para mais informações, consultar a página Web seguinte: http://europa.eu.int/comm/external_relations/la/news/ip05_601.htm

— Lançamento da avaliação conjunta dos processos de integração da América Central e da Comunidade Andina

Em Guadalajara, os Chefes de Estado e de Governo declararam que a conclusão de acordos de associação que incluam acordos de comércio livre entre a UE e a América Central e entre a UE e a Comunidade Andina constituía um «um objectivo estratégico comum», tendo decidido que o processo conducente a este tipo de acordos devia ser iniciado mediante o lançamen‑to de uma fase de avaliação conjunta da integração económica das duas regiões. Por conseguinte, foram criados grupos de trabalho comuns que se reuniram

2.2. De Guadalajara a Viena: realizações

2.2.1. Aprofundamento das relações

— Prossecução do diálogo político

Em Maio de 2005, os Ministros dos Negócios Es‑trangeiros da União Europeia reuniram‑se no Lu‑xemburgo com os seus homólogos do Grupo do Rio, instância que reúne todos os países da América Latina, bem como representantes das Caraíbas. Estas reuniões entre a UE e o Grupo do Rio compõem um dispositivo essencial para o diálogo político entre as duas regiões.

Os debates centraramse nos processos de integração regional da América Latina, bem como nas questões relativas às desigualdades sociais e à exclusão. Os mi‑nistros trocaram pontos de vista em matéria de cria‑ção de emprego como meio de luta contra a pobreza, tendo igualmente debatido a preparação da Cimeira da ONU de Setembro de 2005 que, entre os seus ob‑jectivos, pretendia avaliar a consecução dos Objecti‑vos de Desenvolvimento do Milénio estabelecidos em 2000, com vista à erradicação da pobreza no mundo.

L. Rachid de Cowles, Ministra instead of Ministro.

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em várias ocasiões. A entrega dos respectivos traba‑lhos está prevista para 2006.

A Comissão deseja que a Cimeira de Viena pro‑porcione a oportunidade de se efectuar um balanço dos progressos realizados em matéria de integração regional nas duas regiões e uma análise para deter‑minar se estão reunidas as condições para a abertura rápida das negociações dos acordos de associação e de comércio livre.

— Negociação de um Acordo de Associação e de comércio livre entre a UE e o Mercosul

Prosseguiram as negociações tendo em vista um acordo de associação e de comércio livre entre a UE e o Mercosul. Em Setembro de 2005, os ministros das duas regiões reuniramse em Bruxelas, tendo reco‑nhecido que, não obstante a realização de progressos consideráveis, ainda havia um caminho a percorrer para concluir as negociações. Aprovaram um roteiro para a organização de duas reuniões técnicas e chega‑ram a acordo sobre uma série de medidas destinadas a aprofundar a dimensão estratégica da parceria UE‑Mercosul e a consultar o sector privado. Por ocasião da Cimeira de Viena, a Comissão pretende fazer um balanço das negociações em curso e reflectir sobre as etapas seguintes.

— Negociação de um acordo de parceria económica entre a UE e as Caraíbas

Em conformidade com o Acordo de Cotonu as‑sinado entre a União Europeia e os países ACP, o regime comercial actual dará lugar a um Acordo de Parceria Económica (APE) de âmbito mais vasto. Este acordo está actualmente em fase de negociação e de‑verá entrar em vigor em 1 de Janeiro de 2008. O seu objectivo consiste em favorecer a integração regional e o desenvolvimento económico da região das Caraí‑bas, valorizando as potencialidades da região.

As negociações com vista à conclusão de um Acor‑do de Parceria Económica com a região das Caraí‑bas foram lançadas em 16 de Abril em Kingston, na Jamaica. O APE deverá respeitar as regras da OMC. Após ter definido as prioridades comuns, tanto em matéria de integração regional como de calendário e de temas das negociações, as negociações respeitam doravante às questões prioritárias, à determinação da estrutura concreta do APE e à definição da abordagem a adoptar em matéria de liberalização do comércio.

— Adopção de uma estratégia europeia de luta contra as drogas ilícitas

Em Guadalajara, os Chefes de Estado das duas re‑giões reiteraram a vontade de reforçar a cooperação

XIIa reunião entre a UE e o Grupo do Rio no Luxemburgo.

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e de combater os problemas causados pelo tráfico e pelo consumo de drogas ilícitas. Em 2005, a União Europeia adoptou uma estratégia de luta contra o consumo, a produção e o tráfico de drogas ilegais para o período de 20052012. Esta estratégia assenta numa abordagem equilibrada e integrada centrada na dimi‑nuição da oferta e da procura. A cooperação da UE baseiase no princípio da responsabilidade partilhada: a Europa comprometeuse a fazer baixar a procura no seu território, mas também a ajudar a América Latina a combater o tráfico de drogas ilegais, apoiando, por exemplo, os programas de desenvolvimento alternati‑vo. O consumo de drogas ilícitas na Europa tem vindo a aumentar e o tráfico proveniente não só da América Latina mas também das Caraíbas regista um forte cres‑cimento. Por conseguinte, é de grande interesse para a UE o reforço dos organismos responsáveis pela aplica‑ção da lei em toda a região, incluindo nas Caraíbas.

Para mais informações, consultar a página Web seguinte: http://europa.eu.int:8082/comm/external_relations/drugs/docs/strategy_05_12.pdf

— Análise do fenómeno migratório entre a Europa e a América Latina e as Caraíbas

Confrontados com a exclusão económica, diversos nacionais dos países da América Latina e das Caraíbas vão trabalhar para o estrangeiro. Os fluxos migratórios

Projecto de luta contra a droga cofinanciado pela UE nas Ca-raíbas

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para a Europa aumentaram rapidamente e a migração tornouse, para os países de origem, um enorme desa‑fio em termos económicos, sociais e políticos.

Em Setembro de 2005, a Comissão Europeia adop‑tou uma comunicação onde apresenta uma série de propostas destinadas a explorar mais eficazmente as potencialidades oferecidas pela migração e pelos mi‑grantes na política de desenvolvimento dos países.

Para mais informações, consultar a página Web seguinte: «Migração e desenvolvimento: “algumas orientações concretas» COM (2005) 390 final, 1 de Setembro de 2005.

2.2.2. Aprofundamento da cooperação e da ajuda ao desenvolvimento

A. Execução da cooperação

A política de cooperação e de ajuda ao desenvolvi‑mento da Comissão Europeia em favor da América Latina é organizada a níveis diferentes: com os países (cooperação bilateral e apoio orçamental), com as su‑bregiões (cooperação subregional) e com a região no seu conjunto (cooperação biregional). A Comissão intervém igualmente através das rubricas orçamen‑tais ditas «temáticas» e, por último, participa de forma cada vez mais directa junto dos governos da região através do «apoio orçamental» que permite comple‑mentar os recursos orçamentais nacionais com fundos internacionais, de modo a permitir ao país beneficiá‑rio atingir um certo número de objectivos.

Cooperação bilateral

A Comissão elabora «Documentos de Estratégia por País» nos quais fixa as prioridades da sua cooperação com cada país. Em seguida, assina acordos de finan‑ciamento com os governos, privilegiando os sectores seguintes: a luta contra a pobreza e as desigualdades sociais; a consolidação do Estado de Direito e a pro‑moção da paz; a cooperação económica e o desenvol‑vimento do comércio.

Cooperação subregional

A cooperação subregional permite à Comissão apoiar os processos de integração regional: o Sistema de Integração CentroAmericano (SICA), a Comu‑nidade Andina das Nações (CAN) e o Mercado Co‑mum do Sul (MERCOSUL).

Cooperação biregional

Os programas de cooperação biregional têm como objectivo desenvolver relações mais estreitas entre a sociedade civil, em sentido lato, da América Latina e

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da Europa e abordam temas fundamentais da coesão social e da integração regional.

• No domínio do ensino universitário, 1 583 es‑tudantes da América Latina beneficiam de bolsas de estudo com vista à obtenção de mestrados e dou‑toramentos em diferentes universidades europeias, graças ao Programa Alban. Além disso, o Programa Alfa procura promover a cooperação entre os insti‑tutos de ensino superior das duas regiões.

Para mais informações, consultar as páginas Web seguintes: http://europa.eu.int/comm/europeaid/projects/alban/index_fr.htm http://europa.eu.int/comm/europeaid/projects/alfa/index_fr.htm

• Em matéria de cooperação económica, o Progra‑ma Al-Invest contribui para a internacionalização das empresas das duas regiões, incentivando as PME europeias a investir na modernização das empresas latinoamericanas que o desejem a nível tecnológico e da gestão, a promover as transferências de tecno‑logias e de conhecimentos técnicos e a manter uma cooperação duradoura e de interesse mútuo. Para o efeito, são organizados encontros entre empresas do mesmo sector de ambos os lados do Atlântico. Com 75 milhões de euros afectados desde 1994, o Progra‑ma AlInvest permitiu obter um volume de negócios superior a 500 milhões de euros, o que pressupõe uma rendibilidade do investimento de 6,67.

Para mais informações, consultar a página Web seguinte: http://europa.eu.int/comm/europeaid/projects/al-invest/index_fr.htm

• No sector do desenvolvimento urbano, o Pro‑grama URBAL procura criar laços directos e só‑lidos entre as cidades europeias e as cidades latino‑americanas, mediante a divulgação, a aquisição e a aplicação das “melhores práticas” no domínio das políticas urbanas. Este programa permitiu reunir mais de 500 autarquias locais em torno de projectos de defesa do ambiente e que promovem a partici‑pação dos cidadãos, as políticas sociais, a luta contra a pobreza, a segurança e a democracia.

Para mais informações, consultar a página Web seguinte: http://europa.eu.int/comm/europeaid/projects/urbal/index_fr.htm

• Finalmente, a fim de honrar eficazmente os com‑promissos assumidos na Cimeira de Guadalajara, a Comissão Europeia criou o Programa EUROso-ciAL que tem como objectivo reforçar a coesão das sociedades latino‑americanas através das políticas públicas nos sectores da educação, da saúde, da ad‑ministração da justiça, da fiscalidade e do emprego.

Rubricas temáticas

A Comissão Europeia presta apoio a acções de coo‑peração na América Latina através das rubricas orça‑

Projecto de construção nas Caraíbas.

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mentais temáticas, abertas a todo o mundo, que dizem respeito aos domínios seguintes: democracia e direitos humanos, segurança alimentar, ambiente e florestas, minas antipessoal, saúde e questões de género.

Para mais informações, consultar a página Web seguinte: http://europa.eu.int/comm/europeaid/projects/index_en.htm

Apoio orçamental

Trata‑se de uma modalidade de cooperação ino‑vadora que consiste, num sector específico e tendo em vista uma política aprovada com a(s) entidade(s) financiadora(s), em complementar os recursos orça‑mentais nacionais com fundos internacionais, a fim de permitir ao beneficiário atingir um certo número de objectivos ao longo do tempo. O apoio orçamental exige uma gestão adequada e programada das finanças públicas, bem como um quadro de concertação tripar‑tida adequado entre Estado, entidade(s) financiadora(s) e sociedade civil que permita simultaneamente a defi‑nição conjunta de uma estratégia sectorial sob a égide do Estado beneficiário, o acompanhamento periódi‑co e a avaliação quantitativa dos seus resultados, sendo o pagamento dos fundos efectuado pela(s) entidade(s) financiadora(s) em função dos progressos realizados.

Neste contexto, foram aprovados diversos progra‑mas na América Latina: na Nicarágua (educação e de‑senvolvimento rural), na Bolívia (água e saneamento), nas Honduras (descentralização) e em El Salvador.

Em 2004, foi aprovado o Programa de Apoio Sec‑torial para os Serviços de Abastecimento de Água e Saneamento (PASAAS) que prevê uma assistência técnica e financeira de 51,5 milhões de euros, de 2004 a 2007, para apoiar o sector da água e do sane‑amento na Bolívia. Os principais beneficiários des‑te programa são os habitantes de pequenas comuni‑dades com menos de 10 000 pessoas que proporão e acompanharão a execução das actividades e dos trabalhos, no âmbito de um programa nacional.

B. Programação da cooperação para o período 2007-2013

América Latina

A Comissão Europeia está a concluir o exercício de programação da sua política de cooperação e de ajuda ao desenvolvimento para o período 20072013 em re‑lação à América Latina, concedendo especial atenção ao objectivo da luta contra a pobreza.

Para os países de baixos rendimentos e para os paí‑ses incluídos na categoria inferior dos países de ren‑

dimento intermédio, os recursos financeiros servirão, prioritariamente, para apoiar a execução de reformas tendo em vista a concretização dos Objectivos de De‑senvolvimento do Milénio. Serão afectados, nomea‑damente, à promoção da coesão social (luta contra as desigualdades sociais) que é uma condição essencial da redução da pobreza.

A Comissão continuará a apoiar os países de rendi‑mento intermédio através da cooperação económica e da cooperação para o desenvolvimento, tendo em conta o papel que desempenham nas questões políti‑cas, de segurança, de estabilidade e de comércio.

A Comissão deseja prosseguir a cooperação no do‑mínio da integração subregional com o Mercosul, a Comunidade Andina e a América Central.

Finalmente, a Comissão deveria concentrar a sua programação para o conjunto da América Latina em sectores de interesse regional estratégico capazes de dar resposta aos desafios regionais: coesão social para reduzir a pobreza, as desigualdades e a exclusão; coo‑peração no domínio da luta contra a droga; integração regional e cooperação económica; ensino superior.

Crianças na Bolívia.

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Caraíbas

A Comissão lança em 2006 o seu exercício de pro‑gramação pós 9º FED (período 2007‑2013) para a re‑gião das Caraíbas. O objectivo principal consiste em contribuir para um crescimento da riqueza produzida, para o desenvolvimento sustentável da região e para a redução das desigualdades. Para tal, a Comissão ten‑ciona lançar acções concretas destinadas a reforçar a competitividade das empresas da região, a desenvolver as complementaridades e as sinergias entre países e a reforçar as capacidades e as instituições, tanto a nível nacional como regional.

Para além dos aspectos comerciais, a Comissão tenciona transformar o Acordo de Parceria Econó‑mica com a região das Caraíbas num verdadeiro ins‑trumento ao serviço do desenvolvimento da região. Por este motivo, pretende definir com a região os eixos prioritários de intervenção para iniciar refor‑mas susceptíveis de promover o crescimento das em‑presas que operam na região e de reduzir os custos de transacção.

Finalmente, a região das Caraíbas é vulnerável sob alguns aspectos que exigem uma especial atenção, como o tráfico de droga, a criminalidade e a vio‑lência, as catástrofes naturais e a fuga de cérebros. A Comissão deseja contribuir para a resolução destes problemas no âmbito da sua política de ajuda ao de‑senvolvimento.

2.3. Os desafios e os objectivos da Ci‑meira de Viena de Maio de 2006

As cimeiras UE‑ALC são acontecimentos marcan‑tes. Desempenham um papel essencial nas relações entre as duas regiões e constituem ocasiões únicas para fazer avançar as questões de interesse comum.

Na sua comunicação de 8 de Dezembro de 20055, a Comissão Europeia elabora recomendações para redi‑namizar a parceria entre a UE e a América Latina, in‑dicando que, embora a Europa esteja disposta a assumir mais compromissos com a América Latina, espera em troca um maior empenhamento por parte desta região. Nesta linha, a Cimeira de Viena poderia constituir um momento decisivo para pôr à prova esta relação, pro‑porcionando, com efeito, a oportunidade de redina‑mizar a parceria, salientando que aquilo que nos une é um forte interesse por esta aliança, que deveria ser plenamente explorada no interesse das duas regiões.

2.3.1. Temas em debate

A consolidação da parceria estratégica entre a UE e os países da América Latina e das Caraíbas permitiu, ao longo dos últimos anos, estabelecer um diálogo entre as duas regiões que abrange todos os domínios de interesse comum. Na Cimeira de Viena, os Che‑fes de Estado e de Governo terão a oportunidade de analisar doze tópicos que correspondem a preocupa‑ções mútuas e se revestem de especial importância no contexto mundial e que deverão permitir atingir o objectivo anunciado no título da Cimeira «Reforçar a parceria estratégica biregional»:

— Democracia e direitos humanos

— Reforço da estratégia multilateral de apoio à paz, à estabilidade e ao respeito pelo direito interna‑cional

— Terrorismo

— Droga e crime organizado

— Ambiente (nomeadamente prevenção e prepa‑ração relativamente a catástrofes e atenuação dos seus efeitos)

— Energia

— Acordos de associação; integração regional, co‑mércio; conexão (investimento, infra‑estruturas, sociedade da informação)

— Crescimento e emprego

— Luta contra a pobreza, a desigualdade e a exclusão

— Cooperação para o desenvolvimento e financia‑mento internacional do desenvolvimento

— Imigração

— Partilha dos conhecimentos e capacidades huma‑nas: ensino superior, investigação, ciência e tecno‑logia, cultura.

Estes tópicos coincidem com os três eixos princi‑pais da Cimeira que deverão articularse em torno das questões de promoção da segurança, da prosperidade e da coesão social. Serão abordados na perspectiva de instaurar um diálogo aberto e aprofundado sobre a sua problemática actual e as suas implicações futuras a nível biregional e, em seguida, de analisar as possibili‑dades de actividades concretas a nível operacional.

(5) Para mais informações, consultar o documento seuinte: «Uma parceria reforçada entre a União Europeia e a América Latina», COM (2005)636 final, 8 December 2005. http://europa.eu.int/comm/external_relations/la/news/ip05_1555.htm

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2.3.2. A participação de todos os interve-nientes da parceria bi-regional: even-tos à margem da Cimeira de Viena

A fim de retirar o máximo partido do potencial da Ci‑meira, esta deve valorizar a grande riqueza e diversidade cultural, humana e geográfica das duas regiões. Por este motivo, foram criados espaços no âmbito dos quais vo‑zes diferentes poderão exprimir‑se e ser ouvidas. Com efeito, a Cimeira é muito mais do que uma reunião de Chefes de Estado e de Governo: graças à organização de diversos acontecimentos paralelos, tratase na realida‑de de um processo que permite uma participação activa dos intervenientes não estatais, que são chamados a dar um contributo significativo para os debates.

Estes eventos proporcionam à sociedade civil (ONG, sindicatos, meios empresariais, peritos, etc.) a oportunidade de estarem presentes na Cimeira e de participarem nos seus trabalhos, que incluem encon‑tros temáticos sobre a coesão social, a água, a energia e a investigação, a imigração, a droga, a pobreza, a democracia e o desenvolvimento, a sociedade da in‑formação, etc.

Outras reuniões de nível ministerial permitirão ins‑taurar o diálogo entre a UE e as diferentes entida‑des regionais (América Central, Caricom, Mercosul, Comunidade Andina) e os países com os quais a UE dispõe de um quadro de diálogo e de cooperação ins‑titucionalizado (México, Chile).

Lista dos eventos à margem da Cimeira de Vienaco-financiados ou co-organizados perla Comissão Europeia

Eventos Local Data Organizador

Reunião de altos funcionários UEALC sobre ciência e tecnologia

Salzburgo (Áustria) 1‑3 de Fevereiro de 2006 Ministério da Educação, Ciência e Cultura da Áustria

Reunião de peritos UE‑ALC sobre a imigração Cartagena (Colômbia) 1‑2 de Março de 2006 Comissão Europeia

Mecanismo de Cooperação e de Coordenação UE‑ALC sobre as Drogas

Viena (Áustria) 6‑7 de Março de 2006 Ministério dos Negócios Estrangeiros da Áustria

Conferência de alto nível sobre a promoção da Coesão Social – As experiências da UE, da América Latina e das Caraíbas

Bruxelas (Bélgica) 27‑28 de Março de 2006 Comissão Europeia

3º Fórum biregional das ONG Viena (Áustria) 30 de Março‑1 de Abril de 2006

Asociación Latino Americana de Organizaciones de Promoción (ALOP)

4ª reunião das organizações da sociedade civil da Europa, da América Latina e das Caraíbas

Viena (Áustria) 5‑7 de Abril de 2006 Comité Económico e Social Europeu

Reunião de peritos UE‑ALC sobre a energia Bruxelas (Bélgica) 20‑21 de Abril de 2006 Comissão Europeia

Reunião interparlamentar entre o Parlamento Europeu e o Parlamento Latino‑Americano

Bregenz (Áustria) 24‑25 de Abril de 2006 Parlamento Europeu, Parlamento Latino‑Americano

4º Fórum ministerial UE‑ALC da sociedade da informação

Lisboa (Portugal) 28‑29 de Abril de 2006 Comissão Europeia, Ministério da Ciência e da Tecnologia de Portugal

Fórum das empresas UEALC Viena (Áustria) 12 de Maio de 2006 Ministério da Economia, Câmara Federal Económica da Áustria

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3. Desafios temáticos

3.1. Coesão Social

O desafio das desigualdades sociais

Segundo a Comissão Económica para a América Latina e as Caraíbas da ONU (CEPAL), o número de pessoas que vivem numa situação de pobreza na América Latina e nas Caraíbas atingiu 227 milhões em 2003, ou seja, 44,4 % da população. Esta elevada percentagem reflecte desigualdades flagrantes entre ricos e pobres. A região da América Latina e das Ca‑raíbas, que apresenta níveis de rendimento relativa‑mente elevados em relação a outras regiões do mun‑do, é todavia considerada actualmente uma das menos igualitárias.

As populações indígenas, bem como as populações de origem africana, as mulheres e as crianças são es‑pecialmente afectadas pela precariedade e pela mar‑ginalização. Estas desigualdades constituem um factor de enfraquecimento da democracia e de fragmentação das sociedades. Comprometem o crescimento e o de‑senvolvimento económico, podem gerar perturbações sociais e instabilidade política e favorecem o desen‑volvimento da criminalidade e da insegurança. A go‑vernança democrática e a coesão social estão estreita‑mente ligadas: a pobreza, o acesso limitado à educação e à saúde e a falta de perspectivas limitam o exercício dos direitos cívicos e políticos. Como consequência, a confiança nas instituições é minada e a plena participa‑

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gurar um nível de coesão social satisfatório. O Estado pode, nomeadamente, conceder uma atenção especial (1) às políticas sociais e fiscais; (2) ao investimento pro‑dutivo para mais e melhores empregos; (3) as políticas de luta contra a discriminação e (4) à melhoria dos serviços sociais de base. O objectivo de uma maior co‑esão exige igualmente a prossecução dos esforços de democratização através da governação participativa.

A promoção da coesão social e da redução da po‑breza converteram‑se numa prioridade nos progra‑mas de desenvolvimento nacional de numerosos paí‑ses da América Latina. Nos últimos anos, o aumento substancial das despesas sociais implicou melhorias significativas em domínios sociais, designadamente na educação e na saúde. Resta, contudo, um esforço im‑portante a fazer a fim de melhorar, por exemplo, os serviços públicos e a fiscalidade.

A experiência europeia

A União Europeia enfrenta igualmente cada vez mais problemas para manter o seu nível de coesão social. No Conselho Europeu de Lisboa de Março de 2000, os Chefes de Estado e de Governo da UE defi‑niram uma estratégia global de luta contra a exclusão social e a pobreza.

Sítio Internet: http://www.europa.eu.int/comm/employment_so-cial/soc-prot/soc-incl/ex_prog_en.htm

A política regional da União Europeia, que existe desde os anos setenta, procura igualmente assegurar uma maior coesão económica e social entre as diver‑sas regiões dos Estados‑Membros.

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Coeficiente de Gini 2005, distribuição dos rendimentos (PIB por habitante, PPA $ US)

Regiões do mundo

África subsaariana

Mundo

América Latina e Caraíbas

Ásia Oriental e do Pacífico

Europa Oriental, Europa Central e CEI

Países de rendimento elevado da OCDE

Ásia do Sul

Fonte: Relatório Mundial do Desenvolvimento Humano 2005, PNUDO coeficiente de Gini mede a desigualdade na distribuição do rendimento. Coeficiente elevado = forte desigualdade.

ção no processo democrático impedida. Lutar contra as desigualdades constitui, pois, um imenso desafio.

Como edificar sociedades mais solidárias?

Aquando da Cimeira de Guadalajara, os Chefes de Estado e de Governo da UE, da América Latina e das Caraíbas declararam: «Insistimos no facto de a pobreza, a exclusão e as desigualdades constituírem atentados à digni-dade humana (...). Reiteramos o nosso empenhamento em atingir os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio até 2015 e sublinhamos a nossa determinação em edificar socie-dades mais justas através do reforço da coesão social, tendo muito especialmente em mente os princípios de responsabili-dade global comum».

A coesão social tornou‑se um objectivo partilhado e um eixo essencial das relações entre as duas regiões. No contexto da globalização, a promoção da coesão social visa edificar sociedades mais solidárias, ofere‑cendo a todos oportunidades reais de acederem aos direitos fundamentais e ao emprego, de beneficiarem do crescimento económico e de participarem plena‑mente na sociedade. A promoção da coesão social é essencial para lutar contra a pobreza e as desigualdades. É igualmente indissociável da consolidação da demo‑cracia. O desafio é combinar crescimento económico e emprego, equidade e solidariedade. Este objectivo exige a adopção de estratégias integradas e adaptadas às realidades específicas de cada país.

O Estado face às suas responsabilidades

Na União Europeia, como na América Latina e nas Caraíbas, o papel do Estado é fundamental para asse‑

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Sítio Internet: http://europa.eu.int/comm/regional_policy/index_fr.htm

Na América Latina, foram recentemente adoptadas importantes iniciativas em matéria de luta contra a pobreza e de criação de postos de trabalho, que con‑tam com o apoio decidido da Comissão. Esta última deseja partilhar a sua experiência e cooperar de forma construtiva.

A abordagem da Comissão Europeia

A Comissão comprometeu‑se a:

• Fazer da coesão social o tema prioritário da sua política de ajuda e de cooperação para o desen‑volvimento na América Latina (programação 2007‑2013);

• Promover uma maior coordenação com as orga‑nizações internacionais;

• Lançar um diálogo bi‑regional sobre a forma de associar crescimento económico, emprego e soli‑dariedade;

• Favorecer a criação de parcerias entre as autorida‑des públicas, os parceiros sociais, a sociedade civil e o sector privado.

A título de exemplo, a Comissão Europeia tomou a iniciativa, em Maio de 2004, de criar o programa EUROsociAL, cujo objectivo é ajudar os países da América Latina a executarem políticas sociais, nos domínios da saúde, da educação, da justiça, do empre‑go e da fiscalidade.

Em Maio de 2005, reuniram‑se em Washington re‑presentantes da Comissão Europeia, do Fundo Mo‑netário Internacional, do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento, que sublinha‑ram a importância de reforçar a coesão social na América Latina e nas Caraíbas.

Em Março de 2006, teve lugar em Bruxelas, por iniciativa da Comissão, uma conferência de alto nível sobre a coesão social, que permitiu trocar experiên‑cias na matéria. Por último, a Comissão Europeia de‑seja que o tema da coesão social figure na ordem do dia da Cimeira de Viena.

Sítio Internet: http://europa.eu.int/comm/external_relations/la/sc/sc_en/index_en.htm

Uma acção cada vez mais coordenada

A principal entidade mutuante (BID) e o maior do‑ador (Comissão Europeia) no que respeita à América Latina colaboram activamente a fim de criar uma par‑ceria e levar a cabo iniciativas concretas para a me‑

lhoria da coesão social. O Memorando de Entendi‑mento assinado entre estas duas instituições, em Maio de 2002, consagra a equidade social e a redução da pobreza como o domínio fulcral da sua intervenção coordenada.

3.2. Respeito pelos direitos humanos, pela democracia e pelo Estado de Direito: valores comuns

Por iniciativa do grupo de Contadora, a Comunida‑de Europeia decidiu, em 1984, apoiar uma iniciativa de paz e de desenvolvimento na América Central, ba‑seada na definição de uma plataforma política e eco‑nómica negociada entre e com os países da sub‑região. Essa iniciativa marca o início do diálogo de San José, que lançou as bases para uma identidade específica da cooperação europeia nesta região: a combinação “democracia, paz e desenvolvimento” com a garantia de uma parceria duradoura.

Desde então, a protecção da democracia e dos di‑reitos humanos passou a constituir uma componente essencial da cooperação entre a União Europeia e os países da América Latina e das Caraíbas. A partir dos anos noventa, as convenções de Lomé, inicialmente concebidas como acordos de parceria política, econó‑mica e social entre a CE e os países ACP, começaram a conferir cada vez mais proeminência aos aspectos políticos (respeito pela democracia, pelos direitos hu‑manos e pelo Estado de Direito).

Progressivamente, o respeito pela democracia, pelos direitos humanos e pelo Estado de Direito tornou‑se um elemento essencial de todos os novos acordos de parceria concluídos entre a União Europeia e os países terceiros. Para a América Latina e as Caraíbas em par‑ticular, traduz um compromisso comum e determi‑nado para com os princípios da Declaração Universal

Missão de observação eleitoral da UE na Venezuela.©

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dos Direitos do Homem e os valores democráticos. O objectivo principal é progredir na matéria através do diálogo e da cooperação. No âmbito da parceria estra‑tégica que une a Europa à América Latina e às Caraí‑bas, a protecção dos direitos humanos e da democracia e o apoio ao sistema multilateral foram portanto con‑siderados desde o início como uma prioridade funda‑mental, confirmada na Cimeira de Guadalajara.

A UE coopera com os países da América Latina e das Caraíbas para a protecção dos direitos humanos, da democracia e do Estado de Direito através do fi‑nanciamento de projectos de cooperação levados a cabo por governos, organizações regionais (como a comissão interamericana dos direitos humanos), ONG, universidades e outras organizações da socie‑dade civil. A UE apoia igualmente os esforços dos países da América Latina e das Caraíbas no sentido da estabilização democrática, mediante o financiamento de missões de observação eleitoral.

Sítio Internet: http://europa.eu.int/comm/europeaid/projects/ei-dhr/index_en.htm

3.3. Promoção do multilateralismo

A parceria UE‑ALC traduz a vontade das partes de promoverem um sistema internacional assente

nos princípios do multilateralismo, regido por regras consensuais de aplicação universal e por meca‑nismos multilaterais de vigilância.

Um dos aspectos fundamentais da parceria entre a UE e a América Latina é a vontade de concertação sobre temas de interesse comum, nomeadamente no âmbito das Nações Unidas, que desempenham e de‑vem continuar a desempenhar um papel essencial para atingir a paz e a segurança no mundo, o desenvolvi‑mento sustentável e o progresso social. A qualidade e o bom funcionamento desse diálogo são essenciais para a defesa e a promoção dos valores comuns às duas regiões.

Uma das prioridades da parceria UE‑ALC consiste no desenvolvimento de mecanismos de consulta entre as duas regiões no âmbito das instâncias internacio‑nais e dos organismos multilaterais. Ambas as regiões estão convencidas de que, actualmente, o multilate‑ralismo constitui o único método eficaz para tratar as relações internacionais mundiais. Trata‑se de um imperativo que foi veementemente reiterado aquan‑do da Cimeira de Guadalajara. A União Europeia, a América Latina e as Caraíbas adoptaram posições convergentes relativamente a numerosos domínios de carácter internacional, tais como o Protocolo de Quioto, o Tribunal Penal Internacional, a luta contra

Visita de José Manuel Barroso, Presidente da Comissão Europeia a Kofi Annan, Secretário-Geral da ONU, Maio de 2005.

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a pena de morte, etc. Esta convergência de posições é designadamente possível devido à partilha de deter‑minados valores.

A UE tem manifestado a sua vontade de reforçar o multilateralismo, colaborando o mais estreitamente possível com as organizações internacionais compe‑tentes em matéria de cooperação com os países da América Latina e das Caraíbas:

— com as Nações Unidas: importa referir que o orçamento da UE atribui anualmente aos or‑ganismos especializados da ONU cerca de 300 milhões de euros. Conjuntamente com as contri‑buições dos Estados‑Membros, a UE é a princi‑pal entidade financiadora mundial das operações das Nações Unidas. Entre os organismos especia‑lizados da ONU, a Comissão Económica para a América Latina e as Caraíbas (CEPAL), o Progra‑ma das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Secretariado Internacional do Tra‑balho são parceiros privilegiados da parceria UE‑ALC, dados os seus conhecimentos técnicos dos problemas económicos, sociais e ambientais.

— com o Banco Interamericano de Desenvol-vimento (BID), que constitui, neste domínio, um parceiro sólido e o principal organismo de con‑cessão de empréstimos e assistência técnica não reembolsável à região ALC. O Memorando de Entendimento, assinado a 16 de Maio de 2002 entre a Comissão Europeia e o BID permitiu lan‑çar iniciativas comuns, nomeadamente em maté‑ria de coesão social, de consulta da sociedade civil, da problemática das catástrofes naturais, do apoio à integração regional, etc.

— com o Banco Mundial, nomeadamente a nível da coordenação das estratégias de redução da po‑breza nos países mais pobres (na América Latina: Nicarágua, Honduras e Bolívia).

— com o Fundo Monetário Internacional, no‑meadamente no âmbito da Iniciativa para os Paí‑ses Pobres Altamente Endividados.

Existem também mecanismos de diálogo com ou‑tros intervenientes que desempenham um papel eco‑nómico e político importante, tal como a Organiza‑ção dos Estados Americanos.

3.4. Integração regional

A União Europeia incentiva os outros países a es‑tabelecerem laços estreitos com os seus vizinhos e a agruparem‑se em torno de organizações regionais

institucionalizadas. A Europa apoiou desde sempre os processos de integração regional na América Latina e nas Caraíbas e acolheu favoravelmente a criação, em Dezembro de 2004, da Comunidade Sul‑Americana das Nações.

Devido à sua história e ao seu próprio processo de integração, a UE pode trazer um verdadeiro valor acrescentado. A UE deseja ajudar os seus parceiros a tirarem também eles proveito dos ganhos substanciais proporcionados pela integração regional: facilitar o crescimento económico e os investimentos; fornecer uma base sólida para a estabilidade política e a pre‑venção dos conflitos; reforçar a sua influência na cena internacional.

Os países da América Latina enveredaram de forma determinada pela via da integração regional. O Mer‑cosul (« Mercado Comum do Sul »), o SICA («Sis‑tema de Integração Centro‑Americano ») e a CAN (« Comunidade Andina das Nações ») representam os três principais processos de integração regional na América Latina.

Na região das Caraíbas, a UE apoia os esforços dos países membros da CARICOM e do CARIFO‑RUM, através de diversas iniciativas em matéria de integração regional:

• A “Estratégia regional de integração e de de-senvolvimento do CARIFORUM”, adoptada em Abril de 2002, tem por objectivo preparar as economias do CARIFORUM para superar as di‑ficuldades decorrentes da sua integração na econo‑mia mundial.

• O apoio da UE concentra‑se igualmente nos im‑portantes esforços envidados pelos Estados‑Mem‑bros e pelas instituições regionais para incentivar a

Projecto de construção de uma segunda ponte-canal no Pana-má com apoio do BEI .

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integração económica nomeadamente mediante a criação da Economia e Mercado Único da CA-RICOM.

• A Comunidade presta igualmente apoio ao proces‑so de integração regional, através do Acordo de Parceria Económica (APE) actualmente em ne‑gociação.

• Em matéria de reforço institucional, a UE apoia a estratégia de integração desta região na econo‑mia mundial a nível bilateral, multilateral e regional. A UE apoia nomeadamente a região das Caraíbas na sua participação nas negociações no âmbito da OMC e nas negociações sobre o APE.

O apoio ao aprofundamento da integração regio‑nal constitui o sector de concentração do Programa Indicativo Regional das Caraíbas no âmbito do 9°

FED, beneficiando de 75% a 90% da dotação regional inicial de 57 milhões de euros.

Um elemento importante para reforçar os laços en‑tre os países é o desenvolvimento de redes de infra‑es‑truturas transnacionais. É este especialmente o caso dos países da América Latina e das Caraíbas, cuja con‑figuração geográfica complexa constitui um obstáculo à integração territorial. É por essa razão que a Comis‑são Europeia tenciona incentivar as instituições finan‑ceiras europeias (Banco Europeu de Investimento) e latino‑americanas a apoiar a integração territorial, através da interconexão das redes de infra‑estruturas, nomeadamente nos domínios da energia, da água, dos transportes, das telecomunicações e da investigação. A Comissão poderia partilhar de forma útil a sua expe‑riência na matéria e incentivar os seus parceiros a pla‑nearem de forma concertada as suas infra‑estruturas.

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4. Relações sub‑regionais e bilaterais

4.1. A UE e o Mercosul

O Mercosul é um processo dinâmico de integração regional entre a Argentina, o Brasil, o Paraguai e o Uruguai. Com uma população de 221 milhões de habitantes (2002) e um PIB de 777 mil milhões de dólares (2004), o Mercosul é o quarto maior grupo económico do mundo. A União Europeia mantém relações históricas, políticas e económicas fortes com os países desta região. Desde o lançamento do Mer‑cosul, em 1991, a União tem apoiado o processo de integração regional e continua a fazê‑lo actualmente com o objectivo de estabelecer com estes países uma parceria estreita e aprofundada.

Abrir o caminho para um acordo de associa-ção UE-Mercosul

Existe entre a UE e o Mercosul um diálogo políti‑co regular a nível de Chefes de Estado e a nível mi‑nisterial e de altos funcionários. Em 1995, estas duas regiões assinaram um acordo‑quadro de cooperação com o objectivo de “aprofundar as relações entre as Partes e de preparar as condições para a criação de uma associação inter‑regional”. Durante a Cimeira do Rio de Janeiro realizada em 1999 as autoridades das duas regiões decidiram encetar negociações ten‑do em vista a assinatura de um acordo de associação, abrangendo:

— a liberalização da totalidade do comércio de bens e serviços;

— a intensificação da cooperação;

— o aprofundamento do diálogo político.

Sede do Mercosul (Montevideo).

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Além disso, este acordo global abrangerá ainda ou‑tros aspectos, nomeadamente: o acesso aos merca‑dos, as regras em matéria de contratos públicos, os investimentos, os direitos de propriedade intelectual, as políticas de concorrência, as medidas sanitárias e fitossanitárias, os obstáculos técnicos ao comércio, os vinhos e as bebidas espirituosas, a facilitação do co‑mércio, os instrumentos de defesa comercial, a criação de um mecanismo de resolução de litígios, etc.

Valores relativos às trocas comerciais entre a UE e o Mercosul

A União Europeia é o principal parceiro co-mercial do Mercosul, representando quase 23% das trocas comerciais realizadas por esta região e igual‑mente o seu investidor mais importante. As rela‑ções comerciais (exportações e importações) entre o Mercosul e a União Europeia representam 2,3 % do volume total do comércio externo total da UE. As importações na UE originárias do Mercosul provêm essencialmente do sector agrícola (53%), de máquinas (6%), de equipamentos de transporte (6%) e de pro‑dutos químicos (3%). As importações originárias da UE provêm sobretudo do sector das máquinas (32%), de produtos químicos (22%), de produtos agrícolas (9%) e de equipamentos de transporte (7%).

Os investimentos estrangeiros directos provenientes da UE no Mercosul registaram um aumento acen‑tuado até 2001, ano em que totalizaram mais de 120 mil milhões de euros. Em 2002, na sequência da crise económica que afectou os países do Mercosul, as re‑servas de investimentos da UE no Mercosur diminuí‑ram de forma significativa, tendo atingido 70 milhões de euros, montante que se manteve em 2003. No en‑tanto, os primeiros valores disponíveis para 2004 pa‑recem apontar para um incremento significativo dos investimentos europeus no Mercosul.

É a primeira vez que dois blocos comerciais ne‑gociaram um acordo de associação. Estas negociações têm nomadamente por objectivo a criação de uma zona de comércio livre entre as duas regiões graças à liberalização do comércio de bens e de serviços, no respeito das regras da OMC. Após a conclusão das negociações, este acordo passará a ser primei-ro acordo de associação entre duas regiões e o maior acordo de comércio livre do mundo, abrangendo 683 milhões de pessoas.

Entre Abril de 2000 e Janeiro de 2006, realizaram‑se treze séries de negociações, em Bruxelas e nas capitais dos países que asseguravam a presidência rotativa do Mercosul.

Em Setembro de 2005 realizou‑se em Bruxelas uma reunião de negociadores a nível ministerial. Durante este encontro, Benita Ferrero‑Waldner, Ma‑riann Fischer Boel e Peter Mandelson, Membros da Comissão, e os seus homólogos do Mercosul rei‑teraram a importância da criação de uma parceria estratégica entre a UE e o Mercosul, bem como o carácter prioritário que conferem à conclusão de um acordo de associação ambicioso e equitativo: este acordo servirá para reforçar as relações políticas, comerciais e económicas entre os dois blocos e contribuirá para reduzir as dis-paridades sócio-económicas existentes entre as duas regiões. Embora tenham reconhecido que já foram realizados progressos substanciais tendo em vista a conclusão do acordo de associação, os minis‑tros acordaram na necessidade de redobrar esforços para atingir um grau de ambição que traduza a im‑portância estratégica deste acordo.

Está prevista para Maio de 2006 uma reunião mi‑nisterial aquando da Cimeira de Viena, que será a ocasião para fazer o balanço dos resultados obtidos até à data e para continuar a fixar orientações políticas relativamente ao processo de negociação.

Vertente comercial das negociações em curso

As negociações sobre a vertente comercial do Acordo assentam em três princípios orientadores. Em primeiro lugar, as negociações são conduzidas numa base bi‑regional entre duas regiões, nomea‑damente a UE, por um lado, e o Mercosul, por ou‑tro. Em segundo lugar, as partes têm por objectivo concluir um acordo equilibrado e ambicioso que vá além dos compromissos já assumidos no âmbito da OMC, tanto em matéria de regras como de acesso ao mercado. Por último, o acordo deverá constituir um «conjunto coerente» que deverá ser criado pelas partes na sua globalidade.

A prova de atletismo da UE (Brasil).

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Relações bilaterais entre a UE e os países do Mercosul

A Comissão Europeia mantém relações bilaterais com cada um dos quatro países fundadores do Mer‑cosul. Estas relações baseiam‑se na existência de acor‑dos‑quadro de cooperação que instituem comissões mistas, no âmbito das quais os dois parceiros abordam periodicamente questões de interesse mútuo.

Com a Argentina, são abordados vários temas de interesse comum no âmbito de diálogos sectoriais:

— Questões económicas e financeiras;

— Sociedade da informação;

— Programa Galileu de rádio‑navegação por satélite;

— Direitos humanos;

— Cooperação no âmbito das Nações Unidas.

O objectivo a médio prazo consiste em alargar o âmbito das relações bilaterais entre a CE e a Argenti‑na. Em matéria de ciência e tecnologia, em Dezembro de 2000 entrou em vigor o Acordo de Cooperação Científica e Tecnológica entre a CE e a Argentina. Este país participou activamente no Quarto e Quinto Programas‑Quadro para a Investigação e Desenvol‑vimento Tecnológico, nomeadamente numa série de projectos e em vários programas temáticos.

A CE e o Brasil mantêm um diálogo sectorial em vários domínios. Dado que a UE é o primeiro par‑ceiro comercial do Brasil e um dos seus principais in‑vestidores, abundam os temas de discussão em matéria de comércio bilateral. Seguidamente, o ambiente é um tema chave, tanto para a UE como para o Bra‑sil, e sobre o qual os dois parceiros trocam pontos de vista à margem das grandes reuniões internacionais. Entre os outros temas abordados, figuram igualmente a cooperação para o desenvolvimento, a ciên-cia e a tecnologia, incluindo o Programa Galileu da UE, a sociedade de informação e os transportes.

Atendendo ao papel cada vez mais importante de‑sempenhado pelo Brasil a nível internacional e regio‑nal, o objectivo a médio prazo consiste em alargar as relações bilaterais entre a CE e o Brasil.

Em matéria de ciência e tecnologia, o Brasil parti‑cipou activamente no Sexto Programa‑Quadro para a Investigação e Desenvolvimento Tecnológico da UE, associando‑se a uma série de projectos e participando em diferentes programas temáticos. Existe um impor‑tante potencial em matéria de cooperação científica e tecnológica com o Brasil. É por este motivo que a CE concluiu um acordo de cooperação científica e tecno‑lógica com esse país em Junho de 2005, que deverá en‑trar em vigor brevemente e permitir uma maior parti‑cipação do Brasil no Sétimo Programa‑Quadro para a Investigação e Desenvolvimento Tecnológico da UE.

Por último, no que respeita ao Paraguai e ao Uru-guai, é de referir que foram assinados recentemente acordos no domínio dos transportes aéreos entre a Comunidade Europeia e estes dois Estados parceiros.

UE, principal doador de ajuda ao Mercosul

Actualmente, a União Europeia é o principal doa‑dor de ajuda ao Mercosul. Entre 2000 e 2006, o fi‑nanciamento concedido pela CE no contexto da co‑operação económica e da ajuda ao desenvolvimento totalizará 250 milhões de euros.

As prioridades são as seguintes:

Mercosul: Apoio ao reforço da institucionaliza‑ção do Mercosul, conclusão do mer‑cado interno e participação da socie‑dade civil (48 milhões de euros).

Argentina: Reforma institucional, promoção co‑mercial e económica, sociedade da in‑formação, promoção dos investimen‑tos, política dos consumidores (65,7 milhões de euros).

Brasil: Reforma económica, administração pública, desenvolvimento social, ciên‑cia e tecnologia, ambiente (64 milhões de euros).

Paraguai: Modernização do Estado, promoção do comércio e do investimento, de‑senvolvimento sustentável, luta contra a pobreza (51,7 milhões de euros).

Uruguai: Reforma económica, modernização do Estado, integração regional, desen‑volvimento social, ambiente, ciência e tecnologia (18,6 milhões de euros).

Projecto social da UE para deficientes: oficina de próteses, Ro-sário (Argentina).

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Mercosul, Comércio com o mundoMilhhões €Fonte: FMI.

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95.92298.519

68.068

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25.657

62.322

93.565

31.243

77.963

110.857

32.894 35.718

50.994

15.276

41.876

59.352

17.476

Importações Exportações Saldo

6 m 2 0 0 4 6 m 2 0 0 52 0 0 12 0 0 0

O Mercosul beneficia igualmente dos programas regionais Al‑Iinvest, URB‑AL, ALFA e @LIS).

Para os próximos anos, a cooperação com o Mer‑cosul deverá articular‑se em torno dos seguintes temas:

— Apoio ao reforço da institucionalização do Mer‑cosul;

— Apoio ao aprofundamento do Mercosur e à aplica‑ção do futuro Acordo de Associação UE‑Mercosul,

— Reforço da participação da sociedade civil, do co‑nhecimento do processo de integração regional e da compreensão mútua.

Para mais informações: http://europa.eu.int/comm/external_relations/mercosur/intro/in-dex.htm

35 000

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UE, Comércio com o MercosulMilhões €Fonte: Eurostat.

24.567

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24.215

-352

25.77224.628 25.172

18.529

-6.643

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25.992

15.585

18.364

28.331

-9.967

21.644

13.527

-8.117

22.582

15.079

-7.504

Importações Exportações Saldo

9 m 2 0 0 4 9 m 2 0 0 52 0 0 12 0 0 0

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Produtosagrícolas

53 %

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6 %

Equipamento de transporte

6 %

Produtosquímicos

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UE, Importações do Mercosul(2004)

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Milhões €Fonte: Eurostat.

Produtos agrícolas9 % Energia

1 %

Maquinaria32 %

Equipamentode transporte

7 %

Produtosquímicos

22 %

Diversos27 %

UE, Exportações para o Mercosul(2004)

Têxtil evestuário

2 %

Milhões €Fonte: Eurostat.

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10,0

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UE, Investimento Directo Estrangeiro com o Mercosul (fluxos)Mil milhões €Fonte: Eurostat.

2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3

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16,115,0

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2,4

-1-6 -5

Entradas

Saídas

Saldo

140,0

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UE, Investimento Directo Estrangeiro com o Mercosul (stocks) Mil milhões €Fonte: Eurostat.e: IDE estimado (stock 2002 + fluxos 2003)

2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3 e

2,9

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3,9

67,9

3,8

67,3

Entradas

Saídas

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4.2. A UE e a Comunidade Andina

Desde a criação da Comunidade Andina em 1969, anteriormente conhecida como ”Pacto Andino”, as relações entre a União Europeia e esta sub‑região da América Latina desenvolveram‑se consideravelmente. No quadro das relações assim estabelecidas, dispomos actualmente de instrumentos políticos, de cooperação e de comércio.

Um diálogo político cada vez mais estruturado

A UE e a Comunidade Andina (constituída pela Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela) parti‑lham os mesmos valores e princípios democráticos. O diálogo político entre as duas regiões teve início em 1996 com a Declaração de Roma e assume a forma de reuniões periódicas a nível ministerial e presidencial. Este processo foi reforçado e institucionalizado através de um acordo de diálogo político e de cooperação concluído por ambas as regiões em 2003, que aguarda a ratificação por todas as partes para entrar em vigor.

A luta contra a droga é um dos temas prioritá‑rios deste diálogo político. Anualmente, são organiza‑das reuniões de alto nível para trocar pontos de vista

e unir os esforços realizados por ambas as partes, a fim de desenvolver acções mais eficazes de luta contra este fenómeno em relação ao qual cada uma destas duas regiões detém uma quota‑parte de responsabilidade: a União Europeia, enquanto região de consumo e a Comunidade Andina, como região produtora.

A coesão social é outro domínio fundamental que ocupa um lugar de destaque no diálogo entre ambas as regiões. Após a adopção em 2004 pela Comunidade Andina de um plano integrado de desenvolvimento social desenvolveu‑se uma cooperação cada vez mais estreita neste domínio.

À margem do diálogo político formal, organizado a nível sub‑regional, existem múltiplos contactos entre

Laboratório de Paz em Magdalena Medio, Colômbia.

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Comissária Europeia, Benita Ferrero-Waldner e Presidente de Peru, Alejandro Toledo.

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os países da Comunidade Andina e a União Europeia. Por exemplo, na Colômbia, os Estados‑Membros da União Europeia participam activamente no G‑24, instância que coordena a comunidade internacional presente no país e que constitui uma interface com o Governo. Além disso, a tróica da UE efectua as di‑ligências necessárias junto do Governo colombiano sempre que circunstâncias especiais o justificarem.

Uma cooperação que já produziu resultados em nu-merosos domínios

Ao longo dos anos sucederam‑se vários acordos de cooperação entre a União Europeia e a Comunida‑de Andina, destinados a reforçar essa cooperação e a alargar o seu âmbito de aplicação. O primeiro destes acordos data de 1983. O acordo actualmente em vi‑gor foi assinado em 1993.

A União Europeia é o maior doador de aju-da pública ao desenvolvimento na região an-dina. Esta ajuda tem, simultaneamente, um carácter geográfico e temático. O apoio de tipo”geográfico” concedido pela Comunidade Europeia aos países da região através das suas estratégias nacionais e regio‑nais ascende a quase 500 milhões de euros para o período 2000‑2006. A ajuda comunitária de carácter ”temático” é atribuída através de ”rubricas orçamen‑tais horizontais” que abrangem domínios específicos como a democracia e os direitos humanos, a ajuda humanitária, o combate à droga, os refugiados, etc. No seu conjunto, os fundos afectados aos países da

Comunidade Andina através destas rubricas temáticas representam cerca de 350 milhões de euros para o período 2000‑2006.

Entre os exemplos de projectos bilaterais empre‑endidos no quadro das estratégias nacionais, podem citar‑se os laboratórios de paz na Colômbia, os pro‑gramas alternativos de desenvolvimento na Bolívia, um programa de saúde cujos principais beneficiários são as comunidades indígenas da ”Sierra” do Equa‑dor, o projecto do Peru em matéria de protecção do ambiente e um ambicioso projecto de prevenção das inundações e de reconstrução na Venezuela. As activi‑dades de cooperação a nível da sub‑região ”Comuni‑dade Andina” destinam‑se, em primeiro lugar, a con‑solidar e a reforçar a integração regional nesta região.

Nos próximos anos, a cooperação deveria articu‑lar‑se em torno dos seguintes temas: a coesão eco‑nómica e social, a integração económica regional e a luta contra as drogas ilegais.

Para mais informação: http://europa.eu.int/comm/external_relations/andean/intro/in-dex.htm

O comércio entre as duas regiões

A União Europeia é o segundo maior parceiro co‑mercial da Comunidade Andina. Em 2004, a UE re‑presentava 12,5% do conjunto das trocas comerciais desta região. Em contrapartida, a Comunidade Andi‑na representava 0,7% das trocas comerciais da União Europeia com países terceiros durante este período.

Projecto de desenvolvimento alternativo PRODAPP, Pozuzo, Peru .

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3�

As trocas comerciais entre a UE e os países andinos passaram para quase o dobro nos anos noventa, tendo atingido cerca 16,8 milhões de euros em 2001. Após vários anos de flutuações, as trocas comerciais deverão registar um resultado ainda melhor em 2005, graças sobretudo ao aumento das exportações da Comuni‑dade Andina para a União Europeia.

Enquanto a Comunidade Andina exporta maiori‑tariamente matérias‑primas (energia, produtos agrí‑colas, agro‑industriais e da indústria mineira) para a União Europeia, esta última exporta sobretudo pro‑dutos manufacturados (principalmente maquinaria e produtos químicos) para os países andinos.

As relações comerciais entre as duas regiões ba‑seiam‑se no Sistema de Preferências Generalizadas, que compreende um regime especial de incentivo ao desenvolvimento sustentável e à boa governação (o ”SPG +”). Este regime é concedido actualmen‑te aos cinco países andinos, o que permite à grande maioria das exportações andinas a entrada na União Europeia com isenção de direitos aduaneiros. Um dos objectivos do regime em questão é apoiar os esforços dos países beneficiários na luta contra a produção e o tráfico de droga.

Apesar da importante abertura do mercado europeu aos produtos originários dos países andinos importa‑dos ao abrigo do regime SPG+, a União Europeia e a Comunidade Andina empenharam‑se nos últimos anos num processo ambicioso de aproximação que deverá culminar num acordo de associação bi-re-gional. Este acordo deveria criar e regulamentar uma vasta zona de comércio livre de bens e serviços, bem como definir um quadro legislativo comum para os investidores de ambas as regiões.

Um futuro muito prometedor

Após a ratificação do acordo sobre o diálogo polí‑tico e a cooperação por todas as partes, este oferecerá

um quadro jurídico geral, tanto para o diálogo po‑lítico como para as actividades de cooperação em‑preendidas entre ambas as regiões. O diálogo político continuará com reuniões a nível de Chefes de Estado e de Governo, tal como em Guadalajara em 2004 e em Viena em 2006, e com reuniões ministeriais como a realizada no Luxemburgo em 2005. No que se refe‑re às actividades de cooperação, a partir de 2007 terá início um novo ciclo. Entretanto, estão a ser prepara‑dos novos programas de cooperação geográficos para o período de 2007 a 2013.

Durante a Cimeira UE‑CAN celebrada à margem da Cimeira de Guadalajara, os Chefes de Estado deci‑diram que a celebração de um acordo de associação, que incluiria os aspectos comerciais dentro do quadro jurídico que rege as relações entre a União Europeia e a Comunidade Andina, seria o objectivo estratégico comum para ambas as regiões. Tal demonstra a von‑tade partilhada de passar a um nível superior nas re‑lações entre ambas as regiões e evidencia o papel de‑sempenhado pela integração regional na estabilidade e no desenvolvimento económico e social.

Piscicultura na Bolívia.

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4.8 3.8

0.6 1.30

70 000

60 000

50 000

40 000

30 000

20 000

10 000

0

Comunidade Andina, Comércio com o mundoMilhões €Fonte: FMI.

2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4

48.722

5.594

65.659

16.937

53.687

59.281

44.569

56.057

11.488

36.201

53.182

16.981

43.583

65.324

21.741 20.008

30.635

10.627

24.865

39.543

14.679

Importações Exportações Saldo

6 m 2 0 0 4 6 m 2 0 0 52 0 0 12 0 0 0

10 000

8 000

6 000

4 000

2 000

0

-2 000

-4 000

UE, Comércio com a Comunidade AndinaMilhões €Fonte: Eurostat.

2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4

Importações Exportações Saldo

9 m 2 0 0 4 9 m 2 0 0 52 0 0 12 0 0 0

8.153

4.8

-955

7.020

8.8637.908

8.852

7.085

-1.767 -2.324

7.910

5.586 5.979

8.904

-2.925

6.796

4.260

-2.536

7.966

5.290

-2.676

-1.134

Produtos agrícolas9 %

Energia1 %

Maquinaria32 %

Equipamentode transporte

7 %

Produtosquímicos

22 %

Diversos27 %

UE, Exportações da Comunidade Andina(2004)

Têxtil evestuário

2 %

Milhões €Fonte: Eurostat.

Produtosagricolas

36 %

Energia25 %

Maquinaria1 %

Equipamentode transporte

2 %

Produtosquímicos

2 %Diversos32 %

UE, Importações da Comunidade Andina (2004)

Têxtil evestuário

2 %

Milhões €Fonte: Eurostat.

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4.3. UE‑América Central “O Diálogo de San José”

Relações cada vez mais estreitas

Nas duas últimas décadas, a União Europeia em‑penhouse firmemente ao lado dos países da Améri‑ca Central em prol da paz e do desenvolvimento económico e comercial da região. Especialmente inovador, o espaço de debate político regular entre a Europa e a América Central criado em 1984, conhe‑cido sob o nome de “Diálogo de San José”, permitiu tomar iniciativas com vista à resolução dos conflitos internos e à consolidação da democracia, acompa‑nhando simultaneamente o arranque económico regional. Reforçada por estas realizações, a parceria ganhou novas ambições por ocasião dos encontros sucessivos de Florença (1996) e subsequentemente Madrid (2002). A integração e a segurança regionais, o ambiente e as catástrofes naturais, as relações bi‑regionais e a concertação política sobre as questões internacionais de interesse comum passaram a figurar na agenda das discussões.

Complementarmente a este diálogo político, a UE dedicou‑se a apoiar os esforços da região, através de uma vasta gama de programas de cooperação, em do‑mínios tão diversos como os direitos humanos e a de‑mocracia, o desenvolvimento das pequenas e médias empresas, a redução da pobreza, a segurança alimentar, a protecção do ambiente, o desenvolvimento rural ou a ajuda humanitária. O primeiro acordo de coope‑ração entre UE e América Central foi assinado no Luxemburgo em 1985, seguido do acordo‑quadro de cooperação actualmente em vigor, assinado em São Salvador em 1993. Este último deverá ser substituído proximamente por um novo acordo de diálogo e de cooperação política, cujo texto foi assinado em Roma em 2003. Uma vez ratificado por todas as partes, este novo acordo reforçará ainda mais as relações bi‑re‑gionais, abrindo assim a via a uma profícua parceria institucional e económica.

Na via de uma parceria estratégica

Na Cimeira de Guadalajara, realizada em Maio de 2004, a UE e os Chefes de Estado e de Governo de América Central reafirmaram que a celebração de

um acordo de associação entre ambas as regiões, acompanhado de uma zona de comércio li-vre, era o seu objectivo estratégico comum, com vis‑ta a aprofundar o processo de integração económica regional. Neste contexto, os Chefes de Estado e de Governo comprometeram‑se a enveredar por esta via através de uma fase de avaliação conjunta da inte‑gração económica da América Central, iniciada em Janeiro de 2005. Foi igualmente decidido que, no fu‑turo, qualquer acordo de comércio livre se inscreveria no quadro das negociações comerciais multilaterais em curso (“processo de Doha”) e que se apoiaria na realização de um nível suficiente de integração eco‑nómica regional.

“Estou extremamente satisfeita com as novas medidas adoptadas com vista à assinatura de um acordo de asso-ciação plena entre a UE e América Central. As nossas relações com a América Central assentam em laços histó-ricos e culturais de longa data, assim como em valores co-muns. Desejamos que a nossa amizade seja consolidada, tanto no plano político como económico. Na perspectiva da próxima Cimeira a realizar em Viena em 2006, é com confiança que encaro o futuro deste processo.” Be‑nita Ferrero‑Waldner, Comissária responsável pelas Relações Extenas da UE.

Deflorestação nas Honduras.

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Tendo em conta a ajuda concedida pela UE ao con‑tinente latino‑americano no seu conjunto, o nível de cooperação com a América Central é relativamente elevado, não só em valor absoluto como por habitante.

Durante o período 20022006, a UE disponibi-lizou mais de 600 milhões de euros aos países de América Central, ao abrigo do orçamento comunitário, em sectores tais como a integração regional, a prevenção das catástrofes naturais, a boa governação e a redução da pobreza. Graças a estes programas, foi dada especial atenção à situação das populações indígenas, ao desenvolvimento local e à gestão sustentável dos recursos naturais. A esta política de cooperação a favor da região vem juntar‑se a ajuda concedida por intermédio das rubricas orçamentais horizontais “temáticas” estabelecidas pela União, que abrangem domínios como a ajuda humanitaria (atra‑vés do Serviço de Ajuda Humanitária da Comissão Europeia‑ECHO), a segurança alimentar, assim como a defesa dos direitos humanos e da democracia. A Co‑missão concedeu ainda uma ajuda significativa na se‑quência das catástrofes naturais que assolaram perio‑dicamente a região, como o furacão Stan em 2005.

Na sequência das conclusões da Cimeira de Guada‑lajara de 2004, a cooperação com a América Central nos próximos anos deveria articular‑se em torno de dois eixos principais:

— Apoiar o processo de integração política e econó‑mica com vista a um acordo de associação com a UE, a fim de consolidar a democracia e a estabili‑dade na região, reforçando simultaneamente a sua competitividade económica.

— Melhorar o nível de coesão social na América Central, através de iniciativas de promoção da

educação, da saúde, do desenvolvimento rural, da descentralização e da boa governação.

Uma política de cooperação inovadora

A responsabilização dos beneficiários, a harmoniza‑ção entre as entidades financiadoras e a promoção de estratégias públicas concertadas com a sociedade civil constituem os grandes princípios em torno dos quais se articula cada vez mais a cooperação da UE com América Central. De acordo com estes princípios e tendo em conta os progressos realizados em matéria de gestão das finanças públicas, a Comissão Europeia esforça‑se, sempre que possível, por executar a sua política de cooperação por intermédio de programas sectoriais financiados através de apoio orçamental. Esta modalidade de aplicação da cooperação, simultanea‑mente inovadora e ambiciosa, já foi utilizada em três ocasiões, desde 2003, na Nicarágua e nas Honduras.

A Comissão, que evolui gradualmente para esta nova forma de cooperação indissociável de um di‑álogo político intenso, pretende ser um parceiro pri‑vilegiado dos países de América Central a fim de os ajudar a superar o duplo desafio de uma maior coesão social interna num contexto de uma melhor integra‑ção regional.

Em 2003, a Comissão assinou uma con-venção de financiamento para apoiar o Plano Nacional de Educação da Nicarágua 20002015. Baseado nos Objectivos de Desenvol‑vimento do Milénio no domínio da educação e em concertação com o conjunto das entidades fi‑nanciadoras, o Plano pretende melhorar a cober‑tura escolar e a qualidade do ensino. A Comissão colocou à disposição do Governo da Nicarágua um montante de 52,5 milhões de euros para um período de quatro anos. A transferência dos fun‑dos para o orçamento do Estado processa‑se de forma proporcional ao nível de cumprimento dos objectivos acordados pelo Governo e o conjunto das entidades financiadoras associadas a este sector. Os indicadores relativos à educação são definidos e avaliados no âmbito de uma mesa redonda sobre esta matéria, que reúne as autoridades nicaraguen‑ses, as entidades financiadoras e os representantes da sociedade civil. No caso de um apoio orçamental, também são tidos em conta os indicadores relativos à boa gestão das despesas públicas. Paralelamente a este apoio sectorial, a Comissão financia também uma assistência técnica aos ministérios da educação e das finanças para ajudar o Governo da Nicarágua a alcançar os objectivos estabelecidos.

Crianças de uma escola financiada pela UE, Nicarágua.©

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Para além da importante abertura do mercado eu‑ropeu aos produtos originários dos países da Améri‑ca Central importados ao abrigo do regime SPG+, a União Europeia e a América Central empenharam‑se nos últimos anos num processo ambicioso de aproxi‑mação que deve culminar num acordo de associação bi‑regional. Este acordo deverá criar e regulamentar uma vasta zona de comércio livre de bens e serviços, bem como definir um quadro legislativo comum para os investidores de ambas as regiões.

As relações económicas e comerciais

A União Europeia é o segundo parceiro comer‑cial da América Central. Em 2004, a UE representava 9% do conjunto das trocas comerciais desta região, enquanto o comércio entre a América Central e a União Europeia representava 0,4% do comércio ex‑terno total da UE durante este período.

As trocas comerciais entre a UE e os países da América Central totalizaram 8,3 milhões de euros em 2004. Este resultado deverá ser ligeiramente supe‑rior em 2005. As exportações originárias da América Central são na sua maioria produtos agrícolas (bana‑nas, café, etc.) e produtos electrónicos. Por seu turno, a UE exporta principalmente material de transporte, maquinaria e produtos químicos.

As relações comerciais entre as duas regiões baseiam‑se no sistema de preferências generalizadas, que inclui um regime especial de incentivo ao desenvolvimento sustentável e à boa governação (o “SPG+”). Este regi‑me é concedido actualmente aos seis países da Améri‑ca Central, o que permite à grande maioria das expor‑tações desta região a entrada na UE com isenção de direitos aduaneiros. Um dos objectivos do regime em questão é apoiar os esforços dos países beneficiários na luta contra a produção e o tráfico de droga.

Jovem das Honduras.

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Conselho de anciãos da comunidade indígena de Mozonte, com o apoio de um projecto da Comissão Europeia (Nicáragua).

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40 000

30 000

20 000

10 000

0

–10 000

–20 000

América Central, Comércio com o mundoMilhões €Fonte: FMI.

27.306

4.8

-11.844

3.8

2 0 0 2 2 0 0 3

0.6 1.30

2 0 0 4

17.519

-9.788

28.548

16.704

27.935

16.328

-11.607

25.113

-10.066

15.047

27.106

14.962

-12.144

13.422

7.745

-5.676

19.394

10.784

-8.610

Importações Exportações Saldo

6 m 2 0 0 4 6 m 2 0 0 52 0 0 12 0 0 0

5 000

4 000

3 000

2 000

1 000

0

-1 000

UE, Comércio com a América CentralMilhões €Fonte: Eurostat.

4.463

4.8

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3.8

2 0 0 2 2 0 0 3

0.6 1.30

2 0 0 4

3.811

-652

3.6563.628

4.2853.906

-379

4.053

-267

3.786

4.409

3.892

-517

3.246

2.583

-662

3.2342.716

-518

Importações Exportações Saldo

9 m 2 0 0 4 9 m 2 0 0 52 0 0 12 0 0 0

Produtos agrícolas45,4 %

Energia0,1 %

Maquinaria45,4 %

Equipamentode transporte

5,2 %

Produtosquímicos

0,4 %

Diversos2,5 %

UE, Importações da América Central(2004)

Têxtil evestuário

1,0 %

Milhões €Fonte: Eurostat.

Produtos agrícolas6 %

Energia4 %

Maquinaria20 %

Equipamentode transporte

34 %

Produtosquímicos

17 %

Diversos17 %

UE, Exportações para a América Central(2004)

Têxtil evestuário

2 %

Milhões €Fonte: Eurostat.

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200,0

150,0

100,0

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UE, Investimento Directo Estrangeiro com a América Central (stocks)Mil milhões €Fonte: Eurostat.e: IDE estimado (stock 2002 + fluxos 2003)

2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3 e

65,894,9 105,3

147,9

105,1

145,9 Entradas

Saídas

4.4. A UE e as Caraíbas

A União Europeia e as Caraíbas mantêm desde há muito relações que assentam no legado da história, em valores comuns, na cooperação económica e co‑mercial e no aumento do volume das suas trocas co‑merciais.

A Comunidade Europeia é, desde 1975, o maior dador de ajuda à região das Caraíbas desde 1975. De um modo geral, a cooperação entre a União Europeia e o Fórum ACP dos Estados das Caraíbas (CARIFO‑RUM) tem por objectivo a criação de condições favo‑ráveis à integração desta região na economia mundial, o seu desenvolvimento socioeconómico sustentável e o respeito pelos princípios da democracia, dos direitos humanos, da boa governação e do Estado de Direito.

As sucessivas convenções UE‑ACP permitiram às Caraíbas beneficiar de um enquadramento de refe‑rência mais propício à cooperação para o desen-volvimento, ao comércio e ao diálogo político.

O diálogo político com as Caraíbas desenvolve‑se essencialmente através das instituições comuns ACP‑UE, designadamente o Conselho de Ministros e a As‑sembleia Paritária ACP‑UE. A nível regional, o diálo‑go anual regional, organizado a nível ministerial entre o CARIFORUM e a Comissão Europeia, constitui uma oportunidade para debater uma grande varieda‑de de temas de interesse comum.

Um vasto leque de iniciativas de cooperação

A ajuda comunitária às Caraíbas continua a abran‑ger uma grande diversidade de sectores, sendo finan‑ciada através de diversos instrumentos, nomeadamen‑te os programas indicativos nacionais, os programas indicativos regionais e os sucessivos FED. Além disso, existem ainda vários outros instrumentos, tais como o Sysmin, o Stabex, o Flex, o QEA e o Interreg III, que se concentram em domínios específicos da coo‑peração (ver glossário). Como se pode ver no quadro a seguir apresentado, os programas em curso a nível regional abrangem diversos sectores, centrando‑se nas principais necessidades em matéria de desenvolvi‑mento da região.

Para mais informações: http://europa.eu.int/comm/development/body/region/rb_fr.htm

15,0

10,0

5,0

0,0

-5,0

UE, Investimento Directo Estrangeiro com a América Central (fluxos) Mil milhões €Fonte: Eurostat.

2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3

10,2 10,0

-0,2

10,4 10,1

-0,3

13,4

10,1

-3,3

Entradas

Saídas

Saldo

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Relações comerciais sólidas

Em 2004, a UE importou dos países das Caraíbas (com excepção de Cuba, que não beneficia do acordo de Cotonu) mercadorias no valor de 3 100 milhões de euros, tendo exportado para esta região mercadorias no valor de 3 900 milhões de euros. Os produtos agrícolas ocupam um lugar importante nas exportações para a EU, enquanto a estrutura das importações é predomi‑nantemente constituída pelos produtos industriais.

Os países das Caraíbas membros do Grupo ACP beneficiam do regime comercial preferencial definido

no Acordo de Cotonu, que prevê a importação com isenção de direitos aduaneiros e não sujeita a con‑tingentes de uma vasta gama de produtos (incluindo todos os produtos industriais).

O regime comercial comunitário aplicável às bananas tem constituído, desde há muito, uma ques‑tão problemática nas relações comerciais entre as duas regiões. O sistema de direitos aduaneiros e de contin‑gentes aplicável às bananas «de todas as origens» foi substituído, em 1 de Janeiro de 2006, por um sistema exclusivamente pautal. Os países ACP continuam a beneficiar de uma preferência pautal no âmbito de uma quota de importação cuja gestão será simplifica‑da no início de 2006. A fim de ajudar a adaptação dos fornecedores tradicionais de bananas dos países ACP às novas condições do mercado, a Comissão adop‑tou, por um período de dez anos a partir de 1999, um Quadro Especial de Apoio destinado a prestar‑lhes assistência técnica e financeira, com o objectivo de aumentar a sua competitividade e/ou promover a diversificação da sua produção.

Muitos países das Caraíbas beneficiam actualmente do protocolo relativo ao açúcar, que prevê a impor‑tação pela UE de quantidades específicas de açúcar a um preço garantido. No entanto, a reforma da or‑ganização comum de mercado do açúcar da EU, que

Turismo3 %

Transportes11 %

Desenvolvimentodo comércio e do

sector privado50 %

Comunicações, telecomunicações & meios de comunicação social

2 %

Precenção de catástrofese planificação prévia

4 %

Agricultura edesenvolvimento rural

7 %

Cooperação regional em curso, por sector

Ambiente5 %

Fonte: Direcção-Geral do Desenvolvimento,Comissão Europeia.

Desenvolvimento humanoe reforço das capacidades

18 %

Um porto nas Caraíbas.

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em vigor em 1 de Janeiro de 2008. O objectivo des‑te APE entre a União Europeia e os países ACP das Caraíbas6 é promover a integração regional e o de‑senvolvimento económico. De facto, o APE apoiará o ambicioso processo de integração regional já em cur‑so, contribuindo assim para maximizar as vantagens dessa integração. Estabelecerá igualmente uma certa flexibilidade para que possam ser tidos em conta os imperativos socioeconómicas dos países das Caraíbas. Constituirá, além disso uma garantia de estabilidade, respeitando simultaneamente as regras da OMC.

prevê uma descida progressiva dos preços no mercado europeu, representa um grande desafio para estes pa‑íses. A UE comprometeu‑se a apoiar a sua adaptação através de um programa de assistência específico e de medidas comerciais.

Na sequência dos compromissos assumidos no âm‑bito do Acordo ACP‑UE, está a ser preparado um programa específico para o arroz, no montante de 24 milhões de euros, que se destina a apoiar os exporta‑dores de arroz das Caraíbas com o objectivo de au‑mentar a eficácia e a competitividade deste sector, em grande medida dependente do mercado europeu.

O Acordo ACP‑UE prevê igualmente o acesso sem restrições e com isenção de direitos aduaneiros para o rum dos países ACP, cuja produção e exportação é importante para alguns países das Caraíbas. Tendo em conta a liberalização crescente do sector, a Comissão Europeia lançou um programa específico para o rum das Caraíbas, no montante de 70 milhões de euros, destinado a promover a modernização do sector, a desenvolver a comercialização da produção e a dimi‑nuir o impacto ambiental desta indústria.

Tal como previsto no Acordo de Cotonu, o regi‑me comercial actual será substituído por um acordo de parceria económica (APE) mais vasto, que entrará

Fábrica de liquefacção de gás natural em Trindade e Tobago.

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Plantação de bananas na Jamaica

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(6) Antígua e Barbuda, Baamas, Barbados, Belize, Domínica, Granada, Guiana, Haiti, Jamaica, República Dominicana, Santa Lúcia, São Cristovão e Nevis, São Vicente e Granadinas, Suriname e Trindade e Tobago.

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fundamentais, assim como a recuperação económica e a melhoria das condições de vida do povo cubano.

As acções de cooperação em favor de Cuba foram iniciadas em 1993. Desde então, a Comissão finan‑ciou acções que atingiram um montante de aproxi‑madamente 145 milhões de euros, a maior parte do qual (90 milhões de euros) para a ajuda humanitária. Em 2000, a Comissão decidiu reduzir progressiva‑mente a ajuda humanitária a fim de privilegiar pro‑jectos que promovam as reformas económicas e o desenvolvimento da sociedade civil. Desde Agosto de 2003, Cuba recusa qualquer forma de coopera‑ção bilateral dos Estados‑Membros e da Comissão Europeia. As autoridades só aceitam a cooperação «indirecta» (canalizada por ONG, fundações, orga‑nizações da Nações Unidas, administrações locais ou regionais), embora com restrições importantes no que respeita à visibilidade e ao acompanhamento no terreno.

Por último, em termos de comércio, a União Euro‑peia constitui o principal parceiro comercial de Cuba. Um terço do volume do comércio total, quase me‑tade do investimento directo estrangeiro e mais de metade dos turistas provêm da Europa.

Para mais informações, consultar: http://europa.eu.int/comm/development/body/country/country_home_en.cfm?cid=cu&lng=en&status=old

Ao associar às suas relações comerciais um apoio tão importante em termos económicos e de coopera‑ção para o desenvolvimento, a UE tem por objectivo ajudar os parceiros das Caraíbas a tirarem partido das oportunidades geradas pelos novos desafios mundiais, aplicando as medidas de acompanhamento necessárias e mantendo sob controlo os custos dessa transição.

Um acordo e um diálogo construtivos com Cuba

Cuba é o único país das Caraíbas que ainda não concluiu um acordo de cooperação com a União Europeia.

Embora não tenha assinado o Acordo de Cotonu, Cuba foi aceite no Grupo ACP em 2000. Desde Ou‑tubro de 2001, é igualmente membro do CARIFO‑RUM, tendo assinado um acordo com vista à criação de uma zona de comércio livre de “âmbito limitado” com a CARICOM.

Em 1996, o Conselho da União Europeia adoptou uma posição comum relativa a Cuba, que define as relações UE‑Cuba e que é objecto de uma revisão periódica. Com base nessa posição comum, a UE pro‑move o diálogo e o envolvimento construtivo com Cuba. A política da UE tem por objectivo promover a transição pacífica para o pluralismo democrático, a promoção dos direitos humanos e outras liberdades

Fábrica de transformação de cana do açúcar na Jamaica.

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Produtor de café das Montanhas Azuis na Jamaica.

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Caraíbas, Comércio com o mundoMilhões €Fonte: FMI.

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5. Relações bilaterais com o México e com o Chile

5.1. A UE e o México

O primeiro país da América Latina a assinar uma parceria privilegiada com a UE

O acordo de parceria económica, de coordenação política e de cooperação assinado em 1997, igual‑mente designado por “Acordo Global», comprova a solidez e a maturidade das relações entre a UE e o México e reflecte a importância crescente desta parceria na cena internacional, bem como a existência de interesses comuns e de valores parti‑lhados, nomeadamente no domínio da democracia e dos direitos humanos.

O referido acordo rege o conjunto das relações entre a União Europeia e o México e prevê, entre outros aspectos, a instituição de um diálogo políti‑co regular a alto nível para tratar de questões não só bilaterais, mas também internacionais. Um Conselho Conjunto, instituído a nível ministerial, reúne‑se uma vez por ano, sendo essa reunião preparada por um Comité Misto composto por funcionários da União Europeia e do México. Além disso, foi instaurado um diálogo frutuoso entre a sociedade civil mexicana e a sociedade civil europeia através da organização de

fóruns, o primeiro dos quais teve lugar em Bruxelas, em 2002, e o segundo no México, em 2004.

Uma estratégia de cooperação multifacetada

O reforço do Estado de Direito, o desenvol-vimento social e a cooperação económica cons‑tituem as prioridades da estratégia de cooperação da UE com o México para o período de 2002‑2006. A dotação financeira consagrada a esta estratégia eleva‑se a 56 milhões de euros.

Igreja em Merida, Estado de Yucatán (México).

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A cooperação económica registou resultados positi‑vos desde a entrada em vigor do acordo de comércio livre em 2000 e diversas organizações mexicanas par‑ticipam activamente nos diversos programas regionais UE‑América Latina. Com efeito, cerca de 3 700 em‑presas mexicanas participaram nos eventos organiza‑dos no âmbito do programa AL‑INVEST, que pro‑move o estabelecimento de alianças entre empresas da União Europeia e da América Latina.

Por outro lado, o governo mexicano e o Presidente Fox colocaram a tónica na luta em prol dos direitos humanos. O empenhamento do governo mexicano levou a UE a considerar o México como um dos pa‑íses prioritários da América Latina no âmbito da Ini‑ciativa Europeia para a Democracia e os Direitos do Homem para o período de 2005‑2006, no âmbito da qual são financiados diversos projectos e organizados múltiplos fóruns de informação.

O acordo de cooperação científica e tecnoló-gica entre o México e a União Europeia entrou em vigor em Julho de 2005 com o objectivo de promo‑ver o estabelecimento de alianças institucionais du‑radouras entre centros de investigação e de facilitar a participação dos institutos de investigação mexicanos no programa‑quadro da UE em matéria de investiga‑ção e desenvolvimento tecnológico.

Relações económicas que proporcionam inú-meras oportunidades

Com a entrada em vigor do acordo de comércio livre em 2000, as relações comerciais entre o Méxi‑

co e a UE, o seu segundo maior parceiro comercial, passaram a ser abrangidas por um novo contexto pre‑ferencial repleto de oportunidades para os agentes económicos, contribuindo assim para reforçar os laços económicos entre os dois parceiros. O acordo de co‑mércio livre prevê um processo assimétrico de libera‑lização do comércio, ao abrigo do qual a redução dos direitos aduaneiros da UE sobre as importações origi‑nárias do México foi mais rápida do que a redução dos direitos aduaneiros do México sobre as importações originárias da EU. Assim, desde 1 de Janeiro de 2003, as exportações mexicanas de produtos industriais (ou seja, cerca de 94% das exportações do México para a União Europeia) podem entrar na União com isenção de direitos. O México dispõe até 2007 para atingir o mesmo nível de liberalização no que respeita aos pro‑dutos originários da UE. As exportações mexicanas são essencialmente constituídas por máquinas, energia e materiais de transporte, sendo as suas importações provenientes da UE basicamente constituídas por má‑quinas, materiais de transporte e produtos químicos. O referido acordo prevê igualmente um tratamento preferencial no que respeita à prestação de serviços e foi um catalisador de investimentos muito importan‑te. Actualmente, existem mais de 7 200 empresas de capitais europeus a operar no México e um número crescente de empresas mexicanas a investir nos países da União Europeia. Por último, o acordo de comércio livre está actualmente a ser objecto de adaptação no que respeita aos sectores da agricultura, dos serviços e do investimento, com o objectivo de aumentar o nível de integração entre as duas economias.

Mercado no México.

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Perspectivas: conferir um novo impulso às relações estabelecidas

Dado o grau de maturidade das relações bilaterais e o nível de desenvolvimento atingido pelo México, a União Europeia e este país pretendem reforçar a sua parceria. Para o efeito, está a ser elaborada uma nova estratégia com o objectivo de intensificar as relações a todos os níveis, sobretudo a nível político, através de um reforço do diálogo. As formas de cooperação deverão corresponder melhor ao potencial do país e ao papel internacional que o México está prestes a desempenhar na cena internacional. As relações em causa serão analisadas em pé de igualdade.

Proposta de uma nova estratégia de coopera-ção para o futuro

Durante os próximos três anos, as três novas verten‑tes da cooperação entre a União Europeia e o Méxi‑co deverão ser:

• O reforço da coesão social com vista a redu‑zir a pobreza e as disparidades entre rendimentos:

trata‑se de identificar os problemas em conjunto e de partilhar a experiência europeia, bem como de apoiar as reformas internas e a elaboração de políticas específicas no México (políticas fiscal, social, da educação, etc.). Certas questões, tais como as desigualdades entre homens e mulheres e a situação das populações indígenas, merecem a maior atenção, beneficiando, por conseguinte, de um tratamento especial aquando da programação de políticas específicas.

• A economia e a competitividade: apoio às reformas económicas, desenvolvimento regional e descentralização a fim de tirar o máximo parti‑do do potencial do Acordo Global.

• Os domínios da educação e cultura: trata‑se de sectores de interesse comum por excelência, abordados através da criação de um programa es‑pecífico de bolsas (bolsas cruzadas) e da atribuição de uma dotação especial destinada à informação, divulgação e visibilidade das acções desenvolvidas pela União Europeia no México.

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5.2. A UE e o Chile

Em 2002, a União Europeia e o Chile assinaram um acordo de associação, que entrou em vigor em 2005, após ter sido ratificado por todos os Esta‑dos‑Membros. Esse acordo, ambicioso e verdadeira‑mente inovador em diversos domínios, institui uma parceria estratégica assente em três vertentes: política, comercial e de cooperação para o desenvolvimento.

Um diálogo político frutuoso

As disposições da parte do acordo relativa ao diá‑logo político prevêem o aprofundamento do diálogo político entre a UE e o Chile, mediante a concerta‑ção das suas posições e a adopção de iniciativas con‑juntas no âmbito das instâncias internacionais. As duas partes pretendem cooperar igualmente em matéria de luta contra o terrorismo. O diálogo entre as partes será aprofundado através do reforço das consultas e da participação da sociedade civil da UE e do Chile,

bem como do contributo periódico de um Comité Parlamentar de Associação.

Em 2004 e 2005, realizaram‑se diversas reuniões de diálogo político entre a UE e o Chile. Nessas reuniões foram abordadas diversas questões, nomeadamente a aplicação do acordo de associação, a situação política, económica e social na América Latina, o papel de‑sempenhado pelo Chile no Conselho de Segurança das Nações Unidas e a reforma dessa organização in‑ternacional, assim como a participação do Chile em diversas missões de paz sob a égide das Nações Uni‑das e da União Europeia.

A cooperação para um desenvolvimento sus-tentável

No domínio da cooperação, a União Europeia e o Chile procuram promover o desenvolvimento susten‑tável, incluindo os seus aspectos sociais, económicos e ambientais. A quase totalidade dos 34,4 milhões de euros afectados no âmbito do «documento de estraté‑gia nacional 2002‑2006» já foi aplicada em programas

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Programa Araucania Tierra Viva para a promoção da exploração sustentável dos recursos naturais (Chile).

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Palácio de la Moneda, sede do Governo do Chile.

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UE, Investimento Directo Estrangeiro com o México (stocks)Mil milhões €Fonte: Eurostat.e: IDE estimado (stock 2002 + fluxos 2003)

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como: o «fundo de apoio à aplicação do acordo de associação» (5 milhões de euros), a «modernização do Estado» (10,670 milhões de euros), as «empresas inova‑doras» (17,2 milhões de euros) e o «apoio à gestão da cooperação entre a UE e o Chile» (530.000 euros).

Nos próximos anos, a cooperação deverá ser articu‑lada em torno dos seguintes sectores:

• Coesão social

• Ensino superior

• Inovação e competitividade

Está igualmente prevista a cooperação no domínio científico, tecnológico e da sociedade da informação. Nessa perspectiva, foi assinado, em 2002, um acor‑do em matéria de ciência e tecnologia entre a UE e o Chile. Esse acordo tem por objectivo encetar um diálogo político bilateral sobre as questões de desen‑volvimento tecnológico e de investigação, o apro‑fundamento da cooperação científica e tecnológica entre as duas partes e a necessidade de se aumentar o investimento em recursos humanos e institucionais, utilizando os recursos disponíveis no âmbito dos di‑ferentes programas europeus criados pela Comissão. A ciência e a tecnologia continuam a constituir um dos sectores mais dinâmicos das relações entre a UE e o Chile, sendo uma vertente de cooperação extrema‑mente eficaz e que apresenta excelentes resultados.

A fim de aprofundarmos as nossas relações bilate‑rais, demos início a um diálogo em matéria de políticas da educação, um sector que possui uma importância crucial para as duas Partes. Em Março de 2005, realizou‑se uma primeira reunião sobre a edu‑cação entre os serviços da Comissão e as autoridades chilenas competentes. Esse diálogo teve por objectivo proceder a um intercâmbio de informações sobre as políticas chilenas e as políticas e programas comuni‑tários neste domínio.

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Projecto de luta contra a desertificação na região de Río Hurtado no Chile, co-financiado pela UE.

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Santiago do Chile.

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Importações Exportações Saldo

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Além disso, em Setembro de 2005, realizou‑se em Santiago do Chile um primeiro diálogo em maté-ria de políticas sociais e de emprego entre a UE e o Chile. O objectivo desse diálogo, cujos resultados foram muito positivos, consistia em desenvolver os conhecimentos recíprocos no que respeita ao diag‑nóstico, às estratégias e às políticas de promoção e de criação de emprego na UE e no Chile. Foi igualmen‑te aprovado um programa de acção a levar a cabo pe‑las duas partes. O objectivo principal destes diálogos consiste em aprofundar e alargar ainda mais o âmbito das relações entre o Chile e a UE.

Por último, em 6 de Outubro de 2005, a UE e o Chile assinaram um primeiro acordo horizontal no domínio dos transportes aéreos.

Uma zona de comércio livre inovadora e am-biciosa

A vertente comercial do acordo de associação abrange uma grande diversidade de domínios. O Chile e a União Europeia conseguiram alcançar um acordo muito inovador e ambicioso, que supera, em grande medida, os compromissos assu‑midos por ambos no âmbito da OMC. Esse acordo cria uma zona de comércio livre no que respeita às mercadorias, prevendo a liberalização progressi-

va e recíproca das trocas comerciais de mer-cadorias durante um período de transição com a duração máxima de dez anos, com o objectivo fi‑nal de assegurar a liberalização total de 97,1% das trocas comerciais bilaterais. A União Europeia é o principal parceiro comercial do Chile. É também o principal investidor estrangeiro no país. A partir da entrada em vigor da zona de comércio livre, as duas partes assistiram a um maior dinamismo das suas tro‑cas comerciais bilaterais. As importações originárias do Chile provêm principalmente do sector dos mi‑nerais (e seus derivados) e do sector agro‑alimentar, as importações originárias da UE provêm sobretu‑do do sector das máquinas, dos equipamentos de transporte e dos produtos químicos. O acordo prevê igualmente a criação de uma zona de comércio livre no domínio dos serviços e a liberalização dos inves‑timentos, contemplando regras destinadas a facili‑tar o comércio de vinhos e de bebidas espirituosas. Prevê, além disso, a abertura recíproca dos contratos públicos e a garantia de uma protecção suficiente e efectiva dos direitos de propriedade intelectual. A aplicação das disposições de carácter comercial do acordo tem decorrido sem problemas.

Para mais informações: http://europa.eu.int/comm/external_relations/chile/intro/index.htm

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6. Ajuda humanitária da UE à América Latina e Às Caraíbas: actividades da Comissão Europeia

Criado em 1992, o Serviço de Ajuda Humanitária da Comissão Europeia (ECHO) financia acções hu‑manitárias para prestar ajuda às vítimas de catástrofes naturais e conflitos fora da União Europeia. Esta aju‑da é facultada às vítimas de modo imparcial, ou seja, independentemente da sua raça, etnia, religião, sexo, nacionalidade ou filiação política.

Os fundos servem para financiar agências humani‑tárias (ONG, agências das Nações Unidas ou a família da Cruz Vermelha) a fim de lhes permitir fornecer bens e prestar serviços, tais como alimentos, vestuário, abrigo, cuidados médicos, abastecimento de água, re‑parações urgentes e desminagem. A Comissão finan‑cia igualmente a preparação e a redução dos riscos ligados às catástrofes naturais nas regiões expostas.

6.1. Deslocação de populações ‑ Colômbia

Com entre 2 000 000 e 3 840 0007 pessoas obri‑gadas pela força a deixar a sua região de origem desde 1985 e uma deslocação adicional de mais de 287 000 pessoas em 20048, a Colômbia é um dos países do mundo com maior número de pes-soas deslocadas. Desde 1994, a Comissão afectou mais de 100 milhões de euros a acções de ajuda hu‑manitária destinadas a essas pessoas e a outros grupos

vulneráveis afectados pelo conflito civil. Estima‑se que cerca de 150 000 pessoas beneficiem anualmente dessa ajuda. Os principais eixos de intervenção são a protecção e a assistência tanto às populações afec‑tadas que permaneceram no país, sofrendo com as deslocações, bloqueios económicos ou confinamento, como às populações que tiveram de se refugiar nos países vizinhos. Este trabalho de assistência tem por objectivo ajudar prioritariamente as populações que a agência nacional mandatada para o efeito, a Red de So-lidaridad Social 9, e as outras instituições do Estado não têm capacidade de apoiar. O ECHO trabalha com o movimento da Cruz Vermelha, agências das Nações Unidas e ONG europeias.

A estratégia de ajuda humanitária da Comissão consiste em:

— garantir, em todas as regiões do país, socorro bá-sico às pessoas deslocadas imediatamente após a deslocação (através do Comité Internacional da Cruz Vermelha e do Programa Alimentar Mun‑dial) e, pontualmente, através de ONG;

— melhorar as condições de vida, restabelecer um nível mínimo de autonomia e promover a integração social das pessoas deslocadas que se encontram em zonas rurais, nas regiões mais afec‑tadas (através de ONG europeias e das sociedades nacionais da Cruz Vermelha na Europa);

— melhorar a protecção das populações atingi‑das pelo conflito e, nomeadamente, a das crianças vulneráveis ao recrutamento forçado pelos gru‑pos armados;

— intensificar o intercâmbio de informações entre as organizações humanitárias, a fim de me‑lhorar a coordenação e a qualidade da ajuda hu‑

C O M I S S Ã O E U R O P E I A

Ajuda humanitária

(7) Dados do Governo e da CODHES (Consultoría para los Derechos Humanos y el Desplazamiento).(8) Dados da CODHES. (9) Entre Janeiro e Outubro de 2005, o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) prestou assistência a 43 548 pessoas.

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manitária (nomeadamente através do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas ‑ OCHA).

O Serviço de Ajuda Humanitária em coordenação com os outros serviços da Comissão e com a sua de‑legação em Bogotá, a fim de reforçar a interligação entre a ajuda de emergência, a reabilitação e o desen‑volvimento.

6.2. Catástrofes naturais

América Central

A América Central constitui, desde a criação do ECHO, uma das suas principais zonas de interven‑ção devido às consequências das catástrofes naturais. A Comissão tem por missão prestar socorro às vítimas dos numerosos furacões, tempestades tropicais, terra‑motos, erupções vulcânicas, secas e inundações. Estes fenómenos representam uma ameaça grave, constante e que está a aumentar em toda a região.

Em 2004 e 2005, a Comissão forneceu a esta região uma ajuda num montante superior a 7,5 milhões de euros para as acções humanitárias clássicas e de 6 mi‑lhões de euros para as acções de preparação das popu‑lações em caso de ocorrência de catástrofes naturais.

A Comissão esteve igualmente presente na Guate-mala em 2003/2004, a fim de suprir a falta de cober‑tura médica de certas populações autóctones das zonas rurais isoladas e financiou uma vigilância

e uma ajuda nutricional directa em favor das crian‑ças que sofrem de má nutrição crónica e grave nessas mesmas zonas isoladas do país.

Aquando da passagem dos furacões Charly e Ivan em Cuba, em 2004, a Comissão financiou o forne‑cimento de bens de primeira necessidade, a reparação das casas e das escolas danificadas, bem como das insta‑lações sanitárias, no montante de 1 milhão de euros.

Em Outubro de 2005, El Salvador e a Guatemala foram devastados pela passagem do furacão Stan. El Salvador foi também atingido pela erupção do vulcão Ilamatpec. A Comissão autorizou, pois, 5,7 milhões de euros para operações de socorro de emergência. Em menos de 24 horas, a Comissão forneceu uma ajuda de emergência que abrangeu a construção de abrigos, o abastecimento em água limpa e potável, kits de primeiros socorros, kits de higiene e de produtos alimentares. Assegurou a prestação de serviços médi‑cos de base às famílias mais atingidas nesses dois países. Em Novembro de 2005 foi tomada uma nova decisão a fim de completar essa assistência nos dois países.

Em 2006, o Serviço de Ajuda Humanitária da Co‑missão abrirá um gabinete local na Guatemala, que lhe permitirá gerir de perto a ajuda financiada em 2005 e a prevista para 2006 destinada às populações afectadas dos dois países.

América Latina

O Serviço de Ajuda Humanitária intervém igual‑mente, em função das necessidades, noutros países da

Programa de sensibilização para a higiene pessoal para as famílias deslocadas (Narino, Colômbia) .

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América Latina, como o Equador, a Bolívia, o Pe-ru e o Paraguai, onde as catástrofes naturais ocorrem de forma recorrente. A Comissão apoia prioritaria‑mente as populações mais vulneráveis quando as es‑truturas locais não conseguem fazer face a catástrofes de grande dimensão. Nos projectos de ajuda humani‑tária financiados, são também introduzidas acções de preparação para fazer face às catástrofes. Entre 1999 e 2005, a ajuda humanitária concedida pela Comissão à América Latina (com excepção do apoio concedi‑do às populações deslocadas na Colômbia e das ac‑ções no âmbito do programa DIPECHO) elevou‑se a mais de 29,5 milhões de euros.

Quando ocorre uma catástrofe natural, o ECHO procura, em primeiro lugar, satisfazer as necessi‑dades mais essenciais, tais como os abrigos tem‑porários, o abastecimento de água, a distribuição de alimentos e kits de emergência (utensílios de cozinha e produtos de higiene), os cuidados mé‑dicos de emergência e de base, bem como o res‑tabelecimento dos sistemas sanitários e a vigilância epidemiológica.

Caraíbas

A estação dos ciclones de 2004 confirmou de modo trágico a exposição das Caraíbas às catástrofes natu‑rais. Entre 2004 e 2005, a Comissão concedeu uma

ajuda humanitária num montante superior a 25,3 milhões de euros. Este montante foi essencial‑mente utilizado para fazer face às situações de emer‑gência na sequência de fenómenos meteorológicos extremos, bem como às inundações e urgências de carácter humanitário provocadas pela situação políti‑ca e social no Haiti.

Em Setembro de 2004, o ciclone Ivan, de grau 5, atingiu gravemente a ilha de Granada e a Jamaica. A Comissão financiou dez operações, no montante de 4 milhões de euros, a fim de prestar assistência às populações mais vulneráveis dos dois países. Em 2006, o ECHO continuará a apoiar um projecto de reabili‑tação de habitações com uma componente de prepa‑ração para as catástrofes na ilha de Granada.

Em Setembro de 2004, o ciclone Jeanne, de grau 3, atingiu três países: República Dominicana, Haiti e Bahamas. A Comissão financiou 15 projectos no montante total de 5,08 milhões de euros.

A Comissão deu igualmente resposta às necessida‑des humanitárias na sequência das inundações que atingiram, fora da estação dos ciclones, a Repúbli-ca Dominicana e o Haiti, em Maio de 2004, e a Guiana, em Janeiro de 2005.

Desde o início de 2004, foram também concedi‑dos 9,3 milhões de euros ao Haiti para satisfazer as necessidades humanitárias ligadas à situação política

Las Maduras, Retalhuleu (Guatemala) - distribuição de material de primeira necessidade na sequência do furacão Stan.

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e social do país. Foram financiados 25 projectos nos domínios da saúde, da água e do saneamento, bem como da segurança alimentar.

6.3. DIPECHO: Programa de prevenção e de preparação para as catástro‑fes naturais

A Comunidade Andina, a América Central e as Caraíbas constituem três das seis regiões abrangidas pelo programa DIPECHO (Disaster Preparedness ECHO). Este programa está orientado para a pre‑paração para fazer face às catástrofes naturais e para a organização das populações nas regiões mais vul‑neráveis e mais frequentemente atingidas. Tem por objectivo melhorar as capacidades das populações em risco para que estas reajam do modo mais adequado, se preparem e se protejam face às catástrofes naturais inevitáveis, a fim de salvar vidas e de evitar perdas económicas. As acções executadas no âmbito do pro‑grama incluem:

— a sensibilização e a formação directa das popula‑ções nas zonas em risco,

— o reforço das capacidades de resposta a nível local,

— a implementação e o reforço de sistemas de alerta rápido,

— a organização de serviços de socorro, bem como de pequenas obras tendo em vista atenuar os efei‑tos das catástrofes.

O programa DIPECHO destina‑se prioritariamen‑te às populações locais mais vulneráveis (factores fí‑sicos, sociais, culturais, económicos e ambientais) e, paralelamente, às autoridades locais, departamentais, nacionais e regionais. Este programa demonstrou que, por vezes, basta a adopção de algumas precauções simples e pouco dispendiosas para contribuir para salvar vidas e diminuir o im-pacto devastador das catástrofes naturais. Entre 2000 e 2005, foram financiados projectos no âmbi‑to do programa DIPECHO na América Central, na Comunidade Andina e nas Caraíbas num montante superior a 34 milhões de euros.

Para mais informações: http://europa.eu.int/comm/echo/index_fr.htm

A construção desta ponte, financiada pelo programa DIPECHO, permite que a aldeia não fique cortada do mundo cada vez que há uma cheia no rio Santa Rosa (Nicarágua)..

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O programa de preparação para fazer face às catástrofes naturais, DIPECHO, permite que as crianças saibam como reagir em caso de erupção vulcânica. Equador.

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Conclusão

A União Europeia, a América Latina e as Caraíbas desenvolveram progressivamente um espaço de concer‑tação e de intercâmbio caracterizado por uma colaboração franca e frutuosa e por progressos consideráveis, nomeadamente em matéria de promoção da democracia e da integração regional.

A quarta Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo das duas regiões, a realizar em Maio de 2006, em Viena, prossegue o aprofundamento da parceria estratégica entre as duas regiões. Demonstra que a América Latina, as Caraíbas e a União Europeia são não só importantes parceiros comerciais, mas também interlocutores privile‑giados, em virtude dos fortes laços históricos e dos valores que lhes são comuns.

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Cronologia das relações entre a União Europeia e a América Latina/Caraíbas

1952 Criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, que está na origem do processo de integração que dará lugar, em 1992, à “União Europeia”.

1969 Criação do Pacto Andino, que dará lugar, em 1996, à Comunidade Andina (Acto de Trujillo).

1973 Criação da CARICOM: Comunidade e Mercado Comum das Caraíbas (Tratado de Chagua‑ramas).

1974 Início das conferências bianuais do Parlamento Europeu e do Parlatino.

1975 Criação do Grupo ACP (África, Caraíbas e Pacífico) e assinatura da primeira Convenção de Lomé (UE‑ACP)

1976 Primeiras actividades de cooperação entre a UE e a América Latina, incluindo certos países das Caraíbas que, na altura, não eram membros do grupo ACP.

1983 Assinatura do primeiro Acordo de Cooperação entre a UE e o Pacto Andino.

1984 Lançamento do Diálogo de S. José entre a UE e os países da América Central.

1985 Assinatura do Acordo de Cooperação entre a UE e a América Central.

1986 Criação do Grupo do Rio.

1990 Declaração de Roma que institui um diálogo político entre a UE e o Grupo do Rio.

1990 Quarta Convenção de Lomé (UE‑ACP), adesão do Haiti e da República Dominicana

1991 Assinatura do Tratado de Asunción, que cria o Mercosul (Mercado Comum do Sul).

1992 Criação do Cariforum.

1994 Assinatura do Protocolo de Ouro Preto, que reforça e institucionaliza o processo Mercosul.

1994 Quarto encontro ministerial entre a UE e o Grupo do Rio, realizado em São Paulo: adopção de uma declaração sobre a “parceria”.

1995 Comunicação da Comissão Europeia: “União Europeia – América Latina: Actualidade e pers‑pectivas do reforço da parceria ‑ 1996‑2000” – COM (95) 495.

1996 Primeira reunião do diálogo de alto nível entre a UE e a Comunidade Andina em matéria de luta contra a droga, na sequência da assinatura, em 1995, dos acordos sobre os “precursores”.

1997 Assinatura do Acordo de Parceria Económica, Política e de Cooperação com o México.

1999 Comunicação da Comissão Europeia: “Uma nova parceria União Europeia ‑ América Latina no dealbar do século XXI” ‑ COM (99) 105.

1999 Primeira Cimeira UE ‑ América Latina/Caraíbas, Rio.

1999 Início das negociações de um acordo de associação entre a UE e o Mercosul.

2000 Comunicação da Comissão sobre o seguimento da Cimeira do Rio: “Seguimento da primeira cimeira entre a América Latina, as Caraíbas e a União Europeia” ‑ COM (00) 670.

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2000 Assinatura do Acordo de Cotonu entre a UE (15 países) e os Estados ACP (77 países).

2000 Entrada de Cuba no Grupo ACP.

2000-2001 Entrada em vigor progressiva do Acordo de Comércio Livre com o México.

2002 Segunda Cimeira UE ‑ América Latina/Caraíbas, Madrid.

2002 Assinatura do Acordo de Associação UE‑Chile.

2002 Assinatura do Memorando de Entendimento entre a Comissão Europeia e o Banco Interame‑ricano de Desenvolvimento (BID).

2003 Entrada em vigor do Acordo de Cotonu.

2003 Entrada em vigor das disposições comerciais provisórias do Acordo UE‑Chile.

2003 Assinatura do Acordo de Diálogo Político e de Cooperação entre a UE e a Comunidade Andina.

2003 Assinatura do Acordo de Diálogo Político e de Cooperação entre a UE e a América Central.

2004 Terceira Cimeira UE – América Latina/ Caraíbas, Guadalajara

2004 Início das negociações dos acordos de parceria económica (APE) com as Caraíbas.

2004 Primeira Tróica UE‑CARIFORUM à margem da Cimeira UE‑ALC

2005 Primeira participação de um Comissário Europeu numa reunião da Conferência da CARI‑COM

2005 Reunião Ministerial UE – Grupo do Rio (Luxemburgo)

2005 Comunicação da Comissão ao Conselho e ao Parlamento Europeu “Uma parceria reforçada entre a União Europeia e a América Latina”

8.12.2005 COM (2005) 636 final

2006 Quarta Cimeira UE – América Latina/Caraíbas, Viena (12‑13 de Maio)

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Léxico

Acordo de Cotonu: Novo acordo de parceria ACP‑UE, concluído em Fevereiro de 2000 por um período de vinte anos (2000‑2020). Este acordo, assim como o seu protocolo financeiro, serão revistos de cinco em cinco anos.

ACP: África, Caraíbas e Pacífico. O Grupo dos países ACP foi constituído com a assinatura, em 1975, da Primeira Convenção de Lomé com a União Euro‑peia. Em 2003, agrupava 79 países.

ALBAN: Programa de bolsas de formação de alto nível da União Europeia para a América Latina.

ALC: América Latina e Caraíbas.

ALFA: América Latina ‑ Formação Académica

Programa de cooperação bi‑regional no domínio do ensino superior.

AL-INVEST: Programa de cooperação bi‑regional entre pequenas e médias empresas europeias e empre‑sas latino‑americanas.

@LIS: Aliança para a Sociedade da Informação. Pro‑grama de cooperação bi‑regional destinado a pro‑mover a sociedade da informação e a luta contra a info‑exclusão.

APE: Acordos de Parceria Económica. Acordos co‑merciais entre a UE e as regiões ACP. Compatíveis com as normas da OMC, estes acordos têm por ob‑jectivo a eliminação progressiva dos obstáculos ao co‑mércio e o aprofundamento da cooperação em todos os domínios relacionados com as trocas comerciais.

Apoio orçamental: Trata‑se de uma modalidade de cooperação inovadora que consiste, em relação a um sector determinado e tendo em vista uma políti‑ca acordada com a(s) entidade(s) financiadora(s), em completar os recursos orçamentais nacionais com fi‑nanciamentos internacionais, a fim de permitir ao beneficiário alcançar um certo número de objectivos escalonados no tempo. O apoio orçamental exige uma gestão sã e planificada das finanças públicas, bem como

um quadro de concertação tripartido apropriado entre Estado, entidade(s) financiadora(s) e sociedade civil, que permita simultaneamente a definição conjunta de uma estratégia sectorial sob a égide do Estado beneficiário, o acompanhamento periódico e a avaliação quantita‑tiva dos seus resultados, sendo que o desembolso dos fundos por parte da(s) entidade(s) financiadora(s) se efectua em função dos progressos registados.

BEI: Banco Europeu de Investimento

CAN: Comunidade Andina de Nações

CARICOM: Comunidade e Mercado Comum das Caraíbas, cujo objectivo principal é promover a inte‑gração económica regional.

CARIFORUM: Instância de debate destinada a pro‑mover a integração regional dos países das Caraíbas membros do grupo ACP.

Comissão Europeia: Uma das três principais insti‑tuições da União Europeia que representa o interesse europeu comum. A sua principal função consiste em propor e pôr em prática as políticas comunitárias.

Comunidad Sudamericana de Naciones: Co‑munidade política e económica criada em 8 de De‑zembro de 2004, em Cusco (Peru).

Convenção de Lomé: A Primeira Convenção de Lomé, assinada em 1975, reunia os nove Esta‑dos‑Membros da UE de então e 46 países ACP. Esta convenção foi prorrogada quatro vezes, entre 1975 e 2000, antes de ser substituída, em 2000, pelo Acordo de Cotonu.

DIPECHO: Programa da Direcção‑Geral da Ajuda Humanitária da Comissão Europeia (ECHO), que tem por objectivo assegurar a preparação para situa‑ções de catástrofe.

EUROSOCIAL: Programa regional para a coesão social na América Latina, que, através de uma inter‑venção a nível das políticas públicas (como a edu‑cação, a saúde, a justiça, a fiscalidade e o emprego),

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pretende aumentar o grau de coesão social das socie‑dades latino‑americanas.

FED: Fundo Europeu de Desenvolvimento. O FED financia projectos e programas nos Estados ACP e nos países e territórios ultramarinos. O 9° FED, que abrange os cinco primeiros anos do Acordo de Coto‑nu, tem uma dotação de 13,5 mil milhões de euros.

Flex: Sistema que tem por objectivo compensar os desequilíbrios financeiros nos países ACP causados por perdas significativas das receitas de exportação.

Grupo do Rio: Mecanismo de consulta política que trata assuntos de interesse comum para a América La‑tina e as Caraíbas.

IDE: Investimento directo estrangeiro

INTERREG III: O programa comunitário IN‑TERREG III (2000‑2006) proporciona um enqua‑dramento operacional destinado a promover o desen‑volvimento harmonioso e equilibrado, assim como a integração regional das zonas em causa.

Memorandos de Entendimento: Acordos bilate‑rais concluídos entre a Comunidade Europeia e os seus parceiros que definem as prioridades e os or‑çamentos indicativos para a cooperação para o de‑senvolvimento durante um determinado período (na presente brochura: de 2000 a 2006).

Minustah: A Missão das Nações Unidas para a Esta‑bilização no Haiti (MINUSTAH) tem por objectivo estabilizar a situação política no Haiti através da or‑ganização de eleições, restabelecer e estabilizar a si‑tuação em matéria de segurança e garantir o respeito pelos direitos humanos, a fim de contribuir para a paz e a segurança internacionais na região. Actua em con‑formidade com o Capítulo VII da Carta das Nações Unidas(resolução 1542 de 30 de Abril de 2004 do Conselho de Segurança).

MERCOSUL: Mercado Comum do Sul. Organiza‑ção de integração regional.

OREAL: Observatório das relações União Euro‑peia‑América Latina.

OEA: A Organização dos Estados Americanos reúne os países do hemisfério ocidental a fim de reforçar a cooperação e de promover os interesses comuns. Constitui a principal instância da região em matéria de diálogo multilateral e acções concertadas.

OECS: Organização dos Estados das Caraíbas Orientais.

OMC: Organização Mundial do Comércio.

PRRAC: Programa Regional de Reconstrução da América Central.

Regulamento PVD ALA: Regulamento do Parla‑mento Europeu e do Conselho que rege a coopera‑ção da Comunidade com os países da Ásia e da Amé‑rica Latina.

QEA: Quadro Especial de Apoio. Quadro especial de assistência aos produtores tradicionais de bananas dos países ACP. Tem por objectivo aumentar a com‑petitividade no sector da banana e/ou promover a sua diversificação.

SICA: Sistema de integração centro‑americano.

SPG: Sistema de Preferências Generalizadas. Sistema que consiste na concessão de vantagens pautais pre‑ferenciais, sem limites quantitativos, unilateralmente e segundo um princípio de não reciprocidade, a 180 países em desenvolvimento, economias em transição e territórios dependentes. As preferências pautais são moduladas em função da classificação dos produtos importados (sensíveis/não sensíveis).

SPG +: Sistema de Preferências Generalizadas +. O novo regulamento SPG 9870/2005, de 27.6.2005, prevê um incentivo especial ao desenvolvimento sustentável e à boa governação. Trata‑se do SPG +, aplicável desde 1.7.2005. Este sistema proporciona benefícios adicionais aos países que apliquem deter‑minadas normas internacionais em matéria de direi‑tos humanos, direitos do trabalho, protecção do am‑biente, luta contra a droga e boa governação.

Stabex: Utilizado até ao 9° FED, o Stabex servia para compensar, nos países ACP, as perdas das receitas de exportação, em virtude das flutuações de preços ou da procura de produtos agrícolas.

Sysmin: Utilizado até ao 9°FED, o Sysmin permitia atenuar os efeitos das flutuações das receitas da produ‑ção e da venda de produtos da exploração mineira.

UE: União Europeia (membros em 2006: Bélgica; República Checa; Dinamarca; Alemanha; Estónia; Grécia; Espanha; França; Irlanda; Itália; Chipre; Le‑tónia; Lituânia; Luxemburgo; Hungria; Malta; Países Baixos; Áustria; Polónia; Portugal; Eslovénia; Eslová‑quia; Finlândia; Suécia; Reino Unido). Existem actu‑almente dois países aderentes (Bulgária e Roménia, que vão aderir à UE em 2007) e dois países candida‑tos (Croácia e Turquia). A UE foi criada com base na CEE (antiga CE), na CECA (Comunidade Europeia do Carvão e do Aço) e na Euratom (Comunidade Europeia da Energia Atómica).

URB-AL: Programa de cooperação bilateral UE‑América Latina destinado a promover o desenvol‑vimento de laços entre as autarquias locais europeias e latino‑americanas, mediante um intercâmbio sobre as melhores práticas no domínio das políticas urbanas.

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Comissão Europeia

A União Europeia, a América Latina e as Caraíbas: uma parceria estratégica

Luxemburg: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias

ISBN 92-79-00831-5

2006 — 65 p. — 21 x 29,7 cm

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Fotografias da capa:

© Pascal VandenbrandenEstudantes, Nicaragua © CESantiago de Chile © Pedro Vale, CE© Atlantic LNG Company

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uma parceria estratégica

A União Europeia, a América Latina e as Caraíbas:

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