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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PROJETO "A VEZ DO MESTRE" CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU EM PSICOPEDAGOGIA UM OLHAR PARA O PROFESSOR: À LUZ DA EMOÇÃO E DO AFETO POR ROSELY DE OLIVEIRA MACHADO ORIENTADOR PROFESSOR MS. NILSON GUEDES DE FREITAS Rio de Janeiro Junho/2003

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PROJETO "A VEZ DO MESTRE"

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU

EM PSICOPEDAGOGIA

UM OLHAR PARA O PROFESSOR:

À LUZ DA EMOÇÃO E DO AFETO

POR ROSELY DE OLIVEIRA MACHADO

ORIENTADOR

PROFESSOR MS. NILSON GUEDES DE FREITAS

Rio de Janeiro Junho/2003

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PROJETO "A VEZ DO MESTRE"

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA

PROFESSOR ORIENTADOR: MS. NILSON G. DE FREITAS

ALUNA: ROSELY DE OLIVEIRA MACHADO

UM OLHAR PARA O PROFESSOR: À LUZ DA EMOÇÃO E DO AFETO

OBJETIVOS: Resgatar junto ao professor a importância e a necessidade de cuidar da sua

sensibilidade, da construção do seu afeto e da sua emoção. Mostrar a ele que

o empobrecimento da personalidade emocional pode tornar difícil e intolerável

sua vida profissional, uma vez que está conectada ao outro em diferentes

dimensões do relacionamento afetivo.

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AGRADECIMENTOS

À Olga pelo carinho, incentivo e participação.

À Neuza que me ensinou que oportunidade,

tempo e idade a gente é quem faz.

Ao Cauã que me impulsiona para a vida.

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RESUMO

O trabalho aqui realizado pretendeu organizar um material que despertasse em diferentes profissionais envolvidos com a educação tais como: psicólogos, pedagogos, psicopedagogos, administrador escolar, dentre outros, um olhar atencioso para aqueles que hoje estão em salas de aula, ministrando turmas e educando. Esses profissionais que hoje enfrentam as expectativas da sociedade estão sobrecarregados com a pressão das mudanças, com as limitações das instituições, com as dificuldades financeiras e com a diversidade do corpo discente, poderão neste trabalho se referenciar visando entender sua atuação e responsabilidade diante desse novo prisma educacional. A composição deste material foi feita baseada em estudos da teoria de Henri Wallon, elaboradas por Inês Galvão e Heloisa Dantas e apesar da pouca bibliografia existente sobre este teórico do século XX o material encontrado forneceu subsídios necessários ao entendimento do tema, destacando que para realizar esta difícil tarefa de educar, com afeto, é preciso mais que gostar tem que estar envolvido por inteiro mente e corpo, razão e emoção. Além disso buscou-se em diversas outras publicações tais como Yves de La Taille e Pedro Demo a compreensão da formação do professor. Para enriquecer ainda mais o trabalho houve a observação direta da atuação de professores em uma Escola Municipal do Rio de Janeiro. Palavras chaves: educação, professor, aluno, emoção, razão, valores.

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Sumário

INTRODUÇÃO 06

CAPÍTULO 1 A formação do professor: relações de

afeto e emoção possibilidades ou utopia

07

CAPÍTULO 1.1 A formação do professor: relações

pessoais, emoção e afeto

12

CAPÍTULO 1.2 A formação do professor: princípios,

valores, ética e moral

16

CAPÍTULO 1.3 A formação do professor segundo a LDB 19

CAPÍTULO 1.4 Teorias pedagógicas que orientam a

educação da atualidade

22

CAPÍTULO 2 A teoria walloniana e a construção da

pessoa: afeto e emoção

25

CAPÍTULO 2.1 Wallon e a educação por inteiro 30

CAPÍTULO 2.2 Professor: uma profissão especial 34

CAPÍTULO 2.3 O Exercício da escuta e do olhar nas

relações de afeto e aprendizagem

37

CAPÍTULO 3 Como e porque o investimento

profissional?

39

CAPÍTULO 3.1 Professor : como estar vivo em sala de

aula

42

CAPÍTULO 3.2 Mudanças pedagógicas podem tornar viva

a sala de aula

44

CONCLUSÃO 47

BIBLIOGRAFIA 48

ATIVIDADES EXTRA

CLASSE

49

AVALIAÇÃO 51

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INTRODUÇÃO

Um olhar para o professor à luz da emoção e do afeto, nasceu da

necessidade de traçar o perfil emocional dos profissionais de educação,

principalmente daqueles que atuam na educação básica e que pertencem a

Rede Municipal de Ensino, onde a diversidade, cultural, social e econômica se

faz presente. Sabemos que a sociedade moderna passa por momentos

conflitantes, em todas as esferas globais, que novos valores se estabelecem e

que o desafio da educação de hoje é a inclusão, todas as diferenças. Percebe-

se que o docente de hoje precisa se fortalecer, intelectual e emocionalmente

com a finalidade de garantir a boa relação ensino e aprendizagem, professor e

aluno.

Para ser professor é preciso gostar do que faz, estar aberto ao novo,

estar receptivo à troca afetiva e fortalecer seus conhecimentos e formação com

muito estudo, pesquisa e cuidados à sua saúde e bem estar geral,

principalmente no que tange as emoções, pois esta é a responsável pelas

ações e reações da mente e do corpo.

A metodologia dessa pesquisa buscou no primeiro momento descrever o

quadro atual da sociedade em que vivemos, como isto se reflete na escola, e

qual é a expectativa em relação ao profissional da educação de nossos dias.

Nota-se que com a ausência de vários setores da sociedade, deposita-se na

escola a responsabilidade por um organização social mais estruturada e

competente. Coloca-se na figura do professor a responsabilidade com a

formação do perfil do cidadão do futuro.

Para saber se o professor está habilitado para esta tarefa, buscou-se o

estudo de como deve ser sua formação, o estudo das suas bases emocionais e

da construção de valores, assim como vimos também, como a LDB (Lei de

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Diretrizes e Bases Educacionais) vê, avalia, incentiva e investe nesse

profissional.

Na concepção teórica da educação tentamos entender qual o objetivo da

educação de hoje, como importantes teorias, principalmente a

sociointeracionista, ajudaram a traçar o perfil desejado do professor

responsável pelas relações de aprendizagem e afeto. Este estudo foi centrado

na teoria de Henri Wallon que trata diretamente das questões de afeto e

emoção.

Num terceiro momento o trabalho já reconhece e tem clareza que o

professor necessita se fortalecer e investir no seu saber, para manter-se "vivo"

no espaço escolar, reconhecendo as dificuldades encontradas, no ambiente de

aprendizagem, percebe-se que uma boa relação de afeto pode garantir um

bom desempenho pedagógico. Muito sutilmente fala-se em pedagogia de

projetos como possibilidade de um atuação renovada, capaz de responder por

uma aprendizagem viva e inquietante.

Capitulo 1: A Formação do Professor : Relações de afeto e emoção, possibilidades ou utopia O trabalho que aqui se inicia , pretende tratar nesse capítulo, as

dificuldades encontradas para se falar em afeto diante do caos social em que

se encontra nossa sociedade. Será levantado a preocupação com a formação

de valores e princípios na vida profissional de nossos educadores e veremos

como a Lei de Diretrizes e Bases apresenta sua visão em relação à formação

do professor.

Falar de afeto em tempos de guerra parece uma utopia. Falar que

devemos ter um olhar para o outro, em facilitar uma aproximação tanto

corporal, quanto emocional, numa busca de interlocução necessária, parece

algo que está ficando para trás.

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Vivemos hoje na Cidade do Rio de Janeiro e no mundo, o medo: o medo

do que está por vir. Não conhecemos nossos inimigos e não sabemos onde

encontrá-los, sendo assim, também não sabemos qual é a melhor defesa. As

diferenças culturais, sociais, religiosas e até mesmo educacionais, estabelecem

o conflito, o terror , e não a soma, como achamos que deveria ser.

No Brasil, principalmente nas grandes cidades, entre elas o Rio, convive

com o pânico , e este levou seus habitantes a viverem sitiados. O susto, a

defensiva, o espasmo e as ações reativas estão incorporadas em seus

habitantes. Em todos os lugares está o medo, medo de ir a escola, de ir para o

trabalho, o medo de simplesmente viver e conviver. Se observarmos, as

pessoas em seu dia a dia, em seus trânsitos normais de vida, depararemos

com seus semblantes tensos, corpos enrijecidos, sobressaltados, apressados e

ameaçados diante de um simples estampido ou abordagem inesperada. O que

nos leva a isso, são os últimos acontecimentos noticiados em todos os jornais:

queima de ônibus atingindo passageiros inocentes, fechamento do comércio

sob ameaça de bombas, seqüestro relâmpago, clonagem de documentos,

ataques a policiais militares, balas perdidas e muitos outros.

Quem pensa que estamos livres disso quando protegidos em nossos

lares ou endereços de trabalho se engana: dentro desses espaços também há

o estranhamento e a infelicidade com as limitações, com a impossibilidade de

conviver e de expandir suas relações sociais além dos núcleos familiares.

Teme-se o vizinho, o outro. Nos tornamos raivosos, intolerantes, depressivos e

reativos. Como olhar para outro se já temos problemas demais? Como ouvir o

problema do outro se achamos que o nosso é infinitamente maior e mais

complicado?

E assim está o nosso professor, carrega consigo o estigma do fracasso,

da falta de condições de trabalho e de uma deficiente remuneração. Perdido

como qualquer cidadão, diante de uma sociedade desestruturada, sem limites

e muitas vezes sem lei, convivendo com crianças, jovens e adolescentes,

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desorientados numa sociedade desigual. O professor trabalha em locais onde

cada um desses fatores de violência e falta de recursos deixou sua marca, seja

na favela, na periferia, ou na classe média. De alguma forma todos foram

atingidos, a sociedade em todos os níveis, foi atingida. E hoje, o desafio de dar

a esses educandos, otimismo, credibilidade e a possibilidade de sonhar com

um mundo melhor está na Educação, na figura do professor/ educador. O

professor é um ícone , nele deposita-se o sonho e através dele acredita-se em

educação para transformação.

A sociedade passa por transformações na sua organização familiar. Já

não temos mais aquele modelo antigo: papai, mamãe e filhos. São os criados

por: avós, rua, tios, tias, irmãos, padrastos, madrastas, a mulher da minha mãe

e o marido do meu pai. Fora da escola, quem educa, como educa e com que

valores se educa, é a grande inquietação.

Além de conviver com esses novos valores, vislumbram-se novas

imagens, impostas pelo cotidiano e pelo poder da mídia: a força dos bandidos,

a decadência e a impotência da polícia, o sucesso dos belos corpos,

reforçados com o poder de um marketing e outros. Não há mostras de rebeldia

para se impor, há na verdade uma luta para o ter, para o aparecer...e nessa

guerra, tudo é possível. Não enfrentamos só alunos indisciplinados e sim seres

acuados, perdidos, desorganizados. Pois, não há o que copiar nessa

sociedade. Todos têm o que temer e tentam aprender a se defender.

Como educar com afeto, nos dias de hoje, se tenho medo de quem se

aproxima, e posso assustar se me aproximo? Como estabelecer este vínculo,

esse contato? Como afetar e se deixar ser afetado? Não sabemos em quem

confiar e diante do que vivemos, não sabemos em quem acreditar.

Não conseguiremos ir longe em nossas reflexões se não

compreendermos as conseqüências desse momento social caótico, das

limitações e ausências da sociedade. Paradoxalmente essa ausência se

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reflete na escola, projeta-se nos professores uma expectativa em suas

missões. A sociedade deposita na escola, principalmente criando em torno do

professor, a expectativa de que esta resolvam todos os problemas. Que a

organização escolar caminhe para além dos conhecimentos e da cultura,

espera-se que novos valores sejam restaurados, que novas regras da vida

social se organizem, que se combata a violência, as drogas e as questões

sexuais, formando cidadãos autônomos e transformadores.

Com toda essa responsabilidade que vem rondando os professores ,

pode-se perceber que muitos ainda não estão dando conta do que se criou em

torno da educação de hoje. A escola hoje é vista como importante espaço

social, voltada para o conhecimento, crescimento e formação de diferentes

indivíduos. Numa visão democrática de prática social, deseja-se a construção

de um cidadão crítico, autônomo, solidário que acredite na possibilidade de

transformação.

Logo, para se educar na sociedade de hoje, é preciso ser dinâmico,

justo, transformador, solidário, democrático, preocupado com as inquietações

atuais, acolhedor e afetuoso. Eis aí o grande desafio do professor, o de lidar

com a diversidade, com as diferenças, com as necessidades e expectativas

dessa sociedade. Espera-se o resgate da ética e de valores capazes de

responder aos apelos sociais. Acredita-se que a educação atenda a um

princípio fundamental: contribuir para o desenvolvimento total da pessoa

humana _ mente e corpo, inteligência e sensibilidade, sentido ético e estético,

responsabilidade pessoal, social e espiritual.

Numa sociedade cujas estruturas se vêem balançadas o aprender a

viver juntos e o aprender a viver com os outros, é sem dúvida um grande

desafio. Deixar fluir nesse espaço o diálogo, a emoção e o afeto, também. O

professor precisará vencer seus próprios limites, deverá buscar na sua

formação profissional e pessoal elementos que lhe dêem subsídios para o

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trabalho árduo. O investimento pessoal e a constante atualização precisam

acompanhar toda sua vida de educador.

Veremos ainda neste trabalho o que a concepção da teoria walloniana

nos mostra: é na interação e no confronto com o outro que se forma o

indivíduo. A idéia de uma personalidade que se forma ser isolada da sociedade

é inconcebível. A educação deve integrar a prática e seus objetivos à dimensão

social e a individual.

Também no cotidiano escolar são comuns as situações de conflito

envolvendo professores e alunos. Há momentos de total desamparo, onde não

se sabe o que fazer. Constante dispersão, crises e agitações levam ao

desentendimento professores e alunos. Nesses conflitos, o medo, a raiva e o

desespero, costumam ser manifestações que funcionam como termômetro.

O professor que vive diante de grandes e pequenos desafios e que

acredita que deve manter tudo sobre controle precisa entender e aceitar que

nem sempre é possível dominar as emoções, os corpos, as atitudes, as

situações e até mesmos pessoas. Muitas vezes, quanto maior a pressão, maior

a resistência. Resistência leva ao controle. Controle enrijece. A rigidez bloqueia

o fluxo energético e isso leva ao desequilíbrio. Este desequilíbrio pode

apresentar-se em forma de sintomas. E esses sintomas podem ser estresse,

irritação, ansiedade...E como válvulas defeituosas, tentamos manter um

domínio sobre a pressão, dos desafios da vida e principalmente da emoção do

outro. Será necessário lembrar que pressões e desafios não terminam, nós é

que temos que dar um jeito em nossas válvulas de escape, realimentando

nossas vidas de afetos, nos permitindo ser afetados.

A análise walloniana sobre a emoção, traz interessantes elementos para

que possamos compreender melhor essas dinâmicas. A relação de

antagonismos que identifica pela dicotomia entre as manifestações da

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emoção e a atividade intelectual nos autoriza a concluir que quanto maior

clareza o professor tiver dos fatores que provocam os conflitos, mais

possibilidades terá de controlar a manifestação de suas reações emocionais e,

em conseqüência de encontrar caminhos para solucioná-los.

O exercício de reflexão e avaliação que o professor faça das situações

de dificuldade, buscando compreender seus motivos e identificar suas próprias

reações (se ficou irritado, assustado ou indiferente), já é, por si só, um fator que

tende a provocar a redução da atmosfera emocional. Afinal, a atividade

intelectual voltada para a compreensão das causas de uma emoção reduz seus

efeitos. Atuando no plano das condutas voluntárias e racionais, o professor tem

mais condições de enxergar as situações com mais objetividade, e então agir

de forma adequada. (Galvão, 2002)

Se estamos vivendo em uma sociedade tão individualista e violenta,

temos que através do afeto, descobrir as reais possibilidades de mudanças na

relação do homem com o mundo em que vive. E o professor é o principal

agente dessa mudança.

1.1: A formação do Professor : Relações pessoais, emoção e

afeto

O mundo atual é muitas vezes um mundo de violência que se opõe à

esperança posta por alguns no progresso da humanidade. A história humana

sempre foi contada com relatos de conflito, mas há elementos novos que

acentuam o perigo, especialmente, o extraordinário potencial de autodestruição

criado pela humanidade durante o século XX. E é exatamente por isso que se

deposita na educação às esperanças de se ter um mundo mais humano, onde

as relações sociais, reforçadas pelas ações dos grupos orientam o indivíduo

dando-lhe subsídios para pertencer a esta sociedade.

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Como vimos, muitos conflitos estão presentes em nossa sociedade e

estão também presentes na vida e nos lares de nossos professores. Este

trabalho não tem a pretensão de dar receita, mas despertar no profissional que

atua na educação, para a necessidade de olhar para dentro de si, com postura

crítica, coerente e responsável, com a finalidade de encontrar e encarar suas

limitações, seus desejos pessoais, sua carência de afeto e sua dificuldade de

lhe dar com o afeto do outro. Sabemos que muitos levam para a o trabalho

problemas e frustrações na vida emocional e profissional, esquecendo que não

trabalhamos com máquinas e sim com pessoas que se formam a partir do que

temos a lhes acrescentar.

Neste momento o olhar para o professor sob a luz da emoção e o afeto

se torna eixo principal deste trabalho, se existe uma preocupação com o aluno

na sua totalidade como pessoa, também é preciso um especial cuidado com

aqueles que são diretamente responsáveis pelo alunos. Não se pode deixá-los

sozinho nesta empreitada e alguns movimentos são necessários para criar-lhes

condições de atuarem com integridade e dignidade.

A preocupação com o professor já está presente em algumas secretarias

de educação, respeitando a lei, e os princípios da formação básica, criaram-se

investimentos necessários à saúde emocional de seu corpo docente. A

Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, deposita em contra-

cheque o bônus cultura, com a finalidade de contribuir nas despesas com

livros. Investe maciçamente em cursos de capacitação em todos os seus

setores, disponibilizando profissionais especializados e competentes da área

educacional. Foram distribuídas para todos os professores carteiras funcionais

com o objetivo de garantir-lhes desconto de 50% na entrada de qualquer

evento cultural. Numa parceria com a Secretaria Municipal de Culturas, criou o

Programa Horizontes Culturais, promovendo em vários pólos espalhados pela

cidade do Rio, oficinas de teatro, música e dança que possibilitam o convívio

prático, direto e ativo, com as artes. Foram feitas também várias parcerias,

dando ao professores descontos, em diferentes Instituições de Ensino Superior

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Privado, para aqueles que desejam uma Graduação Universitária, a Pós-

Graduação ou Cursos de Extensão e de Especialização.

Temos que acreditar que esta valorização do professor , está no

cuidado em garantir um bom trabalho pedagógico. Que existe uma

preocupação com a relação professor e aluno. Relações estas que para serem

asseguradas, precisam do respaldo, da troca de confiança, de respeito pelo

outro, da credibilidade, do senso crítico, da garantia de direitos, do hábito da

curiosidade, do desafio da diversidade e do desejo de se ter intelectualmente e

emocionalmente à auto- estima elevada.

Articular escola e vida cidadã, numa relação de reciprocidade, implica

construir uma ligação estreita entre o cotidiano vivido e o conhecimento

escolarizado, levando-se em consideração que a escola está situada

num espaço sócio-cultural onde convivem alunos e professores. Estes

devem ser cidadãos incluídos no contexto social de cidade com direitos e

deveres a serem respeitados e reconhecidos. ( Multieducação, pág.

110)

O mundo evoluiu, a sociedade mudou, mas as pessoas não aprenderam

a conviver nem expressarem bem seus próprios sentimentos. Vive-se num

tempo de pessoas tensas, ansiosas, que não sabem lidar com as múltiplas

manifestações de suas próprias emoções e por isso se tornam prisioneiras

dessas próprias manifestações. Tendo muitas vezes suas vidas marcadas pela

falta de habilidade inter e intra- pessoais.

As emoções são manifestações que evoluem desde a mais tenra idade.

A aprendizagem emocional inicia-se nos primeiros momentos de vida e

continua durante toda a sua formação.

Emoções negativas e muito fortes podem desviar a atenção dos

aspectos cognitivos, assim como pode alimentá-los. Também quando se está

motivado por sentimentos de entusiasmo e prazer, se é levado ao êxito,

enfrentando e superando as dificuldades encontradas. Assim sendo, a forma

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como as emoções interferem na capacidade de pensar, de fazer planos e

perseguir objetivos, ajudando ou atrapalhando, acaba por determinar como a

pessoa se sairá nos desafios da vida.

Além do domínio dos saberes, do desenvolvimento das múltiplas

inteligências, faz -se necessário à capacidade de criar e encontrar novas

saídas para os problemas, o desafio maior é aprender a conviver e a lidar com

as suas próprias emoções. Buscar a solidariedade em lugar da individualidade.

Resolver situações em grupo ao invés de impor somente opiniões

individualistas. Canalizar as emoções de forma produtiva, sem sufocá-las, mas

conscientizando-se da importância de desenvolver a empatia que trará

conseqüentemente melhorias para os relacionamentos.

Desenvolver a cooperação e outros valores éticos necessários ao

convívio social e à construção de uma sociedade melhor, composta de

cidadãos criativos e cooperadores. Melhorando a vida ao seu redor. Aqui a

peça principal é a figura do professor, que deve ter características especiais de

alguém alfabetizado emocionalmente, que saiba lidar com seus próprios afetos

e seja embuído de um entusiasmo tal pelo que faz, a ponto de contagiar, não

somente aos seus alunos, mas a comunidade escolar a qual está inserido. Sem

a cooperação da inteligência emocional todo trabalho pode ser em vão.

Pensar certo_ é saber que ensinar não é transferir conhecimento é

fundamentalmente pensar certo_ é uma postura exigente, difícil, às

vezes penosa, que temos de assumir diante dos outros e com os outros,

em face do mundo a dos fatos, ante nós mesmos. É difícil, não porque

pensar certo seja forma própria de pensar de santos e da anjos e a que

nós arrogantemente aspirássemos. É difícil porque nem sempre temos o

valor indispensável para não permitir que a raiva que podemos ter de

alguém vire raivosidade que gera um pensar errado e falso. Por mais

que me desagrade uma pessoa não posso menosprezá-la com um

discurso em que, cheio de mim mesmo, decreto sua incompetência

absoluta.

Paulo Freire, 2000

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1.2: A formação do professor: princípios, valores, ética e

moral

A Ética não é uma etiqueta que a gente põe e tira. É

uma luz que a gente projeta para segui-la com os

nossos pés, do modo que pudermos, com acertos e

erros, sempre, e sem hipocrisia. A partir da ética é

possível formular os cincos princípios concretos da

democracia: igualdade, liberdade, diversidade,

participação, solidariedade.

Herbert José de Souza (Betinho)

Neste momento pretende-se caracterizar a importância de um olhar para

a formação do professor à luz da valores éticos e morais. As mudanças na

sociedade e conseqüentemente nas ideais educacionais , levaram aos setores

da educação a preocupação com a constituição de valores éticos e morais,

com a formação de um profissional mediador e pesquisador, atento às

inquietações emocionais.

Começamos então pela ética, que hoje é uma palavra muito presente

em diferentes contextos e em várias áreas da atividade humana. Fala-se em

ética profissional, nas relações de trabalho, em política, caracteriza-se pessoas

certas como éticas. E não podemos esquecer que também está presente na

escola, associa-se ética à cidadania.

No entanto, fala-se pouco em moral, este termo anda meio calado,

silencioso. E por quê? Pode-se associar a quem o emprega a uma atitude

autoritária, a uma postura conservadora. Quem pensa em moral na escola

pode estar favorável à imposição de valores e condutas, privando aluno de

escolhas. Mas, falar de formação ética pode garantir uma imunidade

pedagógica contra toda e qualquer tentação autoritária. Na verdade, na sua

raiz etimológica, os conceitos de moral e de ética são sinônimos, eles

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receberam sentidos filosóficos diferenciados. Para alguns, moral referir-se-ia

aos valores e costumes de comunidades humanas, enquanto a palavra ética

significa filosofia da moral, um estudo sistemático desses valores e normas.

Volta-se a falar em assimilação de valores por parte dos alunos, e os

Parâmetros Curriculares Nacionais propõem, como tema transversal a ética. A

proposta é trabalhar de forma articulada com as matérias, dando atenção à

qualidade do convívio social.

Essa preocupação com a presença da ética nos currículos não tem a

intenção de ver um professor ético fazendo discursos a respeito do que

acredita e defende como sendo ético, mas sim que ele, a partir de textos, de

dilemas, de letras de música, de artigos de revistas e jornais, faça seus alunos

refletirem, discutirem, julgarem posicionando-se sobre temas pertinentes a

valores éticos e morais.

Dentro de uma proposta de formação ética, espera-se que a escolha das

pessoas sejam pela liberdade e pelo respeito: todos são livres para fazerem o

que querem, desde que respeitem determinados valores e regras que

garantem e dão sentido ético a esta liberdade. E possível exercer esse

pensamento de forma inteligente, com discussão, reflexão. Mas, se tivermos

que julgar valores e princípios pertinente à ação de outros, esbarraremos em

valores pessoais e o que tornará legitimo essa interferência será o trabalho

que temos com nossos conteúdos éticos pessoais, aqueles que nos formaram

e aqueles que constantemente estamos formando, quando mudanças radicais

acontecem no dia a dia da sociedade em que vivemos. Logo, não há

compromisso ético sem formação ética.

O que já foi dito diz respeito aos conteúdos que devem fazer parte da

formação ética e que conferem a professores e alunos a confiabilidade, para

exigir deles próprios condutas coerentes. No entanto, não se pode excluir as

virtudes. Do ponto de vista pedagógico seria um erro não trabalhar as virtudes.

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Uma vez que, para cumprir deveres éticos, precisamos de disposições de

caráter que pressupõem o cultivo das virtudes. Para ser justo, é preciso às

vezes ser corajoso; para dialogar, é preciso ser humilde( do contrário não se

ouve o que o interlocutor tem a dizer); para ser solidário é preciso ser generoso

e assim por diante. Outra razão que faz pensar que um trabalho em sala de

aula em torno das virtudes e não apenas em torno de direitos e deveres, é que

pedagogicamente se faz necessário que elas digam respeito aos afetos, aos

sentimentos, e que estes participam da construção da personalidade moral, da

organização psíquica da qual fazem parte os valores éticos.

Logo, se pararmos para discutir cada um dos valores presentes na

sociedade nos depararemos com suas complexidade e dificuldades, mas se

pensarmos que no convívio escolar podemos fazer o exercício das virtudes,

dentro de uma perspectiva de afeto e emoção, muito construiremos junto a

nossos alunos, trabalhando para uma sociedade melhor. O professor não é

mais o dono da verdade absoluta, precisa abrir o leque das interpretações, se

não corre o risco de cometer abuso de poder, erros pedagógicos e muitas

vezes até injustiças. Gerando um mal estar na relação e no convívio com seu

grupo. Investindo numa formação pessoal de seus valores, buscando campos

de discussão, freqüentando ambientes articulados com temas que o remetem a

questões que diz respeito às relações de ética, moral e valores, estará nossos

profissionais da educação em busca de uma constituição pessoal capaz de

conduzir sua ação e prática voltada para as boas relações, e a organização dos

conflitos presentes em seu espaço escolar.

Nenhum estilo de educação tem sentido se não está comprometido com

valores. São essas grandes orientações que ajudam a dar sentido à vida, a

formar-se como pessoa ajustada, responsável e comprometida. Este é sem

dúvida, o grande problema da educação nos dias atuais. Hoje ir a escola não

significa somente aprender coisas, mas sim, ter oportunidade de formar-se,

para desenvolver-se como pessoa, crescer dentro das dimensões humanas e

isso se dá nas atitudes de afeto, na imaginação, no respeito, na curiosidade e

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principalmente na cumplicidade. É necessário o gostar de si e do contato com o

outro, sem o olhar atento e a escuta amigável para si e para o outro, este

caminho não acontece.

Diante do desafio da educação de hoje em trabalhar a formação

continuada e não se limitar a ensinar o aqui e agora. Veja o que foi destacado

pelo último relatório da Unesco sobre a educação para o século XXI: a

comissão presidida por Jacques Delors, sintetiza quais deverão ser os quatro

pilares básicos da educação: aprender a conhecer, não apenas aprender

coisas, mas também aprender a aprender, porque a formação continuará por

toda a vida; aprender a fazer_ de forma que sejamos cada vez mais capazes

de resolver os problemas éticos da vida e melhoremos nossas competências

técnicas em um mundo que colocará à nossa disposição muitos e os mais

variados recursos; aprender a viver juntos, a viver com os demais ; aprender a

ser _ de que serve todo o restante se ao final não somos capazes de desfrutar

de nós mesmos e da nossa própria vida? Nosso principal compromisso é

desenvolver todas as nossas capacidades , inteligência, afeto, sensibilidade,

compromisso, gosto pelas coisas. Esta deve ser a primeira característica de

uma boa educação, e deve ser a primeira qualidade de uma boa escola e

também o principal objetivo do professor formador.

1.3: A formação do professor segundo a LDB

Aqui buscamos nas letras da Lei de Diretrizes e Bases da Educação

(LDB) _ sancionada em dezembro de 1996_ nº 9.394, de 20/12/1996,

publicada no Diário Oficial da União a 23/ 12/1996, Seção I. A preocupação

com a formação do professor de educação de base. Que olhar é dirigido a esse

profissional e como está descrito em termos legais.

A LDB ( Lei de Diretrizes e Bases ) da Educação veio favorecer alguns

avanços, principalmente no que trata o professor. Nesta, o professor é o eixo

central da qualidade da educação. Desempenha papel essencial, é um

orientador, porque a aprendizagem precisa da motivação humana, logo, não

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podendo ser substituído por máquinas. Há referência ao ambiente escolar,

caracterizando a importância de que este seja interdisciplinar, garantindo o elo

teoria e prática. Uma visão social e motivadora, dá importância à interatividade.

A lei abrange também aspectos pluralistas e o senso crítico, dando-lhe

qualidade formal e política. ( Demo 1997)

A lei esclarece e registra a diferença quanto à definição de espaço de

aprendizagem, uma vez que este se pauta no construir, no processo, todos os

espaços e tempos são favoráveis, não há limitações.

Também está presente na lei a valorização da cidadania aliada à

formação do indivíduo e a visão de competência humana, dando importância

extraordinária à era atual, ao mercado moderno. Na visão de cidadania a

qualidade política deve servir a qualidade formal. Eis aqui a responsabilidade

do professor com sua própria formação e com a construção e formação do

cidadão do futuro, dentro de uma sociedade globalizada.

Um dos mandatos fundamentais dos sistemas educativos é humanizar o

conhecimento. Destaca-se na lei:

a) direcionamento promissor voltado para a melhoria da formação como

para o aperfeiçoamento profissional continuado (art.67, II); inclui-se

nisso também o licenciamento periódico remunerado (ibid), consagrando

a idéia que o aprimoramento profissional faz parte da profissão;

b) essa perspectiva vem ainda mais reforçada a seguir, quando se

estabelece “período reservado a estudos, planejamento e avaliação,

incluído na carga de trabalho (art. 67, v); faz-se justiças às exigências

modernas de aprendizagem, que consagraram o professor como

alguém especializado; somente o professor que aprende bem e

continuamente pode fazer o aluno aprender”;

c) Importante iniciativa é também a inclusão da progressão funcional

baseada na titulação ou na habilitação e na avaliação do desempenho” ,

abrindo um horizonte inovador”.

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Referindo-se ao fato de que a lei não estabelece melhorias salariais, o autor

de A Nova LDB - Ranços e Avanços, destaca que foi dado um importante

passo, é o "direito de estudar" em termos de profissionalização continuada.

Alerta para o cuidado com a superficialidade de cursos que não tragam

aprendizagem significativa para o professor, e que isso muitas vezes pode ser

um gesto inútil.

Está na lei a defesa de cursos de 80h semestrais, incluindo o direito de

estudar, fazendo parte do tempo letivo. Demo (1997) enfatiza: "o professor que

não estudar sempre não é profissional. E garante: nenhuma profissão se

desgasta mais rapidamente do que a de professor porque este lida com a

própria lógica de reconstrução do conhecimento."

O que estamos vendo é que está nas linhas e entrelinhas da lei a

preocupação com a formação do professor, principalmente o de educação

básica. Espera-se resgatar a figura desse profissional que na intenção de

cuidar do seu aluno, também precisa de cuidados.

Existe a preocupação com investimento no espaço escolar, conferindo-

lhe conforto e bem estar. Benefício este que de certo atenderia a toda

comunidade envolvida no processo de ensino e aprendizagem. Uma escola

limpa, aparentemente harmoniosa, clara, bem mobiliada e equipada,

possuidora de recursos, que valoriza o espaço escolar, dá ao professor a

chance de atuar em ambiente digno.

Art.2º : " Os recursos do Fundo serão aplicados na manutenção e no

desenvolvimento do ensino fundamental público, e na valorização de seu

magistério".

Espera-se porém, que este profissional queira se valorizar, a lei fala em

avaliação de desempenho, acreditando que aquele que quer fazer o aluno

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aprender, tem dentro de si o desejo de aprender . O professor mal preparado,

desatualizado, mal remunerado, emocionalmente incapacitado terá dificuldade

em exercer sua profissão e em conseqüência estará comprometido com o

fracasso escolar e com a falta de credibilidade na educação básica de

qualidade.

1.4: Teorias pedagógicas que orientam a educação da atualidade Aqui transitaremos rapidamente pelas teorias pedagógicas que

norteiam o elo teoria-prática que orientam o trabalho do professor. Nesses

últimos anos a visão de educação construtivista, baseada no construção do

saber e em estudos do desenvolvimento humano, dão a educação um caráter

humanista, uma olhar propositivo. É preciso manter vivo e atuante o vínculo

entre a visão filosófica e a intenção pedagógica. Uma vez que se torna

imprescindível à formação filosófica do educador, seja no campo da avaliação

dos fundamentos do agir, seja ainda no campo da construção da imagem da

própria existência humana. Dentro dessa concepção também está presente a

preocupação com o que o aluno aprende, para que aprende e com quem

aprende.

Começamos lembrando a teoria empirista uma vez que não se pode

negar seu valor e sua importância para os estudos da educação e do

conhecimento humano, nela o desenvolvimento está identificado como

comportamento, deriva de ação causal exercida pelos objetos exteriores sobre

os mecanismos nervosos e cerebrais. Dentro desse enfoque, a criança é um

ser passivo, o conhecimento se dá pela absorção do meio e a aprendizagem

supõe o treino. Devemos também reconhecer a valiosa referência que a teoria

interacionista-construtivista deu a nossas orientações pedagógicas. No entanto,

nos deteremos em relembrar a contribuição dada pela teoria

sociointeracionista, presente no discurso das principais redes de ensino. Esta

valoriza o homem sócio-histórico e complementando os estudos antes citados,

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nos dá elementos para interpretar melhor a relação professor – aluno, além de

reforçar a importância do afeto e da emoção, dentro e fora da sala de aula.

Com esta teoria orientamo-nos diante do conhecimento de que a

natureza do desenvolvimento humano é sempre biológica e cultural. E isto quer

dizer que o homem tem determinadas características em seu desenvolvimento

físico que não são só o que percebemos externamente como também o que é

interno e não podemos observar, que é o caso do cérebro.

O cérebro é o órgão onde ficam gravadas várias funções físicas, além de

ter como componente o sistema límbico, no qual se originam as emoções.

Buscou-se então, na teoria de Henri Wallon, uma complementação à

compreensão desse momento, ele possibilita a visão de formação não só

cultural como também social. Baseado em seu amplo conhecimento sobre

desenvolvimento humano, construído a partir de sua prática clínica, de

pesquisador e educador com base em sua formação médica e filosófica.

Na teoria walloniana, a emoção é mesmo a base sobre a qual se dá o

desenvolvimento da inteligência. Não há dicotomia entre emoção e razão, elas

são interdependentes. A formação do ser humano tem como ser constituinte a

emoção. Portanto a aprendizagem na escola inclui de certo o aspecto

emocional.

Já Vigotsky amplia a discussão sobre a emoção, ao colocar a arte como

técnica social da emoção. Seus estudos dizem que a escola é uma situação

única na história de ser humano porque aloca tempo e espaço para aquisição

de instrumentos cultura.

A teoria sociointeracionista , está pautada na pesquisa de Vygotsky

(1979;1984), descreve a criança como sujeito social criador e recriador de

cultura. Baseada na construção de uma epistemologia sociogenética, ele chega

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à conclusão de que ao mesmo tempo em que a criança é transformada pelos

valores culturais do seu ambiente, ela transforma esse ambiente. O

conhecimento é resultado das interações sociais que se estabelecem pela

mediação dos signos culturais construídos na coletividade.

Também presente na concepção dessa teoria à preocupação com a

linguagem, esta é o comportamento mais importante, faz uso dos signos e é

responsável pelas interações sociais, é fonte de conhecimento.

A importância que Vigotsky dá as interações sociais de aprendizagem

nos leva a conceber o ensino como responsável pelas modificações no

desenvolvimento infantil. Criando zonas de desenvolvimento proximal, o

ensino despertaria na criança vários processos de desenvolvimento que não

viriam à tona se ela estivesse operando a realidade sozinha.

Ignorar que as pessoas produzem conhecimentos diante do imprevisível

seria quase o mesmo que negar que a escola, assim como a sociedade, são

marcadas também pela aleatoriedade e pelas incertezas. O cotidiano escolar,

esfera de formação repleta de sentidos, vem nos formando em meio a

situações que não se encontram no manual, o que pressupõe o fortalecimento

de competências que venham construir uma identidade que seja

marcadamente reflexiva e emancipatória (Freire, 1997).

O papel que nos cabe como profissionais da educação é dar voz aos

sujeitos, considerar seus saberes, investir no seu potencial e na sua

autonomia. Abrir espaços para que as questões políticas sejam discutidas e

para que o referencial teórico encontre seu espaço dialogando com a prática.

O conhecimento deve ser gerado na interlocução, na troca, no crescimento

coletivo e principalmente respaldado na relação de afeto professor e aluno.

Quando um professor entra em sala de aula, deve estar aberto a

indagações, à curiosidade, às perguntas dos alunos, às inibições , ter o senso

crítico e investigador. Estar aberto à compreensão do valor dos sentimentos, do

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desejo, da insegurança e do medo, estes, que ao serem educados, gera

coragem.

E qual seria o papel da instituição escolar? Uma instituição social que

viabilizasse a socialização de informações, e de instrumentos culturais, desde

que seus métodos e peculiaridades do desenvolvimento biológico e cultural dos

indivíduos em suas diversas fases de desenvolvimento. Trata de abordar o

conhecimento formal, promovendo o desenvolvimento cultural de todo ser

humano. ( Lima, 2002)

Encerramos aqui o capítulo que trata da formação do professor dentro

de várias concepções, entre elas a LDB e a visão teórica sociointeracionista.

Passaremos agora, no próximo capítulo ao estudo da teoria de Wallon. Este

vem enriquecer a visão sociointeracionista, com contribuições para elaboração

de visões do homem , da cultura, do saber e do valor para a educação.

Cap. 2: A teoria walloniana e a construção da pessoa: afeto e emoção

Buscamos na estudos de Wallon suporte e referencial significativo para

uma importante reflexão teórica do desenvolvimento humano e da ação

pedagógica.

Henri Wallon ( 1879 – 1962) nasceu na França, estudou filosofia e, após

compreender o psiquismo humano tornou-se médico. Sua teoria parte de

experiências concretas que viveu como médico de guerra, onde teve

oportunidade de estudar as perturbações nervosas e psíquicas ocasionadas

pelas feridas do cérebro e alterações emocionais, acrescidas de suas

observações feitas em crianças com anomalias psicomotoras e retardos.

Seus estudos englobam o movimento, a emoção, a personalidade e a

inteligência. Interessou-se pela infância e enfatizou a importância da escola.

Sua grande contribuição é romper com a compreensão fragmentada do ser

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humano, enfatizando que antes de qualquer compreensão possível deve-se

atentar que o homem é um corpo concreto, interagindo num espaço físico e

cultural e num tempo histórico.

Na teoria walloniana, a evolução psíquica prende-se à maturação

progressiva das estruturas nervosas; essas estruturas fazem parte de um corpo

que funciona graças à função tônica_ expressão do tono, que garante o

domínio postural.

É sobretudo na tonicidade corporal que se pode perceber a expressão

de emoções ( se a pessoa se mostra contraída ou relaxada), que é esse o

suporte essencial da comunicação sem palavras, da linguagem corporal. A

emoção é a reação que o corpo apresenta ao ser afetado por estímulos do

meio e que suscitam sensibilidade interpretadas pelo cérebro. Em se tratando

de aprendizagem , é o afetar e o ser afetado.

A emoção tem como função, isso durante toda a existência, ligar o ser

humano ao seu ambiente. E por isso a preocupação com essa emoção no

espaço escolar, o professor será o orientador, deverá captar essa emoção e

estabelecer com ela uma troca afetiva, um elo de afeto, sendo que para isso

ele deverá usar seu equipamento pessoal, sua própria capacidade emotiva.

As variações da emoção decorrem de nosso equipamento orgânico,

mas, por sua função expressiva, constitui na criança uma linguagem anterior à

linguagem social, com objetivo de comungar e de comunicar-se com as

pessoas ao seu redor.

A relação entre o tono e o psiquismo, entre movimento e pensamento é

evidente nas manifestações tônico – emocionais estudadas por Wallon. Sua

teoria propõe um sistema, uma organização geral da criança e do homem; um

método materialista e dialético. Materialismo significando que a natureza é

anterior ao pensamento, que a existência antecede o conhecimento. A dialética

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diz respeito a uma disciplina da razão (capacidade de julgar, de avaliar,

ponderar idéias universais) para apreender a realidade em seus eventuais

conflitos e contradições.

O desenvolvimento da personalidade é colocado a partir da tomada de

consciência do próprio corpo, corpo que fala e que sente. A personalidade é o

conjunto de modos de reação cuja explicação se dá num complexo

indissociável formado pelas situações determinadas e pelas disposições do

indivíduo. Sendo disposições, as condições internas, subjetivas da conduta,

existentes num certo momento (pensamentos, sentimentos, sua história

individual, seu sistema nervoso) e também situações determinadas às

condições externas da conduta que possuem uma história, situações essas

com as quais ele se defronta e que exigem uma ação. A personalidade não

cessa de se formar, de se estruturar, de vir a ser, de evoluir segundo as

circunstâncias encontradas. E é por isso que se acredita que o professor

também tem que ser um ser em constante formação, estará ele enfrentando

em seu cotidiano situações de empasse, dificuldades e conflitos que lhe

exigirão uma estrutura psíquica, uma base teórica, uma formação cultual, ética

e moral capaz de se sustentar diante das diferentes situações apresentadas. A

vida psíquica é conseqüência dinâmica da interação do indivíduo com o meio

geográfico e humano.

A teoria walloniana acrescenta que o homem não é totalmente explicável

pela fisiologia, porque o seu comportamento e as suas aptidões específicas

têm por complemento e por condição essencial a sociedade, com tudo o que

ela comporta em cada época, de técnicas e de relações em que se modelam a

vida e as condutas diversas de cada um, isto é, o ambiente de seu grupo

social.

Sendo o homem em sua dimensão um ser social, o professor deverá

estar atento ao seu contexto de relações, sua participação em grupos culturais,

em eventos grupais e em momentos de discussões intelectuais. Isso fornecerá

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acréscimo na sua formação como pessoa, que necessita de elos, de troca e de

ser afetado. O professor como qualquer ser humano é um ser inacabado,

devendo preencher-se e renovar-se constantemente.

Mente e corpo são expressões da totalidade do ser humano. Materializar

as ações é sair das abstrações. A razão não é abstrata e não se separa afeto

da inteligência. É preciso ter a totalidade das significações sempre. É preciso

perceber emoção em um só corpo, sendo afetado e afetando. E isto está

presente em toda a vida.

Emoção é tudo que é sentido no corpo. É a manifestação sentida no

corpo. Com o corpo afetado é que percebemos as coisas. Com o cérebro

primitivo, o cortical, temos o sentimento, a interpretação da emoção. Às vezes

sentimos abalos que duram a vida toda. O corpo sofre, padece. Por isso temos

a necessidade de relaxar, de a liberar energia que ficou retida no corpo, que

comprime os órgãos. Os orientais nunca separam corpo e mente.

Um educador está diante desse desafio no seu dia a dia , sofre

diretamente em seu corpo a força de outras energias. A energia inquietante

pela qual passam seus alunos. A sociedade cria expectativa afetiva sobre o

ser humano, o homem passa a ter finalidades e a responder ao apelo social.

Isso movimenta uma dinâmica troca de emoção e afeto. Muitas vezes se

internaliza certos comportamentos de forma a atender as expectativas sociais.

O sistema nervoso é um elemento que leva as emoções de dentro para fora e

de fora para dentro. Este sistema nervoso está no sistema muscular. O veículo

da emoção é muscular. É a tonicidade o veículo da emoção. A materialização é

tonicidade, quando há tensão no corpo ela tem que ser evacuada. Uma

tonicidade presa gera incômodos, doenças, desconforto.

O homem é por natureza um ser social, quando a emoção tem

significado, a afetação produz a emoção. Logo, ser afetado é estar aberto para

a emoção. Todos nós passamos por momentos (fases) emocionais. Na teoria

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de Wallon são os outros que nos dizem quem nós somos. A gente vive ao

longo da vida querendo saber quem somos. Somos seres inacabados, em

processo de construção. Há um imaginário social, um conceito , uma pré

informação, um pré estabelecido. Crenças populares com poderes de

condicionar o nosso imaginário ao imaginário social.

A espécie humana em primeiro lugar é a emoção e depois a razão. A

emoção é contagiante. E esta função, o ser humano desenvolveu como forma

de comunicação. O ser humano criou uma forma de sobrevivência que é o de

emocionar o outro. Por que ele já é geneticamente social, já nasceu social.

Entendemos com as concepções wallonianas que aprendemos por

modelo, por imitação. Sendo assim, o professor tem que criar impactos e não

automatismos. Uma pessoa alegre é prazerosa, é contagiante, enquanto que o

depressivo é triste e sofre uma pressão. Ser livre é saber que o me prende, o

que me limita, o que me impede. O nosso corpo se mistura com o ambiente e

nesse momento há um mimetismo.

Uma pessoa começa a ser afetada, pelas manifestações culturais, a

cultura é de grande importância no seu dia a dia. Através dela há uma

descarga de energia contida, o indivíduo pode dar uma boa aliviada na tensão

muscular quando participa de um atividade cultural que o leva ao riso (este

alivia musculatura dos ombros) e até mesmo ao choro (que alivia musculatura

do abdômen).

É preciso ser afetado para conhecer seus sintomas, suas dificuldades

emocionais e para lidar com a emoção do outro. Para ser afetada, uma pessoa

tem que se expor ao máximo possível, tem que experimentar, viver situações e

brincadeiras prazerosas. O corpo precisa de experiência vivida.

E o que é ser afetado? A afetividade é o que toca o outro e eu. Um ser

afetado, atingido interiormente é apresentado de uma pré disposição na

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relação afetiva. A primeira coisa a ser mudada em educação, em direção a

uma atitude walloniana é tornar o professor uma pessoa prazerosa,

culturalmente afetado e socialmente capaz de afetar. Se como profissional da

educação, o professor tiver um olhar cuidadoso para o suas questões de afeto,

conseguirá também trabalhar com seus educandos, as sensibilidades

necessárias para a troca de afeto. Explorando as manifestações culturais em

seu espaço escolar estará despertando a sensibilidade presente em cada um.

Se o professor permitir a seus alunos o contato com a arte, a música, o teatro,

possibilitando a discussão de fatos e situações difíceis do cotidiano vividos por

outros, tornará possível uma sensibilização na relação de aprendizagem. O

conteúdo é o material da sensibilidade. É preciso ser afetado para conhecer,

para aprender, e para que haja o desenvolvimento intelectual necessário para

o despertar das inteligências.

O conceito walloniano muda a responsabilidade dos professores e de

sua formação profissional. Em suas mãos pode estar grande parte da

possibilidade de maior desenvolvimento de uma nação_ o desenvolvimento de

seu povo, através de uma educação, solidamente alicerçada na Ciência e nos

valores do Humanismo. Segundo Wallon, a verdadeira cultura geral é aquela

que torna o homem aberto a tudo aquilo que não é ele próprio: compreender o

outro, saber sorrir de si mesmo e de seu egoísmo para se colocar no ponto de

vista dos outros, apreender suas necessidades, colaborar na tarefa deles como

numa tarefa comum. Era dever para ele pôr a ciência à disposição de todos; a

democratização da cultura era um de seus compromissos para com o Homem

(Dantas,1992)

2.1: Wallon e a educação por inteiro

Wallon foi o primeiro a pensar que não só o corpo da criança, mas

também, suas emoções, estão dentro da sala de aula. Baseou suas idéias em

quatro elementos básicos que se comunicam o tempo todo: a afetividade, o

movimento, a inteligência e a formação do seu eu como pessoa.

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Na teoria walloniana as emoções têm papel preponderante no

desenvolvimento da pessoa. É por meio dela que se exterioriza desejos e

vontades. As emoções são manifestações que expressam um universo

importante e perceptível, mas pouco estimulado pelos modelos tradicionais de

ensino. A emoção é altamente orgânica, altera a respiração, os batimentos

cardíacos e até o tônus muscular, tem momentos de tensão e distensão que

ajudam o ser humano a se conhecer.

A raiva, a alegria, o medo, a tristeza, e os sentimentos mais profundos,

ganham função relevante na relação do ser humano com o meio. A emoção

causa impacto no outro e tende a se propagar no meio social, ela é

contagiante. Logo, a afetividade é um dos principais elementos do

desenvolvimento humano.

As emoções dependem fundamentalmente da organização dos espaços

para se manifestarem. É preciso privilegiar o espaço de aprendizagem, tanto

na sua organização, quanto nas suas dimensões. Professores e alunos

acuados em espaços que não facilitam sua movimentação e a fluidez de

energia, poderá causar atritos, o excesso de aproximação esgota a

necessidade de circulação. A motricidade, tem caráter pedagógico tanto pela

qualidade do gesto e do movimento quanto por sua representação.

A escola insiste em mobilizar o aluno numa sala única por horas

seguidas, presos à cadeiras, limitando as movimentações, a libertação das

emoções e do pensamento. Não podemos esquecer de algo tão necessário,

para o desenvolvimento completo da pessoa, o espaço.

O desenvolvimento da inteligência depende essencialmente de como

cada uma faz as diferenciações com a realidade exterior. Primeiro porque, ao

mesmo tempo, suas idéias são lineares e se misturam ocasionando um conflito

permanente entre dois mundos, o interior, povoado de sonhos e fantasias, e o

real, cheio de símbolos, códigos, e valores sociais e culturais. É na solução dos

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confrontos que a criança evolui. Para Wallon o sincretismo (mistura de idéias

num, mesmo plano) é fator determinante para o desenvolvimento Intelectual.

Nos espaços de interação o educando constrói sua inteligência, os

espaços pedagógicos devem garantir a esse aluno o espaço da troca, da

comunicação e até dos conflitos, para que o ser aprendiz se perceba como

pessoa.

O profissional da educação precisa entender que como pessoa, também

em formação, têm diante de si o desafio de tornar esse momento, o momento

do confronto, produtivo e estimulador de inteligências.

Partindo do princípio que o ser humano interage, que é um ser social, a

sua construção como pessoa depende essencialmente do outro. Ele precisará

do outro tanto como referência como para negar suas próprias ações ali

reconhecidas, há um momento em que se começa a viver a chamada crise de

oposição. Nesse instante a negação do outro funciona como uma espécie de

instrumento de descoberta de si próprio.

O essencial é o que o outro sente e porque sente. O que o faz vibrar

emotivamente é o que pode dar a chave para interpretar sua personalidade

afetiva.

Para ir ao encontro do outro é preciso sair de si mesmo. E o instrumento

que facilitará que fará esse intercâmbio com o outro é a linguagem. O medo de

poder mostrar-se pode atravancar o encontro com o outro. A decisão de sair de

si mesmo corre o risco de perder a própria personalidade.

É nesse sair que o que nos era simples e familiar ou às vezes complexo

abre novas perspectivas e adquiri novos sentidos: as portas já não se abrem só

para fora, à janela deixa de ser um fresta por onde se espia o exterior, e torna-

se uma amplitude aberta a todas as brisas e a todas as coisas , as paredes

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perdem a significação de limite que cerceia a vitalidade da paisagem, para

fundir-se com ritmo e harmonia.

Do ponto de vista psicológico é rotineiro tudo que significa

comportalmente um adaptar-se a formas esquemáticas e estereotipadas de

raciocinar e de perceber a realidade, de motivar-se, de responder aos

estímulos ambientais, de relacionar-se com o meio e de vivenciar as situações,

quando isso significa sobretudo negação, repulsa ou indiferença para com o

outro, ou quando envolve capacidade de renovação de mudança e de

evolução.

O empobrecimento da personalidade significa a opressão da dimensão

emotiva da racionalidade. Esse empobrecimento se dá porque os papéis da

convivência do eu social foram institucionalizados sob forma de valorizar o

individualismo e não o grupo social. Ao desnudar sua emotividade, que é a

dimensão racional que lhes permitir sair de dentro de si mesmo, as pessoas

percebem o outro.

Tudo na pessoa humana é feito para o encontro. Tudo nela é

comunicação, é desejo de comunhão. É para responder a esse desejo infinito

de comunhão, esse desejo de comunicação total, que as pessoas buscam e

necessitam das outras. Por isso que o conviver é o mais forte que o próprio

viver.

A linguagem artística é uma das maneiras encontradas pelo homem

para se manifestar, para se relacionar. A arte é uma linguagem riquíssima, pois

é através dela que o homem se manifesta, revela seu interior, sua grandeza,

mostrando sua forma de ver o mundo.

Quando jogamos uma pedra nas águas tranqüilas de um lago,

observamos um fenômeno interessante: a pedra cai na água e imediatamente

formam numerosos círculos concêntricos que se alargam sempre mais até

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chegar às margens. Basta uma pedra pequena ou grande que seja para

movimentar as águas de um lago. A emoção e o afeto devem ser como os

círculos concêntricos da água, devemos começar até atingir a quem está em

nossa volta.

É muito difícil encontrar alguém com quem se possa falar

verdadeiramente. Fala-se muito intelectualmente, mas se sente pouco

emotivamente. Por isso, as palavras não podem ser só veículos autênticos de

comunicação e sim um véu que dá ás relações humanas à silhueta do não

conformismo , da investigação abstrata e da diferença.

Sabemos muita coisa, mas se uma criança ousa perguntar-nos: o que é

a vida? É muito provável que tentemos alguma definição, mas será que como

profissionais da educação nos dias atuais, saberíamos dar a ela o estímulo de

nossa vibração emotiva feita vivência e testemunho?

Só se conhece verdadeiramente o outro quando se pode pensar o

mundo simples de suas emoções, mas sobretudo quando se começa a fazer

parte dele, estabelecendo relação com o outro. Só nos preocupamos com o

outro quando nos comovemos solidariamente com ele. Não podemos

esquecer que a linguagem das emoções é também a mais eloqüente e

universal. A que nos faz solidários dentro de uma perspectiva de valores.

2.2: Professor : uma profissão especial O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranqüila. Em silêncio. Sem dar conselhos. Sem que digam: se eu fosse você...

Rubem Alves

A função de professor hoje vem permeada de responsabilidades, é por

isso que este trabalho acontece, busca-se aqui um olhar responsável para este

profissional, que carrega o dever para com a construção das bases

educacionais, com a formação intelectual e emocional de seus educandos.

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Espera-se desses educadores competências e habilidades , uma formação

completa, buscando uma coerência em suas posturas e atitudes. E como tal,

não se pode deixá-los só, abandonados à própria sorte. Espera-se das

instituições educacionais e até mesmo do próprio sistema de ensino um

acompanhamento de perto desses profissionais. Suporte psicológico,

pedagógico, sociológico, antropológico e filosóficos devem contribuir para a

formação do professor.

Dentro dos limites da instituição, numa esfera administrativa

pedagógica, baseada em seu projeto político pedagógico, espera-se uma

organização, normas e bases para orientação e acompanhamento desse

profissional. Não se pode perder de vista seu perfil humano, suas orientações e

princípios de formação e valores. Ele não pode e não deve atuar só, tem que

estar amparado, tem que ter garantida sua relação de troca dentro e fora de

sala de aula.

O que faz a pessoa ficar especial é o tipo de relacionamento que ela

mantém com os outros. A relação nota dez é aquela que não pesa, não

domina, não carrega o outro nem se faz carregar. É a relação em que não há

dependentes, mas colaboradores , colaboradores de uma vida em comum.

Essa é uma relação prazerosa, é a que deve existir na escola, porque se

mostra serena, amiga, livre, tranqüila e transparente.

Aprendemos com a teoria de Wallon a importância da troca afetiva , da

presença da emoção no contexto escolar. Nesse momento se faz necessário

aprender a escutar. Escutar com os olhos e ouvidos, com a alma e com todos

os sentidos. O que diz o coração, o que dizem os ombros caídos, os olhos e as

mãos irrequietas. Escutar a mensagem que se esconde entre as palavras

corriqueiras e superficiais. Descobrir a angústia disfarçada, a segurança

mascarada e a solidão encoberta. Penetrar no sorriso fingido, na alegria

simulada e na vanglória exagerada. Escutar é descobrir a dor de cada coração.

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Para descobrir o valor que se encontra dentro de cada um. Valor

soterrado pela rejeição, pela falta de compreensão , carinho e aceitação.

Devemos escutar, assim, estamos aprendendo a ver as pessoas na sua alma e

nas possibilidades que a vida lhe deu.

Quando escutamos e olhamos aprendemos a aceitar as pessoas que

nos desapontam e se estas fogem do ideal que temos para elas,

entenderemos quando nos ferirem com palavras ásperas ou ações

impensadas.

Em nossa formação inicial de educadores aprendemos muito pouco das

relações interpessoais. Nossos processos de desenvolvimento e

amadurecimento emocionais muitas vezes acontecem ao acaso, muito mais

pelo bom senso e sensibilidade, e como resultado repetimos , velhos modelos

e padrões de relacionamentos. Ambientes hostis e muito críticos ao longo da

vida podem produzir adultos calados, retraídos, que pouco se expõe ou

indivíduos contestadores que atacam e brigam para se auto afirmarem.

Amadurecer, crescer em nossas competências emocionais,

compreendendo melhor nosso organismo psicológico é o único caminho que

pode nos tornar capazes de identificar, entender e administrar o prazer, o

terror, o medo, o fascínio, a compaixão, a angústia e a dor que surgem,

inevitavelmente, na relação com o outro.

Estar diante de outra pessoa ou pessoas é estar à mercê de uma

profusão de sentimentos, de sensações viscerais e de tensões desconfortáveis

que fazem manifestar desejos muito comuns, mas também podem expressar a

ignorância e incapacidade de perceber quem somos e como funcionamos

dentro de uma relação.

Sem banalizar ou menosprezar a importância da nossa estrutura e

funcionamento psicológico, perceberemos que nossas competências e

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habilidades profissionais, principalmente as intrapessoais e interpessoais, são

os fatores que determinam a qualidade e a eficácia de nosso desempenho. Nas

relações com nossos alunos e colegas de trabalho. Entender de gente é

fundamental ao auto conhecimento, é a base para ver , ouvir e entender o

outro.

A psicogenética desenvolvida por Henri Wallon permite que se entenda

o homem como um ser que nasce com a capacidade de transformar energia, o

que lhe proporciona a sobrevivência num meio sociocultural, onde a transição

entre o puro automatismo e a vida intelectual que se vale de representações e

símbolos se dá através da emoção. A dimensão afetiva ocupa lugar central,

tanto do ponto de vista da pessoa quanto do conhecimento. Materialmente, a

emoção se define entre os pólos biológicos e social com profundas raízes na

vida orgânica, causando efeitos nas funções viscerais e provocando o jogo das

atitudes visíveis no corpo e principalmente na expressão do rosto. Logo, as

manifestações de nossas emoções estão no corpo, muitas vezes não se pode

omiti-las.

2.3: O exercício da escuta e do olhar nas relações de afeto e aprendizagem

A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e

silenciosa escuta. É na escuta que o amor começa. E

é na não escuta que ela termina.

Rubem Alves

Quando pensamos em afeto e emoção nos remetemos para o desejo de

afago, de tato, de algo palpável, no entanto, uma grande representação de

afeto está na escuta. Vivemos a era do individualismo, onde conversas

intermináveis não são tão significativas quanto a escuta. Somos carentes de

ser ouvidos.

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Espera-se de um amigo a lealdade, a solidariedade, a presença, a

escuta, um olhar carinhoso e acolhedor. A solidão de não se ter com quem

trocar e até desabafar, sem ter que ouvir opinião, palpites e até mesmo ter que

ouvir do outro que seu problema é maior ou pior, faz com que as pessoas se

fechem em seu mundo interior, evitando a troca, a interação. Faz com que

remoendo as próprias dificuldades, nos tornemos individualistas temerosos e

muitas vezes até fechados num mundinho particular, alimentando doenças,

angústias e sentimentos pesados.

É muito difícil encontrar pessoas que realmente estejam, de fato,

dispostas a ouvir o outro, mal começamos a falar dos nossos problemas e

dificuldades e somos interrompidos pelo sentimento do outro, não

estabelecendo um diálogo e sim uma disputa, uma competição, uma luta para

saber quem está pior.

Se falamos tanto em emoção e afeto, da importância desses em sala de

aula, não estaria na hora de começarmos a rever, a quantas anda a nossa

própria capacidade de auto - escuta e de iniciarmos o exercício da escuta do

outro? Quem sabe assim não estaremos permitindo a nós e ao outro encontrar

aquele ombro amigo e uma relação prazerosa de troca?

O simples fato de ter com quem conversar, pode mudar, um sentimento,

pode permitir que uma relação de afeto se concretize. Muitas vezes, não

queremos que ninguém resolva nada para nós, queremos apenas ser ouvidos,

respeitados em nossas agruras e complicações internas. Esquecer-se de si por

alguns minutos que seja e se dar, emprestar seu tempo, seu olhar ao outro.

Este simples gesto de afeto fortalece laços, aprimora a emoção, reforça o

sentimento de generosidade e de solidariedade entre pessoas. E esses

exercícios devem começar junto àqueles com os quais convivemos. Não

podemos esquecer que temos um longo período de convivência com nossos

alunos e com nossos colegas de trabalho. Logo, você professor, não pode

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esquecer que é neste espaço, que se deve iniciar o aprimoramento do seu

desejo de afeto e emoção.

Este capítulo se encerra aqui, onde se pretendeu mostrar o percurso da

emoção na vida pessoal e profissional de nossos professores. A seguir, no

próximo capítulo trataremos da importância de investimento profissional na vida

de um educador. Como já vimos anteriormente no capítulo da formação e com

a teoria da emoção sob a ótica walloniana, o investimento cultural, social,

político e intelectual, só tem a acrescentar aqueles que estão envolvidos com a

educação do futuro. A sociedade caminha a passos largos, muita informação

circula no mundo de hoje, somente a formação poderá sistematizar e organizar

esses conteúdos e os sentimentos que os rodeiam.

Para ouvir não basta ter ouvidos. É preciso parar de

Ter boa. Sábia, a expressão: "Sou todo ouvido"-

deixei de Ter boca Minha função falante foi desligada.

Não digo nada nem para mim mesmo. Se eu dissesse

algo para mim mesmo enquanto você fala, seria como

se eu começasse a assobiar no meio do concerto.

Rubem Alves (Amor / Pensamentos) 2000

3: Como e porque o investimento profissional?

A situação dos professores perante a mudança social

é comparável à de um grupo de atores, vestidos com

traje de determinada época, a que se prévio aviso se

muda o cenário, em metade do palco, desenrolando

um novo pano de fundo, no cenário anterior. Uma

nova encenação pós-moderna, colorida e

fluorescente, oculta a anterior, clássica e severa. A

primeira reação dos atores seria a surpresa. Depois,

tensão e desconcerto, com um forte sentimento de

agressividade, desejando acabar o trabalho para

procurar os responsáveis, a fim de, pelo menos, obter

uma explicação. Que fazer?

Garcia, 2001

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Em todo lugar as condições de sobrevivência têm se agravado. O

fantasma da baixa remuneração e do desemprego afeta todo os sistemas, até

mesmo o educacional. Os professores vêem diante de si a impossibilidade de

atualização. O acesso às redes de comunicação e pesquisas ainda não é um

privilégio de muitos. Nem todos os cursos de formação passam as reais

necessidades da escola em que se atua. Na rede pública, a carência cultural é

entrave em ações de intervenção. Logo, o trabalho do profissional de

educação é atingido de maneira direta.

Na contingência de mudanças sociais e de reformas que afetam o

sistema educacional, os professores tendem a adotar comportamentos

distintos, já analisados pela literatura. Na verdade, expressam reações comuns

a qualquer ser humano diante de tais contextos. A mudança deflagra uma crise

de identidade entre o eu real (o que atua cotidianamente em sala de aula) e o

eu ideal (aquele que queria ser, ou pensa que deveria ser em conseqüências

de mudanças. ( Garcia, 2001).

Estudando o mundo interior dos professores, principalmente saúde e mal

estar, pode-se perceber distintas atitudes em face de mudanças. Poucos são

os que apresentam atitude de equilíbrio diante das inovações considerando-as

positiva. Há aqueles que são incapazes de fazer frente a mudanças e, assim

ficam inibidos, diante do novo. Tem um terceiro grupo que é formado por

aqueles que flutuam de maneira contraditória diante da mudança, ficando entre

dúvidas e esperanças, aceitação e desencanto. E por último o grupo que teme

as mudanças, entre eles estão os que desenvolvem uma ansiedade, um medo,

uma angústia frente ao novo, tornando-se assim um empreendedor na

detenção da mudança.

O investimento profissional se faz necessário frente à rapidez das

mudanças, às exigências das políticas de ensino, à urgência de se adequar às

necessidades dos órgãos educacionais, de atender ao aluno que apesar do

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contexto inovador da globalização, tem ainda um mundo de ausências,

carências e falta de referencial na perspectiva de valores e virtudes a seguir.

O que é? E como pode ser esse investimento? Não se pretende aqui

esgotar esse assunto, mas alertar para as questões emocionais, os entraves

nas relações interpessoais, que esgotam os professores de hoje, sem o escudo

do autoritarismo ele precisa se aliar ao aluno numa relação de afeto, no intuito

de tecer seus compromissos pedagógicos. Onde esse professor buscará

maneiras de se refazer de uma prática de aula estafante, de energias

despendidas em prol do aluno e da troca?

Existe aqueles que defendem a cultura de forma geral (cinema, teatro,

exposições, etc.), os instrumentos de informação de rede como a Internet, as

terapias ocupacionais individuais e de grupos, as atividades em áreas livres, os

centros de estudos referendados na reflexão, no incentivo e na leitura de textos

que tragam conforto as suas inquietações.

No que tange as políticas de formação de professores, é possível

detectar a super estimação do processo educativo na resolução dos problemas

do país e a idealização do papel do professor, dando-lhe uma responsabilidade

para o qual ainda não se sente capaz. Vendo nele depositadas as expectativas

de mudança que não é capaz de realizar sozinho, estes profissionais buscam

o reconhecimento de seus limites, deixando cair às cortinas, surge sua

fragilidade.

A lei evidencia a intenção de impor ao país um novo modelo de

formação profissional, são os institutos superiores de educação, onde a

formação, embora vinculada ao ensino superior, é desvinculada do ensino

universitário, passando a constituir-se numa preparação técnico -

profissionalizante de nível superior. No entanto a formação acadêmico –

científico pedagógica rigorosa coloca-se cada vez mais como uma

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necessidade, considerada a epistemologia da prática profissional, que alerta

para a natureza dos conhecimentos em jogo numa profissionalização.

Não podemos esquecer também que fortalecer competências significa

dar ouvir os educandos, considerar seus conhecimentos dentro e fora da

escola, investir no potencial individual e na sua autonomia tantas vezes

reprimida. Pressupõe que a dimensão política seja permanentemente discutida,

e que o referencial teórico - epistemológico possa dialogar com esta identidade.

Fortalecer competências significa criticar, assumir que a escola de qualidade

para todos deve ser constituída também por profissionais que investem

continuamente em seu trabalho, capazes, do auto gerenciamento de sua

formação.

3.1: Professor: Como estar vivo em sala de aula

Estar vivo nesse contexto é estar pleno, estar inteiro, corpo, mente e

emoção voltados para o mesmo objetivo. Estar vivo em sala de aula requer a

compreensão da dimensão da sua função, das suas limitações e das suas

possibilidades. É dar ao aluno vida e voz, permitir sua fala e sua escuta, não

esquecendo a leitura de seus gestos, de suas ações e de seu corpo. É usar e

abusar de todos os sentidos, fazer a conexão necessária com o mundo, é

ampliar horizontes, é expandir afetos e estar receptivo às emoções. É tecer fios

em meio aos desafios da vida.

Estar vivo em sala de aula é não deixar para depois o que pode ser feito

agora, é o imediato, com olhar para o futuro. Abrir novos espaços e respeitar

todos os espaços. É preciso ser inovador, inquiridor, provocador e sem dúvida

acolhedor. É caminhar em meio à imprevisibilidade, ao novo. Escutar e tornar

essa escuta reversível em cultura e organização sistematizada de informação,

é olhar dando a esse olhar uma gama de possibilidades, ampliando horizontes,

enxergar o que não foi dito e ir além do óbvio, modificando o que é preciso,

logo, transformando.

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Em meio ao turbilhão de acontecimentos que surge em sala de aula, é

possível que nos sentimos inseguros para privilegiar uma das muitas questões

com as quais nos deparamos, mas temos que acreditar sempre,

principalmente, na nossa capacidade de educar.

Se fosse possível entender que as vidas são entrelaçadas umas às

outras e que os problemas que temos na escola de alguma forma, não é o

problema do outro e que estes perpassam pelos outros, poderíamos

compreender que, ao privilegiar determinada questão poderíamos estar

tocando outras que nem sequer desconfiávamos que poderiam existir.

Nosso olhar sobre a escola muitas vezes nos impede que possamos ver

a nós mesmos e compreender que também somos parte dos problemas

apresentados. Aprendemos em nossa formação desenvolver um olhar

distanciado sobre as questões que nos afligem, e a buscar fora delas as muitas

respostas que poderiam ajudar a resolvê-las. Às vezes, esperamos respostas

construídas por um outro, mediado em um conhecimento não gerado dentro

das dúvidas e incertezas, com as quais nos deparamos continuamente.

Os professores possuem experiências, as mais diversas, vivenciadas em

sua prática docente. Existe em meio a essa prática um conhecimento que não

pode ser desprezado e desrespeitado, mas não se pode esquecer que agora

também se aprende fazendo e que nunca é tarde para se aprender o novo.

É hora de consolidar as dúvidas, abrir mão das certezas, solidificar

diferentes questões, sair em busca de respostas para os erros e entraves, abrir

discussões coletivas, socializar as dificuldades e numa ação conjunta traçar os

caminhos para as pesquisas, a cultura, o estudo, o fazer dinâmico e objetivo.

Deve-se sair desse fazer pedagógico solitário, e buscar o fazer libertário,

baseado na interação, no ouvir e no sentir.

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Não há especialização profissional sem cultura geral: "a especialização não

pode ser obstáculo para a compreensão de problemas mais amplos (...) , uma

sólida cultura libera o homem dos limites estreitos da técnica (Wallon, 1964).

Com o avanço da técnica , continua Wallon, a especialização torna-se

obsoleta; quanto mais especializada, mais cedo se torna obsoleta. Só com

base na cultura geral, o indivíduo poderá superar este movimento”.

3.2: Mudanças pedagógicas podem tornar viva a sala de aula

Como já vimos à lei 9.394/96 abre caminhos para a inovação. Não

obriga nem garante, mas facilita as práticas inovadoras dos educadores mais

preocupados com o alto nível de deslocamento entre o currículo e a realidade

dos alunos, os problemas de nosso país, do mundo e da própria existência.

Não há dúvida de que nas escolas existem professores que inovam, que

saem da rotina e criam experiências integradoras com seus alunos. São

aqueles que em meio às dificuldades de seu trabalho fazem a inovação.

Despertam a curiosidade, mobilizam as energias dos educandos, trazem

sorrisos de descobertas, despertam nos alunos o desejo de aprender e de

participar da construção do próprio conhecimento.

Acredita-se que mudanças de posição, de perspectiva e de paradigmas,

pode muito, embora não pode tudo. É bom dividir a responsabilidade num

espaço de rede ( institucional, cultural, familiar e social), assumindo novos

compromissos, colocando a sociedade a serviço da sociedade.

Certas mudanças para serem efetivas não precisam de esforço e

barulho. Elas só precisam seres corajosos, dispostos a defender suas idéias

criativas, para estudar soluções, para buscar parcerias. Gente que precisa ter

mais prazer no trabalho, mais envolvimento com o seu fazer, e que certamente

obterá mais qualidade nos resultados.

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Para ser criativo nesse espaço e até mesmo inovador, é preciso romper

com o óbvio. É ser capaz de fazer a pergunta que poucos fazem. Para ser

criativo em sala de aula, na escola e na vida, é preciso enfrentar resistências e

principalmente não ter medo. Mas, também sabemos que a criatividade

depende de auto confiança e de confiança no outro. Talvez isto se consiga

quando com a reorganização de velhas fórmulas e liberando pensamentos

divergentes, jogando fora pensamentos embolorados e buscando as

contribuições de pessoas diferentes para olhar a realidade de vários lados.

Existem momentos difíceis em que se espera resposta, onde não há

resposta. Nesta hora sair de atitude defensiva já ajuda, e quem sabe o uso da

palavra, a presença da linguagem, vista na teoria de Wallon, poderá libertar do

aprisionamento, do condicionamento, do conflito. Professor atenção a este

detalhe: o que empobrece o ato de educar é a ausência de propostas. É

necessário mais que uma estratégia de aprendizado, importante é ver o ser

humano. As famosas estratégias educacionais nada mais são do que a criação

de relações adequadas, afetivas, carinhosas, aptas, a fazer com que a criança

trabalhe seu narcisismo sedentário, restabelecendo sua beleza, diante de si e

do mundo, na medida em que aprende. E a emoção fará o elo pessoa e meio.

No trabalho com projetos, vê-se a possibilidade organizadora e

valorizadora de uma nova modalidade de ensino. Os projetos abrem brechas

na rotina, criam a ruptura por se colocar num espaço corajoso. Trabalhar com

projetos é uma forma de facilitar a atividade, a ação, à participação do aluno no

seu processo de produzir fatos sociais, de construir conhecimento.

A proposta de se trabalhar com projeto amplia horizontes, rompe os

limites, descarta o ato solitário, é o fazer conjunto, é o fazer aprendendo, é o

poder errando e acertando. Esta exige envolvimento, planejamento,

estratégias, jogos de ação, pesquisa, estudo, energia e sinergia. Implica o

pensar junto, o compartilhar conhecimento, o dividir responsabilidades na

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tomada de decisões , explorar os significados e o diálogo das informações,

solucionar problemas, criar problemas, contestar verdades, aprender com as

idéias alheias, inflar discussões, antecipar conhecimento, mostrar

desconhecimento, não se prender a leitura de conhecimentos específicos, mas

sim atualizado intelectualmente e culturalmente, permitir: livros, feiras, jornais,

revistas, visitas a museus, assistir a bons filmes e boas peças teatrais

(principalmente aquelas que retratam o cotidiano, para que possamos rir de

nós mesmos)

A alternativa, nesses tempos de excesso de informações, será

desenvolver a sabedoria em lidar com ela, filtrá-la, criticá-la, condensá-la e

negociá-la com o outro. Nesses tempos em que os problemas do mundo são

sistêmicos, transdiciplinares, não há como não aprender a trabalhar em grupo,

agir numa sinergia com o outro, ampliando e negociando os espaços de

participação.

Professor, esteja vivo em sala de aula para torná-la viva, livre, calorosa.

Nesse espaço não há cúmplices, nem reféns, apenas pessoas, num jogo de

comportamentos determinados pela troca de emoção e de afeto.

O "homem melhor" chegará a ser sujeito através de uma reflexão sobre

sua situação, sobre seu meio concreto, engajado, prestes para intervir no

mundo real para o transformar. Tal critério tem por meta desenvolver

autonomia intelectual e emocional, procurando uma tomada de consciência por

meio das atitudes críticas sobre as quais o homem escolherá livremente,

decidirá e deliberará, no lugar de submeter-se, vivendo assim em cooperação

de forma autônoma e responsável. Evidentemente que aí teremos implicados

os aspectos de responsabilidade profunda, lado a lado com o da liberdade e da

autonomia. O homem sujeito será o fruto de uma educação para a liberdade

quando terá como conseqüência a percepção correta de como responder a

essa liberdade ante o mundo social em que vive; perceberá por meio de uma

reversabilidade, o quanto o outro está implicado em sua liberdade e o quanto

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todos têm os mesmos objetivos, de ordem e de harmonia, consciente ou

inconscientemente. ( Santini, 1999)

CONCLUSÃO

O caminho percorrido buscou levantar um perfil do profissional de

educação,dialogando com sua identidade, refazendo dentro da história da

educação de hoje e dessa sociedade globalizada as bases que permeiam a

relação professor aluno. Conclui-se que estas bases necessitam não só da

troca de conhecimento, do enfoque teórico e prático do simples atuar

pedagógico, com também de sentimentos peculiares tais como emoção e afeto.

Que para tal é preciso um olhar atento ao investimento, a construção que faz

de seus valores, de sua formação, e da busca pelas inteligências emocionais.

Fica aqui a percepção de que para se dar é preciso ter, e para ter é preciso

buscar, construir e fazer. Os estudos da formação do professor, da importância

de reconhecimentos de se ter constituídos valores ético, de se ler nas linhas

da LDB ( Lei de Diretrizes e Bases) da Educação, a percepção das

necessidades do profissional de educação básica. O perpasse pelas teorias de

educação , identificando na teoria sociointeracionista a importância de uma

concepção teórica respaldada nas interações sociais, reafirmando que o

Homem não vive sozinho e que não aprende sozinho. Assim como a introdução

ao pensamento de Henri Wallon, que nos orienta, com seu estudo do

desenvolvimento , buscando uma relação mente e corpo, e dando subsídios

teóricos para o entendimento da constituição das emoções.

Vê-se nesse trabalho uma possibilidade de continuidade de pesquisa,

uma vez que o mundo passa por transformações constantes, tanto

econômicas, quanto sociais, culturais e emocionais, colocando diante da escola

e da educação o desafio de acompanhar novas pesquisas e novos paradigmas

que garantam o entendimento dessas relações tão antigas: o ensino e

aprendizagem, o professor e aluno.

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GARCIA, Regina Leite. A Formação da Professora Alfabetizadora: Reflexões

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ATIVIDADES EXTRA CLASSE

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AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Pós-Graduação “Latu Sensu”

Curso de Psicopedagogia

Título da Monografia: Um Olhar Para o Professor à Luz da Emoção e do Afeto

Data da Entrega: 28/06/2003

Auto Avaliação:

Esta monografia é fruto de um trabalho árduo e cuidadoso. Apesar de

muita pesquisa a resistência em ousar criou limitações no conteúdo e no

enfoque. Embora paradoxal houve um grande conflito, razão e emoção se

misturaram e caminharam juntas.

Estiveram presentes o desejo, o prazer, o fazer e o medo. O resultado?

Nada esplêndido, mas muito gratificante.

Avaliado por:_______________________________Grau: _____________.

Rio de Janeiro, 28 de junho de 2003