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    Uma anlise discursiva sobre parcialidade,pluralidade de vozes e princpio do contraditrioem uma agncia estadual de notcias

    Angela Maria Rubel FaniniMaurini Souza

    Disonei dos Santos Pereira

    DOI 10.5433/1984-7939.2015v11n18p143

    Artigo recebido em: 25/02/2014Artigo aprovado em:18/06/2015

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    * Doutora em Literatura Brasileira pela UFSC. Docente no Programa de Ps-Graduao emTecnologia e dos Cursos de Comunicao e Letras da UTFPR. Email: [email protected]

    ** Doutora em Estudos Lingusticos pela UFPR. Docente dos Cursos de Comunicao e Letras daUTFPR. Email: [email protected]

    *** Especialista em Comunicao Institucional e Empresarial pela UTFPR e em Gesto eProduo de Rdio e Televiso pela Universidade Tuiuti do Paran, UTP. Jornalista do Jornalde Razes Dirio, RD, Brasil.

    discur sos fotogr ficos, Londr ina , v.11, n.18, p.143-170, jan./ju n. 2015 | DOI 10.5433/1984-7939.2015v11n18p143

    Uma anlise discursiva sobre parcialidade, pluralidadede vozes e princpio do contraditrio em uma

    agncia estadual de notciasA discursive analysis on partiality, plural speeches and principleof contradictory in a state news agency

    Angela Maria Rubel Fanini *Maurini Souza **

    Disonei dos Santos Pereira ***

    Resumo: Esta pesquisa investigou como ocorre a construo de

    imagem na comunicao externa da Agncia Estadual de Notcia(AEN) do governo do Estado do Paran, com uma apreciao pormeio da anlise do discurso de Orlandi (1999), seguindo conceitosde Foucault (1971) e a crtica postura da imprensa brasileiraefetuada por Arbex Jr. (2003). O corpus selecionado constituiu-se detrs reportagens da AEN publicadas no segundo semestre de 2011, ea metodologia, de natureza qualitativa e de estudo de caso, deu aconhecer o modo como os critrios jornalsticos so adaptados parainfluenciar o enquadramento no conceito de comunicao pblica, oengajamento da populao, a garantia do debate pblico.

    Palavras-chave:Imagem. Comunicao pblica. Anlise do discurso.Imprensa.

    Abstract: This paper investigated how image is built within theexternal communication of the State News Agency (AEN) of thegovernment of Paran state through a discursive analysis groundedon Orlandi (1999), following concepts from Foucault (1971), and thecritical view towards Brazilian journalism pointed by Arbex Jr. (2003)..The selected corpus comprised three news releases from AEN in thesecond semester of 2011, and the methodology, qualitative in natureand of case study type, allowed for the perception of the ways

    journalistic criteria are held to influence the agency role in the conceptof public communication, the involvement of the population, theassurance of public debate.

    Keywords:Image. Public communication. Discourse analysis. Press.

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    Introduo

    As informaes produzidas pela Agncia Estadual de Notcia(AEN) so de extrema importncia para a populao do Estado doParan, pois grande parte dos jornais, principalmente do interior doestado, que no possui uma equipe de produo na capital, utiliza asinformaes da AEN em suas pginas. As notcias so transmitidas

    populao dentro de um contexto de agncia de notcias, que deveriaser um canal independente entre o estado (e no governo) e os veculos

    de comunicao. A agncia diferente de uma assessoria de imprensa,que divulga releasespara a imprensa como sugesto de pauta, emboraas informaes das agncias de notcias tambm possam ser usadascomo sugesto de pauta.

    Esta pesquisa levou em conta o conceito de comunicao pblica,que difere de promoo pblica dos gestores que ocupam os cargosno governo. A anlise do discurso francesa, sobretudo alguns conceitos

    extrados da obra de Foucault (1971) e da pesquisadora brasileira emAD, Orlandi (1999), formam a base do estudo para identificar ocontedo ideolgico contido nas notcias da AEN.

    Esta pesquisa de natureza aplicada de abordagem qualitativa.Para este estudo de caso, foram utilizadas trs reportagens da AEN,

    por serem exemplares, publicadas no segundo semestre de 2011. Asreportagens analisadas foram divulgadas nos dias 8 de agosto, 11 deoutubro e 5 de dezembro (em anexo). As notcias foram analisadas deacordo com a proposta de Orlandi (1999), seguindo conceitos deFoucault (1971) e a crtica postura da imprensa brasileira efetuada

    por Arbex Jr. (2003). Seguindo o percurso elaborado por Orlandi(1999), primeiro foi feita uma anlise da superfcie do texto e, emseguida, os elementos que determinam as relaes do texto com as

    formaes ideolgicas so descritos sob a tica da passagem do objetodiscursivo pelo processo discursivo.

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    A Agncia Estadual de Notcias

    Como o objeto de estudo deste trabalho a AEN, importanterelatar o histrico da instituio at aqui, a fim de situar sua importncia nacomunicao do estado. A ideia de se criar uma agncia de notcia estadualsurge no mandato do ento governador do Estado, lvaro Dias (1986/1991), mas s consolidada na gesto de seu sucessor, Roberto Requio(1991/1994), mais precisamente em 1991 (RIBAS, 2010).

    Segundo Felipe Freitas Ribas (2010), a AEN s fortaleceu sua

    representatividade no cenrio comunicacional do Paran com aconsolidao tecnolgica. O autor destaca que, em 2004, primeiro anoem que a Agncia esteve integralmente online, foram divulgadas 4.099notcias. Esse nmero foi ampliado nos perodos seguintes, sendo que, em2008, foram publicadas 9.391 matrias e, de 2004 a 2009, foram 46.568reportagens, uma mdia de aproximadamente 21 notcias por dia.

    A AEN foi criada com a necessidade de uniformizao do servio

    de Comunicao Social do Governo e tambm como a Assessoria desejavachegar de forma mais rpida e incisiva nas redaes dos jornais do Estado.Inicialmente este novo setor nomeado como de Departamento deDivulgao. Em 1987 se torna Secretaria de Estado da Comunicao e,s em 2000, que se configura a AEN, vinculada Secretaria deComunicao.

    Segundo levantamento feito por Ribas (2010), a distribuio do

    material produzido pelos jornalistas era impresso com o auxlio demimegrafos, em 1978, e levado de carro at as redaes dos jornais dacapital. J para o interior, a distribuio era feita atravs dos servios dosCorreios: Em 1983, foi implantado telgrafo na redao. A partir da osCorreios deixaram de participar do processo de distribuio, dando lugar

    para a utilizao do telex. Mas na capital, as notcias continuavam a serlevadas por carros (IDEM. p. 29).

    A informatizao da redao da Secretaria de Estado deComunicao s ocorre em 1994, no Governo de Jaime Lerner, depois

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    das privatizaes de estatais como Telepar e Banestado. O envio dematrias passou a ser feito pelos telefones com fax. Os computadores schegaram em 1995, mas os servios de internet ainda no permitiam

    transferncia de muito dados, como imagens, por exemplo. Apenas em1997 que as matrias comearam a ir para as redaes dos jornais dacapital por e-mails.

    Com a nova eleio de Roberto Requio, em 2003, e j com aSecretaria de Comunicao informatizada e bem estruturada que ocorrea implantao do endereo eletrnico www.aen.pr.gov.br/ e cria-se o siteda ANP, o qual fora desenvolvido pela Companhia de Informtica do

    Paran (Celepar).Ribas (2010) destaca que com este suporte puderam ser divulgadas

    pela Agncia tanto notcias, quanto fotos, vdeos e udios, alm de servios,como linksde empresas ou outras pginas ligadas ao Governo e ouvidorias.Um benefcio relevante deste suporte foi a criao de um banco de dadosem que se pode buscar o que foi divulgado desde o ano de 2003. Seisanos depois, o site teve seu layout renovado, cujo contedo os

    interessados pelas notcias oficiais do Estado podem acessar atualmente.(IDEM, p. 30).

    Na gesto do governador Beto Richa, a AEN vinculou-se Secretaria de Estado de Comunicao Social. Passam a ser divulgadasinformaes em texto, udio e foto. De janeiro a dezembro de 2011,

    primeiro ano do governo Beto Richa, a Agncia Estadual publicou 5.667notcias.

    A comunicao pblica

    Por se tratar de uma agncia que visa divulgar informaes do setorpblico, importante analisar estudos realizados sobre a comunicao

    pblica. Elizabeth Pazita Brando (2009) classifica a comunicao pblicaem cinco reas diferentes do conhecimento e atividade profissional: 1-

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    Conhecimento e tcnica de rea de comunicao organizacional; 2 -comunicao cientfica; 3 - comunicao do Estado e/ougovernamental; 4 - comunicao poltica; e 5 - comunicao da

    sociedade civil organizada. o conceito de comunicao do Estadoe/ou governamental que vai permear este estudo. Segundo a autora,essa uma dimenso da comunicao pblica que deresponsabilidade do Estado e do governo de estabelecer um fluxoinformativo e comunicativo com seus cidados. Essa comunicaodeveria trabalhar com a informao voltada para a cidadania, ouvindoa populao em suas demandas e prestando contas das polticas

    pblicas implantadas. A pesquisadora afirma que:

    [...] comunicao governamental pode ser entendida comocomunicao pblica, na medida em que ela instrumento deconstruo da agenda pblica e direciona seu trabalho para a

    prestao de contas, o estmulo para o engajamento da populaonas polticas adotadas, o reconhecimento das aes promovidasnos campos polticos, econmico e social, em suma, provoca o

    debate pblico. (BRANDO, 2009, p. 5).

    A autora ressalta que a comunicao pblica est longe de serum instrumento de promoo poltica dos governos, mas uma formalegtima de um governo prestar contas e levar ao conhecimento daopinio pblica projetos, aes, atividades e polticas que realiza eque so de interesse pblico. Porm, o que se verifica em nvel nacional

    o uso dos aparatos comunicacionais pblicos como meio depromoo daqueles que esto no poder. Segundo Bucci (2009), asinstituies pblicas que operam a comunicao social no Brasil, sejamelas empresas estatais, fundaes ou departamentos ligados diretamenteao Governo, atuam como pequenas mquinas de propaganda a serviodas autoridades do poder executivo. Em lugar de informar, dedicam-se a tentar formar a opinio pblica segundo os moldes que interessam

    ao governo da temporada (BUCCI, 2009, p. 192). O autor traz comoexemplo bem sucedido de comunicao pblica a postura adotada

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    pela Radiobrs, empresa que concentra emissoras de rdio, televisoe agncia de notcias na internet (hoje Empresa Brasil de Comunicao,EBC) a partir do governo Luiz Incio Lula da Silva, em 2003. A

    empresa foi direcionada para realizar uma comunicao a servio dacidadania, no mais para a promoo da boa imagem de governos, oque, segundo os modelos originados nos tempos da ditadura militar,muitas vezes resultava em notcias distorcidas e na sonegao deinformaes. Com esse novo modelo, a comunicao foi se tornandoapartidria. Segundo o autor, o reconhecimento pelo trabalho ocrescimento da audincia, na utilizao cada vez mais ampla de seus

    contedos, que so gratuitos para os rgos de imprensa.Bucci (2009) ressalta que o resultado foi obtido com a

    implementao de valores como: respeito ao carter pblico daatividade, ao buscar a excelncia e ao exercer a transparncia, internae externa; respeito cidadania, ao assumir o compromisso permanentecom a universalizao do direito informao, por meio do canal diretocom o pblico; respeito s diferenas, por meio do dilogo; respeito

    s pessoas, ao promover a felicidade no trabalho, a criatividade e ainovao. Tendo o respeito como base, a tica se concretiza narenovao cotidiana de credibilidade da Radiobrs junto sociedade

    brasileira e aos funcionrios da empresa. Segundo o autor, no funoda Radiobrs tutelar ou direcionar a formao da opinio pblica, masdar informaes necessrias para que os cidados formem a prpriaopinio. Para os governos que no querem transparncia na divulgao

    das informaes, Bucci (2009) traz trecho do documento que serviupara fundamentar a prtica editorial da Radiobrs:

    [...] qualquer governo voltado para a renovao e fortalecimentoda democracia beneficirio de uma comunicao jornalstica

    pautada pela objetividade. Para um governo democrtico, muitobom que uma empresa pblica de comunicao oferea ao pblicoum relato jornalstico objetivo, pois a objetividade gera um aumento

    da credibilidade da instituio, o que reverte em mais credibilidadedo Estado e do prprio Governo. (BUCCI, 2009, p. 198).

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    Essa recomendao importante para a AEN, pois seu contedono seria somente a verso do governo sobre determinado tema, masdiferentes verses do fato, j que no teria interferncia poltica na

    divulgao das informaes oficiais do Estado.

    A imparcialidade do discurso jornalstico

    O termo agncia de notcias remete a uma empresa jornalstica

    especializada em difundir informaes e notcias diretamente das fontespara os veculos de comunicao1. As agncias no fornecem notciasdiretamente ao pblico, mas sim para jornais, revistas, rdios, TVs,websites, enfim, para a mdia em geral. Por isso, as agncias de notcias,sejam elas pblicas ou privadas, devem seguir critrios jornalsticos etransmitir credibilidade.

    Flor e Bonfim (2005), citados por Ribas (2010), fazem a seguintedistino entre as diversas propostas de agncias de notcias:

    a) Particulares, que surgem por iniciativas no-oficiais e soadministradas como rgo ou empresa privada. b) Cooperativas,

    partem do consrcio de vrios jornais que contribuem para mant-las. c) Estatais, surgem criadas pelos governos. d) Gerais, tratamde todo e qualquer assunto. e) Especializadas, a difundirdeterminada classe de servios. f) Atualidades Fotogrficas,divulgam apenas ilustraes. g) De Artigos, contratam matrias

    de nomes consagrados do jornalismo nacional e internacional. h)Nacionais, produzem apenas para empresas jornalsticas do pasque atuam. j) Internacionais, divulgam informaes de e para todoo mundo. (FLOR; BONFIM, 2005, p.5)

    A AEN o rgo de divulgao do governo do Estado do Parane se enquadra na proposta de agncia estatal. Seu contedo reproduzido

    1 Disponvel em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ag%C3%AAncia_de_not%C3%ADcias. Acessoem 13 de maio de 2012.

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    por sites, rdios e jornais. Em mdia, suas notcias so usadas na ntegra,ou como fonte, nos maiores veculos de comunicao do Estado, o que

    pode ser comprovado peloclippingproduzido pelo prprio rgo (RIBAS,

    2010).Devido propagao do contedo na imprensa de todo o Estado,

    importante entender o discurso que projetado pelas informaes daAEN na sua constituio social e poltica. Os discursos que permeiam asociedade so controlados e perpassados por formas de poder e derepresso. Foucault, ao destacar a prtica discursiva, enfoca essa

    problemtica, enfatizando: suponho que em toda sociedade a produo

    do discurso ao mesmo tempo controlada, selecionada, organizada eredistribuda por certo nmero de procedimentos que tem por funoconjurar seus poderes, dominar seu conhecimento aleatrio [...](FOUCAULT, 1996, p.8-9).

    O papel das agncias de notcias estatais seria divulgar informaesao pblico dos governos que elas representam, sendo selecionadas deacordo com a importncia para a populao. Em caso de algum assunto

    controverso, o governo teria o espao para se defender. Como uma dasatitudes do poder, que evidenciado neste trabalho, controlar o discurso,com a finalidade de manuteno do status quo, as agncias acabam fazendoo papel de uma assessoria de comunicao dos governos.

    Para Foucault (1996), a poltica um dos temas que exerce podersobre a sociedade e o discurso:

    [...] longe de ser um elemento transparente ou neutro no qual asexualidade se desarma e a poltica se pacifica, como se o discursofosse um dos lugares onde estas regies exercem, de maneira

    privilegiada, algumas dos seus mais temveis poderes. O discurso,aparentemente, pode at nem ser nada de por a alm, mas, noentanto, os interditos que o atingem, revelam, cedo, de imediato,o seu vnculo ao desejo e o poder. (FOUCAULT, 1996, p. 2 -3).

    O autor demonstra as condies para que os indivduos possamformular seus discursos. A primeira forma discutida o ritual que determina

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    a qualificao que os sujeitos que falam devem ter, define o comportamento,as circunstncias, como tambm a eficcia desse discurso e o efeito dessediscurso sobre aqueles a quem dirigido. A segunda forma so as

    sociedades de discurso cuja funo conservar ou produzir discursos,mas para faz-los circular em um espao fechado, distribu-los somentesegundo regras estritas (Idem p.39). A doutrina, por sua vez (que tambmdetermina o modo como o indivduo criar seu discurso), procura difundirseu discurso para o maior nmero de pessoas, contudo, a nica condiorequerida o reconhecimento das mesmas verdades e a aceitao decerta regra mais ou menos flexvel de conformidade com os discursos

    validados (p.42). E, por fim, o sistema de educao, que uma maneirapoltica de manter ou de modificar a apropriao dos discursos, com ossaberes e os poderes que eles trazem consigo. (p.44).

    No caso, o discurso produzido na AEN est endossado pela palavrado prprio governador ou de representante do alto escalo do governo,como os secretrios de Estado. Esse discurso, geralmente, remete a umacomparao entre o atual governo e o anterior, ressaltando as partes

    positivas da atual gesto.Os interesses polticos do governo podem ser um entrave na livre

    divulgao de informaes, principalmente aquelas que so negativas parao grupo que est no poder. Jos Arbex Jr. (2003) ressalta que o efeitomercado contamina os diversos campos da produo cultural e, dentreeles, o jornalismo, que regido por um conjunto de efeitos que estoligados, em sua forma e eficcia, sua estrutura prpria. A autonomia de

    certos jornais e jornalistas est submetida a foras externas, do mercadode leitores e do mercado de anunciantes. A receita proveniente do mercadopublicitrio e da ajuda do Estado difunde o grau de autonomia. J no casode uma Agncia Estatal, que funciona como uma assessoria de imprensado governo, o controle do contedo pode ser ainda maior porque acomunicao um dos artifcios para o governo se promover e continuarno poder: A notcia, como produto final, uma sntese desse conjunto de

    relaes, que ganharam ainda mais complexidade a partir de meados dosanos 80, com a formao das redes planetrias de comunicao (como

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    o caso da CNN) e dos grandes conglomerados multinacionais (ARBEXJr. 2003, p. 98 - 99).

    Os governos so fontes riqussimas de informaes. Boa parte do

    noticirio produzido com base em fontes oficiais, isto , muitasinformaes so oriundas dos governos. E os detentores dessa informaotm o poder de control-las e divulgar somente o que lhes for de interesse,

    principalmente nas agncias de notcias governamentais. No s divulgam,mas interpretam as informaes de acordo com sua convenincia. E issono exclusividade das agncias de notcias estatais, mas da mdia emgeral. Arbex Jr (2003) diz que a mdia cria diariamente sua prpria narrativa

    e a apresenta aos telespectadores ou aos leitores como essa narrativafosse a prpria histria do mundo (Idem. p. 103). O autor ressalta queos fatos so transformados em notcia, descritos como eventosindependentes, completos em si mesmo, levando o espectador a acreditarque aquilo que v o mundo em estado natural.

    O real formado de acordo com o que passado pela mdia. ArbexJr (2003) diz que a ideia de que a notcia como retrato do fato tal como

    ele realmente aconteceu nasceu junto com a prpria atividade jornalstica;por outro lado, querer que as agncias pblicas apresentem uma informaopautada na objetividade jornalstica seria um equvoco, j que o autordefende que a objetividade mito na imprensa. Essa percepo teriasurgido com a ideia da arte romntica do sculo XIX, quando a verdadeda imagem dependia do grau de fidelidade paisagem observada, ou dorealismo que pressupunha que o trabalho artstico deveria ser regido pela

    experincia direta da realidade.Tendo em vista as colocaes de Foucault (1996) e Arbex Jr (2003),o rgido controle da informao por parte dos governos e a filtragem doque pode ser publicado acaba indo alm das agncias de notcias echegando at o jornalismo dirio. Com isso os discursos feitos pelosgovernos, com os seus interesses, chegam at o alvo, que a populaoque os elege. Atravs de liberao de recursos em forma de cotas

    publicitrias, os governos repassam o seu discurso para o pblico pormeio da imprensa. A dependncia de verbas publicitrias dos governos

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    por parte dos veculos de comunicao torna-se uma fora externa, quecontamina a objetividade do jornalismo. Temendo a perda das receitas

    publicitrias governamentais, os jornais acabam se autocensurando, e no

    publicam ou amenizam informaes negativas dos governos, contrariandoa postura apontada por Bucci (2009) de que, apesar do cartermercadolgico da notcia, a funo social da informao de interesse pblicono se reduz condio de mercadoria. (p. 197).

    Para se alcanar a funo social da informao nas reportagens, necessrio pluralidade de fontes. No caso das agncias pblicas de notcias,o uso de fontes do prprio governo que confirmam uma informao ou a

    interpretam, vai contra o que defendido pelas normas do jornalismo. Acontrovrsia inerente ao fato, e crticas ao governo so encontradas naimprensa independente, mas no se observam na agncia pblica do Paran

    porque a AEN se submete aos interesses de quem est no poder.

    O discursoPara compreender o que os receptores das informaes produzidas

    pelas agncias governamentais de notcia recebem, pode-se recorrer anlise do discurso. Segundo Eni Orlandi (1999), a anlise do discursoconhece a linguagem como mediao necessria entre o homem e arealidade natural e social. Essa mediao, que o discurso, torna possvel

    tanto a permanncia e a continuidade quanto o deslocamento e atransformao do homem e da realidade em que vive. O trabalho dosimblico do discurso est na base da produo da existncia humana(Idem, p. 15). Ou seja, o discurso constitui toda ao humana, mas nemtudo perceptvel.

    A autora ressalta que a anlise do discurso no trabalha com alngua enquanto um sistema abstrato, mas com a lngua no mundo, commaneiras de significar, com homens falando, considerando a produo desentidos enquanto parte de suas vidas, seja enquanto sujeitos, seja enquanto

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    membros de uma determinada forma de sociedade. (p.16). Ela sugereque o discurso o lugar em que se pode observar a relao entre lngua eideologia, compreendendo-se como a lngua produz sentidos para o sujeito.

    Vale lembrar que a anlise do discurso no procura um sentidoverdadeiro por meio de uma chave de interpretao, mas trabalha com aconstruo de um dispositivo terico que defende a no existncia deuma s verdade oculta no texto. H gestos diversos de interpretao queo constituem e que o analista, com seu dispositivo, deve ser capaz decompreender.

    No caso da AEN, comum as notcias tratarem de temas

    relacionados ao governo, mas omitirem algumas informaes que sonegativas ou polmicas; por esse motivo, este estudo procurou analisarassuntos que foram polmicos ou causaram algum desgaste para o governo.Orlandi (1999) ressalta que necessrio considerar o que dito em umdiscurso e o que dito em outro, o que dito de um modo e o que ditode outro modo, procurando escutar o no-dito naquilo que dito, comoa presena de uma ausncia necessria (p. 34). Esse deve ser um dos

    dispositivos de interpretao. Para a autora, o sentido no existe em si,mas determinado pelas posies ideolgicas colocadas em jogo no

    processo scio-histrico em que as palavras so produzidas. O fato deno haver sentido sem interpretao atesta a presena da ideologia (p.45). Para Orlandi (1999), um dos primeiros pontos da base de anlise aconstituio docorpus. A delimitao no segue critrios empricos, mastericos. Quanto analise da linguagem, a anlise do discurso se interessa

    por diferentes naturezas: imagem, som, letras. A autora divide em trsetapas as fases da anlise do discurso. Na primeira, o analista, em contatocom o texto, procura ver nele sua discursividade e incidindo um primeirolance de anlise. Nesse momento da anlise, fundamental o trabalhocom parfrase, sinonmia, relao do dizer e do no dizer. Na segundaetapa, a partir do objeto discursivo, o analista vai incluir uma anlise que

    procura relacionar as formaes discursivas distintas, que pode ser

    delineado no jogo de sentidos observados pela anlise do processo designificao com a formao ideolgica que rege essas relaes. A terceira

    discur sos fotogr ficos, Lond rin a, v.11, n.18, p.143-170, jan./ju n. 2015 | DOI 10.5433/1984- 7939.2015v11n18p143

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    etapa a anlise da passagem do processo discursivo para a formaoideolgica. O analista deve se ater ao no-dito e a forma de se trabalhar ono-dito na anlise do discurso contextualizar o silncio. Este pode ser

    pensado como a respirao da significao, lugar de recuo necessriopara que se possa significar, para que o sentido faa sentido (p. 83).

    Anlise das notcias

    Antes de iniciar a anlise das notcias da AEN, importantecompreender o contexto poltico do atual governo do Paran. Para Orlandi(1999), o discurso no tem como funo constituir a representao deuma realidade, no entanto, ele funciona de modo a assegurar a permannciade uma certa representao (IDEM. p. 73). O governador Beto Richa(PSDB) foi eleito em 2010, depois de deixar a Prefeitura de Curitiba,onde exercia o segundo mandato. O governador sucedeu Roberto Requio

    (PMDB), que governou o Estado por trs mandatos, sendo os dois ltimosconsecutivos. Beto Richa chegou ao governo sem o apoio de Requio e a primeira vez que o PSDB governa o Estado.

    Para esta pesquisa, foram analisadas trs notcias, veiculadas noperodo de julho a dezembro de 2011. O segundo semestre foi escolhidoporque, nos primeiros seis meses, o governo estava ainda na fase deadequaes. Para a seleo, foram levados em conta assuntos que

    trouxeram algum tipo de polmica ou desgaste que podem dar uma amostrade como transmitido ao pblico a imagem do atual governo por meiodas notcias da AEN. Orlandi (1999) ressalta que no se toma o textocomo ponto de partida absoluta, nem de chegada, mas como uma peade linguagem de um processo discursivo bem mais abrangente e assimque deve ser considerado. Ele um exemplar do discurso (p. 72).

    A primeira matria analisada refere-se retirada da pauta da

    Assembleia Legislativa do Paran (Alep), por parte do executivo, doprojeto de lei que criava a Agncia Reguladora do Estado do Paran

    discur sos fotogr ficos, Londr ina , v.11, n.18, p.143-170, jan./ju n. 2015 | DOI 10.5433/1984-7939.2015v11n18p143

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    (Agepar). A segunda sobre o projeto que instituiu a Parceria PblicoPrivada (PPP) no governo do Estado e a outra sobre a o projeto de leique autoriza o governo a repassar para Organizaes Sociais (OS) a

    execuo de servios que at ento estavam sob a responsabilidade doEstado.

    Matria: Governo retira da Assembleia projeto da AgnciaReguladora, veiculada no dia 08 de agosto de 2011.

    Segundo Orlandi (1999, p.67) importante analisar o modo deconstruo, a estruturao, o modo de circulao e os diferentes gestos

    de leituras que constituem os sentidos dos textos submetidos anlise. Amatria inicia afirmando que, por deciso do governador Beto Richa, ogoverno do Estado solicitou a retirada da pauta da Assembleia Legislativae a devoluo do projeto que criava a Agepar. A frase por deciso dogovernador passa uma imagem de que a retirada do projeto foi feitavoluntariamente e por vontade soberana do governador, sem que existisse

    presso por parte da oposio, imprensa e at mesmo por membros do

    prprio governo.Pelo projeto do governo, a Agepar iria fiscalizar todas asconcessionrias de servios pblicos que atuam no Estado, receberia comoTaxa de Regulao 0,5% da receita operacional bruta de cada empresa.Porm a proposta encontrou forte resistncia da bancada de oposio ede alguns deputados do PMDB, partido da base aliada, que acusavam ogoverno de, com a medida, tentar privatizar a Copel e a Sanepar.

    Orlandi (1999) lembra que uma das tarefas do analista tornarvisvel o que no foi dito em relao ao que foi dito. A matria em momentoalgum cita a polmica da privatizao, que chegou a ser chamada pelaoposio de agncia privatizadora. A nica meno que submete ao tema uma fala do lder do governo na Assembleia, Ademar Traiano, que dizque a retirada do projeto teve a inteno de revisar e melhorar o texto

    para que no pairem dvidas sobre as intenes da proposio. O leitor

    da AEN que no esteja a par do assunto, ter dificuldade para entenderdo que se trata. A fala do lder afirma que o governo quer fortalecer as

    discur sos fotogr ficos, Lond rin a, v.11, n.18, p.143-170, jan./ju n. 2015 | DOI 10.5433/1984- 7939.2015v11n18p143

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    empresas pblicas, mas no usa a palavra privatizao. No caso, h umacontradio entre o discurso do governo e da oposio. Fortalecer asempresas pblicas foi a forma do governo dizer que no ir privatizar as

    estatais do Paran. O texto poderia dizer que o governo no pretendeprivatizar as estatais como Copel e Sanepar, porm o termo privatizaosoa como uma fora ideolgica negativa para o governo do estado devidos privatizaes do governo Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002),que pertencia ao mesmo partido do governador Beto Richa. O assuntofoi estratgico na campanha do PT contra o PSDB nas ltimas trs eleies

    presidenciais.

    Privatizao um objeto simblico que produz sentido, comoressalta Orlandi. A autora destaca que entre as inmeras possibilidades deformulao, os sujeitos dizem x e y, significando, produzindo-se em

    processos de significao que aparecem como se estivessem referidos asentidos que ali esto, enquanto produtos da relao evidente de palavrase coisas (p. 67). O PSDB sempre relutou em abolir a imagem de governo

    privatista, e no caso do Paran, o governo Beto Richa no quer deixar

    espao para que o tema seja explorado em 2014, quando o partido vaitentar a reeleio.

    A matria encerra afirmando que o projeto passar por uma revisode texto e ser reencaminhado para votao na Assembleia. Com isso,no ficou claro o real motivo da retirada do projeto e a polmica das

    privatizaes ficou em oculto, apontando para a postura de Orlandi (1999)de que o silncio o no-dito e tambm faz parte do discurso, significando.

    No discurso, o que h de real a descontinuidade, a disperso, aincompletude, a falta, o equvoco, a contradio, constitutivas tanto dosujeito como do sentido. Por outro lado, em nvel das representaes,temos a unidade, a completude, a coerncia, o claro e distinto, a nocontradio, na instncia do imaginrio. por essa articulao necessria,e sempre presente entre o real e o imaginrio que o discurso funciona(Idem, p. 74).

    Essa afirmao remete ao fato de que o assunto estava na imprensah vrios dias, sempre pautado pela polmica das privatizaes. O governo

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    s se pronunciava sobre o assunto diretamente com os veculos decomunicao atravs da assessoria de imprensa. A matria s saiu naAEN quando o governo decidiu retirar o projeto da Assembleia.

    Matria: Emendas para sade, segurana, educao e socialtero prioridade, diz Richa, veiculada no dia 11 de outubro de 2011.

    A matria trata de uma reunio com cerca de 40 deputados estaduaisem que o governador Beto Richa discute com os parlamentares ooramento para 2012 e, em segundo plano, apresenta as linhas bsicasdo projeto que institua as Parcerias Pblico-Privadas (PPPs) no Estado.

    Enquanto as PPPs eram o tema principal nos veculos decomunicao, a AEN tratou o assunto como tema secundrio. O ttulo damatria tem pouco a ver com o foco principal da notcia, que a discussodo oramento para 2012. As PPPs s vo aparecer no stimo pargrafoda matria e com ampla defesa do assunto. A justificativa do governo que a medida permitiria ao poder pblico driblar a falta de condiestcnicas e financeiras enfrentadas em inmeras situaes e garantir, com o

    apoio da iniciativa privada, o pleno atendimento das necessidades dosparanaenses. O tema, porm, dividiu a opinio de especialistas. Enquantoalguns afirmavam que, se bem formatada, essa era uma maneira interessantede prestar servios de qualidade populao, havia quem defendia queas PPPs serviam, na verdade, para que entes privados obtivessem lucrocom o respaldo e a proteo do poder pblico. No entanto, a matriadefende apenas a tese do governo. A comear pelo ttulo, que no faz

    nenhuma meno s PPPs, apenas diz que sade, educao, segurana esocial prioridade no governo. O trip sade, educao e seguranasempre foi defendido por especialistas como pilares do desenvolvimentoe os temas so promessas em pocas de eleies. Novamente h umtermo ideolgico que o governo evita. O termo PPP remete concesso

    pblica para o setor privado, a privatizaes. No entanto, nessa matria otermo privatizao citado uma vez (nica). Ao defender o projeto, o

    secretrio de planejamento, Cssio Taniguchi, afirma que com as PPPs,ao fim do prazo [das concesses iniciativa privada], que geralmente

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    longo, aquele bem devolvido ao setor pblico, o que torna um processodiferente de privatizao. Desde o incio do governo Beto Richa, a palavra

    privatizao aparece apenas cinco vezes na AEN. Alm da citao nessa

    matria, em outras duas, o termo se refere entrega de bens pblicospara a iniciativa privada na atual gesto. As outras duas se referem privatizao do Banestado e da Rede Ferroviria Federal ocorridas emgovernos anteriores.

    Orlandi (1999) afirma que todo discurso se estabelece na relaocom um discurso anterior e aponta para outro. Ela diz que no h discursofechado em si mesmo, mas um processo discursivo do qual se podem

    recortar e analisar estados diferentes (p. 62). Assim, a defesa do projetoque institui as PPPs, mesmo defendendo que no h venda dos bens doEstado para a iniciativa privada, leva a subentender que existe privatizao.Ainda no primeiro pargrafo da matria, h uma citao do governadorBeto Richa que diz que o dilogo a marca forte do governo e queremosmanter abertos os canais com todos os representantes da populao

    paranaense no legislativo. Esse discurso remete ao governo anterior, que

    recebia crtica por no dialogar com a sociedade. Com isso, Beto Richacria um elemento de comparao entre as duas gestes. Vale ressaltarque os deputados que compareceram ao encontro fazem parte da basede apoio do governo e que a situao maioria absoluta na Assembleia.Alm do ttulo, no segundo pargrafo, enfatizado que as reas de sade,segurana pblica, educao e desenvolvimento social so prioridade no

    plano de governo e tero privilgio para liberao de recursos na execuo

    do oramento de 2012. Endossam as palavras do governador, osecretrio-chefe da Casa Civil, Durval Amaral, o presidente da AssembleiaLegislativa, deputado Valdir Rossoni e o lder do governo no legislativo,deputado Ademar Traiano, contribuindo para fortalecer o discurso doexecutivo. Em torno do discurso executivo, surgem outros discursos queo abonam, comentam e reforam.

    Na matria, h um tpico sobre as PPPs e a informao de que os

    parlamentares assistiram a uma palestra com um especialista da consultoriainternacional KPMG. A AEN afirma ainda que a empresa parceira do

    discur sos fotogr ficos, Londr ina , v.11, n.18, p.143-170, jan./ju n. 2015 | DOI 10.5433/1984-7939.2015v11n18p143

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    Movimento Brasil Competitivo (MBC), entidade com a qual o Governodo Paran assinou um protocolo de intenes para implantar o programa

    Modernizando a Gesto Pblica.

    O consultor da empresa, Charles Schramm, um dos que defendeo projeto para os deputados. uma demonstrao sria de quem desejaresolver os problemas da sociedade, diz uma citao na matria. A fraseinserida na matria coloca o governo como uma espcie de super-herique vai sanar os problemas da populao paranaense. Como a empresa

    parceira do governo do Estado, logo existe interesse da KPMG peloprojeto. Orlandi (1999) afirma que o discurso funciona como mecanismo

    para assegurar a permanncia de uma certa representao. Isso fica clarocom as declaraes de quem tem interesse na continuidade do atual governono poder.

    Defendem ainda o projeto, o secretrio do Planejamento, CssioTaniguchi e o secretrio da Infraestrutura e Logstica, Jos Richa Filho,irmo do governador; os argumentos contrrios no so apresentados,como o no-dito, que significa. A pluralidade de fontes e a dialtica no

    esto presentes na matria da AEN. Ao final, a matria traz a informaode que o governo do Estado criou uma explicao com perguntas erespostas sobre as PPPs. No seria para receber sugestes e promover odilogo, como o governo prega, mas para tirar dvidas, isto , reforarainda mais o nico ponto de vista oferecido populao.

    Matria: Gestores da rea da sade apoiam projeto de

    Organizaes Sociais, publicada no dia 05 de dezembro de 2011.A matria aborda o projeto de lei que foi encaminhado AssembleiaLegislativa pelo Executivo que autoriza o governo a repassar paraOrganizaes Sociais (OS) a execuo de servios sob a responsabilidadedo Estado. Pela proposta, o governo poderia entregar s OSs a gestode todos os servios pblicos, com exceo do ensino regular - ensinosfundamental, mdio e superior - e da segurana pblica. O projeto foi

    criticado pela oposio, que classificou como um retrocesso, aterceirizao da funo do Estado com outras roupas. Novamente foi

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    usado o termo privatizao para designar a transferncias dasresponsabilidades do Estado iniciativa privada, mais precisamente paraas Organizaes No Governamentais (ONGs). No dia da votao do

    projeto, ocorrida no dia 5 de dezembro, manifestantes invadiram o plenrioda Assembleia Legislativa em protesto. Reivindicava-se que o projetofosse discutido com a sociedade por meio de audincia pblica. A matria

    publicada na AEN, no mesmo dia da votao, trata de uma reunio comgestores de hospitais particulares e filantrpicos que poderiam ser

    beneficiados com a proposta. O texto traz depoimentos do diretor doHospital Pequeno Prncipe e do superintendente do Hospital Erasto

    Gaertner. Ambos defendem o projeto. A matria no menciona nenhumapolmica sobre a proposta e vai contra um dos princpios bsicos dojornalismo, que seria a multiplicidade das fontes. No existe dialtica namatria da AEN. Na poca, as Organizaes No Governamentais(ONGs) eram alvos de denncias de desvios e descaminhos do dinheiro

    pblico nos convnios com o governo federal. O diretor do HospitalPequeno Prncipe culpou os escndalos envolvendo as ONGs pela

    resistncia ao projeto das OSs no Paran.Lembrando que, na AD, necessrio considerar o que dito em

    um discurso e o que dito em outro, procurando escutar a presena deuma ausncia necessria (ORLANDI, 1999. p. 34). Enquanto que naimpressa paranaense em geral o assunto era pautado pela polmica deque, com a terceirizao, os servios de sade poderiam piorar, a matriada AEN silencia sobre esse ponto e somente pontua os pontos positivos

    do projeto e o interesse do governo. Como a aprovao do projeto estavagarantida na Assembleia pelo fato de o governo ser maioria, o discurso damatria est focado na defesa do projeto para a sociedade, com o objetivode evitar desgastes para o governo. Na prtica, houve uma contradiono que o governo prega e o que feito. O governo no aceitou fazeraudincias pblicas, o que contradiz o discurso do prprio governador,de que o dilogo a marca forte do governo, citado por Beto Richa na

    primeira matria analisada.

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    Consideraes finais

    Esta pesquisa teve por objetivo analisar as matrias da AEN paraverificar o nvel de tendenciosidade das informaes. A anlise confirmouque as matrias da agncia no seguem critrios jornalsticos regidos peladialtica e pelo princpio do contraditrio, como deveria ocorrer em umaagncia de notcias. A AEN se comporta como uma assessoria de imprensado governo do Estado. Alm de selecionar as obras positivas do governo,as matrias evitam casos polmicos e, quando tratam, apontam apenas os

    interesses do governo.Orlandi (1999) ressalta que um discurso sempre remete a outrodiscurso. No caso do governo do Estado, o discurso est voltado parauma comparao com o governo anterior, que era chefiado por RobertoRequio. A frase do presidente da Assembleia Legislativa, Valdir Rossoni(PSDB), que diz que esse debate facilita a tramitao e adianta a votaoe aprovao do oramento, que antes era feita apenas no ltimo dia da

    legislatura, referindo-se discusso do oramento para 2012, umacrtica ao governo passado. O confronto com o j dito visa fortalecer ogoverno atual e no promover o debate e revelar o contraditrio.

    A anlise permite concluir que a comunicao do governo doEstado est longe de se enquadrar no conceito de comunicao pblica.Brando (2009) afirma que a comunicao governamental pode serentendida como comunicao pblica, na medida em que ela instrumentode construo da agenda pblica e direciona seu trabalho para a prestaode contas, o estmulo para o engajamento da populao nas polticasadotadas, o reconhecimento das aes promovidas nos campos polticos,econmico e social, em suma, provoca o debate pblico. Porm, o quese verifica uma assessoria de imprensa do governo que visa projetaruma imagem positiva da atual administrao. As matrias da AENinvestem mais na defesa dos interesses do governo do que na prestaode contas e o estmulo para o engajamento da populao nas polticasadotadas.

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    Comunicao pblica no deve ser um instrumento de promoopoltica dos governos, mas sim uma forma de um governo prestar contase levar ao conhecimento da opinio pblica projetos, aes, atividades e

    polticas que realiza e que so de interesse pblico. Na matria sobre asPPPs, foi destacado que o governo criou um link com perguntas e respostassobre o tema, mas somente para tirar dvidas e no iniciar discusso.

    Informaes jornalsticas no somente informam, mas tambmformam opinio. E as informaes da AEN induzem os leitores simpatiaao governo em exerccio. Isso se observa no uso das fontes, que geralmenteso integrantes do prprio governo e fazem a defesa do ponto de vista da

    atual gesto.Outro ponto que merece destaque o silncio por parte do governo.

    Enquanto um assunto polmico envolvendo a administrao estadual estem alta na imprensa, a AEN silencia. Nas trs matrias analisadas, o temafoi publicado na agncia apenas uma vez e para defesa do interesse dogoverno, contrariando a defesa de Bucci (2009) de que as empresas

    pblicas de comunicao no devem direcionar a formao da opinio

    pblica, mas informar. Ele levou esse conceito para a antiga Radiobrs,hoje Empresa Brasil de Comunicao (EBC). Segundo o autor, no funo da Radiobrs tutelar ou direcionar a formao da opinio pblica,mas fornecer informaes necessrias para que os cidados formemlivremente a prpria opinio.

    Essa seria uma sugesto para a AEN se tornar independente e commaior credibilidade. No caso da Radiobrs, Bucci ressalta que o resultado

    foi obtido com a implementao de valores como: respeito ao carterpblico da atividade, ao buscar a Excelncia e ao exercer a transparncia,interna e externa; respeito cidadania, ao assumir o compromisso

    permanente com a universalizao do direito informao, por meio docanal direto com o pblico; respeito s diferenas, por meio do dilogo;respeito s pessoas, ao promover a felicidade no trabalho, a criatividadee a inovao. O autor ressalta que tendo o respeito como base, a tica se

    concretiza na renovao cotidiana de credibilidade da Radiobrs junto sociedade brasileira e aos funcionrios da empresa.

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    Referncias

    ARBEX Jr., Jos. Showrnalismo - A Noticia Como Espetculo.So Paulo, Casa Amarela, 2001.

    BRANDO, Elizabeth Pazito. Conceito de comunicao pblica. InDUARTE, Jorge. Comunicao pblica. Estado, Mercado,Sociedade e Interesse Pblico. So Paulo, Atlas, 2009.

    BUCCI, Eugnio. Caso Radiobrs: o compromisso com a verdade nojornalismo de uma empresa pblica. In DUARTE, Jorge.Comunicao pblica. Estado, Mercado, Sociedade e Interesse

    Pblico. So Paulo, Atlas, 2009.

    FLOR, Gisele; BOMFIM, Filomena Maria Avelina. As Agncias deNotcias como Fonte de Informao no Jornal ltimo Segundo. InRIBAS, Felipe de Freitas.Agncia Estadual de Notcias: Estruturae Rotina Produtiva.Monografia de concluso do curso de

    jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Ponta Grossa,PR, 2010.

    FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. ditions Gallimard,Paris, 1971.

    ORLANDI, Eni P. Anlise de discurso - Princpios &procedimentos. So Paulo, Pontes, 1999.

    RIBAS, Felipe de Freitas. Agncia Estadual de Notcias:Estrutura e Rotina Produtiva. Monografia de concluso do cursode jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa. PontaGrossa, PR, 2010.

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    Anexos

    Governo retira da Assembleia projeto da Agncia Reguladora- 08/08/2011 19h50Por deciso do governador Beto Richa, o governo estadual solicitou

    nesta segunda-feira (08/08) a retirada da pauta da Assembleia Legislativae a devoluo do projeto de lei que cria a Agncia Reguladora de ServiosPblicos Delegados do Paran (Agepar).

    Segundo o deputado estadual Ademar Traiano, lder do governo

    no legislativo, a inteno revisar e melhorar o texto para que no pairemdvidas sobre as intenes da proposio.A agncia vai regular atividades concedidas nas quais o Estado

    minoritrio ou no tem participao, afirma o parlamentar. Servios ondeo Estado majoritrio no precisam de regulao e o governo querfortalecer as empresas pblicas.

    Aps a reviso do texto, o projeto de lei ser reencaminhado para

    votao na Assembleia.

    Emendas para sade, segurana, educao e social tero

    prioridade, diz Richa- 11/10/2011 13h00O governador Beto Richa reuniu deputados estaduais no Palcio

    das Araucrias, na noite de segunda-feira (10), para discutir a propostaoramentria do Estado para 2012 e apresentar projetos do governo que

    sero enviados para apreciao do Legislativo, entre eles a lei que instituias Parcerias Pblico-Privadas (PPPs). O dilogo a marca forte dogoverno e queremos manter abertos os canais com todos os representantesda populao paranaense no legislativo, disse Richa.

    Mais de 40 parlamentares atenderam ao convite do governador.Eles foram informados de que as emendas dirigidas s reas de sade,segurana pblica, educao e desenvolvimento social, que so prioridade

    no plano de governo, tero privilgio para liberao de recursos naexecuo do oramento do ano que vem.

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    Richa informou tambm que ainda em 2011 o Estado vai aplicarrecursos oramentrios em obras e programas nas reas consideradas

    prioritrias para o governo. Ele pediu aos deputados que indiquem onde

    os investimentos podem ser realizados a partir de emendas que ainda noforam liberadas. Temos um foco de trabalho muito claro, que oferecerservios de qualidade populao. Sade, segurana, educao edesenvolvimento social sempre tero nossa total ateno. J fizemos issoem Curitiba e deu resultado, destacou o governador.

    De acordo com o secretrio-chefe da Casa Civil, Durval Amaral,as emendas permitem a participao efetiva dos deputados no oramento

    do Estado. A liberao desses recursos ser condicionada programaode aes do governo, para atender escolas, hospitais, asfalto nosmunicpios, por exemplo, afirmou.

    O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Valdir Rossoni,disse que a convocao dos parlamentares representa uma importanteabertura do debate em torno do oramento. Mostra que o governo notem dono, mas que governa para o povo e que convoca os parlamentares

    para legislar pelo povo. Esse debate facilita a tramitao e adianta a votaoe aprovao do oramento, que antes era feita apenas no ltimo dia dalegislatura, disse Rossoni.

    O lder do governo no legislativo, deputado Ademar Traiano, disseque a Assembleia tem sido respeitada e prova disso era presena de maisde 40 deputados no encontro com o governador. Traiano afirmou que ogoverno no ir discriminar nenhum deputado na liberao de recursos de

    emendas ao oramento, independentemente de partido ou das crticasdirigidas ao governo. O debate antecipado torna a tramitao maistranqila e rpida e importante para o bom entendimento do Executivocom o Legislativo, disse ele.

    PPP No encontro, os deputados tambm conheceram as linhasbsicas da proposta de projeto de lei que institui as Parcerias Pblico-Privadas (PPPs) no Paran. Os parlamentares assistiram a uma palestra

    com um especialista da consultoria internacional KPMG. A empresa parceira do Movimento Brasil Competitivo (MBC), entidade com a qual

    discur sos fotogr ficos, Lond rin a, v.11, n.18, p.143-170, jan./ju n. 2015 | DOI 10.5433/1984- 7939.2015v11n18p143

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    o Governo do Paran assinou um protocolo de intenes para implantar oprograma Modernizando a Gesto Pblica.

    Para o consultor Charles Schramm, que apresentou o tema para

    secretrios estaduais tambm nesta segunda-feira, o Paran d um passorumo modernidade ao acrescentar as PPPs como instrumento de polticas

    pblicas aos mecanismos de que o Estado j dispe. uma demonstraosria de quem deseja resolver os problemas da sociedade, afirma.

    A flexibilidade dos contratos privados para questes de tecnologiae outras solues para cumprir cronogramas; a troca de conhecimentocom o setor pblico e o aumento da capacidade de investimento do estado

    so algumas das vantagens do uso de PPPs, segundo o especialista. Emvez de investir em um projeto nico, o Estado pode optar por trs ouquatro, ao mesmo tempo, e obter benefcios mais rapidamente, explicaSchramm.

    FERRAMENTA DE GESTO - O secretrio do Planejamento,Cssio Taniguchi, disse que PPPs so uma nova ferramenta de gesto disposio do setor pblico para garantir e aumentar a oferta de servios

    de qualidade populao, sem precisar custear diretamente osinvestimentos necessrios. A PPP representa um conceito mais amplo doque apenas fazer uma obra, como um hospital ou uma ferrovia, mas

    principalmente colocar o servio disposio da populao, com eficincia,eficcia, pontualidade, disse Taniguchi. E ao fim do prazo, que geralmente longo, aquele bem devolvido ao setor pblico, o que torna um processodiferente de privatizao, enfatiza.

    Para o secretrio da Infraestrutura e Logstica, Jos Richa Filho, osexemplos de PPPs em andamento em diversos segmentos em todo o Brasilmostram que esta uma grande opo tambm para o Paran. umaferramenta espetacular. No serve para tudo, mas bem empregada, poderajudar muito, por exemplo, na rea de ferrovias e de rodovias estaduais,onde temos grandes demandas, afirma o secretrio. Assim, o recurso

    pblico poder ser usado em outras reas.

    Para facilitar a compreenso de o que so Parcerias Pblico Privadase como elas funcionam, a Secretaria de Estado do Planejamento preparou

    discur sos fotogr ficos, Londr ina , v.11, n.18, p.143-170, jan./ju n. 2015 | DOI 10.5433/1984-7939.2015v11n18p143

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    um conjunto de perguntas e respostas que podem ser acessadas no sitewww.planejamento.pr.gov.br. A secretaria tambm est disposio pararesponder outras dvidas que podem ser enviadas no link fale conosco,

    da mesma pgina na internet.

    Gestores da rea da sade apiam projeto de Organizaes

    Sociais- 05/12/2011 20h10Gestores de instituies da rea da sade do Paran defenderam

    nesta segunda-feira (5), em reunio com o governador Beto Richa, noPalcio das Araucrias, em Curitiba, o projeto de lei que autoriza o

    governo a repassar para Organizaes Sociais (OS) a execuo deservios hoje sob a responsabilidade do Estado. A proposta que excluio repasse de atividades exclusivas do poder pblico, como ensino regulare segurana pblica dever ser votado ainda esta semana pelosdeputados estaduais.

    Jos lvaro Carneiro, diretor do Hospital Pequeno Prncipe, disseque a resistncia de alguns segmentos s OS calcada em notcias a

    respeito de organizaes envolvidas em irregularidades. Mas importantedestacar que essas so minoria. A grande maioria das organizaes prestaexcelentes servios. No Paran, as organizaes sociais tm um papelmuito relevante, afirmou. Ele citou como exemplos a Santa Casa deMisericrdia e o prprio Hospital Pequeno Prncipe. A Santa Casa uma OS criada no final do sculo 19, e que vem prestando importantesservios comunidade h mais de cem anos. O Pequeno Prncipe est h

    92 anos atendendo milhares de crianas, com uma gesto exemplar,auditada, transparente, disse.O superintendente do Hospital Erasto Gaertner, Jos Clemente

    Linhares, tambm defendeu o projeto. A experincia do Erasto Gaertnere das outras instituies aqui representadas mostra que a parceria entre ogoverno do Estado e as OS possvel e necessria. A flexibilidade dasOrganizaes Sociais para contratao de servios, por exemplo

    garante agilidade no atendimento, o que significa ampliar o acesso dapopulao aos servios de sade, disse.

    discur sos fotogr ficos, Lond rin a, v.11, n.18, p.143-170, jan./ju n. 2015 | DOI 10.5433/1984- 7939.2015v11n18p143

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    O governador destacou que o projeto visa superar amarras quehoje impedem a prestao de um bom servio pblico em algumas reas,como a da sade. O objetivo repassar servios em algumas reas

    pontuais do governo, com rigoroso acompanhamento do Estado, metas eobjetivos a serem cumpridos, prestao de contas e aprovao peloTribunal de Contas, afirmou.

    Participaram da reunio representantes de entidade ligadas s reasda sade, cultura e educao; os deputados estaduais Marcelo Rangel,Csar Silvestri Filho e Douglas Fabrcio, o deputado federal Rubens Buenoe os prefeitos de Curitiba, Luciano Ducci, de Piraquara, Gabriel Samaha,

    e de Tunas do Paran, Jorge Tavares.EMENDAS Na mesma reunio, o deputado federal Rubens

    Bueno informou ao governador que apresentou emenda ao oramento daUnio para 2012 destinando R$ 2,33 milhes para compra deequipamentos e manuteno de servios da sade no Paran, inclusive

    para Organizaes Sociais (OSs). Tambm foram apresentadas asemendas oramentrias 2012 da bancada federal e as emendas em

    execuo.