“uma criança, um futuro” - casadiasmachado.pt · ensino infantil até aos seis anos de idade....
TRANSCRIPT
2
Projeto Educativo: “Uma criança, um futuro”
Índice
1. O Projeto Educativo ................................................................................................. 3
1.1. Introdução .......................................................................................................... 3
1.2. Enquadramento normativo ................................................................................. 4
2. Caraterísticas básicas: análise do meio e do contexto .............................................. 4
2.1. Um olhar sobre a história do lugar ..................................................................... 4
2.2. Um olhar sobre a realidade económico-social ................................................... 8
2.3. Um olhar sobre a Casa Beneficência Dias Machado ....................................... 10
2.4. As famílias ....................................................................................................... 11
2.5. Um olhar sobre a equipa educativa...................................................................... 13
3. O Projeto “Uma criança um futuro” ....................................................................... 13
3.1. Identidade ............................................................................................................ 14
3.2. Cronologia/Fundamentação ................................................................................. 15
3.3. Objetivos .............................................................................................................. 17
3.4. Metodologias e Estratégias .................................................................................. 17
3.4.1. Metodologias ................................................................................................ 17
3.4.2. Estratégias ..................................................................................................... 18
4. Elaboração e Divulgação do Projeto Educativo ..................................................... 19
5. Revisão e Avaliação do Projeto Educativo............................................................. 20
6. Concluindo ............................................................................................................. 21
3
Projeto Educativo: “Uma criança, um futuro”
1. O Projeto Educativo
1.1. Introdução
Na Escola, um Projeto é, por definição, um documento orientador do sentido da
ação de toda a Comunidade Educativa. Ao definir objetivos, ao estabelecer prioridades,
ao assumir opções, reflete sobretudo uma maneira de pensar a educação.
Simultaneamente, constitui-se como verdadeiro instrumento de gestão a médio prazo,
referencial para toda a planificação e eixo de todas as atividades.
Face à importância e filosofia de tal documento, e tendo em conta o seu carácter
abrangente, quisemos que o nosso Projeto fosse fruto do diálogo e do consenso. Na sua
elaboração, todos foram convidados a pronunciar-se e muitos foram os que deram o seu
contributo: educadoras, auxiliares da ação educativa, pais e encarregados de educação.
É, pois, um trabalho coletivo o que agora se apresenta. Nele se revela a
identidade da Casa de Beneficência Dias Machado e Patronato do Imaculado Coração
de Maria, explicita os seus princípios orientadores, valores, missão e as grandes opções
do seu futuro; esclarece o porquê e para quê das atividades; diagnostica os problemas
reais e os seus contextos, identificando os recursos necessários e avaliando para quê,
como e quando; exige, por fim, a participação crítica e criativa dos intervenientes.
Tratando-se de um documento particular, reflexo, como dizíamos, de uma
identidade própria, optámos por nele não fazer qualquer tipo de citações. No entanto,
para a sua elaboração, tivemos em conta referências várias, nomeadamente o
ordenamento jurídico do atual Sistema Educativo para o Pré-Escolar, os atuais
documentos do Subsistema da Ação Social para a Resposta Social-Creche e as
diferentes correntes e práticas pedagógicas.
O Projeto que está em vigor foi aprovado pela Direção da Instituição que nos
interpela e nos compromete para o futuro.
Tenhamos a ousadia de acreditar…
4
Projeto Educativo: “Uma criança, um futuro”
1.2. Enquadramento normativo
O Projeto Educativo é um documento que consagra a orientação educativa da
escola, elaborado e aprovado pelos seus órgãos de administração e gestão para um
horizonte de três anos, no qual se explicitam os princípios, os valores, as metas e as
estratégias segundo as quais a escola se propõe a cumprir a sua função educativa. (in
Dec-Lei 115-A/98, artº3º).
2. Características básicas: análise do meio e do contexto
2.1. Um olhar sobre a história do lugar
Não é possível compreender a história de uma
Instituição centenária sem se mergulhar na sua vida
interna, feita de momentos de suprema riqueza, de
realidade e de sonho, mas também de desânimos, de
muitas desilusões e aspirações frustradas. Contudo são
destas histórias que se constroem os grandes projetos.
A Casa de Beneficência Dias Machado viveu com
ardor as incidências de conceitos de diferentes filosofias de vida e diferentes estratégias
e rumos ao longo da sua história centenária. Assim, a 23 de Novembro de 1956, chega à
Instituição a primeira Comunidade formada por 4 Irmãs da Congregação das Religiosas
Reparadoras de Nossa Senhora das Dores, depois de muitas diligências junto do Cónego
Manuel Nunes Formigão, Fundador da Congregação. A entrada oficial e solene
aconteceu a 8 de Dezembro.
5
Projeto Educativo: “Uma criança, um futuro”
No ano 1961, já com novos estatutos abre-se o ensino infantil, dos 3 aos 7 anos
de idade, o ensino primário oficial prossegue para as crianças dos 7 aos 12 anos e cria-
se uma nova valência o Patronato para meninas com mais de 12 anos com a finalidade
de ensinar os serviços de bordar, costurar e cozinhar de forma profissional ou
doméstica.
A Direção da Casa na pessoa de Raul de Carvalho movimenta-se juntamente
com a população de São Martinho do Campo, manifestando grande solidariedade e
empenhando-se no sentido de as irmãs continuarem o seu trabalho na Instituição.
A 14 de Fevereiro de 1975, a nova Comissão Diretiva nomeada era composta
pelo comendador Abílio Ferreira de Oliveira que assumia a presidência, Raul Pereira de
Carvalho como Vice – presidente, Jaime Pereira Rodrigues, tesoureiro, Arnaldo Martins
e Júlio Maria Carneiro da Costa, como secretários, Maninho João da Silva e Francisco
Assunção de Castro Alves, como vogais.
Face à difícil situação económica em que a Instituição se encontrava, esta
Comissão Diretiva desenhou um plano de salvação de grande relevo na evolução e
trajeto desta Casa.
Na primeira linha das prioridades estava a remodelação e ampliação das
instalações para se garantir a instrução e assistência para os mais desfavorecidos e a
transferência da escola oficial do Ensino Primário que ocupava várias dependências, que
só aconteceu em Maio de 1980.
A Comunidade das Irmãs continuava a lutar pela sobrevivência da Obra
colocando na Instituição uma Educadora, a Irmã Ana da Conceição, que foi a primeira
educadora admitida para a Instituição em 1 de Outubro de 1970.
O ponto de viragem na História centenária da
Casa de Beneficência Dias Machado dá-se no
princípio da década de 80, quando o Empresário
José Machado Almeida, prestigiado industrial de
São Martinho do Campo, chamou a si a tarefa de
devolver a esta instituição as condições necessárias
para repor a importância que teve na freguesia, no
concelho e mesmo na região, através do profundo
restauro das instalações, com respeito por todo o
6
Projeto Educativo: “Uma criança, um futuro”
traçado e beleza originais.
Uma nova equipa de dirigentes ficou constituída a partir da Assembleia Geral de
8 de Dezembro de 1980, em que foram eleitos e tomam posse os elementos dos órgãos
dirigentes da Instituição: Direção, Assembleia geral e Conselho Fiscal.
Alfredo José Araújo de Almeida assume a liderança da Direção e faz-se
acompanhar pelo vice-presidente, Raul Pereira de Carvalho e por Júlio Maria Carneiro
da Costa e Arnaldo Martins, como secretários, Abílio Jorge Leite Almeida Costa, e
Zeferino Coelho, como vogais e Jaime Pereira Rodrigues, tesoureiro, formando uma
equipe dinâmica e empreendedora.
A presidência da Mesa da Assembleia Geral é entregue ao Comendador Abílio
Ferreira de Oliveira e a Presidência do Conselho Fiscal passa a ser gerida por Fernando
Pinheiro da Rocha.
É esta grande equipa que vai desencadear toda a estratégia de relançamento da
Instituição e provocar a rutura com um passado marcado por uma série de adiamentos,
hesitações, protelamentos e até dúvidas que tinha colocado a Casa de Beneficência Dias
Machado numa situação de risco público e possível encerramento.
A Casa recebe as obras estruturais de remodelação, beneficiação e ampliação,
passando a oferecer às crianças condições de acolhimento, de lazer e desenvolvimento
físico e pedagógico de elevado nível qualitativo.
Na sua vertente organizativa, a Instituição deu passos decisivos para construir
uma base sólida, dinâmica e mesmo sustentada económica e financeiramente. Enquanto
José Machado de Almeida financiou as obras de restauro do edifício e do espaço
envolvente, o Presidente da Instituição, seu filho, Alfredo de Almeida dedicou-se a
normalizar e a estruturar as vertentes financeira e administrativa da Casa entregando a
Coordenação da Área Pedagógica à Superiora da Comunidade Religiosa que sempre foi
acompanhando o desenrolar dos sucessivos corpos dirigentes.
A Instituição recupera o seu prestígio a nível local,
regional e nacional.
O Presidente cria uma gestão para a Instituição assente
em três pilares fundamentais: solidez, autonomia financeira,
rigor e independência face aos poderes públicos, e reúne à sua
volta um consenso generalizado para prosseguir o caminho
definido.
7
Projeto Educativo: “Uma criança, um futuro”
O cunho pessoal de Alfredo José Araújo de Almeida, determinou dois aspetos
essenciais de uma renovada filosofia de vida: um ascendente claramente religioso,
assumido através da presença constante de uma Comunidade Religiosa, e uma política
de independência política e económica como garante da imunidade da Instituição a
pressões ou influências externas, quaisquer que fossem as suas origens.
Uma das primeiras medidas tomadas pela atual direção, é a aprovação dos novos
Estatutos, a 6 de Dezembro de 1981, na Assembleia Geral, onde se estabelece que a
Instituição tem como objetivo a Educação e a prestação de assistência aos menores, em
regime de semi-internato, colaborando com a família de crianças órfãs ou com
incapacidade a nível social ou económico.
Os novos estatutos da Casa de Beneficência Dias Machado e Patronato do
Imaculado Coração de Maria abarcam todas as áreas de atividade da Instituição:
Ensino Infantil até aos seis anos de idade.
Em Fevereiro de 1990, Alfredo Almeida foi reeleito Presidente da Direção da
Casa de Beneficência Dias Machado e Patronato do Imaculado Coração de Maria.
A Coordenação da orgânica interna da Casa ficou nesta altura, entregue à Irmã
Justa Jorge dos Santos.
A Casa de Beneficência Dias Machado e Patronato do Imaculado Coração de
Maria teve uma grande obra de ampliação o que levou ao aumento do pessoal docente e
não docente, a gozar de assistência médica semanal e de transporte para as crianças cuja
residência era afastada do Jardim de Infância, serviços reveladores de uma grande
evolução de melhoria nos cuidados e nas condições de acolhimento.
Deve-se ainda ao Presidente Alfredo Almeida a aquisição do parque infantil para
a Instituição, em 1994.
No início do ano letivo de 2002, a Irmã Justa Jorge dos Santos, foi substituída
pela Irmã Maria Prudência João Pires, que assume a coordenação da Instituição a partir
desse ano letivo.
Nesse mesmo ano letivo de 2002/2003 foi iniciado um projeto para mais uma
remodelação e reconstrução, de diferentes áreas da Instituição de acordo com as novas
necessidades e exigências.
8
Projeto Educativo: “Uma criança, um futuro”
As obras iniciaram pela construção de um Mini-Campo de Futebol, junto ao
Pavilhão Eurico de Melo. De seguida, foi construída a parte da nova cozinha, dispensa,
refeitório central, da sala de reuniões e da lavandaria. Foi efetuado um restauro na
marquise principal da Instituição com construção de escadarias, um elevador com 3
pisos, e outros anexos.
Ao longo de Ano Letivo 2006/2007 foi a vez das remodelações na parte da
Creche. A Instituição passou a gozar de duas Creches: Creche 1 e Creche 2, com três
salas, cada uma, um refeitório e casas de banhos para crianças e adulto. Foi ainda
remodelado o gabinete médico e a sala de amamentação.
Em 2007, a Instituição fez a aquisição de um novo autocarro para substituir
antigo. Assim continuou o transporte das crianças ao domicílio, ajudando as famílias
cuja residência se situa nas zonas limítrofes à Instituição.
No início do ano letivo 2008/09 assumiu as funções de Coordenadora
Pedagógica, a Irmã Maria Inês Vieira, em substituição da Irmã Maria Prudência João
Pires.
Em Setembro de 2015 foi nomeada a educadora Emília Paula Silva para assumir
as funções de coordenadora pedagógica, passando a Irmã Inês Vieira a desempenhar
funções de diretora geral da Instituição.
No sentido de continuarmos a atualizar o nosso espaço estão em projeto novas
obras de restauro para o edifício centenário.
Viemos do passado, mas queremos construir futuros.
2.2. Um olhar sobre a realidade económico-social
A Vila de S. Martinho do Campo encontra-se
situada no extremo norte do Concelho de Santo Tirso,
junto à margem do Rio Vizela.
O surgir da freguesia não se pode identificar com
rigor, mas pela documentação que a referência é
provável que já o seria desde o século IX ou X, uma vez
que aparece citada antes da fundação da Nacionalidade.
9
Projeto Educativo: “Uma criança, um futuro”
Nessa altura, numa situação geográfica privilegiada, os traços de uma ruralidade
bucólica seriam por certo mais visíveis, o que reforçaria a sua beleza natural.
S. Martinho do Campo é uma freguesia airosa que tem beneficiado dos
melhoramentos rodoviários que foram introduzidos na região nos últimos cinquenta
anos, não sendo de admirar a explosão urbana e fabril que se apresenta como um facto
bem real, que por sua vez veio espoletar novas necessidades e infraestruturas. A sua
localização é ainda dominada pela passagem do Rio Vizela na parte norte que
estabelece de forma natural o limite das freguesias de Lordelo e Moreira de Cónegos.
As condições geográficas desta Terra de S. Martinho do Campo são muito
atrativas. Os seus recursos materiais e a abundância de água têm um papel
preponderante, sendo esta a causa da fertilidade e frescura em que a freguesia é pródiga.
S. Martinho do Campo tem como atividade predominante a Indústria têxtil, mas
não se pode esquecer a sua notável agricultura e o muito comercio, além de alguma
prestação de serviços.
Quanto aos serviços públicos, a freguesia é servida por uma Estação de Correios,
sita na Sede da Junta de Freguesia; uma dependência da Eletricidade do Norte, três
agências Bancárias; três Escolas públicas e uma IPSS; várias Unidades de Saúde e de
Associações Culturais.
Os estabelecimentos comerciais em S. Martinho do Campo são inúmeros: cafés,
gelatarias, restaurantes, mercearias, minimercados, supermercados, padarias, peixarias,
talhos, bazares, papelarias, drogarias, fotógrafos, cabeleireiros, perfumarias,
ourivesarias e prontos-a-vestir.
Temos ainda: empresa de transportes, gabinete de arquitetura, estação de
serviços, eletrodomésticos, e várias indústrias, tais como de materiais de construção,
transformação de plásticos, máquinas industriais para confeções e outros.
A indústria têxtil, foi durante muito tempo o principal sustento desta região, mas
atualmente esta realidade industrial está em declínio devido á crise económica que se
sente em todos os sectores da região, influenciando profundamente o setor têxtil.
10
Projeto Educativo: “Uma criança, um futuro”
2.3. Um olhar sobre a Casa Beneficência Dias Machado
A Casa Beneficência Dias Machado é uma
instituição particular de solidariedade social cuja
missão é afirmar os direitos e responder às
necessidades sociais educativas das crianças e das
suas famílias.
Esta é uma instituição com uma história
secular e está situada em Vila Nova do Campo. Com 33 colaboradores, dá apoio a cerca
de 190 famílias nas valências de creche e jardim-de-infância.
Constituem a creche da Casa de Beneficência Dias Machado, a sala dos
Golfinhos, berçário, dos 4 aos 12 meses, sala das Borboletas, berçário, dos 4 aos 12
meses, sala dos Patinhos, dos 12 aos 24 meses, sala dos Coelhinhos, dos 12 aos 24
meses, sala das Joaninhas, dos 24 aos 36 meses e Peixinhos dos 24 aos 36 meses.
Cada polo de três salas tem um refeitório, uma casa de banho para adultos e uma
casa de banho e fraldário para crianças, que servem de apoio às mesmas.
O Jardim de Infância é constituído por cinco
salas: sala rosa (3 anos), sala laranja (3 anos), sala
verde (4 anos),que se situam no rés-do-chão do
edifício principal. Neste ainda existem duas casas de
banho de apoio às salas e uma para os adultos, um
dormitório, a secretaria e um salão nobre. No
primeiro piso, estão situadas a sala de reuniões da equipa pedagógica e a lavandaria. O
segundo piso é constituído pelo dormitório da creche, casa de banho de apoio, e pelo
refeitório da congregação. No último piso encontra-se a cozinha, o refeitório e três casas
de banho (duas para os adultos e outra para as crianças).
O edifício complementar composto pela sala vermelha e sala azul destina-se a
crianças finalistas. Neste também se encontra uma sala multiusos e duas casas de banho.
11
Projeto Educativo: “Uma criança, um futuro”
Esta Instituição tem no seu espaço exterior três parques, um campo de futebol e
um salão polivalente que é utilizado para atividades ligadas ao acolhimento, atividades
de interior e festas comemorativas.
2.4. As famílias
A Casa de Beneficência Dias Machado serve
presentemente cerca de 175 famílias.
Na sua grande maioria são famílias nucleares
formadas por pai e mãe e 1 filho ou 2 filhos. Começa
a ser relevante o número de casos de famílias
monoparentais. A idade média dos pais situa-se entre
os 30 e os 34 anos. Não existe uma distribuição
homogénea dos progenitores quanto à sua formação académica, estimando-se que 55
por cento tenham os estudos básicos obrigatórios, 30 por cento os estudos
complementares secundários e 15 por cento, estudos superiores.
Esta base académica diferente, tem como consequência um leque muito variado
de profissões: domésticas, empregados têxteis, lojistas, professores, enfermeiras, o que
por sua vez implica uma grande variedade de interesses e solicitações, que refletem
também as práticas educativas parentais ou familiares. Também se regista, perante o
quadro socioprofissional descrito, uma grande diversidade de poder económico.
12
Projeto Educativo: “Uma criança, um futuro”
As mães e os pais podem definir-se como participativos, bem informados pois
mantêm contacto diário com a equipa da sala,
verificando-se que 90% trazem pessoalmente os
seus filhos à escola e que a maioria sabe qual é a
atividade que diariamente o seu filho realiza.
Mais de 80% das famílias participam nas
reuniões periódicas de pais, colaborando
ativamente com a Escola (em atividades ou
mini-projetos) ou nos eventos mais importantes
(por ex: na festa de Natal, na Festa das
Finalistas, entre outros). A nossa casa está,
fortemente, inserida na comunidade. A sua
filosofia de ligação à família, com ênfase no
contato permanente com os pais que
consideramos os “primeiros educadores”
permite criar condições para um trabalho de continuidade educativa. Neste clima, as
relações de amizade entre as próprias crianças geram laços de convivência entre
famílias, durante o período de anos em que frequentam a Instituição. Os placard´s de
cada sala, as festas, as redes sociais são aspetos que potenciam a comunicação com a
família. Estas valorizam o ambiente que se vive na instituição descrevendo-o com frases
do género “estamos em casa” e “estamos em família”, comentando que as crianças vêm
à escola com muito agrado, mostrando-se satisfeitas com o clima de afetividade e a
variedade de atividades em que a família é chamada a participar.
As famílias em geral valorizam quatro características, fundamentais, das
educadoras e da equipa educativa: o respeito pelos interesses dos filhos e dos pais; a
atenção pelo ritmo de aprendizagem da criança; promoção e fomento da autonomia;
uma estreita relação de afeto entre as crianças e adultos que com eles partilham o espaço
escolar. As mães e os pais conhecem o sistema de acompanhamento dos filhos:
13
Projeto Educativo: “Uma criança, um futuro”
- Seguem regularmente a planificação da sala;
- Consultam o portfolio que se vai organizando;
- Participam na reunião anual individual de avaliação;
- Têm acesso às salas de atividade que podem visitar sempre que o solicitarem à
educadora.
2.5. Um olhar sobre a equipa educativa
A Equipa Educativa da Casa de Beneficência Dias Machado é constituída por 30
colaboradores (9 Educadoras, 13 Auxiliares e 7 Auxiliares de Serviços Gerais), sendo
liderada por uma Coordenadora Pedagógica e uma Coordenadora Geral. As educadoras
têm um horário de 35 horas e as auxiliares de 37,5 horas, por semana, com um período
de férias de 22 dias úteis, distribuídos pelas férias de verão, Natal e pontes.
A nossa equipa caracteriza-se por ser “sonhadora”, dinâmica, aberta, com
vontade de “fazer coisas” novas e ao mesmo tempo atenta às necessidades especiais, ao
trabalho do grupo sem deixar de reconhecer a individualidade e sobretudo com
capacidade de reflexão sobre a sua prática educativa. A Instituição favorece a formação
contínua através de palestras, debates e contatos externos, sendo este um dos itens que
tem valorizado desde a sua criação.
Para o bom funcionamento da Casa, pois contactam direta e diariamente com as
crianças e famílias, contribuem também um administrativo, um motorista e um médico
que nos presta serviço semanalmente. As Irmãs da Comunidade presente na Instituição,
de uma forma voluntária, zelam também pelo bem-estar de todos.
3. O Projeto “Uma criança, um futuro”
3.1. Identidade
O nosso Projeto Educativo recebeu o
nome de “Uma criança, um futuro”.
14
Projeto Educativo: “Uma criança, um futuro”
Na sua maioria os pais querem que os filhos cresçam felizes, otimistas,
confiantes e com capacidades para enfrentar, de forma bem-sucedida, os desafios da
vida. No entanto, tudo isto é mais fácil dizer do que fazer.
Atualmente, estudos de alguns especialistas concluem que aos três anos de
idade, a criança começa a formar a identidade, que determinará, mais tarde, a sua
conduta como individuo social. É certo que uma proporção da nossa personalidade é
genética e outra advém do ambiente e da forma como somos cuidados e educados.
Independente da proporção exata, que se desconhece, estas evidências sugerem
que os primeiros anos de vida são cruciais para a formação de uma criança. Esses
primeiros anos são vividos em família e, fruto das condições sociais de hoje, também,
para muitas crianças no ambiente da creche e jardim-de-infância. No entanto, os pais e a
vida familiar são a verdadeira “escola de sentimentos” dos filhos. A casa é o sítio seguro
e a família é o lugar onde, em primeira mão, somos amados e apreciados pelo que
somos. É neste ambiente que os pais devem assumir uma responsabilidade, uma atitude
e uma ação positiva, no acompanhamento do processo de educação dos seus filhos:
conversando e comunicando, ligando-se a eles, colocando limites, sendo claros sobre o
que os espera, sobre o que em cada situação, podem fazer, ensinando-lhes o certo e o
errado e incentivando-os e guiando-os na descoberta do mundo. Acontece que os pais,
por motivos da organização da sociedade atual, têm cedo de utilizar os recursos da
creche e jardim-de-infância. Não nos compete a nós substituir os pais no processo de
educação dos seus filhos ou para educar à parte. Estamos, aqui, para ajudar, para apoiar,
para ouvir e comunicar e para fazer coisas em conjunto, num ambiente de portas
abertas. A casa e a escola não podem ser dois mundos separados mas dois mundos que
se conhecem e se cruzam. A isto chama-se “continuidade educativa”, não esquecendo
que, sobretudo nestas idades, os pais são os primeiros educadores e têm uma
importância decisiva na vida e no futuro dos seus filhos. Com este projeto pretendemos
contribuir para um desenvolvimento integral e harmonioso da criança para que no futuro
seja um adulto responsável com princípios e valores bem definidos.
Compete-nos incentivar e dar às crianças os instrumentos necessários para que
não tenha receio de explorar, conhecer e viver plenamente o mundo que as rodeia.
15
Projeto Educativo: “Uma criança, um futuro”
3.2. Cronologia/Fundamentação
Ao longo deste percurso, por três anos letivos, pretendemos que cada criança
vivencie novos desafios, que os ultrapasse, e que dessa forma possa, cada vez mais e
melhor, conhecer o mundo, tornando-se assim, mais autónoma e confiante. Os pais,
como personagens ativos deste processo são convidados a estar presentes e a partilhar
todos os saberes e aprendizagens de uma forma positiva e contagiante.
No primeiro ano letivo 2016/2017, pretendemos realizar atividades que
estimulem a vinda das famílias à escola. Desde a realização de colóquios sobre temas
relevantes para a relação família/escola até à participação dos pais nas atividades
realizadas no âmbito de sala:
Workshops de dança e música em que todos são chamados a participar;
Workshops de culinária;
Horas de conto;
Participação em exposições, no Natal e no final do ano referentes ao
projeto pedagógico;
Propostas de pesquisa de alguns temas, a ser explorados em casa para
depois se apresentarem aos colegas;
Uma criança um
futuro
2016/2017
Abrir a escola às famílias
2017/2018
Conhecer o mundo
2018/2019
Autonomia individual
16
Projeto Educativo: “Uma criança, um futuro”
No segundo ano, o objetivo será fomentar nos grupos a vontade de conhecer e
explorar tudo o que os rodeia, através de um contacto direto com materiais, natureza e o
meio envolvente à instituição.
Visitas ao exterior:
- Padarias;
- Quintas;
- Hortos;
Visitas a locais onde se fomenta a cultura e a arte:
- Bibliotecas;
- Cinemas;
- Centros Culturais;
- Casa de Camilo Castelo Branco;
- Espetáculos, teatros e exposições;
- Feiras do Livro;
No terceiro ano, temos como meta fomentar na criança a curiosidade e a vontade
de saber cada vez mais, sem receio de explorar o que ainda é desconhecido e mantendo
sempre a necessidade de ser cada vez mais autónomo e independente. As atividades a
propor ao longo deste ano letivo pretendem fomentar a construção da identidade e da
autoestima, independência e autonomia e da convivência democrática e cidadania.
Na relação consigo próprio, estimular a criança a exprimir sentimentos,
pensamentos, emoções;
17
Projeto Educativo: “Uma criança, um futuro”
Na relação com o outro, fomentar o espírito de entreajuda mesmo nas
tarefas mais simples: na higiene, no refeitório, nos jogos coletivos;
Na relação com o mundo que o rodeia criar bons hábitos na proteção da
saúde e do ambiente;
- Separar o lixo;
- Cuidar da sala e dos recreios;
- Cuidar dos seus pertences;
Ser autónomo na sua higiene pessoal;
Ser autónomo nas refeições;
Pesquisar, procurar e solucionar dúvidas usando os mais diversos meios,
tecnológicos e outros.
Crescer com afeto, com respeito pelo outro, na escola e fora dela;
-Participar em iniciativas da gestão local e municipal e da Comunidade
em geral;
- Interagir com os mais idosos da AS;
3.3. Objetivos
Para o desenvolvimento da Criança, neste P.E., considerando que todas as metas
da educação Pré-Escolar serão igualmente trabalhadas ao longo deste período, (baseado
nas orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar, 2016) pretendemos:
- Promover o seu desenvolvimento global, enquanto membro da sociedade em
que está integrado e na qual se sente confiante;
- Contribuir para o seu processo de socialização e fomentar a consolidação do
mesmo, ao longo da sua experiência escolar;
- Desenvolver atitudes e comportamentos que facilitem uma cultura de amizade,
interajuda, respeito e justiça;
- Despertar uma atitude crítica face ao contexto que a rodeia, desenvolvendo
experiências que lhe permitam realizar aprendizagens significativas e diferenciadas;
- Valorizar o trabalho individual, a pares, em pequeno grupo ou em equipa;
-Criar oportunidades de aprendizagem do seu autoconhecimento em comparação
com as restantes crianças do grupo;
18
Projeto Educativo: “Uma criança, um futuro”
- Compreender que a escola e a família são parceiros e demonstram uma atitude
positiva face à sua integração e desenvolvimento durante todo o percurso académico.
3.4. Metodologias e Estratégias
A equipa educativa contextualiza a sua
prática pedagógica numa perspetiva construtivista,
em que a criança se desenvolve através das
interações que realiza com o meio/contexto
(Piaget). A criança é potenciadora do seu
conhecimento agindo no meio em que vive, desta
forma, o contexto onde a criança se desenvolve é
um fator muito importante para o seu desenvolvimento. A par disso, a criança, como ser
social, aprende em interação com o outro. O conhecimento e a aprendizagem
desenvolvem-se como uma construção mediada de diferentes relações. Vigotsky fala de
uma zona de desenvolvimento proximal da criança que corresponde à distância entre
seu desenvolvimento real e o seu desenvolvimento potencial. Todas as crianças têm
capacidades para evoluir cada dia mais, mas para isso é necessário desafia-la. O adulto e
os colegas são, a par do meio, fatores importantes para potenciar o desenvolvimento da
criança. “Promover o desenvolvimento global” “Fomentar experiências de parentalidade
positiva.”
Na convergência destas duas perspetivas, a equipa educativa assumiu
determinadas metodologias e estratégias que caracterizam a sua prática educativa.
3.4.1. Metodologias
São três as metodologias que privilegiamos no trabalho com as crianças: a
Metodologia de Projeto, a Metodologia High-Scope e o Movimento da Escola Moderna.
A metodologia High-Scope tem como objetivo “reduzir o papel do adulto e a conceber à
criança maior ação, maior iniciativa e maior decisão” (Formozinho, 1998:60).
Proporcionamos à criança meios e experiências que lhe permitam aprender fazendo e
aprender experimentando/explorando.
19
Projeto Educativo: “Uma criança, um futuro”
Recorrendo à Metodologia de Projeto procuramos ser companheiros
experimentados das crianças. Vamos acompanhando todo o Projeto e colocando sempre
mais desafios, partilhando papéis de liderança e de poder. “A Metodologia de Projeto
pressupõe uma visão da criança como um ser competente e capaz, como investigador
nato, motivado para a pesquisa e resolução de problemas” (Vasconcelos, 1998:133).
Ao participar direta e democraticamente, realizando escolhas, refletindo sobre as
mesmas, apresentando planos, propostas e ajustes, a equipa criança/educador envolve-se
num movimento moderno de contribuição activa na escola e mais tarde na sociedade.
3.4.2. Estratégias
Assim, decorrendo da metodologia com
que trabalhamos, utilizamos as seguintes
estratégias de intervenção:
-Atividades Planificadas Semanalmente:
são propostas pelo educador atividades que vão
estimular a criança a progredir no seu
desenvolvimento global. Estas atividades decorrem da determinação de objetivos, que
progressivamente vão respondendo às necessidades, crescentes no seu nível de
dificuldade, da criança e do grupo.
- Atividades Espontâneas: todos os dias e de acordo com a rotina diária, as
crianças têm oportunidade de explorar todas as áreas da sala (ex. Biblioteca, Casinha,
plástica…) e/ou no recreio. Nesses momentos, cada criança escolhe e estrutura
mentalmente o que vai fazer e como vai fazer. A equipa educativa acompanha estas
atividades participando ativamente nas suas brincadeiras, levando a criança a ultrapassar
dificuldades e desafios, estimulando a sua imaginação, criatividade, sentido estético, e,
não menos importante promovendo a cooperação e afetividade, resolvendo conflitos de
forma apaziguadora e justa.
- Experiências Educativas: ao longo do ano, de acordo com o Plano Anual de
Atividades ou outras que vão surgindo na comunidade, pais, filhos e equipa educativa
partilham experiências. São momentos de aprendizagem que permitem às crianças
entender que a escola e os pais estão de mãos dadas para a ajudar no seu crescimento.
20
Projeto Educativo: “Uma criança, um futuro”
- Projetos de Sala: a equipa criança/educador, na sua vivência ao longo do ano,
sugere ou apresenta uma observação, constatação, uma dúvida, uma experiência que
rapidamente se transformará no grande projeto da sala. Através deste, do seu
planeamento e exploração, a equipa vai criando oportunidades de investigação,
questionamento, partilha de ideias e de saberes, e por fim concluir e avaliar o sucesso do
seu trabalho. O projeto de sala é a estratégia mais utilizada no Pré-Escolar. “Todas as
crianças têm capacidade para evoluir cada vez mais.”
- Mini Projetos: no dia-a-dia, e de acordo com uma situação que acontece ou
uma necessidade/tema que surge, as crianças vão se deparando com determinadas
questões ou dúvidas. Algumas destas questões, às vezes, transformam-se em mini
projetos. Os mini projetos são atividades que decorrem da investigação, pesquisa e
aprendizagem de um determinado assunto. Chamamos-lhe mini porque acontecem por
um período médio de tempo.
- Portfólio: ao longo do ano, a criança em idade pré-escolar é motivada a
selecionar alguns dos seus trabalhos/fotografias para colocar numa capa especial
designada por portfólio. Esta atividade permite à criança exprimir as suas escolhas e
avaliar o seu percurso na escola.
4. Elaboração e Divulgação do Projeto Educativo
Para elaborarmos o nosso Projeto Educativo partimos das necessidades que,
diariamente, em equipa, diagnosticamos ao grupo de crianças e famílias. Os pais
transmitem-nos uma preocupação constante em tornar os seus filhos mais capazes ao
nível da autonomia (alimentação e higiene) e da socialização (fazer amigos/gerir
conflitos). A equipa, atenta a estas preocupações, que também partilha, reuniu neste
projeto estratégias para atingir as referidas competências. Aliamos a estas capacidades,
outras relativas ao conhecimento de si e do mundo que rodeia a criança. A família, os
parceiros e outros intervenientes da comunidade educativa têm conhecimento do nosso
projeto através do nosso site da internet, ou através da edição em suporte papel que cada
família pode consultar na sala do seu filho. Periodicamente, através de exposições ou
outras formas de comunicação, demonstrámos os valores/competências que trabalhamos
com o projeto.
21
Projeto Educativo: “Uma criança, um futuro”
5. Revisão e Avaliação do Projeto Educativo
O Projeto Educativo é um documento ativo que está sujeito a revisões e
avaliações para se adequar de forma eficaz à realidade a que se reporta. Assim,
mensalmente, nas reuniões de equipa educativa revemos a eficácia do projeto e a sua
relação com os Projetos Curriculares de Sala. Cada agente educativo, deve dar sugestões
e mais-valias para a concretização do nosso Projeto. Anualmente, avaliamos a eficácia
do Projeto Educativo no desenvolvimento dos Projetos Curriculares de Sala e
consecutivamente, na realização do Portfólio da criança.
6. Concluindo
Queremos que a Casa de Beneficência Dias Machado seja uma realidade
integrada e não o somatório de várias salas isoladas umas das outras, que as educadoras
e auxiliares constituam e formem uma equipa coerente que seja motor de todo o
funcionamento, através de objetivos e metodologias partilhadas, levadas à prática em
toda a organização. Queremos que as crianças sejam seres humanos felizes, bem
realizados e formados. Porque sabemos que serão eles os homens de amanhã,
depositamos em si todas as nossas esperanças e acreditamos que o que fazemos hoje é
muito importante. Queremos estar atentos às necessidades das famílias e acompanhá-los
no desafio de criar e educar os seus filhos.