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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS (CEJURPS) CURSO DE DIREITO
UMA INVESTIGAÇÃO DA POSIÇÃO DOUTRINÁRIA E
JURISPRUDENCIAL ACERCA DA EXIGIBILIDADE DO DEPÓSITO RECURSAL EM EMPRESAS BENEFICIADAS PELA ASSISTÊNCIA
JUDICIÁRIA GRATUITA NA JUSTIÇA DO TRABALHO
FABRICIA NUNES DOS ANJOS
São José, junho de 2008.
i
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS (CEJURPS) CURSO DE DIREITO
UMA INVESTIGAÇÃO DA POSIÇÃO DOUTRINÁRIA E JURISPRUDENCIAL ACERCA DA EXIGIBILIDADE DO DEPÓSITO RECURSAL EM EMPRESAS BENEFICIADAS PELA ASSISTÊNCIA
JUDICIÁRIA GRATUITA NA JUSTIÇA DO TRABALHO
FABRICIA NUNES DOS ANJOS
Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito.
Orientadora: Professora MSc. Dirajaia Esse Pruner
São José, junho de 2008.
ii
O que é o sucesso? Rir sempre e muito Ganhar o respeito das pessoas inteligentes E a afeição das crianças Ganhar a apreciação de críticos honestos E suportar a traição dos falsos amigos Apreciar a beleza Encontrar o melhor nos outros Deixar o mundo um pouco melhor, seja com uma criança saudável, um pequeno jardim ou uma condição social redimida Saber que pelo menos uma vida respirou com mais felicidade porque você viveu. Isso é ter sucesso.
Ralph Waldo Emerson
iii
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por guiar-me nos dias mais
difíceis e por me conceder força para continuar a
caminhada.
Aos meus pais Sebastião Antônio Nunes (in
memoriam), Theseu Domingos Muniz (in
memoriam) e Ondina Virginia de Pinho Muniz, que
não pouparam esforços para educar e oferecer as
condições necessárias a minha vida.
Agradeço, especialmente, aos meus filhos,
Marcelo Henrique e Ana Carolina que coloriram a
minha vida com suas travessuras e ao meu
esposo Marcelo dos Anjos pela compreensão de
minhas ausências.
A professora orientadora Dirajaia Esse Pruner,
pela dedicação e esforço em transmitir
conhecimentos valiosos.
A todos os professores da UNIVALI com os quais
tive a oportunidade e o prazer de aprender.
Aos meus irmãos Sebastião, Jussara, Patrícia e
Beatriz. Aos amigos que, de alguma forma,
contribuíram para esta conquista, em especial ao
William Wollinger Brenuvida e a minha irmã
Patrícia Nunes por ser a principal incentivadora
para meu ingresso no presente curso.
iv
DEDICATÓRIA
Dedico a minha maravilhosa mãe (Ondina Virginia
de Pinho Muniz) pela educação moral e formal
que sempre me concedeu, de maneira
incentivadora e carinhosa.
E também aos meus anjinhos Marcelo Henrique e
Ana Carolina por ser a razão do meu viver.
v
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo
aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do
Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o
Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.
São José, junho 2008.
Fabricia Nunes dos Anjos
Graduanda
vi
PÁGINA DE APROVAÇÃO
A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale
do Itajaí – UNIVALI, elaborada pela graduanda Fabricia Nunes dos Anjos, sob o
título UMA INVESTIGAÇÃO DA POSIÇÃO DOUTRINÁRIA E
JURISPRUDENCIAL ACERCA DA EXIGIBILIDADE DO DEPÓSITO RECURSAL
EM EMPRESAS BENEFICIADAS PELA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA
NA JUSTIÇA DO TRABALHO, foi submetida em 20 de junho de 2008, à banca
examinadora composta pelos seguintes professores: Dirajaia Esse Pruner, Gisele
Meira Kersten e Patrícia Santos, e aprovada.
São José, junho de 2008.
Professora MSc. Dirajaia Esse Pruner
Orientadora e Presidenta da Banca
Professora MSc. Gisele Meira Kersten
Membro 1
Professora MSc. Patrícia Santos
Membro 2
vii
ROL DE ABREVIATURAS § Parágrafo Art. Artigo CLT Consolidação das Leis do Trabalho CNT Conselho Nacional do Trabalho CRFB/88 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 EC Emenda Constitucional IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IN Instrução Normativa INPC Índice Nacional de Preços ao Consumidor LC Lei Complementar LIA Lei de Improbidade Administrativa LRF Lei de Responsabilidade Fiscal MP Ministério Público n. Número OAB Ordem dos Advogados do Brasil SDC Seção de Dissídios Coletivos SDI Seção de Dissídios Individuais STF Supremo Tribunal Federal TCU Tribunal de Contas da União TRT Tribunal Regional do Trabalho TST Tribunal Superior do Trabalho
viii
SUMÁRIO
RESUMO……………………………………………………………… ix ABSTRACT…………………………………………………………… x INTRODUÇÃO………………………………………………………… 1 CAPÍTULO 1 BREVE HISTÓRICO DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO E O DEPÓSITO RECURSAL NA JUSTIÇA DO TRABALHO……………………………………………………………
4
1.1 HISTÓRICO DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO NO BRASIL 4 1.2 DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO (TRT) E DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO (TST)……………………………………………
11
1.2.1 Os Tribunais Regionais do Trabalho………………………………… 11 1.2.2 O Tribunal Superior do Trabalho……………………………………… 14 1.3 O DEPÓSITO RECURSAL NA JUSTIÇA DO TRABALHO 15 CAPÍTULO 2 PRINCÍPIOS; SINGULARIDADES; E JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS TRABALHISTAS………
20
2.1 PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO…………… 20 2.1.1 Princípio da vigência da lei nova…………………………….………… 21 2.1.2 Princípio da uni-recorribilidade……………………………….………… 22 2.1.3 Princípio da fungibilidade………………………………….…………… 23 2.1.4 Princípio da variabilidade…………………………...………………… 25 2.2 AS SINGULARIDADES………………….………………………………… 26 2.2.1 Da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias……… 27 2.2.2 Da inexigibilidade de fundamentação………………………………… 28 2.2.3 Do efeito devolutivo dos recursos…………………………………… 28 2.2.4 Da uniformidade de prazo para recurso……………………………… 29 2.2.5 Instância única nos dissídios de alçada……………………………… 30 2.3 JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE E PRESSUPOSTOS RECURSAIS: OBJETIVOS E SUBJETIVOS……………………………………………………
31
2.3.1 Juízo de admissibilidade………………………………………………… 31 2.3.2 Pressupostos Recursais: objetivos e subjetivos…………………… 32 2.3.2.1 Pressuposto objetivo…………………………………………………… 33 2.3.2.2 Pressuposto subjetivo…………………………………………………… 34
ix
CAPÍTULO 3 UMA INVESTIGAÇÃO DA POSIÇÃO DOUTRINÁRIA ACERCA DA EXIGIBILIDADE DO DEPÓSITO RECURSAL POR EMPRESAS BENEFICIADAS PELA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA NA JUSTIÇA DO TRABALHO
37
3.1 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO………………………… 37 3.2 DOS RECURSOS TRABALHISTAS QUE POSSUEM O DEPÓSITO RECURSAL COMO PRESSUPOSTO…………………………………………
38
3.2.1 Recurso ordinário……………………………………………………….… 38 3.2.2 Recurso de revista………………………………………………………. 40 3.2.3 Embargos no TST………………………………………………………… 42 3.2.3.1 Embargos Infringentes………………………………………………… 44 3.2.3.2 Embargos de Divergência……………………………………………… 46 3.2.4 Recurso extraordinário…………………………………………………… 46 3.3 UMA INVESTIGAÇÃO DA POSIÇÃO DOUTRINÁRIA ACERCA DA EXIGIBILIDADE DO DEPÓSITO RECURSAL POR EMPRESAS BENEFICIADAS PELA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA NA JUSTIÇA DO TRABALHO
48
3.3.1 Finalidade do Depósito Recursal……………………………………… 48 3.3.2 Valor e Exigência do Depósito Recursal……………………………… 49 3.4 ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA………………………………… 52 3.4.1 O conceito de Assistência Judiciária Gratuita……………………… 53 3.5 JUSTIÇA GRATUITA………………………………………………………… 55 3.5.1 Conceito de Justiça Gratuita…………………………………………… 55 3.6 POSIÇÕES DOUTRINÁRIAS SOBRE A APLICAÇÃO DOS INSTITUTOS DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA E DA JUSTIÇA GRATUITA PARA AS EMPRESAS
56
3.7 POSIÇÕES JURISPRUDENCIAIS SOBRE A ISENÇÃO DO DEPÓSITO RECURSAL PARA EMPRESAS QUE REQUEREM O INSTITUTO DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA
60
CONSIDERAÇÕES FINAIS………………..........…………………… 64 REFERÊNCIAS ..........................................………………………… 66
x
RESUMO
A presente monografia tem como objetivo geral investigar a posição da
jurisprudência do TRT 12ª Região acerca da exigibilidade do Depósito Recursal
em empresas beneficiadas pela Assistência Judiciária Gratuita, na Justiça do
Trabalho. Em decorrência disto, em primeiro lugar fez-se um breve histórico do
Direito Processual do Trabalho no Brasil e do Depósito Recursal. De posse destes
conhecimentos, parte-se para o estudo da criação do (TRT) Tribunal Regional do
Trabalho e do (TST) Tribunal Superior do Trabalho, órgãos julgadores de
recursos, os quais analisam o depósito quando do julgamento da medida recursal.
Além disso, aborda as características do Depósito Recursal na Justiça do
Trabalho. Já o segundo capítulo descreve os princípios do Direito Processual do
Trabalho; as singularidades; e o juízo de admissibilidade. O terceiro capítulo tem
por objetivo tratar do Depósito Recursal em determinados recursos trabalhistas e
as posições sobre a realização ou não, do mesmo em empresas beneficiadas
pela Assistência Judiciária Gratuita. Apresenta inicialmente os Recursos, seus
conceitos e também a Assistência Judiciária e em seguida expõe posições
jurisprudenciais das turmas julgadoras de recurso do TRT 12ª Região, no período
compreendido entre 25/05/07 e 25/05/08. O método empregado para tal pesquisa
é o dedutivo.
Palavras-chave: Depósito Recursal, Assistência Judiciária, Justiça; Trabalho.
xi
ABSTRACT
To present monograph he/she has as general objective to investigate the position
of the jurisprudence of TRT 12nd Area concerning Deposit Recourse demandable
in companies benefitted by the Free Judiciary Attendance, in the Justice of the
Work. Due to this, in first place it was made an abbreviation report of the
Procedural Right of the Work in Brazil and of the Deposit Recourse. Of ownership
of these knowledge, breaks for the study of the creation of the (TRT) Regional
Tribunal of the Work and of the (TST) Superior Tribunal of the Work, judging
organs of resources, which analyze the deposit when of the judgement of the
measure recourse. Besides, it approaches Deposit Recourse characteristics in the
Justice of the Work. The second chapter already describes the beginnings of the
Procedural Right of the Work; the singularities; and the judgement of admissibility.
The third chapter has for objective to treat of the Deposit Recourse in certain labor
resources and the positions about the accomplishment or not, of the same in
companies benefitted by the Free Judiciary Attendance. Presents the Resources
initially, your concepts and also the Judiciary Attendance and soon after it exposes
positions jurisprudenciais of the judging groups of resource of TRT 12nd Area, in
the period understood between 05/25/07 and 05/25/08. The employed method for
such a research is the deductive.
Word-key: Deposit Recourse, Judiciary Attendance, Justice; Work.
1
INTRODUÇÃO
A monografia em epígrafe tem como objetivo geral abordar a
posição doutrinária e jurisprudencial acerca da exigibilidade do Depósito Recursal
em empresas beneficiadas pela Assistência Judiciária Gratuita. A pesquisa
ocupou-se de estudar as jurisprudências das turmas do Tribunal Regional do
Trabalho da 12ª Região no período compreendido entre 25/05/07 e 25/05/08.
O objetivo institucional da presente pesquisa monográfica é
a obtenção do grau de bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Itajaí –
UNIVALI. Também apresenta relevância aos operadores de Direito, pois poderá
servir de instrumento no labor jurídico.
O capítulo 1 da presente pesquisa monográfica apresenta:
histórico do Direito Processual do Trabalho no Brasil; do Tribunal Regional do
Trabalho (TRT) e do Tribunal Superior do Trabalho (TST); o Depósito Recursal na
Justiça do Trabalho. Faz uma breve abordagem histórica, e apresenta o Depósito
Recursal. A origem e a evolução do trabalho, sua transformação é pertinente a
compreensão do surgimento do Direito Processual do Trabalho. Nesse aspecto,
conceituar Revolução Industrial evidencia a preocupação do primeiro capítulo com
a transformação do trabalho e o surgimento de leis e órgãos que criados foram
para representar e defender os trabalhadores. O Depósito Recursal surge como
garantia do juízo. No Brasil foi pensado pela primeira vez com um anteprojeto de
1936, mas somente efetivado com a Instrução Normativa 3/93.
O capítulo 2 da presente pesquisa monográfica descreve,
entre outros aspectos os princípios do Direito Processual do Trabalho; as
singularidades; e o juízo de admissibilidade. Os princípios elencados foram:
Vigência imediata da lei nova; Uni-recorribilidade; Fungibilidade; Variabilidade. A
presente pesquisa se pautou na orientação de Sergio Pinto Martins, não
desconsiderando os demais autores. No tocante as Singularidades do processo
trabalhista foram adotadas as citadas pelo doutrinador Renato Saraiva: Da
irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias; Da inexigibilidade de
fundamentação; Do efeito devolutivo dos recursos; Da uniformidade de prazo para
2
recurso; Instância única nos dissídios de alçada. Priorizou-se falar do Juízo de
admissibilidade e pressupostos recursais: objetivos e subjetivos. Resta lembrar,
que o Depósito Recursal é um dos pressupostos objetivos dos recursos.
O capítulo 3 e último tem por objetivo discorrer acerca do
Depósito Recursal na Justiça do Trabalho e as posições sobre a não realização
do mesmo por empresas beneficiadas pela Assistência Judiciária Gratuita.
Apresentar-se-á os Recursos, e seus conceitos, também a Assistência Judiciária.
Acerca dos Recursos no Processo do Trabalho elencou-se aqueles que possuem
o Depósito Recursal como pressuposto, quais sejam: Recurso Ordinário; Recurso
de Revista; Embargos no TST; e Recurso Extraordinário. O Recurso Adesivo não
será abordado no bojo desta pesquisa.
O método atribuído será o dedutivo, para sustentá-lo,
utilizou-se a técnica de pesquisa indireta, por meio de pesquisa documental e
bibliográfica. A pesquisa foi notadamente baseada em leis, acórdãos, assim como
consultou obras e artigos, além de sites da Internet. Desta forma, apresentaram
informações necessárias ao desenvolvimento do tema abordado como se observa
nos capítulos 1, 2 e 3.
A pesquisa afirma que o benefício da Assistência Judiciária
Gratuita é concedido às empresas desde que prove a necessidade para tal
benefício. Sustenta o trabalho que pode estar o empregador isento do Depósito
Recursal, embora a doutrina e jurisprudência pátrias estejam divergindo. Em
decorrência de tantas divergências o tema do presente trabalho tem grande
relevância na atual esfera jurídica.
A Assistência Judiciária Gratuita, em sentido amplo, é
garantida a todo aquele sem distinção entre pessoa física ou jurídica, que não
tiver como arcar com processo sem prover seu sustento próprio ou de sua família.
No que tange ao empregador tal garantia é concedida a todo aquele que provar
que não possui condições de arcar com o Depósito Recursal. Entretanto tal
afirmativa é analisada na presente pesquisa.
3
O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as
Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos
destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões
sobre o tema: Uma investigação da posição doutrinária acerca da exigibilidade do
Depósito Recursal em empresas beneficiadas pela Assistência Judiciária Gratuita
na Justiça do Trabalho.
4
1 BREVE HISTÓRICO DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
E O DEPÓSITO RECURSAL NA JUSTIÇA DO TRABALHO
1.1 HISTÓRICO DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO NO BRASIL
O capítulo 1 tem como objetivo explanar acerca do
surgimento do Direito Processual do Trabalho no Brasil; faz-se necessário
abordar a criação do Tribunal Regional do Trabalho e do Tribunal Superior do
Trabalho, órgãos julgadores de recursos; o surgimento e o conceito do Depósito
Recursal na Justiça do Trabalho.
Para que se compreenda o surgimento do Processo do
Trabalho é necessário citar a profunda transformação nos valores sociais e
econômicos mundiais após a Revolução Industrial 1 que se deu na Europa no final
do século XVIII e início do XIX. As relações de trabalho são afetadas,
principalmente, porque se muda a concepção do trabalho manual e artesanal
(fundo de quintal, manufatureiro) para um trabalho mecânico e uniforme (em
fábricas). Destaque Wagner Giglio:
A utilização de máquinas que faziam, como o tear, o serviço de vários trabalhadores causou o desemprego em massa. O aumento da oferta de mão-de-obra, diante da pequena procura por trabalhadores, acarretou o aviltamento dos salários. O grande lucro propiciado pelas máquinas trouxe como conseqüência a concentração de riquezas nas mãos dos poucos empresários e o empobrecimento generalizado da população. 2
Em resposta às péssimas condições e relações de trabalho,
e a mudança social e econômica provocada pela Revolução Industrial, surgem os
1 A exploração do mundo colonial nos séculos XVI, XVII e XVIII acarretou em acumulo de grande quantidade de riquezas no velho mundo (Europa), ao passo que muitos países europeus desenvolviam manufaturas aumentando a produção de mercadorias. Essas condições contribuíram para uma série de inovações técnicas, que se denominou por Revolução Industrial. Substitui-se o artesanato manual, próprio da Idade Média, pela produção industrial, nas fábricas. (CARMO, Sonia Irene do. Historia geral. São Paulo: Atual, 1989. p.51. 2 GIGLIO, Wagner D. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Saraiva. 1997. p.1
5
movimentos grevistas. Pacíficos ou violentos estes movimentos buscavam a
resolução dos litígios trabalhistas e melhores condições de vida. Conforme
ensinamento de Arnaldo Sussekind e outros:
Verificaram-se movimentos de protesto e até mesmo verdadeiras rebeliões, com a destruição de máquinas, mas, posteriormente, com o desenvolvimento dos sistemas de comércio, em especial, com a adoção de máquina a vapor nas embarcações, estenderam-se os mercados, e, consequentemente, as indústrias se desenvolveram, admitindo maior número de trabalhadores, mas seus salários eram baixos porque, com o antigo sistema do artesanato cada peça custava muito mais caro do que com a produção em série 3.
Não apenas na Europa, como também no Brasil (Estado
Novo) 4 o Estado passará a intervir nos movimentos grevistas para atenuar os
problemas, que ele, o Estado, na concepção que vigia (Estado Liberal) 5 julgava
existir. Esse Estado utilizava um mecanismo muito interessante, que é a criação
3 SUSSEKIND, Arnaldo e outros. Instituições de Direito do Trabalho. 22. ed. São Paulo : LTR, 2005. p. 32. 4 Com o Estado Novo (1937-1945), versão brasileira do fascismo europeu, o poder político e administrativo do presidente tornou-se muito grande. A centralização política fez com que o Brasil tivesse um governo nacionalista, guiado por uma ditadura civil, nas mãos de Getulio Vargas. (FERREIRA, Leonel Olavo. História do Brasil. São Paulo: Ática, 1978. p.314) 5 O Estado Liberal – também definido como uma espécie de terceiro desdobramento do Estado Moderno – tem três fases históricas mais ou menos determinadas. A primeira fase remonta à Revolução Gloriosa de 1688, na Inglaterra. Neste primeiro momento, o que se reivindicava mais especialmente eram os direitos individuais. Logo em seguida, com a chegada da Primeira Revolução Industrial, em 1750, o próprio capitalismo conhece um salto – agora em direção à fase industrial. Este desenvolvimento industrial – em sua fase embrionária, limitada à indústria têxtil inglesa - também propiciou ou estimulou tanto a Revolução Americana, de 1776, quanto a famosa Revolução Francesa de 1789 – esta mais burguesa do que a americana.
A segunda fase se inicia com a Segunda Revolução Industrial, a partir de 1850. Como se sabe, este é o grande salto tecnológico, político e econômico no interior do próprio capitalismo. A partir de então, o capitalismo industrial não conhecerá mais limites jurídicos, geográficos, políticos ou morais. Esta fase perdurou até as primeiras décadas do século XX ou meados do século, por volta dos anos 50-60, quando entra em cena o Estado do Bem-Estar Social – limitado à experiência européia. Já a terceira fase, a mais recente do Estado Liberal é esta em que nos encontramos e que resultou da mistura do neoliberalismo com a globalização. Hoje, em oposição aos modelos anteriores, os Estados nacionais procuram desmantelar a rede de direitos que foi construída ao longo do século XX. Da mesma forma, a soberania construída a duras penas com a formação de uma referência nacional (também diz-se identidade nacional) entra em colapso.(MARTINEZ, Vinício C. Estado liberal. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9335>. Acesso em: 6 de maio de 2008.
6
de normas e/ou regulamentos que passam a abrandar ou punir determinadas
condutas no âmbito trabalhista.
Wagner Giglio cita três fases para a solução dos litígios de
ordem trabalhista:
[...] ordenou o estado às partes em conflito que, através de seus representantes, se reunissem e discutissem suas reivindicações, tentando chegar a um acordo para a volta ao trabalho.
No auge do acirramento dos ânimos, essa primeira medida, chamada de tentativa de conciliação obrigatória, não produziu os resultados desejados, e foi sucedida por outra, a de mediação, ao tomar o estado a iniciativa de designar um seu representante para participar das discussões, com o objetivo de ajudar a encontrar uma solução aceitável por ambos os contendores.
Assim, a tentativa de conciliação, antes espontânea, passou a ser obrigatória e, posteriormente, a contar com um mediador, que na verdade representava os interesses do estado na pronta
composição do conflito. 6
Mais adiante abordar-se-á com mais ênfase a terceira fase citada.
Num primeiro momento os litígios trabalhistas no Brasil eram
solucionados pela justiça comum. Cabe, porém, ressaltar que antes da década de
1910, vigiam ordenamentos legais que garantiam a justiça comum essa
prerrogativa. Discorre Wilson de Souza Campos Batalha:
De acordo com as leis de 13 de setembro de 1830 e de 11 de outubro de 1837, bem como o Decreto de 15 de março de 1842, seguiram o rito sumaríssimo as causas derivantes dos contratos de locação de serviço, nas hipóteses ali fixadas, competindo-lhes o julgamento a juízes comuns. Estas disposições legais foram revogadas pelo Decreto n. 2827, de 15 de março de 1879, o qual só se referia à locação de serviços aplicados à agricultura e às empreitadas e trabalhos concernentes a obras e fábricas respectivas à agricultura; as demais locações de serviços seriam
6 GIGLIO, Wagner D. Direito Processual do Trabalho. p. 2
7
reguladas pela Ordenação do Livro IV, Título 29 a 35, e art. 226 e segs. do Código de Comércio. Este Decreto confiou aos Juízes de Paz a competência para dirimir tais dissídios com alçada até 50$000 e competência, mediante, apelação devolutiva para o juiz de Direito, qualquer que fosse a quantia, sendo estabelecido o rito sumário. 7
O Direito Processual do Trabalho perpassou por mudanças
no Direito. Esclarece Renato Saraiva: “os primeiros órgãos criados no Brasil
objetivando solucionar os conflitos trabalhistas foram os Conselhos Permanentes
de Conciliação e Arbitragem, os quais, embora não efetivamente implantados,
foram instituídos pela Lei 1.637, de 05.11.1911 [...]”. 8
Em 1922 uma solução da justiça foi a criação dos Tribunais
Rurais, compostos paritariamente pela própria justiça (juiz togado) e por
representantes das classes (trabalhadores e fazendeiros). De acordo com Renato
Saraiva:
Em 1922, são criados os Tribunais Rurais em São Paulo pela Lei estadual n. 1869, de 10 de outubro, compostos pelo juiz de direito da comarca e de dois outros membros. Um deles era designado pelo locador de serviço (trabalhador) e outro pelo locatário (fazendeiro). As controvérsias resolvidas eram principalmente de salários, mas também decorrentes da interpretação e execução de contratos de serviços agrícolas, até o valor de “quinhentos mil réis”. 9
O Direito Processual do Trabalho no Brasil recebeu forte
influência do regime fascista italiano, regime corporativista liderado por Benito
7 BATALHA, Wilson de Souza Campos. Tratado de Direito Judiciário do Trabalho. 3. ed. São Paulo : LTR, 1995. p. 261 8 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. 4 ed. São Paulo: Método, 2007, p. 24. 9 MARTINS, Sergio Pinto. Direito processual do trabalho: doutrina e prática forense. 26. ed. São Paulo: Atlas, 2006. p. 12.
8
Mussolini, e que criou a Carta del Lavoro 10 Pautou-se também nas convenções
coletivas do trabalho. 11
Na Era Vargas, ano de 1932, são criadas as Juntas de
conciliação e julgamento, bem como as Comissões mistas de conciliação.
Atuavam como órgãos administrativos. Julgavam os Dissídios Individuais e
Coletivos do trabalho. 12
Outras organizações não pertencentes ao Poder Judiciário,
decidiam causas trabalhistas:
Após 1932, surgiram outras organizações não pertencentes ao Poder Judiciário, dotadas também de poder de decisão, dentre as quais podemos citar: Juntas que funcionavam perante a Delegacia de Trabalho Marítimo (1933), o Conselho Nacional do Trabalho (1934) e uma jurisdição administrativa para férias (1933). 13
Como órgão autônomo, a Justiça do Trabalho surge apenas
em maio de 1941, a partir do Decreto-lei 1.237/39. O regulamento foi aprovado
pelo Decreto 6.596/40. 14
Aduz Eduardo Gabriel Saad:
A 1º de maio de 1941, pelo Decreto n. 1237, regulamentado pelo n. 6596, de 12 de dezembro de 1941, a Justiça do Trabalho, finalmente ganhou autonomia. Dotou-a de poderes próprios (“notio” e “imperium”). Contudo, seus magistrados, ainda aí, não gozavam da mesma proteção dada aos Juízes da Justiça Comum. Garantias que só foram estendidas à magistratura do trabalho pelo Decreto-lei n. 9797 de 9 setembro de 1946. Nove dias após era promulgada a CF, de 18 de setembro de 1946, que situou a Justiça do Trabalho no Poder Judiciário. Foi o Decreto n. 9797, de
10 A tradução do italiano, “Carta do trabalho”, redigida no ano de 1927. 11 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. p. 24. 12 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. p. 24. 13 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. p. 26. 14 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. p. 26.
9
1946, pouco antes da promulgação da Constituição de 1946, que incluiu a Justiça do Trabalho entre os órgãos do Judiciário. 15
As decisões da Justiça do Trabalho, a partir de 12 de
dezembro de 1940 poderiam ser executadas no próprio processo desvinculando-
se da Justiça Comum. Explica Sergio Pinto Martins:
O Decreto-lei n. 1237, de 2-5-39, regulamentado pelo Decreto n. 6596, de 12-12-40, organizou a Justiça do Trabalho, que passou a ser órgão autônomo, não só em relação ao Poder Executivo, como também em face da Justiça Comum, mais ainda não pertencia ao Poder Judiciário, embora exercesse função jurisdicional. A partir dessa data as decisões da Justiça do Trabalho poderiam ser executadas no próprio processo, sem necessidade de ingresso na Justiça Comum […]. 16
Acerca da organização ensina Renato Saraiva:
A nova organização implementada dotou a Justiça Laboral de três órgãos, a saber: Juntas de Conciliação e Julgamento ou Juízes de Direito (nas localidades desprovidas de Juntas), compostas de um presidente bacharel em direito, nomeado pelo Presidente da República e dois vogais, representantes dos empregados e empregadores; Conselhos Regionais do Trabalho, sediados em diferentes regiões do País, e com competência para decidir os recursos das decisões das Juntas, e, originariamente, os dissídios coletivos nos limites da sua jurisdição; Conselho Nacional do Trabalho, correspondente, atualmente, ao Tribunal Superior do Trabalho, órgão de cúpula que funcionava com duas Câmaras, a Câmara da Justiça do Trabalho e a Câmara de Previdência Social. 17
A CLT ou Consolidação das Leis do Trabalho entra em vigor
no ano de 1943. O texto legal dedicou dois de seus títulos a organização judiciária
(Título VIII – Da Justiça do Trabalho – e Título IX – Do Ministério Público do
15 SAAD, Eduardo Gabriel e outros. Curso de Direito Processual do Trabalho. 5.ed. São Paulo : Ltr, 2007, p.47. 16 MARTINS, Sergio Pinto. Direito processual do trabalho: doutrina e prática forense. p. 15. 17 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. p. 26.
10
Trabalho), e um terceiro ao processo do trabalho (Título X – Do Processo
Judiciário do Trabalho). 18
Os juízes do trabalho, nomeados pelo Presidente da
República, obtiveram garantias semelhantes à magistratura ordinária a partir de
1946. Segundo Renato Saraiva:
Com o Decreto-lei 9.797, de 09.09.1946, foram conferidos aos juízes do trabalho nomeados pelo Presidente da República as garantias semelhantes à magistratura ordinária, organizando-se a carreira, com ingresso mediante concurso público de provas e títulos, sendo as promoções realizadas de acordo com os critérios de antiguidade e merecimento. 19
A Justiça Laboral ou do Trabalho foi contemplada no texto
constitucional de 1946. Tornando-se definitivamente, órgão do Poder Judiciário.
Estavam constituídas também as Juntas de Conciliação e Julgamento, Tribunais
Regionais do Trabalho (substituindo os Conselhos Regionais do Trabalho) e o
Tribunal Superior do Trabalho (antigo Conselho Nacional do Trabalho). 20
Depois da promulgação da Constituição de 1946 muitas leis
pautadas no processo do trabalho foram publicadas 21. 22
De acordo com Wilson de Souza Campos Batalha a
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 manteve o princípio da
paridade da representação de empregadores e empregados, sendo que:
[…] nos diversos órgãos da Justiça do Trabalho, com ressalva apenas dos juízes comuns investidos da administração da Justiça especializada, foram declarados órgãos desta Justiça pelo art.
18 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. p. 26. 19 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. p. 26. 20 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. p. 26-27. 21 Decreto-lei 779/1969; Lei 5.584/1979; Lei 7.701/1988; EC 24/1999; Lei 9.957/2000; Lei 9.958/2000. 22 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. p. 27.
11
111, o Tribunal Superior do Trabalho, os Tribunais Regionais e as Juntas de Conciliação e Julgamento. 23
Foi a EC n.24/99 que suprimiu a existência dos juízes
classistas, e das instâncias a eles atribuídas. As Juntas de Conciliação e
Julgamento transformaram-se em Varas do Trabalho. A competência e demais
questões da organização da Justiça do Trabalho passaram a ser vislumbradas
nos arts. 111 a 116 da CRFB/88. 24
O próximo item tratará do surgimento do TRT e do TST
como órgãos julgadores de recursos.
1.2 DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO (TRT) E DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO (TST)
Faz-se necessário abordar a criação do TRT e do TST,
órgãos julgadores de recursos, os quais analisam o depósito quando do
julgamento da medida recursal. Por meio do art. 111 da Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988 são definidos como órgãos da Justiça do Trabalho:
• Tribunal Superior do Trabalho (TST);
• Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs);
• Juízes do Trabalho.
Conforme foi elencado no art. 111 da CFRB/88 o poder
judiciário trabalhista fica dividido em três graus. Ocorre que na presente pesquisa
monográfica abordará apenas o TRT e o TST.
1.2.1 Os Tribunais Regionais do Trabalho
23 BATALHA, Wilson de Souza Campos. Tratado de Direito Judiciário do Trabalho. p. 297 24 MARTINS, Sergio Pinto. Direito processual do trabalho: doutrina e prática forense. p. 16.
12
A gênese dos TRT’s ou Tribunais Regionais do Trabalho
está no Decreto-lei n. 1.237/39, pois sua composição foi ali definida. Aduz Sergio
Pinto Martins:
Os Tribunais Regionais do Trabalho têm como antecedentes os Conselhos Regionais do Trabalho (Decreto-lei n. 1.237/39), que tinham um presidente (jurista) e quatro vogais, sendo um representante dos empregados, outro dos empregadores e dos membros alheios aos interesses das partes, que eram especialistas em questões econômicas e sociais. O exercício era de dois anos.
Na Constituição de 1946, surgem os Tribunais Regionais do Trabalho (art. 122, II), substituindo os CRT's. A lei fixará o número de Tribunais do Trabalho e as respectivas sedes (§2º do art. 122). 25
Após a criação dos TRT’s discutiu-se qual a quantidade
necessária de Tribunais no Brasil. Explica Sergio Pinto Martins:
A redação original do art. 112 da Constituição de 1988 previa a existência de pelo menos um Tribunal Regional do Trabalho em cada Estado da Federação e no Distrito Federal. Essa determinação em muitos casos não se justificava, pois existem Estados em que o número de processos é muito pequeno. A redação atual do dispositivo não mais faz referência à existência de um tribunal regional por Estado. Isso indica que pode não haver um tribunal regional por Estado. Isso se deve ao fato de que é possível a criação de câmaras regionais, o que possibilita a redução de despesas de estrutura volumosa, como de grandes tribunais. 26
Para Renato Saraiva, o atual art. 115 da CRFB/88 prevê a
não obrigatoriedade de um TRT para cada Estado, e que sejam compostos: “[…]
no mínimo, de sete juízes, recrutados, quando possível, nas respectivas regiões,
25 MARTINS, Sergio Pinto. Direito processual do trabalho: doutrina e prática forense. p. 81. 26 MARTINS, Sergio Pinto. Direito processual do trabalho: doutrina e prática forense. p. 81.
13
e nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros com mais de trinta e
menos de sessenta e cinco anos”. 27
Na mesma linha, Renato Saraiva, pondera acerca da
existência do quinto constitucional de membros pertencentes a:
[…] Ministério Público do Trabalho e da OAB, com os demais juízes nomeados mediante promoção de magistrados do trabalho vinculados às Varas, alternadamente, por antiguidade e merecimento, sendo o número de magistrados variável (no mínimo de sete juízes), atendendo ao critério da necessidade de desmembramento em turmas em função do movimento processual. 28
Como informação pertinente a essa pesquisa menciona-se a
criação ou mesmo a inovação da Justiça Itinerante. Explica, ainda, Renato
Saraiva:
Uma inovação trazida pelo art. 115 da CF/1988 foi a criação da denominada “justiça itinerante”, com a realização de audiências e demais funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. […] a justiça “móvel” propiciará melhor acesso ao Judiciário das pessoas que residem em lugares distantes dos centros urbanos. 29
Na previsão legal temos 24 (vinte e quatro) tribunais
regionais. Conforme o art. 674 da Consolidação das Leis de Trabalho. 30 Após
27 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. p. 63. 28 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. p. 63. 29 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. p. 63. 30 Art. 674. Para efeito da jurisdição dos Tribunais Regionais, o território nacional é dividido nas 24 (vinte e quatro) Regiões seguintes:
1ª Região - Estado do Rio de Janeiro; 2ª Região - Estado de São Paulo; 3ª Região - Estado de Minas Gerais; 4ª Região - Estado do Rio Grande do Sul; 5ª Região - Estado da Bahia; 6ª Região - Estado de Pernambuco; 7ª Região - Estado do Ceará; 8ª Região - Estado do Pará e do Amapá; 9ª Região - Estado do Paraná; 10ª Região - Distrito Federal; 11ª Região - Estado do Amazonas e de Roraima; 12ª Região - Estado de Santa Catarina; 13ª Região - Estado da Paraíba; 14ª Região - Estado de Rondônia e Acre; 15ª Região - Estado de São Paulo (área não abrangida pela jurisdição estabelecida na 2ª Região); 16ª Região - Estado do Maranhão; 17ª Região - Estado do Espírito Santo; 18ª Região - Estado de Goiás; 19ª Região - Estado de Alagoas; 20ª Região -
14
apresentação dos Tribunais Regionais do Trabalho e seus respectivos Estados
passa-se ao Tribunal Superior do Trabalho.
1.2.2 O Tribunal Superior do Trabalho
Quando de sua criação não era chamado Tribunal Superior
do Trabalho, mas Conselho Nacional do Trabalho. Instituído por meio de decreto,
suas atribuições eram menos relevantes do que na atualidade. Para Sergio Pinto
Martins:
O Conselho Nacional do Trabalho foi instituído pelo Decreto n. 16.027/23 no âmbito do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Era integrado por 12 membros. Tinha a finalidade de órgão consultivo do Ministério, de funcionar como instância recursal em matéria previdenciária e atuar como órgão autorizador de dispensas dos empregados que, no serviço público, gozavam de instabilidade. 31
[...]
A partir da Constituição de 1934 e do Decreto n. 24.784/34, o CTN passou a funcionar como órgão de cúpula da Justiça do Trabalho. Com os Decretos-leis nos 1.237 e 1.346/39, o CTN passou a ter 19 membros (quatro bacharéis em direito, quatro representantes de empregados, e quatro de empregadores, três pessoas de reconhecido saber, dois funcionários do Ministério do Trabalho, e dois funcionários de instituições de Seguridade Social). Era dividida em duas câmaras, uma da Justiça do Trabalho e outra da Previdência. Cada uma tinha nove membros, presidida por um vice-presidente. 32
Estado de Sergipe; 21ª Região - Estado do Rio Grande do Norte; 22ª Região - Estado do Piauí; 23ª Região - Estado do Mato Grosso; 24ª Região - Estado do Mato Grosso do Sul.
Parágrafo único. Os Tribunais têm sede nas cidades: Rio de Janeiro (1ª Região), São Paulo (2ª Região), Belo Horizonte (3ª Região), Porto Alegre (4ª Região), Salvador (5ª Região), Recife (6ª Região), Fortaleza (7ª Região), Belém (8ª Região), Curitiba (9ª Região), Brasília (10ª Região), Manaus (11ª Região), Florianópolis (12ª Região), João Pessoa (13ª Região), Porto Velho (14ª Região), Campinas (15ª Região), São Luís (16ª Região), Vitória (17ª Região), Goiânia (18ª Região), Maceió (19ª Região), Aracaju (20ª Região), Natal (21ª Região), Teresina (22ª Região), Cuiabá (23ª Região) e Campo Grande (24ª Região). 31 MARTINS, Sergio Pinto. Direito processual do trabalho: doutrina e prática forense. p. 85 32 MARTINS, Sergio Pinto. Direito processual do trabalho: doutrina e prática forense. p. 85.
15
O surgimento do TST se dá em 1946, porém, antes desse
período houve uma organização da justiça do trabalho. Por meio da Emenda
Constitucional n.45/2004 fora instituído o art. 111-A da CRFB/88 33que menciona
a composição do TST. 34
1.3 O DEPÓSITO RECURSAL NA JUSTIÇA DO TRABALHO
Neste tópico será visto o conceito de Depósito Recursal no
Direito Processual do Trabalho Brasileiro, bem como seu surgimento. Trata-se de
um tópico suscinto, pois a matéria será revista no capítulo 3 e último.
Conforme ensina Arnaldo Sussekind o depósito recursal é
“[…] antecipação do quantum debeatur, verdadeira garantia prévia de
exeqüibilidade da sentença. Essa é sua gênese.” Ainda assinala o autor: “Daí que
o montante a ser depositado não resulta apenas do número de recursos
interpostos e sim do valor arbitrado da condenação [...].” 35
Ensina Sérgio Pinto Martins acerca do Depósito Recursal:
[...] o depósito recursal tem natureza de garantia de juízo, como já entendeu o TST por meio de Instrução Normativa n.
33 Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;
II - os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior.
§ 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior do Trabalho.
§ 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho:
I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira;
II - o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante. Disponível em: <http://legis.senado.gov.br/con1988/CON1988_20.09.2007/art_111-A_.htm>. Acesso em: 26.02.2008. 34 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. p. 60. 35 SUSSEKIND, Arnaldo e outros. Instituições de Direito do Trabalho. p. 1489.
16
2, de 1991. A atual Instrução Normativa n. 3 do TST, de 5 de março de 1993, esclarece que “os depósitos de que trata o art. 40 e seus parágrafos, da Lei n. 8.177/91, com a redação dada pelo art. 8. da Lei n. 8.542/92, não têm natureza jurídica de taxa de recurso, mas de garantia de juízo recursal, que pressupõe decisão condenatória ou executória de obrigação de pagamento em pecúnia, com valor líquido arbitrado”. 36
De acordo com Manoel Carlos Toledo Filho o primeiro
anteprojeto de organização da Justiça do Trabalho surgiu em 1936 pelo Ministro
Agamenon Magalhães, que não fazia referência ao Depósito Recursal.37
Complementa Manoel Carlos Toledo Filho:
A idéia veio a lume com o projeto concebido em 1938 (artigo 59, parágrafo único), havendo dali se transportado para o Decreto-lei n. 1.237/39 (artigo 73, parágrafo único), deste para o Decreto n. 6.596/40, (artigo 206, parágrafo único) e, finalmente, para a CLT, em seu artigo 899. Neste se estabelecia que naquelas causas que versassem sobre férias, salários ou contrato individual de trabalho, cujo valor não excedesse a cinco mil cruzeiros, só haveria a admissão de recursos mediante comprovação da realização do depósito da importância da condenação. 38
O montante referido anteriormente foi majorado em quantias
diferentes de dez e vinte mil cruzeiros, respectivamente, pelas leis 861/49 e
2.244/54. A exigência do Depósito Recursal passa a vigorar com mais ênfase a
partir da segunda legislação apontada, inclusive com limite pecuniário estipulado,
para todo e qualquer tipo de condenação, independentemente da matéria versada
na reclamação. 39
36 MARTINS, Sergio Pinto. Direito processual do trabalho: doutrina e prática forense. p. 396. 37 TOLEDO FILHO, Manoel Carlos. Fundamentos e perspectivas do processo trabalhista brasileiro. São Paulo : LTR, 2006. p. 143. 38 TOLEDO FILHO, Manoel Carlos. Fundamentos e perspectivas do processo trabalhista brasileiro. p. 143. 39 TOLEDO FILHO, Manoel Carlos. Fundamentos e perspectivas do processo trabalhista brasileiro. p. 143.
17
A transição do vínculo do salário mínimo regional para o
valor de referência, e mais tarde aos valores fixos dos índices nacionais
INPC/IBGE – índice nacional de preços ao consumidor/instituto brasileiro de
geografia e estatística é salientado pelo autor supramencionado:
A partir da Lei n. 5.442/68, o depósito recursal foi vinculado ao salário mínimo regional, que mais tarde veio a ser substituído pelo valor de referência (Lei n. 7.701/88, artigo 13). Finalmente, na década de 90 do século passado, o depósito recursal foi estabelecido em valores fixos, reajustáveis periodicamente segundo a variação bimestral acumulada medida pelo INPC do IBGE (Lei n. 8.177/91, art. 40, com a redação conferida pela Lei n. 8.542/92) [...]. 40
A Lei 8.542/92 traz condições que determinam a subtração
da efetividade do Depósito Recursal, de acordo com o entendimento do Tribunal
Superior do Trabalho. 41 Destaca-se, pautado no mesmo autor, a Instrução
Normativa n. 3/93 do TST:
[…] a Instrução normativa n. 3/93 desta Corte – que, contrastando com a singeleza do texto legal, possui nada menos do que 14 (catorze) incisos, além de diversas alíneas – dispôs que, na execução, havendo a consumação de constrição judicial que desde logo abarque todo o importe condenatório, não haverá necessidade de realização do depósito quando da interposição de agravo de petição, ainda que o juízo laboral não esteja todo ele garantido em dinheiro. É o que se extrai da leitura do inciso IV, alíneas “a” até “c” da Instrução em comento. Por outro lado, a “à execução”, obstaculizou a exigência do depósito em sede de embargos de declaração, mas sem que houvesse a contrapartida lógica imanente a uma interpretação literal, a saber: a necessidade de efetuar-se o depósito recursal também quando do ajuizamento de embargos à execução. 42
40 TOLEDO FILHO, Manoel Carlos. Fundamentos e perspectivas do processo trabalhista brasileiro. p. 143. 41 TOLEDO FILHO, Manoel Carlos. Fundamentos e perspectivas do processo trabalhista brasileiro. p. 143. 42 TOLEDO FILHO, Manoel Carlos. Fundamentos e perspectivas do processo trabalhista brasileiro. p. 145.
18
O TST, a época, fez eco a corrente doutrinária majoritária, a
mesma que criticou a Lei 8.542/92. 43
Atualmente existe um projeto tramitando na Câmara dos
Deputados (Projeto de Lei n. 4.734/04) que prevê a revogação do art. 899 da
CLT, e o acréscimo do artigo 899-A no mesmo título. Tem a seguinte redação o
projeto de lei:
PROJETO DE LEI
Acrescenta o art. 899-A à Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943, e revoga o seu art. 899.
O CONGRESSO NACIONAL decreta:
Art. 1º A Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943, passa a vigorar acrescida do seguinte artigo:
“Art. 899-A. Os recursos serão interpostos por simples petição e terão efeito meramente devolutivo, salvo as exceções previstas neste Título, permitida a execução provisória até a penhora.
§ 1º Havendo condenação, nos dissídios individuais, só será admitido o recurso, inclusive o extraordinário, mediante prévio depósito da respectiva importância, que não excederá os limites de sessenta salários mínimos, para o recurso ordinário, e de cem salários mínimos para o recurso de revista e recursos posteriores.
§ 2º Tratando-se de condenação de valor indeterminado, o depósito, sempre a cargo do empregador, corresponderá ao que for arbitrado, para efeito de custas, pela vara ou juízo de direito ou pelo Tribunal Regional, respeitados os limites de que trata o § 1º.
§ 3º Os depósitos de que tratam os §§ 1° e 2° far-se-ão na conta vinculada do empregado a que se refere o art. 15 da Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990, aplicando-se-lhes os preceitos dessa Lei.
43 TOLEDO FILHO, Manoel Carlos. Fundamentos e perspectivas do processo trabalhista brasileiro. p. 145.
19
§ 4º Se o empregado ainda não tiver conta vinculada aberta em seu nome, a empresa procederá à respectiva abertura.
§ 5º Transitada em julgado a decisão recorrida, ordenar-se-á o levantamento imediato do valor devido, em favor da parte vencedora, por simples despacho do juiz.” (NR)
Art. 2º Esta Lei entra em vigor noventa dias após a data de sua publicação.
Art. 3º Fica revogado o art. 899 da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943. 44
Findo as elucidações dos itens abordados passa-se ao
segundo capítulo, onde será abordado: Princípios, Singularidades, e Juízo de
Admissibilidade dos Recursos Trabalhistas.
44 Brasília, Disponível em: <http://www.camara.gov.br - 260595.pdf>. Acesso em: 24 de janeiro de 2008.
20
2 PRINCÍPIOS; SINGULARIDADES; E JUÍZO DE
ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS TRABALHISTAS
O capítulo 2 da presente pesquisa monográfica descreverá,
entre outros aspectos os princípios processuais do trabalho; as singularidades; e
o juízo de admissibilidade.
2.1 PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Em linhas gerais o termo ou palavra “princípio” redireciona
para o início, começo, gênese. Para Aurélio Buarque de Holanda Ferreira,
“princípio” significa: “rudimentos, as primeiras épocas. As hipóteses mandantes de
uma ciência, às quais a desenvoltura posterior dessa ciência deve estar
subordinada”. 45
No Processo do Trabalho utilizam-se tanto os princípios
específicos do Processo do Trabalho, quanto os princípios do Processo Civil.
Todavia, desde que as normas entre ambos os direitos, supracitados, sejam
compatíveis.
A classificação pautada em Sérgio Pinto Martins é a
seguinte: vigência imediata da lei nova; uni-recorribilidade; fungibilidade;
variabilidade. 46 Para Renato Saraiva a classificação é feita pelo duplo grau de
jurisdição; unirrecorribilidade; fungibilidade ou conversibilidade; voluntariedade; da
proibição da reformatio in pejus; variabilidade 47. Manoel Antônio Teixeira Filho
45 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. p.1130. 46 MARTINS, Sergio Pinto. Direito Processual do Trabalho: doutrina e prática forense. 26. ed. São Paulo : Atlas, 2006. p. 383-384. 47 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo : Método, 2007. p. 443-447.
21
classifica da seguinte forma uni-recorribilidade; variabilidade; fungibilidade 48. E
para Wagner D. Giglio a classificação é: vigência imediata da lei processual nova;
unirrecorribilidade; variabilidade e fungibilidade 49.
Amauri Mascaro Nascimento não apresenta uma
classificação específica, apenas faz uma incursão ao sistema recursal:
O nosso sistema de recursos, no dissídio individual, submete-se aos princípios da concentração e da manutenção dos efeitos da sentença.
No dissídio individual não há recursos durante o desenvolvimento do processo perante a Vara. As decisões interlocutórias são irrecorríveis, e as nulidades que possam ocorrer são passíveis não de recurso imediato, mas de recurso único, com a sentença das Varas. Assim, no recurso ordinário a parte argúi todas as questões cabíveis, processuais e de mérito. 50
Dentre os doutrinadores apresentados este trabalho adotará
a classificação do doutrinador Sérgio Pinto Martins.
2.1.1 Princípio da vigência da lei nova
O princípio da vigência da lei nova menciona que, quando a
parte recorrer deverá verificar a lei vigente no determinado ato. Acerca do
princípio da vigência da lei nova, trazidos a baila, neste item, os entendimentos de
Wagner D. Giglio e Sergio Pinto Martins.
O princípio da vigência da lei nova traz muita controvérsia no
aspecto prático, devendo ser bem mais estudado. A lei nova tem aplicação
48 TEIXEIRA FILHO, Manoel Antonio. Sistemas dos recursos trabalhistas. 10. ed. São Paulo : Ltr, 2003. p. 133-139. 49 GIGLIO, Wagner D. Direito processual do trabalho. 15.ed. São Paulo : Saraiva, 2005. p. 441-444. 50 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 496.
22
imediata, e verifica os casos em andamento e os alterando o procedimento
conforme sua vigência 51.
Por sua vez cabe ressaltar o princípio da vigência da lei
nova, nos dizeres de Sergio Pinto Martins:
A parte não tem direito adquirido a determinado recurso, mas direito de recorrer, de acordo com o recurso que estiver previsto em lei. A lei processual tem aplicação imediata e apanha os processos em curso. Assim, se a lei nova disser que não existe mais recurso ordinário e o prazo para apelar é de dois dias, não haverá direito adquirido a recorrer mediante o recurso ordinário. Com a sentença é que nasce o direito de recorrer, pois antes disso só se pode falar em mera expectativa do direito de recorrer, visto que o direito de recorrer é inexistente antes de ser prolatada e publicada a sentença 52.
Por derradeiro, os atos praticados por lei anterior devem ser
respeitados. O recurso será regido pela lei nova a partir de sua publicação,
surgindo o direito de recorrer.
2.1.2 Princípio da uni-recorribilidade
Chamado também de princípio da unicidade ou da
singularidade processual recursal, o princípio da uni-recorribilidade preceitua que
os recursos trabalhistas devem ser interpostos um de cada vez. 53
Para Manoel Antonio Teixeira Filho:
O princípio em tela significa que para cada ato jurisdicional que se deseja impugnar existe um recurso único e adequado; é o que ocorre no sistema processual brasileiro vigente, inclusive, no do trabalho, em que cada recurso possui não apenas uma destinação específica, mas também uma exclusividade no ataque à decisão
51 GIGLIO, Wagner D. Direito processual do trabalho. p. 441. 52 MARTINS, Sergio Pinto. Direito Processual do Trabalho: doutrina e prática forense. p. 383. 53 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. p. 443.
23
relativamente à qual o interessado se manifesta insatisfeito. Em síntese: a CLT não prevê dois recursos para um mesmo caso. Basta ler os artigos 894 a 897 para verificar, com clareza, essa especificidade e unicidade das modalidades recursais. Estas derivam, assim, do próprio sistema legal, embora não haja, em rigor, na CLT, nenhum dispositivo que confesse, expressamente, o acolhimento do princípio em exame, que a doutrina identifica como da irrecorribilidade. 54
Só é possível a interposição de um recurso de cada vez, e
quando forem protocolados mais de um recurso o juiz determinará que a parte
escolha o recurso que deve subir para exame no Tribunal. 55
Em suma, pelo princípio da uni-recorribilidade, além de não
ser possível interpor mais de um recurso ao mesmo tempo, em verdade, não se
pode interpor mais de um recurso da mesma decisão.
2.1.3 Princípio da fungibilidade
O terceiro princípio elencado nessa pesquisa é o da
fungibilidade. Fungível é a coisa que pode ser substituída por outra do mesmo
gênero, número e grau 56.
No entendimento de Eduardo Gabriel Saad: “Trata-se da
possibilidade de o juízo de admissibilidade e o tribunal ad quem receberem
recurso erradamente oferecido em lugar de outro indicado pela lei processual” 57.
Para Renato Saraiva:
O princípio da fungibilidade permite que o juiz conheça de um recurso que foi erroneamente interposto como se fosse recurso
54 TEIXEIRA FILHO, Manoel Antonio. Sistemas dos recursos trabalhistas. p. 133. 55 MARTINS, Sergio Pinto. Direito Processual do Trabalho: doutrina e prática forense. p. 384. 56 MARTINS, Sergio Pinto. Direito Processual do Trabalho: doutrina e prática forense. p. 384. 57 SAAD, Eduardo Gabriel e outros. Curso de Direito Processual do Trabalho. 5.ed. São Paulo : Ltr, 2007, p.712.
24
cabível. Por este princípio permite-se o recurso erroneamente nominado, como se fosse o que deveria ser interposto, atendendo-se ao princípio da finalidade e da simplicidade do processo do trabalho. Para aplicação do princípio da fungibilidade torna-se necessária a conjugação de três fatores:
• Inexistir erro grosseiro;
• Tem que haver dúvida plausível quanto ao recurso cabível;
• O recurso erroneamente interposto deve obedecer o prazo do recurso cabível 58.
Cumpre observar, preliminarmente, que o princípio da
fungibilidade dá permissão ao juiz para aceitar o recurso com nome diverso
daquele que deveria ser interposto. Vale salientar o entendimento de Sergio Pinto
Martins: “[…] que a fungibilidade decorre da uni-recorribilidade. Na fungibilidade,
ocorre o aproveitamento do recurso erroneamente nominado, como se fosse o
que devia ser interposto”. 59
No entendimento de Manoel Antonio Teixeira Filho:
Em concreto, portanto, no processo do trabalho se ocorrer de a parte interpor, digamos, o recurso de agravo de petição, quando o correto seria o ordinário, deverá o juízo de admissibilidade a quo (e por igual o ad quem) conhecer do recurso errôneo (agravo de petição) como se o legalmente adequado fosse (ordinário), dado que, longe de estar fazendo um favor ao recorrente (o que lhe é defeso pelas regras de equanimidade processual), estará, sim, respeitando os princípios da simplicidade e da instrumentalidade das formas, que, por sua vez, dão conteúdo ao da fungibilidade. 60
O princípio da fungibilidade dá a oportunidade ao juiz
reconhecer o recurso nominado de forma diversa e ser aceito. Todavia, não pode
58 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. p. 444. 59 MARTINS, Sergio Pinto. Direito Processual do Trabalho: doutrina e prática forense. p.384. 60 TEIXEIRA FILHO, Manoel Antonio. Sistemas dos recursos trabalhistas. p.137-138.
25
existir erro grosseiro, deve haver dúvida referente ao recurso cabível e obediência
ao prazo legal estipulado. 61
2.1.4 Princípio da variabilidade
O quarto e último princípio destacado na classificação
adotada por essa monografia é o princípio da variabilidade. Em linhas gerais o
princípio da variabilidade dá direito a parte que interpôs recurso de modificá-lo
com o protocolo de um segundo recurso.
No entendimento de Renato Saraiva:
O princípio da variabilidade era previsto no Código de Processo Civil de 1939, o qual dispunha que a parte poderia variar de recurso dentro do prazo legal. Esse princípio, embora não tenha sido recepcionado pelo Código de Processo Civil de 1973, é defendido por doutrinadores de renome como Manuel Antônio Teixeira, Sergio Pinto Martins e Wagner Giglio. Esses doutos afirmam que a simples interposição do segundo recurso, no prazo legal, faz presumir a desistência tácita do primeiro apelo, sendo admitida a variabilidade, em função da simplicidade do processo do trabalho. Outros doutrinadores não admitem a variabilidade em função da denominada preclusão consumativa, uma vez que, interposto um recurso, estaria precluso, consumado o prazo para recorrer. 62
Há variabilidade dos recursos, quando a parte desistindo do
recurso interposto, substitui este por outro, verificando prazo convencionado em
lei. Há também a presunção para o fato da parte que ingressar com outro recurso,
havendo a desistência tácita do primeiro. 63
No que tange ao princípio da variabilidade, a faculdade de
variar, menciona Manoel Antonio Teixeira Filho:
61 MARTINS, Sergio Pinto. Direito Processual do Trabalho: doutrina e prática forense. p.384. 62 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. p. 447. 63 MARTINS, Sergio Pinto. Direito Processual do Trabalho: doutrina e prática forense. p. 384.
26
A faculdade de variar o recurso interposto também encontra fundamento no princípio da uni-recorribilidade, já examinada, e de acordo com o qual não se consente que se interponha de uma só decisão, mas de um apelo. Impedir-se a alteração do remédio recursal seria, de certa forma, obrigar a que a parte interpusesse um outro recurso, que seria o adequado, fazendo com que, desse modo, restasse sensivelmente escoriado o princípio da uni-
recorribilidade. 64
Para Eduardo Gabriel Saad: “O art. 809 do CPC de 1939
autorizava, expressamente, a parte a trocar um recurso por outro, desde que isso
ocorra dentro do prazo legal.” Assinala ainda que ”O CPC de 1973 é omisso sobre
esse ponto, o que levou alguns estudiosos a eliminar o princípio da variabilidade.”
Convém destacar que ”a despeito de igual silêncio da CLT, atende melhor às
peculiaridades do processo trabalhista admitir a mudança do recurso dentro do
prazo legal de sua interposição”65.
Além dos princípios recursais, os quais embasam a doutrina
sobre recursos trabalhistas, têm-se também as singularidades recursais. Como
será visto a seguir, o processo do trabalho tem detalhes próprios que constituem
as singularidades.
2.2 AS SINGULARIDADES
Abordar-se-á as singularidades do processo trabalhista, que
dentro dos ramos do Direito, como ciência normativa, possui regras próprias e um
modo particular e diverso de ser aplicado.
De acordo com Renato Saraiva, são singularidades dos
recursos trabalhistas: Irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias;
Inexigibilidade de fundamentação; Efeito devolutivo dos recursos; Uniformidade
de prazo para recurso; Instância única nos dissídios de alçada. 66
64 TEIXEIRA FILHO, Manoel Antonio. Sistemas dos recursos trabalhistas. p.136. 65 SAAD, Eduardo Gabriel e outros. Curso de Direito Processual do Trabalho. p.712. 66 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. p. 447-448.
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Passa-se a irrecorribilidade imediata das decisões
interlocutórias.
2.2.1 Da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias
Entre as peculiaridades do processo trabalhista está a
irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias. Cumpre destacar,
preliminarmente, que as decisões interlocutórias são irrecorríveis. No § 1º do art.
893, CLT, tem-se admitindo a apreciação dessas decisões apenas no recurso da
decisão definitiva. 67
Renato Saraiva elucida que: “o processo do trabalho traz em
seu bojo uma peculiaridade ao informar, no art. 893, § 1º, da CLT, que as
decisões interlocutórias não são recorríveis de imediato, somente permitindo-se a
apreciação do seu merecimento em recurso da decisão definitiva”. 68
De acordo com Manoel Antônio Teixeira Filho, e com base
na Súmula 214 69 do TST: “Salvo quando terminativas do feito na justiça do
trabalho, as decisões interlocutórias não são recorríveis de imediato, podendo ser
impugnadas quando da interposição de recurso contra a decisão definitiva”. 70
Em razão disso, a singularidade acima exposta, revela que
as decisões interlocutórias no Processo do Trabalho, ao contrário do que ocorre
no Processo Civil, em regra não poderão ser recorridas de imediato. No entanto,
há exceções em alguns casos, conforme acima exposto. 71
Na seqüência será analisada a inexigibilidade de
fundamentação.
67 MARTINS, Sergio Pinto. Direito Processual do Trabalho: doutrina e prática forense. p. 385. 68 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. p. 448. 69 Súmula 214. As decisões interlocutórias, na Justiça do Trabalho, só são recorríveis de imediato quando terminativas do feito, podendo ser impugnadas na oportunidade da interposição de recurso contra decisão definitiva, salvo quando proferidas em acórdão sujeito a recurso para o mesmo Tribunal. (Enunciado do TST – Tribunal Superior do Trabalho) 70 TEIXEIRA FILHO, Manoel Antonio. Sistemas dos recursos trabalhistas. p.111. 71 TEIXEIRA FILHO, Manoel Antonio. Sistemas dos recursos trabalhistas. p. 111.
28
2.2.2 Da inexigibilidade de fundamentação
Este item tratará da inexigibilidade de fundamentação
instada no art. 899 da CLT. É a desnecessidade de fundamentação para
interposição de recurso.
Corroborando com o entendimento Renato Saraiva informa
que:
O art. 899 da CLT dispõe que os recursos serão interpostos por simples petição. Neste contexto, permite o texto consolidado que os recursos sejam interpostos sem qualquer fundamentação ou razões de apelo. Todavia, a fundamentação do recurso é fundamental para assegurar o princípio da ampla defesa e do contraditório, bem como para possibilitar que o tribunal analise as razões do inconformismo. Dentre os recursos trabalhistas, a maioria exige fundamentação, sob pena de não conhecimento, como é o caso do recurso de revista, recurso extraordinário, agravo de petição, embargos etc. 72
Esclarece Sergio Pinto Martins que: “a interpretação
sistemática da CLT mostra que a inexigibilidade de fundamentação só pode ser
utilizada nos casos em que o empregado ou empregador estiverem postulando na
Justiça do Trabalho sem advogado (arts. 791 e 839 da CLT)”. 73
Portanto, a inexigibilidade de fundamentação não deve ser
utilizada nos casos de recursos técnicos, desta regra deve demonstrar a violação
da lei, no que ocorre com o recurso de revista e nos embargos. 74
Passa-se ao item que abordará: “do efeito devolutivo dos
recursos”.
2.2.3 Do efeito devolutivo dos recursos
72 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. p. 448-449. 73 MARTINS, Sergio Pinto. Direito Processual do Trabalho: doutrina e prática forense. p. 385. 74 MARTINS, Sergio Pinto. Direito Processual do Trabalho: doutrina e prática forense. p. 385.
29
O efeito devolutivo dos recursos faz com que haja o
reexame da matéria contemplada pelo órgão primário, esse reexame é submetido
à instância superior. Esse fato ocorre nos limites do recurso (tantum devolutum
quantum appellatum). De feito, passa em julgado a parte da sentença que não for
impugnada no recurso. O processo trabalhista conforme regra do artigo 899, da
CLT é para que exista o recurso com efeito devolutivo. A matéria debatida é
devolvida ao tribunal ad quem que a reexamina. Isso, porém, não impede a
execução provisória da sentença até a penhora. 75
No dizer de Wagner D. Giglio: “[…] é inerente a qualquer
recurso, embora varie sua amplitude: não há recurso sem efeito devolutivo, que
consiste na devolução do exame da matéria litigiosa aos julgadores que compõem
a Corte julgadora”. 76
No bojo do processo do trabalho os recursos, no rito
ordinário são guarnecidos de tão somente efeito devolutivo. Isso permite ao
credor a retirada de carta de sentença para execução provisória. 77
Assim, os efeitos dos recursos geralmente serão devolutivos
sendo está uma das particularidades do processo do trabalho.
2.2.4 Da uniformidade de prazo para recurso
Este tópico abordará a uniformidade de prazo para recurso.
Cabe destacar, que no processo do trabalho, são utilizados recursos provenientes
do processo civil e terão prazos diferenciados, como: Embargos de Declaração,
Recurso Extraordinário e entre outros.
Tendo em vista que a Lei 5.584/70 prevê prazo de 8 (oito)
dias tem-se a uniformidade de prazos para recurso que trata do Rito Sumário
75 SAAD, Eduardo Gabriel e outros. Curso de Direito Processual do Trabalho. p.714. 76 GIGLIO, Wagner D. Direito processual do trabalho. p. 445. 77 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. p. 449.
30
estabelece que “será de 8 (oito) dias o prazo para interpor e contra-arrazoar
qualquer recurso”. Contudo, nem todos os recursos possuem o mesmo prazo. 78
Esclarece a matéria Sergio Pinto Martins:
No processo civil, temos prazos de recurso de 15 dias (maioria deles). No processo do trabalho, o prazo para recurso foi uniformizado pelo art. 6º da Lei n.º 5.584/70. Assim, qualquer recurso será interposto no prazo de 8 dias (recurso ordinário, de revista, embargos, agravo de petição e de instrumento). O recurso extraordinário será interposto no prazo de 15 dias (art. 508 do CPC). 79
Ainda tem-se disposto no art. 897-A da Consolidação das
Leis de Trabalho os Embargos Declaratórios, cujo prazo é de 5 (cinco) dias.
Aduz José Augusto Rodrigues Pinto: “A todo recurso
corresponde um prazo peremptório de interposição, ou seja, terminante do
exercício do direito de recorrer, ainda que, provado o justo impedimento para
prática do ato, suporte a regra da restituição”. 80
Passa-se a discorrer acerca da instância única nos dissídios
de alçada.
2.2.5 Instância única nos dissídios de alçada
No que tange a Instância única nos dissídios de alçada
revela a doutrina o que a seguir será abordado. Cumpre destacar que quando o
valor da causa for de até 2 (dois) salários mínimos, os chamados dissídios de
alçada, não será aceito qualquer recurso, exceto se a matéria versada for de
conteúdo constitucional. 81
Segundo Sergio Pinto Martins:
78 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. p. 449. 79 MARTINS, Sergio Pinto. Direito Processual do Trabalho: doutrina e prática forense. p. 387. 80 PINTO, José Augusto Rodrigues. Manual dos recursos nos dissídios do trabalho. p. 70. 81 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. p. 451.
31
Ressalta-se que caso não seja fixado o valor da causa, pois o autor não informou na petição inicial, nem o juiz o fixou, permanecendo, portanto, indeterminado, caberá recurso da sentença que vier a ser prolatada, visto que nem sequer pode-se falar que o valor da causa é inferior a dois salários mínimos, pois não existe valor dado à causa. 82
Conclui-se que, para que não seja aceito o recurso, esse
deverá ter o valor da causa igual ou inferior a dois salários mínimos. Só será
considerado o recurso se a matéria tratada versa sobre conteúdo constitucional.
Na seqüência será abordado o juízo de admissibilidade e os pressupostos
recursais.
2.3 JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE E PRESSUPOSTOS RECURSAIS:
OBJETIVOS E SUBJETIVOS
Esse tópico abordará o juízo de admissibilidade e
pressupostos recursais: objetivos e subjetivos.
2.3.1 Juízo de admissibilidade
O juízo de admissibilidade, no primeiro ou segundo grau,
respectivamente juízos a quo e ad quem é realizado para analisar se os
pressupostos de admissibilidade do recurso, que podem ser objetivos e
subjetivos, estão devidamente elencados. 83
Conforme Eduardo Gabriel Saad:
Toda postulação recursal é submetida a dois exames e em momentos diversos.
A primeira operação consiste na verificação do cumprimento de todas as condições legais para que o recurso seja encaminhado. Esse momento processual denomina-se juízo de admissibilidade a
quo.
82 MARTINS, Sergio Pinto. Direito Processual do Trabalho: doutrina e prática forense. p. 387. 83 MARTINS, Sergio Pinto. Direito Processual do Trabalho: doutrina e prática forense. p. 388.
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A operação seguinte consuma-se no órgão que se tem competência para conhecer e julgar o recurso. 84
Cabe mencionar no bojo dessa pesquisa entendimento
citado na obra de Eduardo Gabriel Saad, o qual se julgou importante mencionar o
original de autoria de José Carlos Moreira:
Chama-se juízo de admissibilidade àquele em que se declara a presença ou ausência de semelhantes requisitos (requisitos indispensáveis à legitimidade do recurso); juízo de mérito àquele em que se apura a existência ou inexistência de fundamento para o que se postula, tirando-se daí as conseqüências cabíveis, isto é, acolhendo-se ou rejeitando-se a postulação. No primeiro, julga-se esta admissível ou inadmissível; no segundo, procedente ou improcedente. 85
No entender Renato Saraiva: “O objetivo principal dos juízos
de admissibilidade é verificar a presença dos pressupostos recursais, também
chamados de requisitos de admissibilidade recursal”. 86Dessa forma estando
presentes os pressupostos recursais o recurso será conhecido.
2.3.2 Pressupostos Recursais: objetivos e subjetivos
Os pressupostos recursais, também conhecidos como
requisitos de admissibilidade são objetivos e subjetivos. Entendem-se como
requisitos: objetivos (extrínsecos) e subjetivos (intrínsecos). 87
Entretanto, cabe destacar que há divergência entre os
doutrinadores em relação a enumeração dos pressupostos. Na visão de Renato
Saraiva os pressupostos objetivos estão expostos assim: recorribilidade do ato;
adequação; tempestividade; preparo; regularidade de representação. Já os
pressupostos subjetivos estão elencados da seguinte forma: legitimidade;
84 SAAD, Eduardo Gabriel e outros. Curso de Direito Processual do Trabalho. p.720. 85 MOREIRA, José Carlos. Comentários ao CPC. 6. ed. Rio de Janeiro : Forense, 1993. p.231-232. 86 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. p. 454. 87 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. p. 458.
33
capacidade; interesse. 88 Contudo para Sérgio Pinto Martins os pressupostos
objetivos estão descritos como: previsão legal; adequação ou cabimento;
tempestividade; preparo; representação. Os pressupostos subjetivos estão
elencados por legitimidade; capacidade; interesse. 89 Para Wagner D. Giglio os
pressupostos objetivos estão expostos da seguinte forma: adequação do recurso;
prazo; regularidades dos poderes do subscritor; depósito. Os pressupostos
subjetivos são classificados assim: legitimidade para recorrer. 90
Perante as divergências doutrinárias é adotada a tese mais
didática, do doutrinador Renato Saraiva. Os pressupostos devem ser respeitados
para garantir a admissibilidade do recurso. Na seqüência serão analisados os
pressupostos individualmente.
2.3.2.1 Pressuposto objetivo
Os pressupostos objetivos referem-se a situação processual.
Dizem respeito aos fatos externos do processo trabalhista.
De acordo com Wagner Giglio:
Os pressupostos recursais passam por duplo exame: o juízo a quo os analisa preliminarmente, autorizando ou não o seguimento do apelo, mas sua decisão não constrange o juízo ad quem, superior, que tanto poderá rejeitar o recurso admitido, ao reexaminar os pressupostos, como ordenar a subida daqueles que haviam sido indeferidos, provendo o agravo de instrumento interposto contra a decisão denegatória do processamento. 91
No entendimento de Renato Saraiva, os pressupostos
objetivos estão divididos em:
88 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. p. 458-465. 89 MARTINS, Sergio Pinto. Direito Processual do Trabalho: doutrina e prática forense. p. 390-402. 90 GIGLIO, Wagner D. Direito processual do trabalho. p. 446-457. 91 GIGLIO, Wagner D. Direito processual do trabalho. p. 448.
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• Recorribilidade do ato – o ato deve ser recorrível. Caso a decisão judicial não seja passível de impugnação via recurso […];
• Adequação – a parte deve utilizar o recurso adequado. Logo não basta recorrer, mas sim impugnar a decisão, utilizando-se o recurso cabível a espécie […];
• Tempestividade – o recurso deve ser interposto no prazo legal, sob pena de não conhecimento do apelo […];
• Preparo – no processo do trabalho, para fins recursais, exige-se que o recorrente recolha as custas e realize o depósito recursal. Portanto, não efetuado o pagamento das custas processuais e do depósito recursal, o recurso será considerado deserto. Este pressuposto será posteriormente abordado mais detalhadamente.
• Regularidade de representação – o recurso de ser subscrito pela própria parte (jus postulandi) ou mesmo com advogado com procuração nos autos ou portador de mandado tácito (advogado que, embora não possua instrumento procuratório nos autos, compareceu à audiência representando a parte e em seu nome praticou vários atos processuais, inclusive com a indicação do nome do causídico na ata de audiência, constituindo-se a denominada procuração apud acta), sob pena de não conhecimento do apelo em face da irregularidade de representação. 92
Em síntese os pressupostos objetivos pertencem à situação
processual. Serão vistos, ainda, os pressupostos subjetivos.
2.3.2.2 Pressuposto subjetivo
Os pressupostos subjetivos se referem àqueles que
recorrem das decisões. O doutrinador Renato Saraiva elucida e elenca da
seguinte forma: 92 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. p. 458-464.
35
• Legitimidade – o art. 499 do CPC determina que o recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público […]; 93
• Capacidade – além da legitimação, a parte deverá demonstrar no momento da interposição do recurso que está plenamente capaz de praticar o ato processual;
• Interesse – o recurso tem que ser útil e necessário à parte, sob pena de não conhecimento. 94
Acerca da expressão útil e necessário, grifada acima, o
referido doutrinador assim discorre:
Suponhamos a hipótese de o reclamante recorrer de um pedido que lhe foi favorável.
Nesse caso, o recurso interposto não será útil nem necessário ao recorrente, não sendo, portanto, admitido, por ausência de um pressuposto recursal subjetivo, qual seja ausência de interesse.
Todavia, o interesse pelo recurso não necessariamente está relacionado com a sucumbência, pois há casos em que, mesmo sendo vencedor na lide, tem a parte interesse no apelo.
Podemos destacar o exemplo do processo que é extinto sem resolução do mérito, o que, sem dúvidas, beneficia o reclamado, mas não o impede de recorrer do julgado. 95
Em remate, os pressupostos subjetivos tratam das pessoas
em si. Já os pressupostos objetivos referem-se ao processo. Em continuidade ao
93 Não apenas a parte, bem como o terceiro prejudicado ou interessado são legítimos para propor recurso no processo trabalhista. De acordo com Carlos Henrique Bezerra Leite: I – o sucessor ou herdeiro (CLT, arts. 10 e 448); II – a empresa condenada solidária ou subsidiariamente (CLT, art. 2º, §2º, TST, Súmula 331, IV); III – o subempreiteiro, o empreiteiro principal ou o dono da obra (CLT, art. 455); IV – os sócios de fato nas sociedades não juridicamente constituídas, além das pessoas físicas e jurídicas por força de normas de direito civil, que se vinculem à parte que figurou na demanda (CCB, art. 265); V – os litisconsortes e assistentes (simples ou litisconsorciais); e VI – o substituto processual. (LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. P.512). 94 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. p. 464-465. O grifo é nosso.
95 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. p. 465.
36
assunto no tópico seguinte será tratado sobre os recursos trabalhistas que
possuem o depósito recursal como pressuposto.
37
3. UMA INVESTIGAÇÃO DA POSIÇÃO DOUTRINÁRIA ACERCA
DA EXIGIBILIDADE DO DEPÓSITO RECURSAL EM EMPRESAS
BENEFICIADAS PELA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA NA
JUSTIÇA DO TRABALHO
O presente capítulo tem por objetivo discorrer acerca do
Depósito Recursal na Justiça do Trabalho e as posições sobre a não realização
do mesmo por empresas beneficiadas pela Assistência Judiciária Gratuita.
Apresentar-se-á os Recursos, e seus conceitos, também a Assistência Judiciária.
3.1 RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO
As decisões julgadas total ou parcialmente improcedentes
podem ser revertidas por intermédio do meio processual denominado Recurso.
De acordo com Sergio Pinto Martins Recurso é: “o meio processual estabelecido
para provocar o reexame de determinada decisão, visando à obtenção de sua
reforma ou modificação.” 96
No mesmo sentido é o entendimento de Renato Saraiva,
Recurso é: “a provocação do reexame de determinada decisão pela autoridade
hierarquicamente superior, em regra, ou pela própria autoridade prolatora da
decisão, objetivando a reforma ou modificação do julgado”. 97
Desta feita é visto que aquele que foi vencido na ação
trabalhista terá direito ao reexame da decisão. Tal medida é exercida pela parte
insatisfeita com a prestação jurisdicional e julgada por órgão colegiado composto
96 MARTINS, Sergio Pinto. Direito processual do trabalho. 26. ed. São Paulo : Atlas, 2006. p.381. 97 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo : Método, 2007. p. 442.
38
por juízes preparados devida a experiência profissional - tendo em vista que a
decisão será submetida por mais de um juízo. 98
Segundo Amauri Mascaro Nascimento: “Os recursos
constituem um instrumento assegurado aos interessados para que, vencidos,
possam pedir aos órgãos jurisdicionais um novo pronunciamento sobre a questão
decidida”. 99 Portanto, Recurso é o poder que o vencido tem através da lei de
exigir que seja reexaminada a decisão pelo juiz ou Tribunal.
3.2 DOS RECURSOS TRABALHISTAS QUE POSSUEM O DEPÓSITO RECURSAL COMO PRESSUPOSTO
São quatro os Recursos Trabalhistas, os quais serão vistos
no decorrer desse tópico da pesquisa monográfica.
Adotando o posicionamento do doutrinador Renato Saraiva,
os Recursos com Depósito Recursal obrigatório por parte do empregador
recorrente são: a) recurso ordinário; b) recurso de revista; c) embargos no TST; e
d) recurso extraordinário.
O recurso adesivo não será abordado no bojo desta
pesquisa, uma vez que o citado recurso necessita do recurso principal para que
possa ser acolhido, mas, que nem mesmo citamos nos parágrafos anteriores.
Serão vistos os recursos: ordinário, revista, embargos no TST e extraordinário
individualmente, para que se possa conhecer um pouco mais de cada um deles.
3.2.1 Recurso ordinário
98 GIGLIO, Wagner D. Direito processual do trabalho. 15.ed. São Paulo : Saraiva, 2005. p. 435-436. 99 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 491.
39
O Recurso Ordinário é o mais abrangente do processo do
Trabalho. Como regra é voluntário. Acerca da questão é interessante o que
leciona Wagner D. Giglio:
Como regra, o recurso ordinário é voluntário, no sentido de que nossa legislação faculta a interposição de recurso, mas não obriga a recorrer. Recorre quem quer. Por exceção existem alguns casos de recurso ordinário obrigatório, ou recurso “ex officio”, na nomenclatura adotada pela legislação trabalhista. Assim das decisões proferidas em processos coletivos que afetem empresas de serviço público, ou em processo de revisão, devem recorrer o presidente do Tribunal e/ou a Procuradoria da Justiça do Trabalho (CLT, art. 898); da decisão que acolher mandado de segurança deve recorrer o juiz prolator (Lei n. 1.533, de 31-12-1951, art. 12, parágrafo único); e das decisões que condenarem a União, os Estados, os Municípios, suas autarquias ou fundações que não explorarem atividade econômica, segundo Decreto-Lei n. 779/69, deve o próprio juiz prolator recorrer (art. 1º, V) 100
O Recurso Ordinário está consolidado no art. 895 da CLT. 101
O doutrinador Sergio Pinto Martins contraria o disposto na
alínea “a” do artigo supracitado. Entende que não é apenas interponível das
decisões definitivas das Varas ou Juízos de Direito – decisões onde o processo é
extinto com julgamento de mérito – mas, que é cabível das decisões terminativas
onde é extinto o processo sem julgamento de mérito. 102
A forma de interposição do Recurso Ordinário está
determinada no art. 899 da CLT. Coaduna com o entendimento Sergio Pinto
Martins:
100 GIGLIO, Wagner D. Direito processual do trabalho. 15.ed. São Paulo : Saraiva, 2005. p. 457. 101 Art. 895 – Cabe recurso ordinário para instância superior:
a) das decisões definitivas das juntas e juízos no prazo de 8 (oito) dias;
b) das decisões definitivas dos tribunais Regionais, em processos de sua competência originária, no prazo de 8 (oito) dias, quer nos dissídios individuais, quer nos dissídios coletivos”. 102 MARTINS, Sergio Pinto. Direito processual do trabalho. 26. ed. São Paulo : Atlas, 2006. p.406.
40
O recurso Ordinário, conforme determina o art. 899 da CLT, poderá ser interposto por simples petição, ou seja, não há necessidade de fundamentação, bastando apenas que o recorrente manifeste seu inconformismo com a decisão, o que pode ser feito inclusive oralmente, porém, nesse caso, haverá necessidade de ser feita a redução a termo. Essa regra se aplica à parte que estiver sem advogado. Se a parte tiver advogado, o recurso conterá: a) os nomes e qualificações das partes; b) os fundamentos de fato e de direito; c) o pedido de nova decisão (art. 514 do CPC). 103
Assim, este recurso poderá ser proposto por simples petição
não possui a necessidade de fundamentação, sendo necessário apenas que o
recorrente demonstre seu descontentamento com a decisão.
3.2.2 Recurso de revista
Discorrer-se-á sobre o Recurso de Revista, denominação e
abrangência. O art. 896, da CLT o elenca. 104 O Recurso de Revista antigamente
era denominado de forma diversa como é chamado nos dias atuais, era
conhecido como Recurso Extraordinário, pois sua natureza era extraordinária. 105
Convém ressaltar o posicionamento do doutrinador Wagner
D. Giglio: “O recurso de revista era originalmente denominado, com maior
103 MARTINS, Sergio Pinto. Direito processual do trabalho. 26. ed. São Paulo : Atlas, 2006. p.404. 104 Art. 896 – Cabe recurso de revista para turma do Tribunal Superior do Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando:
a)derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado outro Tribunal Regional, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou a Súmula de Jurisprudência Uniforme dessa Corte;
b)derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de Trabalho, Acordo Coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator da decisão recorrida, interpretação divergente, na forma da alínea a;
c)proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e literal à Constituição Federal. 105 MARTINS, Sergio Pinto. Direito processual do trabalho. 26. ed. São Paulo : Atlas, 2006. p. 415.
41
propriedade terminológica, recurso extraordinário. Na verdade suas funções se
aproximam às deste último apelo, limitadas, porém, no âmbito trabalhista”. 106
O Recurso de Revista, no entender de Sergio Pinto Martins
é um apelo exclusivamente técnico e extraordinário. Sua admissibilidade se
subordina ao juízo de alguns pressupostos. Afirma que o recurso não vem realizar
um reexame geral da decisão do Tribunal Regional do Trabalho. 107
No bojo da pesquisa foi apresentado o texto legal do art.
896, da CLT que menciona os casos de cabimento do referido Recurso. Existem,
porém, situações em que, o cabimento é inviável. De acordo com Carlos Henrique
Bezerra Leite:
O recorrente pode fundamentar a revista com base apenas em uma alínea, em duas ou nas três alíneas do art. 896 da CLT.
Tendo em vista a literalidade do caput do art. 896 da CLT, segundo o qual só cabe recurso de revista em decisão proferida em sede de recurso ordinário, conclui-se que é “incabível recurso de revista contra acórdão regional prolatado em agravo de instrumento” (TST Súmula n. 218).
Além disso, não cabe recurso de revista das decisões proferidas pelos Tribunais Regionais do Trabalho ou por suas Turmas, em execução de sentença, inclusive em processo incidente de embargos de terceiro, salvo na hipótese de ofensa direta e literal de norma da Constituição Federal. É o que prescreve o §2º do art. 896 da CLT, com a interpretação dada pela Súmula n. 266 do TST. 108
O prazo para a interposição do recurso de revista é de 8
(oito) dias conforme Lei n. 5.584/70, verificado o constante no art. 6º. É
106 GIGLIO, Wagner D. Direito processual do trabalho. 15.ed. São Paulo : Saraiva, 2005. p. 464. 107 MARTINS, Sergio Pinto. Direito processual do trabalho. 26. ed. São Paulo : Atlas, 2006. p. 416. 108 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 5. ed. São Paulo: Ltr, 2007. p. 745.
42
necessário que observe a publicação da conclusão do acórdão no Diário Oficial. 109
Convém destacar alguns aspectos característicos do recurso
em exame. Nas reclamações trabalhistas que não excederem a 40 (quarenta)
salários mínimos cabe o procedimento sumaríssimo sendo aceito o Recurso de
Revista conforme art. 896, § 6º, da CLT. 110 As s causas sujeitas ao procedimento
sumaríssimo, somente será admitido recurso de revista por contrariedade à
súmula de jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho e violação
direta da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 111
Concernente ao Depósito Recursal, o Recurso de Revista
está obrigado às mesmas regras do Recurso Ordinário, somente terá diferença
em relação ao valor do Depósito Recursal que para o Recurso de Revista, deve
ser depositado o dobro do valor do Recurso Ordinário, claro que deve se observar
a Súmula n. 128, que estabelece que atingido o valor da condenação não é
exigido mais nenhum depósito para interposição de qualquer Recurso. 112
Em sede de execução o recurso de revista obedece a regra
do art. 896, § 2º da CLT. 113
3.2.3 Embargos no TST
A recente mudança na forma de interposição dos Embargos
merece atenção dessa pesquisa monográfica. Esse aspecto fez com que muito do
que fora pesquisado outrora necessitasse de uma melhor interpretação ou mesmo
viesse a não ser disponibilizado no bojo da pesquisa, mormente, neste tópico. 109 GIGLIO, Wagner D. Direito processual do trabalho. 15.ed. São Paulo : Saraiva, 2005. p. 479. 110 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo : Método, 2007. p. 487. 111 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo : Método, 2007. p. 487. 112 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 5. ed. São Paulo: Ltr, 2007. p. 735. 113 Art. 896, §2º “Das decisões proferidas pelos Tribunais Regionais do Trabalho ou por suas Turmas, em execução de sentença, inclusive em processo incidente de embargos de terceiro, não caberá Recurso de Revista, salvo na hipótese de ofensa direta e literal de norma de Constituição Federal. (grifo nosso)
43
Optou-se por elencar o trabalho de Sergio Pinto Martins permeado com ressalvas
as outras doutrinas pesquisadas anteriormente.
Deixam de ser elencados os Embargos de Nulidade.
Revogados com o advento da Lei 11.496/07. A publicação da referida Lei em 22
de junho de 2007, alterou o art. 894 da CLT.
Antes da alteração o artigo 894, da CLT mencionava:
Art. 894. Cabem embargos, no Tribunal Superior do Trabalho, para o Pleno, no prazo de 8 (oito) dias a contar da publicação da conclusão do acórdão:
a) das decisões a que se referem as alíneas b e c do inc. I do art. 702;
b) das decisões das Turmas contrárias à letra de lei federal, ou que divergirem entre si, ou da decisão proferida pelo Tribunal Pleno, salvo se a decisão recorrida estiver em consonância com súmula de jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho.
Parágrafo único – Enquanto não forem nomeados e empossados os titulares dos novos cargos de juiz, criados nesta Lei e instaladas as Turmas, fica mantida a competência residual de cada Tribuna na sua atual composição e de seus presidentes, como definido na legislação vigente.
Após a alteração o art. 894, da CLT passou a vigorar da
seguinte maneira:
Art. 894. No Tribunal Superior do Trabalho cabem embargos, no prazo de 8 (oito) dias:
I - de decisão não unânime de julgamento que:
a) conciliar, julgar ou homologar conciliação em dissídios coletivos que excedam a competência territorial dos Tribunais Regionais do Trabalho e estender ou rever as sentenças normativas do Tribunal Superior do Trabalho, nos casos previstos em lei; e
44
b) (VETADO)
II - das decisões das Turmas que divergirem entre si, ou das decisões proferidas pela Seção de Dissídios Individuais, salvo se a decisão recorrida estiver em consonância com súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal.
Parágrafo único. (Revogado).
A Lei 7.701/1988 prevê três modalidades de embargos,
quais sejam: embargos infringentes, de divergência e de nulidade. Os embargos
de nulidade foram revogados pela Lei 11.496/07. Os restantes continuam sendo
interpostos no âmbito do TST.
O ensinamento de Sergio Pinto Martins preceitua:
Antigamente, os embargos eram dirigidos ao Pleno do TST. Com o advento da Lei n. 7.701/88, o TST ficou dividido em Seção de Dissídios Individuais (SDI) e Seção de Dissídios Coletivos (SDC), além das turmas e do próprio Pleno. As atribuições do Pleno, entretanto, foram esvaziadas, passando os embargos a ser julgados pela SDI ou pela SDC. 114
Cabe destacar que não há possibilidade de interposição de
Embargos para o Pleno do Tribunal Superior do Trabalho. 115
Na seqüência será visto cada modalidade dos Embargos.
3.2.3.1 Embargos Infringentes
Os Embargos Infringentes estão citados na Lei 7.701/88,
mais precisamente no art. 2º, inciso II, alínea “c”, dispõe o mencionado dispositivo
legal:
114 MARTINS, Sergio Pinto. Comentários a CLT. 12. ed. São Paulo : Atlas, 2008. p. 959. 115 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo : Método, 2007. p. 493.
45
II – em ultima instância julgar:
c) os Embargos Infringentes interpostos contra decisão não unânime proferida em processo de dissídio coletivo de sua competência originária, salvo se a decisão atacada estiver em consonância com precedente jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho ou da Súmula de sua jurisprudência predominante.
No entendimento de Sergio Pinto Martins Embargos
Infringentes são resultantes de decisões não unânimes, que devem ser
interpostos ou contra-arrazoados no prazo de 8 dias para SDC. A competência
deve ser originária. 116
Destaca Renato Saraiva:
• o prazo para interpor e contra-arrazoar o recurso é de 8 dias;
• o recurso somente cabe das decisões não unânimes proferidas pelo Tribunal Superior do Trabalho em Dissídios Coletivos de sua competência originária;
• se a decisão for proferida do Tribunal Superior do Trabalho em dissídio coletivo de sua competência originária for unânime, não caberão embargos infringentes, mas tão somente embargos de declaração e recurso extraordinário, em caso de ofensa à Constituição Federal de 1988;
• mesmo que a decisão Tribunal Superior do Trabalho no julgamento do dissídio coletivo não seja unânime, também não caberá recurso caso a atinente decisão esteja em consonância com precedente normativo ou súmula do próprio Tribunal Superior do Trabalho;
• o julgamento do recurso é feito pela Seção Especializada em Dissídios Coletivos;
116 MARTINS, Sergio Pinto. Direito processual do trabalho. 26. ed. São Paulo : Atlas, 2006. p. 428.
46
• os embargos infringentes possuem natureza ordinária, alcançando, portanto, matéria fática e jurídica possuindo amplo efeito devolutivo. 117
Entendidos os Embargos Infringentes passa-se aos
Embargos de Divergência.
3.2.3.2 Embargos de Divergência
A Lei 7.701/1988 em seu art. 3º, inciso III, alínea “b”,
primeira parte, elenca os embargos de divergência.
O texto do referido artigo, in verbis, cita:
Art. 3º, compete à Seção de Dissídios Individuais julgar:
III – em última instância:
b) os embargos interpostos às decisões divergentes das Turmas, ou destas com decisão da Seção de Dissídios Individuais, ou com enunciado da Súmula [...].
Convém ressaltar que o prazo para interposição e contra-
arrazoar do presente recurso são de oito dias. Seu julgamento é feito pela Seção
Especializada em Dissídios Individuais e possui natureza extraordinária, no qual
não caberá que a matéria fática e probatória seja novamente discutida. Por fim,
seu objetivo é a uniformização da jurisprudência interna do TST. 118
3.2.4 Recurso extraordinário
117 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo : Método, 2007. p. 494. 118 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo : Método, 2007. p. 494-495.
47
O Recurso Extraordinário é tratado nesse tópico da
pesquisa. A base legal está na Constituição da República Federativa do Brasil de
1988. 119
O Recurso Extraordinário, no processo do trabalho, somente
será interposto de última decisão proferida no TST, geralmente em sede de
Embargos, desde que tais decisões violem direta e literalmente norma da
Constituição da República Federativa do Brasil. 120
Vale ressaltar, com base na doutrina pátria, que para ser
acolhido o Recurso Extraordinário deve ter se esgotado todos os meios possíveis
de recursos.
Por sua vez menciona Wagner D. Giglio:
O recurso extraordinário é previsto na Constituição Federal e, portanto, não poderia ser coibido pela legislação ordinária. Além disso, aplica-se a todo e qualquer tipo de processo, não podendo ser qualificado de recurso trabalhista. Assim não haveria razão para arrolá-lo entre os recursos trabalhistas, no art. 893 da CLT. 121
Vale ressaltar o ensinamento de Renato Saraiva acerca do
novo pressuposto específico de admissibilidade do presente recurso:
Criou-se, portanto, um novo pressuposto específico de admissibilidade do recurso extraordinário, uma vez que deverá o recorrente demonstrar, em preliminar de recurso, a existência de repercussão geral em relação à questão constitucional ventilada,
119 Art. 102, III, alíneas a, b, c e d, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988: Compete ao Supremo Tribunal Federal a guarda da Constituição, atribuindo-lhe: julgar mediante recurso extraordinário as decisões julgadas em única ou última instância da decisão recorrida: “a) contrariar dispositivo desta Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição; d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal”. 120 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo : Método, 2007. p. 502. 121 GIGLIO, Wagner D. Direito processual do trabalho. 15.ed. São Paulo : Saraiva, 2005. p. 439.
48
sob pena de não conhecimento do apelo extraordinário, decisão esta irrecorrível.122
Passa-se agora ao tema “Uma investigação da posição
doutrinária acerca da exigibilidade do depósito recursal em empresas
beneficiadas pela assistência judiciária gratuita na”, título do presente capítulo.
3.3 UMA INVESTIGAÇÃO DA POSIÇÃO DOUTRINÁRIA ACERCA
DA EXIGIBILIDADE DO DEPÓSITO RECURSAL EM EMPRESAS
BENEFICIADAS PELA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA NA
JUSTIÇA DO TRABALHO
Este tópico abordará acerca de uma investigação da posição
doutrinária acerca da exigência do depósito recursal em empresas beneficiadas
pela assistência judiciária gratuita na justiça do trabalho.
3.3.1 Finalidade do Depósito Recursal
O Depósito Recursal tem sua previsão legal no art. 899 e
seus parágrafos da CLT. É a quantia pecuniária posta à disposição do juiz para
assegurar a efetivação da condenação. Por vezes é a própria quantia da
condenação ou parte dela. Cabe ressaltar que o Depósito Recursal é um dos
pressupostos objetivos dos recursos e para sua admissibilidade ser assegurada o
empregador está sujeito a realizá-lo.
Quanto à finalidade, coaduna-se ao fim proposto, objetivo ou
meta; qual seja a garantia do juízo. Por conseguinte, busca-se um Judiciário mais
célere, sem a possibilidade de interposição de recursos meramente protelatórios.
122
SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo : Método, 2007. p 508.
49
Esclarecem Armando Casimiro Costa e Irany Ferrari: “O
depósito cumpre uma dupla finalidade: a) desencorajar a interposição de
recursos, máxime os protelatórios; b) garantir, ainda que em parte, o êxito da
futura execução de sentença condenatória”. 123
O Depósito Recursal tem o objetivo de dificultar recursos
desnecessários ao processo e promover a execução da sentença, especialmente
às de valores pequenos. Visa, portanto, a celeridade processual, inibir a
procrastinação do feito e garantir o cumprimento da obrigação decorrente da
decisão judicial. 124
3.3.2 Valor e Exigência do Depósito Recursal
De acordo com Armando Casimiro Costa e Irany Ferrari: “O
valor do depósito corresponde ao valor líquido ou arbitrado da condenação, salvo
se superior ao valor máximo do depósito fixado em lei”. 125
O quantum correspondente aos depósitos é definido
anualmente pelo Presidente do TST edita periodicamente os novos valores. 126 As
últimas atualizações foram feitas no ATO. GP 251/07 (DJ 19.07.2007), que
passaram a vigorar em 1º de agosto de 2007, no qual fixou os valores: a) R$
4.993.78, para interposição de Recurso Ordinário; b) R$ 9.987,78, para
interposição de Recurso de Revista, Embargos e Recurso Extraordinário; c) R$
9.987,56, para interposição de Recurso em Ação Rescisória.127
Foi a Lei n. 8.542/92 em seu art. 8º quem fixou o valor
máximo do depósito recursal. O artigo 899, §1º c/c art. 40 da Lei 8.177/91 123 COSTA, Armando Casimiro. FERRARI, Irany. Recursos trabalhistas: estudos em homenagem ao Ministro Vantuil ABDALA. São Paulo: Ltr, 2003, p.105. 124 MARTINS, Sergio Pinto. Direito processual do trabalho. 26. ed. São Paulo : Atlas, 2006. p. 396. 125 COSTA, Armando Casimiro. FERRARI, Irany. Recursos trabalhistas: estudos em homenagem ao Ministro Vantuil ABDALA. São Paulo: Ltr, 2003, p.106. 126 Instrução Normativa 03/93 do TST. “Inc. VI – Os valores alusivos aos limites de depósito recursal serão reajustados bimestralmente pela variação acumulada pelo INPC do IBGE dos dois meses imediatamente anteriores e serão calculados e publicados no DJU […]”. 127 TST – Tribunal Superior do Tabalho. Disponível em: <www.tst.gob.br>. Acesso em: 27 de março de 2008.
50
menciona tal disposição. 128 É devido para fins de depósito prévio de Recurso
Ordinário, Recurso de Revista, Embargos Infringentes e Recurso Extraordinário, e
a cada novo recurso interposto no decorrer do processo. Também ao depósito
pecuniário em recurso interposto contra acórdão que julga ação rescisória. 129
Convêm observar, para esclarecimento do art. 8º da Lei
8.542/92, a Instrução Normativa n. 3, de 05 de março de 2003 do TST. Destaca-
se a partir desse instante tão somente as regras pertinentes a exigibilidade do
depósito recursal. Segundo, Armando Casimiro Costa e Irany Ferrari. São regras
à exigibilidade do Depósito Recursal:
• pressupõe sentença, ou acórdão condenatório: logo, em tese, somente é concebível e exigível no julgamento de recurso ordinário, de recurso de revista e de recursos de embargos para a SDI no TST; é inexigível de forma absoluta em agravo de instrumento e, em princípio em agravo de petição; assim, Instrução Normativa do TST n. 03/93, item I; por conseguinte, salvo se imposta nova condenação na sentença que julga os embargos à execução (honorários, por exemplo), inexigível depósito recursal na interposição de agravo de petição pelo executado; em regra, portanto, é equivocado o não conhecimento de agravo de petição com fundamento na ausência de depósito recursal, mormente, quando já seguro o juízo pela penhora; decisão desse jaez desafia recurso de revista, até mesmo por ofensa ao art. 5º, II, da CF/88, para afastar a deserção;
• pressupõe condenação em pecúnia: não havendo, não é exigível (sentença meramente declaratória, por exemplo): assim, a Súmula n. 161/TST e CLT, art. 899, §§ 1 ºe 2º;
• em caso de condenação líquida: o valor do depósito corresponderá ao valor da condenação até o valor máximo, conforme o recurso;
128 COSTA, Armando Casimiro. FERRARI, Irany. Recursos trabalhistas: estudos em homenagem ao Ministro Vantuil ABDALA. São Paulo: Ltr, 2003, p.106. 129 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 5. ed. São Paulo: Ltr, 2007. p. 668.
51
• em caso de condenação ilíquida: o valor do depósito corresponderá ao valor arbitrado da condenação para efeito de custas, limitado ao valor máximo, conforme o recurso;
• exigência legal concerne apenas ao empregador recorrente, ou em caso de pequena empreitada, do empregador (daquele que contrata o operário ou artífice e é condenado); assim, não é exigível do empregado demandado e condenado, segundo a jurisprudência amplamente dominante, pois a lei alude à efetivação do depósito na conta vinculada do FGTS do empregado (CLT, 899, §4º e §5º);
• desnecessário ser prévio ao recurso, como ainda parece sugerir o art. 899, §1º da CLT: o art. 7º, Lei n. 5.584/70 derrogou tacitamente essa imposição que havia; pacífico hoje (Súmula n. 245 do TST) que a parte pode efetivá-lo e comprová-lo até a exaustão do prazo recursal, ou seja, nos oito dias de que dispõe para recorrer;
• inexigível de pessoa jurídica de direito público, nos termos do Decreto-lei n. 779/69, bem como de Massa Falida (Súmula n.86 do TST), da herança jacente e da parte beneficiária de assistência judiciária gratuita (Instrução Normativa n. 03/93, item X); porém, a inexigibilidade não alcança “autarquias impróprias” (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina – APPA, por exemplo); ademais, o privilégio da Massa Falida não alcança empresa em liquidação extrajudicial;
• inexigível a cada novo recurso, se for o caso mediante complementação.
Esclarece Christovão Piragibe Tostes Malta, que nas ações
declaratórias e constitutivas, relativas a obrigação de fazer e não fazer não cabe
depósito para efeito de interposição de agravo regimental, de instrumento e
petição, e também nos mandados de segurança e dissídios que são julgados por
52
recursos dos acórdãos. Contudo só exige depósito nas ações cautelares quando
houver condenação em pecúnia senão não haverá tal exigência. 130
O Depósito Recursal é um pressuposto extrínseco do
recurso, que terá exigência quando houver condenação em pecúnia. Essas
exigências devem ser obedecidas para o bom andamento do processo.
3.4 ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA
A Assistência Judiciária Gratuita, na Justiça do Trabalho,
garante ao trabalhador por meio do seu sindicato a isenção das custas e taxas
processuais durante o trâmite do processo. Ela, porém, existe fora do âmbito
trabalhista.
Na justiça do trabalho a assistência judiciária é concedida,
seguindo a regra do art. 14 da Lei 5.584/1970, com exclusividade ao trabalhador
por meio do sindicato da categoria profissional à qual pertença. Prestada ao
trabalhador que ganhar salário igual ou menor ao dobro do mínimo legal. Está
assegurado, porém, igual benefício ao trabalhador que perceber maior salário,
sendo observado e provado que sua situação econômica não lhe permite
demandar, sem prejuízo do sustento próprio ou da família. 131
Fora do âmbito trabalhista é comum a aplicabilidade da Lei
1.060/50. A mesma fora alterada pela Lei 7.510/86, aplicada subsidiariamente à
assistência judiciária regulada pela Lei 5.584/70. 132
São agraciadas com tal benefício às entidades caritativas, as
pessoas jurídicas filantrópicas - se forem sem fins lucrativos ou de caráter
beneficente - consideradas por lei. As microempresas e empresas em nome
individual também são beneficiárias, demonstrada sua precariedade de recursos e 130 TOSTES MALTA, Christovão Piragibe. Prática do processo trabalhista. 34. ed. São Paulo : Ltr, 2006, p. 433. 131 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo : Método, 2007. p. 208. 132 SAAD, Eduardo Gabriel. Curso de direito processual do trabalho. 5. ed. São Paulo : LTr, 2007. p. 262.
53
de seu titular. Se ocorrer precariedade demonstrada por empresas de pequeno
porte tal benefício deve ser concedido. 133
Tal benefício remonta à época do Império Brasileiro, onde
havia prestação da assistência judiciária gratuita. 134 A previsão constitucional
encontra-se a partir da Carta Magna de 1988. De acordo com o que ressaltam
Jouberto de Quadros Pessoa Cavalcante e Francisco Ferreira Jorge Neto, em
artigo de sua autoria:
Na constituição atual, é expresso o dever do Estado prestar assistência judiciária integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos (art. 5º, inc. LXXIV, CF) e incumbe à Defensoria Pública, como instituição essencial à função jurisdicional do Estado, a orientação e a defesa, em todos os graus, daqueles desprovidos de recursos financeiros (art. 134). 135
Passa-se ao conceito de Assistência Judiciária Gratuita.
3.4.1 O conceito de Assistência Judiciária Gratuita
Conforme disposto no Dicionário Acadêmico de Direito: “[...]
A assistência judiciária gratuita é dever-função do Estado, que, por seu
intermédio, torna plena a distribuição da justiça, pois todos são iguais perante a
lei, conforme princípio fundamental do Constitucionalismo moderno [...]”136. Para
melhor elucidação do instituto, ressalta-se dois conceitos, um inclusive pautado
em lei catarinense.
Sustenta Valentin Carrion que “a assistência judiciária
consiste no beneficio concedido ao necessitado de, gratuitamente, utilizar os
133 DEMO, Roberto Luis Luchi. Assistência judiciária gratuita. São Paulo: RT, ano 91. Vol. 797. março de 2002. p. 744-745. 134 SAAD, Eduardo Gabriel. Curso de direito processual do trabalho. 5. ed. São Paulo : LTr, 2007. p. 260. 135 CAVALCANTE, Jouberto de Quadros Pessoa, JORGE NETO, Francisco Ferreira. A assistência judiciária da pessoa jurídica na justiça do trabalho e a exigência do deposito recursal. Curitiba : Editora Decisório Trabalhista Ltda, 2007. p. 18. 136 ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Dicionário acadêmico de direito. 3 ed. Atual. São Paulo: Editora Jurídica Brasileira, 2003, p.112.
54
serviços profissionais de advogado e demais auxiliares da justiça e movimentar o
processo.” Ainda segundo o autor, “a assistência judiciária é o “gênero”, e a
justiça gratuita, a espécie; esta é a isenção de emolumentos dos serventuários,
custas e taxas”. 137
No âmbito do Estado de Santa Catarina, existe lei
complementar que verifica a assistência judiciária. Eis que o entendimento do Juiz
de Direito Ezequiel Rodrigo Garcia, e do Promotor de Justiça Gustavo Wiggers,
ambos da Comarca de Imbituba:
Assistência Judiciária Gratuita é o benefício concedido à pessoa que necessita estar em Juízo e que não possui condições econômicas de arcar com os custos do processo sem o comprometimento do sustento próprio e familiar, além de atender os ditames da Lei Complementar n. 155, de 15/4/1997, do Estado de Santa Catarina. 138
Os mesmos doutrinadores afirmam que é possível a
assistência judiciária gratuita a pessoa jurídica com base na lei 1.060/50:
A assistência judiciária gratuita abrange as seguintes isenções: a) das taxas judiciárias e dos selos; b) dos emolumentos e custas devidos aos juízes, órgãos do Ministério Público e serventuários da Justiça; c) das despesas com as publicações indispensáveis no jornal encarregado da divulgação dos atos oficiais; d) das indenizações devidas às testemunhas que, quando empregados, receberão do empregador salário integral, como se em serviço estivessem, ressalvado o direito de regressivo contra o poder público federal, no Distrito Federal e nos Territórios, ou contra o poder público estadual, nos Estados; e) dos honorários de advogado e peritos; f) das despesas com a realização do exame de código genético (DNA) que for requisitado pela autoridade
137 CARRION, Valetin. Comentários à consolidação das leis do trabalho. 33 ed. Atual. Por Eduardo Carrion. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 602. 138 GARCIA, Ezequiel Rodrigo, WIGGERS, Gustavo. Assistência judiciária gratuita – sistemática. Disponível em: <fit.oab-sc.org.br/subsecoes/imbituba/Assistencia_judiciaria_sistema.doc>. Acesso em: 08 de abril de 2008.
55
judiciária nas ações de investigação de paternidade ou maternidade (art. 3º , Lei nº 1.060). 139
Passa-se ao próximo item que trata da Justiça Gratuita.
3.5 JUSTIÇA GRATUITA
Nesse tópico serão abordadas linhas gerais sobre a Justiça
Gratuita. A justiça gratuita é vista em sentido estrito, conforme disposto no art.
789 da Consolidação das Leis de Trabalho. Admite isenção de custas e diversos
dispêndios processuais, como traslados e instrumentos. 140
Conforme Alessandrus Cardoso:
A concessão da justiça gratuita, regulada pela Lei n. 1.060, de 1950, ainda vale frisar, não se preocupa, em nenhum de seus artigos, com o fato do peticionante ter ou não propriedades. Limita-se, simplesmente, no seu artigo 2º, parágrafo único, a conceituar os necessitados para fins legais, como "os que não podem pagar as custas do processo e honorários de advogado sem prejuízo do sustento próprio ou da família." 141
Após breve elucidação passa-se ao conceito de Justiça
Gratuita.
3.5.1 Conceito de Justiça Gratuita
É necessário para essa pesquisa apresentar, no bojo das
correntes doutrinárias, o conceito de Justiça Gratuita. Não se encontrará um
conceito específico ou que não inclua comparações a Assistência Judiciária, e/ou
mesmo cite artigos da legislação pátria.
139 CAVALCANTE, Jouberto de Quadros Pessoa, JORGE NETO, Francisco Ferreira. A assistência judiciária da pessoa jurídica na justiça do trabalho e a exigência do deposito recursal. Curitiba : Editora Decisório Trabalhista Ltda, 2007. p. 22. 140 DOSUALDO, JOSÉ ANTÔNIO. Assistência judiciária gratuita no processo do trabalho: algumas considerações. RT: São Paulo. Ano 28. n. 107, julho-setembro de 2002. p. 225. 141 CARDOSO, Alessandrus. A assistência judiciária gratuita ou justiça gratuita no Brasil: breves considerações acerca de um importante instituto. Elaborado em 04.2002. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3193>. Acesso em: 05 de maio de 2008.
56
Alude o acórdão da 2ª Turma do TRT da 12ª Região acerca
do tema:
O benefício da justiça gratuita, espécie do gênero assistência judiciária gratuita, nos termos do art. 790, § 3º, da CLT, pode ser concedido apenas com a declaração da parte de que não está em condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família. 142
Menciona-se normas constitucionais e infraconstitucionais,
ainda que aborde a Assistência Judiciária Gratuita, discorre o Acórdão-3ª Turma
do TRT 12ª Região:
O acesso gratuito ao Poder Judiciário, que encontra previsão constitucional no inciso LXXIV do artigo 5º da Lei Maior e infraconstitucional nos artigos 2º e 4º da Lei nº 1.060/50, para a qual basta que a parte alegue insuficiência econômica, não exige seja acostada credencial sindical, esta necessária apenas para a concessão da assistência judiciária gratuita de que trata a Lei nº 5.584/70. 143
Após breve conceituação definida em jurisprudência pátria
passa-se a posições doutrinárias sobre a aplicação dos institutos da assistência
judiciária gratuita para as empresas.
3.6 POSIÇÕES DOUTRINÁRIAS SOBRE A APLICAÇÃO DOS INSTITUTOS DA
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA E DA JUSTIÇA GRATUITA PARA AS
EMPRESAS
A doutrina pátria confunde as nomenclaturas Assistência
Judiciária Gratuita e da Justiça Gratuita. Essa pesquisa monográfica adotará de
forma ampla a denominação Assistência Judiciária Gratuita. Alguns doutrinadores 142 SANTA CATARINA. Tribunal Regional do Trabalho. Recurso ordinário, n. 05724-2007-035-12-00-2, Assistência Judiciária Gratuita. Sergio Manoel Wagner, Companhia catarinense de águas e saneamento - Casan. Des. Hélio Bastida Lopes. 10 de março de 2008. Disponível em: <http://trtapl3.trt12.gov.br/csmj/2008/RO05724-2007-035-12-00-2.rtf>. Acesso em: 05 de maio de 2008. 143 SANTA CATARINA. Tribunal Regional do Trabalho. Recurso ordinário, n. 00695-2006-008-12-01-1. Gratuidade do acesso à justiça. Moacir Moraes Dedea, e Reni Trentin. Des. Teresa Regina Cotosky. 29 de fevereiro de 2008. Disponível em <http://trtapl3.trt12.gov.br/csmj/2008/RO00695-2006-008-12-01-1.rtf>. Acesso em: 05 de maio de 2008.
57
discorrem acerca da concessão do Depósito Recursal para empresas
beneficiárias da Assistência Judiciária Gratuita. Este tópico estudará a concessão
deste benefício ao empregador.
No que tange à garantia as pessoas físicas e jurídicas,
assinala Renato Saraiva:
Diante da peculiaridade evidenciada no processo, afirmou o Ministro Relator que não é razoável a deserção declarada pelo Tribunal Regional, pois retirou do empregador o direito à ampla defesa, impedindo-o de discutir a condenação que lhe fora imposta em 1º grau. Ademais, o Ministro Luciano de Castilho afirmou que a Constituição (art. 5º, inc. LXXIV) assegura assistência jurídica integral e gratuita do Estado aos que comprovarem insuficiência de recursos, “sem fazer qualquer distinção entre pessoa física ou jurídica”. 144(grifo nosso)
Conforme disposto no art. 5º, inc. LXXIV, da CRFB/88, não
há diferença no tratamento entre pessoa física ou jurídica no que tange
assistência judiciária gratuita. Assim, comprovando a insuficiência de recursos, é
possível conceder-lhe o referido benefício. 145
Apesar de analisar gramatical e sistematicamente o tema
dos beneficiários enquanto pessoas jurídicas, para efeito dessa pesquisa
apresentar-se-á apenas a análise sistemática adotada por José Antonio
Dosualdo:
[…] analisando sistematicamente os textos legais, chegaríamos à conclusão que a Lei especial (5.584/70) restringiu a Lei geral (1.060/50) e também a Constituição da República, art. 5º, LXXIV. Limitou ao empregado um direito constitucional que é estendido a todos que comprovem insuficiência de recursos. Ainda que a lei especial tenha o propósito de regular situações especiais, não pode divorciar-se da diretriz constitucional, pena de mal ferir os princípios e regras que harmonizam o sistema de normas.
144 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo : Método, 2007. p. 210-11. 145 MARTINS, Sergio Pinto. Direito processual do trabalho. 26. ed. São Paulo : Atlas, 2006. p. 188.
58
Entender que o benefício só se aplica aos empregados viola o princípio da isonomia, que também tem assento constitucional, art. 5º, caput, e inc. I, da Constituição. A Lei 1.060/50 não faz qualquer distinção entre empregado e empregador, conforme se extrai do regramento art. 4º, caput. Referido dispositivo legal prescreve que A Parte gozará dos benefícios, não distinguindo empregado de empregador. A lei é construção cultural e a sua interpretação deve alcançar os fins sociais a que se destina e as exigências do bem comum (art. 5º, da LICC). Entendimento contrário levaria ao absurdo de deixar sem os benefícios o pequeno empreiteiro, o empregador arruinado, certos humildes reclamados. 146
Eduardo Gabriel Saad entende que pode ser aplicada a
assistência judiciária para as empresas que comprovarem insuficiência de
recursos:
É omissa a lei da assistência judiciária no tocante à incapacidade financeira de uma empresa (sobretudo a micro) em face das despesas de uma demanda judicial. Inobstante, tanto na doutrina como na jurisprudência, vem ganhando corpo o entendimento de que não se deve recusar tal benefício a uma pessoa jurídica que, efetivamente, não conte com reservas financeiras para cobrir as despesas processuais. Está a assistência judiciária vinculada ao princípio constitucional de acesso, de toda e qualquer pessoa, ao Judiciário. Negar-se a uma empresa o acesso à justiça só porque é pobre de recursos financeiros, constitui afronta àquele princípio constitucional. 147
Após os anos ditatoriais, na década de 80, com a inflação
galopante e a forte recessão econômica, muitos brasileiros buscaram uma saída
em micro e pequenas empresas para a sobrevivência alterando a idéia originária
de patrão e agregado, empregador e empregado 148. No dizer de José Guilherme
Marques Júnior:
146 DOSUALDO, JOSÉ ANTÔNIO. Assistência judiciária gratuita no processo do trabalho: algumas considerações. RT: São Paulo. Ano 28. n. 107, julho-setembro de 2002. p. 227. 147 SAAD, Eduardo Gabriel. Curso de direito processual do trabalho. 5. ed. São Paulo : LTr, 2007. p. 199. 148 MARQUES JUNIOR, José Guilherme. O depósito recursal como obstáculo à ampla defesa das pequenas e microempresas. Elaborado em janeiro de 2005. Disponível em: <http://www.lvbj.adv.br/>. Acesso em: 28 de fevereiro de 2008.
59
Na esteira desses acontecimentos, muitos buscaram a atividade "empresarial" como alternativa à própria sobrevivência. De notar que a grande maioria desses ex-empregados e novos "empregadores" se equivaliam aos empregados, não sendo razoável, in casu, a clássica diferenciação dos pólos da relação trabalhista, que aponta o empregado como único hipossuficiente, surgindo, então, as microempresas da forma como conhecemos atualmente. 149
Acerca do tema José Antônio Dosualdo ensina:
Portanto, se um empregador comprovar a insuficiência de recursos, deve-lhe ser concedido os benefícios da justiça gratuita, com base no art. 5º, LXXIV, da CF/88 e Lei 1.060/50, e não com fulcro na Lei 5.584/70, tendo em vista que o empregador obedeceu os requisitos constitucionais para auferimento do benefício. 150
No entendimento de Jouberto de Quadros Pessoa
Cavalcante e Francisco Ferreira Jorge Neto:
A concessão da assistência judiciária à pessoa jurídica encontra respaldo na própria Constituição (art. 5º, LXXIV). Contudo, a demonstração da falta de capacidade econômica (insuficiência econômica) deverá ser demonstrada de forma inequívoca e está sujeita a apreciação judicial, não sendo suficiente a mera declaração de insuficiência de recursos. Posição adotada pelo STF e STJ. 151
Após elucidações acerca da posição favorável a concessão
da assistência judiciária para as empresas. Passar-se-á as posições
desfavoráveis do tema em discussão.
149 MARQUES JUNIOR, José Guilherme. O depósito recursal como obstáculo à ampla defesa das pequenas e microempresas. Elaborado em janeiro de 2005. http://www.lvbj.adv.br/ Acesso em 28 de fevereiro de 2008. 150 DOSUALDO, JOSÉ ANTÔNIO. Assistência judiciária gratuita no processo do trabalho: algumas considerações. RT: São Paulo. Ano 28. n. 107, julho-setembro de 2002. p. 227. 151 CAVALCANTE, Jouberto de Quadros Pessoa, JORGE NETO, Francisco Ferreira. A assistência judiciária da pessoa jurídica na justiça do trabalho e a exigência do deposito recursal. Curitiba : Editora Decisório Trabalhista Ltda, 2007. p. 21.
60
Cabe destacar que há doutrinadores 152 que sustentam não
ser aplicada a Assistência Judiciária para as empresas justamente em virtude da
previsão legal. Em virtude da Lei 5.584/70 a assistência, no Processo do
Trabalho, deve ser aplicada apenas para pessoas físicas hipossuficientes
representadas por advogado do sindicato da categoria e não para pessoas
jurídicas.
3.7 POSIÇÕES JURISPRUDENCIAIS SOBRE A ISENÇÃO DO DEPÓSITO
RECURSAL PARA EMPRESAS QUE REQUEREM O INSTITUTO DA
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA
Como esclarecido anteriormente, a doutrina pátria confunde
as nomenclaturas: Assistência Judiciária Gratuita e Justiça Gratuita. A presente
pesquisa monográfica adotou de forma ampla a denominação Assistência
Judiciária Gratuita.
A título de esclarecimento, esse tópico da pesquisa
monográfica, evidenciará decisões do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª
Região, proferidas entre 25/05/07 a 25/05/2008, que são desfavoráveis a isenção
do depósito recursal para as empresas que requerem a Assistência Judiciária
Gratuita.
Foram coletadas seis jurisprudências desfavoráveis do TRT
12ª Região, sendo que: duas jurisprudências da 1ª Turma; duas da 2ª Turma; e
duas da 3ª Turma. Muito embora, a pesquisa monográfica tenha buscado outras
decisões, todavia, as que estão evidenciadas aqui por meio de suas ementas, dão
à baliza do trabalho monográfico em epígrafe.
De acordo com a 1ª Turma do TRT 12ª Região, apresentam-
se as duas posições jurisprudenciais acerca do tema:
152 Conforme Martins, Sergio Pinto. Direito Processual do Trabalho: doutrina e prática forense. 26. ed. São Paulo: Atlas, 2006, p.188: “[…] No processo do trabalho, portanto, a assistência judiciária não é prestada ao empregador, mesmo que este não tenha condições econômicas ou financeiras para postular em juízo. De acordo com SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo : Método, 2007. p. 208: Na Justiça do Trabalho, a teor do art. 14 da Lei 5.584/1970, a assistência judiciária é prestada exclusivamente ao trabalhador, por intermédio do sindicato da categoria profissional à qual pertence o obreio.
61
RECURSO ORDINÁRIO. DESERÇÃO. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. ALCANCE. “A assistência judiciária gratuita, quando concedida, abrange somente a isenção do pagamento das custas processuais (art. 2º, parágrafo único, da Lei nº 1.060/50), não isentando o beneficiário de efetuar o depósito recursal, que é a garantia do juízo para efeito de execução.” 153
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA. DEPÓSITO RECURSAL. NÃO-ABRANGÊNCIA. A assistência judiciária delineada no art. 3º da Lei nº 1.060/50 não isenta o reclamado do recolhimento do depósito recursal, cuja finalidade é garantir o Juízo. 154
Para com a 2ª Turma do TRT 12ª, acrescentam-se mais
duas posições jurisprudenciais acerca do tema:
RECURSO ORDINÁRIO. DESERÇÃO. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. ALCANCE. A assistência judiciária gratuita abrange somente a isenção do pagamento das custas processuais (art. 2º, parágrafo único, da Lei nº 1.060/50), não isentando o beneficiário de efetuar o depósito recursal, que é a garantia do juízo para efeito de execução. 155
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DESERÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO. Ainda que, excepcionalmente, a assistência judiciária gratuita possa ser concedida ao empregador, o benefício é restrito à isenção das custas, não abrangendo o depósito recursal, que tem natureza jurídica de garantia do Juízo. 156
153 SANTA CATARINA. Tribunal Regional do Trabalho. Recurso ordinário, n. 05666-2006-026-12-01-8, benefício de justiça gratuita. Sindicato dos empregados em edifícios de Florianópolis, Sindicato dos condomínios do Estado de Santa Catarina, e Márcio Locks. Des. Marcio Vinicio Zanchetta. 4 de abril de 2008. Disponível em: <http://trtapl3.trt12.gov.br/csmj/2008/AIRO05666-2006-026-12-01-8.rtf>. Acesso em: 25 de maio de 2008. 154 SANTA CATARINA. Tribunal Regional do Trabalho. Recurso ordinário, n. 03888-2005-039-12-00-9, assistência judiciária. HERCILIO REITER, e EDIVILSON DA ROCHA. Des. Garibaldi Tadeu Pereira Ferreira. 18 de março de 2008. Disponível em: <http://trtapl3.trt12.gov.br/csmj/2008/RO03888-2005-039-12-00-9.rtf>. Acesso em: 25 de maio de 2008. 155 SANTA CATARINA. Tribunal Regional do Trabalho. Recurso ordinário, n. 03054-2004-032-12-01-0, benefício da justiça gratuita. TRANSPEV PROCESSAMENTO E SERVIÇOS LTDA., e RAFAEL CAVALLI EHLERS. Des. SANDRA MARCIA WAMBIER. 10 de dezembro de 2007. Disponível em: <http://trtapl3.trt12.gov.br/csmj/2008/AIRO03054-2004-032-12-01-0.rtf>. Acesso em: 25 de maio de 2008. 156 SANTA CATARINA. Tribunal Regional do Trabalho. Recurso ordinário, n. 00608-2006-003-12-01-4 , Agravo de instrumento. AFASC - ASSOCIAÇÃO FEMININA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DE CRI-CIÚMA e MARLENE SHARF FERNANDES.. Des. Edson Mendes de Oliveira. 28 de
62
Entende a 3ª Turma do TRT 12ª, com mais duas posições
jurisprudenciais acerca do tema:
BENEFÍCIOS DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA. PESSOA JURÍDICA. DEPÓSITO RECURSAL. INEXISTÊNCIA DE AFRONTA À CONSTITUIÇÃO FEDERAL. O postulado inscrito no inciso LV, do art. 5, da CF/88, segundo o qual estão reservados aos litigantes o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes, não é incompatível com a existência de normas ordinárias que definam pressupostos recursais objetivos, tais como a tempestividade, a adequabilidade e o preparo. A garantia constitucional não pode ser interpretada de forma ampla, sem limites, desprovida de razoabilidade. 157
AGRAVO DE INSTRUMENTO. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. DESERÇÃO. Não merece prosperar o agravo de instrumento, por meio do qual se pretende destrancar recurso ordinário não conhecido, por deserto (falta de recolhimento das custas e do depósito recursal), em face da invocação da assistência judiciária gratuita, uma vez que, mesmo reconhecido o benefício, esse só abrange a condenação ao pagamento das custas processuais (art. 2º, parágrafo único, da Lei nº 1.060/50).158
Na análise de Roberto Luis Luchi Demo: […] para empresas
com fins lucrativos não deve ser concedido tal benefício. 159
Para a concessão da Assistência Judiciária Gratuita ou
benefício da Justiça Gratuita ao trabalho, principalmente quando pessoa jurídica
novembro de 2007. Disponível em: <http://trtapl3.trt12.gov.br/csmj/2007/AIRO00608-2006-003-12-01-4.rtf>. Acesso em: 25 de maio de 2008. 157 SANTA CATARINA. Tribunal Regional do Trabalho. Recurso ordinário, n. 03215-2006-035-12-01-7, benefícios da assistência judiciária. Transpev processamento e serviços Ltda., Lucelena Meurer. Des. Gilmar Cavalheri. 31 de outubro de 2007. Disponível em: <http://trtapl3.trt12.gov.br/csmj/2007/AIRO03215-2006-035-12-01-7.rtf>. Acesso em: 25 de maio de 2008. 158 SANTA CATARINA. Tribunal Regional do Trabalho. Recurso ordinário, n. 00158-2006-043-12-01-9 , Agravo de instrumento. GERLANE FERNANDES BERGHAHN - ME. e SÔNIA DA SILVA.. Des. Lígia M. Teixeira Gouvêa. 12 de maio de 2008. Disponível em: <http://trtapl3.trt12.gov.br/csmj/2008/AIRO00158-2006-043-12-01-9.rtf>. Acesso em: 25 de maio de 2008. 159 DEMO, Roberto Luis Luchi. Assistência judiciária gratuita. São Paulo: RT, ano 91. Vol. 797. março de 2002. p. 744-745.
63
não há previsão infraconstitucional. Desta forma, visivelmente, é comum a
jurisprudência denegar provimento a concessão de tal benefício. 160
Diante do exposto, percebe-se que o TRT 12ª Região,
dentro do limite temporal da pesquisa, entende inaplicável a isenção do Depósito
Recursal para as empresas beneficiárias da Assistência Judiciária Gratuita, pois o
mesmo tem natureza jurídica de garantia do juízo.
Há que se ressaltar decisão recente do TST, em sede de
Recurso de Revista, onde o relator afirma que é devido o acolhimento do pedido
de Assistência, com sua decisão fulcrada no art. 5°, inciso LXXIV da Constituição
Federal, bem como a isenção do depósito recursal, pois não se pode retirar do
Reclamado o direito à ampla defesa, impedindo-o de discutir a condenação que
lhe foi imposta em 1º Grau. 161
Assim, vez que a Constituição da República Federativa do
Brasil é o ápice do ordenamento jurídico brasileiro e merece respeito e
obediência, não há que se falar em impossibilidade da concessão da benesse da
Assistência Judiciária Gratuita frente ao patente descumprimento de norma
constitucional que tal atitude acarreta, mas pode-se falar em uma negativa do
TRT 12ª Região em conceder a isenção do Depósito Recursal para empresas
agraciadas com tal benefício.
160 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 5. ed. São Paulo: Ltr, 2007. p. 394. 161 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Recurso de revista, n. 728010/2001.0, insuficiência econômica do empregador. Ademir Bittencourt e Luiz Adriano Menezes e outro. Des. José Luciano de Castilho Pereira. 22 de fevereiro de 2006. Disponível em: <http://brs02.tst.gov.br/cgi-bin/nph-brs?s1=4006449.nia.&u=/Brs/it01.html&p=1&l=1&d=blnk&f=g&r=1>. Acesso em: 25 de maio de 2008.
64
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa monográfica versa sobre a exigibilidade
do Depósito Recursal em empresas asseguradas pela Assistência Judiciária
Gratuita.
Assim, o primeiro objetivo específico é mostrar o surgimento
do Direito Processual do Trabalho; os Tribunais: TRTs e TST da Justiça do
Trabalho, bem como um breve histórico do Depósito Recursal.
O segundo objetivo específico é a descrição dos princípios,
singularidades e o juízo de admissibilidade e também os pressupostos objetivos e
subjetivos dos recursos trabalhistas que serviram para comprovar a realização do
objetivo.
Todavia, o terceiro objetivo específico é tratar do Depósito
Recursal em determinados recursos trabalhistas e as posições sobre a realização
ou não, do mesmo em empresas beneficiadas pela Assistência Judiciária
Gratuita. Apresenta inicialmente os Recursos, seus conceitos e também a
Assistência Judiciária e em seguida expõe posições jurisprudenciais das turmas
julgadoras de recursos do TRT 12ª Região, no período compreendido entre
25/05/07 e 25/05/08.
Após as análises feitas pela presente pesquisa observa-se
que a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 em seu art. 5°,
inciso LXXIV, assegura, não fazendo distinção entre pessoa física ou jurídica, a
todo cidadão que não tiver condições de arcar com o processo, o benefício da
assistência judiciária. No bojo da pesquisa se observa contrariedades entre a
previsão legal e a prática no que se refere a exigibilidade do Depósito Recursal
em empresas agraciadas pela Assistência Judiciária gratuita.
O Direito do Trabalho e o Processo do Trabalho estão
pautados em condições do sistema econômico em voga. Numa condição simplista
65
afirmaríamos que o capitalista, ou o dono dos meios de produção, que tem
responsabilidade sobre a fábrica ou empresa, e escolheu esse modo de vida e
obtenção de sustento próprio arcaria com todos os ônus advindos das relações de
trabalho e emprego. Ocorre que não se enxerga aí uma nova tendência adotada
pelas mudanças do capitalismo depois do surgimento da globalização: as micro e
pequenas empresas como força motriz de boa parte da economia de países em
desenvolvimento.
Pequenos armazéns, mercearias, armarinhos, quitandas,
outras formas de comércio, também pequenas manufaturas existem há muito
tempo. O espaço desses, porém, foi limitado. Claro que as empresas que não tem
condições de arcar com tal dispêndio pecuniário devem ter direito a uma análise
mais precisa por parte das turmas julgadoras. Não obstante as dificuldades, boa
parte dessas empresas procuram resistir esperando melhores dias.
Ocorre que, ao analisar as condições daqueles que entram
no mercado, e que, necessitam se adaptar ao mesmo, numa condição de arcar
com as custas processuais e o depósito em si, prejudicam o investimento e
consequentemente os empregados que laboram entorno desse investimento. A
empresa que deixa de recorrer por falta de recursos perde a oportunidade de se
defender em juízo.
É compreensível que as empresas que possuem condições
de arcar com o Depósito Recursal, devem fazê-lo, eis que representa uma
garantia do juízo, porém frente a análise de cada caso concreto. Não é razoável
que empresas de portes diferenciados sejam tratadas com igualdade frente ao
Depósito Recursal.
Existem, sim, empregadores que se utilizam de recursos
com o intuito de protelação do feito. Mas, deve-se considerar que são aqueles
que usam de má-fé e não devem ser tidos como unanimidade da classe que
representam. As cortes julgadoras devem analisar e saber se a empresa tem ou
não condições para arcar com o Depósito Recursal. Depois dessa análise devem
ou não conceder tal benefício.
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