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UM MODELO PRÁTICO PARA
SELEÇÃO DE PROJETOS
SUSTENTÁVEIS DE INVESTIMENTO
SOCIAL CORPORATIVO E AVALIAÇÃO
DE RISCOS
Nícolas Castro Lopes
(UFF)
Mara Telles Salles
(UFF)
Resumo Na seleção de projetos socioambientais, a preocupação com a
sustentabilidade dos projetos a serem financiados, ou seja, a
perpetuação de seus resultados, tem sido uma constante. Escolher um
projeto que não possa se sustentar é desperdiçar oos recursos de uma
empresa. Nesse estudo, pretendeu-se aprofundar o Modelo do Alvo da
Sustentabilidade para seleção de projetos de Investimento Social
Corporativo. Esse modelo é baseado na literatura de investimento
social privado, de gerenciamento de projetos, nas experiências de
organismos desenvolvimento regional, e já foi validado em grandes
empresas. O resultado foi a criação de parâmetros de avaliação para
aplicação prática do modelo, vislumbrando-se com clareza os
principais fatores que colocam em risco a sustentação de um projeto
social.
Palavras-chaves: Seleção de Projetos. Responsabilidade Social
Corporativa. Investimento Social Privado
12 e 13 de agosto de 2011
ISSN 1984-9354
VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011
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1 INTRODUÇÃO
Os Investimentos Socioambientais geralmente são relacionados às práticas de
Responsabilidade Social Corporativa (RSC), que a cada momento, ganham maior importância
no mundo empresarial. Há uma pressão crescente, por parte da sociedade, para que sejam
feitos empreendimentos de forma sustentável (PENALVA, 2008) e, também, há uma
disposição por parte de muitas corporações em demonstrar consciência socioambiental,
guardadas suas devidas motivações.
A RSC é parte de um movimento ainda maior, o da gestão sustentável das
organizações (ALLEDI FILHO, QUELHAS, 2006). A RSC tem ganho maiores proporções
em paralelo ao amadurecimento dos conceitos de Desenvolvimento Sustentável (UNITED
NATIONS, 1987) e Ecodesenvolvimento (SACHS, 1986) ao longo das últimas décadas.
Observa-se contribuição relevante da RSC para o Desenvolvimento Sustentável.
O Tripple Bottom Line (ELKINGTON, 1994) ajuda a trazer estes conceitos para
dentro das empresas, por se referir a uma linguagem empresarial. Muitas vezes é representado
pelos 3P´s: People, Planet and Profit.
O Investimento Social pode ser apenas uma das formas de manifestação da RSC, que é
um conceito amplo.
1.1 FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA
É fundamental garantir que estes investimentos sociais apresentem resultados
duradouros. As empresas têm discutido as formas de garantir e avaliar a efetividade dos seus
projetos.
Porém, ainda é mais vantajoso identificar os riscos a estes projetos já durante o
processo de seleção, pensando em maior efetividade e sustentabilidade (COUTINHO, 2006),
o que tem recebido menor atenção dos estudiosos.
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Para Coutinho (2006), muitas são intituladas "empresas socialmente responsáveis"
simplesmente por patrocinarem projetos em comunidades. Pouco se questiona sobre a forma
como tais projetos são implementados.
Assim, como estimar os riscos de um projeto investimento social corporativo durante a
seleção dada tamanha subjetividade que pode conter o processo? Esse é o problema que se
pretende responder com o artigo.
Projetos mal sucedidos podem trazer más conseqüências à empresa, financeiras e de
imagem.
Um levantamento anterior evidenciou que no Mestrado em Sistemas de Gestão do
Laboratório de Tecnologia (LATEC) da Universidade Federal Fluminense (UFF) alguns
pesquisadores já trilharam caminhos circundam a questão:
Marketing Social (ANDRADE, 2004) e retornos para a empresa decorrentes da
atuação social (FERREIRA; 2006), portanto um tema correlato mas que não
trata diretamente do objeto deste estudo;
Araújo (2005, p.7) propõe:
“o desenvolvimento de um sistema de gestão da responsabilidade social
corporativa, capaz de avaliar a efetividade das ações empresariais e seus pactos junto
às comunidades e iniciativas sociais apoiadas; valorizar a imagem institucional e
elevar a capacidade de atrair e reter talentos”
Rosa (2007) sugere um sistema de gestão para projetos sociais, logo tanto Rosa
(2007) quanto Araújo (2005) contemplam em seus estudos desde a fase de
planejamento até a avaliação de resultados do investimento social; Araújo
ainda ressalta a definição de diretrizes internas antes da escolha dos projetos;
A avaliação de resultados post facto tem recebido a maior atenção dos estudos
(LIMA, 2004; PEREIRA, 2005; ROSA, 2007; ARAÚJO, 2005);
Pereira (2005) analisa os impactos de um projeto e faz uma tentativa de
determinar os fatores críticos de sucesso na gestão de projetos sociais. O autor
sugere para trabalhos futuros a “elaboração de estudo propositivo que aponte as
condições necessárias para a sustentabilidade das ações sociais”, justo o que
está se estudando nesse artigo;
Araújo (2005), Rosa (2007) e Pereira (2005), embora se aproximem mais do foco do
artigo, contribuem com um trabalho de grande amplitude, mas não esgotam todos os critérios
de seleção de projetos.
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Outros autores fora do LATEC desenvolvem trabalhos correlatos, contribuindo com o
estudo:
Cotrim (2004) analisa uma técnica para incentivar a criação de projetos sociais
e comenta a interferência do trabalho voluntário nesses projetos;
Angel (1995), através do Instituto Latinoamericano e do Caribe de Planificação
Econômica e Social (ILPES), cria um Guia metodológico para a preparação e
avaliação de projetos de investimento social, contando com a experiência do
autor com o Governo da Venezuela;
Nogueira e Chauvel (2003) estudam critérios de decisão adotados por cinco
empresas para patrocínio de projetos sociais; o resultado é uma matriz em que
se informa se as empresas consideram ou não o alinhamento às linhas de
atuação pré-definidas, localidade de execução dos projetos, parceria com outras
instituições, autossustentação e benefícios para a mantenedora; portanto, há
apenas a citação, mas não se permite detectar exatamente quais são os
parâmetros de seleção;
Rodrigues (2004), na Fundação Getúlio Vargas, estuda uma metodologia para
avaliação de resultados das ações sociais das empresas;
Catarina e Serva (2004) estudam de forma ampla o investimento social privado
em duas empresas do setor financeiro e suas diretrizes internas, sem focar nos
critérios de seleção.
Assim, apesar da contribuição destes pesquisadores e outros, como será visto adiante,
nota-se que ainda existe uma lacuna a ser preenchida quanto aos critérios de seleção de
projetos sociais, conforme figura 1:
Autossustentaçãodos projetos(NOGUEIRA e CHAUVEL, 2003)
Diretrizes(ARAÚJO, 2005.; CATARINA e SERVA, 2004)
Avaliação post facto(RODRIGUES, 2004; LIMA, 2004;
PEREIRA, 2005; ROSA; 2007)
Sistema de gestão(ROSA, 2007; ARAÚJO, 2005)
Marketing social e retornos para
a empresa(ANDRADE, 2004; FERREIRA, 2006)
Concepção dos projetos(COTRIM, 2004)
Fatores críticos de sucesso (PEREIRA, 2005)
Projetos governamentais (ANGEL, 1995)
Voluntariado(COTRIM, 2004)
Figura 1 – A lacuna de conhecimento em investimento social corporativo
Fonte: LOPES (2010)
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Parte dessa lacuna foi complementada com a dissertação “Investimento
Socioambiental Corporativo: a busca por um modelo de seleção de projetos sustentáveis”
(LOPES, 2010). Na dissertação construiu-se o “Modelo do Alvo da Sustentabilidade” para
seleção de projetos de investimento social. Nele foram identificados diversos quesitos que
podem afetar a sustentação da instituição executora, do projeto ou dos seus resultados a
médio-longo prazo.
Agora se pretende criar formas de comparação entre cada um dos projetos candidato
para cada um desses quesitos e meios de identificar se o projeto atende às exigências
mínimas. Ao criar uma escala qualitativa, pode-se reduzir a subjetividade das avaliações
normalmente feitas pelos grupos avaliadores.
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Geral
Consolidar a metodologia de seleção de projetos de investimento social corporativo, o
que poderá proporcionar melhores resultados à empresa e aos stakeholders comunidades e
sociedade.
1.2.2 Específico
Criar uma escala qualitativa para enquadramento dos projetos candidatos ao
investimento social corporativo, reduzindo a subjetividade das avaliações.
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2 REVISÃO DA LITERATURA
Para o Grupo de Institutos Fundações e Empresas (GIFE, 2002, p. 12), o Investimento
Social Privado é o uso planejado, monitorado e voluntário de recursos privados, provenientes
de pessoas físicas ou jurídicas, em projetos sociais de interesse público. Isto diferencia esse
investimento das práticas assistencialistas.
Como este conceito do GIFE também diz respeito aos projetos ambientais, deveria-se
usar o termo investimento socioambiental. Para excluir os investimentos privados feitos por
pessoa física, propõe-se substituir o termo “privado” por “corporativo”, assim resultando na
expressão mais adequada “Investimento Socioambiental Corporativo” (ISC).
No trabalho, serão focados os projetos sociais. Os projetos culturais não estão sendo
considerados uma forma de ISC.
Na literatura de gestão de projetos foca-se a necessidade de análise prévia dos riscos,
que podem ter impacto no tempo, custo, escopo ou qualidade do projeto (PMBOK, 2004, p.
237). Assim, devem ser planejadas ações preventivas ou mitigadoras.
As empresas brasileiras têm realizado parcerias com outras empresas, organizações
não-governamentais e órgãos do governo.
2.1 DIRETRIZES DE INVESTIMENTO SOCIAL CORPORATIVO
Antes de iniciar a seleção dos projetos, os autores recomendam definir internamente as
diretrizes desses investimentos, analisando os seguintes elementos:
Fundamentação (GIFE, 2002, p.34): é a motivação da empresa para investir;
Objetivos geral e específicos do investimento (GIFE, 2002, p.34): são os
impactos que se pretende produzir;
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Definição do foco de investimento (GIFE, 2002, p.34; ARAÚJO, 2005);
Estimativa orçamentária (GIFE, 2002, p.34; ARAÚJO, 2005);
Metodologia e estratégias (GIFE, 2002, p.34): definição do processo seletivo e
de monitoramento dos projetos;
Modus operandi (GIFE, 2002, p.34): definição da estrutura organizacional para
trabalhar nesses investimentos;
Perfil das organizações parceiras (ARAÚJO, 2005);
Premissas da relação de parceria (LOPES, 2010).
2.2 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS
A análise da sustentabilidade de uma iniciativa, programa ou ação social é tarefa
árdua, em função da dificuldade de se encontrarem indicadores que possam ser utilizados para
tal mensuração (COUTINHO, 2006).
Em 1990, o Banco Mundial recomendou que a análise da sustentabilidade dos projetos
de desenvolvimento econômico e social incorporasse seis tipos de capital: humano, natural,
cultural, institucional, físico e financeiro. De acordo com sua experiência, viu-se que o êxito
dependia do equilíbrio entre esses tipos de capital (BANCO MUNDIAL, 1990).
Um dos exemplos pode ser uma obra de infraestrutura escolar. Ela somente trará
resultados caso haja mão de obra capacitada e organizada, para que a infraestrutura possa ser
aproveitada. Desse modo, a sustentabilidade não se limita à dimensão financeira.
A visão tradicional do Banco Mundial não contemplava o capital natural. No passado,
alguns projetos levaram à depleção de recursos naturais, como água e florestas, causando o
efeito contrário ao desejado: um retrocesso econômico.
A existência de estradas, canais de transporte, e barragens está associada ao Capital
Físico. A existência de leis como de preservação das águas, instituições que fortaleçam a
transferência e adaptação tecnológica e suporte governamental, representa o Capital
Institucional.
O Banco Mundial (2001, p.15) possui objetivos de longo prazo em 5 categorias:
indicadores relacionados à infraestrutura, ambiente natural, desenvolvimento social,
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desempenho do setor público, e desenvolvimento do setor privado, reforçando a ênfase nos
capitais já expostos.
Angel (1995, p. 27) corrobora com esta visão ao sugerir avaliar se o projeto é factível
do ponto de vista físico, técnico, institucional e cultural. Uma de suas contribuições é quanto à
disponibilidade de insumos (p. 46).
Baseado principalmente na visão do Banco Mundial foi estruturado um modelo
analítico para dar suporte na elaboração dos critérios de seleção de projetos sociais, o Modelo
do Alvo da Sustentabilidade (LOPES, 2010), conforme Figura 2. Trata-se de uma visão
matricial destes capitais em três níveis: da instituição parceira executante, do projeto em si e
dos resultados. A sugestão é que a empresa interessada em investimentos sociais esgote os
quesitos de seleção em cada intersecção.
Na Figura 2, já foram identificados alguns desses quesitos (numerados), após pesquisa
bibliográfica e em 4 grandes empresas com atuação no Brasil.
Figura 2 – O Modelo do Alvo da Sustentabilidade, com quesitos de seleção assinalados
Fonte: LOPES (2010), baseado nos 6 capitais do Banco Mundial (1990)
Esses quesitos serão comentados agora, com a numeração correspondente.
Sustentabilidade da Instituição:
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1) Idoneidade e isenção político-partidária (ARAÚJO, 2003; ROSA, 2007): o
cumprimento das leis e desvinculação a movimentos políticos que podem
desvirtuar os objetivos da candidata;
2) Experiência na área e histórico de resultados obtidos (ROSA, 2007; BARROS,
2002);
3) Solidez financeira atual da instituição (LOPES, 2009; MARINO, 2003);
4) Quadro diretor (LOPES, 2009; BARROS, 2002): formação, experiências e
habilidades, como por exemplo de liderança, e idoneidade dos diretores;
Sustentabilidade do Projeto:
5) Necessidade do público-alvo e compatibilidade com o foco (ANGEL, 1995):
trata-se de avaliar se realmente há demanda por algum tipo de bem ou serviço e
qual a sua representatividade, assim como analisar o quanto o projeto está
alinhado ao foco de investimentos da empresa;
6) Clima da comunidade (ROSA, 2007; ANGEL, 1995): é a receptividade dos
próprios beneficiados e da vizinhança;
7) Existência de parceiros, capacidade de articulação e suporte legal (ROSA, 2007;
ANGEL, 1995): se refere a parceiros técnicos ou financiadores, o quanto a
candidata está preparada para se aliar a eles e se há estabilidade política e leis que
tornem os projetos propícios;
8) Planejamento de Recursos Humanos (ROSA, 2007; PMBOK, 2004): está
relacionado à capacidade da candidata de atrair, desenvolver e reter talentos e
conhecimentos, assim como à qualificação do quadro de colaboradores;
9) Orçamento (ANGEL, 1995): além da consistência do orçamento, e saber se está
dentro do definido pela empresa, cabe a análise desse ser excedido e qual seria em
reais o preço desse risco (talvez correr esse risco seja válido);
10) Divulgação (ARAÚJO, 2005; ANGEL, 1995): a pesquisa demonstrou um ponto
de vista das empresas de que a divulgação pode ajudar a aproximar mais parceiros
de todos os tipos;
11) Consistência técnica da proposta: este quesito foi incluído após validação nas
empresas e significa avaliar se a metodologia pode trazer os resultados esperados;
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Sustentabilidade dos resultados:
12) Análise de mercado: este quesito também foi incluído após validação nas
empresas. Cooperativas que viriam a produzir um gênero alimentício dependem
de haver demanda na região ou até onde a logística seja competitiva. Projetos de
formação profissional também precisam de demanda por aquela qualificação para
quem venham a emancipar aqueles beneficiados;
13) Definição de indicadores quantitativos, qualitativos, de resultado e processo
(ANGEL, 1995): o quanto a situação permite ou a organização está preparada para
fazer medições que tornem o projeto gerenciável. Algumas organizações ainda
confundem indicadores de resultados e de meios para atingi-lo;
14) Contribuição para emancipação (ARAÚJO, 2005): é o quanto os beneficiados se
tornarão independentes desse tipo de projeto;
15) Potencial de impacto do projeto (ROSA, 2007): de preferência, quantificar
quantas pessoas serão beneficiadas e em que termos.
3 METODOLOGIA DE PESQUISA
3.1 ESTRATÉGIA ADOTADA
A análise bibliográfica buscou os principais autores em cada área de conhecimento:
Investimento Social Privado: GIFE (2002);
Projetos: PMBOK (2004);
Sustentabilidade de projetos: Banco Mundial (1990);
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Projetos de RSC: GIFE (2002), Araújo (2005);
Critérios de seleção de projetos de investimento social corporativo: Araújo
(2005), Mokate (2002), Angel (1995);
Segue o esquema explicativo sobre o passo a passo metodológico da pesquisa:
Figura 3 – Passo a passo metodológico
Fonte: Elaborado pelo autor (2011)
3.2 TIPO DE PESQUISA
Em paralelo à validação em 4 empresas do modelo analítico já comentado no item 2.2,
foram verificados diferentes estágios de evolução dos projetos em cada quesito. A validação
se deu por entrevistas. Essa experiência permitiu traçar uma escala qualitativa.
Assim, quanto aos fins, esta pesquisa se classifica como metodológica, pois pretendeu
esclarecer uma temática existente, porém não consolidada, e fornecer meios, sistematizar, ou
sugerir um método para aplicação nas empresas.
Quanto aos meios de investigação, tratou-se de análise bibliográfica (duração de 11
meses, entre 2008 e 2009), pesquisa de campo e análise multicasos (duração de 7 meses, em
2010).
PRODUTO: Modelo do Alvo da Sustentabilidade
6. Formulação da escala qualitativa com base na
pesquisa bibliográfica e respostas das empresas.
1. Análise bibliográfica;
2. Elaboração do modelo de seleção de projetos, reunindo
critérios propostos por outros autores;
3. Atualização quanto às práticas nas empresas escolhidas,
através de entrevistas com os “selecionadores” de projetos;
4. Discussão e validação do modelo e critérios em
entrevistas com as empresas;
5. Junção, análise de informações e conclusões;
2009
2010
2011
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3.3 DEFINIÇÃO DE UNIVERSO, AMOSTRA E
SUJEITOS
Universo: Empresas com ações no contexto do investimento social corporativo.
Amostra: Empresas selecionadas de notório reconhecimento nessas ações, de porte
grande, com atuação no Brasil. Com base nos critérios foram selecionadas e convidadas 10
empresas. Quatro aceitaram o convite.
A seleção se deu por critério de acessibilidade, com empresas dentro dos critérios a
seguir:
Mais de 5 anos de atuação;
Ter patrocinado mais de 20 projetos de investimento social;
Lucro líquido em 2009 superior a 100 milhões de reais;
Com ações em bolsa de valores;
Ser ou ter sido signatária do Pacto Global das Nações Unidas, participante do
Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bolsa de Valores de São Paulo
(BOVESPA), ou vinculada ao Conselho Empresarial Brasileiro para o
Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).
Estes critérios tinham por objetivo que a empresa tivesse fôlego financeiro que
permitisse esses investimentos. Mais informações estão disponíveis quando possui ações em
bolsa. Ser signatária do pacto global ou participante do CEBDS pode demonstrar um mínimo
de preocupação ética. Participar do ISE-BOVESPA, um histórico recente de boa conduta
ética.
Seleção dos sujeitos: especialistas em seleção de projetos sociais ou seus respectivos
gerentes. Foi entrevistado um especialista em duas das empresas. Em outra, um gerente e um
especialista. Na última, o próprio gerente.
3.4 COLETA E TRATAMENTO DE DADOS
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A pesquisa bibliográfica ocorreu através de busca nos bancos de teses e dissertações
de diversas universidades brasileiras, artigos em portais de periódicos citados no CAPES, e
livros em bibliotecas.
Para a entrevista, foi usado um roteiro semiestruturado, permitindo que questões-
chave não deixassem de ser abordadas, sem ignorar o que não foi cogitado.
Duas das entrevistas ocorreram presencialmente e as demais por telefone. As
informações foram registradas no próprio roteiro e reenviadas aos respondentes para
validação.
Alguns documentos destas empresas também foram disponibilizados previa ou
simultaneamente às entrevistas.
As informações coletadas nas empresas foram analisadas comparativamente entre si e
em relação ao estudo teórico.
3.5 LIMITAÇÕES DO MÉTODO
A escala qualitativa de classificação dos projetos candidatos está sendo elaborada
posteriormente à coleta de informações nas empresas. Assim, esta não está sendo testada por
elas. Além disso, demandaria que estas a adotassem em um processo seletivo com certa
amplitude. Haverá necessidade de adequação da escala a cada empresa e tipo de projeto em
específico.
4 RESULTADOS
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Foi elaborada a escala qualitativa de avaliação do potencial e riscos de um projeto
candidato. Essa escala é acumulativa, ou seja, para se considerar atendida a classificação B, a
A deve ter sido atendida, e assim sucessivamente.
Sustentabilidade da Instituição
1) Idoneidade e isenção político-partidária da instituição parceira:
Qualquer negativa elimina a candidata do processo seletivo
A) Possuir CNPJ, declaração de utilidade pública, apresentar Certidões negativas de
débito junto ao INSS, tributos federais e FGTS, ata de eleição da diretoria, e quando aplicável,
a comprovação de inscrição junto ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente, ser gratuito para os beneficiados. Não ter sido fundada por candidatos políticos
ou seus familiares;
B) Boas referências junto a outros parceiros.
2) Experiência na área e histórico de Resultados Obtidos:
A) Possui mais de um ano de existência atuando na área relacionada ao projeto;
B) Já concluiu pelo menos um projeto (ou ciclo) na mesma linha com alguns resultados
positivos;
C) Demonstrou resultados bem sucedidos em mais de um projeto (ou ciclos), percebendo-
se um nível constante;
D) Possui formas de garantir sucesso de seus projetos independente da rotatividade dos
profissionais.
3) Solidez financeira atual da instituição
A) Não possui débitos ou o grau de endividamento é irrelevante.
B) Evidencia recursos próprios bem como suas fontes;
C) Possui fontes diversificadas de financiamento;
D) As receitas são estáveis ao longo dos últimos X anos (a depender da duração
pretendida do projeto).
4) Quadro diretor
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A) Possui histórico de idoneidade
B) É qualificado para gestão do projeto
Há a possibilidade de criar escalas intermediárias dentro do item B caso muitas
organizações não o atendam, ou o superem.
Sustentabilidade do Projeto
5) Necessidade do público-alvo e compatibilidade com o foco
A) É aparente a demanda de serviços não atendida daquele público e naquele contexto;
B) Essa carência é significativa e o público-alvo é compatível com o foco da empresa em
termos de região geográfica, faixa etária, escolaridade, entre outros;
C) O objetivo do projeto está totalmente alinhado com as diretrizes da empresa e a
carência é evidenciada por estatísticas públicas.
6) Clima da comunidade (grupo de pessoas fisicamente ao redor do projeto)
A) O público-alvo deseja e está comprometido com o projeto e seus pré-requisitos;
B) A organização candidata é transparente e estimula a participação da comunidade
no entorno do projeto;
C) A comunidade apóia e participa eventualmente do projeto;
D) A comunidade participa de forma plena, ativa, criando soluções para as
deficiências ocorridas ao longo do projeto.
7) Existência de parceiros, capacidade de articulação e suporte legal
Há necessidade de dividir este em 3 linhas de avaliação. Nas duas primeiras, as escalas
A e B são comuns.
A) A candidata consegue mobilizar seus colaboradores, voluntários e a vizinhança nas
suas ações;
B) A candidata se articula com outras organizações de finalidades diversas, participa
de associações e redes de cooperação.
7.1) Parcerias financeiras
C) A candidata contou com financiamentos eventuais ou constantes no passado, ou já
conta com financiamentos de microempresas. Existem empresas de médio ou
grande porte alinhadas com as mesmas causas;
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D) A organização apresenta padrões de transparência e comunicação dos resultados.
Possui potencial para conseguir novos parceiros financiadores de médio ou grande
porte futuramente ou já possui pelo menos um.
7.2) Parcerias técnicas
C) Existem organizações que podem contribuir tecnicamente para o projeto, tais como
universidades, empresas, organizações não governamentais. A candidata pode já
ter tido contribuições pontuais destas organizações;
D) Há parcerias de média ou longa duração estabelecidas junto a essas organizações
que podem contribuir para os resultados do projeto.
7.3) Segurança política e suporte legal-governamental
A) O país possui governo constituído e não apresenta situações de conflitos;
B) Há um sistema legal confiável e situação de estabilidade política;
C) O país constituiu organismos básicos de suporte à causa em questão e/ou leis de
incentivo;
D) A candidata firmou parcerias com órgãos e serviços públicos - sejam de educação,
cultura, assistência social, esportes, saúde, bancos de desenvolvimento ou
prefeituras - para o projeto em questão.
8) Planejamento de Recursos Humanos
A) A candidata conta com profissionais de qualificação e experiência de acordo com
as necessidades do projeto;
B) Consegue manter baixa rotatividade desses profissionais nos últimos anos;
C) Possui uma sistemática de captação, treinamento e retenção de profissionais
consistente e bem sucedida.
D) Conta com profissionais chaves que se destacam por suas competências de
liderança e gestão, que superam as expectativas.
9) Orçamento (Consistência, adicional de contingência e limite de valor)
Pode-se estabelecer que a candidata que não atingir a escala A será eliminada. Para as
escalas B a D sugere-se estipular faixas de valores, em ordem decrescente, relativas ao
universo das propostas de cada candidata dentre as X melhores classificadas, como critério de
desempate.
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A) O orçamento está de acordo com as regras e valores aceitáveis pela empresa,
apresentando consistência.
B) Ex.: Projetos entre 1 milhão de reais e 500 mil, ou inferiores mas com risco de
gastos não planejados;
C) Ex.: Projetos entre 500 mil reais e 100 mil, ou inferiores mas com risco de gastos
não planejados;
D) Ex.: Projetos abaixo de 100 mil reais.
10) Divulgação
A) A candidata é conhecida na vizinhança em que atua;
B) Possui um plano de divulgação por mais de um meio de comunicação, visando
atrair novas parcerias de diversos tipos;
C) A candidata é conhecida na cidade ou estado em que atua, sendo referência
legitimada.
D) A reputação da candidata atinge uma esfera nacional ou internacional.
11) Consistência técnica da proposta
Escala a ser definida de acordo com especialistas contratados pela empresa. Pode-se
usar da experiência de projetos anteriores em qualquer organização.
Sustentabilidade dos resultados
12) Análise de mercado
Caso o projeto seja de formação profissional e dependa das oportunidades de emprego
da pessoa, ou seja da venda de algum produto, dependendo de mercado consumidor.
Deve-se, conforme o caso, desenvolver uma escala que considere a utilidade do
produto, atratividade em preço, nível de exigência do consumidor em qualidade, logística de
distribuição e potencial mercado consumidor, com faturamento esperado. A avaliação
resultará da análise de um plano de negócio.
Quanto à projetos de formação profissional, deve-se avaliar a existência de
organizações que possam a vir demandar o profissional, bem como cenário econômico geral
ou específico do ramo de uma empresa.
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De qualquer maneira a avaliação fica sendo bastante específica, tanto quanto pode ser
o objetivo do projeto, devendo as escalas serem desenvolvidas caso a caso.
13) Definição de indicadores quantitativos, qualitativos, de resultado e processo
A) A candidata possui indicadores de processo qualitativos e quantitativos definidos;
B) Possui indicadores de resultados qualitativos definidos;
C) Possui indicadores de resultados quantitativos definidos, sendo auditáveis, ou
pretende monitorar a manutenção do resultado após o término do projeto (atende
apenas um desses aspectos).
D) Ambas as respostas do item C.
14) Contribuição para emancipação
Escala a ser definida de acordo com especialistas contratados pela empresa. Pode-se
usar da experiência de projetos anteriores em qualquer organização.
15) Potencial de impacto do projeto
Escala a ser definida de acordo com especialistas contratados pela empresa. Pode-se
usar da experiência de projetos anteriores em qualquer organização. Pode ser analisado como
resultado do conjunto de fatores analisados em cada quesito deste roteiro, inclusive a
consistência técnica da proposta.
Para fins de exemplificação está se usando dois exemplos hipotéticos de projetos
candidatos ao investimento social de uma corporação. Os pesos de cada quesito também
teriam sido atribuídos por essa empresa hipotética. A empresa também teria decidido incluir
um quesito para o Capital Natural, Físico e Cultural (quesitos 16 a 18).
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Figura 4 – Exercício de uso da escala qualitativa em dois projetos cadidatos. A numeração corresponde aos
mesmos quesitos que acima. Os quesitos estão agrupados de acordo com a dimensão ou tipo de capital.
Fonte: Elaborado pelo autor (2011)
Nesse exemplo, apesar do projeto X ter alcançado uma pontuação muito maior em
diversos aspectos, e também no total, está sendo eliminado por não ter alcançado o mínimo no
quesito idoneidade (número 1).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dentro das limitações já mencionadas na metodologia, foi possível formular
uma escala qualitativa para pontuação dos projetos candidatos ao investimento
social corporativo. Algumas organizações cujos patrocínios sejam sujeitas aos órgão
de controle público poderiam ter restrições ao uso dessa escala, mesmo que dentro
dos comitês de avaliação. A escala reduz a subjetividade, mas não a elimina.
Os próximos passos serão o teste da escala dentro de um processo seletivo
real ou diretamente junto a organizações do terceiro setor.
Também será dada abertura às críticas dos especialistas em seleção de
projetos, para validação.
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